Conversão de mulheres ao Islam na Província de Luanda
A comunicação, que faz parte de pesquisa em andamento, propõe compreender a
conversão de mulheres ao Islam na província de Luanda (Angola) através da perspectiva antropológica. A categoria “conversão religiosa” é entendida como um processo, uma passagem cultural que implica na reconstrução da identidade, através do aprendizado, reordenamento de si e reorientação no mundo. A hipótese defendida é de que quando uma mulher se converte ao Islam, uma religião aparentemente distante de sua matriz cultural, passa a ocupar uma posição entre dois mundos, tendo dificuldades para ser vista e aceita como angolana, principalmente quando adota hábitos de modéstia no vestir e no comportamento que inclui o uso do hijab. Nesse processo, cada mulher luta contra estereótipos associados ao islamismo e, em muitos casos, vivencia situações conflitantes na família, na escola e no trabalho. Pertencendo à uma cultura lusófona, majoritariamente cristã, a convertida procura conciliar sua realidade com o que é prescrito nos textos sagrados (Alcorão e Sunnah), que lhe conferem empoderamento. A partir da observação participante no campo e entrevistas com convertidas que frequentam a Mesquita Assalam, em Luanda, procurou-se compreender os motivos das conversões, os desejos e sentimentos envolvidos no processo, identificar os impactos sofridos no cotidiano das interlocutoras e compreender como gerenciam as mudanças que ocorrem durante tal processo.