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A FERRAMENTA COACHING NO DESENVOLVIMENTO E APRIMORAMENTO

DO PROFESSOR DO ENSINO SUPERIOR

Helena Maria Fagundes dos Santos Braz1


Sarah Raquel Siqueira Silva2
Ram Sashi Dória Duarte3

GT5 – Educação, Comunicação e Tecnologias.

RESUMO

Este trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica que propôs a ferramenta coaching no
desenvolvimento e aprimoramento de competências ao docente do ensino superior, com vistas a
apoiar esse profissional a incentivar o discente a buscar, a atingir e a produzir metas nos planos
estudantil, profissional e pessoal. Questionou-se como o coaching pode contribuir de forma eficaz na
parceria entre professor e aluno com possibilidades de aquele viabilizar a este o alcance da
autonomia na aprendizagem e na leitura de mundo, compreendendo a relação constante e dialética
entre a teoria e a prática. A pesquisa, quanto ao seu objetivo, foi concretizada através da literatura
pertinente e aos estudos já desenvolvidos nessa área. Faz-se necessária a preparação contínua dos
docentes para que sejam mensageiros de bons conteúdos, de práticas e vivências, bem como sejam
referência de motivação e fomento de saber para os discentes.

PALAVRAS – CHAVE: Coaching; Competências; Ensino Superior.

ABSTRACT

This work is the result of a literature that proposed the coaching tool in the development and
improvement of skills for teaching in higher education, in order to support this work to encourage
students to seek, to achieve and to produce goals in student, professional and staff. It was questioned
how coaching can contribute effectively in partnership between teacher and student with
opportunities that enable the scope of this autonomy in learning and reading of the world,
comprising the constant dialectical relationship between theory and practice. The research, as their
goal was achieved through the relevant literature and studies already developed in this area. It is
necessary the continuous preparation of teachers so that they are messengers of good content,
practices and experiences, and are reference of motivation and development of knowledge for
students.

KEY - WORDS: Coaching; Skills; Higher Education.

1
Graduada em Administração de empresas pela Universidade Federal de Sergipe. Especialista em MBE
Análise e Gestão de Negócios pela Universidade Federal de Sergipe. Docente da Universidade Paulista.
Membro do Grupo de Pesquisa em Educação, Cultura e Subjetividade (GPECS/UNIT/CNPq). E-mail:
hbraz81@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia pela Universidade Tiradentes. Pesquisadora pelo programa PROVIC-UNIT e
participante do Grupo de Pesquisa em Educação, Cultura e Subjetividade (GEPCS/UNIT/CNPq). E-mail:
sarahmandaia@outlook.com
3
Graduado em Engenharia Florestal. Membro do Grupo de Pesquisa em Educação, Cultura e Subjetividade
(GPECS/UNIT/CNPq). E-mail: ramisashi@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO

O presente estudo propôs a ferramenta coaching no desenvolvimento e


aprimoramento de competências ao docente do ensino superior, com vistas a apoiar esse
profissional a incentivar o discente a buscar, a atingir e a produzir metas nos planos
estudantil, profissional e pessoal. Questionou-se como o coaching pode contribuir de forma
eficaz na parceria entre o professor e o aluno com possibilidades de aquele viabilizar a este
o alcance da autonomia na aprendizagem e na leitura de mundo, compreendendo a relação
constante e dialética entre a teoria e a prática.

A concentração do pensamento crítico dos estudiosos em coaching, ante o atual


mercado de trabalho, que exige profissionais competentes, ágeis, criativos, inovadores e
com alto poder de decisão, é focada na responsabilidade docente, independentemente do
nível ou segmento de ensino. Mais que “ensinar” conteúdos, o professor é convidado a
fomentar a produção do conhecimento, a gerir um volume considerável de informações e
fatos, a mediar situações conflitantes e, sobretudo, a dominar as tecnologias da informação
enquanto meio e fim para se chegar à maturidade intelectual (SILVA, 2013).

O Coaching pode oferecer uma oportunidade de


desenvolvimento real para as pessoas e consequentemente para a
Educação. O processo Coaching pode ser definido como um processo de
desenvolvimento humano no qual convergem conhecimentos de diversas
ciências, com o objetivo de levar o indivíduo a alcançar resultados
extraordinários. Nesse processo, considera-se o desenvolvimento de
competências técnicas, emocionais, psicológicas e comportamentais e
permite também a expansão da consciência humana de maneira focada
para potencialização do ser humano e em seus resultados (MATTEU, 2011
apud MATTEU, 2013, p. 98).

No âmbito do Ensino Superior, o “...coaching é um tipo especial de colaboração


que expande a consciência e a aprendizagem e permite a obtenção de resultados com
menos esforço e em menos tempo” (KRAUSZ, 2007, p. 28 apud MATTEU, 2013, p. 98). A
autora vai mais além quando defende o Coaching como contribuinte do aumento de
consciência e aprendizagem de modo menos dispendioso, ensinando que a sua aplicação na
educação pode ampliar o nível de conscientização do alunado frente os conteúdos ofertados.
Hipoteticamente, acredita-se que o Coaching praticado no Ensino Superior
aumentará o desempenho de docentes e discentes, transformará limites em recursos,
reformulará e ampliará crenças limitantes e estabelecerá ações estratégicas com passos
práticos no presente.

Com a premissa de que “competências são aquelas características pessoais


essenciais para o desempenho da atividade e que diferenciam o desempenho das pessoas”
(CHIAVENATO, 2003, p. 166), Propor a ferramenta coaching no desenvolvimento e
aprimoramento de competências ao docente do ensino superior é mais uma iniciativa
relativamente nova no campo das instituições de ensino superior. Na cidade de Aracaju,
nesse âmbito, não foi identificado nenhum estudo com este enfoque. Portanto, o objetivo da
pesquisa revelou-se um conteúdo eminentemente exploratório, buscando gerar informações
sobre um fenômeno ainda pouco conhecido, para servir a futuras investigações.

A pesquisa, quanto ao seu objetivo, caracterizou-se como estudo bibliográfico,


concretizado através da literatura pertinente e aos estudos já desenvolvidos nessa área. A
importância da realização deste estudo inseriu-se na contribuição que o mesmo
proporcionará aos estudos sobre coaching, ferramenta inovadora na potencialização de
competências e, o motivo que direcionou o presente tema a ser pesquisado residiu-se na
inclinação pessoal, bem como na possibilidade de aprofundar-se nos estudos sobre
Coaching na área acadêmica, a fim de aprimorar as didáticas dos atuais docentes em sala de
aula, além de apoiar e acompanhar os discentes, para que sejam capazes de direcionar suas
vidas, seu futuro, enquanto pessoas profissionais de sucesso, além de fomentar habilidades
para gerir outras vidas e o mundo que os rodeiam da melhor maneira possível.

2 COACHING: UMA PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO E


APRIMORAMENTO DE COMPETÊNCIAS AO DOCENTE DO ENSINO
SUPERIOR

Segundo Underhill (2010 apud SILVA, 2013, p. 22), a palavra Coach vem da
Hungria do século XV, referindo-se à aldeia de Kocs, onde eram construídas finas
carruagens de transporte. O propósito era transportar pessoas de onde elas estavam para
onde quisessem ir. Similar a uma metáfora, coaches (profissionais treinados para aplicar o
coaching às pessoas) facilitam o transporte de coachees (clientes) a novos níveis de
desenvolvimento e eficiência. Avançando cinco séculos a partir da cidade húngara chegando
ao século XX, o coaching deteve-se à área esportiva. Um coach era um treinador qualificado
que conduzia os atletas ao aprendizado das técnicas dos jogos, monitoramento dos
resultados, fornecimento de feedback e condução a melhores performances.

Em 1974, publicou-se o livro The Inner Game of Tennis, de Timothy Gallwey,


considerado um marco fundamental para o início do coaching que se conhece hoje. Referido
livro foi uma obra revolucionária em sua abordagem ao tênis, no qual o autor argumenta que
existe, durante o jogo de tênis, um jogo interior que se desenvolve na mente do jogador,
onde o adversário é ele mesmo. O importante para o principiante (aprendiz), segundo
Gallwey (1996, p.54 apud SILVA, 2013, p. 22) “é permitir o desenvolvimento do processo
natural de aprendizagem e esquecer as autoinstruções de cada jogada. Os resultados serão
surpreendentes”.

Para Gallwey (1996 apud SILVA, 2013, p. 22), o conceito de coaching consiste
numa relação de parceria entre Coach e Coachee, que revela e liberta o potencial das
pessoas de forma a maximizar o seu desempenho. O processo ajuda as pessoas a aprender,
ao invés de ensinar algo a elas, e isso não é uma novidade, pois, segundo Whitmore (2010
apud SILVA, 2013, p. 22), Sócrates havia dito a mesma coisa dois mil anos antes, no
entanto, por alguma razão, sua filosofia se perdera no reducionismo materialista dos últimos
dois séculos.

O Coaching é definido por Oliveira (2012, p. 3) como “um processo de


comunicação e apoio que objetiva equipar as pessoas com ferramentas e conhecimentos
necessários para que se desenvolvam e se tornem mais efetivas no desempenho de
habilidades e atribuições”. Em outras palavras, o coaching consiste na facilitação de
aprendizado e desenvolvimento com o objetivo de propiciar melhoria de desempenho e
fortalecer a ação eficaz, a realização de objetivos e a satisfação pessoal. Invariavelmente,
envolve crescimento e mudança, quer seja em perspectivas, quer seja em atitudes ou
comportamentos (BLUCKERT, 2005; REIS, 2007 apud BITTENCOURT, 2011).

Explicam Paiva et al. (2012) que coaching vem da palavra “coche”, do inglês
medieval e do atual “coach”, carruagem. É uma palavra que sempre deu a noção de levar ou
transportar e traz consigo a ideia de apoiar as pessoas a saírem de um estado atual e
alcançarem um estado desejado.
Independente do entendimento quanto ao seu significado, fundamental é a ação
exercida pelo coach. A real finalidade do coaching é propiciar o desenvolvimento do
indivíduo, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, através do apoio ao processo de
reflexão, aprendizado e ação para atingir suas metas (PAIVA et al., 2012).

Coaching não é o mesmo que treinamento ou instrução. No


entanto, em muitos casos, é usado eficazmente para apoiar métodos de
aprendizagem, permitindo que a pessoas aprenda pelo processo de
exploração, discussão e experiências práticas.

O foco do coaching está no desenvolvimento aprofundado de


conhecimento específico, habilidades e estratégias. Para que o processo de
coaching funcione, não é necessário que o coach tenha mais experiência
que o cliente. Coaching pode acontecer entre companheiros de trabalho e
membros de uma equipe que estejam em diferentes níveis e experiências.

Coaching, normalmente, tem como fonte de informação as


evidências. É, principalmente, um empreendimento conjunto em que uma
pessoa presta apoio à outra para desenvolver seu entendimento e prática
em uma área definida pelas suas próprias necessidades e por seus
interesses. Para isso, é importante que o coaching seja um processo
apreciativo, construído com alicerce calcado nas aspirações e desejos do
cliente (PAIVA et al., 2012, p. 9).

Aliando-se o pensamento dos estudiosos à proposta deste trabalho, busca-se,


através do coaching, um modelo em que responsabilidade, liderança e aprendizado tenham
significado estimulante e onde o poder será sempre liberado na intenção de capacitar e
nunca constranger. Assim, ter-se-ão docentes capacitados estimulados a fomentar a
transformação dos discentes com referência de responsabilidade pessoal, criatividade,
disposição para arriscar e alcançar resultados.

Coaches apoiam o cliente a detectar suas necessidades, a


expandir o número de opções e a experimentar novos comportamentos,
ajudando a arraigar os aspectos que forem aprimorados em seu
desempenho a consolida o sucesso. Em um processo de coaching bem
sucedido, tanto para o coach quanto o cliente se responsabilizam para que
o comportamento novo e aprimorado seja efetivado (PAIVA et al., 2012,
p. 20).
Embora não seja um assunto novo, o coaching tem sido objeto de estudo nos
últimos anos da pesquisa internacional (BOUGAE, 2005; BROOKS; WRIGHT, 2007;
EVERED; SELMAN, 1989; GRANT, 2001, apud BITTENCOURT et al., 2011, p. 8) e
nacional (BLANCO, 2006; MORAES, 2007; FERREIRA, 2008; MINOR, 2001; REIS,
2007, apud BITTENCOURT ET AL., 2011, p. 8). Por ser comumente utilizado por práticos,
constata-se que há ainda muito a ser explorado de forma científica neste âmbito.

No ano de 1982, Joyce e Showers relacionaram pela primeira vez


o papel de um coach ao desenvolvimento de professores, em um artigo
denominado The Coaching of Teaching, apresentando em forma de
metáfora o coaching tal qual a função de treinador esportivo. Embora os
contextos sejam diferentes, alguns pressupostos daquele estudo podem ser
considerados contemporâneos. Consideravam os autores que “Tal como
atletas, professores irão colocar em prática suas habilidades recém
adquiridas – se tiverem um coach”. A ideia inicial era prover um coach
para os professores, dotado de técnicas para avaliar objetivos, prover
feedback técnico, analisar aplicação de novas abordagens a serem feitas
pelo coachee, avaliar a adaptação aos estudantes e atuar como um
facilitador do processo (JOYCE; SHOWERS, 1982, p. 2, apud
BITTENCOURT et al., 2011, p. 8).

Recomenda-se que a cultura coaching seja implementada adotando-se as seguintes


posturas (DE MATTEU, 2013, p. 102):

 Formar docentes Coaches: Consiste em oferecer aos docentes


de nível superior uma formação em Coaching ou uma formação de
Coaching para Docentes onde os mesmos possam ser instrumentalizados
das ferramentas Coaching para acelerar o processo de ensino
aprendizagem, mais que isso, tornar as aulas desafiadoras resgatando o
papel do aluno como responsável pelos resultados da sua própria vida.

 Disseminar os conceitos Coaching entre os docentes e


discentes: Atualmente um dos desafios é disseminar que Coaching pode
ser uma valiosa contribuição para sucesso pessoal e profissional dos alunos
e professores, diante do exposto é relevante destacar que o conceito de
Coaching ainda não é difundido no ensino brasileiro, logo se recomenda:
palestras, workshop e outras formas de fomentar o Coaching.
 Utilizar perguntas poderosas: Os professores podem ser
instrumentalizados para torna-se especialistas em perguntas, para que torne
aulas mais pragmáticas, mais do que entender os conceito chaves da
disciplina, o alunado precisa ser estimulado aplicar esses conhecimentos
em ambientes complexos onde demanda a mobilização de diversos
conceitos e a percepção de várias dimensões. Como isso o aprendizado
toma outro significado. Soma-se a perguntas que mobilizam o aluno a
encontrar respostas dentro de sua experiência de vida e estimulam aplicar
os conhecimentos no presente e no futuro. Suspender os julgamentos: Em
minha experiência como docentes, há mais de oito anos, percebo o quanto
é comum o pré-julgamento de alguns docentes para com alguns alunos ou
turmas inteiras. Como seria se os professores acreditassem mais no
potencial do alunado em vez de fazer julgamentos a todo o momento? Um
dos referencias fundamentais do processo do Coaching é suspender o
julgamento, pense por alguns minutos quantas vezes talvez você tenha
julgado ou sido julgado equivocadamente por algum aluno ou até mesmo
pelo professor, coordenador ou diretor da sua Instituição de Ensino
Superior – IES.

 Promover reflexões e despertar a consciência frente os


resultados de vida: Mais do que oferecer os conceitos e referencias da
disciplina o professor pode oferecer reflexões sobre a vida, e por meios das
técnicas de Coaching, promover o desenvolvimento da consciência do
alunado diante do resultado da sua vida pessoal e profissional. Imagine
como seria despertar a consciência do aluno frente à relevância da
disciplina.

 Utilização do ensaio cognitivo: Poderosa técnica onde o


alunado primeiro cria a imagem mental das suas realizações, ou seja,
ensaia mentalmente como seria alcançar determinado resultado ou fazer
alguma tarefa. “O que acontece no mundo exterior deve ocorrer
primeiramente no mundo interior, de modo que instrua seus clientes
ensaiarem mentalmente suas metas e tarefas” (O´CONNOR, LAGES,
2008). Referência que é defendido por outros autores consagrados como
GOLEMAN (2013) entre outros.
 Desenvolver inteligência emocional: Nas universidades o
ensino científico é desenvolvido com êxito, porém infelizmente as
questões emocionais geralmente ficam a margem do contexto acadêmico,
uma formação em Coaching pode alinhar para os docentes as
possibilidades e potencialidades de uma educação onde correlacione
questões emocionais e técnicas o que potencializará o processo de ensino e
aprendizagem. Essa abordagem já vem sendo utilizadas em treinamentos
corporativos com grandes resultados. É relevante destacar que de acordo
GOLEMAN (2013) a palavra emoção partilha a raiz com motivação tão
necessária para alcançar nossos objetivos. Como seriam os alunos
conectados as aulas com motivação e emoção? O autor ainda acrescenta a
imperiosa necessidade do desenvolvimento emocional para alcance dos
resultados pessoais e profissionais.

 Ser orientado para o foco e resultado: A palavra de ordem na


Coaching é alcançar os resultados, logo recomenda-se que os alunos
tenham clareza de quais são os resultados almejados e qual a relevância
desses resultados para a vida pessoal e profissional.

 Definir tarefas/ações: Reflexão sem ação não gera resultados, o


professor pode em conjunto com alunos definir tarefas e ações para
conquistar os objetivos da disciplina.

 Promover o autoconhecimento e o aprendizado: Como buscar o


melhor de cada aluno se os mesmos não se conhecem? Como um aluno
pode alcançar os resultados determinados se ele não tem autodomínio?
Automotivação? Como seria se o alunado fosse estimulado a ir se
descobrindo durante as aulas e correlacionando com os conhecimentos
ofertados em sala de aula? Atualmente as aulas estão centradas em
desenvolver novas capacidades. Como seria se adotasse uma abordagem
além que tivesse como referencias os níveis neurológicos (O`CONNOR,
SEYMOUR, 1996), trabalhando as crenças, os valores, a identidade e a
espiritualidade?

Diante das posturas expostas, o autor afirma que estas podem aproximar o
Coaching da Educação, bem como fomentar a construção de uma Cultura Coaching. Sendo
docente, está a desafiar os discentes em prol de pesquisas, fomentar o reenquadramento de
situações problemas em desafios com possibilidade de aprendizado e evolução, além de
incentivar o autoconhecimento e a explorar o potencial dos alunos com perguntas poderosas
e outras técnicas Coaching.

Novaes et al. (2009) desenvolveram pesquisa quantitativa, do tipo descritiva,


intitulada “Utilizando o coach em busca do aprimoramento das competências gerenciais e
comportamentais”, com o objetivo de quantificar e categorizar, nas competências
detectadas, quais são prioritárias para que o profissional tenha sucesso no mercado de
trabalho, sob a ótica dos profissionais que nele atuam. Após as competências mapeadas com
empresários das 100 maiores empresas elencadas pela Revista Exame, a Escola Superior de
Administração, Marketing e Comunicação – ESAMC iniciou a adoção do processo de
coaching, tendo como objetivo apoiar os alunos de seus cursos de graduação na construção
de um projeto profissional para ser bem sucedido no mercado de trabalho, auxiliando-os a
descobrir e desenvolver melhor as competências comportamentais e gerenciais. Além das
competências técnicas que norteiam a composição das grades curriculares e ementas das
disciplinas, foram fixadas as competências comportamentais e gerenciais a serem
fomentadas através do processo de coaching para atender as expectativas e necessidades do
mercado de trabalho. Concluíram que o coach é peça fundamental para atender às
expectativas do mercado de trabalho quanto ao perfil dos discentes, que são incentivados a
liberar o seu potencial e maximizar o seu desempenho, num segundo instante de utilização
do processo de coaching, e que, se as escolas de ensino superior utilizarem tal ferramenta,
poderão propor a inclusão de profissionais atuantes no mercado de trabalho para
desenvolver esse papel, permitindo uma interação desses agentes com as escolas de ensino
superior no desenvolvimento de habilidades e competências dos formandos num perfil
alinhado à realidade das organizações.

Pennisi, R.; Filho, R. R. (2011) dissertaram sobre “As ferramentas do coach no


desenvolvimento de competências específicas e outras diferenciações para a Educação
Superior”, com o intuito de registrar as competências que o profissional de sucesso deve ter
e que podem estar sendo negligenciadas pelas escolas de ensino superior. A pesquisa
quantitativa, do tipo descritiva, inferiu que para que a ferramenta coach alcance todo o seu
potencial nas escolas de ensino superior é imperioso averiguar e adequar a compatibilidade
entre a cultura inerente à própria instituição e as práticas e pressupostos do processo
coaching.
Estudo divulgado pela Stanford University School Of Education, dos Estados
Unidos e postado por Elza Nunes em seu blog, em setembro de 2011, revela que estudantes
que recebem apoio do processo de Coaching, são mais propensos a permanecer no ensino
superior até a conclusão de seus cursos e a fazer pós-graduação. Definição de objetivos e
melhor gestão de tempo, também são outros fatores diferenciais encontrados nos alunos que
receberam o Coaching como auxílio. A pesquisa teoriza que para esses jovens faltam
informações sobre como ser bem-sucedido na profissão, e de como utilizar o que
aprenderam, na prática. O Coaching foi aplicado em 8.049 estudantes, aleatoriamente
escolhidos, e de forma individualizada, para desenvolver neles uma visão clara de seus
objetivos, orientá-los a unir suas atividades diárias ás suas metas de longo prazo, apoiá-los
na construção de habilidades, incluindo gestão de tempo, defesa de interesses e efetividade
nos estudos. Os alunos auxiliados se mostraram mais propensos a persistir em suas
graduações e continuaram estimulados, mesmo um ano após terem passado pelo processo de
Coaching, do que aqueles que não passaram pelo treinamento. Graças ao Coaching, houve
um aumento entre 10 e 15% nas taxas de permanência/persistência e conclusão entre os
estudantes, num contexto onde milhares de alunos abandonam suas graduações antes
do fim, ou levam mais de seis anos para completá-las.

Outro estudo desenvolvido por Matteu (2013), caracterizado como exploratório


descritivo e reflexivo com base em referenciais bibliográficos e na experiência do autor
como Master Coach e docente do ensino superior, intitulado “A cultura coaching no
Ensino Superior”, propõe reflexões quanto à aproximação do Coaching em Instituições do
Ensino Superior com propósito de contribuir para o desenvolvimento da comunidade
acadêmica brasileira, relacionando o Coaching às demandas da educação nacional, de modo
a facilitar a construção de uma crença fortalecedora em prol da possibilidade de (re)pensar a
Educação. Inferiu que incluir a cultura Coaching no ensino superior pode proporcionar o
desenvolvimento de um processo de empoderamento no aluno, em que as aulas sejam
momentos onde os discentes aprendam a relacionar-se com mundo, com os medos,
frustrações e que possam acessar seus talentos singulares e alcançar resultados
extraordinários e, principalmente, sendo felizes.

Já Silva (2013) propôs em seu ensaio “Coaching para docência do ensino


superior: professor-coach, uma proposta” refletir sobre a mudança comportamental do
docente do Ensino Superior a partir da inserção do coaching em sua prática acadêmica e
exercício do magistério. A metodologia empreendida baseou-se na análise puramente
qualitativa dos dados, amparada na investigação conceitual, teórica e no campo das ideias de
distintos especialistas na área do coaching e na formação docente. A pesquisa, quanto ao seu
objetivo, caracterizou-se como explicativa, exploratória e propositiva; as fontes consultadas
foram basicamente bibliográficas. Concluiu a estudiosa que viabilidade de aplicação do
coaching na prática docente no Ensino Superior é plenamente possível e inovadora, embora
se saiba que grupos de docentes já trabalham numa perspectiva emocional e de
autoconhecimento. A realidade absoluta atesta que a maioria dos docentes assume posturas
positivistas quanto ao método, abordagem e discurso. O fato de o próprio docente ter que
vivenciar o coaching para si, antes de aplicá-lo como instrumento e postura de trabalho, já é
um ganho considerável. É incoerente estimular as pessoas a evoluírem enquanto indivíduos
e sujeitos traçando projetos de vida, metas e estratégias cotidianas, quando o próprio
professor carece, sobremaneira, de autoconhecimento e autorregulação.

Nas concepções de Silva (2013), o coaching aplicado à prática docente no Ensino


Superior pressupõe algumas reflexões prévias sobre o processo formativo dos sujeitos
envolvidos. A escolha pela docência no contexto das IES (Instituições de Ensino Superior)
é, por vezes, marcada por atitudes conscientes e vocacionadas, contudo, em parte
considerável desse segmento, percebe-se o caráter circunstancial da escolha e, via de regra,
condicionantes econômicos aliados às exigências produtividade no meio social.

Lange e Karawejczyk (2014), no estudo intitulado “Coaching no processo de


desenvolvimento individual e organizacional”, tiveram como objetivo norteador a
necessidade de identificar e analisar a contribuição do coaching para o indivíduo e para a
organização. Para que isso fosse possível, foi importante determinar as competências
individuais desenvolvidas a partir do coaching, compreender como ocorreram a busca e o
processo realizado, além de identificar e avaliar os resultados e as aprendizagens obtidas. De
caráter exploratório e qualitativo, a pesquisa não era um estudo de caso, pois seu objeto de
análise não eram as empresas e seus programas de coaching, mas sim a percepção dos
envolvidos, ou seja, os líderes que passaram pelo processo. Foram realizadas para esta
pesquisa nove entrevistas em profundidade. A partir da análise do conteúdo das entrevistas
realizadas, foi possível compreender quais são os principais resultados obtidos pela
aplicação do coaching em executivos, bem como as competências desenvolvidas. Os
resultados demonstraram, primeiramente, que não existe um padrão para a aplicação do
coaching, nem mesmo para o processo de busca. Independentemente de quem demande
necessidade de aprimoramento, o coaching é orientado por objetivos, necessidades e
preferências do coachee e da organização. Percebeu-se que o coaching traz resultados que
partem do autoconhecimento e do entendimento do contexto em que está inserido. A
justificativa para isso residiu-se no fato de que o processo auxilia na compreensão das
potencialidades individuais, bem como das necessidades de aprimoramento. A partir disso,
entenderam-se os motivos pelos quais surgem mudanças de comportamento e quebra de
paradigmas como resultados do processo. O indivíduo passa a entender os motivos que o
levavam a pensar ou a agir de determinada maneira, e, assim, torna-se mais fácil encontrar
recursos para modificar suas atitudes, a fim de obter resultados cada vez mais positivos. Ao
mesmo tempo em que se desenvolve a capacidade de autoconhecimento, foi possível
entender, de forma mais clara, quais são as principais forças da organização e os aspectos a
desenvolver. Foi possível visualizar com mais facilidade o panorama organizacional, o que
permite compreender quais são as principais forças da empresa, bem como os aspectos que
necessitam de maior atenção. Isso explicou, também, o aprimoramento da capacidade de
foco. A partir do entendimento situacional, encontraram-se meios para direcionar esforços e
concentração em busca de realizar as atividades que apresentam maior prioridade. Inferiu-se
que o coaching proporciona resultados sistêmicos para o indivíduo e para a organização,
significando a excelência em desempenho.

Pierre Bourdieu (1983) definiu ainda na década de 80 que a


competência científica do professor no Ensino Superior deve ser o
resultado da imbricação entre competência técnica e poder social. Este
último diz respeito ao desenvolvimento de habilidades e competências para
lidar com problemas e mediar situações de conflito na busca de uma maior
eficiência e excelência no desempenho de seu papel. Tal excelência e
eficiência estão condicionadas, em certa medida, à missão da instituição à
qual o professor está vinculado, dependendo inclusive da natureza da
instituição em que se trabalha pública ou privada e da função e do grau de
autonomia que lhes são atribuídos enquanto docente (apud SILVA, 2013,
p. 29).

Para fins de engrandecimento ao acervo de estudos sobre esta ferramenta e a sua


aplicabilidade, registra-se evolução no processo de coaching e faz-se adequado a este
projeto por propor desenvolvimento e aprimoramento de competências ao docente do ensino
superior, como coachee, ou seja, responsável por seu próprio desenvolvimento, como autor
de sua própria história. Considera-se um grande desafio desenvolver docentes da maneira
tradicional, na qual a instituição coloca-se como responsável única pelo desenvolvimento de
professores. Mais do que ninguém, o próprio docente precisa estar ciente de sua condição de
aprendiz, assim como da grande responsabilidade que tem em suas mãos (BITTENCOURT
et al., 2011).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo propôs a ferramenta coaching no desenvolvimento e


aprimoramento de competências ao docente do ensino superior, com vistas a apoiar esse
profissional a incentivar o discente a buscar, a atingir e a produzir metas nos planos
estudantil, profissional e pessoal. Como ponto norteador, foi questionado como o coaching
pode contribuir de forma eficaz na parceria entre o professor e o aluno com possibilidades
de aquele viabilizar a este o alcance da autonomia na aprendizagem e na leitura de mundo,
compreendendo a relação constante e dialética entre a teoria e a prática.

Palavras de De Matteu (2013) reforçam ainda mais que o Coaching oferece,


enormemente, grandes possibilidades de inovar o ensino superior. Ao oferecer
possibilidades para que o professor ultrapasse o papel de ensinar no processo de ensino
aprendizagem, tornando-se um Coach, um profissional capaz de realizar uma parceria com
discentes para que eles alcancem resultados cada vez maiores e que sejam além do conteúdo
da disciplina.

As pessoas ingressam no ensino superiore ávidas para alinhá-lo a grandes


oportunidades no mercado de trabalho. Acreditam que tanto a instituição quanto o seu
quadro de profissionais docentes farão diferença significativa no seu perfil profissional.

Faz-se necessária a preparação contínua dos docentes para que sejam mensageiros
de bons conteúdos, de práticas e vivências, bem como sejam referência de motivação e
fomento de saber para os discentes.

Como melhor prepara-los? Quais as competências necessárias ao desenvolvimento


do professor do Ensino Superior? Eis que nessa pesquisa, através de conceitos, revisão de
literatura e estados da arte, a ferramenta coach afirma-se por atuar como
um estimulador externo que desperta o potencial interno de outras pessoas, usando uma
combinação de flexibilidade, insight, perseverança, estratégias, ferramentas pautadas em
uma metodologia de eficácia comprovada. É um jogo estratégico que ambas as partes
ganharam, comprovadamente.

Gallwey (1996 apud GUIMARÃES et al., 2013) a essência do coaching é liberar o


potencial de uma pessoa para maximizar sua performance. Entende-se que essa prática não
pode ser apenas uma metodologia a ser seguida tipo uma receita, mas ao contrário, que
possa ser um processo contínuo de desenvolvimento, criando um ambiente de aprendizado.
Para Witmore (2006 apud FERREIRA, 2008), “coaching não é uma simples técnica a ser
transmitida e aplicada rigidamente em determinadas circunstâncias prescritas. É um modo
de gerenciar, de lidar com pessoas, de pensar e de ser”.

REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, João Paulo et al. Coaching para professores: desenvolvimento de


competências docentes na área de Administração. XI Colóquio Internacional de Gestão
Universitária na América do Sul: II Congresso Internacional IGLU. Florianópolis, 2011.
CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando Pessoas. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003.

DE MATTEU, Douglas. A cultura coaching no ensino superior. Revista RETC – Edição


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FERREIRA, M. A. A. Coaching - um estudo exploratório sobre a Percepção dos


envolvidos: Organização, Executivo e Coach. 2008. 132f. Dissertação (Mestrado).
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

GUIMARÃES, Ana Paula et al. Perspectivas e Mudanças nas instituições de Educação


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LANGE, Amanda; KARAWEJAZYK, Tamára. Coaching no processo de


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