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Artigo

Educação a Distância no Brasil:


Fundamentos legais e implementação
E-learning in Brasil: legal basis and implementation
Mara Salvucci 1
Marcos J. A. Lisboa 1
Nelson C. Mendes 1

RESUMO ABSTRACT:

Trata-se de examinar as normativas re- This study sought to analyze the


lativas às políticas do Ministério da Educação regulations within the policies of the Ministry
na implementação de Cursos de Graduação of Education on the implementation of
na modalidade a Distância no Brasil e anali- undergraduate distance learning, and to
sar os indicadores de Controle de Qualidade address the question of the indicators of
definidos pelo referido Ministério, tais como: prioritized issues and policies that guide the
Concepção de Educação, Elaboração de Quality References for e-learning. Though
Material Didático, Equipe Multidisciplinar, anticipated as a result, it appears that public
Avaliação Docente, da Aprendizagem e policies, constantly being released by the
Infraestruturara de Apoio. Mediante leituras Ministry, based on the legal support for
e análise documental foram priorizadas ques-
the expansion and improvement of this
tões que norteiam as Políticas e Referenciais
current modality of teaching, resonate within
de Qualidade para educação a distância.
the offerings of undergraduate courses in
Como resultado esperado, constata-se que,
institutions of higher education.
políticas públicas estão sendo constantemen-
te reformuladas a fim de assegurar o suporte Keywords: Education, E-learning,
legal e critérios bem definidos e objetivos para Education policies, Quality control.
a expansão e aprimoramento nesta atual mo-
dalidade de ensino, mas com ressonâncias na
oferta de cursos de graduação pelas IES.

Palavras-chave: Educação, Educação a


Distância, marco regulatório de EaD

1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Volume 11 − 2012
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: FUN- O objetivo dessa pesquisa consiste no
DAMENTOS LEGAIS E IMPLEMENTAÇÃO exame da importância das políticas públicas
em EaD para implementação dessa modali-
Caminhamos para o exato momento em dade nas universidades brasileiras, mediante
50 que a consciência de civilização, a cons- análise dos instrumentos legais, em especial,
ciência de superioridade de seu próprio
os Referenciais de Qualidade para EaD e suas
comportamento e sua corporificação na
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implicações na oferta de cursos de graduação,


ciência, tecnologia ou na arte começa-
ram a se espraiar por todas as nações do na modalidade pelas IES.
Ocidente. (Elias, 1990)
A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E AS
POLÍTICAS DO MEC
INTRODUÇÃO
Nessa sociedade em que as descober-
No contexto da política de expansão do
tas científicas e tecnológicas transformam as
ensino superior, o artigo 80 da LDBN 9.394/96
relações sociais e de trabalho, uma vez que
representou marco significativo para o desen-
o individualismo rege estas relações, o de-
volvimento, regulação, avaliação e supervisão
senvolvimento e o uso de novas tecnologias
da EaD em todos os níveis da educação bra-
constituem meios para que a sociedade torne-
sileira. O uso de tecnologias no ensino e na
-se cada vez mais competitiva.
aprendizagem promove a democratização do
ensino, tão cara ao país que padece da evasão O mercado de trabalho pressionado
escolar e das dificuldades de acesso às uni- pelos contextos tecnológicos, políticos e eco-
versidades. Mas a tecnologia, apesar de sua nômicos do mundo contemporâneo leva os
importância, não deve ser encarada como o indivíduos a viver uma crescente e constante
principal fator. As políticas públicas de edu- necessidade da aquisição de novos saberes,
cação abrangem, principalmente, os pressu- capacitações e competências. As crescentes
postos teórico-metodológicos na mediação exigências desse mercado fazem surgir novas
pedagógica. modalidades de educação que exploram a co-
laboração entre os indivíduos, a flexibilidade
Assim, estimulados pela emergência de
de ações para a construção de saberes e não
um novo paradigma educacional, que surge a
mais privilegiam o acúmulo dos conhecimen-
partir da evolução de instrumentos ligados à
tos, mas sim seu constante rearranjo, extrapo-
tecnologia da informação, nota-se o descom-
lando as paredes da sala de aula e os limites
passo existente entre este paradigma e as polí-
do relógio.
ticas usualmente adotadas no ensino superior.
Esses atributos, notadamente visíveis
nos instrumentos do EaD, apresentam res-
postas a essas demandas em seus novos am-
bientes virtuais de ensino, se utilizados com
metodologias igualmente novas e cooperati-
vas. A cooperação desafia o individualismo e
favorece o indivíduo na direção da construção

RBAAD – Educação a Distância no Brasil: Fundamentos legais e implementação


de seus conhecimentos e na criação de uma condições e procedimentos para o credencia-
cultura solidária. mento e adequação de Cursos e Programas de
Ensino Superior em âmbito nacional. O artigo
A educação a distância, conhecida em
80 dessa Lei é o que trata dos Programas de
uma época em que o correio e o rádio eram os
Educação a Distância no Brasil. Entretanto, 51
principais suportes ou veículos para os cursos
este não se refere especificamente ao uso das
das mais diversas áreas, com a disseminação

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tecnologias da informação como instrumen-
da informática computacional e o desenvolvi-
to dessa modalidade de ensino, que assim
mento de software educativo, tornou-se uma
se define:
nova modalidade de ensino e aprendizagem.
Todavia, a didática do ensino virtual deve Artigo 1o do Decreto No 2494/98
contemplar a multidimensionalidade dos re- (revogado)
cursos e ferramentas tecnológicas e os proce-
dimentos adequados prevêem: Educação a distância é uma forma de
ensino que possibilita a auto-aprendi-
- Ênfase na autonomia do aluno. zagem, com a mediação de recursos di-
dáticos sistematicamente organizados,
- Exploração das possibilidades do material
apresentados em diferentes suportes de
didático.
informação, utilizados isoladamente ou
- Domínio das ferramentas. combinados, e veiculados pelos diver-
sos meios de comunicação.
- Conhecimento prévio dos processos de inte-
ração e mediação. Decreto 5.622 de 19 de dezembro de
2005 em seu artigo 1º.
- Disponibilidade e interesse para a comunica-
ção diferenciada das fontes de informação. ...modalidade educacional na qual a
Tais procedimentos abrangem a apren- mediação didático-pedagógica nos pro-
cessos de ensino e aprendizagem ocorre
dizagem a distância, longe das salas de aulas
com a utilização de meios e tecnologias
convencionais, livre de um sistema curricular
de informação e comunicação, com es-
rígido e de uma estrutura e funcionamento do
tudantes e professores desenvolvendo
ensino preso às normas e regulamentos. Essa atividades educativas em lugares ou
modalidade de ensino veio ao encontro de tempos diversos.
uma demanda específica de estudantes e pro-
fissionais cujo perfil desvela a realidade atual O Decreto 2.494/98, instituído dois anos
em seus ritmos, processos e exigências. após a LDBN, caracteriza a educação a distân-
cia como modalidade de ensino e aprendiza-
As instituições educacionais, por sua gem que pode se valer das diversas mídias
vez, iniciaram uma prática de educação a interativas de comunicação e informação. No
distância para atender a essa nova deman- entanto, considera que, no estágio atual de
da amparada pela Lei 9.394/96 LDBN- Lei desenvolvimento tecnológico, o computador
de Diretrizes e Bases Nacional que regula- torna-se a mídia de destaque, cada vez mais
menta a educação nacional. O Capítulo IV
disseminada no meio social e educacional.
da LDBN 9.394/96 estabelece fundamentos,

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Palloff e Pratt (2002), em seus estudos cursos superiores na modalidade a distância e
para conceituação de aprendizagem a distân- o Capítulo V, das Disposições Gerais.
cia mediada por mídia computacional, apre-
No Capítulo I − Disposições Gerais
sentam a ideia de que:
− tem-se:
52
...fundamentais aos processos de apren-
Exigência de encontros presenciais
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dizagem são as interações entre os pró-


para: avaliações; estágios, apresentação
prios estudantes, as interações entre
de TCC, atividades laboratoriais, se pre-
professores e os estudantes e a colabo-
vistas no Programa do Curso (art. 1).
ração na aprendizagem que resulta de
tais interações. Em outras palavras, a
Possibilidade de se oferecer EaD em
formação de uma comunidade de alu-
qualquer nível educacional (art. 2).
nos por meio da qual o conhecimento
é transmitido e os significados sejam
Exigência de que os requisitos de carga
criados conjuntamente, prepara o terre-
horária e duração dos cursos e progra-
no para bons resultados na aprendiza-
mas em EAD sejam os mesmos dos pre-
gem. (Palloff e Pratt, 2002, p. 27.)
senciais. A Portaria 4059/2004 permite
Conceituar educação a distância no a oferta de cursos de graduação com até
Ensino Superior implica ter em mente a es- 20% de atividades na modalidade a dis-
tancia. Esta porcentagem pode ser atin-
pecificidade da formação educacional, e o
gida mediante a implementação de dis-
potencial das tecnologias de comunicação e
ciplinas totalmente na modalidade EaD
informação no sentido de tornar possível con-
ou com disciplinas que se valem parcial-
figurar dinamicamente a rede de comunica- mente de atividades a distancia (art. 3).
ções, de modo que um aluno possa participar,
ao mesmo tempo, de uma interação coletiva e A possibilidade de se reconhecer e acei-
de interações individualizadas com professo- tar transferências de Cursos e discipli-
res e com grupos de estudantes, o que torna o nas da modalidade presencial para EaD
processo mais interativo e o atendimento ao e vice-versa (art. 3).
aluno mais individualizado do que se pode
conseguir com os recursos tradicionais. As avaliações presenciais devem preva-
lecer sobre as a distancia (art. 4).
A legislação que regulamenta a EaD no
Brasil é o Decreto 5.622 4, de 19 de dezembro A validade dos diplomas de EaD é nacio-
de 2005, que se constitui de cinco capítulos: nal (art. 5).
o Capítulo I trata das Disposições Gerais e
caracteriza a EaD; o Capítulo II trata do cre- Convênios, acordos ou Programas con-
denciamento das IES e instruções para oferta veniados entre quaisquer IES devem
ser submetidos à análise e homologação
de cursos; o Capítulo III, da oferta de EaD na
de órgãos normativos (art. 6).
educação básica; o capítulo IV, da oferta de

4
Esse decreto recebeu nova redação no Decreto 6.303.

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Os indicadores de Controle de Qualidade com as qualificações exigidas na legislação
definidos pelo Ministério da Educação em vigor e, preferencialmente, com formação
e profissionais da educação e citados no para o trabalho com educação a distância;
portal SESU-MEC sob o título de Referen-
apresentar, quando for o caso, os termos de
ciais de Qualidade de EaD para Cursos de 53
convênios e de acordos de cooperação cele-
Graduação a Distancia estão detalhados
brados entre instituições brasileiras e suas
no Parecer CNE/CES N° 197/2007. “Esses

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Referenciais de Qualidade circunscrevem- co-signatárias estrangeiras, para oferta de
-se no ordenamento vigente em comple- cursos ou programas a distância e a descrição
mento às determinações específicas da Lei detalhada dos serviços de suporte e infraes-
de Diretrizes e Base da Educação, do De- trutura adequados à realização do Projeto
creto 5622/2005, do Decreto 5773/2006 e Pedagógico.
das Portarias Normativas 1 e 2 /2007”. Es-
tes indicadores são parâmetros que devem A descrição e o detalhamento dos ser-
estar presentes nas Diretrizes no planeja- viços de suporte e infraestrutura dizem res-
mento, credenciamento e avaliação dos peito às instalações físicas e infraestrutura
Cursos e Programas em EaD (art.7). tecnológica de suporte e atendimento remo-
to aos estudantes e professores; laboratórios
A padronização de normas e procedimen- científicos; polos de educação a distância;
tos para reconhecimento, credenciamento bibliotecas adequadas, inclusive com acervo
e renovação de credenciamento das IES
eletrônico remoto e acesso por meio de redes
públicas ou privadas para atuar com EaD
de comunicação e sistemas de informação. Os
cabe ao Ministério da Educação (art. 7).
Projetos Pedagógicos de Cursos e de progra-
O Decreto 6303 de 12 de dezembro de mas na modalidade a distância, no sentido de
2007 determina que altere dispositivos obedecer às diretrizes curriculares nacionais,
dos Decretos 5.622, de 19 de Dezembro estabelecidas pelo Ministério da Educação;
de 2005, que Estabelece as Diretrizes e prever atendimento apropriado a estudantes
Bases da Educação Nacional, e o Decreto portadores de necessidades especiais; explici-
5.773, de 9 de Maio de 2006, que dispõe tar em seu projeto os tópicos que compõem
sobre o exercício das funções de regulação,
os Referenciais de Qualidade para o ensino
supervisão e avaliação de Instituições de
de graduação e especialização (Parecer CNE/
Educação Superior e Cursos Superiores de
Graduação e Seqüencial no sistema nacio-
CES Nº 197/2007).
nal de ensino.

A Lei 9394/96 orienta também so- A referida Lei destaca, em suas dispo-
bre credenciamentos das IES e Instruções sições gerais, no artigo 26, que um projeto
para Ofertas de Cursos e Programas, o de Educação a Distância deve observar, en-
Plano de Desenvolvimento Institucional - tre outras, a previsão da modalidade edu-
PDI, o Projeto Pedagógico para os Cursos e cacional e de eventuais parcerias no Plano
Programas que serão ofertados na modalida- de Desenvolvimento Institucional - PDI das
de a distância; a garantia de corpo técnico e Instituições de Ensino Superior - IES e no
administrativo qualificado; o corpo docente Projeto Pedagógico do Curso; a indicação

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das responsabilidades pela oferta dos Cursos política definidora que assegurasse uma for-
ou Programas a distância, no que diz respeito mação objetivando a transformação da reali-
a: implantação de polos de educação a dis- dade educacional brasileira. Contudo, há que
tância; seleção e capacitação dos professores se considerar também, nessa nova modalida-
54 e tutores; matrícula, formação, acompanha- de de ensino o docente que trabalha online,
mento e avaliação dos estudantes e a emissão emergindo de uma condição de trabalho que
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e registro dos correspondentes diplomas ou requer uma nova pedagogia, identificando-se


certificados. novas contradições e questionamentos.
O polo deve estar definido no PDI e é Para subsidiar os instrumentos de cre-
responsabilidade da IES. Trata-se de um espa- denciamento e avaliação desses cursos em gra-
ço físico para a execução descentralizada de duação e especialização, o Parecer CNE/CES
algumas das funções didático-administrativas Nº 197/2007 atualiza e detalha os Referenciais
de cursos a distância, organizado com o con- de Qualidade estabelecidos no Decreto 5622/05
curso de diversas Instituições, bem como com e complementa o Decreto 5773/06.
o apoio dos governos municipais e estaduais.
Segundo as orientações legais, estes re-
Um polo deverá ser constituído com labora-
ferenciais devem fazer parte integralmente do
tórios de ensino e pesquisa, laboratórios de
Projeto Pedagógico de Curso, observados seu
informática, biblioteca, recursos tecnológicos
desenvolvimento e os norteadores de processos
dentre outros, compatíveis com os cursos que
de regulação, supervisão e avaliação do mesmo.
serão ofertados (SERES/MEC, 2007).
Para que o Referencial de Qualidade
A regulamentação para o EaD no ensi-
seja contemplado em suas especificidades o
no superior no Brasil vem sendo aprimorada
Projeto Pedagógico de Curso deve explicitar
no sentido de assegurar a qualidade do ensino
os seguintes aspectos analisados a seguir.
e da aprendizagem como uma das soluções
para enfrentar o problema de desvantagem A Concepção de Educação e Currículo
educacional que o país sofre, entre outras ra- que predomina no processo de ensino e
zões, pela sua dimensão geográfica, contradi- aprendizagem apresentando claramente uma
ções sociais e questões políticas. opção epistemológica de educação, de currí-
culo, de ensino e de aprendizagem, de acordo
OS REFERENCIAIS DE QUALIDADE PARA com o perfil de estudante que se deseja for-
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA mar, a qual deve fundamentar todos os pro-
cessos de organização, adequação, avaliação,
A expansão da oferta de Cursos e planos de disciplinas, tutorias entre outros.
Programas na modalidade a distância no
Considerando-se que o foco principal
Brasil, nesta primeira década do Século XXI,
da Educação a Distância é o desenvolvimento
trouxe para as discussões acadêmicas e, so-
humano e, sendo o estudante o foco de pro-
bretudo para as pesquisas em educação, o
cesso pedagógico, a assessoria didática preci-
questionamento sobre a qualidade da forma-
sa ser contínua, uma vez que, para aprimorar
ção nesses Cursos e Programas, bem como a
as práticas educacionais ao longo do processo
utilização da modalidade a distância sem uma

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de ensinar e aprender virtualmente, diferen- O MATERIAL DIDÁTICO destinado à
tes formas de organizar e orientar a educação EaD pode ser apresentado na forma impres-
a distância interferem diretamente na apren- sa, vídeos, teleaulas, páginas da WEB, objetos
dizagem do aluno, bem como, deverá existir de aprendizagem entre outros coerente com a
todo um planejamento do curso voltado para a opção epistemológica de educação, de ensino, 55
realidade a distância e não, apenas, uma repro- de aprendizagem e ser planejado para usar as

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dução do que ocorre na modalidade presencial mídias previstas no Projeto Pedagógico do
para a modalidade a distância. Aconselha-se, Curso. O material didático deve ser elabora-
assim, um módulo introdutório que leve o do juntamente com um Guia Geral do Curso
estudante ao domínio de conhecimentos e ha- e um Guia Geral das Atividades Pedagógicas
bilidades básicas referentes à metodologia e à e um Guia de Estudos a serem desenvolvidas
tecnologia utilizada. Os sistemas de comunica- em EaD, contendo uma síntese do planeja-
ção referem-se aos ambientes tecnológicos uti- mento dos sistemas de comunicação, da equi-
lizados na modalidade de educação a distância, pe responsável pela gestão do processo de en-
favorecendo oportunidades para desenvolver sino e formas de avaliação. Esses Guias devem
projetos compartilhados e para propiciar cons- ser disponibilizados aos estudantes.
trução de conhecimento, respeitando as dife-
A avaliação considera o desempenho
renças culturais e questões referentes à dispo-
dos estudantes e a eficiência de cursos, sejam
nibilização de material didático, orientação e
internas ou externas. No caso do desempenho
de interação.
dos estudantes, a Avaliação da Aprendizagem
O PROJETO PEDAGÓGICO DE deve ser processual e contínua, composta de
CURSO é o instrumento que descreve como avaliações a distância e presencial, sendo que
se dará a interação entre os estudantes, através prevalecem avaliações presenciais sobre ou-
de atividades coletivas presenciais ou virtuais, tras formas de avaliação. É oportuno lembrar
tutores e professores; o modelo de tutoria e de que estágios, a defesa de trabalhos de conclu-
acompanhamento previsto; a quantificação são de Curso e atividades de laboratórios são
do número de horas disponíveis para aten- atividades presenciais.
dimentos aos estudantes; a previsão dos ho-
A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL é
rários e formas de contatos com professores,
um processo permanente e consequente, bus-
tutores e pessoal de apoio; a definição prévia
cando aperfeiçoar os sistemas de gestão e pe-
dos locais e datas de provas e de atividades
dagógico, coerente com o Sistema Nacional
nos momentos presenciais; a orientação e
de Avaliação do Ensino Superior SINAES.
acompanhamento dos estudantes; a flexibili-
Cabe à Instituição planejar um processo con-
dade no atendimento ao estudante; a disposi-
tínuo de avaliação, da organização didática e
ção de polos de apoio descentralizados, quan-
pedagógica de projetos em EaD contemplan-
do necessário, com infraestrutura compatível;
do a aprendizagem; as práticas educacionais;
as diferentes modalidades de comunicação
o material didático; a estrutura do Currículo;
assíncronas e síncronas; o planejamento da
os sistemas de comunicação; o modelo de
formação, supervisão e avaliação dos tutores
EaD adotado; a realização de convênios e
e profissionais de apoio.

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parcerias. São três os documentos elaborados O CORPO TÉCNICO-ADMINISTRA-
pelo governo: um para avaliar instituições, TIVO é formado por profissionais adminis-
outro para Cursos e outro para polos. Eles es- trativos que atuam em funções de secretaria
tão sendo incluídos no Sistema Nacional de acadêmica, sendo que, na modalidade a dis-
56 Avaliação da Educação Superior. (SINAES). tância, é responsável pelo cumprimento das
A educação a distância vai também receber exigências legais, distribuição e recebimento
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conceitos de 1 a 5, visto que, até os dias atu- de material didático e atendimento a estudan-
ais, não havia critérios específicos para essa tes. Os da área tecnológica são responsáveis
modalidade. pelo suporte técnico para laboratórios, biblio-
tecas, e serviços relativos aos equipamentos
A AVALIAÇÃO DO CORPO DO-
e sistemas de informática, bem como para as
CENTE, de tutores, de técnico-administra-
atividades virtuais.
tivos e de discentes baseia-se na formação,
experiência na área de ensino em EaD. A A INFRAESTRUTURA DE APOIO refe-
avaliação das instalações físicas contempla o re-se à gestão de material e da sede central de
suporte tecnológico científico e instrumental. atividades em EaD. Para atender a esta última,
a instituição deve dispor de centros de comuni-
A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR é
cação e informação ou midiatecas disponíveis,
formada por docentes, tutores e pessoal téc-
tanto na sede institucional quanto nos polos. O
nico-administrativo com funções detalhadas
gerenciamento do material inclui desde secreta-
no Projeto Pedagógico de Curso. Ao docente
ria acadêmica, passando por salas de tutoria, sa-
compete estabelecer fundamentos teóricos,
las de videoconferência, de coordenação, biblio-
selecionar e preparar conteúdos curriculares,
tecas, material de apoio sendo que o laboratório
identificar objetivos educacionais, definir bi-
de informática (deve possuir minimamente os
bliografias, elaborar material didático, gerir
recursos para atender às especificidades das
o processo de ensino e de aprendizagem, e
atividades em EaD, de livre acesso ao estudan-
avaliar-se continuamente como participante
te para consultas e trabalho, caracterizando-se
coletivo de um projeto de ensino a distância.
como espaço de inclusão digital), os laborató-
O Tutor é um dos sujeitos que participam
rios de ensino, as salas de tutoria e secretarias.
ativamente da prática pedagógica. Atua no
processo pedagógico mediando o processo de O polo de apoio presencial é a Unidade
ensino e aprendizagem, junto a estudantes ou Operacional descentralizada de atividades pe-
como colaboradores de turmas. Atua segundo dagógicas e administrativas, coordenado por
horários e locais preestabelecidos. Deve co- um profissional habilitado tanto por conhecer
nhecer o Projeto Pedagógico bem como cada o projeto pedagógico quanto por zelar pelos
atividade nele proposta, seus conteúdos, obje- equipamentos. É por meio da implantação de
tivos e formas de avaliação, tendo o domínio polos que se viabiliza a expansão, a interiori-
de conteúdo e capacitação nas mídias de co- zação e regionalização da oferta de educação
municação e em fundamentos de EaD, parti- pela Instituição. Para tanto, os polos devem
cipando também dos momentos presenciais. conter as estruturas essenciais para desenvol-
vimento dos Cursos e assegurar a qualidade

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dos mesmos. Os referidos polos devem aten- educacionais e o perfil do egresso, a meto-
der às condições de acessibilidade e utilização dologia e procedimentos das aulas virtuais
dos equipamentos por pessoas com deficiên- e presenciais, o ambiente tecnológico e os
cias e garantir a conservação e manutenção de sistemas de comunicação e interatividade, a
equipamentos e de instalações. equipe técnico-administrativa e a abordagem 57
da gestão acadêmica e administrativa, como
A Gestão Acadêmica e a Gestão Ad-

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também para a avaliação do SINAES.
ministrativa devem ser integradas aos demais
processos da Universidade, com formas al- Assim, quando se pensa em Educação
ternativas de acesso aos serviços pelos alu- a Distância, não se pensa apenas nas formu-
nos que estão geograficamente distantes da lações existentes no momento-aula, mas em
instituição. À Instituição cabe explicitar em todos e quaisquer processos que os atores,
seu processo de gestão o seu Referencial de principalmente, os alunos estejam envolvidos.
Qualidade, detalhando os serviços básicos Das formas de matrícula, aquisição de docu-
como: sistema de administração e controle mentos escolares aos relatórios de atividades
do processo de tutoria; sistemas de controle docentes e a qualidade do material didático,
da produção e da distribuição de material di- todas estas ações vão implicar profundamente
dático; sistema de avaliação de aprendizagem; na atitude do aluno perante o curso e, logica-
sistema de banco de dados atualizado, com mente, influenciarão no seu empenho, na sua
cadastro de equipamentos e de facilidades percepção como aluno e na sua aprendizagem.
educacionais; sistema de gestão de serviços
Cabe ao docente, em sua ação pedagó-
acadêmico-administrativos; sistema de regis-
gica, agregar aos conteúdos e às metodologias
tro de resultados das avaliações e atividades
utilizadas, estudos que culminem na defini-
realizadas pelo estudante; sistema de gestão
ção de estratégias apropriadas, ferramental
das atividades acadêmicas para o docente.
tecnológico adequado, atividades de estudos
A Sustentabilidade Financeira a Insti- para aprofundamento dos conceitos e oportu-
tuição realiza o planejamento de planilhas de nizar ao aluno condições para que este atin-
custo de projetos a curto e médio prazo, em ja os níveis de compreensão, manipulando
especial para a graduação, em consonância as informações, interagindo com os demais
com o seu projeto pedagógico e a previsão de estudantes, recorrendo à pesquisa de novas
seus recursos, destacando-se investimento e fontes, possibilitando a construção de novas
custeio. No custeio, inclui-se uma planilha de competências.
oferta de vagas especificando-se claramente a
Ao educando reserva-se um perfil de
evolução da oferta ao longo do tempo.
disciplina e que atenda à familiaridade com
Esses elementos constantes do Projeto o ferramental tecnológico exigida nas roti-
Pedagógico de Curso são indicadores tanto nas do sistema educacional convencional. No
para implementação do mesmo, como para caso do software educativo e suas plataformas
orientar o corpo docente sobre as pressupos- tecnológicas, pressupõe-se uma organização
tos epistemológicos da educação e da forma- para o estabelecimento de uma nova postura
ção, as atividades pedagógicas, os objetivos de estudo e de formação do educando. Nesse

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perfil, inclui-se a capacidade de autogestão da na linguagem expressa pelo domínio da lín-
vida acadêmica, considerando maturidade e gua falada e escrita, bem como ter compreen-
condições particulares do aluno. são de diferentes linguagens.

A concepção pedagógica, as metodolo- Atitudes e práticas:


58
gias utilizadas no ensino, na interatividade e
1. Possuir disposição para capacitação
na recuperação da aprendizagem do aluno e
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permanente para mudanças e para co-


aluna, constituem diretrizes orientadoras de
locar em prática ideias diferentes das
práticas capazes de assegurar a confiabilidade
usuais.
institucional em seu compromisso com a qua-
lidade da formação ética e cidadã do educando 2. Ter disposição para o diálogo e admitir
com vínculos sólidos com a Missão, as Políticas seus erros quando necessário.
educacionais e o Plano de Desenvolvimento 3. Ser facilitador da aprendizagem, articu-
Institucional - PDI, impedindo ações desarti- lador e mediador do conhecimento.
culadas e isoladas na gestão das práticas peda-
4. Refletir criticamente sobre sua prática a
gógicas não convencionais de ensino, pesquisa
partir de uma leitura da realidade e da
e extensão na Universidade.
consideração dos diferentes contextos
O uso de computadores para a educação de atuação.
projeta uma nova abordagem de ensino, visto
A Educação a Distância que, classi-
que, nela, os estudantes acessam os conteúdos
camente, teve dificuldades de implantação
e atividades no ambiente virtual e realizam
em razão da pouca interação, e que, por esta
sua autoaprendizagem tutorada e/ou parcial-
mesma razão, traz em si certo sentido de in-
mente mediada por tecnologias informatiza-
ferioridade em relação ao ensino presencial,
das - semipresenciais, na medida em que o
tem na internet a reconfiguração de seu papel,
ensino e aprendizagem ocorrem: uma parte
proporcionada pelas novas formas de virtuali-
mediada pelo ambiente tecnológico online e
zação do contato, da presença, e da formação.
outra parte na sala de aula convencional do
Rena e Palloff demonstram que a educação
ensino formal em contato com colegas, do-
on-line não tem qualquer característica de in-
centes e os recursos de aprendizagem.
ferioridade em relação à modalidade presen-
Todavia, o perfil do egresso consiste em cial, e mais, informam que desvios e disfun-
estar na vanguarda do processo de mudança ções desse modelo podem ser solucionados
deflagrado pela sociedade de informação e na modalidade online, como ocorre na avalia-
desenvolver habilidades e competências re- ção dos professores, normalmente realizada
ferentes a domínios teóricos e práticos. Sua para captar seu grau de popularidade. (Palloff
competência pedagógica deve estar aliada à e Pratt, 2002)
competência técnica na utilização de novas
tecnologias; ele deve desenvolver a capacida-
de de trabalhar em equipe; a habilidade para
administrar as informações de diferentes fon-
tes, e de relacioná-las entre si; a competência

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IMPLICAÇÕES DO MARCO REGULATÓRIO mulheres e homens, para participarem
VIGENTE NA OFERTA DE CURSOS DE plenamente da vida comunitária e para
GRADUAÇÃO EAD PELAS IES serem também cidadãos do mundo.
(Unesco, 2001:1)
Feita a exibição de contornos visíveis 59
do marco regulatório mínimo da Educação a Além disso, o marco regulatório, tal
Distância no país e, apesar de o cenário pós como descrito, enrijeceu sobremaneira as con-

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LDBN ser marcado pelo discurso de flexibi- dições de as IES ofertarem cursos de graduação
lidade, pela inovação e aplicação das TIC à criando dificuldades para a aplicação da mo-
educação, e de suprir as demandas sociais e dalidade EaD submetendo-as, em sua redação,
geográficas, a qualidade de formação dos pro- às mesmas exigências da educação presencial
fissionais, o objetivo é superar os problemas que, obviamente, constituem outro modelo.
de desenvolvimento econômicos e tecnoló- Considerando que, atualmente, no
gicos enfrentados atualmente pela IES para Brasil o marco regulatório impõe um mode-
oferta de cursos na modalidade EaD. lo de EaD de segunda ou quiçá terceira gera-
Em especial, o discurso falseia a verda- ção, em outros países já é de quinta geração
deira questão das políticas educacionais, a sa- (Pereira, 2003), caracterizada por uma apren-
ber: a diferença de tratamento entre instituições dizagem flexível, inteligente e calcado num
(públicas e privadas), seus desdobramentos na projeto de informatização da instituição, no
exigência da qualidade e na institucionalização que tange às TIC.
de um modelo de EaD (Giolo, 2010) Esse ponto de tensão pertinente à for-
No que tange às diferenças entre o pú- mulação de politicas de regulação e super-
blico e o privado em cursos superiores na mo- visão, mediante instrumentos de avaliação,
dalidade o senso comum (e também muitos portarias e decretos possibilitam avaliar e con-
técnicos) considera a primeira, sinônimo de trolar as iniciativas das IES na oferta de cursos
qualidade. O que nos leva a examinar com por um lado, o que asseguraria critérios obje-
cuidado e atenção os antigos critérios de ava- tivos para aquestão da qualidade mencionada
liação de qualidade. anteriormente e evitaria, assim, consolidar
aquela percepção distorcida de que cursos
a qualidade se transformou-se em um EaD poderiam ser oferecidos com pouco in-
conceito dinâmico que deve se adaptar vestimento e muito lucro. No entanto, por ou-
permanentemente a um mundo que tro lado impõem a institucionalização de um
experimenta profundas transforma-
modelo de EaD que não atende mais às expec-
ções sociais e econômicas. É cada vez
tativas sociais, tais como o Decreto 6.303/07 e
mais importante estimular a capaci-
dade de previsão e de antecipação. Os a Portaria Normativa n. 40/07.
antigos critérios de qualidade já não Nesses termos, dado que a exigência de
são suficientes. Apesar das diferenças atendimento presencial em polos pela legisla-
de contexto, existem muitos elementos
ção exige, por parte das IES, avaliação cuida-
comuns na busca de uma educação de
dosa sua instalação e, por consequência cons-
qualidade que deveria capacitar a todos,
tituindo obstáculo para oferta de cursos EaD.

Volume 11 - 2012
A organização de um polo exige, além CONCLUSÃO
de infraestrutura mínima necessária para
Pode-se entender, a partir desses ele-
oferta de curso segundo as políticas públicas
mentos, que uma das causas dessa contradição
vigentes, também, uma capacitação e qualifi-
60 está nos problemas econômicos e tecnológicos
cação profissional dos recursos humanos que
enfrentados pelas IES para implementação de
considerem as diferenças regionais.
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projetos de EaD mais flexíveis, objetivando o


Outra questão é sobre o papel do tutor desenvolvimento e compartilhamento de con-
que, nos instrumentos de avaliação, consti- teúdos, polos com planejamento pedagógico
tuem tema de debates visto que a função de e gestão de EaD com visão sistêmica para or-
tal agente não é bem caracterizada e defini- ganização e estruturação do modelo de EaD
da. Isto acarreta dificuldades para as IES no mais adequado à institução.
que tange ao plano de carreira e consequen-
A legislação vigente condiciona a oferta
temente à propalada discussão de que tutor é
de cursos na modalidade, uma vez que enges-
professor para uns e, para outros, tutor é um
sam os processo criativos para contornar as
professor de segunda categoria. Isto eviden-
dificuldades econômicas das IES.
temente tem acrescentado obstáculos para a
implementação de EaD nas instituições. A discussão sobre expectativa de lu-
cratividade ou, pelo menos, de estabilidade
Uma proposta que poderia minimizar
financeira, os eventuais e possíveis passivos
o impacto financeiro seria a de compartilhar
trabalhistas das IES dado que o tutor é um
polos entre Instituições, mas legislação em vi-
profissional que está no “limbo”; a infraestru-
gor não a contempla o que caracteriza certa
tura pessoal e instalação de parque tecnoló-
rigidez do marco regulatório.
gico somados às resistências culturais (apesar
O Censo 2010 elaborado pela ABED in- de EaD ser uma tendência mundial), pré-con-
dica que o número de matrículas nas institui- ceitos de alunos, docentes e gestores são algu-
ções tem aumentado e que a oferta de cursos mas das preocupações que inibem iniciativas
na modalidade tem expandido, apesar dos na modalidade EaD, atualmente.
problemas relacionados a investimentos em
Cabe às Instituições de Ensino Superior,
infraestrutura de polos, tecnologia e qualifi-
sempre pautadas na autonomia, desenvolver,
cação de recursos humanos (docentes, autores
compartilhar e tomar iniciativas conjuntas
de material didático, equipe multidisciplinar,
formular propostas junto aos órgãos públicos
secretaria – atendimento pedagógico e tecno-
que flexibilizem o modelo de EaD, minimi-
lógico a alunos e docentes - entre outros) e da
zando os impactos econômicos que afetam
legislação. No entanto, nota-se contraditoria-
o pedagógico, o social e o tecnológico e uma
mente, pelo mesmo documento, que há uma
Educação a Distância de qualidade. Essa é
significativa retração na oferta de cursos, bem
uma necessidade imperativa para atender às
como de descredenciamento de IES que já ti-
demandas geográficas e sociais de um país
nham cursos autorizados limitando o número
que prima pelo desenvolvimento econômico
de matriculas e atendimento.
e sustentável.

RBAAD – Educação a Distância no Brasil: Fundamentos legais e implementação


O Ensino Superior no país enfrenta inú- vagueza do sentido da norma limita a inicia-
meros desafios a começar por aqueles relati- tiva de muitas instituições de ensino superior.
vos à concorrência econômica na busca por No caso específico da EaD, sabe-se que sua
novos mercados; as diferenças regionais que regulamentação está em processo de forma-
marcam o processo de expansão; a pressão ção e de que muitos, também, podem afirmar 61
por aumento na oferta de vagas; o desenvol- que a legislação em vigor é clara e objetiva. No

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vimento tecnológico e inovação relacionados entanto, como nos lembram alguns doutrina-
às TIC e os elevados custos de investimentos dores, nenhum lei é clara em si mesma. Toda
nessa área; a atualização, a pesquisa e a quali- lei precisa ser interpretada.
ficação docente e de recursos humanos para o
Sem esquecer-nos da necessidade da lei
atendimento e suporte pedagógico, adminis-
para assegurar a legitimitidade e credibilida-
trativo e tecnológico ao docente e estudante,
de dos processos de regulação, supervisão e
só para citar alguns.
avaliação da educação superior, qualquer que
Nesses termos, nota-se descompas- seja sua natureza, não podemos ignorar por
so entre a legislação e as IES que objetivam outro lado, seus reflexos nas IES que represen-
cumpri-la, à medida que as noções de tempo e tam alternativa para o desenvolvimento edu-
espaço, de relação ensino e aprendizagem so- cacional do país.
frem alterações significativas e à medida que
as tecnologias da comunicação e informação
são aplicadas às atividades de ensino no país,
revolucionando-a.

Em que pese o processo de democratiza-


ção do acesso à educação, não se pode limitar
o sistema educativo justamente no momento
em que se objetiva atender às demandas ge-
ográficas e sociais brasileiras. Vivemos um
novo paradigma educacional e perceber que
os limites das antigas regras que ordenavam
o modelo anterior já não se aplicam ao novo.
Mas muitos ainda não conseguem ver além
dessas fronteiras ou desses limites, talvez por
conta de seus antigos modelos mentais. Mas
isto é discussão para um trabalho ulterior.

Reconhecemos que as leis são necessá-


rias para o conhecimento dos direitos e de-
veres e das consequências (sanções) quando
essas mesmas leis são burladas. No entanto,
algumas vezes, o processo de interpreta-
ção das leis é marcado por ambiguidade e a

Volume 11 - 2012
REFERÊNCIAS

Abed. Censo EaD: relatório analítico da


aprendizagem a distância no Brasil 2010.
62 São Paulo: Pearson, 2012.

Brasil, MEC. Decreto Nº 6303, de 12 De


Associação Brasileira de Educação a Distância

Dezembro de 2007.

_____, MEC. Decreto Nº 5773, de 09 De


Maio de 2006.

_____, MEC. Decreto Nº 5622, de 19 De


Dezembro de 2005.

_____, MEC. Portaria Nº 4.059, de 10 De


Dezembro de 2004.

_____, MEC. Referenciais de Qualidade


EAD. Brasília: MEC; junho /2003.

_____, MEC. Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro


de 1996. LDBN.

ELIAS, Nobert. O Processo Civilizador. Rio


de Janeiro: Zahar Editores, 1990.

Gadotti, M. “los paises de America Latina


y el Caribe adoptam la declaracion de
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Palloff, Rena M.; Pratt, Keith. O aluno virtual:


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-line Porto Alegre: Artmed, 2002.

Pereira, Eva. Educação a Distância, concepção


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Brasília, V.9, n. 17, jul/ dez. 2003, p. 197-212.

RBAAD – Educação a Distância no Brasil: Fundamentos legais e implementação

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