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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROJETO DE AÇÃO PEDAGÓGICA

SALVADOR
2018
Instituição

Colégio Estadual Clériston Andrade


Rua Rio Sergimirim Sn, 2270.
Itacaranha
Salvador - BA
CEP: 40713-296
Telefone (071) 3218-2004
E-mail ritaleall@yahoo.com.br

Responsáveis Técnicos do Projeto


 Laís Araújo
 Vitória Sanches

Justificativa

O exercício da atividade docente tem entre seus objetivos criar espaços que alimentem
nos estudantes a capacidade de pensamento crítico e autônomo. A atividade pedagógica
inclui a formação de cidadãos que pensem sua própria realidade e ajam sobre ela.
Acreditamos que é compromisso da educação o questionamento de paradigmas
seguidos na práxis escolar que poder ser causadores de desigualdades como a de gênero.
Suscitar nos estudantes a desnaturalização das estruturas sexistas reproduzidas fora e
dentro da escola nos ajuda a criar um ambiente que seja igualmente fecundo para
meninas e meninos no desenvolvimento de suas habilidades.

Objetivos

Objetivo Geral

Dentro do espaço escolar os padrões de gênero são bem demarcados e até mais
reforçados do que no ambiente social. Trazer o debate para o contexto escolar é
importante para discutirmos como reproduzimos esses padrões na escola e como isso
pode afetar o futuro profissional dos estudantes.

Objetivos Específicos

Desejamos contribuir com o questionamento do papel social da escola no sentido de


transformar as desigualdades observadas no nosso cotidiano dentro da escola e,
principalmente, fora dela. Incentivando os estudantes como sujeitos ativos e críticos
capazes de elaborar soluções.
Fundamentação Teórica

O campo da Psicologia Escolar busca produzir um conhecimento crítico à psicologia


tradicional usada no âmbito da educação para, inicialmente, classificar estudantes entre
capazes ou não no contexto de uma educação voltada para a formação de mão de obra
para a produção industrial, posteriormente os conhecimentos da psicologia foram
usados para tratamento clínico no sentido de corrigir comportamentos inadequados ou,
preventivamente, de forma geral no processo educacional com vista a moldar o
comportamento dos estudantes através métodos de aprendizagem que aumentasse a
produtividade e a eficiência. A psicologisação da educação foi ganhando cada vez mais
espaço, segundo Maria Helena Patto (1987, p. 103),

A definição do papel do psicólogo escolar como especialista educacional é


esclarecedora para os fins que temos em vista. O psicólogo escolar
especialista em educação volta-se predominantemente para o processo de
ensino-aprendizagem, através da aplicação do corpo teórico fornecido
sobretudo pela psicologia da aprendizagem. Segundo Witter, “um
desempenho mais frequente e eficiente deste papel poderia melhorar em
muito a situação educacional, mudar a perspectiva educacional, resolver uma
série de problemas e, principalmente, evitar o surgimento de dificuldades”.

Dessa forma, a psicologia foi servindo dentro da perspectiva do materialismo histórico


para institucionalizar as desigualdades de classe na medida em que individualizava os
problemas de aprendizagem sem pensar que os indivíduos como seres sociais estão
atravessados por questões que transcendem o ambiente escolar. O fracasso escolar era
atribuído a estudantes, professores e todo o corpo de profissionais da educação sem uma
perspectiva crítica sociológica que identificasse os patrões socialmente aceitos e
perseguidos na elaboração de currículos em total desconexão com as necessidades reais
de estudantes. Para Tomaz Tadeu da Silva, o espaço escolar é um lócus privilegiado
para se observar o processo de produção social,

[...] em um mundo heterogêneo, o encontro com o outro, com o estranho,


com o diferente, é inevitável. Por isso, é um problema pedagógico e
curricular não apenas porque as crianças e os jovens, em uma sociedade
atravessada pela diferença, forçosamente interagem com o outro no próprio
espaço escolar, mas também porque a questão do outro e da diferença não
pode deixar de ser matéria de preocupação pedagógica e curricular. (SILVA,
2003. p, 97)

Nosso planejamento visa seguir essa linha crítica da Psicologia Escolar que conecta o
aluno ao ambiente social em que está inserido para pensar como as práticas
educacionais podem ser um vetor de transformação das desigualdades que precarizam o
desenvolvimento dos estudantes. Numa abordagem dos estudos de gênero na educação,
procuraremos levantar entre os estudantes o questionamento sobre o aprendizado/ensino
da matemática e suas dificuldades, e quais os possíveis motivos para haver mais homens
que mulheres na área de exatas. O debate será feito pelos estudantes com a mediação de
professores e os materiais pesquisados pelos estudantes.
O que percebemos com a análise dos estudos no campo da psicologia escolar como
perspectiva importante para elaboração de nosso planejamento crítico-reflexivo é sua
abordagem historicista do ser social, ou seja, de mesma forma que foi problemático no
campo da psicologia da educação pensar os indivíduos sem a sociedade que os forma, é
igualmente problemático na educação não pensar como a sociedade construída em cima
dos padrões de gênero afeta a educação das crianças e jovens.
Conteúdo

Matemática Sociologia
Porcentagem Relações de gênero
Estatística Análise e interpretação de dados de
pesquisa social
Tabelas e gráficos Sociologia da educação

Metodologia

Para executar nossa atividade ministraremos aulas teóricas para apreensão dos
conhecimentos da matemática. Em seguida, desenvolveremos aulas interdisciplinares e
lúdicas com os alunos para fixação dos conteúdos de matemática através de seminários
e debates de problematização dos materiais pesquisados pelos alunos cujos temas serão:
desigualdade de gênero na área de exatas; Educação e gênero; relações de gênero no
espaço escolar. Essas pesquisas serão feitas em grupos que decidiram a forma de
apresentar e deverão conter dados estatísticos, tabelas ou gráficos para que os alunos
interpretem.
Trabalharemos com os alunos na análise dos dados das pesquisas buscando pensar em
alternativas que possam ser aplicadas no cotidiano dentro e fora da escola.

Recursos

Os recursos utilizados em sala de aula serão os materiais pesquisados pelos alunos.

Avaliação

Os trabalhos serão avaliados de acordo com a organização e apresentação geral do


trabalho, incluindo a exploração do conteúdo ministrado na aula teórica.
Referências:

PATTO, Maria Helena S. A constituição da psicologia científica. In: ______.


Psicologia e ideologia: uma introdução crítica à psicologia escolar. São Paulo: T. A.
Queiroz, 1987. Capítulo 3, p. 77 - 112.

SENKEVICS, Adriano. Meninas e meninos na escola: juntos ou separados? Ensaios


de Gênero. Disponível em: <
https://ensaiosdegenero.wordpress.com/2011/12/11/meninas-e-meninos-na-escola-
juntos-ou-separados/>

SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. A produção social da identidade e da diferença. In:


____; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva
dos Estudos Culturais. 2. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2003.

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