PULSOLOGIA
FORTALEZA - CE
2016
ABA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ACUPUNTURA
PULSOLOGIA
FORTALEZA - CE
2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
I CONCEITO.............................................................................................................................. 6
II LOCALIZAÇÃO DOS PULSOS ........................................................................................... 6
III APLICAÇÃO DA TÉCNICA ............................................................................................... 9
IV TIPOS DE PULSOS ............................................................................................................ 10
IV. 1 Quatro pincipais sensações de pulsos .......................................................................... 10
IV. 2 Os 28 pulsos patologicos ............................................................................................. 11
IV. 3 Bing mai: os pulsos nas doenças – descrição .............................................................. 12
IV. 4 Os pulsos nos problemas emocionais .......................................................................... 13
IV . 5 Os pulsos e as quatro estações .................................................................................... 13
V – LIMITAÇÃOES NO DIAGNOSTICO PELO PULSO .................................................... 14
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 15
LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) se utiliza de diferentes métodos para
avaliar a condição energética dos pacientes, realizar diagnostico, dentre estes meios está a
verificação dos pulsos radias. A técnica também é conhecida como pulsologia.
A pulsologia é uma técnica milenar e através dela é possível perceber
desajustes energéticos, caso existam, nos doze meridianos principais. Para cada meridiano
existe uma lateralidade, localização e profundidade estabelecida.
Para conseguir realizar o diagnóstico utilizando este método são necessárias
muita prática e sensibilidade, além, evidentemente, do estudo teórico acerca das
características dos pulsos.
Neste trabalho será apresentado um referencial teórico de alguns autores que
abordam a pulsologia em suas obras. O intuito é tão somente expor as diversas opiniões e
demonstrar a importância da tomada de pulso na MTC.
6
I CONCEITO
O exame pelo pulso é um tipo de diagnostico por palpação, através dele é
possível perceber o estágio do adoecimento no individuo. (AUTEROCHE E NAVAILH,
1992). O pulso permite uma imagem do corpo integralmente, possibilitando saber o estado do
Qi e do sangue, dos órgãos Yin e Yang e todas as partes do corpo. Nenhuma outra forma de
manifestação que seja tida como meio diagnostico permite tal feito. No entanto, constitui uma
das mais difíceis artes dentro da MTC, é necessário desenvolver uma habilidade bastante
singular a fim de realiza-la. (MACIOCIA, 2006).
De acordo com Flaws (2005), o exame dos pulsos é uma das principais formas
de verificar os padrões de adoecimento, e consiste na sensação dos pulsos nas artérias radiais
do processo estiloide dos pulsos esquerdo e direito. Ao local de tomada dos pulsos os chineses
denominam cun kou ou abertura do polegar, e representam o fluxo de Qi, sangue e fluidos
corporais do corpo.
Hicks (2007) cita como principais características possíveis de observar pelo
pulso: nível de Qi em um órgão/elemento, deficiência ou excesso dos Zang Fu, presença de
bloqueios energéticos e avaliação de mudanças no Qi durante e após o tratamento ministrado.
Morant (1990 assim diz: “O conhecimento dos pulsos é absolutamente
indispensável para a prática da verdadeira acupuntura, que age sobre o enfermo e não se
concentra em aplicar fórmulas decoradas.”
Já segundo Sussmann (1975), se a tomada do pulso for feita corretamente, de
forma hábil, é possível saber de imediato onde e como aplicar as agulhas de acupuntura, no
entanto ele faz a ressalva de que de acordo com a tradição milenar, não se deve confiar
unicamente co exame do pulso, apesar dele constituir parte importante e indispensável, as
outras técnicas precisam ser aliadas, como anamnese e a palpação por exemplo.
II LOCALIZAÇÃO DOS PULSOS
São considerados nove regiões ou pontos de observação dos pulsos, tais regiões
correspondem aos níveis Céu, Terra e Homem, cada um nas posições superior, média e
inferior. (AUTEROCHE E NAVAILH, 1992).
TABELA1: Localização do pulso
REGIÃO CÉU TERRA HOMEM
SUPERIOR Shao Yang da perna: artéria Yang Ming da perna: artéria Shao Yang do braço: artéria
frontal facial temporal superior
MÉDIO Tai Yin do braço: artéria Yang Ming do braço: primeira Shao Yang do braço: artéria
radial interossea cúbito palmar
INFERIOR Jue Yin da perna: artéria Shao Yin da perna: artéria Tai Yin da perna: artéria crural
externa inferior tibial posterior
FONTE: AUTEROCHE E NAVAILH, 1992, p. 213.
7
Nas palavras de Maciocia (2006) tem-se que as nove regiões são artérias nas
quais se sente o pulso e o estado dos três aquecedores (superior, médio e inferior), cada região
é subdivida em três novas zonas: céu, terra e pessoa. Esta explicação pode ser observada na
tabela abaixo:
Tabela 2: As nove regiões do pulso segundo o simple questions
ORGÃO OU PARTE
ÁREA LOCALIZAÇÃO REGIÃO PONTO
LOCAL
Superior Taiyang Qi da cabeça
Superior Cabeça Média E3 Qi da boca
Inferior TA21 Qi dos ouvidos e olhos
Superior P8 Pulmões
Médio Mão Média IG4 Centro do tórax
Inferior C7 Coração
Superior F10 Fígado
Inferior Perna Media R3 Rins
Inferior BP11 Baço e estomago
FONTE: MACIOCIA, 2006, p. 354.
Cada pulso radial está divido em três regiões, a saber: central, exatamente na
altura da apófise radial; inferior, na base do polegar e superior, acima da apófise radial.
(MORANT, 1990).
Cada ponto radial faz correlação com determinado órgão ou víscera. Como se
pode perceber na tabela abaixo:
Tabela: 3 – Posições dos pulsos e os órgãos
BRAÇO ESQUERDO BRAÇO DIREITO
POSIÇÃO
Superficial Profundo Profundo Superficial
Distal Intestino delgado Coração Pulmão Intestino grosso
Medial Vesícula biliar Fígado Baço Estômago
Proximal Bexiga Rim Pericárdio Triplo aquecedor
FONTE: HICKS, 2007, p. 251.
Morant (1990) apresenta uma diferenciação quanto a relação dos pontos dos
pulsos com os órgãos, tanto quanto ao nível, quanto a quantidade de posições, note-se na
tabela abaixo:
Tabela 5 – Os pulsos radias e os órgãos
LADO
POSIÇÃO NÍVEL
Esquerdo Direito
I Superficial Intestino delgado Intestino grosso
Intermediário Coração Pulmões
II Superficial Vesícula biliar Estômago
Intermediário Fígado Pâncreas
Profundo Baço
III Superficial Bexiga Triplo aquecedor
Intermediário Rins Circulação e sexualidade
Profundo Órgãos sexuais
IV Superficial Medula espinhal
Intermediário Cerebelo/ medula
Profundo Cérebro
FONTE: MORANT, 1990, p.91.
9
“Caso o médico tome o pulso direito do paciente com a sua mão esquerda, a posição
guan, ou barreira, é sentida diretamente sob o dedo médio, quando este é colocado
sobre o processo estiloide do paciente. A posição cun, ou polegar, é sentida pelo
dedo indicador do médico, colocado sobre o espaço entre o processo estiloide e a
base da eminência tênar. A posição do cúbito, ou chi, encontrada sob o dedo anular,
é imediatamente proximal ao dedo médio que repousa sobre o processo estiloide do
paciente. Tipicamente, quando se fala das três posições, elas são mencionadas da
posição distal à proximal: polegar, barreira, cúbito; cun, guan, chi.” (FLAWS, 2006,
p.11).
Para diferenciar os nove pulsos, três diferentes níveis de pressão são aplicadas
em cada posição. (MACIOCIA, 2006). A pressão leve corresponde ao nível superficial e é
chamada de elevar; a pressão média que chega até os músculos, corresponde ao nível médio e
se chama de procurar; a pressão forte, chegando aos tendões e ossos, corresponde ao pulso
profundo e tem o nome de apoiar. (AUTEROCHE E NAVAILH, 1992).
10
IV TIPOS DE PULSOS
Um pulso é considerado normal (Ping Mai) quando apresenta: frequência de
quatro pulsações por ciclo respiratório (uma inspiração e uma expiração); ritmo suave, sem
sobressaltos; intensidade vigorosa na palpação superficial e profunda e sensibilidade em todos
os pontos observados. (YAMAMOTO, 1998).
23 – Se mai – pulso áspero: lento, relaxado, estagnado, difícil, fino, pode cessar e perder uma
batida, mas depois se recupera. Não flui livremente. Parece um pedaço de bambu sendo
raspado por uma faca.
24 – Xi mai – pulso fino: macio; é sentido como uma corda de seda; fraco, sem energia, mas
resistente.
25 – Wei mai – pulso imperceptível: insuficiente, extremamente fino, macio, de difícil
palpação. Algumas vezes pode ser sentido, outras é perdido.
26 – Da mai – pulso amplo: amplo, preenche a extremidade do dedo, forte.
27 – Fie mai – pulso em nó: lento, relaxado, cessa em intervalos irregulares; batimento
interrompido ou pulsado.
28 – Pai mai – pulso regularmente interrompido: comparativamente relaxado e fraco, cessa
em intervalos regulares.
29 – Cu mai – pulso apressado ou rápido interrompido irregularmente: rápido e
irregularmente interrompido.
IV. 4 OS PULSOS NOS PROBLEMAS EMOCIONAIS
Em algumas situações é possível verificar no pulso a existência de problemas
emocionais:
Tabela – 7.3 O pulso nos problemas emocionais
CARACTERÍSTICAS DO PULSO DESORDEM EMOCIONAL
Pulso do coração ligeiramente transbordante Tristeza, mágoa ou preocupação.
Todos os pulsos em corda e cheios Raiva reprimida ou frustração.
Pulso rápido Medo, culpa ou choque.
Pulso em uma onda Tristeza ou mágoa
Pulso do pulmão fraco Tristeza ou mágoa
Pulso do pulmão cheio Preocupação ou mágoa não expressa
Ambas as posições anteriores fracas e curtas Tristeza ou mágoa de longa data
Pulso móvel Choque
FONTE: MACIOCIA, 2006, p. 374.
IV . 5 OS PULSOS E AS QUATRO ESTAÇÕES
É fato que na MTC a conexão entre o macrocosmo e microcosmo estão sempre
em correspondência, ressoantes, e tal não seria diferente em relação ao pulso. Portanto, em
cada estação ocorrem variações no mesmo. (FLAWS, 2006)
“Na primavera o pulso está ligeiramente em “corda” no individuo sadio; no
verão, o pulso normal está levemente em “gancho”; no 6° mês, o pulso normal está levemente
flexível e fraco, no outono, o pulso está levemente em “penugem”; no inverno, o pulso está
levemente em “pedra”.” (SU WEM, capitulo18, in AUTEROCHE E NAVALHI, 1992).
14
EM FLUXO
ABUNDANTE
EM CORDA MODERADO
PROFUNDO FLUTUANTE
CONCLUSÃO
Diante do que foi colhido, apresentado e avaliado, conclui-se que o exercício
da tomada de pulsos deve ocupar parte importante na vida de quem deseje se dedicar a MTC,
pois constitui parte indispensável na construção do diagnostico, e sem um diagnostico preciso
não é possível ajudar o enfermo.
15
REFERÊNCIAS
FLAWS, Bob. O segredo do diagnóstico chinês pelo pulso. 1. ed. São Paulo: Roca,
2005.
HICKS, Angela; HICKS, John; MOLE, Peter. Acupuntura constitucional dos cinco
elementos. 1. ed. São Paulo: Roca, 2007.