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formas culturais estereofónicas, bilíngües ou bifocais originadas pelos - mas nao mais
propriedade exclusiva dos - negros dispersos nas estruturas de
sentimento, producáo, cornunicacáo e memória, a que tenho chamada heuristicamente mundo
atlántico negro. Este capítulo, portanto, tem como raiz e como rota o esforco envolvido em tentar
olhar para (pelo menos) duas direcóes simultaneamente. 35
O problema: a modernidade.
Faz alguns anos que a teoria social, a filosofia e a crítica cultural euroamericanas têm
abrigado debates acerbos e politicamente carregados sobre o conteúdo e status do
conceito da modernidade e das idéias afins de modernismo e modernização. 102
1
Substantivo feminino: Rubrica: filosofia. Na tradição cética ou em doutrinas influenciadas pelo
ceticismo, tal como o kantismo, contradição entre duas proposições filosóficas igualmente críveis,
lógicas ou coerentes, mas que chegam a conclusões diametralmente opostas, demonstrando os limites
cognitivos ou as contradições inerentes ao intelecto humano. 2. Derivação: por extensão de sentido.
Contradição entre quaisquer princípios, doutrinas ou prescrições. Ex.: a a. entre a Bíblia e os Vedas. 3.
Derivação: por extensão de sentido. Posição ou disposição totalmente contrária; oposição. 4. Rubrica:
termo jurídico. Contradição real ou aparente entre leis, ou entre disposições de uma mesma lei, o que
dificulta sua interpretação (HOUAISS, 2009).
O conceito de pós-modernismo é freqüentemente introduzido para
enfatizar a natureza radical ou mesmo catastrófica da ruptura entre as
condições contemporâneas e a época do modernismo. 103
As questões postas
2
Adjetivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Rubrica: linguística. Relativo ao processo mental
de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Rubrica: psicologia. Diz-se de estados e processos
relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4.
Rubrica: psicologia. lato sensu, diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações,
percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e tb.
da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios
(HOUAISS, 2009).
A crise da modernidade como a crise da posição dos intelectuais
“modernistas”.
- Esta é apenas uma dentre várias razões pelas quais se pode argumentar que
aquilo que cada vez mais é percebido como a crise da modernidade e dos valores
modernos talvez seja melhor entendido como a crise dos intelectuais cuja
autoconsciência foi outrora servida por essas condições. 105
- [...] abordar essas questões prementes de raça e racismo não significa dizer
que todos os elementos de sua resolução bem-sucedida já se encontram em
evidência (no debate pós-moderno). (Por quê?)
- [...] não se apresenta nos debates contemporâneos em torno do
conteúdo filosófico, ideológico ou cultural e das consequências da
modernidade.
Objetivos do capítulo
- Desejo também apresentar uma crítica e uma correção a essas trocas, e meu
interesse fundamental pela história da diáspora africana necessita do ponto de partida
específico - o Atlântico negro - que estabeleci no capítulo 1. As experiências históricas
características das populações dessa diáspora criaram um corpo único de reflexões
sobre a modernidade e seus dissabores, que é uma presença permanente nas lutas
culturais e políticas de seus descendentes atuais.
3
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
entre margem e centro, tal como tem se manifestado nos discursos senhoriais da raça
dos senhores. Em outras palavras, estou buscando contribuir para certo trabalho
intelectual reconstitutivo que, por olhar para a história cultural moderna dos negros no
mundo moderno, tem uma grande relação com as idéias sobre o que era e é hoje o
Ocidente.
Retomada
Patricia Hill Collins: uma epistemologia do ponto de vista das mulheres negras
- Embora eu concorde com a maior parte do diagnóstico feito por Hill Collins
para este estado de coisas, ao mesmo tempo discordo de suas respostas. Sua
resposta à separação ocidental entre pensar (e pensar sobre o pensar) e ser é
implodi-los de volta um para dentro do outro, de modo que constituam uma
unidade funcional que possa ser acriticamente celebrada. 119-120
- Começo esta crítica com uma defesa da idéia de construção social de "raça" e
de gênero. Não há nenhuma essência de mulher ou uma mulher em geral que
possa encarnar o projeto emancipador da política feminista por isso, uma
epistemologia feminista deve continuar a construir seu próprio ponto de vista
dirigido a esta falta. 120
- Seja o que for que se pense sobre as estratégias políticas envolvidas em tudo
isso, é surpreendente como a imagem de um sujeito integral, humanista e
completamente cartesiano sustenta e anima o constructo do eu que tem sido
situado no cerne deste "ponto de vista das mulheres negras” [...]. 121
- Mas o que devemos entender do fato de que o eu sempre vem primeiro nesta
litania? Que tipo de entendimento sobre o eu deve suprir a subjetividade capaz
de focalizar o sujeito da política negra? 122
Questionamentos:
4
Idem, p. 23, 24.
Frederick Douglass: “crítico da modernidade”