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Como resistir às ofensas?

Uma pequena reflexão sobre a maneira de lidar com situações delicadas com base na vontade
na Bíblia.

Em nosso cotidiano, passamos por diversas situações que colocam nossa paciência à
prova e muitas vezes agimos de forma ríspida, agressiva ou mesmo violenta. Isso
porque, geralmente, procuramos somente nos defender de determinados ataques em
vez de pararmos, refletirmos e agirmos de maneira doce e paciente, assim como
sempre fez nosso senhor Jesus o Cristo.

Todavia, agir com sabedoria e sensatez como nosso Deus é algo extremamente difícil,
porém não é impossível. Treinar a paciência e a mansidão exige do cristão a
compreensão de como o senhor Jesus o Cristo agiu em diversos momentos de
tensão. Nosso senhor, em todos os casos saiu vitorioso demonstrando que a violência,
mesmo que verbal, é totalmente desnecessária e que a paciência é uma virtude que
em todas as situações tem bom uso. Mesmo com as piores provocações e desafios,
nosso SENHOR JESUS O CRISTO demonstrou destreza e sensatez. Lembremos, por
exemplo, quando nosso Jesus respondeu aos escribas, quando questionado se tinha
mesmo autoridade de perdoar, na ocasião em que ele realizava a cura de um
paralítico, na passagem que está no Evangelho de Marcos 2: 9, em que Jesus disse:
“Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer-lhe:
Levanta-te, e toma o teu leito, e anda”?

Parece-nos simples tal situação, porém podemos perceber a complexidade desse


acontecimento no versículo doze, que nos dá a seguinte afirmação ao final: “Nunca tal
vimos”. Essa afirmação nos revela uma novidade que nossos irmãos contemporâneos
de Cristo presenciaram.

E se estivéssemos em situação semelhante, teríamos a mesma calma para responder


com tamanha sensatez sem atacar nosso próximo? Não sabemos. O que podemos
dizer é que essa expressão demonstrou que a paciência não era uma virtude
frequentemente praticada naqueles tempos, daí a expressão: “Nunca tal vimos”; visto
que naqueles tempos o império romano se utilizava com frequência da violência, seja
ela física ou verbal, contra o povo (e em especial com o povo Judeu)

Mesmo em um ambiente onde a violência estava quase que o tempo todo presente e
em diversas formas, o SENHOR JESUS O CRISTO parece mesmo ter total controle
de si diante das mais calorosas afrontas. Nesse sentido, se faz necessário refletirmos
acerca das diferentes maneiras com as quais nosso salvador utilizava para agir com
tanta sabedoria. Não falarei de todas, pois seriam necessárias inúmeras páginas para
descrevê-las. Sendo assim, vamos analisar os fragmentos que estão descritos no
Evangelho de Mateus capítulo 12, no momento em que Jesus foi questionado sobre a
cura de um endemoninhado, que diz:

Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os


24 [...]
demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
25 Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo
o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou
casa, dividida contra si mesma não subsistirá.
26 E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo;
como subsistirá, pois, o seu reino?

Esses trechos nos dão ideia de que além de ser uma provocação, é também uma
cilada para acusar nosso mestre de blasfemador. Mesmo assim, o senhor Jesus o
cristo, ao responder a respectiva afronta, faz se utilizando da própria acusação dos
fariseus, lhes mostrando que seus argumentos eram incapazes de justificar a pergunta
que fizeram. Pois, como é mencionado no versículo 25, Jesus possuía profundos
conhecimentos da natureza humana e esse discernimento impediu que ele fosse
colocado em armadilhas. Ele poderia ter se utilizado dos seus poderes divinos para
reagir contra eles ou, então, coloca-los em seus devidos lugares humilhando-os. Mas,
invés disso, lhes mostrou que fizeram juízo ruim de sua pessoa de forma sagaz.

Ainda nesse episódio, o senhor Jesus nos remete a mais uma reflexão. Ele nos faz
pensar acerca daquilo que falei no início do texto no que se refere a se defender de
forma arredia. O senhor Jesus o cristo nos diz que para que possamos dizer coisas
boas não podemos ser maus, pois “do que há em abundância no coração, disso fala a
boca” (v.34). Assim, para que possamos agir com doçura e sabedoria, devemos ser
pessoas boas, com coração cheio da presença de Deus. Portanto, agir de maneira
humilde vale muito a pena, pois “O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro
[...]” (v.35).

O senhor Jesus o Cristo, não só nos dá esses e muitos outros exemplos, como
também nos propõe que façamos igualmente a ele. Nesse sentido, podemos dizer que
nosso mestre nos diz para sermos como ele sendo “manso e humilde de coração”
(Mateus 11:29) para que dessas práticas possamos encontrar “descanso para nossas
almas (idem).

Não é raro encontrar, mesmo entre irmãos da mesma fé, pessoas que se utilizam das
palavras: “não gosto de tal irmã ou tal irmão, mas ‘suporto’ em Jesus”; poderíamos
supor que tais justificativas se dão pelo trecho: “[...] suportando-vos uns aos outros em
amor [...]” (Efésios 4:2). Daí, então, querendo dizer que “atura” seu irmão por amor a
Jesus.

Quero crer que nos falta conhecimentos para interpretar as escrituras, e não
compreendendo, a aplicação da longanimidade na prática se torna algo muito distante.
Portanto, devemos refletir constantemente nas escrituras para estarmos habituados a
“perdoar uns aos outros” (Colossenses 3:13), assim como “Cristo também nos
perdoou” (ídem). As constantes reflexões dessas palavras culminarão em nossa forma
de agir como verdadeiros eleitos de Deus e na medida em que iremos aprendendo,
para que possamos ser praticantes da bondade, da paciência e “revestidos de
humildade, pois Deus dá graça aos humildes” (1 Pedro 5:5).

Nesse sentido, entendemos que não é sábio aquele que responde às ofensas
devolvendo na mesma moeda. A medida que tentamos nos defender de palavras de
ataque, contribuímos para que se aumente ainda mais as tensões, pois, estamos
tentando apenas provar para o outro que estamos com a razão. É preciso que em
alguns momentos se faz necessário “dar o braço a torcer” para que um determinado
conflito não tenha continuidade e gere ainda mais desconfortos. Existem pessoas que
tem sempre palavras para se defender e atacar com precisão e “falam como que
espada penetrante” (Provérbios 12:18). Acredito, que isso vem de nossa profunda
vontade de vencer um conflito através de “sábias” palavras que procuramos para estar
acima de uma ofensa e queremos a todo custo sair vitoriosos sempre. Devemos deixar
de lado nossa superioridade e fazer da humildade uma prática em nossa vida,
evitando mal estar para com nossos irmãos, pois “não devemos atentar cada um para
o que é propriamente seu, mas cada qual também para que é dos outros” (Filipenses
2:4). Pensando como iguais e não como superiores aos outros, pois nosso senhor
Jesus o Cristo “fez a si mesmo de nenhuma reputação, tomando a forma de servo,
fazendo-se semelhante aos homens” (Filipenses 2:7). Se o próprio Deus se fez igual
aos homens, porque você e eu devemos acreditar que estamos acima dos outros?
Portanto, devemos nos preocupar em aprender de Deus a longanimidade, sempre!

Concluo que todas as formas de agressividade não fazem parte dos ensinamentos de
nosso senhor Jesus o Cristo. E que através de seus feitos e ensinamentos podemos
trabalhar continuamente nossa humildade, benevolência, longanimidade, paciência
nos tornando melhores seres humanos e contribuindo para que nosso cotidiano seja
mas leve e livre de contenda. Nosso senhor Jesus, mesmo sendo o próprio Deus,
pacientemente lidou com as situações mais constrangedoras sem perder a calma e o
controle, fazendo disso tudo um rico ensinamento para os seus servos. E ainda, caso
não possamos compreender através da leitura, ainda nos dá o privilégio da oração. A
oração é o momento do servo de Deus busca-lo e obter, sempre, o melhor dos seus
ensinamentos e, logo, toda a sabedoria para lidar uns com os outros com constância.

Portanto, não devemos combater ofensa com ofensa. Mas, tratando nosso próximo da
maneira que gostaríamos de ser tratados e que “ninguém dê a outros mal por mal,
mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos” (1
Tessalonicenses 5:15)

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