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pedagogia

artes visuais e educação

2ª semana
unidade 1
As artes visuais no espaço escolar
A arte sempre esteve presente no cotidiano do ser humano, da
pré-história aos nossos dias. Independente da cultura, sempre
houve a necessidade do homem se manifestar de maneira artís-
tica. Tanto, que se não fossem estas manifestações seria impos-
sível relatar as culturas mais distantes, pois sabemos que a es-
crita só foi introduzida na cultura humana por volta de 3500
anos antes de Cristo, através da grafia cuneiforme dos sumérios. saiba mais
A grande contribuição dos sumérios
foi o desenvolvimento da escrita
cuneiforme, por volta de 3500
a.C. Usavam placas de barro, onde
cunhavam esta escrita, sendo que
cada signo designava um objeto.
Muito do que sabemos hoje sobre
este período da história, devemos às
placas de argila com registros coti-
dianos, administrativos, econômicos
e políticos da época. Esta forma de
escrita foi utilizada na Babilônia até
à era cristã.

Figura 2 - Escrita cuneiforme.

Mesmo após a invenção da escrita, o homem não deixou de criar


objetos artísticos. Ainda hoje, apesar de grandes rupturas que nos
relata a história da arte, estes artefatos e ou manifestos se apresen-
tam como fator fundamental para a reafirmação simbólica, criativa e
imagética do ser humano. Neste sentido, podemos afirmar que a es-
cola como ambiente de construção de conhecimento e instigador
da criatividade humana, tem o importante papel de fazer com que
o aluno se torne um ser criador e criativo capaz de transformar seu
mundo, seja qual for a profissão que o aluno escolherá no futuro.

1. Resgate histórico do ensino


da arte no brasil
O início do caminho percorrido pelo ensino de arte no Brasil andou
de mãos dadas com o seu descobrimento. Em 1549 iniciava a colo-
nização dos nativos pelos jesuítas, em que os moldes da educação
seguiam os trazidos na Europa, conhecido como ensino tradicio-
nal e baseados nos princípios da escolástica, ou seja, respondiam

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apenas questões relacionadas à fé e ao espírito, desvinculadas de saiba mais


qualquer interesse social. A arte então apresentava características “moda” do turbante: Que, já
européias, seja na escultura, pintura ou arquitetura, onde o estilo naquela época, o brasileiro copiava
as modas vindas da Europa e, uma
era o barroco português.
delas, foi o uso do turbante, que na
Quando D. João VI, juntamente com 15000 pessoas, aqui che- verdade não era moda, mas sim uma
gou em 1808, trouxe consigo, não só a “moda” do turbante na solução para esconder a careca, ne-
cabeça, mas também os valores artísticos do neoclassicismo que cessária para acabar com os piolhos
que fervilhavam nas cabeças das
já se encontravam decadentes no Velho Mundo.
damas da corte.
Foi em 1816 que a Missão Francesa chegou ao Brasil. E aqui há
contradições relacionadas a um possível convite partindo da Coroa Neoclassicismo: Que o Neoclassicis-
Portuguesa, pois assim como a Família Real, os artistas da Missão mo foi um movimento cultural que
ocorreu no final do século XVIII na
também fugiam das tropas Napoleônicas, e,portanto, podem ter se
Europa, em que eram retomados os
convidado. A contribuição destes para com a educação artística bra- valores da cultura greco-romana den-
sileira também é adversa, afinal os padrões de arte continuavam tro dos padrões modernos da época ?
europeus e o barroco mineiro, o único tipicamente brasileiro, era
produzido por escravos-artesãos e assim discriminado. Entretanto,
foram os artistas franceses que fundaram a primeira escola institu-
cionalizada de arte no País, a Academia Imperial de Belas Artes conteúdo relacionado
(AIBA), apesar de continuar seguindo os modelos acadêmicos euro- Sobre a Academia Imperial de Belas
peus em detrimento da arte produzida pelos artistas mineiros. Artes e o Barroco Brasileiro veremos
com maior atenção no segundo se-
É neste período que nasce a elitização da arte brasileira, dando
mestre desta disciplina, 6º semestre
origem a preconceitos estéticos que ainda hoje se fazem presentes na do Curso.
nossa sociedade. E um dos mais comuns é que arte é “coisa de rico”.
Bem, após a atividade vamos retomar o histórico sobre o ensi-
no de arte no Brasil.
Nos últimos anos do século XIX, influenciado pela política
liberal norte americano e o positivismo, o ensino brasileiro de saiba mais
arte passou a ter o caráter técnico e, em 1890, o desenho geomé- Positivismo: O positivismo, defen-
trico foi embutido no sistema escolar, onde os alunos deveriam dido pelo filósofo francês Auguste
Comte, era baseado em modelos
aprender a fazer cópias de modelos prontos. Infelizmente, situa-
Iluministas onde os valores morais
ções como estas ainda hoje estão presentes em nossas escolas. e sociais devem ser baseados no
Este tipo de atividade só é válida como exercício de enten- homem concreto e não em valores
dimento da forma, como exercício de observação da figura. teológicos, aqueles que vão além do
mundo físico.
No início do século XX, novas propostas artísticas foram sur-
gindo no Brasil e entre elas a mais significativa foi a Semana de
Arte Moderna, que vocês já devem ter estudado, ou ouvido falar.
Se não, é outro tema que iremos nos aproximar no 6º semestre do a p l i c aç ão p r át i c a
Curso. Mas a Semana foi marcada pela a atuação dos artistas que Procure lembrar de como foi
queriam dar uma cara brasileira para a arte aqui desenvolvida. En- abordada a arte em seu período
escolar e faça um relato com no
tre os participantes estavam Anita Malfatti, Di Cavalcanti (idealiza-
máximo duas páginas. Considere as
dor do evento), John Graz,Vitor Brecheret, Zina Aita, entre outros. seguintes questões: Você teve arte
na escola? Como era? Desenhava?
Pintava? Que temas eram traba-
lhados? Estudou história da arte?
Conhece quais artistas?

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Figura 3 – Malfatti, Anita / A Boba , 1915 - 1916 / óleo sobre tela, 61 × 50,6 cm
Para visualizar a obra, acesse:
http://www.itaucultural.org.br/bcodeimagens/imagens_publico/005882001013.jpg

Figura 4 – Di Cavalcanti / Samba , 1925 / óleo sobre tela, c.i.e., 177 × 154 cm
Para visualizar a obra, acesse:
http://www.itaucultural.org.br/bcodeimagens/imagens_publico/011529001019.jpg

Figura 5 – Graz, John / Luta do Brasil contra os Holandeses, 1931 / guache sobre
papel, 43 × 37 cm
Para visualizar a obra, acesse:
http://www.itaucultural.org.br/bcodeimagens/imagens_publico/001324018013.jpg

Mais tarde, já em 1951, a primeira Bienal de São Paulo, mar- saiba mais
cava o maior acontecimento artístico no Brasil até então. Enquanto Você sabia?
isso, a educação artística era enfatizava a livre expressão, ou seja, o Que a Bienal Internacional de São
educando tinha a liberdade de experimentar apoiado nas tendên- Paulo é um evento que ocorre de
dois em dois anos na cidade de
cias definidas pela Escola Nova.
São Paulo e é uma exposição de
A livre expressão, também divulgada por Franz Cizek, em Vie- artes visuais que tem o intuito de
na, Viktor Lowelfeld, nos EUA e Herbert Head, na Inglaterra, teve divulgar obras de artistas nacionais
como precursor no Brasil John Dewey (1859-1952). Baseado nesta e internacionais, assim como apro-
ximar do grande público artistas de
teoria Augusto Rodrigues criou a primeira Escolinha de Arte no Rio
renome? Que é considerada um dos
de Janeiro, em 1948. Este foi um grande passo para futuros movi- três principais eventos do circuito
mentos relacionados ao ensino de arte no país. artístico internacional, juntamente
Também difundida no Brasil com bastante relevância, foi a com a Bienal de Veneza (Itália) e a
Documenta de Kassel (Alemanha)?
teoria da percepção, desenvolvida pelo alemão Rudolf Arnheim
(1904-2007), que como psicólogo defendia que a percepção se dá Escola Nova, ou Escolanovismo ou
através de reconhecimento de imagens, pois acreditava que até o Pedagogia Nova, originou-se na
Europa e EUA, no final no século XIX,
pensamento é visual.
sendo introduzida no Brasil por vol-
Em 1970, inicia-se no Brasil o movimento de Arte-educação, ta de 1930 e pregava a autonomia
que buscava a construção de um ser total, através de pensamen- do aluno na construção do conhe-
tos idealistas e democráticos e propunha uma educação criadora, cimento, rompendo drasticamente
com o ensino tradicional.
centrada no aluno. O desenvolvimento da criatividade e da apre-
ciação estética, baseado nas teorias acima citadas, fazia parte da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 5692/71 que es-
tabelece a obrigatoriedade do ensino de arte no espaço escolar.
Já na década de 80, as discussões propunham o desenvolvi-
mento da consciência crítica através de proposta conhecida como
“Pedagogia Libertadora” de Paulo Freire – Aquele que é o Papa da
educação, vocês conhecem, não é mesmo? Não? Por favor leiam o
“livrinho” Pedagogia da autonomia (a bíblia do educador). Há, já
leram, que alívio, UFA...
Os estudos que vieram a partir de então incorporou qualida-
des das outras pedagogias: tradicional, escolanovista, tecnicista
e libertadora, isto é, métodos que partem da relação do saber do
professor com a experiência do aluno denominado de Pedagogia

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Histórico-crítica. E ainda bem, que o ensino de arte acompanhou


este progresso, levando o educando de encontro com os conheci-
mentos culturais.
E em 1987, surge a metodologia de Ana Mãe Barbosa, conhe-
cida como Proposta Triangular. Por que triangular? Porque ela de-
fende três linhas fundamentais para o ensino de arte: a produção
artística, a apreciação da arte e a história da arte. Esta é uma pro- at e n ç ão
posta que ofereceu um grande avanço em nosso ensino de arte, Vocês podem achar esta parte
pois o PCN-Arte (Parâmetros Curriculares Nacionais) elaborado da disciplina muito chata, mas é
fundamental para que possamos
pelo governo federal em 1997, propondo objetivos, conteúdos e
compreender porque o ensino de
didática de ensino, aborda estes preceitos. arte em nosso país tem a cara que
Entretanto, ao chegar à escola, a proposta choca-se com a falta já estamos cansados de conhecer,
de professores preparados, com saberes necessários para atuarem ou seja, preconceituoso, equivoca-
do e estereotipado. Então, deixe o
na área. Então, encontramos professor de português, de historia ou
soninho para depois, tome um café
de outra área “ensinando” o aluno a colar feijão, palitinho de picolé, e vamos continuar que está perto de
entre outras baboseiras que não levam a nada. Só fazem da aula de chegar aos dias atuais.
arte um passatempo, um sinônimo de bagunça. Sendo assim, eu como
professora formadora de futuros professores, estou confiante que em saiba mais
pouco tempo este cenário será transformado. Isso se vocês tiverem a Para saber mais sobre o histórico de
paixão e força de vontade, pois já vou avisando, não é fácil. ensino de arte no brasil visite o site

Bom, depois destas leituras, vamos trabalhar. A atividade que http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/


segue é boa para relembrar, exercitar a escrita e memorização. pdf/livro06.pdf

Atividade
Consulte o ambiente ou entre em contato com o seu professor ou
tutor para saber mais detalhes sobre as atividades referentes aos
assuntos vistos até aqui.

B i b l i o g ra fia
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos estéticos da educa-
ção. Campinas, SP: Papirus, 1995.
FUSARI & FERRAZ, Maria F. R. e Maria H. T. Arte na educação escolar.
São Paulo: Cortez, 2001.
ZANINI, Walter. História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto
Walther Moreira Salles, 1983. v.II

Referência digital

http://www.itaucultural.org.br
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf
http://tipografos.net/escrita/sumerio.html

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