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Programa de Educação

Patrimonial
APERS & UFRGS

lossário

Oficina Resistência em Arquivo:


Patrimônio, Ditadura e Direitos Humanos
Movimento Estudantil: o movimento estudantil é Clandestinidade: na ditadura de 1964 até 1985, a
um movimento social levado adiante de forma coletiva clandestinidade foi a situação vivida por parte das
pelos estudantes, com o objetivo de manter ou mudar uma pessoas que eram alvo da perseguição do regime. Elas
situação particular. Nos anos 1960, o movimento geralmente atuavam em organizações ou partidos que
estudantil ganhou as ruas das principais cidades do tinham sido declarados ilegais ou que surgiram durante a
Brasil e do mundo, pedindo mais democracia, desde o ditadura com o objetivo de combatê-la. Para não serem
âmbito governamental, nas universidades e escolas e presas, muitas pessoas deixaram sua família, seu
até na família, defendendo a palavra de ordem “É endereço, seu trabalho, seu estudo e foram viver “às
proibido proibir.” As entidades estudantis que existiam escondidas”, trocando inclusive seus nomes, usando
no Brasil e que tinham uma orientação política de documentos falsos e construindo para si uma nova
esquerda, como a UNE e as UEEs, foram reprimidas logo identidade. A clandestinidade poderia ser uma forma de
após o golpe de 1964, fechadas e substituídas por se proteger da perseguição política ou uma forma de
outras. Elas, no entanto, sobreviveram de forma atuar em organizações que pretendiam derrubar a
clandestina e participaram das mobilizações contra os ditadura.
acordos MEC-USAID, em 1967, por mais moradia estudantil,
pela manutenção e ampliação dos restaurantes
universitários, pela liberdade de funcionamento das
Conexão Repressiva: a partir do golpe de Estado
entidades, por mais vagas nas universidades, contra o no Brasil, em 1964, cada vez mais, foram-se
autoritarismo das direções das instituições de ensino, estabelecendo políticas de cooperação entre forças
lutando também de forma articulada com os demais policiais e militares dos países latino-americanos. Esse
movimentos sociais por demandas que iam além das pautas estreitamento das relações possibilitou a troca de
específicas desse movimento. informações sobre perseguidos pelo regime, a entrega de
pessoas presas em outros países, ações conjuntas de
assassinato de opositores, entre outras práticas. Dessa
Organizações revolucionárias: grupos de forma, o refúgio em outro país nem sempre era garantia
oposição à ditadura que eram considerados ilegais e que de segurança, já que a perseguição desrespeitava os
atuavam na clandestinidade. Eles tinham uma orientação limites territoriais estabelecidos e contava com a
política de esquerda e defendiam o fim da ditadura e do colaboração de agentes civis e militares de outros
sistema capitalista e a construção de uma sociedade países. Esse processo teve como ápice a Operação Condor,
socialista. Entre 1964 e 1985, existiram no Brasil em montada em 1975, a partir da qual se aprimoraram as
torno de 40 organizações clandestinas. A maior parte relações estabelecidas entre os diferentes regimes da
delas acreditava que a ditadura só poderia ser derrubada região.
com o uso das armas. Para tanto, precisavam reunir
recursos para comprar armas, para sustentar seus membros Crise da Legalidade: a expressão se refere aos
(militantes), para treiná-los militarmente. Uma das acontecimentos de agosto e setembro de 1961, que se
estratégias usadas para isso foram os assaltos, que eram sucederam à renúncia do presidente da República, Jânio
chamados de expropriações e que tiveram os bancos como Quadros. A presidência, segundo a Constituição, deveria
alvos preferenciais. Outras organizações que funcionavam ser ocupada pelo vice-presidente, que era João Goulart
na clandestinidade eram contrárias à luta armada e (Jango). Ele estava fora do Brasil, numa viagem oficial
apostavam em ações de conscientização entre os à China. Os ministros militares eram contrários à sua
trabalhadores. posse, pois não confiavam em Jango e o consideravam um
político muito próximo do comunismo. Para garantir que o
vice-presidente tomasse posse, o governador do Rio para se refugiar da ditadura brasileira, sobretudo nos
Grande do Sul, Leonel Brizola, liderou um movimento primeiros anos que se seguiram ao golpe de Estado de
que ficou conhecido como Movimento da Legalidade. Ele 1964, o Rio Grande do Sul – único estado brasileiro a
teve o apoio da Brigada Militar, do III Exército, de fazer fronteira com esse país – era uma rota quase
diversas autoridades e também de um grande número de obrigatória de saída do Brasil. Esses “esquemas”
populares. variavam muito conforme a conjuntura. Eles eram
geralmente ativados de acordo com as necessidades do
momento.
Ditadura: regime no qual o poder é tomado por outros
meios que não as eleições, no qual são desrespeitadas a
Constituição e as liberdades dos cidadãos, impostas
novas leis e empregado alto grau de violência contra as Exílio: o exílio é a mudança forçada de pessoas de um
pessoas que discordam dele. A ditadura iniciada em 1964 país para outro, pelo fato de serem consideradas
foi comandada por oficiais das Forças Armadas e teve o incômodas para o governo. O exilado é um refugiado por
apoio de lideranças políticas e, inclusive, de parte da motivações políticas que, por discordar do regime
sociedade. Durante 21 anos, generais assumiam a vigente e, muitas vezes, por enfrentá-lo, acaba sendo
presidência da República, sendo eleitos por membros do perseguido. Em muitos casos, a pessoa é impelida a
Congresso; os partidos políticos existentes foram deixar o território nacional por não mais suportar o
extintos e foram criados dois novos – a Arena e o MDB -; regime e as perseguições levadas a cabo pelo governo. A
muitos políticos eleitos foram cassados (perderam seus saída é, muitas vezes, a garantia da sobrevivência. Ao
mandatos), muitos funcionários públicos foram expurgados longo das décadas de 1960 e 1970, foram deflagrados
(afastados dos seus empregos); houve intensa vigilância golpes de Estado e instauradas ditaduras em diversos
sobre o funcionamento do Congresso Nacional, e forte países da América Latina. Isso fez com que milhares de
censura às expressões artísticas e culturais e aos meios pessoas acabassem se exilando em outros países da região
de comunicação. Logo no início da ditadura, muitas ou, inclusive, em outros continentes.
pessoas foram presas por apoiarem o governo deposto. As
prisões continuaram e atingiram um significativo número
de pessoas que faziam oposição ao regime ou que eram
consideradas perigosas. Na perseguição a essas pessoas Golpe de 1964: foi a deposição do presidente João
foram usados mecanismos como a prisão prolongada e Goulart, por meio da movimentação de tropas militares e
ilegal, a tortura, os sequestros, os desaparecimentos e com a concordância de lideranças políticas e do
assassinatos. Congresso Nacional. O golpe foi resultado de
desconfiança que militares, empresários, parte da
imprensa e da Igreja e setores da população tinham de
Esquemas de fronteira: eram rotas de saída do que o governo estava envolvido em ações de corrupção e
país pela fronteira, utilizadas durante a ditadura, de subversão. Nos anos que antecederam o golpe, houve
construídas através de redes de solidariedade mantidas grande mobilização de diversos setores da sociedade
por militantes de oposição e por simpatizantes, que brasileira, que pressionavam o governo para a realização
auxiliavam na passagem e na permanência de pessoas que de reformas que poderiam levar à diminuição da
atravessavam clandestinamente para um país vizinho. A desigualdade e a uma participação política mais ampla. A
ajuda era prestada fornecendo-se informações, dicas, luta por essas reformas foi entendida como subversão, o
documentação falsa, dinheiro, moradia, entre outros presidente foi derrubado e foi instalada uma ditadura.
auxílios. Como o Uruguai foi o destino mais procurado

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