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Universidade Estadual do Maranhão

Centro de Ciências Tecnológicas

Departamento de Engenharia Mecânica e Produção

PROJETO DE PESQUISA

EFEITOS DA ADIÇÃO DE CARBONO NA MICROESTRUTURA E


PROPRIEDADES MECÂNICAS DE AÇOS

PLANO DE TRABALHO BOLSISTA

ANÁLISE DAS CONCENTRAÇÕES DE SAIS SOBRE A EFETIVIDADE DOS


TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS NA CAMADA CEMENTADA

Prof. Dr. Adilto Pereira Andrade Cunha

São Luís

2018
1 INTRODUÇÃO

Os tratamentos termoquímicos são um conjunto de operações realizadas no


estado sólido que compreendem modificações na composição química da superfície da
peça, em condições de temperatura e meio adequados. Este tipo de tratamento consiste,
além do aquecimento e posterior resfriamento, como nos tratamentos térmicos, em
modificar também a composição química da camada superficial da peça. Entre os
tratamentos termoquímicos, destacam-se: cementação, nitretação, carbonitretação,
cianetação, boretação, nitruração e carbonitruração. [1].
Para se alcançar profundidades de cementação, em tempos economicamente
viáveis, os banhos de cementação contêm, além dos elementos fornecedores de
carbono, os chamados ativadores, que são produtos que aceleram a reação de
cementação. Esses ativadores aumentam não somente a velocidade de cementação como
também a oferta de carbono e a velocidade de transporte do carbono do meio líquido
para a superfície das peças [8].
Seu principal objetivo é alterar as propriedades superficiais do aço. Em geral materiais
extremamente duros têm elevada resistência ao desgaste, porém baixa tenacidade/resistência ao
impacto. Por outro lado, materiais menos duros, embora mais tenazes, em geral não apresentam
boa resistência ao desgaste [1]. Quando determinada peça passa pelo processo de cementação,
sua dureza superficial aumenta consideravelmente. Isso é extremamente benéfico, pelo fato de
que a geometria da peça praticamente não será alterada, por mais complexa que ela seja,
consequentemente não modificando sua aplicação [8]. Depois, continuando com o processo de
cementação, a peça deve ser temperada na temperatura adequada, para que a superfície tenha
sua dureza aumentada, enquanto o núcleo mantém a mesma composição e tenacidade, alterando
apenas um pouco sua dureza.
Geralmente, o processo de cementação é realizado em peças com um baixo teor
de carbono, variando entre 0,2% e 0,3%. Para a realização do processo de cementação, a
peça é envolvida em um meio rico em carbono, sendo aquecida durante determinado
período de tempo, a uma temperatura específica. Essa temperatura faz com que os
átomos de carbono sejam transferidos para a superfície da peça, o que melhora suas
propriedades. Meios para realizar o tratamento: são as fontes de C e N. Podem ser
sólidos, líquidos e gasosos. Inicialmente a cementação foi desenvolvida em meio sólido,
mas esse não é o meio mais eficiente. Na atualidade prefere-se meios líquidos e gasosos
para a realização de tratamentos termoquímicos, devido à maior velocidade do processo
quando realizado com esses fluidos como meios [1].
Este projeto visa o estudo das concetrações do banho de sais sobre a efetividade
do tratamento termoquímico sobre a profundidade da camada endurecida em aços de
baixo teor de carbono. Serão realizados ensaios de tração (limite de resistência, limite
de escoamento, alongamento e redução de área), dureza, ensaio de impacto Charpy.
Será feita a observação da macroestrutura e microestrutura dos aços por microscopia óptica
e por microscopia eletrônica de varredura.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

Analisar as concentrações de sais sobre a efetividade dos tratamentos


termoquímicos sobre a camada cementada.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar as microestruturas formadas por MO (Microscopia Ótica) e MEV


(Microscopia Eletrônica de Varredura);
 Identificar a macroestrutura após tratamento de cementação;
 Executar a medição da concentração de carbono na superfície ao núcleo do
material;
 Analisar o efeito da camada endurecida na resistência ao desgaste, resistência a
tração, energia absorvida por impacto, na fração volumétrica das fases dos aço;
 Verificar a capacidade de formação de martensita através da têmpera;
 Analisar a profundidade da camada endurecida por meio da variação do tempo e
temperatura do tratamento termoquímico;
 Analisar superfíciede fratura após ensaio de empacto;

 Fortalecer as pesquisas na área de metalurgia física na UEMA, através da efetiva


troca de informações e experiências;
 Criar condições para melhorar a capacitação de alunos de Graduação, na área de
pesquisa envolvida neste projeto;
 Publicar conjuntamente artigos em periódicos indexados nacionais e
internacionais, além de trabalhos em congressos internacionais, nacionais e
regionais, sempre buscando uma melhor qualidade de publicação e um aumento
na produção científica.
3 JUSTIFICATIVA

A adição de carbono nos aços proporciona um aumento nas propriedades mecânicas


e na resistência ao desgaste do material. Além de melhorarem a temperabilidade do
material (aumento da dureza e sua uniformidade), o carbono diminuiu a temperatura
necessária para formação da martensita [1].
Com o aumento do teor de carbono nos aços é possível [2-4]:
- Aumentar a resistência mecânica, permitindo um acréscimo da carga unitária da
estrutura ou tornando possível uma diminuição proporcional da seção, ou seja, o emprego
de seções mais leves;

- Elevar a resistência ao choque;

- Aumentar o limite de fadiga;

- Elevar a relação do limite de escoamento para o limite de resistência à tração, sem perda
apreciável da ductilidade.

O aumento do teor de carbono em exerce um efeito pronunciado na temperabilidade


[5-7] quando este é dissolvido na austenita (Figura 1).

Figura 1: Efeito dos elementos de liga no aumento da temperabilidade dos aços


(Silva 2008).
4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Resumo do Procedimento Experimental

Material na condição de Microscopia ótica e Ensaios mecânicos:


como recebido varredura tração, dureza,
microdureza e impacto

Microscopia ótica e Ensaios mecânicos:


Tratamento Térmico de
varredura tração, dureza,
Cementação
microdureza e impacto

Tratamento Térmico de Microscopia ótica e Ensaios mecânicos:


Tempera varredura tração, dureza,
erevenimentoReveni microdureza e impacto
mento

Figura 2. Fluxograma do procedimento experimental

4.2 Descrição dos Aços

Os corpos de prova a serem utilizados neste trabalho serão aços de baixo carbono,
conforme descrita na Tab. 1

Tabela 1: Corpos de Prova


Aço %C
Baixo 0,20

4.3 Análise Microestrutural

4.3.1 Microscopia Óptica (MO) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As amostras serão lixadas de acordo com os procedimentos usuais, com a


granulometria variando de 100 a 1200, em seguida, polidas com pasta de diamante de 1
m. As microestruturas dos aços serão reveladas e atacadas com solução de Nital. Após
o ataque, as amostras serão fotografadas por microscopia ótica e de varredura.
Para calcular o espaçamento interlamelar da perlita(S0), ou seja, quantas lamelas de
cementita são interceptadas em uma linha padrão, serão feitos os mesmos procedimentos
da microscopia ótica para se revelar a microestrutura dos aços, sendo que as amostras irão
ser analisadas em um microscópio eletrônico de varredura.
A fração volumétrica de ferrita será medida em imagens, através do Software Image
Tool, que permite calcular a porcentagem das fases através do contraste de cores.
O tamanho de grão austenítico será revelado através de um ataque químico testados
durante o procedimento experimental. As medidas do tamanho de grão foram obtidas
através do método de interceptos lineares em 10 diferentes regiões, utilizando a Equação
1.

LT
D  (1)
I.A
D = diâmetro do grão austenítico
LT = comprimento da linha teste (60 mm)
I = n° de intersecções entra a linha teste e os contornos de grão
A = ampliação no microscópio

4.4 Ensaios Mecânicos


As amostras serão submetidas a ensaios mecânicos, conforme norma ASTM, aos
seguintes ensaios mecânicos:
- Ensaio de tração;
- Ensaio de dureza e microdureza das fases;
- Ensaio de impacto.

5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

A) Confecção dos corpos de prova para ensaios nos aços antes do tratamento térmico;
B) Confecção dos corpos de prova para ensaios nos aços após tratamento térmico;
C) Realização dos ensaios de dureza, impacto tração;
D) Tratamento dos dados experimentais;
E) Relatório parcial;
F) Preparação das amostras para observações por microscopia ótica e eletrônica de
varredura (MO e MEV);
G) Observações microestruturais e macroestruturais resultantes das condições impostas
nos tratamentos térmicos;
H) Análise dos resultados, elaboração de artigos (paper);
I) Relatório final.

Tabela 2. Cronograma de execução das atividades propostas.

Mês
(Atividades)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A X X X
B X X X X X
C X X X X X X X X
D X X X X X
E X X
F X X X
G X X
H X X X X
I X
BIBLIOGRAFIA

[1] Silva, A.L.C; Mei, P. R., Aços e Ligas Especiais. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2006, 646 p.
[2] Pickering, F. B., Physical Metallurgy and the Design of Steels, London, Applied
Science Publishers Ltd, 1978, 275 p.

[3] Bhadeshia, H.K.D.H. and Honeycombe, R.W.K., Steels - Microstructure and


Properties, 2ª ed., Butteworth Heinemann, 1995, 324 p.

[4] Kestenbach, H.J.; Campos, S.S.; Morales, E.V., Role of interphase precipitation in
microalloyed hot strip steels, Materials Science and Technology, 2006, p. 615-626.

[5] Vega, M.I.; Medina, S. F.; Quispe, A.; Gomez M., Gomez P.P., Recrystallisation
driving forces against pinning forces in hot rolling of Ti-microalloyed steels,
Materials Science and Enginnering A, 2006, p. 253-261.

[6] Kaynar, A., Gündüz, S., Türkmen, M., Investigation on the behaviour of medium
carbon and vanadium microalloyed steels by hot forging test, Materials and Design,
2013, p. 819-825.

[7] Dieter, G.E. Mechanical Metallurgy, McGraw Hill,1988, 751 p.

[8] Chiaverini, V., Aços e Ferros Fundidos,6ª edição, Associação Brasileira de Metais (ABM),
São Paulo, 1988.

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