PATROCÍNIO
ORGANIZAÇÃO
Cooperativismo
agropecuário no Brasil
1.597
Cooperativas
Base dez/2013
Sumário
2 Artigos Técnicos
18 Palestras
55 Trabalhos Científicos
• Ambiência e Bem Estar Animal
• Nutrição
• Processamento
• Produção
• Sanidade
• Sustentabilidade
Artigos Técnicos
Controles analíticos na cadeia de frangos, ovos e suínos.......................................16
J.C. de Angelo – zootecnista, gerente técnico de Aves e Suínos do
Grupo Guabi Nutrição e Saúde Animal
Como criar um programa de vacinação no incubatório
de boa qualidade?..................................................................................................................................21
Stephane Lemire – Gerente de Produto de Avicultura / Merial
Palestras
Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências
de bem-estar animal do mercado: ênfase em normas privadas.......................30
Ana Paula de Oliveira Souza - Laboratório de Bem-estar Animal,
Universidade Federal do Paraná; Médica Veterinária, Esp., MSc.
Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos.............42
André Marca – Copacol, Cafelândia/PR
Animal welfare measures and international trade law and practice............57
Carolina T. Maciel, Ph.D – Wageningen University, Porto Alegre/RS
Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar..............................61
Fernando A. Pereira – engenheiro agrônomo, M. S.,
presidente Executivo da Agroceres
Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens...............65
Filip Van Immerseel – Department of Pathology, Bacteriology and Avian
Disease, Faculty of Veterinary Medicine, Ghent University,
Merelbeke, Belgium
The prospects of genetic selection to improve the well-being and
productivity in poultry and pork production..................................................................77
Gerard A. A. Albers – European Forum of Farm Animal Breeders, Brussels,
Belgium – Hendrix Genetics, Boxmeer, The Netherlands
Principais entraves no processo de registro de
estabelecimentos avícolas comerciais.................................................................................80
Izabella Gomes Hergot – IMA Instituto Mineiro de Agropecuária
Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos -
experiência na América Latina.....................................................................................................83
James Abad – presidente del ILH
Programa sanitário para avicultura familiar..................................................................86
Luiz C. Demattê Filho, Diretor Industrial da Korin Agropecuária, Coordenador
Geral do Centro de Pesquisa Mokiti Okada e Secretario executivo da Associação
Brasileira da Avicultura Alternativa – AVAL e Dayana Cristina de Oliveira Pereira
Mestranda em Engenharia de Biossistemas ESALQ-USP e Zootecnista do CPMO
Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?.........................104
Mariana A. Andreis - Gerência de Melhoramento Genético /DB Genética Suína
A proteína animal na próxima década...............................................................................109
Mário Lanznaster - presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos
Nutritional challenges to maximise performance – pork production.................113
Michael A. Varley – The Pig Technology Company
Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeira comerciais.......................116
Nair Massako Katayama Ito, Claudio Issamu Miyaji, Sandra O. Miyaji
Spave – Consultoria em Produção e Saúde Animal
Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil................134
Nelson Morés e Janice Reis Ciacci-Zanella – Embrapa Suínos e Aves,
Laboratório de Sanidade e Genética Animal, Concórdia, SC
Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das nfecções
paratifoides em aves........................................................................................................................143
Paulo Martins – Facta, Campinas/SP
Programa sanitário para avicultura familiar..................................................................162
René Dubois – médico veterinário / Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), Brasília/DF
Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias
no Estado do Paraná.........................................................................................................................166
Silvio Krinski, M.Sc. Engenheiro Agrônomo - Gerência Técnica e Econômica
do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná
Tifosis aviar...............................................................................................................................................176
Yosef Daniel Huberman, Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária
Ministerio de Agricultura, Ganderia Y Pesca - Argentina
Trabalhos científicos
Nutrição
Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre
parâmetros sanguíneos de frangos de corte criados em estresse térmico
S Sgavioli, TI Vicentini, CH de F Domingues, JBM Júnior, VR de Almeida,
GL Zaniratu, RG Garcia, IC Boleli.....................................................................................................208
Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o
sabor da carne de frango de corte
R Belintani, RG Garcia, IA Nääs, F Caldara, B Roriz, C Ayala, S Sgavioli.......................212
Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e
características de carcaça de suínos em terminação
BC Silveira-Almeida, TM Bertol, MCMM Ludke, JV Ludke, A Coldebella,
DM Bernardi...............................................................................................................................................216
Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no
desempenho e qualidade da carcaça e da carne de suínos em terminação
DM Bernardi, TM Bertol, A Coldebella, BC Silveira-Almeida, F Dieterich,
LD Paris, VC Sgarbieri.............................................................................................................................220
Validação de uma equação para predição do valor energético do milho
com diferentes graus de moagem e métodos de formulação das dietas
T.M. Bertol, J.V. Ludke, D.L. Zanotto, A. Coldebella.................................................................224
Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras
comerciais alimentadas com levedura hidrolisada
NTG Koiyama, CG Lima BRS Locatelli, MA Bonato, R Barbalho,
CSS Araújo, LF Araújo............................................................................................................................228
Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do
uso de parede celular de levedura na dieta de poedeiras comerciais
NTG Koiyama, NBP Utimi, BRS Locatelli, MA Bonato, R Barbalho,
AH Gameiro, CSS Araújo, LF Araújo..............................................................................................232
Método expedito para determinação do diâmetro geométrico
médio das partículas do milho moído
DL Zanotto, JV Ludke, A Coldebella, TM Bertol, A Cunha Junior...............................236
Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
DL Zanotto, A Coldebella, JV Ludke, TM Bertol...................................................................240
Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre
desempenho, frequência de diarreia e área de vulva de leitões recém-
desmamados e eficácia de um aditivo tecnológico adsorvente
LB Costa, ADB Melo, A Oliveira, GR Oliveira, C Andrade,
PC Machado Junior e K Mazutti.....................................................................................................244
Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com
diferentes promotores de crescimento antibiótico
JPF Oliveira, A Oba, ACF Assis, JA Barbosa Filho, M Almeida, FR Bueno,
AKF Carneiro, VP Dinalli, EJL Ribeiro, G Spialtini....................................................................248
Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico
sobre o desempenho de frangos de corte
JPF Oliveira, A Oba, ACF Assis, M Almeida, T Dornellas, AC Hoffmann,
FR Bueno, B Colcetta, VP Dinalli, S Trocato................................................................................252
Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura
à base de arroz integral
LS Guido, MLS Castro, C Bavaresco, RC Dias, DCN Lopes, EG Xavier.........................256
Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz
integral para codornas japonesas
BK Gomes, MLS de Castro, RC Dias, LDS Gguido, JS Júnior,
DCN Lopes, EG Xavier..........................................................................................................................260
Análise sensorial de ovos de codornas alimentadas com
farelo de arroz integral
AC Meggiato, E Gopinger, C Bavaresco, DV Garcia, IA Esrorino,
DCN Lopes, EG Xavier...........................................................................................................................264
Efeito do armazenamento do farelo de arroz integral no
desempenho de frangos de corte aos 21 dias de idade
DG Vasconcelos, E Gopinger, T Stefanello, IA Estorino, RC Dias,
DCN Lopes, EG Xavier, MC Elias......................................................................................................268
Urucum utilizado como pigmentante natural na dieta de
codornas alimentadas com arroz integral
RC Dias, MLS Castro, E Gopinger, AP Roll, C Bavaresco,
DCN Lopes, EG Xavier..........................................................................................................................275
Composição de ovos de codornas alimentadas com farelo
de arroz integral estabilizado com ácidos orgânicos
RC Dias, E Gopinger, C Bavaresco, BCK Gomes, DG Vasconscelos,
V Ziegler, EG Xavier................................................................................................................................279
Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas
com farelo de arroz integral com ou sem a adição de ácidos
orgânicos em diferentes tempos de armazenamento
SN da Silva, E Gopinger, RC Dias, AC Megiatto, BCK Gomes,
DCN Lopes, EG Xavier...........................................................................................................................283
Parâmetros sanguíneos em frangos de corte
suplementados com minerais orgânicos e vitamina E
C Sanfelice, AA Mendes, BB Martins, TC Trentin, EL Milbradt,
EF Aguiar, MRFB Martins, DM Rodrigues, ICL Almeida Paz............................................287
Avaliação das vísceras comestíveis de frangos de corte
aos 21 dias alimentados com farelo de arroz integral submetido
a diferentes períodos de armazenamento
IA Estorino, E Gopinger, TB Stefanello, SN Silva, C Bavaresco,
DCN Lopes, EG Xavier, VFB Roll......................................................................................................291
Histomorfometria intestinal de pintos de corte suplementados
com níveis crescentes de lisina digesível, provenientes de ovos
com mesmo peso e diferentes idades de matrizes
JH Stringhini, MB Café, JS Santos, TD Matias, MA Andrade,
TC Araújo, NLN Mendonça................................................................................................................295
Manejo de diferentes pesos iniciais de frangos de corte
Label Rouge visando a recuperação de desempenho
BC Morais, DA Netto, JR Alves, AC Manentti, AT Mundim,
MS Rosa, P Rocha, HJD Lima............................................................................................................298
Efecto de diferentes niveles de fibra cruda en la dieta sobre el
comportamento productivo de gallinas de postura comercial
en la segunda fase de produccion
E Salvador, B Huamaní, C Caballero, C Gallardo....................................................................301
Efecto de la relacion energia metabolizable: lisina en la dieta sobre
da respuesta productiva de pollitos de engorde en la fase pre-inicial
E Salvador, C Caballero, Y Loza, C Gallardo..............................................................................304
Feno de alfafa como pigmentante da gema de ovos de codornas
japonesas alimentadas com dietas contendo arroz integral
C Bavaresco, MLS Castro, E Gopinger, T Santos, DCN Lopes,
VFB Roll, EG Xavier..................................................................................................................................308
Qualidade da carne de codornas alimentadas com dietas
contendo farelo e óleo de canola
C Bavaresco, RC Dias, E Gopinger, PO Moraes, DCN Lopes,
VFB Roll, EG Xavier.................................................................................................................................312
Desempenho de frangos Label Rouge submetidos a
dietas com diferentes níveis de cevada
JR Alves, HJD’A Lima, DA Neto, MS Rosa, P Rocha, LGM Reginatto,
ALN Malhado, AC Manentti..............................................................................................................312
Características de carcaça de frangos Label Rouge alimentados
com diferentes níveis de cevada
DA Netto, JR Alves, BC Moraes, MS Rosa, LGM Reginatto,
DAN Junior, HJD Lima.........................................................................................................................315
Processamento
Analyses of different temperatures and immersion times in relation
to water absorption by broiler carcasses in the pre-cooling system
AR Bailone, RO Roça, RC Borra, M Harris...................................................................................319
Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o perfil lipídico, concentração
de ∂-tocoferol e estabilidade oxidativa do toucinho de suínos
BC Silveira-Almeida, TM Bertol, MCMM Ludke, JV Ludke,
DM Bernardi, A Coldebella................................................................................................................323
Qualidade de ovos provenientes de poedeiras criadas com galos,
em duas condições de armazenamento
GV Pereira, CS Tsuda, DCO Pereira, LC Demattê Filho........................................................327
Análise sensorial de kibes elaborados com codornas de descarte
e inclusão de diferentes níveis de bacon
TC Euzébio, SM Marcato, V Zancanela, CE Stanquevis,
DO Grieser, MLRS Franco....................................................................................................................331
produção
Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o
desempenho de poedeiras leves em fase de cria com 4 a 6
semanas de dade
A Romani, LSE Santo, JM Tavares, GSS Corrêa, JGC Junior, GMM Silva,
MA Oliveira, CFS Oliveira.....................................................................................................................368
Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o
desempenho de poedeiras leves em fase de recria com 7 a 9
semanas de idade
A Romani, LSE Santo, JM Tavares, GSS Corrêa, JGC Junior, GMM Silva,
BS Santos, FP Sartor................................................................................................................................372
Suplementação com vitamina D (25-OHD3) melhora a viabilidade
e a proporção de coração em frangos de corte
GAA Baldo, ICL Almeida Paz, EA Garcia, AB Molino, MS Amadori,
JA Vieira Filho, DS Souza, GS Prado, UA Generoso..............................................................376
Linhagem, sexo, peso e espondilolistese podem influenciar
a frequência de gait score em frangos de corte
ICL Almeida Paz, GAA Baldo, MS Amadori, EA Garcia, AB Molinho,
RG Garcia, JA Vieira Filho, FR Caldara, JN Sakoda.................................................................380
Effect of slaughter weight on growth performance and carcass
traits of immunologically castrated pigs fed ractopamine
TM Bertol, JI dos Santos Filho, A Coldebella, AL Marinho.............................................384
Desempenho de frangas comerciais submetidas
a métodos de debicagem
AB Molino, EA Garcia, R Albuquerque, JA Vieira Filho, GAA Baldo,
ICL Almeida Paz, DS Souza...............................................................................................................388
Métodos de debicagem para poedeiras e seus
efeitos na fase de produção
EA Garcia, TA Santos, K Pelícia, AB Molino, JA Vieira Filho ,
GAA Baldo, ICL Almeida Paz, DS Souza......................................................................................392
Concentrações de crioprotetores no congelamento de sêmen suíno
MQ Santos, M Schuch, P Moreira, B Hertzberg, MJ Flach, T Lucia Jr,
RG Mondadori, AD Vieira ,I Bianchi..............................................................................................396
Diferentes densidades e gaiola sobre o desempenho
de poedeiras em fase de recria
LSE Santo, A Romani, JMN Tavares, GSS Correa, GMM Silva,
FM Vieites, BS Vieira, AV Alves..........................................................................................................400
Desempenho de frangas comerciais leves submetidas
a diferentes densidades de produção
LSE Santo, A Romani, JMN Tavares, GSS Correa, GMM Silva,
FM Vieites, AR Arruda, FP Sartor.....................................................................................................403
Efecto de la suplementación con cantaxantina sobre las
características del semen de codorniz (coturnix coturnix japónica)
en condiciones de producción
RH García, RA Suárez, AG Wills.........................................................................................................406
sanidade
Ecobiologia de hemosporídeos em aves silvestres e domésticas
em povoados adjacentes ao sítio migratório de Panaquatira,
município de São José de Ribamar, MA, Brasil
JB Silva Filho, ACG Santos, FC Lima, FA Melo, CTR Improta, DP Rios,
PA Batista Filho, FHV Da Silva...........................................................................................................411
Detecção de Salmonella spp. em equipamentos de entreposto
de ovos comerciais através das técnicas de cultivo bacteriano e
PCR em tempo real
DM Cardoso, TD Matias, MA Andrade........................................................................................414
Presença de endoparasitos das famílias Eimeriidae e
Ascarididae em codornas japonesas na região metropolitana
do Vale do Rio Cuiabá, MT
MS Rosa, GMR Campos, MVS Camargo, MS Aquino, HJD Lima,
ALS Freitas, RC Pacheco, LAZ Souza.............................................................................................418
sustentabilidade
Gerador emergencial solar para pequenas propriedades rurais:
cogeração elétrica e térmica
LS Scartazzini, DE Zilio, A Migliavacca........................................................................................423
Avicultura e suinocultura como fontes de desenvolvimento
dos municípios brasileiros
JI dos Santos Filho, A Coldebella, GN Scheuermann, TM Bertol,
L Caron, DJD Talamini..........................................................................................................................427
Contribuição do drawback para a sustentabilidade
da cadeia produtiva de suínos do Brasil
DJD Talamini, GN Scheuermann, RA da Silva, JI dos Santos Filho,
VG de Carvalho.......................................................................................................................................431
Contribuição do drawback para a sustentabilidade da
cadeia produtiva de frangos do Brasil
DJD Talamini, GN Scheuermann, RA da Silva, JI dos Santos Filho.............................435
Artigos Técnicos
15 a 28
- 16 -
JC de ANGELO*1
1
Zootecnista, Gerente Técnico de Aves e
Suínos do Grupo Guabi Nutrição e Saúde
Animal, Campinas/SP
Stephane Lemire
Gerente de Produto de Avicultura/Merial
Resumo
A associação de vacinas deve ser feita
A imunossupressão, com frequência
de forma que o programa estabeleci-
observada na avicultura comercial, se
do para o incubatório esteja de acordo
deve a muitos fatores; estes incluem,
com o histórico da área em termos de
porém não se limitam, às doenças de
desafio microbiológico e estimativa de
origem viral. Perdas econômicas signifi-
risco epidemiológico.
cativas são frequentemente atribuídas à
imunossupressão, e a obtenção de uma
sólida base imunitária não apenas forta-
lece o sistema imune, como estabelece 1. Introdução
barreiras nas vias de infecção utilizadas O objetivo deste boletim informativo é
por patógenos. Ao planejar um progra- divulgar formas de estabelecer progra-
ma de vacinação para o primeiro dia de mas de vacinação tanto para aves de
vida, deve-se estudar a compatibilidade corte como para matrizes e poedeiras.
entre vacinas para que as associações
sejam feitas corretamente. Ao fazer de Atualmente, a tendência é que diver-
VAXXITEK HVT+IBD o principal compo- sas vacinas, anteriormente aplicadas no
nente do programa de vacinação no campo, migrem para o incubatório. A
incubatório, o sistema imune da ave vacinação no incubatório pode ser feita
estará apto a receber outras vacinas de in ovo, aos 18 dias de incubação, ou ao
forma concomitante ou subsequente. primeiro dia de vida.
Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 22 -
O uso de vacinas vetoriais aumenta sa. Estes vírus são conhecidos por cau-
constantemente em programas de sar efeitos deletérios diretamente no
vacinação no incubatório. Vacinas que sistema imune, desta forma, aumentan-
têm HVT como base, protegendo con- do a suscetibilidade da ave a outras do-
tra a Doença de Marek (MD) e contra enças, e interferindo na resposta vacinal.
outras doenças de origem viral, tais
como Gumboro (IBD), Newcastle (ND),
ou Laringotraqueíte infecciosa (ILT). 2.2. Consequências da
Programas de vacinação no incuba- Imunossupressão
tório podem contar com a tecnologia Em aves imunossuprimidas, a resposta
de equipamentos que administram in vacinal pode ser diminuta, e pode no-
ovo ou fazer uso de vias convencionais, tar-se a presença de reações pós-vaci-
como spray, gota ocular, ou injeções nais exacerbadas após a administração
subcutâneas. Nem todas as vacinas exis- de vacinas vivas contra doenças do
tententes podem ser administradas no trato respiratório. Infecções bacterianas
incubatório, porém, a tendência é que secundárias podem ocorrer, tratando-se
cada vez mais vacinas sejam licenciadas, frequentemente de E. coli (2), o que re-
de forma que a demanda seja suprida. quer tratamento antibiótico.
2.3. Prevenindo a
2. Imunossupressão
A imunossupressão acomete ambientes Imunossupressão
de produção avícola devido à exposição a A prevenção de perdas econômicas
fatores estressantes e doenças infecciosas está diretamente relacionada ao con-
que prejudicam a imunidade, bem como trole da imunossupressão na produção
comprometem o estado geral e a perfor- avícola, especialmente em se tratando
mance da ave. Múltiplos fatores estressan- de frangos de corte (3). Diminui-se a
tes no ambiente de produção, incluindo mortalidade, melhora-se o desempe-
doenças de origem viral, são nocivos ao nho, e a produção é impactada positi-
sistema imunitário. As principais consequ- vamente com o abate de aves com me-
ências disto são perdas econômicas. nos problemas de saúde.
2. Base Imunitária
2.1. Causas de
A presença de uma base imunitária
Imunossupressão sólida não apenas reforça o sistema
Dentre as causas de imunossupressão imunitário, mas também faz com que
na avicultura, destacam-se o vírus de sejam estabelecidas barreiras nas vias
Gumboro, Marek e da Anemia Infeccio- de infecção mais comuns. O primeiro
Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 23 -
passo é fazer uso de programas de demonstrativas do benefício causado
vacinação de matrizes, que proporcio- por VAXXITEK HVT+IBD (4).
nam proteção passiva à progênie. O
segundo passo é proteger as aves em 2.2. Interação bem
crescimento contra as doenças imu- sucedida com outras
nossupressoras e suas consequências
vacinas
econômicas (3). A base imunitária con-
tra as doenças de Marek e Gumboro, as Ao examinar a eliminação de vacinas
principais causas de imunossupressão vivas contra bronquite percebe-se mais
de origem viral, é melhor induzida uma vantagem de caráter protecional
quando se faz vacinação precoce, ou para VAXXITEK HVT+IBD. Aves vacinadas
com VAXXITEK HVT+IBD apresentaram
seja, em presença dos anticorpos ma-
bolsas intactas com detecção signifi-
ternais. Um conceito singular em vaci-
cativamente menor do vírus causador
nação foi introduzido a nível global no
da Bronquite Infecciosa (IB) em órgãos
ano de 2006: a injeção, feita in ovo, ou
-alvo do vírus. Outros grupos de aves
ao primeiro dia de vida, da vacina ve-
vacinadas no mesmo experimento
torial com base na cepa HVT: VAXXITEK
apresentaram atrofia de bolsa e taxas
HVT+IBD.
maiores de re-isolamento de vírus vaci-
nais da IB. Isto reflete a importância da
integridade da bolsa quando na elimi-
2.1. Protegendo a função nação de vírus vacinais (5).
imunológica
A bolsa de Fabrícius é o principal pilar
da imunidade da ave. É o local de ori- 3. Compatibilidade de
gem de linfócitos B e plasmócitos que VAXXITEK HVT+IBD e outras
produzem anticorpos. Quando a bolsa
vacinas
é lesionada, ocorre depressão no siste-
ma imune. Geralmente, estas lesões são Ao definir um programa de vacina-
atribuídas ao vírus de Gumboro. O vírus ção, deve-se obter informações sobre
de Marek também pode prejudicar a a compatibilidade entre vacinas. Ao
bolsa e causar imunossupressão (1). As conhecer estes estudos, associações
primeiras lesões notadas em casos de vacinais podem ser feitas com maior
Gumboro e de Marek têm aparência segurança.
muito semelhante. O uso de VAXXITEK 3.1. Com esquemas de vacinação contra
HVT+IBD protege consideravelmente a a Doença de Marek
saúde da bolsa, com resultados mensu-
ráveis na imunidade humoral e nos lin- A compatibilidade entre VAXXITEK HV-
fócitos B circulantes e intra-bolsais. Me- T+IBD e vacinas contra a Doença de
didas indiretas, como o monitoramento Marek cepa Rispens é possível e foi de-
da vacinação contra ND, também são monstrada (6) (Tabela 1).
Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 24 -
3.2. Com vacinas 4.1. Com vacinas HVT
contra Bouba Aviária, Vacinas vetoriais HVT-IBD não devem ser
convencionais ou associadas a outras vacinas utilizando a
cepa HVT, uma vez que ambas as cepas
vetoriais
vacinais competirão entre si, in vivo, cau-
A compatibilidade entre VAXXITEK HV- sando diminuição na resposta vacinal (ve-
T+IBD e vacinas vetoriais contendo rificado em estudos internos da Merial). O
Bouba e Influenza Aviária também foi mesmo ocorre para vacinas HVT + Rispens,
demonstrada (7) (Tabela 1). assim como para HVT + SB-1 (Tabela 3).
5. Programas vacinais
3.4. Com vacinas “à la carte” utilizando
inativadas com adjuvante VAXXITEK HVT+IBD
oleoso Ao fazer de VAXXITEK HVT+IBD a base
A compatibilidade entre VAXXITEK HV- de um programa vacinal, o sistema imu-
T+IBD e vacinas inativadas, com ad- ne será preparado para receber outras
juvante oleoso, contra a Doença de vacinas de forma concomitante ou adi-
Newcastle também foi demonstrada (9) cional. A arte de combinar vacinas em
(Tabela 2). um programa de incubatório deve estar
de acordo com o histórico da produção
4. Incompatibilidades de referente ao desafio na área e estimati-
VAXXITEK HVT+IBD
va de riscos epidemiológicos correntes.
Pode-se fazer uso de mais de uma va-
cina com vetores HVT concomitante-
mente no incubatório, todavia, o prin- 5.1. Matrizes
cipal problema é a incompatibilidade O programa de vacinação tendo como
entre elas. base a VAXXITEK HVT+IBD é válido em
Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 25 -
âmbito mundial. A administração de aves de ciclo curto, e proteção da bolsa
VAXXITEK HVT+IBD in ovo ou ao pri- de Fabricius. Desta forma, o benefíco é
meiro dia de vida pode ser associada à demonstrado através do melhor con-
aplicação de outros sorotipos vacinais trole de infecções bacterianas secundá-
contra a Doença de Marek, como SB-1 e/ rias no ambiente de produção, e conse-
ou Rispens. VAXXITEK HVT+IBD é usada quentes menores taxas de condenação
como primer para imunizar, associando à no abate (12), ou do uso decrescente de
revacinação recomendada, com vacinas antibióticos na produção (13).
inativadas contra IBD, antes da postura.
Dois principais objetivos são alcançados:
proteção contra IBD durante o período
5.3. Poedeiras
de maior risco (recria) e priming, de for-
ma a otimizar a produção de anticorpos O programa de vacinação de poedeiras
contra IBD e transmissão destes à progê- baseado em VAXXITEK HVT+IBD foca na
nie para obtenção de imunidade passiva imunização contra Marek e Gumboro
(10). Manejo e arraçoamento são fatores ao primeiro dia de vida, devendo ser
indispensáveis para o sucesso em uma complementada com outra vacina de
produção de matrizes; o impacto gerado diferente sorotipo de Marek (por exem-
pelo sistema de arraçoamento, progra- plo, Rispens). O maior benefício relacio-
mas de vacinação contra Salmonella En- nado à utilização VAXXITEK HVT+IBD
teritidis e eliminação de E. coli é mínimo em poedeiras é a proteção à funcionali-
quando na utilização de VAXXITEK HV- dade do sistema imune e a indução de
T+IBD + SB-1 (11). resposta por parte de anticorpos contra
os componentes cruciais do programa
vacinal que visa a melhor produção de
ovos (por exemplo, a doença de New-
5.2. Frangos de Corte castle, Síndrome da Queda de Postura,
Programas de vacinação para frangos Bronquite Infecciosa) (14). O benefício é
de corte que têm como base a aplica- demonstrado através do aumento sig-
ção de VAXXITEK HVT+IBD focam no nificativo da produção de ovos, além da
impedimento da ocorrência de efeitos melhora na qualidade da casca, quan-
imunossupressores causados pelas do- do compara-se VAXXITEK HVT+IBD com
enças de Marek e Gumboro. O tipo de vacinas clássicas contra IBD utilizando
produção e desafio local pode deman- vírus vivo modificado (15).
dar a utilização de mais uma cepa, a
exemplo da Rispens, para a prevenção
da Doença de Marek. A vacinação com
5.4. Ênfase na prevenção
VAXXITEK HVT+IBD proporciona o de-
sencadeamento precoce da proteção da Doença de Newcastle
contra IBD, e, consequentemente, pro- Programas de vacinação em países nos
teção precoce para o sistema imune em quais a forma velogênica do vírus de
Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 26 -
Newcastle é endemica, a aplicação de os dois tipos de vacinas, o que é de-
VAXXITEK HVT+IBD e vacina inativada monstrado indepenedentemente do
contra ND com adjuvante oleoso é re- sistema de injeção (9). O principal bene-
comendada. As vacinas não são miscí- fício de tal associação feita no incubató-
veis, mas podem ser administradas no rio é a melhor absorção da vacina con-
mesmo momento, ao primeiro dia de tra Newcastle, resultado da utilização de
vida. Existe total compatibilidade entre VAXXITEK HVT+IBD (14).
Referências bibliográficas
1. Hoerr FJ. Clinical Aspects of Immunosuppres- and Complicating Pathogens. Rauischholzhau-
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Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 27 -
tious Bolsal Disease Vector Vaccine and Oil-Ad- tion parameters and meat properties in broilers.
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Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 28 -
SPRAY CABINET
Live respiratory vaccines
Newcastle disease vaccines
VAXXITEK HVT+IBD IB vaccines, etc.
Immune foundation ON-MISCIBLE VACCINE INJECTIONS
Inactivated in oil adjuvant vaccines
Newcastle disease
Avian influenza, etc.
Tabela 2: Poultry hatchery vaccine most commonly recommended associations – non miscible
vaccines with VAXXITEK HVT+IBD.
Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
Palestras
29 a 185
- 30 -
INTRODUÇÃO
Os dados da Organização das Nações animal no país, e a obtenção de tais in-
Unidas para Agricultura e Alimentação formações parece não ser simples (ITAVI,
indicam que a população mundial de 2012). As regulamentações em bem-es-
aves de produção é de aproximada- tar animal no Brasil estão mais desen-
volvidas nos processos de abate, como
mente 23,4 bilhões de animais (FAO,
a IN 3/2000 do Ministério da Agricul-
2013). Segundo a Associação Brasileira
tura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,
de Proteína Animal, o Brasil se man-
2000). A IN 56/2008 do MAPA (2008)
tém como maior exportador e terceiro
estabelece os procedimentos gerais
maior produtor mundial de carne de
de recomendações de boas práticas de
frango, atrás de China e Estados Unidos bem-estar para animais de produção
(ABPA, 2014). De toda a produção do e de interesse econômico, no entanto
Brasil, um volume de aproximadamente sem especificidade para cada cadeia
68% é destinado ao consumo interno produtiva no âmbito da propriedade
e 32% para exportações, no entanto as rural. Além disso, a informação técnica
exigências de mercados externos apre- disponível sobre o grau de bem-estar
sentam alta relevância na cadeia produ- de frangos de corte no nosso país é es-
tiva brasileira. Devido ao destaque do cassa. O bem-estar animal é um assun-
Brasil na produção mundial de carne de to emergente na América Latina devido
frango, alguns mercados externos bus- ao impacto na saúde animal, comércio
cam conhecer as condições de criação internacional, viabilidade econômica
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 31 -
industrial e percepção dos consumido- mento de frangos de corte (EUROPEAN
res (TADICH; MOLENTO; GALLO, 2010). COMMISSION, 2007) e as que proibiram
Parece consenso que o bem-estar ani- tanto o uso de gaiolas em baterias para
mal (BEA) será um assunto de crescente poedeiras (EUROPEAN COMMISSION,
importância no comércio internacional 2003) como o uso de celas de gestão
(RUSHEN; BUTTERWORTH; SWANSON, em suínos (EUROPEAN COMMISSION,
2011). Uma vez que a forma de criação 2001). Neste cenário, é crescente a pre-
pode influenciar o comportamento ocupação dos produtores locais da UE
de compra dos consumidores, a cer- com relação à competitividade de seus
tificação em bem-estar tem sido usa- produtos frente àqueles oriundos de pa-
da como atributo de qualidade pelas íses com menor regulamentação de BEA
empresas, sendo que redes varejistas (FIBL, 2010; VAN HORNE; BONDT, 2013).
e empresas de alimentação têm de-
senvolvido estratégias para promover Segundo o levantamento da Prote-
e defender padrões de BEA em seus ção Animal Mundial, o Brasil recebeu a
produtos (MAIN, 2008). O Brasil tem classificação C em uma avaliação sobre
demonstrado disposição e capacidade proteção animal, onde A é a melhor e G
para atender às exigências estrangeiras, é a pior condição (WPA, 2014). No item
incluindo as europeias (BRACKE; HOR- específico sobre leis de proteção foram
NE; FIKS, 2009). Desta forma, este texto feitas considerações sobre a necessida-
visa discutir o bem-estar de frangos de de de mais detalhamento na legislação
corte no Brasil sob os aspectos da situa- brasileira para aumentar seu potencial
ção atual e das exigências do mercado. na proteção animal, sendo consonante
com o resultado de outros trabalhos
nacionais e internacionais (FIBL, 2010;
SILVA; NÄÄS; MOURA, 2009; VAN HORNE;
DISCUSSÃO
ACHTERBOSCH, 2008). Sem um emba-
Contextualização samento técnico disponível, a inter-
As discussões sobre bem-estar de ani- pretação internacional sobre o BEA no
mais de produção são crescentes no ce- Brasil permanece excessivamente vul-
nário mundial. Nas duas últimas décadas nerável à influência do peso econômico
os países da União Europeia (UE) têm da questão. O resultado disso pode ser
sofrido pressões dos consumidores para prejudicial para o país, que acaba tendo
melhorar o grau de BEA, e essa pressão o BEA deduzido a partir do número de
tem se traduzido em regulamentações publicações e normatizações encontra-
mais restritivas e na exigência de redes das ou de fato compreendidas. Como
varejistas para que os produtores sejam exemplo, observa-se esta citação de Van
certificados em algum protocolo que in- Horne & Bondt (2013): “No Brasil não há
clua BEA (INGENBLEEK et al., 2012). Como muita informação disponível sobre bem
exemplo, cita-se a regulamentação euro- -estar animal uma vez que este assunto
peia que limitou a densidade de aloja- não recebe muita atenção no país”.
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 32 -
Bem-estar de frangos de ropeia e contempla medidas dentro de
corte no Brasil quatro princípios fundamentais de BEA:
boa alimentação, bom alojamento, boa
Recentes trabalhos começaram a escla-
saúde e comportamento apropriado (fi-
recer o grau de bem-estar de frangos de gura 1). Os resultados obtidos nas granjas
corte no Brasil (SOUZA et al., 2015; TUYT- foram transformados em escores que va-
TENS et al., 2014). Tuyttens et al. (2014) riam de zero a 100, onde 100 é a melhor
compararam o grau de BEA em granjas do condição de bem-estar. A figura 2 ilustra
Rio Grande do Sul e da Bélgica por meio os tipos de granjas avaliadas nos dois es-
do protocolo Welfare Quality® (2009). Este tudos, sendo elas no tipo convencional
protocolo foi desenvolvido na União Eu- no Brasil e galpão escuro na Bélgica.
Bom Comportamento a
Boa alimentação Boa saúde
alojamento propriado
Avaliação
Aves ofegantes e Mortalidade,
Caquexia1 comportamental
amontoadas eliminação
qualitativa (QBA)
Facilidade de
movimentação
Desidade de
alojmamento
1
Dados do SIF
Figura 1: Critérios de avaliação do protocolo Welfare Quality® (2009) para frangos de corte em
sistema industrial
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 33 -
A B
Figura 2: Granjas de frango de corte avaliadas pelo protocolo Welfare Quality® no Rio Grande do
Sul (A) e na Bélgica (B).
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 34 -
tes estudos, baixos escores na escala para o BEA, desde que haja treinamen-
de zero a 100. Dessa forma, a discussão to adequado do integrado em relação
entre os sistemas ocorre em um con- ao manejo e BEA. Nas integrações aví-
texto de escores que demonstram re- colas, o aprimoramento de práticas de
duzido grau de bem-estar em todos os manejo para reduzir problemas sani-
resultados publicados. tários e ambientais também tem sido
importante na promoção de melho-
rias para o bem-estar das aves. Essas
práticas, no entanto, podem ficar limi-
tadas quando alguns problemas de
BEA são característicos das linhagens
de crescimento rápido, conforme
apontado no relatório do European
Food Safety Authority (EFSA, 2010). De
um modo geral, pontos críticos ainda
precisam ser melhorados na avicultu-
ra de corte, como conforto térmico,
problemas do aparelho locomotor e
pododermatite (FEDERICI, 2012; MAR-
TINS et al., 2013; MENEZES et al., 2010;
SOUZA et al., 2015).
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 35 -
Segundo RUA (2014), duas normas pri- Na UE há aproximadamente 67 pro-
vadas são mais comumente usadas em tocolos de certificação de bem-estar
granjas e abatedouros de frangos de cor- de animais de produção nos países
te no Brasil, sendo estes o GLOBALG.A.P.® membros (ARETÉ RESEARCH & CON-
e o protocolo da rede McDonald’s, res- SULTING IN ECONOMICS, 2010). No
pectivamente. No entanto, outros dois Brasil não há um protocolo desenvol-
protocolos estão disponíveis no Brasil, vido localmente para certificação das
sendo um o Certified Humane® (2009), granjas de frango de corte. Em 2008
que abrange granja, transporte e abate- a ABPA, na época União Brasileira de
douro; e outro privado de um organismo Avicultura (UBA), organizou um co-
certificador, específico para abatedouros, mitê técnico com membros de em-
baseado na norma norte americana Na- presas de avicultura, universidades,
tional Chicken Council (NCC, 2010). organismos certificadores, Ministério
da Agricultura, empresas de fomento
O número de propriedades certifica-
à pesquisa e associações de proteção
das em protocolos específicos ou que
incluem BEA no Brasil é baixo em rela- animal. O trabalho culminou com a
ção ao número de propriedades exis- publicação de dois documentos téc-
tentes. Estima-se que as propriedades nicos: o Protocolo de Bem-estar de
certificadas representam aproximada- Frangos e Perus (UBA, 2008a) e a Nor-
mente 1,9% do total de propriedades ma Técnica de Produção Integrada de
nos três estados da região Sul do país, Frango de Corte (UBA, 2008b). Ambos
que é a região que concentra todas abrangem as granjas, transporte e
as propriedades certificadas do país abate, e contemplam itens de am-
(SOUZA, 2014). Em alguns países a pro- biente, manejo, biossegurança e bem
porção de propriedades de criação de -estar animal. O segundo protocolo,
frangos de corte certificadas em BEA no entanto, inclui uma lista de che-
é maior. O Reino Unido, por exemplo, cagem com itens obrigatórios, reco-
tem 90,0% dos produtores certifica- mendáveis, permitidos com restrição
dos no protocolo Assured Food Stan- e proibidos (tabela 1). Os protocolos
dard, que mantém um esquema de basearam-se, entre outros documen-
certificação de qualidade assegurada tos, na diretiva europeia CE/43/2007
envolvendo segurança alimentar, ras- (EUROPEAN COMMISSION, 2007) e no
treabilidade e BEA em toda a cadeia de protocolo GLOBALG.A.P.® na versão
produção (AFS, 2012). O sucesso do al- disponível na época. Os protocolos
cance desta certificação pode estar re- da ABPA funcionam como um código
lacionado com o fato do protocolo ter de prática de caráter informativo, sem
sido desenvolvido localmente e pela valor legal, e apresentam uma visão
demanda dos consumidores, que são do setor sobre os itens considerados
expressas por meio das exigências das como boas práticas de produção ani-
redes varejistas. mal pelo setor avícola brasileiro.
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
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Tabela 1: Exemplos de requisitos obrigatórios, recomendados, permitidos com restrição e proibi-
dos na criação de frangos de corte, conforme Norma Técnica de Produção Integrada de Frango
de Corte (UBA, 2008b).
Nível Requisito
Densidade de alojamento máxima de 38 kg/m2
Obrigatório
Mínimo de 10 lux por pelo menos 8h em 24h
Nível máximo de amônia (25 ppm), dióxido de carbono
(5000 ppm), monóxido de carbono (50 ppm), sulfato de
Recomendado hidrogênio (10 ppm) e poeira inalável (10 mg/m3)
Registar mortalidades e eliminações diárias
Jejum alimentar máximo de 12 horas antes do abate
Quando carregar aves pelas pernas, segurar no máximo
Permitido com três aves por mão
restrição Usar outro programa de iluminação para corrigir problemas
de comportamento anormal
Acesso de outros animais ao galpão
Proibido Carregar aves pela cabeça, pescoço, asa ou cauda
Agredir as aves ou usar práticas que causem dor ou sofrimento
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
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Tabela 1: Figura 5. Mediana (mín.-máx.) de escores de dez granjas de frangos de corte certificadas
e dez não certificadas do Paraná avaliadas por meio do protocolo Welfare Quality®, em Agosto de
2013, onde 100 é a melhor condição de bem-estar animal. * significa diferença estatística (P<0,05)
no teste unilateral de Mann-Whitney; QBA (Qualitative Behaviour Assessment) significa Avaliação
Comportamental Qualitativa.
De acordo com Webster (2009), os pro- oferecer aos animais uma vida que va-
tocolos de certificação normalmen- lha à pena ser vivida ao invés de somen-
te baseiam-se no conceito das Cinco te protegê-los de sofrimento desneces-
Liberdades da Farm Animal Welfare sário (LUNDMARK et al., 2014).
Committee (FAWC, 2013). Há uma ten-
dência de enfatizar-se as liberdades No protocolo Certified Humane®
nutricionais, ambientais e sanitárias nos (2009), por exemplo, o enriquecimento
protocolos, no entanto observa-se que ambiental (EA) nas granjas de frango
a inclusão de componentes relaciona- de corte é mandatório. No protocolo
dos com as esferas mentais e compor- GLOBALG.A.P.® (2013b) foi desenvolvi-
tamentais dos animais de produção co- do o módulo voluntário específico de
meçam a fazer parte dos esquemas de BEA, que também apresenta requisitos
certificação. Com o crescente interesse para uso de EA e de iluminação natu-
neste tema, observa-se que os próxi- ral nas granjas com vistas à melhoria
mos passos parecem ser na direção de do grau de BEA. Pesquisa recente tem
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 38 -
apontado a iluminação natural como CONSIDERAÇÕES FINAIS
item positivo para o bem-estar de fran- Os questionamentos sobre o grau de
gos de corte (BAILIE; BALL; O’CONNELL, bem-estar dos animais de produção no
2013). No Reino Unido, bloco que lide- Brasil são evidentes. Pesquisas iniciais
ra as discussões e regulamentações de mostram que o bem-estar de frangos
BEA, a adoção de luz natural em gal- de corte no Brasil em sistemas indus-
pões tornou-se obrigatório para todos triais não é inferior ao de outros países.
os fornecedores de carne de frango de No entanto, os resultados favoráveis ao
uma rede varejista (MORRISONS, 2013). Brasil nos estudos apresentados pare-
Assim, segundo Prescott (2004), as aves cem ser reflexo do sistema de produ-
poderiam se beneficiar de um sistema ção em granjas convencionais, caracte-
climatizado e ainda ter acesso à ilumi- rizadas pelo uso da iluminação natural
nação natural. Estes fatos podem for- e por uma menor densidade de aloja-
necer uma perspectiva sobre um dos mento em comparação com granjas
pontos nas futuras discussões sobre tipo galpão escuro.
bem-estar na avicultura de corte.
As demandas de BEA alteram-se cons-
Se por um lado as exigências de merca- tantemente em função de novas desco-
do não tiveram o mesmo impacto no bertas da ciência, novos anseios da so-
Brasil em relação à adoção dos proto- ciedade sobre a forma como os animais
colos de certificação nos moldes como devem ser tratados, mudanças nos ce-
tem ocorrido nos países da UE, por outro nários econômicos, entre outros fatores.
lado observa-se que esta exigência tem É preciso estar atento aos sinais dessas
sido benéfica no aumento de capacita- demandas. A movimentação em massa
ção em bem-estar animal nas empresas. de alteração nos galpões convencionais
A diretiva 1099/2009 da UE considera brasileiros rumo aos galpões escuros
que haja pessoal qualificado e formado parece controversa, no sentido de que
adequadamente para melhorar as con- em alguns aspectos representa a busca
de objetivos que os países desenvolvi-
dições como os animais são tratados
dos sinalizam como obsoletos. Desta
durante o abate (EUROPEAN COMMIS-
forma, o atual atendimento às exigên-
SION, 2009). Neste sentido, o programa
cias de BEA de mercados externos pode
STEPS, desenvolvido pela parceria do
ficar prejudicado futuramente.
MAPA e da Proteção Animal Mundial,
tem promovido o treinamento em abate A simples adoção de padrões estrangei-
humanitário, e já alcançou mais de 1800 ros não parece ser o melhor caminho
pessoas diretamente, entre funcionários para melhorar o grau de BEA no Brasil. É
de frigoríficos e professores (WPA, 2011). necessário que o país desenvolva seus
A partir disso é possível a formação de próprios critérios e monitore-os, mas
multiplicadores dentro das próprias em- para isso torna-se essencial conhecer o
presas e universidades, repassando os grau de bem-estar das aves nos diferen-
conceitos de BEA. tes sistemas brasileiros de produção. O
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 39 -
país precisa também avançar em regu- forma, o país poderá se fazer valer do seu
lamentação de bem-estar de animais potencial produtivo e dividir a liderança
de produção na propriedade rural, em na discussão internacional dos assuntos
complemento ao que está sendo desen- relacionados ao bem-estar de frangos
volvido nos processos de abate. Desta de corte.
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Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 42 -
André Marca
Copacol, Cafelândia/PR
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 43 -
É a ação de conjugar as atividades Aves apresentam faixas de conforto tér-
manuais com a tecnologia avançada, micos que variam de maneira sensível
com o objetivo de definir ou traçar ao longo das semanas, devido à rápida
decisões a serem tomadas em um mudança das mesmas com aumento
sistema de produção agropecuário. de massa corporal e cobertura de penas.
Desta forma para manejarmos de ma-
neira adequada as aves e obtermos
os melhores resultados zootécnicos e Histórico
econômicos, precisamos primeiro nos De acordo com Albino e Tavernari
aprofundar nos conhecimentos de fi- (2010), a domesticação da galinha teve
siologia das aves, meteorologia e clima- origem na Índia e as atuais variedades
tologia da região onde pretendemos foram originadas da espécie asiáti-
atuar, modelo de criação, modelo de ca selvagem Gallus gallus, conhecida
galpão, insumos disponíveis para nu- também como Gallus bankiva e Gallus
trição, aquecimento, ventilação, cama,
ferrugineus. Primeiramente, foi utilizada
mão-de-obra, entre outros.
como animal de briga ou como objeto
de ornamentação.
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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Sistemas de criação. Sistema intensivo
As explorações que se dedicam à avi-
Sistema extensivo cultura intensiva requerem maiores in-
Quando os frangos são criados em li- vestimentos, tanto de capital como de
berdade e podem bicar e esgravatarem mão de obra. O tamanho dos lotes de
livremente à procura de comida, fala-se aves no sistema de produção intensi-
de avicultura extensiva. va normalmente situa-se entre 15.000
– 50.000 aves. Tal foi alcançado através
dos avanços na investigação sobre in-
cubação artificial, necessidades nutri-
cionais e controle das doenças.
Modelos de exploração
Sistema semi-intensivo
A avicultura contempla os três modelos
No sistema de produção avícola semi de exploração existentes no Brasil: inde-
-intensivo, também conhecido como pendente, verticalizado e integrado.
produção de pátio ou quintal, o nú-
mero de aves por lote varia entre 50 a • Modelo independente: o avicultor de
200. É uma criação em pequena escala. frango de corte se responsabiliza por
Nos sistemas semi-intensivos, as aves todas as fases da produção, desde a
encontram-se confinadas a um espaço aquisição dos pintinhos, sua criação até
aberto vedado com arame. Existe um o ponto de abate.
pequeno galinheiro onde as galinhas
podem permanecer à noite. O criador • Modelo verticalizado: várias fases de
das aves fornece praticamente toda a produção estão inseridas em uma mes-
ma empresa, por exemplo, criação dos
comida, a água e outras necessidades.
pintinhos, abate e comercialização.
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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tregam a produção à empresa integra- do, onde possam manifestar todo
dora. Em outros casos, a empresa aluga seu potencial genético em uma área
galpões de sua propriedade a pequenos confortável. Alguns cuidados devem
produtores. Então, com o alojamento dos ser observados aos se definirem a es-
pintinhos, surge a relação de integração. colha do local e a construção das ins-
talações avícolas. O clima é um dos
mais importantes fatores a serem
Instalações considerados na hora de projetar um
As instalações devem fornecer as galpão, também chamado de aviário
aves um ambiente limpo e protegi- para frangos de corte.
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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Lana et al (2001) recomenda para fran- fase do período de produção das aves,
gos de corte, machos, no período de 1 manejando as ferramentas que temos a
a 42 dias de idade, a densidade de 16 disposição.
aves/m2, independentemente do pro-
grama de alimentação, para se obter O conceito atual de ambiência leva em
melhor desempenho produtivo e das conta não somente as condições termo
aves, desde que haja bom controle do dinâmicas do galpão (trocas térmicas
ambiente e adequado manejo alimen- secas e úmidas – calor sensível e calor
tar. Desta forma a densidade de criação latente) e a velocidade do ar, mas tam-
das aves, que impacta diretamente na bém a interação destas com dados de
viabilidade econômica do negócio, fica poeira em suspensão e gases produzi-
dependente do nível de manejo dos pela cama. Pode-se então definir
ambiente interno ideal como aquele
que permite, com o equilíbrio e har-
monia entre tipologia, termodinâmica
Ambiência e velocidade do ar, uma qualidade de
Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem ar com condições ótimas para as aves
se mantido na liderança das exporta- alojadas. Naas (2004)
ções da carne de frango. Também se Neste contexto torna-se cada vez mais
destaca como um dos principais pro- necessário a utilização de ferramentas
dutores mundiais de frangos de corte. de medição para gases, poeira, veloci-
Este avanço se deve ao esforço conjun- dade do ar, umidade, temperatura, lumi-
to da cadeia avícola no que se refere ao nosidade, pressão estática entre outros
melhoramento genético das linhagens, para direcionar as ações de manejo das
desenvolvimento expressivo da sanida- aves de forma mais precisa e efetiva.
de animal e também na determinação
precisa das exigências nutricionais. Antes de conhecer as técnicas de con-
trole do ambiente para frangos de cor-
Ao mesmo tempo a área de ambiência te, é necessário saber quais são as faixas
e suas tecnologias ganharam cada vez ambientais de temperatura e umidade
mais importância na avicultura de corte. de conforto para frangos de corte.
A variedade de recomendações vai muito
além do ambiente térmico, sendo que a
Faixa de
ambiência, por conceito, possui alcance TCI ZTN TCS UR
idade
quanto à qualidade do ar, luz, água, tipos
Inicial 28ºC 30 - 32ºC 38ºC 65 -
de materiais de construções e galpões
Adulto 15ºC 21 -24ºC 32ºC 70ºC
avícolas, assim como o trabalhador e suas
interações com os animais durante o ma- Tabela 1: Temperatura crítica inferior (TCI),
zona de termoneutralidade (ZNT), tempera-
nejo, segundo Paranhos da Costa (2000).
tura crítica superior (TCS) e umidade relativa
O foco principal deve estar voltado em do ar (UR) recomendada para frangos de corte.
conseguir uma ambiência ideal a cada Fonte: Curtis, 1983; Macari; Furlan, 2001.
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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A zona de termo neutralidade (ZTN) é a Quando a temperatura ambiental en-
faixa térmica na qual a ave não possui contra-se fora da temperatura crítica
gastos elevados com controle térmi- superior (TCS) e/ou da umidade relativa
co corporal. Com isto, economiza-se a de conforto, as aves apresentam os se-
energia metabólica que a ave utilizaria guintes comportamentos:
para enfrentar uma situação de estresse
e, ao invés disso, o frango converterá em • Eriçamento de penas e afastam as
maior produção (Figura 1). asas do corpo;
Figura 1: Variação do ganho de peso (g), con- • Ofego, ou seja, bicos abertos forçan-
sumo de ração (g) e conversão alimentar (g/g) do a respiração mais rápida;
preditos em função da temperatura de criação.
• Aumento do consumo de água;
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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mais eficientes. Desta forma, as aves recor- Os fatores térmicos representados por
rem à troca latente, que é representada temperatura do ar, umidade, radiação e
pela evaporação (ofego). Segue abaixo as movimentação do ar são aqueles que
características de cada uma: afetam mais diretamente o desempe-
nho da ave, pois comprometem sua
função vital mais importante: a manu-
tenção da sua própria temperatura.
Trocas sensíveis
• Condução: exige contato entre dois
corpos. Para que haja esta troca de
calor é necessária a diferença de tem- Condições térmicas
peratura entre as superfícies. Aves em da água
contato com a cama no aviário realiza A água exerce importância fundamen-
troca por condução. tal nos processos de digestão, respi-
• Radiação: não exige contato entre os ração, excreção de resíduos, dentre
animais, bem como com as superfí- inúmeros fatores. Entretanto, uma das
cies materiais. O calor é transmitido utilidades principais da água na avi-
via ondas eletromagnéticas de infra- cultura é a regulação térmica das aves.
vermelho termal. Desde um animal Quando o frango sente calor, um dos
exposto ao sol ou duas aves próximas primeiros recursos é aumentar o consu-
trocam calor por radiação. mo de água. Em ambientes quentes, o
consumo é muito maior do que o usual.
• Convecção: troca de calor devido à Segundo Viola et al.(2011), o consumo
movimentação do ar. O ar mais frio é de água pelo frango aumenta em torno
mais denso e, portanto mais pesado. de 7% para cada 1ºC acima da tempera-
O ar quente, por ser menos denso, tura do conforto térmico.
sobe facilmente. Com esta movimen-
tação entre ar frio e quente, a ave tro- Desta forma, o avicultor deve cuidar da
ca calor com o meio. O uso de venti- temperatura da água dentro do aviá-
lação ou exaustores no galpão é um rio, pois a ingestão diminui quando a
exemplo deste tipo de troca de calor. água está aquecida. Segundo Silva e
Sevegnani (2001), o cuidado maior com
a água deve ser tomado principalmen-
te no verão, quando a temperatura da
Trocas latentes
água na caixa d’água atinge valores
• Evaporação: ao evaporar a água, ocorre muito próximos ou maiores que 36ºC.
retirada de calor, diminuindo a tempe-
ratura corporal do animal. Como as aves A temperatura da água dos bebedou-
não possuem glândulas sudoríparas ros no aviário deve estar inferior a 24ºC,
ativas, elas utilizam do mecanismo de sendo o ideal em torno de 15 a 20°C em
ofego para realizar este tipo de troca; períodos mais quentes.
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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Para evitar aumentos na temperatura prejuízo em termos de produtividade,
da água, deve ser feito uma proteção ou como também alteração na fisiologia e
sombreamento para as caixas d’água no bem-estar das aves, podendo levar
ou reservatórios. as mesmas à mortalidade ou descarte.
Por fim, outros fatores são importantes,
Em termos de manejo, uma técnica de como o mercado (partes inteiras, rendi-
ambiência importante é a renovação de mento de carcaça), idade de abate, cus-
água na tubulação de água, ou também to da alimentação, densidade de aves e
conhecida como flushing. Em muitos tipo de alimento.
aviários modernos, este mecanismo já é
acoplado a um sistema de automação. O mais recomendável é entre 17 a 20
Em aviários sem o equipamento auto- horas de luz, sendo não recomendável
mático, a técnica pode ser realizada de programas em torno de 23 horas de luz
maneira manual, com custo baixo e alta (exceto nos primeiros dias), o que pre-
eficiência. judica o desempenho e bem-estar das
aves. Sempre siga rigorosamente o pro-
O flushing é recomendado para fran- grama estabelecido pelos técnicos da
gos de corte com idades mais baixas empresa integradora, fornecido a cada
e aquecimento do ambiente, especial- alojamento do lote.
mente quando a temperatura interna
do aviário se encontra acima de 24°C No primeiro dia, é recomendado 24
(CERATTO, 2011). horas de luz, visando estimular as aves
para maior consumo de ração e inges-
tão de água. Após isto, deve-se diminuir
gradativamente até chegar ao progra-
Iluminação ma de luz desejável. Outra recomen-
A luz possui grande importância fisio- dação é com relação a intensidade de
lógica para frangos de corte. Sabe-se luz. Segundo recomendações da Cobb
período de luz prolongado para aves (2013), devem ser atendidos 30 a 40 lux
aumenta o desempenho produtivo, na primeira semana e depois 5 lux no
com base no aumento de consumo e lugar mais escuro ao nível do piso.
melhoria da conversão alimentar. Toda-
via, a regra não é tão simples. Segundo
a AVIAGEN (2010), primeiramente o
produtor deve considerar a linhagem, Medidas das condições
sexo e qual a idade em que se trabalha térmicas no aviários
com um dado programa de luz. Aves
Temperatura, umidade e
mais adultas são mais adaptáveis a pe-
ríodos mais curtos de luz do que aves velocidade de vento
mais jovens. Em segundo lugar, se o Com o avanço tecnológico na avicul-
aumento for exagerado, ou seja, acima tura e o surgimento da automação nos
de 20 horas de luz, não somente haverá aviários, muitos avicultores deixam de
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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lado a medição das variáveis térmicas, sensação de ‘abafamento’, também
por acreditar que o sistema automáti- aumentando o estresse por calor.
co de climatização e seus sensores fa- Além disso, pode ocorrer condensa-
rão isto por eles. De fato, tais sistemas ção de água (passagem do estado
possuem eficiente rede de sensores de de vapor para líquido) na superfí-
temperatura, umidade e pressão para cie do forro e na cortina/parede,
controlar desde o aquecimento, o fun- aumentando o risco de desenvol-
cionamento dos painéis evaporativos, vimento microbiano e excesso de
bem como também o acionamento umidade na cama;
dos exaustores. Porém, deve-se fazer um
controle diário, mesmo com tais senso- • Alta umidade e baixa temperatura:
res instalados, pois além destes pode- aumenta a sensação térmica por
rem apresentar falhas de funcionamen- frio nas aves. A água conduz mais
to, estes equipamentos são instalados calor do que o ar, provocando uma
em pequeno número do galpão, o que perda de energia térmica mais for-
acarreta numa determinação média de te nas aves do que em condição de
condições térmicas. O trabalhador deve conforto;
medir em vários pontos, nos animais e
na estrutura de alvenaria, para facilitar • Alta velocidade do vento: benéfico
a tomada de decisão sobre o melhor no verão para aves adultas. Todavia
procedimento de ambiência naquela o excesso pode provocar descon-
ocasião. forto e perda excessiva de calor. Tal
situação é mais crítica para animais
As variáveis mais importantes para as
jovens e também no frio. Deve-se
aves são a temperatura, umidade rela-
apenas ter a ventilação mínima nes-
tiva e velocidade do vento. Apesar da
tas etapas;
grande importância da temperatura do
ar e esta consistir na primeira preocu- • Baixa velocidade do vento: o nível
pação do avicultor em termos de am- de gases que são tóxicos para as
biência, ela nunca deverá ser analisada aves, especialmente a amônia e o
separadamente das demais. São as três dióxido de carbono podem alcan-
em conjunto que determinam o con- çar níveis alarmantes para o desen-
forto térmico nas aves:
volvimento das aves. Em épocas
• Baixa umidade e elevada tempera- quentes, as aves são mantidas em
tura: podem provocar desidratação estresse térmico por mais tempo,
nas aves, aumentando o estresse por dependendo das faixas de tempe-
calor. ratura e umidade do ar.
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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ção que possibilita juntar em um único PEA/ESALQ/USP), o índice consiste em
indicador todas as variáveis térmicas uma equação que possui como variável
de interesse e seus efeitos. Esta faci- de entrada a umidade relativa e tempe-
lidade de ter um número atribuído a ratura. Todavia, a grande vantagem des-
uma faixa que possa indicar aos pro- te índice é que foi elaborado um con-
dutores qual momento para tomada junto de tabelas que facilitam a análise
de ações para melhoria do conforto dos técnicos e produtores de frangos de
térmico das aves. Todavia, a maioria corte. As tabelas práticas de entalpia são
dos índices utilizam variáveis bem di- divididas por semanas de criação, devi-
fíceis de serem medidas no dia a dia do à necessidade diferenciada quanto à
do produtor. Outros consistem em mo- temperatura combinada com a umida-
delos bastante complexos, que são de de. Em cada uma existem quatro faixas
difícil interpretação. de cores, que simboliza as transições
entre as situações de conforto e estres-
Desta forma, um dos índices de fácil uso se térmico, a saber: verde (situação de
para os produtores é o Índice Entalpia conforto térmico), amarela (situação de
de Conforto Térmico (H). Elaborado pelo alerta), laranja (situação crítica) e verme-
Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NU- lha (situação letal para frangos).
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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pode ser afetada se os pintainhos forem Visando o alojamento e o conforto tér-
mantidos em ambientes fora da faixa de mico dos animais, o aviário deve ser
conforto (abaixo de 28ºC). As característi- aquecido com 6 a 24 horas de antece-
cas dos animais que justificam um bom dência buscando a temperatura ideal
sistema de aquecimento são: de ambiente e cama.
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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condições de produção avícola no Bra- Ventilação
sil. Dentre eles, destacam-se os seguin- A ventilação é o principal recurso de cli-
tes equipamentos (ABREU, 2003): matização utilizado na avicultura indus-
trial. Todo o investimento na nutrição e
• Aquecedores à lenha: um dos mais melhoramento genético pode ser inútil
antigos sistemas utilizados na avi- se a renovação de ar em um galpão for
cultura. Possibilita a combustão da mal gerenciada. Apesar das tecnologias
madeira e a suplementação de calor de automação presentes nos galpões, o
via condução, por meio da instalação produtor e o técnico devem ficar aten-
de tambores ou sistemas de distribui- tos à variação da velocidade do vento
ção de calor em tubos. Atualmente dentro dos aviários.
os aquecedores passaram a também
realizar combustão de carvão. A prin- A boa ventilação traz os seguintes be-
cipal desvantagem deste sistema nefícios para as aves:
consiste na queima incompleta da • Reduz a temperatura retal das aves,
lenha, gerando altas concentrações mantendo em torno de 41,5ºC;
de gás carbônico, podendo resultar
em fumaça dentro do galpão se mal • Reduz a taxa respiratória (maioria
dimensionado; das aves sem bico aberto por muito
tempo);
• Aquecedores a gás: um dos mais co-
muns para aquecimento local nos • Introduz oxigênio no galpão, extrain-
aviários. Consiste na combustão de do o excesso de CO2 e amônia;
gás natural ou GLP (gás liquefeito
• Previne o acúmulo de amoníaco, pelo
de petróleo). Pode ser utilizado com
controle da umidade da cama e do ar;
campânulas, localizados próximos
às aves em círculos de proteção. A • Economia na energia elétrica, devido
desvantagem é o aquecimento não ao uso eficiente e de precisão dos
uniforme, e os gases provenientes da ventiladores ou exaustores.
combustão podem prejudicar o apa-
relho respiratório dos pintainhos;
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
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Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 57 -
Over the past few decades, the regula- Ever since the establishment of the
tory framework for animal protection World Trade Organization (WTO) in
in many countries have been modified 1995 there have been controversies
so to include minimum welfare requi- regarding the possibility of import tra-
rements for the use of animals. This de requirements to be adopted on the
means that besides legal provisions on grounds of animal welfare concerns.
animal cruelty, many jurisdictions have This is because the rules embodied in
also adopted measures to protect and the WTO are very restrictive regarding
promote the physical, behavioral and product differentiation based on me-
psychological needs of animals. In light thods of production. The uncertainty
of this evolving governance of animal regarding the compatibility of WTO
welfare issues, discussions arose regar- law and animal welfare measures have
ding the relationship between animal led to a high degree of cautions on the
welfare measures and international part of some legislators, which ultima-
trade law. In particular, discussions have tely resulted in many animal welfare
been held on whether and how animal regulatory measures been amended
welfare measures could be incorpora- or postponed (Cook and Bowles, 2010;
ted in international trade relations. Stevenson, 2009). In the coming years,
Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
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however, some legislators may find 25 November 2013) and the Appellate
themselves tempted to drop this cau- Body (on 22 May 2014) upheld the EU’s
tion attitude since in a recent WTO dis- public morals defence under Article
pute it was decided that animal welfare XX(a).
concerns fall within the scope of the
exceptions listed in Article XX of the The decision taken by the WTO adju-
dicatory bodies, undoubtedly, set an
General Agreement on Tariff and Trade
important legal precedent for future
(GATT).
assessment of animal welfare measures
This decision was taken within the under the WTO framework. This deci-
context of a trade dispute initiated by sion indicates that within the multilate-
Canada and Norway against the Eu- ral trading system there is space to ac-
ropean Union (EU) measures relating commodate moral concerns regarding
to seal products, namely Regulation the treatment of animals. Nonetheless,
(EC) n. 1007/2009 and Regulation (EC) cautions on the part of legislators are
n. 737/2010. In brief, these Regulations still necessary when drafting animal
prohibit the marketing of products welfare measures, specially import
derived from seals on the EU market. bans. This is because the EC-Seal Pro-
Canada and Norway, who are among ducts case concerned a specific situ-
the largest producers of seal products, ation of hunting where environmental
claimed that the above measures are conditions render it impossible to apply
inconsistent with the obligations of the and enforce requirements of huma-
European Union under the multilateral ne killing methods in an effective and
trading system because, among other consistent manner. Thus, the reasoning
provisions, these measures violate Ar- adopted by the Panel (and endorsed by
ticle I:1, III:4 and XI: 1 of GATT 1994. In the Appellate Body) was that an import
ban, which is the most trade-restrictive
its defence, the EU invoked the ‘public
measure a country can adopt, were ne-
morals’ exception in GATT Article XX(a).
cessary measure to ensure the desired
According to the EU, the Seal Regime is
level of animal protection.
necessary to protect deep and longs-
tanding moral concerns of the EU pu- However, in circumstances of a con-
blic with regard to the presence of seal trolled environments, as in the case of
products on the EU market that may farm animals, import bans may not be
have been obtained from animals kil- deemed necessary and thus less-trade
led in a way that causes excessive pain, restrictive measures like certification
distress, fear or other forms of suffering and labeling requirements will need to
to the animals. Despite repeated argu- be adopted instead. Within such con-
mentation by Canada and Norway that text, it is important for legislators not to
the EU has failed to show that addres- lose sight of the standards developed
sing public moral concerns is the objec- by the World Organisation for Animal
tive of the EU Seal Regime, the Panel (on Health (OIE).
Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
- 59 -
Since an OIE Animal Welfare Working fication drafted on the basis of OIE ani-
Group was inaugurated at the 70th mal welfare will redress a major concern
General Session of the OIE in May 2002, regarding the use of private standards,
ten chapters on animal welfare recom- that is the lack of scientific basis.
mendations have been incorporated
in the OIE Terrestrial Code and ano- Addressing societal concerns through
ther four in the OIE Aquatic Code. Even private standards has become a com-
though these recommendations have mon practice in domestic and inter-
not (yet) been formally granted the national trade relations. Research has
same special status that OIE animal he- shown that such practice has contribu-
alth standards have in relation to WTO ted to spread animal welfare practices
legal framework1, in practice these re- and policies within and across several
commendations have been offering a countries (Maciel, et al 2015; Fulponi,
good benchmark for importing and ex- 2006; Lindgreen and Hingley, 2003).
porting countries to reach a common Nonetheless, concerns have mounted
understanding on animal welfare. A about potential negative effect of pri-
well known example is the trade agre- vate standards that are implemented
ement between European Union and on the basis of pure commercial con-
the Republic of Chile2, which asserted siderations. Some of these concerns
OIE animal welfare standards as a refe- relate with the inadequacy of imple-
rence for establishing equivalence in menting standards of one region in
import requirements (Stuardo and Ma- another given the potential for a loss
ciel, 2013). OIE animal welfare standards (in contrast with a increase) in animal
are also currently serving as a basis for welfare. Another concern regarding the
the International Organization for Stan- lack of scientific basis in private stan-
dardization (ISO) to draft an technical dards, refers to a potential arbitrariness
specification for animal welfare. The ex- in the discrimination of products, whi-
pectation is that an ISO technical speci- ch would constitute an unlawful trade
barrier. To avoid these negative poten-
1
The OIE, along with the Codex Alimentarius Com- tials is that OIE is collaborating and for-
mission and the International Plant Protection Con-
vention, is one of the so-called “three sisters”, whose ming partnerships with organisations
standards, guidelines and recommendations are representing all relevant sectors of the
specifically recognised in the World Trade Organi- production and distribution chain for
zation’s Sanitary and Phytosanitary (SPS) agreement.
This means that OIE standards for animal health and animals and animal products to deve-
zoonosis serve as a references to international trade lop and promote the OIE animal welfare
system. As such, when a country defines import re- standards as the key reference for natio-
gulation in conformity with OIE recommendations
there is a presumption of conformity with the SPS nal, regional and international trade. In
Agreement. doing so, Members of the OIE seek to
2
European Union –Republic of Chile Agreement on ensure that both public and private
Sanitary and Phytosanitary Measures Applicable to
Trade in Animals and Animal Products, Plants, Plant standards for animal welfare are consis-
Products and Other Goods and Animal Welfare. tent with the OIE standards.
Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
- 60 -
Following on from this, one sees that arrangements for ensuring high stan-
animal welfare are increasingly gaining dards of animal welfare. Nonetheless,
space in the law and practice of inter- caution is needed to so ensure that also
national trade. That gives policy make- the principles of multilateral trading
rs greater scope to develop regulatory system are not disregarded.
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Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
- 61 -
Genética Suína:
onde estamos e até onde podemos chegar
Fernando A. Pereira
Engenheiro Agrônomo, M.Sc.
Presidente Executivo da Agroceres
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
- 62 -
duzir machos reprodutores (linhas pa- cursos hoje disponíveis em Tecnologia
ternas) e para produzir matrizes (linhas da Informação.
maternas), mediante a adoção de obje-
tivos distintos de seleção.
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
- 63 -
Exemplo de um sofisticado e eficiente animal ou porque só se manifestavam
processo de seleção que incorpora to- em um dos sexos.
dos esses desenvolvimentos é descrito
por Culbertson & Nascimento (2014). Esta recente aceleração do progresso
Os principais componentes deste pro- genético gerou também a oportunida-
cesso são: de e viabilidade da adoção de técnicas
que proporcionam drástica redução no
1.
Sequenciamento do genoma de atraso genético entre as Granja Núcleo
todo o plantel de reprodução das (granjas onde são selecionadas as linhas
granjas núcleo e de todos os suínos puras) e as granjas comerciais, com ex-
nela avaliados; pressivos ganhos econômicos. Isto é
feito por um processo que monitora o
2. Obtenção das informações fenotípi- valor genético dos suínos usados para
cas para as características, objeto da reprodução e que utiliza métodos al-
seleção, para cada indivíduo avaliado; tamente eficiente de disseminação de
genes de reprodutores que têm valor
3. Obtenção de informações de indiví-
genético muito alto. Novas tecnologias
duos parentes, avaliados em granjas
de reprodução como, por exemplo, a
comerciais;
Inseminação Intrauterina e o uso eficaz
4. Utilização de um amplo banco de da- de sêmen com menor concentração
dos de indivíduos parentes daqueles espermática, também contribuem para
sendo avaliados; aumentar tais ganhos.
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
- 64 -
leitões com baixo peso ao nascimento; ciência de conversão da ração utilizada
seleção para aumento da habilidade de pelas matrizes e para redução de per-
produção de leite; para melhoria de efi- das no transporte.
Referências bibliográficas
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
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Anais SIAVS 2015 - The prospects of genetic selection to improve the well-being and productivity in...
- 78 -
production potential of the animals sure on producers to adapt or outri-
such as through culling of animals with ght forces them to change production
leg defects or inferior locomotion qua- specifications, either with or without
lity which has been critical to species financial compensation for the increa-
where continued selection for meat sed cost of production. As an example,
yield has increased body weights of the an agreement between Dutch retailers
animals at market age (broilers, turke- will ban the sale of any broiler meat that
ys, pigs). Furthermore, as described by is produced by broilers growing faster
Neeteson et al (2013) in a recent article, than 50 grams per day.
since the 1950’s when productivity was
the overriding breeding goal, other se- Many subjects are on the list of concer-
lection traits have become increasingly ns that the public may have with com-
important with product quality and effi- mon practices in animal production:
ciency being the first to follow produc- improper euthanasia of animals with
tivity and robustness traits following defects or of all animals of the non-de-
suit. sired sex, such as day old males in layers,
castration of piglets without anesthe-
sia, etc. The ever continuing focus of
the production industry on cost price
Today per unit of product makes it very hard
Today, production and efficiency of for the industry to pro-actively address
poultry and pork production have ri- such societal concerns.
sen to very high levels. But demand for
Personally, I also think that the increa-
animal protein is still increasing while
sing impact of infectious diseases with
at the same time there are other and
epidemic-like characteristics such as AI
often conflicting demands regarding
in poultry and PED in pigs is not only
health and welfare of the animals and
bad for the predictability and reliabi-
regarding the sustainability of the ani-
lity of supply to consumer outlets but
mal protein production systems per se
could also raise public concern about
due to limited global resources of land,
the vulnerability of the global supply
energy and water.
chains for animal protein products in
Public concerns about animal welfare general.
in large scale animal production are no
longer only expressed by NGO’s, but
increasingly become part of national
The future and the role
and supra-national (such as European
Union or OIE) legislation and agree- of animal breeding
ments. Moreover, the (perceived) con- There is no escape: production, pro-
cerns of consumers are being included duction efficiency and reliability of su-
by retailers and food companies in their pply must increase to accommodate
“marketing mix”.This increases the pres- the growing global demand for animal
Anais SIAVS 2015 - The prospects of genetic selection to improve the well-being and productivity in...
- 79 -
protein, while at the same time require- period of consolidation in the breeding
ments for increased health and welfare, industry - all but completed in poultry
and sustainability in general must be breeding, progressing at increasing
dealt with. pace in pig breeding – the breeding
companies now have the capacity to
I am optimistic about the role that ani- put these novel technologies to work.
mal breeding can play to support the Plant breeding has shown us the way
global industry in dealing with these how to use innovation for the good of
challenges. the global production industry and we
can also learn of their mistakes.
Technological developments in the
field of genetics, and especially DNA During my presentation I will show a
technologies, have been truly revolu- number of examples of how and where
tionary and, similarly, we have increa- animal breeding can exploit the novel
sed our capabilities for large scale and technological capabilities to address
automated data collection and data the issues that are facing the global ani-
handling equally impressively. After a mal production industry.
List of references
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Anais SIAVS 2015 - The prospects of genetic selection to improve the well-being and productivity in...
- 80 -
Anais SIAVS 2015 - Principais entraves no processo de registro de estabelecimentos avícolas comerciais
- 81 -
mentos necessários, providenciados pe- comum nos depararmos com granjas
los produtores e Responsáveis Técnicos, construídas próximas a estradas, bar-
acompanhados do Termo de Vistoria e rancos ou então que apresentam gal-
“Roteiro para Inspeção Física e Sanitária pões muito próximos uns dos outros,
para Registro de Estabelecimento Aví- inviabilizando a construção de cercas
cola Comercial”, ambos preenchidos na com distância mínima de 5 metros.
propriedade no momento da vistoria
oficial. Este Roteiro foi elaborado especi- Outro entrave, talvez um dos mais dis-
ficamente para esta finalidade, auxilian- cutidos desde a publicação das norma-
do o Fiscal Agropecuário a seguir um tivas referentes ao registro, é a instala-
padrão no momento da vistoria e pos- ção de telas com malha não superior a
uma polegada (2,54 cm) nos vãos ex-
sibilitando que fique documentado em
ternos livres dos galpões. Para diminuir
formulário próprio se a granja está apta
o custo com material e mão de obra,
ou não a receber o registro.
alguns produtores optaram pela sobre-
É importante salientar que a granja será posição de telas ao invés da substitui-
registrada somente se a estrutura física ção da antiga pela nova com malha não
for considerada apta e se a documenta- superior a 2,54 cm. Esta sobreposição
ção estiver completa, de acordo com a não foi motivo de objeção pelo serviço
legislação vigente. oficial, porém foi orientado a todos os
produtores e responsáveis técnicos que
Finalmente, o “Certificado de registro” e a mediante acúmulo de sujeira, o risco de
pasta de processo contendo todos os do- ocorrência de doenças aumentaria e
cumentos relacionados a este certificado por isso a granja se tornaria inapta ao
são encaminhados para a unidade local. registro. Ainda com relação às telas, os
Responsáveis Técnicos pelas granjas de
Portanto, podemos separar o processo
postura que possuem galpões auto-
de registro em três fases distintas: 1ª
matizados, relutam em instalar as telas.
fase- Inspeção na propriedade; 2ª fase-
Segundo eles, a criação de aves de múl-
Conferência de Documentos; 3ª fase -
tiplas idades não permite a realização
emissão e encaminhamento do certifi-
de vazio sanitário e por isso não é pos-
cado de registro.
sível realizar limpeza e desinfecção nas
telas de forma adequada. O acúmulo
de resíduos na tela prejudicaria muito
Principais entraves em a qualidade do ar, predispondo as aves
às doenças respiratórias, e consequen-
cada fase do processo de
temente à queda na produção de ovos.
registro
1ª fase- Inspeção na propriedade Ao longo deste processo de registro de
granjas, foi observado que há uma gran-
Grande parte das granjas do Estado de de migração dos produtores entre as
Minas Gerais é antiga e por isso é muito empresas integradoras e arrendatários
Anais SIAVS 2015 - Principais entraves no processo de registro de estabelecimentos avícolas comerciais
- 82 -
de granjas, com consequente cance- ideais para um bom e adequado fun-
lamento de um registro e inicio de um cionamento de um estabelecimento
novo processo, o que demanda envio de avícola. Alem de fugir da realidade da-
novos documentos e de novas vistorias. quela granja, faz com que o documento
perca o sua função.
Foi observado também que granjas que
fazem parte de integrações se esforçam 3ª fase - Emissão e encaminhamento
mais para adequar suas granjas às exigên- do Certificado de Registro
cias estabelecidas pelas normativas, seja
por entender a importância do registro, Muitas vezes os produtores e responsá-
seja pela simples imposição da empresa. veis técnicos não entendem que desde
Ao contrário, produtores independentes a entrega dos documentos na Unidade
alegam não ter recursos para atender es- Local, vistoria da propriedade e conclu-
tas exigências e em outras situações se são do registro existe um tempo míni-
justificam com a simples falta de interesse. mo necessário para que os certificados
sejam emitidos.
2ª fase- Conferência de Documentos
Apesar de todos os esforços que o SVO
Nesta fase, o principal entrave encon- tem feito para acelerar o processo de
trado pelo Serviço Veterinário Oficial registro, nem sempre é possível atender
são os documentos vencidos ou inade-
demandas inesperadas em curto espa-
quados apresentados para o registro de
ço de tempo, o que torna um grande
granja. Entre os documentos vencidos,
entrave para o registro.
o mais comum é o exame de agua. En-
tre os inadequados, as plantas baixas e
de localização, e o memorial descritivo.
Considerações finais
A falta de padrão na documentação
apresentada também pode se tornar Apesar das dificuldades relatadas neste
um entrave do registro, pois dá espa- documento, o registro de estabeleci-
ço a subjetividade, uma vez que nem mentos avícolas comerciais está sendo
sempre é o mesmo fiscal que avalia os realizado no Estado de Minas Gerias de
documentos. forma ininterrupta, elevando o índice
de granjas registradas.
O objetivo do memorial descritivo é
descrever da forma mais completa pos- Produtores e empresas avícolas tem se
sível todas as ações realizadas na granja, conscientizado que uma granja regis-
desde a produção até os cuidados sani- trada não serve apenas para atender
tários. Porém, alguns Responsáveis Téc- uma burocracia do SVO, mas sim certi-
nicos apenas citam procedimentos que ficar que aquele estabelecimento está
são considerados pela literatura como em dia com suas obrigações sanitárias.
Anais SIAVS 2015 - Principais entraves no processo de registro de estabelecimentos avícolas comerciais
- 83 -
James Abad
Presidente del ILH
Anais SIAVS 2015 - Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos - experiência na América...
- 84 -
valor nutricional es mucho más alto. Si a terna, por tanto, son las que mejor se
esto le sumamos que una parte impor- absorben. Asimismo, el huevo contiene
tante de la población vive en pobreza todos los minerales y vitaminas que el
y/o pobreza extrema, se podría enten- cuerpo necesita, a excepción de la vita-
der, por más ilógico que parezca, por mina C, y aporta cantidades importantes
qué una persona que gana menos de de antioxidantes y colina, un nutriente
US$ 2 diarios utiliza los escasos ingresos muy importante para el desarrollo ce-
que obtiene en comprar productos que rebral, que unido a las proteínas de alto
no le proveen ningún beneficio para su valor biológico del huevo y a sus grasas
salud, sino que inclusive pueden tener principalmente monoinsaturadas, pue-
efectos nocivos para su organismo, en den contribuir a un mejor desarrollo in-
vez de un alimento natural, que además telectual y a la prevención de las enfer-
de tener un bajo precio le proveería los medades crónicas no transmisibles (ej.:
nutrientes necesarios para un buen fun- diabetes, obesidad, síndrome metabóli-
cionamiento del cuerpo, previniendo la co, etc.) que aparecen en la edad adulta
aparición de enfermedades crónicas no como consecuencia de la desnutrición
transmisibles. crónica padecida en la infancia.
Los países latinoamericanos se caracte- Otro punto a destacar, es que el huevo
rizan por tener, en su mayoría, elevadas no es sólo un alimento nutritivo, sino
tasas de desnutrición crónica en sus que está al alcance de toda la población
niños menores de 5 años, así como de por su bajo costo y ofrece la mejor re-
deficiencia de micronutrientes, espe- lación costo-beneficio, que ningún otro
cialmente de hierro. Esto se traduce en producto o alimento conocido puede
niños que no solo durante la infancia van igualar, por lo que su ecuación de valor
a tener un menor rendimiento escolar, es insuperable.
sino cuyo desarrollo intelectual va a estar
limitado para el resto de sus vidas. Otro punto relevante a analizar es las
campañas de marketing de los produc-
Es en este contexto que el HUEVO, dada tos sustitutos directos del huevo. Vamos
su alta densidad nutricional y relativo a exponer qué ofrecen estos y compa-
bajo costo, aparece como la mejor opci- rarlo con lo que ofrece el huevo:
ón para combatir la mala alimentación
en la región y convertirse en un aliado Leches Enriquecidas: Los comerciales
estratégico en la lucha contra la desnu- de leches enriquecidas prometen niños
trición crónica, tanto en la prevención más inteligentes a través de la adición
de la misma, como en la prevención de de nutrientes como la colina y los áci-
algunas de sus consecuencias. dos grasos esenciales de la familia ome-
ga, 3 y 6 (EPA, DHA y ARA).
El huevo es un alimento altamente pro-
teico; además, sus proteínas son las de El huevo es fuente natural de los nu-
mejor calidad después de la leche ma- trientes que ofrecen ambos productos,
Anais SIAVS 2015 - Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos - experiência na América...
- 85 -
e incluso los contiene en cantidades En síntesis, los beneficios que ofrece el
mayores y en una matriz que permite huevo son muy superiores a los que ofre-
una mejor asimilación de los mismos. cen sus competidores y sustitos direc-
tos, los cuales lo convierten en la mejor
Avena: Los comerciales de avena ofre- opción para combatir los problemas de
cen una elevada cantidad de fibra solu- desnutrición de la región, producto de
ble para asociarlo con bajos niveles de la mala alimentación, y en un elemento
colesterol. que debería estar siempre presente en
la mesa de las familias latinoamericanas.
El huevo es un alimento cardiosaludable;
no por su contenido de fibras, sino por la Todos los puntos a favor del huevo,
predominancia de las grasas monoinsa- tanto sus atributos nutricionales y sus
turadas, similares a las del aceite de oliva, ventajas frente a los sustitutos, así como
y a la elevada cantidad de antioxidantes su bajo precio, podrían y deberían uti-
que contiene, los cuales lo convierten en lizarse en campañas de promoción del
un alimento favorable para la protección mismo, y de esta manera promover su
frente a la formación de placas ateroma- consumo y aumentar su demanda. La
tosas y prevención el desarrollo de enfer- promoción del consumo de huevos
medades cardiovasculares. debería ser vista como un punto central
de todas nuestras agendas a nivel de
Cereales: Los comerciales de cereales gremios y de productores.
para el desayuno por lo general resal-
tan que están enriquecidos con todas Tenemos que unirnos, levantar nuestras
las vitaminas y minerales que el cuerpo voces y hacer que en toda Latinoamé-
necesita para mantener la salud rica se conozca la verdad sobre el hue-
vo, destacar que es el mejor aliado para
El huevo las contiene de forma natural, combatir la desnutrición y lograr que
en cantidades óptimas y con una bio- sea reconocido como el mejor alimento
disponibilidad superior. después de la leche materna.
Anais SIAVS 2015 - Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos - experiência na América...
- 86 -
Sistema de produção
Antibiotic free:
É o sistema de produção de aves sem res-
trição de linhagem, criado sem o uso de
antibióticos, anticoccidianos, melhorado-
res de desempenho de base antibiótica,
quimioterápicos e ingredientes de ori-
Figura 2: Ilustração de um sistema de desinfe- gem animal na dieta. Os frangos podem
çção de veículos com sensores de passagem ser totalmente confinados ou com aces-
localizado em uma unidade de produção de
frangos orgânicos.
so á áreas de piquete. No caso da produ-
ção de ovos, o confinamento é permitido
c) É vetado o uso de: nas delimitações do galpão, mas jamais
pelo confinamento em gaiolas (Figura 3);
• Todos e quaisquer insumos, produtos e
medicamentos veterinários não autori-
zados ou não registrados para uso em
aves conforme a legislação vigente;
3. Programa Nacional de
Sanidade Avícola – PNSA
A Portaria Ministerial nº 193 de 19 de
Figura 4: Sistema de produção de frangos e setembro de 1994, consolidou e es-
ovos AF respectivamente truturou o Programa Nacional de Sa-
nidade Avícola (PNSA), do Ministério
da Agricultura Pecuária e do Abasteci-
Sistema de
mento - MAPA, considerando a impor-
produção caipira tância da produção avícola nacional
Sistema de criação de aves comerciais no contexto nacional e internacional,
destinadas à produção de carne, atra- e a necessidade de normatização das
vés de raças e linhagens de crescimen- ações de acompanhamento sanitário,
to lento e à produção de ovos através relacionadas ao setor avícola, observan-
de raças e linhagens selecionadas para do o processo de globalização mundial
postura que ao final de seu ciclo de em curso, e quanto, a necessidade de
postura, sejam destinadas ao abate para estabelecimento de programas de coo-
O bem-estar animal
como estratégia para
a produção livre de
antibióticos
Outro ponto considerado essencial
para a sanidade das aves em sistemas
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano
Figura 8: Linha de tendência do ganho de peso diário (GPD) média mensal entre os anos de 1999
e 2013, obtidas nos lotes de frango de corte criados sob manejo alternativo. Legenda (-) Linha de
tendência. Fonte: Korin Agropecuária.
CA
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano
Figura 9: Linha de tendência do ganho de peso diário (GPD) média mensal entre os anos de 1999
e 2013, obtidas nos lotes de frango de corte criados sob manejo alternativo. Legenda (-) Linha de
tendência. Fonte: Korin Agropecuária.
100
90
80
70
Produção (%)
60
50
40
30
20
10
0
18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64
Semana
Figura 10: Curva de produção de ovos de poedeiras criadas em sistema alternativo. Legenda (-)
produção pelo Guia de Manejo de Linhagem. (-) produção real. Fonte: Korin Agropecuária
5
Mortalidade (%)
0
18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64
Semana
Figura 11: Curva de mortalidade preconizada de poedeiras em sistema alternativo. Legenda
Mortalidade (-) preconizada pelo Guia de Manejo de Linhagem. (-) Mortalidade real. Fonte: Korin
Agropecuária.
5. A inspeção de produtos
rios quanto mais unidades de inspeção
de pequenas escala existirem no país,
de origem animal. uma vez que a existência da inspeção
direciona a produção para que fatores
de controle e de rastreabilidade sejam
realizadas mesmo que de forma simpli-
ficada. Desta forma as exigências fun-
cionam como um fator de melhoria na
gestão sanitária e na gestão do negocio
como um todo, contribuindo para a me-
lhoria de renda dos produtores, na me-
dida em que eles passam a acessar e a
Um dos grandes entraves para a regu- expandir seu mercado de atuação.
larização da atividade de criação de
aves em modelos familiares e de menor Neste sentido o Brasil dispõe do Sistema
escala, é a regularização da inspeção Unificado de Atenção à Sanidade Agro-
sanitária de tais produtos. Desta forma pecuária (SUASA). O SUASA é um siste-
iniciativas que viabilizem modelos de ma de inspeção, organizado de forma
inspeção sanitária para pequenos aba- unificada, descentralizada e integrada
tedouros e entrepostos de ovos são vis- entre a União (através do Mapa) os es-
tas como essenciais para o sucesso e a tados e Distrito Federal, e os municípios.
legalização das atividades. Fazem parte do SUASA quatro sub-sis-
temas brasileiros de inspeção e fiscaliza-
Poderemos inclusive, vislumbrar ga- ção, dentre os quais destacamos o Siste-
nhos significativos em termos sanitá- ma Brasileiro de Inspeção de Produtos
Referências bibliográficas
Anexos
Antimicrobianos
Avilamicina Halquinol (clorohidroxiquinolina)
Bacitracina de zinco Flavomicina (flavofosfolipol
e bacitracina metileno disalicilato ou bambermicina)
Colistina (sulfato de) Lincomicina
Clorexidina (cloridrato de) Tilosina (fosfato ou tártaro de)
Enramicina Virginamicina
Espiramicina
Coccidiostáticos
Amprólio Maduramicina + Ác. 3-Nitro
Amprólio + Etopabato Monensina sódica
Clopidol Monensina + Ác. 3-Nitro
Clodipol + Metilbenzoquato Narasina
Decoquinato Nicarbazina
Diclazuril Narasina + Nicarbazina
Halofuginona Robenidina (Cloridrato de)
Lasalocida Salinomicina sódica
Lasalocida + Ác. 3-Nitro Salinomicina + Ác. 3-Nitro
Maduramicina amônio Semduramicina
Maduramicina + Nicarbazina Semduramicina + Nicarbazina
Genética Suína:
Onde estamos e até onde podemos chegar?
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 105 -
redução de custos com ganho de efici-
ência e qualidade, e isso pode ser feito
de várias formas. Redução da conversão
alimentar e aumento da prolificidade,
por exemplo, são dois pontos chave,
dado seu grande impacto no desempe-
nho econômico dos produtores. Aliados
a isso, o aumento da produção de car-
ne, mantendo ou incrementando a sua
qualidade sensorial e industrial, é tam-
Figura: Conversão Alimentar dos 30-100 kg bém uma crescente exigência da indús-
em machos terminadores. Fonte: Dados DB tria. Além destes, rotineiramente surgem
Genética Suína. novas demandas aos programas de me-
lhoramento, como resistência a doen-
ças, adaptação a diferentes sistemas de
produção entre várias outras.
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 106 -
no índice de seleção, há redução na ve- A colaboração do melhoramento ge-
locidade de ganho genético em cada nético na composição destes índices
característica igualmente, por isso a econômicos é feita também através do
inclusão das características no índice é cálculo da herdabilidade das caracte-
meticulosamente estudada pelas equi- rísticas, ou seja, o melhoramento pode
pes de melhoramento genético. dizer quanto se pode avançar e em
quanto tempo, afim de calcular a pon-
Mas mesmo as características e a pró- deração mais rentável para característi-
pria ponderação destas evolui ao longo ca de seleção.
dos anos, conforme evoluem os plan-
téis e as demandas do mercado. Na fi- A espessura de toucinho pode ser mais
gura abaixo, são mostrados dois índices um exemplo de seleção que muda ao
de seleção de uma empresa de melho- longo do tempo. Inicialmente, essa ca-
ramento genético de suínos, calculadas racterística tinha alta herdabilidade, de
para os anos 2088-2011 e 2012-2015. até h2=0,7, ou seja, as mudanças gené-
ticas e fenotípicas puderam ser feitas
rapidamente. Há 40 anos, facilmente
se encontravam em uma população
de suínos animais com 10 e 40 mm de
toucinho, ou seja, com amplitude de
30 mm. Hoje os números variam mui-
to pouco, entre 6 e12mm de maneira
geral, ou seja, a variância fenotípica di-
minuiu muito, o que leva igualmente a
Figura: Índices de seleção de linhas maternas. redução da variância genética, já que
hoje as populações são muito mais
Nesses gráficos é possível perceber homogêneas. Com isso, a espessura de
que, ao longo do tempo, mudam-se toucinho já deixou de ter um grande
as intensidades de seleção para as ca- peso nos índices de seleção por dois
racterísticas. Por exemplo, Leitões vivos motivos: redução da herdabilidade, por
ao quinto dia (LV5) representa 37% do redução da variabilidade, e porque esta
índice de seleção de uma determinada característica começa a chegar ao seu
linhagem e passou a 27% no segundo limite fisiológico, já que reduzir ainda
momento, ao passo que a conversão mais a espessura de toucinho começa
alimentar passou de 29% da composi- a comprometer a qualidade de carne
ção final do índice para 42%. O objetivo e as reservas lipídicas das fêmeas para
gestação e lactação.
final da seleção baseada em índices de
seleção é alcançar o animal ou linha- Muito se questiona em torno do limite
gem que tenham composição genética para o melhoramento genético. Esse li-
direcionada para a expressão fenotípica mite existe? Qual é o limite para cada
mais rentável possível. característica? Estudando a estrutura
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
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do DNA, sabe-se que cada gene possui GPD ou 0,1 leitões/geração na média
certo número de alelos, sendo alguns do plantel, e isso faz com que os limites
favoráveis para a característica e outros nunca sejam alcançados.
não. Sabendo que cada indivíduo pos-
sui somente dois alelos (duas variantes) Entretanto, pensando atualmente no
para cada gene, a partir do momento que se tem alcançado em melhora-
que todos os indivíduos da população mento genético e em desempenho
já tenham os dois alelos favoráveis para zootécnico de granjas de alta produtivi-
a característica de interesse, foi alcança- dade, podemos vislumbrar uma granja
do o limite para o melhoramento da- hipotética com desempenho excepcio-
quela característica para aquele gene, nal, se forem tomados por base parâ-
considerando não haver mutação. Po- metros de desempenho já conseguidos
rém, as principais características de in- em alguns animais e linhagens. Nesse
teresse são determinadas por muitos cenário hipotético, poderíamos dizer
genes de pequeno efeito, que também que é biologicamente possível alcançar
interagem entre si, já que alguns genes o seguinte resultado zootécnico:
bloqueiam rotas metabólicas, ou quan-
CA = 1,600 (dos 25 aos 110 kg)
do se expressam inibem a expressão de
outro gene qualquer. O número de ale- Idade aos 100 kg = 125 dias
los de cada gene também pode mudar,
pois a cada geração são criadas novas Desmamados/fêmea/ano = 40 leitões
variantes de alguns alelos, por meio da
Porcentagem de carne magra = 62%
mutação que acontece durante a for-
mação dos gametas. Assim, consideran- Se fosse alcançado um desempenho
do o conjunto dos genes, assumindo o médio como este, granjas como estas
modelo infinitesimal e a existência de estariam produzindo mais de 4.500kg
fontes de nova variação genética vin- de suínos/fêmea/ano, ou seja, cerca
das das mutações, poderíamos afirmar de 1.300 kg/fêmea/ano (cerca de 35%)
que não há como definir um limite para acima do que hoje é considerado um
o melhoramento genético das carac- bom resultado. E com eficiência alimen-
terísticas quantitativas. Porém, sabe-se tar muito melhor, garantindo produção
que existem limites fisiológicos para o crescente de proteína de qualidade a
melhoramento de suínos. Por exemplo, baixo custo.
o ganho de peso diário é limitado pela
capacidade máxima de ingestão de ra- É fascinante perceber que hoje já se
ção que o animal possui. O tamanho de encontra facilmente animais individu-
leitegada é limitado pela capacidade ais que alcançam esses dados fenotípi-
máxima de leitões que podem ser le- cos, separadamente, em bons plantéis
vados até o parto dentro do útero da de melhoramento genético. O desafio
fêmea. Porém, sempre existe espaço é transformar esses dados em índices
para se ganhar mais 0,5 grama/dia no médios de plantéis de granjas comer-
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
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ciais, e para isso, visualiza-se muito tra- cidos totais e redução da mortalidade,
balho pela frente. obtidos em bancos de dados cada vez
maiores. Novas características fenotípi-
A crescente demanda por aumento cas, avanços na modelagem e aumento
de produtividade e redução de custos das informações com uso de ferramen-
torna necessária a utilização de novas tas genômicas vão permitir que o me-
tecnologias. Dentro dos atuais avan- lhoramento genético permita à produ-
ços da genética, tem-se a utilização ção e indústria alcançarem patamares
de informações genômicas, que pos- cada vez maiores de produtividade e
sibilitam informações mais precisas do rentabilidade.
parentesco dos indivíduos, cálculos dos
GEBVs - Valores Genéticos Estimados Existe limite? Para cada característica,
“Genômicos”,e obtenção desses valores individualmente, sim, mas para o plan-
genéticos em animais jovens de forma tel, em seus índices zootécnicos, pode-
mais acurada. Para tornar a coleta de in- mos dizer que não ou, pelo menos, que
formação fenotípica mais precisa, novas o limite ainda se encontra muito dis-
estratégias estão sendo implantadas no tante! Sempre haverá algumas frações
sistema de produção, como é o caso da a serem ganhas em conversão, ou em
conversão alimentar obtida em baias porcentagem de carne magra, enfim.
coletivas, com o uso dos alimentadores Sempre haverá o desafio de conver-
automáticos FIRE (Feed Intake Recor- gir os ganhos genéticos em diferentes
ding Equipment), que permitem que a características (prolificidade, unifor-
conversão alimentar e o ganho de peso midade de leitegada, ganho de peso,
diário sejam calculados individualmen- conversão alimentar, qualidade de car-
te e diariamente para os animais, simu- ne, etc) para um mesmo programa de
lando melhor o ambiente real das baias cruzamentos. E, por fim, sempre haverá
de terminação. A coleta de informação o desafio de interagir o potencial gené-
de Leitões Vivos ao Quinto Dia, bem tico com as novas condições de criação
como sua subsequente utilização em que são desenvolvidas, como é o caso
programas de melhoramento genético, das construções adaptadas ao bem es-
também está mostrando sua eficiência tar animal. Este é o desafio do melho-
com resultados cada vez melhores na ramento genético: buscar os limites e,
sobrevivência e qualidade dos leitões, ao mesmo tempo, redefinir continua-
além das correlações genéticas favorá- mente o que são de fato os limites, se
veis, com aumento do número de nas- eles realmente existem.
Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 109 -
MÁRIO LANZNASTER
Presidente da Cooperativa Central
Aurora Alimentos
Apesar das dificuldades que marcam o nanceiras terão encargos mais pesados,
cenário econômico de 2015, o setor pri- com juros mais altos e menor oferta de
mário da economia terá um ano relativa- crédito.
mente bom para as cadeias produtivas
de suínos, aves e leite. Esperamos que O segmento de carnes viverá um bom
o governo intervenha menos na eco- ano com crescentes exportações de car-
nomia e dê autonomia para a equipe nes bovina, suína e de aves. A eclosão de
econômica recolocar nos eixos os fun- epizootias e em alguns países continua-
damentos macroeconômicos do País. rá favorecendo o Brasil, que aproveitará
os resultados da conjugação de vários
Teremos boas safras no Brasil e nos fatores: qualidade reconhecida, preço
Estados Unidos, o que assegurará o competitivo potencializado pelo câm-
suprimento de milho, soja e farelo de bio favorável, capacidade de produção
soja para a transformação em proteína e relativa escassez de carne no merca-
animal. Os custos de produção aumen- do mundial. Novos mercados surgirão
tarão - especialmente em face do enca- no continente asiático; a China voltará a
recimento da energia elétrica, do diesel crescer acima de 7% e a Índia caminha
e de outros insumos - e as operações fi- para se tornar grande parceiro comercial.
Anais SIAVS 2015 - A proteína animal na próxima década
- 110 -
Para analisarmos a situação mercadoló- para 111,845 milhões de toneladas esti-
gica década é necessário estudarmos a madas para 2015. Nesse período 2012-
posição do segmento brasileiro de pro- 2015, o comportamento do consumo
dução de carne suína. Em 2014, o con- (106,437 milhões para 111,174 milhões
junto do agronegócio verde-amerelo de toneladas); da importação (6,890
– incluindo carnes, grãos, leite etc – ex- milhões para 6,323 milhões de tonela-
portou para 75 países e obteve divisas das) e da exportação (7,271 milhões
da ordem de US$ 96,75 bilhões de dóla- para 7,196 milhões de toneladas) carac-
res. A suinocultura contribuiu com 1,7%, terizam um mercado equilibrado.
o que correspondeu a US$ 1,6 bilhão de
dólares e meio milhão de toneladas. Dentre os principais produtores mun-
diais de carne suína, o Brasil ocupa a
Esses números são a expressão mais quarta posição. A China, com seu imen-
altissonante de nossa cadeia produ- so mercado interno, produz 56,5 mi-
tiva e comprova que temos uma das lhões de toneladas; a União Europeia,
mais avançadas indústrias suinícolas 22,4 milhões de toneladas; os Estados
do mundo. Esse status resulta da asso- Unidos, 10,3 milhões de toneladas; Bra-
ciação de seis fatores essenciais: recur-
sil, 3,4 milhões de toneladas e, os demais
sos naturais, disponibilidade de grãos,
países, no conjunto, somam 18 milhões
sistema de produção integrada indús-
de toneladas ao ano.
tria/ criador, privilegiado e reconhecido
status sanitário, flexibilidade e varieda- Os Estados Unidos, maior player do
de de marcados e permanente investi- mercado planetário, projetam impor-
mento em tecnologia. tante crescimento de 5% na produção,
O sistema integrado de produção é que evoluirá das 10,329 milhões de
uma experiência altamente exitosa que toneladas produzidas em 2014 para
envolve, no campo, o produtor integra- 10,858 milhões de toneladas projetadas
do e, na cidade, a indústria de abate e para 2015. Suas exportações crescerão
processamento de suínos. O peque- 2,65%, ou seja, das 2,321 milhões de to-
no produtor é responsável pela cons- neladas de 2014 para 2,381 milhões de
trução dos criatórios de suínos e pela toneladas neste ano.
criação, ou seja, o manejo dos planteis.
No continente europeu, produção e
A agroindústria, por seu turno, fornece
consumo recuarão, mas, as exportações
os insumos na forma de leitões, rações,
crescerão. A União Europeia prevê leve
assistência técnica etc.
diminuição de -0,16% na produção
O movimento de oferta e demanda de (para 22,365 milhões de toneladas) e
carne suína no mundo revela, no último de -0,43% no consumo (para 20,175 mi-
quadriênio, um cenário de relativa esta- lhões de toneladas). A exportação, con-
bilidade. A produção global passou de tudo, elevar-se-á em 2,33% para 2,200
107,016 milhões de toneladas em 2012 milhões de toneladas em 2015.
MICHAEL A. Varley
The Pig Technology Company
There are considerable challenges in most of the energy required but also
modern pork production and it is the the protein and amino acid for growth
objective of this paper to review the and reproduction.
nutritional challenges involved.
In some parts of the world the corn was
The production of pork products is a hi- replaced by wheat and for some feeds
ghly complex process and the attempt maybe sorghum, barley, oats and rice
is always to produce the high quality were used. Coupled with synthetic ami-
meat products that consumers will buy no acids that became ever cheaper and
but also aiming for least cost produc- the application of high quality premi-
tion – a considerable challenge. xes including vitamin, minerals and any
feed additives required, then we could
The first element of the challenge is to formulate very high performance feeds
identify raw material sources that will indeed.
fit the bill. For many years now we have
relied heavily on corn and soya bean More recently, the supply and hence the
products as mainstays in the overall fe- price of many of these raw materials has
eding programs. These raw materials become generally very high and very
were widely available and relatively volatile. This has created an enormous
cheap and together they contributed challenges to both feed companies and
We have also always known that the In the future we must learn with some
early life nutrition of the young piglet urgency how to use these health tools at
is crucial to overall high performance. a higher level. The goal is to still achieve
Here, the challenge is much greater and the carcase value that consumers requi-
in the past we had good availability of re but we can push our costs down sig-
skim milk powders, whey powders, high nificantly by being able to operate with
quality oils and cooked cereal products lower feed costs (that are around 70-80%
O IBV, espécie de referência dos Co- Por análise do genoma completo dos
ronavírus aviários, foi descoberto em Coronavírus aviários existem basica-
1932 por Schalk & Hawn nos Estados mente 2 genotipos: Mass clássico e
Unidos. A primeira amostra foi denomi- tipo T (N1/88, V18/91/Q3/88) da Aus-
nada de Beaudette 66579 (M-42), que é trália, divergentes entre si nos genes
uma amostra atenuada por passagem que codificam as proteínas estruturais
sucessiva em ovo embrionado (238 S e N. O TCoV que causa enterite em
passagens), e que cresce em cultura de perus, considerada apatogênica para
células de embrião de galinha, mas tem pintinhos, é um vírus do tipo Mass que
reversão de patogenicidade após cultivo
tem no gene S, dois pontos de recom-
em anéis de traquéia. A amostra Massa-
binação com uma sequência não iden-
chusetts M-41 caracterizada como vírus
tificada de um outro Coronavírus (Ja-
respirotrópico, isolada em 1941 por Van
Roeckel, se expandiu para a Europa, Ásia ckwood et al., 2010). Na China, onde o
e Brasil na década de 50. A amostra H IBV-Mass ocorre desde 1951, são descri-
(Huyben) isolada na Holanda em 1955, tos IBVs nefropatogenicos e genotipos
deu origem à vacina H52 e H120, consi- que causam proventriculite (tipo QX ou
derada do tipo Massachusetts é um vírus J2) e amostras com diversidade na pro-
que tem resistência a tripsina. A amostra teína N e S recombinantes que tem o
T isolada na década de 60 na Austrália do gene N do tipo Mass dos EUA e S do
tem tropismo para o sistema respiratório vírus T da Austrália (Liv et al., 2006; 2008;
e é uropatogênica (Cumming, 1963). Wit et al., 2011).
IBVs são vírus que replicam no citoplas- tidases (APN) como aceptor; o vírus da
ma, após ligação da glicoproteína S1, hepatite dos camundongos (MHV), gli-
fusão da glicoproteína S2 com a pare- coproteínas da família dos antígenos
de e endocitose. Após descapsidação e carcinoembriônicos e supõe-se que o
ligação do ssRNA no ribossomo, é pro- SARS-CoV se ligue na N-aminopeptida-
duzida a RNA polimerase e o complexo se (Stadler et al., 2003).
replicativo -ssRNA e são sintetizados 16
polipéptides de 15.000 a 135.000 Da Todos IBVs ligam a proteína S1 em
por 8 mRNAs. A fosfoproteína estrutural aceptores sialilados, diasolida ∂2,3 do
N é incorporada na fita +ssRNA e forma glicano, mas as amostras nefropato-
o nucleocápside e as proteínas M, E e S gênicas ou mais virulentas também
são transportadas para o complexo de utilizam receptores celulares do tipo
Golgi. O virion é montado no aparato lectina presentes nos cílios das células
de Golgi e internalizado em vesículas e epiteliais respiratórias e do oviduto ou
exocitado (Figura 3, na próxima página). nas microvilosidades das células epite-
liais dos túbulos contornados (Wickra-
A glicoproteína S que forma as grandes masinghe et al., 2011). A glicoproteína
projeções expostas na superfície do vi- S da maioria dos Coronavirus, tem 2
rion (Figura 1), tem uma cabeça globosa repetições heptatídicas no domínio S2
altamente glicosilada denominada S1 que modula a fusão do envelope viral
que se liga a um aceptor célula espe- na membrana celular após ligação e
cífica. Alfacoronavírus usam aminopep- separação da proteína S1, por isto, an-
Figura 4: Relação filogenética dos Coronavirus. A= por comparação da sequência proteica da RNA polimerase
RNA-dependente, o SARS-CoV pertence a um novo grupo e o SW1 é um vírus do grupo 3, B = pela análise
da sequência do domínio S1 da projeção, o SARS-CoV pertence ao grupo 2 (adaptado de Stadler et al., 2003 e
ICTV 2013). No gênero Alfacoronavirus estão incluídos 4 espécies de Coronavirus isolados de morcegos e no
gênero Betacoronavirus, mais 4 espécies isoladas de morcegos.
Legenda: SARS-CoV = coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda infecta o homem e isolado do morcego,
guaxinim e civeta; MHV = vírus da hepatite dos camundongos; SDAV = vírus da sialocrioadenite dos ratos;
BCoV = coronavírus do bovino (enterite neonatal dos bovinos); PHEV = vírus hemaglutinante da encefalomie-
lite dos suínos; OC43 = coronavírus do resfriado do homem; TGV = vírus da gastroenterite dos suínos; FIPV =
vírus da peritonite dos felinos; CCV = coronavírus canino, HCOV- 229E = coronavírus do resfriado do homem;
PEDV = vírus da diarréia epidêmica dos suínos; TCoV = coronavírus dos perus; ECoV = coronavírus do equino;
IBV = vírus da bronquite infecciosa das galinhas; SW1 = coronavírus da baleia beluga (Delphinapterus leucos);
BuCoV = coronavírus do pássaro Bulbul; ThCoV = coronavírus do pássaro preto Turdus merula; MuCoV =
coronavírus isolado do pássaro munia (Tonchura spp); construção por alinhamento de múltiplas sequências
consenso do grupo 1 (G1 cons) e consenso do grupo 2 (G2 cons).
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Paulo Martins
Facta, Campinas/SP
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 144 -
Introdução de Salmonelas Paratíficas (SPT). Sob
A segurança e a qualidade alimentar são certas condições, algumas infec-
itens cada vez mais importantes, não so- ções por SPT podem causar severa
mente em saúde pública, mas também morbidade e alta mortalidade em
na percepção do consumidor. Dentre as aves jovens (Gast, 2008), além de re-
toxinfecções alimentares mais frequen- presentar um risco potencial para o
tes, em todo o mundo, as salmoneloses consumidor dos produtos avícolas
de origem animal ocupam sempre um contaminados (carne e ovos). As SPT
lugar de destaque. Prevenir a contami- constituem uma das principais toxin-
nação de um rebanho ou plantel por fecções alimentares com quadros de
bactérias do gênero Salmonella é sem- enterocolite no homem, que podem
pre a melhor opção e também a de me- evoluir para infecções sistêmicas em
nor custo. Entretanto, às vezes, o técnico crianças, pessoas de idade e imuno-
responsável tem que buscar uma so- comprometidos (EFSA, 2004).
lução, para um plantel já contaminado.
A fim de facilitar o desenvolvimento do
Uma das alternativas passa pelo uso de
tema “Uso de antimicrobianos na pre-
antimicrobianos e este fato, cada vez
venção e controle de salmonelas pa-
mais, desagrada o consumidor. ratíficas” de forma mais prática, iremos
As salmoneloses aviárias podem ser dividi-lo em oito tópicos principais:
divididas em dois grandes grupos, com 1. Importância do tema para a indústria
base em sua patogenia: avícola brasileira
I. O primeiro grupo é composto por dois 2. O trato digestório como principal
sorotipos Salmonella Pullorum (SP) e meio de contato entre o meio interno
Salmonella Gallinarum (SG), específicos e externo
das aves (galinhas, perus, codornas),
com potencial de provocar doenças 3. Microbiota, um órgão extra das aves:
clínicas com alta morbidade e morta- cuide bem deste órgão
lidade, respectivamente Pulorose e Tifo
Aviário. Entretanto, nenhuma das duas 4. Princípios gerais de antibioticoterapia
oferecem riscos à saúde pública. em avicultura
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 145 -
8. Medidas preventivas para evitar a uti-
lização de antimicrobianos no incu-
2. O trato digestório como
batório e na primeira semana de vida
principal meio de contato
entre o meio interno e
1. Importância do tema externo das aves
para a indústria avícola O Trato Digestório (TD) representa a
maior superfície de comunicação entre
brasileira
a ave e o meio externo. As rações, água,
O tema atual e oportuno, proposto pelos grãos, cascalho, cama das aves, fezes, in-
organizadores do Workshop, deve-se à setos, restos de carcaças, além de outros
prática de utilização de antimicrobianos eventuais materiais estranhos, ganham o
(AMC), pelos técnicos do setor, na tenta- interior das aves através do TD. Somen-
tiva de prevenir ou controlar as infecções te a superfície epitelial do intestino das
paratifoides nas aves. A palavra “tentativa” aves representa mais de 50 m2, uma
foi utilizada, pois nenhum livro texto de enorme área de contato, susceptível a
ornitopatologia informa que podemos ser colonizada por microrganismos, co-
eliminar o portador das SPT (ou mesmo mensais ou patogênicos (Macari 2011).
SG e SP) através da utilização de AMC. O Talvez, por esta razão, o TD constitui-se
que na prática de campo se faz é utilizar os num dos mais importantes órgãos do
AMC, de forma metafilática ou terapêutica, sistema imune das aves. Mais de 70% das
para reduzir a excreção fecal, mitigar os células produtores de imunoglobulinas
eventuais sinais clínicos e/ou mortalidade está aí localizada, e, por isso, é conside-
produzidos pelas SPT. No âmbito legal, a rado importante órgão efetor da imuni-
Instrução Normativa nº 78, de 03 de no- dade humoral e de mucosas. Posto isto,
vembro de 2003, no Capítulo IX, resolve sempre que a imunidade local for im-
que é permitida a antibioticoterapia do portante na proteção contra um agente
lote de reprodutoras, quando positivo na infeccioso, cuja via de invasão principal é
monitoria para duas SPT: Salmonella Ente- a oral, o estímulo do Tecido Linfoide As-
ritidis (SE) e Salmonella Typhimurium (ST). sociado ao Trato Digestório (GALT), por
Após o tratamento, caso o lote mostre-se antígenos vivos, deve ser considerada.
negativo em dois retestes, o núcleo ou
estabelecimento avícola poderá receber
a certificação de “Controlado para SE e ST”.
3. Microbiota, um órgão
O tema reveste-se ainda de maior im-
extra das aves: cuide bem
portância, desde que se relaciona com
a Saúde Pública: as salmoneloses hu- deste órgão!
manas constituem uma das mais pre- Todo o TD é habitado por uma grande
valentes toxinfecções alimentares de massa de microrganismos, composta
caráter zoonótico, em todo o mundo. por mais 500 espécies, em equilíbrio
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 146 -
entre si e em simbiose com o hospe- da energia diária necessária às aves
deiro. A manutenção desta microbiota (mesmo que alguns técnicos, ainda
– considerada por muitos pesquisadores hoje, argumentem que a microbiota
como um real órgão extra do organismo “rouba” nutrientes do hospedeiro)
– é fundamental tanto para a saúde do
animal como para seu desenvolvimento, Outras funções ainda estão em fase de
produtividade e, até mesmo, bem-estar. pesquisa nas aves, como exemplo, o
São várias as funções já reconhecidas da estudo do eixo bidirecional intestino-
microbiota intestinal normal: cérebro, que integra as atividades do
intestino e do sistema nervoso central.
• Produção de ácidos orgânicos de ca- Maiores estudos na área poderão con-
deia curta, peróxido de hidrogênio e tribuir com conhecimentos relaciona-
bacteriocinas; dos ao comportamento e bem-estar
das aves.
• Estimula precocemente os mecanis-
mos de defesa do sistema imune lo- Aprender a manipular a microbiota
cal (GALT) e sistêmico; intestinal, e mesmo recuperá-la, após
episódios de desequilíbrio (disbiose),
• Estimula a produção de mucina que principalmente após antibioticotera-
ajuda a evitar a translocação bacteria- pia (contínua, esporádica ou repetitiva,
na (bactérias patogênicas); comum nos dias atuais), reveste-se de
• Exerce a função de “Exclusão Com- grande importância, se desejamos me-
petitiva” (EC) através da ocupação de lhorar a performance e qualidade sani-
sítios de ligação; tária das aves, incluindo a prevenção da
colonização do TD por SPT.
• Compete por nutrientes com eventu-
ais microrganismos patogênicos; Os principais agentes / produtos que
auxiliam na modulação deste órgão,
• Algumas bactérias presentes na mi- chamado microbiota, são:
crobiota modulam a expressão de
genes envolvidos com a absorção, I. Microbiota de exclusão competi-
metabolismo e maturação de células tiva (EC), internacionalmente conhe-
da mucosa intestinal; cidos por NAGF (Normal Avian Gut
Flora).
• Auxiliam na metabolização de carboi-
dratos, proteínas, lipídeos, sais minerais; II. Probióticos, compostos por micror-
ganismos definidos, internacional-
• Sintetizam vitaminas do complexo B, mente conhecidos por DFM (Direct
além de vitaminas, A, C, K e ácido fólico; Feed Microbial).
• Digerem as fibras e celulose o que leva III. Prebióticos, que são oligossacaríde-
a liberação de ácidos graxos voláteis, os de cadeia curta que constituem
que podem suprir parte significativa o alimento da microbiota normal, in-
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 147 -
cluindo as probióticas, promovendo II. Profiláticos – Utilizado em lotes de aves
sua multiplicação e atividade. sadias, em doses terapêuticas para pre-
venção ou potencial risco da ocorrência
IV. Simbióticos, que nada mais é que de uma enfermidade, em momentos
a associação de I. EC ou II. Probiótico ou períodos definidos, não superiores a
mais III. Prebiótico.
7 dias. É largamente utilizado em nosso
4. Princípios gerais de antibioticote- meio, em algumas circunstâncias:
rapia em avicultura
• Em embriões de 18 dias de incuba-
Para uma abordagem mais técnica do ção, adicionados às vacinas adminis-
tema, é fundamental lembrar de alguns tradas “in ovo”;
conceitos práticos da antibioticotera-
• Em pintos de um dia, adicionados às
pia, desde que vão estar intimamente
vacinas administradas via subcutâneas;
ligados à utilização criteriosa dos AMC.
Em medicina veterinária existem quatro • Já nos primeiros dias de vida dos
principais usos dos AMC, que se dife- planteis, na água ou na ração;
renciam, a princípio: (i) pelo estado sa-
nitário do plantel; (ii) pela dose do AMC • Periodicamente, de forma pré-defini-
utilizada; (iii) duração do tratamento: da, em lotes de aves de vida longa, na
água ou na ração.
I. Melhoradores de Desempenho – Os
antibióticos melhoradores de desem- III. Metafiláticos – Conceitualmente é o
penho (AMD) são utilizados nas rações, tratamento entre 3 a 5 dias, na água
em lotes de aves sadias, em baixas dosa- ou ração, com doses terapêuticas, as-
gens (doses sub-terapêuticas) e longos sim que se identifique sinais clínicos
períodos de aplicação. Não são absorvi- ou suspeita de uma enfermidade, em
dos (não deveriam ser) e atuam, princi- algumas aves do plantel. Este método
palmente em bactérias Gram Positivas, foi largamente utilizado na avicultura
portanto não atuam em bactérias do industrial, no passado, para estimular
gênero Salmonella (Gram Negativas). O o desenvolvimento da imunidade
objetivo, como o nome diz, é o de me- contra coccidiose, em poedeiras e
lhorar o desempenho, principalmente reprodutoras, antes do advento das
ganho de peso, conversão alimentar vacinas de coccidiose.
ou produção de ovos, através modu-
lação (não eliminação) da microbiota IV. Terapêuticos – Utilizado na água
intestinal. Pelo princípio da precaução, ou ração, em lotes onde uma per-
estas drogas tiveram seu uso proibido centagem das aves já apresenta si-
na Comunidade Europeia em 2006. nais clínicos ou sintomas de alguma
Até mesmo nos EUA, várias empresas enfermidade. As doses utilizadas são
já sinalizaram a interrupção do uso dos terapêuticas e por período definidos,
AMD nos próximos anos. geralmente entre 5 a 7 dias.
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 148 -
Na visão dos consumidores, autorida- dentro do lote bem como sua taxa de
des de saúde pública e saúde animal, excreção e contaminação do ambiente.
além de legisladores – nacionais e in- Com isso, a probabilidade de contami-
ternacionais – os principais problemas nação ou transmissão horizontal e ver-
relacionados ao crescimento da resis- tical das SPT poderá ser reduzida. O ris-
tência aos AMC estão ligados, princi- co desta terapia antimicrobiana é que
palmente, aos dois primeiros usos dos ela pode reduzir o estado de portador
AMC: I. Melhoradores de Desempe- bem como a excreção de SPT abaixo do
nho e II. Profiláticos. Felizmente, nes- nível de detecção, prejudicando a sen-
tas duas classes de uso, reside o enorme sibilidade dos programas regulares de
potencial de substituição dos mesmos monitoria, isolamento e confirmação
através da aplicação de medidas pre- da infecção. Note que esta posição da
ventivas de biosseguridade, alterações EFSA é conflitante com a Instrução Nor-
de manejo e ambiência e utilização de mativa nº 78 do MAPA, mencionada no
produtos substituto dos AMC. Estes últi- item 1 deste texto.
mos, além de melhorar o desempenho
zootécnico, atuam na microbiota do TD Richard Gast, autor do “Capítulo 16
com consequente favorecimento do – Infecções por Salmonelas” do livro
controle das infecções por SPT. texto “Diseases of Poultry” (GAST, 2008)
cita que sulfonamídicos, tetraciclinas e
aminoglicosídeos são utilizados para
diminuir os sintomas e excreção e mor-
5. Uso de antimicrobianos talidade causadas pelas infecções por
na prevenção e salmonelas. Afirma, entretanto, que
nenhuma droga, ou combinação de-
controle de salmonelas
las, foi capaz de eliminar a infecção
paratíficas de um lote tratado. Ainda neste ca-
De acordo com o parecer da Comis- pítulo, o autor comenta que a eficácia
são de Riscos Biológicos da Autoridade e prudência da antibioticoterapia para
Europeia de Segurança dos Alimentos prevenir ou tratar as infecções por SPT
(EFSA, 2004), relacionado ao uso de é um tópico de muitos debates entre
AMC para o controle de salmonelas em os pesquisadores. Traz ainda algumas
aves industriais, eles podem ser úteis na informações, entre outras: países com
redução da morbidade e mortalidade avicultura madura e desenvolvida não
nas infecções por SPT nessa espécie. En- utilizam os AMC como forma de con-
tretanto a utilização de AMC nunca é trole das salmoneloses devido aos re-
totalmente efetiva, para o controle sultados inconsistentes de controle; o
destas infecções, porque não é pos- fornecimento de cultura de exclusão
sível eliminar todos os microrganis- competitiva para restaurar a microbiota
mos de um lote infectado. Porém, seu normal de proteção após o tratamento
uso poderá reduzir a prevalência de SPT com fluoroquinolonas reduziu a excre-
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 149 -
ção fecal de SE por matrizes, frangas de que não é possível eliminar todos os
postura em recria e galinhas poedeiras microrganismos de um lote infecta-
em muda; a interrupção do uso de AMD do. No entanto, o uso de AMC pode
na Dinamarca foi seguido de uma dimi- reduzir a prevalência dentro do lote,
nuição na prevalência de SPT em fran- reduzir a excreção e contaminação
gos de corte. ambiental. Assim a probabilidade de
propagação a outros lotes diminui de
Para BERCHIERI e FREITAS (2009), o tra- maneira horizontal e vertical.
tamento contra as SPT pode reduzir
as perdas por mortalidade, mas não • Durante o tratamento com AMC a
impede que as aves permaneçam proporção de bactérias resistentes
portadoras. Além disso, os portadores excretadas no meio ambiente irá au-
poderão eliminar Salmonella nas fezes mentar. As fezes, cama, esterco e de-
por períodos mais prolongado que aves mais resíduos estarão contaminados
sem tratamento. com estas bactérias e também com
resíduos dos AMC e seus metabolitos.
Ainda de acordo com a Comissão Eu-
ropeia que estabeleceu os riscos bioló- • Microrganismos resistentes podem
gicos relacionados à utilização de AMC sobreviver por longos períodos no am-
no controle de SPT (EFSA, 2004), alguns biente interno e externo às instalações
aspectos não podem ser ignorados: e podem ser transportados através da
poeira, sistemas de água e bebedouros
• As vantagens da utilização de AMC
para esta finalidade deve ser compa- • Caso um lote de reprodutoras, conta-
rada com os riscos associados no de- minado por SPT, desenvolva resistên-
senvolvimento, seleção e propagação cia ao AMC utilizado, há risco de dis-
da resistência antimicrobiana, bem seminação do microrganismo através
como o impacto de tais microrganis- dos ovos incubáveis, do ambiente de
mos resistentes na saúde pública. incubação, bem como de toda a ca-
deia de produção, até a carcaça.
• A utilização de AMC em avicultura
industrial aumenta o risco de apare- • No caso de poedeiras comerciais, que
cimento e propagação de resistência possuem longos ciclos de produção,
em bactérias zoonóticas como Sal- geralmente em granjas de múltiplas
monella spp. e Campylobacter spp. idades, o uso de AMC apresenta um ris-
Nos casos em que as SPT produzam co em manter um ciclo de infecção per-
infecções clínicas nas aves, os agentes manente na propriedade, bem como
AMC podem ser uteis na redução da promover o desenvolvimento, seleção
morbidade e mortalidade. e disseminação de microrganismos re-
sistentes através dos ovos comerciais.
• É importante estar ciente que os
agentes AMC não são totalmente efi- • Em lotes de frangos de corte conta-
cazes para o controle das SPT posto minados por SPT, os AMC não trazem
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 150 -
grande vantagem devido aos resíduos da área médica e veterinária, e conti-
que podem ficar na carcaça, além da nuarão a ser uma ferramenta essencial
potencial transmissão de microrganis- para o tratamento de doenças animais
mos resistentes no produto final. e humanas neste século. Qualquer li-
mitação de seu uso – metafilático ou
• A probabilidade de desenvolvimento
terapêutico – para controlar as doen-
ou aquisição de resistência em lotes
ças dos animais, poderá causar grande
infectados e tratados com doses tera-
impacto na saúde animal, comprome-
pêuticas de AMC é considerado me-
tendo a segurança alimentar dos hu-
nor que o uso de doses sub-terapêu-
manos (SEAL, 2013).
ticas, ou preventivas de longo prazo.
Entendemos a posição do médico
• Lotes clinicamente afetados, que so-
freram tratamento por agentes AMC, veterinário, responsável técnico da
devem ser ainda considerados conta- empresa, quando se depara com um
minados por Salmonella spp. resultado laboratorial positivo para Sal-
monella spp. num lote de aves comer-
• O tratamento com AMC não pode ser ciais. Compreendemos a pressão que
utilizado como substituto de biosse- ele que sofre de seus superiores para
guridade e boas práticas de produ- “resgatar” aquele lote de reprodutoras
ção, principalmente em propriedades e trazê-los novamente para o “status”
de idades múltiplas. de “Controlado para SE ou ST”, confor-
me legislação corrente (BRASIL, 2003).
• O uso indevido de AMC pode com-
Provavelmente ele conhece também
prometer a eficácia de vacinas bac-
as posições conflitantes sobre este as-
terianas vivas, produtos de Exclusão
Competitiva e Probióticos. sunto de grandes autores, pesquisado-
res e entidades internacionais, mencio-
• A utilização de AMC deve estar em nadas anteriormente no item 5. (EFSA,
conformidade com condições for- 2004; GAST, 2008; BERCHIERI & FREITAS,
mais e oficialmente definidas que ga- 2009). Por este motivo, o melhor pro-
rantam a proteção do consumidor e cedimento virá com maior volume de
saúde pública. informações disponível.
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
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b. Horizontal: adquirido no ambiente Com base nestas informações, advém
do incubatório ou da granja, através a necessidade de abordagem racional
matéria fecal da cama das aves, mas e estratégica ao agente infeccioso, em
também ração, água e poeira. Ainda várias frentes, e que, por este motivo,
pela via horizontal não podemos es- deverá ser multifatorial. Um esquema
quecer os vetores mecânicos e bioló- sugestivo e resumido destas ações
gicos, além de animais sinantrópicos multifatoriais está contido na Figura 1.
e domésticos, que podem contami- De acordo com a experiência de cada
nar o ambiente da criação. técnico, outros produtos poderão ser
adicionados, na ração ou água, com o
Ao invadir a ave pela via fecal-oral, as SPT cuidado de verificar a existência de pos-
tendem a se instalar no TD, preferen- sível antagonismos entre estes agentes.
cialmente no cécum. Podem também
penetrar na mucosa, se multiplicar nos É fundamental lembrar que toda a estru-
macrófagos, entrar no sistema circula- tura desta abordagem multifatorial terá
tório e, através dele, atingir e se alojar mais chance de êxito se paralelamente
em órgãos internos: fígado, baço, ovário forem aplicados os princípios básicos de
e oviduto. Como são patógenos intrace- biosseguridade, principalmente estrutural
lulares facultativos, as salmonelas con- e operacional. A biosseguridade deve atu-
seguem se evadir, não somente de altas ar em duas direções: (i) evitar a entrada de
concentrações de AMC circulantes, mas agentes patogênicos nas instalações; (ii)
também de anticorpos humorais, indu- evitar o escape de agentes patogênicos e
zidos pelas vacinas inativadas. contaminação de outras instalações.
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
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• Recomendação da bula: o produto • Tempo de tratamento: importante
está recomendado para a espécie em conhecer se o AMC selecionado é
questão? dose / concentração dependente ou
tempo dependente.
• Espécie a ser tratada: existe algum
trabalho ou informação técnica refe- • Período de carência: os AMC apre-
rente a farmacocinética e farmacodi- sentam diferentes períodos de carên-
nâmica do AMC selecionado, para a cia (para o abate ou aproveitamento
espécie objeto de tratamento (gali- de ovos) de acordo com a espécie
nhas, perus, codornas)? animal e tipo de ave: reprodutora, po-
edeira comercial, frango de corte.
• Sensibilidade da amostra isolada:
algumas amostras de SPT apresen- Outro procedimento, não raro encon-
tam elevado grau de resistência a trado no campo, é a associação de an-
vários AMC, daí a importância de se timicrobianos na ração, para tratar os
realizar o antibiograma para seleção lotes infectados por SPT. É muito impor-
do AMC. tante o médico veterinário conhecer se
• Absorção via digestiva do AMC existem indicações técnicas que deem
selecionado: os aminoglicosídeos e suporte a estas associações, antes de
polipeptídeos possuem baixa absor- lançar mão destes tratamentos.
ção por via oral e não atingem con- Tratamento da cama. Aves infectadas
centrações terapêuticas sistêmicas,
por SPT excretam, por longos períodos,
quando administrados por esta via.
o microrganismo via fezes. O tratamen-
to com AMC pode prolongar ainda mais
Grupo o tempo de excreção (BERCHIERI, 2009),
Antimicrobiano
farmacológico no meio ambiente e cama. A utilização
- Amoxilina de Cal Virgem, ou óxido de cálcio (CaO),
ß-Lactâmicos - Cefalexina a partir de 600 g / m² de cama, provoca
- Ceftiofur (in ovo) a redução significativa de Salmonella
Fosfomicina - Fosfomicina
spp. na cama, já a partir do sétimo dia
do tratamento. A elevação do pH da
Polipeptídeos - Colistina
cama e redução da atividade água, pela
- Enrofloxacina utilização da Cal Virgem, influenciam di-
Quinolonas
- Ciprofloxacina retamente a sobrevivência dos micror-
Tetraciclinas - Doxicilina ganismos (DAI PRA, 2009).
- Gentamicina
(in ovo) Outra maneira de diminuir a viabilidade
Aminoglicosídeos
- Neomicina
das SPT na cama é através da adminis-
Quadro 1 – Principais antimicrobianos utili-
tração de produtos de EC e probióticos
zados no controle de infecções paratíficas em no lote, via água ou ração. De acordo
aves, nas condições comerciais brasileiras. com PEDROSO (2014) a administração
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
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destes produtos pode alterar a com- dade não específica e o aumento em
posição bacteriana da cama, aumentar IgA secretória local, que podem contri-
a abundância de bactérias benéficas e buir para o aumento da resistência da
reduzir a prevalência de alguns patóge- mucosa contra infecções por patóge-
nos no meio ambiente. nos entéricos. O tratamento dos lotes
com produtos de EC já é utilizado em
Uso de produtos de exclusão com- alguns países como parte de um pro-
petitiva e probióticos. Várias publica- grama integrado de controle de salmo-
ções, trabalhos de pesquisa, e revisões nelas e precisa ser complementado por
de meta-analises sugerem o uso de elevados padrões de higiene e desin-
produtos de EC e probióticos, como fecção em todas as fases da cadeia de
auxiliares na redução de patógenos, produção (REVOLLEDO 2006).
incluindo Salmonella spp. (ANDREATTI,
2015; PEDROSO, 2014; NUOTIO, 2013; A utilização de microbiota de EC con-
REVOLLEDO, 2013; KERR, 2013; NUTIO, sistentemente reduziu, mais que a com-
2013; TELLEZ, 2012; OIE, 2010; FAO 2009; binação de vacinas vivas e inativadas, a
FLINT, 2009; EFSA, 2004). Estes produtos contagem de salmonelas, não somen-
exercem sua ação de diversas formas, te no cécum, mas também no fígado,
dentre elas: produção de ácidos orgâni- baço e coração de aves desafiadas com
cos e bacteriocinas, ocupação de sítios amostras antibiótico resistentes de SE e
de ligação, reduzindo a capacidade de ST (BAILEY, 2007). Este fato demonstra a
fixação de algumas bactérias patogê- importância de uma abordagem multi-
nicas à mucosa, produção de mucina e fatorial no controle das SPT, incluindo o
competição por nutrientes com micror- uso de EC.
ganismos patogênicos.
Para alguns pesquisadores a microbio-
Mudanças na composição da micro- ta indefinida da EC (NAGF) mostrou-se
biota induzidas pela terapia antibióti- superior aos probióticos de microbiota
ca, por tetraciclina ou estreptomicina, definida (DFM) na redução da coloniza-
foram rápidas e bastante severas (VI- ção de SPT no cécum (FLINT, 2009; AN-
DENSKA, 2013). A recuperação imedia- DREATTI, 2000; HOFACRE, 2000).
ta da microbiota com uso de EC, após
antibioticoterapia, constitui, portanto, Segundo ANDREATTI (2012) um núme-
uma ferramenta importante para evitar ro maior de espécies bacterianas, apa-
uma possível reinfecção das aves pelas rentemente, determina um probiótico
salmonelas da cama e meio ambiente, mais efetivo, quando comparado com
excretadas antes e durante o tratamen- produtos que apresentam número
to (OIE, 2010; FAO 2009). reduzido de espécies. Nas operações,
com dificuldades de adição de produ-
Talvez um dos efeitos anti-infeccioso tos de EC e Probióticos na ração, devi-
mais importantes dos produtos EC e do a logística, uso de ácidos orgânicos
probióticos é a estimulação da imuni- na forma líquida na ração, extrusão e /
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
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ou peletização, estes produtos podem por quase 40% das exportações mun-
ser utilizados na água de bebida, para diais de frango, onde o consumo de
administrá-los logo após o término da carne e ovos representa a maior fonte
medicação. de proteínas animais para a população,
a indústria avícola esteja ainda priva-
Controle sistemático de vetores bioló- da das vacinas vivas orais de SE e ST.
gicos e animais domésticos. Os animais Estes imunógenos complementariam,
sinantrópicos (insetos, ácaros, roedores de forma técnica, a ação das vacinas
e pombos) são, comprovadamente, inativadas comerciais e autovacinas de
fontes de infecção das SPT. Da mesma Salmonellas spp. As vacinas inativadas
forma, gatos e cães, que caçam e se desenvolvem efetivamente a resposta
alimentam de roedores, são também imune humoral, que possibilita a redu-
transmissores de SPT, através de suas ção e transmissão do patógeno via ovo,
fezes. Portanto, os animais domésti- porém é insuficiente para eliminação
cos, incluindo os pássaros de vida livre, do agente do TD.
não devem ter contato com nenhuma
instalação da cadeia produtiva avícola: 7. Riscos no uso de
granjas, fábricas de ração, incubatórios e
antimicrobianos para a
abatedouros. Núcleos e instalações cer-
cados e à prova de pássaros, nas portas avicultura brasileira
de acesso, no sistema de ventilação e Na condição de maior exportador de
eliminação de água de serviço, auxiliam carne de aves do mundo, o Brasil é um
neste objetivo. dos principais abastecedores deste
produto para a Comunidade Europeia,
Vacinas vivas de SE e ST: Os países de além de outros mercados extremamen-
avicultura madura e desenvolvida, que te exigentes no que se refere a seguran-
já obtiveram êxito na redução das SPT, ça alimentar. No último Relatório Anual
tanto na avicultura de ovos comerciais do Sistema Rápido de Alerta Europeu
como em granjas de reprodução, inicia- para Alimento e Rações (RASFF, 2014), o
ram a utilização das vacinas vivas orais Brasil ocupa o primeiro lugar na lista de
de SE e ST, há quase duas décadas. Estes fornecedores com produtos de origem
produtos são os únicos a desenvolver aviária contaminados por Salmonella
efetiva: (i) imunidade de mucosas (lo- spp. e por Salmonella Heidelberg. É
cal), para prevenir e deduzir a coloniza- bem provável que esta condição esteja
ção intestinal e excreção fecal; (ii) imuni- ligada ao maior market share do Brasil
dade celular, tida como fundamental na neste segmento. Mas isso serve de aler-
eliminação das salmonelas do hospe- ta e a indústria avícola brasileira deve se
deiro (REVOLLEDO, 2013; REVOLLEDO e manter atenta. Em outras palavras, os
FERREIRA, 2012). acertos e erros produzidos pela utiliza-
Não há lógica que, no Brasil, terceiro ção dos AMC nas aves, pelos Médicos
maior produtor avícola, que responde Veterinários, nas granjas de reprodução,
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
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no incubatório e nas granjas comerciais, ladas de granjas avícolas ao Ceftiofur
poderão ou não prejudicar as exporta- foi observada por CAMARGO (2013) no
ções de produtos avícolas. Brasil, conforme mostra a Quadro 2.
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 156 -
peia (HEINRICH, 2013), onde o produto bula destes produtos), definitivamente há
é destinado apenas ao tratamento de algo errado no processo. Na natureza, os
infecções respiratórias de suínos e bo- pintos eclodem em ninhos, sem nenhum
vinos, ou então no texto da bula deste princípio de higiene ou biosseguridade,
AMC: “este produto não deve ser admi- com o ônfalo (umbigo) tocando a palha
nistrado em aves (incluindo ovos) devi- do ninho, repleta de matéria orgânica, e
do ao risco de propagação de resistên- não apresentam onfalite ou mortalidade
cias antimicrobianas a humanos”. na primeira semana. Qual o segredo? A
resposta é que a gema está bem absor-
Do outro lado do Atlântico, o Programa vida no nascimento e o umbigo cicatri-
Integrado Canadense para Vigilância zado! Se isso não ocorre no incubatório,
para Resistência Antimicrobiana (CIPARS) há que se rever o processo, desde a granja
identificou uma forte correlação entre a de reprodutores, até a granja das aves co-
resistência ao Ceftiofur por S. Heidelberg merciais. Sugerimos, a seguir, apenas um
de ambas as fontes, humanas e aves in- roteiro básico para facilitar a abordagem
dustriais, no varejo em Quebec e Ontário. do problema. O ideal é sempre buscar a
Como mostra a Figura 3, a retirada vo- ajuda de um especialista.
luntária de Ceftiofur, utilizado “extra la-
bel”associado à vacinação de Marek, nos a) Se há transmissão vertical de E. coli,
incubatório em Quebec foi logo seguido Staphylococcus aureus ou Pseudo-
por uma acentuada redução na propor- monas spp., para o ovo incubável, a
ção de S. Heidelberg e Escherichia coli ação para reverter o processo deve
isoladas de seres humanos e de frangos começar na granja de reprodução.
no varejo resistentes ao Ceftiofur (DUTIL, Para isso é fundamental melhorar a
2010; SCOTT, 2010). Em maio de 2014 a qualidade intestinal das reproduto-
utilização de Ceftiofur pelos incubató- ras com utilização de produtos de
rios no Canadá foi abolido. EC de forma estratégica ou constan-
te. O impacto será diretamente ob-
servado: na qualidade das fezes, na
qualidade de cama, na porcentagem
8. Medidas preventivas de ovos sujos e até mesmo porcen-
para evitar a utilização tagem de nascimento.
de antimicrobianos no b) Caso o problema seja contaminação
incubatório e na primeira do lote de reprodutoras por SPT, su-
semana de vida. gerimos uma abordagem multifatorial,
conforme descrito no item 6.
Se há necessidade real da utilização de
AMC junto a vacina de Marek para con- c) Para reduzir o risco de transmissão de
trole das infecções por E. coli e Staphylo- SPT para a progênie, é fundamental
coccus aureus e mortalidade dos pintos, a imunização das reprodutoras com
na primeira semana (como informa a vacinas de SE, ST ou autovacinas.
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 157 -
d) As vacinas inativadas reduzem a trans- dos ovos, na sua passagem natural
missão transovariana de SPT, porém pela cloaca, quando estes entram em
não evitam a contaminação externa contato com resíduos das fezes cecais.
Figura 3: Retirada voluntária de Ceftiofur associado a vacina de Marek nos incubatórios, em Quebec
e prevalência de amostras de S. Heidelberg e Escherichia coli resistentes ao Ceftiofur (DUTIL, 2010)
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 158 -
i) Monitore e avalie a eficiência de seu de incubação), receberão a aplicação
sistema de incubação através da qua- da vacina “in ovo” também de forma
lidade dos pintos. alterada, devido à condição anatômi-
ca de penetração da agulha.
j) Qual o escore de pintos com umbigos
mal cicatrizados? Este número não o) Outra forma de verificar a qualidade
deveria ultrapassar 1%. dos pintos ao nascimento é através
do comprimento do pintinho vivo
k) Qual a percentagem de gema resi- (ponta do bico à ponta do dedo). A
dual no nascimento? Sacrifique uma medições devem ser executadas
amostra representativa de pintinhos sempre por uma mesma pessoa no
e separe a gema da “carcaça” do pin- incubatório, que poderá até traçar os
tinho. Em condições normais (“janela padrões esperados para a linhagem
de nascimento” entre 24 e 28 horas), e para a idade das reprodutoras, nas
quanto maior a porcentagem de condições do seu incubatório. Como
gema em relação a carcaça, há ten- sugestão, é desejável: (i) no mínimo
dência de pior desenvolvimento do 19 cm no terço inicial de produção
pintinho e pior qualidade. da reprodutora; (ii) 19,5 cm no terço
l) Se a gema pesar mais que 5 gramas, intermediário da produção; (iii) mais
é provável que seu sistema de incu- de 20 cm no terço final da produção.
bação não esteja distribuindo calor p) Para máquinas de incubação de es-
uniformemente. tágio múltiplo de carrinhos – mas
m) Não se surpreenda se encontrar ge- principalmente de prateleiras – é fun-
mas de até 9 gramas, ou mais, ao damental utilizar uma sala exclusiva
nascimento, em ovos incubados em e realmente eficiente para o pré-a-
algumas regiões da incubadora de quecimento dos ovos. Com isso po-
cargas múltiplas. Neste caso você deremos melhorar de maneira geral
irá realmente necessitar utilizar um as condições internas da incubado-
AMC em dose terapêutica na vacina- ra, reduzir a “janela de nascimento”
ção de Marek, “in ovo” ou no primeiro e, como consequência, a qualidade
dia. Esta é a melhor forma de tentar dos pintos. Certifique-se que todos os
evitar elevada mortalidade e refuga- ovos, de toda a carga, possuem tem-
gem na primeira semana, causadas peraturas internas semelhantes,
por microrganismos que penetraram imediatamente antes da incubação.
através do umbigo mal cicatrizado ao Lembre-se, para a transferência de ca-
nascimento. lor entre os sólidos três condições são
necessárias: (i) fonte de temperatura
n) Um detalhe importante é que, em- uniformemente distribuída; (ii) ven-
briões com menor desenvolvimento tilação eficaz; (iii) alta umidade (sem
fisiológico no 18º dia de incubação molhar os ovos). Consulte um espe-
(apresentam tamanho real de 17 dias cialista, se necessário.
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
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Considerações Finais por produtos avícolas – aves & ovos – pro-
O consumidor de hoje decide o que ele duzidos sem a utilização de AMCs é cres-
não quer comer. A “bola da vez” está rela- cente. As grandes cadeias de “fast food” e
cionada aos “alimentos produzidos sem de supermercados já descobriram que “o
uso de hormônios & antibióticos”,não im- público consumidor faz as leis de merca-
porta o quanto isso possa ser infundado e do”,o legislador, de bom senso, posterior-
incoerente tecnicamente. As novas ferra- mente as segue. É de bom senso também
mentas para substituir os AMCs utilizados as grandes, médias e pequenas empresas,
como melhoradores de desempenho e produtoras avícolas, exigirem uma res-
profiláticos já estão disponíveis no mer- posta proativa de seu departamento téc-
cado, algumas, há décadas. Há farta lite- nico, e lembrá-los que o futuro não está
ratura técnico-científica para dar suporte distante. Do contrário, o departamento de
à utilização destes produtos. A demanda marketing o fará.
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 160 -
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Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 162 -
René Dubois
Médico veterinário
Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA)
Brasília/DF
Silvio Krinski
M.Sc. Engenheiro Agrônomo
Gerência Técnica e Econômica
Sindicato e Organização das Cooperativas
do Estado do Paraná
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 167 -
Destaca-se o ramo agropecuário com Neste sentido este trabalho tem como
75 cooperativas, que respondem por objetivo analisar como as cooperativas
aproximadamente 56% da produção agroindustriais do Paraná estão inse-
agropecuária do Estado do Paraná. ridas no contexto da economia verde,
(OCEPAR, 2015). No ano de 2013 a re- tendo como referencial as suas ações
ceita bruta deste ramo chegou a or- realizadas no conceito de desenvolvi-
dem de R$ 38,6 bilhões, além de ser mento sustentável.
responsável na produção de grãos, por
72% da safra de soja, 64% da safra de
Milho e 67% da safra de trigo no Esta-
do. Já, a produção animal responde por 2. SUSTENTABILIDADE,
31% da produção de carne de frango, ECONOMIA VERDE E
35% da produção de carne suína e COOPERATIVISMO
48% da produção leiteira.
As discussões sobre o conceito da sus-
Este crescimento, firmado na produ- tentabilidade e as maneiras de atingi-la
ção agrícola e pecuária, está alinhado a não são recentes e tem se destacado na
uma estratégia de verticalização, agre- atualidade devido a maior conscienti-
gando valor para a propriedade rural e zação da sociedade, preocupada com a
construindo uma cadeia agroindustrial utilização dos recursos naturais e a qua-
de grande competitividade. Atualmen- lidade de vida das pessoas.
te as cooperativas possuem uma capa-
cidade instalada de processamento de A sua origem esta relacionada ao termo
37% para carne suína, 42% para carne “desenvolvimento sustentável”, usual-
de aves, 51% para laticínios, 47% para mente definido como “o desenvolvi-
fábrica de rações, 38% para o esmaga- mento que satisfaz as necessidades
mento de soja e 100% para a produção presentes, sem comprometer a capa-
do malte. cidade das gerações futuras de suprir
suas próprias necessidades”, proposto
Com números significativos de expan- pela Comissão de Brundtland (Nosso
são, cresce também a preocupação Futuro Comum, 1987). Muitas vezes
com o meio ambiente e a busca por este conceito é associado às discussões
produtos e serviços mais eficientes, que puramente de cunho ambiental, mas o
empregam tecnologias mais limpas, termo vai muito além. A sustentabilida-
transformando os passivos ambientais de deve integrar de forma harmônica e
em ativos. Neste sentido, o tema eco- inter-relação dos aspectos econômicos,
nomia verde vem ganhando destaque. ambientais e sociais.
A responsabilidade socioambiental dei-
xa de ser uma “moda passageira” e se Com base neste tripé, conhecido como
transforma em um modo de agir, trans- “triple bottom line”, qualquer projeto
formando pequenos hábitos cotidianos de desenvolvimento sustentável deve
em uma nova ética verde. considerar o tratamento simultâneo
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 168 -
do respeito ao meio ambiente, da efici- A pesquisa e desenvolvimento têm me-
ência econômica e da equidade social. lhorado a qualidade e disponibilidade
Neste contexto, surge o potencial de dos produtos verdes. O emprego da
uma economia verde, proporcionando tecnologia é direcionado para a criação
novas oportunidades para as empresa de produtos inovadores, a fim de buscar
e as organizações (ELKINGTON, 2001 e novas fontes de energia renováveis, re-
SHARF, 2004). duzir as cargas orgânicas dos processos,
utilizar ingredientes menos tóxicos e
Segundo o PNUMA (Programa das Na- materiais mais biodegradáveis.
ções Unidas para o Meio Ambiente),
a economia verde pode ser definida As empresas que trabalham sob a ótica
como sendo “Uma economia que re- da economia verde conseguem entre-
sulta em melhoria do bem-estar da laçar seu desenvolvimento com renda,
humanidade e igualdade social, ao inclusão social e redução dos impactos
mesmo tempo em que reduz, signifi- ambientais. De acordo com Gallo et al
cativamente, riscos ambientais e escas- (2012), esta economia preconiza o estí-
sez ecológica”. mulo em atividades com baixo teor de
emissão de carbono, racionalização dos
Segundo Louredo (2012), o conceito de recursos, integração social, proteção e
economia verde não substitui o con- reforço da biodiversidade e dos servi-
ceito de desenvolvimento sustentável, ços fornecidos pelos ecossistemas.
mas atualmente existe um crescente
reconhecimento de que a realização Na “Conferência das Nações Unidas
da sustentabilidade se baseia quase sobre Desenvolvimento Sustentável –
que inteiramente em conseguir o mo- Rio+20” foi discutida a economia verde
delo certo de economia. Mesmo que com foco na erradicação da pobreza,
a sustentabilidade seja um objetivo de avaliando o progresso e lacunas que
longo prazo, é necessário que a nos- ainda existem na implantação dos re-
sa economia se torne mais verde para sultados dos principais encontros sobre
conseguir atingir esse objetivo. desenvolvimento sustentável, além de
abordar os novos desafios na área de
Na economia verde, processos em- segurança alimentar, recursos hídricos,
presariais ineficientes e produtos que energias, cidades, florestas e biodiversi-
poluem estão sendo revistos, abrindo dades, mudanças climáticas, educação,
espaço para outros mais eficientes e entre outros.
quem empreguem tecnologias mais
limpas. Os problemas ambientais tais Como resultado destas discussões o
como mudanças climáticas, estão sen- cooperativismo foi reconhecido na
do vistos cada vez mais como oportu- declaração final do evento, intitulada
nidades de inovação, estímulos a novos “O Futuro que Queremos” como um
produtos, processos, mercados e mode- importante modelo para a inclusão
los empresariais (Barbieri, 2007). social e a redução da pobreza, em par-
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 169 -
ticular nos países em desenvolvimen- Faturamento (IF); Índice de Sobras (IS);
to. Da mesma forma, entende-se que Índice Investimentos Econômicos (IIE);
é necessário fomentar as cooperativas Índice Investimentos Sociais (IIS) e Índi-
e cadeias de valor agrícola forte para ce Investimentos Ambientais (IIA).
contribuir na segurança alimentar, nu-
trição e agricultura sustentável (ONU,
2012).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Análise dos investimentos econô-
micos
3. METODOLOGIA
Para analisar como as cooperativas O cooperativismo está consolidado
agroindustriais do Paraná estão inse- como modelo de desenvolvimento
ridas no contexto da economia verde, econômico no setor de agronegócios
buscou-se através de pesquisa explo- no Estado do Paraná. Além de represen-
ratória fazer um levantamento das prin- tar boa parte da produção de grãos e
cipais ações realizadas dentro do con- cereais, as cooperativas são responsá-
ceito de desenvolvimento sustentável, veis, também, pela agregação de valor
considerando seus investimentos eco- aos produtos primários por meio da
nômicos, sociais e ambientais. agroindustrialização em setores estra-
tégicos.
A metodologia utilizada para esta re-
flexão levou em consideração alguns Em 2011, as cooperativas agropecuárias
indicadores de desempenho das coo- foram responsáveis por aproximada-
perativas, apresentados no Balanço Eco- mente 55% da produção agropecuária
nômico e Social, tais como: Faturamen- do Paraná, contribuindo para o desen-
to; Sobras; Investimentos Econômicos; volvimento econômico do estado, a ge-
Investimentos Sociais e Investimentos ração de empregos e a distribuição de
Ambientais. O período de análise dos renda para seus cooperados.
indicadores utilizado foi entre os anos O desenvolvimento econômico das co-
de 2002 a 2011. operativas tem se fortalecido nos últi-
Para facilitar esta análise foi criado um mos anos pelo aumento de sua receita
índice para cada indicador, com base no bruta (faturamento) e a capacidade de
seu respectivo desempenho no ano de investimento econômico em suas pró-
2002. Assim sendo possível verificar a prias atividades. Esta percepção pode
evolução de cada indicador no decorrer ser identificada quando é avaliado o
do período e fazer a comparação entre seu desempenho nos últimos 10 anos,
eles. analisando o Índice de Faturamento (IF)
e o Índice de Investimento Econômico
Os índices criados para análise do de- (IIE) das cooperativas do ramo agrope-
sempenho são os seguintes: Índice de cuário na Figura 01.
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 170 -
Figura 01. Comparação do Índice de Investimento Econômico (IIE) frente ao Índice de Faturamen-
to (IF) das cooperativas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011,
em base 100 (Ano 2002=100). Fonte: Ocepar, 2012
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 171 -
Figura 02. Comparação do Índice de Sobras (IS) frente ao Índice de Faturamento (IF) das coopera-
tivas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011, em base 100 (Ano
2002=100). Fonte: Ocepar, 2012
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 172 -
Dentre os parâmetros calculados nes- encontro dos princípios e valores do
te trabalho, o Índice de Investimento cooperativismo e a importância que o
Social (IIS) apresentou o maior desem- desenvolvimento social representa ao
penho. Este comportamento vai ao sistema.
Figura 03. Comparação do Índice de Investimento Social (IIS) frente ao Índice de Faturamento (IF)
das cooperativas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011, em
base 100 (ano 2002=100). Fonte: Ocepar, 2012
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 173 -
apresentou uma tendência de cres- Faturamento aumentou 187%. Esta
cimento maior quando comparado relação demonstra a importância que
ao Índice de Faturamento (IF) (Figura as questões ambientais têm apresen-
04). O crescimento do Investimento tado para o cooperativismo nos últi-
Ambiental foi de 224%, enquanto o mos anos.
Figura 03. Comparação do Índice de Investimento Ambiental (IIA) frente ao Índice de Faturamen-
to (IF) das cooperativas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011,
em base 100 (Ano 2002=100). Fonte: Ocepar, 2012
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 174 -
as mudanças climáticas e a escassez dos tendência de crescimento e uma evolu-
recursos naturais. Neste contexto, as ção superior ao Índice de Faturamento
empresas estão mudando suas ações (IF) das cooperativas do ramo agrope-
estratégicas com a visão de transformar cuário. Já, o Índice de Sobras (IS) apre-
os seus problemas em novas oportu- sentou a mesma tendência, porém com
nidades, por meio da inovação de seus um crescimento menor frente ao Índice
processos impulsionando o desenvolvi- de Faturamento (IF) atribuído principal-
mento de uma economia verde. mente pela maior competitividade do
mercado.
Este pensamento tem influenciado di-
retamente a produção de alimentos O comportamento dos índices analisa-
nas cooperativas, que além da transfor- dos nos últimos anos demonstra que
mação da proteína vegetal em proteína as cooperativas agroindustriais apre-
animal, agregando valor aos coopera- sentam um considerável esforço para
dos e viabilizando a pequena proprie- o desenvolvimento econômico e social
dade rural, inserem o aspecto ambien- dos seus associados e colaboradores,
tal em sua tomada de decisão. sem esquecer os impactos ambientais
de suas atividades, destacando sua pre-
Na conjuntura da economia verde o ocupação com o desenvolvimento sus-
cooperativismo, teve seu reconheci- tentável e a implantação de tecnologias
mento, quando na Conferência das Na- limpas em seus processos. Este movi-
ções Unidas sobre o Desenvolvimento mento vai ao encontro do conceito de
Sustentável (Rio+20) foi declarado que organização sustentável, definido por
as cooperativas são um importante mo- Barbieri (2007), como a organização que
delo de inclusão social e de redução da simultaneamente procura ser eficiente
pobreza, em particular nos países em de- em termos econômicos, respeitar a ca-
senvolvimento, bem como reconhecida pacidade de suporte do meio ambiente
sua contribuição na segurança alimentar, e ser instrumento de justiça social.
nutrição e agricultura sustentável.
Neste contexto podemos dizer que o
Na análise dos indicadores calculados cooperativismo se encaixa nos precei-
neste trabalho, o Índice de Investimento tos defendidos pela economia verde
Econômico (IIE), o Índice de Investimen- e se evidencia seu papel como mode-
to Social (IIS) e o Índice de Investimento lo econômico para o desenvolvimen-
Ambiental (IIA) apresentaram a mesma to regional.
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 175 -
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Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 176 -
Tifosis aviar
Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 189 -
ções estacionais do ambiente, permite toda a área da ave na foto, utilizando o
ajustes nas práticas de manejo possibi- programa computacional SmartView®,
litando dar-lhes sustentabilidade e via- obtendo assim a temperatura média da
bilidade econômica (Costa et al., 2012). área selecionada. A emissividade utiliza-
Nas imagens termográficas, é possível da para frango de corte, representando
observar a espacialização da tempera- a pele e a cobertura de penas é de 0,95
tura em curvas de superfície associadas de acordo com Cangar et al. (2008) e
a cores, sendo identificadas nas zonas Nääs et al. (2010). Os resultados de TSM
coloridas, por faixas de amplitude tér- obtidos por meio das imagens térmicas
mica, os pontos críticos com os maiores foram comparados com as equações
valores de temperatura. propostas por Richards (1971)(Eq. 1) e
por Dahlke et al. (2005)(Eq. 2) para esti-
mar a TSM de frangos de corte. As tem-
peraturas superficiais de cada parte do
Material e Métodos corpo das aves foram medidas nas pró-
O experimento foi conduzido em uma prias imagens termográficas, conforme
câmara climática pertencente ao Labo- método proposto por Nääs et al. (2010).
ratório de Construções Rurais e Ambi-
TSM = (0,12 TA) + (0,03 TCA) + (0,15
ência do Departamento de Engenharia
TP) + (0,70 TD) Eq. 1
Agrícola da Universidade Federal de
Campina Grande – UFCG, divida em TSM = (0,03 TC) + (0,70 TD) + (0,12
quatro boxes com piso de maravalha TA) + (0,06 TCA) + (0,09 TP) Eq. 2
de madeira, comedouros e bebedouros
por box, iluminação diária com lâmpa- Em que: TSM = Temperatura superficial média
(ºC); TA = Temperatura da asa (ºC); TCA = Tem-
das fluorescentes. Alojou-se 28 aves, peratura da cabeça (ºC); TP = Temperatura das
sendo quatro aves por linhagem, Carijó, pernas (ºC); TD = Temperatura do dorso (ºC);
CPK, Pescoço Pelado e Tricolor, subme- TC = Temperatura da crista (ºC). As equações
tidas a quatro temperaturas do ar, que apresentam pesos diferentes para cada parte
foram de 18,5 °C, considerada abaixo do corpo da ave, com exceção do dorso (0,70)
e asa (0,12).
da zona de conforto térmico; 23,1 e
28,4 °C, considerada dentro da zona de Utilizando o registro da temperatura
conforto térmico e 33,1 °C, considerada superficial média das aves, foi calculada
no limite do conforto, sendo a umidade a média de interação entre as diferen-
relativa e velocidade do vento constan- tes temperaturas ambiente e as quatro
te, com média de 62% e 0,5 m/s, res- linhagens. Os dados de TSM, utilizando
pectivamente. O período experimental termografia infravermelho, foram com-
para cada temperatura foi de sete dias, parados pelo teste de Tukey, com 95%
sendo cinco dias de adaptação da ave a de confiança, com os resultados obtidos
temperatura e dois de coleta de dados. nas equações propostas por Richards
A termografia foi utilizada para medir a (1971) e Dahlke et al. (2005). A variação
TSM dos frangos de corte, selecionando da TSM e da temperatura superficial das
Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 190 -
partes dos frangos de corte por tempe- tura de penas maior será temperatura
ratura do ar foram analisadas pelo teste superficial. Em relação a 23 e 28°C não
ANOVA, com grau de confiança de 95%. houve diferença significativa (P<0,05)
Na evidência de diferença estatística entre carijó e pescoço pelado, com di-
significativa, as médias foram compara- ferença significativa destas linhagens
das pelo teste de Tukey a 5%, utilizando em relação a tricolor e cpk, que foram
o programa estatístico ASSISTAT® 7.7. semelhantes, com maior temperatu-
ra para as primeiras linhagens citadas.
Observou-se que para a maior tempe-
ratura ambiente há diferença significa-
Resultados e Discussão tiva entre as linhagens pescoço pelado,
As médias de temperatura superficial cpk e tricolor, entretanto não observa-
das aves por linhagem apresentaram mos diferença entre carijó e cpk. Anali-
diferenças significativas (P< 0,05) entre sando a TSM das linhagens em relação
as diferentes temperaturas. Por tempe- às temperaturas, observou-se que as
ratura, aos 18°C houve diferença signi- médias apresentam diferenças signifi-
ficativa da linhagem pescoço pelado cativas (P <0,05), para todas elas, onde
em relação às demais, ficando mais ele- com o aumento da temperatura houve
vada, isto pode ser explicado pelo fato elevação da TSM. Segundo Cangar et al.
dessa linhagem apresentar menor co- (2008) a vascularização superficial está
bertura de penas, e esta cobertura age diretamente relacionada ao acréscimo
como uma camada isolante, portanto da temperatura superficial em aves,
animais mantidos em temperaturas que é diretamente afetado pela tem-
abaixo da ZCT, quanto menor a cober- peratura do ar (Tabela 1).
Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 191 -
em altas temperaturas. A temperatura tura do ar e difere estatisticamente em
superficial média de frangos de corte relação a diferentes níveis de tempera-
aumenta com o aumento da tempera- tura ambiente.
Referências bibliográficas
Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 192 -
Abstract Introdução
With the evolution and development A produção de ovos de galinha, acom-
in the Brazilian poultry sector, not only panhando a evolução de pesquisas e
the quality of the welfare of the birds desenvolvimento de projetos inovado-
but also eggs for human consumption res, vem ganhando espaço expressivo a
has been studied in order to provide cada ano no mercado nacional e inter-
better food safety for consumers. Thus, nacional, bem como o melhoramento
this research aimed to evaluate the ex- do bem-estar das aves, o que possibilita
ternal quality parameter egg, the shell, melhores condições na produção. O
to their resistance with respect to the Brasil sendo um país de clima tropical
breakdown after the eggs are submit- e quente em maior parte do seu territó-
ted to the transport between the farm rio, dentro do contexto de pós-postura,
and warehouse. The results showed no não oferece a normativa para refrigera-
significant difference for this parameter ção de ovos, os quais são acondiciona-
in the studied trips. dos desde o momento da postura até
Tabela 1. Trajetos, distâncias percorridas e tempo de duração das distribuições de ovos da granja
até o entreposto.
Cidades Distância (km) Tempo de duração (h) Horário
Esperança – Queimadas 43,0 1,00 8:15 – 9:15
Esperança – Juazeirinho 100,0 3,50 9:00 – 12:30
Esperança – Serra Branca 120,0 4,00 8:30 – 12:30
Tabela 2. Média dos parâmetros de qualidade dos ovos: resistência à compressão longitudinal
dos ovos (R Long) e resistência à compressão transversal dos ovos (R Trans) em comparação entre
as amostras finais e as testemunhas.
Período seco Período chuvoso Período chuvoso
Distância R Long (N) R Trans (N) Distância R.Long (N) R. Trans (N)
Testemunha 31,86 27,53 Testemunha 29,79 31,05
1 29,91 25,53 1 26,90 28,58
2 29,06 27,78 2 28,76 29,84
3 29,03 29,69 3 31,75 31,16
C.V(%) 17,18 15,24 C.V(%) 11,90 13,78
As médias seguidas por um asterisco diferem significativamente da testemunha, a 5% de proba-
bilidade, pelo teste de Dunnett.
Referências bibliográficas
Abstract Introdução
This work had up to evaluate the effect Nas criações brasileiras, na maior par-
of acute heat stress on performance of te do ano, os suínos estão sujeitos aos
growing pigs. We used 24 pigs cross- efeitos negativos do estresse por calor
bred barrows, distributed in a randomi- sendo as fases de crescimento e termi-
zed block design, with two treatments nação mais prejudicadas em razão de
being: 1 treatment, thermal comfort sua alta termogênese. As previsões de
(22ºC) and treatment 2, heat (34°C), with mudanças climáticas globais projetam
six replications. The animals were hou- um aumento de temperatura ambien-
sed for 48 hours in growth chambers te com o passar dos anos, com isso os
with total control of temperature, relati- problemas do calor relacionados ao es-
ve humidity and air exchange. The acu- tresse na produção animal, irão aumen-
te heat stress induced a reduction of tar no futuro. Quando a temperatura
average feed intake after 48 hours of ac- ambiente se aproxima da temperatura
commodation and reduction of mean corporal, a manutenção da homeoter-
weight gain during the first 24 hours mia torna-se difícil para o animal.
compared to the host animals housed
in a thermal comfort. Acute heat stress A redução no consumo de ração de suí-
in 48 hours affects the performance of nos sob estresse por calor é o um meca-
pigs in the growth phase. nismo importante para manter o equi-
Anais SIAVS 2015 - O estresse agudo por calor compromete o desempenho de suínos em crescimento
- 196 -
líbrio térmico, especialmente quando cos casualizados, constituindo-se dois
a temperatura ambiente está acima tratamentos (conforto térmico de 22ºC e
da crítica superior para a categoria. Isto estresse por calor de 34ºC), com seis re-
ocorre porque o declínio do consumo é petições por tratamento sendo a unida-
o mecanismo mais eficaz para diminuir de experimental composta por dois ani-
a termogênese (Collin et al., 2001). mais na baia. O peso inicial foi utilizado
como critério para formação dos blocos.
Os suínos quando mantidos na zona
O período experimental teve duração de
de conforto térmico a produção de
48 horas. Todos os animais receberam
calor é relativamente estável e maior
dieta formulada a base de milho e farelo
proporção da energia ingerida pode
de soja, suplementada com vitaminas e
ser direcionada para expressão de seu
minerais, para atenderem às exigências
potencial genético de desempenho.
mínimas sugeridas pelas Tabelas Brasi-
Por outro lado, animais alojados em am-
leiras de exigências nutricionais para su-
biente quente necessitam gastar ener-
ínos editadas por Rostagno et al. (2011).
gia para resfriar o corpo, tendo como
Foram considerados as recomendações
consequência, piora no desempenho.
para machos castrados de alto potencial
Desta forma, foi avaliado se o estresse
genético com desempenho médio dos
agudo por calor influencia o desem-
30 a 60 kg. A temperatura e a umidade
penho e parâmetros fisiológicos de
relativa das câmaras foram monitoradas
suínos na fase de crescimento, além de
demonstrar em que ponto eles iniciam durante todo o período experimental,
sua adaptação fisiológica. com uso de termohigrômetros e termô-
metros de globo negro. Os equipamen-
tos foram instalados à meia altura dos
animais no galpão experimental. Os va-
Material e Métodos lores registrados foram, posteriormente,
Um experimento foi conduzido no se- utilizados para o cálculo do ITGU (Índice
tor de suinocultura da Universidade de Temperatura de Globo e Umidade). A
Federal de Lavras (UFLA) utilizando-se ração fornecida, as sobras e o desperdí-
24 suínos híbridos comerciais machos cio foram pesados para determinação
castrados, de alto potencial genético. Os do consumo de ração médio (CRM). Os
animais, com peso médio inicial de 30,47 animais foram pesados no início, após 24
kg, foram alojados em duas câmaras cli- horas e 48 horas, para determinação do
máticas com capacidade de controle ganho de peso médio diário (GPM). Os
de temperatura, umidade e ventilação. dados foram analisados através de um
Cada câmara possui seis baias experi- modelo misto contendo o tratamento
mentais com piso de concreto, área útil como efeito fixo e baia como efeito ale-
de 2,3 x 1,5m, dotadas de comedouros atório. Todas as análises foram realizadas
semi-automáticos e bebedouros do tipo utilizando-se o procedimento MIXED do
chupeta. Os suínos foram distribuídos SAS (SAS System, Cary, NC) a 5% de pro-
em delineamento experimental de blo- babilidade de ocorrência do Erro Tipo I.
Anais SIAVS 2015 - O estresse agudo por calor compromete o desempenho de suínos em crescimento
- 197 -
Resultados e Discussão
Os resultados de desempenho obser- agudo por calor são apresentados na
vados em suínos mantidos em estresse Tabela 1.
Pode-se observar, de maneira geral, que O estresse agudo por calor também pio-
o estresse agudo por calor provocou rou o GPM nas primeiras 24 h de alojamen-
piora tendenciosa no CRM no primei- to (P=0,05), o que refletiu na piora do GPM
ro dia de alojamento (P=0,06), e uma total (p=0,02). O GPM dos animais man-
redução comprovada no segundo dia tidos em estresse por calor foi em média
(P=0,05), refletindo em piora no CRM no 47% menor nas primeiras 24 h, refletindo
período total (p=0,03). De acordo com em uma média de 28% menor do GPM
os resultados houve uma redução de total, provocando um peso final (48h) in-
37% no CRM no primeiro dia, 11,7% no ferior comparado com os animais alojados
segundo dia e 10 % no período total. A em conforto térmico (p=0,02). A redução
redução do consumo de alimento ob- do ganho de peso verificada neste estudo
servada em suínos submetidos a tem- confirma a hipótese de que animais man-
peraturas ambientais elevadas, prova- tidos em ambiente com temperatura aci-
velmente, é um mecanismo de defesa ma da faixa de termoneutralidade utilizam
do organismo para redução da produ- ajustes comportamentais e fisiológicos
ção de calor resultante dos processos para favorecer o balanço de calor, o que
digestivos e metabólicos (Le Bellego et compromete o seu desempenho (Kiefer
al., 2002). et al., 2005). No entanto, de acordo com
Anais SIAVS 2015 - O estresse agudo por calor compromete o desempenho de suínos em crescimento
- 198 -
os resultados de ganho de peso obtidos, Conclusão
o efeito negativo dos ajustes metabólicos O estresse agudo por calor em 48 horas
sobre o desempenho dos animais expos- compromete o desempenho de suínos
tos a alta temperatura foi em função da na fase de crescimento.
intensidade do estresse.
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Referências bibliográficas
Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
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evolução no século XXI a ambiência para coletar os dados de temperatu-
ganha destaque. Desta forma é neces- ra e umidade do ar, a cada duas horas,
sário cada vez mais conhecer os impac- durante o período de criação das aves.
tos da melhoria em ambiência sobre Também foram obtidos dados de peso
o desempenho técnico e econômico corporal médio, viabilidade, conversão
dos planteis. O controle ambiental das alimentar e idade das aves ao abate.
instalações está se tornando cada vez
mais uma realidade dentro das criações, Para definir as faixas de conforto térmico
sendo necessário reavaliar os parâme- em função da idade dos frangos, foi cons-
tros de conforto térmico e ambiental truído um modelo para calcular o coefi-
considerando dados diretamente da ciente de correlação entre o percentual
produção. Os parâmetros referenciais de avaliações dentro da faixa de conforto
de conforto térmico dos frangos uti- e o índice de eficiência econômica (IEE). A
lizados atualmente são baseados em ideia central do problema era maximizar a
informações antigas (década de 70 e correlação entre o conforto (baseado em
80), produzidas no exterior e de forma faixas semanais) e o desempenho zootéc-
experimental. Por outro lado, com base nico baseado no IEE.
no conhecimento empírico, empresas A % de conforto térmico de cada lote
criaram suas próprias tabelas de faixa de frango foi calculado como segue –
de conforto térmico. Desta forma, o ob- sendo que: é uma variável igual a 0 se
jetivo do presente trabalho foi definir a temperatura estiver fora da faixa de
faixas de índices de conforto térmico conforto; e igual a 100 se a temperatura
que maximizem o desempenho zoo-
estiver dentro da faixa de conforto; é o
técnico da produção de frangos.
número total de avaliações realizadas
por todos os dataloggers em cada lote.
Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
- 205 -
amplitude de conforto até atingir um A Entalpia foi calculada como segue
platô, mantendo a temperatura míni- sendo:
ma e a amplitude de conforto a partir
desse platô. Foram efetuadas 200 mil
simulações para cada um dos índices Resultados e Discussão
utilizados.
As faixas de conforto que maximizaram a
O mesmo procedimento foi utilizado correlação entre o percentual de tempo
para encontrar as faixas de conforto em que as aves foram mantidas dentro
para o índice de temperatura de globo do conforto e o IEE são apresentadas na
e umidade (ITGU) e para a Entalpia. O Tabela 1. A correlação obtida é superior
ITGU foi calculado como segue (Buffin- àquela obtida usando as recomendações
gton 1981): de Curtis (1983), no caso da temperatu-
ra, cujo coeficiente de correlação foi de
ITGU=TGN+0,36.TPO-330,08, 0,509. Como pode ser verificado na tabela
1, a amplitude térmica obtida na simula-
Sendo: TGN = 0,456+1,0335.TBS+273, a ção em cada semana foi de 4,7, 4, 3,5, 3,
temperatura do globo negro em ºK es- 2,5 1,9 e 1,4oC, respectivamente, enquan-
timada conforme explicitado em Abreu to que para as recomendações de Curtis
. (2011); (1983) a amplitude da temperatura para
cada semana era fixa e de 3oC. Dentre os
TPO=((TBS-(14,55+0,114.TBS).(1-(0,01. índices avaliados o ITGU foi o que apre-
UR))-((2,5+0,007.TBS).(1-(0,01*UR)))3- sentou maior valor de correlação com o
(15,9+0,117.TBS).(1-(0,01.UR))14))+273 IEE, seguido da Entalpia e temperatura.
a temperatura do ponto de orvalho em Dessa forma, sugere-se considerar o ITGU
ºK; TBS a temperatura do bulbo seco em como sendo o melhor índice de referên-
ºC e UR a umidade relativa do ar (%). cia para obtenção do maior IEE.
Tabela 1: Limites mínimos e máximos de Temperatura, ITGU e Entalpia que permitem maior cor-
relação com IEE.
Idade Curtis (1983) Temperatura (ºC) ITGU Entalpia
(Semana) Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo
1 32 35 30,8 35,5 82,7 100,2 77,4 92,0
2 29 32 28,4 32,4 78,5 92,9 73,5 86,0
3 26 29 25,9 29,4 74,3 85,7 69,7 79,9
4 23 26 23,4 26,4 70,1 78,5 65,9 73,9
5 20 23 20,9 23,4 65,8 71,3 62,1 67,9
6 20 20 18,5 20,4 61,6 64,1 58,3 61,8
7 ou mais 20 20 16,0 17,4 61,6 64,1 58,3 61,8
Correlação
0,509 0,5912 0,6463 0,6435
com IEE
Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
- 206 -
Conclusão frangos que permitem melhor associa-
Os resultados obtidos no presente tra- ção com o índice de eficiência econô-
balho permitiram identificar faixas de mica do que aqueles recomendados
conforto ambiental para criação de pela literatura.
Referências bibliográficas
Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
Nutrição
207 a 317
- 208 -
Abstract
values were higher with the temperatu-
One thousand hatching eggs of broiler re increase. The pH of the chicken eggs
breeding stock (Cobb®) were subjected incubated at 39°C and injected with AA
to three treatments during incubation were higher in hot temperature when
(eggs were incubated at 37.5°C without compared to the cold temperature.
injection of ascorbic acid (AA); eggs in- High incubation temperature, with or
cubated at 39°C without injection of AA; without injection of AA during the pre
eggs incubated at 39°C and injected -incubation, had induced adaptations in
with 6 μg of AA/100 uL of water). After the electrolytic balance of the birds, not
hatching, these chicks were raised under promoting the occurrence of respiratory
cold, thermo-neutral and hot tempera- alkalosis in chickens that were raised un-
ture. Blood parameters of broilers at 41 der the hot temperature.
days of age were analyzed. The pvCO2
values were higher in birds raised in the Keywords: hatching eggs, epigenetic
hot temperature than the chicks raised adaptation, hot, stress, thermal manipu-
under the cold temperature. The pvO2 lation, vitamin C
Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 209 -
Introdução antes da incubação) e 3 temperaturas
O crescimento pós-eclosão das linha- de criação (fria, termoneutra e quente).
gens de frango com alta taxa de cresci- Para isso, 1.000 ovos férteis de frango
mento pode ser influenciado por estres- de corte (Cobb®) (Globoaves, Itirapina,
se por calor, devido à sua alta produção SP), provenientes de matrizes com 47
de calor metabólico e dificuldade para semanas de idade, foram distribuídos
manter sua normotermia sob altas tem- homogeneamente pelo peso em cin-
peraturas de criação. Manipulação da co incubadoras/tratamento (Premium
temperatura de incubação (Selim et Ecológica, IP200). Após eclosão, 540
al., 2012, Loyau et al., 2013) e aplicação pintos com um dia de idade (Cobb®),
de ácido ascórbico in ovo (Ghonim et machos e fêmeas, foram distribuídos
al., 2009; Sgavioli et al., 2013) têm sido em três câmaras climáticas, com 15
analisadas quanto seus efeitos como parcelas/câmara, 12 aves por parcela,
indutor de adaptação epigenética e resultando em 5 repetições por trata-
como antiestressor, respectivamente, mento. Os pintos foram criados do 1º
em frangos submetidos à condições de ao 42º dia de idade. As temperaturas
estresse por calor. Contudo, os efeitos de criação foram mantidas por meio
da associação entre alta temperatura de manejo de campânulas, monoblo-
de incubação e injeção de ácido ascór- cos e exaustores, e apresentaram os
bico in ovo sobre a resposta do frango valores da primeira até a sexta sema-
ao estresse por calor durante seu cres- na para cada temperatura de criação:
cimento pós-eclosão ainda não foram 1) fria: 32, 30, 26, 22, 18 e 14°C; 2) ter-
analisados. No presente estudo, foi ana- moneutra: 32, 31, 29, 27, 25, e 23°C, e 3)
lisada manipulação térmica contínua quente: 32°C durante todo o período.
durante a incubação (39°C), associada Durante todo o período experimental,
ou não à injeção de AA (6µg/100μL as aves receberam água e ração à von-
água) sobre parâmetros sanguíneos de tade. As rações foram à base de milho e
frangos de corte criados sob tempera- farelo de soja, reajustadas para as fases
tura fria, quente e termoneutra (preco- de criação (inicial: 1 a 21 dias; cresci-
nizada para a linhagem). mento: 22 a 42 dias de idade), seguindo
as exigências nutricionais estabelecidas
por Rostagno et al. (2011).
Material e Métodos Aos 41 dias de idade, 10 aves/tratamen-
O delineamento experimental foi in- to (2 aves/repetição) foram utilizadas
teiramente casualizado, em esquema na análise das variáveis sanguíneas: pH,
fatorial 3x3, com 3 tratamentos du- pressão venosa parcial de dióxido de
rante a incubação (ovos incubados à carbono (pvCO2, mmHg), pressão ve-
37,5ºC; ovos incubados à 39ºC; ovos nosa parcial de oxigênio (pvO2, mmHg),
incubados à 39ºC e injetados com 6 excesso de base (BEecf, mmol/l) e bicar-
μg de ácido ascórbico/100 μL de água bonato (HCO3-, mmol/l). Os dados das
Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 210 -
variáveis sanguíneas foram obtidos em Houve interação significativa (P<0,05)
analisador clínico portátil (i-STAT ®Co. entre os tratamentos da incubação e
– Abbott Laboratories – EUA, cartucho as temperaturas de criação para o pH
Cg8+®) imediatamente após coleta, uti- sanguíneo das aves. De acordo com a
lizando-se sangue retirado da veia ju- interação, pH sanguíneo dos frangos
gular com seringa contendo heparina de ovos injetados com AA e incubados
sódica. Os valores de pH, pvCO2, pvO2 à 39ºC foi maior sob criação à tempe-
foram corrigidos pela temperatura cor- ratura quente (7,44) do que à tempera-
poral superficial média (TSM), calculada tura fria (7,35).
pela fórmula: TSM = (0,12 x Tasa) + (0,03
x Tcabeça) + (0,15 x Tcanela) + (0,70 x O aumento no valor de BEecf, mas ain-
Tdorso), descrita por Richard (1971). da negativo, observado no presente
estudo, indica que os frangos de ovos
Os dados foram submetidos à análise incubados a 39ºC e injetados com AA
de variância através do procedimento estavam perdendo menos base que os
General Linear Model (GLM) do progra-
frangos de ovos incubados a 37,5ºC.
ma SAS® (SAS Institute, 2002). Em caso
de efeito significativo (5%), a compara- O aumento da pvO2 com o aumento
ção de médias foi realizada pelo teste da temperatura de criação deve ser
de Tukey. resultante do aumento da taxa respi-
ratória, haja vista que, está é uma das
respostas fisiológicas elicitadas pelas
Resultados e Discussão aves estressadas pelo calor para resta-
belecer sua temperatura corporal in-
Houve efeito significativo (P<0,05) das
terna (Salvador et al., 1999). Simultane-
temperaturas de criação sobre a pvCO2
amente ao aumento da pvO2, todavia,
e pvO2 sanguíneo de frangos, os valo-
res de pvCO2 foram maiores nas aves era esperado que também ocorresse
criadas sob temperatura quente (36,47 redução na pvCO2, em decorrência da
mmHg) do que fria (31,81 mmHg) e os hiperventilação pulmonar, mas isso
valores de pvO2 foram maiores com o não foi observado e, em vez disso,
aumento da temperatura de criação houve aumento simultâneo de pvO2 e
(27,43; 33,00; 41,20 mmHg, para fria, pvCO2 no sangue. Aumento na pvCO2
termoneutra e quente, respectivamen- gera queda de pH, mas isso só foi re-
te). Efeito significativo (P<0,05) dos gistrado para aves de ovos incubados
tratamentos de incubação ocorreram à 39ºC e injetados com AA. Contraria-
sobre os valores de BEecf , o qual foi mente ao esperado fisiologicamente,
maior nos frangos incubados à 39ºC não foram observados aumento de
(-3,80 mmol/l) do que à 37,5 ºC (-5,67 HCO3- (P>0,05) e redução na perda
mmol/l), não diferindo dos frangos de bases em resposta ao aumento de
de ovos incubados injetados com AA pvCO2 causado pelo aumento da tem-
e incubados à 39 ºC (-4,53 mmol/l). peratura de criação.
Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 211 -
Conclusão aves, não favorecendo a ocorrência da
Alta temperatura de incubação, asso- alcalose respiratória em frangos criados
sob temperatura quente. O manejo es-
ciada ou não à injeção de ácido ascór-
tabelecido durante a incubação auxilia
bico pré-incubação, induziu adaptações no controle de alterações fisiológicas de
epigenéticas no balanço eletrolítico das frangos de corte aos 41 dias de idade.
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Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 212 -
Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
- 213 -
Introdução Recentes pesquisas apontam a capa-
A oxidação lipídica é um dos principais cidade antioxidante da erva mate in
problemas em produtos cárneos e leva vitro e in vivo equivalente ou superior
à formação de diversos subprodutos, a substâncias comumente utilizadas
cuja consequência pode variar de um como padrão para essa propriedade.
simples gosto ou odor indesejado, pas- Gugliucci & Stahl (1995) verificaram
sando por perda nutricional, destruição que extratos aquosos e alcoólicos de
de vitaminas, perda da atratividade vi- Ilex paraguariensis inibiram a oxidação
sual, modificação na textura, chegan- da lipoproteína de baixa densidade in
do até a carcinogenia e teratogenia. vitro, comparável ao ácido ascórbico.
A utilização de antioxidantes, além de Saldanha (2005) observou elevada ati-
retardar a rancidez oxidativa, protege vidade antioxidante em diferentes ex-
carotenoides, vitaminas A e D e outros tratos de erva mate (verde e tostada) e
ingredientes insaturados (Camel, 2010). de chá verde, indicando o potencial uso
dessas plantas como antioxidantes ali-
Na nutrição animal os aditivos fitogêni- mentícios.
cos são utilizados de forma a melhorar
o aproveitamento dos nutrientes die- No entanto, são escassos os estudos
téticos, permitindo que os animais ex- in vivo que correlacionem a utilização
pressem o seu máximo potencial gené- do extrato de erva mate na alimenta-
tico de produção de carne. O principal ção de frangos de corte sobre a análise
benefício da utilização destes aditivos sensorial dos cortes nobres. Neste sen-
fitogênicos envolve os impactos positi- tido, o objetivo deste trabalho foi ava-
vos que causam na saúde animal, agin- liar a inclusão do extrato de erva mate
do na microbiota intestinal, controlan- da espécie Ilex paraguariensis na ração
do o crescimento de microrganismos de frangos de corte sobre a análise sen-
patogênicos, promovendo diminuição sorial do peito e meio da asa das aves,
na produção de amônia, maior produ- alimentadas durante 42 dias.
ção de muco no intestino e melhoran-
do a capacidade digestiva (Windisch et
al., 2008).
Material e Métodos
Dentre os aditivos fitogênicos destaca- O delineamento experimental foi inteira-
se a erva mate (Ilex paraguariensis), uti- mente casualizado, com dois tratamen-
lizada como antioxidante na alimenta- tos: ração padrão e ração com inclusão
ção de frangos de corte (Padilha, 2007; de 0,1% de erva mate (Ilex paraguarien-
Camel, 2010). A erva mate possui com- sis) durante 42 dias de idade. Os frangos,
postos como polifenois, flavonóides, machos, de linhagem Coob (70%) e Ross
saponinas e xantinas com propriedades (30%), com idade média de 42 dias de
antiflamatórias (Lanzetti et al., 2008), an- vida, foram provenientes de granjas co-
timicrobianas (Filip et al., 2001) e antio- merciais, cujo sistema de criação é ver-
xidantes (Bracesco et al., 2010). ticalizado e a ração oferecida às aves
Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
- 214 -
de procedência 100% vegetal. Durante para entendimento da escala estrutu-
todo o período de criação, as aves rece- rada de nove pontos e da definição e
beram água e ração à vontade, sendo o consenso do atributo avaliado (sabor
nível nutricional da ração fornecida ajus- de frango). 1- extremamente menos
tado de acordo com a fase de criação. As intenso que o padrão; 2- muito menos
aves foram criadas em aviário comercial intenso que o padrão; 3- moderada-
sistema túnel: com ventilação negativa; mente menos intenso que o padrão;
painel evaporativo; exaustores; nebuli- 4- ligeiramente menos intenso que o
zadores de alta pressão; controladores padrão; 5- sabor de frango igual ao pa-
de ambiente; lâmpadas fluorescentes; drão; 6- ligeiramente mais intenso que
cortinas laterais de polietileno amarelas; o padrão; 7- ligeiramente mais intenso
sistema de aquecimento manual, à le- que o padrão; 8- muito mais intenso
nha; posicionados no centro do pinteiro, que o padrão e 9- extremamente mais
distribuídos por tubos metálicos; para o intenso que o padrão.
controle da temperatura e umidade du-
rante a criação das aves. Os dados foram submetidos à análise de
variância através do procedimento Gene-
Aos 42 dias de idade, 12 aves/tratamen- ral Linear Model (GLM) do programa SAS®
to foram utilizadas na análise sensorial (SAS Institute, 2002). Em caso de efeito sig-
da carne do peito e da asa de frangos de nificativo (5%), a comparação de médias
corte. As amostras foram previamente foi realizada pelo teste de Tukey.
salgadas com 1,5% de NaCl em relação
ao seu respectivo peso e em seguida
assadas em forno tipo padaria pré-a-
Resultados e Discussão
quecido a 170°C, por cerca de 1,5 hora,
cobertos em papel alumínio, no qual Não houve efeito significativo (P>0,05) da
permaneceram até que a temperatura inclusão de extrato de erva mate na ração
interna da carne atingisse 75°C. Após de frangos de cortes sobre a análise sen-
padronização (tamanho e temperatura) sorial do peito do frango (ração padrão:
das amostras (~2 cm de arestas), estas 5,62; ração com erva mate: 5,00) e da asa
foram distribuídas em pratos plásticos (ração padrão: 6,87; ração com erva mate:
codificados com números aleatórios 5,89) das aves. Em estudo semelhante Pa-
de três dígitos, distribuição balanceada, dilha (2007), ao incluir 0; 0,3; 0,5; 0,7% de
juntamente com amostra do branco extrato de erva mate na ração de frangos
(água potável e biscoito salgado). de corte não observou alteração para a
textura, cor, odor, aceitabilidade e sabor
O teste foi realizado com dez provado- para cortes do peito e coxa de frangos de
res selecionados, com capacidade de corte, no entanto, observou que o antio-
discriminação entre as amostras, não xidante natural pode garantir a qualidade
necessariamente treinados em frango. oxidativa, proporcionando uma diminui-
O teste consistiu na aplicação de um ção na velocidade do processo oxidativo
treinamento prévio aos provadores, e modificação no perfil lipídico.
Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
- 215 -
Devido à escassez de dados na literatu- Conclusão
ra, destaca-se a necessidade da realiza- A erva mate pode ser utilizada na ali-
ção de trabalhos com outras inclusões mentação de frangos de corte com in-
de erva mate na ração de frangos de clusão de 0,1% sem causar prejuízos no
corte, para avaliação da análise sensorial sabor da carne do peito e meio da asa
e oxidação da carne. da carne de frangos de corte.
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Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
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BC Silveira-Almeida1*; TM Bertol2;
MCMM Ludke1; JV Ludke1; A Coldebella2;
DM Bernardi3
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
departamento de Zootecnia, Recife/PE
2
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
3
Universidade Estadual de Campinas, departamento de
Alimentos e Nutrição, Campinas/SP
Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e características de carcaça...
- 217 -
tiva na alimentação animal, porém, sua 49 dias com a avaliação semanal de de-
utilização na alimentação de suínos e sempenho. Ao final do período experi-
seu efeito sobre o desempenho e as ca- mental os animais foram abatidos em
racterísticas de carcaça ainda carecem abatedouro comercial. Vinte e quatro
de estudos. Yan & Kim (2011) observa- horas após o abate foi feita a avaliação
ram que a suplementação dietética de das carcaças. A espessura de toucinho
30g/kg de bagaço de uva fermentado e a profundidade do lombo foram me-
em rações para suínos, melhorou o de- didas por meio de pistola de tipificação
sempenho, alterou o padrão de ácidos eletrônica e a porcentagem de carne
graxos na gordura subcutânea e afetou magra foi estimada pela equação em
alguns atributos da carne. Este expe- uso no frigorífico onde os animais fo-
rimento teve como objetivo avaliar o ram abatidos. Os dados de consumo
efeito da inclusão de 5 e 10% do baga- foram ajustados para 88% de MS. Os da-
ço de uva, na alimentação de suínos em dos foram submetidos à análise de vari-
terminação, sobre o desempenho e as ância, através do procedimento GLM do
características de carcaça. SAS, incluindo-se como fontes de varia-
ção o tratamento, sexo e a interação tra-
tamento vs. sexo. As médias foram com-
paradas pelo teste t protegido (P<0,05).
Material e métodos
O experimento foi realizado na Embra-
pa Suínos e Aves, em Concórdia-SC. Fo-
ram utilizados 36 animais (18 fêmeas e Resultados e discussão
18 machos castrados), com peso médio Os resultados das variáveis de desem-
inicial de 83,23±6,03kg, totalizando seis penho e características de carcaça de
repetições por sexo, distribuídos em todo o período experimental estão dis-
um delineamento em blocos ao aca- postos na Tabela 1. Não houve efeito
so. Os tratamentos consistiram de uma (P>0,05) dos tratamentos sobre o peso
dieta controle a base de milho e farelo vivo final e a conversão alimentar. Foi
de soja, e outras duas dietas contendo observado um maior ganho de peso
5% ou 10% de inclusão do bagaço de (P<0,05) para ambos os níveis de inclu-
uva, todas isoenergéticas e isoproteicas. são do bagaço de uva na ração, porém, a
Os valores da composição química do utilização da maior concentração deste
bagaço de uva foram determinados na ingrediente, não diferiu do tratamento
Embrapa Suínos e Aves.O ingrediente controle (P>0,05). Os dois níveis de in-
continha 1931kcal/kg de energia me- clusão do bagaço de uva proporciona-
tabolizável, 12,53% de proteína bruta, ram (P<0,05) maior consumo de ração.
34,48% de fibra bruta e 11,25% de ex- Quando testado o fator sexo nas variá-
trato etéreo em 90,88% de matéria seca veis de desempenho, apenas o consu-
(MS). Água e ração foram fornecidas à mo de ração apresentou valores supe-
vontade. A pesquisa teve a duração de riores significativos para os machos.
Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e características de carcaça...
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Tabela 1. Médias dos valores de peso vivo (PV), ganho de peso diário (GPD), consumo de ração
diário ajustado (CRDAJ),conversão alimentar (CA), espessura de toucinho (ET), profundidade de
lombo (PROFLO) e porcentagem de carne magra (PCM).
Tratamentos Sexo CV (%) Prob F
Variável 5% 10% Trat x
Controle F M Trat Sexo
bagaço bagaço Sexo
PV (kg) 129,4 133,9 133,2 131,9 132,4 4,24 0,1273 0,7573 0,7918
GPD (kg) 0,944b 1,036a 1,019ab 0,982 1,016 10,18 0,0796 0,3239 0,6702
CRDAJ (kg) 3,286b 3,540a 3,593a 3,367 3,578 8,43 0,0372 0,0400 0,4431
CA 3,53 3,49 3,43 3,44 3,53 6,68 0,5637 0,2647 0,9086
ET (mm) 22,63b 23,73ab 26,50a 21,44 27,13 16,02 0,0313 <,0001 0,9370
PROFLO (mm) 57,77a 59,30a 58,20a 60,24 56,60 8,21 0,7249 0,0314 0,8848
PCM, % 53,18a 52,87a 51,10b 54,34 50,42 3,87 0,0394 <,0001 0,9714
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha diferem estatisticamente pelo teste t prote-
gido P<0,05); CV = coeficiente de variação; Trat= tratamento; F = fêmea; M = Macho.
Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e características de carcaça...
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Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
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Introdução tos: (C) ração controle a base de milho
Alimentos funcionais são aqueles que e farelo de soja sem incorporação de
além da função de nutrir também pos- óleo; (L) ração com 3% de óleo de li-
suem substâncias, em quantidades sufi- nhaça (OL); (LBU) ração com 3% de
cientes, que possam atuar positivamen- OL + 10% bagaço de uva; (LEU) ração
te em diferentes vias do organismo. O com 3% de OL + 0,0022% de extrato
Omega-3 (π-3) é um exemplo de com- de semente de uva; (LH) ração com 3%
posto funcional. A concentração natu- de OL+ 5% hidrolisado proteico de ti-
ral de π-3 nos alimentos é baixa, desta lápia e (LVitE) ração com 3% de OL +
forma, sua adição/incorporação vêm 0,04% de vitamina E. O experimento
ganhando muito interesse, especial- teve a duração de 42 dias, com água
mente em carnes. Uma das formas de e ração ad libitum. Foi realizada avalia-
aumentar a concentração de π-3 nesta ção semanal de desempenho: ganho
matriz alimentícia é a incorporação de de peso diário (GPD), consumo diário
matérias primas ricas neste ácido graxo de ração (CDR) e conversão alimentar
na dieta dos animais, tais como o óleo (CA). No final do período experimental
de semente de linho. Porém, o aumento os animais foram abatidos em abate-
de π-3 em alimentos não traz apenas douro comercial. Quarenta e cinco mi-
efeitos positivos, também pode reduzir nutos após o abate, foi medido o pH
a estabilidade do produto, pelo aumen- do lombo (pH45L) e após 24 horas rea-
to da suscetibilidade oxidativa, e para lizou-se as demais avaliações: espessu-
minimizar este efeito uma boa estraté- ra de toucinho (ET), profundidade de
gia é a adição de antioxidantes na ração, lombo (ProfL), cálculo de porcentagem
para que sejam incorporados na carne e de carne magra (PCM), pH do lombo
possam atuar como agentes protetores. (pH24L), perda por gotejamento (Dri-
Assim, o presente trabalho teve como pL) e escore de marmoreio (Marm).
objetivo, avaliar o efeito da inclusão de Os dados foram submetidos à análise
óleo de linhaça e de antioxidantes na- de variância, através do procedimento
turais na alimentação de suínos, sobre o GLM do SAS, incluindo-se como fontes
desempenho, características de carcaça de variação o tratamento, sexo e a in-
e qualidade da carne. teração tratamento vs. sexo. As médias
foram comparadas pelo teste t prote-
gido (p≤0,05).
Material e métodos
Foram utilizados 96 suínos (48 machos
castrados e 48 fêmeas) do genótipo Resultados e discussão
Embrapa MS115XF1, com idade média Não houve efeito dos tratamentos
de 127,39±4,29 dias, distribuídos em (P>0,05) sobre as variáveis de desem-
delineamento de blocos completa- penho, características de carcaça e
mente casualizados, com 6 tratamen- qualidade da carne (Tabela 1). Assim,
Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
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a inclusão de óleo de linhaça e de an- varam efeitos sobre o desempenho e
tioxidantes, nas respectivas concentra- qualidade da carcaça. Em relação aos
ções, não influenciaram as respostas antioxidantes, Boler et al. (2009) não
para nenhuma das variáveis. Bertol et observaram efeito de diferentes con-
al. (2013) adicionaram 3% de 3 dife- centrações de vitamina E sobre o pa-
rentes fontes lipídicas na dieta de su- râmetros de desempenho, excetono
ínos e observaram que os tratamentos peso final dos animais com 0,04%de
não influenciaram nos parâmetros de vitamina E, quando comparados ao
desempenho, carcaça e qualidade de grupo controle. Yan & Kim (2011) adi-
carne, exceto para marmoreio, que foi cionaram 3% de bagaço de uva e tam-
menor na dieta com linhaça e canola. bém não observaram diferença signi-
Realini et al. (2011) adicionaram 10% ficativa para nos parâmetros avaliados
de 6 diferentes fontes lipídicas, na de desempenho e qualidade de carne
dieta de suínos e também não obser- dos animais em terminação.
Tabela 1: Médias dos valores de peso final (PF), ganho de peso diário (GPD), consumo de ração
diário (CRD),conversão alimentar (CA), espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (ProfL),
porcentagem de carne magra (PCM), pH do lombo 45 minutos após o abate (pH45L), pH do lom-
bo 24 horas após o abate (pH24L), perda por gotejamento (DripL) e escore de marmoreio (Marm).
Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
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Conclusão dieta de suínos não provocou altera-
A inclusão de 3% de óleo de linhaça ções significativas no desempenho,
e diferentes antioxidantes naturais na qualidade de carne e de carcaça.
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Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
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Anais SIAVS 2015 - Validação de uma equação para predição do valor energético do milho...
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formulação de rações. Entre estes fato- de de 733,6 e 8,76% de PB. Os valores
res estão a composição química, a den- calculados de EM para o milho através
sidade e o processamento dos grãos. das equações foram 3334, 3280 e 3145
Portanto, o conhecimento das carac- kcal/kg para DGM de 483, 632, 904 µm,
terísticas físicas e químicas, incluindo respectivamente. As dietas experimen-
a estimativa do conteúdo de EM do tais foram formuladas para atender os
milho em tempo real para formulação requerimentos nutricionais para a fase
de rações poderá melhorar a eficiência (NRC, 2012). Todas as rações foram for-
de seu uso na alimentação dos suínos, muladas para conter 3230 kcal EM/kg,
reduzindo o custo de produção. Este porém, quando corrigidos pelo valor
trabalho foi conduzido com o objetivo de EM do milho ajustado pela equação,
de validar uma equação de predição do os valores de EM das rações TABELADO
valor energético do milho para suínos foram decrescentes com o aumento da
que leva em conta a granulometria, a granulometria: 3237, 3200 e 3107 kcal/
densidade (DENS) e o conteúdo de pro- kg no crescimento I, 3237, 3198 e 3098
teína bruta (PB) do grão. kcal/kg no crescimento II e 3238, 3196
e 3090 kcal/kg na terminação, para as
granulometrias fina, média e grossa,
respectivamente. O peso de abate foi
Material e métodos 115,81 ± 8,31 kg. Foi feita análise de va-
Foram utilizados 168 suínos (84 fêmeas riância dos dados de desempenho utili-
e 84 machos castrados) com peso ini- zando-se o procedimento GLM do SAS,
cial de 29,54 ± 3,69 kg e idade inicial separadamente para cada sexo, incluin-
de 73,01 ± 4,52 dias, alojados em baias do-se bloco, granulometria (GRAN),
individuais, seguindo o delineamento método de formulação (FORM) e a in-
experimental de blocos casualizados, teração GRAN x FORM como fontes de
com 14 suínos de cada sexo por trata- variação. As médias foram comparadas
mento. Foram avaliadas três diferentes pelo teste t protegido (P<0,10).
granulometrias do milho (DGM 483
Resultados e discussão
– fina; 632 – média; 904 µm - grossa)
em esquema fatorial com dois méto- Nas fêmeas foi observada interação
dos de formulação diferindo no valor (P<0,10) GRAN x FORM sobre o consu-
utilizado para a EM do milho [TABE- mo diário de ração (CRD) e a conver-
LADO: valor fixo de tabela (3324 kcal/ são alimentar (CA; Tabela 1). Nas dietas
kg, Rostagno et al., 2011, ajustado para TABELADO as fêmeas que receberam
87,07% MS); AJUSTADO: valor corrigido a dieta com granulometria grossa
para cada DGM por equação de predi- apresentaram maior CRD e pior CA do
ção]. A equação de predição utilizada que as que receberam as rações com
foi (Zanotto et al., 2015): com R² = 0,76 granulometria média e fina. Não hou-
e erro de predição = 1,05% ou 35 kcal. ve efeito da granulometria nem do
O milho utilizado apresentava densida- método de formulação sobre o con-
Anais SIAVS 2015 - Validação de uma equação para predição do valor energético do milho...
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sumo diário de EM (CDEM), nem sobre no interior da instalação de 22,55 ± 3,85
o ganho de peso diário (GPD; P>0,10), e 15,23 ± 2,93 °C, respectivamente. Por-
demonstrando que as fêmeas ajus- tanto, além do sexo, as condições am-
taram o consumo de ração de forma bientais favoreciam um elevado consu-
a compensar o menor valor de ener- mo de ração. É possível que os fatores
gia da dieta de granulometria gros- acima mencionados tenham superado
sa, quando esta não foi corrigida. Ao o limite de sensibilidade para ajuste do
ajustar-se o valor de energia do milho consumo pela densidade energética
pela equação de predição, as rações da ração. Porém, é importante ressaltar
TABELADO elaboradas com milho de que, embora os tratamentos não te-
granulometria grossa continham 130, nham afetado o CRD de forma signifi-
139 e 148 kcal/kg a menos do que as cativa, verifica-se um ajuste parcial do
elaboradas com milho de granulome- consumo, já que o CDEM não sofreu
tria fina, nas fases de crescimento 1, efeito significativo dos tratamentos.
crescimento 2 e terminação, respec-
tivamente. A ausência de efeito da
granulometria sobre a CA nas dietas
Conclusões
AJUSTADO indicam que a equação foi
eficiente em corrigir os valores de EM A granulometria e o método de formula-
do milho com granulometria grossa. ção das dietas influenciaram o desempe-
Por outro lado, a maior CA na média nho dos suínos de maneira dependente
das dietas AJUSTADO comparada do sexo, afetando somente as fêmeas.
com as dietas TABELADO em algumas O aumento da granulometria do milho
fases (dados não apresentados) indica piorou o desempenho nas dietas formu-
que o ajuste do valor de EM do milho ladas com valor tabelado de energia. O
pela equação utilizada neste estudo ajuste do valor de EM do milho para for-
pode não ter sido eficiente para todas mulação das dietas piorou a conversão
as granulometrias avaliadas. alimentar na dieta de granulometria fina
e melhorou na de granulometria grossa.
Nos machos não foi detectado efeito Estes resultados indicam que a equação
(P>0,10) da granulometria, nem do mé- avaliada para predição da EM foi ade-
todo de formulação sobre o desempe- quada somente para o milho de gra-
nho. O CRD é influenciado por diversos nulometria grossa, portanto, ajustes na
fatores. Em média os machos castrados equação proposta são necessários para
consomem 4,91% a mais de energia di- que se obtenha a mesma acurácia em
gestível por dia do que as fêmeas (NRC, diferentes granulometrias. O resultado
1987). Além disso, neste estudo os ani- prático do ajuste dos valores de energia
mais foram alojados individualmente do milho depende do sexo e pode ser
e o período experimental ocorreu em influenciado pelas condições de aloja-
época fria (abril a julho), com tempera- mento e clima, em função de seu efeito
turas médias das máximas e mínimas sobre o consumo de alimento.
Anais SIAVS 2015 - Validação de uma equação para predição do valor energético do milho...
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Tabela 1: Efeito da granulometria e do método de formulação sobre o desempenho de suínos
fêmeas e machos castrados (média ± desvio padrão).
Fêmeas
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Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
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tive effect on productive performance oito repetições de oito aves cada. As
and egg quality. dietas foram formuladas com os níveis
nutricionais praticados pela indústria. As
aves receberam água e ração à vontade
e foram submetidas a um programa de
Introdução
luz de 16 horas diárias. Foram avaliados
A levedura hidrolisada é obtida através o desempenho produtivo (consumo de
da lise da parede celular, melhorando ração, produção de ovos e conversão
a digestibilidade e favorecendo a libe- alimentar por Kg/dúzia e Kg/massa de
ração dos nucleotídeos, polipeptídios, ovos) e a qualidade dos ovos. A cada
ácido glutâmico e vitaminas do com- 28 dias foram considerados um ciclo,
plexo B; por tornar o conteúdo intra- realizando no 26° e 27° dia a amostra-
celular prontamente assimilável. Possui gem dos ovos e as análises no Digital
ação imunomoduladora, aglutinante de Egg Tester (Nabel) de altura do albú-
bactérias patógenas e promove melho- men, unidade Haugh, peso do ovo, co-
ria no desempenho dos animais. O uso loração da gema (DSM Yolk Colour Fan),
de levedura hidrolisada em frangos de resistência e espessura da casca. Foram
corte pode melhorar o ganho de peso, realizadas análise de regressão polino-
a conversão alimentar e aumentar as mial para os níveis de levedura através
vilosidades intestinais (Muthusamy et do SAS. Variáveis sem distribuição nor-
al., 2011). Para poedeiras até o momen- mal aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis,
to não foram encontrados pesquisas mantendo as médias amostrais.
com o seu uso, mas com o uso de ou-
tras formas da levedura, apresentando
efeito sobre o desempenho produtivo,
qualidade dos ovos e na imunidade Resultados e Discussão
(Ayanwale et al., 2006; Yalçin et al., 2010). O consumo de ração (Y = 97,94962
Dessa forma, objetivou-se avaliar os ní- – 5,43435x + 5,11228x2 – 0,89942x3;
veis de levedura hidrolisada na dieta de R2 = 0,20), a produção (Y = 78,83357 –
poedeiras, durante o período de 16 se- 2,86904x + 6,28465x2 – 1,24981x3; R2 =
manas sobre o desempenho produtivo 0,32) e massa de ovos (Y = 49,93429 –
e qualidade dos ovos. 3,52961x + 5,77184x2 – 1,11714x3; R2 =
0,41) apresentaram resposta polinomial
cúbica (Tabela 1). Através da derivada
das equações foram encontrados os va-
Material e Métodos lores de máximo, o consumo de 96,33
Foram alojadas 256 poedeiras Hy-Line g ao nível de 3,15 Kg/t de levedura hi-
W-36 de 52 a 68 semanas de idade, dis- drolisada, produção de ovos de 93,10%
tribuídas em delineamento inteiramen- ao nível de 3,11 Kg/t e massa de ovos
te casualizado, em 4 tratamentos (0, 1, de 61,18 g/ave/dia ao nível de 3,11 Kg/t
2 e 4 Kg/t de levedura hidrolisada) com do aditivo.
Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
- 230 -
A conversão alimentar por dúzia de a conversão alimentar, o peso e as ca-
ovos (Y = 1,43673 – 0,01900x; R2 = 0,09) racterísticas de qualidade interna dos
demonstrou uma resposta linear de- ovos foram superiores com a adição de
crescente com o aumento dos níveis de 0,75% de levedura seca. Semelhante-
levedura, com destaque para a inclusão mente, Yalçın et al. (2010) também não
de 2 Kg/t de levedura que apresentou encontraram efeito sobre o consumo,
o mesmo valor da inclusão de 4 Kg/t. espessura da casca, altura do albúmen
Semelhantemente, a conversão alimen- e unidade Haugh das poedeiras que
tar por massa de ovos (Y = 1,91654 + receberam levedura autolisada. Porém,
0,10252x – 0,14350x2 + 0,02726x3; R2 = os níveis de 2, 3 e 4 g/kg de levedura
0,26) foi significativa, apresentando res- proporcionaram acréscimo na eficiên-
posta cúbica e valor de mínimo de 1,67 cia alimentar, resposta imune humoral,
Kg/Kg ao incluir 3,11 Kg/t de levedura. produção e peso dos ovos, além de
uma diminuição do nível de colesterol
O peso (Y = 63,31142 + 0,35846x; R2 da gema e dos níveis séricos de coles-
=0,05), altura do albúmen (Y = 7,76307 terol e triglicérideos das aves. É notá-
+ 0,12487x; R2 = 0,02) e espessura da vel que as formas de levedura expres-
casca do ovo (Y = 0,35385 + 0,00177x; sam resultados não idênticos, contudo,
R2 =0,01) apresentaram resposta linear o seu uso não tem apresentado efeitos
crescente com o aumento dos níveis negativos sobre as poedeiras, mas sim
de levedura hidrolisada. Não foi pos- melhoria de algumas características de
sível observar efeitos dos tratamen- produção, qualidade dos ovos e imu-
tos sobre a unidade Haugh e cor da nidade.
gema. A resistência da casca do ovo
(Y = 3,24625 + 0,54433X – 0,34819x2 +
0,05574x3; R2 = 0,02) demonstrou efeito
cúbico, sendo seu valor máximo 3,50 Conclusão
Kgf ao nível de 1,04 Kg/t de levedura. Desempenho produtivo satisfatório
Contrariamente, Ayanwale et al. (2006) pode ser obtido com a inclusão do va-
não verificaram efeito sobre o consu- lor médio de 3,11 Kg/t de levedura hi-
mo, produção, espessura da casca, al- drolisada na dieta de poedeiras de 52 a
tura do albúmen de poedeiras alimen- 68 semanas de idade, com ganhos na
tadas com levedura seca. Entretanto, qualidade dos ovos.
Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
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Tabela 1: Variáveis de desempenho produtivo das poedeiras de 52 a 68 semanas de idades sub-
metidas a níveis de inclusão de levedura hidrolisada.
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Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
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Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do uso de parede...
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58 weeks of age improved the internal dústria. Foram avaliados o desempenho
quality of the eggs and showed to be produtivo (consumo de ração, produção
economically viable. de ovos e conversão alimentar por Kg/
dúzia e Kg/massa de ovos) e a qualidade
dos ovos. A cada 28 dias foram conside-
rados um ciclo, realizando no 26° e 27°
Introdução
dia a amostragem dos ovos e as análises
A parede celular de levedura (PCL) Sac- no Digital Egg Tester (Nabel) de altura do
charomyces cerevisiae é um prebiótico albúmen, unidade Haugh, peso do ovo,
rico em carboidratos não digestíveis coloração da gema (DSM Yolk Colour
como o mananoligossacarídeo e os Fan), resistência e espessura da casca.
ß-glucanos, que favorecem o desem- Foram realizadas análise de regressão
penho dos animais por estimular o polinomial para os níveis de PCL através
sistema imune e reduzir as bactérias do SAS. Variáveis sem distribuição nor-
patogênicas, o qual é um subproduto mal aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis,
da produção do etanol, obtido por via mantendo as médias amostrais.
fermentativa através da autólise da cé-
lula e separação das partes insolúvel Para os cálculos dos custos das rações,
e solúvel por centrifugação (Hassan & os preços nominais históricos repre-
Ragab, 2007). Tem sido utilizado como sentativos do milho, farelo de soja e
alternativa ao uso de antibióticos me- da dúzia de ovos tipo grande foram
lhoradores de desempenho (Hashim coletados do Instituto de Economia
et al., 2013), apresentando uma melhor Agrícola (IEA/APTA) e corrigidos pelo
eficiência econômica (Hassan & Ragab, Índice Nacional de Preços ao Consumi-
2007), aumentando a produção de ovos dor (INPC), do IBGE, para setembro de
e diminuindo a taxa de mortalidade 2014 (Hoffmann, 2006). Obtendo-se os
(Çabuk et al., 2006). Objetivou-se avaliar preços médios reais: milho 0,46 R$/Kg;
os níveis de PCL na dieta de poedeiras farelo de soja 1,03 R$/Kg; dúzia de ovos
comerciais durante o período de 48 a tipo grande 1,80 R$/Dúzia. Os demais
68 semanas. ingredientes, por não se dispor de séries
históricas públicas, utilizou-se os preços
pagos na sua aquisição que também
foram corrigidos pelo INPC para setem-
Material e Métodos bro de 2014: fosfato bicálcico 2,14 R$/
Foram alojadas 256 poedeiras Hy-Line Kg; calcário 0,43 R$/Kg; sal 0,16 R$/Kg;
W-36 de 48 a 68 semanas de idade, dis- premix 8,55 R$/Kg e a PCL 5,88 R$/Kg.
tribuídas em delineamento inteiramente Procedeu-se os cálculos dos indicado-
casualizado com 0, 225, 450 e 900 g/t da res econômicos, para a margem bruta
inclusão de PCL e oito repetições de oito foram subtraídos apenas os custos com
aves. As dietas foram formuladas com a alimentação, pois considerou-se que
os níveis nutricionais praticados pela in- todos os outros custos de produção
Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do uso de parede...
- 234 -
foram os mesmos para todos os trata- tação de PCL conferiu maior número de
mentos. Calculou-se a variação percen- dúzia de ovos produzidos e consequen-
tual do custo total da alimentação, re- temente, gerou uma maior receita bruta
ceita bruta total e margem bruta com a em relação ao controle. No nível de 450
inclusão de PCL em relação ao controle. g/t de PCL a variação da receita bruta
chegou a 4,02% em relação ao controle.
O consumo de ração total médio e o seu
custo foi maior sem o uso de PCL. A va-
Resultados e Discussão riação do custo da alimentação demons-
As variáveis de desempenho produtivo tra que as inclusões do aditivo apresen-
juntamente com a cor da gema, espes- taram um menor custo em relação ao
sura e resistência do ovo não apresenta- controle. A variação da margem bruta
ram efeitos dos tratamentos. Hashim et com o uso do aditivo foram superiores
al. (2013) não encontraram diferença no ao controle, sendo que o nível de 450 g/t
consumo, conversão alimentar por dú- de PCL foi 9,57% superior. Semelhante-
zia e na produção de ovos de poedeiras mente, Hassan & Ragab (2007) constata-
suplementadas ou não com PCL (250 e ram melhor eficiência econômica com a
500 g/t). Porém, houve uma melhora na suplementação de mananoligossacarí-
qualidade da casca dos ovos com o uso deos na dieta de poedeiras.
de 500 g/t de PCL.
Esses dados apontam a viabilidade eco-
A altura do albúmen (Y = 7,75436 + nômica do uso de PCL na produção de
0,00173x – 1,64.10-6x2; R2 = 0,07) e uni- ovos, pois proporcionam melhor pro-
dade Haugh (Y = 86,50089 + 0,01131x dução de ovos com menor consumo
– 1,054.10-5x2; R2 = 0,07) demonstraram de ração, resultando em aumento da
efeito quadrático, sendo os valores máxi- margem bruta mais que proporcional-
mos de 8,21 mm para altura do albúmen mente.
ao nível de 527,44 g/t de PCL e 89,53
unidade Haugh para o nível de 536,53
g/t de PCL. De acordo com o manual da
Conclusão
linhagem de 48 a 68 semanas de idade
a unidade Haugh esperada é de 88,9 a A inclusão de parede celular de leve-
86,2 UH, portanto, o uso de PCL pode be- dura na dieta de poedeiras comerciais
neficiar a qualidade dos ovos. de 48 a 58 semanas de idade melhora
a qualidade interna dos ovos ao nível
Os custos por quilograma de ração dos médio de 532 g/t. Apresentou ser v iável
tratamentos com a inclusão de PCL fo- economicamente, sendo que o nível de
ram os mesmos do controle (Tabela 1), 450 g/t do aditivo proporcionou incre-
devido o baixo custo da inclusão desse mento da margem bruta, aumentando
aditivo. O custo médio para produzir a rentabilidade de produtores de aves
uma dúzia de ovos foi numericamente de postura que buscam a maximização
menor com 450 g/t de PCL. A suplemen- de lucros.
Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do uso de parede...
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Tabela 1: Análise econômica da produção de ovos de poedeiras suplementadas com parede
celular de levedura de 48 a 68 semanas de idade.
Parede celular de levedura (g/t)
Indicadores 0 225 450 900
Custo da ração (R$/Kg) 0,66 0,66 0,66 0,66
Conversão alimentar média por dúzia (Kg/dz) 1,43 1,44 1,40 1,42
Custo médio para produzir uma dúzia de ovos (R$) 0,94 0,95 0,92 0,94
Dúzia de ovos produzidos total médio (dz) 73,76 74,25 76,73 75,71
Receita bruta total média (R$) 132,77 133,65 138,11 136,28
Consumo de ração total médio (Kg) 107,79 106,21 106,94 106,64
Custo da alimentação total médio (R$) 71,14 70,10 70,58 70,38
Margem bruta total média (R$) 61,63 63,55 67,53 65,89
Variação do custo da alimentação total média (%) 0,00 -1,46 -0,79 -1,07
Variação da receita bruta total média (%) 0,00 0,66 4,02 2,64
Variação da margem bruta total média (%) 0,00 3,12 9,57 6,91
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Anais SIAVS 2015 - Método expedito para determinação do diâmetro geométrico médio das partículas...
- 237 -
ção sobre alguns parâmetros técnicos Material e Métodos
e/ou econômicos da produção animal. Para avaliar o potencial de utilização de
O aumento do DGM do milho têm re- uma única peneira para predizer o valor
sultado na melhoria do rendimento de do DGM do milho, 114 amostras de mi-
moagem e na diminuição do consu- lho em grão foram, proporcionalmente,
mo de energia elétrica, contribuindo distribuídas para moagem em moinho
para redução do custo de moagem e de martelos, através das seguintes pe-
também da ração. Embora não se ob- neiras: 1,5; 1,8; 3,0; 4,5 e 8,0 mm de aber-
serve efeito de DGM sobre variáveis tura de furos. As amostras, na matéria
biológicas para frangos de corte, tem- natural, foram submetidas a analise de
se sugerido o uso de milho com DGM granulometria para determinação do
entre 850 e 1050 µm, dada a economia DGM com metodologia convencional
com o processo de moagem. Para suí- (Zanotto & Bellaver, 1996a), envolvendo
nos, a redução do DGM do milho, têm as etapas: 1) Pesagem de 100 a 130 g
melhorado a eficiência de utilização do da amostra; 2) Transferência da amostra
alimento (Wondra et al., 1995) e tam- para o topo de um conjunto de penei-
bém o desempenho animal (Zanotto ras ABNT (dimensões: 20,3 cm diâmetro
et al. 1996b), sendo sugerido utilização x 5,1 cm altura) sobrepostas em ordem
de milho com DGM entre 450 e 600 crescente de abertura dos furos, a saber:
µm. Portanto, a utilização de milho com prato; 0,149; 0,297; 0,595; 1,190; 2,000 e
4,000 mm; 3) Posicionamento do con-
DGM específico para cada espécie ani-
junto de peneiras mais amostra num
mal, pode contribuir para melhoria do
equipamento para peneiramento com
setor produtivo. Entretanto, o ajuste das
vibração eletromagnética; 4) Realização
condições de moagem para obtenção
do peneiramento por 10 minutos; 5)
de um DGM específico desejado, está
Pesagem da fração da amostra retida
na dependência de um monitoramen-
em cada peneira; 6) Cálculo do DGM
to contínuo do processo de moagem, (EMBRAPA, 2013). Além do cálculo de
realizado através de análise de granu- DGM, determinou-se também a % de
lometria de acordo com metodolo- amostra retida (PR) acumulada em cada
gia convencional (Zanotto & Bellaver, peneira (PRA), da seguinte forma: PRAi
1996c). Apesar de incontestável a pre- = PRi + PRi+1 + ... + PRn; sendo: PR a
cisão e a exatidão de tal metodologia, % retida em dada peneira, “i” a peneira
a mesma tem apresentado limitação de menor abertura relativa que se quer
quanto a agilidade para produzir resul- estimar o PRA e “n” a de maior abertura.
tados, em tempo real com o processo Os dados de DGM e de PRA foram sub-
de moagem. O presente trabalho foi re- metidas análise estatística exploratória,
alizado com o objetivo de desenvolver para identificar a peneira do conjunto
uma metodologia alternativa simples, que melhor estimasse o DGM, com base
rápida e precisa para determinação do no PRA de cada peneira. Após a sele-
DGM de milho moído. ção da peneira com melhor relação de
Anais SIAVS 2015 - Método expedito para determinação do diâmetro geométrico médio das partículas...
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PRA com DGM, foi proposta e ajustada ça de PRA igual a zero. A equação para
uma equação para predição do DGM, predição de DGM em função de PRA na
em função do PRA. Para validação da peneira com 0,595 mm, apresentou R²
equação de predição, 29 amostras de elevado (0,982) (Figura 1b) indicando
milho foram moídas, nas mesmas con- seu grande potencial para uso prático.
dições descritas acima, e submetidas a O experimento de validação demons-
peneiramento manual, usando a penei- trou que a equação apresentou bons
ra selecionada para geração da equação, resultados para qualquer tempo de
com três tempos de peneiramento: 1, 2 peneiramento, porém com o tempo
e 3 minutos e três repetições (diferentes de 1 minuto se obteve melhor exati-
operadores). Foi calculado o coeficiente dão (-4µm) e precisão (4,65%), com R²
de variação para avaliar a repetibilidade = 0,933. Entretanto, a repetibilidade do
do método, em comparação com o mé- método proposto foi um pouco pior
todo convencional. Além disso, os dados (coeficiente de variação igual a 5,16%),
médios de retenção para cada amostra quando comparada ao método con-
de milho foram utilizados para calcular o vencional (coeficiente de variação igual
coeficiente de determinação (R²), a exa- a 2,89%), sem comprometer a eficácia
tidão e o erro de predição da equação. de uso do método, uma vez que em
termos absolutos tal repetibilidade é
satisfatória, considerando as faixas de
recomendação para DGM do milho.
Resultados e Discussão
Os milhos apresentaram matéria seca (A)
(MS) variando de 86,22 até 87,60%,
sendo considerada normal para uso
em rações; o DGM variou entre 421 e
1235 µm, abrangendo a amplitude de
granulometria na prática. A dispersão
dos dados para o cruzamento entre a
% de amostra retida acumulada (PRA)
(B)
em cada peneira com o DGM medido,
é apresentada na Figura 1a, na qual se
evidencia que a peneira com abertu-
ra de 0,595 mm apresenta maior faixa
de distribuição de PRA (23,9 a 81,7%),
tendo melhor potencial para estimar o
DGM. Entre as demais peneiras, a de 1,2
mm apresentou faixa de variação mais
Figura 1: (a) DGM versus % de amostra retida acu-
ampla e poderia também ser utilizada, mulada em cada peneira e (b) equação e intervalo
porém haveria problemas para estimar de predição (95%) do DGM em função da % de
DGMs abaixo de 500 µm, pela presen- milho moído retido na peneira de 0,595 mm.
Anais SIAVS 2015 - Método expedito para determinação do diâmetro geométrico médio das partículas...
- 239 -
Conclusão com boa precisão e exatidão o DGM do
Concluiu-se que a metodologia desen- milho moído, em tempo real com o pro-
volvida pode ser utilizada para estimar cesso de moagem e produção de ração.
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DL Zanotto1*; A Coldebella1;
JV Ludke1; TM Bertol1
Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
1
Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
- 241 -
apresentar grande variação de com- tando baixa precisão. Para consolidação
posição físico-química, que interferem de uma nutrição energética de precisão
no seu valor nutricional. Dietas à base é necessário estabelecer equações para
de milho com diferente composição estimar o valor de EM, específica para
físico-química têm demonstrado efei- cada partida e DGM de milho, como
to sobre o desempenho e caracterís- base na sua composição físico-química,
ticas de carcaça de suínos dos 21 aos o que caracteriza o objetivo do presen-
113 kg (Moore et al., 2008). Os efeitos te trabalho.
da granulometria do milho sobre a di-
gestibilidade de nutrientes, da energia
e desempenho de suínos, tem sido ob-
jeto de intensivos estudos, sendo, de Material e Métodos
modo geral, observado concordância Oito partidas de milho em grãos adqui-
entre resultados. Cita-se, por exemplo, ridas comercialmente, foram submeti-
as evidências de melhorias observadas das à moagem através de moinho de
na digestibilidade de nutrientes e EM martelos, cinco peneiras de diferentes
(Wondra et al., 1995), e no desempenho aberturas de furos: 1,5; 1,8; 3,0; 4,5 e 8,0
de suínos (Wondra et al., 1995; Zanotto mm, compondo 40 lotes de milho moí-
et al., 1996b), em função da redução do do. Os lotes de milho foram submetidos
DGM das partículas do milho. Apesar de à determinação de composição físico-
bem conhecidos os efeitos da variabili- química e valor de EM para suínos. A
dade de composição físico-química do composição físico-química foi deter-
milho, sobre seu valor nutricional para minada em laboratório, considerando
suínos, ainda se utiliza, na formulação as seguintes análises, com respectivos
de ração, um valor médio de EM com métodos analíticos: Granulometria (Za-
base em tabelas de composição de ali- notto & Bellaver, 1996a); cálculo de DGM
mentos, para qualquer partida e DGM de partículas (EMBRAPA, 2013); densida-
de milho. Em contra partida, a avaliação de, matéria seca (MS), proteína bruta
da EM específica para cada partida e (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB),
DGM de milho, através de equação de fibra detergente ácido (FDA), fibra de-
predição poderá contribuir para melho- tergente neutro (FDN), cinzas (Cz), ener-
ria da precisão de balanceamentos de gia bruta (EB) segundo (AOAC, 2000). A
dietas, se refletindo positivamente so- EM foi determinada por meio de expe-
bre o desempenho e custos de produ- rimentos de metabolismo com coleta
ção de suínos. As equações atualmente total de fezes e urina. Foram utilizados
disponíveis, além de não serem especí- 384 suínos com peso médio inicial de
ficas para milho, não contemplam DGM 55 kg na condução oito experimentos
(alta correlação com EM), portanto de sucessivamente. Cada experimento foi
uso limitado. Excetuam-se equações es- conduzido com 48 suínos, 01 partida
pecificas para milho (Li et al., 2014), po- de milho com as respectivas 05 granu-
rém as mesmas omitem DGM, apresen- lometrias, segundo delineamento casu-
Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
- 242 -
alizado em blocos (peso do suíno), com dia de 3320 kcal/kg), ficando a média
seis tratamentos consistindo de 01 Die- muito próximo do valor tabelado (3340
ta Referência (DR) e 05 Dietas Teste (DT), kcal/kg). Abaixo, é apresentada a equa-
sendo cada DT composta por 60% DR ção e as estimativas dos parâmetros do
e 40% de um dos milhos representado modelo escolhido para estimar o valor
pelas respectivas cinco granulometrias, de EM do milho para suínos:
com oito repetições de um animal alo-
jado em gaiola metabólica. Os valores R² = 0,76 e erro de predição = 1,05%
de EM foram calculados (Matterson et ou 35 kcal.
al., 1965). As variáveis físico-químicas e Pode-se observar que a equação con-
o DGM foram utilizadas como variáveis templa com variáveis preditoras o DGM,
independentes para predizer a EM con- a Densidade e a PB do milho. Ademais,
siderando os 40 lotes de milho moído. ela é composta por dois segmentos,
Foram avaliadas 300 possibilidades de tendo em vista que a redução do DGM
modelos lineares para predizer a EM do milho para valor menor do que 523
do milho por meio dos procedimentos µm deixou de contribuir para a melho-
GENMOD e NLMIXED (SAS, 2008). A es- ria da EM. Desta forma, o primeiro seg-
colha do melhor modelo foi baseada no mento da equação, não contemplando
Critério de Informação de Akaike (AIC). a variável DGM, se aplica quando o valor
Para o modelo escolhido foi calculado o de DGM for menor ou igual que 523 µm,
coeficiente de determinação e os erros mantendo a EM estável para uma mes-
de predição (absoluto e relativo). ma condição de Densidade e PB. O se-
gundo segmento é aplicável quando o
valor de DGM for maior do que 523 µm.
A equação apresentou R2 = 0,76 e erro
Resultados e Discussão
de predição de 35 kcal. Estas estatísticas,
De modo geral, as variáveis físico-quími- além de serem melhores do que as de
cas apresentaram considerável amplitu- outras equações para milho (Li et al.,
de de variação entre valores mínimos e 2014), indicam que a equação explica
máximos, sendo os valores médios com- razoavelmente bem a variabilidade de
paráveis com os padrões estabelecidos EM, bem como estima com boa preci-
em tabela de composição de alimentos são o valor de EM do milho para suínos.
(Rostagno, et al., 2011). Excetua-se o
DGM e Densidade, não contempladas
em tabela, as quais apresentaram varia-
ção na faixa de 421 a 1038 µm (média Conclusão
de 666 µm) e de 706 a 757 g/L (média Concluiu-se que a equação desenvol-
de 730 g/L), respectivamente. Ademais, vida neste trabalho pode ser utilizada
a EM apresentou valores com variação, para estimar com boa precisão o valor
também não contemplada em tabela, de EM para suínos, específico para cada
na faixa entre 3118 e 3482 kcal/kg (mé- partida e DGM de milho moído.
Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
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Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
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Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
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the diet to piglet’s performance and objetivou-se avaliar o desempenho, a
vulva size (P>0.05). However, higher área de vulva e a frequência de diarreia
diarrhea frequency was observed in T2 de leitões recém-desmamados expos-
group compared to T1 and T3 (P<0.05). tos a dietas com múltipla contamina-
These date suggest the potential effect ção por micotoxinas.
of Elitox® to reduce diarrhea in piglets
exposed to mycotoxins.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido nas ins-
Introdução talações de creche da Unidade de
Micotoxinas são metabólitos secundá- Pesquisa em Suinocultura da Fazenda
rios produzidos por fungos que podem Experimental Gralha Azul da PUCPR.
contaminar uma variedade de cereais Foram utilizados 48 leitões recém-des-
envolvidos na dieta animal. Dentre os mamados (24 machos e 24 fêmeas de
principais cereais que sofrem conta- 21 dias de idade). Cada unidade expe-
minação por fungos estão o milho e rimental foi composta por dois animais,
a soja, utilizados em diversos países distribuídos por sexo, divididos em três
como base da ração animal (Binder et tratamentos, 8 repetições cada, sendo
al., 2007). Os suínos são vistos como 4 repetições de fêmeas e 4 repetições
os animais mais sensíveis às micotoxi- de machos. Os tratamentos foram com-
coses, sendo aflatoxina, fumonisina e postos por T1: Dieta basal, sem conta-
zearalenona algumas das micotoxinas minação por micotoxinas e sem adição
mais encontradas em alimentos na- de adsorvente; T2: Dieta basal contendo
turalmente contaminados. A ingestão milho contaminado por micotoxinas
dessas micotoxinas podem promover sem adição de adsorvente e; T3: Dieta
desordens agudas ou crônicas, depen- basal contendo milho contaminado
dendo da concentração e tempo de ex- por micotoxinas em concentrações
posição. Tais desordens podem resultar idênticas ao T2, mais a adição de 0,25%
em menor desempenho dos animais de aditivo adsorvente Elitox® (Impex-
associados à efeitos hepatotóxicos, ne- traco Latin America). O milho utilizado
frotóxicos e imunossupressores, além na composição das rações T2 e T3 apre-
de distúrbios reprodutivos e edema sentou os seguintes níveis de micoto-
pulmonar (Bennett & Klich, 2003). Os in- xinas: 390 ppb de Aflatoxina B1, 2556
gredientes da ração podem apresentar ppb de Fumonisina B1, 850 ppb de Fu-
co-contaminação por diferentes mico- monisina B2, 244 ppb de Zearalenona.
toxinas, sendo poucas as informações As dietas e água foram fornecidas ad
atribuídas ao efeito tóxico (sinérgico, libitum durante 14 dias. Ao final do perí-
aditivo ou antagônico) da interação de odo experimental, o peso dos animais e
contaminações múltiplas (Speijers & das sobras de ração foram compilados
Speijers, 2004). Dentro desse contexto, para análise das variáveis de desempe-
Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
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nho (peso final, ganho médio diário de ausência de trabalhos testando as mes-
peso, consumo médio diário de ração e mas micotoxinas estudadas no presen-
conversão alimentar) e mensurou-se a te estudo dificultam as discussões. No
altura e largura da vulva para os cálculos entanto, efeitos sinérgicos entre afla-
de área de vulva (altura x largura/2). O toxina e fumonisina têm sido relatado
monitoramento da frequência de diar- com surgimento de células canceríge-
reia foi realizado diariamente no perío- nas, pronunciada indução de apoptose,
do da manhã, sendo atribuídos às fezes alterações na resposta imune, elevado
encontradas em cada baia os seguintes efeito oxidativo e dano ao DNA (Klaric,
escores: 0-fezes normais, 1-fezes pasto- 2012). Dilkin et al. (2003) encontraram
sas, 2-fezes pastosas/aquosas e 3-fezes reduzido consumo de ração e piora na
aquosas. Os dados foram analisados conversão alimentar quando leitões
pelo programa Statgraphics® 4.1. Os receberam dietas contaminadas com
dados de desempenho e área de vulva fumonisina e aflatoxina por 28 dias.
foram apresentados em médias e erro Quanto à frequência de diarreia, o T2
padrão, as quais foram submetidas à que possui milho contaminado sem
análise de variância (ANOVA). A frequ- aditivo adsorvente em sua composi-
ência de diarreia foi determinada em ção, aumentou (P<0,05) a frequência de
número de amostras fecais observadas diarreia quando comparado ao T1 e T3.
em cada escore e analisada por chi- Tais resultados sugerem a capacidade
quadrado, seguido pelo teste de Fischer, do Elitox® (Impextraco Latin America)
utilizando 5% de probabilidade. em reduzir a frequência de diarreia dos
leitões. A exposição de leitões recém-
desmamados à fumonisina (0,5 mg/
Kg de peso vivo/dia) durante 6 dias
Resultados e Discussão resultou em aumento da colonização
Os tratamentos contendo milho con- intestinal por Escherichia coli patogê-
taminado por aflatoxina, fumonisinas e nica (Oswald et al., 2003). Segundo os
zearalenona ou aditivo adsorvente (T2 autores, alterações no metabolismo dos
e T3) nas concentrações indicadas, não esfingolipídios do epitélio intestinal,
afetaram o desempenho dos animais e promovida pela ingestão de fumonisi-
a área de vulva (P>0.05) quando com- na, poderiam favorecer a colonização
parados ao tratamento controle (T1) de bactérias patogênicas no trato gas-
(Tabela 1). Co-ocorrência de aflatoxina e trintestinal. Dessa forma, o consumo
fumonisina tem sido relatada em amos- de dietas contaminadas por fumonisi-
tras de milhos no Brasil (Kawashima & na poderia aumentar a frequência de
Soares, 2006). Embora alguns estudos diarreia e consequentemente reduzir o
apontem para co-ocorrência de mico- desempenho dos animais. No entanto,
toxinas, poucos estudos têm abordado o aumento da frequência de diarreia
a simultânea toxicidade em leitões. Os observado neste experimento não re-
variados modelos experimentais e a duziu o desempenho dos leitões.
Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
- 247 -
Conclusão recém-desmamados alimentados com
O adsorvente Elitox® foi eficiente em re- rações contendo milho contaminado
duzir a incidência de diarreia em leitões com aflatoxina, fumonisina e zearalenona.
Referências bibliográficas
Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
- 248 -
Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 249 -
o uso destes promotores de crescimento tes tratamentos: controle (sem antibi-
antibióticos é liberado (MAPA, 2014). óticos); bacitracina de zinco (55g/ton);
enramicina (10g/ton); halquinol (30g/
Os promotores de crescimento antibió- ton); virginamicina (16,5g/ton) e avila-
ticos tem a função de controlar o cres- micina (10g/ton). Foi utilizado um deli-
cimento de determinadas populações neamento inteiramente ao acaso, com
microbianas que prejudicam o animal, cinco tratamentos e 24 repetições.
proporcionando assim uma mucosa in-
testinal mais saudável e menos espessa, O manejo pré-abate utilizado consis-
o que proporciona melhor absorção de tiu em um jejum alimentar de 8 horas
nutrientes e menos gastos na sua ma- e para o abate as aves foram insensi-
nutenção, fazendo com que o animal bilizadas por eletronarcose, através de
tenha uma melhor desempenho. Ainda aparelho da marca Fluxo, modelo FX
segundo Engberg et al. (2000), ocorre a 2.0. Em seguida foram sangradas, escal-
redução dos metabólicos tóxicos libe- dadas, depenadas, evisceradas e retira-
rados pelas bactérias patogênicas que das a cabeça mais o pescoço e pés, que
podem habitar o trato gastrointestinal correspondeu ao peso de carcaça, da
das aves. Segundo Pedroso et al. (2003) o qual foi determinado o rendimento de
uso de enramicina e avilamicina melho- carcaça. Para o rendimento de carcaça
ram em 3 e 2,4% o ganho de peso e em utilizou-se o peso da ave viva antes do
2,9 e 2,5% a eficiência alimentar, respec- abate e o peso da carcaça eviscerada
tivamente. Ao avaliar diferentes aditivos, sem cabeça+pescoço e pés. Em segui-
Albino et al. (2006) observaram que as da a carcaça foi submetida aos cortes
aves que receberam dietas com avilami- comerciais (pernas, peito, asas e dorso),
cina apresentaram maior ganho de peso, além da gordura abdominal, sendo que
rendimento de peito e menor gordura o rendimento de cortes foi em relação
abdominal do que as aves do tratamen- ao peso da carcaça eviscerada, sem ca-
to controle. Assim, este trabalho tem por beça+pescoço e pés. A gordura abdo-
objetivo avaliar o rendimento de carca- minal contabilizada contava com todo
ça e cortes de frangos alimentados com tecido adiposo presente desde a moela
dietas contendo diferentes promotores até o conteúdo presente ao redor da
de crescimento antibióticos. cloaca e bursa de Fabricius.
Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 250 -
asas, dorso e gordura abdominal não traram diferenças para rendimento de
houve diferença significativa entre os carcaça e cortes comerciais em frangos
tratamentos. Somente houve diferença de corte alimentados ou não com an-
(p<0,05) no rendimentos de pernas, no tibióticos melhoradores de desempe-
qual a suplementação com enramicina nho. Enquanto que Albino et al. (2006)
apresentou maior rendimento que o
observaram que ao alimentar frangos
tratamento com virginamicina.
com dietas adicionadas de avilamicina
Resultados semelhantes foram obtidos apresentaram maior rendimento de
por Loddi et al. (2000), onde não encon- peito e menor de gordura abdominal.
Tabela 1: Rendimento de carcaça (RC), rendimento de peito (RP), rendimento de perna (RPE),
rendimento de asas (RA), rendimento de dorso (RD), rendimento de gordura abdominal (RG) de
frangos de corte machos alimentados com diferentes promotores crescimento antibióticos e aba-
tidos com 43 dias de idade.
Tratamentos
Bacitracina
Variáveis Controle Enramicina Halquinol Virginamicina Avilamicina CV (%)
de zinco
RC (%) 75,37 76,10 74,78 74,73 76,07 75,67 2,01
RP (%) 37,85 37,76 37,85 38,47 38,94 38,59 4,50
RPE (%) 29,84 ab 30,25 ab 30,59 a 29,99 ab 29,21 b 29,76 ab 3,87
RA (%) 9,84 9,80 9,87 10,12 9,92 9,90 4,42
RD (%) 19,68 19,44 19,05 18,81 19,09 19,20 4,69
RG (%) 2,77 2,72 2,63 2,58 2,82 2,52 18,59
* Médias seguidas por letras diferentes nas linhas apresentaram diferença significativa pelo teste
de Tukey a 5%.
tico proporcionaram apenas um maior
Conclusão rendimento de pernas nas aves alimen-
Assim, pode-se concluir que os diferen- tadas com enramicina em relação a vir-
tes promotores de crescimento antibió- ginamicina.
Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 251 -
Referências bibliográficas
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Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 252 -
Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
- 253 -
as toxinas inerentes a essas bactérias, exigências mínimas preconizadas por
maximizando a absorção de nutrien- Rostagno et al. (2011) e foram formula-
tes e levando o animal a sua excelên- das a base de milho e farelo de soja. Foi
cia produtiva e zootécnica (Toledo et utilizada cama de segundo lote, sendo
al., 2007). Atualmente existem linhas que para aumentar o desafio sanitário,
de pesquisa que condenam o uso de foi coletada amostra de cama em gran-
antibióticos como promotores de cres- ja comercial e distribuída em todos os
cimento, devido ao receio de ocorrer boxes experimentais.
alguma seleção bacteriana nos animais,
ou uma seleção cruzada em humanos Os tratamentos experimentais consistiam
(Traesel et al., 2011). Porém, estudos de- em: controle (sem antibióticos); bacitraci-
monstram que em países onde ocorreu na de zinco (55g/ton); enramicina (10g/
o banimento de antibióticos promo- ton); halquinol (30g/ton); virginamicina
tores de crescimento, houve aumento (16,5g/ton) e avilamicina (10g/ton).
do uso de anticoccidianos antibióticos
Foi adotado um delineamento inteira-
e antibióticos de uso terapêutico nos
mente casualizado, com seis tratamen-
animais (Castanon, 2007), além de uma
tos e quatro repetições de 26 aves por
queda no desempenho zootécnico das
unidade experimental. Para avaliação
aves (Jones & Racke, 2003).
das características de desempenho
Assim, este trabalho tem por objetivo zootécnico, foram determinados os se-
avaliar os principais antibióticos pro- guintes parâmetros: ganho de peso/
motores de crescimento utilizados na ave, consumo de ração/ave, conversão
avicultura sobre o desempenho zoo- alimentar, viabilidade criatória e índice
técnico das aves. de eficiência produtiva.
Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
- 254 -
a enramicina, halquinol e virginamicina mentar. Quanto ao índice de eficiência
apresentaram os piores ganhos, e o tra- produtiva, observa-se que a avilamicina
tamento controle e bacitracina de zinco apresentou o melhor índice e a enrami-
não diferiram dos demais tratamentos. cina, halquinol e virginamicina os piores
Ao analisar a conversão alimentar, ob- (p<0,01) e a bacitracina de zinco e o
serva-se que a avilamicina proporcio- controle não diferiram dos demais tra-
nou a melhor (p<0,01) conversão ali- tamentos.
Tabela 1: Ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), viabilidade cria-
tória (VC) e índice de eficiência produtiva (IEP) de frangos de corte machos suplementados com
diferentes tipos de antibióticos, no período de 1 a 42 dias
Tratamentos
Bacitracina
Variáveis Controle Enramicina Halquinol Virginamicina Avilamicina CV (%)
de zinco
CR (g) 4974 4827 4628 4676 4749 4951 3,41
GP (g) 2915 ab 2841 ab 2707 b 2668 b 2723 b 3066 a 4,57
CA 1,70 a 1,70 a 1,71 a 1,75 a 1,74 a 1,61 b 1,86
VC (%) 98,07 97,11 89,42 93,27 95,19 97,11 6,93
IEP 399 ab 386 ab 339 b 338 b 354 b 439 a 9,55
* Médias seguidas por letras diferentes nas linhas apresentaram diferença significativa pelo teste
de Tukey a 5%.
Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
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no ambiente onde foi realizada, influen- Conclusão
ciando no perfil microbiológico do trato Pode-se concluir que a avilamicina
gastrointestinal do animal, e consequen- apresentou melhores resultados zoo-
temente apresentando efeito nos resulta- técnicos que os demais antibióticos
dos observados (Reis, 2011). avaliados.
Referências bibliográficas
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Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
- 256 -
Abstract
A trial was conducted to evaluate the ments were studied: TC (diet based on
use of sugar beet (Beta vulgaris L.) as a whole rice and soybean meal); T2 (TC +
natural pigment in laying quails (Cotur- 4% sugar beet); T3 (TC + 8% sugar beet);
nix coturnix japonica) diets containing and T4 (TC + 12% sugar beet). Each tre-
whole rice as the main energy source. A atment had five replications and the ex-
total of 40 laying quails were used. The perimental unity was the cage with two
birds were in the second production cy- birds each. All diets were isoproteic and
cle and housed in metallic cages with isoenergetic. The egg yolk color was
nipple waterers and manual feeders. measured with a colorimeter (Minolta
Feed and water were fed ad libitum. The CR-200 b). No effect of sugar beet on
quails were fed with a control diet ba- the parameters luminosity, intensity of
sed on whole rice during 15 days befo- red color, intensity of yellow color and
re the beginning of trial to discolor the croma was observed. In conclusion, the
egg yolks. The effect of inclusion of in- addition of up to 12% of sugar beet in
creased levels of dry and grinded sugar diets containing whole rice does not af-
beet was evaluated. The following treat- fect egg yolk color of laying quails.
Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 257 -
Introdução Zootécnica Professor Dr. Renato Rodri-
A criação de codornas é uma atividade gues Peixoto da Universidade Federal
que vem crescendo em ritmo acelera- de Pelotas, no período de 15 a 30 de
do no Brasil, despertando a atenção de maio de 2014. Foram utilizadas 40 co-
pesquisadores da área avícola, no sen- dornas de postura, no segundo ciclo
tido de desenvolver trabalhos que ve- de produção, alojadas em gaiolas me-
nham a contribuir para o maior aprimo- tálicas com bebedouros tipo nipple e
ramento e fixação desta cultura como comedouros manuais, recebendo água
uma fonte rentável na produção avícola e ração ad libitum. As aves receberam
(Furlan, 1998). uma dieta controle com arroz integral
durante 15 dias antes do início do ex-
O milho é o principal ingrediente utili- perimento, para despigmentação das
zado como fonte energética na formu- gemas.
lação de dietas para os animais, porém
outros alimentos vêm sendo testados Avaliou-se o efeito da inclusão de níveis
para substitui-lo total ou parcialmente crescentes de beterraba (seca e moída),
(Soto-Salanova & Fuende, 1997). O arroz resultando em quatro tratamentos: TC
integral é uma alternativa na alimen- (dieta à base de arroz e farelo de soja);
tação animal quando ocorre um exce- T2 (TC + 4% de beterraba); T3 (TC + 8%
dente da sua produção, podendo ser de beterraba); T4 (TC + 12% beterraba).
substituto ao milho, como fonte ener- Cada tratamento teve cinco repetições,
gética. Entretanto, Lancini (1994) obser- sendo a unidade experimental a gaiola,
vou a dependência da intensidade da composta por duas aves. As dietas fo-
coloração da gema pelo pigmento xan- ram isoproteicas e isoenergéticas.
tofila presente no milho, o qual dá a to-
Ao final do período experimental, 13
nalidade alaranjada para a gema. Como
ovos de cada tratamento foram levados
o arroz integral é pobre neste pigmen-
ao Laboratório de Análise Sensorial do
to, promove uma coloração mais clara
Departamento de Zootecnia da UFPel,
às gemas.
onde procedeu-se a análise colorimé-
Por isso, este experimento visa testar trica das gemas com o colorímetro Mi-
a beterraba (Beta vulgaris L.) como nolta (CR-200 b), previamente calibrado
pigmentante natural em dietas de co- em superfície branca de acordo com
dornas japonesas (Coturnix coturnix ja- padrões pré-estabelecidos (Bible & Sin-
ponica) em que a principal fonte ener- gha, 1993). A leitura de cores é realizada
gética é o arroz integral. em um sistema tridimensional, avalian-
do a cor em três eixos, onde o eixo L*
(luminosidade) avalia a amostra do pre-
to ao branco, o eixo a* (intensidade da
Materiais e métodos cor vermelha) da cor verde ao vermelho
O experimento foi desenvolvido no La- e o eixo b* (intensidade da cor amarela)
boratório de Ensino e Experimentação da cor azul ao amarelo. A partir dessas
Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 258 -
informações foi realizada a determi- Resultados e discussão
nação do croma, obtido pela fórmula A avaliação colorimétrica das gemas
croma = a2+b2 dos ovos é apresentada na tabela 1. Não
Para avaliação do efeito dos níveis de houve efeito dos níveis de inclusão de
beterraba, os dados foram submetidos beterraba sobre os parâmetros de lumi-
a ANOVA e à regressão polinomial a 5% nosidade, intensidade da cor vermelha,
de significância. intensidade da cor amarela e croma.
Tabela 1: Valores médios e desvio padrão dos parâmetros L*, a* e b* do colorímetro Minolta de
gema de ovos de codornas de postura alimentadas com diferentes níveis de beterraba (Beta
vulgaris L.)
Níveis de inclusão
L* a* b* Croma
de beterraba (%)
0 67,07 ± 3,08 -7,62 ± 0,63 24,03 ± 3,21 25,22 ± 3,19
4 67,59 ± 2,92 -7,87 ± 0,51 22,78 ± 2,58 24,11 ± 2,58
8 67,22 ± 3,77 -7,46 ± 0,33 23,65 ± 2,15 24,81 ± 2,05
12 66,61 ± 3,88 -7,28 ± 0,79 23,43 ± 4,52 24,57 ± 4,38
P* 0,68 0,06 0,83 0,76
P* nível de significância pela regressão polinominal a 5%; (L*) variação de luminosidade de
branco (L=100) ao preto (L=0); (a*) coloração na região do vermelho ao verde; (b*) intervalo
entre amarelo e azul.
Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 259 -
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Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 260 -
Anais SIAVS 2015 - Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz integral para codornas japonesas
- 261 -
O arroz integral pode ser utilizado com comedouros metálicos manuais
como substituto ao milho, desde que, e bebedouros automáticos tipo ni-
do ponto de vista econômico, seja vi- pple. As aves receberam alimento e
ável. Apesar disso, a inclusão do arroz água ad libitum durante todo o perío-
apresenta como consequência inde- do experimental. Foram testados três
sejável à produção de ovos a despig- tratamentos: TC (dieta à base de arroz
mentação das gemas, devido à ausên- integral e farelo de soja); T2 (TC + 12%
cia de carotenóides. Como forma de feno de alfafa); e T3 (TC + 12% colorífi-
eximir este efeito indesejável, pode-se co de urucum). Cada tratamento teve
adicionar pigmentantes, atendendo cinco repetições, sendo cada unidade
ao desejo do mercado consumidor experimental representada por uma
(Moura et al., 2009). Pigmentantes gaiola com duas codornas, perfazen-
naturais vêm sendo buscados como do um total de 10 aves por tratamen-
aditivos às dietas, devido a barreiras to. O experimento teve a duração de
impostas pelo mercado internacional 15 dias, onde a cada período de 5 dias
quanto ao uso de carotenóides sin- foram realizadas coletas dos ovos, que
téticos. Como fontes naturais destas foram analisados em laboratório de
substâncias pode-se citar o colorífi- nutrição animal, da Universidade Fe-
co de urucum e o feno de alfafa, que deral de Pelotas
contêm carotenóides, substâncias
que intensificam a coloração amarela A coloração das gemas dos ovos foi
da pele dos frangos e da gema do ovo determinada usando um colorímetro
(Miranda Jr, 2014). (Minolta CR-200b, Osaka, Japan), previa-
mente calibrado em superfície branca
Em vista disso, este trabalho busca ana-
de acordo com padrões pré-estabeleci-
lisar a pigmentação de ovos de codor-
dos (Bible & Singha, 1993), que faz a lei-
nas japonesas alimentadas com dietas
tura de cores em um sistema tridimen-
contendo como única fonte energética
sional, avaliando a cor em três eixos. O
o arroz integral, com a adição de feno
de alfafa ou colorífico de urucum. eixo L* avalia a amostra do preto ao
branco, o eixo a* da cor verde ao verme-
lho e o eixo b* da cor azul ao amarelo.
Além disso, foi realizada a determinação
Materiais e métodos do croma, relação entre os valores de
O experimento foi realizado no Setor a* e b*, em que se obtém a cor real do
de Avicultura do Laboratório de Ensino objeto analisado. Para cálculo do croma
e Experimentação Zootécnica Professor foi utilizada a fórmula matemática C* =
Dr. Renato Rodrigues Peixoto, da Univer- (a*² + b*²)¹/².
sidade Federal de Pelotas.
Os dados foram submetidos à ANOVA e
Trinta codornas japonesas foram alo- as médias comparadas pelo teste Tukey
jadas ao acaso em baterias metálicas, ao nível de 5% de significância.
Anais SIAVS 2015 - Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz integral para codornas japonesas
- 262 -
Resultados e discussão mento com o pigmentante urucum
Não houve diferença no teste de Tukey (T3), seguida pelo feno de alfafa (T2),
a 5% do parâmetro Luminosidade (L*) sendo a menor média a do tratamento
entre os tratamentos controle e utiliza- controle (TC). A pigmentação vermelha
ção de pigmentante urucum na dieta (a*), por sua vez, teve sua maior média
(tabela 1). Já a pigmentação amarela no tratamento contendo o feno de alfa-
(b*), demonstrou-se melhor no trata- fa (T2) como pigmentante na dieta.
Anais SIAVS 2015 - Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz integral para codornas japonesas
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Referências bibliográficas
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