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RESUMO
ABSTRACT
The article analyzes the current transformations in the food production,
distribution and in consumption, searching to measure their effect on the
competition pattern. These transformations are associated to the emergency of a
new technological pattern that increased the potential of firms’ innovation,
noteworthy, through products differentiations. Nevertheless, these technologies
provoked the competition strengthening in the sphere of food industry, among
processors and agents acting in the distribution, including by means of “own
labels”.
Works-key: strategies; technologies; innovation; differentiation;
INTRODUÇÃO
7Essa não é uma estratégia recente. As marcas próprias surgiram nos anos de 1970,
porém àquela época eram oferecidas à iniciativa das empresas do processamento, visando a
ampliação do uso da capacidade instalada fornecendo produtos de qualidade inferior em relação
aos produtos principais. O ressurgimento das marcas próprias no período recente resulta da
iniciativa dos distribuidores procurando um melhor posicionamento frente a concorrência e o
aumento das margens de ganhos (PÚBLIO, 2001, p.72).
estratégia é a parceria da J.Macedo que além de suprir sua oferta produz massas de bolo que a
Sadia vende (BARCELLOS , 1998).
de mercado potenciais, que podem vir a ser tão importantes, do ponto de vista
estratégico, quanto aqueles em que a empresa já atua, funcionando como
barreiras à entrada de outros concorrentes; c) a expansão de linhas de produto
com a marca comercial da empresa leva à valorização dos ativos intangíveis,
podendo gerar simultaneamente economia de escopo nos gastos com P&P, na
medida em que o nome da empresa é difundido em vários mercados, além de
servir como contraponto ao surgimento das marcas próprias; d) a possibilidade de
uma maior e melhor exposição nos locais de venda dificulta o relacionamento com
novas empresas em função do relacionamento comercial mais antigo ( CONNOR,
1981).
Contudo, o espaço comercial de cada produto impõe limites às
possibilidades de diferenciação. O produto alimentar apresenta vários atributos ou
dimensões, cada um constituindo um espaço comercial (product atribute space), em
geral, não completamente ocupado. A diferenciação é uma das formas de
preencher esse espaço ou torná-lo mais denso.
Quer dizer, os atributos definem os espaços comerciais, que são
modificáveis ao longo do tempo, especialmente em função da evolução da
demanda. Por exemplo, o espaço comercial do pão foi se alargando, passando de
uma produção predominantemente caseira para uma produção em escala
industrial, determinando a oferta de várias opções em termos de apresentação,
tamanho, composição, níveis calóricos, dentre outros aspectos.
O potencial de diferenciação presente no espaço comercial de cada
produto guarda estreita ligação com o "estado da arte", com a evolução da
tecnologia e da demanda.
Esses elementos tanto podem atuar no sentido de facilitar ou de inibir a
trajetória de proliferação/diferenciação. Essa situação pode ser ilustrada pelo
impacto de uma série de utensílios de cozinha, que tiveram uma ampla difusão no
período recente. Nessa linha, destaca-se o uso dos fornos de microondas e de
freezer, impulsionando o desenvolvimento de uma ampla gama de produtos
prontos para o consumo (refrigerados, congelados), ou semiprontos, como os
alimentos pré-cozidos. A introdução desses eletrodomésticos e outros utensílios
de cozinha significou um "salto" tecnológico porque prolongou o tempo de validade
dos alimentos e demarcou uma importante redefinição dos hábitos de consumo,
constituindo uma fonte de constantes inovações.
Além do espaço comercial e dos atributos do produto, a diferenciação de
produtos é limitada por fatores associados à demanda que se subordina aos
aspectos sócio-culturais.
Nessa linha, cabe destacar a diversidade de padrões alimentares entre os
povos e as práticas ético-religiosas. A demanda alimentar, derivada de hábitos, leva
tempo para se modificar (“herança" cultural”). Além disso, há que considerar ainda
que as regulamentações institucionais também podem exercer restrições à demanda
e, conseqüentemente, à estratégia de diferenciação. Fatores como as normas da
10A expressão é empregada por Connor (1981) para ressaltar que o fluxo de inovações inclui
a introdução de novos produtos e não apenas a modificação de produtos já existentes (diferenciação).
saúde pública, as especificações quanto aos ingredientes e os vários insumos para a
produção do alimento, dentre outros, ganham destaque.
Quer dizer, as particularidades da demanda reforçam as dificuldades de
criação de mercados radicalmente novos, realçando a ênfase nas inovações
incrementais nessa atividade, o que reitera a importância da diferenciação de
produtos.
Outro fator que pode restringir o processo inovativo via diferenciação se
de produtos se refere à tecnologia. Esse é um ponto contraditório, pois, ainda que
ela seja um fator que pode incrementar as possibilidades de diferenciação, o alto
grau de heterogeneidade técnica que caracteriza os vários estágios da produção
do alimento para consumo final confere certas particularidades, podendo restringir
seu desenvolvimento. Essas particularidades podem ter origem na influência das
vicissitudes da natureza na produção do bem agrícola destinado ao consumo in
natura ou ao processamento, ou em aspectos da demanda. O ciclo de
crescimento e/ou manipulação de animas e vegetais, ou as condições
edafoclimáticas podem ser citados como exemplos da influência da natureza como
fator de restrição ao desenvolvimento tecnológico ( MARTINELLI JUNIOR, 1999).
O potencial de diferenciação atrelado ao progresso tecnológico, passa a
depender, então, da capacidade das inovações em facilitar a intervenção nos
ciclos naturais, como ocorreu no período recente, quando foram incorporadas as
tecnologias associadas ao paradigma da microeletrônica. Os principais impactos
do progresso técnico na produção de produtos alimentares resultaram das
mudanças em processo e da introdução de novos ingredientes. A atualização
tecnológica representou um incremento da capacidade de intervenção nos ciclos
naturais, afetando significativamente as condições de acesso a ingredientes para
a produção de uma gama de novos produtos.
Do ponto de vista geral, o principal resultado da incorporação das novas
tecnologias foi a flexibilização da estrutura produtiva (oferta), ampliando as
possibilidades de "fabricação" de produtos diferenciados, mas em séries limitadas
para segmentos restritos da demanda ou para mercados emergentes,
contrastando com a forma tradicional de produção em massa (padrão Fordista).
Essa redução da rigidez de estrutura na estrutura produtiva pode ser vista,
também, pela maior interação dos parâmetros da demanda com a oferta, sendo a
primeira um sinalizador para a segunda, portanto, aumentando sua participação
na determinação da direção da trajetória tecnológica. Em outros termos, a
crescente interação demanda- oferta é um indicador da orientação das inovações
para o mercado.
A partir dessas considerações a respeito da natureza do produto e do
consumo alimentar, é possível dizer que a estratégia de diferenciação está voltada
aos processos e à utilização de novos ingredientes. Essa constatação indica que
as características dos produtos e da demanda dificultam estratégias que permitam a
criação de mercados radicalmente novos (escassez de inovações radicais). Como
decorrência disso, tem sido ressaltado que vantagens competitivas derivadas das
inovações, segundo a concepção de Schumpeter (1984), não se colocam com vigor
em vários segmentos da indústria de alimentos (GREEN e ZUNIGAN apud BELIK,
1995).
Com isso, os produtos têm destaque nas estratégias competitivas das
empresas alimentares. A freqüente introdução de novos produtos é uma estratégia
comum adotada pelas líderes da indústria de alimentos (CONNOR, 1981).
O ritmo da inovação e sua importância na indústria de alimentos
dependem também da natureza do produto em termos da velocidade de sua
absorção pelo consumo, pois o lançamento de um novo produto implica a criação
de um adicional, uma vez que as inovações são incrementais.
Assim, além da proliferação de produtos alimentares através de
mudanças físicas no produto, é possível influenciar a percepção de diferenças
associadas a um produto, recorrendo-se à propaganda. Esse expediente
representa um efeito "psicológico" que cria diferenças entre os produtos. Nesse
quadro, o desenvolvimento de marcas é, junto com o fator preço, uma importante
dimensão da estratégia de introdução de novos produtos.
Na verdade, nem o preço nem a marca, necessariamente, representam
diferenças nos produtos, mas ambos conseguem criar diferenças nas mentes dos
consumidores. Ao preferir uma marca a outra, o consumidor vai perdendo seu
referencial em termos de quanto vale o novo produto que incorporou alguma
mudança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
APÊNDICE 1
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
BIBLIOGRAFIAS
BARCELLOS, Marta. Concorrendo com o próprio produto. Gazeta Mercantil. São Paulo,
29 set. 1998. Caderno empresas e carreiras.
CONNOR, John et al. The food manufacturing industries. Lexington: Lexington Books,
1985.
GIL, Antônio Carlos. Técnicas de pesquisa em economia. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1991.