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Anya Bast

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Bruxas Elementares 02

Sangue Enfeitiçado
Bruxas Elementares 02
Anya Bast
A bruxa da água, Isabelle Novak, sempre levou uma caótica existência nômade. Mas sua vida sai
de controle quando sua irmã, única amiga e âncora emocional, é assassinada por um demônio.
Impulsionada pela dor e o desejo de vingança, dá as costas ao Aquelarre e ao mandamento que é
sagrado: Não faça mal...
Quando Isabelle se encontra pela primeira vez com Thomas Monahan, está cheia de raiva e pesar,
canalizando sua dor em energia, e tentando terminar com a vida de um bruxo que considera
responsável pela morte da irmã. Juntos, formam uma precária aliança para caçar e destruir um
demônio de enorme poder. Como chefe do Aquelarre, o bruxo de terra Thomas, deve deter os
sombrios impulsos de Isabelle, mas apenas sua presença acorda desejos muito profundos, que ela
nunca soube que tinha...

Disp em Esp: El Club de las excomulgadas


Envio do arquivo: Gisa
Revisão Inicial: Tessy
Revisão Final e formatação: Lucilene
Capa: Elica Leal
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Bruxas Elementares 02

Nota da Revisora Tessy: É uma historia envolvente, com uma mocinha cheia de traumas,
mas uma lutadora que não se deixa abater por seus medos e luta até o fim e um mocinho decidido
e forte, mas doce que decide não deixá-la escapar dele custe o que custar... E para melhorar tem
altas cenas de ação e cenas Hots da melhor qualidade!... E que venha o próximo!!!!!!

Nota da Revisora Lucilene: Não tinha lido o primeiro livro, mas a história do segundo é tão
boa, que resolvi ler o primeiro. Tem tudo o que as leitoras gostam: ação, romance e cenas hots. Só
achei que a autora deixou a desejar no final. Sabe o último capítulo de uma novela, onde o autor
quer resolver tudo? Foi a impressão que me deu no último capítulo. Mesmo assim, vale a pena a
leitura. O Thomas entrou na minha lista de hominhos de papel preferido. Estou ansiosa pelo
terceiro livro da série.

Capítulo 1

COMO CAPTURAR UM BRUXO LIÇÃO 101. ISABELLE PODERIA ENSINAR ESSA MATÉRIA.

A música de clube retumbou através do corpo de Isabelle. Com os olhos fechados, balançou
seus quadris, dançando em um vaivém e flutuou com as sutis emoções que a rodeavam com o
ritmo. Intoxicada pelo mar de euforia e luxúria, permitiu-se a sedutora, primária onda para liberar-
se por uns poucos benditos momentos.
A armadilha que fizera ao bruxo também era sua própria armadilha.
As mãos de um homem agarraram sua cintura. Um corpo magro e musculoso a pressionou
por trás. Conhecia esse toque, essas mãos e surgiu a essência de madeira de sua cara colônia. Era
o bruxo que estava caçando. Que pensava que era uma mulher como qualquer outra. Seus olhos
se abriram, o momento de serenidade desapareceu diante sua presença.
Qualquer um capaz de ver sua face teria visto a repulsão filtrar-se por suas feições antes que
seus lábios se curvassem em um evasivo sorriso. Ela se aconchegou entre os braços de Stefan
Faucheux. Ele a balançou, trocando o balanço de seu corpo ao som da música. Felizmente, Stefan
não tinha empatia. Não podia sentir quanto aborrecia que a tocasse.
Em alguma parte perto, o flash de uma câmara cintilou, depois outro. Paparazzis. Os meios
adulavam Stefan, um playboy multimilionário. Qualquer mulher com quem saísse era uma fonte
de interesse particular. Isabelle tinha conseguido manter-se nos braços de Stefan o mais que
pôde. Era a misteriosa ruiva de olhos verdes sobre a que nenhum repórter pôde encontrar muita
informação. Isabelle tinha pagado muito dinheiro para assegurar-se de que assim fosse. Também
trabalhou muito duro para garantir o interesse de Faucheux por um tempo. Todos os planos a
conduziram a esta noite.
É óbvio, os fotógrafos não sabiam que ela era uma bruxa e Stefan um bruxo. Esses eram
segredos muito bem guardados da população não mágica. Isso era a única coisa que o aquelarre e

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os bruxos controlados por Os Duskoff podiam estar de acordo. Os não mágicos superavam os
mágicos e, historicamente, mostravam muita tendência ao derramamento de sangue por aqueles
percebidos como diferentes.
Stefan moveu seu corpo com o dela, em uma tormentosa biografia ao sexo que fez seu
estômago irritar-se. Logo, isto se acabaria. Era o único positivo de ter que sofrer sua cercania.
Isabelle pregou um sorriso em seus lábios e fechou seus olhos de novo. Pensou nos
profundos e acelerados jorros de água sulcando seu caminho através da terra, no mais profundo
do oceano, onde a água jaz quieta e silenciosa, nos gentis redemoinhos e ondulações do fio de um
lago. O poder nela se erigiu em resposta ao estímulo mental, só um pouco. Exsudava um pouco de
seu estresse, despontando a afiada borda.
Os braços de Stefan se estreitaram ao redor dela e cheirou sua garganta. Mais câmaras
cintilaram. Eles estariam na primeira página de cada tabloide do país amanhã. Provavelmente
seria vendida como grávida e fazendo planos para o casamento. Somente a Senhora sabia com
que estupidez sairiam.
E logo a outra história sairia à luz, a escura, a mais violenta.
Logo, assegurou-se. Esta noite. Porque não era uma mulher como qualquer outra e hoje não
era um dia ordinário. Era tempo que Stefan Faucheux pagasse por seus pecados.
A emoção brotou em sua garganta por um momento. Escassamente teve tempo para afligir-
se. Estes dias esteve funcionando com raiva, dor, e algo mais.
Usa-o. Não permita que a use.
Imediatamente, o repentino arrebatamento de vulnerabilidade desapareceu em uma fria
resolução. Era uma lição que tinha aprendido há tempo e o fez bem. Teve bastante prática
guardando sua dor, transformando-a em mais que uma força efetiva. Sua emoção se tornou uma
arma bem afiada.
Ele se inclinou para ela, falou em seu ouvido o suficientemente alto para que pudesse
escutar sobre a música palpitando
— Hora de ir, ma cherie.
A antecipação correu através dela, deixando um formigamento de suor que a advertia
certamente que a destreza de Stefan com o fogo poderia fazer. Stefan era um bruxo de fogo, um
dos mais poderosos daqueles com os que ela se encontrou. Embora ele não pudesse reclamar o
título de bruxo nunca mais, não tecnicamente. Ele tinha traído o Aquelarre, também quebrado ao
Conselho tantas vezes para contar. Agora era um rasteiro e acidentado bruxo.
Sua própria habilidade residia no reino da água. Isso significava que ela e Stefan eram
diretamente opostos magicamente. Tinha complicado seus planos de alguma forma.
Normalmente o fogo e a água tinham uma repulsão natural, enquanto que o fogo e o ar tinham
uma atração incorporada. Isabelle teve que trabalhar duplamente para amarrar sua presa devido a
isso, especialmente porque não poderia esconder suas habilidades de um bruxo como Stefan. Ele
tinha o olfato de um sabujo para diferentes tipos de magia.
Ele tomou sua mão e a guiou através da multidão para a porta. Os fotógrafos se separaram
da multidão da festa e os seguiram. Ela podia vê-los brincando de correr como caranguejos de
rabo de olho. Os guarda-costas de Stefan os franquearam, não permitindo aproximar-se nenhum.

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Os feitiços terrestres ajudaram. Ele teve vários instaurados que persuadiam às pessoas a manter-
se a distância.
Abriram-se caminho fora do clube e as pesadas portas se fecharam atrás deles, embora sem
bloquear os baixos sons da música, a qual parecia fazer que o clube vibrasse em seus alicerces. O
frio da madrugada arrepiou a pele de seus braços e pernas nuas. Ela tomou um momento para
inalar o fresco, mas não muito limpo ar da cidade, ignorando os sussurros e ofegos de surpresa
daqueles na fila para entrar no clube.
— Venha, querida — Disse Stefan, colocando uma mão possessiva na parte baixa de suas
costas, guiando-a para a limusine — A limusine attend.
Ela lançou um travesso sorriso.
— Eu adoro quando fala em francês, Stefan. É tão sexy.
Stefan não sabia, mas ela entendia cada palavra em outro idioma que ele dizia para
impressioná-la. Foi uma menina de mundo, crescendo como uma residente temporária em muitos
países e falava ambos os idiomas, francês e italiano, fluentemente.
Ele a deteve em frente da limusine, colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, e se
inclinou para sussurrar:
— Falarei para você até que o sol saia, se me permitir isso, ma cherie.
Ela moveu sua cabeça e plantou um lânguido beijo em seu pescoço.
—Então envia longe seu guarda-costas — Isabelle arrasto o lóbulo entre seus dentes e ele
respondeu com um calafrio. Os brilhos das câmaras se dispararam como loucos.
Ele disse umas poucas palavras ao musculoso bruxo perto dele enquanto o condutor abria a
porta e a fazia passar para dentro. Regulando sua respiração, como sempre tinha que fazê-lo
quando entrava em um espaço pequeno, inclinou-se dentro do fresco interior da limusine e se
sentou em um dos assentos de couro. Isabelle teve um momento de mal-estar quando a escuridão
se fechou a seu redor como um punho de veludo. Os espaços fechados não eram o seu.
Stefan se sentou a seu lado. Logo que a porta se fechou, esteve sobre ela. Mas não tosco ou
torpemente. Assim não era Stefan. Ele era um perfeito cavalheiro até que decidia não sê-lo.
Ele deslizou sua mão para sua cintura, levantou seu queixo para sua face e pressionou seus
lábios nos seus. Suave, sem demanda, sedutor. Seu fresco fôlego invadiu sua boca ao mesmo
tempo que sua língua procurou a entrada.
Ela suprimiu um calafrio e colocou suas mãos nos largos ombros, a malha de seu fresco traje
contra suas palmas. Hesitou, relutante a permitir um beijo mais profundo. Ele insistiu no tema e
ela cedeu, usando cada gota de sua força de vontade para não empurrá-lo longe.
Na aparência para o mundo não mágico, Stefan era um benevolente ícone social, conhecido
por sua boa vontade e generosidade. Em realidade, como a cabeça dos Duskoff, o pequeno clube
de bruxos violento que mantinha, ele despojava e saqueava seu caminho através das bruxas como
se fossem seu curral de gado pessoal, matando aqui e lá quando gostava.
Como qualquer sociopata que se aprecie, Stefan era um monstro encantador e bonito. O
mundo deveria agradecê-la pelo que estava por fazer, inclusive teve que voltar às costas ao
Conselho do Aquelarre para obtê-lo.

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Reclinou-se para ela, enterrando seu nariz na curva de sua garganta e deslizando uma mão
passando na borda de seu curto Versace.
— Finalmente estamos sozinhos — Sussurrou — Como me pediu — O carro avançou,
balançando-a contra o corpo dele.
Levantou sua face para ele e o beijou, pressionando-se contra a curva de seu corpo. Colocou
a mão em sua virilha através de suas calças negras e sentiu sua dureza.
— Assim é.
— Então por que é tão tímida? Esta noite não escapará de mim, Isabelle — Ele respirou
contra sua pele com a suavidade de seu sotaque francês.
Parte de seu plano foi atormentá-lo sexualmente. Foi um pouco como brincar com um tigre
faminto com um pedaço de carne, mas teve êxito. Tinha-o enganchado, o fez desejá-la mais… E
permitiu limitar seu contato íntimo. Um aplique definitivo.
Ela elevou uma sobrancelha.
— Acredito que é você o que não me escapará, Stefan — Se ele soubesse.
Desabotoou suas calças.
— Tira isso.
Ele agarrou a borda de sua saia.
— Você primeiro — Ronronou.
— Nãããooo, você — Ela disparou com sedução.
Ele negou com a cabeça.
— Tire o vestido para mim, Isabelle — Sua voz sustentava um fio de aço e suas pestanas
tinham um brilho frio neles.
Seu ardiloso e sexy sorriso se quebrou. Demônios! Isto não ia da forma em que o tinha
visualizado. Em sua cabeça, estava completamente vestida quando o derrubava. Sem ter escolha a
menos que queria levantar suspeitas, permitiu-o tirar o vestido pela cabeça, deixando-a com só
um sutiã de renda vermelho e calcinhas combinando e seus sapatos.
— Mmm — Murmurou com apreciação justo antes que pressionasse seus lábios no topo de
seus seios.
OH, eca. Eca, eca, eca!
Ela puxou para frente o cinto de suas calças e o beijou brutalmente, mordendo seu lábio
inferior. Ele se sacudiu um pouco e ela provou o sangue.
— Tira isso agora — Ordenou
— Adoro uma mulher que gosta um pouco rude.
Então a amaria.
Ele tirou os sapatos e calças. Ela o olhou e levantou uma sobrancelha como em antecipação
sexual. Ele mostrou um arrogante sorriso, a de um homem que estava seguro de que ia ter uma
fodida. Que tão equivocado estava? Estava por descobri-lo. Estendeu sua mão e agarrou seu
pênis.
E o apertou. Com força.

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Capítulo 2

Ao mesmo tempo, ela alagou seu corpo com magia.


Explodiu no centro de seu peito com um quente pulso. O poder desceu por um braço,
centrando-se nos dedos. Estremeceram-se e tremeram enquanto lutava por manter o pesado
estalo drenando a emoção da magia. A água na virilha dele respondeu imediatamente a sua
vontade, as moléculas saltando para cumprir suas ordens. Cresceram em frio, continuando, ainda
mais frio.
Os olhos de Stefan sobressaíam de sua cabeça e o choque tomou a expressão de excitação
ao terror em menos de um quarto de segundo. Um grito sem som brotou de sua garganta, os
lábios formando um “O” de dor surda.
—Pensei que você gostava rude, Stefan? — Perguntou com os dentes apertados. Tinha-o
justo onde o queria. Sabia que tinha que tê-lo pelas bolas... Literalmente. Não havia outra maneira
de apanhar um bruxo tão poderoso como ele. Precisava se aproximar o suficiente para pô-lo em
uma posição suscetível, sem a ajuda de seu musculoso guarda-costas presente, fazendo-o baixar a
guarda e tomar vantagem de sua vulnerabilidade.
Ela apertou a carne suave dessa vulnerabilidade com a mão um pouco mais forte.
— Awww... Não se diverte? Sinto muito — Retorceu-o até que ele ficou sem fôlego — Sério.
Stefan emitiu um ruído de gorjeios em algum lugar da garganta.
— Assusta-o olhar fixamente nos olhos de sua própria mortalidade, Stefan? Perguntou-se
alguma vez o que nos acontece quando morremos? Piscamos como uma luz, ou continuaremos
vivendo? — Fez uma pausa, inclinando a cabeça para um lado — É só a morte outra vida? Hmm...
O que acha?
— Não… Sei — Retorceu-se.
— Acredito que está a ponto de descobri-lo.
— Quem… é? — Seus lábios formaram as palavras, mas não havia ar suficiente para dar vida.
Ela relaxou um pouco. Poderia desmaiar de outra maneira e era muito cedo para isso.
— Essa não é a pergunta pertinente neste momento. A verdadeira pergunta é sobre Ângela,
Stefan.
A confusão nublou seus olhos.
OH, essa foi a resposta errada. O poder escaldou por seu braço, fazendo que seus dedos
doessem. Sua cabeça cedeu de novo com dor e ela violentamente o apertou ainda mais.
— Ângela? — Ele ofegou.
— Ángela Novak. A última bruxa assassinada por seu demônio — Ela segurou com maior
força — Nem sequer pode recordar seu nome?
Seus lábios desprenderam uma careta.
— Não… Meu… Demônio.
— Bom, não. Talvez não tecnicamente. Seu pai, William Crane, convocou o demônio que
matou Ângela. Crane e seus comparsas. Mas seu pai está morto e você tomou seu lugar à frente
dos Duskoff. Os Duskoff é a razão pela qual o demônio existe nesta dimensão. Portanto, o Duskoff

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é responsável pela morte de Ângela e a morte de Melina Andersen, a primeira bruxa que o
demônio matou.
— Mas eu não estava com o Duskoff então.
— Oh, me poupe. Fez suficientes coisas horríveis para justificar isto, Stefan, e não tente me
dizer que não convocaria outro demônio se pudesse.
— Não — Sussurrou, com a cabeça caindo para trás pela dor.
— Não? O que quer dizer, Stefan? Não foi você o que ia sacrificar as quatro bruxas no
inverno passado para trazer um demônio? Se não fosse pelo Aquelarre, teria tido êxito. Isso só te
faz merecedor do castigo — Ela inclinou a cabeça para um lado — E além de tudo isso, o que
aconteceu a Naomi Nelson, essa bruxa de terra que você assou quando tinha dezoito anos? O que
aconteceu com Robin Taylor...
Levantou sua cabeça para frente e se centrou nela.
— Eu posso te ajudar. Ajudar... Ajudar a encontrar o demônio. Corrigir o… Mal.
Ele tentava negociar agora, não é? Como se atrevia a tentá-lo.
Ela abriu a boca para responder, mas o calor queimou em vermelho vivo contra a palma de
sua mão. Ambos gritaram de dor. Isabelle afastou sua mão queimada. Maldição, tinha perdido o
foco por um momento e ele tinha tomado o controle dela.
Stefan rodou para um lado, sua mão entre as pernas, cobrindo suas partes privadas. A mão
dela doía como se a tivesse estado pondo sobre o fogo, mas ele tinha que estar mais agônico que
ela. Queimou-se em um lugar muito sensível com o fim de derrotá-la.
Isabelle levantou o poder tão rápido como pôde, a pesar da dor. O ar rangia enquanto Stefan
também dirigia sua magia para defender-se. No mesmo momento, a limusine se sacudiu a um
lado. Isabelle bateu contra o assento de frente e gritou quando suas costas torceram. A limusine
chegou a uma curva, emitindo chiados, fumaça ao frear os pneus. Ela caiu no chão da limusine,
com o rosto retorcendo-se de dor ferroando na perna e através da parte baixa de suas costas.
Olhou através de seus emaranhados cabelos vermelho escuro, vendo o Stefan ajoelhado no
piso do veículo em frente dela, olhando como se fosse vomitar. Fora, sons de botas golpeando o
pavimento e gritos alcançaram seus ouvidos.
Lutando através do desconforto, ela reatou a extração da magia e a dirigiu a Stefan.
Detectando a acumulação rápida dentro dos limites da limusine, a cabeça dele se levantou e
também golpeou seu poder. O ar se quebrou com a eletricidade gerada a partir de seus esforços
combinados. Foi um confronto mágico e ambos estavam lutando através das lesões.
Mas as dele eram piores.
Isabelle disparou uma mão perto em um esforço inconsciente para aumentar seu poder, ao
comando da água no corpo de Stefan para cumprir suas ordens, congelar-se.
A porta da limusine se abriu. A confusão e a fúria dos observadores desconhecidos
pressionando contra sua empatia. As intensas emoções a seu redor se estabeleceram como um
vinho amargo na parte posterior da língua, mas ela enfocou toda sua atenção em Stefan.
— Não — Disse uma voz masculina dominante — Já basta.

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Ela ignorou a ordem. A coluna vertebral de Stefan se torceu de novo enquanto se


intensificava o processo de congelamento. Ela o tinha agora e, querida Deusa, tinha que doer. Não
era nada comparado com o que o demônio fez a Ângela, entretanto.
Sua irmã tinha morrido da maneira que tinha temido sempre, pela mão de um demônio.
Ângela teve pesadelos sobre isso desde que era uma criança, depois de que um de seus "tios"
contou como os demônios matavam a suas vítimas.
Isabelle foi quem encontrou seu corpo, mas ainda não se atrevia a visitar essas lembranças.
Não em detalhe. Sua mente os tinha bloqueado e estava agradecida por isso.
Frente a ela, Stefan caiu.
Curioso, Isabelle pensou que sentiria satisfação quando esse momento chegasse, talvez uma
libertação e um levantamento da pesada emoção que a tinha arrasado durante tanto tempo. Mas
não sentia nenhuma dessas coisas. Só sentia dor.
—Isto é por Ângela, Stefan — Disse inexpressivamente — Esta é minha irmã te saudando da
tumba.
Onde estava a realização que pensou que sentiria? Onde estava a correta justificação? Olhou
nos olhos de Stefan, vendo a dor explodir em suas pupilas. Seu agarre mágico vacilou. Ela não
podia fazer isto… Maldição!
Da esquerda, um homem se aproximou.
— Isabelle — Disse suavemente — Ele é a escória da terra, mas ele não matou a sua irmã.
Seu rosto contraído, com os olhos cheios de lágrimas.
— Ele o fez. Ele é o chefe dos Duskoff. Sem os Duskoff, o demônio não existiria.
— Peço pela última vez. Pare.
Esta vingança, uma vez em vermelho vivo, palpitante, algo vivo em seu coração e sua mente,
agora tinha o sabor amargo e frio.
Ainda assim... Ângela.
— Não posso — Sussurrou — Não posso parar.
O homem se jogou nela, rompendo seu domínio sobre Stefan. A dor cortou por sua coluna
vertebral e por suas pernas, o que a fez chorar, mas continuava lutando contra o grande peso na
parte superior. Ele a imobilizou, lutando por fazer-se com o controle de suas extremidades. O
esgotamento e a lesão nas costas a obrigaram a ser passiva. Sua magia despertou e morreu em
seu peito, passou como uma vela acesa muito tempo. Emitiu um som afogado de dor.
Ele a olhou fixamente, com o rosto escurecido pela queda de seu cabelo comprido negro
azulado. Thomas Monahan, diretor do Aquelarre. O cabelo era sua marca. Nem sequer precisava
ver seu rosto.
Estremeceu-se e deixou escapar um pequeno soluço.
— É graças a ele, por causa dos Duskoff, que minha irmã está morta.
— Ele não se sairá bem com o que tem feito, Isabelle — Disse em voz baixa — Mas seu
castigo não pode ser assim.
— Como sabe meu nome?
Atrás deles ouvia bruxas submetendo Stefan. A limusine se sacudiu com o movimento.

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—Você disse que é a irmã de Ângela. Só posso supor que quer dizer Ângela Novak, a bruxa
de água que foi assassinada por um demônio faz dois meses. Isso te faz Isabelle. Estamos no
mesmo lado. Se deixar que a levante, vai ser boa?
Sua boca se fechou e assentiu.
Separou-se dela, a face de Monahan, marcada com linhas brutais, chegaram finalmente a
sua visão. Ela olhou o interior da limusine, vendo Adam Tyrell e Jack McAllister, ambos os bruxos
do fogo que conhecia bem. Os dois homens restringiam o ferido Stefan, que não lutava mais.
Ajoelhou-se com as mãos entre as pernas, o aspecto de que a única batalha que podia
empreender era contra a inconsciência.
— Não estamos no mesmo lado — Grunhiu a Thomas — Você está me impedindo...
— De ter sua vingança. Já sei.
— Eu não matei a sua irmã — Cuspiu Stefan.
Thomas lançou um olhar a Stefan que recordou a Isabelle como um gato pode considerar um
camundongo, por baixo de sua raiva, mas algo interessante para jogar.
— Em geral prefiro Stefan morto — Ele arrastou as palavras — Mas precisamos dele.
Embalando a sua mão lesada, Isabelle só o fulminou com o olhar através de seus cabelos em
resposta. Procurou as emoções de Monahan, mas não obteve nada mais que uma piscada. Ou
estava muito cansado para sentir ou estava terrivelmente reprimido.
— Ah, Isabelle? Não é que me importe a visão, mas... — Adam a olhou intencionadamente, o
que a ajudou a recordar seu estado de nudez.
Ela baixou o olhar, registrando sua falta de roupa. Em sua fúria, esse pequeno detalhe tinha
escapado. Infernos. Pode algo mais sair errado?
Assegurando-se de que Jack tinha agarrado Stefan, Adam sacudiu seu vestido e ela com
cautela o deslizou sobre sua cabeça, fazendo uma careta pela dor em suas costas.
Thomas fez um gesto com a cabeça a Stefan.
— Incapacita-o para transportá-lo.
Jack baixou a vista a Stefan, sua expressão perigosamente escura. Por um momento, Isabelle
se perguntou o que faria. O bruxo tinha tentado matar a noiva de Jack no inverno passado.
Jack olhou deliberadamente as genitálias de Stefan.
— Deve ver um médico por isso — Então lhe deu um murro, forte. Stefan desabou no chão
da limusine, inconsciente.
— Poderia tê-lo somente drogado — Disse Thomas com uma torção de lábios.
Jack olhou abaixo, para Stefan.
— Essa era uma opção.
—Poderiam merecidamente me deixar matá-lo, igualmente — Adicionou Isabelle — Isso
teria sido muito menos problemático para todos. Sei que teria sido muito mais feliz.
Thomas se voltou e a olhou com olhos que pareciam mais negros que a obsidiana. Eram
inquietantes, mas bonitos, e faziam jogo com seus cabelos que formava redemoinhos ao redor de
seus ombros. O homem verdadeiramente se parecia com um bruxo, um muito, muito mau.
— Sério? Isso teria te feito feliz, Isabelle? Diga a verdade.

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Afastou o olhar dele, de repente se sentiu muito mais nua sob seu exame que quando esteve
nua.
O diretor do Aquelarre era mais atraente em pessoa que como era em suas fotos, como um
lindo anjo caído, embora as linhas toscas de seu rosto o salvavam do tipo mais perfeito da beleza
masculina. Sua sensual e exuberante boca parecia em contradição com o resto dele, composta
com linhas profundas em ambos os lados. Tinha um corpo robusto, longas pernas e amplos
ombros. Cada centímetro desse enorme corpo foi pressionado contra o seu e a tinha tocado. Suas
costas ferroaram diante a lembrança e fez uma careta.

— Então, como vai, Isabelle? Tanto tempo sem vê-la — Disse Adam, como se tivessem
conhecido por acaso no Starbucks ou algo assim.
Seus lábios desenharam um sorriso. Sorrir a Adam Tyrell era algo que tinha que fazer, graças
a seu encanto, sobretudo se for mulher. Inclusive nestas circunstâncias, não podia evitá-lo.
— Não muito bem, Adam.
— Tira-o daqui — Grunhiu Thomas a Adam. Voltou-se para Jack — Pode curar suas costas e
sua mão?
— A mão e as costas de Isabelle, sim. O pênis de Stefan, não. Minhas mãos não vão a
nenhuma parte perto dele.
—Vamos deixar que Stefan se cure por si mesmo, acredito. É o mínimo que merece.
Adam jogou Stefan fora da limusine e Thomas o seguiu, disparando um olhar penetrante por
cima de seu ombro antes de ir.
— Quero falar com você. Não desapareça.
Ela entrecerrou os olhos, às suas costas. Imbecil! Ele não tinha direito de ordenar tudo. Tinha
abandonado o Aquelarre. Demônios, o que acabava de fazer a fazia uma bruxa marcada. Thomas
Monahan não mantinha nenhum poder sobre ela.
— Me dê sua mão — Disse Jack.
Abriu sua mandíbula e levantou a mão, indo cautelosa pelo chão da limusine e enganchando
o salto de seu sapato no tapete.
Tomou a mão entre suas palmas. Jack era um bruxo de fogo e, portanto, podia curar.
Sempre tinha achado estranho que esse poder residisse em um elemento tão destrutivo. Sua mão
esquentou, formigou, e a dor recuou. Quando a soltou, a pele era de cor rosa e a cura foi rápida.
Ele fez um gesto com o queixo ao assento.
— Sente-se de costas para mim.
Com cuidado, subiu e se deslizou no assento. Ondas de dor atravessaram suas costas e por
suas pernas. Suspirou cuidadosamente enquanto as náuseas a alagavam.
Jack se sentou atrás dela e pôs as palmas de suas mãos ao longo de sua espinha, uma sobre
a outra. Suas mãos, completamente metódicas sobre suas costas, esquentaram. Suas costas
melhoraram imediatamente.
— Não recordo seu cabelo sendo desta cor vermelho escuro ou seus olhos verdes, Isabelle.
— Tingi os cabelos e estou usando lentes de contato.
— Tão melhor para espreitar a sua presa, heim?

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Bruxas Elementares 02

— Suponho. Stefan prefere as ruivas.


— Bom disfarce. Nenhum de nós a reconheceu nos tabloides. Não sabíamos quem era, ou
que inclusive era uma bruxa. Não até esta noite, quando a vimos de perto, que nos demos conta
de sua identidade. Quão único sabíamos era que esta noite a garota do mês de Stefan finalmente
o convenceu de expulsar seu guarda-costas por sexo.
Ela deixou escapar uma pequena risada.
—Aproveitaram-se de minha sedução para sequestrar Stefan?
—Sim. Estávamos vigiando, esperando uma oportunidade. Deu-nos uma surpresa quando
abrimos a porta da limusine. Nunca o vimos vir — Fez uma pausa — Sinto sobre sua irmã. Entendo
por que foi trás de Stefan.
Tinha um milhão de perguntas, mas todas elas presas na garganta. Eram perguntas para o
chefe do Aquelarre, de todos os modos, não para Jack McAllister, a mão direita de Thomas.
— Procurei o demônio durante um mês e não o encontrei.
— Fomos à caça, também, sem nenhuma sorte.
— Fui atrás do motivo da existência do demônio em seu lugar — Ela engoliu seco — Eu só...
Tinha que fazer algo, e a Stefan não pode permitir trazer mais dessas criaturas a nosso mundo.
Jack se deslizou e ela se voltou para ele, no assento. Suas costas ainda doíam, mas a pior
parte da dor desapareceu.
— Isabelle, eu entendo. Sinceramente. Mas deveria ter vindo a nós em vez de bancar a
detetive. Sempre tínhamos planejado derrubar Stefan e vamos atrás do demônio — Jack sacudiu a
cabeça e fez tsc tsc .
— Menina má, má.
— E então, o que há de novo? — Murmurou ela em resposta. Ângela foi sempre a boa.
Isabelle foi sempre a que se metia em problemas.
Devia ter sabido que não estava perguntando suas novidades, mas respondeu dessa maneira
igualmente.
— Vou ser pai — As palavras foram ditas com tanto orgulho que ela sorriu.
Ela prestou atenção à prega de sua saia, feliz de trocar de assunto.
— Ouvi. Engravidou essa sua pequena bruxa do ar.
— Mira.
Deusa, o olhar em seus olhos quando disse seu nome. Tal amor. Tal devoção. Um homem
nunca se mostrou dessa maneira enquanto dizia seu nome, ao menos não que soubesse, e Isabelle
teve que admitir que essa parte dela o lamentava.
— Então, seu nome é Mira — Respondeu Isabelle — Todo mundo espera um bebê bruxo do
ar — De todas as bruxas elementares, o ar era de longe o mais estranho e mais poderoso — O que
acha que vai ser, ar ou fogo?
— Acredito que seguirá a sua mãe e será uma bruxa do ar. Vamos chamá-la de Eva, pela mãe
de Mira se for uma menina. David, por seu pai se for um menino.
Eva Hoskins, nome de solteira Monahan. Foi uma bruxa do ar, que foi sacrificada no círculo
que trouxe um demônio à vida faz mais de vinte e cinco anos. Quatro bruxas, uma para cada um

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Bruxas Elementares 02

dos elementos, foram assassinadas para evocar o demônio que tinha assassinado Ângela. Quão
poético que um de seus nomes se devia mencionar esta noite.
Ela deu uns tapinhas no seu ombro.
— Boa sorte aos dois — Ela recolheu sua bolsa do chão da limusine e saiu do veículo.
Isabelle se encontrava em uma rua escura em uma área comercial da cidade. A parte frontal
da limusine foi bloqueada por um Hummer. Atrás da limusine havia outro carro acidentado, um
matagal de metal onde um sedan se misturou com um grande SUV. O sedam foi o veículo que
transportava os guarda-costas de Stefan.
Jogou um olhar a Stefan, a quem levantavam na parte traseira do carro de Thomas. Thomas
estava perto. Ele a olhou através da distância, seu cabelo negro como o pecado, repartido em seus
ombros, sua expressão intencional. Depois, torceu o dedo.
OH, não. O inferno se congelará primeiro.
Isabelle deu uma pequena saudação e se afastou.
— Isabelle — Gritou atrás dela — Preciso falar com você.
Ignorando-o, dobrou em uma esquina e usou todas suas reservas mágicas restantes,
raspando o fundo mesmo de sua capacidade. Isabelle reuniu moléculas de água do ar, as
condensando em torno das partículas de poeira e encobrindo-se na névoa espessa que resultou.
No momento em que ouviu seus passos atrás dela, ela tinha desaparecido, deixando-o de pé com
zero visibilidade.
Thomas praguejou em voz alta e Isabelle sorriu. Precisava falar com ele, mas não estava
disposta a fazê-lo em seus termos.

Capítulo 3

Ficava melhor loira.


Thomas entrou na biblioteca do Aquelarre, um cômodo que também servia como seu
escritório e se concentrou na mulher sentada em sua mesa, com uma de suas longas pernas
balançando-se. Esteve esperando que Isabelle Novak aparecesse a qualquer momento.
Com o fim de descobrir como ninguém a tinha reconhecido enquanto esteve seduzindo
Stefan, ele teve Jack mostrando fotos suas quando não estava toda brilhante e polida para o gosto
de Stefan. Agora se parecia mais a si mesma. Mudou o cabelo de novo a sua cor natural, um loiro
morango, e usava um par de jeans gastos, um top de lã negro e um par de botas rajadas em negro.
Normalmente não estava tão magra. Thomas suspeitava que tivesse perdido peso de
propósito com o fim de insinuar-se ao mundo de Stefan. Ou talvez a dor tivesse tirado alguns
quilos de cima. Em sua opinião, pareceria melhor com um pouco mais de peso.
Seu cabelo era longo e lustroso, emoldurando um rosto ovalado com pele de porcelana e
grandes olhos marrons. Sua boca era expressiva. Usava muito pouca maquiagem e não fez muito
por seu cabelo mais que escová-lo. Tinha um tipo natural de beleza que requeria pouco adorno e
parecia não se importar com a moda. Entretanto, possuía um estilo que gritava confiança em si
mesma.

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Bruxas Elementares 02

Não só era bonita, parecia inocente. Entretanto, Thomas a conhecia melhor. A senhorita
Isabelle Novak tinha uma reputação problemática. A investigação que fez sobre ela revelou
imediatamente. Inclusive desde seus primeiros dias na escola primária, Isabelle tinha deixado um
rastro de problemas atrás de si, entrando em brigas, respondendo mal aos professores. Seus anos
de maturidade revelaram uma mulher apaixonada, impulsiva, que não podia permanecer em um
lugar, não podia manter um trabalho constante, não podia formar parte em uma relação.
Também era uma bruxa poderosa da água. Thomas podia sentir sua força em toda a sala.
Ondas de volátil emoção, o fluxo e vazante da energia psíquica, que eram o selo distintivo de uma
bruxa de água e eram impressionantemente evidentes em Isabelle Novak.
Ele fechou a porta e falou enquanto se voltava para ela.
— A violência é uma maneira fácil para chorar a alguém que perdeu. Não acha que é melhor
salvar uma vida com o fim de honrar uma vida perdida?
Ela se levantou, apertou as mãos, e se inclinou.
—Buda, é um prazer conhecê-lo — Endireitou-se e pousou uma mão em seu quadril — Não
vim aqui para sermões.
Era bonita. Pena que era uma dor no traseiro.
Thomas esmagou sua raiva e se dirigiu para ela.
— Precisa olhar o quadro completo. Ele pode nos ajudar...
— Nos ajudar? Quando esse homem começou a ajudar a alguém que não fosse ele mesmo?
Quando fez algo que não fosse por seu próprio interesse? E quando pagou por seus crimes, Sr.
Monahan? Quando?
— Me chame de Thomas.
— Sr. Monahan, Thomas, o que for — Ela agitou sua mão, desprezando sua proposta —
Vamos esperar que Stefan morra de velho, então? Devemos deixar que saia bem com tudo o que
tem feito?
— É óbvio que não.
— Sério? Os não mágicos não vão tocá-lo, por isso cabe a nós fazê-lo, seus pares. Entretanto,
não vi o Aquelarre ou o Conselho agirem, encarregando-se dele. Não era essa uma das razões
pelas quais foram criados para começar? Não são vocês os que supostamente dirigem os bruxos e
castigam os delitos? — Ela golpeou a mão sobre a mesa — Ele não merece viver sua vida de
maneira nenhuma que considere oportuno, Thomas.
— Se tiver acabado de destrambelhar, pode se sentar e escutar? Tenho coisas a explicar.
Quer uma bebida? Tenho tudo o que pode pedir em um bar e parece como se precisasse de uma.
Ela negou com a cabeça, voltou-se, e caminhou para uma janela do chão até o teto e as
estantes altas que a emolduravam.
— Perdi um mês de minha vida me preparando para fazer que Stefan pagasse pelo que fez a
Ângela e chegaram correndo e me arrebataram tudo.
Ele fez sua aposta, recordando o estremecimento de vacilação que tinha percebido nela essa
noite e o olhar apreensivo em seu rosto. Esteve tão zangada como o inferno, mas não estava
realmente segura de matar Stefan.
— Como se sentiu, quase tomar sua vida?

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Ela deu a volta sem um momento de incerteza.


—Horrível! Sentia-me horrível. Frio e vazio e em nada ao que pensava.
É óbvio. Isabelle poderia querer a justiça para sua irmã, mas ela não era assassina.
— Estão caçando o demônio, Jack me disse isso.
— Procurei o demônio mais de um mês depois de que encontrei Ângela — Agitou a cabeça e
abraçou a si mesma — Não pude encontrar nem rastro, em nenhum lugar.
— Então foi atrás da pessoa que achou responsável pela existência do demônio.
Ela assentiu.
— Por favor, sente-se, Isabelle — Ele apontou com a cabeça para uma das cadeiras de suave
couro em frente a sua mesa.
Ela vacilou um momento, com seus olhos brilhantes e, provavelmente algumas palavras
afiadas se posicionavam em sua língua. Estava claro que não gostava da autoridade e o percebia
como tal. Entretanto, engoliu o que estava a ponto de dizer, cruzou a sala e se afundou na cadeira.
Thomas se sentou na borda da mesa diante dela.
— É nossa intenção apanhar e matar este demônio, Isabelle. O Conselho teve uma diretiva
para deter Stefan do incidente do inverno passado. Estivemos observando-o durante muito
tempo, esperando que relaxasse e baixasse a guarda. Você nos ajudou finalmente a consegui-lo.
Está em Gribben agora, na prisão. Não vamos deixá-lo sair. Nunca.
— Jack me disse isso, mas...
— Mas Stefan precisa permanecer com vida. Ao menos por agora. Ele pode nos ajudar a
deter o demônio subministrando informação. Os Duskoff são as pessoas que tiveram maior
interação com os demônios. Estudaram com o fim de compreender as criaturas que estão usando.
Depois de nos ajudar, vai ser julgado por seus crimes, junto com os treze outros bruxos que
participaram no inverno passado no círculo na Duskoff Internacional. Eles serão julgados e
castigados. Isso significa cadeia perpétua ou a morte.
Ela soltou um sopro e cruzou os braços sobre o peito.
— Acreditarei... Quando o vir.
Ele suspirou.
— Não cometa o engano de pensar que é a única que quer ver Stefan pagar. E não acredito
que seja a única que quer esse demônio morto.
— O que Stefan fez a você?
— Bom, para começar ele tentou matar a minha prima no inverno passado.
— Mira Hoskins.
Ele assentiu.
— E a primeira bruxa que o demônio matou, Melina, era alguém a quem eu conhecia.— Fez
uma pausa. — Ela foi uma antiga amante — Foi a um longo tempo atrás, mas Melina foi especial
para ele. — Era uma boa amiga. Tinha filhos, um marido.
Isabelle ficou em silêncio um longo momento antes de falar.
— Acha que o demônio a escolheu de propósito? É uma estranha coincidência que era uma
velha amiga do líder do Aquelarre.

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— Isso é exatamente pelo que necessitamos toda a informação de Stefan que possamos
reunir. Não sabemos como ou por que o demônio está escolhendo as suas vítimas neste
momento. Não sabemos muito de nada mais além do fato de que o demônio está matando
bruxas.
Ela mordeu o lábio inferior, pensativa.
— Geralmente, os demônios que os Duskoff convocam obtêm sua diversão e voltam para
casa. Não ficam vinte e cinco anos escondidos, e depois de um repentino estalo começam a matar
bruxas.
— Notamos que o demônio nunca voltou para sua dimensão, mas o arquivista do Aquelarre
está revisando antigos jornais e encontrou evidências de que o demônio não se escondeu
absolutamente. Acreditam que todo este tempo esteve matando a seres humanos por esporte. Só
que nunca nos fixamos nele até que começou a ter como objetivo bruxas tão atrozmente.
— Sim, atroz é uma palavra para descrevê-lo — Apertou com tanta força nos braços da
cadeira que suas mãos ficaram brancas — Esteve matando bruxas em uma espécie de ritual
demoníaco, não é assim? Ele está roubando seus poderes para algo.
— Acreditam que sim, mas não estamos seguros. Tudo isto é a razão para utilizarmos Stefan
para obter informação. Ele sabe mais a respeito de demônios e seu mundo que nós e é imperativo
que encontremos e matemos este antes que mate a mais pessoas.
— Então acha que podemos encontrá-lo — Seu tom era cáustico — Thomas, esse demônio
desapareceu. Movi céu e inferno tentando localizar o monstro. Dediquei cada respiração desde
que Ângela foi assassinada. Tudo o que quero neste universo é libertar o mundo dessa coisa e
evitar que mais bruxas sejam assassinadas.
Ele dobrou as mãos.
— E talvez com Stefan e a informação dos Duskoff, podemos obtê-lo.
Sua boca se fechou.
— Você é o chefe, suponho. É o chefe do Aquelarre, depois de tudo. Deve entendê-lo
melhor — Seu tom claramente disse que não acreditava nisso.
— Sinto sua perda, Isabelle, e entendo sua necessidade de castigar alguém. Entretanto,
temos que guardar nossas emoções no momento e proceder de maneira racional.
— Sim, empaticamente posso dizer que é bom nisso. Em guardar suas emoções.
— E eu não necessito nenhuma capacidade empática para te dizer que você não.
Uma interessante fúria matizada de cor vermelha escureceu Isabelle.
— Acha que não estou agindo racionalmente?
— Não, estava falando em termos gerais, sobre todos nós. Todos queremos vingança,
Isabelle. Todos queremos castigar este demônio, mas temos que fazer nossos movimentos com
cuidado.
— Mas acha que não tenho um bom controle sobre minhas emoções.
— Parece-me uma pessoa apaixonada e acredito que está em duelo. Mas acredito que se
tiver em conta o que Stefan pode nos trazer a longo prazo, verá que temos que mantê-lo com
vida, não importa o que nosso coração deseje — Fez uma pausa — De todos os modos, não
acredito que haja um assassino vingador em você, Isabelle. Isso é um elogio, por certo.

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Thomas nunca tinha visto uns quentes olhos marrons tornar-se tão frios, tão rápido. Seu
belo rosto se apertou quando o olhou durante um longo momento antes de falar.
— Posso ver suas razões, mas isso não significa que tenho que gostar. Por certo, não aprecio
a psicanálise, já que nunca o pedi.
— Chamo as coisas como as vejo — Ele respondeu com um encolhimento de ombros.
Ela ficou de pé.
— Eu gosto, mas é uma espécie de merda. Sabia?
— Assim me disseram. Numerosas vezes.
— Sinto que tenha perdido a uma velha amiga.
Ele afastou o olhar, apertando a mandíbula.
— Eu também. Sinto sobre sua irmã.
Ela se aproximou dele, tão perto que podia ver a dor em seus olhos quando ela respondeu
brandamente:
— Obrigada.
Ficaram em silêncio por um momento. A mulher tinha uns bonitos olhos, como o chocolate
derretido. Que voltaram a esquentar novamente. Inclinou-se para frente, tão perto que podia
cheirar seu perfume almiscarado quando inclinou a cabeça para um lado.
— Inclusive tem pupilas?
Ele piscou surpreso.
— A última vez que o comprovei sim.
Ela o olhou nos olhos por um momento e abriu os lábios. Sua cabeça se inclinou um pouco
mais perto dele e seu olhar caiu a sua boca. Por um selvagem momento pensou que poderia beijá-
lo.
Por um selvagem momento, pensou que ele poderia lhe dar um beijo.
De onde vinha este impulso, não estava seguro. Talvez fosse a atração água-terra que o
afetava. A terra e a água tinham uma atração sexual natural às vezes, igual o fogo e o ar. Durava
até que as magias encontravam um equilíbrio. Ele sentiu esse puxão artificial para Isabelle na
limusine.
Ou talvez passou muito tempo desde que esteve com uma mulher.
Ela se endireitou e se afastou, rompendo o estranho e momentâneo feitiço.
— Sequer se deu conta que estava quase nua na limusine?
Ela clareou a garganta.
— Havia outras preocupações — Fez uma pausa — Mas, sim, dei-me conta. Teria sido
impossível não dar-se conta — Essas longas pernas, essa pele pálida e a plenitude de seus seios
inchados dentro do seu sutiã de renda e de seda. Thomas poderia ser a cabeça do Aquelarre, mas
primeiro era um homem.
Um pequeno sorriso satisfeito cruzou seus lábios.
— Bem — Ela se voltou para a porta.
Que mulher mais estranha.
— Fique — Disse simplesmente antes que pudesse sair.
Ela volteou lentamente, com uma expressão interrogante.

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— Fique aqui, no Aquelarre, por um tempo. Trabalhe conosco. Ajude-nos a enfrentar Stefan.
Ajude-nos a encontrar o demônio.
Isabelle Novak possuía habilidades pouco comuns para a maioria das bruxas de água. Não só
podia manipular a água no corpo de um homem, uma habilidade mortal que tinha demonstrado
facilmente com Stefan, ela podia acessar à memória de umidade, aproveitando a água de uma
zona determinada e reproduzir acontecimentos recentes. Poderia ser valiosa para eles.
Ela apertou os lábios e pensou por um momento.
— Me farão jogar limpo.
Ele sorriu.
— Vou fazer que se desempenhe com eficácia, não necessariamente limpamente.
— Quero estar em qualquer comunicação oficial do Aquelarre com Stefan. Qualquer contato
que tenham com ele em Gribben, quero estar presente.
Thomas passou uma mão pelo queixo por um momento, meditando a questão.
— Não vejo por que não.
Estava considerando-o, com a preocupação marcada no gesto de seu lábio inferior entre
seus dentes brancos.
— Dê-me tempo para amarrar alguns cabos soltos e estou dentro.
Absurdamente, perguntou-se que espécie de "cabos soltos" referia-se. Ele sabia que não
estava casada, mas teria namorado?
Maldição, por que se importava?
Ele assentiu.
— Só diga quem é na porta principal e Douglas se reunirá com você. Ele dirige a casa.
Quando retornar haverá um quarto preparado para você.
— E um prisioneiro ao que torturar — Ela uniu suas mãos e as esfregou com alegria — Se
brincarmos de policial bom e de policial mau, posso ser o mau?
—Depois do que fez a seu pênis, Stefan provavelmente pensa que é a coisa mais malvada
que há por aqui.
Ela sorriu amplamente.
— Agora posso morrer feliz.
Deusa, o que acabava de fazer?

Capítulo 4

Isabelle entrou no elegante apartamento de sua irmã em Lincoln Park.


O rico aroma de baunilha e rosas a envolveu logo que entrou. Esteve vivendo ali desde que
Ângela morreu e continuou queimando as velas favoritas de sua irmã a cada manhã em uma
espécie de vigília.
Deixou as chaves sobre a bancada que separava a cozinha gourmet da sala de estar e olhou a
seu redor, ao mobiliário doméstico. O lugar estava decorados em tons tranquilos azuis e
prateados, completamente cheios com sofás muito macios e cadeiras, suaves mantas de lã e área

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Bruxas Elementares 02

de tapetes de felpa cobrindo os chãos de madeira brilhante. Calmantes e modernas obras de arte
adornam as paredes, as cores claras se precipitavam e se arqueavam através dos tecidos.
Este lugar era Ângela. Consagrava seu imenso espírito, fresco e composto, emocionalmente
centrado, e sensível. Realmente não combinava com a personalidade de Isabelle, mas ela desejava
que assim fosse. Teria querido ter um pouco mais das qualidades de sua irmã, em vez das de sua
mãe. Ângela deve ter herdado a calma despreocupada de seu pai, quem quer que fosse. O pai de
Ângela não era o mesmo que o de Isabelle. Sua mãe, Catalina, era uma nômade.
Isabelle deslizou seus sapatos, tirando-os, e desatou a pequena e bonita faca com folha de
cobre que tinha embainhado a seu pulso. Deitada sobre o balcão, passou o dedo sobre as figuras e
espirais gravadas no cabo. Ângela tinha lhe dado esta faca depois de uma viagem que fez ao Peru.
E Isabelle a tinha levado consigo a caça do demônio depois de assassinato de Ângela. Não estava
construído para algo mais que seu aspecto, em realidade era só um gesto simbólico. Uma
homenagem a sua irmã.
Logo depois de pescar uma porção de Chunky Monkey fora das fendas do congelador e
pegar uma colher, pisou suavemente no tapete do salão a janela que dava à rua com muitas
arvores. Ali ficou de pé e contente escolheu os pedaços de chocolate do sorvete, enquanto olhava
a uma mulher caminhar, os homens com trajes de negócios chegar em casa depois de um dia no
escritório, e as crianças em casa da escola.
Pessoas normais com uma vida normal.
Ângela não tinha morrido em seu condomínio. Pelo contrário, o demônio a tinha seguido a
seu trabalho, um escritório de advogados, nada menos. Ângela era uma advogada de defesa,
especialista no magicamente favorecido. O Aquelarre principal tinha profissionais, em todos os
aspectos da sociedade, ajudando a ocultar sua existência dos não mágicos, pessoa normal com
uma vida normal.
O conhecimento de sua existência só traria medo e incinerações, a história o tinha
demonstrado com acréscimo. Não havia bruxas suficientes no mundo para lutar contra o que
poderia acontecer se sua existência fosse descoberta. As bruxas elementares foram superadas em
número, assim infelizmente fizeram todo o possível para ocultar-se.
Dado que ambos os corpos assassinados pelo demônio até agora tinham sido encontrados
por bruxas, o Aquelarre estava dirigindo os crimes internamente, dentro do Aquelarre principal, e
o faria durante o tempo que fosse possível. Não havia necessidade de envolver autoridades não
mágicas, que não poderiam perseguir o assassino ou investigar os crimes paranormais. A polícia
não-mágica só terminaria colocando obstáculos nas coisas.
A magia da Terra limpou o lugar e a vítima foi reportada como desaparecida às autoridades
não mágicas. Ritos e enterros foram realizados por parentes mágicos da vítima. A maioria das
bruxas fizeram testamentos especiais com o Aquelarre que também se dirigiram o Aquelarre
principal. Assim quando uma bruxa morria tão violentamente como Ângela tinha…
Isabelle fechou os olhos, incapaz de fazer que sua mente emergisse dali. Ainda não se atrevia
a recordar o que tinha descoberto quando entrou no escritório de advogados para pegar sua irmã
para um jantar tardio. Sua mente ficou em branco quando se aventurou a aproximar-se dessas
horríveis lembranças.

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Já sem fome, Isabelle colocou o recipiente de sorvete no batente da janela frente a ela.
Ângela foi sua única parente a considerar. Não só isso, foi realmente sua única amiga. Sua
mãe ainda estava viva, mas não sabia onde estava Catalina ou como entrar em contato direto com
ela.
Catalina não foi a mais cálida das mães. Revoava pelo mundo, saltando de uma relação sem
sentido a seguinte. Ela nem sequer sabia ainda que sua filha mais velha tinha morrido. Isabelle
tinha deixado mensagens com alguns dos amigos masculinos de sua mãe na Europa, mas quem
sabia quando contataria com algum deles?
Não, não havia muito carinho de mãe e filha entre ela e Catalina. A única maneira que sua
mãe sabia como expressar seu amor era através do dinheiro. Catalina tinha deixado a suas filhas
muito bem estabelecidas, mas a real orientação maternal, compaixão, ou cuidado estavam além
de seu alcance. Isabelle tinha ouvido sua mãe expressar sentimentos de amor por elas algumas
vezes em sua vida, mas não estava segura de que realmente queria dizê-lo. À medida que tinham
ido crescendo, sua irmã mais velha tinha preenchido o lugar onde sua mãe esteve ausente. A
maioria chamava a Catalina “um encantador espírito livre”; Isabelle a chamava individualista e
egoísta.
E, entretanto, nestes dias Isabelle parecia ser muito similar a Catalina, um fato do que só
tinha tomado consciência recentemente. A última pessoa em que Isabelle queria transformar-se
era em sua mãe. A só ideia lhe dava urticária. Era por que esteve na cidade para visitar Ângela.
Isabelle esteve procurando o conselho de sua tranquila e firme irmã. O conselho que Ângela nunca
foi capaz de dar.
Sem Ângela, Isabelle se sentia à deriva.
Embora inclusive em sua morte, Ângela tinha lhe dado uma âncora. Em seu testamento,
executado pelo Aquelarre, tinha deixado seu apartamento, todos seus pertences, e os ativos
financeiros.
Isabelle se voltou e olhou ao redor da sala de estar. Agora tinha um lar. Ela não teve uma
residência real desde... Nunca. Em sua infância nunca soube o que era viver no mesmo lugar
durante mais de um ano ou dois no máximo.
Na idade adulta, Isabelle sempre se orgulhou de sua capacidade para empacotar todos seus
pertences em uma mala. Vivia em hotéis e vilas de aluguel onde quer que viajasse. Ter este
apartamento significava que já não podia fazer isso a menos que o vendesse. Vendê-lo, já que foi
de Ângela, estava fora de questão.
Assim, em certo modo, já não era livre.
Diante o pensamento, sua garganta se fechou e seu coração apressou seu ritmo. Uma
lembrança surgiu. Fechando os olhos, tomou um profundo, e difícil fôlego, relegando essa velha
dor no mesmo lugar onde o corpo mutilado de sua irmã jazia. As gretas profundas. Os pequenos e
escuros lugares que nunca se atrevia a aventurar. Era melhor assim. Muito mais seguro.
Isabelle se afastava de lugares pequenos e escuros.
Isabelle negou com a cabeça e praguejou em voz baixa. Ela não tinha necessidade desta
merda autoindulgente agora mesmo! Já era hora de empacotar uma bolsa, pagar algumas contas,
e dormir uma boa noite. Amanhã ia ao Aquelarre.

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Bruxas Elementares 02

Depois de devolver o recipiente de sorvete no congelador, tirou uma bolsa de lona do


armário do corredor, a colocou sobre a cama no quarto principal e começou a empacotar.
Quando Thomas Monahan tinha dado a oportunidade de ir ao Aquelarre e ajudar na busca
do demônio, seu coração tinha saltado em sua garganta com alegria. Tinha agido tranquila e um
pouco reservada na aceitação da oferta, mas não havia oportunidade no inferno de recusá-lo. O
Aquelarre tinha muitos mais recursos que os que tinha por sua conta.
Empurrou um pouco de roupa na bolsa de lona e ficou ali, de repente com sua mente
alagada de pensamentos sobre Thomas Monahan. Era um homem interessante, o chefe do
Aquelarre. Inflexível e um fanático do controle. Podia ver isso em cada centímetro de seu ultrafino
e musculoso corpo, embora não o tivesse conhecido por sua reputação.
E Thomas Monahan possuía bastante notoriedade no mundo das bruxas. Protetor até o
extremo, teimoso, rápido de temperamento, e totalmente dedicado às suas responsabilidades.
Pelo que tinha ouvido, o homem não tinha uma vida fora de seu trabalho. Tinha dedicado tudo,
cada aspecto de si mesmo, ao Aquelarre.
O Aquelarre principal era bonito, ou infame, dependendo de cada ponto de vista particular.
Uma bruxa não cruzava com Thomas Monahan e se dava bem. Além disso, poderia ser muito
maquiavélico em sua proteção do Aquelarre. Era por isso que não gostava que ele tivesse o
controle de Stefan. Queria Stefan castigado, mas se Thomas via um caminho mais pragmático, um
acerto, um atalho que pudesse ajudar o Aquelarre, Isabelle se preocupava de que ele tomasse. É
por isso que fez Thomas estar de acordo em sua presença ali durante todo trato do Aquelarre com
Stefan. Queria assegurar-se de que nada disso ocorresse.
Não podia acreditar que foi a que permitiu capturar finalmente o chefe dos Duskoff. Parecia
que esteve trabalhando com o Aquelarre todo o tempo sem sabê-lo.
Terminou de empacotar, pagou algumas contas e, finalmente, apagou as luzes e se
aconchegou na cama. A cama de Ângela. Apesar de tudo, Isabelle esteve dormindo melhor aqui
que em qualquer outro lugar que pudesse recordar. Talvez porque a energia de Ângela ainda se
agarrava a este apartamento, a estas peças de mobiliário, as mantas e os lençóis que agora a
cobriam. Sentiria saudades do lugar quando vivesse no Aquelarre.
Com Thomas Monahan. Seu rosto resplandeceu em sua mente enquanto fechava os olhos: a
boca, seus olhos mais negros que a escuridão. Monahan era um homem de aparência agradável e
ela não era imune. Normalmente, um homem como Thomas, controlado e com um objetivo, não a
excitaria. No passado tinha gravitado mais para tipos artísticos: pintores, músicos, e escritores.
Mas Thomas Monahan levava as qualidades tipo “Ao Estranhamente bem”. Intrigava-a. Como
resultado, achava-se poderosamente atraída para ele, mais que o natural magnetismo água-terra
que devia gerar-se.
As bruxas de terra eram abundantes, por isso com frequência corria para outros bruxos da
terra por quem se sentia atraída em um nível físico. Era um fenômeno com o que tinha crescido
acostumada a tratar com isso e pelo geral desaparecia rapidamente uma vez que se encontrava
um equilíbrio de poderes. O que sentia por Thomas Monahan era muito, muito mais forte que
algo que tinha experimentado antes.
Perguntou-se se ele o sentiria, também.

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Bruxas Elementares 02

Recordando a faminta maneira em que ele a tinha olhado na biblioteca mais cedo esse
mesmo dia, Isabelle decidiu que o fazia.
Mas, como lutar com isso? Com muito prazer dormiria com ele se isso ajudava. Isabelle tinha
a sensação de que uma noite com esse bruxo em particular, faria explodir sua mente. Queria saber
se sua intuição era correta. Entretanto, estariam trabalhando juntos, assim que talvez não fosse a
melhor ideia que teve em todo o dia.
Não é que estivesse tendo especialmente boas ideias ultimamente.
Suspirando, tratou de acalmar-se o suficiente para dormir. Sintonizou com a água de seu
corpo, sentindo-o como o oceano. Concentrou-se na subida e descida da respiração e a corrida
suave do sangue por suas veias. Eventualmente a pura fadiga a arrastou com suas mãos pesadas.
Seu corpo se relaxou no sono.
Mas os pesadelos a apanharam imediatamente.
O aroma de mofo e naftalina picavam em seu nariz. As aranhas têm um aroma? Jurou que
pôde detectar a fragrância de seu corpo frágil e seco nas curvas deste lugar, onde o tecido roçava
suas bochechas, e a fome roia seu estômago. O desespero e o medo com afiadas garras a afligiam
e ela arranhou e golpeou a porta até que esteve muito fraca para fazê-lo por mais tempo.
Ainda assim ninguém chegou.
— Não!
Isabelle se endireitou na cama com seu coração pulsando com força e as lágrimas correndo
por seu rosto. A dor se tornou frio e vazio através de seu estômago, um grande peso no peito. A
sensação a fez enjoar-se e adoecer.
Igual a quando era criança.
Respirando com dificuldade e tremendo, olhou o relógio. Tinha passado só dez minutos
adormecida. Isabelle atraiu seus joelhos e cobriu os olhos com as mãos. O REM não acontecia
pouco depois de dormir. Como tinha sonhado?
Especialmente isto.
Gemidos chegavam a seus ouvidos e tomou um segundo para se dar conta de que
provinham dela. Não teve esses sonhos em anos. Deusa, estava segura de que tinha passado tudo
isso. Frustrada com ela e sua fraqueza, fechou os olhos, desterrando a lembrança dos recônditos
de sua mente.
Isto tinha que parar. O passado era o passado. Ponto. Supera-o, Isabelle.
Seu ritmo cardíaco voltou lentamente para a normalidade e Isabelle se deu conta de uma
espécie de aroma de baunilha e lavanda, um aroma que não deveria estar ali, uma fragrância seca,
a terra, quase como o incenso, mas um pouco mais azedo. Um pouco como à forma que ela tinha
imaginado que as aranhas poderiam cheirar quando era uma menina. Era débil, mas
definitivamente estava aí.
Um movimento pela extremidade do olho. Uma grande sombra passou velozmente.
Voltou a cabeça bem a tempo de ver uma figura revoando através do balcão do quarto além
das impolutas cortinas e além da porta corrediça de vidro... Não através da porta corrediça.

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Bruxas Elementares 02

Isabelle jogou as mantas para trás e se lançou fora da cama. Chegou à porta do pátio em uns
poucos passos. Batendo as cortinas a um lado, viu mais à frente do vidro para o céu escuro.
Ninguém estava no balcão. Não havia nada ali.
Foi tateando à fechadura, a porta se deslizou para um lado e saiu. O vento quente bateu por
seu corpo quase nu enquanto examinava o balcão. O apartamento estava no quinto andar. O
único lugar pelo qual a figura pôde ir era diretamente para o balcão de cima. Olhou para o céu,
mas não viu nada.
Houve algo, entretanto. Sabia que não o tinha imaginado. A menos que o sonho a tivesse
sacudido tanto, que tinha alucinado. Mas era possível alucinar com um aroma? E um aroma tão
estranho como esse? Como a terra, mas não desta Terra.
Isabelle estremeceu, apesar do ar quente. Ficou por um momento olhando para a escuridão.
Em algum lugar na distância, o trovão retumbou.
Uma tempestade se aproximava.

Capítulo 5

Thomas esperava no mais recôndito da prisão Gribben que Isabelle chegasse.


Micah, seu primo, estava parado junto a ele.
O edifício foi renomado em honra ao diretor do Aquelarre que o tinha construído nas
extensas terras da propriedade do Aquelarre. O Conselho tinha decidido faz muito tempo que as
bruxas que machucavam os outros não podiam permitir perambular livremente na sociedade não
mágica. Em primeiro lugar, representavam uma ameaça para o Aquelarre principal chamando a
atenção sobre si mesmos. Em segundo lugar, os não-mágicos estavam mal equipados para
proteger-se contra um bruxo com a vontade de fazer mal.
O Aquelarre tinha um contingente formado para atender os que rompessem as regras,
chamavam-nos caçadores de bruxas. Os bruxos rebeldes eram perseguidos e assassinados pura e
simplesmente pelos caçadores do Aquelarre se expusesse um perigo imediato para outros. Os
bruxos culpados de delitos menores ou só suspeitos de violência eram capturados e levados a
julgamento. Se o bruxo fosse declarado culpado, era recolocado em Gribben, uma instalação
subterrânea com proteções e feitiços, cimentados justo à construção por algumas das melhores
bruxas de terra que tenham existido.
Aqui, nenhum bruxo podia usar magia, nem os aldeãos, nem os cuidadores ou guardas, nem
sequer os visitantes. Trabalhar aqui não era um obséquio, assim que os empregados tendiam a ser
bruxos com pouca magia herdada, que notavam menos a perda. Além disso, só trabalhavam a
tempo parcial para limitar sua exposição ao lugar.
Thomas odiava estar em Gribben. Cruzar a primeira soleira dava náuseas. No momento que
sua capacidade para utilizar seu poder desaparecia, começava a se sentir como um pedaço de
torrada melba , seco, sem sabor, e facilmente quebrável. Era provavelmente a forma em que os
não mágicos se sentiam todo o tempo.

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Bruxas Elementares 02

Alguns dos prisioneiros ficavam loucos ao serem presos em Gribben e podia ver por que. A
ameaça da prisão aqui era um incentivo muito eficaz para não quebrantar a lei do Aquelarre. Por
isso, não tinham um grande problema ofendendo a esses bruxos. Só os mais incorrigíveis ou
loucos terminavam em Gribben.
Os feiticeiros, bruxos que voltavam as costas publicamente à lei do Aquelarre e que fizeram
carreira em romper o esquema, frequentemente encontravam proteção dentro Dos Duskoff. Os
Duskoff eram tão organizados e tão poderosos como o Aquelarre. Portanto, os feiticeiros eram
difíceis de apanhar. Ainda assim existia uma vintena de feiticeiros dentro das paredes de
Gribben... Junto com seu líder, Stefan.
—Onde diabos está ela? — Murmurou Micah, olhando seu relógio.
—O que esta acontecendo? Tem uma transa para retornar?
Micah era o arquivista do Aquelarre e investigador autonomeado. O primo de Thomas foi
sempre um devorador de livros e se graduou como primeiro de sua classe no MIT , embora a
primeira vista, desafiava o estereótipo de um intelectual dos livros.
Tinha o mesmo corpo que todos os varões de sua família possuíam, forte, largo de ombros, e
alto. Micah se via mais como um surfista bem constituído que como um erudito. Seu escuro
cabelo castanho avermelhado pendurava passando seu pescoço, agudos olhos verdes e uma face
bonita que atraía às mulheres, embora não sabia o que fazer com toda essa atenção feminina.
Mulherengo, seu primo não era.
— Só quero terminar com isto e sair como o inferno fora de Gribben. Não posso acreditar
que esteja deixando a mulher que tentou matar Stefan a sangue frio ajudar em seu interrogatório,
por certo — Micah sacudiu sua cabeça — Será produtivo?
Thomas se voltou e se apoiou contra a parede.
— Sua tentativa não foi feita a sangue frio. Confia em mim, esta mulher não conhece o
significado de frio.
Micah levantou uma sobrancelha de cor cobre.
— Então acha que é quente, heim?
Thomas não fez conta.
—Suspeito que tem um inferno de gênio, não é alguém com quem meter-se, e acredito que
está em conflito. Também acredito que há algo mais que acontece, mas não estou seguro do que.
— O que quer dizer?
Thomas negou com a cabeça.
—Não sei ainda. Seus registros só começam recentemente. A mãe é uma nômade,
milionária, parece. Viaja pelo mundo, fazendo-se “amiga” dos homens com recursos.
— Prostituta?
— Talvez não uma pura e simples prostituta, mas sim uma mulher que caça os ricos por
dinheiro e joias. Não há registro de um pai, já seja para Isabelle ou Ângela. Nem sequer sua mãe
sabe quem é seu pai ou porque Isabelle não tem um conjunto completo de registros nos arquivos.
Em realidade pensei que poderia fazer uma investigação mais exaustiva de Isabelle e sua mãe,
Catalina Novak. Pode fazer isso? Aprofundar um pouco mais do que há agora?
Encolheu os ombros.

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Bruxas Elementares 02

—Posso tentá-lo.
— Tenho uma intuição sobre Isabelle. Tem segredos e acredito que eles fizeram feridas
profundas.
— Por que se importa? Quero dizer, por que farejar em seu passado? Por que é isto
relevante?
Thomas deslizou uma mão por seu queixo.
— Quero saber a quem acabamos de convidar a nossa equipe. Se tiver um amontoado de
questões sem resolver que vão arruinar nossa investigação, quero saber disso. De todos os modos,
não acredito que Catalina saiba ainda que sua filha morreu. Pensei que talvez pudesse descobrir
seu paradeiro, enquanto fuça para obter informação.
— Vou manter os olhos abertos. Mas isso ainda não explica por que está deixando que ela
ajude a interrogar Stefan. Ela arrasta bastante bagagem.
Ele estudou seu primo. A mãe de Micah, sua tia, foi assassinada por um feiticeiro quando
Micah era só uma criança.
— Você tem seus próprios problemas com os Duskoff e está aqui.
Ele desviou o olhar.
— Não estamos todos?
—Olhe, Isabelle passou muito tempo caçando o demônio e se estancou, igual a nós. Sua
irmã foi a segunda bruxa assassinada. Tem direito de estar aqui.
— Sim, bom, tenho direito a não gostar dela. — Murmurou.
Levantaram a vista para o som distante de saltos contra o piso de concreto. Isabelle girou em
uma esquina e foi para eles, vestida com uma blusa desbotada de pescoço circular de cor
vermelha, calças jeans coladas e um par de botas vermelhas de salto. Levava o cabelo solto e
comprido, pouca maquiagem e sem joias.
— Maldição, tinha razão a respeito de que é quente — Disse Micah em voz baixa.
— Eu nunca disse isso.
— Sim, como é. É por isso que estamos virtualmente babando no chão agora mesmo.
— É só a atração de água a terra. Isso é tudo.
Micah deu um suspiro de escárnio.
— Uh-uh. Acredito que estou sentindo-a, também.
As olheiras marcavam a suave pele em seus olhos e seu rosto era uma sombra mais pálida
que o normal.
— Este lugar é horrível. É tão mau que meu corpo quer ir sem mim — Ela estremeceu.
Thomas franziu o cenho.
— Parece cansada. Está bem?
Ela o olhou, depois Micah.
— Não dormi bem — Ela estirou a mão para seu primo — Duvido que Thomas nos presente,
por isso, olá.
Thomas lutou contra o impulso de ranger os dentes.

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Bruxas Elementares 02

— Isabelle, este é Micah. É como nosso historiador oficial e o guardião dos registros. Não
sabemos muito a respeito dos demônios, mas de todos no Aquelarre, Micah é o que conhece
mais.
Seu primo apertou a mão dela.
— Prazer em conhecê-lo.
— Um prazer. Agora, vamos acabar com isto. Já estive em Gribben muito tempo.
Passaram pelo conjunto de portas de vaivém ao final do corredor e deixaram a um guarda
para deixá-los passar a outro grupo, dando entrada a um bloco de celas. Todas as pequenas salas
de contenção não tinham mais que um prisioneiro.
As antecâmaras estavam uniformemente cortadas, com apenas uma cama e um pequeno
banheiro cada uma. Não havia grades. O lugar podia se definir mais como uma sala de psiquiatria
de um hospital que uma prisão tradicional. Aos reclusos permitia pouco ou nenhum contato entre
eles e nunca permitia sair à rua, não na totalidade dos termos, já que fora significava além das
paredes encantadas.
—Alguém escapou deste lugar? — Perguntou Isabelle, com seu olhar devorando o austero e
deprimente entorno, com interesse — Subornando um guarda? Escapando pela ventilação?
Thomas negou com a cabeça.
— Houve tentativas, nenhuma com êxito.
Ela levantou a vista para as paredes brancas e estremeceu.
— Se eu fosse um detento aqui, eu gostaria de passar a cada segundo de meu tempo
tentando sair.
— Provavelmente também, teria êxito.
Ela o brindou comum tímido olhar, com seus grandes olhos cor café derretidos por debaixo
de seus longos cílios de cor gengibre.
— Adulador.
Acompanhados por dois guardas armados, entraram em uma sala no final de um longo
corredor e se detiveram frente a uma porta de metal com uma fresta na parte superior. Um dos
guardas produziu uma chave e os levou dentro.
Stefan sentado na cama usando as roupas de prisioneiro de Gribben, de cinza claro e sapatos
de sola suave. Ele parecia tão inofensivo quando estava impotente, igual a qualquer outro tolo,
um playboy milionário que foi mau e foi jogado na prisão do condado. Seu carinha de menino
bonito tinha uma expressão taciturna, os ombros caídos. Em uma palavra, parecia humilhado.
Foi um ato, ou estava realmente sofrendo sob o peso de ter sua magia inutilizável? Stefan
era um feiticeiro muito poderoso e Gribben tendia a ser mais difícil para eles.
Ou talvez sentisse as lesões que Isabelle tinha infringido. Seria ainda capaz de gerar filhos,
mas os médicos disseram que esteve perto de não. A ideia de Stefan sendo pai causaram calafrios.
Talvez Isabelle devesse ter sido mais exaustiva.
Isabelle e Micah ficaram atrás junto à porta com os guardas enquanto que Thomas dava uns
passos dentro da sala vazia, os saltos de seus sapatos soavam no chão de cimento. Apesar de seu
enfoque, Stefan só tinha olhos para Isabelle e brilhavam de puro ódio assassino.

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Thomas entrou em sua linha de visão, bloqueando Isabelle e obrigando Stefan a mover seu
olhar para a face de Thomas. Ele o fez, lentamente.
— Sabe por que está aqui, Stefan?
— Devido a essa cadela — As palavras eram baixas e pronunciadas com claridade.
— Engano.
O desafio explodiu em sua face, quente e implacável. Seus olhos azuis pareciam arder em
seu rosto cinzento. Deixou em claro que, apesar de que poderia estar sofrendo sob os efeitos de
Gribben e de suas lesões, Stefan não estava fora de combate, não por um longo tempo.
—Acha realmente que você e seu Aquelarre poderiam me ter capturado, Monahan? Não
estaria aqui se não fosse por essa bruxa cadela.
— Estaria muito feliz em te congelar de novo, Stefan — Disse Isabelle — Se não estiver
contente com minha primeira tentativa.
Stefan arremeteu contra Isabelle, mas os guardas apontaram suas armas contra ele. O som
frio e metálico de suas armas sendo armadas, prevaleceram apontando a Stefan em um lugar não
muito longe de seu beliche. Stefan não tinha magia para convocar e sabia. Deslizou-se lentamente
de retorno a seu lugar original, com seu funesto olhar centrado em Isabelle.
—Se não poder resistir a provocá-lo, Isabelle, vou pedir que vá — Disse Thomas devagar,
com voz de gelo sem voltar-se.
—Sinto muito — Entretanto, realmente não soava arrependida.
— Stefan, está aqui porque tentou matar a quatro bruxas em um círculo demoníaco no
inverno passado e porque é a cabeça dos Duskoff, a organização responsável pelo demônio que
atualmente reside em nossa dimensão.
— Eu era um menino quando esse demônio nasceu. Não tenho nenhuma responsabilidade.
Thomas não fez conta.
—Também está aqui porque necessitamos de informação — Fez uma pausa — Se não
tivéssemos necessidade dessa informação, teria deixado Isabelle te matar.
— Quer saber sobre o demônio, que não irá para casa — Replicou Stefan — Se te disser,
ainda assim me matará?
— Se cooperar, compra sua vida.
Stefan se pôs a rir com dureza e olhou para cima.
—Claro. Não ia me matar aqui. Não agora, quando estou despojado de minha magia e
indefeso desta maneira. Isso está contra seu precioso código de conduta. Sem machucar a
ninguém. Mas não entende que preferiria morrer antes de permanecer aqui neste lugar sem
magia. Prender-me aqui é muito prejudicial, tolo.
Thomas piscou lentamente.
—Enviou você aqui mesmo. Pensa nisso como o carma.
— Eu não te darei nada sem receber algo em troca.
Thomas tinha previsto isto, mas conseguiu esquentar seu sangue de todos os modos. Ser
despojado de sua magia tinha despido Stefan de suas fanfarronadas habituais, embora estivesse
claro que ainda possuía sua vontade... E descaramento.
Deu dois passos para frente e puxou Stefan pela gola da camisa.

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Bruxas Elementares 02

— Não me ouve? — Agitou a voz com emoção, tremia com a restrição que tomou não dar de
murros em Stefan e pô-lo fora de combate. Este feiticeiro havia quase matado a sua prima no
inverno passado e Thomas tomava as ameaças a sua família muito a sério.
— Acredito que não. Explica de novo — Desprezo saturou as palavras.
— Está vivo só pela informação que nos pode dar. Nos dirá o que queremos saber sem
nenhum tipo de concessões por nossa parte — Ele o deixou. Stefan se deixou cair na cama — Não
tem nenhuma influência aqui. Não tem poder aqui.
Stefan não disse nada. Nem sequer olhou para Thomas. Simplesmente fico olhando na
parede, quase com bancos de raiva em seus olhos. Stefan parecia a ponto de explodir e Thomas se
perguntou por um momento se o atacaria em uma tentativa de cometer suicídio pelos guardas da
prisão.
Micah se adiantou com impaciência e rompeu a tensão.
— Por que o demônio não voltou para casa, Stefan? Geralmente, lançam-se pela porta
criada no círculo demoníaco dos Duskoff, servem os feiticeiros, obtêm sua diversão, e retornam a
seu mundo. Eles não querem passar toda sua existência aqui. Então por que este ficou?
Havia muitas dimensões existentes junto à Terra, só se acessava à outra quando uma área
da matéria que criava uma realidade se acelerava a uma velocidade vibratória necessária para
criar uma brecha. Quando os Duskoff conjuraram o círculo demoníaco, sacrificava quatro bruxas,
uma por cada um dos elementos, utilizavam a magia das bruxas raptadas para trocar a frequência
da matéria e abrir uma porta.
A magia dos feiticeiros que emitia o círculo ressoava com um demônio em alguma parte
específica além da porta, um que era tão malvado e egoísta como os próprios feiticeiros. Além
disso, quanto mais poderosas eram as bruxas sacrificadas, mais poderoso e malvado era o
demônio.
O encantamento dos feiticeiros arrastava a criatura através da porta contra sua vontade,
essencialmente sequestrando-o e escravizando-o por um período negociado.
Aos demônios, entretanto, não gostavam deste lugar e certamente não queriam viver aqui
quando tinham uma melhor adaptação ao meio ambiente em casa. Historicamente, chegam,
causam estragos, derramam sangue, e voltavam para casa. As portas trabalhavam dessa maneira,
os demônios podiam retornar a sua dimensão uma vez que a atravessavam, mas os demônios não
podiam, à vontade, entrar nesta dimensão a menos que uma porta se criasse deliberadamente
deste lado.
O demônio que agora procuravam foi convocado no círculo demoníaco que tinha matado a
tia de Thomas, Eva, uma poderosa bruxa de ar que também era a mãe de Mira. Este demônio
tinha escolhido residir nesta dimensão por mais de vinte e cinco anos.
— Estou feliz de poder dizer por que ficou — Stefan deu uma risada curta e áspera — Não,
sinto-me orgulhoso de dizer, porque este demônio é o pior do pior. Os Duskoff convocaram uma
magnífica e poderosa criatura — Levantou o olhar e sorriu — É um crédito a nossa capacidade.
— O que quer dizer? — Perguntou Micah.
— Atraímos não só um demônio, mas também um monstro. Um demônio tão terrível, que
cometeu tantos atos atrozes em sua própria dimensão, que lhe fecharam a porta.

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Bruxas Elementares 02

— Espera um minuto. Está dizendo que este demônio não poderia voltar para casa, inclusive
se quisesse?
Stefan se inclinou para frente, com um sorriso de satisfação brincando em seus lábios.
— Eles não o querem de volta. Esta é sua prisão, seu castigo.

Capítulo 6

Depois desse comentário, a cela inteira ficou em silêncio durante um momento.


Thomas deixou escapar um suspiro. Se antes não soubessem que o demônio era mau até os
ossos, agora com certeza sabiam.
— Não entendo por que prender o demônio aqui seria considerado um castigo — Disse
Isabelle, finalmente — Por que não quereria ele ficar aqui? Não seria este um lugar, um grande
lugar de jogos para ele?
Micah deu a volta para ela.
— Suspeitamos que os seres aos que nos referimos como “demônios” vivem em um mundo
não muito diferente ao nosso. Têm uma cultura, uma sociedade, leis, tudo o que temos.
Emparelham-se, têm pequenos demônios bebê que criam para que se tornem grandes demônios
maus. É seu lar. Aqui eles são somente estranhos, sem liberdade, família ou amigos. Pensem nisso.
Quereria passar a vida completamente só em um mundo estranho? Este demônio está
essencialmente no exílio.
Isabelle se abraçou.
— É tão estranho pensar neles assim, como algo mais que monstros primitivos.
Micah passou uma mão por seu cabelo.
—Acredita-se que sua sociedade é bastante complexa, mas não sabemos com certeza já que
nenhum humano ou bruxa que saibamos alguma vez passou ao mundo deles.
— Mas sabemos que eles têm prisões, justo como nós o fazemos — Disse Stefan
monotonamente — Neste caso, os Duskoff tiraram um detento. Libertaram-no. Estou seguro que
esteve bastante contente aqui.
Esteve contente. Sim, matando as pessoas.
—Há quanto tempo sabiam os Duskoff que o demônio ainda residia neste lado do portal? —
Perguntou Thomas. Sua voz soava como a madeira inclusive a seus próprios ouvidos, porque
suspeitava que os Duskoff poderiam ter detido o demônio muito antes… Se tivessem incomodado
em tentá-lo.
Stefan elevou a vista, concentrou seu olhar na face de Thomas e riu amargamente.
— Desde que roubou nossa biblioteca.
— Explique-se.
— Nós tínhamos uma coleção de textos antigos sobre demônios que os Duskoff possuem
desde a Idade Média. O demônio adivinhou a localização dos livros e veio uma noite. Abriu
caminho por nossa defesa mágica e os roubou todos.

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—Faz quanto tempo? — Sua voz soou como a chicotada de uma vara no pequeno quarto.
Cravou suas unhas nas palmas enquanto lutava para refrear-se.
Micah tinha descoberto ao menos trinta e cinco assassinatos de não mágicos que o demônio
poderia ter cometido, além das duas bruxas, do momento que os Duskoff haviam o trazido para
este mundo.
Stefan piscou, e depois esboçou uma lenta e profana risada.
— Faz vinte anos.
—Bastardo! — Gritou Isabelle justo antes de apressar-se para ele.
Thomas estava tentado a deixá-la, mas a deteve por sua própria segurança. Stefan tinha ao
menos cento e dez quilos, era todo músculo. Ela deu um bom murro que voltou sua face a um lado
antes que Thomas fosse capaz de agarrá-la pela cintura e arrastá-la para trás. Deu a volta com
facilidade enquanto ela lançava murros ao ar, gritando sobre os assassinatos que poderiam ter
sido evitados se eles o tivessem sabido.
Mas, certamente, Stefan não preocupava com isso.
Stefan somente riu ao mesmo tempo que Thomas segurava Isabelle apertada contra ele,
dando a possibilidade de acalmar-se. Ela se tranquilizou e empurrou com ira os braços dele.
Libertou-a e ela deu um passo afastando-se, olhando com fúria.
—Soyez gentil, Isabelle! Seja agradável ou não direi onde está a biblioteca de reserva —
Disse Stefan, pondo uma mão em sua face, onde ela tinha dado o murro. Seu frio olhar contradisse
o pequeno sorriso que esboçou.
—Por que nos diria onde está a biblioteca de reserva? — Micah perguntou.
Stefan baixou sua mão, ou então ele poderia parecer ofendido.
— Não sou um monstro, Micah. Também quero que o demônio seja derrotado.
Micah soprou.
— Sim, é por isso que os Duskoff não fizeram nada e não disseram a ninguém quando
descobriram que o demônio ficou.
— Me consiga um computador. Permita-me o acesso ao sistema Duskoff e terão nossa
biblioteca. A digitalizamos antes que os livros fossem roubados — Ele fez uma pausa e voltou seu
olhar para Thomas, sua língua saiu sigilosa para lamber o fio de sangue no canto de seu lábio —
Em troca, quero que me mate.
Thomas riu.
— Por favor, isto é um trato muito bom para nós. A que está jogando?
Ele sacudiu sua cabeça.
—Não entendem. Sei que o Aquelarre deseja que eu sofra, já que podem decidir pela prisão
perpétua. Preferiria morrer que ser preso aqui em Gribben até o final de meus dias. Portanto, o
trato é simples. Entregarei a biblioteca digitalizada e vocês se assegurarão que meu julgamento
seja curto e a sentença que proporcionem seja a morte.
Thomas o considerou. No lugar de Stefan, ele muito bem poderia pedir a mesma coisa.
— Está bem, mas não morrerá até que isto esteja terminado, até que o demônio seja
capturado, assassinado, ou vencido.
Um músculo na mandíbula de Stefan se fechou.

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Bruxas Elementares 02

— Bem.
— Micah, encarregue-se do computador. Stefan não o toca; ele só te diz como ter acesso à
informação.
Stefan abriu sua boca para protestar e Thomas a fechou com um olhar.
Micah assentiu.
—Então o essencial é que temos um demônio perdido, preso aqui contra sua vontade. Em
toda a história que estudei, nunca li sobre algo como isto. Tento imaginar este demônio, ao que
sua gente rejeitou, já que sua gente só pode ser considerada brutal no melhor dos casos.
— Então o perseguimos e o matamos — Respondeu Isabelle — Parece-me simples.
Micah soprou.
— Simples? Posso visitar seu planeta algum dia? Deve ser um lugar agradável.
— Sei que os demônios são difíceis de matar, mas confia em mim, querida, matarei este ou
morrerei na tentativa. O que não entendo é por que ele de repente, depois de tantos anos começa
a matar bruxas. Por que atrair a atenção do Aquelarre agora? É quase como se jogasse conosco,
nos atormentando.
— Talvez esteja aborrecido — Respondeu Micah.
— Terminaram comigo? — Stefan perguntou com uma dose de amargura. Um machucado já
florescia sobre seu perfil pelo murro de Isabelle — Eu gostaria que me deixassem sozinho, então
posso conseguir adiantar uma parte de minha sentença.
— Aborrecido? — Isabelle mastigou seu lábio inferior, ignorando completamente Stefan —
Não. Isto não é o que sinto em minhas vísceras. Há um objetivo a estas matanças. Há uma razão
pela qual ele persegue a bruxas agora mesmo.
Thomas sentiu que havia algo mais, também, mas isto era somente intuitivo. Não havia nada
sólido para perseguir neste ponto. Ele olhou a Stefan.
— Como o rastreamos?
Os lábios de Stefan se curvaram para trás mostrando seus dentes em algo que não era um
verdadeiro sorriso.
— Rastreá-lo? — Deu uma risada curta e aguda — Por favor. A criatura os rastreia. Ele os
encontrará muito antes que sejam capazes de encontrá-lo, a não ser que sejam sortudos e o
surpreendam. De outra maneira, não há nenhum modo de rastrear um demônio. Nem física, nem
magicamente.
— Isto é muito consolador — Murmurou Micah.
— Em realidade, sinto-me muito mais seguro aqui que aí fora — Continuou Stefan. As
palavras não fizeram graça, já que foram acompanhados por seu mau humor. Inclusive Stefan não
podia fingi-lo.
— Ah, estou seguro que se o demônio pusesse sua mira em um bruxo de fogo agradável,
picante, esta prisão não o pararia — Respondeu Thomas com uma risada — Estou seguro que
nossas proteções e feitiços não teriam nenhum efeito sobre ele absolutamente se realmente
pusesse seu coração em apanhá-lo. O demônio não é uma bruxa mágica, depois de tudo.
Stefan devolveu o sorriso. Desta vez pareceu realmente sincero.

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Bruxas Elementares 02

— Ele não virá atrás de mim. Os demônios caçam seus caçadores. Não sabiam? Está em sua
natureza fazê-lo. Espreitam e jogam com eles. Às vezes inclusive desenvolvem um vínculo
emocional. Isto não é nada engraçado para o caçador, certamente. Ninguém quer um demônio
com uma fixação.
Thomas olhou para Micah e sua expressão mostrou uma pergunta.
—Algumas de minhas investigações parecem assinalar que sim — Respondeu Micah — A
reação de um demônio à agressão é diferente da nossa. Eles não lutam ou voam. Não correm; eles
rodeiam e espreitam. Este provavelmente esta louco até a medula pelo exílio.
— Grandioso.
Uma expressão ardilosa cobriu o rosto de Stefan.
—Primeiro, injetam veneno até te encher, deixando-o paralisado e mudo, ainda consciente.
Depois disso, tomam sua magia, bebendo do centro de seu corpo. Então, tiram-lhe a pele e abrem
para consumir as partes suculentas, o fígado, rins, e o coração. Por último, racham seus ossos para
obter o tutano.
Sim, ele tinha visto os restos duas vezes, de perto e pessoalmente.
Isabelle também.
Thomas deu uma olhada. Ela havia ficado branca como o papel e permanecia reta com seus
braços cruzados sobre seu peito.
— Está bem? — Perguntou.
Ela assentiu uma vez, com seu corpo tenso.
— Estou bem.
—Ah, sim, esqueci — Disse Stefan em um tom meloso — Nossa encantadora Isabelle já viu o
trabalho de um demônio por si mesma. Era sua irmã, não?
— Esse demônio morrerá — Replicou.
— Tal alarde! É tão atraente quando é estúpida. Belo sentimento, ma chérie, mas espero
com impaciência as notícias de seu falecimento.
— Assim como espero com impaciência as notícias de sua sentença, Stefan. Até então me
anima saber quanto sofre aqui em Gribben — Seus lábios se separaram em um amplo e sincero
sorriso, embora sua face estivesse ainda pálida como um pergaminho —De fato, esse
conhecimento me faz mais feliz que te matar.
—Grandioso — Adicionou Micah — Bem, está estabelecido, então. Thomas, posso me
encarregar a partir daqui. Deixe-me trazer um computador até Stefan e obterei os textos. Por que
não leva Isabelle daqui? Fala rude, mas parece que está a ponto de lançar-se fora de suas lindas
botas vermelhas.
—Boa ideia — Respondeu Thomas.
Micah, como o arquivista do Aquelarre e o investigador, tinha a maior parte da
responsabilidade de conseguir a informação de Stefan de todos os modos. Micah transmitiria o
que aprendesse dele.
Isabelle protestou, mas Thomas a tomou pelo braço e a conduziu para a porta. Sua face
agora era uma sombra pálida de cor verde, mas a mulher não parecia saber quando parar.

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Bruxas Elementares 02

— Foi um prazer, Stefan — Murmurou Thomas enquanto o guarda abria a porta para eles —
Como sempre.
A porta se fechou com um golpe metálico atrás deles.
Isabelle tropeçou. Ele a agarrou e a dirigiu a uma parede perto onde ela estendeu uma mão
para sustentar-se.
— Estou bem — Grunhiu ela, pressionando sua testa na parede.
— Não está bem.
Ela estremeceu e envolveu a mão que machucou quando tinha dado o murro em Stefan.
— É só… Eu não gosto de recordar. Estou bem. Caçar é grandioso. Recordar é… Não é bom.
— Isto é natural. Está aflita, Isabelle.
Ela fechou seus olhos e conteve um suspiro.
Thomas sabia que tinha encontrado sua irmã, já que o chamaram pelos assassinatos de
ambas as vítimas. Os corpos tinham sido… Parcialmente consumidos.
Quando ele chegou ao local da matança de Ângela Novak, ao princípio foi difícil de entender
o que tinha que procurar. Gradualmente, enquanto sua mente lutava por compreender, as
imagens se tornaram claras, músculos destroçados, rasgados, pedaços de algo que ninguém queria
examinar de perto. Sangue por toda parte. Sem aparência humana nunca mais, somente carne e
osso.
Isabelle esteve ali antes dele. Foi ela que notificou ao Aquelarre do assassinato antes de
desaparecer, pelo visto para caçar o demônio.
Inclusive pior que a cena era o conhecimento de que tanto Ângela Novak como Melina
Andersen tinham estado conscientes até que tinham sucumbido às suas feridas. Os demônios
apanhavam suas vítimas em uma espécie de estancamento induzido por veneno. A bruxa
paralisada podia sentir, mas não podia falar, gritar, ou mover-se.
Enquanto a vítima resistia, o demônio trabalhava devagar, prolongando a matança. Primeiro
a criatura tomava a magia, psiquicamente gretando a bruxa até que se abrisse como um coco para
beber água de dentro. Depois disso vinha o esfolamento da pele e a extração dos órgãos mais
suculentos.
Sabendo como aquela pessoa foi tratada nada mais que como uma cabeça de gado, um
brinquedo, era pior que tudo.
Pior que a limpeza. Pior que a visão ou o aroma.
Isabelle riu amargamente.
— Aflita parece uma palavra tão ligeiramente simples para usá-la para o que sinto.
Thomas estremeceu, imaginando encontrar sua irmã Serena da maneira em que Isabelle
tinha encontrado a Ângela. Ele colocou sua mão sobre suas costas para consolá-la, mas então a
tirou. O dar consolo não era facilmente.
— Respira profundamente e solta-o devagar.
Dando a volta para apoiar-se contra a parede, ela de maneira instável aspirou enchendo os
pulmões com o ar antigo de Gribben e devagar exalou.
—Somente quero que… Preciso fazer isto — Continuou Isabelle. Até segurando suas
palavras.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

— Sei — Ele tomou sua mão ferida e a examinou. Não era nada que não se curaria. Não
estava tão seguro se poderia dizê-lo sobre suas outras feridas.
Ele deu uma olhada e a encontrou olhando-o fixamente, profundamente concentrada. Uma
absurda, inadequada consciência sexual faiscou, apertando seus músculos. Suas bochechas tinham
recuperado sua cor e seus lábios estavam cheios e viçosos. Ele imaginou várias coisas que gostaria
de fazer a aqueles lábios na fração de um segundo.
Merda.
Ele deixou cair sua mão e se afastou.
— Vamos, saiamos daqui.
— Pensei que nunca diria isso.
Thomas a afastou da parede e a guiou pelo corredor. Podia entender como se sentia e
apesar de que tinha pedido continuar no caminho, não se sentia totalmente seguro de que ela
devesse estar nesta missão.
Pelo que ele tinha recolhido de seus registros, Ângela essencialmente foi sua única família.
Possivelmente Isabelle colocaria a si mesma em perigo em sua busca por vingar a sua irmã. Ele
tinha a sensação de que talvez não pensasse ter muito que perder nestes dias. Uma atitude assim
a faria imprudente, uma tendência que já tinha mostrado de todos os modos.
Não necessitavam imprudência.
Ele não queria vê-la machucada, tampouco. Isabelle sendo ferida, seu fogo extinto, seria
uma tragédia. Ele não a conhecia bem, mas ali havia algo que o arrastava para ela. Talvez fosse
simplesmente sua personalidade, a qual encontrava por momentos absorvente, desordenada,
atraente, e exasperante. Talvez fosse a veemência e impulsividade que sentiu nela.
Passaram pelos pontos de controle de segurança para o elevador que os levaria ao andar
principal da prisão. Ele golpeou o botão para chamá-lo, mas Isabelle se dirigiu à porta que
conduzia às escadas em seu lugar.
Deu uma olhada, com a mão na maçaneta da porta.
— Eu não gosto dos elevadores. Verei-o lá em cima.
Ele a olhou com o cenho franzido.
— São quinze andares até em cima.
— O que? Não pode com quinze andares, velho? — Com um sorriso, desapareceu além da
entrada.
— Velho? — Ele murmurou a si mesmo — Não estou velho — A porta de elevador abriu, mas
ele somente olhou fixamente no interior, franzindo o cenho. Abandonando o elevador, correu a
toda velocidade atrás dela, tomando a escada de dois em dois, até chegar a ela.
Sua risada fazia eco na escada.
—Eu sabia que me perseguiria depois daquele comentário — Ela acelerou o passo — Com
certeza que posso te vencer.
Aumentou sua velocidade para alcançá-la.
— Já que sou um velho e me esforço, necessito algum incentivo para isto. O que me dará se
ganhar?
Ela riu outra vez.

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Bruxas Elementares 02

—É muito safado para uma pessoa velha. O que obterá se vencer, será uma surpresa — Ela
acelerou seu passo, sem perder o fôlego ainda.
Ele saiu disparado atrás dela, mantendo-se diretamente sobre seu traseiro até que eles
estivessem no alto. Então ambos ofegavam com força. Eles empurraram para a porta, dando
cotoveladas um contra o outro durante todo o caminho. Estavam perto, mas Thomas chegou
primeiro. Isabelle passou junto a ele, pondo sua mão na maçaneta, e começou a puxar, mas
Thomas pressionou com sua mão a porta e a fechou.
Encostando-se em suas costas, enquanto ela estava de frente para a porta, ele deixou cair
sua cabeça e murmurou:
— Ganhei — Em seu ouvido — Quero minha surpresa.
Isabelle deu a volta, seu corpo ainda curvando. Gostou de sua proximidade, gostou do calor
que seu corpo emitia e o aroma de seu leve perfume. Thomas deixou cair seu olhar sobre seus
seios, elevando-se e caindo rapidamente pelo esforço, e se perguntou de que cor seriam seus
mamilos. Perguntando-se como seria seu sabor.
Thomas a queria nua e estendida sobre sua cama. Queria arrastar suas mãos sobre cada
polegada de sua pele, beijar a parte de trás de seus joelhos e lamber a pele sensível na base de sua
espinha. Ele queria seu pênis deslizando-se dentro e fora de sua quente e molhada passagem,
queria seus pulsos capturados e pressionadas contra sua cama enquanto ele se conduzia em seu
interior rápido e forte. Ele queria sentir os músculos de seu pulso sexual e ondulação ao longo de
seu comprimento quando ela gozasse. Ele simplesmente a queria. Queria-a com uma básica
urgência masculina, que fazia seu pênis ficar duro como uma pedra.
Ela o olhou com os lábios separados pela surpresa. Isabelle era empática, ela tinha que
entender a luxúria que sentia. Ele baixou sua cabeça, sabendo malditamente bem que isto era
uma má ideia.
Isabelle ficou quieta, inclusive ainda reteve o fôlego quando ele roçou seus lábios. Uma vez.
Duas vezes. Suas mãos agarraram seus pulsos, deslizado suas mãos pelos braços dele. Ele beliscou
seu lábio inferior e um ofego saiu dela, esquentando sua boca.
Isto foi a faísca que fez o fogo rugir à vida dentro dele.
Ele a arrastou sobre seu peito, pressionando avidamente seus lábios com os seus e exigindo
que ela os abrisse para ele. Ela choramingou em algum lugar baixo em sua garganta e separou
seus lábios. Ele deslizou sua língua dentro e lutou com a dela. Ela tinha sabor quente e doce,
sentia-se como o paraíso sedoso. Ele sabia onde mais se sentiria como um terço do céu e ele quis
acariciá-la ali até que ela se fizesse pedacinhos.
Mais. Ele queria mais dela.
Maldição. Ele a queria sem roupa, queria sua carne nua sob suas mãos. Ele queria suas
pernas separadas, seu pênis enfiado profundamente em seu interior e seus gemidos e suspiros
ressoando em seus ouvidos. Ele queria sentir o aperto liso, quente de seu sexo ao redor de seus
pênis e seus seios nus enchendo suas mãos.
Neste momento, era tudo no que ele podia pensar.
Seus dedos se curvaram ao redor de seus ombros enquanto ela se empurrava para ele,
devolvendo seu beijo igualmente faminta.

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Bruxas Elementares 02

Mais à frente do todo pensamento racional, ele encontrou a barra de sua camisa e
empurrou sua mão por debaixo dela, encontrando a pele lisa e quente. Deusa, ele a queria tão
desesperadamente que a tomaria exatamente aqui sobre a escada se ela o permitisse. A quem
interessava que estivessem ainda em Gribben?
Quem se preocupava com nada, exceto isto?
Os dedos dela encontraram os botões de sua camisa, e depois baixaram o zíper de suas
calças. Ela os desfez e deslizou sua mão para baixo, procurando a dura cabeça de seu pênis pelo
tecido de seus boxers. Ela o acariciou enquanto ele apertava contra sua palma, gemendo da parte
de atrás de sua garganta.
Mas os ruídos à frente da porta fechada da escada os importunaram. Os guardas gritavam a
alguém...
Isabelle rompeu o beijo, seus lábios vermelhos e inchados.
— O que é isso?
Ao diabo com todo.
Ele fez um som frustrado, libertou-a, subiu as calças apressadamente. Então abriu a porta à
comoção de mais à frente. Ao mesmo tempo que ele deu um passo no vestíbulo conseguiu
vislumbrar uma figura familiar que discutia com os homens no ponto de controle de segurança
justo dentro da porta da rua de Gribben.
Os homens a deixaram passar e Mira, sua prima e uma poderosa bruxa do ar, surgiu pela
frente do ponto de controle, ao lado dos guardas. Ela cambaleou quando entrou na área não
mágica, situou uma mão entre seus seios e se segurou contra uma parede.
— Ah deusa, isto é horrível.
— Mira? O que faz aqui? — Perguntou.
Ela elevou a vista, olhando atentamente por seu enredo de cabelo negro que cruzava por
seu rosto.
— Ouvi um sussurro.

Capitulo 7

A voz no vento, a que mira tinha ouvido por acaso por meio de seu ar mágico, falavam de
um homem chamado Simon Alexander.
Um homem que poderia ou não ser um demônio disfarçado. Uma bruxa do ar poderia dar
voltas ao ar em busca de algumas palavras, escutar conversas dissimuladamente a distância. Mira
esteve em constante alerta desde o primeiro assassinato por qualquer murmúrio relacionado com
o demônio e isto finalmente tinha dado resultado.
A magia percorreu pelos braços de Thomas e através das pontas de seus dedos até a
tatuagem sobre suas costas, que também servia como uma fonte de armazenagem mágica
enquanto murmurava palavras de poder para assegurar uma proteção. Horas depois que Mira
ouviu o murmúrio, o Aquelarre tinha assegurado o apartamento vazio ao lado do de Alexander, a
fim de fazer um trabalho de vigilância.

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Bruxas Elementares 02

Havia trazido Isabelle e Adam com ele para o primeiro turno. Theo, um dos caçadores do
Aquelarre, e Jack fariam o segundo turno. Micah estava ocupado peneirando os textos que eles
tinham recebido dos Duskoff.
— Não posso acreditar que Alexander esteve vivendo a tão só umas milhas do Aquelarre
durante os últimos dez anos — Murmurou Adam. E terminou movendo sua loira cabeça — Merda.
Sua investigação tinha revelado que Alexander era um contador, ou se fazia passar por um
contador, para uma cadeia de distribuidores de motocicletas e esteve vivendo na área Lakeview
de Chicago durante os dez últimos anos. O campus onde se estendia o Aquelarre estava perto da
parte norte da área da Garganta Florestal, a só uma curta viagem.
— Isto é trabalho de Emma — Respondeu Isabelle com um sorriso enquanto ajustava o
dispositivo enfeitiçado de escuta que eles usavam para escutar dissimuladamente no apartamento
de Alexander. Isabelle poderia fazer isto por meio da água que atravessa percorrendo uma
residência sem guarda, mas Thomas tinha amplificado sua capacidade de escutar em forma
remota enfeitiçando o sistema de vigilância simples. Isto permitiria a Adam e a ele monitorar
Alexander também, mesmo que eles não fossem bruxos de água.
Se Mira tinha captado a comunicação por acaso, por pura sorte, ou porque o demônio
deliberadamente o fez impregnar em seu caminho era um assunto de debate. O fato era que
procuraram por tanto tempo um sinal do demônio, só para que surgisse agora, era causa de
suspeita. De todos os modos tinham que arriscar-se à possibilidade de que fosse legítimo. Muitas
vidas estavam em perigo.
— Isto não é mais o trabalho de Emma — Respondeu Adam com um sorriso — Agora é o de
Elizabeth — Apesar de que Adam fumava muito, bebia muito, e o fato de que era pouco menos
que classicamente atraente, com um nariz que foi quebrado muitas vezes e uma cabeça cheia de
arrepiados cabelo loiro, as mulheres o achavam irresistível. Muitas mulheres. E, diferente de
Micah, Adam sabia justo que fazer com tal atenção.
—É tão idiota — Isabelle meneio sua cabeça enquanto brincava — Passa por tantas
mulheres que não posso seguir sua pista. Um dia vai encontrar a que quebre seu coração.
—Soa como uma maldição, Isabelle. Ou é uma promessa? Quer quebrar meu coração, meu
bem? — Olhou-a com lascívia — Deixarei tentá-lo.
— Não poderia lidar comigo, Adam — Replicou com um sorriso.
Ele estreitou os olhos azul escuro.
— Agora isso sim que acredito.
Deixando-os trocar brincadeiras, Thomas deu uma olhada ao redor do quarto, sentindo as
paredes, o piso, o teto, e portas para assegurar-se de que tinha coberto cada polegada da sala de
vigilância. O espaço físico estava nu, exceto por algumas ferramentas que a equipe de
manutenção do edifício tinha deixado. O novo tapete cor caramelo cobria o chão e o aroma
penetrante de pintura fresca picava seu nariz.
Adam se sentou com Isabelle em uma mesa de jogo para ajustar o equipamento. Isabelle
tinha suas pernas longas revestidas de jeans e tinha enganchado seu cabelo atrás de suas orelhas
enquanto trabalhava. Thomas tinha notado que tinha um hábito adorável de morder a ponta da
língua quando se concentrava.

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Bruxas Elementares 02

Isabelle deixou os fones de ouvido de lado e girou para Thomas.


— Então por que pensa que o demônio decidiu viver tão perto do Aquelarre?
— Não se adiante — Thomas lançou o último feitiço e grunhiu — Ainda não sabemos se
Alexander é o demônio. Se o for, provavelmente o fez deliberadamente. Isto é muita coincidência
pelo resto.
— Talvez goste de estar assim perto de nós — Acrescentado Adam.
— Talvez — Thomas murmurou as palavras de um encantamento que tinha impregnado com
seu poder pessoal. O último de seus feitiços de ocultação encaixou com um estalo em seu lugar.
— Feito.
Sua tatuagem formigou, pulsando com parte da energia mágica que ele tinha armazenado
ali. Os bruxos de fogo, ar, e água somente podiam tirar diretamente sua magia do centro de seu
peito, mas os bruxos da terra tinham mais preparação para fazê-lo. A não ser que usasse sua
magia para exercer o controle de algo diretamente relacionado à própria Terra, como a terra ou
uma árvore, tinha que criar um encantamento de antemão. Os bruxos da Terra tinham que prever
os feitiços que necessitariam, cozinhá-los, e transferir a energia pura resultante de seus corpos
para acessar a eles mais tarde. Por causa do planejamento envolto, a magia da terra era a menos
conveniente dos quatro tipos de poder, mas também a mais flexível.
Os bruxos da Terra eram a classe mais estereotipada dos quatro elementos. Eram mais como
os não mágicos que imaginavam quando pensavam em uma bruxa. Ninguém entendia por que os
bruxos da terra eram diferentes, embora existissem muitas teorias.
—Espero que os feitiços se assentem — Disse Isabelle, olhando duvidosa ao exterior, da
janela para o apartamento de Alexander.
Sim, ele também. Estavam em um novo território com isto, nunca tinham feito um trabalho
de vigilância sobre um demônio suspeito antes. Alexander estava no trabalho agora, o que tinha
dado algum tempo para colocar os feitiços em seu lugar.
—Fiz a sala de vigilância difícil de descobrir — Respondeu Thomas — O lado bom é que se
Alexander nos descobre farejando e vem atrás de nós, saberemos com certeza que ele é o
demônio.
Isabelle levantou uma sobrancelha.
— Este é o lado bom?
—Sim, eu preferiria não descobrir dessa forma — Queixou-se Adam.
— Estamos a ponto de sabê-lo de uma ou outra maneira porque já está na casa —
Murmurou Isabelle — Posso senti-lo pela água em seu apartamento. Que não era muito cedo.
Adam deslizou seus fones no ouvido e Thomas foi a uma pequena mesa próxima e fez o
mesmo. As persianas estavam fechadas nas janelas de seu apartamento e os feitiços estavam
firmemente fechados. Pelo que sabiam da magia do demônio, em teoria, a criatura não deveria
notar sua espionagem. Segundo Micah, a magia do demônio e a magia elementar eram
fundamentalmente diferentes e ninguém deveria ser capaz de descobrir o outro.
Certamente, realmente não estavam seguros.
Micah obteve com êxito os livros digitalizados que Stefan tinha proporcionado e ia enviando
informação enquanto os baixava e obtinha. Infelizmente, esta vantagem sobre Alexander tinha

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Bruxas Elementares 02

aparecido assim tão de repente que Micah não teve muito tempo para fazer sua própria
investigação. Eles voavam sem visibilidade e tinham que ter muito cuidado tanto como fosse
possível.
Instalaram-se para escutar. Pelos fones magicamente impregnados, ouviram Alexander
tossir, assoar o nariz, ir ao banheiro, abrir e fechar o refrigerador, fazer saltar a tampa de uma
cerveja, e depois instalar-se na poltrona com o suspiro de quem está feliz de estar em casa depois
de um longo dia de trabalho.
A TV se ligou.
—A roda…Da…Fortuna! — Dizia a audiência na televisão.
Adam elevou a vista e revirou os olhos.
Thomas tirou os fones e os pôs sobre a mesa diante dele.
— Isto poderia ser um falso alarme.
Isabelle deixou cair seus ombros.
— Quando o sintonizar remotamente, usando a água em seu corpo, não parece com nada
mais que um macho humano não mágico — Ela fez uma pausa e olhou taciturna — Nem sequer
um bruxo.
Thomas assentiu.
— Se ele fosse o demônio, saberia.
Adam tirou o fone de um de seus ouvidos.
— E não acredito que visse a Roda de Fortuna, se este fosse nosso homem. Não acredito que
os demônios goste de Pat Sajak.
Isabelle se sentou um pouco mais direita.
— Ele somente poderia estar jogando conosco. O demônio tem que ser capaz de parecer
convincentemente humano. De outra maneira os bruxos o descobririam por toda parte. Talvez
saiba que o observamos e se mascara. Ou talvez ele se humanizou durante sua permanência aqui
e chegou a gostar dos programas de concurso da TV.
Thomas e Adam só a olharam fixamente.
— Acredito que supõe muito — Disse Thomas finalmente.
— Só tento pensar de fora, meninos.
Adam se inclinou para ela.
— Isabelle, acredito que ver as coisas de fora é o melhor, mas ainda suspeito que ele é só
um macho humano não mágico em casa depois do trabalho com uma mão em suas calças e uma
cerveja na outra.
Ela sacudiu com força seus fones sobre a mesa diante dela.
— Maldição!!!
Thomas a estudou por um momento.
—Não terminou ainda. Mira ouviu o nome deste homem por uma razão. Ele poderia estar
conectado de algum modo com o demônio.
— Talvez — Isabelle mordiscou o lado de seu polegar e se deixou cair em sua cadeira.
— Tenho que falar com Isabelle a sós, Adam.

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Bruxas Elementares 02

—Bem. Seguirei escutando a Roda de Fortuna — Disse Adam com os polegares para cima e
um sorriso sarcástico. Colocou os fones em um ouvido — Penso que conheço este quebra-cabeças.
Compre uma vogal!
—Avise-me se algo incomum acontecer ou se ele partir.
Adam assentiu.
— Tenha-o por certo, chefe.
Isabelle se via confusa, mas Thomas a conduziu ao outro quarto de todos os modos. Só uma
grande mesa de trabalho permanecia no que seria uma sala de jantar formal. Um monte de roupa
salpicada com pintura permanecia jogado em um canto. Ficou de pé perto da mesa, cruzou seus
braços sobre seu peito, e o olhou com espera.
— Somente quero me assegurar de que está de acordo com tudo isto — Disse Thomas — Sei
que está traumatizada pela morte de sua irmã e tenho que me assegurar de que não vai ...
Levantou suas sobrancelhas.
— O que? Enlouquecer? Estragar tudo e começar a chorar em um momento crítico?
—Não acredito que seja do tipo dado a choro histérico. Somente quero me assegurar de que
está bem.
— Aprecio sua preocupação, realmente o faço, mas estou bem, Thomas. De fato, estou mais
que bem agora que estou incluída no Aquelarre e ajudando a encontrar a este demônio. E o
encontraremos. Este tipo, Alexander, poderia ser um beco sem saída, mas isto não significa que
não teremos outra prometedora pista.
O alívio o percorreu. Era agradável ouvi-la ser positiva.
— Alegro-me que se sinta assim...
Ela descruzou seus braços e sua expressão se abrandou.
— Agora o que acontece com seu cabelo?
Ele piscou pela mudança abrupta de assunto.
— Desculpa?
— Estabeleci realmente que você de verdade possui pupilas, mas o que acontece com seu
cabelo? Digo, é bonito. É tão longo, brilhante, e atraente. Quero enredar meus dedos por ele cada
vez que o vejo. Mas parece estranho em um homem como você, já que é todo trabalho e nada de
brincadeiras.
Ele piscou outra vez.
— Meu cabelo é assim pelo trabalho, em realidade, sustenta meu poder. Os bruxos da Terra
não sustentam magia no centro de nosso peito da maneira que os bruxos de fogo, água, e ar o
fazem.
—Saí com bruxos da terra, por isso conheço o que fazem, mas nunca realmente entendi
como.
— Meu cabelo está encantado para sustentar uma reserva de poder para mim, como você
sustenta sua magia no centro do peito. Exceto que temos que cozinhar os feitiços que
necessitaremos com antecipação, para tê-los à mão, os armazenamos sobre nossos corpos nos
lugares que foram encantados para sustentar as reservas… Como meu cabelo.
Ela assentiu.

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Bruxas Elementares 02

— Sim, com um complicado feitiço da terra que nunca compreenderei. Entendi — Ela sorriu
e se esticou para tocar uma mecha de seu cabelo — Então sua força reside aqui… Como Sansão?
Se o cortasse, seria menos poderoso?
— Isso não é algo que os bruxos da terra geralmente revelariam.
—Isso é… Selvagem. E tudo tem um pouco de sentido — Ela deixou cair a mecha de seu
cabelo — Não parece o tipo de homem que teria seu cabelo deste comprimento pela aparência ou
algo parecido. Isto me parece que teria um objetivo, uma estratégia. Então, de que outra forma
sustenta sua magia?
— Tenho uma tatuagem sobre as costas. A tinta está encantada para sustentar o poder por
mim.
— Uma tatuagem? — Um lento sorriso se estendeu através de sua boca — Mostre-me.
— Quer que tire a camisa — Isto era uma afirmação mais que uma pergunta.
Ela sorriu abertamente e meneou suas sobrancelhas.
— Por que não? Está assustado?
Ele levantou suas sobrancelhas e tirou sua jaqueta.
Ela riu e aplaudiu.
— OH, sim! Tire isso meu bem!
Thomas sorriu abertamente e colocou sua jaqueta sobre a mesa. A mulher tinha aquele
efeito sobre ele. Ele desabotoou sua camisa e também a deslizou fora.
—Jesus, Jesus, Jesus, Sr. Monahan! Que bíceps grandes tem!
— Esta paquerando comigo?
— Talvez. Por que parece tão surpreso?
Porque as mulheres não paqueravam com ele. Em nenhuma ocasião. Bem, de vez em
quando uma mulher não mágica poderia flertar com ele em uma loja ou em um bar, mas nunca
uma bruxa. Nunca alguém que sabia quem era. As mulheres não brincavam com o coração e a
alma do Aquelarre.
Isabelle era ao parecer intrépida.
Não respondeu, só se girou para mostrar sua tatuagem.
Ouviu uma aspiração rápida de ar.
— Ah, minha Deusa, é magnífico. Quem a fez? — Seus dedos se estenderam e roçaram sua
pele, fazendo-o tremer um pouco sob seu toque.
—Um bruxo da terra chamado Theo. Seu nome completo é Theodosius. Ele tatuou a muitos
de nós porque tem poder e habilidade artística. O conhecerá, estou certo. Ele é um dos melhores
caçadores do Aquelarre.
Isabelle remontou as linhas da tatuagem com a ponta do dedo. Um anjo marcava por
completo suas costas, suas asas se estendiam acima e cobria seus amplos ombros e descendo por
seus braços. Ela afastou a um lado seu cabelo para ver tudo e arrastou as pontas de seus dedos
sobre a deliciosa arte da imagem. Foi feito em simples tinta preta, mas com uma grande
quantidade de detalhes.
Sob a superfície de sua pele, ao longo das marcas de tinta, podia sentir o pulso do poder
suplementar que ele armazenava. Os bruxos da Terra eram certamente uma classe diferente.

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Bruxas Elementares 02

Ela desviou seu olhar para seu traseiro e mordeu o lábio inferior. O homem era elegante por
toda parte, do topo de sua cabeça até a ponta dos dedos do pé. Poderia alguém culpá-la por
fantasiar lambendo todo ele?
Ele também a fazia sentir de uma maneira estranhamente segura, e gostava disso. Isabelle
podia cuidar de si mesma. Era sua especialidade, a sobrevivência. Mas de vez em quando era
agradável estar na presença de um homem o bastante forte para cuidar dela para variar. Thomas
era aquele homem. Quando entrava em um lugar, comandava-o. Sua liderança era algo de
nascimento, inato. Era magnético, e todos a seu redor reagiam seguindo essa linha.
Sim, estava poderosamente atraída pelo Sr. Thomas Monahan. A maior parte das mulheres o
considerariam proibido. Isabelle o considerava uma presa fácil.
Isabelle subiu sua mão pela tatuagem, arrastou-a sobre seu ombro e sob seus bíceps,
perdendo-se durante um momento na generosidade da extensão de beleza masculina frente a ela.
Ele deu volta e ela permitiu que sua mão se arrastasse sobre sua pele quente enquanto o
fazia. Quando a confrontou, ela pressionou sua palma em seu musculoso peito e elevou a vista
para ele, deixando que a excitação brilhasse em seus olhos.
— Como disse… Lindo — Murmurou ela.
Uma pequena risada desviou os cantos de sua boca.
— Essa, supõe-se, é minha fala.
— A liberação feminina aconteceu faz décadas. Que outras capacidades tem?
— Tenho algum PSI imprevisível e habilidades empáticas básicas.
— Empatia, huh? O que percebe de mim agora mesmo?
Ele tomou sua mão e a usou para puxá-la um passo mais perto. Isto a levou a jogar-se
repentinamente contra seu magnífico corpo. O olhar em seus olhos secou sua língua enquanto ele
deslizava uma mão por seu pescoço e baixava sua cabeça para a sua.
— Que esta atraída por mim.
Seus lábios se curvaram em um confidente sorriso.
— Da mesma maneira, estou segura, Sr. Monahan.
O primeiro toque de seus lábios sobre os seus foi uma nua degustação, só um toque.
diferente do beijo de Gribben, este era suave e pouco exigente. Isto fez suas pernas sentir-se
fracas. Prometia que se confiava seu corpo, ele o cuidaria bem. Muito bem cuidado.
Ele a levou um passo atrás, de tal maneira que a parte traseira de suas coxas golpeou a mesa
de trabalho no centro da sala. Os pés da mesa fizeram um ruído que chiou no chão quando eles a
golpearam uma polegada para trás.
Ela se sentou na borda e ele a seguiu com sua boca na sua, a pressão se fazia mais forte,
mais faminta. Sua língua se deslizou entre seus lábios e roçando contra os seu preguiçosamente
uma e outra vez, até aquela paciente atenção, cuidadosa registrava cada área de seu corpo mais
ao sul.
Thomas brevemente rompeu o beijo. Seu fôlego quente acariciou seus lábios.
— Tem razão. Desejo-a.
As palavras a derrubaram, baixas, quentes, e cheias de promessas eróticas. Fizeram-na sentir
comichão em lugares em que não os haviam sentido fazia tempo. Estava dolorida com

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Bruxas Elementares 02

necessidade por mais. Maldição. Teria dado tudo para que Adam, espontaneamente, tivesse que
sair para fumar… Por uma ou duas horas.
Isabelle beliscou seu lábio inferior
—Venha a meu quarto esta noite. Prometo que ainda o respeitarei na manhã seguinte.
Justo então a porta se abriu de um golpe. Adam pareceu atônito por um milésimo de
segundo diante a visão frente a ele e depois disse:
— Está se movendo.

Movia-se rápido.
— O que aconteceu sobre o vadiar e olhar a Roda de Fortuna? O que aconteceu a cerveja? O
que aconteceu com tudo isso de suas mãos em suas calças? — Isabelle perguntava enquanto
Thomas descia com o carro pela rua transitada, tentando manter-se perto do Volvos de Alexander.
Os malditos demônios não conduzem Volvos. Eles somente não o fazem.
— Não sei — Respondeu Adam do assento traseiro — Um segundo dormitava na poltrona
aos doces sons da roda, no seguinte estava de pé e fora, na porta.
— Talvez só saiu para comprar comida Chinesa ou algo assim — Murmurou Isabelle.
— Se for assim, tem muita pressa — Thomas torceu à esquerda em forma brusca, fazendo-a
agarrar no braço do banco para afirmar-se.
Era muito mais difícil seguir a alguém na vida real que nos filmes. O perseguidor tinha que
manter uma distância respeitável atrás do perseguido, evitando o tráfego e os semáforos em
vermelho que facilmente poderiam causar uma separação.
Eles o seguiram a um edifício grande em um dos subúrbios ao noroeste de Chicago. Ficando
muito atrás dele, para não chamar sua atenção para eles, estacionaram a uma boa distância, em
um local de grande tamanho, ocultando seu veículo atrás de algumas árvores.
Alexander dirigiu seu Volto para um dos espaços do estacionamento no local sem veículos,
perto de um SUV azul. Então esperou. Ele tinha escolhido um lugar isolado, com poucos carros ou
edifícios próximos. Era quase no final de um dia de trabalho normal.
— Não me dá boa impressão isto — Murmurou Isabelle — Estará espreitando Alexander
alguém aqui? Alguém trabalhando horas extras, talvez?
— Talvez o proprietário daquele SUV azul? — Adam acrescentou.
— Adam, ligue para Micah e veja se conhece algum bruxo que trabalhe no seiscentos e um
da rua Amberlyn — Disse Thomas em voz baixa.
Adam abriu seu telefone celular e falou com Micah em sussurros. Fechou seu telefone
— Ninguém no registro, mas isso não significa muito.
Nem todos os bruxos registrados no Aquelarre informavam de mudanças de trabalho e
muitos bruxos não estavam absolutamente registrados. Viviam no mundo como não mágicos.
Alguns ainda não sabiam que o eram. A prima de Thomas, Mira Hoskins, não sabia que era uma
bruxa até que alguns bruxos tentaram levá-la para usá-la em um círculo demoníaco.
Olharam e esperaram até o crepúsculo tingiu o céu de cores de miríades de sombras laranja
e vermelho, depois passou do esplendor à escuridão. Finalmente, um passos soaram sobre o
pavimento. Uma mulher de meia idade com o cabelo castanho curto, vestida com um traje de

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Bruxas Elementares 02

negócio e carregando uma maleta, cruzou através do estacionamento para o SUV. Uma menina de
talvez sete anos segurava sua mão.
— São bruxas — Disse Thomas — Posso senti-lo daqui, duas bruxas da terra de regular
poder, mãe e filha.
A respiração de Isabelle se enganchou e sua mão agarrou o trinco ao mesmo tempo que as
duas figuras desapareciam momentaneamente atrás do suporte das árvores que protegiam seu
carro da vista de Alexander.
— Realmente não tenho um bom pressentimento sobre isto.
— Alexander poderia ser seu namorado — Disse Adam a suas costas.
— Sim, mas ele poderia as espreitar, também.
Sua intuição gritava perseguição. Fixou seu olhar na menina. Levava uma mochila da Hello
Kitty e um uniforme de escola particular azul marinho. A menina parecia tão frágil caminhando
pelo estacionamento, tão inocente.
Seu olhar devorou por completo a distância entre eles e Alexander. Se Alexander fosse o
demônio, estavam muito longe para ser rapidamente eficazes. Não podiam mover o carro, ou
seriam vistos. Mas… Avaliou o terreno entre os estacionamentos. Havia muitas árvores grandes
para alguém de sua estatura pudesse ocultar-se atrás. Thomas e Adam eram muito grandes para
passar inadvertidos, mas ela poderia fazê-lo.
Voltou-se para Thomas.
— Quero estar mais perto.
Thomas sacudiu a cabeça.
— Muito perigoso para você.
—Thomas, há uma menina! Não podemos simplesmente nos manter atrás e esperar que não
vá feri-las. Deixe ir. Posso chegar aí sem ser vista, e estarei mais perto, se por acaso algo
acontecer. Se acontecer, leva seu traseiro lá logo.
Thomas mordeu seu lábio, movendo-os para baixo.
Sem ser capaz de suportá-lo um momento mais, ela abriu a porta devagar e saiu ao exterior.
— Maldição, eu vou.
— Tome cuidado.
Ela revirou os olhos e escapuliu.
No carro, tinha planejado um modo de chegar do ponto A ao ponto B pela via coberta. O
campus deste edifício de escritórios era abençoado, pela riqueza de árvores. Enquanto mãe e filha
avançavam pelo pavimento, Isabelle cruzava de árvore em árvore, um caminho que a levou muito
perto da parte de trás do carro de Alexander. Ali, Isabelle se ocultou atrás de um enorme carvalho
e esperou.
A mulher de cabelo escuro se deteve um passo quando pousou sua vista no Volto e manteve
seus olhos sobre o veículo enquanto se aproximava. Por agora o casal tinha passado do ponto
cego provocado pelas árvores e atrás da linha de visão de Thomas. Isabelle esperou que ele visse a
vacilação no passo da mulher, que assinalava sua inquietação pelo veículo e a figura masculina
atrás do volante.

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Isabelle se esticou ao mesmo tempo que a mulher e a menina se aproximavam e a porta do


carro do Volto se abria.
— Simon — A mulher o chamou com voz cansada — Não quero fazer isto agora mesmo —
Ela abriu com o controle seu SUV, falou baixo com a menina e a menina correu para subir dentro.
— Melanie — Disse Alexander com suas mãos estendidas como tentasse evitar que
escapasse — Sinto muito, mas sinto falta sua e de Katie. Só alguns minutos. Isso é tudo o que te
peço. Só me deixe ter alguns minutos para te explicar o que aconteceu.
Melanie vacilou, e depois caminhou para ele. Falaram em tom baixo durante uns minutos e
depois Melanie se jogou nos braços de Alexander, chorando.
Isabelle relaxou. Isto pareceu uma comum e doméstica cena. Olhou um pouco mais longe,
até que começou a parecer que se intrometeu em um momento íntimo, e deu a volta para voltar
ao carro.
Voltou-se e bateu com algo realmente grande. Ela franziu o cenho. Aquela árvore não esteve
ali fazia três minutos.
Isabelle ficou quieta. As janelas de seu nariz descobriram um aroma que ela conhecia, esse
mesmo aroma seco, terroso, acre que tinha ficado em seu quarto depois de ter esse pesadelo. A
magia flamejou ao longo de sua pele, primeiro sentindo comichão e depois a combustão. Sentindo
a maldade derreter-se com o incrível poder, ela deu a volta.
Um belo homem de cabelo loiro e olhos azuis estava de pé ali, usando um comprido abrigo
negro, e uma risada divertida sobre sua bela face de estrela de telenovelas. Isabelle piscou com
surpresa quando o homem cruzou um limiar diante dela como se não existisse, para Alexander e
Melanie.
O demônio.
Este era o demônio.
Querida Deusa. O demônio esteve em seu quarto. Por que não a tinha matado?

Capítulo 8

Ela correu atrás dele, elevando o poder enquanto ia.


Jogando de seu braço, enviou um grande golpe de magia à criatura com a intenção de
congelar toda a água em seu sólido corpo. A retirada da quantidade de energia que tinha jogado a
enviou a toda velocidade para trás, até golpear o tronco de uma árvore. Isabelle gritou da dor que
açoitou suas costas enquanto lutava por concentrar-se no monstro afastando-se dela.
Lançar o poder em uma parede de tijolos teria tido mais efeito. Ele continuou pelo
estacionamento para o confiante casal como se nada tivesse acontecido. Tudo que ela tinha
conseguido fazer era golpear a si mesma.
Freneticamente, tentava encontrar outras armas que usar, mas estava com as mãos vazias.
Nunca tinha sonhado que sua melhor arma, sua magia, seria inútil.
Tinha a pequena, bonita adaga de cobre que Ângela tinha dado, coberta no pulso esquerdo.
Não era muito prática, tendo em conta que teria que aproximar-se do demônio para usá-la. A

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adaga era mais para vê-la, de todos os modos, não para mutilar. Além disso, segundo Miqueias, o
sangue de um demônio era ácido, não propício para ferir já que sairia a fervuras e a atingiria.
— Maldição! —Ela teria trazido uma bazuca se tivesse sabido. Isabelle se separou da árvore
e correu para ele enquanto se aproximava do casal.
— Sr. Boyle — Exclamou Alexander, com um olhar confuso em seu rosto — Er... Hei! Melanie
este é Erasmus Boyle...
Melanie gritou e recuou. Como uma bruxa, ela, sem dúvida percebeu que o que se
aproximava deles não era humano. Boyle mal mascarava sua natureza.
Sem saber do que outra maneira frear o demônio, Isabelle se lançou nas amplas costas de
Boyle, envolvendo suas pernas ao redor de sua cintura como uma rocha e seus braços ao redor de
seu grosso pescoço, em um esforço por asfixiá-lo.
De atrás, ouviu o chiado de pneus sobre o pavimento. Thomas. Graças à Deusa.
O demônio grunhiu, mas seguiu adiante como se não estivesse colada a ele. Agarrou
Alexander e o lançou para cima e sobre o Volvo para chão na calçada do outro lado. Aterrissou
com um golpe baixo e não se moveu.
Melanie se manteve firme, com os olhos muito abertos. Ela se interpôs entre o demônio e
sua filha, que estava pálida e olhando fixamente do assento de passageiro da caminhonete.
Isabelle apertou o pescoço do demônio, apertando até que ela quis gritar pelo esforço, mas
o demônio mal a percebeu, afundou seus dentes na orelha, mas rapidamente se lembrou do
sangue ácido e a soltou. Em troca, percorreu a magia de seu peito e baixou os braços, dispondo-se
a ferver a água no corpo da coisa.
Por favor, ferve, orou ao Deus e a Deusa. Por favor.
Desta vez recebeu uma reação, embora não a que esteve procurando. O demônio recuou
rápido e duramente contra o Volvo. As costas de Isabelle impactaram e ficou sem fôlego. A dor
explodiu e sua visão branca por um momento. Seu agarre falhou e caiu no pavimento aos pés da
coisa.
O demônio só continuou como se tivesse dado um tapa a um mosquito.
Depois que ficou claro, Adam e Thomas atacaram. De sua esquerda chegou um pulso de
poder. O ar chispava quando Adam lançou uma bola de fogo ao demônio, rapidamente seguido
por uma onda de magia sólida, a terra parecia tão profunda e larga como o Grand Canyon.
O demônio bloqueou a bola de fogo com uma mão, extinguindo-a, mas o golpe de Thomas o
sacudiu à direita um pouco. Essa magia podia matar um bruxo ou um mágico, mas só fez o
demônio mais lento.
A criatura se voltou e disparou uma estranha magia para eles. Thomas situou uma barreira
frente a si mesmo e Adam, bem a tempo, mas a explosão ainda os fez cambalear-se para trás. O ar
ondulava com a violenta reação do poder. Estranhamente, sentia-se como a magia de terra,
embora a explosão tivesse um aroma de terra seca amarga, o aroma de demônio.
Boyle se voltou para Melanie.
— Vim por sua filha, não por você — Disse em uma voz profunda e suave com apenas um
traço de um estranho sotaque, desumano — Afaste-se.

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— Um Inferno se o deixo tomar Katie! — Melanie empurrou as palmas de suas mãos contra
o peito do demônio e canalizou toda sua energia através de suas mãos.
A magia da Terra pulsava. Os ouvidos de Isabelle arrebentaram e sua boca se secou com o
sabor da poeira. O demônio cambaleou para trás, continuando, apoderou-se de Melanie e a jogou
sobre o Volvo para chão perto de Simon.
Katie gritava e clamava ao lado do motorista da caminhonete. Isabelle ouviu o desbloqueio e
o retorno do bloqueio das portas, quando a menina percebeu sua segurança. Os bloqueios não
manteriam o demônio fora. No interior do veículo, a menina olhou na direção em que Boyle tinha
jogado sua mãe e chorou. Melanie não se levantava.
Isabelle ficou de pé, fazendo caso omisso do puxão de dor no peito onde pensou que tinha
ouvido algo quebrar-se. Sua visão foi imprecisa por um momento enquanto recolhia seu poder de
novo. Ela não tinha muito em reserva, não é que importasse. Sua magia era só um aborrecimento
para ele. Thomas e Adam tomaram a substituição, enquanto se recuperavam lançando explosão
atrás explosão de magia ao demônio.
Sem um caminho claro para chegar à menina, desde que o demônio se interpôs entre ela e a
caminhonete, uniu-se à briga, lançando todos os truques que conhecia de seu arsenal de magia
aquática, enquanto que ela mesma ficava bem longe do alcance de Boyle.
O demônio se voltou aos três, bloqueando e parando seus ataques. Emitiu um som
frustrado, um grunhido que gorgojeou do fundo de sua garganta. Se ela necessitava um aviso de
com quem estavam lutando, o som completamente desumano o facilitava. Arrepiava cada pelo no
corpo.
Thomas e Adam se mudaram à direita e ela se mudou à esquerda, tentando obter um
espaço o suficientemente claro para entrar em busca da menina. Os homens captaram sua
intenção e começou a atrair à coisa ao lado mais e mais, mais longínquo da caminhonete.
O demônio emitiu de novo um som animal e algo brilhou em suas mãos, havia
desembainhado umas unhas viciosamente longas. Boyle se voltou para ela e as imagens de como
tinha utilizado essas garras em Ângela varreram sua mente. Seus joelhos se debilitaram e seu
coração pulsava mais rápido.
Ela gritou sob seu assalto mental direto, de Ângela gritando, a pele abrindo-se, jorrando
sangue. Uma dor fantasma queimou-lhe o peito, fazendo eco do que Ângela provavelmente sentiu
quando sua magia foi arrancada de suas raízes. Os joelhos de Isabelle cederam e se conteve no
capô da caminhonete, soluçando pelo ataque.
Filho da puta! Ele sabia exatamente quem era!
— Vamos! Por aqui... — Zombou Adam — Está descuidando de nós, pequeno lindo
demônio....
O demônio voltou sua cabeça para trás para os homens e seu ataque benditamente
terminou. O poder do demônio rangia ao longo de sua pele e o mesmo aroma seco e acre
impregnava o ar. Seus ouvidos explodiram e puxou de seu estômago pela força da mesma. A
criatura estava criando um inferno de muito poder.
Adam se lançou em uma ação suicida se alguma vez ela viu uma. Ele correu para o demônio,
o grito de guerra repicou no ar e o fogo rasgou através da calçada a cada lado dele.

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— Aeamon, me irrita! — Gritou Boyle.


A julgar pela força da magia que enchia o ar, a coisa brincava com eles até esse momento.
Agora, Boyle se estava pondo sério.
Graças a Adam, também estava o suficientemente distraído.
Sabendo que só tinha esta oportunidade, Isabelle se atirou ao lado do condutor da
caminhonete e indicou à menina sair. No interior, Katie se congelou, seus olhos se aumentaram e
hesitou, como se estivesse pensando em se era inteligente deixar o veículo.
OH, não. Isabelle freneticamente articulou, Agora!
A menina abriu a porta e se deslizou para fora, a seus braços, as lágrimas corriam por seu
rosto. Isabelle, aproveitado o resíduo de suas reservas, utilizou uma explosão rápida de magia
para influir a água ao redor, pelo que resvalasse a ferida no peito. Fundindo-se e acalmando,
aliviou a dor, enquanto agarrava a menina e corria tão rápido como podia, sem olhar para trás.
Thomas a chamou por seu nome antes que uma explosão de magia golpeasse os homens
como um raio. A reação do poder ondulou e rodou como uma maré atrás dela. Isabel ouviu o pico
da mesma, provou-a, era como sujeira na parte posterior de sua língua, mas ela não podia correr
mais rápido.
Golpeou-a, tropeçou e caiu à frente. Justo antes que batesse contra o pavimento, retorceu-
se para amortecer a queda da menina. A candente dor lavou através de seu peito, fazendo sua
visão imprecisa. Não se parecia em nada à magia que o seguiu. Queimou sua pele e encheu seu
nariz com um aroma doce, ardente, asqueroso. Ofegante, incapaz sequer de respirar, rodou sobre
seu estômago e viu a menina sentada a pouca distância, com um olhar de horror em seus olhos
escuros, o cabelo comprido castanho era um matagal ao redor de sua cara.
— Corre!
O demônio se aproximava.
— Corre! — Isabelle conseguiu gritar uma vez mais quando uma mão carnuda se fechou
sobre seu tornozelo e a puxou para trás.
Cascalho raspava a pele onde sua camisa subiu. Suas unhas arranhava o chão enquanto
tentava encontrar algo onde agarrar-se para deter seu deslizamento para trás, ao inferno.
Ela ia morrer igual a sua irmã.
Isabel procurou em sua manga esquerda e agarrou o cabo da adaga, o último vínculo com
Ângela que possuía nesse momento. Uma pequena coisinha muito artística disfarçado como faca.
A situação chegou a isto, uma arma da terra para usar contra uma besta sobrenatural.
OH, isto assim, não ia bem.
O demônio a volteou como se fosse feita de papel de alumínio e caiu em cima. Parecia
menos humano agora, talvez pelo poder que tinha cedido ao defender-se.
E como sairiam Adam e Thomas em virtude desse poder, de todos os modos? Deusa, não
queria imaginar.
A pele de Boyle brilhava com uma tonalidade avermelhada artificial e seus olhos se tornaram
completa e absolutamente negros, desconcertante como os de Thomas. Então os lábios de Boyle
recuaram e Isabelle teve a visão de uma dupla fileira de dentes muito afiados rodeando uma
língua como um chicote.

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Dentes suficientemente fortes para romper os ossos humanos até a medula.


— Conheço-a — Disse em voz baixa, suave, como a de um amante. Seu olhar riscou as linhas
de seu rosto e um vômito amargo se deslizou em sua garganta — Estive caçando você.
As imagens do corpo arruinado de Ângela uma vez mais passaram por sua mente, mas desta
vez vinham de seu próprio subconsciente, em vez do demônio.
Ela engoliu um soluço de angústia.
— Também estive caçando você — Exclamou através do fedor do demônio um segundo
antes que movesse seu punho com sua adaga para cima, direto à mandíbula da coisa.
A ferida esfumaçou e o demônio gritou. Viu com surpresa e horror como a ferida de arma
branca se abria ainda mais, a carne largando-se nas bordas queimando-se como pergaminho.
O sangue gotejava sobre seu peito, chamuscando um buraco em sua camisa e a pele
queimando. Isabelle gritou e empurrou a si mesma longe dele. No corpo a corpo, esqueceu-se do
sangue.
Esperava que voltasse atrás ela, mas a coisa recuou, gritando e agarrando a mandíbula. Sua
compreensão chegou lenta, por alguma razão o demônio tinha problemas em curar as lesões feita
por sua adaga.
Olhando para a adaga, em sua mão, examinou o bonito cobre, a intrincada gravação no cabo
e a folha brilhante.
Cobre? Poderia ser?
Talvez tivesse uma arma adequada depois de tudo.
Isabel arrancou a camisa, tentando pôr o sangue ácido longe de sua pele, enquanto que o
demônio se separava dela, cuidando de sua lesão, assentou o tecido ao redor de sua mão e o
pulso direito para protegê-la enquanto empunhava a adaga.
Bem a tempo.
O demônio se voltou e gritou, com a mandíbula quase curada. A pele do lugar onde o tinha
ferido parecia vermelha e enrugada, mas já não fumegava, nem sangrava.
Ela não perdeu um momento. Correu ao demônio e o apunhalou no peito, na perna, no
braço, em qualquer lugar em que encontrou carne disponível.
Mais fumaças, com feridas ardendo. Mais bramidos demoníacos. Mais sangue ácido que
Isabelle evitou dançando.
O demônio se separou dela, obviamente sofrendo. Rugiu de novo, desta vez soou como um
animal ferido. Boyle levantou bem uma mão oscilando-a e depois desapareceu.
Calma. Silêncio.
Isabel estava com as pernas trêmulas, olhando o espaço vazio frente a ela com os olhos
muito abertos. Todas as feridas se precipitaram a seu encontro... Igual ao chão. O último que
recordava era a visão do céu recentemente estrelado sobre sua cabeça.
E a escuridão.

Capítulo 9

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Bruxas Elementares 02

— Isabelle?
Ela estremeceu quando uma dor se registrou em seu peito, uma longa, lenta e rascante,
seguida de um batimento de coração persistente. Suas pálpebras se abriram e viu a cabeça de
Thomas bloqueando as estrelas. Ignorando a dor, concentrou-se no importante.
— Thomas, está bem?
— Também está Adam. Os escudos nos mantiveram com vida, mas não conscientes. Todos
estivemos de fora combate por um tempo.
— Boyle se foi — Sussurrou — Como está a menina?
— Ela está bem, sua mãe e o homem não mágico também o estão, embora um pouco
machucados e aborrecidos.
Um movimento chamou a atenção sobre seu lado direito.
— Olá, campeã — Disse Adam, coxeando para eles — Simplesmente não pode chegar a
manter sua camisa posta, não é?
Ela levantou a mão direita. Não tinha perdido seu agarre de morte sobre a adaga inclusive
em sua perda de sentidos. A adaga estava sangrenta e oxidada nesses lugares e o material da
camisa que tinha usado como protetor no cabo estava rasgado e danificado.

— Não acredito que goste do cobre — Disse com um sorriso estendendo-se em seus lábios
apesar da dolorosa queimadura como uma fogueira no centro de seu peito.
Iam fazer pagar a esse demônio.

— Cobre — Murmurou Micah, franzindo o cenho quando deslizou o dedo por uma página de
texto impresso — O cobre... Oh, sim, aqui está! — Murmurou para si mesmo por um momento,
enquanto Thomas se movia com impaciência.
— Os demônios são muito machucados por armas de cobre e têm dificuldade em cicatrizar
as feridas infligidas assim — Micah leu — O cobre também é conhecido por causar uma fraqueza
da estrutura mágica geral da besta e uma reação alérgica na estrutura física — Olhou o texto com
as sobrancelhas levantadas — Huh.
— Huh? — Thomas estreito o olhar — Estávamos quase mortos ali. Esta informação teria
sido útil Micah.
Seu primo estendeu as mãos, indicando as páginas e mais páginas de papéis espalhados ao
longo de sua mesa.
— Vou o mais rápido que posso aqui, chefe. Foi correndo tão rápido depois que isto
enganasse Alexander que nem sequer tive a oportunidade de descarregar ainda todos os
documentos — Passou uma mão por sua face de aspecto cansada. Thomas observou os olhos de
Micah que estavam injetados em sangue e tinha sombras debaixo deles.
— Então não há outros metais, só o cobre?
Micah assentiu com a cabeça.
— Aparentemente. Vou continuar procurando para obter mais informação, mas tem que
saber que alguns estão corrompidos. Há páginas que faltam e…
— Diga-me o que mais descobriu.

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Bruxas Elementares 02

Seu rosto se iluminou imediatamente.


— Há muita informação aqui sobre seu mundo. Eles reinam em sua realidade, depois de ter
exterminado a todas as demais raças. São canibais, também.
— Maravilhoso.
— Parece que pode haver diferentes espécies de demônios, mas a informação relativa não
está clara. Parece que há quatro grupos genéticos, cada um possui traços de personalidade única.
Sua cultura aparece arraigada, de algum modo por como funcionam estas diferentes espécies.
Sabia que em realidade se chamam Daaeman? Esse é o nome de sua raça. Chamam a seu mundo
Eudae — Fez uma pausa com ar espectador.
Depois de um momento Thomas disse:
— Supõe-se que significam algo para mim?
Micah revirou seus olhos.
—Os gregos chamaram os demônios de Daemon, mas com uma ortografia diferente. Que a
ortografia latinizada de D-a-e-m-ou-n está muito perto de como o Daaeman soletra a palavra
como “D-a-e-m-a-n." —Pronunciou as palavras de forma diferente. Daaeman, Micah pronunciou,
Demon. Daaeman, o pronunciou Day-man. (Foneticamente Deiman)
— Os gregos também os classificam em categorias ou raças de benevolentes e maus — Ele
franziu o cenho — Talvez inclusive raças, não estou seguro. Os demônios benevolentes eram
chamados Eudaemons, como o nome de seu mundo.
—Demônios benevolentes? Os gregos estavam equivocados.
Micah negou com a cabeça.
— Não. Não se equivocaram. Sua espécie é como a nossa, alguns de nós fazem coisas
horríveis, mas isso não faz que todos os seres humanos sejam maus. São uma espécie complicada.
Seus lábios se torceram.
— Por favor, desculpa meu injusto comentário.
Micah estendeu as mãos.
— Está perdendo a imagem maior, Thomas. Não vê? Isto sugere que os demônios tinham
tido contato com os humanos faz muito tempo. E, de fato, diz-se que fizeram isso bem aqui — Ele
agarrou um maço de papéis — Diz-se que uma vez havia uma ponte entre os mundos que os
Daaeman podiam atravessar. Que vieram para… — Entrecerrou os olhos, lendo do texto — Caçar,
divertir-se, e apaixonar-se.
Thomas levantou uma sobrancelha.
— Divertir-se? Os demônios se divertem? Apaixonam-se? Espera um minuto, pulam e se
apaixonam pelos seres humanos?
— Sim, e aqui é onde fica realmente interessante. Ao que parece, faz muito tempo os
demônios se uniram com seres humanos e parece que talvez, só talvez... Seus descendentes
fossem bruxas.
Silêncio.
— Não é possível... — Respondeu Thomas com uma voz controlada. Todo seu corpo se
contraiu.

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Bruxas Elementares 02

— De acordo a estes registros, é muito possível. Há lendas de uma espécie de casal de Adão
e Eva, a primeira mulher humana e um macho demônio que se apaixonaram e arriscaram tudo
para ter filhos juntos.
Thomas instantaneamente pensou no sangue ácido que corria pelas veias de um demônio.
— Os demônios e os seres humanos são capazes de reproduzir-se?
— Não, atualmente. Não é fisicamente possível que uma mulher humana gere um bebê
demônio. Realiza-se um feitiço para que isto ocorra, um feitiço apoiado nos elementos.
O choque atravessou Thomas como mistérios alinhados. Durante muito tempo nada se
soube de suas origens, apesar de que os filósofos do Aquelarre debatessem diferentes teorias sem
fim. Por muito que Thomas resistia a admiti-lo, isto tinha um fio plausível.

— Este primeiro casal teve quadrigêmeos — Continuou Micah — Cada um desses bebês
herdaram uma tendência para um dos elementos. Eram os primeiros bruxos da terra, ar, água e
fogo. Outras uniões demônio/humanos seguiram, e mais crianças nasceram através do uso do
feitiço dos elementos. Este é o acervo genético do qual somos descendentes.
Isso tinha uma irritante quantidade de sentido. Emparelhamentos entre bruxas e não
mágicos quase nunca produziam um bebê. A razão não foi determinada, já que biologicamente os
bruxos pareciam completamente humanos.
Micah continuou.
— Os Daaeman chamam as bruxas e bruxos Eeamon, sua palavra para mestiço.
Thomas se sacudiu, recordando como Boyle o tinha chamado justo antes que os golpeasse
com um trovão de magia.
— Então digamos que, hipoteticamente, a magia dos bruxos, nasceu da magia demoníaca.
Acha que a magia dos bruxos seria impotente frente à magia demoníaca, devido a isso?
Micah se recostou em sua poltrona de couro, fazendo-a queixar-se e juntou suas mãos atrás
de sua cabeça. Contemplou a questão um momento antes de responder.
— A magia das bruxas é, provavelmente, perto da metade de poderosa que a magia
demoníaca. Além disso, é fundamentalmente diferente em natureza, deve ter sido deformada
pelo elemento do feitiço jogado originalmente para permitir a primeira gravidez.
— Então? — Micah poderia pontificar durante horas. Thomas só queria um sim ou um não.
Fez uma pausa, pensativo, e depois encolheu os ombros.
— Acredito que todas as apostas estão fora. Não há maneira de saber por que nossa magia
não pode fazer nada contra eles.
—Portanto, a velha pergunta foi respondida. Os bruxos não são realmente humanos, depois
de tudo. Os filósofos do Aquelarre vão se divertir com esta informação.
— Temos um pé em ambos os mundos, mas parece que pode ser um amálgama entre
demônio e humano.
Thomas reprimiu um calafrio e mudou de assunto.
— Encontrou os pontos fracos, além dos metais?
Ele negou com a cabeça.
— Se eu o tivesse, teria sido o primeiro ao que teria dito.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

— Já sei.
Micah jogou para trás os papéis dispersos.
— Como estão Adam, Isabelle, e os outros?
Thomas passou uma mão pelo cabelo.
— Adam e Isabelle foram ver o médico, mas estão principalmente muito bem. O não-
mágico, Simon Alexander, enviamos para casa. Katie e sua mãe, Melanie, estão aqui no Aquelarre,
sob vigilância. É o máximo que podemos fazer por elas agora mesmo.
—Então, qual foi a conexão de Alexander com o demônio?
— O demônio não tinha nenhum interesse direto nele. Boyle o estava utilizando como uma
forma de chegar à menina, Katie. O demônio tinha entrado em contato com o Alexander através
da loja de motocicletas, onde trabalha. Boyle monta uma Harley de época, aparentemente. Assim
é como soube da menina. Não estamos seguros por que a queria. Tampouco estamos seguros se o
demônio deliberadamente soprou os pensamentos a Mira, mas não vejo em que o teria
beneficiado. Agora mesmo parece como se o distinguisse por pura casualidade.
— Parece que Isabelle fez um trabalho fantástico derrubando-o.
— Todos poderíamos ter morrido se não fosse por ela.
Micah sorriu.
— Ouvi admiração em sua voz.
Thomas devolveu o sorriso.
— Acredito que também é muito, muito quente.
— Sabia que o fazia.

Stefan se sentou na borda de seu beliche, com sua loira cabeça de cabelo perfeito, inclusive
em cativeiro, fez uma reverência. Thomas tinha chegado a Gribben imediatamente depois de sua
inquietante conversa com Micah. Stefan tinha respostas e Thomas odiava isso. Agora Stefan tinha
uma carta na manga.
Não sentiu a necessidade de levar Isabelle com ele por isso, apesar de ter especificado que
queria ser incluída em qualquer comunicação oficial do Aquelarre com Stefan. Isto era algo
pessoal.
Thomas se deteve diante de Stefan.
O bruxo levantou a cabeça, um sorriso de suficiência se estendeu sobre seus lábios.
— Toquei-a, já sabe. Deixou-me senti-la antes que me atacasse. Seus seios são belos. São
saborosos contra os lábios de um homem, lisos e suaves. Ainda não os beijou?
Thomas o olhou, apertando os dentes enquanto tentando não reagir diante a óbvia isca.
Sua voz trocou de doce como o mel a mordaz.
— Vejo como a olha, essa bruxa cadela. Foi coup de foudre? Foi amor à primeira vista,
Thomas? Ou simplesmente quer fodê-la? De qualquer maneira, espero que sempre recorde que
fui o primeiro.
— Nunca a fodeu — Mantendo fortemente as palavras. O bruxo parecia saber que botões
apertar.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

Stefan sorriu.
— Como pode sabê-lo com certeza?
Thomas deu meia volta e caminhou longe, tentando duramente manter sua ira sob controle.
Estar junto a Stefan era difícil no melhor dos casos, agora era quase impossível. Não perderia os
estribos com Stefan de novo. Dava um aspecto débil, não controlado.
Stefan riu suavemente e se apoiou contra a parede atrás dele.
Thomas se voltou para o bruxo.
— Acabo de falar com Micah, que terminou de examinar alguns dos documentos que nos
facilitou. Eles apontam a um vínculo genético e mágico entre os demônios e os bruxos. Por que os
Duskoff não compartilharam esta informação com o Aquelarre?
Stefan se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e estendendo as mãos.
— Não é como se fôssemos organizações amigas, Thomas. Esta ingenuidade é irritante. Por
que os nigromantes compartilhariam algo com as bruxas? Que possível vantagem ganhariam os
Duskoff?
— Somos inimigos, mas ainda compartilhamos uma raça — Disse Thomas com os dentes
apertados — Por desgraça.
Stefan deu um lento sorriso.
— E esse é o núcleo que o incomoda, não é? Compartilhar uma raça? Preocupa-se que as
bruxas possam ser descendentes dos demônios. Preocupa-se que você e seu Aquelarre que lutam
tão duro para ser uma força do bem, entretanto, podem provir de uma gente estranha, escura e
violenta. Ocorreu a você, Thomas, que os nigromantes podem ser mais fiéis à natureza de seus
pais que as bruxas? Preocupa-se que todos os nigromantes tenham esta propensão pelo caos,
devido a nossa genética?
Isso é exatamente o que tinha ocorrido, apesar de que não queria admiti-lo a Stefan. Assim
voltou para sua razão para forçar-se a estar na mesma sala com Stefan em primeiro lugar.
— Que mais sabe disto?
Stefan se uniu a seu olhar.
— Eu sei que é verdade. Posso senti-lo no centro de meu ser. Sinto-o cada vez que tomo
uma vida porque o ato me enche de uma sensação de poder. Somos superiores sobre os não são
mágicos, Thomas. Não vê? Aceita o que é e se dê conta desta verdade.
Havia um brilho selvagem em seus olhos e Thomas se perguntou por um momento se o
encarceramento em Gribben poderia despojar Stefan de sua prudência. É óbvio, mais que
provável que a prudência de Stefan tivesse sido fraca antes que o capturaram.
Stefan se inclinou para frente, sua voz se transformou em apaixonada.
— As bruxas e bruxos poderiam descartar os não mágicos se combinarmos nossos esforços.
Alguma vez pensou no poder que temos, Thomas? Poderíamos tomar o mundo. Alguma vez pensa
nas possibilidades?
Thomas o olhou durante um longo momento antes de responder, a expressão sombria, a
mandíbula apertada.
— Não, eu não penso nisso. Mas acredito que tem um complexo do tamanho de seu pênis.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

A face de Stefan caiu e piscou lentamente. Sua expressão quando desviou o olhar só pôde
ser descrita como vulnerável.
— Controle, Thomas. Tenho um complexo sobre o controle. Isso é algo do que um
nigromante tem bastante. — Sua voz tremeu
Por um momento, Thomas quase acreditou entender Stefan. Esse segundo de medo
queimou em sua psique. Ele conhecia a história de Stefan, sabia do abuso que tinha sofrido nas
mãos de seus pais biológicos, sabia que tinha sofrido ainda mais quando escapou dos serviços de
proteção infantil na França e sobreviveu na rua. Sabia que foi formado como o vidro quente nas
mãos de um artesão por seu pai adotivo, William Crane.
Controle? Sim, apostaria que Stefan tinha problemas com o controle. Assim como qualquer
que tivesse estado tão completamente sob o polegar de outro durante toda sua vida. A amargura
picou na parte posterior da língua de Thomas. O último queria sentir por Stefan era a empatia.
—Um nigromante tem o controle, diz? — Thomas entreabriu os olhos — Não aqui em
Gribben.
Foi incapaz de tê-lo à vista por mais tempo. Thomas deu meia volta dirigindo-se para a saída.
A risada insana de Stefan o seguiu pela porta e pelo corredor.
Thomas ainda podia ouvi-la ressoar em sua cabeça inclusive quando tinha deixado Gribben,
com alívio total, e encontrou refúgio na biblioteca do Aquelarre.
Deixou-se cair na poltrona de couro frente a sua escrivaninha, apoiou os cotovelos nos
braços e olhou pela enorme janela no final da sala, disposto a deixar para trás o som de sua risada.
A voz de Stefan, sua risada, a borda de simpatia que sentiu por ele na cela, tudo isso o infectava.
Fez desejar um gole e algo forte e úmido para enchê-lo.
— Thomas? — Uma quente mão tocou a parte superior do seu braço. Voltou a cabeça para
ver que se tratava da face de Isabelle. Não a tinha ouvido entrar na biblioteca, coisa que outra
bruxa não teria se atrevido a fazer sem permissão, não outra bruxa, só Isabelle.
Thomas descobriu que não se importava.
Ela tinha trocado sua arruinada roupa, por uma longa e azul saia camponesa até o tornozelo
e uma blusa branca. Seu cabelo comprido e solto sobre seus ombros. Mostrava-se bonita, mas ela
sempre se mostrava bonita.
Ficou de pé, resistindo a tentação de agarrá-la e enterrar sua face em seu cabelo. Queria
tomá-la, subir a seu quarto e afogar-se em sua suavidade, aroma, e curvas. Afundar-se nela seria
destituir a risada de Stefan. Seu corpo, sua respiração e seu espírito podiam afastar tudo e deixar
só prazer. E ela o deixaria. Thomas sabia que queria que a tomasse... Mas foi ferida no peito.
— Está bem?
Ela assentiu e tocou as costelas.
— Não foi uma lesão grave, só um pouco de dor. O Doutor Oliver me consertou com a ajuda
de uma bruxa de fogo. Mas o que acontece com você? Disseram-me que não foi ainda ver o
médico — Deu uma olhada à roupa rasgada e suja — Nem sequer se trocou.
— Estou bem. Só trabalhando.
Ela o obrigou a voltar-se para ela e afastou o cabelo de seu rosto.

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Bruxas Elementares 02

— Para mim, não parece bem e se sente cansado e com problemas. Suas emoções estão...
Retorcidas. Por que não foi ao doutor?
— Não estou machucado, Isabelle.
— Então, por que parece tão machucado para mim?
Ele sorriu.
— Eu não sabia que se importava.
Ela sorriu, olhou ao longo de seu corpo e deu uma lenta piscada.
— Talvez esteja preocupada que não se sinta bem para continuar onde paramos no
apartamento.
Ah. Ele riscou a curva de sua mandíbula com a ponta de seu dedo polegar.
— Penso no que disse ali. Quero você, Isabelle, mas talvez você não…
Ela alcançou seu corpo e tocou sua virilha.
— Tenho que apagar tudo, Thomas — Sua voz tremeu — Quero estar limpa. Pode fazer isso
por mim? Fazer que tudo se vá por um tempo? O demônio, as lembranças. Afogue-me em você...
Uau. Sinos de alerta soaram em sua cabeça. Ela queria o mesmo que ele. Talvez pudessem se
ajudar mutuamente. Entretanto, isto ia muito rápido, ia acontecendo coisas muita rapidamente,
parecia muito imprudente.
A necessidade anulou a razão em dois segundos.
Não podia esperar por sentir sua suave pele contra a sua, para deslizar seu pênis em seu
sexo e senti-la gozar a seu redor. Thomas queria escutar todos os sons doces que fizesse enquanto
chegasse a seu clímax. Como um homem que não teve nada para comer ou beber nas últimas
semanas, agarrou-a pela cintura e a beijou.
Não há dúvida. Nada mais que dizer. Só fazer.

Capítulo 10

Suas mãos encontraram seu cabelo e o fechou suavemente em um punho, controlando sua
cabeça enquanto explorava a fundo sua boca.
O fôlego de Isabelle se entrecortou e um estremecimento de prazer correu por ela pela
pressão de seus lábios e os cuidadosos golpes de sua língua contra a sua. O homem
provavelmente poderia fazê-la gozar só com seu beijo. A pura sensação de perder-se na
masculinidade e a magia, o sabor de sua boca sobre a dela, tudo isso tinha tirado, literalmente, a
respiração, fazendo-a instável em seus pés.
Agora se afogava nele. Isso é o que tinha querido.
Ele a beijou com força e profundamente, dirigindo sua língua além de seus lábios e
obrigando a sua língua a manobrar com a sua. Seu poderoso peito se esfregava contra seus tensos
mamilos através do tecido de sua camisa e seu duro pênis se cravou em seu estômago através de
suas calças. Ela ansiava acariciar a impressionante ereção, só queria ter seu peito nu contra o seu
enquanto seu pênis se afundava profundo em seu interior.

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Bruxas Elementares 02

Mal tinha entrado na biblioteca, o estado de ânimo de Thomas se fechou sobre ela em um
manto de ira, dor e confusão. Exteriormente o mundo o via tão frio e controlado. Interiormente,
uma quente paixão florescia. Essa contradição era o que Isabelle achava incrivelmente atraente.
Grosseiramente tensa ao final da apertada correia que Thomas mantinha em seu comportamento.
Isabelle tinha a intenção de libertá-lo.
Uma vez que tocou seu ombro e ele se voltou para ver sua face, toda a complexa,
transbordante emoção se transmutou a pura fome sexual. Fome por ela. Apesar de que ele tinha
tentado de subtrair importância, esteve ali, fazendo gestos.
Ela não tinha visto algum propósito permitir que o belo homem não tivesse resposta. Ela
também o necessitava.
Deusa, necessitava-o muito neste momento. Tinha as mãos apertadas na parte superior de
seus braços, onde seus duros músculos se agrupavam e flexionavam.
— A porta não está fechada — Assinalou ela sem fôlego quando finalmente chegou um
pouco de ar.
— Não me importa. Não importa de todos os modos. Ninguém entra aqui sem bater...
Exceto você — Respondeu antes de atacar sua boca de novo. Então levantou a cabeça —
Camisinha, maldição.
Ela negou com a cabeça e sorriu.
— Estou protegida.
— O que quer dizer?
— Não posso ter filhos. Meu ciclo de ovulação é irregular.
Ele piscou.
— Sinto muito.
— Assim é a vida, não? É uma cadela às vezes.
Teve a familiar perda de nunca poder ter filhos, mas o suprimiu. Sua vida não estava feita
para pequeninos, de todos os modos.
Obrigou a sua boca deixar a dela por um momento antes de murmurar
— Faz que seja doce por um tempo, Thomas.
Reuniu sua saia com uma mão, empunhando-a e arrastando-a para cima, enquanto que ele
usava sua outra mão para aproximá-la para si. Com sua coluna vertebral curvada, obrigando a seu
corpo contra o seu, quando sua boca desceu a sua garganta para lamber e mordiscar. A pele se
arrepiou sobre seu corpo e um gemido escapou de sua garganta.
Suas mãos encontraram os botões da camisa ensopada na batalha e começou a trabalhar em
tirá-la, ela não via a hora de explorar esse bonito peito e esses abdominais marcados que tinha
revelado esse mesmo dia. Ela queria lamber cada centímetro de sua tatuagem. Havia tanto que
fazer.
Se alguma bruxa os interrompesse agora, congelaria-as onde se encontrassem.
Ele terminou de puxar sua saia, chegando a sua cintura e deslizou sua mão por suas
calcinhas, procurando sua quente, úmida e muito ansiosa...
Se ele a queria preparada, bem...

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Isabelle estava excitada do momento em que tinha entrado na biblioteca e o encontrou


sentado ali, observando melancólico. O homem a deixava quente como ninguém.
Ela abriu suas pernas, dando um melhor acesso. Seus dedos acariciaram as dobras e
encontraram seus clitóris. Seu fôlego assobiou. Ele a esfregou com as pontas de seu dedo
indicador até que disparou seu prazer.
— Isso é bom? — Murmurou ao ouvido dela.
Ela fez seu melhor esforço por não ofegar.
— Se não estiver dentro de mim logo, vou gozar em sua mão.
Ele sorriu contra o lóbulo de sua orelha.
— Suponho que isso é um sim.
— Sim.
Movendo sua cabeça para um lado e mordiscando o caminho por sua garganta, fazendo-a
tremer, pondo-a mais quente e mais úmida entre suas coxas. Thomas fazia amor, como ela tinha
suposto que o faria, impondo-se e afligindo-a.
Ele emitiu um som baixo em sua garganta quando ela deslizou as mãos sobre o peito dele,
enredando seus dedos através do punhado de pelo escuro. Ela tinha um flash empático do muito
que gostava de ser tocado. Ele sofria por isso, ansiava suas mãos e seus lábios sobre ele. Talvez,
devido a sua posição no Aquelarre, não era frequentemente muito acariciado.
Ela definitivamente podia compensar algo disso agora. Com muito prazer.
Isabelle se deixou cair de joelhos diante dele, dando um olhar tímido enquanto desabotoava
o cinto e os botões das rasgadas e sujas calças. Diabos, precisava tirá-la de todos os modos.
Manteve o olhar nele, baixou as calças e cueca, e depois permitiu tirar junto com seus sapatos. Ela
recuou sobre seus calcanhares e ficou olhando.
Aah. O homem era um Deus.
Sua boca se secou ao vê-lo ali de pé com tão somente sua camisa desabotoada. Tinha o
corpo de um homem que se exercitava regularmente, alguém que realmente fazia cargo de si
mesmo. As pernas fortes se reuniam em quadris estreitos unindo-se em uns abdominais marcados
e a seguir nessa extensão maravilhosa de musculoso peito que induzia a babar.
E seu pênis.
Não, este homem nunca sentiu vergonha em um vestuário nenhum um dia em sua vida.
Agarrou a ampla base e deixou que seu olhar comesse as veias viscosas que atravessavam a
inchada, suave cabeça de seu pênis.
— Mmm — Murmurou antes de lambê-la.
Thomas praguejou em voz baixa e empunhou suas mãos em seu cabelo.
Ela o olhou.
— Tenho a sensação que este lindo pênis esteve descuidado, Thomas. O que acontece com
as mulheres neste Aquelarre?
Abriu a boca para responder, mas ela baixou seus lábios ao redor de seu eixo, relaxando os
músculos da garganta para que pudesse tomá-lo mais profundamente. Um gemido afogado de
prazer saiu de sua boca. Ele inclinou sua cabeça para trás e fechou os olhos.

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Bruxas Elementares 02

Isabel fechou os olhos, também, desfrutando de seu aroma almiscarado e seu sabor, e a
forma em que seu corpo se esticava de prazer. Ela acariciou suas tensas bolas quando passou a
língua e os lábios sobre ele, amando a maneira em que poderia manter em transe este poderoso
bruxo, deixando-o sem sentido, com apenas a passagem de sua boca.
Era melhor que a magia.
Seus dedos fortes a tomaram pela parte superior do braço, arrastando-a para cima.
—Faz isso bem — Murmurou com os olhos entrecerrados — Mas agora quero uma
mudança.
—Não sou eu que vai objetar.
Ele a guiou a sentar-se na borda da mesa, empurrou a saia até a cintura e puxou de suas
calcinhas para baixo e fora de suas pernas. A seda sussurrou sobre sua pele e logo se foram.
Ele sustentou o olhar enquanto deslizava suas mãos até suas coxas e pouco a pouco as
separavam. O ar frio banhou seu já palpitante, e necessitado sexo.
Mantendo os joelhos bem separados, Thomas se inclinou e arrastou seus lábios do interior
de seu joelho para cima, estalando a língua de vez em quando para provar sua pele. Quando
chegou ao topo, empurrou-a para a borda da mesa e afundou a face em seu calor, fazendo-a gritar
de assombro e gemer. A visão da cabeça escura que se encontrava entre as coxas quase a desfez.
Sua hábil língua encontrou seus clitóris e lambia enquanto mantinha suas coxas abertas com
as mãos fortes. Isabelle arqueou as costas e procurou apoio na mesa, papéis, canetas, e a
parafernália de escritório estavam condenados. Tudo se deslizou, caiu no chão.
Ele encontrou a abertura de seu sexo, escorregadio e quente com mel, e esfregou o local
sensível até que ela jogou a cabeça para trás em um gemido. Depois deslizou dois dedos em seu
interior, da forma em que queria seu pênis, e empurrava, entrando e saindo enquanto lambia seu
inchado, excitado clitóris.
Seus dedos estavam brancos, onde se apertava na mesa. O resto do mundo desapareceu
enquanto subia pela borda de um clímax com rapidez. Ele encontrou seu ponto G com infalível
precisão e arrastou seus dedos sobre ele. Ela resistiu, suspirou e moveu seus quadris com seus
impulsos, completamente alagada e superada pela sensação.
Seu clímax a estremeceu, passando pela base de sua espinha e depois explodiu para cima,
envolvendo seu corpo em um banho de doce prazer que tinha seu nome saindo de seus lábios
uma e outra vez. Ele continuou, implacável em sua atenção a seu orgasmo, conduzindo-a mais
forte e mais rápido até que ela teve que sufocar seus gritos para não trazer a totalidade do
Aquelarre correndo.
Enquanto as ondas de seu poderoso orgasmo ainda se apoderava dela e seus músculos
tinham a consistência da manteiga quente, Thomas a virou para pô-la de barriga para baixo, em
cima da mesa. Os documentos, pastas e canetas que não tinha caído da primeira vez foi ao chão.
Nenhum dos dois prestou atenção.
Apertou a cabeça de seu pênis contra sua abertura e abriu suas coxas mais amplamente para
ele, apanhando-a em uma bruma de prazer decadente e necessidade física. Os saltos que usava
fazia a diferença em suas alturas, fazendo esta posição perfeita e altamente erótica.

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Bruxas Elementares 02

Pôs sua bochecha avermelhada contra a parte superior da mesa fresca e suave, frisando seus
dedos ao redor da borda.
— Sim — Suspirou ela, fechando os olhos.
Thomas agarrou seus quadris e, incrivelmente centímetro a centímetro, foi empalando-a
com seu pênis. Suas coxas golpearam a borda da mesa igual a sua parte traseira em contato com
Thomas enquanto este se inundava até o punho em seu interior. Relaxou-se, permitindo que seu
corpo se estirasse para dar capacidade a sua largura e comprimento.
— Isto é bom, Thomas... — Disse sem fôlego. Enchia-a tão deliciosamente que fez brotar
lágrimas de prazer. Não era um anjo, mas tinha passado muito tempo desde que esteve com um
homem.
— Não tão bom como isto — Ele saiu lentamente e empurrou outra vez dentro. Ambos
gemeram. Criou um ritmo lento que permitia sentir cada centímetro de seu delicioso pênis
introduzindo-se e saindo de seu interior.
Cada impulso fazia cambalear sua mente e acelerar a respiração quando ele a empurrou
mais e mais perto do clímax. Seu corpo aflito com o prazer, quando a cabeça esfregou seu ponto G
nesta posição e o lento deslizamento do pênis.
Nesse momento que perdeu a capacidade de pensar em tudo, ele lhe deu o conhecimento
da pura sensação sexual, aumentado o ritmo de seu eixo, tomando-a mais duro e mais rápido.
Ela se pendurou, com as coxas golpeando a mesa em cada primário, animal impulso de seu
pênis. Isabelle amava quando um homem sabia o que fazia e tomava o controle durante as
relações sexuais, e Thomas sabia o que estava fazendo.
Outro poderoso orgasmo se apoderou dela, sacudindo-a até a medula. Os músculos de seu
sexo pulsavam e se contraíram ao redor de seu pênis ainda empurrando, o prazer explodiu através
de seu corpo. Ela arranhou a superfície de sua mesa.
Seu grande corpo se estremeceu e se esticou em seu contrário. Deixou escapar um gemido
baixo que fez o pelo em seu corpo se arrepiar, e depois sussurrou seu nome.
Uma vez que o tremor tinha diminuído para ambos, viram-se envoltos muito pouco
elegantemente em sua mesa e respirando com dificuldade.
— Ufff — Foi tudo o que Isabelle pôde pronunciar.
Thomas a ajudou a levantar-se, voltou-a para ele e a beijou. O beijo foi longo e lento, todos
os lábios foram uma carícia e com beliscões gentis de seus dentes. Ela suspirou com satisfação em
sua boca e permitiu segurá-la perto. Seus dedos brincavam com os botões de sua camisa,
desabotoando-os um por um.
— Nunca serei capaz de olhar sua mesa da mesma maneira — Murmurou ela.
Ele acariciou seu seio, onde se inchavam por cima de seu sutiã.
— Venha a minha cama e me deixa mudar sua perspectiva sobre esse móvel, também.
Ela emitiu uma risada satisfeita, baixa e gutural.
— Confia em mim, nunca considerei sua cama com algo em meus planos para entrar nela.
Seu longo cabelo roçou a pele nua e ela estremeceu. Ele segurou seu seio e esfregou a ponta
de seu dedo polegar sobre o mamilo através da seda de seu sutiã.

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Bruxas Elementares 02

— Pensa que seu plano teve êxito — Fez um gesto para a porta — Vamos, já é tarde. Com
certeza que podemos fazer todo o caminho a meu quarto meio nus e não ser vistos.
Ela riu e mordeu o lábio inferior considerando-o. Isabelle queria sentir seu corpo nu e em
movimento contra o dela, queria sentir o luxurioso lamber de todo esse cabelo contra sua pele.
— Eu aposto com você um favor sexual, o ganhador escolhe, que nos encontraremos com
alguém no caminho a seu quarto. As probabilidades estão comigo. É a lei de Murphy.
Ele encolheu os ombros.
— É uma situação de ganhar ou ganhar para mim. De qualquer maneira termina esta noite
em meu quarto.
— Então vamos.
Thomas colocou a calça, mas deixou sua camisa aberta e com seu cabelo revolto. Isabelle
deixou cair sua saia em seu lugar e vestiu a camisa.
Saíram da biblioteca e abriram caminho através do vestíbulo e as escadas. Sussurrando em
voz baixa um com outro, passaram pelos corredores escuros do Aquelarre, o lugar parecia
acolhedor e íntimo para Isabelle esta noite.
Quando estavam perto do quarto de Thomas, dobraram uma esquina e se encontraram cara
a cara com o Adam. Ficou olhando-os por um momento e depois explodiu em um sorriso.
— Vamos, chefe, menino mau, mau — Arrastando as palavras com uma piscada antes que
seguisse seu caminho.
Isabel sorriu.
— Ganhei.
A reação de surpresa de Adam em ambas as ocasiões que tinha visto ela e Thomas juntos
confirmou a intuição de Isabelle. Apesar do quente que é Thomas, não era conhecido exatamente
por suas façanhas sexuais no Aquelarre. Thomas Monahan era, para todos os efeitos, o rei dos
domínios das bruxas. Talvez as mulheres o evitavam por seu título.
Ao vê-lo abrir a porta de seu quarto, parecia difícil de acreditar. Ela sabia que ele era
considerado o líder máximo do Aquelarre, mas, também era um homem. Não só era um qualquer,
ele era o mais notável que Isabelle tinha visto em um muito longo tempo, fisicamente bonito,
inteligente e encantador, que possuía uma tentadora justa posição de paixão e controle.
Embora quando ele a olhou fixamente em meio de penumbra de sua sala de estar, não se via
completamente controlado. Parecia que inclusive não tinha o suficiente dela, e a queria por um
longo tempo. Por um momento, o fazia querer apegar-se a ele.
É só sexo, recordou-se.
Em vez de ceder à tentação de fugir, obrigou-se a caminhar ao redor de sua elegante
instalação. Sob seus pés havia um chão de madeira polida, coberta em alguns lugares com tapetes
de felpa com escuras cores primárias. Um fofo sofá bege situado em um ângulo na sala de estar
frente a um televisor de plasma que Isabelle duvidava que Thomas alguma vez ligasse.
Na esquina oposta havia uma escrivaninha provida de um moderno equipamento de
computação de última geração. Estantes de livros percorriam ao longo da sala. Uma escura
cozinha, encontrava-se separada da sala por um balcão de café da manhã, a sua direita. Ela só

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Bruxas Elementares 02

podia ver uma dispersão de panelas, frascos e outros recipientes nas prateleiras, provavelmente
para o lançamento de feitiços.
Este era um lugar agradável. Mais como o apartamento de anela que as instalações padrão
do Aquelarre, que eram um pouco mais parecidas com uma suíte de hotel.
Deu um passo para ela e seu olhar se apressou a unir-se com seu. Ela deu um passo
involuntário para trás, longe de sua intensidade natural. Às vezes podia ser entristecedor.
Thomas a estudou por um momento.
— O que está errado, Isabelle?
Ela respirou fundo, cheirando sua tênue colônia. Algo profundamente dentro dela se
revolveu e afugentou sua repentina inquietação. Sob o olhar, a extensão do peito meio nu. O
espetáculo fez a sua testa elevar-se especulativamente.
Uma risada retumbou através dele.
— Acredito que nada está errado — Deu a volta, tirou a camisa e a jogou no sofá. Depois
caminhou por um corredor e desapareceu em um dos quartos.
Ela o seguiu, observando um amplo banheiro e um quarto de convidados antes de chegar à
suíte principal. Thomas estava perto de uma cama king size com dossel. Uma lareira estava na
parede justo em frente dele. A porta do banheiro estava a sua direita. Ela se aproximou e deu uma
olhada. Era assim como ela tinha esperado, ele podia fazer uma festa em sua banheira.
Caminhou para ele se queixando.
— Minha suíte não é nada como isto.
— Eu vivo aqui todo o ano. A maioria das suítes são para pessoas que não o fazem — Deu
um passo para ela e baixou a voz — Devo a você um favor sexual. Tire essa roupa e sobe na cama.
Isabelle estremeceu com o comando de sua voz.
— Não sou a que deve estar te dando ordens?
— Acredito que você gosta mais quando eu o faço.
Sim, ele tinha um ponto.
— O que acontece se me nego?
Ele a presenteou com um sorriso malicioso.
— Vou tirar isso assim, por favor, faça-o.
— Hmm, tentador, mas acredito que prefiro zombar de você um pouco.
Tirou os sapatos e desabotoou a camisa lentamente, deixando que aparecesse um pouco em
seu decote o sedoso sutiã que usava antes de jogar sua camisa no chão. A seguir foi a saia, que se
deslizou ao tapete com um sussurro, deixando-a em tão somente seu sutiã. Suas calcinhas
estavam em algum lugar do escritório de Thomas, à espera de dar à senhora da limpeza um
péssimo momento. Por último, voltou-se e tirou o sutiã, depois o estendeu entre dois dedos antes
de deixá-lo cair sobre o tapete.
Isabelle se voltou e caminhou pelo tapete para Thomas. Seu olhar comia cada centímetro de
sua pele enquanto se aproximava. Quando o alcançou, enganchou uma mão à cintura de suas
calças e puxou-o para ela.
— Vou tomar meus favores sexuais agora.

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Bruxas Elementares 02

Seus olhos eram insondáveis, negros e intensos. Enfocando esse profundo olhar nela, baixou
a cabeça e beijou o lugar justo debaixo do lóbulo de sua orelha. Sua voz retumbou e se deslizou
sobre ela como chocolate quente.
—Sobe na cama — Não deu oportunidade de obedecer, em seu lugar a pressionou até deitá-
la sobre o colchão. Com seus joelhos já fracos, obtenho-o facilmente.
O cabelo de Thomas formou uma cortina escura ao redor deles, criando sua própria
habitação privada, quando baixou a cabeça e roçou seus lábios com os dele e depois mordiscou do
superior ao inferior sucessivamente antes de deslizar sua língua em sua boca para acariciar com
frouxidão seu interior. O beijo foi doce e lento como o melaço esquentando o sangue.
Isabelle levantou o quadril e o pressionou através do tecido de suas calças. Ele rompeu o
beijo com um gemido e deslizou uma mão sob seu traseiro, pressionando sua pélvis para baixo em
seu sexo para que ela pudesse sentir o canto duro de seu pênis.
Deusa, ia deixá-la louca.
Ela puxou a cintura de suas calças e sussurrou:
— Vamos tirar estes, de acordo? — Seus dedos fizeram um trabalho rápido com seu cinto e
os botões. Logo o resto de sua roupa foi tirada do meio de ambos. Thomas baixou a seu corpo,
deixando pequenos beliscões e beijos através de seu abdômen.
— Não só está linda, também tem um sabor delicioso — Sua cabeça escura desapareceu
entre suas pernas e ela gritou de surpresa. Então todo o ruído que produziu, foram gemidos
quando meticulosamente passou sua língua por seu inchado clitóris com sensibilidade deliciosa.
Uma vez que tinha conseguido despertar seu ponto culminante, trabalhou seu caminho de
volta a seu corpo, saboreando sua pele na curva de sua cintura aqui, beliscando a curva do
estômago.
Seu cabelo a roçava cada vez que se mudava, sedoso e suave, arrepiando a pele. Prestou
especial atenção a cada um de seus mamilos, lambendo cada dobra e greta mais fastidiosamente
que um gato. Todo o tempo ele a acariciava entre suas coxas, a trazendo para esse lugar bendito
onde não podia formar nenhum pensamento coerente.
No momento em que deslizou dentro dela, retorcia-se no colchão debaixo dele como se
estivesse no cio, arqueando as costas e empurrando seus quadris para impulsionar seu pênis o
mais profundo possível dentro de seu corpo.
Ela não podia recordar a última vez que foi tão bom, não podia recordar a última vez que
teve múltiplos orgasmos desta maneira. Isabelle não era nenhum anjo. Ela tinha perdido sua
virgindade sendo até jovem e teve um montão de amantes em sua vida, mas a química entre ela e
Thomas era algo totalmente diferente, melhor.
— Está usando um feitiço em mim? — Perguntou espessa na penumbra, com o Thomas
olhando seu rosto. Com seus quadris balançando-se pra frente e para trás enquanto deslizava
dentro e fora dela — Uma espécie de encantamento da terra que me cativa?
— Eu nunca faria isso, Isabelle. Isto é só você e eu.
— Talvez seja a atração água-terra.

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Bruxas Elementares 02

— Por que está tentando encontrar uma explicação? Deixa que aconteça o que tem que
acontecer — Moveu seus quadris e entrou nela de outro ângulo, alcançando seu ponto G e
bombeando mais duro e mais rápido.
Seu orgasmo a golpeou então, arqueou as costas e afundou seus dentes no lábio inferior
para conter seus gritos. Ele baixou e suavemente mordeu sua garganta enquanto seu clímax se
estendia por todo seu corpo. Seu orgasmo provocou o dele e ambos gritaram em êxtase juntos.
Mais tarde, depois que Thomas a havia trazido para seu lado e seu cabelo cobria a parte
superior do braço e o ombro como uma manta, ele dormia, mas ela se manteve acordada. Não
podia recuperar o fôlego ou manter os olhos fechados o tempo suficiente para conquistar o sono.
Com cuidado, saiu de seu lugar e se sentou olhando-o dormir durante vários minutos. A luz
da noite além da janela apanhada os fios negros de seu cabelo, fluindo prateados, e esparramados
sobre o peito e os braços. O lençol se envolto ao redor de sua cintura, deixando ao ar livre seu
beijavel musculoso estômago, o peito e os braços.
Isabelle se aproximou dele e depois enroscou seus dedos, tocando-o com a mão de novo. Se
despertasse, fariam outra vez amor.
Sexualmente, ela e Thomas estavam em excelente forma. Ele estava no comando tão dentro
como fora do quarto e, enquanto Isabelle era uma mulher enérgica, em geral, na cama, queria que
seu par assumisse o comando.
Thomas tocou todos os botões exatamente bem.
Vendo-o agora, com tudo esse cabelo exuberante estendido como a asa de um corvo e seu
peito subindo e baixando com sua respiração, ela o desejava de novo. E outra vez. Normalmente,
uma vez que o homem estava disposto a seguir adiante, retirava-se, afastando-se.
Estremeceu-se de prazer, recordando suas mãos nela. As relações sexuais com este homem
poderiam ser viciantes e isso era exatamente pelo que tinha que parar aqui e agora. A última coisa
que precisava era algum envolvimento.
ISA, tem que aprender a investir nas pessoas...
Isabelle fechou os olhos com a espetada repentina de lágrimas. Sua irmã disse isso por
telefone justo antes que tivesse viajado a Chicago.
E talvez fosse certo.
Entretanto, o impulso de afastar-se de Thomas era muito forte para resisti-lo. Cada
respiração que o homem dava, cada palavra que dizia, cada toque de sua mão contra seu corpo
era uma armadilha. A Isabelle aborrecia as armadilhas.
Ela se deslizou da cama, vestiu-se na escuridão, e abandonou o quarto.

Capítulo 11

Thomas tentou ignorar a proximidade de Isabelle no assento do carro, e especialmente a


forma em que seu leve aroma almiscarado enchia o interior.
Queria tentar alcançá-la e tocar sua coxa vestida de jeans, mas tinha deixado claro que não
queria isso dele.

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Bruxas Elementares 02

Foi quase como se a noite anterior não tivesse acontecido, como se não tivessem passado
horas, primeiro em seu escritório e depois em sua cama, explorando cada parte do corpo do outro
intimamente.
Esta manhã, quando desceu as escadas, com a face brilhante e alegre, encontrou-a com os
olhos vazios de lembranças, agindo como se não tivesse acontecido nada absolutamente, Thomas
se sentiu mais afastado de Isabelle desde que se conheceram a primeira vez.
Maldição, foi uma aventura de uma noite para ela. Teve que admitir que apunhalava um
pouco seu orgulho.
Deslocou-se muito fortemente devido a sua agitação e o carro se sacudiu.
Isabelle estendeu uma mão sobre o mostrador para afirmar-se e o olhou.
— Seja bom com seu carro, Thomas. Trata-se de um Mercedes, uma fina peça de
maquinaria.
— Já quase chegamos — Sua voz soou tensa — Me diga se vir um lugar para estacionar.
Um momento depois, apontou a um lugar perto de seu destino. De Boyle era conhecida
apenas uma residência e ele dirigiu seu carro para o espaço. Nenhuma Harley estava estacionada
fora, mas isso não significava que o demônio não estivesse em casa.
Apareceram pela janela do edifício. Era um lugar agradável em uma local de alto nível.
Entretanto, parecia como qualquer outro edifício de apartamentos nesta parte de Chicago. Só
demonstrava o pouco que conhecia seus vizinhos. Esta gente não tinha ideia de que vivia perto de
um demônio. Thomas esperava que ninguém tentasse pedir emprestada uma xícara de açúcar.
Essa manhã tinham ido a Motocicletas Thompson, onde Simon Alexander trabalhava.
Fazendo-se passar por detetives, ele e Isabelle tinham conseguido persuadir o gerente que seu
cliente mais leal, Erasmus Boyle, era um suspeito no ataque a seu contador.
O gerente tinha dado toda a informação de Boyle que possuía, o número de licença, número
do cartão de crédito, endereço, e número telefônico. Também disse que Boyle era um homem
tranquilo, mas inquietante, frequentava o negócio frequentemente, desde que tinham terminado
sua Harley Davidson Low Rider de 1977, e a comprou, seguiu comercializando com outras motos.
Segundo o gerente, raramente falava muito que não fosse algo relacionado com sua afeição.
Ninguém na loja sabia muito a respeito de sua vida pessoal e o consenso era que o homem era
horripilante. O gerente e os empregados poderiam não ter forma de saber que Boyle era um
demônio, mas aparentemente, tinham detectado o monstro nele em algum nível.
O gerente foi capaz de dar algumas coisinhas. Por exemplo, o bar que Boyle gostava de
frequentar. Um bar que, não tão casualmente, era também um lugar frequentado por muitas
bruxas. Devido que Boyle podia mascarar seu demônio quando queria, nenhuma das bruxas no
estabelecimento se dava conta de sua verdadeira natureza. Caçar era provavelmente fácil para
ele.
A viagem dessa manhã deu algumas ferramentas para rastrear Boyle, se é que o demônio
podia ser rastreado. Thomas tinha enviado Jack, Micah, Theo, Ingrid, e Adam a um seguimento
para liderá-los com Isabelle aos lugares onde as bruxas se congregavam e assim poder dirigi-los ao
Boyle.

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Bruxas Elementares 02

Tinham que trabalhar em um local onde se sabia que Boyle frequentava, lugares onde
podiam patrulhar com a esperança de encontrá-lo. Essa era a única forma de localizar o demônio.
Depois de tudo, não podiam esperar que Mira tivesse outro golpe de sorte, apesar de que a
poderosa bruxa do ar vigiava constantemente qualquer pista de Boyle.
Tanto ele como Isabelle se sentaram no carro com o motor ligado, enquanto que ela enviava
sua magia através da água no edifício, justo ao apartamento de Boyle. Tudo o que necessitava
para aproveitar a água era aproximar-se e um pouco de umidade entre ela e seu objetivo.
Felizmente, tinha chovido recentemente.
— Não há ninguém ali que possa sentir — Disse ela finalmente — Ou o lugar está vazio, ou
ele se mascara de algum jeito. Mas não acredito, porque não posso sentir nenhum tipo de
barreira.
— Ele provavelmente sente que não tem nada que temer de nós, assim não há barreira.
Ela soltou um suspiro.
— Somos mosquitos para ele.
Desligou o motor.
— Bom, vamos enquanto podemos.
Isabelle abriu a porta. Ele pôs uma mão em sua perna para detê-la e se voltou para olhá-lo.
— Não, não vai ficar todo macho e me proteger, Thomas.
Suspirou.
— Temos que nos assegurar de fazer isto com cuidado. Isso é tudo.
— Assim o faremos. Faremos o que discutimos.
— Ao primeiro sinal de problemas, eu a quero fora dali, Isabelle. Entende?
Olhou-o fixamente durante um longo momento, depois se inclinou e o beijou. Thomas teve
que deixar de enredar seus dedos por seu cabelo e triturar sua boca com a sua. Um gemido se
elevou na garganta do puro prazer de seu sabor, mas o afogou. Acomodou-se para a carícia de
seus lábios aos dele e o ligeiro toque da língua em sua boca. Neste momento, pressionar por mais,
não era uma boa decisão.
Isabelle rompeu o beijo e pôs sua testa contra a sua. Um suspiro banhou seus lábios com um
fôlego quente e doce.
—Talvez eu goste um pouco quando está machista e protetor — E então ela se foi, a grandes
passos para a porta do edifício.
Thomas tinha que apressar-se a segui-la.
O edifício se encontrava em um local elegante de Chicago, mas Thomas se alegrou que não
houvesse porteiro ou qualquer outro tipo de segurança acrescentada no refinado vestíbulo.
Chamaram o elevador, e subiram até o quinto andar. Quando chegaram à casa de Boyle,
Thomas encostou sua orelha na porta, só comprovando os sons no interior, enquanto que Isabelle
fazia uma última revisão da água pelo condomínio.
Ambos se voltaram sem nada, e Thomas tirou seu ás mágico, um dos encantos da terra que
tinha preparado e armazenado antes de deixar o Aquelarre para esta missão. Tirou um lápis negro
de seu bolso traseiro e, murmurando outro encantamento, basicamente as palavras que tinha
imbuído seu próprio poder, escreveu um símbolo de sua própria invenção na porta. A magia da

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Bruxas Elementares 02

Terra era tudo sobre a intenção e a habilidade de canalizar magia com as palavras e os símbolos da
escolha do bruxo. Este feitiço, ele desenhou para amortecer o som. Imediatamente depois de
terminar de marcar o poderoso encanto, ao lançar a magia armazenada, imediatamente diminuía
sua força, forçando seu corpo.
Uma vez que esteve contente com sua obra, deu um passo atrás e dirigiu sua bota na porta
até que rompeu o bloqueio através da ombreira e se abriu. Graças ao encanto, não houve som
que alertasse os vizinhos.
O aroma sutil de demônio flutuava no condomínio. Ambos ficaram de costas contra a porta
no mesmo momento diante a resposta. Esse aroma os recordou o horror da noite anterior.
Olhou para Isabelle e viu que seu rosto tinha adquirido uma nuance esverdeada. Não muito
melhor.
Quando nenhum demônio rugiu através da porta para eles, entraram com cautela,
assegurando-se Thomas de ir primeiro. O interior, a pesar do aroma, parecia uma casa modelo. O
mobiliário, obras de arte, e tapetes, tudo parecia ter sido selecionado por um desenhista de
interiores. O lugar estava também impecável. Thomas não pôde ver uma coisa fora do lugar,
nenhuma mancha na mesa de vidro ou em algum dos espelhos, nada.
— É quase como se não vivesse aqui — Disse Isabelle, arrancando as palavras da boca — De
onde tira o dinheiro de todos os modos? Duvido que tenha um trabalho, não é?
Thomas encolheu os ombros.
— Ele é um demônio. Estou seguro de que tem muitas formas. Pode manipular esta
dimensão de maneiras que nós não podemos. É por isso que os Duskoff o cobiçam.
Thomas foi à cozinha e abriu a porta do refrigerador. Dentro havia pacote após pacote de
hambúrgueres e carne, todos vencidos. De acordo a Micah, isto era a comida favorita de um
demônio, um pouco de carne crua em mal estado.
— Bom, está comendo aqui. O refrigerador está cheio de sanduíches demônio.
— Que asco! — Disse Isabelle de algum outro lugar no apartamento — Sei que Micah disse
que uma mulher humana se apaixonou por um demônio naquele tempo... Naquele tempo... Mas
como podia suportar vê-lo comer?
— Ou conteve a respiração — Respondeu — Ou só simplesmente foi o aroma de todos os
dias quando não esteve mascarando.
— Bleh. Não é brincadeira — Disse Isabelle do quarto. Ouviu-a abrir e fechar as gavetas —
De maneira que então é óbvio todo mundo cheirava mau.
— É verdade — Thomas pegou um montão de correspondências do lixo junto a uma
pequena mesa perto da porta principal — Pelo menos podemos dizer que esteve aqui porque o
frigorífico está cheio e o lugar fede a magia de demônio.
—Mas não há nada aqui! Nada absolutamente. Todos os aparadores estão vazios. O
banheiro vazio. O armário vazio.
Thomas girou e abriu um armário. Vazio. Igual a todas as gavetas. Uma exploração mais a
fundo do apartamento deu mais do mesmo, vazio, vazio, vazio.
— Maldição!
Isabelle caminhou pelo corredor para ele.

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Bruxas Elementares 02

— O que estávamos esperando encontrar? Um diário que detalhe seus planos nefastos? Um
mapa que conduza à pessoa que planeja o próximo ataque? Duvido que seja tão fácil.
Voltou-se para ela e passou uma mão pelo cabelo.
— Esperava encontrar algo mais que carne podre. Tinha a esperança de encontrar um livro,
parafernália mágica, algo que nos desse uma mão sobre as intenções de Boyle.
Ela suspirou.
— É como se não ficasse aqui. Este lugar serve para mostrá-lo. Inclusive todos estes
mantimentos aqui, mas isso é tudo.
Thomas assentiu.
— Pergunto-me para quem é este show. Nós? — Esfregou o queixo — Talvez não sejamos
mosquitos depois de tudo.
Deu a volta em um círculo lento ao redor do centro da sala de estar, reconhecendo o lugar.
— Talvez — Ela estremeceu — Saiamos daqui. Dá-me calafrios e acredito que terminamos
de todos os modos. Temos outros lugares que checar, não?
Thomas assentiu.
— Um mais. O gerente da loja disse que tinha visto Boyle no bar onde os motoqueiros
passam o momento — Consultou seu relógio — É tarde. Podemos comprová-lo agora.
Isabelle se dirigiu à porta.
— Graças à Deusa, um bar! Preciso de um gole.

O bar foi um fracasso.


Isabelle murmurou ao dar boa noite a Thomas logo que atravessaram a porta do Aquelarre.
Thomas a deteve em seco com duas palavras em sua voz baixa e fascinante.
—Vai a alguma parte? — Deveria ter sabido que nunca escaparia tão facilmente.
Reclinou suas costas contra a parede e a cobriu ali com seus braços, ambos os lados de seu
corpo. A inquietação de ser apanhada contra a parede a percorreu inteira e respirou
profundamente para acalmar-se, recordando a si mesma que não estava naquele armário. Estava
a salvo. Era livre e já não dependia de ninguém mais. Em qualquer momento podia empurrar
Thomas e ir embora. Seu medo diminuiu com seu raciocínio.
Suas negras pupilas quase tragavam as bordas de cor escura de seus olhos. Olhou-o com
fascinação enquanto sua mandíbula se fechava por um momento e seu olhar caía a seus lábios.
— O que aconteceu hoje? — Perguntou enquanto deslizava preguiçosamente seu olhar de
volta para cima, para encontrar seus olhos.
Ela reprimiu um calafrio. O que aconteceu? Queria dizer outra coisa que não fosse o fato de
que quão único queria era fodê-lo agora, neste mesmo momento? Esse tipo de desejo era
perigoso.
Todo o relacionado com o Thomas Monahan era perigoso.
Tentou soar um pouco séria.
— Não aconteceu nada.
Sua mandíbula se fechou de novo e levantou as sobrancelhas.
—Então me explique por que foi embora de minha suíte ontem à noite como uma ladra?

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Bruxas Elementares 02

— Não durmo bem nas camas de outras pessoas.


Ele inclinou a cabeça para um lado.
— Isso soa como uma frase decorada.
Ela o olhou.
— Não estou mentindo.
— E tampouco está dizendo toda a verdade.
— Olha, não devo...
— Eu a desgostei tanto?
Deusa, não. Ela deu um sorriso lento.
— Desgostar não é a palavra que eu teria escolhido.
— Então, por que esta frieza?
Mordeu o lábio por um momento antes de falar.
— Bom, não é que queira me casar nem nada.
— Nunca pensei que quisesse — Murmurou, olhando sua boca — Então, qual é o problema?
Sua cabeça se desviou mais perto dela com a clara intenção de beijá-la, enquanto que
Isabelle tentou desesperadamente recordar qual era o problema em realidade...
— Thomas?
Ambos saltaram, surpreendidos pela voz de Micah. Thomas praguejou longo e
fervorosamente em voz baixa e se voltou para ele.
— O que aconteceu?
Micah se surpreendeu quando viu como o corpo de Thomas a tinha bloqueado, ao que tinha
apertado intimamente contra a parede. Isabelle se ruborizou, a maldição da pele clara.
Micah se ruborizou também.
— Eu, uh, sinto muito.
— Não o sinta — Respondeu Thomas — O que aconteceu?
— Só pensei que você gostaria de saber que Stefan tentou suicidar-se hoje.
— O que? — Perguntaram ambos, Thomas e Isabelle, em uníssono.
—Cortou seus lençóis em tiras longas e finas e tentou enforcar-se. Só conseguiu ficar
inconsciente, entretanto. O colocamos em uma acolchoada cela vazia.
Thomas ficou pensativo por um momento.
— Gribben chegou a ele muito mais rápido do que pensei que o faria.
Micah soprou.
— Importa-nos?
—Não sei — Thomas passou a mão pela face, parecendo cansado por um momento —
Alguma outra notícia?
— Não. E você?
Thomas moveu sua cabeça em uma curta sacudida.
— Nada de Jack, Ingrid, ou outros tampouco.
— Então esperamos — Micah suspirou e deu meia volta, agitando uma mão desdenhosa —
Continuem.

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Bruxas Elementares 02

Thomas se voltou para ela, com olhos de tempestade e problemas. O estado de ânimo
sexual se quebrou. Menos mal que foi quando esteve a ponto de sucumbir. A realidade de sua
situação foi reafirmada pela conversa com Micah. Não estavam perto de encontrar a esta coisa e
não tinham ideia de quando voltaria a matar.
Deuses.
Ficou sério, voltou-se para subir pelas escadas.
— Vou bater o...
— Não comeu.
Ela deu a volta.
— Perdão?
— Estive com você todo o dia e não comeu nada — Fez uma pausa, considerando-o — Bom,
a menos que conte a barra de Snickers e a Coca-cola que tomou no café da manhã.
— Não tenho fome.
— Tolices. Precisa comer algo.
— Tolices? — Ela cruzou os braços sobre o peito, deu um sorriso lento e deliberadamente
olhou ao redor da casa escura e silenciosa. Já era tarde. Talvez devessem pedir uma pizza — Pois
bem, papai — Disse arrastando as palavras — O que tem em mente? Não há comida por aqui que
possa ver.
— A cozinha está fechada, mas ainda podemos encontrar algo para fazer. Eles me conhecem
por aqui. Estou seguro de poder conseguir uma mesa.
— Ah. Humor — Ela assentiu — Muito bem. Lidera o caminho.
Isabelle o seguiu por um dos corredores escuros da casa, passando pelas obras de arte
cuidadosamente penduradas, as áreas pequenas e íntimas de estar e as bonitas mesas de madeira
esculpida que tinham sobre eles vasos repletos de flores frescas, até que finalmente chegaram a
grande cozinha do Aquelarre.
Abriu as portas corrediças, e pela pequena quantidade de luz que se filtrava, viu que tudo
era de aço inoxidável e sem manchas, uma grande mesa central estava em meio das estufas,
refrigeradores e balcões.
— Uau.
Thomas foi aos refrigeradores.
— Há uma adega de vinho, também.
Ela se aproximou para sentar-se à mesa, deslizando-se em uma das cadeiras acolchoadas, e
observou Thomas atirar objetos ao azar fora da geladeira e os pôs sobre o balcão, morangos, uma
bandeja com restos de frango em uma espécie de molho delicioso e um prato de aspargos ao
vapor.
Ela viu um prato de abacates maduros em um balcão e agarrou uma das frutas junto com um
saleiro, uma faca e uma tábua de cortar, e voltou a sentar-se para cortá-la.
— Nossa!
Levantou a vista de seu trabalho com o abacate para ver Thomas tomar um prato de algo da
geladeira. Inclinou-se para olhar mais de perto enquanto tirava o plástico que o cobria.
— OH, não. Não vou comer isso.

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Bruxas Elementares 02

Olhou-a.
— O que? Você não gosta das ostras? O que acontece com você?
Ela estremeceu.
— São viscosas e repugnantes.
— Nunca provou uma.
Cortou o último bocado de abacate, extraindo a semente e cortou um pouco da fruta
madura.
— Não é necessário — Meteu uma fina fatia de abacate na boca e deixou que a cremosidade
da fruta se distribuísse em sua língua.
Voltou-se para o forno com o prato de frango na mão. Pôs a carne e os aspargos a fogo lento
em uma ampla frigideira. Logo o aroma suave de frango com manjericão flutuava a seu nariz e fez
sua boca salivar. Enquanto o frango e os aspargos se esquentavam, Thomas encontrou uma
garrafa de champanha na geladeira e a tirou.
Mordeu a outra fatia de abacate e o olhou.
— Que estamos celebrando? — Não via nada que valesse a pena nesse momento.
Thomas só levantou uma sobrancelha, teatralmente e disparou a rolha e depois verteu umas
gotas do Clicquot the Veuve em uma ostra.
Isabelle franziu os lábios e puxou uma meia rodela de abacate em seu prato.
— Ugh. Isso é um desperdício de bom champanha.
Apoiou o cotovelo com a ostra, na mão, e se inclinou para ela.
— Não sabe do que está perdendo — Sua voz girou através dela, acetinada suave e baixa.
Seu olhar encontrou com sua boca quando ele levantou a ostra a seus lábios, deteve-se na
curva de seus lábios. Quando inclinou a pequena concha para desfrutar da deliciosa iguaria,
desejou por um momento ser a ostra. Então, o bocado viscoso se foi e ele desfrutou de êxtase
com uma expressão de seu rosto, a cabeça jogada para trás, os olhos fechados, o cabelo escuro
em cascata pelas costas.
OH, sim.
Fechou a boca e conseguiu deter a saliva antes que abrisse os olhos e a olhasse.
— Nunca acreditei que tivesse medo de provar coisas novas. Tem certeza que não quer
uma?
Ela mordeu o lábio por um momento.
— Comerei uma, mas se vomitar em seus sapatos de quinhentos dólares, estava coagida,
assim não me processe.
Riu baixo enquanto preparava outra ostra para ela. Essa risada era algo sedosa, perigosa e a
fez estremecer. Apenas se deu conta quando entregou a concha e ficou de pé a seu lado.
— Como devo comer isto?
— Deixa que se assente em sua língua por um momento, só um momento, depois deixa que
se deslize por sua garganta.
Ela a estudou por um momento, e depois decidiu que era uma má ideia. Bonita, não o era.
— Abaixo a escotilha — Inclinou a cabeça para trás e sorveu entre seus lábios.

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Bruxas Elementares 02

Encheu sua boca, fresca, atada ao champanha e ligeiramente como a pescado, antes que
permitisse que descesse por sua garganta. Igual a ele, permitiu que sua cabeça voltasse a cair em
um mmmmm de surpreendente delícia culinária.
Ela abriu os olhos para encontrá-lo estudando-a com atenção.
— Bom?
Isabelle franziu os lábios e escolheu suas palavras.
—Único. Interessante. Complexo. Definitivamente inesquecível.
Tinha seus olhos com as pálpebras pesadas e estendeu a mão para limpar um pouco do suco
do canto de sua boca.
— Soa como alguém que conheço.
Antes de saber que tinha terminado, tomou sua mão e lambeu seu dedo. Seus olhos se
obscureceram imediatamente, suas pupilas se aumentaram, e seus lábios deliciosos se
entreabriram. Ficaram ali por um momento na penumbra da cozinha e sustentando seus olhares.
O frango no fogão salpicou e chispou.
Piscou, rompendo ela mesma o momento íntimo.
— O jantar está em chamas.
Ele fez um som baixo, frustrado e recuou.
Agradecida pela oportunidade de recuperar o fôlego e romper em seco o segundo feitiço
que assentou nesta noite, apoiou o queixo na palma de sua mão e o observou preparar dois
pratos. Serviu a ambos o champanha da garrafa aberta e se sentou junto a ela para comer.
Seu estômago rugiu, agarrou o garfo e deu uma dentada. Especiarias e frango tenro
acariciaram suas papilas gustativas.
— Deus, isto esta bom — Disse com a boca — Tem excelentes chefs aqui.
Engoliu seu bocado e a estudou enquanto ela engolia com prazer.
— Para uma mulher que vive de Twinkies e Coca-cola, estou seguro de que tem bom sabor.
— Eu não vivo de Twinkies e Coca-cola!
Seus lábios se torceram.
—É verdade, às vezes se lança sobre uma bolsa do Doritos, ou um sanduiche de manteiga de
amendoim. E as proteínas?
Ela encolheu os ombros, sabendo que sua dieta era menos que exemplar.
— Estou acostumada a comer pelo caminho. Nunca aprendi a cozinhar por mim mesma.
— Talvez enquanto estivemos aqui, poderia te ajudar a aprender.
Ela lhe dirigiu um longo olhar, da ponta de seus sapatos Ferragamo até o punho da camisa
Armani. Não havia nada em Thomas Monahan que não fosse prêt-À-porter .
— Cozinha?
— Por que não teria que fazê-lo? A maioria dos bruxos da terra o fazem. Há algo pela
cozinha porque até os feitiços se traduzem em cozinhá-los — Ele tomou um bocado de frango.
Ela agarrou um caule de aspargo e o estudou enquanto lambia a ponta. Seu mastigar se
deteve bruscamente e seu olhar se fixou em sua boca. Isabelle conteve um sorriso e franziu os
lábios enquanto deslizava lentamente dentro o caule e dava uma dentada. Uma vez que o tinha
engolido, perguntou:

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Bruxas Elementares 02

— O que podemos fazer juntos?


— Tudo o que quiser. Vegetais refogados ou frango missô por exemplo. Tudo que possa
imaginar.
— Frango missô? Que diabos é isso? Que tal algo prático, como panela de atum. Essas são
coisas que realmente preciso aprender a fazer.
— E bolo de carne, então?
Uma lembrança apareceu. Ela fechou os olhos por um momento, lembrando-se.
— Não como bolo de carne faz tempo. Ângela e eu vivemos com uma mulher chamada
Maggie Price por um tempo, que cozinhava e assava para nós. Ela costumava fazer o melhor bolo
de carne. Nos dias de chuva, quando não podíamos sair para brincar, ficávamos e assávamos
bolachas com pedaços de chocolate. Estar com ela foi uma das poucas vezes... — Ela olhou
Thomas, dando-se conta do muito que tinha comunicado sobre a informação e a facilidade com
que o tinha revelado — Que me senti… A salvo — Ela agachou a cabeça e mordeu outro caule de
aspargo.
Thomas deu uma dentada, mastigando com cuidado, e engoliu antes de perguntar:
— Não se sentiu segura quando era criança?
Jogou o meio caule de aspargo que estava comendo ao prato e suspirou.
— Deixa de fingir que não sabe. Estou segura de que viu meu dossiê do Aquelarre depois
que tentei eliminar Stefan. Sabe como era nossa mãe, como nos arrastou de um lugar a outro, a
mim e a Ângela, perto de seus amigos e amantes ao longo de nossa infância.
— Sim, já sei tudo isso. Dei uma olhada em seus registros, mas não revelaram como se sente
a respeito.
— Foi algo rude algumas vezes, mas não volto ali. Está no passado, não podemos mudar o
passado. É inútil olhar para trás.
— Às vezes os ecos do passado entram no presente. Isso significa que às vezes terá que
enfrentar a esses acontecimentos no presente, para que não façam muitos ecos.
Pegou o garfo e brincou com o frango, já não sentia muita fome.
— Não há ecos por aqui — Quase — E quanto a você, Sr. Pop Psicologia? Como foi sua
infância?
Pensativo, mastigou e engoliu.
— Boa.
— Boa?
Ele encolheu os ombros.
— Tinha irmãos, uma mãe carinhosa, um pai atento. Não se pode pedir muito mais que isso.
Teve um brilho de ciúme que rapidamente esmagou. Teria sido bom ter inclusive uma dessas
coisas, uma mãe carinhosa e um pai atento, mas esteve feliz de que Thomas tivesse ambos.
— Tinha a minha irmã.
Thomas não disse nada durante uns instantes.
— Vamos apanhar o demônio, Isabelle. Temos que fazê-lo.
— Já sei — Ela falou com a certeza de uma obsessão.

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Bruxas Elementares 02

Capítulo 12

Mais tarde, de retorno a seu quarto, não podia conseguir que o aroma e a sensação de estar
com Thomas saíssem de sua memória.
Depois que tinham terminado de comer e limpar, tinha-a puxado para ele e a tinha beijado.
Tinha a intenção de sair da cozinha antes que acontecesse, simplesmente pelo poder que cursou
entre eles em seu encontro anterior. Resistir a Thomas era quase impossível.
E então, ali, na cozinha, tinha-a levantado em seu encontro, posto sua boca sobre a seu e
beijado tão longo e duramente que virtualmente tinha esquecido de seu próprio nome.
Seu corpo se estremecia ainda. Seus lábios estavam inchados e marcados por ele.
Então, ele disse:
— Boa noite, Isabelle — Com um pouco de remorso em seu rosto... E a tinha deixado.
Tinha caído aliviada de costas contra a mesa para tomar fôlego antes de dirigir-se até seu
quarto. Se ele a tivesse puxado pela mão e a tivesse levado escada acima, a sua cama, ela não
haveria dito uma palavra em protesto. Thomas a fazia fraca. Era como sua Criptonita.
Isabelle se deteve no corredor, a pouca distância de seu quarto e respirou rapidamente na
penumbra, justo na beira de um ataque de pânico. À medida que a familiar ansiedade explodia em
seu ritmo cardíaco, deu a volta e fugiu para a saída. Necessitava ar, espaços abertos.
Suas passadas golpeavam as escadas enquanto descia e saía pela porta principal do
Aquelarre. Uma vez que esteve nos degraus da entrada, inclinou-se e apoiou as mãos em seus
joelhos, tentando desesperadamente de regular sua respiração.
Por um momento se sentiu presa, claustrofóbica. Fisicamente, não esteve em um lugar
fechado. Entretanto, durante um minuto, em sua mente, esteve no espaço mais fechado que
podia imaginar.
Esse era o perigo que Thomas apresentava.
Ao arrastar o ar úmido da manhã a seus pulmões, endireitou-se e olhou a sinuosa alameda
que se afastava do Aquelarre.
Ter ido aí foi um engano. Talvez houvesse pensando que poderia estabelecer-se em
qualquer lugar, inclusive no apartamento de sua irmã, mas foi um engano. Simplesmente não
estava em seu sangue o caminho que tinha tomado sua irmã. Talvez Ângela fosse uma
desafiadora.
Inclusive agora sentia o puxão dos aeroportos ocupados e sua aglomeração com estranhos
seres anônimos, o abraço de cidades estrangeiras onde ninguém sabia seu nome, onde se
produzia um novo início cada dia. Sem vínculos. Sem envolvimentos. Sem existentes relações sujas
para que ela as estragasse. Não sendo julgada, impessoais suítes de hotel e vilas de aluguel.
A ideia a consolou e sua respiração voltou para a normalidade enquanto permanecia de pé
na escuridão, olhando o caminho.

Thomas estava no meio do vestíbulo, examinando a malvada folha de cobre da espada que
segurava. Tinha pedido que a forjassem logo que Isabelle tinha descoberto a fraqueza do

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Bruxas Elementares 02

demônio, em quantidade suficiente para todas as bruxas no Aquelarre. O metal era suave e não
muito prático para uma arma destinada a ser utilizada em um combate sério.
O primeiro que tinha pensado era em balas, o que teria sido muito mais útil, mas as balas de
cobre haviam sido difíceis de fazer. Micah estava procurando ter várias armas feitas com cobre,
com balas incluídas, mas as espadas e as facas tinham sido os mais fáceis de adquirir
imediatamente. Bonitas, mas não práticas. Infelizmente, era tudo o que tinham.
Um movimento na escada atraiu sua atenção. Isabelle descia, descalça, com o cabelo
comprido e solto. Usava um par de jeans gastos e uma velha camiseta borgonha com letras
perdidas de alguma universidade no peito. A camiseta era escassa e a maneira em que caminhava,
com os quadris rodando e com as pernas longas e graciosas faziam que secasse a boca.
Ela levantou a vista, hesitou na escada, e depois continuou descendendo.
— Matando um dragão, meu senhor?
— Talvez um demônio.
— Ah — Ela caminhou para ele e ele entregou a espada. Ela envolveu seus dedos ao redor
do cabo e a examinou de ponta a ponta.
— Linda.
— Sabe algo sobre espadas?
Ela encolheu os ombros e a entregou de novo.
— Nada absolutamente, entretanto, penso nelas como uma arma contra o demônio. Só uma
coisa: como diabos imagina que caminharemos pelas ruas, com estas espadas, passando
despercebidos?
— Imagino que pode ir coberta a nossas costas e oculta sob os casacos. Intencionalmente a
fiz curta para isso. Ainda é primavera, não fará muito calor, assim que as jaquetas não parecerão
estranhas. Pedi algumas facas regulares, também, mas acredito que a maioria preferirão estas.
Ela assentiu.
— Te dá um pouco de distância.
— Exatamente.
— Seria melhor ter algumas balas de cobre ou algo assim. Isso nos daria ainda mais
distância.
Enquanto falava, Theo e Ingrid entraram no vestíbulo em direção ao conservatório,
enquanto falavam um com outro.
— Estamos trabalhando nisso — Adicionou Thomas — Isabelle, eu gostaria de te apresentar
a Ingrid. Ela é parceira de Jack e compartilha uma grande responsabilidade aqui no Aquelarre.
Ingrid era uma loira pequena e magra. Sempre usava uniforme, tinha o cabelo recolhido em
um coque e óculos pousados em seu estreito nariz. Ingrid era uma bruxa com um temperamento
de fogo de altura, apesar de sua aparência inócua. Estirou a mão.
— Ouvi falar muito de você, Isabelle. Estou feliz de te conhecer.
Isabelle estendeu a mão.
— O mesmo digo. É uma honra.
Theo, um homem de aspecto severo com o cabelo bastante longo e negro, com barba de
cabrito e pele cor oliva escura, ficou muito perto de Ingrid. Thomas teve a impressão intuitiva de

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Bruxas Elementares 02

que dormiam juntos. Bem. Theo necessitava um pouco de sexo para purgar sua intensidade
natural.
As tatuagens apareciam debaixo da apertada camisa azul que Theo usava. O que poucos
sabiam era que as tatuagens complementavam uma grande quantidade de cicatrizes em seu
corpo, coloridas para mostrar o que Theo considerava suas cicatrizes de batalha. Quando Theo era
adolescente, os Duskoff o tinham capturado, atraindo-o com enormes quantidades de magia da
terra. Os bruxos tinham tentado esmagar sua vontade para seu próprio uso e o tinham torturado
sem piedade, quebrando seus ossos e fazendo cicatrizes em seu corpo. Esteve com os Duskoff dois
infernais meses antes que o Aquelarre o tivesse resgatado.
Thomas, apenas na universidade nesse momento, esteve com os que tinham ido atrás dele.
Podia recordar ter encontrado Theo, com sangramento e machucado, mas ainda desafiante e
irritado. Após, Theo tinha canalizado suas energias para a caça de bruxos e bruxas traidoras.
— E este é Theodosius, também conhecido como Theo.
Isabelle tomou sua mão entre as suas com entusiasmo.
— O artista. Você fez a tatuagem de Thomas.
Theo assentiu.
— Trabalho para muitas das bruxas da terra do Aquelarre.
— Alguma vez realizou algum em uma bruxa da água?
Uma piscada de ciúmes não desejados correu através de Thomas com o pensamento de
Theo pondo suas mãos sobre as partes íntimas do corpo de Isabelle... Em qualquer parte, em
realidade. Franziu o cenho diante de suas mãos entrelaçadas. Deuses. Tirou isso do pensamento.
Sentia-se possessivo com Isabelle, mas não tinha direito.
— Venha ver-me depois e podemos falar disso — Respondeu Theo com um sorriso um
pouco mais quente do que Thomas gostava.
— Jack me disse que as espadas chegaram — Disse Ingrid — Viemos dar uma olhada —
Thomas entregou a arma e ela a olhou — Bonita.
— O metal é muito suave para usá-lo em uma espada — Theo tomou, sopesando a folha e
examinando-a.
— Sei, mas é tudo o que temos — Respondeu Thomas — Esta é nossa única arma conhecida
na luta contra o demônio.
— E o treinamento? — Perguntou Isabelle — Não sei vocês, mas faltei na aula de esgrima na
universidade. De fato, pulei a universidade.
— Você e eu começaremos logo que esteja pronta — Ele olhou a Theo e Ingrid — Theo, sei
que você está familiarizado com espadas. Pensei que poderia se encarregar de treinar a alguns dos
outros.
Theo assentiu.
— Micah tem o resto das armas?
—Sim. Também tem espadas de treinamento. Acredito que Jack e Adam estão com ele
agora.
Ingrid entregou novamente a espada, despediram-se e foram em busca das espadas de
treinamento.

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Bruxas Elementares 02

Depois que se foram, Isabelle o olhou diretamente, algo que não fez até agora, desde a
manhã para ser preciso, e viu problemas em sombras de seus olhos.
— Sabe algo de luta com espadas?
— Mais que a um pessoa comum.
Ela sorriu.
— Então quer me capacitar, heim? Não confia em mim ou em Theo?
— Nunca.
Ela encolheu os ombros.
— Tomarei uma xícara de café e iremos.
Vinte minutos mais tarde. estavam na sala de baile do Aquelarre, um lugar o
suficientemente grande para mover-se. Espelhos revestiam uma parede e uma área de pisos de
madeira se estendia como uma ilha em meio do tapete vermelho de felpa. Thomas e Isabelle
estavam sobre o piso, cada um segurando uma espada, um em frente ao outro. Tinham trocado as
espadas afiadas por espadas de treinamento arredondadas.
— Não vamos treinar como esgrimidores — Disse Thomas — Já que o demônio não terá uma
espada e, se o fizesse, não estaria jogando com qualquer tipo de norma de todos os modos. Só
quero que cada um consiga uma boa desenvoltura com a arma e aprenda a mover-se com ela da
maneira mais eficaz.
— Tem sentido.
— Então o primeiro que tem que recordar é respirar.
Suas sobrancelhas se levantaram.
— Respirar? Já faço isso. Tenho a intenção de seguir fazendo-o por muitos anos mais.
— Refiro-me a respirar de maneira regulada, centrada.
— Para formar parte com a espada?
—Exatamente. Respirar como se estivesse meditando, profunda e regularmente. Do mesmo
modo, mantenha a calma e terá oxigênio suficiente para lutar.
Ela tentou, girando ao redor em um círculo com a espada na mão e respirando
profundamente enquanto se movia. Fechando os olhos, girou sobre as pontas de seus pés
descalços com a graça natural de uma bailarina ou uma guerreira. Com apenas olhá-la, Thomas se
deu conta que não era necessário discutir a segunda base de seu equilíbrio.
Isabelle finalmente se deteve e abriu os olhos.
— Isso foi muito mais relaxante do que a luta contra o demônio será.
— Sem lugar a dúvidas. Muito bem, agora nos separamos com o fim de nos familiarizar com
os outros conceitos básicos, assim para conseguir uma sensação com a arma.
Ela moveu a folha de forma experimental.
— E os outros conceitos básicos?
— Táticas e tempo.
Ela saltou e o assinalou com a espada de treinamento.
— Em guarda! Mas tire primeiro a camisa, campeão. Porque, já sabe... — Lançou um sorriso
lascivo que o fez rir — Ficará com calor vestido assim. Sim, isso é tudo. Estou preocupada com sua
comodidade.

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Bruxas Elementares 02

Enfrentaram-se e ao final da tarde, Isabelle era boa com a arma e ele se encontrou à
defensiva muitas vezes por sua surpreendente agressão.
A forma em que se via: com sua face e pescoço brilhando de suor, com as pupilas dilatadas e
escuras, com os lábios franzidos em absoluta concentração, a fazia ver-se como se o treinamento
fosse uma terapia para ela. Seus movimentos também eram rápidos e donos de si. O que a
Isabelle faltava em termos de força superior no corpo, compensava-o com velocidade e
flexibilidade.
Ao final, ficaram igual, apesar do fato de ele ser mais forte fisicamente.
Isabelle se voltou e levou a sua espada de treinamento para baixo contra a sua em um amplo
arco. Puxou ao chão sua arma, interceptou-a e puxou de costas contra ele. Thomas precisava tocá-
la, só por um momento.
Ela golpeou seu peito e ficou imóvel, com a respiração pesada. Logo deixou sua espada no
chão e se voltou em seus braços, parando nas pontas dos pés para devorar sua boca com um beijo
profundo.
Ele deu um passo atrás quando a paixão fluiu através dela, mas ela se moveu com ele,
envolvendo os braços ao seu redor e mordendo seu lábio inferior. Ela tinha sabor de magia quente
e a urgência, e agia como se pudesse morrer se ele não devolvesse seu ardor.
Sem perder o contato de sua boca, Thomas a tomou nos braços, ajoelhou-se, e a pôs no
chão. Isabelle envolveu suas pernas ao redor de sua cintura. Ele se balançou sobre ela, cobrindo
seu corpo e com sua boca inclinada sobre a sua para tomar o controle da natureza do beijo.
O corpo de Thomas se estremeceu com a consciência dela, como se cada molécula tivesse
sintonizado à frequência de Isabelle.
Assim foi como soube, apesar da dureza de seu corpo e seu intenso desejo de despojá-la de
sua roupa e levá-la direto ao chão, apesar da paixão enquanto a que enredava tanto a língua e
lábios com o seu... Algo estava errado.
Estava em seus olhos pela manhã, na forma em que se jogou de corpo e alma ao combate, e
a forma em que se jogava nele agora.
Escapa. Distrai-o.
Isso era o que sentia a ele. Embora ela tentasse afogar-se em seu estímulo a fim de evitar
pensar no que a estava incomodando. Isso era o que tinha querido a primeira vez. Faz que tudo se
vá por um momento. Isso foi o que disse na biblioteca.
— O que aconteceu? — Murmurou contra seus lábios.
— Nada — Ela renovou o assalto a seus lábios e roçou suas costas nuas com as unhas. Ele
estremeceu, com o desejo queimando seu pênis e alagando sua mente.
— Isabelle — Sussurrou entre beijos — Sei que algo a incomoda.
— Está enganado — Ela grunhiu contra ele. O delicioso calor de seu sexo esfregou o
comprimento de seu pênis através de sua roupa.
Thomas perdeu a linha de seus pensamentos.
Tomou um monumental ato de força de vontade apanhar seus pulsos e os segurar contra o
piso a cada lado de seu corpo. Ela se acalmou imediatamente, olhando-o nos olhos. Não era pela
luxúria que estavam de cor escura agora, mas sim porque estava à beira do pânico.

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Bruxas Elementares 02

Pânico do que?
— Isabelle, não minta.
O brilho de pânico recuou e sua expressão relaxou.
— Preocupa-se muito, Thomas.
— Posso dizer que há algo que te incomoda.
Ela suspirou.
— Talvez... E se houver?
Soltou-lhe os pulsos e desabou sobre suas costas, respirando pesadamente. Sua frequência
cardíaca era rápida, mas não tinha nada a ver com o exercício. Tampouco com seu pênis
endurecido como rocha. O macho absoluto nele só queria tomá-la, amaldiçoando a razão pela
qual estava disposta a jogar-se em ter relações sexuais aqui no chão.
Ele a desejava, desejava-a tanto que seu pênis havia se posto rígido ao primeiro contato de
seu corpo contra o seu. A ideia de dar um puxão a sua roupa e rodá-la debaixo dele, estendendo
suas coxas e afundando seu pênis em todo o suave, quente, e disposto calor, era difícil de resistir.
Mas seu desejo por Isabelle ia além do físico.
Isabelle se afastou e se sentou, levando os joelhos a seu peito com um movimento ágil.
— Talvez algumas coisas me incomodam, mas prefiro que mantê-las para mim mesma se
não se importar.
Sentou-se, com o cabelo atrás de seu ombro.
— Quer usar o sexo comigo como uma forma de escapar. Belo. Mas tem que me colocar a
seu nível primeiro — Sua voz soou dura e fria.
— Thomas, eu...
As portas do salão se abriram e Mira se precipitou para dentro, com seu rosto pálido e gasto.
Jack e Micah a seguiam.
Thomas ficou de pé. Com a frieza curvando através de seu estômago pela expressão de seus
rostos e no golpe psíquico que descia de Mira. Era algo realmente mau. O demônio havia tornado
a matar.
Mira não se incomodou com preliminares, provavelmente lendo a expressão de Thomas de
que já sabia.
— É pior do que está imaginando. Sei porque ouvi tudo.
Jack deu um passo atrás dela e a rodeou em seus braços, com suas mãos descansando no
pequeno vulto de seu ventre.
Isabelle ficou de pé, com o olhar fixo no rosto de Mira. Ela se abraçou.
— Boyle assassinou a outra bruxa, não?
Mira negou e lambeu os lábios.
— Matou as duas.
Por um longo momento, a sala ficou em completo silêncio. Mira abria e fechava a boca.
Talvez estivesse dando tempo antes de expressar seus pensamentos, com a esperança de que de
algum modo desaparecesse.
Thomas tratou de fazer sua voz o mais suave e quente possível.
— Por favor, só me diga isso Mira.

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O silêncio dominou durante um momento antes que Isabelle expulsasse as palavras.


— Quem eram?
A sentença de Mira explodiu com rapidez.
— Um bruxo da água de vinte e um anos, chamado Brandon Michaels e uma bruxa de fogo
velha chamada Mary Hatt.
Mira se voltou nos braços de Jack para ter uma maior comodidade e girou de costas
enquanto continuava, com suas palavras tornando-se surdas contra o peito de Jack.
— Estava tão atenta no que tinha a ver com Boyle que ouvi o assassinato inteiro. Fiquei
presa nele, imersa em uma espécie de areia movediça psíquica. Era... — Sua voz se quebrou e
desapareceu.
Mira não tinha que explicar-se. Compreendia o que tinha vivido indiretamente. Suas
palavras deram um murro em seu peito. Fechou os olhos e inclinou a cabeça. A seu lado, Isabelle
deu um suspiro trêmulo.
Concentre-se. Tinha que concentrar-se no que podia fazer.
— Que mais sabemos? — A voz de Thomas soou forçada a seus próprios ouvidos.
Pela primeira vez, Jack falou.
— Devido a que Mira foi capaz de conseguir seus nomes completos, tomei a liberdade de ter
Ingrid organizando as bruxas do local da matança para ir à cena imediatamente. Entendo que
Adam e Theo vão a caminho. Ela iniciará o processo de notificar aos familiares, também.
— Quanto tempo faz que sabemos disto?
— Minutos.
Olhou para Isabelle, que ficou olhando um ponto fixo no chão. Apertou seus braços ao redor
de si mesma e seu rosto se tornou branco. Estava lutando com as lembranças, da forma que
encontrou sua irmã? Thomas queria ir a ela, abraçá-la, mas sua intuição disse que era a última
coisa que ela quereria nesse momento.
Moveu-se para ela de todos os modos. Havia uma diferença entre o que desejava e o que
necessitava. Thomas não estava seguro de se Isabelle tinha alguma compreensão absolutamente a
respeito do que era melhor para ela.
Deslizou seus braços ao redor dela. Ela ficou rígida e Thomas pensou por um momento que o
afastaria, mas relaxou, fundindo-se contra ele e apoiando a cabeça contra seu ombro.
— Tentei tão duramente salvar a menina e ele escolheu a outras bruxas para tomar seu
lugar — Sua voz soava como seda e areia, ao mesmo tempo — Deusa, duas em vez de uma.
Thomas fechou os olhos e beijou a parte superior da cabeça.
— Já sei — Então disse mais forte — E onde foi?
Micah respondeu.
— Em um armazém na esquina da Thurston e Maple.
— Jack, leve Mira para ver o doutor Oliver — Estava preocupado porque experimentou algo
tão estressante estando grávida.
— Já está em minha lista imediata — Respondeu Jack.
Isabelle imediatamente saiu do abraço de Thomas.
— Vamos.

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Thomas tomou um momento para responder.


— Não acredito que seja uma boa ideia... Não para você, de todos os modos.
Ela lançou um olhar que congelou seus testículos.
—Oh, não, não. Vê? Aqui é onde o machista e protetor deixa de ser sexy e me irrita. De
todos os modos, sou a única que pode acessar a memória úmida. Essa é uma das razões pelas
quais me contratou, não? — Sem esperar sua resposta, voltou-se sobre seus calcanhares e saiu
pela porta.

Capítulo 13

Quando chegaram ao armazém, o crepúsculo tinha passado e as estrelas brilhavam no céu


escuro.
Umas horas antes tomou banho, deixando um pouco de ar úmido. Agora Isabelle aderiu essa
suave umidade ao redor de seu corpo como um manto.
Era uma noite muito bonita para o trabalho no que estavam.
Adam foi o primeiro em encontrá-los quando Isabelle e Thomas entraram no bem iluminado
grande armazém. Dentro, dois bruxos tinham morrido em tándem , com a magia aspirada do
centro de suas almas e ossos cortados.
Isabelle teve o brilho de uma lembrança, de sangue, membros enredados não naturalmente,
mas se deteve, fechou os olhos, e o afastou.
A quente mão de Thomas tocou seu braço.
— Está bem?
Ela abriu os olhos e o olhou. Separou os lábios, mas antes que pudesse pronunciar as
palavras, sem lugar a dúvidas a respeito de sua irmã, deu um passo diante dele.
— Estou bem.
— Bem-vindos — Adam fez uma saudação com voz baixa.
Ela assentiu.
— Adam.
Adam se apoiou contra a porta do armazém, vendo-os aproximar-se. Seu bonito rosto tinha
linhas sombrias desenhadas, seu sorriso habitual estava ausente e havia sombras em seus olhos
cor azul escuro.
— Isabelle, uma mulher bonita em uma noite bonita — Fez uma pausa e olhou para o centro
do edifício — Em uma não tão bonita missão.
— Que tão limpa está a cena? — Thomas perguntou, aproximando-se de seu lado.
Isabelle o olhou e fez uma tradução rápida em sua cabeça. Teriam tirado já os órgãos para
que Isabelle não tivesse uma crise?
Maldição, Thomas. Ela podia cuidar de si mesma.
Adam esfregou o queixo e se viu por um momento perto de vinte anos mais velho que seus
trinta e cinco.
— Está limpa.

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Apesar de que em Isabelle incomodou o desejo de protegê-la da prepotência de Thomas,


não pôde evitar sentir-se um pouco aliviada. Adam saiu de seu caminho e lhes permitiram entrar
no edifício.
Um grupo de bruxas que tinha chegado ao armazém antes deles estavam no espaçoso
interior, trabalhando com um pouco de magia da terra. Esse poder esfregava contra a pele de
Isabelle, como solo rico mágico e profundo destinado a enterrar e esconder. Trabalhavam para
cobrir o lugar dos fatos das não - bruxas, tal como o tinham feito na cena do assassinato de sua
irmã.
No outro extremo do edifício, havia duas grandes portas abertas o suficientemente grande
para conduzir um caminhão. Perguntou-se se teriam sido abertas quando Boyle tinha matado os
bruxos. Faria mais fácil seu trabalho se a água da leve chuva tivesse se prolongou no ar durante os
assassinatos. Dado que Boyle não parecia temer que seus assassinatos fossem descobertos e
porque essa parte da cidade carecia de humanidade a essa hora da noite, era possível que tivesse
deixado as portas abertas.
Um brilho branco lhe chamou a atenção e vislumbrou dois lençóis que cobriam uma área do
piso de concreto gretado. Os corpos tinham sido retirados, mas os lençóis marcavam o lugar onde
estiveram. Como tinham feito também com sua irmã.
O mundo cambaleou um pouco e Thomas a puxou pelo braço para sustentá-la. Ela se
endireitou, puxando suas mãos com calma.
Adam se aproximou deles. O homem sempre teve uma sombra de barba de cinco dias, mas
Isabelle não acreditava que fosse tanto uma declaração de moda como o era simplesmente que
tinha esquecido barbear-se. Agora mesmo dava um aspecto cansado.
— O armazém é propriedade de Erasmo Boyle.
Isabelle deixou escapar uma pequena risada.
— Surpreendeu-me.
Thomas olhou a seu redor.
— Pergunto-me, o que quer um demônio com um armazém?
— Talvez está planejando começar um negócio de envio, que se especialize no envio de
pacotes ao inferno — Comentou.
Ela se ajoelhou e levou sua palma ao chão de cimento frio, enviando fios de sua magia para
procurar qualquer umidade que pudesse ter uma história que contar. A água retinha a emoção
como nenhum dos outros elementos. Quando algo violento ocorria em um lugar, a umidade se
retraía e conservava registro disso, queimados pelos intensos sentimentos dos participantes.
Acessar a esse eco emocional não era uma habilidade que todas as bruxas de água possuíam, mas
Isabelle teve a sorte de herdá-lo.
Ou a má sorte, segundo o caso pudesse ver-se. Reviver todas as emoções, raramente era
agradável.
Ela respirou. Maldição. Não teve em conta a umidade do chão. Talvez no ar. Sempre havia
um pouco de umidade no ar, e sua magia era geralmente o suficientemente forte para puxar dela.
Ficou de pé.

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Bruxas Elementares 02

— Mas poderia apostar que também necessita um grande espaço aberto com o fim de
ocultar seu... Trabalho.
Thomas passou uma mão por seu cabelo, liberando-o parcialmente do rabo-de-cavalo em
sua nuca.
— Para que objetivo?
— E — Adam adicionou — Se necessitar um lugar como este, por que matar a uma bruxa
aqui e arruinar sua cobertura? Matou às duas primeiras bruxas em seus próprios… — Hesitou e fez
uma careta, provavelmente dando-se conta que falava de sua irmã — ... Ambientes. Sinto muito,
Isabelle.
— Está bem — Isabelle encolheu os ombros — É só uma teoria.
— E não uma má.
— Bom, ao menos podemos descartar que está dirigido a jovens bruxas agora que tomou
um homem e uma velha — Thomas adicionou.
— É que os seleciona sob seu critério — Saltou Theo, caminhando para eles três. Usava luvas
de borracha nas grandes mãos. Isabelle não queria pensar nisso.
— Bom, deixarei que os três adivinhem isso — Isabelle adicionou — Tenho que procurar as
moléculas de água.
Isabelle deixou de falar e se aproximou junto aos lençóis, examinando o chão. Tirando sua
magia, explorou a área da umidade residual que pudesse ter conservado a lembrança da morte.
Deteve-se no centro do armazém e atraiu às gotas de água para ela, as acariciando e ronronando
com sua magia até que se uniram e começaram a anunciar suas lembranças do que tinha
acontecido essa noite. A magia quente ondulava do centro de seu peito para completar a tarefa.
— Vamos. Que segredos estão guardando? — Murmurou.
Isabelle fez uma careta enquanto as nebulosas, e diluídas imagens começaram a piscar nos
olhos de sua mente. Submetia-se a essa tortura por uma razão e uma razão unicamente, descobrir
algo novo e diferente, alguma peça do quebra-cabeça que encaixaria para fazer a imagem mais
nítida.
Agora que tinha sua magia sobre a umidade, duvidava que as portas se abrissem com os
assassinatos. Peneirar através deles, e encontrar muitas lembranças era difícil.
À medida que reunia mais umidade do ar, sentia a tensão em seu corpo pelos gastos de
magia. Ao mesmo tempo, as imagens se faziam mais frequentes e se aproximavam dela um pouco
menos confusas, embora fragmentadas, como um filme de terror que estivesse reproduzindo,
transmitindo-se rápido, e depois voltando-se para reproduzir.
E depois se explodia contra ela em uma pequena explosão de inferno.
Provou o temor das vítimas, em uma parte de sua língua, agudo e metálico. Ouviu seus
gritos que ressoavam no cavernoso edifício... Até que não ecoaram por mais tempo.
Isabelle não sabia quanto tempo tinha passado quando Thomas a abraçou, ou quanto tempo
esteve escondida no chão do armazém, com as duas mãos no piso de concreto áspero. Sua visão
se foi e se tornou negra e, além disso, tinha perdido seu ouvido, embora não desmaiou. Seu corpo
se estremeceu como se estivesse nu, na rua, em meados de janeiro.

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Bruxas Elementares 02

Sua boca se abriu e uma baforada de ar saiu enquanto tentava responder às perguntas de
um frenético Thomas, Está bem? Ele a abraçou, esfregando seus braços, tentando esquentá-la.
Não.
Não, nunca estaria bem outra vez. Nunca totalmente bem por ter-se submetido a isso. Pior
ainda, não tinha ganhado nada. Não tinha havido nenhuma nova peça para o quebra-cabeça. Nada
mais que um pesadelo. Deusa, e acabava de ter brilhos de lembranças da umidade. Como havia
Mira suportado escutar todo o assunto em tempo real?
Esteve a ponto de voltar para Thomas, quase envolvendo seus braços ao redor dele para
consolar-se. Isabelle sabia sem dúvida que o encontraria ali.
Calor. Força. Proteção. Conforto.
Deteve-se bem a tempo.
Recolhendo toda a força que ficava e puxando os restos quebrados de sua magia a seu redor
como um manto, empurrou seus pés.
— Estou bem — As palavras saíram sem um estremecimento. Incrível.
Thomas se levantou e a olhou fixamente, sem falar.
Voltou a cabeça e olhou seus olhos. Isabelle não pôde manter o calor escuro desse olhar um
momento antes de olhar longe.
— Nunca pedirá ajuda, não é, Isabelle? Acha que pode fazer tudo por si mesma, não? —
Soou com voz quebradiça — Acha que é tão dura, mas não é o suficientemente forte para permitir
que outra pessoa entre, não é?
Isabelle ficou olhando o chão, totalmente incapaz de olhá-lo e encontrar-se com os olhos de
Thomas. A verdade de suas palavras se torceu em seu estômago.
— Não necessito que o tente e me entenda, Thomas.
Sua resposta foi rápida.
— Eu acredito que sim.
— Uau. Que demônios? — A voz de Adam salvou Isabelle de responder.
Ela e Thomas se voltaram para vê-lo de pé a cerca de sete metros de distância deles. Ficou
imóvel enquanto agitava sua mão na parte frontal do ar frente a ele.
Isabelle piscou.
— Hã, Adam?
— Há algo estranho no ar aqui. Parece... Pegajoso.
— Pegajoso? — Ela caminhou para ele, seguida por Thomas.
— Sim. Como o ar daqui tem algo nele, uma espécie de...
— Magia — Respondeu Thomas.
Adam deu um passo atrás.
— Sinta-a.
Thomas deu um passo através da área que Adam tinha indicado. Estava, Isabelle se deu
conta, muito perto de onde ela tinha visto as vítimas mortas nas lembranças da umidade. Podia
ter sido exatamente onde os dois bruxos tinham morrido, mas não podia estar segura.
Thomas se deteve e agitou o braço.

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Bruxas Elementares 02

— Hmmm. É quase como se este espaço não estivesse sincronizado com o resto do ar que o
rodeia — Deu um passo a um lado — Isabelle?
Ela deu um passo também. Era como caminhar através de grossos tecidos.
— É como se as moléculas estivessem vibrando mais lento do que deveriam. Parece como
uma proteção, mas não completamente. Mais como uma...
— Mas bem como uma porta à dimensão demoníaca para que ele a possa abrir?
— Talvez — Isabelle lambeu os lábios, com seus pensamentos girando — Na lembrança da
umidade o demônio disse algo... Algo que suas vítimas tinham certas qualidades que necessitava.
Acredito que queria dizer magicamente.
Os três ficaram em silêncio.
— Algum de vocês pensa o que estou pensando? — Perguntou Adam por último — Que
talvez este demônio esteja tentando voltar sobre o arco íris?
Thomas esfregou o queixo e suspirou.
— Não há maneira se soubesse a ciência certa, mas diria que este é um descobrimento
decente e uma pista de grande alcance. Talvez este demônio esteja tentando voltar para casa.
Talvez haja um feitiço que não sabemos nada, que permitirá abrir um portal deste lado.
Isabelle deu uma olhada aos lençóis brancos e tratou de não ir aonde suas lembranças
queriam levá-la. Parecia que seguia recolhendo só maus.
— Alguns feitiços requerem uma grande quantidade de magia no sangue.
Chegaram ao Aquelarre passadas as três da manhã, depois de limpar o armazém por cada
pista que pudessem encontrar. Não foi muito. Isabelle se apoiou contra a parede ao lado da porta
do vestíbulo, havia pouca luz no Aquelarre e viu Adam e Thomas entrar depois que ela.
Os dois homens se viam cansados e desalinhados. E assim o estavam, mas cansados e
descuidados parecia um inferno muito melhor neles que ela. O cabelo de Adam estava uma
polegada muito comprido e colado por toda parte em sua cabeça em espigas, e suas calças jeans
estavam gastas e tentadoramente finas em alguns lugares.
O cabelo de Thomas pendurava solto sobre seus ombros e sua barba escura marcava sua
mandíbula. Via-se igual a quando tinham feito amor, com seus olhos entreabertos e escuros com
luxúria. Recordá-lo a fez estremecer.
— Vou para cama. Estou tão malditamente cansado que nem sequer posso pensar em nada
mais — Murmurou Adam enquanto caminhava passando por eles.
— Boa noite, Adam — Murmurou.
Thomas começou a caminhar junto a ela, para as escadas. Ela estendeu a mão e tocou a
parte superior do braço dele. Ele se voltou para olhá-la e ela disse:
— Tinha razão. Razão em não ser tão forte como eu gostaria de pensar que sou. Razão em
não ser capaz de pedir ajuda ou deixar que a pessoa entre — Encolheu os ombros — Odeio-o, mas
tem razão.
Em resposta, Thomas só arrastou seu braço ao redor de sua cintura e a esmagou contra seu
peito. Sua boca caiu sobre a dela. A barba de três dias esfregou a pele ao redor de sua boca,
jogando em contraste com seus lábios quentes e explorando-os.

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Isabelle não teve tempo para respirar, e muito menos a opor-se a esta ação impulsiva. Ela o
desejava, realmente o fazia, mas a capacidade de empurrá-lo afastando-o tinha morrido com um
gemido logo que ele a havia tocado.
Ela respondeu a sua boca quente, urgente, sem uma ponta de dúvida. Exigiu que parte de
seus lábios admitissem sua língua, mas ela esteve ali primeiro. Ela se inclinou sobre sua boca e
moveu sua língua dentro com caminhos estocadas. Sua mão encontrou a prega de sua camisa e
empurrou debaixo dela, onde utilizou seus hábeis dedos para dar massagens aos tensos músculos
de suas costas. Seu corpo soltou de um grau sua tensão com um estremecimento.
Ele acariciou os lábios languidamente contra os dela durante uns instantes, rompendo o
beijo, segurou sua bochecha.
— Talvez possa praticar comigo.
Isabelle cambaleou para trás, sentindo-se um pouco sem fôlego. Nenhum homem, exceto
Thomas, fez que alguma vez Isabelle Novak ficasse sem fôlego.
Ela engoliu e tentou não deixar mostrar a incerteza em seus olhos ao recordar o ataque de
pânico que teve em frente ao aquelarre na outra noite e a inevitável força que conduzia longe do
edifício.
Mas não desejava isso. Esse medo. Essa solidão e autossuficiência que esteve usando como
capa protetora de sua armadura durante o tempo que não podia recordar.
Olhando nos olhos de Thomas, deu-se conta do muito que o desejava. Não só para o sexo,
mas também desejava sua força e carinho, sua proteção e inteligência.
Ela sorriu, deixando que a incerteza purgasse longe de seus olhos.
— Quero prová-lo, Thomas.
Ele se inclinou de novo e a beijou até deixá-la sem sentido. Ela se agarrou em sua camisa,
com os dedos em punhos, enquanto seus lábios trabalhavam sobre os seus, com os dentes
mordendo seu lábio inferior, com sua língua explorando sua boca. O calor floresceu através de seu
peito, cômodo e agradável.
Quando se separou dela, Isabelle não pôde enfocar seu olhar, mas Thomas tinha um olhar
distraído em seu rosto.
— Está os colecionando — Disse Thomas, esfregando o queixo como fazia quando intuía algo
— É isso que tem que ser. Vai atrás de certas bruxas com certas qualidades e absorve sua magia.
Uma vez que tenha a combinação perfeita, o equilíbrio, algo acontecerá.
Isabelle tomou um momento para tirar a si mesma da “Terra Hormonal Feliz” onde o beijo
de Thomas a tinha enviado e centrar-se na importante questão que os ocupava.
— Uma porta se abre e vai para casa.
— Exatamente.
— Comercializa com a vida de pelo menos quatro bruxas só para poder ir para casa — A ira
venceu o último da paixão que Thomas tinha acendido uns momentos atrás.
— Estou seguro que não somos mais que gado para ele.
Ela mordeu o lado de seu dedo polegar, pensando.
— Quando tentamos frustrar Boyle de tomar à menina na outra noite, ele se limitou a
observar a outras bruxas para completar o que teria conseguido por parte da menina. Igual aos

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Bruxas Elementares 02

ingredientes para um guisado — Sua voz se rompeu com as palavras — Assim não há maneira que
possamos proteger ninguém.
— Você protegeu alguém.
— Mas a longo prazo...
Ele pegou o queixo dela e a obrigou a olhá-lo.
— Não. Isabelle, esta não foi sua culpa de maneira nenhuma. Nem sequer vá por ai. Sei que
é duro. Estou tentando de não ir ali também. Sigo pensando que deve haver alguma maneira para
evitar que isto aconteça e me sinto culpado de que ainda não haja...
— Não há nada que pudesse ter feito.
— Exatamente, Isabelle. Não há nada que qualquer de nós pudesse ter feito — Ficou
olhando-a nos olhos por vários momentos, fazendo eco de suas veementes palavras em sua
mente.
Isabelle se afastou dele uns passos. Estava certo. Além disso, não tinham o luxo de desfrutar
sobre si mesma, se não tinham alguma possibilidade de encontrar Boyle e proteger às futuras
vítimas.
—Já sei — Respondeu ela — Temos que nos concentrar na tarefa e não ficar em como
pudesse ter terminado o jogo. Boyle voltará a matar e isto tem que estar dirigido às bruxas, não a
nós — A dor por Brandon e Mary obstruiu sua garganta e fez que as palavras saíssem roucas.
Devido a lembrança da umidade, sentia como se os tivesse conhecido.
— Sim. Isso significa que terá que dormir para poder realizar melhor nossas funções. Ambos
necessitamos para conseguir um pouco de sono. É tarde e temos um longo dia diante de nós.
Ela suspirou e se voltou para ele.
— Dormir? Isso não é algo que vou conseguir muito nesta noite.
Suspirou com derrota.
— Sim, eu tampouco. Uma bebida?
— Definitivamente — Ela considerou as opções — Tenho um pouco de chá de hortelã em
minha suíte.
— Chá? Estava pensando em bourbon, uísque ou escocês. Infernos, talvez os três de uma vez
esta noite.
— Acha que o chá de hortelã fará mal a sua imagem viril?
Seus lábios se torceram.
— Só se servir em xícaras de chá pequenas de porcelana e me faz levantar o mindinho
quando o beber.
— Não farei isso, mas porei limão.
— Quase não posso esperar — Respondeu em tom seco. Fez um gesto para as escadas —
Mostre-me o caminho.
Uma vez em sua suíte, ela serviu duas xícaras de água fervendo do dispensador de água
purificada, colocou um par de bolsinhas de chá de hortelã em cada xícara, e depois as rematou
com rodelas de limão muito esperado.
Thomas se sentou escancarado no sofá da sala de estar, vendo-se muito grande para uma
área tão pequena. Tinha uma perna estendida e um braço jogado no sofá de novo. Seu cabelo

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sedoso caía em cascata debaixo de um ombro e desabotoou os primeiros botões de sua camisa.
Ela podia ver um pouco da suave e fina musculatura do peito. Apesar que tentou reprimir sua
reação a ele, deu água na boca.
Deu uma olhada às peças de roupa que havia por aí com uma sobrancelha levantada. Uma
camisa azul estava envolta no respaldo de uma cadeira. Um par de calças jeans estavam enroladas
em um canto. Recordou que sua suíte estava impecável. Apesar que não se podia esperar menos
de Thomas. Ao menos não tinha sua roupa de baixo amassada no chão.
— Ninguém disse que era ordenada — Ela encolheu os ombros e entregou uma xícara —
Voilà.
Tomou um gole, fez uma careta e deixou a xícara na mesa.
Isabel se afundou em uma cadeira frente a ele.
— Mmmm... Eu adoro um homem o suficientemente seguro de sua masculinidade para
beber uma xícara de chá. É tão sexy.
Thomas tomou a xícara de novo e se apoiou no sofá. Isabelle escondeu um sorriso.
— Fez um trabalho fantástico no armazém, Isabelle. Teve muita coragem em aproveitar a
umidade do armazém. Sei o que te custará. Não me arrependo de pedir para ajudar o Aquelarre.
— Bom, me alegro porque acredito que fiz um bom trabalho, mas minha agenda não é a
agenda do Aquelarre, é minha somente. Simplesmente acontece que coincidem neste caso — Ela
tomou um gole de chá — Assim não vá me oferecer trabalho ou algo. Não o aceitarei.
Ele levantou uma mão.
— Não ia fazê-lo. Tem uma carreira já. É escritora de viagens, não?
— Sim. Embora não a chamaria uma carreira, mas bem só é uma desculpa para fazer
excursões.
Ela não tinha que trabalhar por dinheiro. Era a única maneira em que Catalina parecia
mostrar que se preocupava com suas filhas, apesar de que as notas de um dólar eram um
substituto frio de amor maternal.
— Nunca viajo a menos que seja por negócios do Aquelarre.
— O que? Nunca sai de férias?
Thomas encolheu os ombros.
— OH, entendo. Simplesmente não tira férias.
— Não é o usual.
Apoiou os pés na mesa de café frente a ele, desabou-se em sua cadeira e deixou escapar um
gemido profundo de relaxamento que Isabelle sentiu ao longo de seu corpo. Thomas rodou
preguiçosamente a cabeça.
— Então, me conte sobre alguns dos lugares onde esteve.
Ela encolheu os ombros.
— Egito, Tibet, Índia, Austrália, Rússia. Estive em quase todas as partes.
— Que país você gosta mais?
— Isso é como pedir a um pai escolher a seu filho favorito. Todos os países têm diferentes
pontos bons, dependendo de que época do ano for — Fez uma pausa e pensou — Não sei. Eu
gostaria de ter uma resposta diferente a essa pergunta todos os dias.

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— Qual é sua resposta hoje?


Sorrindo um pouco, concentrou-se em alguns de seus lugares preferidos antes de responder.
— Eu adoro Nápoles, Itália, na primavera. Eu adoro o aroma da cidade e o miar dos gatos de
ruas que todo mundo alimenta na borda da água. Eu adoro caminhar nas ruas empedradas para
comprar uma fornada de pão fresco. Eu adoro me sentar em um café ao ar livre e beber xícaras
pequenas de café forte, enquanto como o pão quente diretamente da sacola branca da padaria.
Ele tomou um gole de chá, fez uma careta de novo e a pôs sobre a mesa.
— Então faz isso sozinha?
Isabelle lutou contra o impulso de defender-se. O comentário a cravava e sabia por que. Sim,
sozinha. Sempre estava sozinha. Só que até fazia pouco tinha chegado a ser tedioso.
— Eu gosto de estar sozinha — Respondeu ela com simplicidade.
Ele assentiu, mas seus olhos disseram claramente que não acreditava. Estava correto ao não
fazê-lo.
— Então, e você? Por que não tira férias? Por que não viaja?
— Meu trabalho me manteve nos EUA a maior parte. Comecei a trabalhar para meu pai
quando tinha quinze anos. Quando morreu, o Aquelarre me nomeou chefe. Este trabalho
absorveu todo meu tempo e energia.
Isabelle disse.
— Todo trabalho e nada de diversão.
Ele a olhou, com olhos suspeitos.
— Acha que sou um homem aborrecido, Isabelle?
Ela sorriu.
— Eu não diria isso. Diria que poderia ser solitário, mas é um viciado no trabalho.
— Somos o casal perfeito.
— Um casal feito no inferno.
Um olhar especulativo envolveu seu rosto.
— Todos opostos, você e eu. Não pode ficar quieta e tudo o que tenho feito é ficar quieto.
Sou paciente e decidido e você é impulsiva.
— Bebe champanha e come mantimentos gourmet e eu gosto dos Ho Hos e a Coca-cola
Light — Ela descansou a cabeça na poltrona e deixou cair as pálpebras meio fechada — Como
disse, um casal feito no inferno.
— Ou em outra parte.
Sentaram-se um momento em um silêncio sociável, Isabelle com os pés aconchegados
debaixo dela. Fechou os olhos por um momento, mas os abriu quando sentiu Thomas tomar a
xícara de sua mão e pô-la sobre a mesa de café.
— É hora de dormir — Murmurou — Temos um demônio para apanhar amanhã.
Ela assentiu e se deteve, vacilando sobre seus pés. Ele a tomou pela cintura e a apoiou nele,
desfrutando por um momento que pudesse levar o seu peso e nem sequer o notasse. Thomas a
guiou à cama e desabotoou os botões de sua camisa com dedos hábeis.
Ela lhe deu um pesado olhar.
— O que é exatamente o que acha que está fazendo, Sr. Monahan?

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Tornou-se excitada, mas sua expressão era grave.


— Estou pronta para dormir.
Ele arrastou seu olhar ao seu
— Não é como se não a houvesse visto nua — Tirou a camisa, passou-a por seus ombros, e
depois desabotoou as calças.
Ela tinha sentimentos contraditórios a respeito de sua resposta e a forma séria em que a
despia. Por um lado, queria evitar qualquer contato mais íntimo com o perigoso Thomas
Monahan. Por outro lado, agora que estava aqui com as mãos sobre ela e seu aroma brincava com
ela...
— É um cavalheiro — Murmurou.
Ele deslizou suas calças por suas pernas e jogou uma olhada em sua face.
— Confia em mim quando digo que realmente não quer que seja um cavalheiro neste
momento. Onde estão seus pijamas?
Estirou um braço e se desfez de seu sutiã. O pedaço de tecido caiu no chão entre eles.
— Não tenho nenhum.
Um músculo de sua mandíbula se contraiu.
Agarrando sua camisa com seus punhos, ela se aproximou nas pontas dos pés e apertou os
lábios contra os dele. Ele inclinou a boca sobre a sua e abriu seus lábios, alcançando a língua em
sua boca com avidez. Ele tinha sabor de chá de hortelã e limão.
Thomas envolveu suas mãos ao redor de sua cintura e as moveu acima de suas costas nua.
Uma mão a apertou contra ele, com a outra encontrou sua nuca e controlando os movimentos de
sua cabeça enquanto a beijava.
Quando finalmente se separaram, ela respirava pesadamente.
— Acredito que simplesmente decidi que não quero que seja um cavalheiro.
— Isabelle — Murmurou — É uma mulher complicada — Então a empurrou para trás, sobre
a cama e caiu em cima dela.
Isto estava errado, tão errado, mas maldita fosse se importava nesse momento.

Capítulo 14

Ela aconchegou as pernas ao redor de sua cintura, sentindo a borda de seu duro pênis contra
sua tenra carne.
Seu aroma, parte colônia, todo homem, brincava com seus sentidos, e o toque de seu cabelo
sobre sua pele provocava arrepios ao longo de sua carne. Adorava seu peso e seu calor em cima
dela, estender-se nele. Thomas Monahan estava se convertendo rapidamente em um de seus
lugares favoritos para estar.
— Estar confusa é parte de meu encanto — Suspirou ela enquanto movia as mãos entre eles
e desabotoava com impaciência o resto dos botões de sua camisa — Mantém um homem sobre
seus pés.

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Thomas só grunhiu em resposta, e moveu a palma para baixo à parte externa de sua coxa
para amoldar sua parte inferior e aproximá-la cuidadosamente a ele. Ambos gemeram. O clitóris
de Isabelle se encheu de necessidade, cada vez mais sensível e desejando ser acariciado.
Deusa, tinha que tirar a roupa muito mais rápido.
Terminou com os botões de sua camisa e passou as mãos sobre seu peito, sentindo o
músculo liso e duro que havia debaixo de sua pele acetinada e o toque áspero de seu pelo em seu
peito.
— Fora — Ordenou em voz baixa e ele encolheu os ombros e passou a camisa sobre eles e a
jogou no chão — Mmmm... Muito melhor. Tem um corpo excepcionalmente superior, Thomas.
Deixou cair a cabeça para seu seio e murmurou:
— Você também. Não posso manter minha boca longe dele — Disse justo antes que tomasse
seu mamilo entre seus lábios.
Isabelle arqueou as costas ao erótico sugar e toque de seus dentes, seguido pelo movimento
suave de sua língua. A combinação provocou que a luxúria desse brilho em seu corpo e que o
desejasse muito, muito mais.
Rodando para um lado, ele se agachou entre eles e puxou de suas calcinhas até seus joelhos,
depois, passou a mão entre suas coxas. Seus dedos encontraram seus inchados clitóris,
despertando-o e acariciando-o enquanto seus lábios trabalhavam mais em seu mamilo e depois no
outro com um cuidado delicioso.
— Tem o traseiro excepcional, também — Suspirou ela, passando suas mãos por seus bíceps
e ombros para desfrutar da dureza acetinada, como seda vertendo-se sobre aço.
Ele riu baixo entre dentes, enviando vibrações através de seu seio. Levantou a cabeça por
um instante e murmurou:
— É isso uma pista?
Isabelle enroscou seus dedos em seu comprido e sedoso cabelo que se estendia sobre seu
peito e estômago enquanto se movia, e fechou os olhos.
— Bem, talvez. Não estou segura que serei capaz de algo tão complexo como de te dar um
indício de algo neste momento.
Em um impaciente, quase áspero gesto, ele jogou toda sua roupa de baixo longe. Sentia um
prazer quente em seu sexo e um formigamento por todo seu corpo, por isso estava meio louca
com a necessidade de senti-lo empurrando profundamente em seu interior. Moveu os quadris
para ele de uma maneira inconsciente, em busca de seu pênis para aliviar a dor aguda que tinha
acendido nela.
Ele passou as mãos por suas pernas, e separou as coxas. Por um momento, só a olhou,
detendo sua vista em seu excitado sexo. Depois arrastou seus dedos hábeis por suas dobras,
esfregando entre seus lábios até que ela se queixou, e penetrou-a com um dedo.
Sentiu as paredes de seu sexo enquanto movia dentro e fora. Isabelle levantou os dedos,
tirando as mantas ambos os lados dela, e sacudindo a cabeça.
— Indício ou não, tenho que te provar — Murmurou, deixando cair sua boca para beijá-la
entre os seios. Moveu sua língua para baixo, sobre seu abdômen, em seu umbigo e abaixo, todo o

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Bruxas Elementares 02

caminho até seus clitóris. Ali brincou com ele com a língua e lábios até que a sentiu rachar-se sob
seus pés.
O prazer explodiu sobre seu corpo, alagando sua mente e forçando-a a arquear as costas.
Thomas montou sobre ela, acariciando seu sexo e lambendo seus clitóris quando seu clímax
enfraqueceu quase chegando a seu fim. Seu clitóris estava sensível até o ponto de doer, e então
apareceu um novo orgasmo, envolvendo seu corpo uma vez mais e fazendo-a gritar seu nome.
Uma vez que as ondas de prazer se acalmaram, deu um puxão e o beijou, com sua língua
entre seus lábios insistindo-os a acompanhar os seus. Ela deixou cair sua mão à cintura de suas
calças entre eles e desabotoou o botão e o zíper tão rápido como pôde. Não querendo tomar o
tempo para tirar suas calças, ela simplesmente as empurrou o suficiente para tirar seu pênis e
acariciá-lo com a palma de sua mão até que gemeu em sua boca e estremeceu contra ela.
— Isabelle, eu te desejo — Disse com voz áspera.
Ela sorriu pela necessidade de sua voz.
— Estou aqui. Não irei a nenhuma parte.
Ele se separou dela e arrancou as calças e sapatos. Thomas ficou um momento olhando-a.
Seu cabelo tinha caído sobre seu rosto, como uma sombra sobre seus olhos. Deixou que seu olhar
viajasse por seu lindo corpo e por seu comprido, longo pênis ereto um momento. A beleza do
homem era impressionante.
Depois ele deu um passo para frente, agarrou-a pela parte posterior dos joelhos e puxou ela
para que seu traseiro ficasse quase fora da borda da cama. Ela deu um grito de surpresa.
Thomas a agarrou pelos pulsos e os apertou os pondo em cima de sua cabeça. Houve um
brilho de inquietação que a fez tomar fôlego, mas os joelhos de Thomas separavam mais ou
menos suas coxas, e guiou seu pênis nela e se esqueceu de seu medo, esqueceu-se de tudo.
Tinha as mãos sobre sua cabeça e empurrou seu calor úmido lentamente até que ele se
introduziu até a base. Ficou dessa maneira, olhando seus olhos. O coração de Isabelle pulsou mais
rápido. Com os pulsos restringidos, com seu pênis enterrado profundamente em seu interior e
com seu dominante, quase desafiante olhar nela, sentia-se presa, possuída. Superou seu prazer
com o menor pânico enquanto lutava por manter o controle.
Thomas se retirou e empurrou de novo, aumentando constantemente o ritmo de seu eixo,
criando um ritmo que logo os enviaria precipitadamente ao êxtase.
Ela cravou os calcanhares no colchão e enroscou seus dedos ao redor de seus pulsos
enquanto ele a mantinha cativa. O prazer se moveu através de seu sexo e até sua coluna, o que
indicava que seu clímax viajava em sentido contrário.
Thomas girou seus quadris um pouco, ficando com a visão outra vez nela, uma que roçava a
cabeça de seu pênis contra seu ponto G com cada golpe. Isabelle afundou seus dentes em seu
lábio inferior e gozou. Explodiu contra seu corpo com a força de um trem, roubando todos seus
pensamentos e sua respiração por um momento. Ela sentiu os músculos de seu sexo pulsando e
frisando-se ao longo do comprimento do impulso de Thomas.
— Isabelle — Suspirou um momento antes que ele mesmo gozasse em seu interior com um
gemido comprido e com ruídos de prazer.

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Bruxas Elementares 02

Terminaram enredados juntos, respirando com dificuldade. Ela situou uma perna ao redor
de sua cintura e a outra agora pendurava a um lado da cama. Thomas soltou seus pulsos depois de
um momento e ela os girou. Havia a segurado firmemente, mas não a tinha machucado.
Estranhamente, sentia-se um pouco triste porque o contato se quebrou agora.
— Isabelle — Murmurou outra vez enquanto se movia a sua esquerda com um grunhido de
satisfação — Me mata, mulher — Ele se arrastou sobre o colchão e se desabou. Depois de um
momento ela o seguiu.
Thomas rodou sobre seu lado, colocando seu corpo e apoiando-se em um cotovelo, e a
olhou com uma inquietante intensidade. Não disse nada. Não precisava dizer nada, suas emoções
se mostravam em seu olhar.
Thomas tinha sido muito cuidadoso.
Esse conhecimento fez que um fio de medo passasse através de seu estômago, trazendo
imagens de comprimentos e escuros caminhos e terminais de aeroportos piscaram em sua mente.
Em vez de ceder a seus temores, ela levantou a mão e tomou sua face, sentindo sua aspereza
porque não se barbeou desde aquela manhã.
Ela queria dizer o que tinha querido dizer a respeito de “tentar”. Pela primeira vez em sua
vida, tinha encontrado um lugar e uma pessoa que a fazia querer apegar-se. Talvez. Thomas
Monahan era digno de um olhar mais de perto, pelo menos. Não havia nenhuma dúvida a
respeito.
Sem fazer nada, acariciou seu peito, brincando com seu mamilo até que se endureceu e ela
se retorceu na cama com o fogo que ardia por suas relações amorosas.
— Nunca pensei que me apaixonaria por uma mulher com alta manutenção.
Seus olhos se abriram.
— Primeiro, quem está se apaixonando por quem? Isto é sexo, moço. Segundo, quem é de
alta conservação?
Ele riu entre dentes.
— Curioso — Então baixou a cabeça, fechou seus lábios ao redor de seu mamilo e se
esqueceu da labareda de pânico que sentiu quando tinha utilizado a palavra “apaixonado”, como
em apaixonar-se, em referência a ela.
Sua mão se moveu entre suas coxas para acariciá-la enquanto prestava atenção minuciosa a
cada um de seus mamilos, a sua vez. Sua respiração se fez mais aguda e seu corpo se estremeceu.
Podia jogar com eles como com um instrumento, fazer que os sons de súplica saíssem de seus
lábios como a música.
Perigoso será o homem que possa fazê-la rogar por ele...
— Thomas — Uma palavra. Seu nome. Mas a dizia como uma oração e súplica, tudo de uma
vez.
Ele se ajoelhou e separou as coxas e se moveu entre elas, baixando seu pênis em seu corpo
como se tratasse de uma parte dele. Sua mão seguiu a curva de sua cintura e quadril até que se
moveu debaixo de suas nádegas e as apertou contra ele enquanto ela cavalgava tão lentamente
que o prazer o fazia picar os olhos e ameaçava fazendo chorar.

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Bruxas Elementares 02

Sim. Este era um homem com o que podia ficar. Aqui estava um homem que poderia ser seu
lar. O pensamento veio à mente como folhas que caíram de uma árvore, de modo natural. Em
uma nuvem de prazer, sentiu-se quente.
Seu ponto culminante se levantou lentamente desta vez, jogando com ela na borda de
muitos momentos até que se apoderou dela e depois explodiu. Enrolando-se em sua coluna e
através de seu corpo, roubando todo seu mundo por um momento que não esteve diretamente
relacionado com a sensação.
Thomas respondeu a seu clímax só um momento depois que ela tivesse terminado com o
seu. Gemeu seu nome, enquanto dava beijos dispersos ao longo de sua garganta e arrastava
suavemente sua pele com seus dentes.
Depois que tudo terminou, ele a puxou para um lado, enterrando a face na curva de sua
garganta e respirando com dificuldade.
— Cegueira de orgasmo — Murmurou.
Sua respiração se deteve um momento e levantou a cabeça.
— O que?
— Cegueira de orgasmo. Quando chego ao clímax, por poucos momentos, não posso pensar
em nada. Não posso me concentrar em outra coisa que o prazer. É como se estivesse cego e surdo
a todo o resto — Ela se acomodou de modo que ficou a seu lado e apoiou o queixo na palma de
sua mão.
— Acontece assim a todos os homens?
— Sim — Ele franziu os lábios — Apesar ao que parece tem esse efeito em mim todo o
tempo.
Afundou a face na curva de seu pescoço, respirando o aroma dele e ocultando o prazer que
suas palavras davam.
Finalmente Thomas respirou tranquilo e relaxado em um sono profundo. Seus pensamentos
eram pesados essa noite, e complexos, tão complexos como as emoções que Thomas engendrava
nela.
Ela também poderia estar apaixonando-se por ele.
O dar-se conta a fez sentir terror e alegria em partes iguais. Alegria de que em realidade
pudesse ser capaz de ter uma relação mais profunda, de igualar-se com outro ser humano. E
terror com o mesmo pensamento.
Não podendo dormir, moveu-se debaixo das mantas. Vestida com um par de calças e um
suéter branco leve, saiu da suíte. Perambular pelos corredores do Aquelarre na escuridão era
realmente relaxante. O mágico suave murmúrio das salas do edifício esquentavam-na, suavizando-
a. Só a borda principal da manhã se filtrava pelas janelas. O mundo exterior não estava ainda em
horas de verdadeira agitação.
Por último, chegou à biblioteca e se deslizou em seu interior. Soube por que foi atraída ao
interior, porque cheirava a Thomas. Este era seu cômodo favorito no Aquelarre, que fazia as vezes
de seu escritório. O lugar estava cheio de energia e de Thomas, o que a fazia sentir consolada.
Ela vacilou na porta, de repente rasgada entre o desejo de entrar e querendo ao mesmo
tempo voltar junto a Thomas. O desejo corria nela. Nunca tinha querido voltar para a cama de um

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Bruxas Elementares 02

homem antes. Movendo-se só pela luz que se infiltrava pela janela grande, seguiu seu caminho até
o escritório de Thomas e acendeu o abajur.
Logo deu a volta e se encontrou cara a cara com Boyle.
Isabelle olhou nos olhos do demônio por um momento, sem pestanejar. A adrenalina correu
através de seu corpo. Seus olhos eram planos bronzeados e cinzas. Ela tinha esperado que
estivessem vazios, mas não estavam. Os olhos do demônio estavam cheios de emoção, de
personalidade. Como a de um humano.
A pessoa teria que ter a emoção de querer mastigar os ossos de uma criança, não? A pessoa
teria que ter uma forte personalidade espreitando dentro do escritório de advocacia de uma bruxa
inocente e depois chupar a vida de seu corpo e a magia de sua alma.

Isabelle se lançou para trás, arrastando-se sobre a parte superior da mesa de Thomas,
tocando e agarrando tudo o que havia, procurando um abridor de cartas que tinha visto. O
demônio não se moveu enquanto punha o móvel pesado entre eles e balançava a arma em sua
mão.
— Você matou a minha irmã — Nem sequer soube que as palavras tinham saído de sua
garganta até que as escutou. Como se o som não tivesse provindo dela, tão baixo, tão sinistro, tão
cheio de gravidade — Matou a quatro bruxos inocentes. Tentou matar a essa menina!
O demônio se manteve desconcertantemente imóvel, sem pestanejar enquanto seu olhar se
cravava nela.
— Era necessário. Necessitava-os.
A resposta distanciava-se muito de ser satisfatória. Pura raiva floresceu em seu peito. Ela se
moveu de trás da mesa. Apartando os olhos do demônio fugazmente, olhou a espada de Thomas
embainhada sobre uma das estantes do chão ao teto. Isso seria muito mais agradável de ter entre
ela e o demônio que um pequeno abridor de cartas. Como era...
Ela puxou o abridor de cartas e lançando a primeiro navalhada diretamente aonde supunha
que o coração do demônio estaria, se é que tinha coração.
O sangue gotejou da ferida de Boyle, mas não se moveu, nem reagiu. Foi como apunhalar
uma estátua viva. Ela recuou, com o abridor de cartas ainda encravado no punho. Piscando, as
lágrimas a aguilhoaram, mas lutou por compreender que não o machucou, nem sequer um pouco.
Ela desejava muito machucá-lo.
— Preciso de você também, Isabelle Novak.
Ela piscou. Por que não estava lutando, tentando matá-la, então?
— O que significa isso?
— Tem a combinação correta que necessito para meu feitiço. É perfeita em seus saldos
mágicos e para montar o quebra-cabeça que estou tentando armar.
— Quer dizer que me quer para me mastigar e me remover em seu guisado mágico?
Boyle pensou por um momento.
— Sim.
— Sabe o que, Boyle? Vai à merda.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

Foi a sua direita e se apoderou da espada. No momento em que a havia desembainhado, ele
estava sobre ela.
Ele a agarrou pelo pescoço e o apertou. Isabelle sentiu que seus olhos saltavam e sua laringe
começava a esmagar. Ele levantou a espada e ela a pendurou impotente a seu lado. Com o cabo
do abridor de cartas ainda encravado nele empurrou seu peito.
Era uma ação violenta que fazia correr o pânico por suas veias como beber água gelada em
um dia caloroso de verão, o demônio foi amável com ela. Ele poderia esmagar a garganta com
tanta facilidade como poderia quebrar um ovo com o punho. Não a estava matando porque a
necessitava com vida por alguma razão... Ao menos por agora.
Isabelle levantou seu joelho duro e rapidamente, direto entre as pernas. O demônio uivou e
a deixou. Isabelle bateu contra o chão e aterrissou sobre seu traseiro, ainda com a espada
apertada e com falta de ar. Bom, isso era uma parte da anatomia do demônio que tinha em
comum com um humano.
Quando pôde, levantou a vista para ver Boyle dobrado. Ela aproveitou a oportunidade para
ficar de pé e balançar espada contra ele. Com reflexos da velocidade do raio, bloqueou seu golpe e
agarrou a folha com sua mão nua.
Empurrou-a e a puxou, o sangue gotejava de sua palma e chiava no chão, onde a espada
tinha tocado um pouco de carne.
Isabelle ficou em uma posição meio em cócoras e o rodeou, à espera de uma melhor
oportunidade.
Ele abriu a mão e mostrou o corte efetuado pela espada de cobre. Não fumegava, não se
cortava. Nada. Por que não tinha funcionado? Por que não estava gritando e retorcendo-se de
agonia, como fez antes?
— Posso ver as perguntas em sua face, pequena bruxa. Está se perguntando por que o cobre
não me adoece. Melhorei desde nosso último encontro. Dei-me injeções para essa alergia, por
assim dizê-lo. Esta exposição superficial ao cobre não me fará mal agora, mas as espadas são
inteligentes.
Então ela teria que assegurar-se que a ferida não fosse superficial.
— O que seja. As espadas continuam mutilando. Seguem sendo capazes de cortar as
extremidades. Suponho que não pode fazer crescer suas extremidades de novo, não é? Não há
vacina para a alergia contra isso — Ela fez um movimento para a esquerda, depois se voltou e
baixou a folha para ele.
Boyle se moveu no último momento, mas não o suficientemente rápido para evitar a picada
de satisfação da folha em sua carne de demônio. Ele gritou, agarrou a folha com suas duas
enormes mãos e a jogou pela sala. Quebrou a janela no outro lado.
Isabelle estremeceu ao ouvir o som de vidros quebrados e os ruídos de um animal sofrendo
dor. Tinha-o ferido com a espada, mas ainda não teve a reação alérgica que teve no
estacionamento, maldição.
O sangue corria de um lado do demônio, ensopando seu jeans e a camiseta negra e jaqueta
de couro que usava. Com um movimento poderoso de seu braço, quebrou o carrinho de licores
perto dele, enviando as garrafas e copos a explodir contra o piso de madeira polida.

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Bruxas Elementares 02

— Tem a mistura que necessito, Isabelle Novak, mas há outros. Tem tempo de pensar em
minha proposta. Estou fazendo isto só porque sinto que está angustiada pelas mortes recentes.
Ah. Posso vê-lo em sua cara. Sim, bruxinha, sou empático. Virei por você quando estiver
preparada. Tenho trabalho a fazer antes. Sacrifique a si mesma e salva a outra bruxa, ou me salve
de condenar a outra à morte. A escolha é sua.
Ela o olhou. Menino, não gostava das opções.
— O bruxo líder se afeiçoou de você — Adicionou Boyle — Que é dirigido por um anjo. Não
deixe que saiba de minha oferta. Sua ingerência significará sua morte. Foi advertida — Boyle se
voltou, abriu uma porta, e saiu. Poof e se foi.
Um choque adormeceu seu corpo e roubou seus pensamentos. Isabelle caiu no chão em
meio das bordas irregulares das garrafas quebradas e vidros. A líquida cor âmbar se misturava com
claridade no chão de madeira escura. Da abertura da janela quebrada no outro extremo da sala, o
ar fresco da manhã entrava e a fazia tremer.
Deusa...
Logo a sensação de adormecimento se tornou dor. Sua garganta doía e queimava ao mesmo
tempo. Agora que o demônio se foi, a adrenalina se filtrava pouco a pouco de seu sistema,
deixando uma sensação de ter sido atropelada por um trem de carga.
Sua vida pela de outra bruxa.
Teria trocado sua vida pela de Brandon ou de Mary? Sua mente se opôs à escolha, folheando
os cenários. O egoísmo gritava Não. Como sacrificar sua vida por um estranho? Gostava da vida.
Gostava de sua vida. Morrer não estava em sua agenda por uns bons sessenta ou mais anos.
Isabelle não era uma mártir e não se sacrificou nunca.
Mas, teria trocado sua vida pela de sua irmã? As náuseas turvaram seu estômago. A
resposta, é óbvio, era sim. Teria dado sua vida por proteger a essa menina do demônio? Fez seu
melhor esforço, não?
Mary foi uma mãe, uma avó, uma irmã, e uma maldita professora aposentada do jardim de
infância, pelo bem da Deusa. Brandon foi um filho, um irmão e um tio dedicado. Cada um deles
tinha tido fortes vínculos familiares com ela. Muitas pessoas agora a desgostavam. Cada um deles
tinha deixado grandes buracos em seu mundo.
Isabelle fechou os olhos. Se morresse, poucas pessoas saberiam. Não ia deixar um grande
buraco, só uma fisgada. Esses pensamentos não vinham de um lugar de autodesprezo, eram
simples fatos.
À vista de dar-se conta, sua escolha se tornava um pouco asquerosamente clara.
Fechou os olhos por um momento e se concentrou em sua respiração, atravessando de seu
nariz e saindo por boca. Respiração a respiração, momento a momento, assim é como tinha que
tomar isto.
Quanto tempo teria até Boyle vir atrás dela?
Uma vez que o batimento de seu coração voltou um pouco parecido ao normal, abriu os
olhos e contemplou o destruído escritório de Thomas. A brisa que não deveria estar ali sacudindo
os papéis que tinham sido derrubados de sua mesa. Embebidos em álcool os fazia correr a tinta.
Esperava que não fosse nada muito importante.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

Duvidava que alguém tivesse ouvido o alvoroço. A biblioteca estava longe da parte
residencial do Aquelarre e era no meio da noite. As proteções se estabeleceram para registrar
alterações mágicas, não espadas jogadas pelas janelas.
Isabelle se perguntou como Boyle se colocou no Aquelarre, embora suspeitava que ela sabia.
A magia das bruxas não funcionava nos demônios, por isso tampouco nas proteções. A razão era
discutível, obviamente, tinha conseguido entrar. Teria hematomas em seu pescoço para mostrar o
resultado daquilo, por não mencionar uma bela decisão que tinha que tomar.
Não é que fosse grande parte de uma decisão.
Não ia sem brigar, entretanto. Sua mente já trabalhava através das possibilidades. Talvez
houvesse uma maneira de derrotar Boyle, manter sua vida e a da bruxa de equivalente
consistência mágica que serviria em seu lugar. Talvez pudesse fazê-lo.
Ou talvez não.

Capítulo 15

Thomas parou sobre seus papéis dispersos, ensopados no meio de seu escritório, com a luz
da manhã brilhando através da janela quebrada, perguntando-se que demônios tinha acontecido.
Parecia que uma bomba tinha golpeado.
— Thomas?
Isabelle apareceu na porta, mostrando-se de algum jeito pálida e frágil. Que diabos poderia
fazer que Isabelle estivesse pálida e frágil?
Alarmado, dirigiu-se para ela.
— Está bem? O que aconteceu aqui? Merda — Suspirou enquanto se aproximava e olhava
fixamente os hematomas ao redor de seu pescoço. Tomou-a pelos ombros — Isabelle, o que está
acontecendo?
— Estou bem — Revelou com voz rouca e cansada, mentindo — Mas temos um problema.
— Só um?
Ela sorriu fracamente.
— Descobri ontem de noite que o demônio pode atravessar as proteções do Aquelarre.
Tudo ficou claro. Uma sacudida fria de terror pela segurança de Isabelle congelou o sangue
em suas veias por um momento.
— Lutou contra o demônio aqui, na biblioteca?
— Sim, e outra coisa, já não é alérgico ao cobre.
Ele considerou suas palavras.
—Está me dizendo que o demônio não tem fraquezas e que ainda assim o derrotou?
Ela assentiu.
— Quase me estrangulou até a morte, mas dei um jeito para ganhar. Depois o feri com sua
espada. Não causou reação, mas sim foi o suficiente para feri-lo e fazer que se retirasse e me
deixasse com vida.

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Bruxas Elementares 02

A frieza em suas veias se transformou em quente fúria com a imagem de Boyle pondo suas
mãos ao redor de sua garganta. Teve que forçar suas cordas vocais a que se acionassem e abriu as
mãos.
— Por que veio atrás de você?
Ela encolheu os ombros.
— Não sei. Quão único sei é que saí para dar um passeio noturno e decidi vir à biblioteca.
Quando acendi a luz, ali estava ele.
— Disse algo? Deu algum tipo de ideia a respeito de por que veio aqui?
Ela negou com a cabeça.
Sua intuição o fez duvidar.
— Tem certeza?
Ela o olhou fixamente, em seus olhos. Isabelle tinha uns olhos tão bonitos, que não sabiam
mentir.
— Tenho certeza.
— O que está me escondendo, Isabelle? — Pressionou — Diga-me.
Ela piscou e se lambeu os lábios.
— Acredito que gosta de mim.
O medo foi um punho frio em seu estômago. Suas mãos sobre seus ombros se apertaram.
— O que a faz pensar isso?
— Sua maneira de me tratar, me fazendo perguntas pessoais. Não disse Micah que os
demônios podem apaixonar-se por suas presas?
— Sim — Ele apertou os lábios em uma fina linha — Acha que é uma presa para ele? — Seu
desejo de proteger Isabelle foi angustiante. Tudo o que queria nesse momento era colocá-la sob
chave em um quarto de aço e pôr cinquenta guardas, depois sair e matar ao demônio com suas
próprias mãos.
— Não o estamos todos? Por que acha que Boyle foi capaz de entrar no Aquelarre?
— Não me surpreende que pudesse penetrar nossas barreiras — Respondeu — Sempre
suspeitei que poderia, já que sua magia não é algo que possamos dirigir com nosso sistema de
segurança.
— É magia fora deste mundo. Assim pode entrar e sair quando lhe agradar.
— Parece que é assim.
—Grandioso.
— Isso significa, em primeiro lugar, ir ver o doutor Oliver e, em segundo lugar, ficará em
minha suíte comigo todas as noites — Sentiu que sua expressão se endurecia — Não quero que
saia sozinha do Aquelarre quando não houver ninguém ao redor.
A indignação alcançou seu rosto em um milésimo de segundo. Seus ombros e coluna se
endireitaram.
— Não me esconderei de Boyle sob seus cobertores todas as noites.
— Infernos se não o fará. Mentiu-me. Esse demônio saiu disparado por você por alguma
razão e não está me dizendo por que. Não te deixarei sozinha, assim pode escolher. Esta não é
uma discussão. Ficará comigo, Isabelle. Quero você protegida.

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Bruxas Elementares 02

Uma fúria fria iluminou seus olhos e pôs sua boca em uma perigosa fina linha. Sua voz
tremeu quando respondeu.
— Não o farei. Terá que me arrastar ali e fechar a porta com chave.
— Farei o que tenha que fazer.
Ela girou sobre seus calcanhares e se afastou dele.
— Vá procurar o doutor Oliver! — Ele a chamou enquanto a seguia até a porta.
— Vá ao inferno, Thomas — Gritou ela.
Thomas a olhou subir as escadas ao segundo andar e desaparecer de sua vista sem olhar
para trás. Não importava como se sentia ela, não importava nesse momento o que sentia por ele.
Seu único objetivo era mantê-la a salvo. Se isso significava que a zangaria, que assim fosse.
Realmente a jogaria por cima do ombro e a encerraria em seu quarto se fosse necessário. A
tatuagem em suas costas formigou. Conhecia justo o feitiço para evitar que partisse.
Uma parte primitiva de sua psique masculina tinha declarado Isabelle como dele. Uma parte
do homem das cavernas que ficava em seu cérebro tinha decidido que precisava protegê-la,
destruir a qualquer ou qualquer demônio que quisesse machucá-la, desafiando a qualquer outro
homem que se atrevesse a tentar afastá-la dele.
Não estava seguro de quando essa tendência possessiva sobre Isabelle o tinha chutado,
talvez tinha acontecido quando se deu conta que seus sentimentos para ela iam além de só físico.
Talvez fosse a vulnerabilidade enlouquecedora que Isabelle tinha debaixo de todas suas bravatas.
Em qualquer caso, saber que Isabelle lutou contra o demônio só fez que a parte dele que a tinha
marcado como sua ficasse louca.
A ideia de encontrar Isabelle como sua irmã foi achada era inconcebível. Sua mente não
podia nem sequer ir ali. Assim Isabelle ia passar suas noites com ele de agora em diante. Ele a
protegeria. Se ela o odiava por isso, que assim fosse.

— Então... Você e o chefe, heim?


Isabelle olhou para Adam.
— Foi só sexo — Não era. Já não mais. Mas isso não era assunto de Adam.
Eles se dirigiam de novo ao Aquelarre depois de outro dia de busca infrutífera de Boyle.
Todos os dias o buscavam e verificavam todos os lugares onde sabiam que rondava e tinham o
armazém sob vigilância constante, mas continuavam chegando com as mãos vazias.
— Está bem. Não estou te julgando. Acredito que é bastante saudável, em realidade.
Monahan é um tipo que realmente podia beneficiar-se de um pouco de umas fodidas sem
compromisso.
— Sim, parece um pouco... Imerso em seu trabalho.
— Imerso, sim. Prova: O traseiro desse homem é tão forte que se colocar um pouco de
carvão teria um diamante em algum momento.
Ela sorriu.
— Pervertido.
— Relaxou um pouco desde que chegou. Obrigado por isso.
— Tudo que possa fazer para ajudar — Fez uma pausa — Ou alguém, neste caso.

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Bruxas Elementares 02

— Se isso for verdade, estive um pouquinho tenso ultimamente, muito...


Ela deu um murro no ombro dele e pôs-se a rir.
— Esse é seu sabor criativo do mês, seu homem-de-prostitutas.
— Homem de prostitutas? —Ele lançou um olhar de fingida indignação — Não sou um
homem de prostitutas. Como posso evitá-lo se sou amado por todas as damas? Estaria fazendo
um fraco favor se não me obrigassem.
— Sim, me estremeço de pensá-lo — Ela se pôs a rir — Um mundo sem seu corpo disposto
nele definitivamente seria menos brilhante para o sexo feminino.
Adam levou a caminhonete além das portas de segurança do Aquelarre e a guiou pelo
sinuoso caminho para a casa.
— Qual é a história de Micah de todos os modos? — Perguntou quando a conversa se
acalmou — Ouvi que teve alguns problemas sérios com os Duskoff?
— Não os tivemos todos? — Murmurou.
Ela olhou pela janela, à escuridão, ao caminho sinuoso e tentou não pensar em Ângela.
— Sim.
As mãos de Adam notavelmente se reforçaram no volante.
— A mãe de Micah foi assassinada por um bruxo quando era só um menino. Após foi levado
pela vingança. Mas as habilidades de Micah são mais no âmbito cerebral que de seu corpo. É um
menino graduado como o melhor em sua classe no MIT e também tem um magnetismo
importante. Com grandes quantidades de magia no traseiro. De todos os modos, depois de obter
seu título, poderia não ter feito nada, e fazer um montão de dinheiro trabalhando no mundo não
mágico. Em troca, veio trabalhar para o Aquelarre e esteve aqui após, investigando, levando e
trazendo para o Monahan.
— Soa a como que se escondesse — Comentou.
Adam se pôs a rir.
— Micah? Não. Micah é enganoso como o inferno. Não está mais que procurando a
oportunidade adequada para chutar seus traseiros coletivamente, já o verá.
Ela assentiu. Todos eles tinham sido muito afetados de algum jeito pelos Duskoff.
— Qual é a história de Theo?
— Theodosius? OH, homem, tem uma história muito boa. Os Duskoff o recrutaram por um
tempo quando era um adolescente, tentou quebrá-lo porque tem toda essa magia que chama à
terra. Os bruxos pensaram que poderiam conseguir um jovem e transtorná-lo para seus próprios
fins. Torturaram-no e quase o matam no processo, mas o Aquelarre o resgatou. Tem cicatrizes por
todo o corpo para mostrar o resultado de sua pequena estadia com os nigromantes. No segundo
que pôde, Theo se uniu ao Aquelarre. É um de nossos caçadores de elite.
Ela mordeu o lábio inferior. É por isso que sentiu uma estranha espécie de amabilidade em
Theo. Suas histórias eram diferentes, mas compartilhavam um incidente no passado, abuso,
apesar de que soava como se a de Theo tivesse sido muito mais traumática que a dela.
— E sua história? — Perguntou.
Adam ficou em silêncio durante vários minutos, depois riu com dureza.
— Sinto muito, menina. Esse não é objeto de debate.

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Bruxas Elementares 02

— Adam, sinto muito. Não quis tocar algo sensível.


— Não há problema, simplesmente não é algo do que queira falar.
Estacionou a caminhonete frente à casa e a deteve. Ela saiu e olhou para o céu noturno para
admirar a dispersão das brilhantes estrelas.
Onde estaria Boyle esta noite?
Não disse a Thomas sobre o ultimato do demônio... E nunca o faria. Sua interferência
significaria sua morte. Isso é o que Boyle disse.
Sua vida não valia a de Thomas. Simplesmente não valia.
Thomas saiu pela porta principal do Aquelarre, chamando sua atenção. Usava um par de
calças jeans gastas, um suéter negro e botas negras. Tinha os ombros encurvados, com seus olhos
entreabertos, e a mandíbula fechada, e seu cabelo comprido, solto que se movia a seu redor
enquanto caminhava para ela com determinação.
— Thomas... — Ela só teve tempo de dizer a palavra antes que ele a agarrasse pela cintura e
a jogasse em cima de seu ombro — Thomas! — Gritou enquanto ele se voltava sem dizer uma
palavra e subia as escadas para o Aquelarre.
Deusa, nunca pensou que, literalmente, faria isto!
A risada de Adam soou às suas costas enquanto Thomas a carregava.
Apesar de sua indignação e pesar das olhadas que recebia dos habitantes do Aquelarre,
levou-a através do edifício. Thomas ia resolvido, enfocado com uma coisa em mente e nada do
que dissesse ou fizesse o faria deter-se do propósito de ir lentamente a sua suíte.
Una vez dentro, fechou a porta com o pé e Isabelle sentiu a pressão assobiando ao longo de
suas terminações nervosas enquanto um feitiço se conjurava para selar seu apartamento.
Sua garganta se fechou e um pânico familiar estremeceu seus membros. Sua respiração se
fez mais rápida, seu coração começou a pulsar com força, e sentiu que seus olhos se ampliavam.
Arrastou uma dura, irregular baforada de ar.
Thomas a sentou no sofá. Olhando-a, franziu o cenho.
— O que acontece?
Levantou a mão e sacudiu a cabeça, tentando acalmar seu pânico o suficiente para falar.
Fechando os olhos, lutou por regular sua respiração e falar de maneira racional. Thomas não sabia
nada de seu problema com as salas fechadas e lugares pequenos. Estava a salvo aqui, segura.
Sempre estava a salvo com Thomas.
Suas mãos se fecharam sobre seus ombros.
— Isabelle?
Abriu a boca para dizer que estava bem, depois moveu a cabeça de novo. Apesar de que
sabia que estava a salvo aqui com ele, não podia aplacar sua primitiva reação de estar presa em
uma sala. Isabelle saltou da cama, passou junto a Thomas e correu para a porta.
O feitiço conjurado se sentia pesado e viscoso, enquanto deslizava a mão para provar a
maçaneta. A magia de Thomas era forte. Podia prová-la na parte posterior da língua como o chão
escuro e fértil.

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Bruxas Elementares 02

A maçaneta da porta não se moveu, é óbvio. Thomas tinha introduzido o feitiço para impedir
que girasse ou manipulasse a porta de algum jeito. Sua mente procurou a maneira que a magia de
água mostrasse alguma escapatória e saiu com as mãos vazias.
— Thomas, não faça isto — Sua voz soava trêmula.
— Já fiz.
Não podia passar a noite presa nesta suíte. Não podia.
— O que acontece — Sua mente tentava encontrar argumentos. —se Boyle se apresentar
esta noite e estou presa aqui sem saída? Poderia ser perigoso.
— O feitiço se estabelece com o registro de suas emoções. Se está fugindo por sua vida com
absoluto terror, a magia saberá e te permitirá passar.
Uma chave para o feitiço. Talvez ela pudesse obtê-lo a sua vez.
Isabelle abriu a comporta a seus temores, permitindo que todos os terrores saíssem.
Recordou... Um armário pequeno e escuro.
Areia enchia sua boca, ou ao menos isso parecia. Pressionando sua língua ao chão onde
Ângela jogava água na greta sob a porta. Nunca foi suficiente, nunca suficiente. O estômago
roendo a si mesmo desde seu interior. Procurando migalhas nos bolsos das jaquetas. Enroscando-
se em um canto com apenas dois casacos andrajosos e o aroma de naftalina por companhia.
Recordou imaginando que era um desses insetos cavernosos dos que tinha lido na escola.
Tinham evoluído sem olhos, já que seu mundo estava em constante escuridão. Perderiam com o
tempo seus olhos, também?
Mas sobre tudo, Isabelle recordou a sua irmã, com voz de menina pequena, do outro lado da
porta. Não posso encontrar a chave, ISA, não a posso encontrar.
Seu coração pulsou mais rápido. Sua respiração se fez curta, algo duro apunhalando-a no
peito. Isabelle tentou de novo a porta e esta se abriu um pouco.
Thomas pôs a mão perto de sua cabeça, com a palma contra a porta. Empurrando, fechou-a.
— Ficará aqui esta noite comigo É tão aterrador, Isabelle? — Sua voz era um murmúrio,
sedoso.
Fechou os olhos e sentiu a espetada de suas lágrimas. Uma vez mais se recordou que não
estava mais nesse armário. Agora era adulta, independente, capaz de cuidar de si mesmo. Estava
com um homem que nunca a teria machucado, nunca lhe faria mal. De fato, só queria protegê-la,
provavelmente daria sua vida por fazê-lo.
Thomas se preocupava com ela. Era um dos poucos neste mundo que o fazia.
Seu pânico recuou e lutou com sua respiração e o ritmo cardíaco esteve sob controle uma
vez mais. Sua respiração se estremeceu com alívio enquanto o último de terror a abandonava.
Uma lágrima caiu sobre o tapete a seus pés.
Thomas a voltou para enfrentá-la. A preocupação marcava seu atraente rosto e por um
momento o amou por isso.
Talvez por algo mais que um momento.
Passou a ponta de seu dedo polegar por sua bochecha, capturando uma segunda lágrima
perdida.

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Bruxas Elementares 02

— Por favor, fala comigo ao menos uma vez, Isabelle. Está claro que se trata de algo mais
que eu te prendendo nesta suíte para sua proteção.
Olhou-o fixamente, abrindo os lábios um pouco. Finalmente assentiu.
— Assim é. Tenho claustrofobia, e tendo a entrar em pânico quando estou presa em algum
lugar.
— Diabos, Isabelle. Sinto muito. Eu...
Levou os dedos aos lábios dele e deu um sorriso trêmulo.
— Está bem. Estou bem e você não sabia — Arrastou seus dedos a sua boca, até sua linha da
mandíbula e até tomar sua bochecha — Acredito que estou bem agora.
Abriu a boca para dizer algo, mas ela se aproximou nas pontas dos pés e o beijou antes que o
dissesse.
Thomas reagiu imediatamente, enredando seus braços ao redor de sua cintura e
levantando-a. Tinha as mãos sobre ela por toda parte ao mesmo tempo, abrindo o botão e zíper
de suas calças jeans, e depois tirando a camisa sobre sua cabeça.
Ficou de joelhos e arrastou a borda de seu suéter para cima, lambendo seus abdominais
duros enquanto eram revelados. Depois de chegar a sua boca, tirou o suéter por sua cabeça e
rapidamente o despojou de toda sua roupa entre beijos. Depois se deslizou em seu contrário pele
contra pele.
Com boca e língua trabalhando, Thomas a levantou contra uma parede perto e voltou a
fazer frente. Deixou os sapatos e agora via por que. Tinham um salto grosso e elevado para ela,
diminuindo a diferença de altura para que pudessem fazer amor de pé.
Ofegando com antecipação, estendeu suas palmas das mãos contra a parede frente a ela
enquanto ele passava as mãos por seu corpo amando-a, sobre seus seios, através de seu
estômago. Entre suas nádegas, acariciando suas curvas, e depois inundando-se entre suas coxas
para arrastar os dedos sobre sua íntima carne.
Seu fôlego assobiou fora dela e se sentiu incendiar. Thomas deslizou dois dedos
profundamente dentro dela e ao mesmo tempo pressionou seu corpo contra o seu. Seus dentes
mordendo seu pescoço, incrementando pele arrepiada ao longo de seu corpo.
Talvez estar presa na suíte de Thomas de noite não seria tão mau.
— Isabelle — Murmurou, com os lábios dando beijos como mariposa a sua pele enquanto
falava — Me perdoe. Não quero te perder, e não quero te machucar. Está me deixando louco,
você é muito importante para mim.
Assim como ele para ela.
Cada momento enviava a verdade com mais firmeza e a levava a seu coração e mente.
Thomas era um homem para ficar neste ponto, todo isso era precioso, mas discutível, não? Como
ia admitir seus sentimentos por Thomas agora, quando o demônio estava sobre seu corpo e alma?
O tempo para isso se foi faz tempo, foi-se com a visita do demônio na escuridão silenciosa da
noite.
— Deixa de pensar — Grunhiu Thomas e depois afundou seus dentes no ombro o
suficientemente forte para chamar sua atenção.

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Bruxas Elementares 02

Ficou sem fôlego pela surpresa e intenso prazer da possessiva mordida. Seus dedos estavam
em punhos contra a parede frente a ela e seu corpo reagiu, com seu sexo cada vez mais quente.
Ainda mordendo seu ombro, deslizou seu joelho entre as coxas e a obrigou a abri-las. Depois
colocou seu pênis contra sua abertura e empurrou a cabeça lentamente a seu interior. Suas mãos
se encontraram com seus seios e tomou enquanto se acomodava no fundo dela palmo a palmo
deliciosamente.
A respiração de Isabelle se tornou entrecortada enquanto seu corpo se estirava até adaptar-
se a ele. O prazer de tê-lo dentro a fundiu. Então começou a empurrar e o prazer se aprofundou.
Ele brincou com seus mamilos, beliscou-os e fazendo-os rodar entre as pontas de seus dedos
enquanto seu pênis entrava e saía de seu sexo.
Só a ideia de como se deviam ver a excitava até o ponto do orgasmo, com a face apertada,
primeiro contra a parede, com o corpo duro, estupendo de Thomas trabalhando às suas costas,
com suas nádegas flexionadas enquanto se impulsionava mais profundo nela e suas grandes mãos
possessivamente controlando seus seios.
A coceira do primeiro clímax se elevou ao longo de sua espinha e terminações nervosas.
Thomas sentiu o aumento, e deslizou sua mão por seu abdômen e entre suas coxas para acariciar
seus clitóris. Seu orgasmo explodiu, impetuoso e esgotante. Suas costas se arquearam enquanto a
lava a atravessava, com o que seu sexo pulsou ao redor de seu pênis que a estocava.
Enquanto que os últimos restos de êxtase ainda se agarravam a ela, Thomas voltou para ele
seu rosto. Sua expressão era luxuriosa e satisfeita, sabia por seus lábios separados, por suas
pálpebras entreabertas. Ela queria mais dele. A expressão de Thomas era séria, quase severa.
Ele segurou sua bochecha e a olhou nos olhos.
— Isabelle — Foi uma só palavra, mas parecia haver um mundo de emoções nela.
Cobriu sua mão com a sua e lutou por despojar-se de seu desejo inicial de rejeitar a emoção,
de fugir. Ele se importa, também. Deixa-o ser.
Ao menos por agora, podia-se permitir isso.
Thomas deslizou sua palma a sua cintura, por suas coxas e enganchou sua perna sobre seu
quadril. Depois empurrou dentro dela outra vez. Os olhos de Isabelle se aumentaram com o
impulso o suficientemente lento como para que cada centímetro de seu pênis registrasse em um
dez na escala de prazer. Depois desacelerou o ritmo de seus golpes ainda mais. Todo o tempo a
olhava, segurando-a intimamente, até que finalmente gozou muito dentro dela.
Depois que tudo teve terminado, ficou imóvel, respirando com dificuldade, ainda unidos
pela pélvis, com seus olhares encontrando um ao outro. Para Isabelle a conexão se sentia muito
mais profunda. Essa união profunda da alma a aterrorizava até os ossos. Desta vez seu medo não
era por causa da conexão em si... Mas sim porque poderia perdê-lo.
Tinha um demônio caçando-a.
Thomas a abraçou contra ele depois de um momento e foram à cama. Abraçou-a, acariciou
seus braços e costas durante muito tempo até que, inclusive perturbada como estava, o sono a
apanhou.
Quando Isabelle despertou, tomou um momento recordar onde estava. Abriu os olhos ao sol
da manhã que se infiltrava pelas cortinas transparentes que cobriam a janela do quarto de

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Bruxas Elementares 02

Thomas. Seu corpo se sentia cansado e dolorido de uma maneira que assinalava que foi muito
querido a noite anterior. Era uma bonita sensação. Estirou-se como um gato, sentindo Thomas
mover-se ao outro lado.
Seu braço rodeou sua cintura e a atraiu para ele, enterrando a face em seu cabelo e
inalando.
— Mmmm, é o melhor despertar com você em minha cama. Desejei isto.
Aconchegou-se contra ele e sorriu. Por um momento desejou que não houvesse nada se
intrometendo entre eles. Nenhum demônio. Nem exigentes responsabilidades de ninguém mais.
Não se escravizava de seus próprios temores. Por um momento desejou que pudesse ficar com
ele, que a amava e ela o amava... E podia ficar.
Isabelle virou-se e apertou seu corpo nu contra ele, envolvendo seus braços ao redor de sua
cintura. Ele fez o mesmo, prendendo-a contra ele. Gostava de estar presa contra Thomas
Monahan.
Depois de um momento, incapaz de resistir, passou suas mãos sobre seu corpo, desfrutando
da flexão de seus poderosos músculos, do zumbido de sua magia e o tato de seu sedoso cabelo
comprido. Com um gemido, rodou-a debaixo dele, separou suas coxas, e deslizou a cabeça de seu
pênis dentro dela.
Ficou sem fôlego pela maneira natural, fácil com que o fez. Igual a por quão bem encaixavam
entre si. Deixou cair sua boca na sua e a beijou suavemente. Em algum momento tinham passado
de foder a fazer amor. A mudança foi perfeita. O fôlego de Isabelle a deixou em um suspiro longo
e lento quando finalmente rompeu o beijo.
Ele sustentou o olhar e pôs os quadris para frente, deslizando-se dentro dela outra deliciosa
polegada. A cabeça de seu pênis golpeou alguma parte doce dentro, alguma parte que fez sua
paixão correr por suas veias e a curiosidade pela nublada luxúria começava a assentar-se em sua
mente.
— Está seguro de que nunca usa a magia com suas mulheres, Thomas? — Suas palavras
estavam atadas com necessidade sexual, pesada e vacilante.
— Não tenho feito com você. Nenhuma só vez. Não o faria, a menos que o lembremos de
antemão.
Tinha ouvido que algumas das bruxas da terra mais potentes podiam utilizar a magia durante
as relações sexuais, embora a habilidade fosse estranha. As bruxas da terra que possuíam essa
capacidade eram solicitadas como amantes. Havia algumas pessoas que ficavam viciadas na
potência da mesma.
— Então, pode fazê-lo então?
Seus quadris se moviam para frente e atrás, tentadores, apanhando agradavelmente seu
sexo.
— É óbvio. Quer que te mostre?
— Tenho curiosidade.
— Ponha sua mão em minha tatuagem.
Sentindo seus ossos como mel quente, deslizou uma mão em sua tatuagem e estendeu a
palma de sua mão contra ele. Sua magia pulsou e sua pele estremeceu em resposta. A magia se

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Bruxas Elementares 02

intensificou, ondeando seu braço através de seu corpo. Uma neblina como a de uma droga se
apoderou de sua mente e sua mão caiu.
Thomas acomodou seus quadris para que seu pênis a penetrasse tão profundamente como
fosse possível. Um comprido, fácil, lento clímax paquerou com seu corpo imediatamente. Fez
cócegas e brincou com ela enquanto Thomas a cavalgava. Então explodiu sobre ela e ficou,
enchendo seu corpo com espasmo após espasmo de prazer. Era suficiente para que ficasse louca,
suficiente para fazê-la chorar pela intensidade do mesmo. Uma e outra vez gozou.
Ele se derramou em seu interior com um gemido baixo seguido de seu nome em seus lábios.
— Deusa... — Isabelle respirou na curva de seu pescoço — Me possuiu por completo com
sua magia.
Ele levantou a cabeça para olhá-la.
— Você gostou?
— Um orgasmo contínuo sem interrupção? — Ela soltou um suspiro — Odiei — Seu corpo
ainda zumbia, suas terminações nervosas formigavam. Sentia-se quase bêbada, embriagada de
sexo — Pude ver como alguém poderia ficar viciado nisso e entretanto...
— O que?
— Foi muito, muito intenso. Era delicioso, mas quero me centrar em você, não só em meu
próprio prazer. Quero sentir seu pênis em movimento dentro de mim, te cheirar, sentir o
movimento de sua pele contra a minha. Quando está me dando um longo e ininterrupto orgasmo,
tão agradável como é, não posso desfrutar de subtrair do mesmo, nem de todas as partes que
mais eu gosto.
Riu, com um som baixo, sedoso que ela amava, e rodou a um lado, e rodou com ele também,
metendo-se contra seu corpo.
— É incrível, Isabelle.
Ela suspirou e murmurou com uma careta de arrogância
— Todo mundo me diz isso.
— Alegra-me que tenha passado a noite comigo. Quis despertar a seu lado durante muito
tempo.
Ela acariciou sua garganta e deu um beijo sonolento que esquentou a pele.
— Não é como se tivesse muitas opções.
— Certo.
— Mas me alegro de estar aqui, também — Suspirou e tentou de não pensar no demônio —
Então, qual é o plano para hoje?
— O de sempre. Mais tarde, uma vez que o sol se ponha, iremos caçá-lo. Tomar todas nossas
pistas coletivas e o buscaremos em lugares nos que se conhece que passa o momento. Neste
ponto é quão único podemos fazer.
— Odeio esperar nos arredores.
— Estamos fazendo todo o possível. Tenho a algumas poucas bruxas do ar no Aquelarre
explorando qualquer sussurro de sua presença, a todas as bruxas e bruxos da água e a terra
usando suas habilidades para localizá-lo. Até que tenhamos um descanso, é nosso melhor plano
de ação já que não temos forma de predizer que bruxa poderia ser o próximo objetivo.

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Bruxas Elementares 02

— Micah encontrou algo nos textos?


Thomas se levantou bruscamente.
Isabelle subiu os cotovelos.
— O que aconteceu?
Ele passou uma mão pelo cabelo, dobrando seus bíceps. Escuras mechas ficaram presas
entre seus dedos. Thomas se voltou para ela.
— Me esqueci de dizer isso ontem à noite. Uma vez que chegamos a meu quarto...
— Estávamos ocupados. O que encontrou?
— Micah esteve procurando nos textos qualquer vislumbre de feitiços demoníacos que
pudesse abrir portas. Enquanto estava fora com Adam, finalmente encontrou algo. Há várias
maneiras de fazê-lo, todas as quais requerem o tipo de magia de sangue que Boyle está utilizando.
Os feitiços funcionam como fechaduras de combinação. O demônio as consome e armazena a
energia da magia das bruxas, grande parte da mesma maneira em que uma bruxa consome a terra
e coleciona feitiços. Cada bruxa deve ter uma composição mágica específica e devem ser
assassinadas em uma certa ordem e em determinado momento. Se o demônio tomar à bruxa
diretamente no momento adequado, abre uma porta.
Isabelle se sentou mais direita, puxando os lençóis a seu redor.
— Composição mágica?
— Assim que Micah possa dizer que significa que as bruxas devam possuir certo tipo de
magia e um certo nível de poder. Os padrões de poder de todas as bruxas registradas no Aquelarre
foram documentados.
Ela passou uma mão pelo cabelo enredado de sono, pensando.
— Pode conseguir todos os arquivos das bruxas que o demônio matou?
— Sim... Por que?
Tenho um trabalho que fazer antes de você. Isso foi o que Boyle disse na biblioteca.
Significava matar a outras bruxas antes de vir atrás ela?
— Quero ver se houve um padrão.
Ele negou com a cabeça.
— Inclusive se pudéssemos encontrar um padrão, não acredito que se poderia predizer a
seguinte bruxa que seguiria. Há também muitas bruxas com padrões de energia similares quando
a informação é pertinente. Micah já tinha pensado nisto. Não seria capaz de reduzi-lo o suficiente
para poder ser útil.
— Talvez não, mas ainda desejo comprová-lo. Quantas mais informações tivermos, melhor.
— Estou de acordo — Beijou-a no ombro — Farei que Micah a procure.
— Obrigada.
Deu-lhe outro longo beijo enquanto movia sua palma para debaixo de seu braço e sobre seu
seio descoberto, onde tinha empurrado as mantas, afastando-as. Isabelle fechou os olhos. Seu
corpo, inclusive depois de tanta atenção erótica recente, reagiu a ele.
Arrastou seu lábio inferior entre os dentes.
— Agora, é hora de tomar banho.
Ela sorriu.

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Bruxas Elementares 02

— O que acontece se quero tomar uma ducha em meu próprio banheiro?


— Não pode sair daqui até que lamba os riachos de água que corram por seu lindo corpo.
Depois de tudo isso, a soltarei.
Isabelle não pôde na vida encontrar uma falha nesse plano.

Capítulo 16

Thomas viu Isabelle revisar os papéis das quatro vítimas do demônio. Seu cabelo caía como
uma cortina loiro-avermelhado ao redor de sua cabeça inclinada e sua língua colocada firmemente
entre os dentes enquanto se concentrava. Até agora esteve séria com todo o assunto, apesar que
os registros de sua irmã estavam no lote que tinha estudado.
Junto com Micah, ele e Isabelle passaram a manhã examinando cada peça de informação
que tinham sobre o fluxo da energia das quatro vítimas. Por sorte, todas as vítimas tinham um
registro detalhado no Aquelarre. Do contrário, nenhum tipo de análise teria sido possível.
Micah tinha introduzido os dados em um programa de software que tinha desenvolvido para
procurar padrões, mas a análise levaria algum tempo. Ele era muito exigente com seus números e
teve que modificar o software recentemente criado para correr a informação através de um
conjunto de algoritmos ou o que fosse que esteve murmurando para si mesmo. Seu primo se
inundou no projeto, com coração e alma.
Alguém bateu na porta. Thomas disse entre e Adam apareceu a cabeça dentro.
— Não vai acreditar nisto — Seu olhar foi para Isabelle.
Ela olhou para Adam e franziu o cenho.
— O que?
Micah parecia alheio a tudo e a todos, exceto ao teclado e a tela do computador piscando
frente a ele. Nunca deixou de escrever.
— Sua mãe se chama Catalina, certo? — Adam perguntou.
Seu cenho se aprofundou.
— Sim... Por que?
— Está aqui.
Isabelle piscou uma vez e ficou muito quieta.
— Aqui no Aquelarre?
— Sim. Está perguntando por você.
— Grandioso. Justo quando achava que as coisas não podem ir pior, Catalina se apresenta —
Empurrou a cadeira fora da mesa, levantou-se e deu um profundo suspiro — Onde está?
— A pusemos no segundo andar, na sala de recepção.
— Obrigada, Adam.
— Ela é, bem, interessante.
— Interessante, sim. Essa é uma palavra certa que se podem utilizar para descrever a minha
mãe. Todas as demais são más.
— Irei contigo — Interrompeu Thomas.

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Bruxas Elementares 02

Ela o olhou.
— Por favor. Pode se fazer de juiz se me faz zangar-se.
— Claro que sim.
Dirigiram-se para a porta, deixando Micah em sua profunda análise. Se Thomas conhecia seu
primo, estaria acordado toda a noite analisando números e reorganizando as entradas.
Provavelmente nem sequer se daria conta que se foram.
Adam caminhava pelo vestíbulo e abriu a porta principal.
— Mais tarde. Vou me encontrar com a Amy.
— Amy! O que aconteceu a Elizabeth? — Ela agitou uma mão, cortando a resposta de Adam
— O que seja. Não quero sabê-lo.
Adam se limitou a sorrir, sacudiu a cabeça e fechou a porta atrás dele.
— OH, Deusa, não quero fazer isto — Murmurou enquanto subiam as escadas ao segundo
andar — Que demônios faz ela aqui?
Thomas deixou que sua mão se movesse ao longo do corrimão.
— Talvez esteja aqui por você.
Isabelle soltou um suspiro.
— Isso é otimista. Evidentemente, nunca conheceu a minha mãe.
Caminharam pelo corredor à sala formal que se utilizava para receber a bruxas que visitavam
o Aquelarre, assim como a outros membros do Conselho. Ficou por um momento fora da porta
como se tentasse encontrar forças, então entraram na sala, com o Thomas atrás dela.
Um magra, aperfeiçoada loira com pele de alabastro e a coluna ereta se levantou de onde
estava sentada, em um sofá de cor vinho. Voltou-se para eles, com seu olhar indo dele e fixando-
se em sua filha. Apreensão se mostrou em seu rosto surpreendentemente belo por um momento,
antes que o orgulho altivo se fizesse cargo.
Ele tinha conhecido a Catalina Novak uma vez antes, fazia anos, em um jantar do Aquelarre.
Ela ainda tinha o mesmo aspecto, um metro e setenta de uma mulher que não tinha aparentado
sua idade, pelas maravilhas da cirurgia plástica moderna. Catalina tinha gasto muito dinheiro
nisso, também. Aparentava quarenta anos quando seus arquivos punham sua idade perto dos
cinquenta e cinco. O caro e tingido cabelo loiro mel pendurava de seus ombros, emoldurando um
rosto quase sem rugas ou sem linhas de expressão. Era um rosto pelo que a maioria dos homens
cairiam. Era um rosto pelo que os homens tinham caído. Catalina Novak fez uma fortuna
apanhando homens ricos. Ficou viúva em duas ocasiões de ricos homens de idade avançada e se
divorciou uma vez de um magnata petroleiro que devia insistir em um acordo pré-nupcial.
Sacudiu-o ver os olhos de Isabelle olhando-o essa face, com seus lábios de colágeno e
melhoradas artificialmente e esculpidas sobrancelhas.
Eram os olhos de Catalina a única parte autêntica de sua carroceria?
— Mãe — A voz de Isabelle poderia ter congelado a um boneco de neve.
— Isabelle — Ela deu um passo adiante e se deteve perto da borda de uma mesa de café de
vidro — Vim assim que o escutei.
— Perdeu seu funeral.
Catalina olhou ao chão.

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Bruxas Elementares 02

— Um homem chamado Micah me localizou em Roma e tinha uma mensagem para mim.
Vim logo que pude.
Isabelle franziu os lábios.
— Me alegro que alguém foi capaz de te localizar. Não tinha nem ideia por onde começar
para te buscar. Deixei mensagens com todos os homens que pude recordar que teve algo... Com
os que conviveu.
— Sinto não ter chegado antes — Catalina olhou Isabelle, mas pareceu incapaz de sustentar
seu olhar.
—Sente? De verdade, mamãe? Não só perdeu seu funeral, perdeu toda sua vida.
Surpreende-me que inclusive se incomodasse em vir agora.
— Acha tão pouco de mim?
Isabelle o considerou por um momento.
— Sim.
Ela se voltou e deu um olhar fulminante a Thomas.
— Sr. Monahan, peço desculpas por minha filha e a carga que tem sobre seus ombros. Este é
um assunto antigo entre nós. Ela me odeia porque não fui a típica mãe deixa-o ou aguenta-o. Dei
tudo o que necessitava, mas...
Isabelle soltou um suspiro.
Catalina devolveu esse fulminante olhar de novo a sua filha.
— Tudo o que necessitava, e entretanto...
Thomas as interrompeu, mesmo que sabia que não devia.
— Talvez as crianças necessitem mais que só coisas materiais, Catalina. Talvez às vezes
necessitem a seus pais, às vezes necessitam afeto e amor — Este não era seu assunto, mas se
preocupava muito por Isabelle, para manter a boca fechada.
O olhar de Isabelle se dirigiu a sua face e ficou ali por um momento. Então deu um sorriso
que fez que seu coração se apertasse e se sentisse cálida ao mesmo tempo.
Catalina empalideceu e olhou para outro lado. Provavelmente não gostava de ser
repreendida pelo chefe do Aquelarre. Catalina era um tipo extremamente consciente-da-classe
nas pessoas e ele representava a cabeça da própria classe.
— Por que veio, mãe? — Isabelle perguntou.
Catalina finalmente olhou na face de Isabelle.
— Vim vê-la, Isabelle. Queria saber se estava bem.
Isabelle deu um passo para sua mãe e depois se deteve.
— Sério? — A esperança e a cautela brigaram em uma só palavra.
— Não soe tão surpreendida. Preocupo-me com você, já sabe — Soava autêntica, mas as
palavras foram pronunciadas com estupidez.
Thomas observou Isabelle trocar seu peso e franzir o cenho, sem saber como reagir à
admissão de sua mãe.
— Sei que cometi erros, Isabelle — Catalina deu um par de passos para sua filha — Talvez só
cometi erros. Uma das razões pelas quais cheguei foi para descobrir se há uma maneira que
pudesse ser capaz de arrumar as coisas entre nós.

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Bruxas Elementares 02

Isabelle negou com a cabeça.


— Acredito que está me dando dor de cabeça. Acaba de congelar mais o inferno?
— Isabelle — Começou Catalina.
Ela levantou uma mão.
— Podemos lutar com tudo isso em um minuto. Qual foi a outra razão pela qual veio?
— Para ver se havia algo que achava que tinha que fazer como resultado da morte de Ângela
— A mulher mais velha desviou o olhar.
— Não sei do que está falando. O funeral foi faz meses. Ângela, o que ficou dela, está
enterrada. Reuni-me com o advogado e todos seus assuntos foram tratados.
Catalina levantou a vista de seus sapatos.
Isabelle respirou fortemente.
— OH. Está aqui por seu testamento, não? — Ela assentiu — É óbvio que é por isso que está
aqui. Sou tão estúpida.
Catalina levantou o queixo.
— Não é a razão principal de ter vindo. Queria vê-la, ver como estava fazendo tudo. Vim por
você, Isabelle.
Antes que Catalina tivesse terminado sua última frase, Isabelle já tinha dado a volta e
envolto seus braços sobre seu peito.
— Seu testamento foi lido, mãe. Não estava nele. Não há nada para você.
Catalina negou.
— Isso não é possível. Ângela tinha algumas joias, diamantes. Disse uma vez que se...
Isabelle rodeou Catalina.
— Não havia nada no testamento de Ângela para você. Ela me deixou tudo, inclusive as joias
de diamantes. Não uso joias, mas penso dar tudo à caridade. Vê, Mãe, veio até aqui para nada.
— Isabelle, mantenha esses diamantes na família! Ouve-me? Não te permitirei dar os
diamantes de Harry Winston à caridade!
— Que família, mãe? O que temos não é uma família! Nem sequer use essa palavra quando
falarmos de nossa relação — Ela entrecerrou os olhos — E não me diga uma palavra mais sobre os
diamantes — Isabelle se voltou, saiu da sala e fechou a porta atrás dela.

Catalina ficou gelada, olhando a porta.


— Minha filha sempre foi uma rebelde, Sr. Monahan. Ela sempre foi... Volátil.
Thomas teve um momento para responder.
— Eu gosto dessa maneira.
— Isto não aconteceu tão bem como esperava. Não sei o que está acontecendo comigo — O
rosto perfeito de Catalina se enrugou por um momento antes que recuperasse sua compostura —
Quero uma relação com ela. Amo-a, sabe.
— Isso não é algo que deva me dizer, Catalina.
Voltou o olhar para ele e o sacudiu, uma vez mais os olhos de Isabelle se vendo na sua face.
— Tem em uma relação com ela, não?
— Sim.

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Bruxas Elementares 02

— Não ficará com você, sabe. Nunca fica com ninguém. Isabelle é como eu nisso. É uma
viajante, uma nômade. Isabelle poderá me odiar, mas é um espírito afim nesse sentido. Inclusive
quando era menina gostava quando nos mudávamos entre babás e países.
— Está tão segura disso?
Lambeu os lábios e desviou o olhar.
— Eu não estava feita para a maternidade.
— Então por que teve filhos?
Ela encolheu os ombros.
— Aconteceu. Sabia que Ângela teve...— Engoliu seco — ...Tinha um pai diferente do de
Isabelle?
— Suspeitava-o, sim.
—As duas foram acidentes. Nunca quis ter filhos para nada. Provavelmente teria sido melhor
se não o tivesse feito.
— Estou totalmente em desacordo. O mundo teria sofrido pela falta de Isabelle e Ângela.
Um sorriso apareceu em seus lábios.
— Sem nenhuma ajuda minha, ambas saíram bem. Especialmente Ângela. Ainda não sei
como aconteceu. Têm que ter sido os genes de seu pai. Isabelle é...
— Perfeita. Isabelle é perfeita em todos os sentidos.
Catalina inclinou seu rosto impecável para ele. A vulnerabilidade envolveu sua expressão por
um momento.
— Ainda sofre de claustrofobia?
A culpa encheu seu estômago com chumbo. Isabelle tinha revelado sua fobia pelos cômodos
fechados imediatamente depois que a tinha preso em um, sentiu-se tão mal por ter feito e faria
tudo no mundo por compensá-la.
— Sim.
— Tem esse medo por minha culpa, porque a deixei com alguém que a maltratava.
— O que? — O fogo lento se tornou ira — Maltratavam-na? Do que está falando?
Ela se separou dele, mostrando as costas rígidas, e caminhou um par de passos distanciando-
se.
— Passaram um tempo com algumas pessoas com as que não deviam uma ou duas vezes —
Encolheu os ombros — Talvez com mais frequência que isso. Isabelle era uma rebelde, sempre se
comportava mau. Uma vez, quando tinha seis anos, um de seus cuidadores a prendeu em um
armário durante quatro dias. Sem alimento, sem água, sem luz. Ela terminou no hospital, teria
morrido de desidratação se Ângela não tivesse derramado água pelas frestas da porta. É por isso
que Isabelle é claustrofóbica. Estava acostumado a ter pesadelos recorrentes, também.
Quatro dias. Tinha só seis anos.
A ira cozeu como fogo lento seu sangue e a fez ferver. Deu um passo para a mulher frente a
ele e apertou os punhos com tanta força que provavelmente tirou sangue da palma da mão com
as unhas.
— Por que me diz isto?
Ela se voltou para ele com tristeza em seus olhos.

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Bruxas Elementares 02

— Porque alguém que se preocupa com Isabelle precisa sabê-lo.


Thomas fechou os olhos para não ter que olhar a mulher que tinha causado tanta dor a
Isabelle.
— Pedirei que se vá agora, Catalina. — As palavras saíram mais estáveis do que tinha
esperado.
— Sim, é tempo. Estou mais que feliz desde que falhei tão miseravelmente com Isabelle —
Fez uma pausa — Onde está enterrada Ângela? — As palavras saíram apenas em um sussurro.
— No cemitério Groveland.
— Obrigada.
Thomas escutou o clique dos sapatos de Catalina no piso e a porta fechando-se suavemente
trás dela. Permaneceu assim durante um momento, confuso.
Catalina amava Isabelle, embora de um modo tão desconcertante que não podia sua mente
conceber. Catalina era muito egoísta para ser uma mãe decente, entretanto, ela sabia e se sentia
culpada por isso. Estava claro que lamentava como permitiu que suas filhas fossem criadas e o que
tinha acontecido aos cuidados de outros...
Um de seus cuidadores tinha fechado Isabelle em um armário durante quatro dias.
Thomas tentou encontrar um pouco de piedade em seu coração por Catalina, de algum jeito
por tentar ter uma relação com sua filha sobrevivente, mas era muito torpe para fazê-lo... E não
conseguiu. Ele só sentia uma raiva ardente por Catalina nesse momento. Talvez em algum outro
momento mais adiante pudesse sentir outra coisa.
Tudo o que Thomas queria agora era Isabelle em seus braços. Quão único queria era o
impossível, recuar o relógio e fazer que a dor desaparecesse, dar uma infância como a que ele
teve. Uma em que esteve seguro, amado e protegido.
Girou sobre seus calcanhares, procurou a porta e à mulher que se apaixonou.
Isabelle estava de pé em uma das muitas pontes no conservatório do Aquelarre, os
jardineiros estavam acostumados a cuidar das plantas e flores que cresciam em abundância. Este
foi o primeiro lugar em que tinha pensado quando ela partiu com sua mãe, um lugar tranquilo,
sereno onde podia estar a sós com seus pensamentos.
E havia água aqui. O som do pequeno riacho borbulhava feliz debaixo da ponte sobre o qual
estava de pé e a tranquilizava. Centrou-se na corrente, no fluxo da água ao redor das rochas e
pedras, regando as carpas que nadavam nela. Isabelle se uniu a sua consciência com ele por um
momento e toda sua tensão residual se filtrou afastando-se.
A água tomava seu caminho com menor resistência.
Foi tão somente uma piscada de tempo quando viu pela primeira vez Catalina, perguntou-se
seriamente se sua mãe tinha vindo porque estava de luto por Ângela. Talvez sua mãe fizesse a
viagem a Chicago, porque importava que uma de suas filhas tivesse morrido. Talvez Catalina
tivesse vindo pela filha que ficava, Isabelle. A menina que ainda desejava o afeto de sua mãe tinha
sofrido um brilho de cautelosa felicidade. Nesse instante de esperança se deu conta que Catalina
veio só pelo testamento, o que a devastou muito mais.
Isabelle fechou os olhos. Não podia negar que ainda uma parte dela desejava que sua mãe
fosse uma mãe. Era evidente que nunca ia acontecer. Tinha que deixar de desejá-lo.

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Bruxas Elementares 02

Isabelle sentiu Thomas atrás dela muito antes de ouvir seus passos na ponte ou sentir sua
longa e morna mão em seu ombro. Fechou os olhos e suspirou. Como podia ser que sua presença
fizesse que tudo fosse melhor?
Ela não era uma mulher estúpida cujos problemas fossem resolvidos pelo toque de um
homem, mas talvez, isto fosse o que todo mundo falava, sobre o que cantava, e escreviam livros,
sobre amor? Pelo menos talvez fosse a magia de uma estreita relação.
Thomas massageou seus ombros, com dedos fortes e afastando todos os nós e tensão que
existia ali. Isabelle abriu os olhos e deixou que um meio sorriso surgisse em seus lábios. Fosse o
que fosse, era bom.
Ele inclinou-se e sussurrou no ouvido
— Está bem?
Ela negou.
— Em realidade não, mas estou melhor.
— Sua mãe é fascinante. Acredito que um psiquiatra poderia passar um bom momento com
ela.
Ela soltou um suspiro.
— Não é realmente minha mãe. É a mulher que me trouxe para o mundo — Isabelle não
queria acreditá-lo, pensou. As palavras pareciam muito duras em sua boca.
Thomas puxou de suas costas e a envolveu em seus braços. Ela se aconchegou em seu peito,
aspirando seu aroma e desfrutando do calor de seu corpo.
— Acredito que Catalina está começando a entender que sentia falta de você e de Ângela.
As lágrimas cravaram seus olhos.
— Acha que é capaz disso? Na verdade?
Thomas ficou em silêncio durante um bom momento.
— Sim.
Um soluço de dor brotou de algum lugar muito dentro dela, como um oco de tristeza que
estava armazenado nas profundidades de sua alma e que tinha aparecido de repente.
— Sinto falta de minha irmã, Thomas.
Ela não tinha chorado nem uma vez desde que tinha encontrado Ângela, não de verdade,
mas agora parecia que todas as lágrimas armazenadas se precipitaram em uma corrente.
Thomas a ajudou a descer da ponte e se sentaram, segurando-a em seu colo, e deixando que
acontecesse. Arrulhava com sons suaves e roçava os dedos pelo cabelo, parecendo entender tão
bem como ela o que necessitava neste momento.
As lembranças alagaram sua mente. Brincando com Ângela na escadinha de pedra da casa
onde tinha vivido durante um tempo em Chicago. Correndo até o lago, na França, onde tinham
visto os outros meninos brincando corridas de veleiros. Isabelle recordava seu primeiro encontro e
como sua irmã mais velha tinha dado uma pequena quantidade de conselhos apoiados em sua
própria e limitada experiência. Ajudou-a a pentear seu cabelo e depois se sentou com ela quando
voltou para casa chorando porque o menino não foi tudo o que esperava.
Deusa, sentia falta de Ângela.

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Isabelle chorou até que seus olhos estiveram secos, sua maquiagem inexistente, o nariz
vermelho, e a cabeça pulsava. Apesar de tudo isso, ao final, sentia-se melhor do que se sentiu em
muito tempo. Sentia-se livre do peso que esteve carregando desde a morte de sua irmã.
Ao cair da tarde e perder-se no crepúsculo, as pequenas luzes que iluminavam os caminhos
no conservatório foram fazendo-se gradualmente mais brilhantes. Isabelle apoiou sua cabeça
contra o ombro de Thomas e suspirou.
— Arruinei sua camisa. Meu rímel te manchou por toda parte.
— Eu não gostava dela de todos os modos — Sua voz retumbou baixo através dela, crua e
sedosa ao mesmo tempo.
De repente Isabelle quis estar na cama com ele, ansiava tocar sua pele com a dela, o
movimento de seus lábios sobre sua boca e todo seu cabelo escuro acariciando maravilhosamente
seu corpo.
Mas teria que esperar. O crepúsculo tinha caído e tinham um demônio que caçar.
— De verdade acha que é possível que minha mãe pudesse lamentá-lo?
Ele acariciou seu cabelo.
— Acredito que o está lamentando agora, Isabelle. É só que não tem nenhuma pista de
como emendá-lo.
— E talvez seja muito tarde.
— Sim, e talvez seja muito tarde. Isto é para que você e ela o ultrapassem — Fez uma pausa
— Ela mencionou que às vezes deixava você e a sua irmã com gente que não as tratavam bem. É
isso verdade?
Isabelle ficou rígida.
— Isso não aconteceu tão frequentemente. Umas duas vezes... Tampouco era por muito
tempo. Mas uma vez pagou a essa mulher, Marie, para que nos mantivesse por um tempo. Ela
vivia em Marsella. De todos os modos, era uma menina pequena, sempre me metia em
problemas. Em realidade nunca me incomodou exceto no que respeita à disciplina. Assim que um
dia... Nem sequer recordo o que fiz... Marie se fartou de mim e me trancou em um armário — Ela
engoliu, sendo capaz de sentir a pressão da escuridão como uma presença física, com a garganta
lutando seca pela falta de água — E ali fiquei durante quatro dias.
Thomas apertou seus braços ao redor dela.
— Ângela tentou e tentou abri-lo, mas não pôde. Ficou comigo todo o tempo, tentou
empurrar comida e água pela pequena fresta sob a porta.
— Catalina diz que é por isso que é claustrofóbica e que estava acostumada a ter pesadelos
recorrentes.
— Sim, é verdade.
— O que fez sua mãe quando descobriu o que aconteceu?
Ela encolheu os ombros.
— Mudou a outra parte. Dessa vez nós fomos viver com ela e seu gatinho do mês, Fredrick,
na Suíça por um tempo — Suspirou — De todas as formas, tudo é história antiga. Não se pode
trocar o passado. Raramente tenho pesadelos e a claustrofobia está muito melhor do que estava
acostumado a ser.

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Bruxas Elementares 02

Isabelle levantou a cabeça, consciente de que provavelmente tinha um aspecto terrível, sem
maquiagem, com a face cheia de lágrimas e se sentiu feliz pela tênue luz na estufa, embora se
sentisse cômoda com Thomas, até parecendo uma tralha.
— Então, quando vamos?
— Ir?
Secou as bochechas.
— Quando saímos para fazer as rondas do Boyle?
Seu rosto se apertou.
— Não quero que saia esta noite.
Maldição. O agradável ambiente se destroçou, Isabelle se separou dele e se levantou.
— Realmente Thomas, não me importa o que queira.
Thomas se levantou.
— Vou com Adam e Micah. Quero que fique aqui com Jack McAllister. Dei instruções para
que te proteja de Boyle se aparecer aqui de novo.
Isabelle o olhou por um momento, com os dentes apertados. Teve que forçar as palavras
através de sua apertada mandíbula.
— Posso cuidar de mim mesma. Só porque me fode não tem direito a me dizer o que fazer
— Girou sobre seus calcanhares e se afastou.
Ela deu cinco passos antes que sua voz de comando enchesse o ar.
— Como chefe do Aquelarre, a que está sujeita neste momento, ordeno a você que fique
esta noite. Isto não tem nada a ver com o fato de que a fodo.
— Mentira, Thomas.
Isabelle invocou sua magia, sentindo que piscava com prazer no centro de seu peito e se
estendia por seus braços. Aproximou-se de um riacho próximo e manipulou as moléculas para
realizar seu comando. Um splash e uma série de maldições chegaram a seus ouvidos. Isabelle nem
sequer rompeu suas passos ao ir-se.

Capítulo 17

Thomas tinha se trocado e posto roupa seca. Agora usava um par de jeans gastos, botas de
couro e um suéter escuro. Embainhada em suas costas sua espada curta, com um casaco
comprido e negro cobrindo-a. Estava quente e se sentiu estúpido ao usá-la, mas era a única
maneira de manter a folha oculta.
Pior ainda, sobre a base da experiência que Isabelle teve com o demônio na biblioteca, era
possível que as folhas nem sequer funcionassem. Entretanto, o cobre seguia sendo sua melhor e
única arma contra Boyle.
Isabelle desceu as escadas. Usava um par de jeans bem gastos, botas negras, um suéter
negro... E uma obstinada mandíbula. Claramente, tinha toda a intenção de acompanhá-los.
Era evidente que se equivocava.

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Bruxas Elementares 02

Thomas sabia logicamente que se o demônio a desejava, podia encontrar Isabelle em


qualquer lugar e em qualquer momento. As paredes do Aquelarre tinham defesas. Entretanto, a
possibilidade de surpreender o demônio em algum momento de suas confusões noturnas na zona
era maior a que o demônio retornasse ao Aquelarre.
Assim Thomas o assumiria de todos os modos.
Ele só queria, necessitava, fazer todo o possível para manter segura a Isabelle e esta era a
melhor maneira que sabia fazê-lo.
— Não virá — Disse categoricamente quando ela chegou à parte inferior das escadas. Micah
e Adam não tinham aparecido ainda.
Isabelle abriu a boca para responder, mas alguém bateu na porta do Aquelarre, calando-a.
Douglas, o bruxo que dirigia a casa, saiu por uma porta, mas Thomas fez um gesto e caminhou ao
interfone da entrada e pressionou o botão de falar.
No monitor de vídeo da porta principal, apareceu a imagem de Catalina. Estava sentada em
um conversível negro.
— Sr. Monahan? Estou aqui para ver Isabelle.
Thomas olhou para Isabelle que tinha ido de obstinada a vulnerável em poucos segundos.
Ela se abraçou.
— Se se tratar das joias, não a deixe entrar.
— Não se trata das joias — Catalina respondeu imediatamente — Trata-se de mim e Isabelle
— Franziu os lábios — É particular.
Thomas olhou para Isabelle de novo. Ela só assentiu pouco a pouco, uma vez.
— Está segura? — Perguntou Thomas.
Ela assentiu de novo.
— Maldição, sim.
Thomas apertou o botão para abrir as portas do Aquelarre e Catalina as atravessou. Depois
deu alguns passos para Isabelle, sustentando seu agora incerto olhar, enquanto Adam caminhava
por uma das portas principais da entrada. Thomas se deteve.
— Tenho um pressentimento esta noite — Anunciou a Adam, que caminhou para eles
enquanto subia as mangas de sua camisa de cor azul escura — Acredito que esta noite — Deteve-
se em seco — O que aconteceu?
— Nada — Respondeu Isabelle, rompendo o olhar de Thomas para procurar o de Adam —
Tudo está bem. Thomas não quer que eu vá com vocês e agora, convenientemente, não posso ir.
Voltou-se e subiu as escadas.
— Pode dizer a Catalina que me encontre em cima? — Deteve-se e olhou Thomas, com rosto
sombrio — E, por favor, tome cuidado. Também tenho um pressentimento sobre esta noite.

There Drock era um bar nos subúrbios de Chicago, propriedade de uma bruxa e patrocinada
por ela mesma. Também era um dos três poços de água frequentados por bruxas, onde Boyle era
conhecido por passar o momento. Thomas teve um momento difícil ao imaginar o demônio
bebendo uma cerveja gelada, mas aparentemente desfrutava disso uma e outra vez.
Ou talvez fosse das bruxas que gostava.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

Adam entrou no bar depois de Thomas e se dirigiu diretamente para pedir um grande copo
de Absolut. Não podia culpá-lo. Esta era a última parada depois de uma longa noite de becos sem
saída.
Thomas estava farto dos becos sem saída, cansado de voar às cegas. Se havia uma coisa
nesta vida louca que o fazia, era sua incapacidade para controlar as situações. Especialmente as
situações que punham às pessoas que lhe importavam em situação de risco.
A tatuagem em suas costas se contraiu com a grande magia adicional com que o tinha
infundido. Thomas queria uma briga, queria algo, qualquer coisa, com Boyle. A totalidade de seu
corpo tremia magicamente com vontade de participar.
Deu uma olhada à sala, descansando seu olhar em cada um dos clientes, mal iluminados em
um espaço. Havia poucas bruxas no lugar, mas sobre tudo estava cheio de não-mágicos esta noite.
Uma vez mais, não viu Boyle.
— Demônios — Murmurou em voz baixa.
Cada noite que não encontravam o demônio era outra noite em que uma bruxa poderia
morrer.
Micah pôs uma mão no seu ombro.
— Tomemos um gole.
Ele deslizou uma mão pela face cansada.
— Parece-me bem.
No balcão, Adam conversou com uma atraente morena cujo companheiro Thomas tinha
visto desaparecer no banheiro uns momentos antes. Era uma bruxa da terra de baixa capacidade,
se Thomas julgava corretamente.
Thomas se deslizou no tamborete junto a ele, as espadas que levavam não eram o suficiente
longas para impedir de sentar-se, e pedir um bourbon, e tentou ignorar a baixa risada sensual da
mulher quando Adam esteve ocupado adulando-a.
Thomas tirou seu telefone do bolso e o olhou por um momento, deliberando sobre se devia
ligar para Isabelle ou não. Perguntou-se como teria ido com sua mãe. Sua reação instintiva foi tirar
Catalina da propriedade do Aquelarre quando tinha visto sua cara no monitor, mas protetor como
se sentia por Isabelle, não era seu lugar interferir com sua vida familiar.
Olhou seu telefone celular outra vez e depois o fechou. Eram duas da manhã. Isabelle estaria
provavelmente na cama agora mesmo. Jack tinha recebido instruções de permanecer na sala de
estar até que ele voltasse. Thomas só podia imaginar quão contente Isabelle devia ter estado ao
ouvir essas ordens.
Apesar de que não era seu lugar interferir com a vida da família de Isabelle, como chefe do
Aquelarre, definitivamente era seu lugar interferir nos assuntos relativos a sua segurança. E
Isabelle simplesmente teria que acostumar-se a isso.
Se ele a estava fodendo, isso só cimentava mais a sua preocupação.
Se ele a amava, convertia-o em um imperativo.
E ele estava se apaixonando por Isabelle. Seu caos tinha jogado uma boa nota no contador
de seu controle. Nunca tinha se dado conta do muito que tinha necessitado de uma força como
ela em sua vida até que tinha aterrissado em meio desta.

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Bruxas Elementares 02

O garçom serviu seu uísque e o de Micah frente a eles. Thomas tomou seu copo e bebeu um
longo gole de álcool de segunda categoria, desfrutando da satisfação que gravava em sua
garganta.
— Parece cansado chefe — Disse Micah.
— Não dormi bem. Não posso descansar me perguntando quando vamos receber uma
chamada telefônica nos informando do novo massacre de uma bruxa.
Micah grunhiu.
— Teria pensado que não dormia por outras razões. Por Isabelle.
— Por isso também — Thomas encolheu os ombros — Há só uma coisa. Isabelle se mudará
uma vez que isto tenha terminado — Sem importar se ele quisesse que o fizesse ou não.
— Acha que sim?
Ele moveu o ambarino álcool em seu copo.
— Sei. Tudo o que tem que fazer é olhar em seus arquivos para ver isso. É uma viajante. Não
estabelece vínculos.
Não importava o muito que desejava mudar isso, Thomas preferia a verdade. E a verdade
era que Isabelle foi machucada fazia muito tempo. Talvez estivesse muito machucada para o amor
que estava começando a sentir por ela.
Micah ficou em silêncio por um instante antes de responder.
— As pessoas mudam.
O homem voltou do banheiro. Também era um bruxo da terra com energia relativamente
limitada. Thomas escutou a conseguinte breve briga de ciúmes entre ele, a morena, e Adam, e
depois viu que o homem arrastou a mulher do bar.
— Não a maioria das pessoas — Disse Thomas.
Adam se voltou para eles com um olhar de satisfação em seu rosto. Sorria.
— Tenho seu número de telefone.
— O caso em questão — Thomas olhou à fila de garrafas frente a eles e tomou outro gole.
Micah soprou.
— Não o adoece de terminar suas relações, Adam?
— Não penso nisso assim. Não posso terminar uma relação que está destinada a terminar de
todos os modos — Adam limpou uma gota de umidade de seu copo — Os quais são quase todas,
em minha opinião.
Micah empurrou seu copo.
— Maldição, ambos estão pressionando o inferno em mim esta noite.
Thomas o olhou.
— Isso é porque é uma deprimente maldita noite.
— Brindarei por isso — Adam içou seu copo.
Thomas tirou algumas notas de seu bolso e os jogou no balcão.
— Terminamos, meninos. Quero voltar para o Aquelarre.
— Voltar para Isabelle, quer dizer — Disse Adam, justo antes de esvaziar seu copo.
— Sim, de volta a Isabelle.

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Bruxas Elementares 02

Ele e Micah tinham terminado suas bebidas. Pagaram sua conta e se dirigiram para fora, ao
carro estacionado em uma área solitária do estacionamento quase vazio. Por cima de suas
cabeças, a lua cheia iluminava seu caminho através deste. O cascalho rangia sob seus sapatos.
Enquanto Thomas desligava o alarme das portas como controle, ouviu um gemido
procedente da lateral do edifício.
— Que demônios? — Murmurou Adam.
Franzindo o cenho, Thomas guardou as chaves e enfiou seu caminho ao lado do edifício,
pisoteando as ervas daninhas e tropeçando com outras, enquanto seguia o baixo som. Adam e
Micah ficaram atrás dele.
Na parte posterior do bar estava um estacionamento para empregados. Três carros estavam
estacionados ali e um contêiner de lixo estava perto da saída posterior. As ervas daninhas
germinavam através do pavimento rachado. Arbustos e pequenas árvores cresciam ao redor da
periferia.
Deteve-se na esquina do edifício e esperou até que outro gemido ressoou no ar da noite.
Saía detrás do contêiner de lixo.
Thomas se voltou e indicou a Micah e Adam que dessem a volta ao outro lado do contêiner.
Os três se moveram ao mesmo tempo. Thomas não tirou sua espada ainda. Poderia ser tudo, de
uma prostituta até uma relação ilícita ou um ataque ou um…
— Demônio — Murmurou.
Podia cheirá-lo, esse distintivo aroma seco, a terra que não era muito desta terra. Talvez não
fosse terrestre, e sim Eudae. Captando o olhar de Adam, Thomas mostrou a cabeça, agarrou o
cabo de sua espada e a tirou lentamente.
O gemido se repetiu. Thomas e Adam se aproximaram dos cantos do contêiner de lixo ao
mesmo tempo, com cautela, com as espadas levantadas e preparadas para golpear. A morena do
balcão estava derrubada no chão em posição fetal. O demônio não estava à vista, mas seu aroma
ficou no ar. O homem que esteve com a mulher no bar também faltava.
Adam correu para a mulher, ajoelhou-se e situou sua espada na calçada ao lado de seu
ombro.
— Susan? Ouve-me?
A mulher se queixou de novo e colocou uma mão na cabeça.
Thomas se afundou no chão a seu outro lado. O sangue marcava sua bochecha e salpicava
sua camisa. Thomas suspeitava que seu nariz pudesse estar quebrado
— Susan, onde está seu encontro? Onde está o homem que estava aqui com você?
Ela se pôs de costas, fazendo uma careta.
— Jake?
— Sim, Jake. Onde está?
Ela gemeu de novo e Adam a atraiu a seu colo.
— Havia um homem... Um homem grande. Pelo menos acredito que era um homem. Não
parecia humano, mas não queria uma bruxa. Golpeou-me e brigou com Jake — Ela engoliu seco —
Jake perdeu. O homem o arrastou longe.
— Em que direção levou Jake?

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Bruxas Elementares 02

Susan levantou um trêmulo braço. Assinalou à linha de vegetação de arbustos que


contornavam um pequeno posto de árvores em todo o estacionamento de empregados.
— Ali. Arrastou-o ali.
Thomas se levantou e tomou sua espada.
— Micah, consegue um médico para esta mulher. Adam, venha comigo.
Ele e Adam se enfiaram na direção que tinha indicado, contornando com cautela o mato do
local. Sarças puxaram sua roupa e as videiras tentavam retê-lo. Thomas agora não podia detectar
nenhum aroma de demônio e não podia ouvir nada, não havia luta. Era muito tarde?
Abriram caminho através da clareira e se encontraram atrás de uma fábrica. O zumbido
suave de um sistema de ventilação chegava a seus ouvidos.
A pouca distância se podia ver uma Harley estacionada em outro lote, com o metal e cromo
brilhando à luz da lua. Vislumbrando ao mesmo tempo, ele e Adam caminharam para ela. Boyle
tinha chegado para arrebatar um bruxo muito grande, mas o demônio não necessitava meios
físicos para transportar Jake fora daqui. Poderia ter chegado em seu ciclo, mas provavelmente
planejava sair por uma porta com sua presa capturada. Micah tinha encontrado uma entrada nos
textos que dizia que era possível que Boyle pudesse fazer isso.
Um movimento desfocado se aproximou deles da esquerda de Thomas. Ambos se voltaram
para ele e algo chamou a atenção de Adam. Seja o que fosse se moveu muito rápido para que
Thomas seguisse a pista. Adam grunhiu e desabou.
Depois, nada. Silêncio, exceto pela respiração dura de Adam e maldições brandas
pronunciadas de onde estava estendido no chão.
— Está bem? — Disse Thomas, fazendo um círculo cuidadoso com a espada em sua mão. O
aroma de demônio agora enchia a pequena clareira onde estavam.
— Não, maldição. É uma pergunta tola — Queixou-se Adam, mas ficou em pé de todos os
modos.
O deslocamento veio de novo, desta vez diretamente para Thomas. Voltou sua espada e
golpeou o ar. Então, um pesado punho golpeou o lado de sua cabeça e chegou sua vez de beijar o
chão.
Thomas desmaiou por um momento sob a força do golpe, mas depois levantou-se
rapidamente, sabendo que não tinha muito tempo. O demônio estava brincando com eles agora e
não tomaria muito tempo antes que ficasse sério. As náuseas se enrolaram ao redor de seu
estômago enquanto equilibrada sua instabilidade, com uma dor aguda na cabeça e ombros.
Brincar com demônios não era nada divertido absolutamente.
Ele e Adam trocaram um olhar e ficaram quietos na luz da lua, embora balançando-se um
pouco. O sangue deslizada pelo olho de Thomas e queimava.
Silêncio.
Quietude.
Da direita de Thomas veio outro movimento de ação. Com todas suas forças, concentrou-se
no movimento e calculou o golpe de sua espada. A pequena parte da folha tocou a carne e Boyle
rugiu. O punho do demônio voltou a baixar, golpeando Thomas por trás. Sua espada voou de sua
mão à terra e a um mato próximo.

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Enquanto Boyle levantava sua mão de novo, Thomas tocou a magia. O poder cursou através
de seu peito e braço. Ele se concentrou na terra sob os pés de Boyle, fazendo que retumbasse e se
agitasse.
Boyle, apanhado fora de equilíbrio, cambaleou para trás. Adam interveio imediatamente,
balançando sua espada ao demônio que esquivou o golpe no último segundo. A folha assobiou no
ar a uma polegada da garganta do demônio.
Thomas se equilibrou sobre a arma perdida. À medida que sua mão se fechava sobre o
punho, escutou a advertência de Adam.
— Cuidado! — E rodou para um lado para ver que Boyle tinha recolhido um galho enorme e
estava tentando cravá-lo com o final como um espeto em uma fogueira. O final do galho se cravou
no chão onde Thomas esteve só um momento antes.
Thomas teve a oportunidade de girar a folha em forma de arco para os joelhos de Boyle, mas
o demônio conseguiu puxar o galho e bloquear seu movimento. A folha se cravou na madeira
como Excalibur na pedra. Boyle e Thomas saíram para extrair suas armas ao mesmo tempo.
Madeira e lâmina se separaram. Thomas se afastou, enquanto o demônio se voltava e continuava
atacando Adam.
Pôs-se de pé, e vislumbrou uma figura de barriga para baixo no mato: Jake. Thomas não
sabia se ainda vivia ou não.
Thomas se voltou e gritou
— O que quer? — Fazendo eco com raiva e frustração das palavras saídas de sua garganta
cruas e sangrentas no ar da noite, com uma intensidade selvagem.
Nesse momento, Adam afundou a espada na perna do demônio. Boyle gritou de dor e deu
murros em Adam tão forte que ele voou para trás, caiu no chão e ficou imóvel. Um frio medo se
apertou no estômago de Thomas. Queria chegar a ele, mas nesse momento um demônio muito
zangado fechava o caminho.
Boyle se voltou, tirou a espada de sua perna e a jogou em um lado.
— Quero ir para casa! — Deu vários passos ameaçadores para Thomas. A pele do demônio
agora tinha uma cor avermelhada pouco natural. Seus olhos sangraram até ficar da cor obsidiana e
a careta revelava dentes anormalmente agudos.
De acordo com Micah, estas mudanças corporais significavam que o demônio tinha entrado
em raiva assassina. Divertido.
— Só quero chegar em casa, aeamon — Repetiu Boyle.
— Então está utilizando às bruxas para abrir uma porta entre a Terra e Eudae? É isso o que
está fazendo?
— Divirto-me com o vínculo que tem com a bruxa da água, mas sua ignorância me
incomoda.
Thomas deu a volta ao demônio com cautela, com a espada apertada em seu punho.
Realmente não gostava de nenhuma das palavras em boca do demônio quando se tratava de
Isabelle.
— Devido que sou tão ignorante, por que não me ilumina?
— Educá-lo não é minha preocupação, aeamon. Isso só me atrasará.

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— Sério? Tem pressa? — Deteve-se um momento e depois com voz áspera — Diga-me como
está indo, Boyle.
— Está quase feito. Só tenho que fazer duas chaves mais e terei terminado. Isto não é nada
com você, e não tenho nada que dizer. Deixe-me sozinho. Deixe-me ir para casa.
— Isto é tudo sobre mim! Está matando meu povo! — Thomas sentiu a garganta raspar mais
pelos gritos e a raiva dos golpes que tinha recebido. Raiva por não poder deter o demônio
enchiam cada molécula de seu corpo.
— Seu povo, meu povo. Todos somos um só povo. Quero ir para casa. Deixa de tentar evitá-
lo. Uma vez que eu tenha ido, os assassinatos se deterão.
— Realmente estamos relacionados, Boyle? — Pressionou — São as bruxas as descendentes
dos demônios?
— Sim. Somos familiares.
Thomas se equilibrou sobre Boyle, um ácido amargo se agitava por seu estômago e
queimava a garganta. O demônio se aproximou pela esquerda, mas Thomas previu seu movimento
e torceu a folha para interceptá-lo. Tomou o demônio profundamente no flanco.
A ferida fumegou e a pele cortou, igual à primeira vez que Isabelle tinha utilizado a faca.
Boyle parou com dor e as primeiras gotas de seu sangue ácido começaram a cair.
Thomas só teve um momento para considerar por que este movimento particular da espada
de cobre tinha causado sua reação quando outros não o tinham feito, talvez porque a folha tinha
entrado tão pouco profundamente. Gritando de agonia, Boyle tomou seu ramo de uma árvore
pesadas como um taco de beisebol e golpeou o Thomas no meio do peito.
Desorientou-o.
O fôlego de Thomas saiu de seus pulmões enquanto a dor explodia através de seu corpo.
Saiu disparado da terra e aterrissou em grande medida a seu lado, com a cabeça fazendo contato
com o duro chão. Sua visão se tornou imprecisa e perdeu seu fôlego, vendo que o demônio existia
um momento e no seguinte não.
Thomas pensou em Isabelle, em seu rosto, a sensação de seu fôlego em sua garganta, o
aroma de sua pele. Deuses, queria Isabelle agora.
Tudo o que obteve foi escuridão.

Capítulo 18

— Que diabos aconteceu? — Isabelle correu pelas escadas do Aquelarre, com seus pés
descalços soando sobre o pavimento.
Uma rajada de ar fresco da manhã cedo soprava sob a camiseta e shorts que tinha usado
para ir à cama desde que Jack McAllister a esteve vigiando... E porque não queria ser surpreendida
nua se o demônio se apresentasse no meio da noite. Isso seria um inconveniente.
Alguns dos bruxos mais fortes do Aquelarre ajudaram Adam e Thomas, ambos feridos com
claridade, a entrar na casa. Outros levavam um homem grande inconsciente que Isabelle não
conhecia.

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Maldição, queria estar zangada com Thomas por forçar Jack a vigiá-la, mas estava
aterrorizada por ele. Thomas e Adam tinham as roupas rasgadas. O sangue e a sujeira manchavam
suas faces e os pescoços de suas camisas. Hematomas floresciam em todos seus corpos enquanto
que o lábio de Adam estava aberto em uma ferida. Thomas caminhava coxeando distintivamente,
ajudado por seu primo Micah.
— Que diabos aconteceu? — Exigiu saber uma vez que chegou ao grupo.
— Não é óbvio? — Micah respondeu — Brigaram com o demônio e ganhou o demônio.
— O demônio não ganhou — Adam arrastou as palavras — O demônio não nos matou. O
demônio deixou sua presa. Assim... Não ganhou — Cambaleou para frente e quase plantou sua
cara sobre os degraus, algo que não necessitava, antes que os dois bruxos que o ajudavam a
caminhar conseguissem apanhá-lo — Embora sim nos chutou o traseiro.
— Sua presa? — As palavras a detiveram em seco.
Thomas sustentou o olhar de Isabelle. Agora via também seus lábios machucados. O sangue
cobria o lado direito de sua face.
— O demônio não capturou Jake, assim não ganhou.
— O que? Quem demônios é Jake?
Thomas fez um gesto com a cabeça ao homem inconsciente, que acabava de entrar através
das portas dianteiras do Aquelarre.
— Isabelle, este é Jake. Jake, Isabelle — A parte de sua boca que não estava inchada se
moveu para cima em um sorriso antes de fazer uma careta e a deixasse cair — Não acredito que te
possa saudar agora.
Ela franziu o cenho.
— Lindo. Deram-lhe calmantes ou algo assim?
Ele fez uma careta, mas Isabelle estava bastante segura que desejava sorrir.
— Senti saudades.
Ela olhou para Micah.
— Sério, deram-lhe analgésicos?
Thomas fez uma careta de novo.
— Direi tudo, Isabelle. Fica comigo, enquanto o Doutor Oliver me cura.
Isabelle os seguiu pela casa e a um corredor às instalações do Doutor Oliver. Entraram na
grande sala de espera depois de Adam. O Doutor Oliver e suas enfermeiras tinham um negócio no
auge no Aquelarre esses dias.
Jake, o quase jantar de Boyle, estava sendo empurrado a uma das salas de exame particular,
a uma maca.
— Estará bem? — Perguntou Micah, observando a porta que se fechava atrás deles.
Micah encolheu os ombros.
— Acredito que acaba de ser nocauteado, mas é muito cedo para dizê-lo. O médico precisa
vê-lo.
Thomas rejeitou a tentativa de Micah de levá-lo a uma sala de exame e se deixou cair em um
das cadeiras de felpa da sala de espera. Adam tinha desaparecido em uma das outras salas,

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provavelmente à espera do médico igual a Thomas. Era evidente que precisava atender primeiro
Jake. Suas feridas eram as piores.
Uma enfermeira se aproximou de Thomas, mas ele a despediu com um gesto.
— Estou bem, vê primeiro o Adam — Soava de mau humor. A enfermeira assentiu e se
afastou.
— Thomas — Isabelle objetou. Não parecia bem para ela, coberto de sangue, com uma
careta de dor, hematomas, e coxeando.
Ele levantou uma mão.
— Em realidade, Isabelle. Estou bem. Não quebrei nada... Acredito.
— Grandioso. Não pensa. Obstinado — Murmurou, sacudiu a cabeça e se rendeu.
Thomas ajustou sua posição procurando um maior conforto, tentando não empurrar a
perna. Micah estava uma cadeira próxima.
— Fomos a Rede Rock. Era nossa última parada para terminar a noite.
— Todos acreditamos que a parada de Boyle era uma cobertura... Outra vez —Adicionou
Micah.
— Mas quando vínhamos embora, escutamos gemidos que provinham de trás do edifício.
Quando demos a volta para investigar, uma mulher estava ali, golpeada até quase ficar
inconsciente. A reconhecemos do bar, estava com um homem
Isabelle deixou de mastigar o polegar para perguntar:
— Com o Jake?
— Sim. Podíamos cheirar que o demônio esteve ali. Esse maldito aroma, queimando a terra
e permanecendo no ar. Por isso, quando ela apontou às árvores próximas, fomos lá.
— Fiquei ajudando a mulher por ordens de Thomas — Interveio Micah — Adam e Thomas
foram trás dele.
Thomas se moveu de novo e fechou os olhos por um momento. Isabelle lutou contra o
impulso de chamar a enfermeira.
— Lutamos contra o demônio. Chutou nossos traseiros, mas consegui dar um bom passe
com minha espada, um golpe que deu uma reação alérgica, ou o que for. O fez ir imediatamente...
Sem Jake. Talvez cravei tão profundamente que o que seja que fez a si mesmo para ser mais
resistente ao cobre não funcionou. Não sei.
Isabelle assentiu.
— Então acha que o demônio espreita Jake como sua próxima vítima e interromperam o
sequestro?
Thomas assentiu.
— Isso é o que penso.
Deu uma olhada em Micah.
— Então quando se terminou de ajudar a mulher ferida, voltou e os encontrou?
Micah assentiu.
— Chamei o Aquelarre e saíram imediatamente.
Isabelle se afastou, fazendo eco das palavras de Boyle em sua cabeça. Virei atrás de você
quando estiver preparado. Tenho trabalho a fazer antes. Quantos outros viriam antes dela?

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— Isabelle, está bem?


Voltou-se para ver a expressão de Thomas.
— Estou farta disto, farta de estar um passo atrás de Boyle.
Ele passou uma mão pela face. Thomas parecia cansado e sabia que era por mais que uma
simples falta de sono ou sua condição física atual.
— Eu também, Isabelle. Se não tivéssemos encontrado Boyle quando o fizemos, Jake teria
sido a seguinte vítima.
Isabelle se abraçou.
— E quem sabe se o demônio não escolheu uma substituição — Engoliu — Talvez duas.
A mandíbula de Thomas se moveu enquanto provavelmente apertava os dentes.
— Já sei. Não adiantou muito roubar de Boyle sua presa esta noite.
Os três ficaram em silêncio. Na outra sala se ouvia o médico e a seus assistentes trabalhando
em Jake. Urgentes vozes exaltadas, máquinas zumbindo, som de pés.
Aparentemente, Jake estava pior do que Micah tinha pensado.
— Maldição. Tenho que sair daqui — Thomas se levantou da cadeira com sua perna
machucada e fez uma careta de dor — Morro de fome. Vamos procurar algo para comer.
Isabelle ficou boquiaberta.
— O que? Tem que ser examinado pelo médico.
Micah deixou escapar um suspiro de frustração.
— Não seja tolo, chefe. Está sangrando por todos os lados e seu olho está quase fechado
pelo inchaço.
Thomas tocou a testa.
— A hemorragia se deteve e minhas lesões não são tão mal como as de Jake ou Adam. De
todos os modos demorará um momento. Posso comer algo e estar de volta antes que ele esteja
preparado para mim.
— Fica aqui. Deixe ir procurar algo, Thomas — Isabelle se moveu para a porta, mas ele
tomou seu pulso com sua mão de ferro.
— Iremos juntos. Estou farto de ver a grotesca face de Micah. É a primeira maldita coisa que
vi quando acordei. Já tenho suficiente uísque no estômago.
— Ei, ei — Objetou Micah com uma mão levantada — Muito bem feito. Continue. Direi ao
doutor que voltará logo e que atenda primeiro Adam.
— Obrigado, primo — Respondeu Thomas com uma careta tentando fazer passar por sorriso
e se dirigiu para a porta — Sabe que estava parcialmente te fazendo uma brincadeira, não é?
— Parcialmente. Sim, sei. Sinto o amor, de verdade o faço — Fez uma pausa e olhou para
Isabelle — Sabe que tem a culpa disto.
Isabelle levantou as sobrancelhas.
— O que quer dizer?
— Ele nunca estava acostumado a me dar problemas antes que você chegasse.
— Vamos — Thomas a arrastou para a porta, coxeando — Estou a ponto de desmaiar de
fome.
— Ou por perda de sangue — Murmurou ela enquanto o seguia.

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Foram à cozinha, onde Thomas arrastou sua perna machucada enchendo um prato com
sobras e vertendo um copo de vinho tinto. Pôs dois garfos e se sentou em uma cadeira ao lado de
Isabelle.
— Então, como foi com sua mãe? — Thomas recolheu um garfo e o afundou no quente purê
de batatas.
Isabelle encolheu os ombros.
— Foi estranho. Não foi arrogante absolutamente. Foi...
— Contrita?
Ela encolheu os ombros de novo, suavemente tomou o garfo dele, deu uma dentada e o
devolveu.
— Suponho. Como disse, estranha.
Tomou um gole de vinho.
— E então?
Ela suspirou.
— Não estou disposta a perdoá-la por passar a nosso redor como se não nos quisesse
quando Ângela e eu éramos meninas. Não estou disposta a perdoar um montão de coisas.
— Não esperaria que o fizesse.
Ela tomou a taça de sua mão enquanto ele a situava sobre a mesa, com seus dedos
acariciando, e tomou um gole. Ela o olhou por cima da borda de sua taça por um momento.
— Mas há uma parte de mim que quer ver aonde vai.
— Alegro-me, Isabelle — Ele tirou a taça dos dedos e tomou um gole.
— Almoçarei com ela na próxima semana. Isso é em tudo o que posso me comprometer
neste momento. Mas acredito que tinha razão.
Deu-lhe um bocado de comida e ela o comeu.
— Sobre o que?
Isabelle mastigou e engoliu, e depois tomou o garfo e ofereceu a Thomas um bocado, que
ele aceitou.
— Sobre seu arrependimento. De todos os modos, veremos o que acontece.
Thomas empurrou sua cadeira mais perto e a beijou na têmpora.
Ela virou a cabeça e o beijou nos lábios, no lado da face menos machucada.
— Cheira a barro, sangue, e a demônio.
— Dói-me tudo.
— Me diga com mais detalhe o que aconteceu antes de arrastar seu traseiro de novo junto
ao doutor Oliver.
Thomas tomou um momento para responder.
— Boyle me disse que tudo o que quer é ir para casa. Havia nostalgia em sua voz quando
falou.
Ela franziu o cenho
— Desejar? De verdade acha que os demônios desejam?
Ele sacudiu a cabeça, passando uma mão pela face de aspecto cansado.
— Não sei.

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— Por que Boyle quer ir para casa de todos os modos? Não estava preso como um criminoso
em seu mundo? Poderia-se pensar que o prenderiam de novo se voltasse. Poderia-se pensar que
saberia.
— Sim. Quem pode entender o que Boyle poderia pensar? Talvez acredita que pode escapar
desse destino uma vez que chegue ali. Ou talvez odeie este lugar tanto que está disposto a arriscar
tudo para chegar em casa.
Ela ficou séria.
— Me pergunto o que está fazendo agora mesmo.
Seu braço se apertou a seu redor e baixou o garfo.
— Sim, tem razão — Murmurou ela — Não nos perguntemos nada.
— Sua pergunta acaba de matar meu apetite — Empurrou seu prato — Sinto ser um pouco
duro sobre seu confinamento nas instalações do Aquelarre.
Sua irritação, suprimida pelos recentes acontecimentos, explodiu.
— Sente? Por favor, Thomas, é um fanático do controle total. Sua necessidade de proteger
aos que o rodeiam é admirável, mas...
Ele se voltou e tomou sua bochecha.
— Só aqueles que me importam.
— O que?
— Disse que tenho uma necessidade de proteger aos que me rodeiam. A categoria é em
realidade muito mais estreita, Isabelle. Além disso, não é uma necessidade, é uma obsessão.
Tentou agarrar-se a sua raiva, realmente o fazia, mas o olhar em seus olhos, de seu olho
bom, era verdade de todos os modos, dissesse o que dissesse. Proteger às pessoas era um dever
para Thomas. Sua boca se torceu enquanto forçava um distante um sorriso de felicidade. Moveu
seu olhar através da cozinha.
— Deve fazer que alguém te veja isso.
Deixou cair a mão de sua face.
— Talvez.
Thomas levantou sua taça e bebeu um gole. Outra vez Isabelle tomou entre seus dedos sem
sequer pensar nisso, levantando a borda a seus lábios e bebeu. A forma em que se sentaram tão
perto, compartilhando comida e vinho, pareceu como se fossem um casal.
Como se estivessem apaixonados.
Deusa, não podia fazer isto. Boyle viria atrás dela. A menos que pudesse encontrar uma
maneira de deter o demônio quando seu número se aproximasse, morreria. Não podia permitir-se
estar mais perto de Thomas o que já estava, tanto por seu próprio bem como pelo seu. Qualquer
outra coisa seria cruel.
Ela vacilou em baixar a taça, então a deixou a um lado e se separou um pouco de Thomas.
— Pensei que depois de tudo isto poderia viver na Ásia por alguns anos — Tratou de soar
frívola, mas sua voz saiu tensa.
Algo escuro piscou em seus olhos. Ele desviou o olhar e quando voltou a olhá-la não foi
levemente, e sim com um fingido interesse amável em seu rosto. Podia sentir o desgosto e ira que
emanavam dele.

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— Ásia? Sério? Onde exatamente? Ásia é um lugar muito grande.


Ela fez um gesto com a mão com desdém.
— Pensei que talvez começasse pelo Japão e trabalharia meu caminho daí.
— E se te pedisse que ficasse?
Isabelle suspirou e olhou para a porta.
— Não aprendeu nada de mim, Thomas? Não sou do tipo que fica.
Ele envolveu seu braço ao redor de sua cintura e se levantou. Sentiu borbulhas de dor em
seu interior pela perda do calor de seu corpo e o olhar ferido em seus olhos.
— Devemos voltar. Vem? Não te quero aqui sozinha.
Isabelle o viu coxear à porta e depois através dela. Ela se agarrou a borda da mesa,
obrigando-se a não correr atrás dele e dizer que se havia algum homem no mundo pelo que se
assentaria em um lugar, seria por ele. Apesar de seu estúpido protecionismo. Apesar de seus
problemas de controle.
Levantou-se para segui-lo lentamente, o que a obrigou a não correr atrás dele e explicar
sobre Boyle e a posição em que o demônio a tinha posto: sua vida pela das outras bruxas. Isabelle
queria, necessitava seu apoio e assessoramento. Mas não podia fazer isso, não importava o muito
que o desejasse. Thomas tentaria protegê-la de Boyle a todo custo, e o demônio já disse que
mataria Thomas se interferisse em seu caminho. Isabelle não podia deixar que arriscasse sua vida,
porque sabia que estava apaixonando-se por ele.
Desta vez ia ser ela a que o protegeria.

Thomas despertou com os dedos enredados em seu cabelo, o aroma doce e o calor da
respiração da mulher em sua bochecha. Suas pálpebras se levantaram um momento para ver que
Isabelle tinha subido à cama com ele.
Ela não tinha nenhuma intenção de ficar. Quis chutar-se no momento em que se permitiu a
si mesmo esperá-lo.
Tinha aparecido em sua porta poucos minutos depois que ele chegasse em casa dizendo que
queria dormir no quarto de convidados. Foi uma sorte que tivesse vindo por sua conta.
Fisicamente, ele não se sentiu com forças para arrastar-se sobre ela, apesar que o teria feito.
Thomas abriu a porta e disse que entrasse, mas não disse muito, porque ainda estava magoado e
aborrecido, ela tinha deixado bastante claro que estava com ele só pelo sexo.
Poderia dar sexo, mas Thomas suspeitava que queria, necessitava, das outras coisas que
também tinha para dar.
Ela tinha muito medo de tê-las.
Ele se moveu, envolvendo seus braços ao redor dela e rodando a um lado. Os lençóis se
enredaram entre ele e seu comprido e magro corpo nu, enquanto a punha debaixo dele. Isabelle
era só um complemento temporário a sua vida, um sussurro fugaz, transitivo, e impossível de
manter.
Mas seria maldito se não tentasse mantê-la de todos os modos.
Thomas deslizou seu joelho bom entre suas coxas e se estremeceu quando o outro joelho
protestou pelo peso.

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Sua fria mão se deslizou até seu ombro.


— O doutor me disse que tinha torcido o joelho. Prometo ser suave com você — Ela mordeu
o lábio inferior — Tinha que te tocar esta noite.
Ele se estendeu pela força em suas coxas e pressionou o comprimento de seu pênis contra
seu calor, por isso ela gritou de assombro. Quão único os separava era o lençol e logo ele o faria
desaparecer.
— Suavidade é a última coisa que quero de você.
Ela sorriu e levantou a perna para percorrer desde seu calcanhar até sua panturrilha e a
parte posterior de sua coxa.
— Então dorme nu.
Ele levantou uma sobrancelha.
— Preferiria pijama?
Ela umedeceu o lábio inferior.
— Só se pudesse tê-lo. Eu gosto mais de você sem roupa — Levantou a mão e riscou a borda
da atadura que cobria a testa — Mas talvez minha entrada aqui não tenha sido uma boa ideia.
— Por que está aqui? Só quer me usar para ter relações sexuais outra vez?
Ela franziu os lábios.
— Tem algum problema com isso?
— Sou um homem. De verdade o que acha?
Isabelle se pôs a rir em voz baixa e se empurrou para ele. Ele o permitiu, deixando que ela o
colocasse sobre suas costas para que ela pudesse ficar escarranchada. O calor de seu sexo jogava
com seu pênis.
Seu olhar o explorou por um momento.
— Eu adoro esse olhar preguiçoso que chega a sua face antes de ter sexo. Eu adoro a
flexibilidade dos músculos de seus braços e seu peito quando me toca. Eu adoro… — Mordeu o
final de sua declaração e ficou olhando um momento antes de afastar o olhar.
— Está ficando tímida? Você?
Isabelle agachou a cabeça e acariciou os lábios em todo seu diâmetro. Thomas serpenteava
a mão por seu pescoço e apertou a boca para poder beijá-la e preguiçosamente passou sua língua
contra a dela. Ela suspirou e o beijou de novo, empurrando a língua de maneira mais agressiva.
Vou ficar com você, Isabelle. Só que não sabe ainda.

Capítulo 19

Isabelle rompeu o beijo e desceu à sua garganta, beijando, mordiscando e lambendo. Desceu
de caminho a seu peito, seus lábios quentes e úmidos exploravam cada centímetro de sua pele.
Quando chegou a seu abdômen, arrastou a sua língua pela carne até que chegou a seu pênis.
Isabelle lançou um tímido olhar e depois envolveu a cabeça de seu pênis com sua boca. Todas suas
terminações nervosas saltaram à vida. Thomas jogou a cabeça para trás e gemeu.

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Bruxas Elementares 02

Abriu caminho por seu cabelo com os dedos e o agarrou, detendo-se para não empurrar
suavemente em sua boca. Sua habilidade para deixá-lo completamente indefeso com o deslizar de
sua língua sempre o surpreendia.
Moveu-se sobre ele, enquanto empurrava o comprimento de seu pênis no espaço quente e
úmido de sua boca e deslizava sua língua de cima a baixo. Seu cabelo roçava suas coxas e o fez
saltar. Suas bolas estavam a ponto de explodir e o prazer estremeceu todo seu corpo, mas não
gozaria, queria estar enterrado profundamente dentro de seu sexo, não em sua garganta. Queria
sentir a evidência de seu prazer ondeando ao redor de seu pênis antes que gozasse.
— Isabelle — Emitiu um gemido agônico.
Ela o ignorou, olhando-o uma vez e depois chupando seu comprimento entre seus lábios
uma vez mais. Isabelle formava redemoinhos com sua língua ao redor da sensível parte inferior da
coroa com movimentos para fora. Claramente, o fazia a sério.
Thomas se elevou ao Shangri-la, em busca do céu. Ele se acomodou soltando-a dele e
dobrando-a, fixando sua face para baixo, em sua cama tamanho King com um movimento suave.
Isabelle ficou sem fôlego entre as mantas e o colchão.
— Seu joelho!
Ele abateu-se sobre ela e estendeu suas coxas.
— Mal me dei conta. É o melhor analgésico — Arrastou seus dedos sobre seu sexo e se
moveu debaixo dele.
Isabelle levantou o quadril, ajustando seu doce traseiro contra sua virilha e arqueando a
suave elevação de suas costas. Colocou uma mão sobre a curva de seu quadril, inclinou-se para
lamber e mordiscar seu caminho pelas costas. Voltou sua cabeça para um lado e viu a língua que
seguiam molhando seus lábios, seus olhos se fecharam e suas longas e escuras pestanas se
abateram sobre suas bochechas cor de rosa paixão.
Seus dedos se fixaram nos cobertores a ambos os lados e moveu os quadris, procurando
uma maneira de deslizar seu pênis dentro dela. Thomas colocou a mão entre o colchão e seu
estômago, procurando e encontrando esse lugar quente onde ela queria ser tocada. Encontrando
seus clitóris, esfregou-o com o dedo indicador. Ela abriu a boca e gemeu sob as mantas.
Tentou levantar-se, mas ele a manteve imóvel enquanto ele a acariciava esfregando-a com
frenesi, mas se deteve justo antes de fazê-la gozar. Depois deslizou dois dedos em seu calor morno
e úmido e bombeou. Isabelle moveu seus quadris ao ritmo de suas investidas, uma ação que
quase o fez perder a cabeça.
Abraçando a repentina e selvagem necessidade de reclamá-la, Thomas forçou suas coxas
separando-as e a agarrou pelos quadris, puxando-a para cima para empalá-la com seu pênis. Com
um suave movimento, pôs a cabeça de seu eixo em sua entrada e empurrou em seu interior,
assentando-se ao fundo de todo esse calor úmido.
Ela arqueou as costas, tomando em seus punhos a manta. Sua respiração emergiu em um
suspiro, depois um gemido.
Ao mesmo tempo, Thomas se deixou cair sobre suas costas e afundou seus dentes em seu
pescoço quando ele começou a montá-la.

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Isabelle explodiu em um clímax, os músculos de seu sexo se apertavam e soltavam ao redor


de seu pênis. Ela ofegou e golpeou, movendo-se em seu penetrante eixo. Thomas lutou para não
gozar. Queria que isto durasse.
Thomas jogou para trás a cabeça, o cabelo caindo ao redor dos dois enquanto ele bombeava
com mais força e mais rápido. Provavelmente tinha a aparência de um animal sem princípio nem
fim enquanto se moviam juntos na cama. Apertou-se contra ele, fazendo alavanca com os joelhos
e as mãos para poder empurrar de novo contra ele, encontrando suas estocadas dentro de seu
doce corpo.
Thomas deixou que sua mão brincasse ao redor dela indo em frente, percorrendo sobre seu
estômago, as pontas de seus mamilos e segurando seus seios.
— Vou gozar outra vez — Disse com voz entrecortada. Isabelle estremeceu debaixo dele
enquanto outro clímax se encaminhada por seu corpo. Desta vez Thomas se deixou ir, também. O
prazer explodiu dele e se verteu nela.
Caíram em um enredo no colchão, cada um envolto no outro. Extraiu seu pênis de seu corpo
enquanto se movia e sentiu a perda dessa conexão. Arrastou-a contra ele e ela encaixou a cabeça
debaixo de seu queixo.
— Não vou deixá-la ir, Isabelle — Murmurou na parte superior de sua cabeça.
Ela ficou rígida em seus braços.
— Vai ter que fazê-lo — Sua voz soava baixa, sem expressão.
Thomas ficou imóvel por um momento antes de falar.
— Quero-a e sempre consigo o que quero.
Esperou que ela se zangasse pela arrogância de seu comentário, apesar do que significavam
essas palavras. Em seu lugar, rodou a um lado e se pôs a rir. Sem fazer nada, agarrou uma mecha
de seu cabelo e o enrolou ao redor de seu dedo.
— O mundo tem ventos, Thomas. Às vezes nos dirige onde não desejamos ir.
— O que acha que significa isso?
Ela encolheu os ombros e desenrolou a mecha de seu cabelo.
— O que seja que significa. Como está seu joelho?
— Dói como um filho da puta. O que acabo de fazer não se encaixou em minha terapia física
— Seu joelho se curaria logo de todos os modos. Um bom par de sessões com as bruxas do fogo
do Aquelarre e melhoria em questão de dias.
— Um bom banho nessa enorme banheira provavelmente o faria se sentir melhor.
— Isso é uma insinuação, não? Ainda cheiro a barro, sangue, e a demônio, não é?
Ela se apoiou em um cotovelo e sorriu.
— Bom, sim, mas é certo que a água faz que tudo pareça melhor.
— Talvez, mas não quero me mover.
Rodou fora da cama e obteve uma excelente vista de seu lindo traseiro em forma de coração
quando ela desapareceu no banheiro. Um momento depois ouviu a água levada a banheira de
hidromassagem.

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Ele se levantou sobre os travesseiros, bem a tempo para ver uma das ágeis pernas de
Isabelle aparecer ao lado do umbral da porta. Lentamente arrastou com o calcanhar na madeira...
E Thomas esteve levantado e fora da cama em um instante, com seu machucado joelho enfaixado.
Logo que o ouviu chegar, Isabelle escapuliu na água, que a tinha repleto com banho de
espuma. Ele ficou assombrado com a montanha de espuma com perfume de lavanda e rosa.
Cheirava como se um arco íris tivesse vomitado.
— Onde diabos encontrou isso?
— Está oculto na parte de trás de um de seus gabinetes.
Ficou de pé e Thomas percorreu com seu olhar os mamilos de cor rosa que aparecia na
branca espuma, e as borbulhas deslizando-se por suas pernas.
Revisando sua opinião sobre a fragrante espuma, coxeou para a banheira.
— Graças a Deusa.

Isabelle tirou de Micah um pequeno frasco que continha uma substância metálica e o
segurou contra a luz. O líquido dentro era dourado como o ouro.
— É cobre encantado, disse?
Micah assentiu e arrancou o frasco de sua mão. Fez um gesto para Thomas, que estava
perto, com os braços cruzados sobre o peito.
— Tivemos Thomas e um grupo de nossos melhores bruxos de terra do Aquelarre
trabalhando em uma mistura especial de magia que manterá pequenas quantidades de cobre em
forma líquida. Não temos muito dela, por desgraça.
Voltou-se para olhar Thomas.
— Como puderam fazer isto?
Ele descruzou seus braços.
— Não foi fácil. A única maneira em que fomos capazes de fazê-lo foi porque o cobre
provém de um mineral e, ocasionalmente, de pedaços de cristal, ambas as partes da Terra
originalmente. Isso faz que seja muito mais fácil para nós. Tomou um tempo, mas fomos capazes
de desenvolver um encanto da terra que o mantém líquido em quantidades muito limitadas.
— Então espera que consigamos introduzir isto na corrente sanguínea de Boyle e
provocando uma reação maciça e matá-lo
— Esse é o plano geral — Respondeu Micah. Fez uma pausa e franziu os lábios — É óbvio
que, também pode ser como a picada de uma abelha em um touro. E só consigamos deixá-lo
furioso.
Isabelle apertou os dentes, pensando na menina.
— Estou mais que disposta em dar uma injeção e descobri-lo. Qual é o método de entrega?
Micah se dirigiu a uma mesa onde tinham vários implementos.
— Como disse, não temos muito cobre líquido — Agarrou algo que parecia uma pistola semi-
automática — Temos um par destas pistolas paralisantes, carregadas com balas ocas cheias disto.
Isso é tudo.
Tomou a pistola e a examinou.
— Explique-me por que não podemos fazer mais cobre líquido.

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— Porque para fazer o feitiço, precisamos de frâncio — Respondeu Thomas.


Isabelle levantou uma sobrancelha interrogativa.
— E esta pessoa, Frâncio, não pode vir e fazer parte ou o que?
Micah rodou os olhos.
— Frâncio é um elemento muito estranho na natureza. Não é como se pudesse comprar
baldes disto através de Internet.
— Bom, o sinto por não obter as melhores qualificações na aula de frâncio. Perguntava-me
se tinham deixado o suficiente para me fazer uma seringa — Aproximou o dedo indicador e
polegar — Só um pouco?
Thomas tomou a pistola paralisante trás dela e a pôs sobre a mesa.
— Planeja estar tão perto dele? Porque eu não gosto dessa ideia.
— A questão é... Quem sabe o perto que estaremos? Já estive muito perto de Boyle que
posso estar outras vezes. Se tivéssemos seringas, talvez pudesse ser um plano de segurança. Um
pouco de “no caso de”.
Thomas esfregou o queixo.
— Verei o que posso fazer. Não acredito que possamos fazer suficiente para todos, mas
poderia ser capaz de produzir suficiente só para você. Ainda quero que porte uma arma, mas a
seringa se pode levar em caso de uma emergência.
— Obrigada.
Ele sustentou seu olhar.
— Tudo para te manter a salvo.
Um sorriso se estendeu por sua boca.
Micah fez um gemido de náuseas.
— Vou vomitar. De todos os modos, tenho que informar a Adam, Jack e outros sobre as
novas armas.
Thomas arrancou seu olhar dela para dar uma olhada a seu primo.
— Patrulharemos de novo esta noite. Nós nos encontremos nas portas dianteiras no
crepúsculo.
— Eu vou — Não havia nada de cobre líquido na voz de Isabelle quando disse essas palavras.
Tudo era de aço sólido.
O grande corpo de Thomas ficou rígido.
— Isabelle — Seu nome soou como o estalo de um chicote.
— Uh, OH. Vou daqui — Micah juntou algumas coisas da mesa e saiu da sala.
— Por favor, Thomas, não quero brigar. Sabe que terá que me amarrar para que não vá e até
acredito que você gostaria de fazer isso, e acredito que também eu gostaria, mas não acredito que
o faça. Só admite sua derrota agora.
Suspirando, Thomas passou uma mão por seu cabelo.
— O fato é que quero te manter a salvo. O problema é que não sei onde é mais seguro, não
com Boyle podendo entrar e sair do Aquelarre à vontade.
Ah, sim! Vitória! Assegurou-se de que sua voz soasse suave quando respondeu.

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— Exatamente, assim não há razão para brigar comigo e me obrigar a ficar aqui. Quão único
faz é semear a discórdia entre nós
A mandíbula de Thomas se fechou e a olhou nos olhos brevemente.
— Vou fazer mais cobre líquido... Se puder — Deu a volta e se afastou, ainda coxeando.
Isabelle o observou ir, o sorriso desaparecendo de seus lábios. O homem realmente se
preocupava com ela. Pela primeira vez em sua vida teve o começo de uma relação real com
alguém que não fosse sua irmã... E era maravilhoso.
Pena que não pudesse durar.

Thomas se manteve seu lado toda a noite.


Ela se voltou para ele ao entrar em sua quinta parada, O Caldeirão Negro, um popular clube
noturno entre as bruxas. Era um lugar que pensavam, Boyle poderia frequentar.
— Olha, se nos encontrarmos com o demônio esta noite, serei eu a protegê-lo. Você está
lesado. Por favor, recue e me dá um pouco de espaço.
Jack, Adam, Theo, Micah, e outros bruxos em seu particular modo de viagem festeiro —
Thomas enviou vários para investigar — tinham entrado nos recônditos do clube, desaparecendo
no bulício da multidão, em sua maioria bruxas. Presa da emoção e da magia, Isabelle ficou nervosa
devido às circunstâncias e que imediatamente lamentasse a dureza com que tinha falado com ele.
Thomas deu a volta e se abateu sobre ela, seu rosto escurecido na penumbra, a pulsação
suave do lugar. De repente, essa face que conhecia tão bem parecia perigosa. Ele a agarrou pelos
pulsos e a empurrou para trás, por isso os outros clientes se moveram fora de seu caminho até
que sentiu a pressão de um corrimão em suas costas. O homem gostava de deixá-la presa contra
as coisas.
Baixou a boca à sua e seu fôlego brincou com seus lábios, esquentando sua pele. Sua mão se
moveu à parte baixa das costas, empurrando na malha de seu pescoço em V de sua camiseta
negra.
— Não — Seus lábios se moveram aos dela enquanto grunhia a palavra — Bastante simples
para você?
Seu aroma enchia seu nariz, tampando um pouco a fumaça, o aroma de corpos sem lavar do
clube e foi substituído por Thomas, seu sabão, o cítrico de sua colônia pós-barba, e o aroma
inerente, indescritível de um homem.
Uma irritação se infiltrou nela, forte e quente, mas foi rapidamente seguida por um desejo
total. Nunca em sua vida teve uma reação sexual tão forte para um homem do modo que sentia
por Thomas. Eram os feromonas, ou algo assim. Talvez fosse simplesmente luxúria.
Ficou nas pontas dos pés e pressionou sua boca na dele, separando os lábios e empurrou a
língua dentro, deslizando-a. Isabelle sentiu mais que ouviu o estrondo que atravessou seu corpo.
Ele a atraiu contra seu peito e se agarrou a seus ombros enquanto afundava a língua em sua boca
como se quisesse consumi-la.
As pessoas a seu redor deixou de importar. Desapareceram quanto a ela concernia. Thomas
estava aborrecido com ela, era certo. Foi protetor com sua falta. Entretanto, era agradável se
importar.

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Ele se moveu, e começou desabotoando suas calças jeans e depois deslizando sua mão para
baixo para acariciar seus clitóris com seu dedo através do material de suas calcinhas. Ficou sem
fôlego contra sua boca e seus olhos em branco, o prazer percorreu seu corpo. Isabelle moveu seus
quadris, contra sua mão para obter mais da deliciosa sensação. Seu sexo estava quente.
Deusa, era como se tivesse entrado em uma espécie de calor animal. O único que queria era
que suas calças jeans e roupa de baixo estivessem fora de seu corpo, que seu grosso pênis se
movesse em seu interior. O banheiro, talvez... Faria-o em qualquer lugar...
— Preciso de você — Sussurrou com voz trêmula contra seus lábios. Em muitas maneiras.
Desejava-o infernalmente que mal podia dizer o muito que o necessitava.
— Precisa de mim para que? Precisa de mim para que a foda?
Mordeu o lábio inferior diante suas primitivas palavras. Excitavam-na quase tanto como o
lento deslizamento de seu dedo sobre o feixe de nervos entre as coxas. Sua roupa estava molhada
e seus clitóris pulsando, acordado e tenso.
Não podia responder. Preciso que faça amor comigo. Preciso que me diga que se preocupa
por mim. Só preciso de você, Thomas.
— Preciso sentir que goza, Isabelle — Grunhiu — Aqui mesmo. Agora mesmo —Ele afastou
o elástico de suas calcinhas a um lado e arrastou seus dedos sobre seu sexo nu.
Suas pálpebras se abriram ao ver que um homem perto os olhavam com avidez. Viu o que
Thomas estava fazendo agora? Como pôde com esta luz tênue, nesta quantidade de gente que fez
tudo anônimo? Então Thomas colocou os dedos em seu interior e todo o resto deixou de importar.
Enterrou seu rosto na curva de seu pescoço, lambendo, beijando e mordendo. Sua mente
voltou para a forma em que fez amor com ela na manhã anterior, como a havia empurrado sobre
a cama e a tinha tomado por trás como um animal selvagem. Como tinha afundado seus dentes
em seu pescoço o suficientemente forte para obrigar a seu clímax.
Thomas assentou a palma de sua mão contra seus clitóris e arrastou o dedo por cima de seu
ponto G dentro dela.
— Vamos, meu bem — Grunhiu no ouvido dela um momento antes de puxar o lóbulo da
orelha com seus dentes.
O orgasmo se apoderou dela tão rápido e tão forte que tudo o que podia fazer era deixar
sair um soluço da liberação. Ela sentiu uma onda de umidade entre suas coxas quando o prazer
explodiu contra ela, limpando todo pensamento coerente pela última vez e a posição de seus
fracos joelhos.
Thomas a abraçou e ela estendeu uma mão, encaixando seus dedos ao redor de uma das
grades que a tinha pressionado. Mal notou o golpe nas costas.
Já se tinham aliviado as ondas de seu clímax e a respiração se tornou mais pesada.
Estavam aturdidos e confusos. Ele inclinou-se para frente e sussurrou ao ouvido.
— Já sabe que não posso manter a distância.
Ele a olhou um momento mais, depois se voltou e se fundiu na multidão.
Isabelle ficou muito aturdida de paixão para pensar com claridade. Em seguida, sua
arrogância a golpeou e floresceu no aborrecimento. Incômoda uma vez mais, ela o seguiu, mas
alguém a apanhou... De maneira dura.

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Bruxas Elementares 02

Isabelle se voltou, quase esperando ver o homem que esteve olhando-a... Mas era Boyle. A
adrenalina enviou uma descarga de golpes e disparou através de suas veias. Como demônios tinha
aparecido ali de repente?
Ouviu Thomas chamá-la por seu nome na aglomeração de pessoas mais a frente. Através da
multidão, viu quando se dirigia de novo para ela. Ironicamente, tinha mantido a distância depois
de tudo, durante uns dois segundos.
Ao parecer, isso é tudo o que o demônio tinha necessitado.
Ela abriu a boca para gritar o nome de Thomas como reação involuntária, mas Boyle
pressionou uma mão sobre sua boca e a arrastou para a esquerda, para a porta.

Capítulo 20

Isabelle mordeu a palma de sua mão e golpeando-o fortemente com seu salto de novo na
canela.
Boyle reagiu como esperava, como quase nada. Só se sacudiu um pouco.
— Bebeu muito — Disse aos curiosos com um sorriso torcido natural pregado a sua face —
Sempre procura briga quando saímos — Quando o disse, seu sotaque foi quase inexistente e seu
discurso foi em língua vernácula. Não houve nenhum aroma de magia demoníaca agarrando-se a
ele tampouco. Boyle estava caracterizado a um humano esta noite.
As pessoas ao redor ficaram olhando, não estando segura do que pensar. Obviamente, o
clube estava curto de tipos heroicos esta noite.
Em vez de levá-la a porta dianteira, como tinha previsto que fizesse, recolheu-a e a levou a
parte posterior, onde se encontrou com outra porta que dava ao beco atrás do edifício.
O demônio a empurrou através da porta. Ela caiu para frente a um atoleiro com aroma
úmido. A água a salpicou e o pavimento se cravou em sua palmas e joelhos raspando-a. Atrás
deles a porta metálica se fechou amortecendo a música palpitante do clube. Sem perder tempo,
ela levantou a vista para o beco, em busca de um escapamento. Ao encontrar um, lançou-se como
um corredor sobre a pista. Era um reflexo. Cada molécula de seu corpo gritava foge.
Boyle a deteve em um instante, envolvendo seus enormes braços ao redor de sua cintura e
dando a volta para aterrissar no atoleiro sobre suas mãos e joelhos uma vez mais. A posição era
uma muito de súplica para seu gosto, mas desta vez ficou ali, imóvel e respirando o ar poluído, a
umidade do beco em goles grandes. Doía-lhe todo o corpo por ter sido jogada na calçada. Suas
mãos e joelhos estavam raspados em carne viva.
— Então é isso? — Ela não levantou a vista quando fez a pergunta. Ficou olhando um pedaço
de papel de jornal molhado, amassado no chão diante dela. Sua voz soou suave e moderada a seus
próprios ouvidos, resignada, mas ainda tinha um ás na manga. Recuou sobre seus calcanhares e
gradualmente moveu a mão para a parte posterior de sua cintura, onde guardava a arma —
Acabou-se o tempo?
O demônio deu três passos para ela e plantou suas enormes pernas na calçada diante dela.

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Bruxas Elementares 02

— O líder dos bruxos, posso sentir seus sentimentos por você. Atrás da fábrica mencionei
você e seu pulso se acelerou, com ira e o medo queimando-o. Não gosta que seja ainda consciente
de sua existência.
Ela negou e o olhou.
— O que?
— Quando briguei com o líder dos bruxos, que tem a tatuagem de anjo em suas costas, vi
que tinha muitos sentimentos por você — Inclinou a cabeça para um lado — E sinto que você se
preocupa com ele, mas sinto resistência em você. Isso me fascina.
Isto estava além de ser algo estranho. Que estranho giro sua vida teve que devia encontrar-
se falando de sua vida amorosa em um beco com um demônio carrasco.
Isabelle se sentou de cócoras no atoleiro, suportando a sensação da fria água do beco
infiltrando-se em suas calças jeans, e colocou suas mãos no alto de sua cintura, mais perto de sua
pistola.
— Por que se importa?
Seus olhos azuis se estreitaram.
— Estou interessado no comportamento humano, inclusive no comportamento dos metade-
humanos, os aeamon. Segui-a esta noite para te perguntar por que se mantém em reserva.
Sua mente perdeu o fio.
— Seguiu-nos esta noite... Seguiu-nos — Raios.
O demônio sorriu e Isabelle estremeceu. O sorriso de um demônio era algo quente e difuso.
Dentes afiados apareceram em seus lábios cortados.
— Acha que você foi a que estava me seguindo? Não, aeamon. Seus bruxos tiveram sorte na
outra noite, mas deve saber por agora que estão superados. Pode tentar me deter, mas não o
obterá. Agora responde a minha pergunta.
— Então não me trouxe aqui esta noite que me colocar em sua panela? Acaba de me
perguntar isso.
— Não estou preparado para adicionar sua magia à mistura que necessito ainda.
— Então brinca com sua comida? — A pergunta, dita em tom alegre, a fez estremecer. Era
bom continuar falando, entretanto. Ela só necessitava uma fresta em sua concentração para poder
tirar a pistola, apontar e disparar. Isabelle não estava segura exatamente como conseguir obtê-lo,
entretanto. Duvidava que Boyle caísse com o clássico estratagema “Ei! Olha ali!”. Também tinha
sua seringa, escondida com segurança em uma capa pequena dentro de seu sutiã.
Ele sorriu.
— É divertida. Será uma pena te matar.
— Nossa. Bom, por que não dizer isso. Afastei-me dele porque sabia que logo viria atrás de
mim. Ceder a minhas emoções, no que a ele concerne seria cruel para os dois. Ele e eu sofremos
de um terrível caso de momento equivocado. Ai está. Feliz agora? Simplesmente diga a sua futura
comida uma coisa. Thomas não está no menu, não é?
— Ele não tem o que necessito. Só você e alguns outros o têm.

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Bruxas Elementares 02

— Que sorte a nossa. Escuta, se prometer não matar o Thomas irei com você de boa
vontade quando precisar de mim. — É obvio que isso não significava que não tentarei te matar
antes que me mate.
— Ama-o tanto?
— Muito. Preocupo-me com ele.
— Estou de acordo. Não tenho específicas lutas com o bruxo regente. Não tenho nenhuma
razão para matá-lo se não se interpõe em meu caminho. Entretanto, você virá comigo de boa
vontade de todos os modos porque a alternativa é sua mãe.
Um choque a percorreu.
— Minha mãe?
— Geneticamente, a magia é muito forte. Você e sua mãe têm o mesmo tipo de magia, o
mesmo nível, a mesma consistência. Ambas são exatamente o que necessito para o componente
particular deste feitiço. Sua irmã tinha um nível similar e consistência e foi perfeita para a parte
anterior do feitiço.
A raiva disparou através dela. Seu corpo se estremeceu.
— Não pode ter a toda minha família, filho da puta! — Gritou.
Poderia haver um montão de problemas com sua mãe, mas não havia maneira no inferno
que permitisse converter-se em uma vítima desse monstro da mesma forma em que sua irmã fez.
Afinal, Catalina era sua mãe, disfuncional, egoísta, com verrugas e tudo. Não importava o que
Isabelle pudesse ter dito antes, nesse momento se tornava tudo claro para ela.
Isabelle não podia esperar por uma distração. Não podia esperar para nada.
Ao puxar a pistola da parte posterior de sua cintura com um movimento suave, apontou e
disparou em Boyle. O som se arrancou através de seus tímpanos e se ecoou pelo beco. Com uma
velocidade sobrenatural e reflexos, o demônio se torceu para um lado e a bala bateu em sua coxa,
o que o fez uivar de dor e raiva.
Tão perto. Esteve tão perto. E, maldição, esteve perto. A queima-roupa de fato, e ele ainda
tinha esquivado a bala.
Boyle esteve sobre ela em um instante. Seu peso a aprisionou no pavimento, comprimindo
seus pulmões até que ficou sem fôlego. Sua grande mão se fechou ao redor de seu pulso e a
apertou, tentando fazê-la soltar à arma. Ela a agarrou até que perdeu a sensibilidade da mão, do
braço.
Lutou contra ele tão forte como pôde sob o corpo do demônio, deu-lhe chutes e o arranhou
com sua mão livre, como um gato selvagem. Boyle grunhiu e deu um trato brutal, fixando-a ao
chão com as pernas em forma de tronco de uma árvore.
Uma gota de sangue ácido de Boyle se escorreu de onde sua bala o tinha ferido sobre sua
perna, fazendo um buraco através de suas calças e tocando sua pele. A ardente dor a queimou.
Isabelle gritou.
Boyle recuou com surpresa e ela conseguiu empurrar-se para cima e lhe apontar com a
arma. Apertou um tiro, mas o demônio empurrou sua mão no segundo último desviando-a,
ricocheteando em uma parede próxima.
— Tem novas armas — sussurrou Boyle.

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Uma mão segurou seu pulso e a outra caiu sobre seu pescoço enquanto ele sentava
escarranchado nela. Sua traqueia se fechou e seus olhos se saltaram. O terror primitivo de ter o
fôlego cortado apagando seu cérebro por um momento fez que seu movimento de pernas fosse
tão forte como pôde... Em vão.
Sua mão se dirigiu a seu pulso, suas unhas se encaixaram. A seringa estava tão perto, mas
não podia tirá-la, não podia liberar sua mão do agarre de Boyle em uma tentativa desesperada e
inútil por tirá-la.
Mas por que não morria?
À distância, no fundo de sua mente, a racionalidade piscou. Não poderia matá-lo. Agora não.
Ainda não. Não dessa maneira.
Da boca do beco chegou o som de fortes pisadas e gritos. Já era hora. É óbvio, era a morte
da manhã, mas dois disparos e o grito de uma mulher deveriam ter despertado a alguém.
— Virei atrás de você logo — Grunhiu baixo — Esta informação que te dou é um presente.
Desfruta do tempo que fica e se disponha a morrer.
Uma figura se levantou atrás de Boyle e golpeou nas costas o demônio. Boyle grunhiu e se
afastou dela, subindo e girando para rugir a seu atacante, ainda à sombra da visibilidade de
Isabelle. Os homens gritaram e se ouviram disparos no ar.
A carga de Boyle contra os bruxos foi curta. Rodando a seu lado, olhou o demônio lutar em
frente ao assalto das balas cheias de cobre. Provavelmente, Boyle entendia que as armas com a
que os bruxos o atacavam não eram normais. Boyle deu um último olhar, com intenção em sua
expressão e, depois o lugar explodiu e passou através de uma porta, desparecendo pelo beco.
Isabelle estava no chão tomando ar e observou Adam, Theo, Micah, e Jack correr junto a ela
em busca de Boyle.
Thomas baixou a seu lado.
— Isabelle, está bem? — Tinha esgotado tudo o sangue de seu rosto e se via
excepcionalmente zangado. Não com ela, presumia.
Ela tossiu e moveu sua mão a seu colo.
— Pensei que havia dito que não me daria espaço? — Disse sem fôlego, com sua voz rouca.
Era uma brincadeira, mas ele não o viu dessa maneira. Um olhar de profunda culpa passou por seu
rosto. Sentiu a espetada da mesma através de sua empatia.
Ela apertou sua mão e deixou que uma piscada de sorriso enchesse seus lábios.
— Nossa, estarei bem.
— Não te deixarei.
Isabelle lutou por sentar-se e assinalou o beco atrás dos outros.
— Vá! Vá ajudá-los, Thomas. Se quer me proteger, não deixe que esse filho da puta escape.
Ele inclinou-se, beijou-a e murmurou:
— Amo você — E se foi.
Amo você?
Sentou-se durante o que pareceu muito tempo, aturdida por suas palavras, com sua mão
cobrindo sua dolorida garganta. Ele não tinha querido dizer essas palavras. Não podia. Elas teriam
provavelmente escapado no calor do momento, talvez porque temia que Boyle a matasse.

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Bruxas Elementares 02

Esfregou os dedos sobre a pele em um esforço para aliviar a dor. Isabelle acreditava que Thomas
se preocupava com ela, podia sentir que o fazia. Ela sabia que queria protegê-la... Mas Amá-la?
Vamos.
Embora sentisse uma onda de pura e quente emoção emanar dele quando o disse.
Isabelle teve que admitir que uma parte dela realmente gostava da ideia. Muito.
— Por que diabos está sorrindo? Acaba de receber um chute no traseiro por parte de um
demônio.
Ela levantou a vista para ver Adam a seu lado, dobrado em dois e respirando com
dificuldade, com as palmas de suas mãos apoiadas em suas coxas, e com um olhar zombador em
seu rosto.
Esteve sorrindo? Isabelle deixou cair a mão de sua garganta, engoliu em seco e estremeceu.
— Acredito que estou me acostumando — Seu olhar se fixou na entrada do beco para ver os
outros retornar — Não o apanharam, não é?
Adam se endireitou e lançou uma risada curta e brutal.
— Diabos, não. Foi como um fantasma. Estava em um minuto e depois, puf, foi. Acredito que
nos perseguiu só por diversão. Filho da puta.
— Acredito, entretanto que o ferimos antes de desaparecer — Disse Thomas, coxeando para
ela. Essa pequena briga provavelmente não tinha ajudado a seu joelho a curar-se de forma
alguma, embora com a ajuda do Dr. Oliver e algumas das bruxas de fogo, estava melhorando
rapidamente.
Estendeu uma mão e a ajudou a ficar de pé.
— Dei um disparo que o pegou na parte superior do braço — Fez uma pausa e franziu o
cenho — Eu acho.
Jack passou a mão pela testa e falou com dificuldade em respirar.
— Vi-o. Acertou. Foi então quando fez poof e saiu daqui. Persegui-o por umas quadras até
estes becos. Ele nos esquivou e se escondeu atrás dessas coisas. Nenhum de nós pôde conseguir
um tiro limpo, mas Thomas conseguiu acertar uma vez.
Isabelle se empurrou para ficar de pé, examinando os danos causados a sua roupa, e fez uma
careta.
— Isso é algo pelo menos — Franziu os lábios — Soa como se estivesse só brincando
conosco, como se gostasse de nos caçar.
— Sim — Interrompeu Theo. Uniu-se a eles um momento antes, chegando até o beco da
direção em que tinham perseguido Boyle — Não toma a sério. Esses foram os jogos de esconde-
esconde ao estilo demônio.
Se soubessem o que era verdade. Era um jogo para Boyle, nada mais. Isabelle em particular.
Do contrário o demônio não estaria ao redor, fazendo perguntas tolas sobre sua vida amorosa.
— O que aconteceu? — Thomas tocou o buraco em suas calças jeans, onde o sangue de
Boyle a tinha queimado através do tecido. Ser estrangulada a fez esquecer a dor, os batimentos de
sua perna, mas agora que o tinha visto, começou a doer.
— O sangue de Boyle não é muito divertido — Disse brincando com o material ao redor do
buraco.

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Bruxas Elementares 02

Micah se inclinou para ver melhor.


— Ai. Isso te deixará uma cicatriz.
— Coincidirá com as outras que já tenho.
Thomas a puxou pelo braço e a ajudou a caminhar. Micah, Adam e Jack os seguiram.
— Vamos. Quero você de retorno no Aquelarre para que veja o médico.
Tentou não apoiar-se nele devido a seu joelho, mas ele a apertou contra seu corpo de todos
os modos e ficou ali porque era bom. Seu calor e aroma acalmavam seus esgotados nervos.
Isabelle fechou os olhos e se fundiu contra ele.
Só por esse momento pretenderia que tudo estaria bem, porque muito em breve, estes
momentos poderiam chegar a seu fim.

Capítulo 21

Isabelle estava no observatório, com a face inclinada ao teto de vidro para poder ver a chuva
e o bater dos relâmpagos. Cada vez que um trovão retumbava, sacudia-se todo o Aquelarre.
Tinha passado uma semana e não havia sinal de Boyle em nenhum lugar. A bala de cobre
que Thomas cravou teria feito seu trabalho? Boyle tinha morrido? Ou Boyle ainda estava por aí em
alguma parte, esperando seu momento antes de sua próxima matança?
A tensão dominava o estado de ânimo geral no Aquelarre nestes dias. A casa vibrava com
isso. Micah passava seus dias monitorando o jornal e os necrotérios por algum sinal de que o
corpo de Boyle foi encontrado. Seguiram patrulhando pelas noites, mas foi infrutífero.
Entretanto, Isabelle sabia que Boyle estava vivo.
Estar aqui no observatório, fazendo um sanduiche entre a água que corria no riacho por
debaixo dela e a água em cascata no vidro do teto, acalmava-lhe os nervos. Um calafrio penetrou
em seus ossos e não pôde livrar-se dele. Tinha permanecido em seu coração durante dias, a mão
da morte sobre seus ombros. Isabelle envolveu seus braços sobre seu peito.
Logo Boyle viria atrás dela.
Disse que pusesse seus assuntos em ordem. Isabelle soube que não era uma má ideia.
Planejava ir esperneando e gritando, mas as probabilidades eram... Que estava perdida.
Alguém tocou suas costas e se sobressaltou.
— Shhh, sinto muito — Murmurou Thomas, envolvendo-a com seus braços — Pensei que
tinha me ouvido chegar. Sabia que a encontraria aqui.
Aconchegou-se contra ele. Por cima deles, um trovão ressoou.
— Estava pensando.
— Pensando no que?
Umedeceu os lábios e decidiu que não queria mentir.
— Na morte.
— Que alegre.
— Acha que é uma bênção ou uma maldição saber que a morte vem até você?
Tomou um momento para responder.

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Bruxas Elementares 02

— Eu diria que não, simplesmente é um fato da vida. A morte vem para todos nós com o
tempo.
— Quero dizer, o que aconteceria se tivesse uma certa quantidade de tempo para viver. Se
alguém te dissesse: Ponha seus assuntos em ordem, já que estará morto dentro de uma semana.
Isso seria uma bênção ou uma maldição?
— Quando chegará, Isabelle?
Ela negou com a cabeça.
— Não sei.
Thomas voltou seu rosto para enfrentá-la. Olhou-o na face e estudou as sombras que o
enchiam. Inclusive na escuridão podia ver a preocupação em sua expressão. Com o Thomas não
necessitava seu talento empático. Suas emoções eram quase sempre claras para ela.
— Há algo do que queira falar?
— Refere ao que disse no beco? Já sabe, quando me disse que me amava.
Deusa, por que tinha mencionado isso? As palavras só tinham saído de seus lábios como se
perguntasse a hora. Demonstravam tanto que precisava saber, inclusive se tratava de algo que
não queria descobrir, não agora.
Manteve-se quieto e a olhou. Não houve som algum, mas a tempestade que explodia
através do teto chegou a seus ouvidos. Finalmente, moveu-se, penteou seu cabelo afastando-o de
seu rosto e o enganchou atrás de sua orelha.
— Não digo coisas que não quero dizer.
— Então, diga-o outra vez.
Um momento longo e denso passou, no qual Isabelle se recriminou uma e mil vezes. Por
último, Thomas a atraiu para si, envolvendo seus braços a seu redor e envolvendo-a em seu calor,
afastando o frio mortal de seus ossos.
— Amo você, Isabelle — Ele sussurrou perto de seu ouvido. O calor da emoção corria através
dela — Não deixe que isto termine, Isabelle — Sussurrou — Quero tê-la para sempre... Isabelle.
As lágrimas se cravaram seus olhos. Inclinou-se para ele, enterrando seu rosto em seu
ombro e inalando seu aroma, a suave nota lenhosa de sua colônia, o aroma limpo de seu sabão, o
aroma da essência de Thomas.
Isabelle queria dizer que também o amava, mas sua garganta se fechou. De qualquer
maneira, todas suas palavras se foram. Tinham sido todas roubadas por Boyle, que também viria
roubar sua vida logo.
Estavam de pé abraçados no observatório com a tempestade açoitando o teto de vidro e as
paredes, até que Thomas tomou a ponta de seu queixo e olhou a seu rosto.
— Quero passar a noite com você. — Murmurou.
Sem dizer uma palavra, ele tomou sua mão e a conduziu fora das sombras do observatório,
pelos corredores adormecidos do Aquelarre.
Uma vez em seu apartamento, guiou-a a seu quarto e a despiu lentamente frente à janela.
No exterior, a fúria da tempestade que açoitava provia um volátil profundo. Isabelle se encheu
tanto de seu amor enquanto absorvia a energia da chuva golpeando o Aquelarre. Sua paixão se
construía com a fúria da tempestade.

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Bruxas Elementares 02

Cada centímetro da pele se revelava ao tirar a roupa, que beijou, lambeu, e adorou. Uma vez
que a teve despida, todo mundo de Isabelle era só Thomas, suas mãos movendo-se sobre sua
pele, o forte toque de sua roupa contra ela, o calor de seu fôlego, e o mordiscar de seus dentes
em seu ombro, a cintura, e os lábios.
Deixou-se cair de joelhos e empurrou a borda de seu suéter para cima, passando a língua por
cima de seu abdômen e desabotoando as calças. Quão único queria era afogar-se nele, perder-se
nessa noite e nunca retornar. Uma vez que tocou seu pênis, acariciou-o a ponta com os dedos.
Thomas gemeu.
A pôs de pé, enganchando sua perna por cima de sua cintura e empurrou seu pênis dentro
dela rudemente, como se não pudesse esperar outro momento em senti-la. Ofegou quando sua
grande grossura e comprimento se deslizaram profundamente dentro. Agarrou-se a seus ombros,
deixou cair a cabeça atrás em êxtase. Thomas era o suficientemente forte para sustentar todo seu
peso, assim que o deixou.
Depois de um momento, Isabelle inclinou a cabeça para frente e o olhou fixamente nos
olhos. Detiveram-se, entrelaçados e conectados intimamente.
Deusa, também o amava.
Na intimidade de seu quarto, com a chuva golpeando fora de seus muros, e seu corpo sendo
um com ela, soube. Sua vida seria perfeita neste momento se só tivesse tido a liberdade de dizê-
lo.
Sem dizer uma palavra, Thomas a levantou. Suas pernas se agarraram ao redor de sua
cintura, seu pênis ainda dentro dela. Aproximou-a da cama, estendendo-a no colchão e deitando
em cima dela.
Puxou-a pelos pulsos e os levou a borda da cama a cada lado, olhando-a nos olhos e
começou a estocar. Seus quadris golpeavam os seus em cada movimento. Seu clitóris, inchado e
excitado, formigava e pulsava com a necessidade de gozar.
Quando fechou os olhos e voltou a cabeça para um lado, Thomas ordenou
— Olhe-me. — Sua voz foi terna.
Voltou o rosto para ele e sustentou o olhar, com os lábios entreabertos, enquanto acariciava
profundamente no centro dela.
— Amo você, Isabelle — As palavras chegaram suaves e constantes, seu escuro olhar fixado
nela.
As ondulações de prazer se transformaram em ondas. Seu orgasmo superou seu corpo e sua
mente, igual a Thomas o fez. Tudo o que Isabelle podia fazer era montá-lo a fundo. O prazer
cursou através dela, fazendo que arqueasse suas costas. Ela gritou seu nome e sentiu Thomas
gozar também, derramando-se em seu interior com um grito rouco.
Depois, se aconchegaram juntos no centro de sua cama, com suas extremidades e lençóis
revoltos, e escutaram a tempestade chegando a seu fim. Isabelle se aconchegou no forte peito de
Thomas e fechou os olhos enquanto a rodeava com seus braços.
Apesar da incerteza pelo futuro, estava mais feliz do que pôde recordar. Para fazer que a
sensação de calor no centro de seu peito permanecesse durante toda a noite, afastou a verdade
sobre que isto não podia durar, para muito longe.

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Bruxas Elementares 02

Esta noite ia conservá-la.


Amanhã teria que arrancá-la.

Thomas se sentou à escrivaninha de Micah, na ala norte do Aquelarre. Micah e Isabelle se


sentaram à mesma mesa, em meio de livros dispersos e equipamentos computacionais zumbindo.
Volumes de física quântica, programas computacionais, e uma grande variedade de assuntos
esotéricos dispostos em três filas os rodeavam.
— Programamos o que sabíamos a respeito da magia das quatro vítimas e suas capacidades
mágicas, e a ordem em que Boyle as está tomando. Executando essa informação através do
software que ajustei, encontramos cinco padrões possíveis — Micah deslizou uma pasta de
arquivos em cima da mesa diante dele.
Thomas virou a pasta, abrindo-a. Dentro estavam as páginas de dados, gráficos e outra
informação que Thomas não podia encontrar nem pés nem cabeça.
— Aqui — Isabelle voltou a parte posterior do arquivo e tirou um par de papéis para lê-los —
Isto decompõe a linguagem de pessoas normais. O resto o tem Micah.
Não ia encontrar seu olhar. Isabelle não o tinha olhado nos olhos durante os últimos três
dias, desde a noite da tempestade. Queria sacudi-la pelos ombros, fazê-la dizer o que estava
errado.
Isabelle era a mulher mais confusa que tinha conhecido. Quente em um minuto, fria no
seguinte. Seus temores foram no caminho de seus sentimentos, Thomas sabia que ela os tinha e
se estava cansado disto.
— Obrigado — Ele olhou a página. A segunda folha, simplesmente tinha uma lista de nomes.
Direto e ao ponto. Isso era exatamente o que Thomas queria.
— São prognósticos — Continuou Micah — Usando os dados analisados. Essas páginas que
está segurando são uma lista dos nomes das bruxas que poderiam estar em maior risco de ser
tomadas por Boyle, de acordo com os nossos cálculos. Agora, não sabemos se Boyle seguiu por aí,
mas acredito que temos que trabalhar na hipótese de se ele estiver.
— Está — Respondeu Isabelle com uma voz baixa — Não o sente?
Thomas levantou o olhar encontrando-a olhando fixamente o tabuleiro da mesa.
— Sim.
Isabelle levantou a vista e o olhou nos olhos por vários momentos, e depois virou a face.
Apertando os dentes em sinal de frustração, Thomas passou o dedo pela coluna. Sua
inquietação aumentou.
— Esta é uma lista muito longa.
— Sim — Respondeu Micah — Infelizmente há muitas bruxas por todas as probabilidades.
— Além disso — Acrescentou Isabelle — Estas são bruxas da vizinhança. Descartamos os
bruxos que vivem longe já que Boyle parece que as espiou o suficiente sem ter que ir a outra
parte. Entretanto, não podemos dizer realmente se viajará ou não para obter uma vítima, o que
faz que os resultados sejam ainda menos confiáveis.
— Grandioso — Murmurou Thomas.
Micah negou com a cabeça.

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Bruxas Elementares 02

— Não vai sair do local. Por que se incomodaria? Não é lógico quando se tem uma ampla
seleção aqui.
Isso era seguro. Thomas olhou para Micah.
— Quantos há?
— Cento e cinquenta e um.
Thomas apertou a mandíbula e olhou fixamente à lista.
— Cento e cinquenta e uma possíveis vítimas. Isso é um pouco menos de uma quarta parte
dos bruxos registrados em Chicago.
— E — Adiciono Micah — Essas são só os bruxos na base de dados. Como sabemos, nem
todos os bruxos estão oficialmente registrados no Aquelarre.
Thomas jogou os papéis sobre a mesa.
— Então, para que é isto útil?
Micah encolheu os ombros.
— É melhor que nada.
Tomou os papéis de novo e olhando atentamente a lista de nomes. Não os podia ignorar.
Um dos nomes que ele observava agora poderia ser o nome da pessoa que Boyle tivesse como
objetivo. Não havia nada que fazer pelos bruxos que não estavam registrados, mas de algum jeito
tinham que encontrar a forma de cobrir a todos os bruxos na lista.
— Encontraremos um modo de controlá-los — Deu uma olhada à lista outra vez — Há
alguém que conheçamos aqui?
Micah e Isabelle não responderam. Thomas levantou o olhar da folha e olhou aos dois.
Isabelle olhava atentamente a Micah, que parecia culpado. A ira explodiu.
— Diga-me isso.
Micah indicou o papel que segurava.
— Nessa lista aí? Não. Não há ninguém nessa lista diretamente relacionado com o
Aquelarre.
Os dedos do Thomas apertaram as folhas de papel. Odiava quando as pessoas tentavam
esconder as coisas.
— E na lista que reduziu antes para localizar às bruxas?
Isabelle olhou para Micah.
— Minha mãe estava ali.
Thomas levantou o olhar e a estudou.
— Mas a tirou porque ela já não está na área de Chicago?
— Minha mãe se foi da Califórnia faz dois dias.
Satisfeito, assentiu. Pegando os papéis e guardando-os no bolso interior de sua jaqueta,
disse:
— Os dois o fizeram muito bem ao reduzir o número destes nomes. Vou agora para ver
como poderíamos ser capazes de monitorar a estas pessoas.
— Saio com você — Disse Isabelle a Thomas ao sair — Tenho que me encontrar com Mira e
Jack.

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Bruxas Elementares 02

Juntos, Thomas e Isabelle, deixaram Micah com seus livros e computadores e se dirigiram ao
corredor.
Isabelle tinha se afastado um pouco a manhã depois da tempestade. Mais e mais o fez nos
dias que seguiram. Quando se negou a continuar dormindo em sua suíte, inclusive na suíte de
convidados, o que ele queria era pressioná-la, forçá-la, mas não o fez. Estas noites dormia sozinho.
Sabia que quando admitiu seu amor por ela poderia espantá-la. Disse o que sentia contra
seu melhor julgamento, mas o fez de todos os modos porque Thomas sentiu que necessitava ouvir
a verdade.
Esteve certo a respeito de seus temores e agora pagava o preço.
Ela ficou a caminhar a seu lado.
— O que está acontecendo com você, Isabelle?
Os passos de Isabelle vacilaram, mas não respondeu.
Thomas se deteve no meio do corredor, agarrou-a pelo braço e a virou para enfrentá-lo.
Sabia que tinha uma expressão enfurecida. Uma tempestade se desencadeou nele durante
semanas devido ao demônio e agora por causa de Isabelle.
Agora se encontrou com seu olhar, só porque ele a obrigava a fazê-lo. Seus grandes olhos
marrons estavam muito abertos e seus lábios tremiam quando abriu os lábios para falar.
— Preocupo-me muito por você.
— Ouço que segue alguém, mas...
Ela hesitou.
— Não quero um compromisso. É um homem maravilhoso e a última coisa que quero é te
dar falsas esperanças. Este é só um... Mau momento — Sua voz tremia de emoção — Não estou
preparada para uma relação agora mesmo. Merece algo melhor do que sou capaz de te dar.
— É uma merda. Esta só assustada.
— Só quero que aceite isso, por favor. Por seu bem. Se esqueça de mim.
— Nunca poderei me esquecer de você, Isabelle.
Ela baixou o olhar, seus olhos brilharam com lágrimas. Sua voz saiu em um sussurro.
— Nunca quis te machucar, Thomas.
Não era a resposta que queria. Um músculo se agitou em sua mandíbula.
— Mas vai de todos os modos, não? — Girou-se e se afastou.

Capítulo 22

Garras afiadas rodaram através de sua pele. A dor não era nada comparada com a forte
sucção no centro de seu peito, onde estava seu poder que era arrancado de suas raízes como um
puxão de terra. O sangue brotava de seu corpo enquanto ela o cobria psiquicamente. Não podia
fazer nada, pensar em nada, mover nenhuma parte de seu corpo capturado como a presa de uma
aranha com a toxina do demônio correndo por suas veias.
Presa na cercania do demônio, em um escuro abraço.
Roupas roçaram sua bochecha e o aroma de umidade do armário encheu seu nariz...

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Bruxas Elementares 02

Isabelle se sentou de repente em sua cama, ofegando fortemente. Uma capa de suor a
cobria. Pôs uma mão no centro de seu peito, sentindo desesperadamente o pulso de sua magia.
Tirou uma linha, só uma destilação, jogando com a pequena quantidade de umidade no ar a seu
redor. Seu coração pulsava tão forte que temia um ataque e o repico suave de seu poder a
tranquilizava.
O aroma fez cócegas no nariz seco, terrosa, um pouco amargo.
O demônio estava no quarto.
Isabelle ficou imóvel e em silêncio. Até sua respiração se deteve, contida em seu peito pelo
choque.
Não havia movimento. Não havia som.
OH, Deusa, não estava preparada.
Abriu a boca, deixando que o oxigênio a enchesse.
— Boyle? Está aí? — Suas palavras caíram em maior calma do que esperava. Não havia
tremor ou choque nelas. Aparentemente, todo o tremor e agitação estavam no interior de seu
estômago.
— Dificultou meus planos — A voz veio do canto e seu olhar voou aí para ver uma
descomunal sombra — Guarda as chaves muito perto.
As chaves. As bruxas que vieram antes dela, sim. As que estavam na lista em que ela e Micah
tinham estado trabalhando. Isabelle tinha inserido seus próprios dados de análise, ajustando-os ao
modo de que os padrões de composição terminasse com suas características mágicas exatas.
Tinha reduzido o possível grupo de vítimas entre ela e as duas últimas bruxas que Boyle tinha
tomado, de 375 a 151.
Micah tinha descoberto sua manipulação, como esteve segura que o faria, e foi obrigada a
revelar seu segredo. Pela proteção de seu primo, tinha concordado manter o ultimato de Boyle
entre eles, apesar de que teve que discutir com ele em voz alta e sob suas condições para
conseguir sua promessa. Tinha concordado também eliminar seu nome do agrupamento. Ela e sua
mãe apareceriam na lista de vítimas.
Thomas tinha completado sua promessa de proteger às pessoas da lista. Levou todas ao
Aquelarre, pondo guardas ao resto. Isabelle imaginou que Boyle encontraria que sua armadilha ia
ser mais difícil.
— Mas não me detiveram — Continuou Boyle — Seu mago regente não poderá proteger a
todas as possíveis chaves — Baixou a voz quando falou a seguir — E será melhor que não tente te
proteger.
A sombra se lançou imediatamente. Boyle tinha ido. Um sussurro suave veio da direção da
janela. As cortinas se moveram um pouco pela brisa que soprava. Isabelle não tinha deixado a
janela aberta antes de ir para cama. Era a pequena forma em que Boyle estava fazendo saber que
esteve no quarto, vendo-a em seu sono... Manipulando seus sonhos.
— Sabia que não estava morto, bastardo! — Gritou para a janela. Sua voz soou dura e cheia
de desespero. Uma parte dela tinha desejado tanto que Thomas o tivesse matado.
Isabelle empurrou as mantas para trás, levantou-se e fechou a janela, trancando-a. Por um
momento ficou de pé, olhando para fora à madrugada, no jardim dianteiro do Aquelarre.

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Bruxas Elementares 02

Logo
Agora Boyle viria por ela qualquer noite, qualquer dia. Ele viria e a apanharia, tirando sua
liberdade, deixando-a muda, impotente, imóvel. Poria-a em um lugar pequeno e escuro. Todos
seus maiores temores.
Fechou os olhos. Deusa, não queria morrer dessa maneira.
As náuseas a invadiram. Pôs uma mão em sua boca e correu ao banheiro. Depois que
terminou, sentou-se no chão e apoiou sua bochecha contra a porcelana fria da banheira,
respirando pesadamente.
O único que queria era Thomas. Queria levantar-se agora mesmo e ir a seu quarto, meter-se
em sua cama e deixá-lo consolá-la. Mas o que acontecia se fosse esta noite? Se Boyle voltava,
então, ela estaria pondo Thomas em perigo por seus próprios desejos egoístas.
Esse era o problema.
O ponto era discutível de todos os modos. Tinha queimado essa ponte. Fez um bom trabalho
ao pôr distância entre ela e Thomas, era como alguém picasse através de seu peito cada vez que a
olhava. Às vezes suas habilidades de empatia não eram sua amiga.
Já era hora de retornar a seu apartamento da cidade. Se fosse agora, no meio da noite,
Thomas nem sequer saberia que se foi. Quando Boyle chegasse atrás ela, queria Thomas tão longe
como fosse possível. Apesar de que a matava mantê-lo preso pelas mãos, o fazia para sua
proteção.
Irônico, isso.
Irônico que o homem que queria proteger a todo mundo agora fosse o que ela tinha que
proteger.
Isabelle deixou cair sua mão em sua coxa, onde guardava a seringa cheia de cobre líquido
embainhada a todo momento. Pelo menos, talvez pudesse levar o demônio com ela.
Levantou-se do piso do banheiro, escovou os dentes, e empacotou uma bolsa. Esteve
postergando isto, viciosamente, não queria pôr muita distância entre ela e Thomas. Esta era a
segunda ironia da noite já que só fazia duas semanas, a ideia de estar com o Thomas a fazia sentir-
se presa. Agora o único que queria era ficar com ele. Mas tinha chegado o momento. Esta
pequena visita de Boyle tinha deixado as coisas claras.
Aparentemente, estabelecer-se em um lugar com um homem simplesmente não estava nas
cartas. Talvez se pudesse derrotar o demônio. Talvez...
Não devia considerar um possivelmente neste momento. Era perigoso.
Fechou a porta de seu quarto, deixando o Aquelarre atrás dela e saiu ao corredor, bolsa na
mão e uma faca de cobre embainhada em seu pulso. Não iria a nenhuma parte sem isso ou a
seringa nestes dias.
Mal escutou o estalo da porta ao fechar-se, o telefone soou no quarto. Ficou olhando a
porta, perguntando-se se devia responder e decidiu não fazê-lo. O som se deteve, mas em seu
bolso, seu telefone celular vibrou.
Eram três da manhã! Franzindo o cenho, tirou-o e olhou ao identificador de chamadas. Era
Adam.
Abriu-o.

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Bruxas Elementares 02

— Alô?
— Isabelle — Sua respiração soava agitada, como se estivesse correndo enquanto falava —
Necessitamos de vocês. Boyle está em Gribben. Vai atrás de Stefan — Clique.
Isabelle deixou cair sua bolsa e saiu correndo. Boyle estava aqui. Isso significava que tinha
outra oportunidade de matá-lo antes que seu tempo tivesse terminado. Tomaria esta
oportunidade com ambas as mãos.
Gribben sugou sua magia logo que cruzou a soleira, fazendo-a perder o passo e a viagem.
Deteve-se no último momento e arrastou ar em seus pulmões repentinamente famintos,
endireitou-se e seguiu adiante. Os guardas a reconheceram e a deixaram passar sem comentários,
dizendo que Thomas se encontrava no interior do edifício.
Não tinham que dizer, podia sentir Boyle. Sua presença arrepiava o pelo de seu corpo, e uma
espécie de estranha mistura de temor, terror e esperança se torceu em seu estômago. Deusa,
esperava que Boyle estivesse tão magicamente paralisado, como eles o estavam neste lugar.
Estava a ponto de descobrir.
Isabelle chegou ao andar da cela onde Stefan estava preso, fechou a porta, e continuou o
percorrendo. Voltou-se e viu em um canto Thomas e Adam. Thomas se voltou para ela.
— O que está fazendo aqui?
— Adam me chamou.
Virou-se e olhou Adam.
— Merda, Adam! No que estava pensando, Boyle a apanhou a sós duas vezes e isso não é
suficiente para você? — Thomas se voltou para ela e grunhiu — Fora daqui, Isabelle.
— Pediu-me que te ajudasse a caçar Boyle, Thomas. Lembra-se? Esse é meu trabalho tal
como você o definiu ao princípio desta confusão. Fico — Caminhou para ele, com voz e passo
firme — Onde está Boyle? — Deu-se conta que a porta da cela de Stefan estava aberta. Alarmada,
engoliu um momento antes de exclamar — Infernos, onde está Stefan?
Thomas se moveu a um lado e a deixou entrar na cela acolchoada dos suicidas. Stefan estava
sentado no chão, com a cabeça inclinada. Tinha sangue acumulado a seus pés, que gotejava de
uma ferida na cabeça. A roupa cinza da prisão expunha sua perna e peito.
Por que Boyle queria Stefan? Stefan não esteve na lista de potenciais vítimas, a menos que
sua análise estivesse errada. Mas com ela conectada como a última vítima, havia poucas
possibilidades disso.
— Lutamos contra o demônio — Respondeu Adam — Boyle desapareceu e Jack, Ingrid, Theo
e outros foram atrás dele. Estamos vigiando Stefan se por acaso retorna.
Isabelle deu uma risada curta e amarga.
— Estão vigiando Stefan? — Então gritou — Os Duskoff são a razão pela qual Boyle está
aqui!
— Temos um acordo — As palavras de Thomas soaram como um chicote e a fizeram
estremecer-se — Fica com vida até que Boyle tenha morrido.
Um rugido do corredor de trás cortou a resposta de Isabelle. Enviando um calafrio por suas
costas e recordou todas essas histórias de terror que Ângela contava quando meninas. O monstro
do porão era real e vinha diretamente para ela.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

Thomas deu um par de passos para ela, o terror por sua segurança claramente impresso em
seu rosto. Outro rugido explodiu atrás dela, desta vez mais perto. Thomas chegou até ela, mas se
separou dele. Boyle não poderia matá-la. Ainda não. Era a que mais estava a salvo de todos eles
no momento.
Ao mesmo tempo, Boyle apareceu à volta do canto, irradiando ameaça. Isabelle o olhou por
um longo momento, o fedor da magia demoníaca pesava em seu nariz. Isso respondia se tinha ou
não habilidades mágicas em Gribben.
Sentia-se nua sem sua magia, nua até os ossos. Apesar de que seu poder não era efetivo
com Boyle, não ter acesso a ele absolutamente neste lugar a fazia sentir como papel alumínio,
facilmente enrugável.
O sangue corria pelo lado do demônio, onde alguém tinha acertado com uma espada. Olhou
para Thomas, mas seu olhar estava fixo em Isabelle, com seu peito ofegante e seus olhos
vermelhos.
— Afaste-se para o lado. Vim pelo bruxo.
— Não pode o ter, Boyle — Disse Isabelle, com sua mão indo a sua manga, onde tinha a faca
escondida. Não podia acreditar que essas palavras acabassem de sair de sua boca.
Ele inclinou a cabeça para um lado.
— Não entendo. Estou matando para você. Tentou matar Stefan, porque deseja o bruxo
morto. Este é um presente.
O choque a surpreendeu e sua mente chispou antes de acelerasse sobrecarregada. Um
presente? Ele estava tentando matar Stefan como um presente? Para ela?
— Onde está Jack? — Thomas exigiu de sua posição ao lado e um pouco diante dela. —
Onde estão os outros?
— Vim por Stefan. Não pelo aeamon que me perseguia.
— Onde estão?
Boyle não respondeu, mas sim só provocou uma explosão de magia demoníaca e a centrou
em Thomas.
Isabelle gritou enquanto a energia se disparava no ar. Thomas voou para a parede atrás dele
e golpeando-se com um som doentio. O temor tirou um nó de gelo em seu estômago quando caiu
no chão.
Boyle levantou seu poder de novo e Isabelle se voltou, gritando o nome de Adam.
Certamente Boyle quereria golpeá-lo a seguir. Mas já era muito tarde. A magia do demônio se
arqueou no ar, saturando suas fossas nasais com o aroma antigo de outra Terra. Adam caiu,
escancarado em uma posição não natural no piso de concreto, enquanto Isabelle observava.
— Faço isto por você, Isabelle Novak — O demônio quase soava machucado. Como se
tivesse dado um presente e o tivesse jogado na cara.
Tinha os olhos abertos e o peito agitado. Quanta tensão se podia suportar um antes de
quebrar-se? Olhou para Adam e depois a Thomas. Ambos ainda pareciam estar respirando, graças
aos Deuses.
Voltou sua atenção a Boyle.

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Bruxas Elementares 02

— Eu queria matar Stefan, Boyle. Queria matá-lo primeiro porque não podia te encontrar.
Quero te matar, não entende? Você matou a minha irmã! — Ela gritou a última frase.
O demônio negou.
— Não, não entendo. Vivi em sua casa durante todos estes anos. Vivi entre vocês, me
fazendo passar por um de vocês, mas ainda não a entendo, aeamon — Olhou ao longe e quase
pareceu... Triste — Quero ir para casa.
Isabelle permaneceu impassível. Entretanto, moveu-se.
Aproveitando sua distração, agachou-se, tirou a seringa e se apressou. Tudo o que tinha que
fazer era conseguir que a agulha enfiasse em alguma parte. Em qualquer lugar.
Tomando-o de surpresa e conseguiu afundar a agulha através do tecido de sua camisa e
carne, e atravessando o peito. Antes que pudesse pressionar o êmbolo para baixo e introduzir o
líquido, Boyle rugiu, levantou o braço e a puxou para trás.
Ela caiu sobre seu traseiro. Com os cotovelos dando um duro golpe. A dor explodiu. Lutou
por olhar para cima ao demônio, sabendo que poder olhá-lo significaria muita agonia para ela
mais tarde.
O demônio ficou olhando a seringa que se sobressaía de seu peito, agachou-se e a tirou.
Todas as esperanças de Isabelle explodiram quando Boyle a lançou a um lado, como um pedaço de
lixo. Involuntariamente, cambaleou-se para frente e estendeu a mão para apanhá-lo e depois caiu
em um vulto aos pés de Boyle.
Boyle a olhou fixamente por um momento, seus lábios se abriram para que pudesse ver a
ponta dupla fila de dentes pontiagudos. Seus olhos brilhavam de cor vermelha. Levantou a mão e
a magia impulsionou através do ar, em uma capa da parte posterior da garganta com um seco
sabor amargo.
Olhando para Boyle, Isabelle pôde ver sua iminente morte. Interiormente, procurou provas o
poder e não encontrou nada, tudo arrebatado por Gribben. Mas esses muros não afetavam Boyle.
Sua magia se mantinha forte e vibrante. Seu desejo de usá-la para matá-la à força já estava
claramente em seu rosto.
A magia ondulou e Isabelle sentiu algo quente correndo em cima de seu lábio superior, e seu
nariz começou a sangrar.
O demônio moveu sua mão e ela se encolheu, esperando a explosão que acabaria com sua
vida. Então vacilou e baixou a mão.
— Não posso te matar agora. Mais tarde. Logo.
Passou em cima dela, deixando-a caída no chão, e se dirigiu à cela de Stefan.
Isabelle ficou estendida por um momento, aflita pelo alívio de ter esquivado o mau
temperamento de Boyle... No momento. Depois se levantou, mal acreditando o que estava a
ponto de fazer. Como demônios tinha passado de tentar matar o líder dos Duskoff a tentar salvar
sua miserável vida? Lançou-se atrás de Boyle.
Isabelle abriu caminho pelo espaço que tinha ocupado o demônio e se chocou contra a porta
da cela de Stefan, com a respiração pesada. Levantando o olhar, olhou a sala vazia. Boyle tinha
ido.
E também Stefan.

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Capítulo 23

Isabelle se virou na sala por volta dos dois homens caídos, mas seu pensamento se tornou
cada vez mais rápido. Boyle tinha empurrado Stefan através de uma porta para matá-lo em seu
tempo livre em outra parte? Ou Stefan tinha aproveitado a oportunidade para fugir, enquanto que
ela temia por sua vida aos pés de Boyle?
Não importava agora. Não enquanto Thomas jazia em um atoleiro de sangue na base da
parede, e estendido inconsciente no meio do corredor.
Isabelle correu para Thomas e o arrastou em seu colo. O sangue quente e pegajoso
ensopava suas calças jeans pela ferida na parte posterior de sua cabeça, mas sua respiração era
profunda e regular. Ferventemente, desejou ter sua magia. Ao manipular a água de seu corpo,
talvez pudesse trazê-lo para a consciência. Em troca, acariciou com os dedos suas bochechas, em
silêncio rogando que despertasse.
Depois de um minuto, Thomas se agitou e despertou. Gemeu e sua mão subiu a sua cabeça,
e depois rodou a um lado e a olhou.
— O que aconteceu?
O alívio se precipitou por ela, fazendo-a sentir aturdida. Temia que sua cabeça estivesse
também golpeada. Com voz tremula, o contou.
Thomas ficou em pé e tirou seu telefone celular de seu bolso. Ao marcar, cravou-lhe o olhar.
— Quero que saia daqui, Isabelle. Agora. O demônio ainda poderia estar nos arredores, ou
poderia retornar — Sua voz trocou, fez-se mais forte — Posto que ficou demonstrado que não
posso te proteger dele, quero que esteja tão longe daqui como é possível.
É óbvio, ela tinha esperado muito. Ela negou, ficou de pé e se dirigiu a Adam.
— Não irei até que tenha feito tudo o que possa para ajudar.
— Isabelle, seu trabalho aqui terminou. Se considere despedida. Vá — A força de sua
irritação a golpeou como água fervendo.
— Não. Ainda não — Isabelle se negou a sustentar seu olhar. Ajoelhou-se ao lado de Adam,
que já se estava despertando. Até que tivesse assegurado que Adam estivesse bem, não ia a
nenhuma parte. Teria que tirá-la com suas próprias mãos.

Thomas sofreu os cuidados do Doutor Oliver durante aproximadamente um minuto antes de


afastar-se dele.
— Thomas, é necessário tratar esta lesão — Disse o doutor, usando seu não estou me
assustando por sua estúpida voz. O Doutor Oliver utilizava essa voz com ele frequentemente —
Bateu a parte de trás da cabeça contra uma parede.
— Obrigado, Dr., mas será mais tarde. Tenho outras coisas do que me preocupar agora.

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Afastou-se e se dirigiu pelo corredor até onde um grupo de guardas da prisão estavam
recebendo ordens de Jack. Gribben estava fechada e a prisão estava sendo revistada de cima a
baixo em busca de Stefan.
Pelo que Isabelle sabia, era possível que o bruxo tivesse aproveitado a oportunidade para
fugir de sua cela quando Boyle tinha deixado Adam e Thomas inconsciente antes de seu confronto
com ela. Se isso fosse verdade, Stefan não devia ser capaz de sair de Gribben. Não com todos os
pontos controlados de sua cela até a saída. Estava preso como um camundongo em uma
armadilha.
— Poderia ter ido pela ventilação — Disse Jack enquanto Thomas se aproximava —
Chamamos a todos os guardas disponíveis à busca. Micah está estudando os planos da prisão e
nos informará breve a forma de proceder.
Thomas ficou atrás, o que permitiu Jack tomar a iniciativa. Tanto ele como Ingrid eram os
herdeiros para encabeçar o Aquelarre. Thomas gostava de ter o controle e tinha tendência a micro
gestão, mas tinha que obrigar-se a dar um passo atrás e permitir que outros tomassem a liderança
às vezes.
Quando Jack terminou de dirigir os guardas, dirigiu-se a Thomas.
— O que acontece se Boyle passou Stefan através de uma dessas portas que pode tirar de
um nada?
Thomas apertou os dentes.
— Então, Stefan esta livre e isto é uma perda de tempo. Só podemos esperar que o demônio
o tenha matado em algum lugar além das paredes de Gribben.
— Mas não entendo. Boyle foi atrás de Stefan para matá-lo, por esporte. Não o queria para
seu ritual. Por que veio aqui, ao coração do Aquelarre, tentar matar a um bruxo, cuja morte não
importa para alcançar seus planos?
Thomas olhou para Isabelle, que estava a certa distância falando com o Adam.
— Boyle disse a Isabelle que estava matando Stefan por ela.
— O que?
— Antes que o demônio golpeasse Adam e a mim, disse que o fazia porque pensava que ela
queria Stefan morto. Que era seu presente para ela.
Jack negou e esfregou o queixo.
— Não estou seguindo isto.
— Eu tampouco. Desenvolveu uma espécie de fixação com Isabelle, mas Isabelle diz que não
sabe por que. Pensa que poderia dever-se a que Boyle matou a sua irmã e agora sente algum tipo
de aproximação mórbida por ela. Acredito que... — Calou-se, incapaz de dizê-lo em voz alta.
Jack o disse por ele.
— Um amor demoníaco?
— Não sei — A ideia de Boyle tendo qualquer tipo de fascinação por Isabelle fazia que
gelasse o sangue, mas as palavras do demônio o tinham feito parecer como se o fizesse.
— Assim que talvez é plausível que Boyle tenha arrebatado Stefan e o tenha levado além das
paredes do Gribben para matá-lo.

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— É possível — Thomas fez uma pausa — Mas operaremos com o suposto de que Stefan
tentou escapar por sua conta por agora e que o buscaremos em cada polegada de Gribben.
— Feito.
Pela extremidade do olho, viu Isabelle olhá-lo a sua vez, com expressão triste. A mulher o
fazia ficar louco. O pensamento de que pudesse ser machucada o deixava ainda mais louco. Então,
Isabelle virou-se e caminhou pelo corredor. Thomas teve que deter-se para não segui-la.
Arrancou o olhar dela enquanto estava indo.
— Maldição, tudo ao inferno.
— Já estamos lá, chefe — Disse a voz calma de Adam a sua esquerda.
Thomas o olhou, com a mandíbula apertada.
— Algo novo em seu final?
Adam sacudiu a cabeça.
— Mas se Stefan ainda está em Gribben, não sairá.
— Sim — Ele olhou para as profundidades do edifício. Tinham estado ali por horas buscando-
o por toda parte.
— O que aconteceu? — Perguntou Adam — Não acha que esteja aqui?
— Meu instinto me diz que não.
— Isabelle pensa que Boyle o tirou.
— Saberemos logo. Ninguém pode permanecer oculto durante muito tempo em Gribben —
Debateu perguntar e, finalmente, cedeu —Isabelle estava bem quando falou com ela?
Adam encolheu os ombros e desviou o olhar.
— Parecia um pouco triste. Disse que o relacionamento de vocês dois não estava
funcionando. Disse que voltaria para seu apartamento na cidade, que se sentia mais segura ali.
Mais segura do demônio ou mais segura de você, não estive muito seguro de qual.
Thomas ficou imóvel, absorvendo essa informação.
— Disse que ia?
— Tive a impressão de que ia agora. É uma pena. Foi muito mais fácil de dirigir quando
tiveram sexo — Com essa nota, Adam se foi caminhando.
Então Isabelle tinha decidido deixar o Aquelarre em um esforço para pôr um pouco de
distância entre eles. Como se tivesse medo de que se aproximassem muito porque tinha admitido
que a amava.
O problema era que ele sabia que ela também o amava. Sentia-o cada vez que o olhava,
falava. Sentiu-o abaixo no corredor quando o tinha despertado mediante as carícias de seus dedos
por sua bochecha uma e outra vez.
Isabelle era a melhor maldita coisa que tinha acontecido. Havia trazido beleza caótica a sua
existência. Ele havia trazido estabilidade e amor à sua. De maneira nenhuma ia deixá-la escapar.
De maneira nenhuma ia deixar que seus medos irracionais arruinassem isto para os dois.
Não sabia ela que agora não renunciaria sem lutar?

Esperando.

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Isabelle esperava que a morte chegasse. Cada tic-tac do relógio do pêndulo da sala de estar
a levava mais perto.
Apoiou a cabeça contra o respaldo do sofá e fechou os olhos. Teve cerca de três horas de
sono nas últimas vinte e quatro horas, mas o tempo de sono a seguia evitando. Embora fosse algo
que necessitava desesperadamente. Tinha que estar preparada para Boyle. Dobrou os dedos ao
redor da seringa que tinha recolhido do chão da prisão. Com a outra mão, tocou a faca
embainhada de seu pulso.
Não tinham encontrado Stefan no interior de Gribben. Adam tinha ligado para dizer. Não
houve nenhum sinal, é óbvio, de Boyle tampouco. Sua oportunidade de salvar sua vida tinha
terminado desastrosamente e agora estava quase fora das possibilidades. Ficava uma e as
probabilidades estavam contra ela.
Tirou seu cobertor e aspirou o aroma persistente do doce perfume de sua irmã. O medo que
sentiu antes quase tinha desaparecido. Tinha lutado tão duro como tinha podido durante o tempo
que pôde. Protegeu o melhor que pôde a seus seres queridos. O resto estava nas mãos dos
Deuses.
Ao cabo de um momento, dormiu um pouco, apesar do tic-tac do relógio de pêndulo e o
fato de que tinha deixado todas as luzes acesas. Um golpe na porta a despertou depois de não
muito tempo adormecida. Com cara de sono, olhou o relógio e viu que dormiu perto de meia hora.
Grandioso. Quando o demônio chegasse estaria em ótimas condições físicas.
Levantou-se pesadamente do sofá e foi à porta. Ao menos sabia que não era Boyle. Os
demônios não batiam.
Isabelle verificou pelo olho mágico, suspirou e apoiou a cabeça contra a parede. Perguntou-
se se ele ia vir. É óbvio que foi uma tola ao pensar que não o faria. Thomas Monahan não era um
homem que se deixasse intimidar facilmente. Entretanto, pensou que talvez se abrisse uma
brecha o suficientemente forte entre eles para que pudesse afastar-se.
Tinha que sair daí rápido, mas que ia ser difícil mentir a Thomas. Tudo o que seu coração
queria era ele, sua presença, seu aroma, o círculo de seus fortes braços, sua voz rouca em seu
ouvido. Tudo em sua cabeça queria afastá-lo dela tanto como fosse possível.
Armando-se de coragem, abriu a porta.
Vestia uma calça negra e uma camisa de linho branco. Seu cabelo comprido e solto
pendurava sobre seus ombros e seus olhos escuros estavam brilhantes, mas não parecia
preguiçoso, mas sim brilhavam com fogo. A curva normalmente sensual de seus lábios estava em
uma linha firme. Reconheceu a linguagem corporal, estava zangado.
Deusa, era sexy quando estava zangado.
Ficou sem fôlego e seus dedos se fecharam um pouco, não querendo nada mais que mover-
se debaixo de sua camisa para tocar sua pele morna e o músculo duro que sabia estava ali. Em
troca, escondeu sua reação, mantendo a cara séria, e simplesmente caminhando para dentro do
apartamento.
A porta se fechou atrás dela e sua mão se fechou caindo sobre seu ombro. Deu-lhe a volta
para que o enfrentasse.
— Só foi? Nem sequer se despediu?

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— Disse-me que fosse, Thomas — Recordou-lhe severamente.


— Para que fosse da prisão, sim. Não era minha intenção que deixasse o Aquelarre.
— Não quero fazer isto de novo, Thomas. Doeu bastante da primeira vez — Suspirou — Nós
dois sabíamos que não ia funcionar a longo prazo. Era só sexo. O sexo foi genial, mas agora é o
momento de deixar ir — Eram as palavras cruéis, tão fáceis de pronunciar. Por que pareciam como
pequenos blocos de gelo em sua garganta?
E maldição, não acreditaria de todos os modos. Nem sequer necessitava sua empatia, já que
a dúvida estava clara em sua expressão.
Um músculo de sua mandíbula se moveu.
— Não é uma boa mentirosa, Isabelle — Disse em voz baixa — Só está fugindo de mim
como foge de todo o mundo que se aproxima muito.
Separou-se dele.
— Obrigada pela psicanálise, mas não sabe nada de mim — É óbvio, sabia. Tinha fugido toda
sua vida de qualquer atadura ou âncora emocional. Não foi até agora que tinha conhecido Thomas
e se apaixonou por ele que não queria correr a nenhuma parte, exceto diretamente a seus braços.
Só que agora neste momento de sua vida tinha que correr.
Às vezes o destino fede.
Suas seguintes palavras arrancaram do centro dela, só deixando assentar sua magia. Tentou
manter a voz firme, mas teve que voltar sua face porque sabia que não poderia dominar sua
expressão.
— Só sai, Thomas. Por favor, não o quero aqui agora mesmo — Finalmente, um pouco de
verdade, embora doesse dizê-la.
— Por que tem tanto medo?
Ela apertou seus olhos com a palma de suas mãos.
— Não é medo exatamente. Mover-me pelos arredores, é tudo o que sei. Não posso ficar em
um só lugar, com uma pessoa. Simplesmente não é o que sou.
— É uma merda.
Ela suspirou, rodeando-o. As palavras que diria agora vinham de seu interior de algum lugar
profundo.
— Não quero arruiná-lo! Está bem? Cada vez que formo uma relação, encontrando um bom
lugar para ficar... Desaparece. Nada dura! Talvez seja melhor não começar uma. Então nunca teria
que me preocupar quando desaparecerá. Então não teria que sentir dor quando indevidamente
ocorresse.
— Isabelle…
Interrompeu-o.
— Quando viajo, há um novo começo em cada porto a que chego. Novas pessoas. Novos
lugares. Quartos de hotel. Casas alugadas. Serviço de quarto. Tudo isso é... Sem forma, anódino e
anônimo. Nada para estragá-la. Não há nada que me vincule. Não há nada que lamentar quando
seguir adiante.
— Me olhe.

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— Mas a coisa é... Ao final, nada disso importa. Tudo é só uma mentira. Acredito que estou
evitando ser encurralada pela emoção, pelo compromisso, e a potencial perda, mas em realidade
é só outra armadilha. Sei por minha irmã. Era a única pessoa que realmente importava em minha
vida — Antes de você. Uma lágrima rodou por sua bochecha e a limpou — Quando ela morreu,
doeu-me tanto que minha alma se retorceu. Foi a pior dor que já senti, mas nunca, deixei que
amar a minha irmã para me salvar dessa dor.
— Isabelle...
— Assim já vê? É uma armadilha sem resolver. Ou não tem nada e não sente nada, ou tem
tudo e, finalmente, perde-o, e sentirá tudo... De uma má maneira. Está condenado se o faz e
maldito se não o faz — Pôs-se a rir. Sua risada soava dura a seus próprios ouvidos — E estou
condenada, Thomas. Não sabe nem a metade.
— Isabelle, me olhe.
Lentamente, Isabelle se voltou para ele.
A emoção se agitava por sua face, rompendo a irritação em algo parecido à tristeza... Ou
talvez ao amor... Por um momento, suas próprias emoções correram muito altas para que as
conseguisse ler nesse momento.
— Não irei daqui e não deixarei que me deixe.
— Thomas…
A tomou em seus braços. Quando ela o empurrou, ele só a segurou mais forte.
— Amo você. — ele sussurrou em seu cabelo.
Isabelle fechou os punhos, tentando não agarrar-se a ele com as duas mãos e nunca deixá-lo
ir. Suas unhas se afundaram em suas palmas.
— Thomas, por favor, não faça isto.
— Amo você, Isabel — Sussurrou de novo — Não a deixarei ir. Nunca a deixarei ir.
Seus olhos se encheram de lágrimas. As palavras só se derramaram, fáceis como um rio
desembocando no oceano. Nada no mundo, nem sequer um demônio, poderia as ter detido.
— Também te amo.
Acariciou seu cabelo.
— Já sei.
Isabelle se agarrou a ele por um momento, tentando reunir a força suficiente para empurrá-
lo e dizer algo, algo tão horrível que faria que a abandonasse. Milhares de possibilidades poluíram
sua mente. Cada uma sendo descontada. Thomas via diretamente através de seu coração,
qualquer coisa que dissesse saberia que era uma mentira.
Thomas levantou seu queixo, forçando-a a olhá-lo no rosto e a beijou. Seus lábios se
moveram sobre os seus como seda em um primeiro momento, mas a pressão se tornou mais e
mais exigente.
O corpo de Isabelle reagiu imediatamente. Seus dedos se fecharam ao redor de seus braços,
sentindo-os e sentindo a flexão de seus músculos enquanto ele a arrastava contra seu peito e
deslizava a língua entre seus lábios. Queria discutir com ele, mas só um gemido saiu de seu centro.
— Por favor, quero que vá — Sussurrou contra sua boca, entre beijos.

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Bruxas Elementares 02

Seus dentes capturaram seu lábio inferior e o agarrou. Isabelle se sentiu ficar quente e
úmida entre suas coxas.
— Não até depois que faça cada centímetro de você meu, Isabelle — Sua voz foi um
necessitado grunhido.
Um alarme disparou através dela, enfraquecendo sua excitação.
— Não, não podemos — Sua frase terminou em um grito de surpresa quando Thomas a
levantou de seus pés, literalmente.
— Não? — Perguntou enquanto a levava ao quarto — Quero tentar mudar sua opinião a
respeito.
A jogou sobre o colchão. Isabelle tentou levantar-se e caiu em cima dela, prendendo seus
pulsos.
— Se dê por vencida — Sussurrou no ouvido.
Sua boca capturou suas palavras de protesto. Uma vez que a beijava tão a fundo sua mente
mal podia formar um pensamento coerente, ele abriu caminho com seu corpo, eliminando os
objetos de vestir a seu passo. Encontrou a seringa que guardava no sutiã e a faca embainhada em
seu pulso e os colocou sobre a mesinha de noite.
Preguiçosamente, arrastou seu mamilo entre seus lábios até que saiu de sua boca. Ao
mesmo tempo, moveu sua mão por sua coxa e encontrou seus clitóris. Acariciou-o através do
algodão de sua roupa íntima, movendo-o ao redor em círculos.
— Isso é bom? — Sua voz a acariciava como cetim contra sua pele.
— Humm — Oh, sim. Era tão bom que não podia pensar — Não podemos fazer isto, Thomas.
Não neste momento — O problema era que sua voz saía toda entrecortada e carregada de paixão.
— Por que não?
Mordeu o lábio, em busca de uma razão plausível de por que não podiam fazer amor. Não
era como se pudesse dizer a verdade. E, Deusa, queria este adeus de despedida com cada fibra de
seu ser. Não podia permitir-se esta última conexão com Thomas? Não merecia pelo menos isso?
Quando não respondeu, ele grunhiu.
— Já imaginava — Depois mordeu as calcinhas em sua cintura e as desceu com os dentes.
Logo não houve nada de tecido que separasse sua carne de suas mãos e boca.
— Thomas…
— Não irei daqui até fodê-la e te deixar sem sentido Isabelle. Não importa o que diga. Não
importa se tiver que amarrá-la para fazê-lo. Entende? — Passou o dedo por seus clitóris enquanto
falava, enviando ondas de prazer a todo seu corpo.
—Deixou isso claro — Suspirou.
—Então me diga agora mesmo. É sua última oportunidade. Quer que a foda, Isabelle?
Havia uma só resposta.
— Sim.
— Quer que faça amor com você?
— Sim.
Ele sustentou seu olhar, colocou as mãos debaixo de seus joelhos e os subiu e afastou,
deixando ao descoberto sua parte do corpo mais vulnerável a seu olhar. Thomas a olhou.

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— Tão doce — Murmurou antes de baixar sua boca e fechá-la sobre seu inchado clitóris,
despertando-o. Sua língua se moveu e, depois encontrou seu lado sensível, esfregou-o.
Isabelle corcoveou sob sua boca e Thomas levantou seus quadris do colchão, selando sua
boca sobre seu sexo. Seu clímax a golpeou rápido e forte. Ficou sem fôlego, enquanto se
apoderava dela e depois gemeu dizendo seu nome.
Thomas a atravessou sob o arco explosivo de prazer, gemendo em sua garganta, enquanto
ele desfrutava de seu clímax exatamente igual a ela fazia. Quando o orgasmo ainda se agarrava a
seu corpo, ainda a fazia elevar sua cabeça com prazer e gemer, puxou suas calças para baixo o
suficiente para que seu pênis estivesse libertado e a montasse.
— Isabelle — Seu nome soava desigual em sua língua, como uma oração ou a palavra "água"
de um homem desesperadamente sedento — Não posso esperar outro momento. Tenho que te
sentir. Tenho que ser parte de você.
Em resposta, passou suas pernas ao redor de seus quadris e o puxou para baixo, em cima
dela, sentindo o toque de suas calças contra seus tornozelos e panturrilhas.
Ele sustentou seu olhar enquanto apertava a cabeça de seu pênis em sua entrada, então
uniu seus pulsos com uma enorme mão e a apertou contra colchão em cima de sua cabeça. Depois
segurou seu quadril com a outra mão e empurrou profundamente nela, até que a encheu por
completo e a estendeu com seu pênis.
Isabelle abriu a boca e afundou seus dentes em seu lábio inferior. Seu clitóris pulsava e seu
sexo ondulava com a sensação de tê-lo dentro dela.
Montou-a, tomando-a com longas, quietas e profundas estocadas que tiraram cada
pensamento racional de sua mente e seu corpo se sentiu como manteiga derretida.
Quando o clímax chegou, envolveu todo seu corpo em pequenas ondas que começaram
pequenas e depois se expandiram. Arqueou-se para trás quando tomou, com a mente alagada de
prazer.
Thomas soltou suas mãos e chupou um de seus mamilos que se ofereciam a sua boca
quente, arrastando-o suavemente entre os dentes. Ele respondeu a seu orgasmo gemendo do
fundo de sua garganta e gozando.
— Thomas — Suspirou ela, cobrindo o rosto com as mãos. Por que tinha permitido fazê-lo?
Por que era tão fodidamente estúpida?
Thomas rodou afastando-se dela e a puxou à cama. Arrastou-a contra seu corpo e a
acariciou passando os dedos por sua face.
— É minha, Isabelle. Não deixarei que vá ou que fuja. Não deixarei que me rejeite. E não irei
esta noite. Para o bem ou para mau.
Derrotada, lágrimas picaram seus olhos enquanto se virava e afundava a face no espaço de
seu pescoço e inalava. Cheirava tão bem, cheirava muito a Thomas. Ela moveu sua mão em sua
camisa para encontrar a carne morna e seus duros músculos.
— Então se dispa porque preciso sentir sua pele na minha — Sua voz soava áspera pela falta
de sono e a emoção.
Juntos, despiram-no, tirando a roupa até que seu corpo roçou o dela, pele contra pele.
Beijou todo o caminho em cima de seu ombro e para baixo do braço, insistindo-a a seu estômago.

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Bruxas Elementares 02

Isabelle estava de barriga para baixo na cama enquanto Thomas passava a mão de suas costas à
parte baixa das costas uma e outra vez, arrulhando-a para que dormisse.
— Isabelle — Ronronou Thomas com voz de sono e sexo satisfeito — Por que Boyle mataria
Stefan como um favor para você?
Seus olhos se abriram de repente e ficou rígida, mas pelo menos podia responder
honestamente.
— Não sei.
— Sério?
Isabelle se voltou sobre suas costas e se aconchegou contra ele. Ela o olhou na face e passou
seus dedos através de suas feições.
— Sério. Não entendo a mente do demônio. Parece-me incrível que precise ir para casa,
também que uma criatura como ele tenha emoções dessa maneira — Ela sacudiu a cabeça — Não
tenho ideia do por que Boyle decidiria que precisava matar Stefan por mim.
— Disse-o justo antes de me nocautear em Gribben... fez isso soar como se os dois tivessem
uma relação
Ela levantou a cabeça e sorriu, apesar de que mal sentia isso.
— Esta com ciúmes Thomas?
— Não acredito. Temeroso por você, sim.
Ela tomou um momento para responder, cuidadosamente fraseando sua resposta.
— É como disse antes. Acredito que se obcecou comigo devido a minha irmã. Imagino que
porque ele... — Tinha que fazer uma pausa e encontrar as palavras adequadas antes de poder
continuar — ...Assassinou-a, ele e eu teríamos uma conexão.
Thomas passou sua mão por seu braço e outra vez até que suspirou e seus músculos
deixaram de lado a tensão.
— Isso tem um estranho sentido.
— Não acredito que os demônios tenham sentido — Suas pálpebras caíram.
— Vá dormir, Isabelle. Posso dizer que o necessita.
Ela suspirou e se relaxou com ele. Antes que soubesse o esgotamento a tomou.

Isabelle despertou de um sono profundo. Ajustando-se contra o corpo quente de Thomas,


sorriu e fechou os olhos outra vez. A seu lado, sempre dormiria bem. Por um momento, soube o
que era a felicidade perfeita, e então recordou. Infiltrou-se como refugos tóxicos em sua mente,
envenenando-a.
O demônio viria. Talvez não hoje, mas logo.
Assustada, esfregou os olhos e olhou pela janela, onde os primeiros raios da pálida luz cinza
da manhã se atravessavam. Só tinha dormido uma hora ou duas no máximo. O que a tinha
despertado?
Não havia aroma de magia demoníaca que sujasse o ar. Nem um som se ouvia. Não tinha
muito calor ou muito frio... Então soube com certeza absoluta.

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O temor formou redemoinhos como chumbo frio na boca de seu estômago. Levantou-se do
braço protetor de Thomas e saiu da cama. Solenemente, colocou sua roupa íntima, um par de
shorts e uma camiseta de manga longa, depois tirou a seringa e a sua faca. Uma vez feito isto,
Isabelle se aproximou da janela da sala como se fosse atraída por poderes além de seu controle.
De fato, provavelmente o estava.
Afastou as cortinas que cobriam a janela do salão, e ali, na rua contornada de árvores
percorrendo mais à frente do edifício de apartamentos, Boyle estava sentado em sua Harley,
olhando-a. Metal e cromo, polidos ao máximo pelas carinhosas mãos do demônio, brilhavam com
a luz. Couro negro cobria Boyle da cabeça aos pés, e a brisa da manhã sacudia seu cabelo loiro.
Ela ofegou
— Thomas — E pôs-se a correr e rapidamente tentando tirá-lo da moradia. Em troca, sentiu
um golpe em seu muito amplo peito. O aroma de couro e demônio se chocou contra seu nariz.

Boyle a olhou fixamente, com olhos normalmente azuis já em vermelho vivo.


— Já é hora.
Silêncio, só pôde sacudir a cabeça. Tinha chegado o momento? Como poderia ser já a hora?
Não podia ser já a hora! Thomas estava ainda em seu apartamento.
Boyle foi para ela e deu um passo atrás. Retirando a mão.
— Decide pôr a sua mãe em seu lugar? Se for assim, diga-me isso agora. Não tenho muito
tempo para fazer este sacrifício.
— Sou a que fará o sacrifício — Negou com a voz — E não permitirei que ninguém fique em
meu lugar.
— Muito bem — Segurou sua mão de novo — Então saiamos agora.
Isabelle estava suscetível de deixar o apartamento em silêncio, deixando Thomas dormido
no outro quarto... E não interferir.
— Está bem — Foi ao vestíbulo, onde seus sapatos brancos estavam cuidadosamente lado a
lado no balcão de café da manhã. Os pôs e se voltou para o demônio— Estou pronta.
Boyle não a desapareceu. Levou-a pelas escadas para sua Harley. Cada passo a levava mais
longe de Thomas, fazendo que sua garganta se contraísse um pouco mais. Quando por fim
chegaram à rua, Isabelle contou como milagre que ainda pudesse respirar.
O demônio montou na motocicleta.
— É uma bonita moto, não acha?
Só o olhou fixamente. Pequenas discussões não eram algo que podia dirigir neste momento.
— Sentirei saudades desta moto — Continuou — É uma das únicas coisas que perderei de
viver aqui. Assim levaremos minha moto aonde vamos, em vez de um transporte mais direto. Será
minha última oportunidade de montá-la.
— É esta a parte onde tenho que sentir pena de você?
Olhou-a por um momento, com seus olhos azuis resplandecentes.
— Suba — Virou a chave.

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A máquina começou com um ronrono silencioso, mas ela não se moveu para obedecer. Não
pôde evitar permitir que seu olhar se afastasse pela rua. Sombras da luz da lua brincavam sobre o
cimento da calçada, salpicadas pelas folhas nas árvores. Um vento suave e quente soprava,
fazendo que as bonitas folhas dos arces tremessem e rangessem. As luzes à distância trocaram em
uma intercessão e um automóvel atravessou.
Ela tinha seus sapatos para correr.
— Sei onde está sua mãe — A voz do demônio era baixa e segura. Ele sabia o que tinha
previsto só em uma fração de segundo que tinha dado uma olhada à rua. É óbvio que sabia —
Poderia estar com ela em sua janela pelo tempo que possuo.
Suspirando, Isabelle subiu à moto atrás de Boyle. Evitando rodear sua cintura para segurar-
se, agarrou-se no assento em seu lugar.
— Iremos a meu armazém.
Náuseas subiram por sua garganta. Não usava capacete. Talvez tivesse sorte e tivessem um
acidente antes de chegar.
Em realidade, isso seria uma boa ideia.
Isabelle sabia que agora tinha a oportunidade perfeita para matar Boyle. Se pudesse
conseguir tirar a seringa de seu sutiã, poderia injetar o cobre líquido nele enquanto conduzia.
Perfeito.
É óbvio, se funcionava cairiam. Isabelle, com seus sapatos, shorts e camiseta ficaria bastante
machucada nesse caso. Mas Boyle estaria morto. Isso era o importante.
— Ponha seus braços ao redor de minha cintura — Ordenou.
— Perdão? — Isso faria mais difícil enganchar a seringa.
— Seus braços. Ponha ao redor de minha cintura e segure-se. Não vai cair. Não vim até aqui
para te perder agora.
Isabelle tomou um momento para recolher suas emoções e depois, lentamente, pôs seus
braços ao redor de sua cintura. Os músculos de um físico culturista ondularam sob suas mãos. Seu
torso parecia como rocha sob o couro negro que usava e Isabelle enfrentou a um reflexo
nauseabundo.
A moto cambaleou para frente, junto com seu estômago. Isabelle fechou os olhos e ofereceu
uma oração à Deusa. No último momento, olhou para as janelas escuras da moradia, onde Thomas
ainda dormia.
Thomas.

Capítulo 24

— Isabelle?
Thomas despertou e deu a volta, tateando a procura do corpo quente que sentia saudades.
Depois de encontrar só ar e mantas, abriu as pálpebras. Ela não estava no quarto.
O pelo na parte de trás de seu pescoço se levantou enquanto sua intuição dava chutes. Algo
não estava bem.

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Afastou as mantas a um lado, encontrou as calças na escuridão, e se deslizou dentro delas.


Abrindo caminho cuidadosamente através do apartamento com pouca luz, encontrou-se com a
sala vazia. Sentia que todo o lugar estava vazio exceto por ele.
Fora, na rua, uma motocicleta ganhava vida.
Conhecia o som dessa máquina.
Thomas se precipitou à janela a tempo para ver o Boyle afastar-se da calçada... Com Isabelle
nas costas. Justo antes que Boyle acelerasse, ela olhou à janela com uma expressão de total
desolação.
E depois se foram.
Clara, fria certeza rapidamente matou a sacudida do choque que percorreu o corpo. Sabia
que Isabelle não tinha saído com o Boyle porque quisesse... E sabia exatamente aonde o demônio
a levaria.
Thomas não perdeu tempo para nada, exceto por suas chaves do carro e o telefone celular.
Descalço e sem camisa, correu do apartamento de Isabelle, chamando o Jack e o Aquelarre
enquanto ia.

O vento açoitava o cabelo de Isabelle e seus shorts voavam, fazendo-a estremecer. É óbvio,
o calafrio provavelmente tinha menos a ver com o vento do que o fazia pelo demônio com o que
partia.
A moto comia as ruas que havia entre seu apartamento e o armazém muito mais rápido do
que teria gostado. Via a estrada voar debaixo de seus pés e se perguntava como se sentiria se o
cobre afetasse Boyle como esperava. Como se sentiria morrer em um acidente moto ciclístico?
Acabaria com cascalho de três polegadas debaixo de sua pele? Abriria a cabeça? Supunha que se a
cabeça se abrisse não importaria muito o cascalho sob a pele.
Deusa.
Era a única maneira e paralisar-se por mais tempo estaria morta. Agora era o momento. Sua
última oportunidade. Dessa maneira salvaria sua mãe, vingaria a sua irmã, e os mundos, ambos
deles, livrariam-se da presença de Erasmus Boyle.
Tudo o que tinha que fazer era mover a mão, tomar a seringa de seu bolso, e cravá-la contra
ele. Então, se o cobre injetado diretamente em seu corpo fizesse o que esperava, ia morrer em um
horrível acidente, em um feroz acidente de motocicleta. Estava no papo.
Podia fazer isso.
Poderia.
Boyle girava em cada semáforo que se tornava verde. Ou isso, ou tinha um pouco de sorte
que trocavam as luzes à perfeição. Luz verde. Luz verde.
Luz verde.
Estavam perto do armazém e Isabelle sabia que tinha que fazê-lo. Já era hora, o tempo
passava. Seu coração pulsou tão rápido que pensou que teria um ataque do coração, preferível à
forma em que estava a ponto de morrer, Isabelle se moveu.

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Boyle rugiu em sinal de protesto enquanto tomava o braço contra seu corpo, mas Isabelle
não fez conta. Colocou a mão por sua camiseta, procurou a seringa, e puxou-a, tirando-a.
Agarrando a parte superior entre seus dentes, liberou a agulha, enterrou-a no pescoço do
demônio, e empurrou o êmbolo para baixo.
O cobre líquido se disparou na garganta de Boyle.
A seringa ficou vazia.
Boyle gorjeou. A moto vacilou. Isabelle olhou a estrada que passava rapidamente debaixo
deles. Endireitou-se por um momento e então o demônio começou a asfixiar, bufando, gritando
ruidosamente.
E caíram.
A moto caiu a sua direita e jogou Isabelle sobre a calçada. Iam a umas cinquenta milhas por
hora e em uma fração de segundo antes que Isabelle entrasse em contato com a estrada, sua
mente ficou completamente em branco, totalmente clara. Então aconteceu. Não houve dor
explodindo nela. Nada mais que suavidade encontrou sua cabeça e seu corpo enquanto deslizava
e rodava pela estrada e a calçada.
Isabelle ficou de lado, imóvel e consciente. Era evidente que tinha entrado em choque e isso
era o que tinha bloqueado a dor da queda. Se olhasse seu corpo agora, veria sangue, carne
rasgada, e suas extremidades retorcidas.
Decidiu não olhar.
Em troca, observou o choque da motocicleta contra o pavimento, chiando em uma fera
sinfonia de destruição no meio da rua. Boyle ia montado, com sua perna presa sob o retorcido
metal. A moto se deteve perto da calçada, com o demônio imóvel.
O teria matado? Este pesadelo finalmente tinha chegado a seu fim? Ainda estava consciente.
Isso significava que tinha sobrevivido em realidade a esta prova? Ou era a frieza adormecida de
seu corpo um mero precursor da morte?
O som de metal raspando uma vez mais encheu o ar. A moto se moveu e Boyle saiu debaixo
dela também, gemendo.
— Não — Sussurrou Isabelle, levantando a cabeça — Oh, não.
— Se levante! — A voz de Thomas. Mãos fortes sob seus braços, levantaram-na — Isabelle,
levante-se! Não está morto.
— O que? — Ela se levantou para ficar de pé e olhou para baixo. Não havia sangue. Nem
sequer um arranhão. Sua roupa nem sequer estava rasgada — O que é...
— Eu amorteci sua queda. O concreto é parte de meu domínio como bruxo da terra —
Arrastava-a pela rua enquanto falava. — Temos que nos afastar daqui, em caso de que Boyle se
recupere e venha atrás de você.
— Espera! — Empurrou-o — Não, não posso fugir — Isabelle se voltou e se dirigiu para
Boyle.
Thomas a segurou e a levantou, levando-a nos braços à rua para seu carro ainda ligado.
— Perdeu a cabeça?
Ela lutou em seu abraço.
— Não! Não o entende. Deixe-me ir!

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— Pode me explicar isso quando estamos a cinco milhas de distância, de acordo?


Não podendo romper o braço de ferro de Thomas de outra maneira, Isabelle se centrou na
água entre seus dedos, mãos e braços, as forçando momentaneamente esquentar. Thomas gritou
e a deixou cair.
Isabelle caiu no chão e se endireitou, lutando com seus pés.
— Não posso abandoná-lo agora. Boyle escolherá a outra bruxa para que tome meu lugar.
Ou ele morre... Ou morro eu. Não permitirei que isto aconteça de outra maneira.
Thomas a olhou por um momento antes de responder.
— Fez algum tipo de pacto com Boyle? Irá de boa vontade com ele ou ele tomará a outra
bruxa em seu lugar?
Ela assentiu furiosamente, com seu olhar atrás de Thomas desviando-se aonde Boyle estava
se levantando do chão.
— Minha mãe, em realidade. Referia-se a levar a minha mãe em meu lugar. Sim, tenho
problemas com ela, mas não posso deixar que Boyle a mate.
Boyle se via gravemente ferido e a esperança explodiu dentro dela. A julgar pela forma em
que se movia, Isabelle duvidava que pudesse chegar muito longe de sua localização atual, que era
a uma cômoda distância da sua.
— Por que não me disse sobre isto?
Ela fez um ruído frustrado e apertou os punhos.
— Porque sabia que ia fazer isto! Correria como todo um cavalheiro de brilhante armadura e
deixaria que o demônio o matasse antes que me machucasse. Tentei te manter fora disto porque
estaria a salvo. O Aquelarre precisa de você, Thomas. Os Bruxos precisam de você. Ninguém no
mundo precisa de mim.
A resposta de Thomas não se fez esperar. Estendeu a mão, agarrou-a e a esmagou contra
ele.
— Eu preciso de você, Isabelle.
Por uma fração de segundo se fundiu nele, fechando os olhos pela emoção em sua voz.
Depois se afastou, pondo-o longe de seus braços.
— Obrigada por isso, mas não deixarei que Boyle tome a outra bruxa em meu lugar.
— Não, você… Não — A voz veio detrás dela. Baixa. Raspada. Forçosa. Com dor.
Boyle.
Ele pôs suas mãos sobre seus ombros. Aparentemente, equivocou-se a respeito da
habilidade de Boyle para mover-se. Infelizmente.
Isabelle sustentou o olhar de Thomas por um momento. Sabia que parecia resignada.
Boyle a fez desaparecer.

Podia continuar ouvindo Thomas em um agônico zumbido em seus ouvidos quando de


repente se encontrou no armazém, com o estômago rodando e sua cabeça ferroando. Isabelle deu
dois passos para frente, cambaleou-se e caiu sobre suas mãos e joelhos. A bílis recobria sua boca,
alagando-a com amargura.

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Suas mãos pressionaram no cimento frio, fechou os olhos por um momento e se concentrou
em não perder o conhecimento. A forma de Boyle de transportar às pessoas realmente fedia.
Preferia um carro a isso em qualquer dia.
Atrás dela vinham pesados passos de pés arrastando-se e um gemido baixo. Mantendo a
cabeça inclinada, abriu os olhos e colocou a mão em sua manga, com os dedos fechando-se ao
redor do punho de sua faca de cobre.
— Não vai viver o suficiente para me matar, Boyle. Esta acabado — Fez-se um eco de sua voz
firme e forte na quietude do armazém — Está no som de sua voz e na cadência de seu passo. É a
morte.
Não houve som. Nem sequer um sussurro de respiração enchendo seus ouvidos. Isabelle
esperou um selvagem momento... Então quatro passos arrastaram uns pés perto dela. Mãos
enormes a levantaram pelas axilas.
Esperava que fosse um puxão, que a lançasse, que a golpeasse, algo violento. O toque do
demônio era gentil em seu lugar, quase carinhoso.
— Vou para casa — Sussurrou quando a levantou em seus braços — Não o entende? Vou
para casa.
— Não se posso evitá-lo — Isabelle o apunhalou na garganta.
Boyle a soltou. Ela caiu no chão e nesta ocasião Thomas não esteve ali para amortecer sua
queda. Isabelle bateu os cotovelos, cóccix, e fechou os dentes. Boyle gritou e se afastou dela,
puxando a folha de sua garganta e jogando-a através do armazém.
Talvez seu sistema imunológico estivesse debilitado pela certeira injeção de cobre em seu
corpo. Talvez tivesse ficado sem "antídotos para a alergia." Em todo caso, a ferida que fez a folha
fumegava e se afundava, fazendo-se cada vez maior. Sangue ácido gotejava e chispava no chão.
Isabelle se afastou dele, para a porta. Sabia que não podia sair até que o demônio estivesse
morto, mas ia à saída involuntariamente de todos os modos. Boyle levantou as mãos a sua
garganta, gritando e movendo a cabeça. Ela não queria nada mais que afastar-se dele, igual a uma
criança precisa escapar do monstro de seu armário, este não era imaginário depois de tudo.
Ela recuou pela parte pegajosa de ar que Adam descobriu. Seu estômago se sacudiu
enquanto os fios de magia pela metade puxaram sua roupa, pele e cabelo. Composto pelo poder
das bruxas assassinadas, a porta parcialmente aberta picava seu nariz como diluindo seu mau,
como se tivesse inalado cerveja escura, amarga pelo nariz.
Isabelle abriu a boca e disparou para trás, fora de seu alcance. Era muito mais forte que a
última vez que tinha passado por ela. O feitiço de Boyle quase estava terminado. Ela era a última
chave. Ao parecer, tinha tomado a outra bruxa antes dela. O fizeram mais difícil a Boyle com sua
lista, mas não o tinham detido.
Inclusive fora de seu alcance, não podia sacudir o agarre pela porta parcialmente terminada
sobre sua pele e cabelo. Suas respirações diminuíram, brutalmente curtas enquanto esperava,
rezava para que Boyle caísse. Para que isto terminasse.
Deusa, por favor. Não queria ser a última peça dessa porta de enlace.

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Boyle se voltou e a olhou fixamente, como se lesse seus pensamentos. Seus olhos brilhavam
em cor vermelha e seus lábios se abriram, revelando seus dentes afiados. Pouco a pouco, afastou
mãos e se endireitou, mostrando claramente que a ferida de sua faca tinha sarado.
Depois sorriu.
Isabelle se levantou para ficar de pé. Com medo disparando-se através dela, queimando suas
veias e disparando por suas costas. Desejou poder ser mais forte, mais valente, mas ver esse
sorriso no demônio a fez tremer.
— Por que não somente morre! — Gritou a ele. Porque, Deusa, ela não o desejava.
Deu um passo para ela e tropeçou, com seu sorriso desaparecendo um pouco.
— Não entende minha motivação. Vou deste lugar — Disse este lugar como se alguém
pudesse dizer verme — Vou para casa, para meu povo, aos lugares que lembro e amo — Tropeçou
outra vez, mas depois se endireitou e se dirigiu diretamente para ela, como se ganhasse força a
partir da ideia de voltar para casa — Nego-me a morrer.
Isabelle recuou um pouco mais longe. Simplesmente não podia parar. Tomou cada gota de
sua força de vontade não correr, tal e como parecia tomar cada gota ao Boyle não morrer e seguir
avançando lentamente para ela. O mau era que suspeitava que Boyle fosse mais forte que ela.
Entretanto, o cobre que tinha injetado estava cobrando seu preço. Se a teoria de Micah
fosse correta, o cobre o consumiria de dentro para fora. Seu corpo lutaria para curar-se e
regenerar a pele, tal como fazia com as lesões externas ocasionadas por armas de cobre. Mas o
cobre injetado seria muito mais prejudicial. Agora se tratava simplesmente de uma questão de
quem era o mais forte, os efeitos mortais do cobre líquido ou a capacidade de seu corpo em
regenerar-se.
Manteve seu olhar nos pés que Boyle arrastava enquanto se aproximava dela,
completamente incapaz de olhar para cima a seus vermelhos, ardorosos olhos, os que diziam que
o fim estava perto.
— O quem te disse que o sacrifício de cinco bruxos estava bem? Porque matou cinco, em
Boyle? Tomou outro antes de mim.
Movimento. Pausa. Movimento.
— Seis bruxos. Ainda não descobriu a terceira que matei. A que foi depois de sua irmã.
O estômago deu um tombo.
— É aeamon, só mestiça. É como sacrificar gado, como caçar. Não é nada matá-la. Alguns
aeamon que tomei eu gostava também, como um ser humano pode cuidar de um mascote. Tomei
gosto por você — Movimento. Pausa — Mas não se engane, ainda posso matar meu cão se isso
significar que posso ir para casa.
Boyle se deteve uns cinco metros dela. Isabelle tinha se apoiado contra a parede mais
longínqua que havia. O metal parecia suave e fresco através de sua camiseta.
— E o portal? Como funciona? — Sua voz soava rouca e devastada, como se tivesse fumado
um pacote de cigarros ao dia durante os últimos vinte anos. Em realidade, só estava tentando
entretê-lo, esperando que o cobre pudesse fazer seu trabalho.
— Suponho que te devo uma explicação. Apropria-se da magia das bruxas que sacrifica.
Certos tipos de magia em certas quantidades em determinados momentos. Com algumas bruxas

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fui capaz de tomar remotamente, a algumas as tive que matar aqui. A você, a última, tenho que
matar nas proximidades do portal.
Boyle cobriu os últimos metros que os separavam com mais força, parecia, desde que o
tinha injetado. O resto da esperança de Isabelle morreu com um gemido doente. O cobre injetado
não tinha funcionado.
— Brigará comigo? — Perguntou.
Ela ficou rígida e apertou os dentes.
— Como poderia? Como posso quando sei que levará a minha mãe ou a alguma outra bruxa
em meu lugar? — Apesar de que cada fibra de seu corpo queria arremeter contra ele, chutar,
golpear, e arranhar... E depois correr por sua vida.
— É por isso que não me dará muito prazer te matar.
Muito.
Boyle a puxou pelos braços como se fosse um amante. Sua boca pressionava o couro liso
negro de sua jaqueta. Ela provou algo quente e salgado e se deu conta que estava chorando. Ele a
embalou em seus braços por um momento, com o comprimento da ponta de sua unha passando
por seu cabelo, acariciando-a.
Depois baixou sua boca a sua garganta e a mordeu.
Os demônios eram como as aranhas, seu veneno jorrava da boca de suas presas, as
paralisando.
Os dentes afiados de Boyle atravessaram sua pele como vinte agulhas. A dor atravessou seu
corpo, por isso se contraiu em algo parecido a uma convulsão.
Quando se sacudiu contra seus dentes, doeu mais ainda e Isabelle ficou imóvel enquanto
suavemente o sangue corria por seu pescoço. O demônio gemeu, como se estivesse em êxtase,
como se gostasse do sabor dela, e apertou seu abraço.
A dose do veneno foi como ácido diretamente em sua corrente sanguínea e Isabelle arqueou
as costas em agonia, sem poder fazer nada mais. Sua visão desapareceu em cor preta e branca. As
imagens se tornaram imprecisas ao redor das bordas.
Foi assim como Ângela havia se sentido?
Não, não queria pensar em Ângela. Tudo exceto em Ângela.

Um casaco roçou sua bochecha pela enésima vez. A escuridão a tinha engolido. Nem sequer
sabia onde estava a porta no meio da noite quando não havia luz filtrando-se debaixo da fresta. A
fome roia em seu estômago. Tinha procurado por todos os bolsos das jaquetas e não encontrou
nada, nem sequer os pacotes de plástico, envolto das bolachas do restaurante. Seu único consolo
era Ângela, afundada no sono além da porta do armário, com sua respiração constante na noite.
O único constante na vida de Isabelle...
Ela baixou caindo no centro do piso, não longe da porta. Mover seus membros era
infrutífero, igual o grito involuntário que arrancou de sua garganta se manteve silencioso, ineficaz.
Silêncio. Silêncio. Imóvel.
Presa
À espera.

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Bruxas Elementares 02

Boyle se deixou cair sobre ela, sua visão continuava sendo em branco e preto. Sua boca se
abriu, mas não ouviu nada. O demônio agarrou seus braços, com os dedos afundando-se frios.
Baixou a boca à sua e começou a chupar a magia do centro dela.
Interiormente, ela gritou. Retorcia-se. Morria.
Aparentemente, não podia fazer nada, a não ser suportá-lo.
O batimento de seu coração era quão único podia escutar. Palpitava muito alto em sua
mente, cada vez mais lento. Sua visão trocou de preto a branco ao preto e mais preto ainda.
Talvez tivesse sorte e ia morrer antes que Boyle começasse a fazer um festim dela.
Ângela teria morrido antes desse ponto?
Então Boyle se foi. A pressão em seu peito se aliviou e sua magia se soltou de onde Boyle a
tinha mordido, enviando um brilho de dor aguda através dela e depois nada.
Não podia mover-se, não podia ver com claridade, Isabelle só podia apanhar pedaços dos
movimentos a seu redor. O cabelo comprido negro. Uma intermitente espada de cobre.
Thomas.
Maldição. Sabia que eventualmente apareceria. O temor por si mesma desapareceu. O
temor por Thomas o substituiu. O movimento se ascendeu em um dos cantos de seus olhos.
Espada. Sangue. Garras. Dente.
Então, outra vez, nada.
Nada mais que uma pulsação, um ronrono que ia junto com os batimentos de coração.
Suave a princípio, fez-se mais e mais forte conforme passava o tempo. A magia picava contra sua
pele, deixando que Isabelle soubesse que o veneno do demônio já estava se dissipando.
Onde estava Thomas? E o que foi essa magia estranha que raspava ao longo de seu corpo?
A textura do poder ondulava e se fazia mais forte. O mesmo aroma de seu mal brincava nas
janelas de seu nariz e depois Isabelle soube o que era. Sentiu um puxão em seu corpo enquanto
umas mãos diminutas se faziam mais forte.
De algum jeito, o portal se abriu.
Thomas apareceu sobre ela, com sangue correndo por sua têmpora e cobria seu negro
cabelo comprido. Agarrou-a em seus braços.
— Temos que sair daqui — Disse, com sua voz soando muito longe — o portal está se
apropriando da magia de Boyle enquanto morre e sua abertura é instável. Nos atraindo... Dentro.
Alarmada, Isabelle tentou mover-se. Era como se seus braços tivessem sido envoltos em
algodão, mas obteve uma certa mobilidade. Agora sua visão se tingiu de cor nas bordas de branco-
preto, também.
Thomas a arrastou a uma grande distância, o suficiente para que o puxão da porta parasse, e
a estendeu no chão. Isabelle se sentou, explorando o armazém procurando o demônio. Boyle
estava a curta distância, sobre seu estômago. Múltiplas punhaladas cobriam suas costas e seu
sangue crepitava e se introduzia no pavimento a seu redor. Ainda vivia. Seus membros tremiam e
um baixo, grosso gemido saía de sua garganta.

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Bruxas Elementares 02

Perto de cinco metros de distância dele o portal brilhava quase graciosamente no ar, com
um esbanjamento de cores brilhantes que pulsava e piscava com magia. Isabelle não era uma
bruxa da terra, mas inclusive ela podia sentir a volatilidade do feitiço.
Ela olhou para Boyle e balançou a cabeça.
— Não, não está morrendo. Ele não morre. É como algo saído de um filme de terror. Só
pensa que ele está morrendo e então…
Thomas a fez calar e a balançou em seus braços.
— Está morrendo, acredite. Estava-o mais da metade no momento em que cheguei.
Terminei o trabalho que começou. Terminou, Isabelle. Acabou-se.
Poderia ser? Parecia uma eternidade desde que isto tinha começado.
— Casa — O gemido veio de Boyle. Sangrando e golpeado, levantou-se para o portal.
Centímetro a centímetro foi pelo chão só com a força de vontade, deixando um rastro de sangue
ziguezagueando atrás dele — Casa — Desta vez soava mais como um soluço.
— Vamos — Disse Thomas, ajudando-a a ficar de pé — Não sei o que esse portal vai fazer.
Ficou em pé e fez um inventário rápido das feridas de Thomas. Sua roupa e, provavelmente,
sua pele estavam chamuscadas pelo sangue de Boyle. Tinha cortes marcados na cabeça, bochecha
e peito. Seu próprio sangue ensopava sua coxa com uma ferida, mas não poderia dizer que tão
profunda era.
— Thomas…
— Vamos. Nós dois necessitamos atenção médica — Ele deslizou seu braço debaixo de sua
cintura e a ajudou a caminhar para a saída.
A porta no outro extremo do armazém estava aberta, revelando Adam e resto dos bruxos do
Aquelarre entrando no edifício.
Adam fixou o olhar em algo atrás dela e Thomas.
— Cuidado! — Gritou e pôs-se a correr para eles.
Isabelle olhou para trás e viu que Boyle tinha chegado ao portal e se arrastava através dele.
O portal se tornou maior e brilhante. A magia ondulava e ondulava para fora do rebelde feitiço
meio a terminar.
A luz brilhou e a atração se intensificou. Isabelle gritou quando a coisa os aspirou como uma
espécie de buraco negro. Infernos, talvez se tratasse de um buraco negro.
Magia, luz e som explodiram.
Thomas caiu de barriga para baixo em um pedaço de grama, com a parte superior de sua
coxa pulsando em agonia. Sua mão ainda estava segurando o punho de sua espada. Teve que
esforçar fisicamente a si mesmo renunciar a ela, um dedo de cada vez.
Isabelle já não estava em seus braços. Sentou-se e gemeu, com súbita dor em seu corpo por
suas feridas. Os golpes em sua cabeça se multiplicaram por dez e as náuseas agora turvavam seu
estômago. Sua mão se dirigiu a sua coxa que estava pegajosa e quente por seu próprio sangue.
Empurrou tudo isso, movendo-o para trás, e quase desmaiou pelo esforço. Nada disso era
importante. Só Isabelle era importante.
— Isabelle? — Grasnou.

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Estava escuro. O vento rangia através de ramos de árvores não muita longe e o ar cheirava
estranho. Nada absolutamente normal. Cheirava um pouco de magia... De demônio.
— Isabelle!
— Estou aqui... — Gemeu ela e algo rangeu — Maldição. Estou aqui.
Thomas, tateando, foi para o som na escuridão e finalmente a encontrou. Abraçou-a contra
seu peito.
— Está bem?
Ela tomou um momento para responder e quando o fez sua voz soou fina.
— Não posso suportar mais desaparecimentos hoje. Põe-me doente.
— Desaparecimentos?
— O transporte através de meios não convencionais — Ela gemeu — Desaparecimentos,
desaparecer. Passamos pelo portal... Acredito.
— Também acredito.
— Onde acha que estamos?
Levantou a vista, estudando o céu noturno. Parecia como qualquer outro céu espaçoso, em
uma noite perfeita, algumas tênues nuvens brancas e um montão de estrelas brilhantes. Exceto...
— Em qualquer lugar que estejamos, não é Chicago — Assinalou para o céu.
— O que? — Pausa — Oh, merda.
Por em cima deles penduravam duas luas. Uma ampla e luminosa, a outra menor e de azul
claro.

Capítulo 25

— Acha que ambos poderíamos estar alucinando o mesmo? — Perguntou Isabelle,


aconchegando-se mais contra seu peito.
— Duvido-o.
— Quanto mal está?
Ele se moveu e a dor aguda na coxa saltou à vida brilhante ao vermelho vivo. Apertou os
dentes.
— Vou estar bem.
— Acha que Boyle estará por aí em alguma parte?
Thomas tomou um momento para responder. Sua mente tinha dado voltas essa mesma
possibilidade desde que tinha visto as duas luas brilhando no céu. A ideia de estarem presos aqui,
e sem ter forma de retornar com Isabelle para casa, enviou gelo por suas veias. O temor que
sentia por ela, provavelmente a enfureceria, mas não podia evitá-lo. Sabia muito bem que podia
cuidar de si mesma, mas isso não o impedia de querer tentá-lo.
Ele negou.
— Não sei. Se o estiver, provavelmente esteja morto.
— Talvez. Os demônios são como as baratas, entretanto. Duros de matar.

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Bruxas Elementares 02

Sentaram-se na escuridão durante vários minutos, absorvendo sua situação e escutando um


estranho pássaro grasnando em algum lugar a sua esquerda. Quando Isabelle começou a tremer,
envolveu seus braços a seu redor apertando-a. Precisavam encontrar um refúgio.
Não tinha maneira de julgar a hora, mas a luz parecia ser cada vez mais brilhante no
horizonte, que, logicamente, significava que era quase pela manhã. É óbvio, neste mundo
estranho, que sabiam com certeza?
Agarrando a espada com uma mão e usando-a como uma espécie de muleta, Thomas ajudou
a Isabelle a ficar de pé e a levou a um grupo pequeno de árvores a sua esquerda. Pelo menos não
estariam tão à intempérie. Esperava que não fosse algo perigoso, mas não tinha maneira de
saberem a ciência certa. Sua intuição dizia que estavam bem neste lugar que tinha escolhido e que
teria que ser suficiente por agora.
Depois que se estabeleceram na base de uma árvore enorme, Isabelle se voltou para ele e
tocou sua face, localizando muito ligeiramente o corte na cabeça e um em sua bochecha.
— Está mentindo sobre estar bem para que não me preocupe. Não faça isso. Recorda que
sou empática e posso sentir que está dolorido. Quanto está ferido?
Vacilou antes de responder.
— Boyle me triturou com suas garras. Não é nada grave à exceção da ferida na coxa. Que é
um pouco mais profunda, mas não acredito que tenha tocado nada vital.
Deslizou uma mão por sua perna esquerda. Tinha sangrado muito, sem dúvida.
— Um pouco mais profunda? — Tentou soar firme, mas podia ouvir o tremor nela.
— Vai estar bem.
— Bem — Ela emitiu um som exasperado e tirou a camiseta pela cabeça.
— O que está fazendo?
— Estou usando minha camiseta, como uma bandagem. Cuida dos todos outros, assim me
deixe cuidar de você o melhor que puder.
Ele agarrou a camiseta antes que pudesse destruí-la.
— Vai congelar!
— Então vai ter que me manter quente — Na penumbra olhou o torso nu e os pés — Tenho
mais que você de todos os modos.
— A roupa não era minha primeira preocupação quando te vi na parte traseira da moto de
Boyle.
— Se o assinalarmos devidamente. As roupas não são minha primeira preocupação nestes
momentos, tampouco. — Puxou da camiseta e a rasgou a algumas polegadas da borda, fazendo
uma peça larga, irregular de material — Agora me deixe dar uma de enfermeira.
Inclinada para ele, envolveu-o ao redor da parte superior de sua coxa. Ele se aproveitou,
afundando seu nariz em seu cabelo e serpenteando suas mãos ao redor de sua cintura.
— Já disse, estarei bem.
Terminou atando-a fortemente. Ele fez uma careta e afogou um grito de dor. Então apertou
a mão na ferida para deter o fluxo de sangue.
— Sim, o que for. Talvez possa te chamar uma ambulância. Estou segura de que o sistema de
emergência médica demoníaca é espetacular.

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Bruxas Elementares 02

Thomas se pôs a rir.


— Maldição, Thomas. Isto não é engraçado.
— Estava pensando em como disse que nunca tinha viajado antes.
Apoiou a cabeça contra seu ombro e deu uma suave risada.
— Se tivesse que ficar presa em um mundo demoníaco com alguém, me alegra de que fosse
com você.
— Sim, mas não nos vamos ficar aqui. Se houver um caminho para chegar, tem que haver
um caminho para retornar. Esse portal tem que estar ainda aberto.
Isabelle recuou sobre seus calcanhares e esteve em silêncio durante muito tempo. Por
último, disse:
— O portal já estava instável. Sentiu-o. De verdade acha que poderia estar aberto?
— Tenho que fazê-lo — Era certo que o portal esteve instável. Não se sabia o que tinha
acontecido com ele. Pode ser que se paralisou por completo uma vez que passaram atravessando-
o.
Pensamentos como esses não eram bem-vindos.
Assim, em vez disso, envolveu Isabelle em seus braços, desfrutando do contato da pele nua
de seu torso, e a segurou perto, desejando que a dor no lado e toda a incerteza se fossem.
— Amo você, Isabelle
Ela suspirou em seu pescoço.
— Também te amo, Thomas.
Em algum lugar no escuro campo em frente deles Boyle se queixou.

Isabelle se estirou de sua sesta involuntária de dois minutos. Seus ouvidos estremeceram
quando escutou um ruído cruzando a clareira. Ramos se quebravam à distância. Vozes.
Muitas delas.
— Isabelle — Disse Thomas em voz baixa.
— Escutei — Ficou rígida contra o peito de Thomas, onde esteve adormecida. A pele onde se
tocaram estava quente, mas suas costas nuas, nua à exceção da alça de seu sutiã fechado na nuca,
as pernas e braços estavam frios.
A luz da manhã tocava as folhas verdes iridescentes e se curvavam, a vegetação alienígena
de tipo vagem afloravam nas árvores onde eles tinham procurado refúgio. Inclusive mais estranho
que a flora era a irregular linha do horizonte urbano à distância.
Uma cidade demônio.
Uma cidade inteira cheia de demônios.
A mente de Isabelle tremia sobressaltada diante a ideia de irregulares e altos arranha-céu
cheios de demônios.
Havia um ponto na mente que não podia suportar tanto. Depois que esse ponto
ultrapassasse, deviam aceitar o que estavam vendo, ou iam ficar loucos. Ela e Thomas já tinham
passados desse ponto antes de ter vislumbrado o horizonte.

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Bruxas Elementares 02

Thomas se levantou um pouco mais e a puxou para ele. O mato os ocultava, mas quem sabia
que espécie de magia flutuava no ar. Nenhum deles podia estar seguro de que seriam capazes de
ocultar-se adequadamente de quem ou o que seja que se aproximava.
Tirando um pequeno fio de poder, Isabelle aproveitou a umidade da manhã na grama. Sua
magia explodiu imediatamente e disparou a três metros mais do que tinha previsto.
— Merda! — Sussurrou — Minha magia é muito mais forte aqui.
O poder queimava como veludo contra sua pele e um sabor suave da terra se deslizava
contra a língua enquanto Thomas provava as correntes mágicas. Ele soltou um grunhido.
— O meu é mais forte, também, e terei que dirigi-lo de maneira diferente. É o equivalente
de ir manualmente à direção hidráulica.
— Diferente terra, diferente magia?
— Talvez não seja que nossa magia funcione de forma diferente aqui. Talvez funcione
diferente em nossa Terra. Talvez nosso poder seja mais forte aqui, porque a parte de nós que é
demônio está em... Casa.
— Não diga isso. Eu rejeito. Agora estou te ignorando.
Com cautela, acrescentou mais magia, ajustando a forma em que a dirigia para não explodir
e alertar os caminhantes de sua presença. Enviou de umas gotas de água, para quem quer que
caminhasse do outro lado da clareira. Provavelmente só encontrariam o que já sabiam, demônios
caminhando até ali.
Depois de dois minutos, encontrou-os e obtendo a informação o mais longe que podia. Ao
redor de quarenta botas individuais caminhavam ruidosamente pelo úmido chão, por isso
significava algo assim como vinte demônios. Todos eles tinham os pés grandes, o que significava
que provável que os demônios fossem masculinos.
Isabelle desenganchou os fios de magia e se retirou. Depois de dizer a Thomas o que tinha
encontrado, acrescentou:
— Estão falando em uma língua estranha, demoníaca, suponho.
Ele assentiu.
— Posso dizer que vão vir direto a nós.
Ela ficou rígida.
— Então fujamos daqui.
Sua mão se fechou sobre o punho da espada a seu lado, o gesto de um homem esperando a
ação, mas sem tomá-la.
— Se nos movermos agora, vão nos seguir com certeza. Sinto os movimentos a nosso redor,
em todas as direções. Isabelle, estamos presos. Em todo caso, movem-se lento, não? Não acredito
que saibam que estamos aqui.
Deusa, eram como coelhos escondendo-se em um matagal, com a esperança que o caçador
passasse pelo lado. Por um momento, em equilíbrio da razão estava à beira do pânico e lutou para
controlá-lo.
Uma vez mais, a magia de Thomas queimava ao longo de sua pele.
— Estão todos alinhados — Acrescentou depois de um momento — Igual em uma formação.
Já sabe, como quando um grupo de busca está procurando um corpo no bosque?

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Bruxas Elementares 02

— Sim — Engoliu seco — Pensa que estão nos buscando?


— Ou a Boyle.
Ela fechou os olhos e respirou.
— Pode recordar a localização do portal?
Deu uma olhada na clareira.
— Estava escuro, mas tomei nota da quantidade de passos que nos levaram a esta árvore e
em que direção — Ele entrecerrou os olhos e escaneou o local imediato.
— Sim, posso.
Assinalou a área onde acreditava que o portal de entrada estava e enviou outro fio de magia
para procurar os restos pegajosos que poderiam ser seu ingresso de volta.
O que encontrou não era alentador.
Tomou um momento formar as palavras e uma vez que obteve, saíram tempestuosamente.
— Não acredito que o portal está aí.
Thomas não disse nada, mas seus braços se apertaram ao redor dela.
— Poderia ser simplesmente que minha magia, como a sua, funcionem de forma diferente
aqui — Respirou irregularmente — Talvez só não o estou detectando — Os dois sabiam a verdade.
Sua magia era muito mais forte aqui e a clareira estava saturada com orvalho da manhã, por isso
era ainda mais eficaz.
Se o portal se manteve, o teria notado.
— Ou talvez não posso recordar o lugar exato — Disse Thomas.
— É possível, mas procurei em uma área bastante grande.
No centro da clareira, os demônios fizeram um ruído. Um grupo começou a gritar em
demoníaco, ou demonícense, ou o que seja como chamavam a essa linguagem gutural e
apontaram a algo na grama. O outro pequeno grupo de busca mudou de direção e se apressaram
a chegar ao grupo que gritava. Todos os demônios se moviam agora... Todos eles aproximando-se.
Thomas e Isabelle contiveram o fôlego. Tinham encontrado Boyle, foi o suficientemente
claro. Esperavam que não procurassem em nenhum outro lugar.
Uma série de fortes gritos e acaloradas conversas chegaram a seus ouvidos. Estavam muito
longe para arriscar-se a ver o que estava acontecendo, por isso Isabelle enviou a sua magia uma
vez mais para tentar obter informação.
OH, sim, que tinham encontrado Boyle bem. Aparentemente, pelas reflexões difusas que
podiam chegar do orvalho da grama, estava quase morto. A gritaria se fez mais forte e um som
denso, úmido vinho da direção dos demônios. Isabelle estremeceu com surpresa e sua magia se
quebrou de novo forte e rápida como uma fita de borracha.
Estava agora morto.
— Acredito que Boyle já não será mais um problema — Sussurrou Thomas.
— A menos que possa funcionar sem sua cabeça — Sua voz chegou quase mais forte que um
sopro.
Os gritos através da clareira arrulhavam para um nada e depois cessaram. Isabelle e Thomas
não necessitaram a magia para entender os ruidosos pés de demônios que agora se moviam

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Bruxas Elementares 02

rapidamente em sua direção. Isabelle sabia por uma sensação doente crescente em suas vísceras
que não sairiam sem ser descobertos.
Thomas a empurrou para baixo à grama com uma forte ordem de permanecer ali, agarrou a
espada, e se preparou para lutar de pé ao que se aproximava. Deusa maldito o homem! Estava
ferido!
Ela tentava encontrar formas de utilizar sua magia como uma arma nesta situação e ficou
com as mãos vazias, já que não poderia usar sua habilidade diretamente nos demônios. Tudo o
que podia fazer era olhar com horror como Thomas balançava e cortava um de seus atacantes.
Mãos ásperas a agarrou e a puxaram para cima. Vislumbrou o demônio que Thomas tinha
ferido, era alto, musculoso e de cabelo escuro. Caiu no chão, segurando o lado ferido e gritando
de dor enquanto sua ferida fumegava e jorrava.
Seu captor deu a volta para fazer frente à horda voraz. Pareciam humanos... Bom, à exceção
de seu grande tamanho. Muitos deles vestiam couro. Botas, calças e jaquetas. Quase como algum
tipo de uniforme. O maior deles, um demônio corpulento com o cabelo comprido de cor vermelha
e olhos marrons disse algo a ela em seu idioma. Só podia piscar em resposta, com suas mãos
apertadas.
Thomas lutava com eles a seu lado. Pela extremidade do olho, viu três demônios por fim
fazer cair Thomas, mas não antes de ferir dois deles. Os demônios o derrotaram, arrancando a
espada, e jogando-a no chão. Então se lançaram em cima dele rápido e forte, o fazendo gemer de
dor, e o obrigaram a ajoelhar-se junto a Isabelle.
Seu cabelo caía sobre seu rosto, ocultando seu rosto, mas a ira saía dele corroendo-o, em
ondas amargas. O sangue ensopava a bandagem improvisada que ela fez com sua camiseta e caía
por sua perna. O terror subiu a sua garganta como uma lamina de barbear. Necessitava atenção
médica, maldição!
Mais gritos contra eles no idioma estranho.
— Não entendo! — Gritou Thomas. Ele sacudiu o cabelo de sua face e Isabelle vislumbrou
seus olhos, chispando negros de ira.
Um demônio com o cabelo curto de cor marrom e um bonito rosto furioso abriu caminho
entre a multidão, empurrou o ruivo, gritando algo. O ruivo gritou de volta. O demônio bonito fez
um gesto para ela e Thomas, cada vez mais forte em seus protestos.
Sobreveio o caos.
Demônio contra demônio, gritos e empurrões. Eles gesticulavam para ela e Thomas
constantemente. Um deles tentou correr, mas foi detido por seus companheiros. Visivelmente,
tratava-se de um profundo desacordo.
Obviamente, era sobre seu destino.
Thomas a agarrou pela mão e a apertou um momento antes que o ruivo levantasse a mão e
enviasse um golpe de magia de demônio para eles.
A essência disso a queimou ao longo do nariz e a garganta, fazendo-a dar arcadas,
triplamente mais forte que na Terra e escuridão a envolveu.

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Isabelle despertou com um sobressalto e fez uma careta. O ruivo tirou uma cápsula de sua
face e viu que ondeava algo que cheirava amargo sob seu nariz. Tentou mover suas mãos, mas
rapidamente as ataram, igual a seus tornozelos, que estavam amarrados.
Pelo menos, tinham-na vestido. Isso era bom porque estar com apenas seu sutiã ao redor de
um montão de demônios masculinos não a fazia sentir muito quente e nada clara. Agora usava
uma camisa azul escura, uma túnica como vestido com uma malha suave do tecido que parecia
um cruzamento entre a seda e o algodão.
O ruivo disse algo ininteligível para ela. Ignorou-o, muito ocupada olhando ao redor da sala
para localizar Thomas. A sala era surpreendentemente luxuosa com suaves sofás de cor verde
escura com travesseiros com borlas, mesas de granito, e tapetes de felpa que cobriam um chão de
pedra polida. Espadas reluzentes decoravam as paredes. A decoração parecia medieval e elegante
ao mesmo tempo.
Era uma sala muito agradável, exceto pelo fato de que Thomas não estava nela.
— Onde está Thomas? Onde está meu amigo? — Perguntou, interrompendo suas tentativas
infrutíferas de comunicar-se com ela. Sabia que não podia entendê-la, mas a pergunta foi
involuntária.
— Pah, aeamon — Saudou o ruivo, agitando uma mão para ela em um gesto que não
necessitava tradução, deu meia volta e saiu da sala.
Isabelle caiu contra as almofadas, derrotada. Maldição, tinha que encontrar Thomas. Se não
tinham visto sua ferida, e que probabilidades tinha quanto a isso? Estaria sangrando.
Ele ia morrer.
Seus pulsos estavam atados diante dela. Levantou as mãos e mordeu sacudindo a corda com
seus dentes tão rápido como podia. Infernos, ia roê-la se tinha que fazê-lo.
Conseguiu que os nós em torno de seus pulsos se largassem e esteve ocupada trabalhando
ao redor de seus tornozelos quando a porta se abriu. Isabelle se apertou de novo nas almofadas,
desejando ter sido capaz de trabalhar um pouco mais rápido, e viu um novo demônio entrar na
sala.
Media perto de dois metros de altura e parecia um viking com esteroides com longos
cabelos loiros, gelados olhos azuis, e um queixo quadrado, cinzelado. A ameaça parecia estar
ligada na curva brutal de sua boca e se assentava comodamente em seus olhos.
O demônio Viking não parecia dar-se conta, ou não importava, que suas mãos estivessem
desatadas. Por que teria que se importar? Não havia maneira de que pudesse vencer a este cara
em uma briga. Estava completamente vulnerável a ele, presa nesta sala com ele a sós. Não
importava se estava atada ou não.
O demônio se deteve no centro da sala e a estudou. Ela se preparou para outra barreira da
língua estrangeira.
— Onde está Thomas? — Repetiu. Perguntaria até que sua garganta ficasse em carne viva ou
ele aprendesse inglês, o que ocorresse primeiro.
— A salvo — Fez uma pausa inquietante — Por agora.
O alívio a alagou, embora não gostava disso de por agora, acrescentado por ele.
Sobressaltou-se enquanto registrava o segundo fato mais importante da informação.

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— Fala Inglês?
Inclinou a cabeça assentindo.
— Falo muitas das línguas de seu povo. É parte de meu trabalho — Seu tom não era
particularmente hostil, era mais de maneira aceite-isso, mas a expressão de seu rosto permanecia
gelada — Meu nome é Rue. Sou um embaixador diante os aeamon.
Ela tomou um momento para responder, sua mente ficou momentaneamente em branco.
— Embaixador dos aeamon?
Seus olhos brilharam de cor vermelha por um momento e Isabelle ficou sem fôlego.
— Por que seguiram Ashe pelo portal?
— Ashe? Quer dizer, o demônio que se fazia chamar Boyle?
O demônio chamado Rue a espreitava, com os ombros encurvados. Isabelle se encolheu no
sofá.
— Sabe a quem me refiro — Bramou — O daaeman Atrika que matamos no campo.
Demônio Atrika?
— Uau! Um momento! — Levantou uma mão, como se com isso pudesse resguardar-se dele
— Nós o conhecemos como Erasmus Boyle, e não o seguimos voluntariamente através do portal.
As enormes mãos do demônio chegaram ao sofá a ambos os lados de sua cabeça,
prendendo-a em seu lugar. O aroma da magia demoníaca saiu dele em enjoativas ondas.
Grunhiu.
Ela se sobressaltou, e sua cabeça bateu na suave almofada. Se pudesse recuar mais atrás,
estaria no interior do sofá.
Seus dentes tinham começado a alargar-se e convertendo-se em pontas.
— Vieram através do portal aliados com o Atrika.
O terror explodiu através de seu corpo à visão de seus olhos, que agora brilhavam fixamente
de cor vermelha. Isabelle sabia com grande quantidade de experiência que os brilhantes olhos
vermelhos em um demônio nunca eram um bom sinal.
Isabelle se inclinou para frente, chegando a estar cara a cara com ele, todos os músculos de
seu corpo vibravam de medo.
— Olha, não sei quem merda é o Atrika, mas se for como Boyle, não quero saber nada deles.
Um Atrika matou a minha irmã. Nós estávamos fazendo nosso melhor esforço para devolver o
favor. Durante a morte de Boyle, o portal que estava tentando abrir com a magia que se
apropriou, tornou-se instável, e nos aspirou nos prendendo — ¬Tomou uma respiração — Não
estamos aqui por escolha! — Cuspiu a última frase e sentiu que seu rosto se esquentava com ira.
Ele a olhou fixamente durante um longo momento, depois se voltou, e se afastou. Cruzou a
sala para uma janela que dava sobre o céu azul claro e ficou parado frente a ela. Aparentemente,
estavam em um andar muito alto. Perguntava-se qual dos arranha-céus cinza que tinham visto
antes era no que agora se encontrava.
— Me diga o que é um Atrika — Ela disse, finalmente. Necessitava algumas respostas.
Qualquer resposta.
Não voltando-se para ela, juntou as mãos na parte baixa das costas e olhou para baixo e
respondeu. O gesto se parecia tanto ao de Thomas que fez um nó na sua garganta.

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— Já sabe.
— Não sei — Sua voz soou baixa, fria e dominante. Era pura raiva que a fez espalhá-la.
Encheu a sala, como a força de um general.
Ele se voltou para ela, com ira em seu rosto.
— Etaryi! — Espetou a palavra como uma maldição — São uma raça de daaeman!
Ela esfregou os pulsos, onde a corda tinha machucado sua pele. Tremiam as mãos.
— Há diferentes raças?
—Há quatro. Cada uma tem características diferentes. Os Atrika são os mais sedentos de
sangue, os mais violentos. São ilegais aqui. Os perseguimos e prendemos ou os matamos.
Ela levantou a vista.
— Os demônios tão maus que tinham que exterminar a uma raça inteira? É por isso que
prenderam Ashe?
Olhou-a zangado e ela pensou que não responderia. Continuando, afastou-se e disse:
— Desde que as guerras terminaram e seus serviços como soldados já não foram
necessários, os Atrika se organizaram em um grupo de mercenários. Ele foi seu líder até que o
apanhamos e o pusemos na prisão por suas atrocidades — Levantou o queixo e zombou — Então,
vocês maiores tolos aeamon o trazem de volta.
— Me ouça, não somos os maiores tolos. As pessoas que puxou Boyle pelo portal são como
os Atrika em nosso mundo.
Os lábios de Rue se comprimiram em uma linha firme. Seus olhos brilhavam de cor
vermelha, dando a Isabelle momentâneas palpitações no coração.
— Se isso for verdade, poderia haver uma explicação. Já sabem que os aeamon nasceram de
nós?
— Sim — Ela engoliu em seco. Por desgraça. Não era uma boa ideia insultar a um demônio
de dois metros na cara.
Ele assentiu.
— É possível que existam aeamon que tenham herdado os traços genéticos dos Atrika.
Podem ser como crianças, sempre agarrando e querendo mais. Não se preocupam com o
sofrimento de outros e são escravos de seus caprichos egoístas.
Herdam os traços genéticos dos Atrika. Sua mente se cambaleou com esse pouco de
informação.
— Que raça de demônios é? — Perguntou.
— Ytrayi. Líder da espécie. Temos uma magia forte para invocar e a agressão super
desenvolvida, como os Atrika. Diferente dos Atrika, temos restrição e controle para dirigi-lo.
Temos… Honra.
Tudo isso era muito interessante, mas Isabelle tinha uma questão muito mais premente em
sua mente.
— Então entende que Thomas e eu não somos essa gente, não é? Que não queremos lutar
com os Atrika de novo. Sentimos ser sugados pelo portal e, realmente, só quero ir para casa.
— Isso não se pode permitir — Voltou-se uma vez mais, placidamente enganchando as mãos
na parte baixa das costas e olhando pela janela.

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Bruxas Elementares 02

Nossa, e ela pensava que estavam ficando amigos.


Enquanto estava de costas, Isabelle desatou o resto dos nós ao redor de seus tornozelos.
Justo quando estava a ponto de se lançar do sofá e pegar um longo pedaço de cristal irregular de
cor escarlate de uma mesa perto, algo artístico supôs, e dar um golpe sobre sua cabeça, voltou-se
para enfrentá-la.
— Deveria te matar agora, mas é possível que a necessitemos.
— Espera um minuto! — Sua boca se secou — Não queremos conspirar em seu contrário ou
prejudicá-los de algum jeito — Como eles podiam— Meu amigo e eu só queremos ir para casa. Por
favor.
Falando de obras de arte, tinha fantasiado golpeando-o na cabeça com algo que tivesse mais
impacto. Caminhou dando passos longos, passando-a e saiu pela porta. O bloqueio do outro lado
pareceu ecoar através da sala.
Isabelle se apoiou no sofá derrotada, lutando contra uma onda de náuseas de estar em uma
sala fechada com chave. Ela respirou fundo e fechou os olhos. Agora não tinha tempo para um
ataque de pânico. Imaginou Thomas aqui na sala com ela e sua ansiedade diminuiu. Isabelle abriu
os olhos, mais estabilizada agora.
Mas onde estava realmente Thomas? Tinham-no deixado sangrar em algum lugar neste
edifício? Tinham-no decapitado, como o fizeram com o Boyle? As náuseas a ameaçavam uma vez
mais.
Respirou lento e profundamente pelo nariz e exalando pela boca. O demônio disse que
poderiam necessitá-la. A lógica dizia que o mesmo poderia dizer-se de Thomas. Como se eles não
o tivessem matado... Ainda.
Com movimentos curtos e trêmulos, tirou o resto da corda ao redor de seus tornozelos
liberando-os e a lançou através da sala com um bramido de pura frustração. Tarefa cumprida,
deslizou-se do sofá e agarrou a escultura de cristal pesada da mesa perto dela. Abraçando-a a seu
peito, rondava pela sala, procurando uma saída.

Capítulo 26

Thomas despertou com o fedor da magia de demônio em suas fossas nasais e sua bochecha
contra algo duro e frio. Impulsionou-se para cima, apoiou-se fortemente sobre sua palmas na
areia, e gemeu diante a dor aguda que atravessou a coxa.
Quando seus olhos piscaram para abrir-se, divisou o interior do que parecia ser uma cela na
penumbra. Uma porta de ferro com barras na parte superior. Chão e paredes de cimento.
Andrajosa até a manta dobrada que servia como uma cama.
Elevou magia, o poder palpitando sobre sua tatuagem e descendo por seus braços, fazendo
cócegas na base de seu crânio. Veio fraca e lenta devido a suas lesões, inclusive neste lugar onde
sua magia era mais poderosa. De todos os modos, o pavimento próximo a sua cabeça vibrava
enquanto ele o manipulava.
Bem. Este lugar não era como Gribben.

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Anya Bast
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Bruxas Elementares 02

Uns passos soaram a sua esquerda. Essa foi toda a advertência que recebeu. Uma bota
golpeou sua lateral machucada e o mundo de Thomas ficou branco de ardente dor. Ele grunhiu, e
se agarrou à consciência com cada fragmento da última força de vontade que possuía. A perda dos
sentidos, nesse momento, poderia facilmente significar sua morte.
— Temos a sua mulher — Disse uma voz com forte sotaque — Se cooperar, não a
machucaremos.
Isabelle. Merda.
Thomas se obrigou a girar sobre seu estômago, a agonia estendendo-se como uma lança por
sua coxa e atravessando pela metade. Ao menos essa dor não foi tanto como quando o que falou
o chutou. Obrigou-se a concentrar-se na parte de cima, vendo um homem loiro olhando para
baixo, com os olhos fixamente nele.
— O que querem de nós?
— Por que veio se aliar com os Atrika?
Ele franziu o cenho.
— Os o que?
— Sua mulher tentou também fingir ignorância, mas sabemos que é por isso pelo que
chegaram. Essa é a única razão pela qual nenhum aeamon vem aqui.
Sua mente se agitou diante o fluxo de informação. Isso significava que as bruxas tinham
vindo aqui antes? Não, bruxos, o mais provável. Não bruxas. Tinham-no conseguido?
A visão de Thomas se nublou. Piscou e o demônio voltou a entrar em seu enfoque.
— Viemos aqui acidentalmente. Quando lutamos com Boyle com cobre, o feitiço que ele
estava preparando abriu um portal que ficou instável. Ficamos presos no torvelinho — Tomou
uma instável respiração, sentindo-se tonto — Não há nenhuma tentativa por nossa parte de nos
aliar a nenhum Atrika — Ou o que seja o inferno que era isso.
O demônio deu três passos ameaçadores para frente, suas botas rangendo na areia do chão.
— Acha que não sabemos seus objetivos? Obrigou o demônio a abrir o portal e depois
tentou matá-lo uma vez que já não o necessitavam.
Se Thomas não estivesse sangrando até a morte e a mercê de um demônio de dois metros
em um mundo estranho, ele teria rido.
— Acha que obrigamos Erasmus Boyle a nos trazer aqui? Realmente acha que somos
capazes disso? Acabamos de passar as últimas três semanas tentando deter Boyle de fazer o que
ele queria.
— Ashe, este demônio que conhece como Boyle, nunca teria retornado voluntariamente.
Sabia que o encontraríamos e mataríamos assim que pusesse um pé novamente em nosso chão.
Thomas tocou a coxa e fez uma careta de dor. Sua mão ficou vermelha, quente e pegajosa
com seu sangue. A ferida havia reaberto.
— Ele estava... Nostálgico — Respondeu Thomas em um suspiro cansado. Falar custava.
Quão único queria fazer era cair na inconsciência.
— Nostálgico?
— Teria arriscado qualquer coisas para voltar aqui, inclusive a morte — Thomas se calou
para fazer chegar um pouco de ar a seus pulmões — Boyle estava matando as bruxas para chegar

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Bruxas Elementares 02

em casa. A única maneira de detê-lo era envenená-lo com cobre, mas isso só fez três quarto das
partes do feitiço para voltar. Empurrou-nos pelo portal e acabamos com ele no campo. Isso foi o
que aconteceu. Por que faríamos nosso melhor esforço por matar o demônio antes de atravessar
o portal?
Silêncio.
O desesperou tomou o corpo de Thomas, mais doloroso que a ferida. Isabelle só em algum
lugar com estas criaturas. O que haveria acontecido com ele?
— Assim pôde enfraquecê-lo — Respondeu o demônio loiro — Enfraquecê-lo o suficiente
para vir através do portal e depois matá-lo. Assim, poderia provar à Atrika que é o suficientemente
poderoso para matar seu antigo líder e ganhar seu respeito. Mas algo deve ter acontecido para
que não pudesse matar Ashe neste lado do portal.
Thomas fechou os olhos. O demônio não acreditava.
— Tiraremos a informação, acredite, aeamon. Obteremos a verdade. De você ou de sua
mulher — Ele cravou a ponta do pé na ferida da coxa de Thomas, o fazendo ofegar e ver estrelas
— Não será agradável... Para você ou a mulher.
— Deixa Isabelle ir. Fica comigo. Ela é inocente em tudo isto — Assim era, mas eles não
queriam acreditá-lo.
— Não tem nenhuma moeda de troca aqui. Temos a ambos. Conservaremos a ambos.
Thomas levantou a cabeça e grunhiu
— Foda-se, demônio. Se tivesse qualquer sentido de honra, deixaria-a livre.
O demônio ficou rígido diante a menção da palavra honra e entrecerrou os olhos.
— Não insulte meu povo. — Grunhiu.
Havia tocado um nervo claramente, por acidente. Sem perder nenhuma oportunidade,
Thomas o usou, tentando apelar o melhor que pôde. Não sabia nada de sua cultura, mas teria que
usar tudo o que estava a sua mão para conseguir seu objetivo de ver Isabelle segura. Levantou um
pouco a cabeça para sustentar o olhar do demônio.
— Em nosso mundo, protegemos às pessoas que nos importam. É um código de honra que
temos... Um código entre guerreiros. Fica comigo e deixa que a mulher inocente se vá. Ela não
sabe nada e não tem necessidade dela.
— Aeamon, conhece o trato que está fazendo? Nunca verá seu mundo outra vez.
Ele fechou os olhos, a ponto de desmaiar. Ele assentiu com a cabeça, tomando seu enfoque
em uma única direção.
— Só assegure-se de que Isabelle o entenda.

A porta se abriu e Isabelle segurou no alto sua arma, só para notar que seu pulso estava
dolorosamente seguro. A escultura foi arrancada de suas mãos, atirada no chão, e se fez
pedacinhos. Rue grunhiu ligeiramente e a puxou para frente, passando-a pela porta e para o
corredor.
— Onde me leva? — Exigiu, lutando contra ele e permitindo que seu olhar se enchesse de
seu entorno, ao mesmo tempo. Chão polido de cor verde escuro e paredes negras lisas. Muitas
portas. Luzes embutidas no teto. Nenhum outro demônio à vista.

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Bruxas Elementares 02

— Para a casa.
Ficou quieta, em estado de choque pela mudança repentina dos acontecimentos.
Anteriormente tinha parecido como se eles pudessem torturá-la para obter a informação que não
possuía. Sem obtê-la, matariam-na.
— O que acontecerá a Thomas?
—Precisamos dele. Ele fica — Arrastou-a para frente, pelo corredor.
Isabelle explodiu em movimento, puxando seu braço para trás, onde ele a agarrava pelo
pulso, golpeando-o com a mão livre, esperneando e gritando. Arremeteu contra ele, lançando
cada palavra conhecida e insulto que ocorreu. Deusa, sentia-se tão pequena e insignificante ante
um rosto de seu tamanho. Um mosquito que vai ao mesmo tempo com um elefante.
O demônio se voltou, seus olhos brilhando de cor vermelha.
— O bruxo líder não voltará. Decidiu ficar voluntariamente se a libertarmos. Se esqueça dele
e se considere afortunada. Retornará com sua gente e saberão que fomos misericordiosos com
você.
Voltou-se e a puxou uma vez mais pelo corredor. Contra sua força superior, não tinha mais
remédio que deixar-se arrastar.
Quão único desejava era Thomas, tocá-lo e saber que estava bem, ajustar sua face na curva
de seu pescoço e aspirar seu aroma.
Isabelle agora entendia o significado da palavra desespero.
A emoção crescia dentro dela, quente e forte. No centro de seu peito, sua magia palpitava
em resposta, mais forte aqui do que o faria na Terra. O impulso fez que ficasse em ação, usando a
única força disponível para ela. Fios de magia saíram dela em todas as direções, procurando a
umidade em sua área imediata.
As tubulações nas paredes, debaixo do chão, em cima de sua cabeça no teto, tudo começava
a explodir. A pequena quantidade de umidade do ar se compactou diante sua ordem, criando uma
neblina ao redor de suas cabeças.
Seu captor diminuiu o passo, olhando a seu redor. A água entrou em erupção, fazendo cair
os artefatos fixos por cima de suas cabeças até que encontrava alguma pequena abertura ou
caminho pelo qual passar e obedecer a sua chamada. A sua esquerda explodiu os tubos, enviando
líquido descendo pela parede.
Em algum lugar do edifício ela encontrou uma grande piscina de água. Suas profundidades
tranquilas ronronaram por um momento antes de jorrar. Sua magia era incrivelmente forte aqui.
Como teria carregado sua energia na Terra se só a fazia sentir energizada em Eudae.
O rugido da água que se aproximava pelo corredor atrás deles causou que o demônio girasse
e franzisse o cenho.
— Dei minha palavra a seu bruxo que a faria retornar — Gritou por cima do rugido do
ataque que se aproximava — Mas ele fica.
A onda de água girou pelo canto no final do corredor e se precipitou para eles. Isabelle
concentrou toda sua vontade em dirigi-la além dela, diretamente ao demônio. Escaparia e
encontraria Thomas.
— Se ele ficar, eu fico!

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Bruxas Elementares 02

O demônio ficou olhando sombriamente, seu olhar sustentando o seu. Então, justo antes
que a onda impactasse, ele levantou a mão e separou o mar. A água correu por diante deles dois,
sem sequer molhá-los.
Isabelle fechou os olhos contra a onda crescente de decepção e dor crescente em seu
centro. Seus joelhos se debilitaram e teve que segurar-se antes que caísse.
Rue estendeu a mão, apanhou seu pulso e a arrastou para frente.
Seus pés se deslizavam pelo chão molhado enquanto resistia, mas nada poderia deter seu
progresso incessante até que o demônio se deteve diante uma grande porta de madeira esculpida.
Um monstro com chifres volteava ali, cinzelado pela mão do demônio. Parecia um cruzamento
entre um carneiro e um homem enorme. Rue agitou a mão e abriu a porta. Ele a empurrou
dentro.
A sala circular não tinha nenhuma decoração que a definisse e parecia totalmente utilitária.
As paredes eram de pedra negra polida e o chão era também de pedra, mas verde escuro, e com
símbolos estranhos, de mármore negro, marcados em um padrão circular. Havia armários de pé ao
longo das bordas da sala e se perguntou o que continham, qual era seu propósito.
A câmara fedia magia demoníaca.
Não só podia cheirar a magia do demônio, sentia-a ao longo de sua pele. Pulsava com uma
luz sutil ao longo de seu corpo. Como caminhar no sol sem resplendor.
Sob o fedor da magia demoníaca persistia o aroma mais leves das ervas. Imediatamente isso
a fez pensar em terra mágica. Deu uma olhada mais de perto à sala e vislumbrou terrinas
colocadas no que pareciam ser lugares estratégicos. É muito possível que o aroma emanasse deles
em uma espécie de composição mágica de plantas seca.
Símbolos marcados em lugares estratégicos no chão a seus pés. O frio subiu por sua coluna
vertebral diante a proximidade do que parecia um círculo demoníaco de um bruxo. No centro,
Isabelle podia sentir o pulso sutil e o impulso de uma comporta.
— Aptry domini — Pronunciou ele.
A luz que brilhava na porta de entrada, cada vez mais brilhante.
Thomas. Oh, Deusa, não podia deixá-lo aqui.
O demônio pôs uma mão sobre seu ombro, como guiando-a para ali.
— Não irei sem ele! — Isabelle se sacudiu de seu agarre, voltou-se e usou cada gota de força
física que possuía, ficou completamente louca. Ainda assim, ele aguentou seus chutes, seus gritos,
e sua dentada, como se ela fosse um mosquito, introduziu-a dentro do círculo, e a empurrou pela
porta sem nem sequer um: boa viagem.
Isabelle caiu.

— Thomas! — Isabelle se sentou de repente e imediatamente se dobrou em duas e se sentiu


a ponto de vomitar.
—Ei! Ei! Acalme-se, Isabelle.
A voz de Adam. Isso tinha que ser a ampla e quente mão de Adam, também.

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Bruxas Elementares 02

Abriu os olhos e viu sapatos a seu redor, as pontas apontando em sua direção. Isabelle
levantou a cabeça, suas palmas e joelhos cravando-se no chão de cimento, e olhou às bruxas que
aparentemente tinham estado no armazém quando ela voltou a entrar.
Ela não recordava nada do momento em que o demônio a tinha empurrado através do
portal até que sentiu as arcadas. Entretanto, seu corpo parecia recordar. Estremeceu e a amargura
se deslizou até o fundo de sua garganta, como se tivesse gripe.
— Maldição, Isabelle, está me assustando — Sem preâmbulo, Adam a agarrou em seus
braços e a levantou como uma boneca. Isabelle estava muito fora si para protestar.
A face preocupada de Micah entrou em sua visão, mas não podia concentrar-se nela.
Tampouco podia deixar de tremer. Ele pôs sua mão na bochecha e grunhiu.
— Temos que dar calor e hidratá-la. Acredito que está entrando em choque.
— Meu SUV está fora. A levaremos de volta ao Aquelarre. Jack e outros podem esperar aqui
em caso de que saia Thomas. — Adam caminhou para a porta.
Thomas. Ainda tinham Thomas!
Isabelle se moveu, lutando contra ele.
— Espera! Não posso ir. Desça-me…
— Está bem, está bem! Acalme-se já — Deixou-a sobre seus pés.
Estava perto de cair e ofereceu um braço para sustentar-se, ao qual ela se agarrou com
ambas as mãos. Seus dentes batiam enquanto falava.
— Eles o têm. Têm a Thomas.
Micah a tomou pelos ombros e a obrigou a encontrar-se com seu olhar. Ela se estremeceu e
tentou de conseguir que seus olhos se enfocassem. Depois de um momento viu seu rosto
claramente.
— Quem são eles, Isabelle? O que quer dizer?
Ela suspirou e fechou os olhos, organizando seus pensamentos confusos e assustados.
— Fomos empurrados pelo portal, acabamos no mundo de Boyle, em Eudae. Pela manhã, os
demônios encontraram Boyle e o mataram, e depois nos encontraram de algum jeito apesar de
que estávamos ocultos — Ela sacudiu a cabeça — Talvez Boyle disse onde estávamos como uma
forma final de foder-nos. Não sei.
Micah esticou seu agarre e a sacudiu um pouco.
— Se concentre. Os demônios os encontraram?
Ela assentiu.
— Um demônio Ytrayi me enviou para casa, mas disse que tinham a intenção de manter
Thomas ali.
— Demônio Ytrayi?
Ignorando Micah, ela se voltou, e esteve a ponto de cair no chão, para o lugar onde esteve o
portal.
— Fora de meu caminho — Disse enquanto empurrava um par de pessoas para um lado.
— Isabelle? — Perguntou Adam, justo atrás de seus calcanhares.
Ela caminhou pelo local, inclinou-se sobre suas mãos e joelhos e sentiu o chão. Não ficava
nenhum rastro do portal. Thomas não ia atravessá-lo.

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Bruxas Elementares 02

Talvez nunca fosse atravessá-lo.


Adam tocou seu ombro.
— Ele pode cuidar de si mesmo — Sua voz era mais suave do que nunca antes tinha ouvido
nele.
Ela ficou de pé, voltou-se para ele, e deixou que a envolvesse em seus braços.
— Maldição, Adam. Não quero perdê-lo.
— Nenhum de nós quer perder a esse filho da puta.
— Temos que abrir outro portal. Temos que atravessá-lo e ir atrás dele.
Separou-a um pouco, mas mantendo-a segura.
— Não podemos fazer isso, Isabelle, e você sabe.
Um pequeno soluço escapou de sua garganta. Ela sabia. Só um demônio Atrika poderia abrir
um portal, isso ou uma bruxa poderosa, com uns altos conhecimentos e com a alma de um
assassino em série. Ou talvez Os Duskoff podiam fazê-lo. Eles estariam dispostos a matar para
voltar a abrir o portal.
Ela negou com a cabeça. Não, não podia fazer nada para fazer que Thomas retornasse.
A prima de Thomas, Mira, apareceu a sua direita com lágrimas enchendo seus olhos. Mira
pôs a mão sobre o ombro de Isabelle e Isabelle finalmente se rompeu. Voltou-se para os braços de
Mira e permitiu que a outra mulher a consolasse.
Durante o transcurso das próximas duas horas, muitas das bruxas começaram a ir, dirigindo-
se para casa ou de volta ao Aquelarre. Ao final, só os mais próximos ficaram, Adam, Jack, Micah,
Mira, e Theo.
— Tem que voltar para o Aquelarre, Isabelle. Dormir um pouco e comer — Disse Micah.
Estava sentado a pouca distância dela no chão frio de cimento.
Ela negou com a cabeça e se estirou na manta que tinham posto sobre os ombros,
prendendo-a um pouco mais.
Micah suspirou.
— Não pode ficar aqui toda noite.
— Por que não? — Ela continuou contemplando o espaço vazio onde esteve o portal como
se só sua vontade pudesse trazê-lo de volta.
— Porque precisa descansar e comer — Interveio Mira — Sem essas coisas, ficará doente.
Isabelle olhou a grávida bruxa do ar. Estava começando a ter um adorável ventre de bebê.
— Tem que voltar, Mira. Eu não. Estarei bem — Voltou a cabeça e dirigiu a Jack um olhar
duro — Tire-a daqui. Leve-a para casa e alimenta-a. Este edifício úmido é o último lugar no que
precisa estar. Enquanto está nisso, leve a resto das bruxas com você.
— Não queremos te deixar sozinha — Respondeu Jack.
— Faça-o de todos os modos. Por favor.
Silêncio.
Isabelle continuou desejando de novo que Thomas voltasse para esta dimensão com apenas
o poder de sua mente.
Micah falou finalmente.

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Bruxas Elementares 02

— Me fale dessa camisa que usa — Seu tom era francamente ambicioso e tinha visto a
forma em que a esteve olhando durante toda a noite.
— No outro lado usei minha camisa para envolver a ferida de Thomas. Desde que me
encontraram sem nada posto, um dos demônios Ytrayi me vestiu com isto. É sua na primeira
oportunidade, Micah. Juro a você que nunca quero voltar a vê-la — A dor atravessou seu
estômago como um bisturi.
Micah abriu a boca, mas Mira lançou um olhar arrepiante do outro lado da sala, e a fechou
novamente. Isabelle apostaria até o último centavo que possuía que esteve a ponto de perguntar
mais sobre os demônios Ytrayi. Contaria tudo o que pudesse... Mais tarde.
Mais silêncio. Mais olhadas.
Adam clareou a garganta.
— Escutem. Ficarei com ela. O resto pode retornar.
— Não necessito que ninguém fique comigo — Respondeu ela inexpressivamente.
— Por favor, cale-se. Não é tão forte como pretende ser — Respondeu Adam — Agora
andem. Faremos saber se houver alguma mudança.
Isabelle mal se deu conta de quando os outros partiram. Ouviu a sussurrada conversa, mas
não entendeu nada disso. Recordava à época em que ela e Ângela viveram com Martha Newcomb,
uma das amigas ricas de sua mãe, durante o verão. A Tia Martha tinha morrido nessa temporada e
seu funeral foi justo assim, vozes baixas e em murmúrios, as pessoas movendo-se lentamente,
com rostos sérios.
Adam se sentou junto a ela com um profundo suspiro. Riscou uma linha ao azar com seu
dedo sobre o chão de cimento.
— Todos nós o amamos.
Ela se voltou para olhá-lo.
— Eu mal o encontrei, sabe? O horrível é que pensei que ia ter que deixá-lo ir de todos os
modos, mas pensei que eu era a única que ia morrer.
— Não está morto, Isabelle.
Ela mordeu o lábio inferior.
— Não. Tem razão. Ele não está morto — Isabelle ficou olhando fixamente o vazio diante
dela — E vai retornar logo. Se não retornar por sua conta, encontrarei a maneira de fazê-lo.
— Realmente o ama, não?
— Sim — Engoliu o nó da garganta — Ele disse que ficaria voluntariamente se me permitiam
voltar para casa.
Adam suspirou.
— Fez isso por você.
Pela manhã, Isabelle despertou envolta na manta sobre o chão frio do armazém, com uma
cãibra no pescoço. Adam estava deitado perto.
Thomas não tinha retornado.

Capítulo 27

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Bruxas Elementares 02

No fogão, o bule assobiava. Isabelle o retirou e verteu a água fervendo em uma xícara,
depois se voltou e se apoiou no balcão da cozinha para beber, deixando que o suave sabor do chá
de bálsamo de limão enchesse seus sentidos. Olhou a seu redor, à ruína que era sua cozinha.
Nestes dias não estava muito em casa. Cada momento de vigília o passava no Aquelarre,
com Micah, tentando retornar ao inferno. Juntos tinham lido cada palavra dos textos de frente
para trás, procurando e cruzando referências com a informação que encontrava com qualquer
outra coisa que pudessem encontrar a respeito do Eudae e a magia demoníaca.
Desesperadamente, procuraram alguma forma de abrir um portal que não implicasse o
assassinato a sangue frio de uma série de bruxas.
Indagando ao longo e largo dos textos antigos não mágicos, tinham descoberto uma grande
quantidade de informação que nunca souberam que existia. Mas levava muito tempo separar o
trigo do joio. Começou sua busca um dia depois de seu retorno e tinha trabalhado cada dia e cada
noite, com uma média de quatro horas de sono por noite.
Isabel olhou a seu redor, à cozinha outra vez, franzindo seu lábio diante a visão da pia cheia
de pratos, a toalha de mão desprezada no balcão, e o lixeiro que definitivamente precisava ser
esvaziado. Nada importava, exceto sua investigação. Chegava tarde em casa cada noite, fazia o
jantar, talvez um pouco de chá, e depois obtinha uma quantidade escassa de descanso.
Sua mãe havia retornado da Califórnia quando descobriu de Thomas. Estava realmente
sendo um apoio e desinteressada, o que era... Estranho, mas também agradável. Sua mãe tinha
contratado um serviço de limpeza para que viesse a partir de amanhã e Isabelle não o tinha
rejeitado. Era uma boa ideia, dadas as circunstâncias, e Isabelle agradeceu que sua mãe estivesse
fazendo um esforço por ela.
Isabelle despertaria em algumas horas e voltaria para o Aquelarre para trabalhar com o
primeiro raio da alvorada no horizonte. Jack e Ingrid seguiam insistindo em que dormisse no
Aquelarre, mas não podia fazer isso... Ainda não.
Havia algumas pistas, alguns caminhos pelos quais poderia ser capaz de voltar para o Eudae
sem usar magia de sangue. O problema era que só era uma forma viável para aqueles não
afetados pela persuasão de demônio, e isso era tremendamente complicado. Ainda estavam
investigando alguns dos passados do feitiço. Uma vez que determinassem que podiam fazê-lo por
completo, em seguida, viria a terrível experiência complexa de recopilação do que precisavam
usar. Inclusive se funcionasse, tomaria muito tempo em completar-se.
Apoiou-se no balcão quando uma onda de dor a alagou. O peso que sempre se assentava em
seu peito. Jogar-se em seu trabalho não servia de nada. Não ajudava em nada. A única coisa que
afastaria o peso constante em seu coração e erradicar o vulto de sua garganta era a volta de
Thomas.
E ela ia trabalhar por volta dessa coisa até o dia de sua morte.
O telefone soou. Isabelle pôs sua xícara sobre a mesa e se estirou para levantar o telefone
sem fio do balcão de café da manhã.
— Alô?
Silêncio.

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Bruxas Elementares 02

— Alô?
Nada.
Apertou o botão de desligar e o olhou pensativamente. Tinha que instalar um identificador
de chamadas para poder pegar o brincalhão que continuava tentando conseguir fazê-la se irritar.
Tinha recebido chamadas como essa uma vez todas as noites a esta hora durante a última semana
e estava cansada delas.
Em seus momentos mais sombrios, imaginava que era Thomas tentando comunicar-se com
ela. Depois afastava esse borda frágil de loucura induzida pela dor, e recordava a si mesma que a
comunicação interdimensional não era possível.
O telefone soou de novo, justo em sua mão, sobressaltando-a. Apertou o botão de ligar.
— Escuta, fodido…
— Isabelle.
Ela conhecia essa voz, esse sotaque. O choque a destroçou como uma carga elétrica.
— Pensei que tinha morrido.
Pausa longa.
— Não. De todos os modos, olhei nos olhos da morte — A voz baixa e entrecortada — Da
mesma maneira que fiz nessa limusine com você.
— Só pode dizer que olhou nos olhos de Boyle. Ele te tirou de Gribben, não?
— Oui e tinha a intenção de me matar. Acredito que estava um pouco obcecado com você.
Tentou me matar em seu nome, Isabelle.
— Por que diabos não o fez? — Grunhiu ela no telefone. Esse Stefan que não deveria estar
ligando enquanto Thomas adoecia na dimensão demoníaca, assassinava uma parte dela.
Outra longa pausa que Isabelle não gostou nem um pouco.
— Os planos pareciam alternativos.
Momentaneamente, todo pensamento fugiu de sua mente. Isso soava detestável. Engoliu
em seco, um pouco de sua valentia a abandonou.
— Bom, então é uma maldita coisa boa que Boyle tenha morrido.
— Sim, uma pena — Disse ele arrastando as palavras.
Ela encontrou uma mecha comprida e perdida de cabelo solto de sua nuca e a puxou
enquanto passeava pela cozinha.
— Além de compartilhar comigo a gloriosa notícia de sua existência neste mundo, teve outro
motivo para me ligar esta noite?
— Eu queria te dizer que a perdoo.
Ela se deteve em seco e, balbuciou durante três segundos.
— M...me perdoar? Você me perdoa ? Você…
— No ano passado perdi o único pai que tive. Entendo que perdeu a sua irmã e por isso
absolvo-a de seu pecado. Não procurarei vingança.
—Bom — Que demônios? — Uh. Isso é incrivelmente amável de sua parte, Stefan — Sua voz
destilava sarcasmo.
— Este é o primeiro e único salvo-conduto que terá de mim.

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Bruxas Elementares 02

— Uau. Mal posso conter minha gratidão — Ela soprou, dominando sua ira — Sabe que
continuaremos te caçando.
Pôde ouvir a risada em sua voz quando respondeu.
— Podem tentá-lo, mas cheguei a ser desconfiado das pálidas e lindas ruivas. Não será fácil.
— Nada vale a pena se o for.
Click
Isabelle segurou o telefone sem fio em sua mão e o olhou, o temor frio foi avançando pouco
a pouco até sua coluna vertebral. Stefan permanecia neste mundo, enquanto que Thomas foi
expulso dele. Não havia justiça?
Depois de um momento no que colocou em seu lugar o telefone se voltou para o balcão.
Maldição. O chá estava frio. Pegou a xícara e a pôs perto da pia, e depois se apoiou no balcão e
fechou os olhos. Deusa, queria que Thomas retornasse. Com cada fibra de seu corpo, com cada
respiração que expulsava.
Impulsivamente, pegou as chaves e saiu de seu apartamento, deixando que a porta se
fechasse de repente atrás dela.
De maneira nenhuma ia conseguir dormir esta noite, e havia um montão de textos
traduzidos pela metade no Aquelarre esperando-a.

Claire entrou na cela, deixando a porta da estadia aberta todo o tempo que pôde sem
chamar a atenção, porque sabia que a luz deixava Thomas, o bruxo da terra, contente. Nos dias
maus, nos dias em que seu corpo estava agitado pela febre, dizia que o fazia pensar em uma
mulher chamada Isabelle. Falava dela constantemente quando estava delirando.
Agora, o delírio tinha passado. Não houve mais dias maus, tampouco. Não uns reais, de
todos os modos.
A porta se fechou com um ruído metálico e a escuridão se abateu sobre ela como um punho
apertado. A água corria no canto da pequena e úmida cela. Os pingos, pingos, pingos devia deixar
loucos os prisioneiros.
O homem, o primeiro aeamon que Claire tinha visto desde a morte de sua mãe, estava
ajoelhado no chão, com os braços pendurados a ambos os lados por pesadas correntes, correntes
que eram resistentes à magia deste. Seu poderoso corpo foi levado até o limite tanto como o
Ytrayi poderia levar a uma bruxa até o limite.
Tinham cortado seu cabelo já que os Ytrayi sabiam que continha seu poder. Seu uma vez
longo e formoso cabelo, agora estava pego em mechas desiguais. Mas tinham deixado a solitária
tatuagem. Ela tinha pensado que o eliminariam de suas costas, mas não se incomodaram. A única
razão era que o subestimavam e a sua magia.
Do mesmo modo que sempre tinham subestimado a ela.
Foi pelo ego. Os daaemon se acreditavam superiores em todos os sentidos aos aeamon. O
que o daaemon não entendia o porquê de ter sido criado o feitiço que permitiu o nascimento de
bruxas faz muito tempo, tivesse nascido em Eudae e vinculado aos aeamon eternamente a esta
terra. As bruxas eram mais de acordo com o próprio planeta daaemon mais que eles.

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Bruxas Elementares 02

Thomas olhou para cima e moveu seus braços, flexionando seus músculos. Uma barba
sombreava seu rosto, mas Claire sabia que era atraente debaixo desse aspecto. Queixo forte,
olhos negros que mostravam calor e ira mal escondida, lábios grossos, que pareciam feitos para
viajar sobre a pele de uma mulher. Respondeu a ele como uma mulher fazia com um homem. Não
pôde evitá-lo. Ele era o primeiro homem elegível com o que se tropeçou. Elegível, mas prisioneiro.
Egoistamente, queria retê-lo, para seduzi-lo. Queria alguém aqui, alguém que fosse
totalmente dela. Mas este homem não a olhava, não da forma em que ela o olhava. Todo seu
coração e sua mente estavam centrados em Isabelle.
E Claire ia fazer todo o possível para que voltasse para ela.
Foi enviada para atender Thomas e agir como tradutora porque era a única pessoa, além de
Rue, que falava seu idioma. Logo o daaemon se daria conta do engano que tinha cometido.
— Claire — Saudou-a com voz forte e segura. Bem. Quando foi enviada pela primeira vez, ele
esteve doente e destroçado.
Ela assentiu, aproximando-se dele e colocou seu carregamento no chão, um balde de água
quente e sabão e um trapo. Oculto em sua pessoa, também tinha uma navalha de barbear, um
pacote de comida e remédios, envoltos em um pedaço de tecido, inclusive antisséptico de lavar
para sua boca.
Claire foi instruída para atender Thomas, para mantê-lo com vida, apenas com vida, devido
ao interrogatório e as surras que recebeu com o passar dos dias e que não o mataram. Ela esteve
fazendo seu trabalho.
Bem.
Muito melhor do que os Ytrayi tinham tentado.
Sua magia era poderosa e forte, mais poderosa e mais forte aqui em Eudae que na Terra,
porque sua terra natal a alimentava. O daaemon queria Thomas o suficientemente fraco para que
não pudesse usar seu poder. Ela o queria o suficientemente forte para sair dali. E esta noite teria
tudo preparado.
Os Ytrayi pensavam que a tinham sob seu comando. Já era hora que lhes mostrasse o quanto
equivocados estavam.
Sorrindo para si, colocou o trapo na água e o passou por sua pele. Com cuidado, limpou a
sujeira e tirou o sangue de seu corpo. Todas as noites o fazia, limpava a evidência dos golpes que
recebia e atendia suas feridas. Tomava seu tempo, desfrutando do forte cetim de seu corpo e a
forma em que sua pele se estremecia sob seu tato. Sem dúvida, ele fantasiava que era sua amante
quem o atendia. A Claire não importava, sempre e quando fosse ela que trabalhasse com suas
mãos sobre ele.
Isabelle poderia tê-lo amanhã. Até então, ele era dela.
Esta noite, não falou. Normalmente, com suaves e baixos murmúrios, ensinava a maneira de
usar sua magia contra seus captores. Claire tinha aprendido muito nos vinte e cinco anos que tinha
ficado nesta rocha. Aprendeu muito mais do que Rue se deu conta.
Quando pegou a navalha e a pôs em sua face, ele se separou dela.
— Nunca me barbearam antes — Disse com voz áspera.

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Bruxas Elementares 02

Ela sorriu e seu rosto doeu por isso. Claire não podia recordar a última vez que sua boca se
moveu dessa maneira.
— Para Isabelle — Admoestou — Não quererá ir a seu encontro desta maneira como... Qual
é essa criatura? Quase não posso recordar... Um yeti?
Ele engoliu seco.
— Chegou o momento? — Soou como um homem faminto ao que oferece uma refeição de
três pratos.
Seu sorriso se ligou em resposta a crescente ansiedade que marcava sua voz. Ela deslizou a
navalha pela face, liberando-o da barba de três semanas.
— Sua magia está profundamente enraizada em você agora, tratada por mim e preparada
para atacar. Acredito que já está preparado. Esteve agindo como fraco e forçado frente a Rue e os
outros?
Ele assentiu.
— Esteve lançando miragens que estive te ensinando para que pareça sujo e ferido?
— Sim.
Ela sorriu. Sorrir parecia agradável uma vez que seus músculos se acostumavam a isso.
— Bom.
Depois que o alimentasse com pão e carne que tinha escondido em seus bolsos, e deixasse
que lavasse a boca, e administrasse a última dose do remédio de alta potência que teve que
roubar todos os dias dos médicos, Claire se levantou e se afastou dele.
— Demonstra — Ordenou.
A magia arrepiou o pelo de seu pescoço. Sua própria magia da terra respondeu a seu toque
com um leve ronrono no centro de seu peito. Fechou os olhos e suspirou em voz baixa. A seu
redor toda a cela palpitou, respirando como um ser vivo durante um momento. As paredes se
expandiram para o interior e depois para o exterior. O teto se rachou. O pó e as rochas caíram e o
chão retumbou sob seus pés.
Claire abriu os olhos, tremendo um pouco diante a demonstração do poder.
— Sim, já está preparado para esmagar os daaemon.
Apesar da penumbra da cela, sua expressão se esticou e seus olhos brilharam com a ansiosa
ameaça. Alimentou-o com encantamentos durante as últimas três semanas, devido a isso ele
deveria ter suficientes truques sob a manga para demonstrá-los na porta de sua cela. Tudo estava
preparado.
Quando Rue a tinha posto a cargo de manter Thomas vivo, tinha respondido
adequadamente com os olhos baixos... Mas em sua mente, tinha começado a planejar isto.
Eles nunca conseguiram quebrá-la, os filhos da puta.
Utilizou sua magia, dirigindo-a diretamente para o Eudae ela mesma, e as correntes que o
seguravam explodiram. Thomas não podia tocar essas correntes... Mas ela podia.
Thomas endireitou seu comprido e amplo corpo justo quando os guardas atiraram a porta
abaixo. Sua amostra de magia não tinha passado despercebida. Os dois corpulentos daaemon se
detiveram justo na porta e Thomas os atacou como um raio, elevou o poder e o dirigiu para eles.
Impulsionando-a ao longo de sua pele, desejando um lugar que ela não podia recordar, mas sentia

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falta de todo seu coração. Tinha sabor de casa, e logo os guardas caíram. Mortos, Claire não tinha
nenhuma dúvida.
Sem perder tempo, passaram por cima de seus corpos e correram pelo corredor da prisão
antes que chegassem mais guardas.
No final, giraram pela esquina e correram diretamente para todo um grupo de daaemon.

Capítulo 28

Isabelle se inclinou sobre um maço de papéis na biblioteca, entrecerrando os olhos contra o


esgotamento que a tinha superado. A sala estava escura, exceto pela luz que iluminava sua área
imediata. Micah e os outros que os ajudavam neste projeto que faz tempo que o tinham dado por
perdido.
Não era nenhuma erudita, nem sequer tinha educação universitária, mas desde o
desaparecimento de Thomas teve um curso intensivo de grande quantidade de temas esotéricos
dos que nunca antes teve motivos para estar interessada, como as matizes do aramaico e as
delicadas complexidades da magia da terra.
Até agora, o Aquelarre não teve nenhum motivo para se aprofundar nos documentos
históricos conservados pelos não mágicos, mas desde que foram revelados suas origens como
bruxos, Micah tinha recuperado e revisado qualquer informação que pudesse encaixar com o que
receberam dos Duskoff. No processo, o conhecimento que precisavam foi estritamente vigiado
pelos bruxos que o tinham descoberto. Se Thomas não estivesse preso lá, os teriam deixado
enterrados para sempre. Eram muito práticos e alguns deles muito perigosos.
Murmurando para si, leu a linha que tinha dado problemas pela quinquagésima vez e depois
duplamente comprovou as três traduções que tinha, tentando descobrir qual encaixava com o
resto do texto.
Recostou-se para trás, esfregando a ponte do nariz e fechando os olhos injetados em
sangue.
— Realmente necessito que Micah resolva isto — Murmurou para si mesma.
Estavam cada vez mais perto de um grande avanço para voltar para a Eudae cada dia, dando
suficiente esperança para seguir em frente. Tentou não pensar em quanto tempo Thomas esteve
ali ou que cada dia as probabilidades que estivesse com vida diminuíam. Essas não eram coisas nas
quais podia pensar.
Isabelle se inclinou para frente e apoiou a cabeça nos documentos frente a ela. O sono a
consumia, mas resistia. Só precisava descansar os olhos um pouco...
Uma quente mão se fechou ao redor de seu ombro. Ficou sem fôlego na garganta, detida
pela familiaridade do toque. Conheceria o calor dessa mão em qualquer lugar, o peso da mesma.
Seus olhos se abriram lentamente.
— Isabelle?
Sua voz. Seu nome em seus lábios.
Tinha que estar sonhando.

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Isabelle levantou a cabeça, as lágrimas picavam nos olhos. Isto não podia ser real. Empurrou
a cadeira para trás, levantou-se e deu a volta.
Thomas se apresentou diante dela ainda vestido com a calça do mesmo laço que esteve
usando por volta de três semanas. Seu cabelo, enredado e emaranhado, colado em mechas ao
redor de sua cabeça. Alguém o tinha cortado... Muito mal. Seu agora curto cabelo dava a seu rosto
brutalmente bonito um relevo angular. Tinha perdido pelo menos vinte quilos. Alguém tinha
tentado limpá-lo, mas a sujeira e a imundície seguiam marcados em sua pele, assim como
pronunciados cortes e contusões. Cheirava forte a sangue e a magia demoníaca.
A Isabelle não importava.
Deu um passo para ele, com a mão estendida, tentando fazer entender. Piscando, disse:
— Fiquei adormecida. Estou sonhando.
Thomas deu um passo para ela e a puxou a seus braços.
— Não está sonhando, Isabelle. Acha que há algo neste universo que podia me impedir de
voltar para você?
Depois baixou sua boca à sua e demonstrou que era ele, de fato, de carne e osso. Seus lábios
quentes se deslizaram sobre os dela suavemente, depois pressionaram possessivamente. Sua
língua se cravou entre seus lábios e se esfregou contra ela com uma ferocidade que deteve seu
fôlego em sua garganta. Seus dedos se fecharam em seu cabelo, seus fortes braços ao redor de
seu corpo.
Abraçava-a como se nunca a deixasse ir.
Isabelle soluçou contra seus lábios, saboreando suas lágrimas que corriam em sua boca.
— Como? — Murmurou. Seus dedos se agarraram a seus sólidos ombros — O que lhe
fizeram?
— Estou bem — Sua voz estava áspera, mas forte e estável — Só me maltrataram um pouco
e me mostraram algumas hospitalidades de demônio quando me neguei a compartilhar
informação com eles.
Falseava a verdade para ela. Podia senti-lo. Como de costume, inclusive agora, tentava
protegê-la.
— Não acredito em você.
Ele tomou um momento para responder.
— Não gostaram quando me neguei a compartilhar todos os assuntos ligados ao Aquelarre e
nossas relações com os Duskoff.
— Eles o torturaram — Sua voz soava zangada e calma a seus próprios ouvidos, acusatória.
— Disse que me deixaria ir se ficasse.
Ele assentiu.
— Fiz. Amo você, Isabelle.
Ela engoliu em seco.
— Por que o enviaram de volta?
— Eles não o fizeram. Escapei. Tive ajuda no interior, uma mulher chamada Claire. Deu-me
comida extra, tratou minhas feridas, deu-me feitiços para parecer mais ferido e doente do que
estava, ensinou-me…

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— Ensinou a você?
— Tinha magia da terra como nunca senti antes. Estranha e poderosa. Ensinou-me a usar
minha magia contra os demônios. Com sua ajuda, adquiri a força suficiente para escapar. Era
arriscado ir da cela ao portal, mas demos um jeito para passar todos os obstáculos em nosso
caminho.
— Quem era ela?
— Realmente não sei. Nunca obtive que me dissesse muito. Não sei por que estava ali ou
como tinha chegado ali em primeiro lugar. Ao final, tentei fazer que viesse comigo, mas recusou.
— Queria ficar?
— Não acredito, Isabelle. Não acredito que sentiu que tinha outra opção por alguma razão.
Pobre mulher. Isabelle sempre estaria em dívida com ela. Pensou em suas investigações
sobre abrir outro portal. Talvez pudesse pagar a esta mulher pelo que fez.
Baixou a cabeça em seu ombro e se agarrou a ele como se estivesse afogando.
— Não posso acreditar que esteja de volta.
Ele passou os dedos por seu cabelo.
— Foi pensar em você o que me sustentou vivo enquanto esteve ali.
Ela levantou a cabeça.
— Me alegro que pensar em mim o trouxe de volta do inferno, mas não devia fazer o que
fez.
Ele negou com a cabeça.
— Nenhuma palavra mais — Sua voz tinha uma borda de aço na mesma — Quando vi a
oportunidade de te deixar livre, tomei.
Ela se separou dele um pouco.
— Thomas, nunca deixa de…
Arrastou-a contra ele e ela inclinou a cabeça para roçar seus lábios. O gosto e o tato de sua
boca eram como o sol em sua pele depois de um ano de noites constantes.
— Não me afaste — Sussurrou — Nunca mais.
Ela sorriu contra seus lábios.
— Não vou a nenhuma parte.
Thomas deslizou sua mão na cintura de Isabelle, deleitando-se com o calor que sua pele
irradia através do tecido de sua camisa em sua palma.
— Precisa ver o médico — Murmurou em seu pescoço.
Seus braços se apertaram ao redor dela.
— Estou vendo meu médico.
Ela levantou a cabeça.
— Digo a sério, Thomas.
Tocou sua bochecha.
— Eu também. Olha, vou estar bem. Só quero passar algum tempo com você. O médico e o
resto do Aquelarre me terão amanhã. Quero ser seu esta noite.
Ela o olhou com uma sobrancelha levantada.
— Meu esta noite? Meu bem, é meu para sempre.

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— Então subamos. Necessito um bom banho e depois necessito de você.


— Águas curativas, isso posso fazê-lo. Fique aqui um momento e me dê vantagem — Ela se
inclinou e o beijou meigamente. Fechou os olhos à pressão do doce de sua boca, seu corpo se
tencionava como a corda de arco precisando estar com ela. Ela rompeu o beijo com um gemido
lento e murmurou:
— Nos vemos á em cima.
Quando abriu os olhos, ela tinha ido. Por um momento se viu no interior de sua cela em sua
mente. Ouviu o pingo, pingo, pingo de água. Cheirou sangue e magia demoníaca. Por um instante
se perguntou se isto era só outro sonho, um dos muitos que teve na escuridão da noite, enquanto
esteve escondido em um lugar entre aqui e lá. Logo a biblioteca voltou a enfocar-se e suspirou
aliviado.
Deu um passo para frente, examinando cuidadosamente os papéis que Isabelle tinha sobre a
mesa. Ao que parecia, esteve tentando encontrar uma maneira de voltar para Eudae e libertá-lo.
Deixou que seus dedos descansassem nos textos, e seus pensamentos errantes foram para Claire e
a forma em que ela tinha olhado com nostalgia o portal, enquanto que absolutamente se negava a
dar um passo. Isabelle parecia esgotada. Aparentemente, esteve trabalhando sem parar, mas
possivelmente seu trabalho não foi em vão.
Essas eram considerações graves para o futuro. Esta noite só queria a mulher que amava.
Thomas subiu para seu quarto encontrando que a porta a tinha deixado entreaberta para
ele. Empurrou-a abrindo-a completamente, entrou, e respirou o aroma familiar de seu
apartamento do Aquelarre. Nada mais exceto Isabelle cheirava tão bem. O vapor se infiltrava da
porta do banheiro.
Entrou na baforada do vapor, em seguida, deteve-se justo no interior para ter a melhor vista
que podia imaginar, Isabelle nua na grande banheira, esperando-o.
Na vida não há nada melhor que isto.
— O que está esperando? — Perguntou. A água lambia as curvas de seus seios e parava em
sua garganta. Queria lamber as gotas de água, uma por uma.
Tirou a roupa e deslizou no calor acolhedor da banheira com um grunhido de satisfação
pura. Imediatamente, a água se moveu em ondas e as ondas a seu redor massagearam a dor
persistente de abusos de seu corpo. Esse era um dos benefícios de estar em um banheiro com
uma bruxa da água.
Isabelle se mudou através da banheira e se ajustou a ele. Sua pele úmida de seda deslizou
através dele, apertando cada um de seus músculos. Começou com seu cabelo jorrando xampu na
palma e massageando o comprimento desigual.
— Bastardos que tentaram roubar seu poder.
Sua mão cobriu seu pulso.
— Eles não tiveram êxito porque não tomaram.
Um quente sorriso brincou em seus lábios, ensaboou suas mãos com sabão e depois as
percorreu descendo por seus braços, ombros e costas. Thomas deixou escapar um gemido de
satisfação enquanto o lavava dos pés a cabeça, seus lábios se arrastaram por sua carne, agora que
estava limpo. Todos os hematomas e cortes pareciam se curar um pouco só por seu tato.

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Ainda melhor foi sua boca quando encontrou a sua.


Seus lábios revoaram contra ele tentativamente ao princípio. Ele mordeu o lábio inferior e o
arrastou através de seus dentes enquanto deslizava uma mão por sua cintura e sobre sua coxa sob
a doce parte posterior de seu joelho. Tirou uma perna por cima de seu quadril, desfrutando da
sensação de sua pele molhada em seu contrário.
Ela abriu os lábios e permitiu que sua língua se deslizasse dentro de sua boca e aproximou
seu sexo contra seu doloroso pênis. Meneando os quadris, ela procurou sua coroa e se deslizou
por cima dela.
Todas suas terminações nervosas saltaram brilhantes à vida. Ele inclinou sua cabeça para
trás e gemeu diante a forma morna e sedosa dos músculos de seu sexo ondulando impulsos ao
longo de sua rigidez enquanto ela mesma se empalava.
Com Isabelle, agora estava realmente em casa.
Pressionou-a na borda superior da banheira que se levantou um centímetro por cima de
superfície da água e se afundou tão profundamente dentro dela como pôde. Ela envolveu suas
pernas ao redor de sua cintura e seus braços ao redor de seu pescoço, enterrando o nariz na curva
onde o ombro se juntava com a garganta. Ali colocou uma série de beijos e beliscões suaves com
seus dentes.
Arremetendo dentro e fora de seu calor suave, firme e apertado, apagou a necessidade das
longas semanas que tinha necessitado tê-la. Inserindo sua mão entre seus corpos, usou seus
dedos úmidos para esfregar seus clitóris até que ela se estremeceu e gozou, afundando seus
dentes em seu ombro.
Esse foi um ato sexual forte e rápido, urgente. Uma vez que se saciou, a colocou dentro da
banheira e o fizeram de novo, mais lento, mais doce. Ensaboar, enxaguar e repetir... Pelo tempo
que ela quisesse.
Selou sua boca à sua quando seu clímax superou a seu corpo, empurrando profundamente
dentro dela enquanto gozava.
Uma vez que tudo terminou, meteram-se dentro da água, enredados em si. Durante muito
tempo, não fizeram nada mais que tocar-se, beijar-se ao longo de suas suaves peles úmidas.
Ela mordeu o lábio inferior e riscou uma contusão em seu ombro.
— Quanto foi ruim?
Seus braços se apertaram ao redor dela. Não queria falar dos golpes que tinha recebido
todos os dias. Se não tivesse sido por Claire enfaixando-o e dando miragens, é provável que
tivesse morrido ali.
— Mau. Poderia ter sido pior, entretanto.
Esfregou os lábios contra seu ombro.
— Stefan está vivo.
Apertou os dentes, mas não respondeu. Gol número dois para os Duskoff. Esta era a
segunda vez que escapava.
— Disse-me que chegou a algum tipo de acordo com Boyle — Continuou.
Thomas esfregou a palma de cima a baixo em seu braço e murmurou:

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— Tendo em conta que fomos testemunhas da decapitação de Boyle, eu diria que todas as
negociações que fez provavelmente ficaram sem efeito.
Aconchegou-se contra ele, seu corpo era suave e quente contra o seu, mas sua voz foi dura.
— Esperemos que nunca agarremos um Atrika deste lado do portal de novo.
Mas o fariam. Talvez não amanhã ou no dia seguinte, mas um dia os Duskoff encontrariam
outro meio.
— Nos esqueçamos de tudo isso por agora. O futuro se encarregará disso. Vamos viver no
presente. Ou, melhor ainda, vamos falar de nosso futuro pessoal... Juntos.
Ela franziu o cenho.
— Não vai fazer algo tolo e me pedir que me case com você, não é?
— Quero que fique, Isabelle. Amo você.
— Também te amo, Thomas, e o único lugar neste mundo que quero estar é contigo. Diria
que sim, sabe.
O prazer o esquentou da ponta dos dedos dos pés até a parte superior de sua cabeça.
— Nesse caso, se cas…
— Sim — Ela o beijou — Sim, casarei. Graças à Deusa que finalmente decidiu perguntar.
Sempre quis ser uma rainha.
— O que quer dizer?
— Bom, para todos os efeitos, você é o rei dos bruxos.
Ele sorriu.
— E você é definitivamente minha rainha.

FIM

** Essa tradução foi feita apenas para


a leitura dos membros da Tiamat.
Muita gente está querendo ganhar fama e seguidores usando os livros feitos por nós.
Não retirem os créditos do livro ou do arquivo.
Respeite o grupo e as revisoras.

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