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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA ____ VARA DO

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO


FEDERAL.

NOME DA CLIENTE, brasileira, casada, camareira, portadora do RG:


XXX SSP-DF, CPF: XXXX, e-mail: XXXXXX, domiciliada em XXXX, CEP: XXX,
por intermédio de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
apresentar os pedidos de

MANUTENÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA OU CONVERSÃO EM


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, autarquia


federal, criada pela Lei nº 8.029, artigo 17, de 12 de abril de 1.990, e pelo Decreto nº
99.350, de 27 de junho de 1.990, domiciliado no Setor de Autarquia Sul, Quadra 02,
Bloco O, Brasília/DF, CEP: 70.070-946, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz.
I-PRELIMINARES

I.I- GRATUITADE DE JUSITIÇA

A autora faz jus à concessão do benefício da Justiça Gratuita, vez que não
possui meios para arcar com as custas do processo sem prejuízo de seu sustento e de sua
família, dado que todos os membros que compõem o orçamento doméstico estão
desempregados (conforme documentação anexa). Fundamenta seu pedido nos arts. 98 e
99 do CPC e art. 5º, LXXIV da CF.

II- DOS FATOS

A requerente sofre de Síndrome de Tunel do Carpo (CID: G56.0), o que a


torna incapaz de executar qualquer atividade laboral, cujo diagnóstico das enfermidades
está descrito nos laudos médicos colacionados à inicial (Doc. LAUDOS MÉDICOS).

À vista disso, fora concedido à autora, desde o ano de 2014, o Auxílio


Doença (B-31), à medida que a perícia do INSS também constatou a incapacidade
laboral. Ressalta-se, inclusive, que em muitas ocasiões a autora teve que recorrer da
decisão desfavorável apresentada pela perícia.

No caso em tela, por exemplo, os fatos apresentam-se de forma similar,


pois conforme está descrito na comunicação apresentada pelo INSS, o qual diz que em
04/04/2016, a autora deu entrada no pedido administrativo para continuar recebendo o
Auxílio Doença, porém teve a prorrogação do seu benefício indeferida em 04/10/2016.
(Doc. COMUNICAÇÃO INSS)

Frisa-se, ademais, que a requerente realiza tratamento médico, sendo de


difícil recuperação e demasiadamente demorado, sem ter, até o momento, permitido à
autora melhora capaz de reabilitá-la para o trabalho. Assim, a requerente necessita da
proteção previdenciária, uma vez que continua sofrendo das limitações impostas pela
enfermidade supracitada.

Lado outro, embora a requerente tenha dado entrada no pedido de


manutenção do benefício previdenciário, o qual foi prontamente indeferido pelo réu, é
preciso deixar claro que os médicos da empresa, a qual a autora trabalha, bem como os
responsáveis pelo seu tratamento clínico, atestam a incapacidade laboral da autora por
tempo indeterminado.

Oportuno esclarecer, que os médicos da empresa (empregador) não


autorizaram o retorno da autora ao seu posto de trabalho, quando identificaram a
incapacidade laboral, resultando, consequentemente, em grave prejuízo para a autora,
visto que o INSS indeferiu a manutenção do benefício do auxílio doença.

Por fim, cabe destacar que a autora preenche todos os requisitos de


carência e qualidade de segurado, contribuindo para o RGPS como empregada,
exercendo a função de camareira, configurando a situação em que vive em um
verdadeiro contrassenso, uma vez que deveria gozar da proteção previdenciária, a qual
mostra-se de extrema importância para o tratamento médico que deve se submeter, além
de poder garantir o seu próprio sustento e da sua família.

III - DOS FUNDAMENTOS

Os benefícios previdenciários destinados a assegurar à cobertura de


eventos causadores de doenças, lesões ou invalidez, encontram-se previstos na Lei nº.
8.213, de 24 de julho de 1991, nos arts. 59 e 42, respectivamente, dependendo da
caracterização da incapacidade ser temporária ou definitiva.

Diz o art. 59, in verbis:

O auxílio-doença será devido ao segurado que,


havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência
exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou
para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias
consecutivos.

Por sua vez, o art. 42, enuncia que:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez


cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida
ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,
for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-
á paga enquanto permanecer nesta condição.

Da análise dos dispositivos legais acima transcritos, extrai-se os


requisitos necessários para concessão dos benefícios, são eles:

a) qualidade de segurado;

b) carência ao benefício;
c) incapacidade temporária (auxílio-doença) ou permanente
(aposentadoria por invalidez), ou seja, que o segurado se apresente insuscetível de
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.

III.I- DO AUXÍLIO-DOENÇA

Conforme extrai-se da análise das provas e dos dispositivos legais, a


autora preenche todos os requisitos que autorizam a concessão do benefício de auxílio-
doença, pois contribui para o Regime Geral da Previdência Social, contando com mais
de 12 (doze) contribuições, assim como determina o art. 25, I, da Lei nº 8.213/91.

Ademais, o benefício, ora pleiteado, é devido à autora, pois enquadra-se


como empregada e tais contribuintes também gozam da proteção previdenciária, assim
como demonstra o art. 11, I, "a", da Lei 8.213/91.

Seguindo essa esteira de pensamento, para demonstrar o cabimento da


concessão do benefício, tem-se que o último requisito, a incapacidade laboral, está
vastamente comprovado nos laudos médicos que corroboram a inicial.

Depreende-se, portanto, que após ter vencido os requisitos estipulados


pela Lei, chegar-se-á a conclusão que a requerente está dentro dos moldes legais, isto é,
faz jus ao auxílio-doença pleiteado.

Oportuno ressaltar, que a data do início do benefício deverá ser fixada a


partir do indeferimento formulado pelo réu, cujo termo será xx/xx/xxx.

III.II- DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

Os mesmos requisitos para a concessão do auxílio-doença também


podem ser aplicados para justificar o pedido de aposentadoria por invalidez, sendo a
incapacidade permanente e a insuscetibilidade de recuperação para o trabalho a maior
diferença entre os dois institutos.

À vista disso, os médicos que cuidam da autora, recomendam sua


aposentadoria por invalidez, por entenderem que a requerente também preenche os
requisitos supracitados, isto é, a autora se enquadra nos dois benefícios, porque na
verdade ela já contempla a exigência maior, ou seja, já faz jus ao benefício previsto no
art. 42 da Lei 8.213/91.

Seguindo essa esteira de pensamento, é válido destacar também o art. 62


da Lei nº 8.213/91:
" Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença,
insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá
submeter-se a processo de reabilitação profissional para o
exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que
seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade
que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-
recuperável, for aposentado por invalidez."

Por simples interpretação da norma legal é possível perceber que o


auxílio doença pode ser convertido em aposentadoria por invalidez, quando o segurado
não possa se reabilitar na sua atividade habitual ou em nova atividade que lhe garanta ao
menos a subsistência.

No mesmo sentido aponta a Jurisprudência, vajamos:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR


INVALIDEZ. INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA PARA O
TRABALHO E INSUSCETIBILIDADEDEREABILITAÇÃO
PARA O EXERCÍCIODEATIVIDADE QUE GARANTA A
SUBSISTÊNCIA. CONDIÇÕES PESSOAIS.
RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIODE AUXÍLIO-
DOENÇA. BENEFÍCIO DEVIDO. I - A concessão da
aposentadoria por invalidez exige, dentre os demais requisitos
legais, a incapacidade total e definitiva para o trabalho (art. da
Lei nº /91), bem como a insuscetibilidade de reabilitação para o
exercício da atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42),
requisitos estes objetivamente afastados pelo laudo médico: que
o recorrente é portador de espondilose; desde o anode2006; que
não há possibilidade de reabilitá-lo; que a referida moléstia traz
limitação para executar tarefas que exijam grande esforço físico;
que o tratamento existente é apenas paliativo para a dor. Feitas
todas essas considerações, concluiu a perícia pela inexistência
de incapacidade laborativa pela parte Autora. Tal quadro é
agravado levando-se em consideração as condições pessoais do
autor: trata-se de pessoa com idade avançada (66 anos deidade),
que sempre exerceu atividades braçais (servente e vendedor
ambulante), e que em razão de diversas dores decorrentes da
moléstia que a acomete teve que parar de trabalhar. II - Não
restam dúvidas de que o autor faz jus à concessão do benefício
de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por
invalidez. III - Recurso provido. "Grifo no original". O
requerente alega divergência entre a decisão recorrida e a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, citando como
paradigma o AgRg no REsp 674036 e o AgRg no REsp 501859,
segundo a qual a incapacidade deve ser avaliada apenas sob o
ponto de vista físico-funcional, sendo irrelevantes as demais
condições pessoais, sociais e econômicas do segurado, e não se
admitindo incapacidade parcial como suficiente para a
concessão do benefício. E sustenta que, no caso concreto, a
perícia médica judicial concluiu pela expressamente pela
ausência de incapacidade. Pede, ao final, o conhecimento e
provimento do Pedido de Uniformização para que seja
reformado o acórdão recorrido, julgando-se improcedente a
pretensão da autora (fls. 102/106). Contrarrazões às fls. 108/117.
Incidente admitido na origem (fl. 119). É o relatório. DECIDO.
Não obstante o requerente se refira à jurisprudência do STJ, sua
pretensão vai de encontro à dominante e atual jurisprudência
desta TNU.

Observa-se pela Jurisprudência Uniformizada da Turma Nacional de


Uniformização, que o auxílio-doença poderá ser convertido em aposentadoria por
invalidez, quando preenchidos requisitos legais.

Tais requisitos, portanto, não devem ser analisados por um ângulo


meramente objetivo, ou seja, essa incapacidade não deve ser avaliada apenas sob o
ponto de vista físico-funcional, sendo totalmente relevantes as condições pessoais,
sociais e econômicas do segurado.

A Jurisprudência é clara ao pacificar a possibilidade de concessão de


aposentadoria por invalidez, mesmo se tratando de incapacidade laborativa parcial,
atestada pela perícia médica judicial, desde que aditadas às razões médicas sobre as
condições pessoais e sociais do segurado.
Ademais, a requerente por sua condição se encontra totalmente e
permanentemente incapacitada de realizar o seu trabalho, devido à patologia da qual é
portadora.

Portanto, partindo da análise exposta é plenamente possível à conversão


do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, posto que a autora apresenta todos os
pressupostos legais para que lhe seja concedido o benefício previdenciário pleiteado.

IV - DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

Verifica-se a presença dos requisitos para a satisfação antecipada do


direito pleiteado pela Autora, dado que precisa, com extrema urgência, manter a renda
para custear a sua subsistência, bem como o da sua família, visto que todos os
membros da família que auxiliam a autora na composição do orçamento doméstico
estão desempregados ( conforme consta da CTPS juntada aos autos).

Em razão disso, torna-se imperativo o deferimento da antecipação de


tutela para que este juízo determine a implantação imediata do auxílio-doença até que
se decida, em sede de sentença, sobre a manutenção deste benefício ou a concessão da
aposentadoria por invalidez.

A medida antecipatória, objeto de liminar na própria ação principal,


representa providências de natureza emergencial, executiva e sumária, adotadas em
caráter provisório, eis que a parte autora não possui outros rendimentos, sem qualquer
possibilidade de reinserção no mercado de trabalho, devido ao seu quadro clínico,
permanecendo totalmente desamparada e dependente da percepção do benefício para
sua sobrevivência.

Conforme alude o do Art. 300 do Código de processo Civil, in verbis:

"Art. 300. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.. (...)

A evidência do Direito pode ser corroborada simplesmente com a análise


da documentação em anexo, a qual demonstra (i) incapacidade laboral da autora, em
decorrência do próprio diagnóstico da enfermidade, (ii) a qualidade de segurado, pois
seu contrato de trabalho está em vigor e consequentemente continua vinculada à
Previdência Social, (iii) bem como está evidenciado, por intermédio do seu contrato de
trabalho e dos recolhimentos nesse período, o cumprimento da carência de 12
contribuições para a obtenção do benefício.

Assim sendo, não pode a requerente continuar sofrendo pela falta de


recursos financeiros para sua manutenção e da sua família, quando teria
obrigatoriamente que perceber o benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por
invalidez, em vez de encontrar-se passando dificuldades financeiras, correndo o risco de
agravar o seu quadro clínico.

Diante de todo o exposto, estão presentes os requisitos da antecipação da


tutela, evidência do direito (fumus boni iuris) e perigo de dano ou resultado útil ao
processo (periculum in mora), pois há provas que corroboram a verossimilhança do
quadro clínico da requerente, bem como o risco de agravamento da sua saúde, caso não
tenha recursos financeiros para custear o tratamento, além de comprometer a sua
segurança alimentar, o que por si só já demonstra a urgência da prestação jurisdicional,
posto que os rendimentos da autora possuem caráter alimentar.

V - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) A citação da autarquia ré, na pessoa do seu representante legal, no


endereço mencionado, para que apresente a Contestação.

b) Conceder à Requerente o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA, desde


xx/xx/xx, que corresponde à data do requerimento administrativo ou a concessão da
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, a partir da data da incapacidade laboral
atestada pela perícia médica judicial.

c) Designação da perícia médica, a fim de que sejam comprovadas as


alegações apresentadas.

d) O deferimento da Antecipação de Tutela, em caráter liminar, nos


moldes do art. 300, § 2º do CPC, para que seja implantado, de forma emergencial, o
benefício de AUXÍLIO-DOENÇA, até que seja prolatada a sentença. Pedido que se faz
em razão do grau de hipossuficiência da autora e dos seus familiares, à medida que
todos estão sem exercer qualquer tipo de trabalho.

e) A condenação da autarquia ré a pagar as parcelas vencidas e vincendas,


monetariamente corrigidas até a data do efetivo pagamento.

f) Os benefícios da Justiça Gratuita, em concordância com os artigos 98 e


99 do CPC.

g) Que todas as intimações e publicações sejam feitas no nome do


advogado da autora, Dr. XX

Requer provar o alegado por todos os meios de provas em Direito


admitidos, especialmente, perícias, vistorias, juntada de novos documentos e demais
provas que se fizerem necessárias.

Dá-se a causa o valor de R$ (PARCELAS ATRASADAS + 12


PARCELAS DO BENEFÍCIO PRETENDIDO)

Nesses termos,

Pede deferimento.

Brasília-DF, XX/XX/2016.

ADVOGADO
OAB-UF XXX

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