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DESAFIOS DA PRÁTICA DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESPANHOLA NO


BRASIL
Simone dos Santos França1
RESUMO: Neste trabalho apresentamos uma reflexão acerca de alguns desafios da prática
do professor de Língua Espanhola em sala de aula. É uma pesquisa bibliográfica baseada
em teorias já existentes e experiências pessoais vivenciadas em sala de aula. Como aporte
teórico buscou-se uma ótica a partir dos documentos oficiais brasileiros PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais) e LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e teorias de
Jacques Delors que se referem ao ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras que
comprovam as ideias expostas. No presente artigo discutimos o que acreditamos ser
atualmente alguns desafios para o professor de Língua Espanhola no Brasil, sendo que
algumas dessas dificuldades são compartilhadas por aqueles que lecionam outras
disciplinas e alguns específicos da área em questão. Para a discussão e melhor
entendimento, destacamos alguns desafios frequentes na escola e na sala de aula que
possivelmente incidem na prática pedagógica do professor, a maioria comum a todos os
professores e alguns característicos da disciplina de Língua Espanhola, tanto pelas
experiências pessoais e profissionais vivenciadas, quanto por pesquisa informal com
colegas de profissão. A reflexão acerca de algumas dificuldades vivenciadas pelos docentes
de Língua Espanhola é de fato muito importante para a conscientização de todos quanto à
importância de buscarmos soluções para esses problemas, seja por meio da formação
continuada, revendo nossos papéis enquanto professores, ou mesmo garantir por meio das
leis já existentes que o ensino do Espanhol seja possível e, principalmente, seja de
qualidade.

Palavras-chave: Desafios. Sala de aula. Professor de Língua Espanhola.

1 INTRODUÇÃO

Há algumas décadas, a educação brasileira especificamente tem passado


por muitas mudanças, quer sejam técnicas, metodológicas ou estruturais, e cada
uma delas vão se apresentando como a mais apropriada para solucionar os
problemas que a afligem o contexto educacional do país. É neste quadro
educacional que se encontra o tema proposto para discussão neste artigo: desafios
da prática do professor de Língua Espanhola no Brasil.
Com as constantes mudanças no mundo, ou seja, em todas as áreas de
atuação, e na educação não seria diferente, o professor precisa cada vez mais
investir em sua formação inicial, na formação continuada e ainda manter a

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Graduação Letras/Espanhol pela Universidade Católica Dom Bosco. Mestrado em Letras pela Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul.

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preocupação com a qualidade do exercício da profissão. Atualmente o professor de


Língua Espanhola tem passado por diversos desafios, alguns também
compartilhados por aqueles que lecionam outras disciplinas e outros específicos do
ensino de Espanhol. A verdade é que o interesse por aprender espanhol tem
aumentado e consequentemente os desafios também, inclusive porque muitas
pessoas neste caso brasileiras, escolhem aprender o espanhol por acreditarem que
é mais fácil, pela proximidade com sua língua materna. No entanto, essa
proximidade causa também dificuldades na aprendizagem, o que exigirá um esforço
maior por parte do docente para tornar o ensino possível e até mesmo possibilitar
aos aprendizes que conheçam não apenas a língua, mas também a cultura dos
países que tem o espanhol como língua oficial. Certamente um profissional bem
capacitado e atualizado saberá lidar melhor com a situação do que aquele que não
se preocupa com as questões atuais e com seu aperfeiçoamento profissional.

2 O ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA E A PRÁTICA DOCENTE

O ensino/aprendizagem de idiomas em nosso território brasileiro sempre


esteve relacionado a fatores econômicos, políticos e também sociais de cada etapa
do nosso desenvolvimento. Como nos mostram relatos históricos, para o Brasil
durante um bom tempo foi importante estabelecer vínculos com o povo hispano,
dadas as suas aspirações de crescimento e desenvolvimento, no entanto, até a
divulgação da Lei 11.161/2005, referente à obrigatoriedade do ensino de Língua
Espanhola nos cursos de Ensino Médio, a língua ficou sempre relegada ao segundo
plano, não sendo valorizada nem mesmo pelas contribuições do povo hispano, nem
pela comunicação com os países vizinhos.
Percebemos que assim como as atenções, os documentos legais também
começam a se voltar para o ensino do Espanhol, podemos citar como exemplo as
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM, 2006) que diferentemente
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 2000), têm um capítulo específico
para o ensino de espanhol. No entanto, devemos nos perguntar se esse formato
significou avanço ou retrocesso?

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Certamente um documento que tem como objetivo servir de guia ou de


orientação a professores de línguas traz avanços, mas, surge uma problemática,
quando se fala em Línguas estrangeiras (LE) no Brasil, ainda se está falando do
inglês. Constatamos isso, lendo o que nos diz a LDB/9611, quando menciona as
razões pelas quais as línguas estrangeiras passaram a fazer parte da área de
Linguagens, Códigos e Tecnologias. Desta forma, a lei associa a aprendizagem de
línguas estrangeiras a fatores com os quais não estamos totalmente de acordo. Diz-
se que as línguas estrangeiras possibilitam ao estudante aproximar-se de muitas
culturas e, assim, propiciam sua integração com o mundo globalizado. O ponto falho
da referida lei se dá, principalmente, porque as línguas estrangeiras geralmente são
tratadas de forma a reforçar a hegemonia do inglês. Mas temos que considerar o
fato das línguas estrangeiras serem disciplinas importantíssimas também para
outros propósitos. Nos PCNs (2000), organizado após a LDB (1996), por exemplo,
teve-se o cuidado de enfatizar o caráter político e humanístico da aprendizagem de
línguas estrangeiras.
Não se pode negar que referente ao ensino de Língua Espanhola no Brasil
muitas mudanças têm ocorrido, ainda que a passos lentos. Retomando a pergunta
anterior, se a elaboração de documentos que fazem referência ao Espanhol
constitui avanço ou retrocesso, particularmente temos que admitir que constitua um
avanço ainda que minúsculo perto do tanto que ainda se tem por alcançar. E apara
os professores de Língua Espanhola significa que virão muitos desafios pela frente.

O cenário de ensino/aprendizagem do espanhol no Brasil fomenta questões


que levam a profundas discussões, sejam por aspectos linguísticos ou valorais, pois
durante muitos anos, foi baixa a procura pela formação em Língua Espanhola, já
que por serem línguas próximas acreditava-se não haver necessidade de uma
formação centrada e completa nesse idioma (SEDYCIAS, 2005). Pensava-se que
bastaria enrolar um pouco a língua, trocar uma vogal por duas, como por exemplo,
dizer “cueca-cuela”, que já estaríamos nos comunicando com o povo hispano-
falante. Mas, ao passo que o espanhol se tornou uma língua envolvendo parceiros
econômicos relevantes, e passou a permitir acesso para cargos executivos
importantes, começou a obter prestígio diante de instituições, e a busca por sua

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aprendizagem aumentou. Certamente estamos longe da valorização que tem o


inglês em nosso país, uma vez que muitos ainda dizem que aprender espanhol é
importante somente para possibilitar a comunicação com os países vizinhos, porém,
as perspectivas vêm aumentando consideravelmente. Assim, Conforme Moreno
Fernández (2005, p. 18):

Depois de muitos anos à margem do currículo educacional brasileiro,


a Língua Espanhola finalmente conquista sua inserção tão esperada
pelos docentes desse campo de atuação. Assim, a situação do
Espanhol no início do século XXI, no Brasil, é de “bonanza, de auge
y de prestigio”.

Entre o desafio de elevar o Espanhol para primeiro plano e mostrar a


importância de aprender essa língua, o professor precisa considerar que a sala de
aula é um espaço de interação social que permite a troca de experiências, de
informações e opiniões que levam ao desenvolvimento do indivíduo. Logo, o papel
do professor é aproveitar o ambiente para promover a aprendizagem dos alunos
procurando envolvê-lo, explorar todas as oportunidades de aprendizagem, inovar
procedimentos com a finalidade de atingir seus objetivos.
Na atualidade, o professor é visto como mediador do processo de ensino-
aprendizagem na sala de aula e não mais um mero transmissor de informações,
desta forma, é indispensável que o professor saiba organizar a sala de aula para
que esta se transforme em um ambiente vivo e dinâmico ou ainda, utilizar outros
espaços, como a sala de tecnologia da escola, a biblioteca ou mesmo o pátio da
instituição para assim expor sua aula de forma motivadora, possibilitando maior
atenção por parte dos aprendizes, já que se sentirão mais motivados. Existe ainda,
outro aspecto que atinge diretamente a prática docente: os desafios da prática
pedagógica, levando em consideração as transformações pelas quais a educação
escolar tem passado, de forma que essas mudanças incidem diretamente na
formação inicial e continuada do professor.

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3 ALGUNS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE


LÍNGUA ESPANHOLA

A concepção de professor como um profissional que antevê progressos


profissionais relacionados à sua competência e desempenho, busca aperfeiçoar-se
mediante a sistemática do debate e do confronto entre conhecimento e realidade,
constitui o núcleo de uma política educacional voltada para a qualidade no ensino e
que considera a interlocução contínua entre teoria e prática é importante e
necessária.
Ultimamente a atenção tem se voltado para a formação de professores
considerando-se as dificuldades que os mesmos enfrentam no momento em que
entram em sala de aula, agora na condição de professor e não mais de aluno. Para
desmistificar tal concepção, estudiosos como Almeida Filho têm procurado frisar em
seu discurso a nova postura que não despreza a validade de procedimentos
treináveis na formação do professor, mas também não os elege como “ponto
chave”. O autor reforça ainda os sentidos da palavra “formar” e que frequentemente
escolhe usar termos como 'qualificado' e 'certificado' para se referir ao professor
titulado, já que graduar-se é apenas o reconhecimento e uma formação inicial para
o exercício profissional. Podemos perceber que os primeiros desafios surgem ainda
na graduação, pois muitos desses recém-formados alegam se sentirem inseguros
apesar de terem se tornado docente. Acreditam que falta alguma coisa para ser um
verdadeiro professor, consequentemente usa pouco a língua-alvo em sala de aula e
se defende dizendo que é por causa da formação acadêmica inadequada recebida
na Universidade, ou mesmo pela materialização da abordagem e métodos
ultrapassados ou que não exigem habilidades comunicativas do futuro professor.

Estudos apontam que o aluno-professor ao longo do curso de Letras lida


com uma gama de matérias pedagógicas que têm como objetivo apresentar os
aspectos teóricos e práticos do magistério. Recebe-se uma fundamentação teórica,
porém, já nesse período é possível perceber insegurança e tensão por parte desse
futuro professor quanto à sua atuação em sala de aula. Em sua mente surgem
questionamentos como: será que dou conta da matéria? Será que serei um bom

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professor? Será que eu quero mesmo ser professor? São questionamentos que
nos levam a pensar se esse indivíduo refletiu criticamente sobre seu papel e sua
atuação como professor de língua estrangeira. Outro fator surge também a ser
considerado, o tipo de formação que esse professor recebeu, pois é consenso que
professores tendem a reproduzir o modelo de educação que receberam, ainda que
sejam abordagens que não seguem mais as tendências contemporâneas de ensino.
Desta forma, o tipo e a quantidade de cursos de proficiência e aperfeiçoamento a
serem oferecidos como formação continuada influência de maneira significativa a
ação futura desses jovens profissionais.

Além dos desafios que o professor de Língua Espanhola enfrenta por causa
do desprestígio em relação a esse idioma e seu ensino no Brasil, podemos destacar
vários outros que são frequentes na escola e na sala de aula, compartilhado pelos
demais companheiros de profissão, os quais incidem diretamente na prática
pedagógica do docente. A seguir elenco alguns deles:

 A sociedade como um todo, assim como a família e a escola passam por


um momento de conflito, em um constante processo de transformação.
 Gerir o tempo pedagógico. As salas de aulas estão cada vez mais cheias,
e administrar o pouco tempo para ensinar com qualidade, se torna muito
difícil.
 Envolver os alunos em seu processo de aprendizagem, ao mesmo tempo
em que estimula o trabalho em equipe.
 Envolver os pais no processo de ensino/aprendizagem dos filhos.
 Utilizar novas tecnologias, conscientizando os alunos a utilizarem essa
ferramenta de forma ética, despertando-o para assumir seu papel de cidadão.
 Capacitar-se constantemente (formação continuada). Essa formação
continuada pode ser entendida como programas que envolvam cursos,
congressos, seminários, ou seja, um processo dinâmico por meio do qual um
profissional vai adequando sua experiência profissional as necessidades do
mercado de trabalho.
Ao longo do tempo surgiram diferentes concepções sobre o que seria
formação continuada, antes chamada de treinamento, capacitação ou mesmo
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reciclagem. O que se sabe é que não priorizavam a autonomia do professor,


estimulando seu senso crítico. O que podemos perceber é que independente da
nomenclatura ou de seu caráter, a formação continuada tem se mostrado mais um
dos grandes desafios a ser enfrentado pelo professor. A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional n.º 9. 394/96 prevê no artigo 63, parágrafo III que “Os
institutos superiores de educação manterão: programas de educação continuada
para profissionais da educação dos diversos níveis”. Mas infelizmente não é bem o
que ocorre, principalmente com os professores de Língua Espanhola. O que
encontramos são docentes desvalorizados e seu direito de aperfeiçoamento
profissional continuado deixado de lado.
Por outro lado, há também o conformismo, o que chamamos lei do menor
esforço minando a vontade dos professores que, quando têm oportunidades de
crescimento, se acomodam, preferem a mesmice, tirando dos governos e
mantenedoras a vontade de continuar investindo o pouco que investem. Contudo, o
docente que deseja olhar para sua própria prática com atenção e atitude,
certamente, está investindo em seu próprio desenvolvimento. Almeida Filho (1997,
p. 14) apresenta uma visão do que ele considera “professor desenvolvido”: Ser um
professor desenvolvido seria então ser um professor em libertação do presente sem
fim, do ensinar sem consciência do que pode ser ensinar uma língua estrangeira, do
que é linguagem e língua estrangeira, e do que se representa como aprender uma
nova língua.

O docente de Língua Estrangeira é um profissional em constante formação


continuada, precisa se aperfeiçoar sempre, acompanhando as mudanças para que
possa provocar mudanças. Esse constante aperfeiçoamento irá permitir que lide
melhor com os diversos desafios que o professor (Língua Espanhola) enfrenta em
sua prática pedagógica, como:

 Escassez de materiais didáticos: compreendem os manuais escolares, os


mapas, o quadro, giz, canetas, lápis, papéis, etc. Nesta lista o que mais conta
é justamente o manual escolar, pois sem ele a prática docente se torna muito
difícil. Infelizmente nem as escolas adotam e oferecem aos seus alunos o
livro didático de forma que o professor tem que elaborar materiais se

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utilizando de fotocópias ou mesmo listas de exercícios que são usadas em


grupo, ou ainda de seu principal recurso o quadro para transmitir as
informações aos seus alunos;
 Lidar com as novas tecnologias: o progresso da tecnologia na educação
não pode ser visto simplesmente como a introdução de uma ferramenta nova
nas escolas, de fato, para que essa ferramenta seja utilizada e obtenha-se
êxito, é indispensável fazer um grande trabalho de elaboração de softwares,
capacitar os professores para que operem de forma orientada as
modalidades e serviços educacionais oferecidos pela tecnologia.
Somente por meio da prática reflexiva e formação contínua o professor
poderá alcançar o domínio da complexidade e da imprevisibilidade, que é o que
encontramos no mundo atual, seja no âmbito escolar, ou na sala de aula. Sendo
assim, o professor de LE deve:

• Aprofundar seu conhecimento pedagógico, um conhecimento mais


sofisticado sobre ensinar e aprender;

• Conscientizar-se e informar-se sobre os amplos problemas de política


educacional e desenvolvimento social;

• Trabalhar de forma interativa e colaborativa;

• Aprender e buscar trabalhar em novas estruturas-redes de aprendizagem;

• Desenvolver o hábito da aprendizagem contínua;

• Não pode ser um indivíduo isolado dos colegas de profissão e da


comunidade em que está inserido;

• fazer questionamentos constantes sobre sua própria atuação e de sua


inserção na sociedade;

• Estar preparado para lidar com os riscos e incertezas do processo de


transformação.

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4 FORMAÇÃO CONTINUADA: Algumas considerações

Nos últimos anos um dos temas mais debatidos no âmbito educacional tem
sido a formação continuada para professores indiferentemente do nível em que
atua, ou seja, o professor do ensino básico ou ainda do ensino superior. Conforme
Libâneo (2004, p. 227):

O termo formação continuada vem acompanhado de outro, a


formação inicial. A formação inicial refere-se ao ensino de
conhecimentos teóricos e práticos destinados à formação
profissional, completados por estágios. A formação continuada é o
prolongamento da formação inicial, visando o aperfeiçoamento
profissional teórico e prático no próprio contexto de trabalho e o
desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do
exercício profissional.

Podemos inferir segundo o exposto acima que não basta concluir um curso
de licenciatura e partir para a prática pedagógica, sem se preocupar com a
formação acadêmica. É preciso ter a consciência de que esta formação não termina
com a formatura, mas que fará parte de toda a sua trajetória profissional, sendo
assim o aperfeiçoamento deve ser constante.
A escola é uma instituição social, que forma, além do cidadão,
profissionais do futuro. De forma que não podemos negar o fato de vivermos
atualmente na sociedade da informação e do conhecimento, e isso vem causando
mudanças rápidas nos padrões e valores sociais. O professor, é o principal
responsável pela educação para a cidadania, sendo assim, precisa acompanhar as
mudanças, já que essas, certamente terão impacto sobre a sua prática pedagógica.

O docente precisa se conscientizar que o processo de formação continua


se tornará presente ao longo de toda vida profissional, o que o tornará riquíssima
sua prática, e tornará possível mudanças a nível curricular ou até mesmo
organizacional da escola.
As orientações mais recentes para a formação de professores que vem
ganhando mais espaço e adeptos sugerem um espaço maior para o envolvimento

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do professor com sua prática, possibilitando-lhe decidir sobre quais aspectos julga
interessantes para sua formação e prática pedagógica. É a partir dos pontos
levantados em sua atuação em sala de aula e reflexões críticas sobre essa prática
que surge a possibilidade de estabelecer interlocuções com um 'Outro' (professor)
mais experiente para que os sentidos que faz da prática possam se solidificar. Esse
diálogo e troca de experiência ajuda efetivamente e melhora a atuação do professor
em sala de aula.
A competência profissional é descrita por determinados pesquisadores
como algo inatingível por tratar-se de um alvo ou horizonte móvel. Apresenta dessa
forma, necessidade de uma formação sustentada em estudos contínuos do
professor de línguas, principalmente opondo-se a ideia, de que o professor formado
é um produto acabado. O que sabemos certamente é que a formação continuada é
mais uma medida para melhorar o nível da educação no Brasil, pois um professor
bem preparado e atualizado planeja aulas bem mais agradáveis aos seus alunos, o
que contribui para que se ofereça a educação de qualidade tanto almejada pela
sociedade brasileira. Mas, para que isso ocorra é necessário que os professores
superem a inercia e invistam em sua formação profissional, e sabemos que muitos
são os desafios a serem enfrentados no que se refere a formação continuada, no
entanto, cabe a cada um de nós transpormos esses desafios.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É muito difícil concluir um texto sobre esse tema que envolve o


desenvolvimento de um indivíduo, pois é tarefa de todos promoverem seu próprio
desenvolvimento seja profissional ou pessoal. No entanto buscar novas
perspectivas e desenvolver-se requer o despertar consciente, coragem e
compromisso. Sendo assim o que busco por fim é apenas tecer algumas palavras
finais sobre alguns desafios da prática do professor de Língua Espanhola em sala
de aula. A criticidade e a busca pelo saber são especialmente importantes em nossa
área para garantir que os valores da cultura estrangeira que consequentemente
fazem parte dessa aprendizagem sejam entendidos a partir de uma visão crítica,
com o objetivo principal de formar o cidadão brasileiro.

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Certamente nesse cenário conflituoso que é a formação e atuação do


professor de Língua Espanhola, para transformar nossa realidade em contexto
educacional precisamos ser professores que amam o que fazem e buscam fazê-lo
de maneira singular, porque acreditam em um futuro melhor, não subjugado pelo
ranço de desqualificações, no entanto professores que sejam valorizados pelo seu
conhecimento e também pelo que carregam consigo. Professores que enfrentam as
adversidades na sua atuação e não desistem da realização de seus ideais.
Para finalizar, apresentamos as palavras de um grande mestre da educação
que nos ensina a todos a melhor abordagem: o amor. Paulo Freire diz que “não há
educação sem amor; quem não é capaz de amar os seres inacabados não é capaz
de educar, não é capaz de se tornar um profissional da educação”.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA FILHO, J.C.P. Tendências na Formação Continuada do Professor de


Língua Estrangeira. In: Ensino e Pesquisa, vol.1, APLIEMG, 1997.

______________. O Professor de Língua Estrangeira em Formação. Campinas:


Pontes Editores,1999.

DELORS, Jacques et al. Educação: um tesouro a descobrir. 2 ed. São Paulo:


Cortez, 1999.
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http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=75529. Acesso
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______. Parâmetros curriculares nacionais: língua estrangeira. Brasília:


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