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Acidentes Ofídicos

Acidente Laquético

Fiama F. S. do Amaral Monaliza Reis


Bruna de Cássia dos Santos Maiara Ferreira França Martins
Donárya L. T. Balbino Isabela Machado
Taxonomia

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes
Família: Viperidae
Subfamília: Crotalinae
Gênero: Lachesis
Introdução

● Espécie: L. muta
○ Subespécies: Lachesis muta muta e Lachesis muta rhombeata;

● Surucucu, surucucu-pico-de-jaca, surucutinga e malha-de-fogo;

● Maior das serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5 m


de comprimento e possuem cauda com escamas eriçadas;

● Ela é responsável por 1,4% dos acidentes no Brasil;


Cobras Peçonhentas:

● Presas anteriores, com orifício central ou


sulco;
● Fosseta loreal presente;
● Pupilas em fenda;
● Cabeça destacada do corpo;
● Cauda afina abruptamente;
● Hábitos noturnos;
● Vagarosas;
Introdução

● Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e alguns


enclaves de matas úmidas do Nordeste;

● Na maioria dos casos, o acidente acontece com grandes animais →


ambiente;

● A gravidade do acidente independe do tamanho da cobra;

● Todos os mamíferos são suscetíveis → bovina, eqüina, ovina,


caprina, canina, suína, sendo o gato o mais resistente
Classificação dos Acidentes

● LEVES: edema discreto (peri-picada) ou ausente e manifestações


hemorrágicas leves ou ausentes. Ausência de manifestações vagais.
Tempo de Coagulação (TC) normal ou alterado.

● MODERADOS: edema evidente e manifestações hemorrágicas


discretas (gengivorragia, epistaxe). Ausência de manifestações
vagais. TC normal ou alterado.

● GRAVES: edema intenso e manifestações sistêmicas como


hemorragia franca. Presença de manifestações vagais (diarréia,
bradicardia, hipotensão ou choque). TC normal ou alterado.
Peçonha

Constituído pelas proteínas:

● Peptídeos potenciadores da bradicinina (BPPs);


● Fatores de crescimento do nervo;
● Fosfolipase A2 (FLA2);
● Serinoproteases;
● Proteínas secretórias ricas em cisteína (CRISP);
● Lectinas símile do tipo-C;
● L-aminoácido oxidase (LAAO);
● Metaloproteinase dependente de Zn2+
Peçonha - Proteínas

Metaloproteinases:

● Corresponde a 31,9% da composição proteica do veneno;


● São largamente responsáveis pela síndrome hemorrágica;
● São dois tipos: fator hemorrágico I (LHF-I) e fator hemorrágico II (LHF-II),
comumente chamados de hemorraginas;
● Algumas metaloproteinases do veneno inibem a coagulação sanguínea;
● A maioria das metaloproteinases são fibrinogenases e elas clivam peptídeos
da região C terminal do fibrinogênio. Classificadas em α e β-fibrinogenase;
● A α-fibrinosenase inibe a coagulação do sangue porque o fibrinogênio
“truncado” não forma um coágulo de fibrina tão forte como o fibrinogênio
nativo
Peçonha - Proteínas

Serinoproteases:

● Corresponde a 31,2% da composição total;


● Entre as proteínas desta família, as ativadores da proteína C exigem
efeitos anticoagulantes diretos;
● Fisiologicamente, o zimogênio (precursor enzimático inativo) da
proteína C circulante no sangue é ativado pela trombina. A proteína C
ativada inibe os fatores V e VIII ativados e, consequentemente, as
vias intrínsecas e comuns da cascata de coagulação;
● Outro grupo de serinoproteases, as trombina símile, depletam o
fibrinogênio e tornam o plasma incoagulável
Peçonha - Proteínas

● No veneno laquético observa-se tanto atividade agregadora


plaquetária quanto anti-agregante plaquetária, esta última muito em
função de uma desintegrina detectada no veneno

● Nos acidentes, usualmente, há consumo de fator V e fibrinogênio,


além dos fatores II, VIII, IX e X, mas a contagem de plaquetas
permanece normal, eventualmente em função dos compostos
trombina símile, que induzem consumo de fibrinogênio sem gerar
trombocitopenia
Peçonha - Proteínas

● O veneno também apresenta acentuada ação do tipo cininogenase -


ação hipotensiva

● Nele são encontradas enzimas chamadas cininogenases que atuam


sobre o cininogênio endógeno do plasma, liberando peptídeos
vasoativos como a bradicinina e as calicreínas, responsáveis em
parte pela queda da pressão arterial

● O precursor inativo das calicreína é o calicreinogênio, encontrado no


plasma e pâncreas e que pode ser ativado pela plasmina ou fatores
de coagulação
Peçonha - Proteínas

● Os peptídeos potenciadores da bradicinina estão presentes em


abundâncias no veneno laquético, representando 14,7% dos
componentes protéicos

● São oligopeptídeos com ação inibitória tanto sobre a metabolização


da bradicinina, quanto sobre a conversão de angiotensina I em II
(inibidores de ECA)
Peçonha - Proteínas

● A Fosfolipase A2 (FLA2) juntamente com outras toxinas, são


responsáveis pela ação inflamatória do veneno laquético

● A FLA2 tem se mostrados capaz de desencadear diferente eventos


inflamatórios: edema de pata, de pele, degranulação de mastócitos,
aumento da permeabilidade vascular

● Em estudos, purificou-se e caracterizou-se funcionalmente uma FLA2


básica, a LmTX-I presente no veneno de Lachesis muta muta. Os
achados revelaram que a LmTX-I possui ação neurotóxica dominante
em preparação neuromuscular de pintinhos
Peçonha

O veneno laquético tem ação:

● Proteolítica → produzindo lesão tecidual;

● Coagulante → causando afibrinogenemia e incoagulabilidade


sanguínea;

● Hemorrágica → presença de hemorraginas;

● Neurotóxica → com ação do tipo estimulação vagal, alterações de


sensibilidade no local da picada, da gustação e da olfação
Ação Proteolítica

● Citotóxica ou Necrotóxica

● Digestão da presa:

VENENO → ENZIMAS DIGESTIVAS → DESTRUIÇÃO DOS TECIDOS


→ NECROSE

*** Ação das Proteases e


Metaloproteinases
Ação Coagulante

● Ação coagulante e anticoagulante simultaneamente

COAGULAÇÃO NA MICROCIRCULAÇÃO → BLOQUEIA O FLUXO


SANGUÍNEO → OXIGENAÇÃO NOS TECIDOS

ENZIMAS TÓXICAS → QUANTIDADE E QUALIDADE FIBRINA →


IMPEDE A COAGULAÇÃO → SEM DESFAZER OS COÁGULOS JÁ
“PRONTOS” → HEMORRAGIA EM DIVERSAS PARTES DO CORPO

***Lectinas → atua em diversos fatores inibindo a coagulação


Ação Hemorrágica

● Hemorragias locais ou sistêmicas

HEMOTOXINAS → DESTROEM HEMÁCIAS

VASOS SANGUÍNEOS MAIS PERMEÁVEIS → HEMORRAGIAS


INTERNAS E EXTERNAS

FALÊNCIA RENAL → POSSÍVEL INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

*** Metaloproteínases (hemorraginas) → rompem a


membrana basal da microvasculatura → extravasamento de sangue
Ação Neurotóxica

NEUROTOXINAS → SISTEMA NERVOSO → PARALISIAS


MUSCULARES

AFETAM MÚSCULOS RESPONSÁVEIS PELA DEGLUTIÇÃO E


RESPIRAÇÃO → ASFIXIA E MORTE
Sinais Clínicos

● Necrose no local da picada;


● Lesões locais;
● Inflamação intensa;
● Dor;
● Edema;
● Bolhas;
● Hemorragia;
Sinais Clínicos

● Síndrome de excitação vagal: bradicardia, diarréia, hipotensão arterial


e choque (neurotoxina);
● Paralisia facial;
● Paralisia dos demais músculos;
● Sangramento das gengivas e narinas;
● Falência renal;
● Dificuldade para respirar (paralisa musculatura);
Diagnóstico

● Anamnese: onde ocorreu, sinais clínicos relatados, período do


acidente;
● Identificação da serpente;
● Quadro clínico: edema, hemorragia, manifestação neurotóxica,
necrose;
● Exames laboratoriais: hemograma e de coagulação;
● Rotineiramente, devem ser solicitados: TC, TAP, hemograma,
bioquímica do sangue (uréia, creatinina, CPK, DHL, TGO, potássio) e
EAS.
Tratamento

● Soro heterólogo anti-láquético (SAL);

● Raramente se encontra disponível → soro antibotrópico-laquético


(SABL);

● Ambos quando o acidente foi ocorrido em floresta primária (mata


fechada) ou capoeira densa e/ou se houver alguma manifestação
clínica de estimulação vagal;

● Seguir as seguintes etapas:


Tratamento

1 - Dieta oral zero até segunda ordem (ou até término da soroterapia);
2 - Instalar acesso venoso com cateter em Y;
3 - Hidrocortisona 500 mg (ou 10 mg/kg) IV 30 minutos antes do item 6;
4 - Cimetidina 300 mg (ou 10 mg/kg) IV 30 minutos antes do item 6;
5 - Prometazina 50 mg (ou 0,5 mg/kg) IV 30 minutos antes do item 6;
6 - Soro anti-ofídico IV, sem diluir, infundido durante 30 minutos;
7 - Deixar bandeja de traqueostomia e material de urgência à beira do
leito;
8 - Dipirona 1g (ou 15 mg/kg) IV 4/4h (para analgesia inicial);
9 - Sinais vitais a cada 10 minutos
Tratamento

Nas seguintes dosagens:


Acidente Leve Moderado Grave

Laquético 05 amp. de SAL 10 amp. de SAL 20 amp. de SAL


ou SABL ou SABL ou SABL
Os animais deverão permanecer em observação por um período mínimo
de 24 horas e os exames complementares serão repetidos 24 horas após
a administração do soro heterólogo
Dar alta ao paciente somente se o processo inflamatório no segmento do
corpo atingido for muito discreto ou inexistente e se o TC, TAP e
creatinina estiverem normais
Tratamento
Cuidados gerais:

1. Manter a higiene do membro acometido;


2. Manter o membro sempre elevado;
3. Enquanto houver alteração do TC, realizar apenas compressas frias,
quando houver normalização deste e suspeita de infecção secundária,
realizar compressas mornas;
4. A analgesia poderá ser feita inicialmente com dipirona, mas se persistir
a dor, poderá ser usado Tramadol (100mg IV até 4/4h);
5. Os curativos serão feitos apenas com SF 0,9% e solução antisséptica,
devendo-se evitar a oclusão;
6. Fazer a profilaxia para tétano, conforme a recomendação vigente
Perguntas

1- Você, como médico veterinário, como classificaria/diagnosticaria um acidente


ofídico como um acidente laquético?
2- Dentre os mecanismos de ação dos venenos de cobras:
a) Marque os mecanismos de ação do veneno laquético.
( ) Ação Proteolítica ( ) Ação Hemorrágica
( ) Ação Nefrotóxica ( ) Ação Coagulante
( ) Ação Neurotóxica ( ) Ação Sarafotóxicos
( ) Ação Hemotóxica ( ) Ação Miotóxica
b) Descreva, sucintamente, cada mecanismo de ação marcado anteriormente.
3) Qual o principal tratamento usado nos acidentes laquéticos?
Qual a dose usada para os casos leve, moderado e grave?
Obrigada !
Referências

ALVARENGA, Jefferson. Serpentes e seus venenos. 2016. Disponível em:


<http://www.biotadofuturo.com.br/serpentes-e-seus-venenos/>. Acesso em: 03 maio 2018.

ALVES, Claudênio Diógenes. Estudo dos efeitos renais do veneno da serpente


Lachesis muta muta. 2010. 99 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Farmacologia,
Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina, Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza, 2010.

HASSE, Geraldo. Como age o veneno de cobra. 2015. Disponível em:


<http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1708485-5809,00.html>. Acesso
em: 03 maio 2018.
Referências

PINHO, F.M.O.; PEREIRA, I.D.. Ofidismo. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 47, n. 1,
p. 24-29, Mar. 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302001000100026&lng=en
&nrm=iso>. Acesso em 03 maio 2018.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302001000100026.

RODRIGUES, Raul. Os venenos das serpentes e seus efeitos. 2013. Disponível em:
<https://blogdonurof.wordpress.com/2013/11/09/os-venenos-das-serpentes-e-seus-efeitos/>.
Acesso em: 3 maio 2018.

SOUZA, Alcidéa Rêgo Bentes de; TAVARES, Antônio Magela; BÜHRNHEIM, Paulo F..
Acidentes por Animais Peçonhentos. Disponível em:
<http://www.fmt.am.gov.br/manual/acidente2.htm>. Acesso em: 11 maio 2018.
Referências

WIKIPÉDIA. Lachesis. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lachesis>.


Acesso em: 03 maio 2018.

ZOOPETS. Veneno das Serpentes. Disponível em:


<http://www.zoopets.com.br/serpentes/venenoserpentes-silvestres-exoticos-lagartos-cobras-
comprar-zoopets-petshop.htm>. Acesso em: 03 maio 2018.

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