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A incubagem e a Inovação Tecnológica

Desde 2000 a ITCP tem recebido solicitações de grupos e instituições


interessados em criar incubadoras de cooperativas populares. As demandas
nos levaram à necessidade de formular novo projeto de incubagem, agora não
mais somente de grupos desejosos de criar cooperativas mas um projeto que
desse conta da idéia de uma incubagem das incubadoras, acompanhado-as em
suas primeiras ações de incubação de cooperativas. Esse projeto foi bem
acolhido por motivos que estão na origem da própria ITCP USP, pois ao se
ampliarem as incubadoras multiplicam-se as possibilidades de atuação junto a
grupos populares cujas dificuldades para encontrar trabalho tornam-se dia a
dia mais acentuadas. Também se multiplicam as idéias básicas da Economia
Solidária, favorecendo a autonomia de grupos e indivíduos, promovendo o
alicerce da democracia em bases mais sólidas.
Há algum tempo, na verdade logo após a sua criação, a ITCP
reconheceu a impossibilidade de atender todos os grupos que desejavam ser
incubados ou, até mesmo, receber cursos de formação em cooperativismo, seu
primeiro passo na incubagem. Não poderíamos responder às solicitações que
nos vinham de lugares muito distantes, dentro da Grande São Paulo ou do
Estado de São Paulo.
A ITCP-USP possui características próprias, pois é um real projeto
acadêmico, voltado para o ensino, a pesquisa e a extensão, com participação
majoritária de alunos, de graduação e pós-graduação, que vêm de áreas muito
diversas da universidade procurar parte de sua formação junto à ITCP.
Mesmo contando com um número bastante grande de alunos (?) não haveria
possibilidade de atender todos os pedidos de incubação. Apenas como
exemplo, recebemos um grupo de alunos e professores da Universidade
Federal de São Paulo, das áreas da Medicina e Enfermagem que atuam na
região de Cananéia, litoral sul de São Paulo, que solicitavam nosso auxílio
para promover e organizar um grupo de3 moradores uma localidade cujo
acesso é marítimo (3 horas de barco a partir de Cananéia). Assim como esta,
outras solicitações exigiam da ITCP-USP um aprofundamento da reflexão
sobre o seu papel e os limites de sua atuação enquanto incubadora de
cooperativas. A proposta do Conselho da ITCP –USP foi desenvolver
tecnologia não mais de incubagem de cooperativas mas de incubagem de
incubadoras.
Qual a diferença entre uma proposta e outra? O processo de incubagem
é mais complexo do que o oferecimento de um curso de formadores em
cooperativismo. A incubagem é, claramente, um processo mais longo e
diferenciado. Sendo ainda um trabalho de formação ( que é contínua e mútua,
tanto para os formandos quanto para os formadores), ele está mais preso às
contingências dos grupos, às suas peculiaridades, aos problemas que
enfrentam no quotidiano. Preparar para o enfrentamento de contingências
exige dos formadores maior disponibilidade de tempo e formação teórica mais
apurada e consistente de modo a fazer face às armadilhas que o quotidiano
dispõe à nossa volta. Acompanhar os jovens estudantes que se iniciam no
cooperativismo e no incubagem de grupos populares, ajudando-os a levar a
bom termo a formação das primeiras cooperativas é o projeto que a ITCP-USP
vem desenvolvendo desde 2001. Estamos envolvidos, atualmente, na
formação de quatro incubadoras universitárias: Unicamp, PUC-SP, Fundação
Getúlio Vargas, e Universidade Federal de São Paulo. Também a Faculdade
de Economia do campus da USP de Ribeirão Preto possui um projeto de
criação de uma incubadora que ajudaremos a formar.
A partir de 2001 novas demandas chegaram à ITCP-USP. Vêm, agora,
de prefeituras, através de suas Secretarias de Trabalho, de Obras, de Bem
Estar Social ou, graças ao nosso projeto de Gestão Ambiental (?), de
secretarias do Meio Ambiente. Fomos, também, convidados a integrar um
projeto multidisciplinar de pesquisa, junto com várias unidades da USP,
encabeçado pela Faculdade de Saúde Pública e enviado à Fapesp, denominado
"Bertioga, Município Saudável". Essas demandas significam um novo desafio
e um novo projeto para a ITCP, pois trata-se de criar, junto às administrações
Municipais, núcleos de Economia Solidária. As municipalidades de São Paulo,
Guarulhos, Jandira, São Vicente, Bertioga, Barueri e Ribeirão Preto, que
desenvolvem programas sociais, reconhecem que é necessário ir além da
simples solução imediata, e muitas vezes precária, das gravíssimas questões
que a falta de trabalho e renda gera para os grupos mais pobres da população.
Reconhecer que os problemas sociais mais agudos exigem um esforço maior
das municipalidades para transcender as soluções transitórias - como
transitórias são as orientações que o poder público pode imprimir aos
programas de governo - leva as prefeituras a buscarem a formação de quadros
mais permanentes, que sejam capazes de atuar junto aos grupos populares na
formação de sujeitos mais autônomos, interessados e capacitados a encontrar
saídas para as situações extremamente adversas que constituem o seu
quotidiano de vida. A formação para a Economia Solidária não é apenas uma
formação para o cooperativismo. Trata-se de um modo de pensar a inserção
dos trabalhadores no mundo social e político, de transformar as suas relações
com a cultura dominante, que os domina objetiva e subjetivamente, propondo
um olhar diferente sobre o mundo do trabalho e uma ação solidaria efetiva,
seja nas relações de produção seja nas relações sociais como um todo.
Aprender com os grupos populares formas tradicionais de ajuda mútua, de
poupança e de geração de renda, ajudando a sistematizar e formular com mais
clareza os princípios que aí estão em ação, tornou-se um dos mais
importantes projetos da ITCP.
Este é um duplo desafio que ITCP-USP vai agora enfrentar:
desenvolver uma tecnologia capaz de trabalhar com a formação de quadros,
não mais apenas de estudantes universitários, mas de funcionários das
prefeituras envolvidas, agentes comunitários, líderes comunitários e
instituições da sociedade civil; mas trabalhar também em associação com o
poder público, sempre que este tiver por objetivo o fortalecimento da
organização popular, e obter apoio de parcelas mais amplas população. Para
tanto, alguns projetos da ITCP, como a Escola Itinerante, o projeto de gestão
ambiental de resíduos (?) e o trabalho que vem sendo desenvolvido em
parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo(?) têm trazido contribuições
importantes para o desenvolvimento de tecnologia de incubagens que
ampliaram nosso conceito de trabalho não só junto a grupos populares mas a
instituições universitárias.
O núcleo central do trabalho da ITCP continua sendo a sua vinculação
com a Universidade. Compreendemos sempre a nossa atuação como
formadora. Isso é o que nos distingue fundamentalmente de outras agências
que se interessam pelo cooperativismo e pela criação de cooperativas. Esse
envolvimento com a formação de jovens universitários é um compromisso que
a ITCP assume com o futuro: não só acreditamos que é possível ampliar nossa
crença na capacidade popular de organizar-se a fim de encontrar soluções
para os problemas nos quais as classes populares são jogadas pela atual
organização do trabalho e da economia como acreditamos que as propostas
da Economia Solidária podem participar ativamente do encontro dessa
solução. Acreditamos, também, que é papel da Universidade formar quadros
competentes para transformar as buscas solitárias dos trabalhadores em buscas
solidárias de renda e trabalho.

Fernando e Fábio
Acho que era mais ou menos isso sobre questão da incubagem de
incubadoras. Os pontos de interrogaçào eu deixo para vocês completarem e,
também, talvez, acrescentarem os 1,2, 3, etc Por exemplo:
incubação de incubadoras
1. conhecer de perto a demanda da instituição
2. oferecer um curso de cooperativismo
etc
etc.
abraços

Sylvia

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