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A oração das Completas1.

A oração pública e comum do povo de Deus é considerada com razão entre as principais funções da Igreja. Nos
primórdios já os batizados “eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na
fração do pão e das orações” (At 2,42). Várias vezes atestam os Atos dos Apóstolos que a comunidade cristã
orava em comum. Os documentos da Igreja primitiva testemunham também que os fieis, cada um particular, se
entregavam à oração em determinadas horas. “Assim, muito cedo prevaleceu, em diversas regiões, o costume de
reservar para a prece comum tempos fixos como a última hora do dia, ao anoitecer, quando se acendiam as luzes,
ou a primeira, quando, saindo o sol, a noite finda” (Instrução geral sobre a Liturgia das Horas, n. 1).

[...] As Completas (ou Completório) constituem, com efeito, uma das horas litúrgicas do conjunto da Oração da
Igreja que religiosos e sacerdotes rezam cotidianamente. Esta hora é também feita com proveito por número cada
vez maior de leigos desejosos de vivenciar a Oração da Igreja.

Como são rezadas as Completas? São rezadas em comum? Qual o seu sentido espiritual? Como valorizar esta
hora num mundo que transformou a noite mundo de fala, de ação, de agitação, de trabalho e em que o momento
de deitar é adiado? Qual sentido dar às Completas rezadas em comum quando os religiosos voltam tarde à casa
ou, mesmo permanecendo em casa, continuam seu trabalho? Será que as Completas não estariam atreladas de
algum modo, ao mundo rural em que não havia energia elétrica e as pessoas se recolhiam muito cedo? Será que
não estamos esvaziando o sentido desta hora? Estas são algumas perguntas que nos fazemos no começo desta
reflexão. A Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas, ao falar da necessidade que têm os ministros ordenados e
religiosos de rezarem a Liturgia das Horas prioriza a recitação de Laudes e Vésperas, mas acrescenta: “Para
melhor santificar o dia todo, colocarão também todo o seu interesse em recitar a Hora Média e as Completas. Com
esta concluem a obra de Deus, antes de se deitarem e a Deus se confiam” (IGLH, n. 29).

– Quando surgiram as Completas?

Os dominicanos, desde o momento de sua fundação, adotaram o Ofício dos Cônegos que incluía as Completas.
Nos primeiros conventos dominicanos os dois momentos consagrados à meditação eram depois das Completas e
das Vigílias. Por este motivo, desde o começo da Ordem dos Pregadores, as Completas seriam objeto de
particular devoção por parte dos religiosos. Humberto de Romans, quinto Mestre da Ordem (1254-1263), a
propósito de considerações sobre a Regra de Santo Agostinho, apresenta uma série de razões para a recitação
das Completas. Entre outras duas merecem destaque: as Completas marcam a entrada no repouso contemplativo
da noite e o começo do grande silêncio. Elas se prologam, de alguma forma, na oração que os frades faziam na
igreja antes de se retirarem para suas celas. Os dominicanos introduziram o costume do canto ou da recitação da
Salve Regina.

1 Fr. Almir Ribeiro GUIMARÃES, OFM, in Grande Sinal, revista de espiritualidade, n. n. 62 (2008/1), p. 55-68.

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