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Integração numérica
Ricardo Biloti
biloti@g.unicamp.br
1S/2017
http://goo.gl/MAs5z
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Pode ocorrer o caso de haver expressão analı́tica para integral, mas a avaliação dessa
expressão é tão complicada (ou cara) que torna-se mais eficiente computar a integral
numericamente.
Z b
I = f (x) dx Pode ocorrer ainda do integrando ser conhecido em apenas alguns pontos, ou seja, apenas
a amostras dos integrando estão disponı́veis. Neste caso, não há outra alternativa a não ser o
compto numérico da integral.
I Não sei calcular I
Z x
2 2
erf(x) = √ e −t dt
π 0
0
x
-1
-3 0 3
Da figura observa-se que as bases do trapézio medem f (a) e f (b) e a altura do trapézio é
Regra do trapézio (b − a), o que estamos denotando por h.
Veja porém que essa aproximação, no exemplo da figura, deixou muito a desejar, visto que
y uma parte expressiva da área sob o gráfico da função foi negligenciada. O que fazer para
melhorar essa aproximação?
f (x)
a b x
Z b
f (a) + f (b)
I = f (x) dx ≈ h
a 2
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana A estratégia para melhorar a qualidade da aproximação é dividir o intervalo o intervalo de
integração em diversos subintervalos menores, aproximando a integral em cada um desses
subintervalos pela área dos respectivos trapézios.
Regra do trapézio No exemplo, o intervalo original foi repartido em três subintervalos de tamanhos iguais.
Em cada um deles, a área foi aproximada pelo área do trapézio. Observe que o erro da
aproximação como um todo melhorou bastante.
y
De forma geral, é fácil perceber que a aproximação da integral pela Regra ou Quadratura do
f (x) Trapézio Composta, ou seja, aplicada em n subintervalos, é dada por
f (x0 ) f (xn )
QTC [f ] = h + f (x1 ) + f (x2 ) + · · · + .
2 2
x0 x1 x2 x3 x
Z b
f (x0 ) + f (x1 ) f (x1 ) + f (x2 ) f (x2 ) + f (x3 )
I = f (x) dx ≈ h+ h+ h
a 2 2 2
f (x0 ) f (x3 )
=h + f (x1 ) + f (x2 ) + ≡ QTC [f ]
2 2
Exemplo
f (x0 ) f (xn )
QTC [f ] = h + f (x1 ) + · · · + f (xn−1 ) +
2 2
Z 4
x
Aproxime I = f (x) dx para f (x) = x1 e 2 , usando 3 intervalos.
1
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana Perceba que a regra do trapézio pode ser entendida também como a integral exata do
polinômio de grau 1 que interpola a função, nos extremos do intervalo de integração.
p1 (x)
y
f (x)
a b x
f (x) ≈ p1 (x)
Z b Z b
f (x) dx ≈ p1 (x) dx
a a
f 00 (ξx ) Como ξx depende de x, e não ser conhecido, não é possı́vel computar de fato a integral do
f (x) = p1 (x) + (x − a)(x − b) erro. Podemos porém nos valer do
2!
Teorema do Valor Intermediário Se p e q são funções contı́nuas em (a, b), e q não troca
de sinal em (a, b), então existe c ∈ (a, b) tal que
b b b
f 00 (ξx )
Z Z Z
b b
f (x) dx − p1 (x) dx = (x − a)(x − b) dx
Z Z
2! p(x)q(x) dx = p(x) q(x) dx.
a a a a a
Como a função ω não troca de sinal no intervalo (a, b), o T.V.I. se aplica à integral do erro
f 00 (ξ) b
Z
de interpolação, permitindo conseguirmos uma expressão para o erro de integração.
T. do Valor Intermediário → = (x − a)(x − b) dx
2 a
(b − a)3 00
=− f (ξ)
12
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana Como o erro de integração depende da derivada segunda do integrando, é fácil perceber que
a quadratura do trapézio é exata se o integrando for um polinômio de grau 1.
Claro que isso já era esperado, visto que essa fórmula foi construı́da aproximando-se a função
Erro da regra do trapézio por um polinômio interpolador de grau 1, aproximação essa que seria exata se a função já
fosse também um polinômio de grau 1.
Como
(b − a)3 00
I − QT [f ] = − f (ξ), ξ ∈ (a, b)
12
Se p ∈ P1 , então
I − QT [p] = 0
y h3 00
f (ξ1 ) + f 00 (ξ2 ) + · · · + f 00 (ξn )
I − QTC [f ] = −
12
f (x) nh3 f 00 (ξ1 ) + f 00 (ξ2 ) + · · · + f 00 (ξn )
=−
12 n
nh3 00
=− f (ξ), ξ ∈ (a, b),
12
x0 x1 x2 x3 x onde usamos que amédia de n valores de uma função contı́nua é o valor dessa função em
algum ponto.
I − QTC [f ] = E1 + E2 + E3
h3 00 h3 h3
=− f (ξ1 ) − f 00 (ξ2 ) − f 00 (ξ3 )
12 12 12
3h f (ξ1 ) + f (ξ2 ) + f 00 (ξ3 )
3
00 00 3h3 00
=− =− f (ξ)
12 3 12
http://goo.gl/MAs5z Ricardo Biloti Integração numérica
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana Como o erro na Regra do Trapézio composta é proporcional a h2 , dizemos que essa é uma
regra de segunda ordem.
nh3 00
I − QTC [f ] = − f (ξ), ξ ∈ (a, b)
12
(b − a)h2 00
I − QTC [f ] = − f (ξ), ξ ∈ (a, b)
12
(b − a)h2 h2
|I − QTC | ≤ M2 ≤ 2 ≤ 10−4
12 12
√
h≤ 6 · 10−2 ⇒ n ≥ 41, |I − QTC | = 3.6475 · 10−5
Se f (x) = (1 + t)−1 , então f (t)dt = ln(1 + t). Além disso, f 00 (t) = 2(1 + t)−3 . Portanto,
R
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana
M2 = max2≤t≤3 |f (t)| = f 00 (2) = 2/27.
00
(b − a)h2 (3 − 2)(1/3)2 2
|I − QTC | ≤ M2 = = 9.8765 · 10−2
12 12 27
Z 3
1 De fato I = ln(4) − ln(3) = ln(4/3) = 0.28768, e |I − QTC | = 4.4924 · 10−4 .
I Aproxime dt, usando 3 subintervalos.
2 1+t
Para que garantir que |I − QTC | ≤ 10−5 , temos que impor que
I Qual a estimativa para o erro?
(b − a)h2 (3 − 2)h2 2
M2 = ≤ 10−5 ⇒ h ≤ 4.0249 · 10−2
I Qual o erro de fato cometido? 12 12 27
ou seja n ≥ 25.
I Quantos pontos devem ser usados na regra do trapézio para
garantir que o erro seja menor que 10−5 ?
I Fácil aplicação
I Permite subintervalos de tamanho distinto, ou seja
independentemente de como f tenha sido tabelada
I Exata para polinômios de grau 1: |I − QTC | = O(h2 )
I Pode precisar de muitos pontos para atingir precisão
necessária
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana Enquanto que na Regra do Trapézio usamos dois pontos da função para construir uma reta
interpoladora, na Regra de Simpson usamos três pontos, os extremos do intervalo e o ponto
médio, para interpolar a função por uma parábola. A área abaixo da função é aproximada
pela área abaixo da parábola.
Regra de Simpson
p2 (x)
y
f (x)
a m b x
(x − a) (fb − 2fm + fa )
f (x) ≈ p2 (x) = fa + (fm − fa ) + (x − m)
h 2h
Z b Z b
h
f (x) dx ≈ p2 (x) dx = (fa + 4fm + fb ) ≡ QS [f ]
a a 3
f (x)
x0 x1 x2 x3 x4 x
n n
2 Z x2k 2
X X h
f (x)dx ≈ [f (x2k−2 )+4f (x2k−1 )+f (x2k )] ≡ QSC [f ]
3
k=1 x2k−2 k=1
(n par)
Exemplo
h
(f0 + 4f1 + 2f2 + 4f3 + · · · + 2fn−2 + 4fn−1 + fn )
QSC [f ] =
3
Z 4
x
Aproxime I = f (x) dx para f (x) = x1 e 2 , usando 2 intervalos.
1
1.5
I ≈ (1.6487 + 4 · 1.3961 + 1.8473) = 4.5403
3
É possı́vel provar que o erro na regra de Simpson depende da derivada quarta da função.
b b
f 000 (ξx )
Z Z
I = p2 (x) dx + (x − a)(x − m)(x − b) dx
a a 3!
Pode-se mostrar que
5
1 b−a
I − QS [f ] = − f (4) (ξ)
90 2
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana O erro depender da derivada quarta da função é uma feliz surpresa. Lembre que essa fórmula
foi construı́da com a interpolação da função por um polinômio de grau 2. Era de se esperar
que a aproximação fosse exata então para polinômio de grau 2, mas de fato, como polinômios
de grau 3 também tem derivada quarta nula, a regra de Simpson também é exata para esta
Erro na regra de Simpson classe de funções.
Como
5
1 b−a
I − QS [f ] = − f (4) (ξ), ξ ∈ (a, b)
90 2
Se p ∈ P3 , então
I − QS [p] = 0
h5 (4)
I − QS [f ] = − f (ξ)
90
Exemplo
Em quantos intervalos é necessário particionar [0, 1] para estimar a
integral abaixo com quatro casas corretas?
Z 1
2
I = e −x dx
0
(b − a)h4 h4
|I − QSC | ≤ M4 ≤ 12 ≤ 10−4
180 180
h4 ≤ 15 · 10−4 ⇒ n ≥ 5
Exercı́cio
Z 3
1
I Aproxime dt, com 4 subintervalos.
2 1+t
I Qual a estimativa para o erro?
I Qual o erro de fato cometido?
I Quantos pontos devem ser usados na regra do trapézio para
garantir que o erro seja menor que 10−6 ?
Introdução Simpson Quadratura Gaussiana Nas fórmula de quadratura do tipo Newton–Cotes, o integrando é aproximado por um
polinômio p. Esse polinômio p interpola o integrando f em pontos igualmente distribuı́dos
no intervalo de integração [a, b].
Newton–Cotes
Z b Z b
I = f (x) dx ≈ pn (x) dx
a a
Abordagem
Z b
I = f (x) dx ≈ A0 f (x0 ) + A1 f (x1 ) + · · · + An f (xn ) = Q[f ]
a
Newton–Cotes
Escolhe Ak para que Q[p] seja exato para p ∈ Pn
Quadratura Gaussiana
Escolhe Ak e xk para que Q[p] seja exato para p ∈ P2n+1
Exemplo
Z 1
f (x) dx ≈ A0 f (x0 ) + A1 f (x1 ) = Q[f ]
−1
Z 1 Z 1
1 dx = Q[1], x 2 dx = Q[x 2 ],
−1 −1
Z 1 Z 1
x dx = Q[x], x 3 dx = Q[x 3 ].
−1 −1
Exemplo
2 = A0 + A1
0 = x0 A0 + x1 A1
2
3 = x02 A0 + x12 A1
0 = x03 A0 + x13 A1
√
3
A0 = 1 = A1 , x0 = − = −x1
3
Gauss-Legendre
f (x)
−1 x0 x1 1 x
Z 1
√ ! √ !
3 3
I = f (x) dx ≈ f − +f ≡ QGL [f ]
−1 3 3
Exemplo
Z 1
2
I = e −x dx
0
(y +1)
Fazendo x = 2 , e portanto y = 2x − 1
1 1 −( y +1 )2
Z
I = e 2 dy
2 −1
√ 2 √ 2
1 − − 63 + 12 − 63 + 12
I ≈ QGL = e +e = 0.74659
2
Comparação
Z 1
2
I = e −x dx
0
Método #f Erro
Trapézio 5 3.84 · 10−3
Simpson 5 3.12 · 10−5
Gauss-Legendre (2) 4 2.08 · 10−5
Gauss-Legendre (3) 3 9.55 · 10−6
Trapézio 21 1.53 · 10−4
Simpson 21 5.11 · 10−8
Gauss-Legendre (2) 20 3.40 · 10−8
Gauss-Legendre (3) 21 1.29 · 10−11
Resumo
I Newton–Cotes
I Construção por interpolação
I Malha regular em [a, b]
I Exato para p ∈ Pn
I Aplicável a dados tabelados
em geral regularmente amostrados
I Quadratura Gaussiana
I Construção via polinômios ortogonais
I Malha não regular em [a, b]
I Exato para p ∈ P2n+1
I Aplicável quando f está disponı́vel