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Processo nº 001.2010.002.214-2
Promovente : Eliomar da Silva
Promovido : STTP – Superintendência de Trânsito
Vistos.
Asseverou, ainda, não poder ser responsabilizado por infrações praticadas pelo
antigo proprietário, uma vez que adquiriu o veículo em abril de 2007 e as infrações atacadas datam de
abril de 2007.
Documentos juntos, fls. 06/16.
Mérito
Embora nominada ação declaratória, cuida-se de ação anulatória, visando à
declaração de desconstituição de multas de trânsito em face do veículo de propriedade do promovente,
sob a alegação notificação serôdia, o que afeta a garantia do devido processo legal, a plenitude de
defesa e o contraditório.
“O prazo de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 281, CTB é decadencial,
porquanto apanha o direito de notificar da autuação da Administração Pública, com o
1
MITIDIERO, Nei Pires. Comentários ao Código de Trânsito Brasileiro, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005. Pág.1.336
que, súbito, inviabiliza igualmente o seu direito de punir (uma vez que se inadmite,
dentro do ordenamento pátrio, julgar sem prévia oitiva do acusado). De conseguinte,
desconhece causas interruptivas e suspensivas e o seu termo final consome o direito,
banindo-o do ordenamento jurídico.”
No caso dos autos, restou provado que o cometimento das infrações ocorreram no
período em que outro era o proprietário. No entanto, não merece guarida a alegação feita pelo da inicial
de que cabia somente a este a responsabilidade por aquelas.
Cumpre ressaltar que a exigência ao pagamento das multas deveria ter ocorrido em
oportunidade anterior, ou seja, quando emitido o novo certificado de registro do veículo, e não só quando
o inconformado tentou licenciar seu veículo.
Nessa seara, carreio escólio doutrinário de Arnaldo Rizzardo 3:
E segue
2
STJ- .(RESP 200700680243, Mauro Campbell Marques, STJ – Segunda Turma, DJE DATA:08/02/2011.(g.n.)
3
Comentários ao Código de Trânsito Brasileiro. 5 ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. p.396.
“Enquanto não se der o pagamento do IPVA, das multas e outros encargos, não se
efetiva o licenciamento. (...) não se pode renovar licenciamento de veículo em débito
de multas. Para que seja resguardado o direito de defesa do suposto infrator,
legalmente assegurado, contudo é necessário que ele (infrator) seja devidamente
notificado [...] é o proprietário o responsável pelo pagamento (é evidente nos demais
casos de multa). Não interessa que outro tenha praticado, a menos que provada
alguma excludente de responsabilidade, como furto ou roubo. Em suma, pois,
perante o Poder Público titular do valor da multa, o proprietário é o obrigado. Contra
ele se promoverá a ação, na falta de pagamento no prazo assinalado)”.
In casu, ainda que o antigo proprietário tenha sido a pessoa que praticou as
infrações, não resta dúvida, de não ter verificado a existência do cometimento de infrações que viessem
a se tornar multas.
Desta feita, não há ato ilegal a ser combatido. Por conseguinte, não há que em
indenização por dano moral.