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CRIMES EM ESPÉCIE- PARTE ESPECIAL CÓDIGO PENAL

Rodada 02
Crimes contra a vida

1 ► 2018 / DPE-PE/ Defensor


A pena pela prática do homicídio doloso simples será aumentada de um terço se
o agente deixar de prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as
consequências do seu ato ou fugir para evitar a prisão em flagrante.

֎ ERRADA. Trecho incorreto: “(...) homicídio doloso simples (...)

 Código Penal:
“Art. 121.
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ”

Nota do Professor:
Ocorre o homicídio culposo quando o agente, com manifesta negligência,
imprudência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era
capaz, provocando o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível
(culpa inconsciente), jamais querido ou aceito.

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Violação do dever de cuidado.
Negligência: Ausência de cautela.
Imprudência: Afoiteza.
Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte ofício ou profissão.
A culpa concorrente da vítima não exime o agente de responsabilidade. O direito
penal não admite compensação de culpas. Porém, a culpa concorrente da vítima
pode atenuar a condenação do agente, nos termos do art. 59 do CP
(comportamento da vítima).
Já quando estamos diante de culpa exclusiva da vítima (ou auto colocação da
vítima em perigo), não há que se falar em responsabilização penal, porquanto
há quebra do nexo causal.

2 ► 2017 /TJRS/ Analista Judiciário


O agente que praticar o crime de homicídio sob o domínio da violenta emoção
logo após a injusta provocação da vítima poderá ter a sua pena reduzida de 1/6
(um sexto) a 1/3 (um terço) ou ser isento de pena em virtude da concessão do
perdão judicial.

֎ ERRADA

Nota do Professor:
Não existe isenção de pena no que do crime de homicídio por relevante valor
social ou moral.
Referente ao Perdão Judicial cabe tecer alguns comentários:
“Será cabível na hipótese de homicídio culposo, podendo o juiz deixar de aplicar
a pena se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão

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grave que a sanção penal se torne desnecessária. Entendemos que o perdão
judicial pode ser entendido sob os dois aspectos, ou seja, como um direito
subjetivo do acusado ou como uma faculdade do julgador.
Isso dependerá da hipótese concreta e das pessoas envolvidas. Assim, sendo o
caso de crime cometido por ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou
irmão, o perdão judicial deverá ser encarado como um direito subjetivo do
agente, uma vez que, nesses casos, presume-se que a infração penal atinja o
agente de forma tão grave que a sanção penal se torna desnecessária. ”1

3 ► Nossa criação
No dolo de consequências necessárias o agente não quer o resultado, mas,
representando como possível a sua ocorrência, não deixa de agir, assumindo o
risco de produzi-lo. O sujeito pretende praticar uma conduta para atingir um fim
proposto.

֎ ERRADA.

Nota do Professor:
Não confundir dolo de consequências necessárias e dolo de consequências
possíveis.
Quanto ao primeiro também chamado de dolo de segundo grau, assim o
conceitua Marcelo Azevedo e Alexandre Salim: “previsão dos efeitos colaterais
(resultado típico) como consequência necessária do meio escolhido. O sujeito
prevê o delito como consequência inevitável para atingir outro fim proposto.”

1 Código Penal Comentado. Rogério Greco.

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De outra banda o dolo de consequências possíveis, também denominado de dolo
eventual, o agente não quer o resultado, mas, representando como possível
a sua ocorrência, não deixa de agir, assumindo o risco de produzi-lo. O sujeito
pretende praticar uma conduta para atingir um fim proposto. Entretanto, prevê
(representa; está consciente; antevê) que sua conduta tem a possibilidade de
produzir, além do resultado pretendido, outro resultado.
Mesmo assim, não deixa de agir, assumindo o risco da produção desse outro
resultado. O agente prevê ("efetivo conhecimento") esse outro resultado como
consequência possível de sua conduta.
Tais conceitos são de suma importância visto a necessidade de resolução de
questões atinentes ao crime de homicídio.
Um exemplo de dolo de consequências necessárias rotineiramente dado na
doutrina se dá quando “o agente, para matar seu inimigo (fim proposto), coloca
uma bomba no avião em que ele se encontra, vindo a matar, além do desafeto
(dolo direto de primeiro grau), todos os demais que estavam a bordo como
consequência necessária do meio escolhido (dolo direto de segundo grau).”
E atinente ao dolo de consequências possíveis se dá quando “autor arremessa
um saco de entulho do 10° andar do seu apartamento visando a acertar a
caçamba que se encontra na rua (fim proposto). Entretanto, prevê que pode
atingir o pedestre que se encontra nas proximidades ('efetiva consciência' da
possibilidade de produzir o resultado), principalmente por saber que não possui
boa pontaria, mas, mesmo assim, não deixa de agir e pratica o arremesso,
assumindo o risco de produzir o resultado, que realmente ocorre (morte do
pedestre). Nesse caso, em relação à morte da vítima, há dolo eventual.”2

2 Sinopse Juspodivm. VOl 2

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4 ► Nossa criação

Considera-se morte branca aquela que se dá por meio de instrumento impróprio


para a atividade letal.

֎ FALSA.

Nota do Professor:
A morte branca se refere à eutanásia.
Também denominada de morte piedosa, caridosa, consensual, compassiva ou
médica. A eutanásia é um fenômeno antigo na história da humanidade, havendo
registros de sua prática entre os gregos, para fins de eugenia.
Durante a Idade Média tal prática também era comum para evitar a proliferação
de doenças.
Entre os celtas o costume impunha uma obrigação sagrada ao filho de
administrar a “morte branca” ao pai velho e doente. A mesma prática é
encontrada entre os silvícolas no Brasil.
Etimologicamente, a eutanásia costuma ser definida como “boa morte” (eu =
boa; thánatos = morte).3

3 Terminologias inusitadas. João Bife e Joaquim Leitão.

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5 ► Nossa criação

O denominado homicídio condicionado é o cometido de forma simples em


atividade típica de grupo de extermínio.

֎ VERDADEIRA.

 Lei 8.078/90:
“Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V,
VI e VII);”

Nota do Professor:
O homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, é considerado hediondo, chamado pela doutrina de homicídio
condicionado. Mas note que, dificilmente, um homicídio praticado nessas
condições será meramente simples, havendo, quase sempre, a presença de
alguma qualificadora.

6 ► Nossa criação

Considera-se crime de homicídio o delito praticado contra a vida do feto após


iniciado o trabalho de parto.

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֎ VERDADEIRA.

Polêmica!!!

Nota do Professor:
Sei que a questão é polemica.
Entretanto, o julgado mais recente e único precedente de decisão de Turma foi
o HC 228998 –MG no âmbito do STJ, que assim resto ementado:
“HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO PREVISTO NO ORDENAMENTO
JURÍDICO. 1. NÃO CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL.
RESTRIÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. MEDIDA IMPRESCINDÍVEL À SUA OTIMIZAÇÃO.
EFETIVA PROTEÇÃO AO DIREITO DE IR, VIR E FICAR. 2. ALTERAÇÃO JURISPRUDENCIAL
POSTERIOR À IMPETRAÇÃO DO PRESENTE WRIT. EXAME QUE VISA PRIVILEGIAR A AMPLA
DEFESA E O DEVIDO PROCESSO LEGAL. 3. HOMICÍDIO CULPOSO POR INOBSERVÂNCIA DE
REGRA TÉCNICA. 4. INICIADO O TRABALHO DE PARTO NÃO HÁ FALAR MAIS EM ABORTO. 5.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. MEDIDA EXCECIONAL. 6. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, buscando a racionalidade do ordenamento
jurídico e a funcionalidade do sistema recursal, firmou-se, mais recentemente, no sentido de ser
imperiosa a restrição do cabimento do remédio constitucional às hipóteses previstas na
Constituição Federal e no Código de Processo Penal.
Louvando o entendimento de que o Direito é dinâmico, sendo que a definição do alcance
de institutos previstos na Constituição Federal há de fazer-se de modo integrativo, de acordo
com as mudanças de relevo que se verificam na tábua de valores sociais, esta Corte passou a
entender ser necessário amoldar a abrangência do habeas corpus a um novo espírito, visando
restabelecer a eficácia de remédio constitucional tão caro ao Estado Democrático de Direito.
Precedentes.
2. Atento a essa evolução hermenêutica, o Supremo Tribunal Federal passou a adotar decisões
no sentido de não mais admitir habeas corpus que tenha por objetivo substituir o recurso
ordinariamente cabível para a espécie. Precedentes. Contudo, considerando que a modificação

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da jurisprudência firmou-se após a impetração do presente habeas corpus, devem ser analisadas
as questões suscitadas na inicial no afã de verificar a existência de constrangimento ilegal
evidente, a ser sanada mediante a concessão de habeas corpus de ofício, evitando-se, assim,
prejuízos à ampla defesa e ao devido processo legal.
3. Os fatos descritos na denúncia são claros e determinados, podendo caracterizar, em tese, o
crime de homicídio culposo por inobservância de regra técnica, não prosperando a alegação de
ocorrência de "aborto culposo provocado por terceiro" ou de crime impossível em razão do bebê
ter sido retirado do ventre materno sem vida, pois consta dos autos que a mãe já havia entrado
em trabalho de parto há mais de oito horas e os batimentos cardíacos foram monitorados por
todo esse período até não mais serem escutados.
4. Iniciado o trabalho de parto, não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou
infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra necessário que o nascituro tenha
respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem nos
autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente, razão pela qual não se
vislumbra a existência do alegado constrangimento ilegal que justifique o encerramento
prematuro da persecução penal.
5. O trancamento da ação penal, por ser medida de exceção, somente cabe nas hipóteses em
que se demonstrar, à luz da evidência, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou
outras situações comprováveis de plano, suficientes para interromper antecipadamente a
persecução penal, circunstâncias que não se verificam no presente caso.
6. Habeas corpus não conhecido e não constatada a existência de flagrante constrangimento
ilegal que autorize a concessão de habeas corpus de ofício.
(HC 228.998/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em
23/10/2012, DJe 30/10/2012)”

Interessante colacionar as razões do Relator citando dois renomados juristas:


“A velha concepção segundo a qual "não ter respirado é não ter vivido" está
completamente superada. Inegavelmente, a respiração é a prova por excelência
da existência de vida, mas não é a única prova de sua existência, nem é
imprescindível que tenha havido respiração para que haja existido vida. Na
verdade, mesmo que não tenha havido respiração, a vida pode ter-se

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manifestado por meio de outros sentidos, tais como movimentos circulatórios,
pulsações de coração etc.
A vida começa com o início do parto, com o rompimento do saco amniótico; é
suficiente a vida, sendo indiferente a capacidade de viver. Antes do início do
parto, o crime será de aborto. Assim, a simples destruição de vida biológica de
feto, no início do parto, já constitui o crime de homicídio. (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Tratado de Direito Penal).
“Independentemente das exceções que têm por finalidade justificar a regra, a
proteção da vida, por intermédio do art. 121 do Código Penal, começa a partir
do início do parto, encerrando-se com a morte da vítima. Isso quer dizer que,
uma vez iniciado o trabalho de parto, com a dilatação do colo do útero ou com
o rompimento da membrana amniótica, sendo o parto normal, ou a partir das
incisões das camadas abdminiais, no parto cesariana, até a morte do ser humano
que ocorre com a morte encefálica, nos termos art. 3º da Lei nº 9.434/97,
mesmo que haja vida intrauterina, poderá ocorrer o delito em estudo.” (GRECO,
Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial).
No mesmo sentido é o pensamento de Guilherme de Souza Nucci:
“Vida extra-uterina : como mencionamos, a vida é igualmente protegida pelo
ordenamento jurídico desde o instante da concepção. Enquanto está em fase
intra-uterina, trata-se de aborto matar o ser humano em gestação. Quando a
vida fora do útero materno principia, é natural tratar-se de homicídio ou
infanticídio, conforme a situação. Entretanto, há polêmica acerca do início da
vida extra-uterina para efeito de diferenciar o homicídio (ou infanticídio) do
aborto. (...) Portanto, o sujeito passivo do homicídio seria o ser humano que já
respira por conta própria como regra geral. Mas, não nos parece ser esta a
melhor solução, pois é muito tarde para considerar o ser em fase de expulsão

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do útero materno um simples feto, protegido pelas penas bem menores do
aborto (arts. 124 a 126, CP), além do que o tipo penal do infanticídio está a
demonstrar que já não se fala de aborto quando o filho é morto pela mãe durante
o parto (art. 123, CP). Por isso, unindo o conceito dado pelo art. 123 às lições
de medicina legal, vislumbramos que o início da vida extra-uterina, para o fim
de aplicação dos arts. 121 e 123 do Código Penal, é o início do parto, que,
segundo Almeida Júnior e Costa Júnior, começa com a ruptura da bolsa (parte
das membranas do ovo em correspondência com o orifício uterino, pois desde
então o feto se torna acessível as ações violentas, quer praticadas com a mão,
quer com instrumentos. (...) No mesmo prisma, encontra-se o o ensinamento
de Odon Ramos Maranhão, mencionando que a morte do feto nascente, isto é,
durante o processo departurição, já é possível de ser considerado um infanticídio
(Curso básico de medicina legal, p. 174).”

7 ► Nossa criação

Participar o agente da prática chamada de “roleta russa” se tipifica no delito de


instigação ao suicídio.

֎ FALSA.

Código Penal:
“ Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos,
se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.”

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Nota do Professor:
Roleta-russa é um perigoso jogo de azar que pode levar a morte de seus
participantes.
Os jogadores devem colocar apenas uma bala no “tambor” do revólver e girá-
lo, apontando a arma para a cabeça e apertando o gatilho da arma.
O objetivo do jogo é ver quem tem a sorte de não ser atingido pela bala. Para
isso, os participantes giram diversas vezes o “tambor” do revólver, na esperança
de que a bala não esteja na câmara engatilhada.
Até a década de 1990, este “jogo” era chamado de Roleta Soviética.
Acredita-se que esta “brincadeira” tenha surgido entre os russos. O termo
“roleta”, no entanto, faz referência as famosas roletas da sorte, que se
popularizaram nos cassinos de todo o mundo.
Normalmente, as pessoas que aceitam participar da Roleta Russa têm
características suicidas.
O jogo da Roleta Russa entrou para a cultura popular e passou a ser encenado
através de simuladores de revólveres, onde o risco de morte é fictício.
Quanto à indagação posta, tem-se que ajuste do suicídio mediante acionamento
do gatilho de uma arma que possui apenas um cartucho no tambor, sendo que
o acionamento é revezado pelos participantes.
Os sobreviventes responderão pelo crime do art. 122.
O delito traz os seguintes tipos:
INDUZIMENTO: dá a ideia para vítima se matar [ideia ainda não existia].
INSTIGAÇÃO: fortalece ideia prévia.
AUXÍLIO: presta ajuda material [dá a arma, conselhos etc.].
Tipo misto alternativo.
Nas lições de Rogério Sanches:

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“O tipo misto pode ser alternativo ou cumulativo.
É alternativo quando a lei estabelece diversos núcleos que, se praticados no
mesmo contexto fático, caracterizam o cometimento de apenas um delito. No
tráfico de drogas, por exemplo, se “A” importa a pasta base de cocaína, prepara
a substância e expõe o produto final à venda, será punido por apenas um delito,
embora, no caso, a pena possa ser aumentada com base nas circunstâncias
judiciais.
O tipo é misto cumulativo quando a lei estabelece várias condutas nucleares
que, se praticadas seguidamente, ainda que em contexto único, ensejam o
concurso material.”4
Sabendo tais conceitos, pode-se afirmar que não houve no caso em tela a
participação do delito do art. 122 do CP.
Visto que para a caracterização se faz necessário que a vítima da prática de
aperte o gatilho contra si mesmo.
Sobre o tema colaciona-se os dizeres de Alexandre Salim:
“Duelo à americana: ajuste do suicídio mediante o sorteio de armas de fogo,
sendo que apenas uma arma está municiada. Cada duelista atira na sua própria
cabeça. O sobrevivente responde pelo art. 122. Atenção: no duelo visto nos
filmes de faroeste, em que um duelista atira no outro, haverá homicídio.
Roleta russa: ajuste do suicídio mediante acionamento do gatilho de uma arma
que possui apenas um cartucho no tambor, sendo que o acionamento é revezado
pelos participantes.
Os sobreviventes responderão pelo crime do art. 122.
Ressalte-se que se apenas um dos agentes acionar o gatilho na direção do(s)

4 Manual de Direito Penal. Parte Especial.

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outros(s), deverá responder por homicídio consumado ou tentado (dolo
eventual).”

8 ► Nossa criação

O delito de homicídio é doutrinariamente classificado como sendo de dano,


material e instantâneo de efeitos permanentes.

֎ VERDADEIRA

Nota do Professor
Sobre a referida classificação convém apontar a mais completa, em nosso ponto
de vista, do Prof. Rogério Greco:
“Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo, quanto ao sujeito
passivo; simples; de forma livre (como regra, pois existem modalidades
qualificadas que indicam os meios e modos para a prática do delito, como ocorre
nas hipóteses dos incisos III e IV), podendo ser cometido dolosa ou
culposamente, comissiva ou omissivamente (nos casos de omissão imprópria,
quando o agente possuir status de garantidor); de dano; material; instantâneo
de efeitos permanentes; não transeunte; monossubjetivo; plurissubsistente;
podendo figurar, também, a hipótese de crime de ímpeto (como no caso da
violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima).

9 ► Nossa criação
A idade da vítima é um dado irrelevante na dosimetria da pena do crime de
homicídio doloso.

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֎ ERRADA.

Código Penal:
“Art. 121, §4º. § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.”

Nota do Professor:
Veja-se que o §4º prevê causa de aumento de pena no caso de pessoa menor
de 14 anos ou maior de 60 anos.
Convém trazer alguns julgados sobre o tema para um conhecimento
aprofundado sobre o tema.
“PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO.
CAUSA DE AUMENTO. MENORIDADE. ART. 121, § 4º DO CÓDIGO PENAL - CP.
COMPROVAÇÃO. SÚMULA 74 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ.
DOCUMENTO HÁBIL. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Considerando o posicionamento pacífico do STJ de que a menoridade pode ser
comprovada por documento hábil diverso da certidão de nascimento, o laudo de exame
de corpo de delito de necropsia e o termo de identificação cadavérico, com expressa
referência à certidão de nascimento, são aptos para configurar a causa de aumento do
art. 121, § 4º, do CP.
2. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 746.465/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
18/08/2016, DJe 31/08/2016)”.

“HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ESPECIAL

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CABÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA.
NÃO CONHECIMENTO.
1. Com o intuito de homenagear o sistema criado pelo Poder Constituinte Originário para a
impugnação das decisões judiciais, necessária a racionalização da utilização do habeas corpus,
o qual não deve ser admitido para contestar decisão contra a qual exista previsão de recurso
específico no ordenamento jurídico.
2. Tendo em vista que a impetração aponta como ato coator acórdão proferido por ocasião do
julgamento de apelação criminal, contra a qual seria cabível a interposição do recurso especial,
depara-se com flagrante utilização inadequada da via eleita, circunstância que impede o seu
conhecimento.
3. Tratando-se de writ impetrado antes da alteração do entendimento jurisprudencial, o alegado
constrangimento ilegal será enfrentado para que se analise a possibilidade de eventual
concessão de habeas corpus de ofício.
HOMICÍDIO QUALIFICADO. NULIDADE DO JULGAMENTO EM PLENÁRIO. SORTEIO DOS
JURADOS. RECUSA PEREMPTÓRIA. UTILIZAÇÃO DE EXPRESSÃO DE CUNHO RELIGIOSO PELO
PROMOTOR DE JUSTIÇA. AUSÊNCIA DE MÁCULA. VENCIDO O RELATOR.
1. O fato do representante do Ministério Público utilizar expressões de cunho religioso por ocasião
do sorteio dos jurados na sessão plenária não acarreta nulidade do julgamento. Vencido o
Relator.
DOSIMETRIA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. CULPABILIDADE, CONDUTA SOCIAL E
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ELEMENTOS CONCRETOS.
COMPROVAÇÃO NOS AUTOS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
1. Não há ilegalidade na exasperação da pena-base quando a instância de origem se utiliza de
elementos concretos comprovados no decorrer da instrução criminal para a sua fundamentação,
como ocorre na hipótese, na qual se demonstrou a maior reprovabilidade do fato imputado ao
paciente, o qual praticou o crime de homicídio qualificado contra a sua enteada menor de idade;
as consequências nefastas acarretadas à estrutura familiar que suportou a conduta, tendo em
vista a relação de confiança estabelecida; bem como a sua má conduta social, evidenciada pelos
depoimentos testemunhais.
ATENUANTE. CONFISSÃO QUALIFICADA. ADMISSIBILIDADE.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite que mesmo quando o autor confessa

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a autoria do delito, embora alegando causa excludente de ilicitude ou culpabilidade - a chamada
confissão qualificada -, deve incidir a atenuante descrita no artigo 65, inciso III, alínea "d", do
Código Penal.
CAUSA DE ESPECIAL AUMENTO DE PENA. ART. 121, § 4º, PARTE FINAL, DO CP. VÍTIMA MENOR
DE 14 (QUATORZE) ANOS AO TEMPO DO DELITO.
RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL POR FORÇA DE RECURSO DA ACUSAÇÃO.
MAJORANTE DE NATUREZA OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE QUESITAÇÃO.
AUSÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA SOBERANIA DO JÚRI OU DA AMPLA DEFESA.
1. A causa de aumento prevista no art. 121, § 4º, parte final, do CP é de natureza
estritamente objetiva, já que para a sua incidência basta o cotejo com o documento
público indicador da idade da vítima, e atinge necessariamente a todos os sujeitos
ativos, quando o homicídio for comprovadamente praticado contra menor de 14
(quatorze) anos, encontrando-se, assim, dentro da competência do Juiz-presidente,
pois adstrita à dosimetria da pena, pelo que se mostra prescindível a sua quesitação
aos jurados.
2. Não há constrangimento ilegal quando o Tribunal, acolhendo o reclamo do órgão de acusação,
elevou a reprimenda do paciente por força do previsto no art. 121, § 4º, parte final, do CP, uma
vez que não fere o princípio da soberania dos veredictos, nem o da ampla defesa, a sua aplicação
no caso, por se tratar de circunstância objetiva que não altera o tipo penal violado, relativa ao
fato de ser a vítima menor de 14 (quatorze) anos ao tempo do crime, comprovadamente
demonstrada e que foi objeto da denúncia, da pronúncia e da sustentação da acusação em
plenário.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para reconhecer a incidência da
atenuante da confissão espontânea, prevista no artigo 65, inciso III, alínea "d", do Código Penal,
reajustando-se a reprimenda definitiva para 20 (vinte) anos de reclusão no regime inicial
fechado.
(HC 222.216/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 14/04/2015, DJe
27/04/2015)”
“PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO
CABIMENTO. HOMICÍDIO CULPOSO. APLICAÇÃO DA MAJORANTE PREVISTA NO § 4º DO ART.
121 DO CP. ADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CUIDADO OBJETIVO DEVIDAMENTE INDICADA.

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I - A Primeira Turma do col. Pretório Excelso firmou orientação no sentido de não admitir a
impetração de habeas corpus substitutivo ante a previsão legal de cabimento de recurso
ordinário. As Turmas que integram a Terceira Seção desta Corte alinharam-se a esta dicção, e,
desse modo, também passaram a repudiar a utilização desmedida do writ substitutivo em
detrimento do recurso adequado.
II - Portanto, não se admite mais, perfilhando esse entendimento, a utilização de habeas corpus
substitutivo quando cabível o recurso próprio, situação que implica o não conhecimento da
impetração.
Contudo, no caso de se verificar configurada flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento
ilegal, recomenda a jurisprudência a concessão da ordem de ofício.
III - Delineada a ausência do dever objetivo de cuidado, associada à inobservância de regra
técnica específica da profissão, correta a incidência do § 4º, primeira parte, do art. 121 do
Código Penal.
"Tal dispositivo só se aplica quando se trata de um profissional, pois somente em tal caso se
acresce a medida do dever de cuidado e a reprovabilidade da falta de atenção, diligência ou
cautela exigíveis" (FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal - Parte Especial - Volume
1: Ed. Forense, 11ª edição, 1995, p. 46-47).
IV - Não configura bis in idem considerar, a partir do exame de uma mesma conduta
(comissiva ou omissiva), realizado o tipo culposo descrito no art. 121, § 3º, do Código
Penal, e, ao mesmo tempo, entender pela causa de aumento prevista no § 4º do citado
tipo legal (precedentes).
Ordem não conhecida.
(HC 281.204/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe
26/03/2015)”.

10 ► Nossa criação

Homicídio procustiano é sinônimo de homicídio praticado mediante traição.

֎ VERDADEIRA

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CRIMES EM ESPÉCIE- PARTE ESPECIAL CÓDIGO PENAL

Nota do Professor:
A mitologia grega conta sobre Procusto, personagem que habitava as montanhas
de Elêusis, convidando os viajantes que encontrava pelo caminho para que
repousassem em sua casa, oferecendo uma cama de ferro, que tinha seu exato
tamanho, para que se deitassem.
Para chegar ao seu intento, Procusto observava o hóspede e, se ele fosse menor
que a cama, amarrava seus membros e os esticava até produzir a morte do
viajante. Por outro lado, se a vítima fosse maior que o leito, esta era esticada
por Procusto até ter o tamanho da cama. De qualquer forma, a vítima era morta
sob o pretexto de adequá-la ao tamanho do leito.
Na verdade, nenhuma vítima se ajustava exatamente ao tamanho da cama de
Procusto. Isso porque, o grande segredo de Procusto consistia em possuir duas
camas de tamanhos diferentes. Quando a vítima dormia, o plano o homicídio
procustiano acontecia.
Conta ainda a mitologia grega que isso aconteceu até que Teseu, herói
ateniense, prendeu o vilão na própria cama e em seguida, o degolu, além de
cortar os pés.
Decerto, a doutrina passa a nominar homicídio procustiano para designar o
homicídio qualificado pelo emprego de traição, dissimulação ou meio cruel e
homicídio teseuniano para designar o homicídio praticado por vingança.

No Direito Penal Brasileiro, as situações de homicídio procustiano consistem em


qualificadoras, nos termos do artigo 121, §2º, III (meio cruel) e IV (traição e
dissimulação).
E o homicídio reseuniano? A vingança é considerada como qualificadora da

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torpeza?
A vingança não caracteriza automaticamente a torpeza. Isso porque, o motivo
que levou o indivíduo a vingar-se de alguém será o referencial para que seja
considerado ou não motivo torpe.
Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado, volume 2) apresenta duas
situações como forma de ilustrar que nem sempre a vingança será motivo torpe.
Vejamos:
No primeiro caso, não é torpe a conduta do marido que mata o estuprador de
sua esposa. Ao contrário, trata-se de relevante valor moral (privilégio), nos
moldes do art. 121, § 1°, do Código Penal;
No segundo caso, será torpe o ato de um traficante consistente em matar outro
vendedor de drogas que havia, no passado, dominado o controle do tráfico na
favela então controlada pelo assassino.
O Supremo Tribunal Federal já tratou sobre o tema. No Habeas Corpus n.
83309/MS, considerou-se que “a vingança, por si só, não substantiva o motivo
torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza
do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato” (Julgado
em 23/09/2003).
Em concursos públicos, o tema já foi enfrentado. O CESPE considerou como
alternativa correta no concurso para Delegado de Polícia da Paraíba (2008), a
seguinte alternativa: “Com relação ao motivo torpe, a vingança pode ou não
configurar a qualificadora, a depender da causa que a originou”.
Como se vê, o homicídio procustiano (traição, dissimulação ou meio cruel) é
crime qualificado, enquanto que o homicídio tseuniano (vingança) poderá ser ou
não qualificado, sendo o exame do caso concreto imprescindível para que a

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vingança seja avaliada como caracterizadora ou não da torpeza.5
- Por analogia, alguns doutrinadores mais clássicos utilizavam-se do t
ermo homicídio procustiano como sinônimo de homicídio praticado com
emprego de traição, dissimulação ou emprego de meio cruel. Outros
nomes utilizados são PRODITORUIM e ALEIVOSIANO, tendo o mesmo
sinônimo.

11 ► Nossa criação
O infanticídio é considerado um delíctum exceptum quando praticado pela
parturiente sob a influência do estado puerperal.

֎ VERDADEIRA

Nota do Professor:
Assim prevê a Exposição de Motivos do Código Penal Parte Especial:
“O infanticídio é considerado um delictum exceptum quando praticado pela
parturiente sob a influência do estado puerperal. Esta cláusula, como é óbvio,
não quer significar que o puerpério acarrete sempre uma perturbação psíquica:
é preciso que fique averiguado ter esta realmente sobrevindo em consequência
daquele, de modo a diminuir a capacidade de entendimento ou de autoinibição
da parturiente. Fora daí, não há por que distinguir entre infanticídio e homicídio.
Ainda quando ocorra a honoris causa (considerada pela lei vigente como razão
de especial abrandamento da pena), a pena aplicável e a de homicídio.

5 https://helomnunes.com/2017/01/29/homicidio-procustiano-homicidio-teseuniano-sao-crimes-qualificados/

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12 ► Nossa criação

Em homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB), ainda


que realizada composição civil entre o autor do crime e a família da vítima, é
inaplicável o arrependimento posterior (art. 16 do CP).

֎ VERDADEIRA.

Nota do Professor:
Veja-se o que foi decidido no seguinte precedente do STJ:
“RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR.
ART. 312 DO CTB. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. ART. 16
DO CP. REPARAÇÃO DO DANO. APLICÁVEL APENAS NOS CRIMES PATRIMONIAIS. PLEITO
SUBSIDIÁRIO. RECONHECIMENTO DE ATENUANTE. ART. 65, III, B, DO CP. PENA-BASE FIXADA
NO MÍNIMO. SÚMULA 231/STJ.
1. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que, para que seja possível aplicar a
causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal, faz-se necessário que o crime
praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais.
2. As Turmas especializadas em matéria criminal do Superior Tribunal de Justiça firmaram a
impossibilidade material do reconhecimento de arrependimento posterior nos crimes não
patrimoniais ou que não possuam efeitos patrimoniais.
3. In casu, a composição pecuniária da autora do homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 do CTB) com a família da vítima, por consectário lógico,
não poderá surtir proveito para a própria vítima, morta em decorrência da
inobservância do dever de cuidado da recorrente.
4. A existência de causa de aumento verificável na terceira fase da dosimetria não permite
retorno para a fase anterior para reconhecer atenuantes, sob pena de subversão do sistema
trifásico de dosimetria da pena. Súmula 231/STJ.

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5. Recurso especial improvido, com determinação de imediato início de cumprimento da pena,
vencidos, apenas quanto à execução provisória da pena, o Relator e a Sra. Ministra Maria
Thereza de Assis Moura.
(REsp 1561276/BA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
28/06/2016, DJe 15/09/2016)”

Observa-se que o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que, para


que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
Código Penal, faz-se necessário que o crime praticado seja patrimonial ou
possua efeitos patrimoniais.

Quanto ao delito de homicídio na direção de veículo automotor, a tutela penal


abrange o bem jurídico, o direito fundamental mais importante do ordenamento
jurídico, a vida, que, uma vez ceifada, jamais poderá ser restituída, reparada.

Não se pode, assim, falar que o delito do art. 302 do Código de Trânsito
Brasileiro é um crime patrimonial ou de efeito patrimonial.

Leciona Guilherme de Souza Nucci que “a causa de diminuição da pena prevista


neste artigo exige, para sua aplicação, que o crime seja patrimonial ou possua
efeitos patrimoniais. Afinal somente desse modo seria sustentável falar em
reparação do dano ou restituição da coisa. Em uma hipótese de homicídio, por
exemplo, não teria o menor cabimento o arrependimento posterior, uma vez que
não há nada nada que possa ser restituído ou reparado”.

Por esses motivos, reconhecer o arrependimento posterior pela impossibilidade


de reparação do dano cometido contra o bem jurídico vida e, por conseguinte,

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pela impossibilidade de aproveitamento pela vítima da composição financeira
entre a agente e a sua família.

Sendo assim, inviável o reconhecimento do arrependimento posterior na


hipótese de homicídio culposo na direção de veículo automotor.

13 ► Nossa criação
A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza de
lesão gravíssima, nos termos do que dispõe o art. 129, §2º, IV do CP.

 Código de Processo Penal:


Código Penal:
“Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

§ 2° Se resulta:
IV - deformidade permanente;”

֎ FALSA.

Nota do Professor:

“Pois bem, deformidade, no sentido médico-legal, ensina Arnaldo Amado


Ferreira, "é o prejuízo estético adquirido, visível, indelével, oriundo da
deformação de uma parte do corpo" (FERREIRA, A. A. apud COSTA JÚNIOR,
Paulo José. Código Penal Comentado. 9. ed. rev., ampl. E atual. São Paulo: DPJ,
2007, p. 129).”

A deformidade permanente prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal,


portanto, é, para Paulo José da Costa Júnior, "aquela irreparável, indelével"
(COSTA JÚNIOR, Paulo José. op. cit., p. 129).

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Assim, a perda de dois dentes, muito embora possa reduzir a capacidade
funcional da mastigação, não enseja a deformidade permanente prevista no art.
129, § 2º, IV, do Código Penal. Há evidente confusão, no acórdão impugnado,
entre debilidade permanente (configuradora da lesão corporal grave) e
deformidade permanente (caracterizadora da lesão corporal gravíssima).

A perda da dentição pode implicar redução da capacidade mastigatória e até,


eventualmente, dano estético, o qual, apesar de manter o seu caráter definitivo
- se não reparado em procedimento interventivo –, não pode ser, na hipótese,
de tal monta a qualificar a vítima como uma pessoa deformada.

A deformidade permanente apta a caracterizar a qualificadora no inciso IV do §


2º do art. 129 do Código Penal, segundo parte da doutrina, precisa representar
lesão estética de certa monta, capaz de produzir desgosto, desconforto a quem
vê ou humilhação ao portador, não sendo qualquer dano estético ou físico.
Embora se entenda que a deformidade não perde o caráter de permanente
quando pode ser dissimulado por meios artificiais, ela precisa ser relevante.

Hipótese em que há possibilidade de realização de intervenção odontológica


capaz de minimizar o resultado da lesão, que embora mantenha o seu caráter
de definitiva, a vítima não será considerada uma pessoa deformada.

Nesse diapasão cite-se o seguinte julgado do STJ:

“RECURSO ESPECIAL. LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA. PERDA DE DENTES. DEBILIDADE


PERMANENTE. DESCLASSIFICAÇÃO. LESÃO CORPORAL GRAVE. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS
DESFAVORÁVEIS. MÍNIMO LEGAL. INVIÁVEL. RECURSO PROVIDO. PRESCRIÇÃO. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE.

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1. A deformidade permanente prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal é, segundo a
doutrina, aquela irreparável, indelével. Assim, a perda de dois dentes, muito embora possa
reduzir a capacidade funcional da mastigação, não enseja a deformidade permanente prevista
no referido tipo penal, mas sim, a debilidade permanente de membro, sentido ou função,
prevista no art. 129, § 1º, III, do Código Penal.

2. Inviável a fixação da pena-base no mínimo legal, diante das circunstâncias do delito - modo
brutal de execução (mesmo depois de derrubar a vítima, "continuou a acelerar o veículo que
conduzia arrastando a moto e o piloto desta" - fl. 85) - e das consequências do crime - "extenso
e certamente doloroso tratamento [...] com a realização de quatro intervenções cirúrgicas".

3. Fixada a pena privativa de liberdade do recorrente em 1 ano e 4 meses de reclusão, cujo


prazo prescricional é de 4 anos, e transcorridos mais de 4 anos entre o fato (22/12/2008) -
época em que era permitido ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou
da queixa - e o recebimento da denúncia (12/12/2008), o reconhecimento da prescrição da
pretensão punitiva na modalidade superveniente é a medida que se impõe.

4. Recurso provido. Reconhecida a prescrição da pretensão punitiva.(REsp 1620158/RJ, Rel.


Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 13/09/2016, DJe 20/09/2016)”.

14 ► Nossa criação

Gnaticídio e Filicídio são sinônimos e significam a prática de matar o próprio


filho.

֎ VERDADEIRA

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Nota do Professor:
Nomenclaturas são usualmente cobradas em concursos.
Embora, em nossa opinião tais nomes não buscam avaliar o devido
conhecimento jurídico do candidato.
Mas, se estamos na chuva, que seja para molhar-nos.
Vamos à algumas nomenclaturas para auxiliar em eventuais questões.

“•Conjucídio: é ato de assassinato de um cônjuge cometido pelo outro


cônjuge.
•Femicídio: é o homicídio contra mulher. Já feminicídio, como dito
anteriormente, é o homicídio praticado em desfavor de mulher por razões
de gênero.
•Feminicídio: é o homicídio doloso perpetrado em desfavor de mulher por
razões da condição de sexo feminino, seja no âmbito de violência doméstica e
familiar, seja menosprezando ou discriminando a condição de mulher.
•Filicídio: ato de matar o próprio filho.
•Fratricídio: ato de matar o próprio irmão.
•Gnaticídio: ato de matar o próprio filho (forma menos usada de filicídio).
•Infanticídio: ato de matar criança(s).
•Magnicídio – o “assassinato de uma pessoa ilustre”: assassinato de grande
homem, de pessoa ilustre. Quem pratica esse assassinato é o magnicida.
•Mariticídio: ato de matar o próprio marido.
•Matricídio: ato de matar a própria mãe.
•Parricídio: ato de matar o pai, a mãe ou qualquer dos ascendentes.
•Presidenticídio: ato de assassinar o Presidente.
•Regicídio: ato de matar rei ou rainha.

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•Sororicídio: ato de matar a própria irmã.
•Tiranicídio: assassinato de um tirano.
•Uxoricídio: ato de matar a própria esposa.”6

15 ► Nossa criação

O homicidium ex-insidiis é a terminologia que se confere ao homicídio qualificado


pela emboscada.

֎ VERDADEIRA

Euclides Custódio da Silveira diz que o homicídio qualificado pela emboscada é


também conhecido como homicidium ex-insidiis (“agguato”, dos italianos, ou
“guet-apens”, dos franceses) (SILVEIRA, 1959, p. 79).
Na mesma direção, Cleber Masson, sobre o tema, afirma que: “Emboscada é a
tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem da
vítima, para matá-la quando ali passar. A emboscada pode ser praticada tanto
em área urbana como em área rural. O homicídio por ela qualificado é também
conhecido como homicidium ex-insidiis (‘agguato’, dos italianos, ou
‘guet-apens’, dos franceses)” (MASSON, 2015, p. 56).

16 ► Nossa criação

Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e

6 Terminologias e Teorias inusitadas. Editora Método

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familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano
moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda
que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória.

֎ VERDADEIRA

Trata-se da Tese firmada no âmbito do STJ em Recurso Repetitivo sob o tema


nº 983, a qual fixou a seguinte tese:
“Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico
e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de
dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte
ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente
de instrução probatória.”

Aprofundamento sobre o Tema Violência Doméstica.


A evolução legislativa ocorrida na última década em nosso sistema jurídico
evidencia uma tendência, também verificada em âmbito internacional, a uma
maior valorização e fortalecimento da vítima, particularmente a mulher, no
processo criminal.
Entre diversas outras inovações introduzidas no Código de Processo Penal com
a reforma de 2008, nomeadamente com a Lei n. 11.719/2008, destaca-se a
inclusão do inciso IV ao art. 387, que passou a ter a seguinte redação:
Art. 387 - O juiz, ao proferir sentença condenatória:
[...]
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os
prejuízos sofridos pelo ofendido;

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[...]

Ainda que uma ou outra voz doutrinária considere de menor amplitude tal
previsão normativa, que alcançaria apenas os danos materiais (Pacelli, Eugênio;
Fischer, Douglas. Comentários ao Código de Processo Penal e Sua
Jurisprudência. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 822; Pollastri Lima,
Marcellus. Curso de Processo Penal. 9. Ed., Brasília: Gazeta Jurídica, 2016, p.
1.182), melhor compreensão, a meu aviso, teve a doutrina liderada, inter alia,
por autores como Gustavo Badaró (Processo Penal – 4. ed. rev. Atual e ampl. –
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 538) e Paulo Rangel (Direito
Processual Penal. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 601), até porque se alinha
à já pacífica jurisprudência do STJ, de que a indenização da qual trata o citado
dispositivo legal contempla as duas espécies de dano: o material e o moral.
Mais robusta ainda há de ser tal compreensão, quando se cuida de danos
experimentados pela mulher vítima de violência doméstica – quase sempre, mas
nem sempre, como na espécie em exame, perpetrada pelo (ex) marido ou (ex)
companheiro) –, situação em que é natural (pela diferente constituição física) e
cultural (pela formação sexista e patriarcal da sociedade brasileira) a
vulnerabilidade da mulher.
Malgrado não caiba, neste âmbito, questionar as raias da experimentação e da
sensibilização fundadas na perspectiva de cada um, urge, todavia, sem mais,
manter os olhos volvidos ao já não mais inadiável processo de verdadeira
humanização das vítimas de uma violência que, de maneira infeliz, decorre,
predominantemente, da sua simples inserção no gênero feminino.
As dores sofridas historicamente pela mulher vítima de violência doméstica são
incalculáveis e certamente são apropriadas em grau e amplitude diferentes. Sem
embargo, é impositivo, posto que insuficiente, reconhecer a existência dessas

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dores, suas causas e consequências. É preciso compreender que defender a
liberdade humana, sobretudo em um Estado Democrático de Direito, também
consiste em refutar, com veemência, a violência contra as mulheres, defender
sua liberdade (para amar, pensar, trabalhar, se expressar), criar mecanismos
para seu fortalecimento, ampliar o raio de sua proteção jurídica e otimizar todos
os instrumentos normativos que de algum modo compensem ou minimizem o
sofrimento e os malefícios causados pela violência sofrida na condição de
mulher.
No plano normativo, são inegáveis os avanços ocorridos desde a Constituição da
República de 1988, que estabeleceu clara determinação de maior proteção no
âmbito das relações domésticas, prevendo que “O Estado assegurará a
assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações” (art. 226, § 8º).
Por outro viés, o Brasil – e seus agentes públicos, por óbvio – não pode se eximir
dos compromissos assumidos por haver aderido a tratados internacionais que
envolvem direitos humanos e, em especial, direitos das mulheres, notadamente
a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher (CEDAW) e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a Mulher (Convenção Belém do Pará), de modo a robustecer
a compreensão acerca da relevância do tema no próprio ambiente jurídico e a
direcionar suas ações para a necessária mudança social e o aperfeiçoamento de
mecanismos nacionais de prevenção e repressão à violência contra as mulheres.
Recorde-se importante marco na trajetória nacional em prol da maior tutela dos
direitos das mulheres, a saber, a responsabilização, há menos de 20 anos, do
Estado brasileiro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, por
negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as

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mulheres, de que resultou a assunção do compromisso do Estado brasileiro em
cumprir com as recomendações estabelecidas por aquela comissão, entre as
quais a adoção de políticas públicas voltadas à prevenção, à punição e à
erradicação da violência contra a mulher.
Sob esse compromisso fez-se aprovar a Lei n. 11.340, em 2006, conhecida como
Lei Maria da Penha, que modificou a redação da alínea "f" do inciso II do art. 61
do Código Penal, e, mais recentemente, a Lei n. 13.104/2015, a qual alterou o
art. 121 do Código Penal para prever o feminicídio como circunstância
qualificadora do crime de homicídio, a par da consequente inclusão no art. 1º
da Lei n. 8.072/1990 desse delito no rol dos crimes hediondos.
Também não se olvide a criação das Delegacias Especializadas no Atendimento
à Mulher (DEAMs) por todas as unidades federativas e da instituição dos Juizados
de Violência Doméstica ou Varas especializadas em processar, julgar e executar
as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher, bem como das Coordenadorias de Violência contra a Mulher, importante
iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para o aprimoramento da
estrutura do Judiciário e a melhoria da prestação jurisdicional para o combate e
a prevenção da violência contra as mulheres. Mencionem-se, também, as Casas-
Abrigo, a Casa da Mulher Brasileira, os Centros de Referência de Atendimento à
Mulher, a especialização de órgãos da Defensoria Pública voltados à assistência
jurídica e gratuita à população feminina hipossuficiente financeiramente e a
constituição de serviços de saúde especializados, com equipes multidisciplinares,
no atendimento dos casos de violência contra a mulher.
Parece razoável, nessa análise, constatar que o padrão sistemático de omissão
e negligência em relação à violência doméstica e familiar contra as mulheres
brasileiras vem sendo pouco a pouco derrubado.

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Nessa perspectiva, o Poder Judiciário, em observância à Constituição Federal,
vem atuando de forma pungente no reproche à violência doméstica e familiar
contra a mulher.
Tome-se como claro sinal dessa mudança de abordagem judiciária sobre o tema
a decisão, em 9/2/2012, pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar
procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 4.424 – para atribuir
interpretação conforme à Constituição aos arts. 12, I; 16 e 41, todos da Lei n.
11.340/2006, o STF acolheu tese oposta à jurisprudência até então consolidada
naquele Tribunal, ao assentar que os crimes de lesão corporal praticados contra
a mulher no âmbito doméstico e familiar são de iniciativa pública incondicionada.
Compreendeu o Supremo Tribunal Federal necessária a mais desinibida
intervenção estatal, de maneira a maximizar os princípios da dignidade da
pessoa humana (CF, art. 1º, III), da igualdade (CF, art. 5º, I) e da vedação a
qualquer discriminação atentatória dos direitos e das liberdades fundamentais
(CF, art. 5º, XLI), ante os alarmantes dados estatísticos, os quais indicam que,
na maioria dos casos, a vítima acaba por não representar contra o agressor ou
por afastar a representação anteriormente formalizada, enquanto o agente, por
sua vez, passa a reiterar seu comportamento ou a agir de forma mais agressiva,
aprofundando, assim, o problema e acirrando sua invisibilidade social.
A decisão da Corte Suprema, ainda, melhor explicitou o dever estatal de
assegurar a assistência à família e de criar mecanismos para coibir a violência
no âmbito de suas relações, desvinculadas dos critérios e das vontades de quem,
fragilizada, sofre a violência, dada a assimetria de poder decorrente de relações
histórico-culturais e os graves impactos emocionais impostos à vítima, que a
impedem de romper com o estado de submissão (ADIn. 4.424/DF, Rel. Ministro
Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 9/2/2012, divulgado em 31/7/2014,

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DJe 1º/4/2014).
O Superior Tribunal de Justiça, sensível a essa importante evolução
jurisprudencial, editou a Súmula n. 542, publicada no DJe 26/8/2015,
estabelecendo que "A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante
de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada". Além disso,
a Terceira Seção do STJ, para lançar uma pá de cal sobre qualquer divergência
ainda persistente no tratamento do tema, consolidou, em 10/5/2017, a tese de
que “a ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento
da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada” (Pet n.
11.805/DF, Rel. Ministro Rogerio Schietti, 3ª S., DJe 16/5/2017).
Nessa estrada, outros significativos passos foram dados pelo Tribunal da
Cidadania: a aprovação das Súmulas n. 588 e 589, em 13/9/2017, pelo
colegiado desta Terceira Seção, para sedimentar, respectivamente, os
entendimentos de que "a prática de crime ou contravenção penal contra a
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos" e de que
"é inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas".
Por último, e não menos importante, a aprovação do verbete sumular n. 600,
em 22/11/2017, a fim de apontar a unificação da jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça de que, "para configuração da violência doméstica e familiar
prevista no art. 5º da Lei n. 11.340/2006, Lei Maria da Penha, não se exige
coabitação entre autor e vítima".

Nesse sentido, vejamos o julgado do STJ:


“RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART. 1.036 DO CPC,

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C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. DANOS
MORAIS. INDENIZAÇÃO MÍNIMA. ART. 397, IV, DO CPP. PEDIDO NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE
PROVA ESPECÍFICA DISPENSÁVEL. DANO IN RE IPSA. FIXAÇÃO CONSOANTE PRUDENTE
ARBÍTRIO DO JUÍZO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça - sob a influência dos princípios da dignidade da pessoa humana
(CF, art. 1º, III), da igualdade (CF, art. 5º, I) e da vedação a qualquer discriminação atentatória
dos direitos e das liberdades fundamentais (CF, art. 5º, XLI), e em razão da determinação de
que "O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações" (art. 226, § 8º) - tem
avançado na maximização dos princípios e das regras do novo subsistema jurídico introduzido
em nosso ordenamento com a Lei n. 11.340/2006, vencendo a timidez hermenêutica no
reproche à violência doméstica e familiar contra a mulher, como deixam claro os verbetes
sumulares n. 542, 588, 589 e 600. 2. Refutar, com veemência, a violência contra as mulheres
implica defender sua liberdade (para amar, pensar, trabalhar, se expressar), criar mecanismos
para seu fortalecimento, ampliar o raio de sua proteção jurídica e otimizar todos os instrumentos
normativos que de algum modo compensem ou atenuem o sofrimento e os malefícios causados
pela violência sofrida na condição de mulher.
3. A evolução legislativa ocorrida na última década em nosso sistema jurídico evidencia uma
tendência, também verificada em âmbito internacional, a uma maior valorização e legitimação
da vítima, particularmente a mulher, no processo penal.
4. Entre diversas outras inovações introduzidas no Código de Processo Penal com a reforma de
2008, nomeadamente com a Lei n. 11.719/2008, destaca-se a inclusão do inciso IV ao art. 387,
que, consoante pacífica jurisprudência desta Corte Superior, contempla a viabilidade de
indenização para as duas espécies de dano - o material e o moral -, desde que tenha havido a
dedução de seu pedido na denúncia ou na queixa.
5. Mais robusta ainda há de ser tal compreensão quando se cuida de danos morais
experimentados pela mulher vítima de violência doméstica. Em tal situação, emerge a
inarredável compreensão de que a fixação, na sentença condenatória, de indenização, a título
de danos morais, para a vítima de violência doméstica, independe de indicação de um valor
líquido e certo pelo postulante da reparação de danos, podendo o quantum ser fixado
minimamente pelo Juiz sentenciante, de acordo com seu prudente arbítrio.

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6. No âmbito da reparação dos danos morais - visto que, por óbvio, os danos materiais
dependem de comprovação do prejuízo, como sói ocorrer em ações de similar natureza
-, a Lei Maria da Penha, complementada pela reforma do Código de Processo Penal já
mencionada, passou a permitir que o juízo único - o criminal - possa decidir sobre um
montante que, relacionado à dor, ao sofrimento, à humilhação da vítima, de difícil
mensuração, deriva da própria prática criminosa experimentada.
7. Não se mostra razoável, a esse fim, a exigência de instrução probatória acerca do
dano psíquico, do grau de humilhação, da diminuição da autoestima etc., se a própria
conduta criminosa empregada pelo agressor já está imbuída de desonra, descrédito e
menosprezo à dignidade e ao valor da mulher como pessoa.
8. Também justifica a não exigência de produção de prova dos danos morais sofridos
com a violência doméstica a necessidade de melhor concretizar, com o suporte
processual já existente, o atendimento integral à mulher em situação de violência
doméstica, de sorte a reduzir sua revitimização e as possibilidades de violência
institucional, consubstanciadas em sucessivas oitivas e pleitos perante juízos
diversos.
9. O que se há de exigir como prova, mediante o respeito ao devido processo penal, de que são
expressão o contraditório e a ampla defesa, é a própria imputação criminosa - sob a regra,
derivada da presunção de inocência, de que o onus probandi é integralmente do órgão de
acusação -, porque, uma vez demonstrada a agressão à mulher, os danos psíquicos dela
derivados são evidentes e nem têm mesmo como ser demonstrados.
10. Recurso especial provido para restabelecer a indenização mínima fixada em favor pelo Juízo
de primeiro grau, a título de danos morais à vítima da violência doméstica.
TESE: Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é
possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido
expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e
independentemente de instrução probatória.
(REsp 1643051/MS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
28/02/2018, DJe 08/03/2018)”

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17 ► Nossa criação

Para a configuração do crime de lesão corporal grave, com incapacidade para as


ocupações habituais por mais de trinta dias, faz-se necessário a demonstração
de prática de atividade laboral exercida pela vítima.

֎ FALSO

Nota do Professor:
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias – Esse
resultado pode ter sido produzido dolosa ou culposamente. Álvaro Mayrink da
Costa preleciona: “A lei brasileira fala em ocupações habituais, o que significa
que não se limita ao trabalho da vítima, mas a toda atividade laborativa, não
entendida só a atividade de natureza lucrativa, pois o conceito é funcional e não
econômico. Entenda-se como atividade corporal, física ou intelectual, razão pela
qual pode ser sujeito passivo tanto o ancião, como a criança ou o adolescente
incapacitado de continuar sua preparação profissional. Outrossim, é necessário
que a atividade não seja juridicamente ilícita, podendo ser eticamente
desvalorada (a prostituta que teve seu braço fraturado pode ser sujeito passivo
do tipo agravado).7
Para a configuração do crime de lesão corporal grave, com incapacidade para as
ocupações habituais por mais de trinta dias, não é necessária a demonstração
de prática de atividade laboral exercida pela vítima, visto que o tipo penal refere-

7 Código Penal Comentado. Rogério Greco.

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-se à atividades exercidas com frequência, não necessariamente remuneradas
ou profissionais.

18 ► Nossa criação
É prescindível, em alguns casos, o exame de corpo de delito nos crimes de
homicídio.

֎ VERDADEIRA.

Nota do Professor:
Não se olvide que o crime de homicídio deixa vestígios. Sendo assim, faz-se
incidir a regra do art. 158 do CPP:
“Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.”

Ocorre que o próprio Digesto Processual Penal no art. 167 assim dispõe:
“Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.”

Nesse sentido, os seguintes arestos do STJ:


“O exame de corpo de delito é indispensável à comprovação da materialidade do crime, podendo
o laudo pericial ser suprido por outras provas somente quando os vestígios tenham desaparecido
por completo ou o lugar se tenha tornado impróprio para a constatação dos peritos (STJ, AgRg
no AREsp 860.122/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T., DJe 23/09/2016).”

“Em situações extraordinárias, admite-se que elementos outros de prova, que não o exame de
corpo de delito, possam evidenciar a materialidade delitiva. In casu, contudo, encontrando-se a
vítima internada no hospital, seria possível a realização do exame indireto, com base nas fichas
clínicas (STJ, HC 92644/DF, Rel.ª Min.ª Maria Thereza de Assis Moura, 6ª T., DJe 15/6/2009).”

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“Pela interpretação dos arts. 158 e 167 do Código de Processo Penal, conclui-se que,
relativamente às infrações que deixam vestígio, a realização de exame pericial se mostra
indispensável, podendo a prova testemunhal supri-lo apenas na hipótese em que os vestígios
do crime tiverem desaparecido. Precedentes do
STJ (STJ, REsp. 1008913/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª T., DJe 9/3/2009).”

19 ► Nossa criação

O meio cruel, previsto no art. 121, § 2º, III, do CP, é aquele em que o agente,
ao praticar o delito, provoca um maior sofrimento à vítima.

֎ VERDADEIRA.

 Código Penal:
Art. 121. Matar alguem:
§ 2° Se o homicídio é cometido:.
II - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;”

Nota do Professor:
Vale dizer, quando se leva à efeito o crime com evidente instinto de maldade,
objetivando impor à vítima um sofrimento desnecessário.
Aprofundando o tema.
A tortura, também, encontra-se no rol dos meios considerados cruéis que têm
por finalidade qualificar o homicídio. Importa ressaltar que a tortura,
qualificadora do homicídio, não se confunde com aquela prevista pela Lei nº
9.455, de 7 de abril de 1997.30 O art. 1º da mencionada lei define o crime de

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tortura, sendo que o seu § 3º comina uma pena de reclusão, que varia de 8
(oito) e 16 (dezesseis) anos, se da prática da tortura sobrevier a morte da
vítima.
Qual é a diferença, portanto, entre a tortura prevista como qualificadora do
delito de homicídio e a tortura com resultado morte prevista pela Lei nº
9.455/97? A diferença reside no fato de que a tortura, no art. 121, é tão somente
um meio para o cometimento do homicídio. É um meio cruel de que se utiliza o
agente, com o fim de causar a morte da vítima. Já na Lei nº 9.455/97, a tortura
é um fim em si mesmo. Se vier a ocorrer o resultado morte, este somente poderá
qualificar a tortura a título de culpa. Isso significa que a tortura qualificada pelo
resultado morte é um delito eminentemente preterdoloso. O agente não pode,
dessa forma, para que se aplique a Lei de Tortura, pretender a morte do agente,
pois, caso contrário, responderá pelo crime de homicídio tipificado pelo Código
Penal.
Concluindo o raciocínio, no art. 121, a tortura é um meio cruel, utilizado pelo
agente na prática do homicídio; na Lei nº 9.455/97, ela é um fim em si mesmo
e, caso ocorra a morte da vítima, terá o condão de qualificar o delito, que possui
o status de crime preterdoloso8.

20) Nossa criação

Considera-se lesão de natureza grave: Incapacidade para as ocupações


habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida; perda ou inutilização do

8 Rogério Greco. Parte Especial. Vol. 2

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membro, sentido ou função e deformidade permanente.

֎ FALSA.

Nota do Professor:
Veja-se que as questões de concursos sempre buscam induzir o candidato a
erro, fazendo o embaralhamento dos casos de lesão corporal de natureza grave
e lesão corporal de natureza gravíssima.
Então, o segredo é DECORAR os parágrafos:
“Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;(Grave)
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta: (gravíssima)
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.”

QUESTÃO ESPECIAL
Homicídio qualificado-privilegiado ou privilegiado-qualificado?

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É importante consignar que, embora a doutrina use as duas expressões –
qualificado –privilegiado e privilegiado-qualificado –, não podemos considerá-
las, ambas, como corretas, mas tão somente uma delas, vale dizer, a que intitula
o homicídio de qualificado-privilegiado.
Isso porque devemos atender não à ordem constante dos parágrafos do art. 121
do Código Penal, que nos conduziria, fatalmente, à expressão privilegiado-
qualificado, haja vista que as causas de diminuição de pena estão consignadas
anteriormente às qualificadoras.
O raciocínio, na verdade, deve ser outro. Estamos diante, como se verifica com
clareza, de um homicídio qualificado que não perdeu essa natureza pelo fato de
existirem algumas causas que têm por finalidade diminuir a pena aplicada nos
momentos anteriores, determinados pelo art. 68 do Código Penal.
Dessa forma, o homicídio, por ser qualificado, deverá assim ser reconhecido,
para, em momento posterior, ser adjetivado de privilegiado, razão pela qual,
tecnicamente, estaremos, sempre, diante de um homicídio qualificado-
privilegiado, e não privilegiado-qualificado.9

9 Rogério Greco. Parte Especial. Direito Penal. Vol 2

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