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ALLYSON ACOMPANHA AS FLEXÕES musculares do peitoral definido,
como se hipnotizada. Sua boca está seca, e seu coração, disparado. Entre as
suas pernas, a umidade que já lhe é conhecida mancha sua calcinha. Ela já
perdeu a conta de quantos banhos tomou para tentar se livrar desse fogo,
que lhe corrói as entranhas todas as vezes que vê esse homem
extremamente sensual a se exercitar.
Há um mês Allyson deseja o executivo mais cobiçado de Miami Beach. “O
Executivo Tatuado” é frequentador assíduo da academia de seu primo.
Todas as manhãs durante a semana, Allyson acorda cedo para ir à
academia, porém não para se exercitar, pois é sedentária assumida, mas
sim para admirar o belo exemplar masculino.
Ela sempre se sentiu o patinho feio da família e resolveu mudar seu
estilo de vida. Seu primo, para incentivá-la, convidou-a a conhecer sua
academia. Contudo, o que a fez assídua frequentadora foi um anjo de
sorriso sarcástico.
Anjo com nome e sobrenome: Sean Hector McGregor.
Ele é são
conquistas umconhecidas.
executivo No
famoso, mas
entanto, muito,
no fim muitorelacionamentos,
dos seus misterioso. Suas
as
mulheres que tentam se promover a sua custa são silenciadas como num
passe de mágica. Somem da mídia.
O que é muito suspeito, diga-se de passagem.
Agindo como uma stalker, Allyson investigou tudo sobre o tatuado
com o auxílio do Google. Ela conheceu alguns detalhes da vida pessoal do
executivo, como sua idade e srcem: Sean tem 27 anos e nasceu no Arizona.
É filho de pais separados e tem duas irmãs mais novas, Ayden e Emily.
Ambas são fruto do segundo casamento de seu pai. As demais informações
que Allyson conseguiu acerca dele são relacionadas à sua vida acadêmica e
posterior comando dos Empreendimentos McGregor.
Esse mistério todo envolvendo Sean despertou ainda mais o interesse
de Ally. Ela sabe que é arriscado se meter com alguém tão poderoso, mas
ela está atraída pelo magnetismo desse homem que lhe estremece as
entranhas.
E o destino conspirara ao seu favor.
Ao passar perto do escritório de Brandon, ouvira a conversa de seu
primo com o executivo. Sean relatava ao amigo que precisava com urgência
de uma assistente. Allyson não pensara duas vezes para se candidatar à
vaga. Ela está à procura de um emprego, então uniria o útil ao agradável.
Determinada, voltara em casa, trocara-se e se dirigira à empresa do
tatuado. Sem complicações se inscrevera para participar da seleção. A
primeira etapa já havia ocorrido no dia anterior, e Allyson se saíra muito
bem. Sobraram apenas duas candidatas segundo a responsável pela
seleção, Deanne Williams. A próxima etapa seria uma entrevista feita
pessoalmente pelo senhor Sean Hector McGregor. Quem se saísse bem,
ganharia a vaga.
Allyson espera ansiosa pela entrevista, e enquanto a mesma não
acontece, ela continua sua rotina de voyeur, admirando de longe seu objeto
de desejo.
DESPERTO AO SOM DE AC/DC pirando o meu despertador.
Espreguiço-me e confiro as horas no painel digital com um sorriso
sonolento.
grande dia. ÉGrande
cedo, dia
7h da entrevista!
matina. Afasto as cobertas e me sento. Hoje é o
Desligo o despertador e vou à ducha. Após minha higiene matinal,
visto um moletom e uma camiseta confortável. Com os cabelos molhados e
descalça, caminho até minha pequena e moderna cozinha. Meu
apartamento é pequeno, mas muito aconchegante. Preparo meu expresso e
sigo para a varanda para desfrutar da paisagem matutina da Flórida. Meu
estômago não aceita muito bem comida tão cedo, então café com leite é
minha preferência. Tomo-o em goles esporádicos enquanto observo a
paisagem da baía.
A ilha está com o céu lindo, sem nuvens. Os raios de sol me dão bom
dia e aquecem a minha pele. Adoro minha cidade. Grande parte do mundo
não sabe que existem Miami e Miami Beach – essa fica numa ilha. A ilha no
século 19 era um pântano que, com muita persistência e estudo no
decorrer dos anos, passou por aterramentos e dragagens que são feitos até
hoje.
Todos os anos, toneladas e mais toneladas de areia vindas das
Bahamas e outros lugares são depositadas em toda a extensão da ilha, para
assim ser possível termos praia, como ocorre na cidade de Miami, e assim
proporcionar aos turistas o entretenimento que buscam.
Voltei a morar em Miami Beach porque tenho maravilhosas
lembranças da minha infância com meu pai. Adoro essa cidade, suas praias,
suas lindas avenidas, sua orla enorme, seus diversos bares, lojinhas, o
shopping a céu aberto. Amo! Não sou rica, porém meu pai me deixou com
uma situação financeira estável. Meu falecido pai foi um grande
administrador, e sua companhia de planos de seguro era bem lucrativa.
Quando papai se juntou a mamãe – falecida após meu parto – no céu, herdei
tudo.
Devido à crise financeira que o país enfrentou nos últimos anos e à
ganância de meus tios, fui obrigada a me desfazer de metade de meus bens.
Eu era “incentivada” a ajudar a pagar todas as minhas despesas e ainda
bancar meus tios.
Comprei meu apartamento e consegui viver em paz ao atingir a
maioridade. Não sou de luxo, então vivo tranquila com o dinheiro que
sobrou de meu pai, que rende em uma poupança, mas certo tatuado me
motivou a me candidatar à vaga de assistente executiva. Claro que as
tatuagens, seus
não têm nada bíceps,
a ver comtríceps
minha emudança
o bumbum durinhoSorrio
de atitude. do homem em questão
travessa.
Sean é o sonho de consumo de qualquer mulher entre os 12 e 100
anos! Ele é o símbolo sexual das capas de revista, um dos homens mais
cobiçados do país. Sua fama de prepotente também o precede, mas ele é
tentador demais, sensual demais para que esses boatos maldosos refreiem
meu desejo de tentar uma aproximação. Eu o quero e o terei em minha
cama. Não importa o que terei que fazer. Desde que o vi pela primeira vez,
eu não consigo parar de imaginar ser fodida por ele ou dominá-lo entre
quatro paredes ou em qualquer outro lugar.
Não me importo se for por uma noite, um momento fugaz. Necessito
sentir toda sua potência. Arranhar, marcar as costas largas e lamber cada
gomo do tórax malhado, assim como cada tatuagem daquele corpo de
Adônis. Estou me tornando uma pervertida, uma mulher com pensamentos
vulgares, mas qual mulher não se tornaria ou não teria pensamentos
pervertidos diante de um homem como Sean?
Observo o magnetismo que ele exerce sobre as mulheres na academia
todas as manhãs. Todas, sem exceção, viram-se para acompanhar sua figura
imponente, e Sean simplesmente age como se estivesse sozinho no
ambiente. Seu controle é absurdo. Estou louca para destruir sua presunção.
Para isso, espero convencê-lo a me aprovar para o cargo vago de
assistente. Não sou experiente no ramo, mas tenho sobrenome e astúcia.
Desde cedo aprendi a me virar sozinha. Meus 23 anos são bem vividos. Não
sou uma donzela em apuros que sonha com um príncipe encantado. Sou
uma mulher sensual que luta por aquilo que deseja.
Por ter perdido meus pais cedo, tive que amadurecer rápido. Aprendi
a lidar com qualquer tipo de pessoa. Sou expert em tirar sempre o melhor
delas,
Porém,independente se for aquando
sou muito persuasiva meu favor ouJánão.
quero. sofriManipuladora?
muito na minhaJamais!
curta
vida.
Viver na casa de meus tios não foi uma experiência muito agradável.
Meu pai morreu de ataque cardíaco quando eu tinha dez anos. Órfã de pai e
mãe e menor de idade, as autoridades me jogaram na casa do irmão do meu
pai, tio Michael, por ser meu único parente vivo. Michael e Evangelina se
tornaram os responsáveis legais por mim, e eles não são boas pessoas, por
assim dizer. Minhas primas Esther e Eve não ficaram muito felizes por
dividirem a atenção
maravilhosa exceção.dos paismais
O filho comigo, tampouco.
velho Brandon
de meu tio foi meu
se tornou uma melhor
grata e
amigo assim que cheguei à casa dos Ford.
Por ser muito tímida e estar muito assustada, ele sempre me defendia
das brincadeiras maldosas de suas irmãs. Na adolescência Brandon me
ensinou a me defender e deixar de ser retraída, de me sentir o patinho feio
da nova família. Por ser muito magra e desengonçada, Esther e Eve me
taxaram de “magricela feia”.
Odiava o apelido e passei a desejar mudar. Brandon foi de grande
ajuda nessa fase
sua academia é difícil
muito de transição.
bem Bran éEle
frequentada. formado em Educação
é inteligente Física,
e muito alto-e
astral, cativou-me à primeira vista. Amo-o como a um irmão. Ao sair da
casa de seus pais, ele me abraçara forte e sussurrara no meu ouvido:
Liberte-se, borboleta! Você pode tudo!
E me libertei! Dei adeus aos meus tios exploradores e suas filhas
praticantes de bullying e decidi viver minha vida. Entrei para a University o
Miami, também conhecida por Miami of Florida ou apenas The U, uma
universidade particular com o campus principal na cidade de Coral Gables,
na região metropolitana de Miami, Flórida. Concluí a universidade e
emendei o curso de MBA (Master of Business Administration), que concluí
há poucos meses. Todavia, não tenho muita experiência na área e tenho
uma missão impossível: preciso convencer o tatuado de que sou sua
melhor opção para a vaga de sua assistente pessoal, indispensável em todos
os sentidos.
Não será fácil, mas não desistirei. Afasto-me da varanda e deixo a
caneca no escorredor de inox depois de lavá-la. Paro perto de minha
secretária eletrônica e aperto o botão verde para ouvir as mensagens. Ouço
primeiro a as
incentivando minha voz
pessoas saindo seu
a deixarem estranha,
recado. mecanizada, saudando e
A voz sexy e o conteúdo da mensagem da minha melhor e única amiga,
Megan Robinson, fazem-me sorrir.
― Oi, Bitch! Fiquei com o David! ― Gritinho histérico. ― Tenho que te
contar os detalhes sórdidos! Urgentemente! Me liga!
A próxima é da secretária do Senhor-Gostoso-Executivo-McGregor,
informando o horário da entrevista.
Aviso―que
Senhorita
o SenhorJordan, sua não
McGregor entrevista com o Senhor McGregor é às
tolera atrasos. h.
Sorrio de canto. Jamais me atrasaria para ver aquele delícia.
A seguinte mensagem me faz ranger os dentes.
― Oi, querida, é a tia Eva, você se esqueceu de depositar...
Corto a mensagem no meio, não quero estragar meu dia com a voz de
taquara rachada da Evangelina. A última mensagem é de meu primo.
― Ei, delícia! Preciso falar com você urgente. Levanta essa bunda
ostosa da cama e vem malhar! Só um aviso: liga seu celular, gata, odeio
deixar mensagem nessa coisa. Te amo.
Sorrio curiosa. O que será que Brandon quer falar comigo?
Preparo-me sem demora. Visto uma leggin azul-marinho, um top
preto e uma regata rosa. Pego minha garrafinha d’água e uma mochila. São
8h, e com certeza o Senhor McGregor já está se exercitando.
Entro em meu lindo New Beetle conversível preto e saio da garagem,
pondo-me a caminho da academia. Minutos depois adentro na Body Ford.
Saúdo as em
aeróbica meninas da recepção
uma das e passo
várias salas por um de
de paredes grupo de Caminho
vidro. pessoas que
porfazem
entre
as máquinas de exercício do térreo e subo as escadas que dão acesso ao
escritório de meu primo.
Bato à porta, e Brandon logo a abre. Fecho-a ao passar.
― Oi, gato! ― saúdo, dando-lhe um selinho.
― Oi, delícia! ― responde, devolvendo-me o selinho, e se acomoda
atrás de sua mesa de escritório.
― O que deseja falar comigo com urgência? ― pergunto direta,
acomodando-me na cadeira em frente a ele.
― Sempre direta. Bem, então também serei. Mamãe voltou a te
aborrecer?
― Ela me deixou uma mensagem, mas nada demais ― minto.
― Desculpa, Ally ― diz com um suspiro. ― Vou falar com ela para te
deixar em paz.
― Você não tem culpa por ter uma mãe como Evangelina ― respondo
dando de ombros.
― Saco! Já conversei com ela sobre não te procurar para pedir
dinheiro, mas minhas palavras são inúteis ― rosna passando a mão no
rosto, frustrado.
― Não esquenta. Não sou mais a menina assustada de antes. ― Pisco
brincalhona.
― Eu sei, mas...
― É só isso? ― corto-o.
Não gosto de Brandon se desculpando pelas atitudes mesquinhas de
sua mãe.
― Sim, agora vá malhar esse traseiro ― manda, sorrindo de lado.
― É o que pretendo. ― Sorrio.
― Almoçamos juntos? ― indaga, acompanhando-me em direção à
porta.
― Claro! ― concordo prontamente.
― Vá se ferrar, Brandon!
Então dou uma desculpa esfarrapada:
― Estava analisando qual... aparelho eu poderia começar a usar essa
semana.
― Você não me engana. Você estava de olho no peitoral do McGregor.
― E se eu estivesse? ― questiono atrevida.
― Ele é perigoso ― alerta.
― Sei me cuidar ― retruco séria.
― Não duvido, mas me preocupo com você ― diz, acariciando meu
rosto.
― Agradeço, mas não deveria. Só estava apreciando a vista. ― Rio. ―
Cobiçar um homem não é a mesma coisa que desejá-lo ― respondo,
segurando sua mão.
É uma mentira deslavada, mas meu primo não precisa saber.
― Tudo bem, se você diz. Vamos almoçar? ― muda de assunto.
― Vamos!
― Antes me deixe cumprimentar o McGregor.
Observo meu primo se afastar e me escoro na porta, esperando-o
regressar. Quando retorna, saímos de braços dados em direção ao
restaurante de comida natural dentro da academia. Tenho um almoço
agradável com Brandon antes de voltar para casa.
Tomo uma ducha e retiro do closet um vestido azul, o mais
comportado que tenho. Separo um conjunto de lingerie de renda da mesma
cor do vestido e me concentro na maquiagem. Realço meus olhos, mas nada
muito chamativo, aplico blush nas maçãs do rosto também sem exagero e
demarco meus lábios com um batom nude. Prendo meu cabelo em um
sofisticado rabo de cavalo.
Com a maquiagem e o cabelo prontos, troco-me. Pego uma bolsa da
cor de meus sapatos vermelhos e as chaves do meu carro. Às 14h em ponto
estou diante da secretária do Senhor McGregor. Logicamente depois de ter
passado pelo detector de metais, ter sido revistada e ter ganhado um
crachá de visitante. Tenho a ligeira impressão de que o Senhor-Gostoso-
Executivo-Tatuado-McGregor é meio paranoico em relação à segurança.
― Boa tarde, Senhorita Jordan ― diz profissionalmente a secretária.
― Boa tarde ― respondo indiferente.
― Queira me acompanhar ― fala, levantando-se de sua mesa e me
indicando o corredor a nossa frente.
Não vou esperar nem um tiquinho? Tomar um chá de cadeira amargo
e demorado? Parece que não, minha gente! Não estou reclamando, estou
seriamente agradecida. Odeio esperar. Aliás, quem gosta?
A loira me leva a uma sala de portas de vidro escuro. Então aperta o
ponto de comunicação na orelha direita, que não percebi antes. Com tom
baixo informa:
― Senhor McGregor, a Senhorita Jordan já se encontra na empresa.
Tenho permissão para deixá-la entrar em sua sala? Sim, senhor ― responde
a loira depois de escutar a ordem do outro lado.
Sem simpatia ela volta a me olhar. Diz seca:
― Boa sorte. ― Então se retira.
Respiro fundo e empurro a porta, adentrando na sala. Nunca imaginei
nada igual. O lugar parece ter saído de dentro de uma revista especializada
em decoração de interiores. Tudo é de extremo bom gosto. E o homem
sentado na cadeira presidencial, de expressão indecifrável e vestido com
um terno impecavelmente branco, é de tirar o fôlego! Já tinha visto Sean
muitas vezes sem camisa, mas vê-lo pessoalmente dentro de um terno é
ainda mais afrodisíaco.
Não percebo que estou babando e agarrada à porta até ele erguer as
sobrancelhas de forma irônica. Merda! Fui pega! Recomponho-me
rapidamente e caminho em sua direção a passos firmes. Ele me indica a
cadeira a sua frente, e me acomodo na mesma. Os olhos perspicazes me
fitam com curiosidade. A rouquidão de sua voz faz coisas nada ortodoxas
em minha calcinha.
Eita, Jesus, que até a voz desse homem me excita! Pisco e me
concentro em suas palavras:
― Você não tem experiência na área, então o que a levou a se
candidatar ao cargo?
corro.
acordarHoje
cedooptei
é quepora algo
praiaao ar praticamente
está livre e não fui à academia.
deserta O bom de
nesse horário. As
únicas pessoas que me aborrecem neste momento são alguns paparazzi,
que não se aproximaram muito, pois sempre estou acompanhado por meus
dois fieis seguranças, Jared e Samy.
Nunca me exercito próximo à orla justamente para evitar esse tipo de
exposição, mas estou cansado de ficar enclausurado dentro de minha
mansão ou de meu escritório, estressando-me ao corrigir a incompetência
de alguns funcionários. Eu precisava espairecer depois de duas semanas
extremamente concentrado, embora não esteja obtendo sucesso.
Minha ex-assistente foi uma decepção. Depois de dois anos de serviço
impecável, descobri que, na realidade, ela estava me passando a perna,
vendendo informações privilegiadas de compra e venda de ações para um
concorrente misterioso. Logicamente providenciei que as autoridades a
prendessem e exigissem saber quem estava por trás disso.
Chris não foi de grande colaboração. Ela apenas informou que recebeu
uma enorme quantia para delatar os meus planos de negociação e que o
mentor intelectual fazia contato apenas pela internet. Os depósitos do
pagamento para ela eram feitos através de uma conta-fantasma na suíça,
sem vínculos, sem rastros.
Tudo é muito frustrante. Não estou nada satisfeito com essa nova
preocupação. Como se já não me bastassem os meus problemas pessoais. O
trabalho me serve como uma terapia de choque. Concentro-me em uma
meta e a sigo até conquistar meu objetivo. Sou muito bom nisso. Sou muito
bom também em fazer dinheiro e inimigos.
Desafetos femininos também fazem parte dessa grande lista, é claro.
Então todas as possibilidades estão sendo exploradas. No entanto, meus
dois concorrentes,
suspeitos. Ambos osDavid Smithme
executivos e odeiam
Marco Antony, estão
desde que me no topo dos
destaquei no
mercado há exatos seis anos, quando ergui do zero a McGregor
Empreendimentos.
Eles sempre me atacam em suas entrevistas e em eventos de qualquer
srcem, mas os ignoro. Seus egos estão ofuscados pela minha eficiência.
Revolucionei o mercado de ações e teria inveja de mim também, se não
fosse eu mesmo.
Sorrio de lado ao cronometrar novamente meu relógio, marcando
minha próxima atividade, uma reunião daqui a duas horas com o rei Fakhir.
Meus investimentos estão se expandindo cada vez mais, e almejo tirar
minha grande fatia nesse mercado do petróleo também. Invisto em
diversas áreas, mas o que me deixa entusiasmado são as pesquisas sobre
sustentabilidade ambiental.
Filantropo, eu? Não. Sou apenas um capitalista que gosta de coisas
modernas, mas com um propósito!
O bipe do celular preso na faixa em meu bíceps direito não me faz
parar a corrida de imediato. Sei de quem se trata. Desacelero e me
aproximo de um coqueiro. Escoro-me e pego meu celular. No visor brilha
um nome familiar. Uso meu tom neutro ao atender:
― Oi.
― Onde você está? Eu... preciso de você! ― A voz débil me faz arrepiar.
Suspiro e respondo, tentando ficar calmo:
― Estou no meio de uma corrida.
― Mas... eu... estou muito mal... ― Sua voz soa apelativa.
Encosto-me
metros da faixa demais na árvore
corrida e passo
onde eu estou. aA observar
praia estáoidêntica
oceano aa quando
poucos
nos mudamos do Arizona para a Flórida, quando eu tinha cinco anos.
Eu costumava surfar quando adolescente nesse mesmo oceano. Sorrio
ironicamente. Às vezes acho que esse tempo não existiu, que nasci velho e
amargo.
As lembranças boas da minha infância foram se perdendo de minha
memória. A única coisa de que me recordo com mais nitidez são as crises
de ciúmes de minha mãe e a dor do abandono do meu pai.
A relação entre meus pais nem sempre foi ruim ou doentia. Mamãe,
Stephanie Landon, foi uma linda e promissora modelo de passarela que se
casou com um magnata mais velho, Benjamin Henry McGregor, com as
benções dos meus falecidos avôs. O casamento de ambos foi um marco para
a sociedade americana da época, mas o amor durou pouco.
Minha mãe se sentia negligenciada pelo meu pai, que só pensava em
trabalho. Segundo ela, depois que eu nasci, ele passou a ficar mais tempo
em casa, porém também por um período muito curto de tempo.
Meu pai foi infiel várias vezes, mas minha mãe nunca havia tido a
certeza, até ver uma foto de sua indiscreta traição nos jornais. O fato
provocou seu primeiro surto psicótico. Eu tinha seis anos, acho, não lembro
direito. No entanto, jamais esquecerei que me coloquei à frente da mamãe
para que ela não ferisse papai com o cutelo. Esse episódio fez com que ela
fosse internada pela primeira vez.
Desse dia em diante, as coisas só pioraram. Meu pai realmente nos
abandonou quando eu tinha nove anos. Ele se casou novamente com
Dominique Mabel, uma médica cardiologista dez anos mais jovem. Ele
tentou me convencer a morar com sua nova família e a internar minha mãe
definitivamente em um sanatório. Recusei-me. Além de não me encaixar em
sua nova família, jamais abandonaria minha mãe.
Ela passou a tomar medicamentos controlados, e sua situação ficou
razoável. Pude permanecer com ela, mas quando Dominique engravidou
das gêmeas, Ayden e Emily, minha mãe tentou o suicídio.
Odiei meu pai com todas as minhas forças. Afastei-me dele e preferi
ter meu próprio negócio a aceitar dirigir sua empresa de marketing. Meu
pai ameaçou me deserdar, renegar-me como filho. Não me importei. Depois
de tudo com
contato o queminhas
ele fizera, eu já meNão
meias-irmãs. sentia
erasem
umapai. Tampouco
questão desejava
de filho ter
preterido;
só não me sentia parte daquele quarteto feliz, perfeito.
As visitas à casa de meu pai quando ele conseguiu a guarda
compartilhada foram as piores possíveis. Dominique me tratava bem na
presença do meu pai, mas, longe dele, ela era péssima. Eu não suportava
estar naquela casa, nem fingir que estava tudo bem, que éramos uma
grande família feliz. Não gostava do jeito afetado de Ayden, nem da forma
como Emily era intrometida. Meu pai e Dominique estragaram-nas com
mimos. Eu os
mas sabia nãodeconhecia
meu pai:osele
motivos de Dominique
tinha medo de errar para
com agir
elas de tal forma,
como errara
comigo.
Tudo porque, quando adolescente, fui um jovem fora dos padrões
ditados e exigidos por ele. Fui rebelde, sim, e não me arrependo. Eu amava
o mar e não podia mais surfar, pois meu pai me proibira de praticar o
esporte por achar que era coisa de gente desocupada. Fiz minha primeira
tatuagem aos 15 anos, uma tribal que vai do ombro ao peitoral esquerdo.
Fugi de casa para fazer a tatuagem e, com ajuda de algumas pessoas, eu
forjei uma identidade falsa. Levei uma baita surra do meu pai quando voltei
para casa, mas valeu a pena. A segunda eu fiz não muito tempo depois, uma
pena de pavão que toma conta de todo o meu pulso esquerdo interno. E não
parei mais.
Meu braço esquerdo é meu local favorito para tatuar. Ele é coberto
por algumas tribais da mesma cor da do pescoço e frases em mandarim e
hebraico as completam. As tatuagens tribais indicam soberania de um
homem contra o outro em uma luta, como considero o show business. Mas é
nas minhas costas que existe a maior delas: um grande dragão chinês em
tribal domina da parte de cima até minhas nádegas. Escolhi o quinto signo
do horóscopo chinês porque ele é ligado à energia masculina. As tatuagens
de dragão chinês têm relação com a honra, coragem, dever e nobreza.
E pondo fim aos desenhos em meu corpo, o meu peitoral e abdômen
também têm tatuagens tribais. Meu pai, muito conservador, logicamente
quando as viu enlouqueceu de fúria, mas sua opinião arbitrária e
preconceituosa não me afeta mais. Minhas tatuagens são parte de mim.
Durante muito tempo minhas meias-irmãs não se aproximaram de mim por
medo das tatuagens, o que era muito engraçado.
O preconceito
conheci Brandon, o na
meufaculdade também
único amigo, foi grande,
a única pessoa porém
que nãofoifugiu
lá que
de
minhas tatuagens. Pelo contrário, ele também tem algumas e gosta de
musculação.
O bullying não me impediu de ser o melhor. Não me impediu de ser o
grande executivo que as melhores revistas de economia do país e do
mundo fizeram questão de apontar durante esses seis anos. Sou uma
celebridade, um dos homens mais cobiçados, e gosto disso. Narcisista? Sim!
A modéstia não me cabe bem, penso irônico, perdido em meus
devaneios.
Não curto expor minha vida particular. Também não confio nas
mulheres, muito menos acredito em romance. Meus casos são ardentes,
porém breves. Nunca acordei na mesma cama que uma mulher ou me
deitei com uma por mais de uma vez. Nunca repeti amante. Nunca. Não crio
vínculos com elas. Aprecio um corpo gostoso e uma boa foda. Amor não é
para mim.
Vi de bem perto o estrago que o amor faz. Minha mãe enlouqueceu de
amor. Foi muito doloroso vê-la amar e esperar pelo meu pai por anos a fio,
depois do divórcio. Eu não desejo o mesmo fim.
Com um suspiro profundo, deixo o passado em seu lugar e chamo por
Jared. Comunico-lhe que iremos diretamente para a empresa, pois já estou
atrasado para a reunião. Ainda tenho que decidir se contrato ou não a
impetuosa Senhorita Jordan.
Ao chegar ao meu escritório, cuido de minha higiene e dou início ao
expediente. A reunião com o sheik dura três horas e é muito produtiva. O
sheik e sua tradutora se despedem, e eu sou convidado a conhecer seu
palácio. Em um momento mais tranquilo do dia, paro e analiso os perfis das
duas candidatas à vaga de minha assistente. Sorrio cínico ao ver a foto de
Allyson Jordan. Ela me despertara o interesse logo que entrara na sala,
então investiguei a vida da Senhorita Respondona. A gata brava tem
pedigree, afinal!
Allyson é filha de Kevin Jordan. O homem foi um grande empresário
no ramo de planos de seguros. Eu não havia ligado o sobrenome tão ilustre
a ela. Na realidade confesso que, quando a vi entrar em meu escritório,
perguntei-me internamente o que ela estava fazendo aqui. Com seu corpo e
seu olhar de gata arteira, ela é fascinante, de tirar o fôlego! Poderia ganhar
aexecutivo.
vida muito
Fácil,bem
fácil!sendo uma modelo ou uma esposa troféu de algum
Algo em sua postura fria e rebelde me deixara ouriçado. Suas
respostas astutas me pegaram desprevenido. Tão diferentes da gentil
Walkiria, sua concorrente à vaga. Eu a dispensei depois de sua resposta
atrevida com um sorriso cínico.
Não sei dizer, mas a sua resposta me soou como um convite, um
desafio. E eu sempre adorei desafios. Fora ou em cima de uma cama!
― Quero a Senhorita Jordan ― comunico imparcial.
― Mas... Senhor McGregor, o senhor mesmo disse que ela era...
inadequada. Inexperiente ― argumenta Deanne, estupefata pela minha
decisão. Afirmo:
― Ligue para a Senhorita Jordan. Desejo que comece amanhã mesmo.
Entendido?
― Sim... senhor ― responde ela ainda hesitante em acreditar na minha
escolha.
― Vou almoçar no bistrô de sempre. Não me importune. Desejo ter
duas horas sadias de refeição.
― Sim, senhor.
― Deixe-me sozinho.
Williams me lança um último olhar incrédulo antes de sair apressada.
Olhando a foto da senhorita Jordan, sorrio torto.
― Vamos ver até onde essa sua petulância vai, mocinha.
Em quanto tempo a terei em minha cama? Um dia, duas semanas?
Contando que a caça seja satisfatória, o tempo é relativo.
Sorrio largo.
NÃO PUDE BANCAR A VOYEUR hoje. Sean não veio treinar. Por que
será?
primoEstou
sobre curiosa. Antes
a ausência de me encontrar
do tatuado, com
mas ele não Meg,
sabe tentei sondar meu
de nada.
Sem meu incentivo diário na academia, desisti de treinar e estou
extravasando minha frustração com um bom café, algumas guloseimas e
um papo aberto com minha amiga.
Há famílias tomando o desjejum entre risos e conversas amenas. A
cafeteria está lotada. Os solteiros também estão presentes, alguns em
mesas solitárias e silenciosas, outros em cheias e ruidosas quando os
ocupantes riem de algo dito entre si.
Meg e eu fazemos parte do time de solteiros. Aceitei sua oferta de um
café grátis para me distrair da ansiedade. Faz dois dias da minha entrevista
nada convencional com meu tatuado, e até agora nada de resposta. Odeio
esperar, e essa espera em particular está me deixando estressada.
― Esse seu mau humor está demais, hein, Ally? ― exclama Meg entre
goles de seu cappuccino.
― Não começa ― rosno, mordendo um cupcake.
Pedi dois pedaços de torta de chocolate, sendo ambos com coberturas
diferentes, três cupcakes
grande, e enquanto como,, uma bomba brinca
Meg apenas de chocolate
com seue pedaço
um cafédeexpresso
torta de
abacaxi e toma um gole aqui e ali de seu café.
Sua expressão é curiosa. Ela sabe que estou frustrada.
― Esse tatuado deve ser muito gostoso mesmo. ― Ela continua me
provocando.
― Ele é um dos homens mais bonitos que eu já vi. E o mais gostoso
também ― respondo dando de ombros.
― Queria
me com muitodevê-lo.
um sorriso lado.Sabe... Ter minha própria opinião ― diz, fitando-
― Sua bitch! Nem vem cobiçar meu homem! ― volto a rosnar, agora de
boca cheia.
― Seu homem? Uau! Você já tem título de posse sobre o cara? ― Ela ri.
― Ele já sabe que tem dona?
Meg se diverte ao me provocar. Seu sorriso cínico é prova disso.
― Ainda não, mas logo, logo saberá! ― respondo depois de morder e
mastigar um bom pedaço da bomba de chocolate.
― Minha nossa! ― exclama surpresa.
― Por que o espanto? Você sabe que não vou sossegar até tê-lo em
minha cama ― digo, terminando meu café.
― Eu sei, mas ainda é estranho ver você agir de forma tão... fria ―
responde, fitando-me por cima da borda da xícara.
― Por quê? ― quero saber.
Meg faz uma pausa significativa e comenta direta:
― Ally, você pode ser uma grande bitch, mas... você é inexperiente
quando se trata de sexo.
― Posso não saber a parte prática, mas a teoria eu sei de cor e salteado
― digo maliciosa.
Nós terminamos o café e ficamos de bobeira à mesa, sem intenção
alguma de ir embora. Faço um gesto para o garçom, e ele se aproxima.
Passa a recolher os pratos e as xícaras vazias. Sorrio simpática para o
garoto de boa aparência, que fica vermelho. Ele deve ter uns vinte anos.
Meg ri quando ele derruba o talher por me ver fitá-lo ostensivamente.
Só quando ele se afasta, ela volta ao assunto anterior.
― Mas a coisa é totalmente diferente, e você sabe disso.
― Sério que você está preocupada com essa questão? ― pergunto
incrédula.
― Bem, não. Sim ― diz, dando de ombros.
― Bitch, please! Não sou inexperiente por ser virgem ― retruco
debochada.
― Não? A lógica diz outra coisa ― desafia-me, fitando-me de
sobrancelha erguida.
― Meg, você sabe que não sou nenhuma santa e que ser intacta lá não
quer dizer absolutamente nada. ― Pisco.
― Verdade ― concorda relutante.
― Me conta como foi seu encontro com o David. ― Mudo de assunto,
afinal ela quer me contar os momentos sórdidos vividos com ele.
Os olhos verdes de Meg brilham ao responder:
― Foi incrível!
― E como ele é na cama? ― pergunto curiosa, apesar de não ir muito
com as fuças do cara em questão, mas se ele a satisfizer, está mais ou
menos bem. Por enquanto.
― Ele é quente! ― diz, abanando-se.
Rio. Comento:
― Fico feliz por você!
― Mas ainda não temos nada sério. Estamos apenas nos conhecendo ―
informa meio cabisbaixa.
Está na cara que Meg está de quatro pelo playboy.
― Hum! ― resmungo. Não gosto do David. Sua fama não é boa. Meg
merece um homem de verdade.
― Agora é sua vez. Como foi sua entrevista com o seu tatuado? ― É a
vez dela de mudar o foco do assunto.
― Então
também é sua mãos à obra.
função. Reorganize os compromissos do dia. Isso agora
Boa sorte.
E sai.
Respiro fundo e olho a tal janela de vidro na estrutura da parede. Ela
fica na parte superior e está escondida por uma persiana de cor azul-
marinho. Aproximo-me curiosa e confirmo que é uma janela. Então, além
de me ver trabalhar, ele também vai me ouvir? Uau! Estou me sentindo em
um tipo de reality show.
Sorrindo, caminho em direção à mesa e me sento na cadeira
reclinável.
― Confortável... ― murmuro, balançando-me.
― Fico feliz que tenha gostado.
A voz rouca e sexy me faz arrepiar. Ergo meus olhos e me deparo com
o executivo tatuado a me encarar com uma expressão zombeteira. Ele está
apoiado à porta com os braços cruzados, os músculos dos bíceps forçando o
tecido do terno cinza impecável.
Lindo!
Gostoso!
Mas como ele entrou sem fazer ruído?, questiono-me.
― Bom dia, Senhor McGregor ― respondo, fingindo não ter me
assustado.
Ele não me responde o cumprimento. Limita-se a me devorar com os
olhos. Sinto-me queimar sob o olhar ardente Ele ainda tem a cara de pau de
lamber os lábios depois de fixar os olhos nas minhas pernas expostas pela
saia executiva. Seus olhos refazem o mesmo percurso e se fixam nos meus.
A voz impessoal pronuncia outra vez:
― A Senhorita Williams já me garantiu que já te repassou as
informações necessárias. Então mande para esse endereço um buquê de
rosas vermelhas com um cartão com essas palavras ― diz autoritário,
mostrando-me um pedaço de papel entre seus dedos.
Entendendo a deixa, ergo-me e caminho lentamente em sua direção.
Pego o papel com uma expressão neutra, mesmo sentindo uma descarga
elétrica passar por meu corpo quando nossos dedos se tocam brevemente.
Fito o rosto perfeito a minha frente e abro o bilhete, então me forço a o ler
silenciosamente na frente do meu chefe. No papel há um endereço, uma
frase sugestiva e um nome que eu já odeio.
Mas que porra é essa? Ele acha que vou enviar flores para as fodas
dele?
― Seja bem-vinda, Senhorita Jordan.
A saudação dada por Sean soa com um misto de desafio e zombaria.
Dá-me um último olhar de desafio, coloca as mãos nos bolsos e se afasta em
direção a sua sala com um sorrisinho besta no rosto.
Não respondo a sua provocação. Estou puta demais para pensar com
clareza em uma boa resposta. É evidente que ele acabou de sinalizar com
bandeira vermelha, ou melhor, com rosas vermelhas, que deseja guerra. E,
como uma mulher destemida que sou, pintarei meu rosto de escarlate e
partirei para o combate.
Em qualquer livro de história você encontra relatos de que, na guerra,
os inocentes sempre são sacrificados. Sinto, pequena Trace, mas é o que
tem para hoje. Falo sarcasticamente em voz alta:
― Quem ri por último, ri melhor, Senhor McGregor.
FITO O BILHETE POR MAIS alguns instantes, com uma ideia maléfica
fervilhando
dia em que em
meminha
fez demente. Aquele atrevido gostoso
garota-da-floricultura vaiputas.
para suas se arrepender do
Ah, se vai!
Respiro fundo e volto a minha mesa. Pego a pasta com o bendito cartão e
praticamente me jogo na cadeira e a ouço ranger em protesto.
Analiso o número que está em alto-relevo no cartão e lanço mão do
aparelho telefônico. Disco para a floricultura com um sorriso diabólico, já
imaginando a travessura que vou aprontar. Ela é perfeita!
Após o segundo toque, falo:
― Bom dia, sou a nova assistente do Senhor McGregor e gostaria de
fazer um pedido. ― Meu sorriso aumenta enquanto oriento a atendente do
outro lado da linha. ― Gostaria que no cartão estivesse a seguinte frase:
Pequena e tola Trace, mulheres frígidas e sem atrativos, como você, são a
razão para que eu as coma uma única vez. Tenha um bom dia. Sean M.
O resto do dia passa depressa e sem muitas novidades. Claro que isso
pode mudar a qualquer instante, principalmente se Sean descobrir a minha
brincadeirinha do cartão para a vadia que ele comeu ontem à noite. Ou sei
lá quando.
Por falar no diabo gostoso, nunca imaginei que ele fosse tão
provocador. Sean vai me deixar insana se continuar a me tocar, ou melhor,
a me bolinar sempre que tiver uma oportunidade. No começo achei que era
apenas coincidência por nossa aproximação, mas não é!
Todas as vezes que preciso ir a sua sala, ele encontra um jeito de me
tocar, ora em meus braços ao me passar sua agenda, ora em minhas pernas
por debaixo da mesa. Começo a desconfiar que é deliberado quando sinto
um leve roçar de lábios em minha nuca.
Porra, eu me arrepiei toda! Só não gemo alto porque estou chocada
com sua ousadia, mas isso não impede meu corpo de responder de forma
contundente ao fazer minha excitação molhar minha calcinha.
Quer dizer que o Tatuado-Executivo-Gostoso quer brincar? Então
vamos brincar! Estou de costas para ele, recolhendo as plantas de
arquitetura, então me inclino de forma a empinar meu traseiro para sua
melhor apreciação. Segura do que quero, roço minha bunda em sua calça
social.
Santa Bitch! Ele está de pau duro? Ligeiramente aturdida, engulo um
sôfrego gemido. Sinto todo o meu corpo aquecer e meu coração pronto
para sair pela boca.
Puta merda! A vontade de tocar sua carne dura deixa minhas mãos
trêmulas, tanto que quase deixo cair os papeis que levo comigo. Estou
tentando ser forte e não sei como estou conseguindo.
Ele é muita tentação! Entretanto não posso ceder fácil. Tenho que
resistir à vontade louca de sentar em sua dureza e tirar o prazer máximo
que tanto desejo.
― Calma, bitch, calma! ― recito como um mantra, mas poxa, estou tão
necessitada.
Minha pele
praticamente está escaldante.
nos atracamos na mesaSede no primeiro
reunião, dia nos
imagina de próximos
trabalho
dias? Loucura! Tremo só de pensar em sentir seu volume novamente em
minhas nádegas. Oh, Deus! Tenho que parar de pensar em devassidão,
senão entrarei em combustão. Respiro fundo e recolho os papéis do chão.
Sento-me à mesa, ainda me sentindo agitada. Queria poder me resfriar e
trocar minha calcinha urgentemente, antes de ser mais uma vez solicitada
por ele.
Uma hora depois, e quase refeita do episódio na sala de reuniões,
concentro-me no de
Perto do horário trabalho.
almoço,Sean
após não
umavoltara
batida, aminha
solicitar minha
porta presença.
é aberta. Ergo
meus olhos e suspiro frustrada diante da figura controlada de Sean.
― Pois não, Senhor McGregor? ― pergunto o mais profissional que
posso, fitando-o com uma expressão neutra.
― Preciso que me acompanhe. Durante a refeição concluiremos os
últimos arranjos para o congresso ― fala sem rodeios.
― Sim, senhor ― respondo, desligando o computador. Erguendo-me,
pego a bolsa e a pasta executiva e, sem hesitar, caminho até meu chefe.
― As damas primeiro ― diz, dando-me passagem.
― Obrigada ― agradeço enquanto o observo indiferente ao meu lado. Odeio
sua postura controlada, principalmente depois da cena na sala de reuniões.
Caramba! Deixei-o de pau duro, e ele age como se nada tivesse acontecido?
Todo imponente, distante, frio, intocável e idiota!
Paramos em frente ao elevador, que não demora a abrir as portas
depois que Sean o solicita. Sorrio de lado ao ver que Deanne está nele. Ela
me cumprimenta de forma seca e é um pouco mais atenciosa com o nosso
chefe.
Estreito os olhos e a fito mais atentamente. Deanne aparenta ter uns
trinta anos e sem dúvidas é uma mulher bonita, sensual. Noto a falta de um
anel em particular. É solteira, e pela forma devotada com que olha para
nosso chefinho gostoso, que se faz de desentendido, ela nutre um amor
platônico por ele. Está estampado em seu rosto maquiado que é apaixonada
pelo tatuado. Seus olhos brilham ao fitá-lo quase de forma sonhadora,
abobalhada. E tudo indica também que já passou por sua cama. Tadinha,
mais uma na lista das “peguei e despeguei” do Todo Poderoso Executivo
Tatuado. Sorrio cínica.
As portas do elevador se abrem no hall de entrada, e Deanne é a
primeira a sair. Dá um “até logo” ao Sean, tomando um rumo diferente do
nosso, sem se despedir de mim.
Vadia recalcada!, xingo-a mentalmente com um sorriso radiante, mas
meus pensamentos congelam ao sentir uma mão forte e quente de Sean em
minhas costas, guiando-me até uma limusine lustrosa estacionada na
entrada. O motorista, um homem calvo de meia idade e de sorriso
simpático, espera ao lado do grande veículo. Ele saúda Sean com um polido
“boa tarde”,
em tom então abre a porta. Meu chefinho responde ao cumprimento
impessoal.
O senhor também me cumprimenta. Desejo-lhe “boa tarde” e sorrio
levemente. Sean me deixa me acomodar primeiro no veículo. Não posso
reprimir meus pensamentos: o tatuado e eu em um espaço reduzido, isso
não vai prestar. E anseio por isso! Observo Sean sentar-se com graça ao
meu lado e, em seguida, tirar de seu terno o celular moderno, ignorando-
me totalmente. Bufo. Idiota.
E todo o percurso é feito desse modo: Sean pendurado ao celular,
respondendo e-mailse-mails
Dou graças quando s, e para
o veículo eu admirando o interior
e o motorista abredo
a carro,
porta. frustrada.
Como no
escritório e ao entrar no carro, Sean me deixa passar primeiro. O motorista
nos deixou em frente ao bistrô mais requintado de Miami. E eu sou mais
uma vez guiada pelas mãos de Sean até o interior do estabelecimento.
Já estive nesse lugar com meu pai inúmeras vezes. Sempre foram
ocasiões de comemoração, como por exemplo, meu aniversário de dez
anos. Último aniversário que passei com papai.
― Senhor McGregor, a mesa de sempre? ― Guillermo sonda solícito ao
entramos.
Guillermo costuma atender seus clientes pessoalmente. É sua marca
registrada, então não é surpresa vê-lo no bistrô. Ele me sorri em
reconhecimento. Sorrio de volta.
Descendente de italianos, ele ainda é bem bonito aos quarenta e
poucos anos com sua pele morena. Faz anos que não nos vemos, mas ele
não mudou nada. Os olhos verdes ainda têm o mesmo brilho de quando eu
era criança.
― Sim ― responde Sean, curto e grosso.
Se não achasse muita loucura da minha parte, poderia jurar que o
tatuado está enciumado pela forma gentil e carinhosa como Guillermo está
me tratando. Esse, sentindo o ânimo nada amistoso de Sean, trata de ser
ágil ao nos acomodar à mesa de sua preferência, servindo o vinho pedido
por Sean sem demora.
Beberico um gole com deleite, aguardando Sean escolher sua refeição.
Surpreendo-me por ele pedir algo leve. Na minha vez peço o prato
predileto de meu pai, e Guillermo me sorri de forma carinhosa. Quando
Guillermo fita Sean novamente, o executivo o fuzila com os olhos
semicerrados. Ele parece disposto a trucidar o italiano.
Assustado, o pobre homem sai praticamente correndo de perto de
nossa mesa, balbuciando torpemente que providenciará para que tudo saia
o mais rápido e impecável possível. Estou boquiaberta em minha
indignação. Quem ele pensa que é para intimidar as pessoas dessa forma?
Tomo a taça mais uma vez em minha mão.
― Está zangada porque espantei seu admirador? ― Sean indaga frio.
Seus olhos estão sagazes, questionadores.
predatório.
― Está equivocado. Ele é um homem gentil, diferente de muitos
homens por aí ― respondo impessoal enquanto o observo beber seu vinho
sem deixar de me fitar com intensa curiosidade.
Ele questiona de forma desdenhosa:
― Está me chamando de grosso, Senhorita Jordan? E seja sincera ao
me responder.
― O senhor há de convir que sua fama lhe precede. ― Tento fugir de
uma resposta direta.
― Não fuja da minha pergunta ― diz autoritário.
Fito demoradamente seus olhos frios, então respondo:
― O senhor é extremamente grosso, rude e frio.
Seu sorriso é cínico ao me prevenir:
― Cuidado com o que diz, senhorita. Ainda sou seu chefe.
― Posso dizer que devemos ter cuidado com aquilo que desejamos,
mas vou ressaltar apenas que o senhor me pediu uma resposta sincera, e
lhe dei ― respondo petulante.
― Touché! ― exclama, erguendo sua taça e me cumprimentando,
emendando seu pedido, que soa mais como uma ordem: ― Me conte como
se conheceram. Estou... curioso.
Poderia dizer que a curiosidade matou um gato e que minha vida
privada não é da sua conta, mas será interessante vê-lo se desculpar por
seu prejulgamento. Dou de ombros, fazendo pouco caso ao responder:
― Quando eu era criança, meu pai me trazia a esse bistrô. Guillermo
sempre foi atencioso conosco. Tenho boas recordações desse lugar.
― Compreendo ― fala desconfortável e sem se desculpar por ser
maldoso.
Desencano sobre o pedido de desculpas e estou curiosa. Pelo visto ele
não gosta de conversar sobre família. Por quê? Porém minhas conjecturas
são interrompidas pelo garçom, que nos serve com destreza. Nosso almoço
transcorre em meio a anotações para o congresso do próximo mês e a festa
à fantasia de amanhã. Estou entretida anotando as últimas alterações sobre
o evento quando uma voz estridente e feminina me faz perder o raciocínio
e erguer os olhos.
Uma loira em um vestido vermelho curto está parada junto à nossa
mesa. A mulher parece zangada e encara meu chefe de forma nada
amigável.
― Trace?! O que faz aqui? ― exclama Sean, fitando a mulher de forma
confusa.
Então essa é a tal Trace? Analiso a mulher a minha frente com
curiosidade. Ela é bonitinha, mas nada demais. Espera aí, gente! Se ela é a
Trace, então...
Merda!, exclamo mentalmente, sentindo-me levemente tonta, e não é
efeito do vinho.
Estou tão frita! Oh, meu Deus!
― Estava tendo um momento tranquilo até ter o desprazer de ver
você! ― diz hostil.
Ela segura a bolsa de uma grife famosa junto aos peitos enormes, que
com certeza devem ser siliconados. Sua atenção está toda no tatuado a
minha frente. A mulher parece possuída!
― Como? ― pergunta Sean, ainda ostentando a expressão confusa.
Sem mais nem menos a Trace passa mão na taça de vinho dele e joga
todo o conteúdo vermelho em seu rosto. Para maior dramatização, ainda
joga a taça no chão, deixando-a em pedaços. Arfo. Porra!
Sean nem pisca.
― Isso é pelo desaforo do cartão, seu canalha! Frígida e sem atrativos é
a mamãezinha! ― frisa furiosa.
Então sai, batendo os saltos no piso de forma ruidosa. Todos no bistrô
fitam Sean com incredulidade, inclusive eu mesma.
― Espero que a senhorita tenha uma explicação plausível, ou estará
demitida! ― Sean rosna, limpando o rosto com o guardanapo e derrubando
a cadeira ao se erguer da mesa com fúria. ― Vamos embora. Agora! ― volta
a rosnar.
Minhas Nossas Senhoras das Bitches Encrencadas, me socorram,
porque estou muito ferrada!
SEAN TEM UM CLOSET EM seu escritório, portanto não é um
problema se recompor
com problemas agora
em encarar que
meu regressamos
chefe à empresa,
e continuar mas inocente.
atuando como eu estou
Inocência não faz parte de minha natureza, assim como a paciência não faz
parte da natureza do homem possesso sentado à minha frente.
Sean me encara com os olhos inquisidores há mais de meia hora.
Depois de ser praticamente arrastada à limusine pelo meu chefinho
furioso, ele me cobrou uma resposta verdadeira. Não consegui elaborar
nada plausível. Estou fazendo o estilo Poker Face da Lady Gaga. No entanto,
manobrar Sean não é fácil. Tomo fôlego e mantenho minha cara de pau ao
afirmar:
― Tenho certeza que alguém na floricultura deve ter se enganado e
trocado os cartões.
― Você pode provar, senhorita? ― pergunta frio.
― Temo que não, senhor. A floricultura deve receber várias
encomendas, certamente não notaram a possível troca.
― Há somente uma forma de descobrirmos, não é? ― diz, erguendo de
forma sugestiva as sobrancelhas.
― E qual seria? ― pergunto desconfiada, pressentindo mais
problemas.
― Ligando para a floricultura ― responde, sorrindo cinicamente.
Pisco inocentemente e tento não desfazer minha expressão de poker
ace, mas por dentro rezo para a Nossa Senhora das Bitches em Apuros por
socorro! Pensa rápido, bitch! Pensa rápido!
Respondo placidamente:
― Não
de uma lhe sou
aventura no indiferente,
ambiente demas não estou atrás de compromisso, nem
trabalho.
Oh, Minha Nossa Senhora das Bitches Frustradas, me fortalece, porque
é desumano demais para com sua filha mais devota ouvir esse homem
gostoso admitir que me quer! Estou louca para agarrá-lo, mas devo ser
cautelosa.
Força, bitch. Foco também!, mentalizo.
― Também não estou, Senhor McGregor ― respondo, tentando manter
minha voz neutra, mas não sai da forma esperada. Merda! Sou uma
mentirosa muito ruim.
O sorriso debochado dele me confirma. Dane-se!
― Não vou me fazer de rogado se você quiser me seduzir, senhorita.
Suas palavras são ditas de forma sensual e me fazem arrepiar.
Novamente tento contornar a minha situação precária:
― O que o leva a crer que quero seduzi-lo?
― Você realmente está disposta a negar? ― Sorri de lado e prossegue:
― Típica defesa feminina, negar o óbvio.
― Como é? ― Estreito os olhos.
― Vocês mulheres são todas previsíveis ― diz ainda ostentando o
sorriso de lado. Seus olhos brilham arteiramente.
― Continuo sem entender ― respondo desafiadora.
Ele sorri abertamente, os dentes alvos e perfeitos à mostra,
encantando-me ainda mais com a perfeição de seu rosto. Como se estivesse
corrigindo uma aluna teimosa que fez a lição de casa malfeita, meu chefe
explica:
― As mulheres atiçam o homem de seu interesse e depois se fazem de
desentendidas. Fogem e esperam que ele tome a iniciativa, então quando
ele a toma, vocês recuam com medo, melindradas. Vocês são indecisas por
natureza.
― Não sou dessas. Sei muito bem o que quero ― saliento, sem desviar
meus olhos dos deles.
Um sorriso satisfeito surge em seu rosto. Acho que fiz bobagem.
Encaro-o desconfiada.
― Não é, senhorita? Então me prove! ― desafia-me.
― De que forma? ― pergunto ressabiada.
― Beije-me! ― propõe com um sorriso torto.
Seus olhos brilham de excitação.
― O quê? ― pergunto realmente sem acreditar na sua “oferta”.
― Com medo que me decepcione com seu beijo? ― debocha.
― Nem um pouco ― retruco muito segura do poder do meu taco.
― Então? Vai ficar aí, parada? ― volta a me provocar.
― Estamos em ambiente de trabalho. Não é correto ― argumento,
precavendo-me de alguma armadilha. Não confio nele. Não sou de confiar
facilmente nas pessoas.
― Certamente não é o correto, mas lhe garanto que não existirão
complicações futuras por apenas um beijo inofensivo. ― Ele verifica as
horas em seu relógio de pulso e me olha novamente. ― Além do mais, não
estamos mais em horário de trabalho. Portanto, somos apenas duas
pessoas livres, adultas, que sabem o que desejam. Esqueça a relação patrão
e funcionária. ― Sorri torto.
― Não sei se desejo beijá-lo. Não tenho interesse algum pelo senhor. ―
Faço-me de boba.
Ele gargalha.
― A senhorita me diverte bastante. Sei que ficou possessa por enviar
as flores a minha ex-amante. Pare de mentir. ― Seu tom é superior.
Convencido!
― De forma alguma! ― Negarei até a morte, mesmo sendo mentira.
― Pare de desculpas e venha aqui. Tome o que você tanto deseja ― diz
abrindo os braços.
OH. MEU. DEUS!
― O senhor está me assediando? ― Minha voz soa fingidamente
incrédula.
― Quem está assediando quem, senhorita? Você hoje praticamente
ofereceu
recatada?oDeixe
seu delicioso traseiro
disso. Venha. É só ao
ummeu
beijo.pau e agora está se fingindo de
O safado tem um ponto.
Fito-o e sorrio brejeiramente. Vamos lá, Allyson, vamos ao plano B.
Com movimentos calmos, apesar da excitação crescente, deposito a pasta e
a bolsa sobre a mesa. Sem nunca abandonar os olhos do descarado e
manipulador do meu chefe, caminho firme até ficarmos frente a frente.
Nossos olhos estão fixos um no outro. Lentamente minha mão vai a
sua nuca. Puxo seu cabelo com força e, com sua colaboração, o faço inclinar
a cabeça para baixo, pois mesmo eu estando de saltos, Sean é muitos
centímetros mais alto que eu. E curvo meu rosto em direção ao seu.
Minha boca entreaberta paira sobre a sua. O hálito masculino banha
meu rosto, fazendo-me arrepiar. Determinada em demonstrar que tenho o
controle da situação, finjo não me abalar com seu perfume de macho e o
calor que emana de seu corpo para o meu.
Por um longo tempo nos torturo com nossa proximidade
incandescente. Até que observo os olhos azuis me fitarem com intensidade
fria, confusos com a minha hesitação. Quando Sean está prestes a
questionar minha falta de atitude, o beijo forte e profundamente, pegando-
o de surpresa.
Minhas unhas se cravam em sua nuca quando sinto a força do prazer
percorrer meu corpo ao entrelaçar minha língua a dele, chupando e
degustando de sua maciez vorazmente.
O beijo é tempestuoso! Meu corpo treme ao sentir suas mãos em
minha cintura me puxando para mais perto dele. O gemido abafado que
solta ao pressionar sua ereção em minha barriga deixa minha calcinha
ainda
calças mais encharcada
e cavalgar quechão
nele no nessadamanhã. Estou
sala até me aconsumir
ponto deem
arrancar suase
seu fogo
ressurgir como uma fênix. Porém abruptamente Sean me afasta de si e me
coloca às suas costas. O que aconteceu?, pergunto-me tonta.
― Desculpe-me, senhor. Não quis atrapalhar, mas não imaginei que
algo assim estaria acontecendo ― diz uma voz feminina, que logicamente
reconheço.
O que Deanne faz por aqui a essa hora? Isso é muito suspeito.
para ―
seuCuidado com o que
conhecimento, insinua
a única ― replica
mulher que já sério.
estive Por fim declara:
disposto a comer―em
E
meu escritório é você!
Engasgo com a saliva e tusso forte, enquanto ele sorri pretensioso.
Odeio esse homem! Quando penso que estou ganhando, ele vira o jogo!
Não, não, e não! Ele não vai ganhar!
― Ficarei com minha opinião, chefinho ― retruco irônica. ― Está tarde.
Preciso ir. ― Dou-lhe as costas.
Chama-me:
― Senhorita Jordan!
Fecho os olhos e prolongo o momento de encará-lo novamente.
Quando o faço, sou atrevida:
― Algo mais?
― Logicamente. Ainda não acabamos. ― Ele é satírico. ― Com a sua
pequena travessura, você atrapalhou meus planos. Como punição terá que
me acompanhar ao baile à fantasia. Escolha algo apropriado.
Algumas
amigas vezes sua
de passarela, mãe visitou
começaram a avida
minha, pois Sasha
de modelos e mamãe
juntas. São foram
muito
próximas, embora tivessem se distanciado pelo estilo de vida de cada uma.
Mamãe largou a passarela por capricho de meu pai, enquanto Sasha
continuou na profissão, mas não fez tanto sucesso, casou-se com um
advogado, pai de Deanne, que a largou e levou metade de seu patrimônio
no processo de separação.
Conheci Deanne durante essas visitas que sua mãe fazia a minha. Com
seus 23 anos, loira e de corpo esbelto, achei-a muito bonita, mas não me
despertou
minha faltanenhum interesse
de interesse e me mais profundo.
perseguia Ela as
em todas nãovisitas,
se intimidou
até o diacom
em
que enfim lhe dei o que ela procurava, do que me arrependo amargamente.
Quando Sasha morreu, minha mãe ficou muito abalada. Seriamente
preocupado com seu estado mental, prometi ajudar Deanne a cuidar do
sepultamento e a acolhi em nossa casa, já que mãe e filha estavam falidas e
Deanne não tinha para onde ir. Ela seria uma boa companhia para mamãe.
Por meses ela foi nossa hóspede, e ficou evidente sua paixão por mim.
Eu a evitava com afinco e, não suportando mais ser um visitante em minha
própria casa, tive uma conversa séria com mamãe. Prometi que compraria
uma casa para Deanne e a contrataria se ela partisse. Mamãe não gostou da
ideia, mas a aceitou depois de muita persuasão.
Nesses quatro anos em que trabalhamos juntos, ela tem se mostrado
eficiente e principalmente confiável. Se não fosse pela paixão platônica,
Deanne seria a funcionária perfeita.
Mamãe adora ressaltar as qualidades da mulher e torce para que um
dia ela seja sua nora. Porém isso jamais irá acontecer.
me aoAfasto-me
elevadorda ejanela e recolho
poucos minha
minutos pasta.
depois Deixo minha
encontro Bones,sala,
meudirijo-
fiel
motorista, a postos me esperando. Não demoramos a chegar ao nosso
destino. Despeço-me de Bones ao deixar o veículo e percorro o caminho
paisagístico da entrada da mansão.
Norah já está à porta, à minha espera.
― Boa noite, Senhor McGregor ― deseja educadamente.
― Como ela está? ― pergunto depois de lhe responder o cumprimento
com um gesto leve de cabeça.
― Agitada e ansiosa para ver o senhor. Ela está na sala.
Passo pela enfermeira e faço uma careta de desgosto ao ver minha
mãe despenteada e com a frente de seu vestido de linho bege suja de algo
na cor azul, parecendo riscos de caneta. Ela está brincando de desenhar no
carpete da sala em frente à lareira desligada. Norah nos deixa sozinhos.
― Mãe ― chamo-a.
― Você chegou! ― exclama ela quando me ouve. Seu lindo rosto se
ilumina ao me ver. ― Você demorou tanto! ― diz, correndo em minha
direção. Abraça-me pela cintura e enterra o rosto em meu peito.
Enlaço sua cintura, e sentamos no sofá.
― Se sentindo bem? ― indago, analisando seu rosto e seus braços à
procura de alguma lesão.
Minha mãe tem a tendência a se cortar quando está ansiosa ou
nervosa. Graças a Deus está sem cortes. Ergo meu rosto para lhe dar total
atenção.
― Sim, sim! Muito bem agora. Você está aqui. ― Sua resposta é
animada.
― Tomou a medicação, mãe?
Ela faz bico e me responde malcriada:
― Tive que tomar, a chata da enfermeira me obrigou. Você tem que
“expulsar ela” daqui.
― A senhora já me pediu isso, lembra?
― E você não vai fazer nada? ― pergunta, fitando-me brava com seus
olhos azuis tão iguais aos meus.
― Vou, sim! ― confirmo para lhe agradar. Então beijo suas mãos.
― Vou conversar com a Norah e dizer que a senhora vai tomar sua
medicação sem fazer nenhuma pirraça e, por se comportar bem, vai ganhar
duas bolas de sorvete para a sobremesa. O que acha?
― Sorvete! Adoro sorvete! ― exclama sorrindo.
― Eu sei. De creme. ― Retribuo seu sorriso.
― Você vai me contar uma história antes de dormir? A minha
preferida? ― pergunta com os olhos arregalados em expectativa.
― Claro ― respondo sorrindo torto, penteando seus cabelos com os
dedos suavemente.
― Filho...
― Sim.
― Seu aniversário é essa semana, não é? Eu lembrei! Sempre lembro!
― diz toda orgulhosa, e meu peito se aperta.
Uma onda de emoção me acerta. Mesmo com toda sua limitação,
mamãe nunca se esquece de meu aniversário. Forço o nó na garganta a
descer com a saliva.
― Você vai passar seu aniversário comigo? ― ela volta a perguntar.
― Eu... ― começo a tentar me explicar, quando sua voz de choro me
paralisa.
― Por favor, filho?
― Tenho uma festa programada, mãe ― falo pausadamente. Seu rosto
se entristece. Meu coração se parte, e falo de uma vez: ― A senhora é minha
convidada de honra!
― Sou? ― pergunta com os olhos arregalados e as mãos no coração.
― Sim! ― confirmo com um leve sorriso.
― Oh! Eu vou à festa do meu filho, eu vou! ― exclama feliz.
Mamãe pula do sofá, assustando-me brevemente. Começa a cantar e
rodopiar pela sala. Sorrio por sua alegria. Só espero não ter feito nenhuma
promessa de merda.
Depois de ajudar minha mãe a se preparar para dormir, conto sua
história favorita: Alice no País das Maravilhas. Logo após ela adormecer,
tomo uma ducha e me troco. Visto algo confortável, coloco meu celular no
bolso da frente da calça jeans e vou à sala. Janto diante da lareira e, após a
refeição, aprecio meu vinho do Porto pensando em certa atrevida. Meu
aparelho celular vibra. Deixo o vinho de lado e retiro o celular do bolso.
Faço uma careta de desgosto ao ver de quem se trata.
Ele grita assim que atendo:
Minha mãe está linda em sua fantasia de Alice no País das Maravilhas.
O vestido azul com um pequeno avental branco e mangas estufadas é uma
réplica perfeita do descrito no clássico literário. Mamãe parece feliz
admirando-se no espelho.
― Norah, não desgrude dela. Deixe-a se divertir, mas evite que se deite
no chão, ou se lambuze de comida, não quero minha mãe passando vexame.
― oriento.
― Sim, senhor ― prontifica-se a enfermeira.
Aproximo-me de mamãe e seguro suas mãos. Fitando-a nos olhos,
peço:
― Mãezinha, prometa-me que vai se comportar.
― Prometo! ― responde sem hesitar, beija minhas mãos e me olha
séria.
― Tudo bem. ― Suspiro.
Beijo sua testa e me afasto.
Coloco minha máscara metade negra e metade vermelha e estou
pronto. Sinto-me engraçado de Conde Vlad. Minha mente viaja. Qual será a
fantasia da atrevida? Será uma fácil de retirar? Sorrio malicioso.
Ainda sorrindo, tomo a mão da mamãe e a coloco em meu cotovelo.
Descemos as escadas juntos, com Norah logo atrás. Uma hora atrás eu
ordenei que Bones buscasse Allyson em casa, pois ela receberá meus
convidados comigo. A festa está programada para as h.
Deixo mamãe aos cuidados de Norah e verifico se tudo está dentro do
esperado, ou seja, impecável. Gosto de requinte, e o jantar será à francesa.
O grande bolo de aniversário será a sobremesa.
Lá fora meus seguranças impedem que os paparazzi adentrem a festa
sem a devida autorização. Não quero esses vermes por aqui. Apenas uma
repórter foi convidada. Ela cobrirá a festa, afinal sou uma pessoa pública.
Repasso a playlist junto com o DJ no grande salão, quando vejo uma
miragem. Allyson adentra faceiramente, e minha ereção está firme e forte
no mesmo instante. Puta que pariu! Allyson quer me matar! Boquiaberto,
fito seu belo rosto em uma maquiagem perfeita. Seus cabelos soltos e
volumosos lhe dão um ar arrebatador, selvagem. Estou hipnotizado pelos
seus seios apertados em um corpete justo de cor vermelha com um bustiê
dourado. Ele enfatiza o volume apetitoso de seus seios naturalmente fartos
ao ponto de me fazer gemer em agonia. Há braceletes dourados em seus
pulsos. Meus olhos descem ainda mais, e rosno ao admirar suas coxas
roliças à mostra.
Acho que estou salivando. Escuto sua risadinha pretensiosa ao me ver
avaliá-la despudoramente, mas lhe dou todo crédito pelo ar convencido que
ostenta. Sua fantasia é magnífica e ousada. Ela está uma deliciosa tentação
de Mulher Maravilha! Tento me recompor, mas quase tenho uma síncope
ao vê-la se aproximar
panorâmica e rodar
de seu traseiro lentamente à minha frente, dando-me a visão
arrebitado.
― Diga-me, chefinho, estou vestida apropriadamente? ― indaga-me,
sorrindo travessa.
― Não, mas está absurda e deliciosamente aprovada por meu pau ―
respondo com voz rouca.
Ganho um ponto ao vê-la estremecer. Sorrio vitorioso.
Minha capa está sendo providencial para esconder minha ereção. Sem
desviar meus
suavidade, olhos dos
levando-a dela,braço
ao meu pegoem
sua mão com
seguida cuidadodeefitá-la.
sem deixar a beijo com
Posicionamo-nos às portas do salão. Os convidados começam a
chegar, e os recebemos com cordialidade, apesar de se mostrar uma tarefa
estressante observar os convidados masculinos se derreterem por Allyson.
E a safada faz por merecer tanta atenção, ela lhes sorri simpática, pronto,
estão vidrados. Também recebe muita atenção hostil das mulheres. Deanne
é uma delas, mas tenta passar despercebida em sua fantasia de Cleópatra.
Sorrio alegre ao ver Brandon se aproximar em sua fantasia de Super-
Man à paisana, ou seja, Clark Kent, porém sua presença se torna
imediatamente desagradável quando Allyson o recebe com um selinho e
um abraço cheio de intimidade.
Que porra é essa?
Fito meu melhor amigo com raiva, e ele me olha confuso. Alternando
meus olhos entre ambos, pergunto rudemente:
― Vocês estão juntos?
Brandon tem a coragem de sorrir largo ao responder:
― Cara, somos...
Porém Allyson rapidamente interrompe-o:
― Somos amigos com benefícios. Coisa recente, de um dia. ― Pisca.
Encaro Brandon com fúria, mas ele não percebe, pois está olhando
embasbacado em direção a Allyson.
Estou colérico com ele. Sou seu melhor amigo, e ele nunca me contou
que estava com alguém. Sei que estamos sem nos falar há alguns dias, mas
porra! Somos amigos de longa data, cacete! Não perdoo esse puto, ele está
pegando a MINHA mulher!
― Sean, eu...
― Vamos entrar, Brandon? A festa tem um ótimo serviço de buffet ―
Allyson se intromete mais uma vez, praticamente empurrando meu ex-
melhor amigo para dentro do salão. Brandon se deixa levar mesmo
parecendo receoso.
Antes que ela possa escapar com ele, seguro-a pelo cotovelo.
― Logo estarei com você ― fala ela para Brandon, que dá de ombros e
segue caminho.
Ranjo os dentes. Esse filho da puta me paga!
― Você está com ele? ― indago possesso.
Sorrindo de lado, ela me responde:
― Não ouviu antes? Estamos em uma de amigos com benefícios.
O ciúme me faz rude, e seguro com mais força seu cotovelo. Ela não
reclama.
― Por quê? ― volto a indagar.
― Como por quê? ― pergunta, fitando-me insolente. Petulante,
prossegue: ― Sei que não gosta da fruta, mas caramba, olha para ele! ―
Aponta em direção a Brandon, que beberica de uma taça de espumante. ―
Ele é uma delícia! ― ela exclama maliciosamente.
Rosno com ciúme.
Sorrindo e com voz falsamente doce, ela alerta:
― Chefinho, melhor voltarmos a dar atenção aos convidados. ― Inclina
a cabeça em direção ao casal que acaba de chegar.
Lanço-lhe um olhar cheio de promessas de que essa conversa está
longe de concluída, então me movo mecanicamente para recepcionar o
casal referido. Guardo a fúria dentro de mim para expô-la em uma ocasião
mais propícia.
Quando todos os convidados já estão curtindo a festa, nos
misturamos. O jantar é servido no horário estipulado, e observo Allyson ser
agradável demais com Brandon.
A festa não está acontecendo como planejei, e me sinto frustrado. No
entanto disfarço para minha mãe, que está se comportando como uma lady
sentada ao meu lado. Tento saborear o risoto de camarão, mas meus olhos
não se desviam de Allyson. Sorrio pretencioso. Uma maldita ideia martela
em minha mente. Ela é insana, mas viável. Logo depois dos parabéns,
colocá-la-ei em prática. Que Brandon se dane, mas preciso ter essa mulher,
ou ficarei louco!
Uma hora após o jantar, os convidados se juntam para cantar os
parabéns. O enorme bolo é colocado à minha frente. Cantamos
animadamente os parabéns e apago as velas.
O tempo todo estou de olho em Allyson. Ela também está de olho em
mim. Instigando-me, lança um beijo em minha direção. Através da pouca
distância, posso ler seus lábios perfeitamente quando os move:
― Parabéns, chefinho.
Provocadora, sua hora vai chegar!
Dou atenção aos convidados que me felicitam e recebo os parabéns de
minha mãe com um forte abraço. Logo depois os fogos de artifícios
explodem quando começa a apresentação pirotécnica nos jardins. Todos os
convidados se dirigem para acompanhar o espetáculo. Sorrio. Ótimo! É a
hora perfeita, maquino.
Caminho devagar por entre os convidados, procurando minha presa.
Sem dificuldade encontro-a ao lado de Brandon, admirando a queima de
fogos. Aproximo-me furtiva e rapidamente dela e a afasto de Brandon.
Allyson não tem tempo de esboçar qualquer reação, pois silencio sua
boca com a mão. Ela tampouco esperneia ou se assusta com a minha
atitude, o que facilita minha ação. Sem demora a prendo em meus braços e
a levo em direção às escadas para o segundo andar, em direção ao meu
quarto.
NUNCA PENSEI QUE SER SEQUESTRADA seria tão excitante! Não sou
nenhuma louca que sofre de Síndrome de Estocolmo, é que meu
sequestrador é meu chefe tatuado delícia, que vem me torturando a
calcinha há um tempo, então não é ruim ser levada por ele. Muito pelo
contrário.
Não nego que o aticei além do limite, mas precisava atingi-lo de uma
vez por todas. Sei que vou arcar com as consequências e estou longe de
fugir do meu destino. Ou melhor, do tatuado gostoso. Não hoje, pelo menos.
Então não esbocei nenhuma reação quando ele me abordou de forma
furtiva. Acho até que o surpreendi agindo passivamente ao seu sequestro.
Se ele quer uma conversa em particular, eu lhe concederei tal honraria
de muito bom grado. Se bem que eu espero muito mais que uma mera
conversa. Sorrio de lado ao ser levada por ele em direção às escadas. Suas
mãos são firmes em minha cintura e boca, não me dando chance de
escapatória.
Tolinho, e quem é que quer escapar? Eu mesma não!, penso cínica.
Entretanto Sean não sabe, então jogarei um pouco mais. Os fogos
explodem lá fora enquanto ele, sem dificuldade, arrasta-me pelo amplo
corredor. Não
rapidamente meme
puxasolta para poder
para dentro fechar
do quarto a porta maciça, quando
escuro.
A luz é acionada por sua voz potente, e pisco diante da claridade
repentina. Foco meus olhos em sua figura, acostumando-me com a
claridade, então observo o ambiente ao nosso redor. Lugar bem legal,
luxuoso e másculo, igualmente ao seu dono.
― Terminou a inspeção? ― indaga frio.
― Seu quarto é legal, quem o decorou? ― pergunto com verdadeira
curiosidade.
― Não sei. Não me interessa ― responde seco.
― Okay... ― murmuro, entendendo o recado. “Nada de perguntas de
distração”.
Ele está a poucos passos de mim, encostado à porta. Fita-me com os
olhos semicerrados. Parece muito, muito puto.
― Sempre sequestra seus convidados? ― insinuo, na tentativa de
desanuviar o ambiente, e seus olhos brilham com algo que não posso
identificar, mas que me faz arrepiar dos pés à cabeça.
Sean retira sua máscara e a joga no chão. Coloca as mãos nos bolsos, e
meus olhos correm em direção ao visível volume de sua ereção na calça
justa. Outro arrepio me acomete. Ele está lindo de morrer. Ele é lindo de
morrer sempre. Parece um deus vampiro em sua fantasia.
Oh, Nossa Senhora das Bitches Excitadas! Lá vou eu molhar minha
calcinha.
Sua voz é cortante:
― Não gosto de hipocrisia, Senhorita Jordan.
Finjo não perceber seu tom acusatório e falo:
― Desculpe, mas não sei a que hipocrisia se refere.
Sorrio de forma cínica.
― Acha mesmo que pode me dobrar? Que pode manipular-me com
essa sua faceta falsa de inocência? ― pergunta prepotente.
Seus olhos estão crispados em mim, não deixando nenhuma de
minhas reações passar despercebida.
Não posso entregar meu jogo, não tão fácil. Trato de responder com
falsa doçura:
― Não sei do que chefinho está falando.
― É claro que sabe! ― Ele ri irônico e caminha em minha direção.
Tremo, mas fico quieta quando ele toca meu queixo e me obriga a fitá-
lo diretamente nos olhos. Sua voz é profunda ao confessar:
― Estou farto de jogos, Allyson.
Seu polegar roça em meu lábio inferior com lentidão. Sinto sua outra
mão em minha cintura, puxando-me para ele. Sei o que está tramando e
rezo em silêncio para que ele me beije de uma vez. Estou morrendo para
sentir seu gosto novamente, mas ainda tenho um papel a desempenhar.
― Atreva-se a me tocar, e eu juro que o farei se arrepender! ― ameaço
falsamente, meu coração batendo louco.
Ele suspira exasperado e me segura pelos ombros. Tem um ar febril,
selvagem. Sua voz soa rouca ao me acusar:
― hora
que na Fingida! ― Seu sorriso
de silenciar torto
essa boca é sedutor ao completar: ― Está mais
mentirosa.
No instante seguinte ferozmente os lábios masculinos se apossam dos
meus. Estremeço, mas não correspondo a sua paixão de início. Quero me
render, porém me faço de forte e tento não o beijar de volta.
― Pare de brincar, sei que você também quer! ― diz áspero, forçando-
me a correspondê-lo.
Ele está certo, bitch, chega de brincadeiras. Agarra logo esse homem!
Então
inferior, o ataco. Sugo
arrancando a pontadele.
um gemido de sua língua
Minhas e mordisco
mãos passeiam seu
pelolábio
seu
cabelo liso e levemente comprido e param em sua nuca. Aperto-a com
força, aprofundando o beijo.
De repente não sinto o chão debaixo de meus pés. Minha barriga se
agita com o crescente frisson de desejo que se alastra por meu corpo
quando sou deitada em lençóis de seda. Sinto o peso do corpo de Sean
sobre o meu, e suas mãos fortes me apertam contra ele, moldando nossas
formas, enquanto o beijo fica ainda mais intenso, as línguas se
entrelaçando. Posso sentir sua ereção acomodada perfeitamente entre
minhas pernas.
Não sei dizer como e onde foram parar as peças da parte de cima de
minha fantasia. Sou um nervo pulsante de desejo, que geme coisas sem
nexo enquanto a boca masculina degusta dos meus peitos. Sean solta
grunhidos selvagens ao me sugar os seios. Arqueio-me em direção à boca
quente. Ele morde o bico de um de meus peitos e brinca com o outro,
beliscando-o com força, pressionando meu corpo contra sua ereção.
Eu sempre soube que, quando ele me tocasse, eu pegaria fogo, porém
não esperava
músculos entreme derreter
minhas mãos,dessa forma.
lamber Eu quero
o tórax definidotocá-lo,
e todassentir os
aquelas
malditas tatuagens que não saem da minha cabeça.
É com alívio que sinto seus músculos nus disponíveis a meu toque
quando ele se livra da capa e da camisa, agilmente retornando para mim.
Aperto os bíceps com força avaliativa. Marco as costas largas com minhas
unhas e lambo as tatuagens em seu pescoço com loucura. Seus músculos
não exagerados me levam ao êxtase da paixão. Ele é gostoso demais!
A mão máscula trabalha em sua braguilha sem deixar de me tocar.
Com a mão livre, ele toca meu sexo por entre o tecido da malha de minha
fantasia e da minha fina calcinha. Vejo estrelas.
Estou louca para prová-lo, sentir o gosto de seu sexo em minha língua,
mas viro uma refém de sua experiência sexual.
― Diabos, como está molhada, Allyson! ― ele rosna. ― Mesmo assim,
sentirá muita dor quando eu enterrar meu pau até o talo em você! ― diz
malicioso, masturbando-me com seus longos dedos.
Gemo longamente diante a invasão deliciosa e suas palavras sujas.
Então
merda!um estalo
Tenho em que
mesmo minha mente
dizer mevirgem?
que sou lembra de algo importante. Oh,
― Preciso te confessar... ― tento dizer, mas ele me corta.
― Não quero saber quantos amigos com benefícios você tem ou já
teve! Quero você, você me quer, e isso para mim é o bastante, porém
quando eu te tocar, você é minha!
― Mas... Eu...
Sou interrompida mais uma vez pela voz autoritária:
porta.Sean, percebendo
É assim quetodo
que escuto estáome expondo,
tenso sai do quarto, mas não fecha a
diálogo:
― Senhor... É... S-seu pai está causando a maior agitação, nós não
sabemos como contê-lo sem machucá-lo ― o homem gagueja.
― O que ele fez? Que gritos foram esses? ― pergunta Sean com voz
rude.
― Sua mãe, senhor. Ela o viu e o atacou ― informa o segurança.
― Diabos! Onde ela está? ― A voz de Sean soa preocupada.
― Não sabemos, senhor. Norah está desesperada, procurando-a.
Sean grita possesso:
― Como não sabem?
― Nós... procuramos por toda a casa e... não a encontramos.
― Bando de incompetentes!
― O que... faremos? O... Senhor Benjamin disse que não vai embora
sem antes falar com o senhor.
― Não percam tempo com aquele verme! A prioridade é minha mãe!
Voltem a procurar por ela imediatamente! Se algo acontecer a ela, eu mato
todos vocês!
― Sim... senhor.
Sean volta ao quarto parecendo um furacão. Ele veste a camisa sem
me dirigir um único olhar e parece transtornado. Mexo-me desconfortável
na cama, estou incrédula diante dos acontecimentos. Acho que fiz algum
som, pois ele me fita seriamente. Sean vinca a testa e fica a me olhar
confuso. Parece em dilema. Entendendo a situação, ergo-me pronta para
vestir minhas roupas e cair fora.
― Então vou indo ― digo, passando por ele para recolher minha
fantasia, que está espalhada por todo o quarto.
― Espere! ― Ele me impede de fazer o que pretendo me segurando o
braço.
― Esperar o quê? ― pergunto séria.
― Nós precisamos conversar ― ele diz em tom grave.
encolhida ao meio-fio.
outras a olham, mas nãoAlgumas pessoas
se atrevem a sepassam por ela
aproximar. Seue vestido
fingem não
está vê-la,
sujo,
mas é de boa qualidade. Olho-a desconfiada. Será uma fantasia? Não faço a
menor ideia. Suas mãos estão sujas também, e seu rosto, banhado em
lágrimas. Ela murmura coisas sem nexo e parece perdida. Analiso-a bem.
Ela tem um ar inofensivo, até mesmo puro. Tomo coragem e me aproximo
com cuidado. Agacho-me com movimentos calmos a sua frente. Ela se
afasta.
― Sai! Sai de perto de mim!
Estou me depois
Sean está divertindo à beça,
da briga porém
feia com também
o pai preocupada
e do susto de quasecom ele.aComo
perder mãe?
Queria perguntar para ele como se sente – com certeza um desastre –, mas
não devo me meter aonde não sou chamada. Não sou sua amiga.
Olho várias vezes em direção ao telefone em uma mesinha perto de
mim. Talvez devesse ligar para meu primo. Brandon e Sean são melhores
amigos. Quem sabe se ele desabafar se sentirá melhor?
A voz de Steph me tira dos meus pensamentos.
― Você vai dormir com meu filho.
― Como é? ― pergunto aturdida, meus olhos vagando entre o rosto de
Sean e o dela.
― Vocês estão juntos; dormem juntos ― ela diz, fitando-me sorridente.
Que lógica perfeita!, penso, engolindo em seco ao ver um sorriso
pretensioso surgir na face de Sean.
― A senhora está certa ― anui ele, encarando-me.
― Eu sei! ― Steph concorda feliz.
― Acho melhor eu dormir em um quarto de hóspedes. ― Fito Sean
com uma sobrancelha arqueada em desafio. ― Tem um quarto de hóspedes,
não é, chefinho?
― Logicamente, mas não vou contrariar a minha mãe. Sou um bom
filho. ― responde com um sorriso zombeteiro.
Ele realmente é um bom filho. Ele é um tremendo oportunista filho da
mãe!
― Sean é um bom filho ― ressalta Steph, sorrindo agora para ele.
Tadinha, nem suspeita que esteja ajudando o safado do filho a me
encurralar. Não que eu ache ruim ficar a sós com meu adorável chefinho,
mas estranhamente estou ciente de que dessa vez não tenho escapatória.
Ops! Quero escapar? Lógico que não! Quero desesperadamente esse
homem. É a realidade nua e crua. Só tem um pequeno probleminha. Minha
virgindade. Tenho certeza de que ele não vai reagir bem quando descobri-
la. Suspiro e tento persuadir Steph.
― A senhora bem que podia dizer para o seu bom filho ali que eu
posso muito bem dormir em um dos quartos de hóspedes.
― Não! Você vai dormir com ele! ― ela diz, alterando-se.
Santo Deus!, exclamo em mente. Um murmúrio de conformismo sai
por entre meus lábios:
― OK.
Depois do chocolate e sem a ajuda de Sean, levo Steph até seu quarto.
Ela escova os dentes e se deita. Pede-me para eu ler e me aconselha a
escolher o clássico Chapeuzinho Vermelho. Sorrio de canto, pois me sinto a
própria Chapeuzinho, prestes a ser devorada pelo Lobo Mau e Tatuado. E
que Lobo Mau!, penso maliciosa. Controle-se, sua pervertida!
Concentro-me em ler e, antes de concluir a leitura, Steph já está no
mundo dos sonhos. Fecho o livro e o coloco no criado-mudo. Ergo-me
lentamente para não acordá-la. Estou saindo em direção ao corredor,
quando sinto uma mão forte me segurar pela cintura.
― Agora é minha vez de ser cuidadoso com você ― a voz de veludo
sussurra ao meu ouvido. Arrepio-me.
― O chefinho está carente? ― provoco.
― Muitíssimo!
pescoço, deixando-me―excitada.
responde,
Seanroçando a barba
me aperta por
o corpo, fazer emsentir
fazendo-me meu
sua ereção em minhas costas. A voz profunda soa abafada enquanto ele
alterna beijos suaves em meu pescoço:
― Há alguém que necessita muito da sua atenção. Na verdade, ele está
reclamando sua atenção desde que a conheceu.
Oh, bitch, morri e fui ao paraíso!
Sou levada por ele até seu quarto. Sean fecha a porta, trancando-nos, e
sem cerimônia toma-me em seus braços. Correspondo ao seu beijo sem
truques dessa vez, apenas sentindo o prazer de me deixar levar, porém
meus pensamentos estão em conflito.
Devo dizer que sou virgem? Mas cadê a coragem? Além do mais, quero
muito estar com ele. Trabalhei muito para chegar a esse momento e não
posso estragar tudo revelando que sou virgem, mas também devo deixar
algumas coisas em pratos limpos. Ele tem que saber que teremos uma
transa fabulosa, mas que nada mudará entre nós. Nada mesmo.
― Preciso deixar algo claro, chefinho ― começo, tentando me afastar
dele.
― Agora? ― indaga, mordendo meu lábio inferior, lambendo-o em
seguida. Arfo, mas consigo responder:
― Tem que ser agora
― Que mulher mais escorregadia ― diz, desabotoando a minha camisa
e a deixando cair aos nossos pés. As mãos ágeis me distraem um pouco; no
entanto, logo volto a dizer:
― Escute-me, quero deixar bem claro minhas condições.
sutiã,―manipulando
Condições? ―os
pergunta, acariciando
bicos duros meus peitos,Tremo
com experiência. já que excitada
estou seme
murmuro:
― Sim.
― Mais jogos, Allyson? ― volta a perguntar, porém sem deixar de tocar
meu corpo. Suas mãos agora brincam com o elástico de meu short.
Em um só fôlego, eu digo:
― Quero que saiba que estou a caminho de sua cama, mas nada muda.
Ele me encara com a testa franzida.
― Não estou te acompanhando, Allyson.
Suspiro, sentindo meus seios serem apertados sensualmente por ele.
Tento ser o mais sincera possível.
― Nossa relação em nada mudará. Nada do papo de mais cedo de, tipo,
eu ser somente sua.
Ele me encara firme e indaga:
― Você está me propondo uma transa despreocupada?
― Exatamente isso ― respondo prontamente, louca para me render às
sensações que seus dedos longos me provocam.
― Compreendo ― diz em voz baixa. Seus olhos brilham com
intensidade.
― É pegar ou largar ― intimo, meu fôlego curto me traindo. Estou
ansiosa pela sua resposta, meu coração está na boca.
― Esplêndido! ― exclama ele com um sorriso torto.
― Está equivocada!
― Não, não estou. E, falando sério, também não entendo o porquê da
reação exagerada.
― Cacete, mulher! Você é muito descarada! ― Fito-a incrédulo e
prossigo: ― Quando você vai parar de jogar?
― Não estou jogando! ― Ela se faz de desentendida.
Ela pensa que me embroma com sua cara de santinha do pau oco que
sempre estampa quando mente.
― Pare de mentir! ― exijo friamente.
― Não estou jogando. Agora, pelo menos, não estou ― confessa,
desviando os olhos dos meus.
Não quero perder nosso contato visual em momento algum, então eu
coloco meu joelho na cama e seguro seu queixo, cuidadosamente fazendo-a
fixar seus olhos nos meus novamente. Então mando:
― Diga-me a verdade uma única vez, Allyson. Confesse que arquitetou
me deixar tão louco a ponto de esquecer até da porra da camisinha!
― Hum, bem... Eu... ― ela gagueja. Cala-se e então fala: ― Tenho um
ciclo muito doloroso, então tomo pílula. E estou limpa. Sossegue. ― Dá de
ombros.
― Pelo menos é sensata com algo. ― Meu tom é frio.
Por que me sinto desapontado com a informação?
― Vá à merda! ― xinga-me.
― Que boquinha mais suja ― repreendo debochado, e em mesmo tom
indago: ― Qual ligação você tem com David Smith e Marco Antony?
Ela me fita confusa antes de responder:
― Nunca ouvi falar em Antony sei lá das quantas! ― Bufa. ― Conheço um
David Smith, ele é o “ficante” da minha melhor amiga. ― Ela pisca e,
indignada, pergunta: ― Mas por que raios você está me perguntando isso?
― A curiosidade impregna suas palavras ao acrescentar: ― O que isso tem a
ver com o que aconteceu com a gente?
Então afasta minha mão com um safanão.
tomar―oVamos dar um
último gole passeio
de seu café. de moto ― Sean lhe responde depois de
― Posso ir junto? ― pergunta Steph, seus olhos brilhando.
― Não dessa vez ― diz Sean.
― Mas eu quero ir! ― faz birra, fitando-o com os olhos tristes.
― Se bem recordo, a senhora não detesta moto?
― Verdade! ― concorda, tocando a cabeça.
Rio.
― Prometo levá-la para almoçar naquele bistrô ao qual prometi levá-la
no mês passado ― ele revela seus planos enquanto lhe acaricia o rosto.
Assisto ao diálogo entre mãe e filho com atenção. São muito fofos
juntos. A forma como meu tatuado trata a mãe é tão linda. Ele é
pretensioso, controlador e provocador, mas tem uma ternura no coração
que me surpreende.
― Vou a esse almoço se a Ally também for ― propõe Steph, sorrindo
para mim. Devolvo o sorriso sem hesitar.
― Allyson também está convidada ― ele acata a exigência da mãe,
olhando-me de lado.
― Oba! ― exclama Steph batendo palmas.
Depois de satisfeitos, erguemo-nos da mesa, Steph ao meu lado,
segurando minha mão. Caminhamos em direção a casa. Sean está atrás de
nós duas, observando-nos. Então Steph tem que ir com a sua enfermeira
para tomar sua medicação. Não faz nenhuma objeção, depois que prometi
visitá-la em breve.
Quando ela se afasta, sinto as mãos de Sean em meus ombros em uma
massagem. Murmura ao meu ouvido:
― Como se sente?
― Estou muito bem, só um pouco desconfortável lá. Minhas pernas
doem um pouco também ― comunico, sentindo meu rosto queimar.
Que merda está acontecendo comigo? Corar feito uma boba toda vez
que Sean me pergunta algo íntimo é constrangedor!
― Não meus
massageando quer pontos
tomardeum analgésico?
tensão ― indaga solicito, ainda
com maestria.
Ronrono a minha resposta:
― Seria ótimo. ― E no mesmo tom digo: ― Adoro suas mãos em mim,
chefinho.
― Adoro ter minhas mãos em você, Senhorita Jordan ― diz com voz
profunda. ― Vou providenciar seu analgésico, não quero que sinta dor
quando eu a tocar mais tarde. ― Para enfatizar suas palavras, beija meu
pescoço, roçando a barba por fazer de forma sensual. Arrepio-me.
― Espere aqui, vou arranjar o que você precisa ― prontifica-se,
beijando meus cabelos ao se afastar.
Solto um gemido de protesto quando a massagem é interrompida. Ele
ri, pretensioso, e manda por cima dos ombros largos:
― Peça para o Bones te levar até a garagem. Você vai encontrar minha
coleção de motos lá.
― Só se for agora! ― exclamo animada, mas logo perco o embalo e digo
com um bico: ― Mas queria que você me mostrasse.
Sem olhar para trás ou deixar de caminhar em direção à mansão, ele
responde malicioso:
― Desfaça esse bico, Allyson. Pretendo tirar proveito de sua tara por
motos, não se preocupe.
Solto um risinho baixo. Como ele sabe que fiz bico? Esse homem está
me conhecendo bem demais. Caminho em direção à varanda, procuro pelo
motorista pelo amplo jardim e o encontro perto da limusine. Ele segura o
quepe com sua mão enluvada e tem os olhos fixos no céu. Em seus ouvidos
um par de fones
Aproximo-me brancos é visível; ele está entretido ouvindo música.
e aceno.
― Bom dia! ― saúdo quando ele retira os fones.
― Bom dia, Senhorita Jordan ― saúda-me de volta com um sorriso
simpático.
― Pode me levar até a garagem?
― Sim, senhorita. Por aqui. ― Indica-me um caminho arborizado ao
longo da varanda. Sigo com ele, admirando a imensidão da casa. É tão
grande que tenho até medo de me perder.
― Acho que disse ontem que você pode me chamar de Ally ― lembro-
lhe, caminhando ao seu lado.
― Continuo achando que não é apropriado, senhorita ― responde com
a mesma resposta de ontem à noite, quando foi me buscar em casa.
Ele é muito respeitador e parece realmente obedecer às regras que o
chefinho impõe. Pergunto:
― Por quê?
Ele ri.
― Que bom que gostou, pois vamos ficar o resto do fim de semana
aqui.
― Não brinca?! ― exclamo, adorando a ideia.
― Vamos almoçar com minha mãe e logo em seguida retornamos para
cá ― informa com um sorrisinho maroto.
― Mas a Steph vai ficar sozinha? ― questiono preocupada.
― Apesar de parecer incompetente, a Norah cuida muito bem da
minha mãe ― diz ele sério. ― Além do mais, ela concordou com o arranjo ―
revela, sorrindo torto.
― Steph concordou? ― indago confusa. ― Mas quando foi isso?
― Expliquei que precisava de um tempo a sós com a minha namorada
quando fui buscar seu analgésico, e ela me deu sua permissão ― confessa
sorrindo, sem deixar de me guiar em direção à mansão.
― Seus conspiradores ― acuso, mas não posso deixar de sorrir.
Ele sorri torto:
― Venha, quero te mostrar a suíte. Sei que gostará.
― Não duvido, chefinho ― respondo, sorrindo travessa.
Adentramos a casa, e mais uma vez fico bestificada com a beleza dela.
O piso de madeira cor de caramelo brilha impecavelmente, os moveis são
modernos, porém dentro do tema praia. O sofá branco tem os braços em
bambu, mas Sean não me deixa admirar por muito tempo a decoração da
sala de estar, ele me faz subir as escadas de corrimão de ferro, levando-me
para o andar de cima, em direção a um corredor. Conduzida por ele,
paramos em frente à porta do último dos cinco quartos existentes.
Ele destrava a porta e me puxa para dentro do quarto. Arfo diante da
visão privilegiada do mar que se projeta das amplas portas de vidro do
outro lado da parede do quarto.
― Que perfeição! ― exclamo maravilhada.
Sean põe-se atrás de mim e me abraça, sua voz sedutora confidencia
ao meu ouvido:
― Não consegui parar de me imaginar fazendo amor com você nesse
paraíso.
― Ah! ― gemo com a ideia.
Sem hesitações, Sean me vira em seus braços e me beija vorazmente,
mas sem pressa alguma. Ele me ergue, levando-me à cama. Retira minha
jaqueta e camiseta agilmente, voltando a me beijar.
Minhas mãos retiram as suas peças de roupa sem muita agilidade, mas
com eficácia. Espalhamos nossas roupas pelo chão do quarto, loucos para
sentirmos nossas peles sem obstáculos. Logo estamos rolando nus entre os
lençóis de seda, movendo-nos em um ritmo rápido, intenso. As investidas
de Sean são profundas e fortes, e mesmo ainda dolorida, arqueio-me,
pedindo mais. Arranho as costas largas, gemendo seu nome.
Sean rosna e murmura coisas sem nexo. A boca safada devora a minha
quando gozamos juntos. Sean afaga minhas costas enquanto me aninho
contra seu corpo forte, meu dedo indicador traçando a tatuagem em seu
abdômen sarado.
― Posso te fazer uma pergunta? ― indago, erguendo minha cabeça e
fitando os olhos azuis ainda vidrados pelo prazer recente.
Ele faz uma careta, mas não me impede de tocá-lo. Bom sinal. Acho.
― Vocês precisam colocar gelo nesses machucados, ou vão ficar
horríveis ― falo, tentando soar prática. Fito Sean nos olhos. ― Dê-me a
chance de explicar, por favor.
Ele me devolve o olhar e, com voz fria, concorda:
― Tudo bem.
― Vem, Brandon ― chamo-o de costas, ao mesmo tempo em que
seguro Sean pela mão boa e o levo comigo em direção ao edifício.
Meu primo solta uma imprecação, mas nos acompanha.
Jogo uma bolsa de gelo em direção ao meu primo, que a pega no ar. Ele
volta a se sentar em meu sofá, colocando a bolsa em seu maxilar. Caminho
até a geladeira e, do freezer, retiro outra bolsa de gelo. Distendo-me muito
fácil durante o treino, então bolsas de gelo não faltam em meu congelador.
Fecho o freezer e vou em direção à cadeira onde Sean está sentado na
ilha da cozinha. Sento-me na cadeira ao seu lado e coloco a bolsa de gelo em
sua mão. Ele não faz nenhum som de dor. Por sobre o balcão de granito, ele
encara Brandon, que também o encara com hostilidade. Isso me deixa
muito mal. É melhor eu começar a falar.
― Peço desculpas mais uma vez e quantas vezes mais precisar. ―
Suspiro. ― Parem de se olhar assim. Isso está acabando comigo! Vocês não
são inimigos. Muito pelo contrário. Vocês são amigos! Melhores amigos! ―
ressalto.
― Diga-me de quem foi a ideia mirabolante, Allyson ― pede Sean,
focando seu olhar em mim agora.
Solto outro suspiro e confesso meu plano:
― Minha. Choquei o Bran na festa ao agir impulsivamente. Tive que
convencê-lo insistentemente para me apoiar, ele só o fez porque me ama
como um irmão. E, bem, desde que te vi pela primeira vez, na academia do
Bran, eu sabia que vocês eram... ― corrijo-me rapidamente ― são amigos!
Porém nunca pensei em envolver meu primo em meus planos de te
conquistar
para mim. Éaté aquela
a única noite.que
família Nunca tivemos nada. Ele é mais que um irmão
tenho.
Sean me fita inexpressivo, mas as linhas de expressão em seus olhos
estão mais suaves.
― Então é verdade? ― Sean indaga ao Brandon.
― Sim ― confirma meu primo, dando de ombros, sem tirar a bolsa de
gelo do rosto um minuto sequer enquanto responde: ― Ally é filha do irmão
de meu pai, portanto, minha prima em primeiro grau.
ambos.
Porém...
― Mas que porra foi isso? ― Brandon exclama e geme quando o vaso
bate em suas costas, espatifando-se logo em seguida. Ele curva o corpo para
frente e me encara abismado.
― Puta merda! ― exclamo e tapo a boca com as mãos, atemorizada
pelo meu ato impensado.
Sean me fita com apreensão.
Estremeço. Posso ser uma louca varrida, mas não sou uma golpista!
― Como você vai lidar com esses boatos? ― indago, tentando enxergar
luz no fim do túnel.
― Na verdade, não é um boato ― diz sério. ― Estamos realmente
juntos. ― Sem deixar de me fitar, fala: ― Acho que está mais do que na hora
de assumir um compromisso.
Pisco. Sean prossegue:
― Se assumirmos nosso relacionamento, os boatos maldosos vão
terminar. E com o tempo se esquecerão de nós ― afirma categoricamente.
― O que você disse? ― indago, pressentindo que vem uma bomba.
Sean fita meu primo, pedindo algum tipo de permissão silenciosa, que
o mesmo lhe concede. Então me fita cautelosamente e toma minhas mãos
geladas entre as suas fortes. Seus olhos brilham com calor intenso ao
fitarem os meus. Meu coração dispara, e fico zonza quando da boca bonita
saem as seguintes palavras:
― Allyson Jordan, quer ser minha namorada?
ENGULO PRECARIAMENTE A SALIVA. Oh, bitch! Escutei
corretamente? Não pode ser! Não quero ouvir essa pergunta. Não agora.
Nem nunca! Eu... não sei lidar com relacionamentos sérios.
― Você me pediu em namoro? ― pergunto incrédula.
― Sim ― confirma ele de forma simples, leve, mas em um tom
determinado.
Meus olhos podem estar sem foco, mas tenho certeza que os dele
devem estar intensamente brilhantes.
― Deus! Estou sem ar ― sussurro, soltando-me de suas mãos. ―
Preciso me sentar. Preciso de ar ― digo ofegante, procurando com as mãos
o sofá mais próximo e me sentando quando o encontro.
― Allyson? Você está bem? ― pergunta preocupado, agachando-se a
minha frente.
― Não ― respondo com voz fraca, puxando o ar com força.
Abano-me. Onde estão aqueles saquinhos de pânico, quando se precisa
de um?, questiono-me, louca.
― Não está bem? ― indaga ele confuso, tocando meu rosto.
Retiro sua mão, pois quero um pouco de distância.
― Quis dizer ― tomo fôlego ― que não aceito namorar você. ― Puxo o
ar ruidosamente pela boca.
Ao entender minhas palavras, seu rosto se obscurece, mas sua voz soa
calma:
― Por quê?
― Nós mal nos conhecemos!
― Eu sei, mas... ― Ele se cala, então prossegue, retrucando: ― Isso é
remediável. Não é uma desculpa plausível, Allyson.
Respondo em tom forçado:
― Não combinamos!
Sean me encara sério. Aponta:
― Você sabe que está fugindo, não é?
― Não quero ter um relacionamento sério. Não sirvo para isso ―
confesso, desviando meus olhos para meu primo, que acompanha toda a
conversa em silêncio. Ele sabe bem o porquê.
― Nem comigo? ― ele indaga em tom neutro, mas seus olhos estão
semicerrados.
― Com ninguém ― ressalto imparcial, respirando com dificuldade,
mas já sem tontura.
― Então está colocando um fim ao que temos? ― pergunta friamente,
erguendo-se.
Demoro a entender suas palavras.
― Não! ― exclamo quando a ficha cai. ― Deus! Não! Mas o que nós
temos, Sean? ― pergunto, agora zangada.
Ele me devolve no mesmo tom:
― Não sei! Estou pronto para nomear, mas você está fazendo uma
tempestade! Fica difícil!
― Você acha que para mim também não é difícil? ― questiono me
erguendo.
― Sim.
Sean caminha até mim, toma-me a mochila e a põe em suas costas.
Segura minha mão e me leva até a porta. É ele quem tranca o apartamento
também. Entramos no sedã ainda em silêncio. O carro se move ao comando
preciso de Sean, e observo a paisagem, tentando não me intimidar muito
pelo clima tenso reinante entre nós.
Uma hora depois estamos novamente na casa de praia, e, mesmo com
toda a tensão, estou feliz por estar aqui. Adentramos a casa juntos. Observo
o lugar, ainda admirada com o luxo em harmonia com a natureza ao redor,
enquanto Sean leva nossas coisas para o quarto.
Pergunto-me como será entre a gente agora. Ele será capaz de pegar
qualquer uma na minha frente? Nem quero pensar nisso. Eu acabarei com a
raça de qualquer vagabunda que ousar se aproximar dele!
Confabulo mil e uma maldades para as possíveis vagabundas, quando
sinto a mão forte em minha cintura. Sean me gira e me beija com avidez,
puxando-me para si. Meu corpo responde à sua aproximação com festa.
Enlaço seu pescoço com meus braços, deixando-me levar pelo prazer de
seu
me àtoque. Ainda nos beijando,
sua musculatura Sean me prende em seus braços, apertando-
rígida. Gemo.
Ele interrompe o beijo e me olha intensamente por um instante. Então
começa a me despir. Com mãos ágeis, Sean retira minha jaqueta, seguida
por minha camisa. Ambas as peças agora enfeitam o chão. A boca máscula
volta a buscar a minha em um beijo forte, faminto. Sua boca logo passeia
pelo meu colo, brincando com meus peitos.
Arqueio-me em sua direção. Minhas mãos correm pelas costas largas,
voltando em direção aos seus braços, tentando retirar a sua jaqueta. Ele me
ajuda a removê-la quando me atrapalho, retirando sua camisa em um
puxão ágil.
Suas mãos vão até minha curta saia, retirando-a, os dedos longos
acariciando-me por cima da renda fina da calcinha. Estremeço ao senti-lo
penetrar-me com eles. Minhas mãos descem para o cinto de sua calça,
retirando-o. Abrindo caminho pelo tecido da boxer, toco seu pau. Sean
treme. Afasto mais a calça, deixando-a cair aos seus pés, e faço o mesmo
com sua boxer, manipulando sua ereção sem empecilhos. Por um tempo
memorável ficamos assim, provocando-nos, levando-nos além da excitação,
até que, perto do clímax, peço arrego:
― Me fode, Sean! Agora!
― Com todo prazer! ― exclama rouco.
Sem cuidado, ele rasga minha calcinha com as mãos, ergue-me e abre
minhas pernas, penetrando-me de forma selvagem, em pé no meio da sala
de estar. Grito deliciada com suas estocadas profundas, acompanhando seu
ritmo. Sean rosna baixo a cada rebolar meu em seu pau. Cavalgo
enlouquecida de tesão. Sei muito bem que fico perdida quando ele me toca
assim e que é uma questão de tempo ele perceber que estou em suas mãos.
O êxtase nubla meus pensamentos, fazendo-me esquecer meus
temores. Minhas mãos passam entre seus braços em direção às nádegas
musculosas e as aperto com força, incitando-o a me penetrar ainda mais
fundo, convulsionando de prazer.
Meu nome sai de seus lábios enquanto ele goza, e isso me deixa ainda
mais cativa de seu maldito amor. Ainda sentindo os espasmos do prazer,
Sean nos leva pelas escadas em direção ao quarto onde, há poucas horas,
amamo-nos. Ele vence a distância do corredor a passos largos.
Adentramos o quarto, e ele me leva até a ducha. Depois de um jantar
delicioso pedido por ele a um restaurante da região, na enorme cama de
casal e sob a luz da lua, perdemo-nos nos braços um do outro novamente.
E, quando os olhos azuis tão cheios de amor e mágoa me fitam durante o
apogeu do prazer, meu coração estremece, dolorido de culpa.
Fico sem ar. Não posso negar mais a mim mesma que o amo e estou
sofrendo por não querer amá-lo tanto ou mais do que ele. Também tenho
certeza de que me arrependerei de protelar tanto minha rendição.
O SABOR AMARGO DA REJEIÇÃO ainda se faz presente em minha
boca. Nunca fui rejeitado antes. E porra, doí! Não somente meu ego foi
ferido, como meu coração. Nunca amei ninguém antes e nunca me abri para
ninguém, e quando isso acontece, sou recusado.
Fito Allyson dormir serenamente no calor dos meus braços. Sua
respiração ritmada e o bater suave de seu coração perto do meu são um
bálsamo para as minhas feridas recentes. Cacete! Realmente amo Allyson.
Quando me dei conta?
Acho que o medo de perdê-la me fez ver o óbvio. Como me liguei a
alguém tãovulnerável.
me sentir rápido ainda é um mistério
E, mesmo parapara
não pronto mim.amar,
Apavora-me
aceito opara caralho
sentimento.
Engulo o medo e toda a minha convicção de que amar não é algo esperto e
sadio para mim, tudo por essa feiticeira, que me fascinou com sua boca suja
e mentirosa. Uma criaturinha teimosa, digna de atitudes
surpreendentemente carinhosas e altruístas com quem não conhece. Ela
tratou minha mãe com o carinho de quem a conhecia havia séculos e não
apenas algumas horas. E aqui estou, apaixonado por essa diaba! Ela
conseguiu me prender em menos de uma semana, ou melhor, em menos de
24 horas ao seu lado!
Vou lutar por ela. Por nós dois. Sei que, por trás de sua negação
medrosa, há traumas sérios, um pânico tão grande que é visível nos olhos
verdes. O que aconteceu de verdade?
Vou recorrer à única pessoa que pode me ajudar: Brandon! As poucas
palavras trocadas entre nós dois quando Allyson nos deixou sozinhos
foram tensas, mas ele terá que me ajudar a entender o que aconteceu para
que eu possa encontrar uma forma de penetrar as defesas de sua prima
teimosa. Necessito pensar, arquitetar. Porém preciso conhecer o passado
de Allyson. E será agora.
mexeLevanto-me
quando deito com
suacuidado para
cabeça no não acordá-la,
travesseiro. tanto
Beijo sua quecom
testa ela carinho
mal se
ao me afastar, visto a boxer, pego meu celular e saio do quarto. Desbloqueio
o aparelho, que me mostra uma ligação perdida e uma mensagem, ambas
são de meu pai.
Apago a chamada e não me dou ao trabalho de ler a mensagem
enquanto desço as escadas. Caminho em direção à sala de estar, recosto-me
à porta de vidro e disco o número do meu amigo. É madrugada, e sei que
Brandon ficará puto por eu acordá-lo. No terceiro toque a voz rouca me
Não seja cabeça dura! Mande-me notícias suas. Estou muito curioso
para conhecer sua namorada, ou melhor, sua única namorada! Dominique
sente sua falta. Suas irmãs também. Venha almoçar conosco hoje. Esperamos
sua presença!
Benjamin.
Declino.
Desperto
sabendo a quemcom mãos suaves
pertencem. Gemopasseando
roucamentepor meu corpo.
quando Sorrio
algo úmido torto,
e macio
desliza pelo meu pau, engolindo-o logo em seguida. Desarmado pela
surpresa da carícia devastadora, desfaço-me na boca quente de Allyson.
― Porra! ― rosno.
Ainda com o coração acelerado e a vista nublada pelo êxtase, fito o
sorriso feliz e travesso de Allyson quando ela apoia sua cabeça em meu
peito.
― Você quer me matar do coração, mulher? ― exclamo sem fôlego.
Ela solta um risinho maroto.
Sorrio com segundas intenções e, sem lhe dar chance de reação, viro-a
agilmente, colocando-a de costas na cama. Fico por cima de seu corpo.
Diante dos olhos surpresos de Allyson, solto um selinho na boca sensual.
Logo meus lábios deslizam em direção a sua jugular, descendo pelo pescoço
delgado, lambendo-o lentamente. Desço mais um pouco e tomo seus peitos
em minha boca, deixando os bicos tenros sensíveis ao provocá-los com os
dentes e a língua. Quando fico satisfeito, percorro o corpo esbelto com
minha língua, instalando-me entre as pernas roliças. Sem deixar de fitar o
rosto lindo, separo os lábios de sua boceta com meus dedos; eles adentram
de forma lenta no calor molhado de sua excitação, de forma
verdadeiramente torturante.
― Oh, Sean! ― exclama Allyson, gemendo e empurrando o quadril em
direção aos meus dedos.
Sorrio, pretensioso. Minha língua logo se junta aos meus dedos,
lambendo e sugando o pequeno músculo trêmulo de seu clitóris. Em pouco
tempo tenho Allyson estremecendo, ofegante e gemendo roucamente de
prazer.
Depois de providenciar o café da manhã, deixo Allyson recebendo-o
metida em um roupão e vou vestir minha sunga. Aproveito e ligo para casa
à procura de notícias de minha mãe, não dando importância para mais uma
ligação perdida do meu pai. Inicio uma longa conversa com mamãe, e ela
me faz jurar mandar um beijo para Allyson. Certifico-me de que tudo está
tranquilo.
Logo após, junto-me a Allyson. Estamos relaxando e tomando nosso
café da manhã à beira da piscina. Allyson está ao meu lado em uma
espreguiçadeira e morde um suculento morango com indisfarçado deleite.
Devoro com os olhos o seu corpo perfeito, mas precisamente os seus
peitos no biquíni mínimo. Ela usa uma saia curtíssima de babados,
escondendo a parte inferior, e isso está me deixando ouriçado, curioso e
excitado.
― A cor azul lhe cai muito bem, Allyson ― ressalto com os olhos fixos
em seus seios.
― Acha mesmo, chefinho? ― indaga em tom falsamente doce,
provocando-me.
Estou mais que disposto a participar de sua provocação. Com o rosto
em branco, respondo em tom neutro:
― Só preciso averiguar a parte de trás do biquíni para que minha
opinião seja mais correta. Levante-se ― mando.
Allyson morde o lábio inferior e se ergue devagar, retirando a saia de
forma sensual.
Engulo em com dificuldade e comando:
― Agora, vire-se.
Allyson nem hesita em me obedecer, e ainda mais provocante, gira
lentamente, fazendo-me quase ter uma síncope.
― Porra! ― não posso segurar a exclamação estupefata diante da
gostosura de sua bunda linda em uma porra de um fio dental! Como um
bobo boquiaberto, aprecio a visão estupenda, a ereção me incomodando.
― Estou aprovada, chefinho? ― pergunta maliciosa por cima dos
ombros.
Comando em um gemido:
― Aproxime-se, Allyson.
Ela vem até mim em passos lentos. Para à minha frente, olhando-me
com expectativa. Encaro-a cheio de promessas, então giro seu corpo para
que fique novamente de costas. Acaricio a carne firme e ao mesmo tempo
delicada de suas nádegas com adoração, apalpando-as.
Allyson solta um gemido fraco. Más intenções flutuam ferozmente
pela minha cabeça. Sem poder me conter, dou um tapa em uma de suas
nádegas. Allyson grita surpresa, enquanto faço o mesmo na outra.
― Você me bateu? ― exclama ofegante, virando-se e me fitando
incrédula. Esfrega ostensivamente os locais, que agora estão com a marca
dos meus dedos, seus olhos em chamas, mas não há indignação neles, mas
sim um forte tesão.
Sorrio torto.
― Baterei novamente se voltar a me provocar. Agora se aproxime
mais.
Ela me sorri marota e me desafia:
― Não mesmo! Venha me pegar, chefinho!
Então sai em disparada, correndo ao redor da piscina. Fico por um
instante incrédulo com sua ousadia, mas logo me ponho de pé, correndo
atrás da minha gazela provocadora, que ri se divertindo ao me driblar
quando estou quase a alcançando.
Ela contorna a piscina rapidamente, porém estou em seu encalço.
Tenho uma estratégia em mente. A deixarei se cansar. Eu rio e acho que
nunca me diverti tanto, mas nós temos assuntos inacabados. Encurralo-a
quando corre
movimento e aem direçãopela
pegando às cadeiras emum
cintura em torno daágil.
gesto piscina, antecipando
Allyson seu
grita quando
nos jogo com tudo dentro da piscina. Mantenho meus braços ao redor de
Allyson predatoriamente e a ajudo a emergir, rindo de sua expressão
zangada e de seu cabelo despenteado.
― Você trapaceou! ― acusa ofegante, tentando escapar do meu aperto.
Rio enquanto afasto seu cabelo dos seus olhos.
― Cada um luta com as armas que tem ― retruco, pressionando-a na
borda da piscina. Afasto suas pernas.
― O que você está fazendo? ― indaga confusa, mas seus olhos espertos
brilham.
Sem responder-lhe, calo sua boca com um beijo ardoroso. Com uma
das mãos, seguro a parede, ao mesmo tempo em que a outra passeia pelos
seus peitos, erguendo o biquíni.
Allyson segura meu pescoço com força quando afasto a parte de baixo
de sua roupa de banho, estimulando sua carne com meus dedos. Ela me
beija avidamente e tenta retirar minha sunga. Atendo sua vontade e a
retiro. Sem esperar, penetro-a e, sem muito cuidado, movo-me dentro dela.
Interrompo o beijo para respirarmos. Allyson ofega e geme. Mordo seu
queixo, sua jugular e volto a beijá-la.
Suas unhas se cravam em meus ombros e descem, arranhando-me as
costas, suas mãos me pressionando mais contra ela. Os bicos de seus seios
roçam meu tórax, excitando-me ainda mais, assim como o fazem seus
gemidos despudorados. Mais uma vez cesso o beijo para que possamos
respirar. Allyson me morde o ombro esquerdo com força quando suspendo
ainda mais seu quadril, estocando mais rápido e profundamente. Minha
boca morde seu pescoço, chupando-o, deixando minha marca.
― Eu... estou tão perto, Sean... Vou gozar... ― ronrona.
E chega ao clímax. Acompanho-a em seguida.
Passamos o resto do dia na piscina, nadando, amando-nos. Peço nosso
almoço e, ao final da tarde, fazemos um passeio pela praia. Assistimos ao
pôr do sol e, nesse momento, tomo sua mão entre as minhas e me espanto
por ela não se esquivar. Contemplamos a paisagem de mãos dadas. É o
momento mais íntimo que vivi com alguém. É mais um incentivo para não
desistir de lutar
fazer ciúme por nós
em curso, masdois.
meuSeicoração
que tenho que colocar
não concorda. Elemeu
nãoplano de lhe
quer feri-la,
entretanto Allyson não me deixou alternativa.
De volta à casa de praia, sugiro sutilmente:
― Poderíamos ir a uma boate aqui perto.
Estamos deitados no sofá da sala de estar, assistindo a um programa
bobo na TV a cabo.
― Boate? ― indaga erguendo a cabeça do meu peito para me encarar.
― Se você não reparou, estou cansada.
Bufo.
― Largue de ser preguiçosa. ― Faço-lhe cócegas.
Ela ri e pergunta:
― O que tem de especial nessa boate?
― Boa música. Um ambiente agradável. E sem paparazzi ― pontuo.
― Hum... Não trouxe roupa para sair ― diz, fazendo bico.
― Também não, mas a boate é um ambiente descontraído. Não se
prenda às convenções. Aliás, pensei que não ligasse para elas ― provoco-a.
― Não me prendo! Vamos nos trocar, vamos a essa boate! ― diz,
mordendo a minha isca.
Sorrio.
Sem esperar convite, esmago seus lábios com os meus, beijando-a com
desespero. O sabor de seu beijo é salgado pelas lágrimas, mas a sua
essência doce também está presente, viciante como sempre. Ficamos
perdidos no momento até que precisamos respirar. E o beijo cessa entre
selinhos. Rio feliz.
Allyson soluça:
― Sean, ainda estou me borrando de medo.
Encarando-a seriamente, respondo:
― Somos dois, meu amor, mas vai ficar tudo bem. Confie em mim. ―
Enxugo suas lágrimas e beijo sua testa, seus olhos e sua boca. ― Vamos para
casa? Quero cuidar de você.
― Demorou ― concorda com um sorriso genuinamente feliz.
Sorrio, atendendo seu pedido mais que prontamente.
QUANDO VOLTAMOS À CASA DA PRAIA, cumpri com o prometido.
Cuidei de Allyson e fiz amor com ela como nunca antes. Demonstrei-lhe não
somente com palavras o meu amor, mas também com atitudes. Cada gesto
meu a partir daquela noite foi com a intenção de lhe mostrar o quanto eu a
amo e que ela pode confiar em mim.
Allyson me correspondeu com igual furor a paixão. E ainda posso
ouvir sua voz rouca no momento sublime de prazer, aceitando ser minha,
gritando meu nome em êxtase. Todavia ela ainda não aceitou meu pedido
de namoro, o que me deixa triste, frustrado. Porém, não irei pressioná-la.
Hoje mais cedo voltamos à nossa rotina de trabalho. Gostaria de
prolongar nossa estadia na casa da praia, mas havia pendências inadiáveis
no trabalho. Nós ainda não havíamos conversado sobre o que houve, e lhe
propus que conversássemos durante o almoço quando passamos em seu
apartamento para que ela pudesse se vestir adequadamente para o dia de
trabalho.
Allyson aceitou minha proposta e, mesmo se esforçando para
transparecer calma e serenidade, percebi que ela ainda está apavorada com
a ideia de que me ama, com a ideia de se prender a alguém seriamente. Ela
não é a única com medo. Também estou apavorado, mas que se dane o meu
medo. Eu a quero e vou me esforçar para que tudo fique bem entre nós.
Tentarei manobrar as dificuldades e os nossos receios com muito diálogo
honesto.
Na empresa houve muito burburinho quando retornamos, não só causado
pelos meus trajes informais, mas por eu segurar a mão de Allyson enquanto
transitamos pelos corredores da empresa. As recepcionistas estavam
boquiabertas. Despedi-me de Ally na porta de sua sala com um beijo
caloroso. Quando me afastei dela e fitei seriamente minha secretária,
Deanne me lançou um olhar ressentido. A dor refletida em seus olhos era
palpável, mas eu não podia ajudá-la. Murmurei-lhe um bom dia e me
tranquei em minha sala. Troquei minhas roupas informais por um terno
rmani e telefonei para casa, verificando como minha mãe estava. Graças a
Deus, ela estava se comportando muito bem. Porém exigiu que eu levasse
Allyson para casa comigo quando regressasse, pois estava com saudades.
E agora estou aqui, pensando em como convencer Allyson a aceitar ser
minha namorada. Sorrio irônico. Quem diria que um dia eu me esforçaria
para convencer uma mulher a me aceitar? Sempre tive muito facilmente as
mulheres que desejei, e o trabalho para conquistar Allyson, apesar de
sofrido, foi gratificante. Todo homem gosta daquilo que não pode ter. Ally
se mostrou diferente das demais, especial com seu jeito de menina
desbocada, provocante, sensual. Sua personalidade atrevida me cativou
desde o primeiro instante em que a conheci.
Durante toda a manhã de trabalho, chamo-a com alguma desculpa,
tentando alguma intimidade, mas ela refreia minhas investidas, coloca-me
em meu devido lugar. Minha última solicitação foi há poucos minutos, e
ainda posso sentir seu perfume em minhas mãos, resultado de quando
tentei beijá-la.
— Você já me beijou demais no trabalho, chefinho. Comporte-se! ―
foram as suas palavras ao fugir, acompanhadas por um leve sorriso
travesso.
Sorrio ao me recordar. Com o mesmo sorriso, volto a me concentrar
no trabalho.
A manhã passa lentamente entre uma conferência e outra e com uma
reunião no meio. Já estou impaciente quando verifico o relógio de pulso.
Abandono a cadeira assim que percebo que é meio-dia. Abotoo os dois
últimos botões de meu terno escuro, lanço mão de minha pasta e
praticamente corro em direção à porta principal. Ao sair da sala, deparo-me
novamente com Deanne. Não a cumprimento; ela, tampouco. Simplesmente
age como se não tivesse me visto. Melhor assim. Porém, preciso dar um
basta nessa situação. Está insustentável. Não é saudável para os negócios e
para Deanne. Terei que remanejá-la para outro departamento ou para uma
filial.
Maquino o destino de Deanne ao caminhar com passos largos em direção à
sala de Allyson. Abro a porta e sem cerimônia adentro o local. Ela está
entretida ao celular.
― Desculpa ter sumido, Meg, mas aconteceram muitas coisas que
fugiram ao meu controle ― diz enquanto seus olhos me acompanham com
interesse. ― Prometo te contar tudo.
Deixo a pasta em cima de sua mesa e me posiciono às suas costas.
Prontamente afasto seu rabo de cavalo para frente e começo a beijar todo o
seu pescoço, ouvindo toda a conversa.
― Conte-me tudo agora, bitch! ― exige uma voz de mulher do outro
lado da linha.
― Agora
que está nãoEntão
excitada. dá. Preciso
ela faz desligar.
uma pausa.― Sua voz está tensa. Posso dizer
― O quê? Não! Preciso de mais detalhes. Espera! Ele está por perto, não
é? Conheço muito bem seu tom de voz, sua safada!
A mulher está empolgada, e particularmente a acho completamente
sem noção. Parece uma matraca falante. Mordisco o pequenino lóbulo da
orelha de Allyson, que estremece e pigarreia antes de responder:
― Acertou. Ele está bem atrás de mim. Então, te amo, bitch, depois
conversamos. Tchau.
Desliga apressada e gira na cadeira, afastando-se para me encarar.
― Quem era? ― pergunto curioso.
― Minha melhor amiga, Meg ― responde com um leve sorriso. Coloca
o celular dentro da sua bolsa, fechando-a, e volta a me fitar.
― A que está envolvida com o David?
― Infelizmente é a própria.
Ela bufa.
― Quando irei conhecê-la? ― pergunto com planos na mente.
― Quer conhecer Meg? ― indaga suspeita.
― Sim... Por quê? ― respondo sem entendê-la.
― Por quê? Por quê, pergunto eu! ― diz espantada.
― Não é de praxe que os namorados conheçam os amigos das
namoradas? ― replico em tom cauteloso.
Sou novo na coisa toda de relacionamento sério, mas sei que deve
existir um na
Claro que, convívio
minha saudável entre
lógica, essa o namorado
distinção e os amigos
só se encaixa da namorada.
aos amigos do sexo
feminino de Allyson. E sem chance para barganha.
Os olhos de Allyson estão desconfiados e desafiadores. Com o dedo em
riste, fala:
― Lembre-se, a amiga é minha, não sua. Não quero intimidade!
― Ciúmes?! ― exclamo sorrindo torto, convencido.
― Largue de ser convencido, okay? Isso é muito sério! ― reclama,
encarando-me combeijá-los
mordê-los e depois um bicoavidamente.
lindo nos lábios. Fico louco de vontade de
― Sim, senhora! ― concordo sem demora. Ainda exibindo meu sorriso
torto, indago: ― Podemos ir?
― Alguém já lhe disse, chefinho, que você é muito impaciente e
extremamente invasivo? ― pergunta zombeteira.
― Ninguém é tão insolente quanto você, minha linda ― respondo
debochado, erguendo-a da cadeira e a puxando para mim. Beijo-a, e Allyson
enlaça seus braços ao redor do meu pescoço, ficando na ponta dos pés e
gemendo enquanto corresponde mais que prontamente.
Afastamo-nos lentamente, e ela sorri para mim enquanto lhe acaricio
a face. Minha mão traça sua jugular com delicadeza excessiva.
― Você não pode entrar sem bater, sabia? Mesmo sendo o chefão. Os
funcionários vão pensar ainda mais bobagens sobre o que fazemos aqui ―
repreende-me, mas seus olhos brilham.
― Vai querer discutir sobre isso agora? ― questiono, roçando o canto
de sua boca com a minha e a beijando avidamente em seguida. O beijo está
me deixando muito animado.
Tenho certeza que o terninho justo foi escolhido a dedo para me
atormentar. Ele se molda perfeitamente ao corpo cheio de curvas, fazendo-
me querer rasgá-lo, deixá-lo em pedaços com meus dentes.
Depois do beijo, descansamos nossas testas uma na outra. Acaricio
suas costas lentamente, de cima para baixo e circularmente, enquanto ela
afaga os cabelos de minha nuca. Minha mão desce até seu traseiro
arredondado, e o aperto, trazendo seu corpo para o meu e roçando minha
ereção em sua barriga, torturando-nos. Allyson geme baixinho e encosta a
cabeça emCom
momento. meurelutância,
tórax. Pressiono-a
solto-a. um pouco mais a mim, saboreando o
Ela suspira.
― Temos que colocar limites aqui, Sean ― diz com voz séria. ― Aliás,
não quero ter que aturar a cara feia de Deanne. Ela não está falando
comigo, e a culpa é sua!
― Minha? ― pergunto, lançando-lhe um olhar confuso.
― Você e essa sua mania de comer qualquer uma! ― acusa-me irritada.
Gargalho. Allyson me belisca o antebraço, e tento controlar minha
crise de riso.
― Não se preocupe com Deanne.
― Não gosto de ver você perto dela! ― diz zangada. Estou adorando
vê-la com ciúmes. ― Está na cara que a sonsa loira te quer!
Ela volta a me beliscar, mas nem me faz cócegas, assim como o
anterior. Aperto-a novamente em meus braços e ratifico:
― Não a quero. Nunca a quis. Se pudesse voltar no tempo, jamais a
teria comido. Só quero certa ciumenta de boca suja que está nos meus
braços.
Então, para enfatizar minhas palavras, beijo-a de forma intensa. Ela
sorri maliciosa minutos após o beijo.
― Agora, que tal irmos? Já estamos atrasados ― peço, já a arrastando
para fora da sala.
Novamente tomo sua mão firmemente com a minha. De mãos dadas
saímos da empresa sob o olhar triste de Deanne e o de espanto dos demais
funcionários. Dispenso Bones; eu mesmo vou dirigir o sedã.
― Aonde está me levando? ― pergunta curiosa ao perceber que
estamos em trajeto diferente do bistrô.
― A um restaurante italiano de que gosto muito ― informo sem tirar
meus olhos da estrada.
― Hum! Comida italiana, é? Adoro ― diz animada.
― Acho que a ocasião pede um lugar mais aconchegante ― respondo,
tentando soar sem pressão.
O vinho
cúmplice. Na éverdade
servido sem
estoudemora. Bebericamos
analisando o mesmo
como devo em melhor,
agir, ou um silêncio
em
como a pedirei mais uma vez em namoro. Enquanto conjuro modos em
minha mente, somos servidos.
― Isso aqui está divino! ― ela geme, levando o garfo cheio da massa
verde à boca.
― Eles têm as melhores massas.
― Não é à toa que você gosta desse lugar ― diz depois de tomar um
gole do vinho.
O almoço transcorre em um clima muito agradável, mas estou ficando
cada vez mais ansioso.
― Okay, vamos lá, fala logo, Sean ― manda ela, deixando os talheres de
lado.
― Longe de querer pressioná-la, mas precisamos conversar, Allyson. ―
falo sério, também largando os talheres.
Ela concorda com um gesto de cabeça.
― Eu sei. Sei também que devo te esganar por me levar à boate cheia
de suas ex-periguetes!
― Desculpe-me, mas você me levou a tomar atitudes drásticas.
― Só não repita isso, ou não vai ficar de castigo somente duas
semanas, mas sim pelo resto do ano ― ameaça com um sorriso matreiro.
― Estou de castigo? ― indago, fitando-a incrédulo.
― Yes, honey! Você está, bonitão. Duas semanas sem sexo, chefinho. ―
pisca. ― Bom para você?
― Bom um cacete! Isso é injusto! ― exclamo nada feliz e sem me
preocupar com o palavrão.
― Cada um luta com as armas que tem ― informa ela, dando de
ombros e bebericando o resto do seu vinho.
― Você não vai aguentar por muito tempo ― digo sorrindo, malicioso.
― Você vai acabar se rendendo.
― Isso nós veremos ― desafia-me.
― Sei uma forma muito eloquente de fazê-la mudar de ideia ― rebato,
desafiando-a também.
― Não duvido, chefinho ― responde com um sorrisinho sacana.
― Você está me distraindo, não é? ― pergunto quando entendo sua
tática dispersiva.
― Está funcionando? ― quer saber, fazendo uma careta engraçada.
― Com toda certeza, mas sou persistente. ― Então é a minha vez de
piscar.
sério:― Você é tão espertinho, chefinho ― fala com falso elogio. Meu tom é
― Não se trata de ser esperto, Allyson. Trata-se de amar uma pessoa
com tanta intensidade que você só quer estar com ela. Quer cuidar dela e
chamá-la de sua. E eu quero muito te convencer de que somos bons juntos.
Que somos perfeitos juntos.
Ela empalidece.
― Sean, eu... ― hesita. ― Quero você, mas... sem amarras...
Adorarei
Isso vai vê-la
ser muito colocar meu pai em seu lugar! Solto um risinho baixo.
interessante.
SABEvista?
primeira QUANDO SEU oSANTO
Pois bem, não momento
meu nesse bate com quer
o dearranhar,
uma pessoa logo à
esbofetear
e estrangular três megeras metidas a socialites que estragaram meu
momento com meu tatuado.
Fito com curiosidade as três pedantes com ares de grandes coisas.
Para meu horror, acabo entendendo que são a madrasta e as irmãs de Sean.
Porra! Ele está bem servido de parentes, hein?, penso irônica.
Mantenho-me calada diante do diálogo tenso entre Sean e a madrasta.
Aguento firme e debochadamente a avaliação minuciosa de suas irmãs em
minha figura, até
sobremaneira. o momento
Lógico emuma
que ganha queresposta
uma delas provocadeSean
petulante e me
minha irrita
parte.
Quero gargalhar da cara de espanto das três patetas, mas me
contenho. Vai que Sean não goste. No entanto, pela sua expressão, ele adora
minha resposta despachada. Porém sei bem o real motivo de seu sorriso
largo. Acabo de aceitar seu pedido de namoro. Bem, não queria ter aceitado
seu pedido de forma pouco convencional, entretanto achei o momento bem
oportuno para azucrinar as três idiotas.
A coisa fica bem feia quando o pai de Sean chega botando banca, todo
cheio de marra.
com notável Sua língua
intenção afiada
de me como Quando
diminuir. navalha éeledirigida a Sean,
abre sua bocaporém
e me
insulta, enxergo tudo vermelho.
― Muito vulgar ― diz desdenhoso. ― Não acha, Sean?
Esse homem não me conhece. Fulmino-o com os olhos semicerrados.
Ele está merecendo uma magnífica má resposta. E ele terá já! Observo-o me
olhar de cima a baixo com ar de desgosto. Encara-me com desaprovação
gritando nos olhos frios.
Sorrio-lhe cínica ao lhe devolver o insulto:
― Vulgar foi a senhora sua mãe, por tê-lo posto no mundo e não lhe ter
ensinado boas maneiras!
O homem arfa e fica vermelho de raiva no instante em que as palavras
saem de minha boca. Continuo ostentando meu sorriso cínico quando ouço
as três mulheres soltarem exclamações estupefatas. Pela minha visão
periférica, vejo Sean se recostar na cadeira, cruzar os braços fortes sobre o
peito largo, todo confortável, e sorrir torto. É notável seu divertimento com
minhas respostas petulantes.
Os clientes
interessados sentados perto de onde estamos também parecem bem
na discussão.
― Como ousa se dirigir a mim dessa forma? Sua leviana! ― xinga-me,
indignado.
Minha resposta atrevida vem a galope como sempre:
― Da mesma forma que o senhor ousou me ofender! ― Meço-o de cima
a baixo, como o mesmo fez comigo, e continuo: ― Examinando o senhor de
perto, pergunto-me como a Steph, uma mulher belíssima e de coração tão
puro, pôde se envolver com alguém de sangue ruim como você? Ela
merecia um homem melhor como marido, assim como Sean merece um pai
melhor. O senhor é intragável!
O homem empalidece. Dois segundos contados, ele recobra a
compostura e ameaça:
― Sean, controle a boca suja dessa insolente, ou eu...
― Ou eu, o quê? ― desafio-o veladamente, erguendo minhas
sobrancelhas.
Ele se cala, assombrado. Meu sogro fica vermelho novamente, e seu
rosto está inchando. Ele me faz lembrar um sapo-boi. Oh! Estou sendo
injusta! Tadinho do sapo! Ele não merece tal comparação! Trato de irritar
ainda mais o meu sogrinho não tão querido:
― Agora entendo por que existem alguns ditados como: Por fora, bela
viola; por dentro, pão bolorento. Ou: Por fora, casquete de veludo; por
dentro, miolos de burro. São tão eloquentes nessa ocasião! O senhor os
inspirou! Parabéns!
Ouço Sean soltar um risinho abafado e sua irmã loira me xingar:
― Mulherzinha ridícula!
Respondo sem demora:
― Ridículo é seu cabelo loiro cheirando a água oxigenada, queridinha!
Ela me encara aturdida.
Levo minhas mãos ao meu coração e faço uma cara falsamente doce.
― Oh! Tadinha! Ela realmente pensa que engana alguém dizendo que é
loira srcinal de fábrica!
Gargalho diabolicamente. Posso jurar que Sean está louco para fazer o
mesmo. Sei que se segura para não interferir na minha performance
brilhante.
A madrasta de Sean abraça a filha, tentando consolá-la, fuzilando-me
com os seus olhos castanhos. É cômico de se ver! Ela me encara com nojo.
Pisco para ela e me dirijo ao meu tatuado:
― Sean, meu amor, vamos embora? Esse ambiente está contaminado
pelo vírus da falta de caráter. Acho melhor irmos antes de nos infectarmos.
Sean gargalha dessa vez. Sem deixar de rir, ele pega sua carteira no
bolso de sua calça social e joga algumas notas em cima da mesa. Então se
ergue ainda rindo descontroladamente. Tosse ao tentar cessar a crise de
riso, enquanto prontamente me ajuda a levantar da cadeira. Segurando
minha cintura e já controlado, ele se volta para o pai. Sua voz destila frieza:
― Posso ter seu sangue ruim em minhas veias, mas tenho gosto muito
mais apurado para mulher. Não escolho qualquer uma para ser minha. Não
me espelho em seu mau exemplo, papai.
Pegando-me de surpresa, Sean me beija lascivamente na frente da
nossa plateia indesejada. E os clientes que acompanham toda a cena nos
aplaudem com muito entusiasmo. Sean separa nossos lábios de forma lenta.
Depois de alguns segundos roubando meu ar, ele sussurra com um sorriso
torto de tirar o resto de meu fôlego:
― Obrigado por aceitar ser minha namorada.
Respiro fundo e sorrio feito uma lesada. Dois garçons se aproximam
para averiguar o que se passa. Pisco atrevida para meu sogrinho
insuportável com cara de quem comeu e não gostou. Fito também as três
lambisgoias com cara de tacho, antes de sair do restaurante com um Sean
muito sorridente ao meu lado.
Sean pega as chaves do sedã com o manobrista e me ajuda a entrar no
veículo logo depois de destravá-lo. Ponho o cinto de segurança olhando o
rosto tranquilo de meu namorado. Ele sorri quando coloca o cinto e nos
guia para o fluxo pesado de carros.
Continuo o avaliando curiosa, até indagar zombeteira:
― É impressão minha ou tem alguém muito contente?
Ele ri gostosamente, e sua risada rouca preenche todo o carro, o que
me faz arrepiar. Até a risada desse homem me afeta. Oh, bitch, estou tão
ferrada. Ou melhor, enamorada mesmo. Quem diria?
― Estou radiante, para falar a verdade! ― revela alegre, fitando-me
nos olhos por um breve instante. Sua atenção está no trânsito caótico do
horário de pico.
― Sua alegria é contagiante! ― constato.
Ele ri.
― Você a proporcionou! Obrigado!
― Está me agradecendo pelo que exatamente? ― pergunto, fingindo-
me de desentendida.
― Ainda pergunta? ― Ele me lança um olhar divertido. ― Você deixou
minha madrasta e suas cópias retardadas no pó! Sem falar que você deixou
a velha raposa Benjamin vermelha e pálida mais rápido do que eu no dia
em que cheguei em casa com a minha primeira tatuagem! ― Ele gargalha e
bate a mão direita fortemente no volante. ― Você foi perfeita! Sublime! ―
gargalha ainda mais.
― Você gostou, né? ― apuro com os olhos semicerrados por prender
meu riso.
― Se gostei? Porra! Estou sem palavras para descrever o que senti
quando vi meu pai vermelho brilhante! Muito foda, amor! Muito, muito
obrigado!
― Não por isso ― respondo sorrindo, mas lembro-me da discussão no
dia do baile.
― O que foi? ― pergunta curioso pela minha rápida mudança de
humor.
― Entendi
tentativa de fugirtudo ― digo
de seu olharobservando
confuso. os arranha-céus pela janela, numa
― Como assim?
― Entendi a discussão no dia do seu aniversário ― revelo, voltando a
fitá-lo.
― Você ouviu?
― Esgueirei-me e... ― fiz cara de inocente ― sem querer presenciei seu
diálogo nada amigável com seu pai. Desculpe.
― Você me acha um cara ruim por odiar meu pai? ― indaga, fitando-
me sério quando paramos em um sinal vermelho.
― Não. Mas... não é saudável ― respondo sincera. ― Porém, quem sou
eu para te julgar? Também tenho alguns esqueletos guardados bem lá no
fundo do closet ― confesso com o pensamento em minha tia, meu tio e
minhas primas.
Analisando friamente, em matéria de família, acho que nós estamos
empatados.
sinal Ele
abre.me olha cúmplice, colocando o carro em movimento quando o
― Não o odeio. Não mais. Porém ele me dá nojo, Ally. Não consigo
perdoá-lo por ter abandonado minha mãe ― diz com voz soturna.
― E por ter abandonado você também ― completo.
― Sim ― confessa forçadamente.
Ele aperta o volante com tanta força que os nós de seus dedos ficam
brancos. Passamos pela via de acesso ao escritório da empresa, mas Sean
não toma sua direção.
― Aonde estamos indo? ― questiono com curiosidade.
― Comprar seu anel de compromisso.
Solta a notícia como se fosse algo rotineiro.
― Como é? ― pergunto pasma.
― Isso mesmo que você ouviu ― responde sem se intimidar com
minha expressão desorientada.
― Mas e o trabalho?
― Pode esperar um pouquinho. Tenho certeza que seu chefe não vai se
importar!
Ele ri e faz uma manobra rápida. Em poucos minutos estamos
estacionando em frente a uma joalheira famosa de Miami, a Louis Vuitton.
― Sean, isso é desnecessário ― tento argumentar enquanto ele me
ajuda a sair do sedã.
― Não acho. Venha! ― retruca, levando-me em direção à loja.
Um senhor bem-vestido saúda Sean em francês assim que nos
aproximamos da porta giratória:
― Bonjour, Monsieur McGregor!
Então se dirige a mim, curvando-se em uma reverência:
― Dam.
Retribuímos sua saudação brevemente e entramos na loja chique. Assovio,
exclamando:
― Oi, Allyson.
encarando-me Temos que esclarecer algumas coisas ― diz Deanne,
com hostilidade.
ACHO QUE
ironicamente HOJE REALMENTE
enquanto fecho a portanão para
atrásé de sersem
mim, umdeixar
dia calmo , pensoa
de encarar
loira sentada confortavelmente em minha cadeira.
Deanne me fita de forma hostil. Seus olhos ostentam uma frieza
calculada. Recosto-me à porta e cruzo os braços, tentando não explodir por
vê-la tão à vontade e toda marrenta em minha sala.
― Do que se trata? ― indago impessoal, controlada, desinteressada,
mas puta da vida por dentro.
― Sean ― diz com severidade.
Os olhos azuis brilham em um desafio mudo. Se ela está a fim de
procurar briga, ela não sabe com quem está lidando.
Sorrio cínica e friso friamente:
― Não temos nada o que falar sobre o meu namorado.
Ela me ignora.
― Está realmente iludida com o teatrinho ridículo de relacionamento
sério com Sean?
Sean me abraça com força. Fita-me, inquisitivo. Ele sabe que são más
notícias.
Hilda prossegue em tom neutro:
― Senhorita Jordan, procure se acalmar. A Senhorita Robinson está
sendo bem cuidada, porém não pudemos fazer nada para salvar o bebê. ―
Sua voz é lacônica.
― Como? ― indago piscando confusa.
― A Senhorita Robinson sofreu um aborto. Sinto muito...
― Mas isso não pode ser verdade... Ela não estava grávida! Ela... ―
transtornada, tento contra-argumentar, porém a paramédica volta a
afirmar:
― A Senhorita Robinson estava com duas semanas de gestação.
Estou zonza. Arfante.
― Oh, meu Deus... ― choramingo e largo o celular em completo estado
de choque. Desmorono nos braços de Sean, que agilmente me segura, como
também o celular.
― Ally! Fala comigo! O que houve? ― pergunta apreensivo.
Fecho meus olhos e me recosto em seu corpo quente. Fico totalmente
inerte, mas chorosa. Volto a abrir os olhos quando ouço a voz da
paramédica, que é bastante alta, chamando-me:
― Senhorita Jordan? A senhorita ainda está aí?
Sean olha para mim, e balanço minha cabeça, pedindo para ele falar
por mim. Então ele leva o celular ao ouvido e se pronuncia:
― Sou o namorado de Allyson. Pode falar.
Em meio ao meu estado letárgico, ouço a mulher repetir toda a
história para Sean e dizer em que hospital a Meg está.
― Estamos a caminho ― prontifica-se em tom frio. ― Amor, você
consegue se mover? ― pergunta me aconchegando melhor em seus braços
e verificando minha pulsação.
― Não ― respondo anestesiada.
Ele pragueja.
Fred
que ele responde
precisa que aspista,
de alguma investigações começarão
de algum suspeito imediatamente,
para masà
dar uma direção
investigação. Posso perceber que Sean fica tenso quando o policial sugere
que o procuremos, caso nos lembremos de algo relevante para o caso.
Meu namorado sabe de algo, mas, por não ter certeza, cala-se. Não
tenho mais dúvidas sobre isso. Fred termina seu discurso dizendo que
deseja com urgência tomar o depoimento da vítima, o que será impossível
no momento.
Assim que os policiais se vão, Sean e eu procuramos por notícias. A
enfermeira-chefe de nome Marie, uma senhora corpulenta e de rosto
sardento, dá-nos as primeiras notícias sobre Meg, uma vez que ela não tem
família e somos os únicos responsáveis: ela foi levada ao bloco cirúrgico.
Sean solicita a Marie um local mais reservado onde possamos esperar pelo
fim da cirurgia. Pede ainda que nada falte a Meg e fala que todas as
despesas serão por sua conta. Protesto, mas ele não me dá atenção. Marie,
muito prestativa, prontamente nos leva para a tal sala reservada.
Roo as unhas e ando de um lado ao outro na sala branca com um sofá
sem graça da mesma cor. Fito as paredes e os poucos objetos que decoram
o lugar, sem muito interesse. Quero apenas notícias da minha amiga.
Necessito saber se ela está bem.
Sean está sentado e observa com aflição meus passos agoniados. Ele
ergue-se e põe as mãos em meus ombros.
― Acalme-se, amor. Vai dar tudo certo.
Sua voz é suave e me passa confiança, mas estou agitada e continuo
andando de um lado para o outro, quando Sean se afasta e me traz um copo
descartável com água.
― Beba um pouco.
Tomo em goles pequenos enquanto tento me acalmar, perdida em
pensamentos. Quem olhar de fora vai pensar que minha preocupação é
demasiada, mas Meg é como uma irmã para mim. Ela é a amiga fiel de todas
as horas, do tipo que me xinga para caramba quando faço merda, mas é a
primeira a me defender quando alguém me ataca. É aquela que, do nada,
liga-me de madrugada para me pentelhar com relatos de um sonho erótico
com algum ator famoso, aquela que, ao apenas me lançar um único olhar, já
sabe que não estou nada bem.
― Amor?
Sean me chama de volta ao momento atual.
― Sim? ― respondo aérea, notando que a enfermeira Marie está de
saída.
― A cirurgia terminou. Daqui a pouco o médico responsável vem nos
falar.
Sean me coloca a par do que o meu cérebro não registrou durante a
visita da enfermeira. Ele retira o copo descartável de minhas mãos,
jogando-o na lixeira de inox.
Sento-me e Sean faz o mesmo, puxando-me para seu peito. Acaricia
meus cabelos com carinho, em silêncio. Alguns instantes depois, um
homem aparentando ter uns trinta e poucos anos adentra na sala. Seu
jaleco branco e seu crachá nos indica que é o médico esperado.
Ergo-me com Sean, e cumprimentamos o homem, que se apresenta
como Gael. Logo após, indago sem rodeios:
― Como está a Meg, doutor?
― Sua situação é estável, porém inspira sérios cuidados. Vai precisar
ficar hospitalizada por uma semana no mínimo ― diz com expressão séria.
― Ela está consciente? ― pergunto ansiosa por novas informações.
Fitando a mim e a Sean seriamente, o médico nos informa em tom
profissional:
― A Senhorita Robson está sedada. Retiraremos os sedativos amanhã.
Minha equipe e eu achamos melhor assim, ela precisa descansar. Estava
muito machucada quando chegou até mim. Havia várias lesões e fraturas,
inclusive lesões internas
conter a hemorragia pela sérias.
perda daElacriança.
foi diretamente
Ela quaseàperdeu
sala deocirurgia
útero para
― Deus! Mas ela... poderá ainda ter... filhos? ― pergunto, sentindo
novamente uma onda de angústia me tomar. Sean aperta meus ombros em
apoio.
Ainda em tom profissional, o médico responde:
― Apesar da gravidade, Megan poderá engravidar novamente sem
problemas.
― A ―Senhorita
Com todaRobinson
certeza ―ficará
confirma
bemo médico,
com os acrescentando logoTomei
cuidados certos. depois:
a
liberdade de acionar uma psicóloga do hospital. Ela deverá vê-la assim que
despertar.
― Obrigada, doutor ― agradeço, estendendo-lhe a mão.
― Não por isso. É o meu trabalho ― responde, apertando também a
mão de Sean logo após soltar a minha.
― Marie vai levá-los até o quarto ― avisa.
Meg. Gael nos deixa, mas logo a Marie nos leva em direção ao quarto de
Assim que entro, meus olhos se focam no rosto de minha amiga. Meg
está muito pálida. Seu olho esquerdo está machucado, assim como o canto
de sua boca, que ela aperta inconscientemente em uma linha fina. Seu
abdômen se encontra enfaixado, e há um cateter para soro em sua mão. Ela
dorme por estar sedada.
Aproximo-me da cama a passos lentos e toco na mão de minha amiga
com cuidado. Ela parece tão frágil. Meus olhos ardem e as lágrimas
escorrem pelo meu rosto.
― Volto em uma hora para trocar o soro, mas estarei à disposição,
basta a senhorita apertar esse botão.
Ela me mostra um botão na parede perto da cabeceira da cama.
― Obrigada ― agradeço, fungando.
Ela se vai, e Sean se aproxima, enxugando minhas lágrimas, suas mãos
se movendo com suavidade pela minha face. Beija-me levemente e me
abraça por trás. Sua voz rouca é um sussurro carinhoso aos meus ouvidos:
― Ela vai se recuperar, Ally. Vai ficar bem.
― Eu sei, mas parece tão fraca, Sean ― digo, aconchegando-me em
seus braços e observando a face abatida de Meg.
― É normal depois de tudo, mas você ouviu o médico. Ela vai ficar bem
― reforça positivamente.
― Penso na... ― Calo-me por um instante, engolindo o bolo que se
formou em minha garganta. Completo com voz de choro: ― Na sua dor
colossal ao saber que perdeu o bebê. Eu... não saberei como agir, como
expressar o quanto lamento. O que vou fazer quando minha amiga acordar,
Sean?
Ele me abraça mais forte. Sua pergunta sai abafada por estar com os
lábios pressionados em meus cabelos:
― Ela é sua melhor amiga?
Confirmo sem titubear:
― Sim!
― Então
que você não eserá
entende necessário
estará com elaque
nessefaça nada. Megan
momento vaipelo
de dor, compreender
carinho e
respeito que você vai lhe dedicar ― diz sábio.
Suas palavras me tocam fundo. Movo-me e o fito diretamente nos
olhos.
― Eu te amo! ― digo com um sorriso leve.
― Eu sei ― responde sorrindo torto.
― Convencido! ― exclamo, beliscando-o no antebraço esquerdo.
― Ai! ― geme e ri em seguida. Eu o beijo demoradamente, adorando
sentir seu gosto viciante. Após o beijo Sean fica sério. Ele encosta sua testa
na minha. Sua voz soa pesarosa: ― Não quero te deixar sozinha nesse
momento, mas tenho que ir para casa. Preciso ver como minha mãe está.
― Entendo perfeitamente. Steph deve estar preocupada ― concordo
mais que compreensiva.
― Ela já me ligou duas vezes ― revela com uma careta.
É visível sua preocupação com a mãe. Não é justo abusar dele assim.
― Vá amor, ficarei bem.
― Volto o mais rápido que puder! Passarei em seu apartamento e
trarei roupas, algo com que você se sinta mais confortável. Também vou
providenciar seu jantar.
― Não sinto fome, amor.
Na verdade estou meio enjoada com o cheiro de desinfetante
hospitalar.
― Mas tem que comer. Como vai ajudar a sua amiga? ― Ele é
repreensivo.
― Vou tentar ― digo para agradá-lo.
― Bom.
Ele beija minha testa e, nesse momento, uma ideia me vem à cabeça.
― Amor, peça ao Brandon para trazer minhas coisas. Assim já adianta
para você.
Ele me encara por um momento e então solta sério:
― Só deixarei Brandon tocar em suas calcinhas porque é um momento
especial, mas isso não se repetirá!
― Sean! ― exclamo passada.
― Tenho dito ― ratifica.
― Você ainda está com ciúmes do meu primo? ― questiono incrédula
novamente.
― Ele é homem, não é? ― pergunta como se estivesse respondendo ao
meu questionamento.
― Mas é meu primo!
Sua resposta me deixa boquiaberta:
― Isso não o castra!
― Absurdo! ― exclamo balançando a cabeça em negação.
― Venha me acompanhar até a porta ― diz de repente, levando-me
consigo até a saída. Parado à porta, beija-me docemente. Afasta-se minutos
depois e me promete novamente: ― Não vou me demorar.
Aceno com a cabeça, pedindo:
― Cuide da Steph. Diga que a amo e que estou com saudades.
― Eu te amo ― ele diz com os lábios colados em minha testa.
― Eu sei ― repito sua resposta anterior com um sorriso.
Então ele se vai. Sento-me no pequeno sofá de dois lugares e fico a
observar minha amiga, rezando para que ela fique bem logo.
Analiso todo o quarto. Ele é espaçoso e equipado com TV de tela plana
fixada à parede.
acompanhante Há sofás
e dois um pequeno armário
confortáveis, para da
um perto o paciente
parede doe lado
seu
direito, onde estou, e o outro perto da porta de entrada, ambos de dois
lugares. Uma porta no lado esquerdo é a do banheiro.
Meus olhos começam a pesar, e não percebo que cochilei até sentir
uma mão em meus ombros e ouvir a voz potente de meu primo:
― Ei, Gata, você vai ficar com torcicolo.
― Oi, Bran ― saúdo-o, ajeitando-me corretamente no sofá.
― Esse
hospital aqui é o seu jantar. ― Faz uma careta ao dizer: ― Comida de
é a treva.
Sorrio de leve.
― Estou sem fome...
― Mas Ally, você tem que comer.
― Sei, sei, mas esse odor de hospital me deixa enjoada.
Ele me fita sério.
― Que foi? ― pergunto sem entender sua expressão.
― Você não está grávida, não né? ― solta a bomba, e eu pisco aturdida.
― Quê?! ― grito estupefata. Lembrando-me de onde estou, fito Meg,
com medo de tê-la despertado, mas ela continua dormindo graças aos
sedativos. Suspiro e ralho com Brandon: ― Claro que não! Deixa de falar
besteira!
― Sei lá!
Ele dá de ombros e se senta ao meu lado, passando-me a sacola com o
jantar, que por sinal está com um aroma delicioso, deixando-me ciente de
que estou faminta, apesar de estar também enjoada.
― Quanto tempo ela vai ficar aqui? ― ele pergunta fitando Meg.
― Uma semana, no mínimo ― respondo retirando a caixinha de
comida chinesa de dentro da sacola.
― Sinto muito pelo que houve com sua amiga, Ally ― diz com
sinceridade.
― Também sinto ― respondo com um suspiro.
Sean isso.
Entendo é um Mesmo
homem ocupado,
desejandoe compreendo quenão
que ele fique, seu tempo
quero éser
corrido.
uma
namorada grudenta ou incompreensiva.
― Prometo que vou dispensar o rei Fakhir o mais rápido que puder.
― Faça isso! ― mando enérgica.
Sean se levanta e retira a bandeja do meu colo, deixando-a em seu
lugar no sofá e me ajudando a ficar de pé. Quando estamos em frente um ao
outro, ele afaga meu rosto e me beija com carinho. Abraça-me logo após o
beijo e se vai.
Termino meu café da manhã e tomo uma ducha. Estou saindo do
banho quando ouço uma voz baixa me chamar:
― Ally.
Meg desperta novamente, e graças a Deus, está calma.
― Estou aqui.
Aproximo-me da cama e toco sua mão com cuidado. Meg me fita com
dificuldade. Sua voz é sussurrada ao me perguntar:
― Perdi meu bebê, não foi?
Meus olhos ardem. Não estou preparada para confirmar a notícia
horrenda.
― Eu... sinto muito, amiga.
É tudo que consigo dizer com a voz embargada. Meg fecha os olhos e
chora silenciosamente. Tento conter as minhas lágrimas, mas é em vão.
Engulo o bolo que se formou em minha garganta com dificuldade ao ouvi-la
dizer:
― Preciso dizer. Preciso... ― Meg faz uma pausa para respirar. Ela está
arfante. ― Estava tão feliz. Eu... sempre desejei tanto ter um filho. Não
planejei... mas eu queria. Eu queria meu filho, Ally.
Estremeço pela sua voz soar tão vulnerável. Sinto que minha amiga
está quebrada de uma forma irreversível. Quero gritar, espernear, chorar
até ficar seca pelo que fizeram a ela. No entanto a fito em silêncio, aberta
para ouvir seu desabafo. Sua voz é abatida quando relata:
― Convidei o David para um jantar romântico em meu apartamento.
Ele aceitou sem titubear. Fiquei radiante, então preparei tudo com muito
esmero. Às 8h em ponto ele chegou, e passamos momentos agradáveis. ―
Meg respira fundo e desvia os olhos de mim, envergonhada. ― Depois do
jantar, David me levou a um passeio à beira-mar. Achei que o momento era
perfeito para lhe dar a notícia. Porém, quando revelei que estava esperando
um filho dele, ele ficou transtornado! Começou a me agredir verbalmente.
Chamou-me de coisas horríveis. De aproveitadora. Golpista. E partiu para a
agressão física. Tentei me defender, mas ele era mais forte, e acabei
desmaiando...
― Canalha! ― exclamo estupefata. Sempre soube que ele não era flor
que se cheirasse, mas nunca pude imaginar que seria capaz de um ato tão
vil!
― Sim... foi ele ― Meg confirma, deixando mais lágrimas caírem por
seu rosto.
― Crápula! filho da puta! ― volto a exclamar por entre os dentes,
possessa.
Meg respira fundo, tentando se acalmar, mas sua voz ainda soa
atormentada:
― Não
que me quero que
fez. Quero vê-lovocê
atrássedas
machuque,
grades! Ally, mas ele deve pagar por tudo
Concordo e me prontifico:
― Vou te ajudar!
Ela funga.
― Seu patrão tatuado pode me ajudar mais.
― Como assim? ― indago curiosa.
― David odeia Sean mais que tudo nessa vida ― revela, olhando-me
seriamente.
― Por que ele o odeia? ― interpelo confusa.
Então me recordo que Sean parecia saber de algo sobre quem havia
agredido a Meg. Lógico que ele desconfiava do canalha do David! Ele até
tentou alertar-me sobre o cara.
Meg me tira de minhas reflexões.
― David é um invejoso, Ally. Ele quer ser o Sean. E ele vai sofrer ainda
mais se for desmoralizado pelo seu namorado.
― Entendi.
― Não quero envolver vocês nessa sujeira, Ally, mas... ― A voz de Meg
falha. Ela respira fundo, e então prossegue: ― Mas preciso fazê-lo pagar de
uma forma bem dolorosa por ter matado meu filho.
Aperto sua mão com cuidado, tentando lhe passar apoio, caso as
minhas palavras a seguir não surtam efeito:
― Meg, você é como uma irmã para mim. ― Acaricio sua face. ― E eu já
estou envolvida até o pescoço, e meu boy magia também, meu bem.
Ela sorri de leve, mas seus olhos permanecem apagados.
Ajudo a Meg a se sentar depois de auxiliá-la a tomar um “banho de
gato”, quando Sean adentra o quarto. Ele meio que paralisa com a cena que
vê: Meg pálida, abatida e machucada. Ver suas marcas à luz do dia é
impactante. Observo-o trincar o maxilar. É visível sua enorme revolta, mas
se controla para não assustar minha amiga com sua cólera.
Ele pede desculpas pela interrupção, e o mando entrar de uma vez.
Sean, depois de fechar a porta, caminha até mim e beija minha testa. Já para
Meg ele lança um olhar de apoio e solidariedade.
― Olá. Bom enfim te conhecer ― diz Meg tentando sorrir.
― O prazer é meu em conhecê-la, Megan ― responde Sean com
sinceridade.
― Ally me contou o que você fez por mim. Eu... agradeço. Muito
obrigada.
Sean me fita de lado com a expressão gritando: por que você contou?
Dou de ombros.
Meg continua a falar, prometendo:
― Nem sei como vou te pagar, mas saiba que vou!
― Não se preocupe com isso. Quero que se recupere logo.
― Obrigada! Porém agora estou constrangida por pedir mais um favor
a você, Sean.
Ele a fita curioso.
― Não fique. Quero ajudar.
― Não sei... ― responde incerta. Meg está tímida, e então me
intrometo:
― É o seguinte, amor. Meg quer que o David pague pelo que fez, mas
não somente o denunciando para as autoridades. Ela quer humilhá-lo. E
quer sua ajuda para isso.
meu
desdepapel de cuidar de Meg. Passei a praticamente morar na casa de Sean
então.
Amparo-o e o ajudo com a mãe. Steph está mais estável agora, mas nos
piores momentos da crise, temi que Sean tivesse que a internar. Entretanto
graças a Deus tudo está sob controle. Quer dizer, nem tudo. Ando me
sentindo estranha, tonta, com sono e dor de cabeça constante, variações de
humor, aversão a cheiros fortes e mamas sensíveis e inchadas.
Agora, por exemplo, estou brigando com o sono. Quero acompanhar
Sean até academia. Faz um tempo que não me exercito.
― Está com tanto sono que nem vai me dar carinho hoje? ― A voz
potente de Sean ainda rouca de sono me faz arrepiar. Ainda de olhos
fechados, gemo ao sentir algo me cutucar nas costas.
― O amigão acordou animado, não? ― digo arteira.
― Com você meu amigão sempre fica animado!
Rio, mas meu riso logo se transforma em gemidos de prazer quando
Sean me pega de jeito. Depois do amor, tomamos uma ducha juntos. Nua,
caio na cama novamente. Sean me cutuca com o joelho.
― Deixa de preguiça, amor. Levante-se dessa cama.
― Quero dormir! ― falo manhosa.
― Você vai se exercitar. Está ficando sedentária, mocinha.
― Não quero! ― volto a fazer birra, mas ele insiste:
― Vamos, amor.
Suspiro, rendendo-me.
― “Tá” bom, seu chato!
Sean ri quando lentamente me ergo e sigo da mesma forma até o
closet. Escolho uma malha confortável e me troco. Steph ainda está
dormindo quando saímos de casa. Sean ignora seu motorista Bones e opta
por dirigir. Essa coisa de ciúmes do velho homem é ridícula, mas não estou
com vontade de começar uma discussão sobre isso.
Bran nos dá as boas-vindas assim que adentramos de mãos dadas na
academia.
― Olá, casal!
― Oi, primo!
Abraço-o, perguntando:
― Como está a Meg?
Os olhos de Bran brilham ao ouvir o nome da minha amiga. O
safadinho está caidinho por ela! Que fofo! Brandon me solta e aperta a mão
de Sean enquanto me responde:
― Está bem. Ela agora é voluntária em uma clínica para mulheres que
sofreram o mesmo tipo de agressão que ela. Está animada em ser útil.
― Aposto que isso tem dedo da Susan! ― falo, rindo.
― Você está certa! ― confirma Bran.
― A conversa está ótima, mas temos que malhar ― diz Sean voltando a
segurar minha mão.
― Vamos almoçar juntos? ― sugere Brandon.
― Por mim tudo bem! ― concordo.
― Pode ser.
Sean dá de ombros e me arrasta até a sala de musculação, mas
escolhemos fazer esteira depois de nos alongarmos. Começamos a correr, e
logo meu namorado está suado. E a cena que muitas vezes me fez salivar
acontece: Sean retira a regata, colocando-a em seu ombro. Suas tatuagens
brilham molhadas pelo suor que escorre por seu peitoral definido e por
seus gomos abdominais. Salivo e sorrio travessa ao pensar que toda essa
gostosura é minha.
― Do que está rindo, amor? ― pergunta curioso.
― De nada ― respondo, sem querer revelar meus pensamentos nada
puros. Porém, penso melhor e decido revelar: ― Quer dizer, estou
recordando que costumava ficar te secando enquanto se exercitava. Você e
essas suas tatuagens são uma loucura, Senhor McGregor!
― Sou demais, eu sei! ― diz convencido, piscando provocativo.
Mostro-lhe a língua, e rimos logo em seguida das provocações.
Até então estou rindo, quando uma forte tontura me faz desequilibrar
na esteira. Não me machuco porque Sean percebe e corre para perto,
evitando minha queda.
― Ally? O que foi? ― pergunta assustado.
Não lhe respondo, pois tudo fica escuro.
preventiva, alegando
psicológica da que assim
minha mãe, Williams
comoera um risco
da minha à integridade
namorada física e
e da minha.
E, sem o menor remorso, presenciei Deanne ser movida para uma
penitenciária feminina, onde vai aguardar o desfecho dos processos em
regime fechado. Portanto me calei sobre a novidade. Mamãe precisa estar
mais controlada para uma emoção forte.
Também escondi de Allyson o que ocorreu, pois sei muito bem que
minha namorada tirará satisfações com Deanne, e não posso deixar que ela
corra o risco de se machucar em uma briga, principalmente agora, grávida
do meu filho.
Ao pensar em nosso filho, relaxo em minha cadeira e sorrio
lentamente, recordando do susto que levei ao ver Allyson desmaiar em
meus braços. Fiquei desesperado de preocupação, mas me obriguei a ser
prático e levá-la a um pronto-socorro urgentemente, pois Ally não voltava a
si. Minha mente me fez voltar ao instante...
― Você
os seus seios ée perfeita
sobre suapara caralho
barriga. ― rosnoestar
― Preciso arrastando
dentro meus dedos
de você. entre
Agora! ―
resmungo, deitando-a em minha mesa.
― Você me tem. Tome-me para você ― sussurra rouca.
Ainda preso na admiração da posse, instalo-a à borda da mesa e me
inclino para frente, retirando sua calcinha com meus dentes. Quando ela
está nua, desabotoa minhas calças, deixando-as caírem, assim como minha
boxer.
Meu pau salta livre, duro, grosso e gotejante. Minha boca brinca com
os cumes duros de seus mamilos, meus dentes fazendo-os cativos, meus
dedos em sua umidade. Estimulo seu nervo tenso, inchado, clamando
atenção da minha língua. Deslizo-a por todo seu corpo, até fixá-la em seu
clitóris. Allyson treme inteira ao ter sua boceta beijada por mim.
― Por Deus, Sean! Pare de me torturar! ― choraminga.
Sorrio travesso, minhas mãos em sua bunda macia. Puxo-a para mim,
penetrando-a.
― Ah... Que delícia! ― ela geme em abandono.
Procuro seus lábios, reclamando-os com força, começando a estocá-la
lentamente. Sua carne quente e escorregadia dá boas-vindas ao meu pau.
Ally agarra-se aos meus ombros. Arqueia-se a cada penetração mais longa,
mais profunda. Sei que não duraremos muito tempo. Meu pau incha ainda
mais quando Allyson goza.
― Amo te foder, Allyson. Amo sentir sua boceta me apertando ― rosno
ao senti-la me ordenhando, e gozo logo em seguida.
Ofegante, deixo minha cabeça cair entre os seios empinados,
esperando que os tremores em meu corpo cessem.
― Vamos chegar atrasados ― diz, acariciando os meus cabelos e me
fazendo rir.
― Está arrependida? ― indago erguendo a cabeça para fitá-la nos
olhos.
Seus olhos de gata ainda estão nublados de prazer. Seu ar de
satisfação é um indício de que arrependimento não existe.
― Não, mesmo. Quero muito mais ― diz sacana, atiçando-me.
Dizer que adoro ver minha mãe e Allyson juntas é eufemismo. Porém é
a pura verdade. No entanto, estamos atrasados para o maldito coquetel, e
mamãe está em uma crise de carência.
― Voltamos logo, Steph ― Allyson assegura.
Minha namorada está lindamente vestida em um elegante vestido de
gala na cor preta, seus cabelos estão presos em um moderno coque. Sua
figura está fabulosa, deslumbrante.
― Mas você vai chegar tarde, e quero que me conte uma história
agora! ― mamãe diz com teimosia.
― Essa édo
brinquedinho a McGregor?
linda assistente que subiu de cargo e se tornou o novo
Ao ouvir suas palavras maldosas, minha mão coça, louca para socá-lo.
Sinto Ally tensa ao meu lado.
― Suma da minha frente, Antony ― ordeno frio.
― Está nervosinho, Sean? Não disse nada demais ― desdenha ele com
um sorriso falsamente cortês, mantendo as aparências.
― Se não sair agora, vou desfigurar esse seu sorriso de hiena com
meus punhos ― ameaço cortante.
― Sempre tão agressivo ― debocha. Ele se volta para Allyson. ―
Quando se cansar do McGregor, me procure, linda ― graceja.
― Não sou geriatra, Senhor Antony ― Ally retruca friamente em sua
pose de primeira-dama.
Antony nem pestaneja ao replicar vulgarmente:
― Não sou difícil, boneca. Pego qualquer uma.
― Vou trucidá-lo! ― rosno entre meus dentes cerrados. Vou deixá-lo
irreconhecível.
― Não vale a pena, amor. Deixe-o ― pede Allyson, segurando meu
antebraço com força.
― Vou fazê-lo engolir cada palavra! ― vocifero encarando-o colérico.
Antony sorri cínico diante da minha ira. Desejo matá-lo bem
lentamente.
― Não perca a razão, amor. Não lhe dê o que deseja.
― Sua vadiazinha é mais esperta que você, McGregor.
Meu sangue sobe, tingindo minha visão de vermelho. Sem pensar nas
consequências, parto em direção ao Antony e o soco com toda força,
derrubando-o em cima da mesa de canapés.
De repente o salão está em silêncio. Em minha nuvem de cólera,
percebo os convidados estupefatos e os flashes da imprensa.
― Oh, meu Deus! ― Ally exclama.
― Se a insultar novamente, você é um homem morto! ― ameaço puto.
― Isso não vai ficar assim! Pode apostar que não vai! ― ele devolve a
ameaça enquanto recebe ajuda de alguns convidados para se erguer.
Não me dou o trabalho de retrucar à altura. Apenas fuzilo-o com os
olhos semicerrados. Exalo forte, tentando me controlar por Allyson. Seu ar
assustado me deixa seriamente preocupado. Então decido tirá-la daqui com
urgência.
― Vamos embora dessa merda ― rosno e, com cuidado, conduzo-a
para a saída.
Sob os burburinhos dos convidados e da imprensa, levo-a de volta à
limusine. Com o veículo já em movimento, sirvo-me de uísque puro,
tomando-o em um único e rápido gole.
― Sean, está bem? ― ela pergunta me fitando preocupada.
― Não, não estou. Caralho! ― rosno. ― Quero voltar lá e matá-lo com
requintes de crueldade por chamá-la de...
Não ouso reproduzir a ofensa, só me deixará ainda mais possesso,
então puxo o ar ruidosamente. Amaldiçoo-me por fazer Ally passar por
momentos de estresse. Não é saudável para o bebê.
― Esqueça, amor, por favor ― pede ela docemente.
― Desculpe por ter agido violentamente, Ally, mas é como sou. Não
sou um homem sofisticado que sabe retrucar uma ofensa sem levantar o
punho. Sou impulsivo. Sou um briguento! ― ressalto infeliz.
Ally se senta em meu colo e segura meu rosto com carinho. Diz:
― Você é briguento, sim, mas adorei ver você me defender. Socar
aquele puto filho da mãe foi o eclipse da noite, mas... ― ela puxa uma
respiração ― não quero que se machuque, por favor. Seja cuidadoso. Esse
Antony não me parece uma boa pessoa.
Encosto minha testa na dela ao responder:
― Antony é um criminoso. Está envolvido com lavagem de dinheiro,
favorecimento político, entre outras coisas escusas.
― Deus, Sean! Então ele é perigoso! ― exclama apreensiva.
― Não tenho medo dele.
Elapara
cabelo estremece.
acalmá-la.Abraço-a forte contra meu peito, acariciando seu
― Não tema, amor. Nada vai acontecer, nem a mim, e muito menos a
vocês. Prometo.
Ela aconchega-se mais em meus braços e suspira antes de pedir:
― Só tome cuidado.
― Tomarei ― murmuro para sua tranquilidade.
Ally desliza suas mãos por dentro do meu black tie e encontra o
pequeno volume em seu bolso. Gelo. Porra! Não é a hora certa!
― O que é isso? ― pergunta-me, olhando-me curiosa.
― Allyson... ― começo uma explicação, mas me calo ao senti-la retirar
a caixinha de seu esconderijo. Empalideço. Esse é o pior momento para
falarmos sobre um assunto tão importante e sério, além de não ser nada
romântico.
Ally se afasta e encara a caixinha. Com os olhos espantados, ela abre-a
e fita boquiaberta as alianças de ouro branco, que reluzem no interior do
veículo.
Gagueja:
― I-isso é-é um... a-anel de n-noivado?
― Sim ― confirmo, fitando-a em expectativa e receio.
― Isso quer dizer o que estou pensando? ― indaga.
― Que desejo que seja minha esposa? Sim, Allyson, é o que mais quero.
― Ela me encara incrédula. Tento ser o mais leve possível ao continuar: ―
Já que estamos falando sobre isso, você aceita? Aceita ser minha por toda a
vida?
Ela pisca e sua boca se abre em um “O” perfeito, mas sua resposta não
vem.
PARALISADA
de noivado. Sean meE COM
olhaMÃOS TRÊMULAS,
receoso, sua testa seguro
vincadaa ecaixinha com
sua boca emo uma
anel
linha fina, infeliz. A limusine segue seu curso enquanto meu coração
dispara insano.
Deus! Casamento? Sean me pediu em casamento? Jesus! Ele não fez
isso! Oh, bitch, ele fez, sim! Como ele faz isso? Ele sabe meu medo de
compromisso. Tenho tanto medo! Medo de repetir o exemplo do meu pai,
de sofrer a mesma dor que ele por fazer a mesma escolha: o casamento.
Sean continua a me olhar expectante. Em seu colo posso observar
todas
perdemas nenhum
suas reações de perto.meu,
movimento Seu àlindo rostoSeiestá
espera. quesério,
devoe falar
seus olhos não
algo, mas
não consigo. Raramente isso me acontece. No entanto estou desnorteada,
principalmente ao presenciar a aflição de Sean à espera de uma palavra, de
uma simples palavrinha, mas com o significado tão importante nesse
momento. Porém estou petrificada. Sempre tive uma resposta rápida e
certeira para todas as ocasiões, mas não para esse momento. Elas me
faltam. Fogem-me.
― Diz alguma coisa, Ally. Esse silêncio está me matando ― pede
torturado.
Permaneço em silêncio, presa aos meus receios, às minhas conjecturas
negativas sobre o motivo do pedido. Nossa, fui pega de guarda baixa! Sinto-
o enrijecer e vejo seu maxilar se destacar forte em seu rosto.
Gaguejo:
― E-eu...
― Diga que sim, ou não, Ally, mas diga algo! ― objetiva perturbado.
Engulo com dificuldade e fito os olhos azuis com seriedade. Eles estão
angustiados. Os meus devem lhe parecer confusos, medrosos. Pergunto em
um fio de voz:
― Você quer se casar comigo pelo bebê, não é? ― Ele faz uma
expressão de sofrimento, o que só confirma minhas suspeitas. Merda!
Começo a dizer de forma desorganizada: ― Eu sei que é por isso, mas...
você, você... não precisa fazer isso. Não quero que se sinta obrigado. ―
Tomo fôlego e prossigo com a enxurrada de palavras. ― Sei que você se
sente responsável, e você é, mas... está tudo bem, eu...
Sean segura meu rosto entre suas mãos.
― Você está entendendo tudo errado, Allyson. Você não está dizendo
coisa com coisa. Quero me casar com você porque a amo, sua tola!
― Ai, meu Deus! ― exclamo atarantada.
― Eu te amo e não sei mais viver sem você. Será que esse motivo não é
o suficiente?
Suas palavras me aquecem a alma. E toda boba, indago:
― Você me ama tanto assim?
― Amo, Allyson. Mais que minha própria vida.
Sorrio de lado. Ele pergunta:
― Você me ama, Allyson?
Respondo sem hesitar:
― Amo, Sean. Nunca amei ninguém como eu te amo. Nunca!
― Então aceite meu pedido.
― Tenho medo, Sean, medo de acabar como meu pai ― confesso.
Ele suspira e acaricia minha face com os polegares, massageando
levemente as maçãs do meu rosto enquanto me olha seriamente nos olhos.
Sua voz potente flui firme:
― Não posso te prometer somente coisas boas, Allyson, mas posso
prometer fazer o meu melhor para te fazer feliz. Só me aceite. Por favor...
Ouvir esse homem maravilhoso confessar que me ama e ainda me
pedir para aceitá-lo por favor me bate fundo. Eu o amo e posso ser uma
porra-louca de uma medrosa, mas não posso dizer não. Não vou fazer isso
conosco. Tremendo de emoção, respondo:
― Pedindo-me desse jeitinho, não tenho como dizer não, chefinho. ―
Meu sorriso treme. ― Vou me casar com você, moço bonito, mas somente
por causa das suas tatuagens sedutoras.
Sean grunhe e me beija desesperadamente. Correspondo ao seu beijo
em igual desespero. O beijo dura deliciosamente por muitos minutos, até
que precisamos respirar.
Pulmões, seus estraga prazeres!
― Obrigado! ― ele diz ao encostar sua testa na minha. Afasta-se então
para
liberame olhar. Fita
a aliança minha mão,
do suporte. que ainda
Gentilmente segura
Sean a caixinha.
desliza Elemeu
o anel pelo a pega
dedo,e
deixando-o junto ao meu anel de compromisso. Murmura rouco: ―
Obrigado por confiar em mim.
Sean beija minha mão galantemente, e sorrio de forma tola.
Ele me segura pela nuca, e seus lábios fluem por minha testa suavemente,
com amor, assim como os beijos que se seguem. Sean beija meus olhos e
toda a minha face. Beija-me carinhosamente nos lábios. Entretanto o ardor
também está presente, tanto que meus mamilos pesam dentro do sutiã sem
alça. Os bicos se projetam, carentes da boca que me atiça os sentidos. Sean
também está atiçado. Seu volume é perceptível pelo cós de sua calça. Ele
pressiona sutilmente minhas nádegas, acendendo-me a libido.
Sean geme, mordiscando meu lábio inferior. Um arrepio corre por
minha espinha ao ouvi-lo dizer:
― Vou amá-la aqui e agora, minha noiva.
E em câmera lenta sua boca sensual se aproxima e toma a minha
novamente, quente, possessivamente. Suas mãos trabalham com agilidade,
abaixando a parte
deixando-me apenasdedecima de que
sutiã, meulogo
vestido,
tambémdesnudando-me os ombros,
se vai. Sua boca desliza
pelos meus ombros, mordendo-os.
Em poucos minutos estou sem o vestido, que foi jogado de lado no
banco da limusine. Somente minha calcinha e meus sapatos de saltos
restam.
Sean pega o interfone da limusine e ordena ao Bones que percorra o
caminho mais longo até a sua casa, então me manda:
― Tire minha roupa, amor.
Equilibrando-me em seu colo e com certa pressa, desabotoo os poucos
botões de seu smoking e o retiro. Afrouxo sua gravata, deixando-a de lado, e
trabalho nos botões de sua camisa, abandonando-a logo depois em cima do
meu vestido. O sarado abdômen fica livre ao meu toque. Salivo ao senti-lo
se flexionando sob as minhas mãos. As tatuagens tribais me hipnotizam.
Desejo lamber os desenhos negros.
Mordo os gomos perfeitos e refaço o caminho até sua boca, beijando-o
com ardor. Minutos depois, sem fôlego, afasto-me. Sean junta meus seios e
os lambe, mordendo os bicos sensíveis. Gemo. Uma das mãos grandes desce
em direção ao meu quadril.
Os dedos longos contornam o tecido da calcinha, afastando-a sem
cerimônia para me tocar diretamente, para provocar meu sexo, brincar
com minha excitação. Porém não sou uma mulher passiva e também não
concluí minha tarefa. Então levo minha mão ao cós de sua calça e deslizo o
zíper. Sean se ergue quando peço, ajudando-me a se desfazer de sua calça.
Sua boxer revela uma ereção potente.
Ele está tão “ligado” quanto eu. Coloco seu pau para fora e o manuseio
lentamente entre
excitação. Sean minhas mãos, acariciando a cabeça rosa, espalhando sua
geme.
― Porra, Ally! ― Continuo a estimulá-lo, até que ele retira minhas
mãos de cima dele. ― Termine de tirar a boxer ― manda.
E obedeço prontamente. Sean rasga minha calcinha, jogando-a ao lado
do meu vestido. Sua mão vai em minha nuca, puxando meu rosto para ele,
reclamando minha boca. Sua língua me devora, quando sinto Sean me
erguer e me encaixar em sua ereção.
Facilito sua tarefa ao rebolar, deslizando pelo seu pau, deliciando-me
com as veias e nervos proeminentes do seu mastro. O fogo do desejo se
espalha em minhas veias, derretendo todos os meus neurônios, minha
sanidade. Fecho meus olhos com força, apreciando a sensação
enlouquecedora.
― Cacete, como pode ser tão apertada? Tão gostosa?
Sean ruge quando começo a cavalgá-lo. Subo e desço lentamente,
enquanto ele estoca no mesmo ritmo. Nossas respirações estão ofegantes,
nossas bocas, comendo-se, até que gozamos fulminantemente juntos.
Depois do ápice, Sean me aconchega em seus braços com a ternura
equivalente ao arroubo sexual.
Acordar nos braços de Sean é uma das coisas mais gostosas que já fiz.
Perde para os nossos momentos mais quentes. Pressiono meu rosto contra
o peito largo.
o queHoje é sábado,
achei entãoe odesde
o máximo, café da
quemanhã será napara
me mudei varanda.
a casaIdeia da Steph,
do meu gato
tatuado, praticamos. De mãos dadas, Sean e eu nos aproximamos da mesa.
Steph já espera por nós. Ele está nervoso ao meu lado, e aperto sua mão,
passando-lhe confiança.
― Oi, Steph! Dormiu bem? ― pergunto, beijando sua bochecha.
Ela joga os braços sobre meus ombros, puxando-me para um abraço
desajeitado. Rimos.
absorvida pelaaoleitura
e me espanto ver quequando
se tratasinto meu celular vibrar. Verifico a chamada
da Evangelina.
― Como conseguiu meu número? ― pergunto com frieza ao atender.
― Você sumiu! Onde você está? ― ignora minha pergunta
propositalmente.
― Não lhe diz respeito ― respondo malcriada
― Mocinha, olha como fala, sou sua tia! ― reclama.
― Na verdade, não é. Você é a mulher do Michael, ele é meu tio ―
ressalto.
Ela bufa.
― Mero detalhe! ― Então solta sem rodeios: ― Precisamos da sua ajuda.
Minha resposta direta é gélida.
― Por que não diz logo que precisa do meu dinheiro?
Ela fica na defensiva.
― O que tem de mal em ajudar sua família? ― logo acrescentando
atrevida: ― Nos te acolhemos! Você nos deve!
― Não lhes devo absolutamente nada! ― retruco furiosa.
Ela revida no mesmo tom:
― O que custa nos ajudar? Você namora um homem riquíssimo,
portanto não seja avarenta com sua família! Você nos dará uma mixaria
perto do que ele tem! Não vai lhe fazer falta!
Essa mulher não tem senso de ridículo! Porra! Meu sangue ferve.
Minha voz destila ira.
― Não sou obrigada a ouvir tanta podridão. Vá procurar um trabalho,
Evangelina, uma ocupação além de extorquir dinheiro das pessoas!
Esqueça que existo!
Desligo.
Sean se aproxima com o semblante preocupado. Devo ter alterado a
voz ao telefone. Merda!
― Ally? O que houve?
― Assuntos familiares ― respondo ironicamente.
― Não entendi ― diz confuso.
Ajusto-me na espreguiçadeira para que ele se sente e trato de explicar.
― Minha tia ordinária, ou digo, a mulher do meu tio, igualmente
ordinário, me ligou.
― O que ela queria?
Ele me olha curioso.
― O de sempre, extorquir meu dinheiro ― dou de ombros.
― Vou cuidar desse assunto. ― Sua expressão é determinada.
― Não vai, não. Nem pense em dar dinheiro para assa mulher, está me
ouvindo? ― falo seriamente.
Sean bufa.
― Não pretendo lhe dar dinheiro algum, mas sim afastá-la dentro da
Lei. Ela não pode extorquir seu dinheiro e ficar impune.
― Ela é mãe do Brandon, Sean. Não quero que ele sofra. Não faça nada
― peço.
― Você está grávida, não pode ficar se estressando. Não vou deixar
que nada te perturbe!
― Prometo que não vou mais me estressar com essa mulher, mas
deixe esse assunto de lado, por favor, meu amor. Pela sua amizade com o
Bran.
― O Brandon que me desculpe, mas você e meu filho são minha
prioridade, Allyson!
Volto meus
identificação olhos oà sedã
perseguir estrada e ficocriminosa.
de forma estupefatoRápido,
ao vertento
o Range sema
acionar
polícia pelo celular, mas ele está sem bateria. Jogo-o no porta-luvas.
Horrorizado, presencio o Range empurrar o sedã ribanceira abaixo.
Apenas acompanho como em câmera lenta o carro girar e capotar várias
vezes antes de explodir e lançar altas bolas de fogo e fumaça negra.
Por puro reflexo escondo meu BMW em um conjunto de grandes
pedras até que o Range foge cantando pneus. Fico estático pelo que acabo
de ver, antes de voltar a colocar o veículo novamente em movimento. Com
receio me aproximo
dificuldade do local daescorregando
desço a ribanceira explosão. Desligo
uma vezo carro e saio.
ou outra. O Com
fogo
crepita, dono de toda a massa retorcida de ferro que sobrou do sedã.
Ao redor, pedaços carbonizados de um corpo se destacam
horrendamente no cenário. Engulo em seco, então arfo ao ver um corpo de
mulher inerte e muito machucado. Uma linda mulher. Aproximo-me
imediatamente da desconhecida; seu estado é deplorável.
Sua calça jeans está rasgada, e sua perna direita tem uma fratura
exposta; seus braços estão completamente arranhados, e alguns estilhaços
de vidros ou
profundo estãoem
corte grudados neles, ou
sua têmpora dentro dos
esquerda, decortes;
onde assim comoescorre
o sangue há um
abundantemente.
Agacho-me ao seu lado e toco em sua jugular. Minha mão livre paira
em seu nariz, verificando se está respirando. Sua respiração é tão fraca
quanto sua pulsação, mas o que importa é que ela está viva!
Minhas mãos se afastam de seu rosto machucado e de seus escuros
cabelos, e admiro a beleza deles por um instante, sentindo algo tão forte
que me deixa trêmulo, sem ar.
― Você é um presente. Meu presente ― murmuro, maravilhado com a
semelhança da moça com minha falecida Cecilia.
Procuro nos bolsos de sua calça por algum documento, mas ela está
sem identificação. Em uma de suas mãos há dois anéis, uma indicação clara
de que é comprometida. Sinto um ciúme louco e, movido por ele, retiro os
anéis. Jogo-os no sedã que ainda queima.
Ao ouvi-la gemer de dor, volto a olhá-la. Ela precisa de ajuda médica.
Não esperarei por ajuda especializada. Sei um pouco de primeiros-
socorros,
craniana. e ela não tem lesão na medula, apesar de aparentar uma lesão
Ela está sofrendo e pode morrer de hemorragia. Minha irmã é médica,
pode ajudá-la. Com isso em mente, rasgo minha camisa e tento estancar o
sangramento em sua testa. Certifico-me de que não a estou machucando
ainda mais ao tocá-la e a movo, erguendo-a em meus braços. Ela volta a
gemer fraquinho, mas permanece imóvel.
Com dificuldade subo a ribanceira e a levo para meu carro, colocando-
a no banco do passageiro com cuidado. A toda velocidade guio rumo ao
hospital onde Harriett trabalha.
― Preciso de ajuda! ― grito, com a linda desconhecida em meus
braços, ao entrar na recepção da área de emergência do hospital.
― Por aqui, senhor! ― orienta uma enfermeira cujo nome, que está em
sua identificação, é Winnie, quando se aproxima correndo. Outros dois
enfermeiros também correm logo que percebem a grave situação.
― O que houve? ― pergunta um dos enfermeiros, ajudando-me a
colocar a mulher na maca.
― Um acidente de carro ― informo evasivo.
Eles me olham de forma acusatória. Não me importo. O pronto
atendimento à desconhecida é prioridade.
A enfermeira pergunta:
― O senhor é parente da moça?
Tenho a intenção de contar a verdade, juro que tenho, mas meu
coração se rebela, ele não quer perder de vista a linda jovem, e sem
perceber me ouço dizer sem hesitação a grande mentira que mudará minha
vida:
― Sou seu marido.
― O senhor vai ter que preencher a papelada de internação ― informa
a enfermeira enquanto empurra a maca com ajuda dos dois enfermeiros.
― Minha irmã é médica, ela trabalha neste hospital. Por favor, contate-
a para que ela possa cuidar pessoalmente do caso de minha esposa. Estou
sem condições ― peço, esquivando-me da situação no momento. Preciso da
ajuda de Harriett para colocar meu plano em prática.
― Entendo. Qual seu nome? ― pergunta me olhando de lado.
― Nathan Gavin! ― respondo rápido.
― Por favor, aguarde aqui fora, Senhor Gavin ― pede quando começo a
acompanhá-los até a porta que dá para o corredor de atendimento de
emergência.
― Irei aguardar ― digo, deixando de acompanhá-los quase perto da
porta.
― A qualquer momento voltarei com notícias ― ela fala novamente,
sendo prática.
― Por favor, salvem-na! ― grito quando a levam de mim.
Ela vai sobreviver, preciso desesperadamente dessa nova chance.
ALGO ESTÁ MUITO ERRADO. Posso sentir que algo grave aconteceu.
Ligo para o celular de Allyson, mas a mensagem insistente é de que está
fora de área. Ligo para Meg, que me confirma que Allyson deixou sua casa
há mais de uma hora.
Preocupado além da conta, imediatamente verifico o GPS do sedã, mas
o sinal sumiu! Atormentado, dou ordens aos meus seguranças para
procurarem o paradeiro do carro, com rondas pelos possíveis caminhos
que eles poderiam ter percorrido. Então vem a pior notícia.
Estou trêmulo, meu coração bate em um ritmo louco. Não pode ser
verdade.
mim, nemDeus
meu não
filho,me
nãocastigaria
agora! dessa forma. Ele não levaria Allyson de
Às 6h da tarde recebo uma ligação. Uma maldita ligação da polícia,
informando que o sedã está retorcido em uma carcaça, após se envolver em
um grave acidente que findou com uma forte explosão, causando a morte
instantânea de Allyson e Jared.
Desequilibrado, vou ao local do acidente. Meu desespero ganha
proporções gigantescas ao ver o sedã totalmente destruído. Esbravejo
contra os policiais, que teimam em afirmar que Ally está morta. Quase sou
preso por desacato.
Meu advogado me orienta a ficar calado, e sigo o seu conselho,
contrariado, então o oficial me pede para reconhecer o corpo, ou o que
sobrou de Jared no necrotério. A área está em perícia quando me retiro de
lá a toda velocidade. Chego ao necrotério sem perceber, a adrenalina me
guiando.
― Isso não é verdade! ― exclamo ainda incrédulo, olhando friamente o
homem a minha frente.
― Senhor... nós achamos que o corpo... virou cinzas ― diz-me como se
fosse o óbvio.
― Impossível!
O homem sua copiosamente e parece querer sair correndo. Sua voz
treme ao dizer:
― Achamos sangue do lado de fora que pertence a sua noiva, mas... o
corpo sumiu.
― Ela não está morta, porra! ― grito.
― da
clínico Doutora,
esposadesculpe interromper, mas temos notícias sobre o quadro
de seu irmão.
― Quem é o médico responsável, Winnie? ― minha irmã indaga séria.
― O doutor Jackson.
― Obrigada, pode ir ― Harriett dispensa a enfermeira e me olha de
lado ao se erguer. ― Vamos lá ― diz, fazendo-me sair primeiro do
ambulatório.
Caminhamos pelos corredores do hospital lado a lado. Ela está muito
séria.
bate à Calada. Pensativa.
porta. Um homem Não é bom sinal.
alto abre-a. Chegamos
Harriett a uma ainda
nos apresenta sala, eàHarriett
porta.
― Olá, Dr. Jackson, esse é meu irmão, Nathan Gavin. Ele é...
― Sou marido da moça que você ajudou a salvar ― digo-lhe,
intrometendo-me quando ela hesita. Cumprimento o médico com um forte
aperto de mãos. ― Como minha esposa está, doutor? ― pergunto
verdadeiramente aflito.
― Ela nasceu de novo, devo salientar. Sua esposa passou por duas
cirurgias. Reparamos a fratura exposta em sua perna e cuidamos da lesão
grave na cabeça. A sutura foi profunda, e bem... os níveis de atividade num
cérebro normal variam constantemente e são muito diferentes entre o
estado de vigília e o do sono que ela apresenta.
― Sono? O senhor está falando que ela está... em coma?
― Sim, ela apresenta uma situação de inconsciência total. Sua
inconsciência foi provocada pelo traumatismo na cabeça. Mais
especificamente sua esposa apresenta um quadro de encefalite. A encefalite
provoca diminuição do nível de consciência, estado de confusão ligeira e,
como dito anteriormente, a inconsciência total.
― Mas... ela vai acordar?
A ansiedade me faz suar.
― Não posso prever as possibilidades nesse primeiro momento,
principalmente por seu estado de coma profundo ter durado mais de duas
horas. Sua recuperação vai depender de como a lesão que a provocou irá se
comportar, porém pode se ter uma recuperação importante mesmo que o
coma dure várias semanas; entretanto, não mais que três meses, pois não
se pode descartar a probabilidade de graves sequelas.
― O bebê
sua esposa paraestá
umbem, ele é guerreiro
apartamento, como
uma semi a mãe.
UTI. Bem,
Então vamospoderá
o senhor transferir
vê-
la.
― Obrigado, doutor, muito obrigado! ― agradeço calorosamente
enquanto sinto minha irmã me olhar com cautela.
Novamente dentro do ambulatório, ando de um lado a outro, nervoso.
Tento persuadir minha irmã a me ajudar. Ela me deve. E eu vou cobrar!
― Você me deve, Harriett! ― digo firme.
Tudo parece tão surreal, tão filme em preto e branco. Do tipo daqueles
clássicos do cinema mudo, bem antigos, sabe? Pois é... É muda que recebo o
diagnóstico de amnésia por ter sofrido um acidente. Pode piorar? Acho
melhor continuar muda.
Com receio e ansiedade, observo os rostos a minha frente. Acho que
estou meio em pânico. O médico, pressentindo meu temor, ratifica que
posso confiar nele, que ele não me machucará, que está aqui para me
ajudar. Sei... De boas intenções o inferno está cheio.
Vamos lá, pessoa desmemoriada, seja justa. O médico parece mesmo
querer me ajudar, mas a médica não esboça nenhuma reação, a não ser de
cautela e distanciamento. Já o homem que me respondeu está me dando
nos nervos, com sua insistência em me fazer crer que me chamo Cecilia.
Sabe quando você escuta algo que não te remete a nada? Que não te
significa nada por mais que você se esforce para se lembrar? Esse efeito
está virando uma rotina para mim no momento.
Cecilia? Esse nome não pode ser meu, não me recordo de
absolutamente nada, mas sei que não é meu.
― Esse nome não é meu ― retruco para o homem de atitude estranha.
Ele parece não gostar muito.
― Mas é seu nome! ― ele diz com veemência.
― Tenho certeza que você está enganado ― rebato. Meu coração me
diz que devo ficar longe desse homem, pois ele está mentindo.
― Dê um tempo a ela, Nathan. Ela está confusa, desorientada ― fala o
médico.
― Mas ela não pode renegar o próprio nome!
O tal de Nathan está alterado.
Bufo. Quem deveria estar alterada sou eu! Caramba! Estou toda
dolorida, com uma dor de cabeça monstro, e ainda por cima
desmemoriada! Quem esse tal de Nathan pensa que é? O rei da cocada
preta? Fala sério!
― Alguém pode me dizer o que aconteceu comigo? Alguém mais
controlado? ― desdenho, e Nathan me olha com raiva.
Quem me responde é o médico:
― Sou Jackson, o médico responsável por acompanhar seu quadro
clínico. Você sofreu um grave acidente de carro, e foi o Nathan que te
trouxe até nós. Nós te levamos à sala cirúrgica e cuidamos dos seus
ferimentos. Sua perna foi gessada devido a uma lesão exposta. Seus braços,
enfaixados por causa de escoriações decorrentes de vidro. E sua têmpora
esquerda levou vinte pontos. O trauma craniano te deixou em coma por
duas semanas.
― Duas semanas... ― murmuro, tentando me lembrar de algo, mas
nada vem à memória. Que droga!
― Como aconteceu esse acidente? ― pergunto curiosa. Tenho tantas
perguntas...
― Não sabemos, mas Nathan tem mais informações ― diz o médico,
apontando para o homem nervosinho, que prontamente começa a relatar
muito reduzidamente:
― Você saiu de casa para fazer compras com uma amiga e então me
ligou pedindo ajuda, dizendo que havia se envolvido em um acidente. Fui
até você e te trouxe para o hospital.
Suas palavras me soam falsas, elas ferem meus ouvidos, causando-me
calafrios. Caramba! Esse homem é sinistro.
― Desculpa aí, cara, mas tenho certeza que eu ligaria para a
emergência pedido socorro. Até porque nem te conheço! ― falo hostil.
― Sou seu marido! ― afirma com aparente mágoa por eu não me
lembrar dele.
Bufo e o fito avaliativa por um instante. De repente começo a rir como
uma louca. Rio até meus olhos marejarem.
― Não sou casada com você! Impossível! Você não faz meu tipo! ―
digo entre as risadas. Todos me olham como se eu fosse uma lunática.
― Bem, esse senhor afirma ser seu marido ― diz o médico.
Solto um muxoxo.
― Ele pode afirmar o que quiser, mas eu sinto, eu sei que é mentira ―
asseguro firme.
O médico olha para o homem com desconfiança. Nathan está
vermelho. Parece um tomate. Um tomate estragado.
― Ela não está dizendo coisa com coisa, doutor. Ela não precisa de
sedação? ― ele diz me encarando.
― Ei! Já dormi demais! ― protesto devolvendo a encarada.
― Nathan, ela precisa de repouso, não de sedação ― explica Jackson.
Então o médico se dirige a mim: ― Você vai ficar bem.
― Preciso de respostas! Como: qual é meu nome verdadeiro? Minha
família está me procurando? E necessito de um analgésico para dor de
cabeça urgente!
― Você está convalescendo, sua memória precisa ir devagar, tem que
ir com calma. Sua dor de cabeça é pela lesão, você nasceu de novo ― diz a
médica, pela primeira vez se pronunciando.
― Não quero ir com calma, quero respostas! ― replico, sentindo-me
enjoada.
― O que está sentindo? ― Nathan pergunta parecendo preocupado.
― Você é médico? ― questiono fria.
― Não...
― Então fica quieto na sua! ― sou grossa.
― O que você está sentindo? ― pergunta o médico.
― Estou... enjoada. Zonza... ― respondo com uma careta.
― Você
quarto, pode dizer ao médico que não quero aquele louco rondando o
por favor?
Ela aplica uma das injeções no soro, dizendo:
― Acho louvável seu pedido. Ele é sinistro.
― Ele é descompensado ― murmuro grogue e apago logo em seguida.
hoje e―não
Meume
amor! Estoudeviva!
recordei nadaEstive em coma
até agora! por de
Preciso duas semanas.
você, Acordei
Sean! Vem me
buscar!
Ouço um choro baixo do outro lado. Oh, Deus! Ele está chorando?
― Não chora, amor. Estou viva! ― peço, deixando-me levar pela
emoção chorando ainda mais.
Sean exala forte, esforçando-se para manter o equilíbrio.
― Mas como é possível? Eu vi o carro ― diz com voz rouca.
― Fui projetada para fora do carro e desmaiei. Acordei hoje, confusa e
sem memória ― conto, fungando alto.
― Diabos! Por que eu não soube de seu paradeiro? Fiquei insano à sua
procura! Porra! Você foi dada como morta! ― fala ainda incrédulo.
― Eu sinto tanto! ― choramingo. ― Só sei que um homem me
encontrou perto dos destroços do acidente e me levou para um hospital.
Ele é louco, Sean!
― Você está bem? Está segura? Está ferida? Nosso filho... ― pergunta
totalmente perdido, atordoado.
― Estamos bem, mas me tire daqui depressa, por favor, estou com
medo desse homem. Ele é louco!
Sua voz é um rugido:
― Ele te fez algum mal? Se o fez, vou matá-lo com minhas mãos!
― Não me machucou fisicamente, mas psicologicamente ele tentou!
Ele acha que sou sua mulher morta!
― Cretino atrevido! ― diz furioso.
― Completamente perturbado! ― digo estremecendo.
― Vou cuidar dele! Onde você está?
Verifico o quarto e não reconheço nada. Olho para a médica.
― Onde fica esse hospital e como se chama? ― pergunto curta e grossa.
― Fica no centro de Miami e se chama Beneficência ― responde-me
em tom baixo.
Prontamente repasso o endereço a Sean.
― O nome do médico que cuida do meu caso é Jackson. Ele
provavelmente vai dizer que não existe uma Allyson no hospital, então
procure por Cecilia.
― Cecilia? ― pergunta confuso.
― Sim. Cecilia. É o nome que o louco colocou na minha ficha médica ―
esclareço em tom enojado.
― Estou a caminho! ― promete. Então o ouço respirar fundo. Sua voz
soa quebrada ao confessar: ― Deus, Ally, não consigo desligar! Tenho medo
de você desaparecer novamente...
― Não vou desparecer, amor. Vou estar aqui esperando por você para
me levar de volta para casa ― digo com voz cortada.
― Eu te amo, Allyson! ― murmura baixinho.
― Eu te amo, Sean.
Desligamos ao mesmo tempo. Minhas mãos agarram o celular com
força, pressionando-o contra o peito.
― Posso recebê-lo... quando ele chegar ― a médica sugere hesitante.
― Posso confiar em você? ― questiono fria.
― Sim, não quero te prejudicar ― responde cabisbaixa.
― Então faça isso e mantenha seu irmão longe de mim, longe do meu
noivo, ou não me responsabilizo pela integridade física dele.
― Você pensa em denunciá-lo? ― pergunta temerosa.
― Sim, ele me sequestrou! ― respondo com raiva.
― Por favor, não o denuncie. Ele precisa de tratamento ― suplica.
Respiro fundo.
― Posso não denunciá-lo, mas meu noivo irá ― aviso.
― E se você pedir que ele não faça isso?
― Não posso pedir isso a ele. Você tem noção do sofrimento que seu
irmão causou?
― Eu sinto muito... ― diz verdadeiramente sentida.
― Você poderia ter feito algo antes! ― falo com voz acusatória.
― Tive medo! Estou com medo, meu irmão nunca vai me perdoar. Ele
vai me odiar para sempre.
― Desculpe-me, mas minha compaixão tirou férias. Você foi cúmplice!
Você...
Ela me corta aflita.
― Escute-me, fiz o que tinha que fazer no momento, não podia
contrariá-lo, ele poderia ter sumido com você! Pensei em sua segurança e
na de seu bebê!
Fito-a por um longo instante. Então digo indiferente:
― O que você tem em mente?
― Quero cuidar dele. Vou interná-lo em uma clínica. Vou pedir ajuda
ao meu colega Jackson.
― Quem me garante que ele vai me deixar em paz? ― questiono a
olhando severamente.
― Eu garanto. Devo isso a ele.
― Posso tentar convencer meu noivo, mas não garanto nada ― volto a
alertar.
― Já é algo ― sussurra.
― Posso ficar com seu celular até meu noivo chegar? ― pergunto.
― Sim ― autoriza e então se senta.
Sentindo-me esgotada física e psicologicamente, recosto-me à
cabeceira da cama, deixo o celular de lado e levo minhas mãos à minha
barriga. Murmuro confiante:
Seria
barulho ela capaz
é esse? de me
Parece quededurar ao irmão?,uma
está acontecendo interrogo-me. Espera! Sim!
grande confusão. Que
Está acontecendo uma briga! Deus! Isso foi um grito de dor?!
Estou apreensiva e arfo quando a porta do quarto é escancarada de
repente. Por ela passa Sean com o semblante torturado. Meu coração
dispara, louco de felicidade, alívio e amor. Brandon entra logo após. Ele me
sorri entre lágrimas.
Sean me olha incrédulo, receoso. Ele está parado a poucos passos da
minha cama.
― Me diz que você é real. Por Deus, me diz? ― roga rouco.
Meu coração perde uma batida. Sussurro:
― Sou real, Sean. Venha cá, amor. Venha me tocar.
Tento me sentar novamente, facilitar para ele, mas antes que eu faça o
movimento, Sean praticamente voa em minha direção e enterra seu rosto
abatido em meu colo, ajoelhando-se ao lado da cama. Seu corpo treme.
― Minha Ally! Meu amor! Não me deixe nunca mais! Por favor... ―
pede com voz rouca em um choro compulsivo, agarrando-se a mim.
Seu sofrimento corta meu coração. Em um sopro de voz, prometo:
― Nunca irei te deixar. Minha vida não tem sentido sem você.
Assim acalento seu corpo junto ao meu enquanto choramos em júbilo.
NUNCA ME SENTI TÃO VULNERÁVEL, tão eviscerado como nas
últimas duas semanas. Jamais imaginei passar por momentos de tamanha
aflição, nem mesmo quando meus pais se separaram, ou quando minha
mãe está em crise.
Mal posso acreditar que estou com Allyson em meus braços. Parece
um sonho. Mesmo ao seu lado, ainda sinto as garras do medo se fincarem
em meu sistema. Portanto abraço Allyson com força. Agarro-me ao seu
colo, chorando igual a um bebê.
― Sean, você vai sufocar minha prima. Qual é, cara, deixe-me abraçá-la
uma vez ao atender ouvi a voz de Allyson! Era real! Ela estava viva!
Não sei descrever a emoção que senti ao falar com ela. Porra, tremi
muito e me desmanchei em lágrimas. O alívio foi ímpar! Depois da ligação e
ainda muito instável, procurei por Brandon, ele precisava saber que a
prima estava bem e ir comigo onde ela estava. Após lhe contar as
novidades, lógico que Bran não acreditou em mim. Quem acreditaria?
Porém implorei que me acompanhasse.
Segui com Bran me olhando com pena para o endereço que Ally me
passara. Chegamos rápido ao hospital e, sem esperar pelo meu amigo, corri
para foraesbaforido
indaguei do SUV assim que oA desliguei.
por Cecilia. Fui relutantemente
recepcionista à recepção do informou
hospital oe
número do quarto depois de muita insistência e ameaça de minha parte.
Sem ligar para o aviso de que eu não estava autorizado a vê-la, dirigi-me
ágil ao corredor.
Cheguei à porta do quarto indicado com meu coração descompassado.
Minha mão direita tocou a maçaneta, porém um homem desconhecido e
saído não sei de onde a retirou subitamente e se colocou a minha frente.
Olhou-me com hostilidade. O quadro estranho foi completado pela chegada
de uma mulher baixinha e de cabelos castanhos. Ela se aproximou rápido e
me perguntou quem eu era. Relembro a cena...
Com suspeita, encaro o homem estranho a minha frente. Então minha
atenção recai sobre a mulher.
― Sou Sean McGregor ― respondo depois de alguns segundos
ponderando.
― Você é o noivo de Allyson? ― Sua pergunta é mais uma afirmação e
me deixa em alerta.
― Harriett!
completamente O que pensa que está fazendo? ― grita o homem
transtornado.
― Allyson está aqui dentro? ― indago nervoso.
― Sim ― a mulher responde curta.
Não espero mais e volto a tocar a maçaneta. É nesse momento que o
homem me segura pelos ombros.
― Você não pode entrar no quarto de minha esposa! ― diz alterado.
― Como é? ― pergunto estreitando meus olhos.
― Eu o proíbo de entrar no quarto! Você não tem esse direito! Cecilia é
minha mulher! ― fala com olhos vidrados.
Fito-o como se ele fosse um doido.
― Posso explicar, só, por favor, não o denuncie ― pede a mulher de
orma desesperada.
Meu sangue ferve ao suspeitar de quem o estranho pode ser.
― Não o denunciar? Por que não o denunciaria? ― sondo fechando as
mãos em punho.
― Ele está fora de si. Não sabe o que faz ― sem me responder, ela tenta
ustificar. Suas justificativas me dão toda a certeza de que preciso. Ele é o
miserável que raptou minha mulher! Meu punho vai direto em seu olho
esquerdo, deixando-o inchado pelo soco certeiro.
A mulher grita, e o homem solta um forte gemido.
― Não! Não o machuque! ― ela grita.
Não ouço seus apelos e continuo batendo-lhe forte. Seu rosto, seu
estômago, suas costas são meus alvos. Até Brandon me segurar.
― Pare, Sean! Vai matá-lo!
― É exatamente o que quero! Solte-me, Brandon! ― rosno debatendo-
me.
― Não! Chega!
Uma pequena multidão se forma ao nosso redor. Um médico e três
enfermeiros olham a cena com espanto. Uma enfermeira se aproxima do
homem caído e da mulher que chora agachada junto a ele.
puto. ― Seu irmão evocou o inferno na minha vida, tem noção disto? ― digo
― Eu... sinto muito...
― Quero que ele pague, não importa a forma. Se ele precisa de
tratamento, que seja, porra! Mas será internado sob custódia da polícia. E
caso ele resolver atormentar Allyson novamente, prometo matá-lo com
minhas próprias mãos! Entendeu? ― respondo duramente.
Ela arfa, acrescentando em um sussurro:
― Sim.
― Porra! Solte-me, Brandon! ― exijo.
Ele me solta, mas relutante.
Sem perder tempo deixo todos para trás e escancaro a porta do quarto.
Perco o fôlego ao ver minha Allyson tão frágil e abatida. Entretanto ela me
az reviver com ela.
A voz ligeiramente rouca de Allyson me traz de volta à realidade.
― Deixe-o em paz, Brandon.
― Como é bom ouvir sua voz, linda ― Brandon sorri feliz. Completa: ―
Vai me negar um abraço, gatinha? Sou da família, tenho mais direito que
ele. ― Bufa: ― Deus, está virando um bebê chorão, Sean! Sai daí logo! ―
brinca.
Não dou importância à sua provocação e continuo abraçado ao corpo
de Allyson.
― Sean, olhe para mim ― ela pede.
Obedeço prontamente. Ela acaricia meu rosto, e fecho meus olhos,
absorvendo com saudade e alegria seu toque.
― Não vou sumir, amor. Levante-se, não gosto de te ver assim. Por
mais que eu ame ter você grudado a mim, quero voltar para casa. Quero ver
a Steph. Como ela está?
Revelo, tenso:
― Ela não tem ideia do que aconteceu. Não tive coragem de lhe contar.
Não pude destruir os sonhos de minha mãe. Ela está tão feliz. Vive cantando
pelos cantos que será vovó. Não tomaria isso dela, ela não merece. ―
Allyson pisca, afugentando as lágrimas. ― Ela está bem, amor. Mamãe vive
dentro do mundinho dela ― tranquilizo-a.
― Graças a Deus! ― ela exclama sem conseguir conter as lágrimas. ―
Fiquei tão preocupada... ― sussurra.
― Penei para dar desculpas por sua ausência ― digo verdadeiro.
― Imagino. Sinto tanto, amor.
― Eu... Porra! Fiquei louco, Allyson! Perdi o chão. Perder você me
quebrou, Ally. Você quebrou meu coração ao partir sem mim.
― Acabou, Sean, acabou. Somente me leve para casa.
― Com todo o prazer, minha vida. ― Beijo suavemente seus lábios.
― Ei! Estou mofando aqui! Ainda quero meu abraço! ― exclama
Brandon.
Bufo, afastando-me de Ally, que ri divertida. Coloco-me de pé ao lado
da maca.
― Você fez tanta falta, gatinha. Meg está destroçada, mas vai ficar bem
agora que você voltou para a gente ― ouço Brandon sussurrar para Allyson
ao abraçá-la.
Ela soluça.
― Chega. Solte minha mulher ― mando, afastando-o.
― Ainda com ciúmes de mim, Sean? Quem é o bebê chorão mesmo? ―
debocha balançando a cabeça, mas visivelmente abalado pelo reencontro
com a prima.
Revido:
― Não confio em você, Ford. Primo não é capado!
Brandon gargalha, e Allyson me fuzila com os olhos, porém sorri logo
em seguida. Tudo parece estar em seu devido lugar. Graças a Deus!
Depois das recomendações do médico, Allyson recebe alta. Ajudo-a a
trocar a bata hospitalar por um vestido de Harriett. Ainda no hospital
aciono a polícia, e Allyson pede para esclarecer toda a situação. Reluto em
deixá-la se esforçar tanto, afinal ela ainda está convalescendo. Todavia
Allyson se sai bem. A médica está agradecida por não processarmos seu
irmão e cuida para
Despedimo-nos que
deles Nathan
com seja internado.
a intenção Jackson
de não vê-los cuida
nunca da coisa toda.
mais.
Uma enfermeira propõe que eu leve Allyson até o carro de cadeira de
rodas logo após o fim do interrogatório, pois ela tem a perna engessada e
ainda se sente fraca. Recuso e a levo em meus braços.
Brandon assume a direção do SUV enquanto vou atrás com Allyson.
Não me desgrudo dela. Tenho medo de que ela evapore.
Ao chegar em casa há um verdadeiro batalhão de repórteres na
entrada. Solto um palavrão escabroso e ligo para Samy, exigindo que o
chefe da segurança libere a entrada, o que nos toma meia hora.
Brandon parte rápido, para poupar Allyson da exposição
desnecessária. Passo pela porta de entrada com ela adormecida em meus
braços. Minha mãe está sentada no sofá e nos vê chegar.
Suas perguntas saem em abundância veloz:
― Ally! O que aconteceu com a perna dela, meu filho? O que está
acontecendo lá fora?
Norah também se aproxima.
― Shi, mãezinha, quieta, ou vai acordá-la ― peço.
― Mas quero acordá-la! Quero abraçá-la! Saudade dói aqui. ― Aponta
para o peito.
― Eu sei, mãezinha, mas a deixa descansar primeiro? A viagem foi
longa. Ally está exausta. Amanhã cedo a senhora fala com ela.
― Promete? ― ela me olha de lado, desconfiada.
― Palavra de escoteiro ― prometo.
― Tudo bem.
Ela se inclina e beija a testa de Ally.
― Amo você ― sussurra ao ouvido de Allyson ao se afastar.
Deposito Allyson em nossa cama com cuidado, visto uma camisola
nela e me deito ao seu lado apenas de boxer, aconchegando-a em meus
braços. Meus olhos pesam, e adormeço em paz pela primeira vez em duas
semanas.
Ergo a cabeça, seguro seu rosto e beijo sua boca docemente, mas com
paixão. Encosto minha testa na dela após o carinho. Minha voz soa rouca:
― Estou morrendo para ter você, mas sei que precisa de descanso.
― Prefiro você ― responde, apertando-se em mim.
― Não me tente... ― aviso sorrindo torto, pressionando minha ereção
matinal em sua barriga. Ela me sorri arteira, sua pequena mão já em minha
protuberância. ― Allyson ― gemo.
― Estou com saudades ― murmura toda sedutora.
― Também estou. Meu celibato foi totalmente forçado, você sabe.
― Esqueça o receio, Sean. Não sou de vidro. Me ame.
― Não quero te machucar ― digo receoso.
― Se me rejeitar, vai me magoar ― afirma séria.
― Mas e seus machucados? ― tento argumentar, mas estou rendido.
― Faça amor comigo, Sean, por favor ― pede manhosa.
Estou em suas mãos.
― Seu pedido é uma ordem, meu amor.
Arranco sua camisola em dois tempos e sinto sua umidade ao retirar a
calcinha. Puta que pariu!
― Tão molhadinha! ― rosno puxando minha boxer.
Meus lábios percorrem a pele nua de seus seios, mordiscando-os,
sugando enquanto meus dedos atiçam sua boceta.
― Por favor, Sean, sem preliminares. Quero seu pau em mim. Agora!
― Porra, Allyson! Não fale assim!
Sem mais tardar, apoio sua perna engessada em um travesseiro,
deixando-a o mais confortável possível e totalmente aberta para mim. Meu
rosto paira em sua entrada. Sinto seu perfume de fêmea ao traçar seus
contornos íntimos com a língua. Cubro seu corpo com o meu depois de
fazê-la gozar em minha boca. Beijo-a lascivamente enquanto a penetro
devagar, mantendo um ritmo lento e profundo, delirante. Os espasmos do
êxtase nos alcançam juntos. Seguro seu rosto e falo apaixonado:
― Te amo, Allyson!
A voz sedutora declara:
― Também te amo, Sean!
Cuido de limpá-la, e adormecemos novamente. Entretanto logo somos
acordados por uma batida à porta.
― Tenho certeza que é a mamãe ― digo meio sonolento, saindo da
cama à procura de uma boxer. Visto-a e coloco um calção. Entrego a
camisola a Allyson e espero que ela se vista para eu abrir a porta. E assim
que a abro, mamãe passa batida por mim e se joga na cama. Ou melhor, se
joga em Ally.
― Devagar, mãe, ou vai se machucar e machucar a Allyson ― alerto,
sorrindo de lado.
Fecho a porta e me sento perto das duas na cama, sendo espectador
da interação entre as duas mulheres da minha vida.
― Saudades! Muitas saudades! ― mamãe exclama agarrada a Ally em
um abraço demorado.
― Também estou, Steph ― Ally murmura sentimental.
― Não viaja nunca mais, OK? Não quero ― mamãe pede séria.
― Tudo bem, não viajo ― Allyson logo promete.
― Você está bem? ― pergunta mamãe, agora se sentando na cama e
olhando para a perna engessada de Allyson.
― Estou agora ― diz Ally sorrindo amorosa.
― Doem? ― mamãe quer saber, fazendo uma careta ao tocar nos
pontos na testa de Allyson e depois no gesso na perna.
― Conte-me
Steph? Só incomoda ― responde ela, perguntando em seguida: ― E você,
as novidades.
Ally se acomoda melhor na cama com minha ajuda.
― Estou bem. Estou escrevendo ― mamãe revela sapeca.
Fico boquiaberto. Pisco.
― Sério?! ― exclama Ally.
― Sim. Gosto de escrever. Vou te mostrar ― diz, levantando-se. Então
mamãe sai em disparada porta a fora.
― Sem correr, mãe! ― alerto elevando a voz, mas ela não me dá
ouvidos.
― Deixe-a, Sean ― pede Allyson, parecendo feliz com a animação da
mamãe.
Mamãe não demora muito. Com um sorriso ela entrega a Allyson um
caderno com capa de couro marrom. Eu nunca o tinha visto antes. Ally
folheia o caderno em silêncio. Seus olhos se arregalam marejados.
― Deus, Steph! Você está escrevendo uma autobiografia! ― exclama
maravilhada.
― Está bom? ― mamãe pergunta ansiosa.
― Está maravilhoso! Parabéns, Steph! ― diz sincera.
― Deixe-me ver ― peço curioso. Ally me passa o caderno, e
prontamente meus olhos percorrem as linhas escritas. Emociono-me já
com o título.
“Minha Realidade”
Como o tempo passa rápido! Estou com seis meses de gestação e acabo
de sair de mais uma consulta. Meu bebê é saudável segundo o médico. Estou
eliz. Na verdade feliz é uma palavra pobre para descrever o que sinto em
relação ao meu pequeno tesouro: Sean.
Minhas crises estão mais controladas. Não uso mais medicação pesada,
apenas um calmante natural receitado pelo Doutor Richard, tudo para o bem
do meu bebê. Não quero perder nenhuma novidade da minha gravidez. Uma
psicóloga
saber que est
meuá me ajudando
marido a me
me trai manter
e tento mesã.focar
E tento me desligar
em ficar bem, emdanão
dormede
deixar levar pelo meu lado obscuro. É difícil às vezes me fazer de cega, fazer-
me calma, quando sinto um impulso de explodir, mas respiro fundo e toco
minha barriga, canto uma canção de ninar e, assim, me controlo. Porém
também sei que estou por um fio.
Meu marido continua ausente, mas está contente por ser pai de um
menino. Benjamin sempre sonhou com um filho varão, e me sinto eficiente
nesse quesito; no entanto completamente fracassada em nosso casamento.
Todavia o que importa agora é Sean. Tudo se resume a ele.
Meu amorzinho. Meu filho amado...
― Algo―me
investigado falodiz que eles não estão envolvidos, mas tudo deve ser
severo.
― O senhor terá mais problemas em investigar Marco Antony. Ele é
muito escorregadio.
― Se não encontrar alguma prova de seu envolvimento por meio legal,
detetive, provarei por meios escusos. Não duvide ― solto ríspido.
― O senhor tem cacife, então deve saber com quem mexe, sou apenas
um peão ― diz temeroso.
problemas queSean
impertinentes. não deixaram
ainda de existir,
está inquieto como quem
para descobrir nossosestáfamiliares
por trás
do meu atentado. Preocupa-me sua obsessão, mas se o mesmo tivesse
acontecido a ele, eu também não pouparia esforços para achar e punir o
culpado.
Sean não me dá muitos detalhes das investigações. Quer me poupar do
estresse. Não concordo, mas para não discutir, relevo sua decisão. Não vale
a pena começar uma briga, principalmente por saber o quanto o meu
sumiço o fez sofrer.
Meus pensamentos vão em direção ao Doutor Jackson, precisamente à
consulta de avaliação da lesão em minha perna na semana passada. O
médico me deixou a par das novidades sobre o Nathan. Segundo Jackson
ele está respondendo bem ao tratamento psicológico e à medicação. Fiquei
satisfeita ao ouvir isso; mesmo querendo distância do homem, não desejo
seu mal.
É fácil ter compaixão quando tudo está bem, penso irônica.
Sean não ficou nada feliz em ouvir sobre Nathan, e o médico mudou
radicalmente de assunto e nos convidou para seu casamento com a irmã do
meu sequestrador louco. Prontamente Sean declinou do convite. A recusa
foi feita muito educadamente para os padrões do tatuado, que
normalmente é porrada primeiro, pergunta depois. Ele se comportou muito
bem. Jackson entendeu que não deveria insistir no convite e marcou minha
volta para a retirada do gesso, ou seja, hoje.
Nem acredito que vou me livrar desse peso morto. Sinto-me uma
inválida. Sean foi irredutível sobre me deixar de licença. Não gostei de ficar
em casa sem fazer nada, se bem que o tempo foi muito produtivo.
Aproveitei-o para começar os preparativos para o casamento. Marcamos
um jantar para hoje à noite em comemoração ao nosso noivado e para
anunciar a data do matrimônio, que será em dois meses.
A loucura está armada. O corre-corre para os preparativos é frenético.
Steph está me dando uma grande ajuda, assim como minha amiga Meg. Nós
três passamos horas entretidas entre a escolha do meu vestido de noiva e a
escolha dos docinhos e a decoração da recepção.
Passamos horas, também, presas à lista de convidados. Os pais de
Brandon estão fora, assim como também a presença agourenta do pai de
Sean e das três patetas de suas irmãs e madrasta. Não há cabimento
convidá-los. Eles não gostam de mim e, quando souberam do que me
aconteceu, nem sequer se dignaram a dar força ao Sean. Eu já esperava essa
atitude das três peruas e dos meus tios gananciosos, mas não do pai dele.
Ele deveria o ter apoiado, não? Porém, pelo menos Benjamin está dando um
trégua a Sean, sem ligações exigentes no meio da noite, o que deixa Steph
menos preocupada.
Sorrio ao pensar em minha linda e fofa sogrinha. É ótimo compartilhar
decisões com ela. Steph se tornou uma grande amiga. Ela está se tornando
uma mãe para mim também. E vê-la desabrochar e se empenhar em uma
coisa
tudo tão
tão incrível
bem e quanto o seu livrode
se comportando é algo magnífico!
forma Ela que
tão lúcida está me
aceitando
deixa
imensamente feliz. E quanto a Sean, nem se fala. Depois de tanta angústia e
sofrimento, merecemos esta calmaria, tranquilidade e felicidade.
Remexo-me desajeitadamente na cama, porque Sean está agarrado a
minha cintura e descansando a cabeça entre meus seios, deixando-os
duros, pesados de excitação somente com o contato considerado inocente.
Seu corpo forte e quente junto ao meu me impossibilita de dormir
tranquilamente, mas bitch, quem quer dormir tendo um homem desses na
empresa
compromissodespachar
hoje, e elealguns assuntos
não quer perdê-lo urgentes. Temos
por nada. Ele me deuum grandee
um longo
doce beijo e abraçou sua mãe carinhosamente, em seguida correu para fora
de casa. E entre algumas mordidas em deliciosas guloseimas, Steph e eu
conversamos sem vontade de sair da mesa. Programamos o jantar de logo
mais à noite.
Nesse instante, ela me mostra mais um rascunho de seu livro. Dessa
vez ela esperou Sean sair, e entendi o porquê quando comecei a lê-lo. É uma
parte bem triste de sua vida...
“Primeira Internação”
Sinto meu corpo trêmulo. Estou agitada. Uma ang ústia me aperta o
peito. O que me acalma é ir ao quarto do meu filho. Eu o mimo muito. Amo
meu pequeno Sean. Amo tê-lo em meus braços. Ele me mantém lúcida.
Benjamin saiu de novo. É mais uma noite em que me deixa sozinha com
a babá e uma enfermeira. Elas tentaram me entupir de remédio tarja preta
mais cedo.
Deram-me comprimidos aos quais cuspi no vaso sanitário logo quando
elas se afastaram. Não vou me dopar, quero cuidar do meu pequeno. Sou
capaz, não importa o que os outros pensam, ou o que Benjamin diz!
Todos acham que sou louca, uma pessoa perigosa, mas não sou! Deus!
Não sou! Sou apenas alguém que precisa de carinho, paciência. Porém, em
vez de receber atenção do meu marido, recebo duras críticas, duras
recriminações.
Quando Ben me conheceu, eu era uma modelo prestigiada, linda, jovem
e inexperiente. Ele me encantou com seu charme e sua promessa de amor
eterno. Porém me pergunto para onde foi o homem por quem me apaixonei?
Sean chora, e o acalento com mais vigor, mas ele não se cala, então
ofereço meu seio a ele. Sean suga com vontade. Ele está faminto! E a sensação
de amamentá-lo me deixa feliz. Acaricio seu rostinho lindo com adoração.
Meu bebê é tão lindo!
Saciado, Sean afasta a pequena boca do meu seio, e o coloco em meu
ombro para fazê-lo arrotar enquanto me ajeito. Volto a embalá-lo, quando
Sean boceja. Ele dorme calmo em meus braços agora.
Entretanto não demora muito e Sean chora novamente. Sei que não
está com fome, então só pode ser a fralda suja. Estou a caminho da mesinha
para trocá-lo, quando Benjamin entra zangado no quarto e me toma Sean.
Ele começa a me agredir verbalmente. Manda que eu fique longe do
nosso filho, pois vou machucá-lo. Ele me dá as costas, e me abraço, chorando
em silêncio ao mesmo tempo em que Ben continua a me dizer coisas terríveis.
Estressada e nervosa, saio de mim. Grito de volta para ele coisas feias e o
ataco, bato em suas costas com meus punhos fechados, com raiva.
Ele grita o nome de umas das enfermeiras e o da babá. Elas entram no
quarto e me seguram sem cuidado a mando de Benjamin. Arrastam-me para
ora do quarto enquanto me debato. Em meu quarto, elas me obrigam a
tomar a medicação. Cuspo e fecho a boca, mas elas conseguem me fazer
beber um líquido estranho. O gosto é horrível.
Tem gosto de medo.
Apago e, q uando rec obro os sentidos, estou em um quarto estranho. Ele
é todo branco e não tem nada ao redor, apenas a cama, onde estou
amarrada. Na porta há uma janela com o vidro fechado. Sei onde estou. Estou
em um lugar para loucos.
Choro. Grito para que me soltem e me deixem ir para casa. Suplico para
ver meu filho. Porém me ignoram. Os remédios são constantes, e meu estado
letárgico e sonolento também.
Essa foi a primeira das muitas vezes em que fui internada, em que
conheci o inferno e o pior das pessoas.
Enguloque
as lágrimas comcaem
dificuldade
por meuo rosto
bolo que
comse forma em
a manga minha garganta. Seco
do suéter.
― Não mostre isso ao Sean, por favor? ― peço.
― Não vou mostrar ― promete, olhando-me séria.
― Ele seria capaz de bater no próprio pai ― comento em tom grave.
Eu mesma estou lunática com a vontade de bater no canalha do bem,
de transformá-lo em uma poça de sangue.
― Eu sei ― ela diz, respirando fundo. Steph me olha triste ao revelar:
― Gostaria muito que ambos fossem amigos, que agissem como pai e filho
normalmente, mas... Sean sofreu muito quando Benjamin nos abandonou e
quando ele se casou novamente. Meu filho o odiou com tanta força, e eu
meio que surtei. Meu filho ficou sozinho por tanto tempo... Teve que crescer
antes da hora, assumir responsabilidades duras. Sinto-me uma pessoa tão
má por isso, Ally, por ser um peso para ele.
Seguro sua mão sobre a mesa e a aperto com carinho. Meu tom é sério,
mas também afetuoso:
― Você não é culpada de nada. Você é a pessoa mais incrível que já
conheci, Steph. A pessoa mais carinhosa. A melhor mãe do mundo!
Ela me sorri tímida. Um sorriso tão igual ao do filho, porém que não
alcança seus lindos olhos.
― Sou má, sim. Agrido as pessoas quando fico fora de mim. Não quero,
mas é mais forte que eu.
― Você não tem culpa ― volto a frisar com firmeza.
Ela balança a cabeça levemente e me dá outro sorriso torto. Devolvo-
lhe o caderno, e ela o coloca em seu colo.
― Está ansiosa para hoje à noite? ― pergunto, mudando de assunto.
― Muito! ― responde animada, acrescentando: ― Quando a Meg
chega?
― Meg prometeu estar aqui depois das três horas. Está ansiosa para
saber o sexo do bebê. Confesso que também estou! ― respondo sorrindo.
Ela me lança um olhar amoroso, cheio de significado. ― O que você sabe,
Steph?
Ela ri feliz ao responder misteriosa:
― Já sei o sexo do bebê. Eu sonhei! Você vai ter uma grande surpresa!
― Ah! Me diz, Steph! ― peço. Não, imploro mesmo, morta de
curiosidade.
― Não vou estragar a surpresa!
― Poxa... ― faço bico.
Steph gargalha ainda mais de mim.
Seu semblante
alarmada. é intrigado.
Ele está tenso, Há me
mas tenta um passar
vinco em sua testa.
confiança. Olho para
Eleanor Sean,
me indica
a cadeira, dizendo:
― Senhorita Jordan, sua gestação é de três meses e duas semanas.
Tudo parece bem, porém acho que teremos uma surpresa. Suspeito de algo.
― Como assim? ― indago entre curiosa e receosa.
― Hoje vamos fazer uma ultrassom, não é? ― pergunta-me, mudando
de assunto.
― Você
prender não homem?
um único acha que―épontua
exagero essa quantidade de policiais para
Brandon.
― Algo me diz que o exagero é para conter minha fúria.
― Acho que entendo ― diz, sorrindo de lado.
Com o trânsito lento, demoramos cerca de quarenta minutos até
nosso destino. As viaturas estacionam em frente ao edifício empresarial,
bloqueando a via. Saímos do SUV e, acompanhados dos agentes,
adentramos o edifício. Alguns funcionários que estão no lobby espantam-se
ao ver nossa comitiva. Os seguranças são neutralizados com apenas duas
palavras: ordem judicial. O tenente Carter se dirige à recepcionista:
― Boa tarde. ― Ele para em frente ao balcão de inox e olha para o
crachá da moça antes de perguntar: ― Senhorita Shelly, o Senhor Antony se
encontra no edifício?
― Sim. Na sala da presidência no vigésimo andar. Está em meio a uma
reunião ― responde intimidada.
Ele instrui quatro de seus homens para que vigiem as escadas e saídas
de emergência, precavendo-se de uma possível fuga. Os homens restantes
caminham conosco em direção aos elevadores. Minutos depois as portas se
abrem e a secretária de Marco nos recebe atarantada. Passamos batido por
ela. Paramos em frente à porta, e Carter gira a maçaneta. Prontamente ele
adentra a sala, seguido pelos demais agentes.
Entro depois, acompanhado por Brandon. Meus olhos focam cinco
homens de terno acomodados na ampla mesa de madeira maciça. Fito
Marco em pé ao lado da cadeira presidencial. Minha entrada interrompeu
seu discurso. Seus olhos piscam, e ele me olha surpreso para, em seguida,
fulminar-me com raiva fria. Devolvo seu olhar com ódio mortal.
― Olá, senhores, desculpem interromper, mas Marco tem pendências
com a justiça. E principalmente comigo! ― digo irônico.
Os homens me olham boquiabertos. Eles sabem da rivalidade
existente entre nós e estão estupefatos com minha presença afrontosa no
covil de hienas.
― Mas o que está acontecendo aqui? ― Marco diz colérico. Seus olhos
entregam seu medo.
Com dificuldade modero a gana de voar em seu pescoço e trucidá-lo. A
ânsia de matá-lo lentamente com requintes de extrema crueldade, esmagar
sua carne, moer todos os seus ossos, jogá-lo aos tubarões ou aos leões
famintos é irresistível. Em outras palavras, quero bani-lo da face da terra
de forma eterna! Porém não sou um assassino. Allyson e meus filhos
precisam de mim. Não estragarei minha vida para concretizar minha
vingança. Terei que me contentar com seu sofrimento na prisão.
Abafo custosamente os gritos de vingança em minha mente e coração.
Coloco minhas mãos nos bolsos da calça jeans e puxo o ar com força para
meus pulmões. Devo parecer um cara relaxado ao dizer:
― Você realmente pensou que ficaria impune?
― Do que está falando, McGregor? ― pergunta ele me olhando
desconfiado; no entanto ele sabe que foi descoberto.
Debocho:
― Você é um péssimo ator, Marco. ― Falo com desprezo: ― Você foi
pego, seu parasita de merda! Vai pagar por seus crimes!
― Do que está falando? ― desconversa, alfinetando-me: ― Você está
louco, McGregor? Essas tintas em seu corpo afetaram seu cérebro?
Respondo desdenhoso:
― Poupe-me de sua falsa inocência, pois para a polícia, que já conhece
seus podres, ela é ineficaz. ― Sorrio perversamente ao mandar: ― Faça seu
trabalho, Carter.
Diante dos senhores engravatados, Carter segura Marco com firmeza,
puxando seus braços para trás e o algemando. Diz a famosa frase:
― O senhor está preso. O senhor tem o direito de permanecer calado
ou tudo o que disser pode e deverá ser usado contra o senhor no Tribunal.
― Mas que porra é essa? Você sabe quem eu sou, seu merda? ― fala,
tentando se desvencilhar de Carter, mas sem sucesso.
Seu rosto está escarlate, e seus olhos, esbugalhados de ira ao encarem
Carter e a mim.
― Um criminoso. Agora se cale, ou vou adorar acrescentar desacato à
autoridade em seu histórico penal ― responde Carter em tom autoritário.
Marco grita com raiva:
― Tesaiba
Pois odeio,que
McGregor!
não é! ÉOdeio essa sua
um cretino empáfia!
burro! Você sua
Subornei pensa que é um
secretária Deus?
debaixo
de suas vistas! Foi tão fácil convencer Chris a repassar todas as
informações sigilosas de seus contatos. Diverti-me muito rindo a sua custa!
― Carter o puxa com brusquidão, mas ele não se cala. Pelo contrário, Marco
continua a destilar seu veneno: ― Nunca deixaria passar sua agressão! Fui
feliz por causar seu martírio ao mandar matar sua putinha, mas a cadela é
sortuda demais! Foi com grande lástima que soube que sua vadia não
morreu. Porém é maravilhoso, porque vou poder fodê-la assim que pôr
minhas mãos nela! Escute bem, McGregor, Sua vadiazinha ainda vai ser
minha!
Meu sangue ferve. Sem me importar com a presença da polícia, parto
para cima do Marco. Derrubo-o no chão, assim como a Carter, que o segura.
Ininterruptamente, soco seu rosto asqueroso. Meus punhos o acertam
repetidas vezes. Seu rosto vira uma massa disforme e sangrenta.
― Se voltar a agir dessa forma terei que lhe dar voz de prisão por
desacato e agressão, Senhor McGregor! ― alerta Carter, puxando Antony
para longe de meus punhos.
Brandon
de Antony, se aproxima
quebrado e, com a ajuda
e desacordado. de dois
Sei que agentes,
ostento tira-me deum
possivelmente cima
ar
assassino ao encarar a face detonada do Antony, com um sorriso mais que
satisfeito nos lábios ao vê-lo todo fodido.
― Tudo bem, tenente. Prometo que vou me comportar. Agora, por
favor, peça que me soltem ― acato seu alerta mesmo a contragosto. Livro-
me das mãos dos agentes logo após sua ordem.
Brandon também me solta e, sem dizer nada, caminho para fora da
sala em direção aos elevadores. Ele corre para me alcançar.
― Você está bem? ― indaga preocupado.
Acabei de socar o homem que tentou me destruir. Porra! Estou a
ponto de ter um orgasmo! Estou maravilhosamente bem, mesmo com a
ameaça de voz de prisão. Então aceno que sim como resposta ao meu
amigo. E, em um silêncio confortável, assistimos Antony ser levado nos
braços por dois agentes, que resmungam por ter que carregar a carga inútil.
Saímos do elevador e passamos pelo lobby novamente. Ao deixarmos
o edifício, damos de cara com um grande grupo de paparazzi e jornalistas
nos esperando.
― Merda! Vamos sair logo daqui! ― digo ao Brandon. Então grito para
Carter: ― Mantenha-me informado!
Ele acena em resposta.
Com um pouco de força física, conseguimos driblar alguns repórteres
mais insistentes. Brandon e eu corremos para o SUV, e nos tiro rápido da
confusão.
Beijo
amigos singelamente
aplaudem. os lábiospara
Afastamo-nos trêmulos de os
receber Allyson enquanto enossos
cumprimentos, ouço
Allyson soltar um risinho excitado ao mostrar para a mamãe e para a Meg
as suas novas joias. Todas suspiram igualmente maravilhadas. É muito
engraçado de presenciar.
Mamãe se aproxima de mim com um sorriso lindo e me abraça forte.
Carinhosamente diz:
― Estou feliz e orgulhosa de você, meu filho. ― Suas palavras
transbordam de doçura ao completar: ― Ally é muito especial, cuide muito
bem dela e de seus bebês.
― Vou cuidar, mamãe ― prometo, beijando-a na testa.
Brandon também se aproxima e aperta fortemente minha mão ao me
parabenizar pelo futuro enlace, aproveitando para me ameaçar:
― Vou te quebrar em dois caso não faça minha prima feliz.
― Fazer Allyson feliz é uma obrigação que assumo com muito prazer
― É a minha resposta.
Estou
lúcida, feliz! Aliás,
entretida em uma todos os presentes
conversa animadaestão
comfelizes.
SusanMamãe estábeberica
enquanto linda e
o ponche de maça sem álcool. Nunca presenciei esse seu lado sereno, feliz!
Sinto-me emocionado com sua melhora, com sua evolução. Devo o milagre
a Allyson. Minha noiva está linda e deliciosa dentro de seu vestido em estilo
romano na cor vinho com detalhes em preto.
― Já lhe disse o quanto está divina, meu amor? ― pergunto em tom
sensual, libidinoso, ao mesmo tempo em que nos movemos ao ritmo suave
da música It Must’ve Been Love, da banda de pop-rock sueca Roxette.
Sabe onas
colocados que é muito legal? Não? Eu conto! É presenciar os quatro sendo
viaturas!
Dominique chora copiosamente, assim como suas filhas. Benjamin
tenta esconder o rosto dos flashes dos paparazzi que estão do lado de fora
da mansão. É certo que as fotos estarão estampadas em todos os jornais e
revistas de fofocas de Miami Beach amanhã!
Depois, Carter se despede de Steph e nos dá um tchau rápido,
enquanto leva para o Departamento de Polícia os quatro intrusos. Depois
do ocorrido há muito risos, mas também despedidas, pois está muito tarde
ecalorosamente
todos estãodecansados da correria do dia a dia. Despedimo-nos
Meg e Brandon.
Steph, Sean e eu nos sentamos e ficamos a bebericar um refresco. Sean
coça a nuca e indaga a sua mãe:
― Tem algo a me dizer, Dona Stephanie?
Steph fica apreensiva pelo tom frio de seu filho. E lanço um olhar duro
em sua direção com um significado explícito nele: Não seja um ogro com sua
mãe. Não banque o filho ciumento!
― Eu... eu...
não aprova, estou conhecendo
posso explicar ao ele
Carter.
― dizEle é gentil
Steph toda comigo. Mas... se você
atrapalhada.
De novo lanço um olhar a Sean. Ele expressa agora: Pare agora de
deixá-la nervosa, ou não tem sexo gostoso mais tarde.
Ele faz uma careta e acena que entendeu, mas continua a perguntar:
― Como isso aconteceu?
― Carter veio aqui uma tarde quando a Ally ainda estava viajando e
você não estava. Eu estava preocupada e com saudades de Allyson, e ele foi
muito
celular atencioso comigo.
dele para caso Tratou-me muitodebem
eu precisasse e me
algo. deu o número
E desde do
então nós
conversamos por telefone. Somos... amigos... ainda ― revela corada.
Sean a fita por um longo instante.
― A senhora gosta dele? ― indaga direto.
― Sim ― confirma meio envergonhada.
― OK. Vou ter uma conversa com Carter amanhã mesmo. Ele tem que
saber que, com minha mãe, é namoro sério ou nada! ― diz e então sorri
torto, piscando para a mãe, tranquilizando-a.
Steph respira aliviada e abraça fortemente o filho, enchendo-o de
beijos no rosto. Nem preciso dizer que estou vibrando muito! Ergo-me e
também começo a beijá-lo na face.
― Nem adianta me encherem de beijos, pois vou mesmo interrogar o
futuro namorado de mamãe, e tenho dito! ― Sean proclama severo; no
entanto cai no riso ao continuar sendo atacado por nós duas.
Tivemos apenas uma semana para resolver tudo. Então foi uma
loucura conseguir uma capela de acordo com as expectativas de Meg, assim
como escolher o vestido de noiva nada convencional. Aliás, o casamento
não será nada convencional. Todos os convidados foram intimados a se
fantasiarem.
A três dias da cerimônia, hospedamo-nos no hotel do cassino mais
famoso de Las Vegas. Gastamos um bom tempo e dinheiro apostando. Foi
bem legal. No entanto o nosso propósito era outro. Sean e Bran se
encarregaram dos assuntos burocráticos que faltaram, e Meg, Steph e eu
cuidamos das fantasias,
exato momento, nas duasdecoração dahotel,
suítes do capela,estamos
entre outras coisas. E,para
nos trocando nesse
o
casamento.
― Anda logo, Bran. Vai deixar a Meg esperando?
De onde estou, posso escutar Sean apressando o amigo. Os quartos
são bem próximos, então dá para ouvir toda movimentação e conversa.
― Você está me deixando aflito, porra! ― reclama Bran.
As meninas e eu rimos horrores dos rapazes enquanto nos
arrumamos. Olho-me
minha fantasia noAmérica
de Capitã enormeestá
espelho preso
bem. Um à parede
macacão e verifico
lindíssimo se
na cor
azul-metálico com uma estrela branca no busto e um falso espartilho em
branco e vermelho realça minha cintura, já nem tanto curvilínea por causa
de meu ventre dilatado, mas ele me deixa gata do mesmo modo.
As botas de cano longo brancas completam a produção. Reforço o
batom e estou pronta. Corro e prendo a coroa nos cabelos sedosos de
Steph, que está maravilhosa fantasiada de Rainha de Copas. O vestido justo
revela que minha sogrinha ainda dá um caldo.
― Vamos logo, meninas, vamos que não posso deixar meu deus grego
me esperando! É hoje que desencalho!
Gargalhamos. Quando chegarmos à capela, Meg está tremendo de
nervoso.
― Calma, amiga, vai dar tudo certo ― tranquilizo-a.
É comovente vê-la respirar fundo e caminhar a passos firmes em
direção ao altar, em direção ao meu primo. Bran está perfeito em sua
fantasia de deus grego. E sorrio, lembrando-me da referência de Meg
anteriormente.
― Do que sorri, amor? ― pergunta-me Sean, aproximando-se gostoso
demais em sua fantasia de Magneto.
― Estou sorrindo para a vida. Para todas as coisas boas que irão surgir
de agora em diante, que nos darão forças para vencer as dificuldades caso
elas teimem em nos tocar.
― Belas palavras, mas não tão belas quanto você ― diz sorrindo torto,
inclinando-se para me beijar ardentemente.
A cerimônia segue seu curso, e não contenho as lágrimas de emoção
quando o juiz de paz fantasiado de Elvis declara meus amigos como marido
e mulher. Abraço Meg com carinho, e choramos juntas de felicidade.
Comemoramos de forma esfuziante.
Meg e Bran somem na primeira oportunidade. Vão passar a lua de mel em
Vegas mesmo. Para mim, Sean e Steph, a festa acabou, e vamos retornar
para casa amanhã. Até tento convencer Sean e minha sogrinha a ficarmos
mais uns dias. Porém nem mãe, nem filho topam minha sugestão. Sean tem
assuntos na empresa, e Steph está com saudades de Carter.
É tão fofo ver os dois juntos. E o ciúme de Sean é cômico! Recordo bem
quando Carter aguentou bravamente o interrogatório de Sean. Foi
insistente, o rapaz. Ele é só carinho para com a minha sogrinha. Steph está
cada dia mais serena, equilibrada. Ela está feliz.
Esse lindo texto me deixou emotiva. Ah, Steph, também te amo tanto.
Uau! E lá vem as lágrimas novamente! Sempre que recordo do texto, meus
olhos lacrimejam. Os hormônios da gravidez ainda vão me causar
desidratação. Com cinco meses de gestação, sinto-me uma pata de tão
gorda. Meu apetite é voraz, e se não me policiar, vou evoluir de pata a
baleia em um piscar de olhos. Meu humor é muito instável. E ratifico: choro
por qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer hora, até carrego comigo
uma caixa de lenços para cima e para baixo. Além de que faço xixi
incontrolavelmente e nas horas mais impróprias! Dormir uma noite
inteirinha? Isso não faz parte da minha rotina. Não com os meus bebês
adorando fazer de meus rins seu trampolim.
Eles mexem muito também, mas apenas quando o pai está por perto, e
é uma coisa muito interessante. É eu ouvir a voz potente de Sean e pronto, a
festa em minha barriga acontece. Nem preciso dizer que ele fica todo bobo.
Meu bobo, lindo e delicioso noivo, que logo será meu marido, me
convenceu a morarmos juntos, então aluguei meu apartamento. Sorrio.
Quem diria que eu, uma medrosa em relação a compromisso sério, ficaria
ansiosa para casar? Sim, estou contando os dias, as horas para ser a
Senhora McGregor.
Embora nosso casamento tenha sido adiado para o próximo mês.
Infelizmente me estressei com os preparativos, com a decoração do quarto
dos pequenos, com o trabalho e com os meus tios, que recomeçaram a me
perseguir por dinheiro.
perigosamente Tive uma crise séria de pressão alta que durou
por duas semanas.
Sean quase enlouqueceu de preocupação. Ele me proibiu de trabalhar
ou fazer qualquer outra atividade. Acionou a justiça para manter meus tios
longe, como fez com o próprio pai, depois que Benjamin foi preso com sua
mulher e suas filhas. Tanto ele quanto as três patetas não podem nos
incomodar mais. O que traz mais tranquilidade para minha gravidez.
A obstetra aconselhou que eu escolhesse uma atividade de cada vez, já
que não quero delegar as funções. Então decidi decorar o quarto dos
gêmeos. Fico horas babando na decoração, ou em cada nova pequena
roupinha, na verdade, em cada detalhe. Para a cor do quarto, escolhi bege e
branco, tons pastel.
No momento estou totalmente envolvida com tudo que cerca os bebês.
Os nomes, por exemplo, é um caso à parte. Sean e eu ainda estamos
indecisos; no entanto nossa indecisão não impede de especularmos. Para
nossa menina, Sean citou o nome Maité, já eu, citei Cloe. Para o nosso
menino, Sean citou August, porque é o nome de seu avô falecido, o pai de
Steph. Citei Kevin em homenagem ao meu pai. Então é bem compreensiva a
nossa indecisão.
Steph também deu seu palpite, ela acha que a junção dos dois nomes –
August Kevin – é muito estranha para uma criança, e que seu netinho deve
ter um nome leve como James. Para sua netinha ela palpitou por Luna. Meg
pôs fogo na minha indecisão ao sugerir os nomes Andrew e Sophia. Então
estou cada vez mais confusa. Espero que, antes que meus filhos nasçam,
seus nomes já tenham sido escolhidos.
São 7h da manhã de um sábado, e Sean dorme como uma pedra ao
meu lado. Viajou ao Canadá a negócios por dois dias e regressou ontem à
noite, muito cansado.
sem acordá-lo, Seus
e preciso braços
urgente e pernas
fazer me impedem
xixi. Balanço de sair
seu ombro, da cama
falando:
― Amor, me solte, preciso ir ao banheiro.
Sean resmunga algo indecifrável e não se mexe. Tento mais uma vez,
toda paciente:
― Amor, acorda, estou a ponto de urinar na calcinha!
Ele continua em seu sono profundo.
― Sai logo de cima, cacete, quero fazer xixi, porra! ― grito com raiva.
Sean acorda abruptamente. Com o susto, cai no chão e solta um
sonoro palavrão.
Rindo muito do tombo de Sean, corro o mais ágil que consigo com
minhas pernas inchadas e o peso de minha barriga até o banheiro da suíte.
Abaixo rapidamente a tampa da privada, a calcinha e me sento, então faço o
xixi mais gostoso da minha vida.
― Ah... ― suspiro aliviada.
Percebo um vulto e ergo a cabeça. Deparo-me com Sean apoiado à
porta dodebanheiro,
lembrar seu tomboolhando-me sério. Tenho uma crise de riso ao me
e faço xixi novamente.
― Ainda está rindo de mim? Mas que mulher mais malvada eu tenho!
― fala brincalhão, movendo-se em minha direção.
― Quem manda cair da cama? ― pergunto rindo e enxugando com as
mãos as lágrimas que brotam nos cantinhos dos meus olhos, provocadas
pelo riso descontrolado.
― Já terminou? ― pergunta me olhando do jeito pecaminoso: Quero e
vou te comer bem gostoso.
― Yeah! ― respondo já completamente excitada.
Sean então se aproxima e me pega no colo, levando-me ao boxe e me
dando banho, cuidando de mim com tanto amor e zelo que só me faz amá-lo
com mais loucura. E logo depois me faz amor deliciosamente, fodendo
meus miolos e minha boceta com maestria, de uma forma linda e
puramente imoral.
Um mês depois
nesse momento
variações delicado.
de pressão. Allyson tem
Ela também está me preocupado
apreensiva, combastante
medo decom
que suas
algo
aconteça com ela e os bebês. Graças a Deus que temos o apoio de mamãe,
sempre zelosa e atenciosa. Ela enche Allyson de carinho.
Depois que a obstetra comunicou que antecipará o parto para o bem
dos bebês e de Allyson, confesso que fiquei muito atormentado, e Allyson,
angustiada. Entretanto a médica nos assegurou que o procedimento é
normal para gestantes de gêmeos. Então é marcada a cesariana.
Às 15h de uma quarta-feira, aglomeram-se na sala de espera da
maternidade particular,
nos preparamos minha mãe,
para acompanhar CarterMeg
o parto. e Brandon, enquanto
vai filmar Meg e eu
tudo a pedido de
Allyson.
Estou uma pilha de nervos. Visto a bata azul, a touca e esterilizo
minhas mãos. Uma enfermeira baixinha me guia até a sala cirúrgica. Passo
reto por Eleanor e por sua equipe, formada por dois enfermeiros, um
anestesista e um médico auxiliar. Seguro a mão de minha Allyson e beijo
sua testa.
― Tudo bem? ― sondo meio nervoso.
Ela sorri para mim e me tranquiliza:
― Está tudo bem, amor. Acalme-se.
Allyson parece totalmente serena, enquanto eu suo frio e meu
estômago dá cambalhotas. Então miro Meg a poucos passos. Ela acena
animada. Devolvo o aceno de forma nervosa.
A cesariana está prestes a iniciar. Eleanor se aproxima e pergunta:
― Vamos começar?
Semanas depois
Os diasmas
trabalhosos, quefantásticos.
se seguiram ao nascimento
A felicidade dos gêmeos
de desfrutar foram
de momentos
especiais com meus pequenos e meu tatuado compensa as dores do meu
pós-operatório e as preocupações por ver meus filhos em uma incubadora.
Embora apenas por precaução, foi preciso que ficassem por uma
semana no hospital. Não tive paz até ter certeza de que eles estavam bem
verdadeiramente e de os levar para casa. Steph me apoiou muito nesse
momento difícil, assim como minha melhor amiga Meg.
E meu marido? Bem, só tenho elogios para Sean. Ele é um excelente
pai e um marido maravilhoso. Meu tatuado é um pai babão e orgulhoso, um
verdadeiro leão cuidando de suas crias. Ainda fico boba ao vê-lo trocando
as fraldas dos pequenos. É lindo observá-lo velando o sono dos meninos ou
apenas os segurando com todo cuidado e ternura.
A malinha dos pequenos está pronta, e depois do aval de Eleanor,
partimos para nossa casa. Sean guia com atenção redobrada pela
autoestrada, e logo chegamos ao nosso destino.
Uma festinha programada por Meg, tia-madrinha babona, e pela vovó
coruja e também madrinha, aguarda-nos em casa. Steph nos recebe assim
que adentramos os portões decorados com balões cor-de-rosa e azul.
Sorrio alegre com a faixa com os nomes dos bebês e um Bem-vindos
escrito com letras maiúsculas. Acho fofíssimo o grande bolo de diferentes
temas e a mesa de docinhos deliciosos. Sorridente e acompanhada por seu
namorado Carter, minha sogrinha me abraça desajeitadamente, já que
estou com Andrew nos braços.
― Estão cada vez mais lindos! Mais fofinhos! ― exclama Steph,
tomando de meus braços o pequeno Drew e começando a sessão paparico.
― Estáquestões
mãe sobre receoso,importantes,
claro, mas depois
como de conversar
a situação com Carter
emocional e comdaa
e mental
Steph, a importância da resolução dela de sair de casa, e com ambos se
comprometendo a se cuidarem, Sean acabou aceitando. Embora ainda seja
difícil para ele entender que agora Steph não é mais somente sua
responsabilidade.
― Deve ser difícil para ele ver a mãe partir. Afinal ele sempre cuidou
dela ― diz séria.
― Eles têm uma ligação muito forte, Meg. Sean e Steph passaram por
coisas extremas.
difícil largar velhosEles foram
hábitos alicerces um do outro por muito tempo. É
― argumento.
― Imagino! O importante é que hoje eles encontraram pessoas
especiais que os apoiam e os aceitam como são. E estão felizes! ― ressalta.
― Verdade, bitch ― concordo mais que prontamente.
contrário.
abandono daEleex-mulher
culpou oe das
filhofilhas,
por magoando
sua má sorte
meu etatuado
principalmente pelo
mais uma vez.
Caramba! O homem, mesmo em um leito de hospital, abandonado pela
mulher e pelas filhas, não reconhece o devido valor do filho, a única pessoa
que o amparou em sua situação miserável. E ainda o maltrata! Ingrato, esse
escroque! Todavia espero que um dia ele reconheça o esforço que Sean fez
por ele e se arrependa. E que não tarde!
A risada gostosa de Sean vibra em meus tímpanos e me faz regressar
ao presente. E me foco em viver o momento alegre e esquecer momentos e
pessoas ruins.
Circulamos pelo ambiente bebericando coquetéis de frutas, exceto
Meg, que enjoou do sabor, o que é normal em seu estado. Minha querida
amiga está grávida de semanas, e a felicidade brilha em seus lindos olhos.
Estou muito feliz por Meg. Ela merece muito ser mãe, ser feliz!
Carter enfim chega, e Steph sorri docemente ao lado do marido. Ela
cintila como nunca em seu dia de glória.
Um mês depois
Contamos juntos:
― Um... dois... três... já!
O flash explode. Tudo acontece simultaneamente e de forma lúdica: Steph
joga confete para o ar, sorrindo; Brandon e Drew soltam os balões e os
contemplam flutuarem pelo céu; Meg e eu fazemos careta para Mai, que ri
gostosamente, batendo palmas; Sean exibe os músculos do bíceps para
Carter, que faz comicamente cara de medo. Todo mundo cai na risada por
fim.
Sean me puxa para um beijo quente ao mesmo tempo em que os
demais se afastam, brincando de estourar os balões que sobraram. Ouço os
gritinhos excitados dos meninos ao fundo enquanto correspondo ao beijo
delicioso. O ar nos falta, e Sean me afasta para me olhar nos olhos. Sua voz é
apaixonada ao confessar:
― Você é a razão para que eu viva em paz com meus demônios. É a
razão para a cura da alma de minha mãe. Você, somente você, Allyson, faz-
me sentir vivo, completo! Te amo! Te amo com loucura, Allyson!
Minha voz também é apaixonada quando lhe respondo:
― amor!
eterno Não sei viver sem você, Sean. Não sei! Te amo demais! Te amo, meu
Uma vez mais selamos nossos lábios. E, nesse momento exorbitante
de amor, sinto em meu coração que tomei a atitude certa ao decidir lutar
pela vaga de assistente do executivo tatuado.
Quinze anos depois
― Garoto,
dominam já tive
as ações. a suaserei
Portanto, idade.
bemSei muito bem como os hormônios
sucinto.
― Sim, senhor.
― Deixe suas mãos em lugar visível e outras partes dentro de suas
calças, ou não pensarei duas vezes em castrá-lo.
― Pai! ― Mai exclama com o rosto corado.
― O quê? ― Sean pergunta ao acrescentar: ― Ele tem que saber que
você não é uma garota qualquer!
Sean está em paz com seus demônios como nunca antes. Suas
preocupações com o estado mental de Nathan não o atingem mais, pois o
homem conseguiu se reabilitar com a ajuda de sua irmã e de seu agora
cunhado Jackson. Nathan é um novo homem, que fez questão de se
desculpar pessoalmente pela loucura que cometeu ao raptar Allyson. Sean
relutou em encontrá-lo, mas ao saber que o homem está até mesmo de
namoro com sua jovem ex-psicóloga, aceitou revê-lo junto com Allyson. E
ao sair da casa de Harriett, onde aconteceu o reencontro, Sean foi direto a
um estúdio de tatuagem. Tatuou um coração alado em seu peitoral
esquerdo, como demonstração de amor. Em Times New Roman, o nome de
Allyson se localiza no centro do coração, logo ao lado do de sua mãe, pois as
duas mulheres são o centro de sua vida, de seu universo. E contornando os
nomes femininos, vêm os de seus filhos. Sua vida não poderia ser mais
perfeita.
Após se dar alguns dias de folga, Sean decidiu levar a família e os
agregados à casa de praia. Ele aprecia momentos em família,
principalmente depois que se uniu a Allyson. Após uma agitada semana de
trabalho e um e-mailse-mails com conteúdo surpreendente de sua meia-
irmã Ayden, agradecendo-lhe pela ajuda que ele lhe dera no episódio infeliz
de seu sequestro, ele merece um pouco de lazer.
Quando dois dias antes ele abriu seu endereço eletrônico e se deparou
com um e-mailse-mails desconhecido, pensou logo em chamar seu
funcionário expert em segurança de rede. Porém desistiu ao ver quem
assinava o e-mailse-mails. Ayden contou, através de um curto e direito
texto, que ela e a irmã, assim como a ex-madrasta, estão bem e que ela
sente muito por tudo. Finalizando com um voto de felicidades sinceras,
deixou-o incrédulo e feliz.
Sean volta ao presente com um sorriso contente. Ele contempla a
imensidão azul com prazer. O mar de Miami Beach está propenso à prática
do surfe, então Sean faz questão de praticar o esporte com Drew. O
adolescente escuta atentamente as explicações, os olhos mirados no pai,
totalmente devotos. Para o garoto, seu pai é seu herói. Não é sua primeira
lição de surfe, mas é a mais importante. Hoje, sua namoradinha Lois está
presente, e ele quer impressionar a gatinha.
― Sinta a onda, Drew! ― instrui seu pai quando ele se posiciona na
prancha, logo ganhando velocidade. Ele desliza dentro do tubo de água azul
com perfeição. Drew toca como uma carícia o mar. Ele sorri, pois está
conseguindo.
Quando a onda morre, ele se sente radiante. Drew tira os cabelos
molhados do rosto e segura a prancha com as duas mãos, firmando os pés
na areia. Sorridente, acena para a mãe e a namorada que, em suas cadeiras,
acenam-lhe de volta.
Seu pai se aproxima e lhe dá um tapinha nas costas.
― É isso aí, garotão. Perfeito! ― Sean elogia, todo orgulhoso.
Juntos, caminham de volta e fincam as pranchas na areia. Sean beija a
mulher enquanto afaga a barriga de Allyson. Drew também beija Lois e se
senta ao seu lado.
― Lindas manobras, meu filho! ― elogia Allyson, acrescentando: ― Não
vou ganhar beijo também?
― Valeu, mãe. Claro que vai ganhar! ― responde o garoto, beijando a
mãe no rosto.
Mai chega com Joshua a tiracolo e se junta aos demais.
Gaby está com Steph e Carter, brincando nas piscinas naturais.
A conversa à mesa é animada, mas Ally tem outros planos para seu fim
de tarde.
Ela então se ergue faceiramente e faz sinal ao marido para encontrá-la
na casa de praia que, por hora, está vazia. Sean, louco para colocar a ideia
da mulher em prática, também disfarça ao se afastar dos adolescentes. Sem
maiores dificuldades e com cuidado, agarra a mulher e a leva em seus
braços em direção à casa, subindo as escadas.
O biquíni de Allyson é jogado aos pés deles, assim como a sunga de
Sean. Ele brinca com os seus seios sensíveis e se desloca para seu ventre
distendido, beijando a barriga saliente com amor. Beija a tatuagem no
quadril de sua mulher lascivamente. O nome dele escrito em negrito e
trançado com linhas tribais negras é um afrodisíaco para sua libido. Sua
boca é pecaminosa ao lhe dar o sexo oral que ela tanto deseja.
Quando Sean a tem, trêmula e ofegante, após o orgasmo, sobe por seu
corpo, e se beijam afoitos, apressando o ato de amor. Afinal, ser pais é
padecer no paraíso; porém também é sinônimo de pouca privacidade.
AMOR E COMPREENSÃO FORAM ESSENCIAIS para que eu vencesse
minhas limitações. Foram os primeiros passos para a recuperação da
minha sanidade. Com a ajuda preciosa de minha nora, consegui recuperar a
minha dignidade. Os anos que vivi na escuridão psicológica pareciam não
ter fim, não ter saída. Eu nunca me imaginei livre de meus medos e
traumas, como estou agora.
Meu filho é e sempre foi meu esteio. Entretanto fui um peso para ele.
Tão jovem e já cheio de responsabilidades, cheio de rancor e decepção por
seu próprio pai.
Benjamim foi um pai horrível e um marido execrável. Sofri muito nos
anos que passamos juntos. Primeiro foi o seu ciúme irracional, que me fez
abandonar minha carreira de modelo. Posteriormente seu distanciamento
ao descobrir que se casou com alguém com sérios problemas psicológicos.
Sua falta de compreensão e amor agravou meu estado emocional já
abalado. Meus surtos, que eram esporádicos quando adolescente, passaram
a ser constantes.
Hoje sei que tudo foi um grande aprendizado. Todo o sofrimento foi
apenas uma preparação para um futuro de realizações. E fiquei
extremamente feliz em saber que Sean perdoou o pai, que ambos tenham
tido, mesmo que por um breve instante, um momento de entendimento.
Que Ben descanse em paz.
Sou feliz ao lado de Carter e de minha família. Sinto-me jovial, forte. E
nunca mais tive uma crise nervosa ou um surto psicótico. Não abandonei
meus medicamentos, apenas não sou mais escrava, ou refém deles. Hoje
eles são meus aliados, não meus algozes.
Hoje posso sorrir e sonhar sem medo. Ser esperançosa em tudo que
concretizo. E foi justamente esse meu lado positivo que me orientou, guiou-
me a adotar duas crianças. Jayden é um anjo de oito anos de idade. E seu
irmão mais velho,
aproximação com oNoah,
maisde 17 anos,
velho é um
não foi fácil.adolescente encantador. Porém a
Quando fui a uma instituição para crianças, no Natal, para distribuir
presentes, encantei-me por Jayden e quis adotá-lo de imediato. Porém
Noah ficou muito abatido, pois iria se separar do irmão, o que me tocou
profundamente o coração.
Não poderia separá-los de forma alguma. Depois de acionar as
autoridades competentes para acertar a adoção e do apoio incondicional de
meu filho Sean e minha Norah Ally, estou com meus pequenos em casa.
Carter adorou a ideia de ser pai, ele é coruja com ambos.
Meu lar é alegre, cheio de cores e sabores depois que eles chegaram.
Sean não tem ciúmes dos meninos. Muito pelo contrário, ele os adora! Meus
netinhos também aceitaram bem a chegada de mais membros à família. E
toda a família está reunida em frente ao berçário, babando, paparicando
uma pequena princesa.
Brianna nasceu com três quilos e duzentos gramas, linda e chorona.
Seus olhinhos azuis tão parecidos com os meus ostentam os cílios negros
como os da mãe, e sua pele branquinha está vermelha. É tão perfeita! Minha
netinha mais nova fez meu filho mais velho chorar como um bebezinho ao
segurá-la todo cuidadoso nos braços musculosos. Minha norinha também
está emocionada. Gaby, meu neto, olha a irmã com adoração. Eu mesma não
contenho as lágrimas de felicidade. E, nesse momento de paz e amor
inigualável, dou boas-vindas a Brianna:
― Seja bem-vinda a sua família, Brianna. Nós te amaremos
incondicionalmente.
Dez anos depois
Nossa
poderia amizade
tê-lo sem meera muito
expor importantemas
novamente, para mim.
meu Era confortável,
coração gritava o pois eu
oposto.
Ele desejava seu amor de homem, e não de amigo.
Cansada de fugir, tomei coragem e o convidei para jantar. Ele aceitou de
primeira, como tudo que eu lhe propunha. Porém, quando o vi, amarelei. Um
homem lindo como aquele nunca iria se interessar por mim, uma alma
destroçada.
Guardei minhas intenções e tentei agir normalmente. Como um
cavalheiro, ele pagou a conta e se prontificou a me levar em casa, já que eu
estava sem carro. Caminhávamos em direção ao seu veículo, quando o céu
desabou em uma tormenta de verão. A chuva nos deixou molhados até os
ossos em poucos minutos. Trocamos um olhar arteiro e, como duas crianças
inconsequentes, começamos a dançar na chuva e pular nas poças d’água.
Rindo e cega pelas grossas gotas de chuva, desequilibrei-me e, se não fosse
por Brandon, que me segurou junto ao peito, eu teria me estatelado no chão.
Minha respiração se intensificou mais pela proximidade de seu corpo do
que propriamente pelo susto da queda iminente. Boquiaberta, eu fitei-o nos
olhos e me perdi no desejo inegável que ardia neles. Foquei então sua boca
carnuda e novamente seus olhos.
Com o hálito quente banhando meu rosto, contrastando deliciosamente
com a fria temperatura do ar, ele se pronunciou:
― Quero tanto te beijar, Meg, mas tenho medo de que você me...
Segurei sua nuca e o calei com um beijo desesperado. Debaixo da forte
chuva, beijei-o como se não houvesse amanhã. Eu queria renascer nos braços
dele. Afastei com custo minha boca da sua e pedi quase sem ar:
― Me faça sua.
Ele grunhiu:
― Você não...
Novamente o cortei com um beijo e voltei a me afastar ofegante logo
depois.
― Tenho sonhado há meses em tê-lo dentro de mim ― confessei,
sentindo-me atrevida, livre.
― Santo Cristo! ― ele exclamou, apertando-me ainda mais junto a si. ―
Você está me enlouquecendo há meses também, mas tive medo de estar te
orçando a uma situação que você não queria. Você precisava tanto de um
amigo.
― Eu preciso do seu amor de homem. Eu estou apaixonada por você.
― Você o tem desde a primeira vez que ti vi, Meg, frágil e ferida em um
leito de dor. Eu me apaixonei perdidamente por você!
― Então me dê seu amor! Por favor!
Foi sua vez de me calar com um beijo. Seu beijo arrebatador fez minha
mente flutuar, meu coração disparar e meu corpo pegar fogo.
― Vamos sair daqui ― ele falou arfante após interromper o beijo.
Concordei com um enérgico gesto de cabeça.
Ele me guiou até seu carro, e o caminho até minha casa foi feito cheio de
tensão sexual. Reprimimos por tanto tempo nossa paixão que, assim que
adentramos a sala, não esperamos chegar até o conforto do quarto.
Com mãos atrapalhadas consegui abrir a porta. Livramo-nos das roupas
molhadas, espalhando-as pelo chão sem qualquer cuidado. Brandon me amou
encostados na parede da sala, e foi o melhor sexo da minha vida. Porém nada
me preparou
nos olhos. para a emoção de fazer amor com ele lentamente e com olhos
Toda a mágoa que habitava meu coração deu lugar ao amor absoluto
por esse homem, que me fez sua com tanta singeleza que me arrancou
lágrimas de felicidade e gemidos de prazer. A cada arremetida sua, as chagas
em minha alma curavam-se.
Em seus braços dei adeus ao ódio e dei boas-vindas ao amor. Dessa
orma eu escolhi o amor, totalmente o oposto da vingança.
A voz de Brandon me traz de volta ao presente.
― Meg? Amor? Está tudo bem? ― Ele toca meu ombro e me olha
preocupado.
― Está tudo perfeito, meu amor. Apenas divaguei ― respondo
sorrindo.
― Então
chegarmos podemos―ir?conta,
à recepção Sabrina está com sono.
ajudando-me a meEla vai capotar
erguer. ― Seanassim que
está com
ela nos braços.
― Tadinha, o dia foi bem cansativo para ela ― comento já à porta da
igreja.
Brandon retira dois saquinhos com arroz de dentro de seu smoking e
me passa o meu.
― Sim, mas a nossa “espoletinha” adorou cada minuto. Sentiu-se toda
importante ao levar as alianças na almofadinha cor de rosa ― argumenta
Brandon, rindo.
Os noivos passam pelos convidados e são recebidos com a clássica
chuva de arroz. Eles acenam para nós e entram na limusine. As pessoas vão
em direção aos seus respectivos transportes. Faço o mesmo, quando
Brandon me segura pela cintura e me prende em seus braços.
― Estive pensando, por que não renovamos nossos votos?
― Está falando sério? ― indago surpresa.
― Sim, por quê? Você não quer?
Ele parece magoado, e trato de explicar:
― Lógico que quero! Eu adoraria, na verdade!
Ele sorri matreiro ao revelar:
― Também adoraria ter uma segunda lua de mel.
Gargalho.
― Tampouco vou me opor a essa sua ideia fabulosa, meu marido.
Abraço-o pelo pescoço e o beijo apaixonadamente. Sim. Venci a dor
pelo amor.
Fogo\Capital Inicial – Tema de Allyson e Sean.
Over You\Lane Brody – Tema de Steph e Benjamin.
True Colors\Cindy Lauper – Tema de Steph e Carter.
Lucky\Jason Mraz Ft. Colbie Caillat – Tema de Meg e Brandon.
MAGIC!\Rude – Tema de Maité e Joshua.