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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
INTERUNIDADES EM ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE
São Paulo
2007
Livros Grátis
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Dominique Raquel Cohen
São Paulo
2007
II
FOLHA DE APROVAÇÃO
Aprovado em
Banca Examinadora
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr. Victor Aquino Gomes Correa, meu orientador, pelo
apoio e compreensão em todos os momentos.
A Cristiana Checchia Chila, amiga querida desde sempre, pela iniciativa que
deu origem a este trabalho.
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 15. Andorra de Max Frisch, direção de José Celso Martinez Corrêa,
cenários e figurinos Flávio Império. Teatro Oficina, 1964. Foto Derly Marques –
Multimeios/Divisão de Pesquisas/IDART (Flavio Império, 1999) ........................................ 36
Figura 20. Carlos Zara, Beatriz Lyra, Paulo Gracindo e Rogério Fróes em O Preço,
Preço
de Arthur Miller, direção de Luís de Lima, cenários e figurinos de José Dias,
1970. Arquivo Funarte. (Clóvis Levi, Teatro Brasileiro, Um Panorama do século
XX, 1997) .......................................................................................................................... 41
Figura 36. Rota espetáculos de Deborah Colker e cenários de Gringo Cárdia, Rio
de Janeiro, 1997. Acervo de Gringo Cárdia ( Espaço Cenográfico News, periódico,
2004) ................................................................................................................................ 53
Figura 40. Estande da Jaraguá, em feira de negócios industriais, 2002, São Paulo ............ 88
Figura 41. Estande da Omega Mega Light, na EXPOLUX, edição 2004, São Paulo ............. 91
Figura 42. Estande da Weber Quartzolit, na FEICON, edição 2003, São Paulo ................... 91
Figura 43. Desfile do estilista Mário Queiroz, Inverno 2006, SPFW, São Paulo .................. 95
Figura 44. Outro momento do desfile, Inverno 2006, SPFW , São Paulo ............................. 95
Figura 45. Coleção de Verão da Fórum, 2005, SPFW , São Paulo ........................................ 97
XIII
Figura 46. Coleção de Mário Queiroz em clima de protesto, Verão 2006, SPFW,
São Paulo .......................................................................................................................... 98
Figura 47. Coleção de Ronaldo Fraga, Inverno 2005, SPFW, São Paulo ............................ 99
Figura 48. Coleção da Alphorria, Inverno 2005, SPFW, São Paulo ................................... 100
Figura 49. Vitrine para fabricante de relógios. Produção de Sylvia Demetresco ............. 103
Figura 52. Vitrine para varejo de acessórios para moda feminina. Produção de
Jack Mello ......................................................................................................................... 106
Figura 54. Festa da Pepsi on Stage. A pista de dança está lotada e muitos
convidados se acumulam do lado de fora. Porto Alegre, Maio 2006 ................................. 109
Figura 55. Outro momento do Espaço Pepsi on Stage, agora sem audiência. Porto
Alegre, Maio 2006 ........................................................................................................... 109
Figura 57. Intervalo dos desfiles. São Paulo, 2.005 ......................................................... 111
XIV
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÂO .................................................................................................. 16
2. A NATUREZA DA LINGUAGEM
LINGUAGEM CENOGRÁFICA: CONCEITUAÇÃO E ESTRATÉGIAS 20
3. CENOGRAFIA E OS NOVOS
NOVOS ESPAÇOS DE ATUAÇÃO:
ATUAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO ....... 75
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 116
Cenografia para além do teatro 16
1. INTRODUÇÃO
scenographia, que, por sua vez, tem origem no grego skenographie, composição de
cena, um desenho de cena, produz uma vasta gama de imagens codificadas que são
1 “O termo cenografia (skenographie, que é composto de skené, cena e graphein, escrever, desenhar,
pintar, colorir) se encontra nos textos gregos – A poética, de Aristóteles, por exemplo. Servia para
designar certos embelezamentos da skené. Posteriormente é encontrado nos textos em latim (De
arquitectura, de Vitrúvio): scenographia. Era usado provavelmente para definir no desenho uma noção
de profundidade. No Renascimento os textos de Vitrúvio foram traduzidos e o termo cenografia
passou a ser usado para designar os traços em perspectiva e notadamente os traços em perspectiva do
cenário no espetáculo teatral. A cenografia existe desde que existe o espetáculo teatral na Grécia
Antiga, mas em cada época teve um significado diferente, dependendo da proposta do espetáculo
teatral.” MANTOVANNI, A.,1989, p.13
Cenografia para além do teatro 17
cenográfico.
linguagem, os elementos que ela utiliza e, as narrativas que ela é capaz de produzir.
relativos ao consumo.
Cenografia para além do teatro 19
recorte definido para este estudo analisa um dos segmentos, que trata
produção nacional.
2.1 No Brasil
destinado aos nossos palcos segundo uma estética própria, nasceu em meados de
1940. Até então, a produção cenográfica nacional - expressa com freqüência pela
Figura 1. O Teatro Trianon, com um de seus maiores sucessos: Cala a Boca Etelvina,
Etelvina de Armando
Gonzaga. Companhia Procópio Ferreira. Rio de Janeiro, 1925. Acervo Procópio Ferreira (Clóvis
Levi, Teatro Brasileiro, Um Panorama do século XX, 1997).
que além de uma grande realização foi considerada o marco zero do moderno
teatro brasileiro.
1 “Artista plástico e cenógrafo de rara sensibilidade, seu principal trabalho no campo do teatro ocupa
um espaço importante na história do teatro brasileiro: Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com a
direção de Ziembinski, que, de um dia para o outro revolucionou, derrubando-a, a conceituação
cenográfica (se assim se pode chamar algo quase inexistente) que dominava os palcos nacionais.”
RATTO, 2001, p. 172
Cenografia para além do teatro 24
Figura 4. Cenografia para Vestido de Noiva de Tomás Santa Rosa. . Rio de Janeiro, 1943. Arquivo
Funarte. (Clóvis Levi, Teatro Brasileiro, Um Panorama do século XX, 1997).
predominante:
trazer da Europa não apenas diretores, mas cenógrafos e figurinistas, que deixaram
diretamente das escolas de arte italianas Aldo Calvo, Bassano Vaccarini, Mauro
Francini, Túlio Costa e Gianni Ratto - cenógrafo do Scala de Milão que veio para o
2 MAGALDI, S., O Estado de São Paulo, 21 ago. 1957 apud KATZ, R.; HAMBURGER, A., 1999, p. 20
Cenografia para além do teatro 29
componentes, entre eles Flávio Império, Lina Bo Bardi, Luís Carlos Ripper, Anísio
nacionalismo latente. Essa nova geração, que saberá usufruir de seu aprendizado,
desencadear uma revolução visual nos palcos locais cujos reflexos se fazem
presentes ainda hoje. Neste período, o teatro foi beneficiado com o surgimento de
no Rio de Janeiro.
abordado com certa freqüência, são um desafio cenográfico encarado por vários
3 Extraído do texto Flávio Império e a Cenografia do teatro Brasileiro de Mariângela Alves de Lima em
KATZ, R.; HAMBURGER, A., 1999, p.23
4
Ibid., p.34)
Cenografia para além do teatro 34
Figura 12. Leonardo Vilar, Odavlas Petti e Amélia Bittencourt em O Pagador de Promessas,
Promessas
direção Flávio Rangel, cenários de Cyro Del Nero. São Paulo, 1960. Arquivo Funarte. (Clóvis
Levi, Teatro Brasileiro, Um Panorama do século XX, 1997).
Cenografia para além do teatro 35
Figura 15. Andorra de Max Frisch, direção de José Celso Martinez Corrêa,
cenários e figurinos Flávio Império. Teatro Oficina, 1964. Foto Derly Marques –
Multimeios/Divisão de Pesquisas/IDART (Flavio Império, 1999).
Cenografia para além do teatro 37
Figura 16. Pequenos Burgueses de Gorki: stanislavskiano Grupo Oficina, cenários e figurinos de
Anísio Medeiros, direção de José Celso Martinez Corrêa. São Paulo, 1963. Arquivo Funarte.
(Clóvis Levi, Teatro Brasileiro, Um Panorama do século XX, 1997).
vão se firmando: Cacá Rosset e José de Anchieta, Moacyr Góes e José Dias, Bia Lessa
Nos anos 90, uma nova safra de jovens cenógrafos (entre eles Fernando
Mello da Costa, Gelson Amaral, Gringo Cárdia, Márcio Medina, Márcio Tadeu,
carece, ainda hoje, de escolas de nível universitário nessa área, bem como de
escolas técnicas que formem mão de obra especializada. Além disso, quase não
conta com publicações em língua portuguesa que tratem do assunto e nem possui
A discussão torna-se ainda mais pertinente quando fica claro que o mercado
Cenografia para além do teatro 40
Figura 20. Carlos Zara, Beatriz Lyra, Paulo Gracindo e Rogério Fróes em O Preço,
Preço de
Arthur Miller, direção de Luís de Lima, cenários e figurinos de José Dias, 1970.
Arquivo Funarte. (Clóvis Levi, Teatro Brasileiro, Um Panorama do século XX, 1997).
Figura 22. As malas e o sentimento de solidão dos exilados: Boal em Murro em Ponta de Faca.Faca
Direção de Paulo José, cenários de Gianni Ratto. Rio, 1979. (Clóvis Levi, Teatro Brasileiro, Um
Panorama do século XX, 1997).
Figura 23. A Falecida de Nelson Rodrigues, direção de Osmar Rodrigues Cruz, cenários e figurinos
Flávio Império. Teatro Popular do SESI, 1979. Foto Tereza Pinheiro – Multimeios/Divisão de
Pesquisas/IDART (Flavio Império, 1999).
Cenografia para além do teatro 43
cênico teve suas fronteiras ampliadas, aventurando-se para além da prática teatral;
onde se busca criar atmosferas, espaços, comunicações daquilo que se quer que
Figura 36. Rota, espetáculos de Deborah Colker e cenários de Gringo Cárdia, Rio
de Janeiro, 1997. Acervo de Gringo Cárdia ( Espaço Cenográfico News, periódico,
2004).
Cenografia para além do teatro 54
(...) discutir cenografia é assunto difícil, pois ela de certa forma, não
se insere nos conceitos de arte admitidos por grande parte da
crítica. Talvez porque no decorrer dos séculos não tenha se firmado
como tal em função de sua clara posição como “pano de fundo” para
ressaltar o trabalho do ator, que desde os primórdios do teatro
reinou soberano. Ou talvez ainda – e aí reside o fulcro da questão –
ela tenha secularmente se restringido ao “lugar teatral” como parte
inerente do edifício, sem nunca ter se destacado do equipamento
que lhe é essencial: a “caixa preta”. O “lugar teatral” é o edifício que
6 Aurélio... Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Editora Nova Fronteira 1986, 2 ª edição
revista e ampliada. p. 380
7 Houaiss... Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. RJ: Editora Objetiva 2004, 1ª reimpressão. p. 671
Cenografia para além do teatro 55
pelo árduo exercício de ser uma arte a serviço de, como disse bem o cenógrafo,
forma de encantamento num período curto e rápido” 9, para que situações possam
se desenvolver dentro do espaço que ela propõe, tirando partido dos materiais
cênicos que ela promove. Por cenografia podemos entender tanto o que está
Por isso nunca é demais frisar que cenografia não é decoração, nem
composição de interiores; cenografia não é pintura nem escultura: é
uma arte integrada. Nunca é demais repetir que cenografia é a
composição resultante de um conjunto de cores, luz, forma, linhas e
volumes, equilibrados e harmônicos em seu todo, e que criam
movimentos e contrastes. Cenografia é um elemento do espetáculo –
ela não constitui um fim em si.11
de arquitetura de interiores.” 15
Parece haver, ainda, certa sobreposição dos termos cenografia e cenário. Não
materiais e efeitos cênicos, que serve para criar a realidade visual ou a atmosfera
dos locais onde decorre a ação. O cenário está inserido dentro da cenografia, que é
natureza.
criação de um cenário:
este espetáculo não tinha cenário, mas ele estava presente com toda
a força expressiva do seu significado.16
José Dias, Cyro Del Nero, Raul Belém, José de Anchieta, Gianni Ratto,
Hélio Eichbauer e tantos outros (...) quando tomamos conhecimento
de que cenógrafos como estes falam que em sua formação artística,
humanística, técnica e filosófica passaram pela biblioteca de
Alexandria, por Vitrúvio, e pelo conhecimento da Grécia antiga até
Svoboda (...) podemos imaginar de certa maneira a distância que
separa esses grandes mestres dos jovens cenógrafos que hoje estão
em formação. 18
estado de espírito que atua como filtro seletivo das emoções. As informações
caberá a ele destruir, triturar, desmanchar, rever, esticar, embolar, rasgar tudo, até
19
ANCHIETA, J., 2002, pg. 27
Cenografia para além do teatro 60
pesquisa.
imprensa e das imagens, seguida pela revolução eletrônica que trouxe consigo o
20
MILLARÉ, S., 1998 apud ANCHIETA, J., 2002, p. 39 - 40
Cenografia para além do teatro 61
relativas às diferentes naturezas que as mensagens podem ter, tanto nos processos
sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém, (...) isto é, cria na mente
uma casa, ou mesmo o seu olhar para uma casa, são todos signos
do objeto casa. Não são a própria casa, nem a idéia geral que temos
de uma casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de um certo
modo que depende da natureza do próprio signo. A natureza de
uma fotografia não é a mesma de uma planta baixa.24
Para Peirce, o signo tem uma natureza triádica, ou seja, ele pode ser
referência àquilo que ele se refere, indica ou representa; nos tipos de interpretação
geral ele representa o seu objeto. Essa relação de mediação entre o objeto e o
símbolo é discutida por HEGEL27, apud PIGNATARI28, quando enuncia que o símbolo
idéia e forma, donde se conclui que símbolo seria a forma convencionada de atribuir
valor a um objeto.
quando representa o faz com seu corpo e voz e, por mais que assuma a
realista que possa parecer, será ainda assim o símbolo deste lugar. Trata-se,
característica de gesto codificador do universo onde “se infere que o objeto mais
ambiente cenográfico uma porta pode ter o formato, a textura e o volume de uma
espaços. Inserida numa situação onde o ator não a manuseia, ela cumprirá seu
realista.
característica peculiar do espetáculo. Pode-se especular, ainda, que esta seja uma
espetáculo.
“Copiar a realidade pode ser uma coisa boa, mas inventar a realidade é
melhor, muito melhor”, disse certa vez Giuseppe Verdi32. Pois bem, a magia da
32 Citação atribuída a VERDI, por várias fontes. A mais recente foi na entrevista do crítico literário
ANTONIO CANDIDO para com o jornalista RAFAEL CARIELLO, em 09 de Novembro de 2006, na Folha de
São Paulo.
Cenografia para além do teatro 67
2.4. O Espetáculo
realidade”.35
como evento público, vai acontecer desde que determinada ação cênica entre em
três níveis: levar a sentimentos sem que se perceba sua existência (primeiridade);
ser percebido ao entrar em conflito com as coisas que existem no espaço cênico
conjunto”37
durante.”40
2.5
2.5 Cenografias
Cenografias possíveis
linguagem cenográfica para vender idéias. Apesar deste contexto nem sempre
função e os cenários, por terem entre suas atribuições a de qualificar espaços, têm
extremamente atento, que “estende-se desde a cor do pires sobre a mesa até o
a cena é muito quente, fria? Espaçosa, apertada? Qual o conflito? Deve-se pensar no
televisão é uma escala real, com igrejas, ruas, casas, praças, etc.”. No teatro, ainda
segundo Serroni, “ se possui uma caixa de palco de doze metros por quinze metros
foi uma das melhores escolas de cenografia e direção - uma espécie de dramaturgia
43 SERRONI in BURRINI, 1996, p.44 apud CARDOSO, J. P. F., 2007, In Internet site, Fev. 2007
Cenografia para além do teatro 73
equivale à televisão.
vem se expandindo no mundo da moda (...) no mundo dos shows, nos clipes, nas
cotidianos, é importante verificar que papel cabe à cenografia – como mais um bem
3. O POTENCIAL COMUN
COMUNICATIVO DA CENOGRAFIA: UM ESTUDO DE
CASO
3.1 A construção
construção da aparência
cidadãos pelo caminho rumo ao século XX. A incorporação dos crescentes avanços
no século XIX, por conta da revolução gráfica, as publicações até então limitadas ao
Cenografia para além do teatro 76
texto são tomadas por ilustrações -, o advento da fotografia e do cinema opera uma
conduzindo o homem, e sua produção de bens culturais, cada vez mais em direção
sociedades, estabelecendo mais uma nova etapa econômica e social, cujo progresso
sobre as demais realizações sociais, emite reflexos que podem ser percebidos em
todos os seus segmentos: política, religião, comunicação, arte, etc. De acordo com o
européia:
1 O autor citado é o filósofo e pensador francês Guy Debord cuja obra A Sociedade do Espetáculo pode
ser considerada a precursora de toda a análise crítica da moderna sociedade de consumo.
2 Os autores aqui citados são Susan Buck-Morss, Thomas Richards, Vanessa Schwartz, Don Slater e
Rosalind Williams, todos eles estudiosos da área de Comunicação.
Cenografia para além do teatro 77
no modo de definir toda realização humana - uma degradação do ser para o ter ;
e não mediada), o pensador alemão Wolfang Haug alerta para um mecanismo cuja
prática tende a gerar o que ele chama de indústria da imagem, uma nova “estética
da mercadoria”:
como uma sociedade da performance, na qual nada pode ser imaginado, pensado
homem ao papel de mais uma das engrenagens do sistema, ele perde a visão do
que ele próprio ajudou a produzir perde o sentido. Esta abstração generalizada se
4
FREIRE Filho, J., 2003, p. 09
5 HAUG, 1997, p. 98
Cenografia para além do teatro 79
ilusões da mercadoria.
6
DEBORD, 2005, p. 13
7 Ibid., p. 14-15
Cenografia para além do teatro 80
simbólicos.
Cenografia para além do teatro 81
grupos de ação:
Cenografia para além do teatro 82
Sócio-
Sócio-Cultural Comercial
erudita
popular
que também são exemplos do uso de cenografia, configuram uma categoria híbrida
3.2.1 Estandes
bastante especializado.
conta hoje com aproximadamente 90 eventos, nos mais diversos setores desde
operações como nos elevados valores que envolve e, cujo crescimento apresentado
projeto.
onde todos têm por objetivo apresentar a mensagem mais atraente e confiável.
do estande.
cenográficas.
paredes com relação à planta do espaço, este é um modelo de estande dos mais
de octanorm, que vem a ser o nome do fabricante alemão, original deste sistema
com a projeção no piso) não são suficientes para que possa haver uma grande
Figura 38. Estande da General Eletric - GE , na Feira NEGÓCIOS DOS TRILHOS, edição
2001, São Paulo.
Cenografia para além do teatro 88
Figura 39. Estande do Consulado da Argentina, na Feira ABRAS, edição 2000, São
Paulo.
Figura 40. Estande da Jaraguá, em feira de negócios industriais, 2002, São Paulo.
Cenografia para além do teatro 89
cada um dos estandes conta com interferências maiores e mais vistosas sobrepostas
sustenta.
situação onde as soluções oferecidas pela linguagem cenográfica são aplicadas para
nas esquinas do estande, que projetadas para frente e para o alto, dão leveza ao
conjunto, quando parecem que elevam o volume todo do piso. Os dois volumes
da estrutura-base, cujos avanços verticais fazem com que o conjunto pareça maior
um agradável equilíbrio.
estéticos.
necessária para um estande em uma feira de negócios existe atualmente mais uma
Figura 41. Estande da Omega Mega Light, na EXPOLUX, edição 2004, São Paulo.
Figura 42. Estande da Weber Quartzolit, na FEICON, edição 2003, São Paulo.
Cenografia para além do teatro 92
Nos dois exemplos acima é possível perceber que a opção pelo estande
A Omega Mega Light (fig. 41) optou por uma exibição elegante de seus
extremamente original considerando que seu produto final é utilizado pela indústria
que alude aos andaimes – elementos comuns a este universo da construção – tem
circulação.
10.
Cenografia para além do teatro 93
últimas três décadas e vários são os fatores que contribuíram para este quadro: a
contribui para que a cada dia nos distanciemos, definitivamente, do tempo em que
fora dele.
Nos seus 10 anos de existência recém completados a São Paulo Fashion Week
– a semana de moda de São Paulo – com suas duas edições anuais, consolidou-se
Cenografia para além do teatro 94
na América Latina.
antes de tudo um conceito, é um estado de espírito, uma atitude; ela envolve pelo
que tem de arrojado e moderno; ela vende pelo que tem de sedutor, pela promessa
extraordinárias.
cenográfica, como disse certa vez o compositor Caetano Veloso, a sua mais
completa tradução...
Cenografia para além do teatro 95
Figura 43. Desfile do estilista Mário Queiroz, Inverno 2006, SPFW, São Paulo.
Figura 44. Outro momento do desfile, Inverno 2006, SPFW , São Paulo.
Cenografia para além do teatro 96
envolvente, cujo clima de romance fica evidenciado pelo divã escolhido, com seu
século XIX. O cavalete ao fundo indica um ateliê, e nos transporta para a Paris dos
São poucos os elementos que compõe este espaço, mas, de tão significativos
dispensam qualquer outra intervenção. Fica clara a intenção por trás do produto. O
acompanhada de um costume.
Cenografia para além do teatro 97
Mais uma vez a solução cenográfica adotada contém muitas narrativas, agora
fazendo uso de elementos que são uma imitação da vida real (fig. 45). As colunas
ponte não só com o vestuário daquele período, mas também com uma atitude.
Todas juntas ao fundo, poses marcantes, olhares altivos, assim como deusas da
mitologia.
Figura 46. Coleção de Mário Queiroz em clima de protesto, Verão 2006, SPFW, São Paulo.
mais do que protestos. E novamente, o que está em jogo é uma atitude, que parece
pode ser comprada junto com a roupa que está sendo exibida.
Figura 47. Coleção de Ronaldo Fraga, Inverno 2005, SPFW, São Paulo.
finas lâminas de tecido, são os elementos que marcam o espírito deste desfile.
passarela.
Cenografia para além do teatro 100
O costume que tem a tonalidade esmaecida das fotos antigas, cuja cor o
Este cenário contem uma mensagem que é pura poesia, quase melancólica,
lentamente.
Nesta instalação mais uma vez é retomado o conceito das personas que este
obstáculos no percurso que a modelo precisa cumprir desde o fundo até a boca da
Cenografia para além do teatro 101
passarela. Qual costume afinal está sendo ofertado? Aquele que a modelo usa ou os
3.2.3 Vitrines
vendedores-vitrines dos séculos XVIII e XIX, até as grandes caixas de vidro de hoje,
Trazida para os dias de hoje, a vitrine deve ser entendida como uma
Toda a vitrine é um suporte para diversos textos que vão dialogar com o
Tal qual a moda, que lida com conceitos subjetivos para comunicar suas
do tempo refletida na reprodução da cena que poderia até ser a largada de uma
corrida. Brincadeira entre tempo e corrida, o tempo que voa, passa depressa, e não
se deixa alcançar.
Esta vitrine para feira de negócios tem a difícil missão de vender um produto
da indústria primária, que depois deste estágio ainda vai ser beneficiado, para se
se presta a inúmeras manufaturas pode muito bem ser tratado como um objeto
Figura 51. Vitrine para varejo de roupa feminina. Produção de Sylvia Demetresco.
universo da arte concreta. O rigor de linhas, cor e composição encontra seu espaço
parcela de manequim, cujas pernas esguias estão vestidas com meia texturadas e
pode ser vestida por qualquer mulher, desde que haja identificação.
Cenografia para além do teatro 107
Figura 53. Vitrine para varejo de moda feminina. Produção de Sylvia Demetresco.
interior da loja.
seja, apostando na força que a marca tem em relação a seu público consumidor.
Cenografia para além do teatro 108
espaços comerciais, é o que possui o caráter mais efêmero e o apelo mais mercantil.
serviços e produtos; pode também estar inscrito dentro de uma iniciativa mais
caráter operacional em detrimento das questões visuais, que muitas vezes são
Figura 54: Festa da Pepsi on Stage. A pista de dança está lotada e muitos convidados se acumulam do
lado de fora. Porto Alegre, Maio 2006.
Figura 55: Outro momento do Espaço Pepsi on Stage, agora sem audiência. Porto Alegre, Maio 2006.
Cenografia para além do teatro 110
cenográfico adotado.
momento noturno. À medida que a festa se desenrola e o espaço fica com sua
Figura 56. Evento de lançamento de produtos da linha Boticário, no Amni Hot Spot, a semana da
moda dos jovens criadores. São Paulo, 2.005.
Esta instalação foi montada no saguão de acesso aos desfiles do Amni Hot
SPFW.
trabalhos.
que ali se encontram são exemplares de toda a linha de maquiagem ali lançada, em
instalação adquire uma grande proximidade com a platéia, tal qual acontece no
4. CONCLUSÃO
espaço teatral.
encontro das mais variadas platéias, a cenografia foi reconhecida como importante
natureza prática, que dizem respeito a todos aqueles que atuam neste mercado:
formação de nível técnico e superior, para aqueles que querem ingressar neste
Cenografia para além do teatro 114
em imagens: comunicar através de cor, luz, forma, linha e volume; contar uma
atmosfera; comover como espaço. E com isso atender às demandas éticas, estéticas
cultural. É compreensível, portanto, que sob este prisma a cenografia com suas
comerciais.
realização cenográfica.
Cenografia para além do teatro 116
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2002
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2004
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12 Março 1997
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http://www.unicap.br/gtpsmid/pdf/CD-Joao-Batista.pdf
CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro antes do design. São Paulo, Cosic Naify, 2004
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HAUG, Wolfgang Fritz. Crítica estética da mercadoria. São Paulo, Editora UNESP,
1997
KATZ, Renina; HAMBURGER, Amélia (org.). Flávio Império. São Paulo, EDUSP, 1999
KLEE, Paul. Sobre a Arte Moderna e outros ensaios. Trad. Pedro Süssekind. Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editora, 2001
LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero. São Paulo, Companhia das Letras, 2001
Cenografia para além do teatro 119
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo, Ed. São Paulo, 1965
PEIRCE, Charles Sandres. Semiótica. Trad. José Teixeira Coelho Netto. 2° ed. São
Paulo, Editora Perspectiva, 1995
SANTOS, Jair Ferreira dos. O Que é Pós-moderno. São Paulo, Editora Brasiliense
1980
SERRONI, José Carlos. Modos Cenográficos. Catálogo de Exposição. São Paulo, SESC
1994
SERRONI, José Carlos et al. Espaço Cenográfico News #21, São Paulo, Outubro 2004
SERRONI, José Carlos et al. Espaço Cenográfico News #29, São Paulo, Outubro 2006
SESC [1989] Uma experiência cenográfica - J. C. Serroni e o CPT SESC, São Paulo
1989 (Catálogo de Evento – parte integrante do XX Bienal Internacional de São Paulo)
SUBIRATS, Eduardo. A Cultura como Espetáculo. São Paulo, Editora Nobel, 1989
SZANTO, George H. Theater & Propaganda. Austin & London, University of Texas
Press, 1978
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )