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Olá!
Bons estudos!
Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br
"Direcione sua visão para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais
maravilhosas coisas aconteçam, não no futuro, mas imediatamente. Perceba
que nada é bom demais para você. Não permita que absolutamente nada te
impeça ou te atrase, de modo algum."
(Eileen Caddy)
SUMÁRIO
ATOS ADMINISTRATIVOS
1. Considerações iniciais
3. Conceito
São vários os conceitos de ato administrativo formulados pelos
doutrinadores brasileiros, cada um com as suas peculiaridades. Entretanto,
percebe-se nas provas de concursos públicos uma maior inclinação pelo clássico
conceito elaborado pelo professor Hely Lopes Meirelles, que assim declara:
“Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da
Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.”
4.2. Finalidade
Trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) que impõe a
necessidade de respeito ao interesse público no momento da edição do ato
administrativo.
Tenho certeza de que você se recorda de que a finalidade do ato
administrativo deve ser atingida tanto em sentido amplo quanto em sentido
estrito para que este seja considerado válido.
Em sentido amplo, significa que todos os atos praticados pela
Administração devem atender ao interesse público. Em sentido estrito,
significa que todo ato praticado pela Administração possui uma finalidade
específica, prevista em lei.
Apesar de a Administração ter por objetivo a satisfação do interesse
público, é válido ressaltar que, em alguns casos, poderão ser editados atos com
o objetivo de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo,
na permissão de uso de certo bem público (quando o Município, por exemplo,
permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercado municipal
para montar o seu estabelecimento comercial).
Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmo que
secundariamente. O que não se admite é que um ato administrativo seja
editado exclusivamente para satisfazer o interesse particular.
4.3. Forma
A forma, que também é um requisito vinculado do ato administrativo, a
exemplo dos requisitos da competência e finalidade, também pode ser
compreendida em sentido estrito e em sentido amplo.
Em sentido estrito, a forma pode ser entendida como a exteriorização
do ato administrativo, o “modelo” do ato, o modo pelo qual ele se apresenta ao
mundo jurídico.
4.4. Motivo
O motivo, que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fato
e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo.
O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes
públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria
Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo.
Para que um ato administrativo seja validamente editado, faz-se
necessário que esteja presente o pressuposto de fato e de direito que
autoriza ou determina a sua edição.
a) Pressuposto de fato: É o acontecimento real, uma circunstância
fática concreta, externa ao agente público e que ensejou a edição do ato.
Exemplos: a circunstância fática concreta que enseja a edição de um
ato administrativo de desapropriação para fins de reforma agrária é a
improdutividade de um latifúndio rural; a circunstância fática concreta que
5.2. Imperatividade
A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se
impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou
aquiescência.
Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não
necessita de expressa previsão em lei, a imperatividade exige autorização legal
e, portanto, não incide em relação a todos os atos administrativos.
5.3. Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a
possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos
editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário.
O referido atributo garante à Administração Pública a possibilidade de ir
além do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência da
imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido de
garantir que o ato administrativo seja executado.
5.4. Tipicidade
Não existe consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a
tipicidade como um dos atributos do ato administrativo. Todavia, como as
bancas eventualmente utilizam o livro da professora Maria Sylvia Zanella di
Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que o conheçamos.
Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como “o
atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.
Como é possível observar, o princípio da tipicidade decorre da aplicação
do princípio da legalidade. Segundo o entendimento da professora di Pietro,
para cada finalidade que a administração pretende alcançar existe um ato
definido em lei, logo, o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.
A tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais; não existe nos contratos
porque, com relação a eles, não há imposição de vontade da Administração, que
depende sempre da aceitação do particular; nada impede que as partes convencionem
um contrato inominado, desde que atenda melhor ao interesse público e particular
(Maria Sylvia Zanella di Pietro).
Sendo assim, caso o ato individual tenha gerado direito adquirido para o
seu destinatário, torna-se irrevogável.
Todo ato administrativo, após ter sido editado, deve necessariamente ser
respeitado e cumprido, pois goza do atributo da presunção de legitimidade,
que lhe assegura a produção de efeitos jurídicos até posterior manifestação da
Administração Pública ou do Poder Judiciário em sentido contrário.
Apesar disso, deve ficar claro que os atos administrativos não são
eternos, já que podem ser extintos após a sua edição em virtude da
constatação de ilegalidade (anulação), em razão de conveniência ou
oportunidade da Administração (revogação) ou, simplesmente, em virtude de
seu destinatário ter deixado de cumprir os requisitos previstos em lei
(cassação).
Professor, as hipóteses citadas são as únicas que podem ensejar a
extinção do ato administrativo?
Não. Cassação, revogação e anulação são as principais para fins de
concursos públicos, mas existem várias outras, conforme estudaremos na
sequência.
8.2. Revogação
A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide
retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo
válido, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser
mais conveniente ou oportuno.
Ao revogar um ato administrativo a Administração Pública está
declarando que uma situação, até então oportuna e conveniente ao interesse
público, não mais existe, o que justifica a extinção do ato.
Um ato ilegal jamais será revogado, mas sim anulado. Da mesma forma, se a
questão de prova afirmar que um ato inconveniente ou inoportuno deve ser anulado,
certamente estará incorreta, pois conveniência e oportunidade estão intimamente
relacionadas com a revogação.
Não! Existem alguns atos administrativos que não podem ser revogados,
são eles:
1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos:
suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo de férias a um
servidor e que todo o período já tenha sido gozado. Ora, neste caso, não
há como revogar o ato que concedeu férias ao servidor, pois todos os
efeitos do ato já foram produzidos;
2º) os atos vinculados: se a lei é responsável pela definição de todos os
requisitos do ato administrativo, não é possível que a Administração
efetue a sua revogação com base na conveniência e oportunidade
(condição necessária para a revogação);
3º) os atos que já geraram direitos adquiridos para os
particulares: trata-se de garantia constitucional assegurada
expressamente no inciso XXXVI do artigo 5º da CF/88;
4º) os atos que integram um procedimento, pois, neste caso, a cada
ato praticado surge uma nova etapa, ocorrendo a preclusão de revogação
da anterior.
5º) os denominados meros atos administrativos, pois, neste caso,
os efeitos são estabelecidos diretamente na lei;
8.3. Cassação
A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude do seu
destinatário ter descumprido os requisitos necessários para a sua
manutenção em vigor. Nesse caso, deve ficar bem claro que o particular,
destinatário do ato, é o único responsável pela sua extinção.
1. A Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos: a) atos que são
regidos pelo Direito Público e, consequentemente, denominados de atos
administrativos e b) atos regidos pelo Direito Privado;
2. Fique atento ao conceito de ato administrativo formulado pelo professor
Hely Lopes Meirelles, pois ele é muito cobrado em questões de concursos:
“ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração
Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria.”
3. São elementos ou requisitos do ato administrativo a competência, a
finalidade, a forma, o motivo e o objeto. Os três primeiros são sempre
vinculados e os dois últimos podem ser vinculados ou discricionários;
4. O motivo, que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fato e
de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. O
motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes públicos, dos
administrados ou, ainda, de necessidades da própria Administração, que
justificam ou impõem a edição de um ato administrativo;
5º. Cuidado para não confundir as expressões “motivo” e “motivação”. O
motivo pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que
serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro lado, a
motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo do
ato administrativo;
6. Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo
agente público no momento da edição do ato deve corresponder à realidade,
tem que ser verdadeiro, pois, caso contrário, comprovando o interessado que o
motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que
simplesmente não existe, o ato deverá ser anulado pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário;
Comentários
a) O cumprimento de ato administrativo consistente em apreensão e destruição
de mercadoria imprópria para o consumo não está sujeito à revogação, por se
tratar de ato consumado (isto é, que já produziu os seus respectivos efeitos).
A propósito, lembre-se de que também não podem ser revogados os atos
vinculados, que geraram direitos adquiridos para os destinatários, que integram
um procedimento administrativo e os denominados meros atos administrativos.
Assertiva incorreta.
b) Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação de
vontade autônoma de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar
de ser um único ato, é necessário que exista consenso entre diferentes
órgãos para que possa produzir os efeitos desejados. É o caso do ato de
concessão de aposentadoria a servidor público, que somente produz todos os
seus efeitos após análise da legalidade pelo Tribunal de Contas. Assertiva
incorreta.
c) A exigibilidade assegura à Administração a prerrogativa de valer-se de
meios indiretos de coerção para obrigar o particular a cumprir uma
determinada obrigação, a exemplo do que ocorre na aplicação de uma multa.
Existindo a possibilidade de aplicação de multa pelo não cumprimento de uma
obrigação o particular irá “pensar duas vezes” antes de descumpri-la. Por isso
trata-se de um meio indireto de coerção. Nesse caso, o administrado não está
sendo obrigado (compelido) a cumprir a obrigação, mas apenas “pressionado”.
O atributo que impõe a observância obrigatória dos atos administrativos,
independentemente de concordância ou aquiescência, denomina-se
imperatividade. Assertiva incorreta.
d) A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex
tunc), isto é, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição
(como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos. Assertiva correta.
e) A extinção natural do ato ocorre após o transcurso normal do prazo
inicialmente fixado para a produção de seus efeitos. Exemplo: se foi concedida
licença paternidade a servidor, o ato será extinto naturalmente depois de 05
(cinco) dias (que é o prazo legal de gozo da licença). Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra d.
Comentários
a) O prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05
(cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente
(automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.
Assertiva incorreta.
b) O entendimento majoritário é no sentido de que a concessão da
aposentadoria somente se aperfeiçoa com o seu registro no respectivo
Tribunal de Contas. A partir de tal registro é que, em tese, decorre o prazo
decadencial para a Administração Pública promover a sua anulação, se for o
caso.
Todavia, em observância aos princípios da razoabilidade e da segurança
jurídica, firmou-se entendimento de que não é possível a anulação da
concessão da aposentadoria quando estiverem presentes os seguintes
requisitos, de maneira cumulada: (a) transcurso do prazo de 5 (cinco) anos a
partir do pagamento do primeiro benefício; (b) ausência do contraditório e da
ampla defesa no processo administrativo; e (c) não-comprovação da má-fé do
servidor.
Em sentido contrário pode-se concluir, portanto, que se o servidor agiu de má-
fé e foram assegurados o contraditório e ampla defesa no respectivo processo
administrativo, torna-se possível anular o ato de concessão de aposentadoria
mesmo depois de decorridos mais de 5 (cinco) anos. Assertiva correta.
c) Para que um determinado ato seja imputado ao Estado, torna-se
imprescindível que se revista, no mínimo, de aparência de ato jurídico legítimo
e seja praticado por alguém que se deva presumir um agente público (teoria
da aparência). Fora desses casos, o ato não será considerado ato do Estado.
Ademais, exige-se que o terceiro beneficiado pelo ato esteja atuando de boa-fé,
pois, caso contrário, o ato não produzirá os seus efeitos.
Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que a teoria da aparência “é utilizada por
muitos autores para justificar a validade dos atos praticados por funcionário de
fato; considera-se que o ato do funcionário é ato do órgão e, portanto,
imputável à Administração. A mesma solução não é aplicável à pessoa que
assuma o exercício de função pública por sua própria conta, quer dolosamente
(como o usurpador de função), quer de boa-fé, para desempenhar função em
momentos de emergência, porque nesses casos é evidente a inexistência de
investidura do agente no cargo ou função”. Assertiva incorreta.
d) No julgamento do mandado de segurança nº 13.986∕DF, cujo acórdão foi
publicado em 12∕02∕2010, o Superior Tribunal de Justiça ratificou o
entendimento de que “em face dos princípios da proporcionalidade, dignidade
da pessoa humana e culpabilidade, aplicáveis ao regime jurídico disciplinar, não
há juízo de discricionariedade no ato administrativo que impõe sanção
disciplinar a Servidor Público, razão pela qual o controle jurisdicional é
amplo, de modo a conferir garantia aos servidores públicos contra eventual
excesso administrativo, não se limitando, portanto, somente aos aspectos
formais do procedimento sancionatório”. Assertiva incorreta.
e) O art. 12 da Lei 9.784∕1999 dispõe que “um órgão administrativo e seu
titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial”. De
outro lado, afirma o art. 13 que não podem ser objeto de delegação: a edição
de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos; e as
matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Conforme se percebe, não há impedimento à delegação de competência por ato
unilateral, o que torna incorreta a assertiva.
Gabarito: Letra b.
Comentários
Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que “’funcionário de fato’ é aquele
cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem a aparência de legalidade”.
Se o indivíduo foi regularmente investido em cargo público, respeitando-
se todos os trâmites legais, será considerado agente (ou funcionário)
público de direito. Todavia, se ocorreu alguma irregularidade durante o seu
provimento ou, ainda, continua praticando atos em nome da Administração
Pública depois de aposentado será denominado agente público (ou
funcionário) de fato.
Analisando-se o exemplo apresentado pela questão, constata-se que no
dia 28∕12∕12 João não podia mais ser considerado servidor público, já que havia
se aposentado no dia anterior. Todavia, como os atos praticados pelos agentes
públicos (ou quem “parece” ter essa condição, como é o caso de João) devem
ser imputados à pessoa jurídica a qual estão vinculados (consequência do
princípio da impessoalidade), não faz sentido anulá-los, ainda que provenientes
de funcionário de fato, pois, juridicamente, quem os praticou foi a própria
União e não o servidor aposentado em si.
Nesse caso, para que o ato praticado por João continue produzindo os
seus efeitos normalmente, basta que fique configurada a boa-fé do beneficiário
e que ocorra a convalidação posterior, mediante a prática de outro ato, pela
autoridade competente, confirmando o anterior.
Gabarito: Letra c.
Comentários
Comentários
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que alguns
atos administrativos não podem ser revogados, a saber:
1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos:
suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo de férias a um
servidor e que todo o período já tenha sido gozado. Ora, neste caso, não
há como revogar o ato que concedeu férias ao servidor, pois todos os
efeitos do ato já foram produzidos;
Gabarito: Letra d.
Gabarito: Letra b.
Gabarito: Letra a.
Comentários
A Lei 9.784/1999, em seu artigo 50, § 1º, dispõe que a motivação deve
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato, o que a
doutrina convencionou chamar de motivação aliunde.
Nesses termos, nada impede que a autoridade competente para proferir a
decisão administrativa opte por fazer remissão aos fundamentos de parecer ou
relatório conclusivo elaborado por autoridade de igual, maior ou menor
hierarquia. O que interessa, no caso em concreto, é o que o ato administrativo
seja efetivamente motivado, permitindo eventuais e futuras impugnações.
Gabarito: Letra d.
Comentários
Apesar de ter sido editada autorização (ato administrativo) assegurando
ao particular a prerrogativa de comercializar bebida em estádio municipal,
posteriormente foi publicada lei estadual proibindo tal conduta.
Por ser ato de hierarquia inferior, a autorização deixará de produzir
efeitos em face da lei estadual, já que o conteúdo de ambos os atos normativos
são colidentes. Nesse caso, afirma-se que ocorreu a caducidade da
autorização, que se configura quando lei posterior apresenta conteúdo
conflitante com o de ato administrativo anterior.
Ademais, perceba que não há qualquer referência a uma possível
ilegalidade do ato (que ensejaria a anulação). Também não existe afirmação
de que não seria mais conveniente ou oportuno mantê-lo (fato que motivaria a
revogação). Por último, destaca-se que a cassação somente ocorre quando o
particular beneficiado diretamente pelo ato deixa de cumprir os requisitos
necessários à sua manutenção, o que não se configurou.
Gabarito: Letra d.
Comentários
Comentários
Duas informações relevantes devem ser destacadas antes de se fazer a
análise das alternativas:
1ª – Foi concedido subsídio a empresa que não preenchia os requisitos
legais (a concessão foi ilegal);
2ª – A ilegalidade somente foi detectada depois do transcurso de grande
lapso temporal (não foi informado o prazo exato).
Ora, se o ato é ilegal, não restam dúvidas de que deverá ser anulado
pela própria Administração Pública, com efeitos retroativos (desde a data da
edição – ex tunc), no exercício do seu poder de autotutela.
Entretanto, deve-se observar o prazo decadencial imposto à
Administração Pública para promover a anulação. Na esfera federal, por
exemplo, o prazo que a Administração possui para anular os seus atos ilegais é
de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi
tacitamente (automaticamente) convalidado (corrigido), salvo comprovada
má-fé do beneficiário.
Gabarito: Letra b.
Comentários
Para Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para
os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização”, ao passo
que “discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade
de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua
oportunidade e de seu modo de realização”.
O ato administrativo possui cinco elementos ou requisitos básicos:
competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Desse modo, sempre que a lei
estabelecer e detalhar esses cinco elementos, não deixando margem ao
agente público acerca da conveniência e oportunidade no momento da
edição do ato, este será vinculado.
Lembre-se sempre de que no ato vinculado o agente público não possui
alternativas ou opções no momento de editar o ato (discricionariedade), pois a
própria lei já definiu o único comportamento possível. Portanto, caso o agente
público desrespeite quaisquer dos requisitos ou elementos previstos pela lei, o
ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.
O ato vinculado não é suscetível de revogação pela Administração Pública,
já que o agente público não emitiu qualquer juízo de valor sobre a conveniência
e oportunidade no momento de sua edição.
Gabarito: Letra c.
d) não pode anular os atos que gerem direitos para terceiros, exceto se
comprovado fato superveniente ou circunstância não conhecida no
momento de sua edição.
e) pode revogá-los, por razões de conveniência e oportunidade,
preservados os direitos adquiridos.
Comentários
A questão em epígrafe pode ser respondida após uma simples leitura da
Súmula 346 do Supremo Tribunal Federal, que assim dispõe: “a administração
pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
Gabarito: Letra e.
GABARITO: LETRA E.
GABARITO: LETRA A.
a) Contraposição.
b) Convalidação.
c) Revogação.
d) Cassação.
e) Anulação.
GABARITO
2. Conceito .................................................................................. 89
3. Classificação ........................................................................... 92
3.1. Serviços públicos próprios e impróprios ....................... 92
3.2. Quanto aos destinatários ou à maneira como concorrem para
satisfazer ao interesse geral ............................................... 93
3.3. Quanto ao objeto ......................................................... 94
1. Considerações iniciais
Gabarito: Letra d.
2. Conceito
3. Classificação
São várias as classificações de serviços públicos apresentadas pelos
doutrinadores brasileiros. Todavia, como o nosso objetivo é ser aprovado em
um concurso público, iremos focar apenas aquelas que têm sido mais cobradas
em suas provas.
(preço público), mas nunca por impostos (que normalmente são cobrados
pela prestação de serviços que não podem ser mensuráveis em sua utilização).
Gabarito: Letra B.
5. Requisitos ou princípios
Gabarito: Letra d.
6.1. CONCESSÃO
A concessão é a forma mais complexa de delegação de serviços
públicos, geralmente utilizada em atividades que exigem alto investimento
financeiro. Sendo assim, as formalidades para a sua implementação são
diferentes da permissão e, principalmente, da autorização.
A definição de concessão está prevista no próprio texto legal, mais
precisamente no artigo 2º da Lei 8.987/95:
a) Concessão de serviço público: A delegação de sua prestação, feita
pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado.
b) Concessão de serviço público precedida da execução de obra
pública: A construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação
ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado.
Gabarito: Letra e.
Gabarito: Letra d.
6.1.3.2. Encampação
O artigo 37 da Lei 8.987/95 considera encampação a retomada do serviço
pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público superveniente, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens
reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados
com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.
A encampação será formalizada mediante decreto expedido pelo Chefe
do Executivo, após a aprovação de lei específica autorizando tal medida e o
respectivo pagamento da indenização devida.
6.1.3.3. Caducidade
O inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da
concessionária pode ensejar a extinção da concessão antes do termo final
estabelecido no contrato. A essa causa de extinção a própria lei denomina
caducidade.
É de competência da própria Administração, discricionariamente,
verificar se o inadimplemento (que pode ser total ou parcial) é suficiente para
causar, ou não, a extinção da concessão.
A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da
verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo,
assegurado o direito de ampla defesa. Entretanto, antes da instauração do
processo administrativo, deverá ser obrigatoriamente comunicado à
concessionária os possíveis descumprimentos de cláusulas contratuais, sendo
concedido um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas.
Não efetuadas as devidas correções, será então instaurado o processo
administrativo e, após o seu término, a caducidade será declarada por decreto
do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada
no decurso do processo.
Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer
espécie de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou
compromissos com terceiros ou com empregados da concessionária.
A caducidade poderá ser decretada, discricionariamente, quando ocorrer
qualquer uma das seguintes hipóteses (art. 38, § 1º, da Lei 8.987/95):
1ª) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente,
tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores
da qualidade do serviço;
2ª) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições
legais ou regulamentares concernentes à concessão;
3ª) a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto,
ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;
4ª) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou
operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;
5ª) a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações,
nos devidos prazos;
6ª) a concessionária não atender a intimação do poder concedente no
sentido de regularizar a prestação do serviço;
6.1.3.4. Rescisão
Nos termos do artigo 39 da Lei 8.987/95, o contrato de concessão
“poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de
descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim”. Nesse caso, os serviços
prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados,
até a decisão judicial transitada em julgado.
6.1.3.5. Anulação
O professor Diógenes Gasparini afirma que “o contrato de concessão de
serviço público, embora prestigiado pelo princípio da presunção de legitimidade
dos atos administrativos, pode ter sido celebrado com vícios que o maculam
irremediavelmente, podendo ser declarados a qualquer tempo, desde que não
prescrito esse direito. Nesses casos, há uma ilegalidade que serve de motivo ao
ato de extinção. O ato da Administração Pública concedente que extingue a
concessão de serviço público em razão de uma ilegalidade é ato administrativo,
comumente chamado de ato de anulação, tal qual o faz o inciso V do artigo 35
da Lei Federal n. 8.897/95”.
6.1.4. SUBCONCESSÃO
Da mesma forma que acontece nos contratos administrativos em geral, as
concessões de serviços públicos são celebradas intuitu personae, ou seja, a
concessionária é declarada vencedora da licitação não somente pelo fato de ter
apresentado a proposta mais vantajosa aos interesses da Administração, mas
também por ter comprovado que possui efetivamente condições de cumprir os
termos da proposta apresentada.
Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-
lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos
usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente
exclua ou atenue essa responsabilidade.
Sendo assim, para que ocorra uma subconcessão, é imprescindível que
exista expressa autorização do poder concedente. Ademais, a outorga de
subconcessão será sempre precedida de concorrência.
6.2. Permissão
6.2.1. Conceito
A lei 8.987/95, em seu artigo 2º, conceituou a permissão de serviço
público como “a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação
de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco”.
Todas as regras previstas na Lei 8.987/95 para as concessões são
também aplicáveis em relação às permissões, com exceção de alguns detalhes
que passaremos a analisar.
1ª) A concessão não pode ser contratada com pessoas físicas, mas
somente com pessoas jurídicas e consórcio de empresas. Por outro lado, a
permissão somente pode ser realizada com pessoas físicas ou jurídicas
(consórcios de empresas, não);
6.3. Autorização
Apesar de não estar prevista no artigo 175 da CF/88 como uma das
modalidades de delegação de serviços públicos (que se refere apenas à
concessão e permissão), o inciso XII, do artigo 21, da CF/1988, afirma
expressamente que compete à União explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
Comentários
A Lei 8.987∕1995, em seu art. 2º, II, conceitua a concessão de serviço
público como “a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por
sua conta e risco e por prazo determinado”. De outro lado, no inciso III, a
permissão é conceituada como “a delegação, a título precário, mediante
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à
pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho,
por sua conta e risco”.
Analisando-se ambos os conceitos legais, constata-se que somente a
permissão pode ser feita a pessoas físicas, pois a concessão se restringe a
pessoas jurídicas ou consórcio de empresas.
Gabarito: Letra b.
Comentários
Item I – O inc. II, do art. 2º, da Lei 8.987/1995, define a concessão de
serviço público como “a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”. Assertiva correta.
Item II – O inc. IV, do art. 2º, da Lei 8.987/1995, define a permissão de
serviço público como “a delegação, a título precário, mediante licitação, da
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou
jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco”.
Perceba que em nenhum momento o dispositivo legal se refere à
possibilidade de delegação a consórcios de empresas, que somente ocorrerá
no âmbito das concessões de serviços públicos, o que torna a assertiva
incorreta.
Item III – O princípio da atualidade exige da Administração Pública e
dos delegatários de serviços públicos uma constante atualização tecnológica dos
instrumentos e técnicas utilizados na execução de suas atividades, o que torna
correta a assertiva.
Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “a atualidade significa que
a prestação dos serviços públicos deve acompanhar as modernas técnicas de
oferecimento aos usuários. Ademais, a atualidade exige a utilização de
equipamentos modernos, cuidando-se bem das instalações e de sua
conservação, visando, sempre, à melhoria e à expansão dos serviços públicos”.
Comentários
a) A caducidade é uma das formas de extinção da concessão antes do termo
final estabelecido em contrato.
Nos termos do art. 38, § 1º, V, da Lei 8.987/1995, o poder concedente poderá
declará-la, entre outras hipóteses, quando a concessionária não cumprir as
penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos, o que torna a assertiva
correta.
b) Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens
reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme
previsto no edital e estabelecido no contrato. Ademais, haverá a imediata
assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamentos,
avaliações e liquidações necessárias. Assertiva correta.
c) A intervenção na concessão está assegurada pelo art. 32 da Lei 8.987/1995,
o que torna a assertiva correta. É importante destacar que a intervenção far-se-
á por decreto do poder concedente, que conterá a designação do interventor, o
prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
nos artigos 21, incisos X, XI, XII, XV E XXIII, e 25, § 2o, alterados,
respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995; isso exclui a
possibilidade de distinguir, mediante critérios objetivos, o serviço público da
atividade privada; esta permanecerá como tal enquanto o Estado não assumir
como própria. Assertiva correta.
Comentários
(A) O art. 175 da CF/88 dispõe que incumbe ao Poder Público, na forma
da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre
através de licitação, a prestação de serviços públicos. Desse modo, o texto da
assertiva deve ser considerado incorreto.
GABARITO: LETRA D.
Comentários
A Escola Formalista, corrente adotada no Brasil, defende o
entendimento de que não é possível definir um serviço como público pela
atividade em si, pois existem atividades essenciais, como a saúde, que quando
prestadas por particulares não podem ser consideradas serviço público. Sendo
assim, para que um serviço seja considerado público, é necessário que a lei ou
o texto constitucional o defina como tal.
Ademais, os serviços públicos devem permanecer sob a titularidade do
Poder Público, que pode delegar a sua execução para particulares, que os
prestarão sob o regime de concessão ou permissão.
GABARITO: LETRA D.
Comentários
a) Corrreto. Sob o enfoque do Direito Administrativo, a “centralização”
ocorre quando a União, Estados, Distrito Federal e Municípios exercem
diretamente, em face dos beneficiários, serviços públicos que estão em suas
respectivas competências, sem interferência de outras pessoas físicas ou
jurídicas.
Nesse caso, além de o ente estatal ser o titular da função administrativa,
ainda será o responsável pela execução de tal atividade, que ocorrerá através
de seus respectivos órgãos e agentes públicos.
b) Errado. Na descentralização por outorga, uma entidade política
(União, Estados, DF e Municípios) cria ou autoriza a criação, em ambos os
casos através de lei específica, de entidades administrativas (autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) que
receberão a titularidade e a responsabilidade pela execução de uma
determinada atividade administrativa. Perceba que o texto da assertiva afirmou
que a outorga se processa através de “contrato”, o que não é verdade.
c) Correto. A desconcentração nada mais é que a distribuição interna
de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Trata-se da criação de
órgãos públicos que fazem parte de uma mesma estrutura, hierarquizada,
criada com o objetivo de tornar mais ágil e eficiente a prestação de serviços
públicos.
d) Correto. A “descentralização administrativa” quando um ente
estatal (União, Estados, DF e Municípios) transfere a outra pessoa, pública ou
privada, a prestação de determinado serviço público ou atividade
administrativa. Nesse caso, o serviço público não será prestado por órgãos
públicos, mas por outra pessoa jurídica, com personalidade jurídica distinta do
ente estatal que transferiu a execução da função administrativa.
e) Correto. Nesse caso, estará configurada a centralização da prestação
de serviços públicos.
GABARITO: LETRA B.
Comentários
Para Hely Lopes Meirelles, serviços públicos próprios “são aqueles que
se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança,
polícia, higiene e saúde públicas) e para a execução dos quais a
Administração usa de sua supremacia sobre os administrados. Por essa razão só
devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas sem delegação aos
particulares”.
Por outro lado, serviços uti universi são aqueles prestados
indiscriminadamente à população, possuindo um número indeterminado e
indetermináveis de usuários. Nesse caso, os serviços são indivisíveis, não
sendo possível mensurar quais são os usuários que estão sendo beneficiados ou
quanto cada usuário está utilizando do serviço prestado.
Analisando-se as alternativas apresentadas, constata-se que somente a
letra “c” complementa corretamente o texto da questão.
GABARITO: LETRA C.
GABARITO