CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Processo seletivo para contratação de professor substituto – 2018.2
NOTAS DE AULA
Componente curricular: Arquitetura e Urbanismo
Professor: Iale Camboim
Assunto: Organização do espaço
1. Introdução:
a) “Organização do espaço”: Para que? Para
quem?;
No livro “Arquitetura, forma, espaço e ordem”, o
autor Francis Ching (1998, p. 177) inicia o capítulo
sobre Organização do Espaço com a seguinte
citação:
“Para fazer com que um mais um seja igual a
mais do que dois, você deve, ao fazer qualquer
uma das coisas que considere importante
(construir recintos, reuni-los ou ajustá-los ao
terreno), fazer algo mais que também considere
importante (construir espaços para se morar,
estabelecer um padrão significativo na parte
interna, ou reivindicar outros domínios na parte
externa)” – Charles Moore, Gerald Allen e Donlyn
Lyndon (The Place of Houses, 1974).
Primeiramente, a ideia de “espaço para morar”,
citada pelos autores, evidencia que o espaço é
organizado com o objetivo de ser ocupado pelas
pessoas (e seus corpos). Há, portanto, uma busca
por uma organização espacial que atenda às
necessidades, aspirações e expectativas dos
indivíduos ou populações que se relacionarão com
aquele espaço (SILVA, 1998).
b) As diferentes escalas da organização do
espaço;
O espaço, aqui, será abordado em suas diferentes
escalas: o edifício e sua inserção no terreno urbano;
a escala intraurbana, quando nos referimos às
diferentes tipologias das áreas homogêneas de uma
Data: 22.05.2018
cidade (ex.: bairros, loteamentos, condomínios etc.);
e a escala territorial, ao tratarmos da organização
espacial entre áreas urbanas distintas (ex.:
município).
c) Organização como um sistema de relações:
forma/função, espaço existente/espaço a
ser projetado.
Francis Ching (1998, p. 178) explica que um edifício
normalmente é composto por um certo número de
espaços que se relacionam entre si pela função,
proximidade, ou uma via de circulação. De modo
análogo, esse sistema de relações também pode ser
aplicado à escala intraurbana e territorial. Além
disso, seja qual for a escala do projeto, a
organização espacial também se dá em função da
relação entre o espaço existente, seja ela natural ou
não, e o espaço a ser projetado. Assim, perguntamo-
nos: de que maneira podemos organizar o espaço
em função dessas variáveis?
2. Organização do espaço arquitetônico:
a) Padrões básicos de organização dos
espaços de um edifício;
Para Ching (1998), os espaços podem se relacionar
a partir de quatro esquemas básicos: espaço dentro
de um espaço; espaços interseccionais; espaços
adjacentes; e espaços ligados por um espaço
comum. Com relação à sua disposição, os espaços
podem apresentar: organização centralizada;
organização linear; organização radial; organização
aglomerada; ou organização em malha.
De modo geral, a organização desses espaços
seguirá às exigências do programa arquitetônico
(funções, necessidades dimensionais, conforto etc.),
as condições do entorno (terreno, vias de circulação,
bairro, loteamento etc.), os recursos disponíveis e a
legislação pertinente.
b) Relações entre o edifício (espaço
construído) e o seu entorno: inserção
urbana.
Inserção do edifício no sistema de lotes, quadras,
traçado viário, espaços livres, mobiliário urbano etc.
3. Organização intraurbana e territorial:
a) Tipologias de áreas urbanas;
Exposição de exemplos de diferentes tipologias de
áreas urbanas apontando a relação entre as
tipologias e as formas de organização do espaço
apresentadas anteriormente.
Alguns temas e elementos da Morfologia Urbana
(DEL RIO, 1990):
crescimento: modos, intensidades, direções;
elementos geradores e reguladores etc.;
traçado e parcelamento: ordenadores do espaço,
estrutura fundiária, relações, distâncias etc.;
tipologias dos elementos urbanos: tipologias
edilícias; de lotes e sua ocupação; de quarteirões e
sua ocupação, praças etc.;
articulações: relações entre elementos, hierarquias,
domínios do público e privado, relações entre cheios
e vazios etc.
b) Planejamento urbano e segregação;
As ações do Planejamento Urbano e a produção de
espaços (des)organizados. Segregação e
desigualdade nos espaços da cidade.
c) Instrumentos regulatórios de organização
espacial: Estatuto das Cidades, Plano
Diretor e as Leis de Uso e Ocupação do
Solo.
Estatuto da Cidade: Determina 18 diretrizes gerais
para ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade urbana;
Plano Diretor: Instrumento previsto no Estatuto da
Cidade. Instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana. Deve ser
revisto, pelo menos, a cada 10 anos. Obrigatório
para cidades com mais de 20 mil habitantes;
Lei de Uso e Ocupação do Solo: regulamentação do
zoneamentos; disposições sobre usos do solo e
atividades urbanas; definição de parâmetros
urbanísticos (Taxa de Solo Natural, Coeficiente de
Utilização, Limites de Afastamentos etc.).
Com base nos instrumentos regulatórios que regem
os processos de produção das nossas cidades, que
tipo de espaços estamos conseguindo organizar?
Para quem tem servido os mecanismos de
organização do espaço vigentes?
Exercício avaliativo proposto:
Considerando que o tema introduzido na aula de
hoje será desenvolvido ao longo da unidade da
disciplina, cada discente deve elaborar, e trazer na
aula seguinte, um comentário crítico sobre a
organização espacial do seu bairro, da sua
vizinhança e do prédio onde mora. Pede-se que os
estudantes utilizem-se de material gráfico
(fotografia, desenhos esquemáticos, mapas etc.)
para ilustrar as questões abordadas no seu trabalho.
Objetivos: familiarizar o estudante com o trato de
material gráfico utilizado no processo de
organização dos espaços; trazer conteúdo da
experiência individual dos estudantes para gerar
novas discussões em sala de aula.
Obs.: As referências bibliográficas encontram-se no
Plano de Aula entregue.