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Preparatório para Técnico do Seguro Social (INSS) - Direito Administrativo

Aula 03 – Atos administrativos


Prof. Fabiano Pereira

Aula 03 – ATOS ADMINISTRATIVOS

Olá!

A nossa aula de hoje é extremamente especial, pois tratará de temas


presentes em quase todos os editais de concursos públicos: atos
administrativos e serviços públicos.
De todos os tópicos que serão apresentados, gostaria que você
concedesse uma atenção especial aos requisitos, atributos e formas de
extinção do ato administrativo, pois esses são os assuntos mais frequentes em
provas da banca.

No mais, fico aguardando eventuais dúvidas em nosso fórum.

Bons estudos!

Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br

"Direcione sua visão para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais
maravilhosas coisas aconteçam, não no futuro, mas imediatamente. Perceba
que nada é bom demais para você. Não permita que absolutamente nada te
impeça ou te atrase, de modo algum."
(Eileen Caddy)

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SUMÁRIO

1. Considerações iniciais ............................................................. 03

2. A distinção entre atos administrativos, fatos da Administração


Pública, atos da Administração Pública e fatos administrativos
2.1. A expressão “atos da Administração” ............................ 05
2.2. A expressão “fatos da Administração” .......................... 05
2.3. A expressão “fatos administrativos” .............................. 06
3. Conceito ................................................................................... 08

4. Elementos ou requisitos do ato administrativo ......................... 09


4.1. Competência ou sujeito ................................................. 10
4.2. Finalidade ..................................................................... 12
4.3. Forma ........................................................................... 14
4.4. Motivo .......................................................................... 15
4.5. Objeto ou conteúdo ........................................................ 19
5. Atributos do ato administrativo ................................................ 19
5.1. Presunção de legitimidade ............................................ 20
5.2. Imperatividade ............................................................. 22
5.3. Autoexecutoriedade .................................................... 23
5.4. Tipicidade ..................................................................... 25
6. Classificação dos atos administrativos ..................................... 26

7. Espécies de atos administrativos .............................................. 35

8. Extinção dos atos administrativos ............................................ 40

9. Convalidação de atos administrativos ....................................... 49

10. Revisão de véspera de prova – “RVP”...................................... 52

11. Questões comentadas ............................................................. 55

12. Questões para fixação do conteúdo ......................................... 77

13. SERVIÇOS PÚBLICOS ............................................................... 87

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ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Considerações iniciais

Ao exercer a função administrativa com o objetivo de satisfazer as


necessidades coletivas primárias, a Administração Pública utiliza-se de um
mecanismo próprio, que lhe assegura um conjunto de prerrogativas
necessárias ao alcance das finalidades estatais: o denominado regime
jurídico-administrativo.
É o regime jurídico-administrativo que garante à Administração Pública a
possibilidade de relacionar-se com os particulares em condição de
superioridade, podendo impor-lhes decisões administrativas
independentemente da concordância ou da aquiescência, pois são necessárias
ao alcance das finalidades estatais.
Com o intuito de materializar as funções administrativas, ou seja, para
realmente colocar em prática a vontade da lei, a Administração irá editar várias
espécies de atos, cada um com uma finalidade específica, a exemplo de uma
portaria, um decreto de nomeação de servidor, uma ordem de serviço, uma
certidão negativa de débitos previdenciários, uma instrução normativa, uma
circular, entre outros.
Apesar de ser regra geral, é válido esclarecer que nem sempre os atos
editados pela Administração serão regidos pelo direito público, pois,
dependendo do fim visado legalmente, alguns atos podem ser praticados sob o
amparo do direito privado.
Diante disso, é possível concluir que a Administração Pública edita dois
tipos de atos jurídicos:
1º) atos que são regidos pelo direito público e, consequentemente,
denominados de atos administrativos;
2º) atos regidos pelo direito privado.

Os atos administrativos editados pela Administração estão amparados


pelo regime jurídico-administrativo, portanto, expressam a sua
superioridade em face dos administrados. Por outro lado, nos atos regidos
pelo direito privado a Administração apresenta-se em condições isonômicas
frente ao particular, como acontece, por exemplo, na assinatura de um contrato
de aluguel.

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Quando a Administração deseja celebrar um contrato de locação (ato


regido pelo direito privado, mais precisamente pelo Direito Civil) com um
particular (deseja alugar um imóvel para instalar uma unidade administrativa
da Polícia Federal, por exemplo), essa relação bilateral é consequência de um
“acordo de vontades” entre as partes.
No referido contrato, as cláusulas não foram definidas e elaboradas
exclusivamente pela Administração, existiu uma negociação anterior até que
se chegasse a um consenso sobre o que seria melhor para as partes e, somente
depois, o contrato foi assinado.
Pergunta: Professor Fabiano, então é correto afirmar que, nos atos
regidos pelo direito privado, a Administração jamais gozará de qualquer
prerrogativa ou “privilégio”?
Não. Tenha muito cuidado com a expressão “jamais”, “nunca”,
“exclusivamente”, “somente”, entre outras, pois excluem a possibilidade de
exceções, existentes às “milhares” no Direito.
Como regra geral, entenda que, nos atos regidos pelo direito privado
a Administração encontra-se em uma relação horizontal em face do particular,
ou seja, uma relação isonômica, em igualdade de condições. Desse modo, não
irá gozar de prerrogativas.
Todavia, em situações excepcionais, tanto o direito privado como o
Direito Administrativo (direito público) podem estabelecer prerrogativas
(“privilégios”) à Administração, caso seja necessário ao alcance do interesse
público.
Exemplo: Como estudaremos adiante, todos os atos regidos pela
Administração, inclusive os regidos pelo direito privado, gozam do atributo
denominado “presunção de legitimidade”. Sendo assim, da mesma forma que
ocorre em relação aos atos administrativos, os atos regidos pelo direito privado
também são presumivelmente editados em conformidade com o direito.
Pergunta: Professor, quando você afirma que a Administração Pública
pode editar atos regidos pelo direito público e pelo direito privado, você
está incluindo no conceito de Administração também os poderes Legislativo e
Judiciário?
É claro que sim. Lembre-se de que a função administrativa é típica do
Poder Executivo, mas não é exclusiva. Portanto, os poderes Legislativo e
Judiciário também poderão exercê-la atipicamente.

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Atenção: Essas informações sobre os atos regidos pelo direito privado


são muito importantes para responder algumas questões em prova. Contudo, o
nosso foco de estudo neste capítulo são os atos administrativos, ou seja,
aqueles regidos pelo direito público.
Dificilmente você irá encontrar uma prova de Direito Administrativo que
não exija conhecimentos sobre o tema, principalmente sobre os “requisitos” e
“atributos” do ato administrativo. Tente assimilar todos os conceitos que serão
apresentados, bem como todas as questões que serão disponibilizadas ao
término da aula, pois serão essenciais para o seu sucesso no concurso
desejado.
Aproveitando a oportunidade, gostaria de convocá-lo para
participar do fórum de dúvidas. Tenho constatado que poucos alunos
estão participando efetivamente do fórum e isso dificulta a elaboração
das próximas aulas, pois não consigo perceber a evolução do curso.
Não consigo saber, por exemplo, se a linguagem está sendo
acessível, se as questões de fixação do conteúdo estão sendo
respondidas facilmente, enfim, preciso desse retorno.
Caso você não queira se manifestar no fórum, envie o seu e-mail
para fabianopereira@pontodosconcursos.com.br.

No mais, vamos voltar para o “batente”!

2. A distinção entre atos administrativos, fatos da Administração


Pública, atos da Administração Pública e fatos administrativos
Apesar de as bancas não cobrarem esse tema com muita frequência em
suas provas, é necessário que você conheça as diferenças conceituais
existentes entre essas expressões, pois, como o edital do INSS ainda não foi
publicado, temos que nos prevenir!

2.1. A expressão “atos da Administração”


Podemos definir como “atos da Administração” todos os que são editados
pela Administração Pública, sejam eles regidos pelo direito público ou direito
privado. Nesse caso, é suficiente que o ato tenha sido editado pela
Administração Pública para ser considerado “ato da Administração”.

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A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro informa que podem ser


incluídos como atos da Administração: os atos de direito privado (a exemplo
de uma doação ou locação); atos materiais (que envolvem apenas a execução
de determinada atividade, a exemplo de uma demolição); os atos de
conhecimento, opinião, juízo ou valor (que não expressam uma vontade, e,
portanto, não podem produzir efeitos jurídicos, a exemplo de atestados e
certidões); os atos políticos; os contratos; os atos normativos; e, ainda, os
atos administrativos propriamente ditos.

2.2. A expressão “fatos da Administração”


A expressão “fato da Administração” é utilizada para referir-se a
determinados fatos ocorridos no âmbito da Administração Pública e que não
repercutem no âmbito do Direito Administrativo.
Se o servidor derramar um copo de café em cima da toalha da mesa do
refeitório do órgão que trabalha, por exemplo, estaremos diante de um fato,
um acontecimento. A princípio, esse fato não produz qualquer efeito no
âmbito do Direito Administrativo, pois é suficiente que o servidor limpe a
toalha, lave o copo e tudo está resolvido. Eis o fato da Administração.
De outro lado, se o café estava muito quente e “derrete” a toalha da
mesa, avaliada em R$ 100,00 (cem reais), esse mesmo fato irá produzir
efeitos no âmbito do Direito Administrativo, pois o servidor estará
obrigado a restituir aos cofres públicos o prejuízo causado.
Nesse caso, não teremos um simples fato da Administração, mas sim um
fato administrativo.

2.3. A expressão “fatos administrativos”


Apesar de o conceito de “fato administrativo” não ser pacífico na doutrina,
penso que é conveniente, para as provas de concurso, adotar o entendimento
de Maria Sylvia Zanella di Pietro, que conceitua como fato administrativo o
“fato” ocorrido no âmbito da Administração Pública e que gera efeitos jurídicos
no âmbito do Direito Administrativo (a exemplo da obrigação do servidor
restituir aos cofres públicos o valor da toalha que derreteu com o café).
O fato administrativo também pode ser entendido como uma
consequência do ato administrativo. Primeiro, edita-se o ato administrativo e,
posteriormente, no momento de colocá-lo em prática, de executá-lo, ocorre o
fato administrativo, que também é denominado de “ato material” da
Administração.

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(FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) O fato administrativo resulta


sempre do ato administrativo que o determina, resultando do cumprimento de
alguma decisão administrativa. Assertiva considerada correta pela banca
examinadora.

Exemplo: Imagine que um servidor, ao se deparar com um


carregamento de produtos impróprios para o consumo (com prazo de validade
expirado), tenha que efetuar a apreensão dos mesmos. Nesse caso, a
apreensão dos produtos é um ato material, ou seja, o servidor irá retirar os
produtos do veículo que os transportava e levá-lo para o depósito do órgão
público. Entretanto, a apreensão somente ocorreu em virtude da lavratura de
um ato administrativo de apreensão.
Ainda podemos citar como exemplos de fatos administrativos a limpeza
de vias públicas, uma cirurgia médica realizada em um Posto de Saúde do
Município, a aula ministrada por um professor de Universidade Pública, a
edificação de uma obra, entre outros.

2.3.1. Fato administrativo involuntário

É aquele que decorre de um evento natural que produziu consequências


jurídicas no âmbito do Direito. Podemos citar como exemplos a morte de um
servidor, um raio que causou um incêndio em uma repartição pública, ou,
ainda, o nascimento do filho de uma servidora.
Pergunta: Nos exemplos citados, quais as consequências jurídicas que a
morte e o nascimento podem produzir na Administração?
Bem, com o falecimento do servidor, ocorrerá a vacância do cargo e
surgirá o direito de seus dependentes receberem pensão. Por outro lado, como
o nascimento do filho de uma servidora, esta passará a usufruir da famosa
“licença-maternidade”.

2.3.2. Fato administrativo voluntário


Os fatos administrativos voluntários são consequência de atos
administrativos ou de condutas administrativas que refletem os
comportamentos e as ações administrativas que repercutirão no mundo
jurídico.

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Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, os fatos


administrativos voluntários se materializam de duas maneiras distintas:
a) por atos administrativos, que formalizam a providência desejada
pelo administrador através da declaração de vontade do Estado;
b) por condutas administrativas, que refletem os comportamentos e
as ações administrativas, sejam ou não precedidas de ato administrativo
formal.

3. Conceito
São vários os conceitos de ato administrativo formulados pelos
doutrinadores brasileiros, cada um com as suas peculiaridades. Entretanto,
percebe-se nas provas de concursos públicos uma maior inclinação pelo clássico
conceito elaborado pelo professor Hely Lopes Meirelles, que assim declara:
“Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da
Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.”

Analisando-se o conceito do saudoso professor, podemos concluir que o


ato administrativo possui características bastante peculiares e,
consequentemente, muito exigidas em provas:
1ª) É uma manifestação unilateral de vontade da Administração
Pública: nesse caso, é suficiente esclarecer que a Administração não está
obrigada a consultar o particular antes de editar um ato administrativo, ou
seja, a edição do ato depende, em regra, somente da vontade da Administração
(pense no caso da aplicação de uma multa de trânsito, por exemplo).
2ª) É necessário que o ato administrativo tenha sido editado por
quem esteja na condição de Administração Pública: é importante destacar
que, além dos órgãos e entidades que integram a Administração Pública direta
e indireta, também podem editar atos administrativos entidades que estão fora
da Administração, como acontece com as concessionárias e permissionárias de
serviços públicos, desde que investidos em prerrogativas estatais.
3ª) O ato administrativo visa sempre produzir efeitos no mundo
jurídico: segundo o professor, ao editar um ato administrativo, a
Administração visa adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e
declarar direitos, ou, ainda, impor obrigações aos administrados ou a si própria.

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Além das características que foram apresentadas acima, lembre-se ainda


de que, ao editar um ato administrativo, a Administração Pública encontra-se
em posição de superioridade em relação ao particular, pois está
amparada pelo regime jurídico-administrativo.
4ª) O ato administrativo está sujeito à exame de legitimidade pelo
Poder Judiciário ou pela própria Administração Pública: conforme
analisaremos posteriormente, a Administração Pública poder exercer o poder
(ou princípio) de autotutela sob os seus próprios atos. No mesmo sentido,
constatado que um ato administrativo foi editado em desconformidade com o
ordenamento jurídico vigente, o Poder Judiciário está autorizado a analisá-lo,
procedendo à respectiva anulação, se for o caso.
No concurso público para o cargo de Analista de Finanças e
Controle da CGU, realizado em 2006, a ESAF elaborou uma questão
exigindo conhecimentos sobre as características do ato administrativo:

(ESAF/Analista de Finanças e Controle - CGU/2006) No conceito de ato


administrativo, arrolado pelos juristas pátrios, são assinaladas diversas
características. Aponte, no rol abaixo, aquela que não se enquadra no
referido conceito.
a) Provém do Estado ou de quem esteja investido em prerrogativas estatais.
b) É exercido no uso de prerrogativas públicas, sob regência do Direito Público.
c) Trata-se de declaração jurídica unilateral, mediante manifestação que produz
efeitos de direito.
d) Consiste em providências jurídicas complementares da lei, em caráter
necessariamente vinculado.
e) Sujeita-se a exame de legitimidade por órgão jurisdicional, por não
apresentar caráter de definitividade.

Gabarito: Letra “d”

4. Elementos ou requisitos do ato administrativo


Os elementos ou requisitos do ato administrativo nada mais são que
“componentes” necessários para que o ato seja considerado inicialmente válido,
editado em conformidade com a lei.
Não existe uma unanimidade doutrinária sobre a quantidade e as
características de cada requisito ou elemento do ato administrativo. Entretanto,
como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, iremos adotar o
posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, que entende serem cinco os
elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma,
motivo e objeto.

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4.1. Competência ou Sujeito


O ato administrativo não “cai do céu”. É necessário que alguém o edite
para que possa produzir efeitos jurídicos. Esse alguém é o agente público
(também chamado por alguns autores de “sujeito”), que recebe essa
competência expressamente do texto constitucional, através de lei (que é a
regra geral) ou, ainda, segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho,
através de normas administrativas.
Neste último caso, o ilustre professor informa que “em relação aos órgãos
de menor hierarquia, pode a competência derivar de normas expressas de atos
administrativos organizacionais. Nesses casos, serão tais atos editados por
órgãos cuja competência decorre de lei. Em outras palavras, a competência
primária do órgão provem da lei, e a competência dos segmentos internos dele,
de natureza secundária, pode receber definição através dos atos
organizacionais”.
Sobre a competência, além de saber que se trata de um requisito
sempre vinculado do ato, é importante que você entenda ainda quais são as
principais características enumeradas pela doutrina, pois é muito comum
encontrarmos questões em prova sobre o assunto.
1ª) É irrenunciável: já que prevista em lei, a competência é de
exercício obrigatório pelo agente público sempre que o interesse público
assim exigir. Não deve ser exercida ao livre arbítrio do agente, mas nos termos
da lei, que irá definir os seus respectivos limites.
2ª) É inderrogável: os agentes públicos devem sempre exercer a
competência nos termos fixados e estabelecidos pela lei, sendo-lhes vedado
alterar, por vontade própria ou por atos administrativos, o alcance da
competência legal.
3ª) Pode ser considerada improrrogável: quando a agente público
edita um ato que inicialmente não era de sua competência, isso não significa
que, a partir de então, ele se torna o único competente legalmente para
exercê-lo, pois, provavelmente, o ato foi editado em razão de avocação ou
delegação, ambos estudados anteriormente.
4ª) É intransferível: como a avocação e a delegação estão relacionadas
exclusivamente com o exercício da competência, é válido destacar que a sua
titularidade permanece com a autoridade responsável pela delegação, que
poderá ainda continuar editando o ato delegado, por exemplo.

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5ª) É imprescritível: o exercício de determinada competência pelo seu


titular não prescreve em virtude do lapso temporal, independentemente do
tempo transcorrido. A obrigação de exercer a competência subsiste sempre que
forem preenchidos os requisitos previstos em lei.

No concurso público para o cargo de Auditor Fiscal da RFB, realizado em


2009, a ESAF considerou correto o seguinte enunciado: “A competência é,
em regra, inderrogável e improrrogável”.

Além das características apresentadas, atente-se ainda para as regras


básicas previstas na Lei 9.784/99 (Lei do processo administrativo federal),
objeto frequente nas provas de concursos.
1ª) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou
titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial;

2ª) Não pode ser objeto de delegação a edição de atos de caráter


normativo; a decisão de recursos administrativos; e as matérias de
competência exclusiva do órgão ou autoridade;

3ª) O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio


oficial;

4ª) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade


delegante;

5ª) As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente


esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado;

6ª) Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes


devidamente justificados, a avocação temporária de competência
atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

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(FCC/Analista Judiciário TRT 9ª Região/2010) A competência


administrativa, sendo requisito de ordem pública, é intransferível e
improrrogável pela vontade dos interessados. Pode, entretanto, ser delegada e
avocada, desde que o permitam as normas reguladoras da Administração.
Assertiva considerada correta pela banca.

No concurso público para o cargo de Especialista em Políticas


Públicas do MPOG, realizado em 2010, a ESAF considerou incorreta a
seguinte assertiva: “A competência pode ser objeto de delegação ou de
avocação, ainda que se trate de competência conferida por lei a
determinado agente, com exclusividade”.
Perceba que o erro da assertiva está no fato de ter afirmado que
competência exclusiva pode ser delegada, o que não é verdade.

4.2. Finalidade
Trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) que impõe a
necessidade de respeito ao interesse público no momento da edição do ato
administrativo.
Tenho certeza de que você se recorda de que a finalidade do ato
administrativo deve ser atingida tanto em sentido amplo quanto em sentido
estrito para que este seja considerado válido.
Em sentido amplo, significa que todos os atos praticados pela
Administração devem atender ao interesse público. Em sentido estrito,
significa que todo ato praticado pela Administração possui uma finalidade
específica, prevista em lei.
Apesar de a Administração ter por objetivo a satisfação do interesse
público, é válido ressaltar que, em alguns casos, poderão ser editados atos com
o objetivo de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo,
na permissão de uso de certo bem público (quando o Município, por exemplo,
permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercado municipal
para montar o seu estabelecimento comercial).
Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmo que
secundariamente. O que não se admite é que um ato administrativo seja
editado exclusivamente para satisfazer o interesse particular.

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Dentre todos os requisitos do ato administrativo, o da finalidade é o que


mais condiz com a necessidade de observância ao princípio da
impessoalidade, pois, se o agente público está praticando o ato com o
objetivo de satisfazer o interesse coletivo, não beneficiará ou prejudicará
determinados grupos ou pessoas em razão de características ou condições
pessoais.
Em suma, lembre-se de que o requisito denominado “finalidade” tem
que responder à seguinte pergunta: para que foi editado o ato?

Lembre-se sempre de que a finalidade é o efeito jurídico mediato


(secundário) que o ato administrativo produz.

Fique atento, pois as bancas têm o hábito de questionar se


determinado requisito ou elemento do ato administrativo é
discricionário ou vinculado, conforme se constata no exemplo abaixo,
cuja questão foi aplicada no último concurso para o cargo de Auditor
Fiscal do Trabalho:

(ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/MTE/2010) Relativamente à


vinculação e à discricionariedade da atuação administrativa, assinale a
opção que contenha elementos do ato administrativo que são sempre
vinculados.
a) Competência e objeto.
b) Finalidade e motivo.
c) Competência e finalidade.
d) Finalidade e objeto.
e) Motivo e objeto

Gabarito: Letra “c”.

No concurso público para o cargo de administrador do ENAP,


realizado em 2006, a ESAF conceituou a “finalidade” como “um dos
requisitos e/ou elementos essenciais de validade dos atos
administrativos, que constitui o seu necessário direcionamento a um
fim de interesse público, indicado expressa ou implicitamente na norma
legal, embasadora de sua realização”.

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4.3. Forma
A forma, que também é um requisito vinculado do ato administrativo, a
exemplo dos requisitos da competência e finalidade, também pode ser
compreendida em sentido estrito e em sentido amplo.
Em sentido estrito, a forma pode ser entendida como a exteriorização
do ato administrativo, o “modelo” do ato, o modo pelo qual ele se apresenta ao
mundo jurídico.

(FCC/Técnico Judiciário TRT 8ª Região/2010) O revestimento exterior do


ato administrativo, necessário à sua perfeição, é requisito conhecido como
forma. Assertiva considerada correta pela banca.

Em regra, o ato administrativo apresenta-se ao mundo jurídico por


escrito. Entretanto, existe a possibilidade de determinados atos surgirem
verbal, gestual, ou, ainda, virtualmente.
Exemplo: Quando o guarda de trânsito emite “dois silvos breves” com o
seu apito, ocorre a edição de um ato administrativo informal, pois ele está
determinando que você pare o veículo para que seja fiscalizado. Da mesma
forma, quando o semáforo de trânsito apresenta a cor vermelha, está sendo
editado um ato administrativo informal determinando que você também pare o
veículo.
Ao contrário do princípio da liberdade das formas, que vigora no
direito privado, segundo o qual os atos podem ser praticados por qualquer
forma idônea para atingir o seu fim, vigora no Direito Administrativo, em regra,
o princípio da solenidade das formas, segundo o qual, para a edição de um
ato administrativo, devem ser respeitados procedimentos especiais e forma
prevista em lei.
O princípio da solenidade das formas está consagrado no § 1º, artigo
22, da Lei Federal 9.784/99, ao estabelecer que “os atos do processo devem
ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua
realização e a assinatura da autoridade responsável”.
Sendo assim, em âmbito federal existe norma expressa que impõe a
regra da forma escrita para o exercício das competências públicas, o que nos
leva a entender que, em regra, os atos administrativos devem ser formais.

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Em sentido amplo, a forma pode ser entendida como a formalidade ou


procedimento a ser observado para a produção do ato administrativo. Em
outras palavras, entenda que a lei pode determinar expressamente outras
exigências formais que não fazem parte do próprio ato administrativo, mas
que lhe são anteriores ou posteriores (exigência de várias publicações do
mesmo ato no Diário Oficial, por exemplo, para que possa produzir efeitos).
Ao contrário do que ocorre em relação ao princípio da solenidade das
formas, que impõe a necessidade da vontade administrativa se exteriorizar
por escrito, em relação à formalidade ou procedimento, somente será
exigida uma dada formalidade se a lei expressamente determinar. Inexistindo
lei impondo uma exigência formal além da exteriorização escrita, não há que
ser requerer qualquer procedimento complementar.
Esse é o teor do caput do artigo 22 da Lei 9.784/99, ao declarar que “os
atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão
quando a lei expressamente a exigir”.

(Auditor Federal de Controle Externo/TCU 2010/CESPE) Sempre que a lei


expressamente exigir determinada forma para que um ato administrativo seja
considerado válido, a inobservância dessa exigência acarretará a nulidade do
ato. Assertiva considerada correta.

4.4. Motivo
O motivo, que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fato
e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo.
O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes
públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria
Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo.
Para que um ato administrativo seja validamente editado, faz-se
necessário que esteja presente o pressuposto de fato e de direito que
autoriza ou determina a sua edição.
a) Pressuposto de fato: É o acontecimento real, uma circunstância
fática concreta, externa ao agente público e que ensejou a edição do ato.
Exemplos: a circunstância fática concreta que enseja a edição de um
ato administrativo de desapropriação para fins de reforma agrária é a
improdutividade de um latifúndio rural; a circunstância fática concreta que

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enseja a edição do ato que concede a licença-maternidade a uma servidora é o


nascimento do filho; a circunstância fática concreta que enseja a edição do
ato concessivo da aposentadoria compulsória é o implemento da idade de
setenta anos, etc.
b) Pressuposto de direito: é o dispositivo legal em que se baseia a
edição do ato. Em outras palavras, são os requisitos materiais estabelecidos
na lei e que autorizam (nos atos discricionários) ou determinam (nos atos
vinculados) a edição do ato.
Exemplos:
1º) No ato de desapropriação para fins de reforma agrária, o
pressuposto de direito para a edição do ato está no artigo 184 da CF/88, que
assim declara: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social”[...]
. Foi o artigo 184 da CF/88 que fundamentou juridicamente a edição do ato.
2º) No ato concessivo de licença-maternidade, em âmbito federal, o
pressuposto de direito que autoriza a edição do ato é o artigo 207 da lei
8.112/90, ao declarar que “será concedida licença à servidora gestante por 120
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração”.
3º) No ato concessivo da aposentadoria compulsória, o pressuposto de
direito, em âmbito federal, é o artigo 186 da Lei 8.112/90, ao afirmar que “o
servidor será aposentado compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
proventos proporcionais ao tempo de serviço”.

Fique atento ao responder às questões da ESAF, pois a banca tem o hábito de


“misturar” as definições de “pressuposto de fato” e “pressuposto de direito”. Foi o que
ocorreu na prova para o cargo de Especialista em Políticas Públicas do MPOG, realizado
em 2010, oportunidade em que a seguinte assertiva foi considerada incorreta:
“Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato
administrativo, sendo que o pressuposto de fato é o dispositivo legal em que
se baseia o ato”.

4.4.1. Motivo e motivação


É necessário que você tenha muita atenção ao responder às questões de
prova para não confundir motivo e motivação, que possuem significados
diferentes.

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Aula 03 – Atos administrativos
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O motivo, conforme acabei de expor, pode ser entendido como o


pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do
ato administrativo. Por outro lado, a motivação nada mais é que exposição dos
motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo.
Exemplo: Na concessão de licença à servidora gestante por 120 (cento e
vinte) dias consecutivos, já sabemos que o nascimento do filho corresponderá
ao pressuposto de fato e o artigo 186 da Lei 8.112/90 corresponderá ao
pressuposto de direito (ambos formando o motivo).
Entretanto, a motivação somente passará a existir a partir do momento
que o agente público do setor de recursos humanos declarar expressamente,
por escrito, o pressuposto de fato e de direito que justificará a edição do ato.

(FCC/Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010) Motivação é a exposição ou


indicação dos motivos, ou seja, demonstração por escrito dos fatos e
fundamentos jurídicos do ato. Assertiva considerada correta pela banca.

4.4.2. Teoria dos motivos determinantes


Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo
agente público, no momento da edição do ato, deve corresponder à realidade,
tem que ser verdadeiro. Caso contrário, comprovando o interessado que o
motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que
sequer existiu, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo
Poder Judiciário.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, ao explicar a teoria dos
motivos determinantes, afirma que “os motivos que determinam a vontade do
agente, isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a
validade do ato. Sendo assim, a invocação de ‘motivos de fato’ falsos,
inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando,
conforme já se disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos
que ensejariam a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos
em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a
obrigação de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o
justificavam”.

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No concurso público para o cargo de Analista Administrativo da


Agência Nacional de Águas, realizado em 2009, a ESAF considerou
correta a seguinte assertiva: “De acordo com a teoria dos motivos
determinantes, a situação fática que determinou e justificou a prática
de ato administrativo passa a integrar a sua validade”.

Exemplo: Suponhamos que o Prefeito de um determinado Município


tenha decidido exonerar o Secretário Municipal de Turismo, ocupante de cargo
em comissão. Entretanto, por ser colega do Secretário e temer inimizades
políticas, decidiu motivar o ato alegando a necessidade de reduzir a despesa
com pessoal ativo (motivo) em virtude da queda no montante de recursos
recebidos do Fundo de Participação dos Municípios.
Porém, três meses após a exoneração do ex-Secretário de Turismo,
imaginemos que o Prefeito tenha decidido nomear a sua irmã para ocupar o
mesmo cargo, mas sem motivar o ato.
Pergunta: No referido exemplo, ocorreu algum vício (irregularidade) na
exoneração do Secretário Municipal de Turismo, já que o Prefeito sequer era
obrigado a motivar o ato de exoneração?
Sim. Realmente o Prefeito não era obrigado a motivar o ato de
exoneração, pois se trata de cargo de confiança (em comissão), de livre
nomeação e exoneração. Contudo, já que decidiu motivar o ato, a motivação
deveria corresponder à realidade, ser verdadeira e real, o que não aconteceu
no caso.
Como o motivo alegado (redução de despesas) foi determinante para a
edição do ato de exoneração, mas, posteriormente, ficou provado que ele não
existia, deverá ser anulado o ato por manifesta ilegalidade, seja pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário.

Para responder às questões do CESPE: De acordo com a teoria dos motivos


determinantes, o agente que pratica um ato discricionário, embora não havendo
obrigatoriedade, opta por indicar os fatos e fundamentos jurídicos da sua
realização, passando estes a integrá-lo e a vincular, obrigatoriamente, a
administração, aos motivos ali expostos (Técnico Federal de Controle/TCU
2009/CESPE). Assertiva considerada correta.

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4.5. Objeto ou conteúdo


O quinto requisito do ato administrativo, que pode ser discricionário ou
vinculado, é o objeto (também denominado de conteúdo por alguns
autores), entendido como a coisa ou a relação jurídica sobre a qual recai o
ato. Trata-se do efeito jurídico imediato (primário) que o ato administrativo
produz.
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o objeto é o efeito
jurídico que o ato produz. O que o ato faz? Ele cria um direito? Ele extingue um
direito? Ele transforma? Quer dizer, o objeto vem descrito na norma, ele
corresponde ao próprio enunciado do ato.
Para os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, o objeto do ato
administrativo identifica-se com o seu próprio conteúdo, por meio do qual a
Administração manifesta sua vontade, ou atesta simplesmente situações pré-
existentes.
Assim, continuam os professores, é objeto do ato de concessão de alvará
a própria concessão do alvará; é objeto do ato de exoneração a própria
exoneração; é objeto do ato de suspensão do servidor a própria suspensão
(neste caso há liberdade de escolha do conteúdo específico – número de dias de
suspensão – dentro dos limites legais de até noventa dias, conforme a
valoração da gravidade da falta cometida); etc.

No concurso público para o cargo de Assistente Técnico Administrativo


do Ministério da Fazenda, realizado em 2009, a ESAF considerou correta
a seguinte assertiva: “Objeto ou conteúdo é o efeito jurídico imediato que o
ato produz”.

5. Atributos do ato administrativo


Como consequência do regime jurídico-administrativo, que concede à
Administração Pública um conjunto de prerrogativas necessárias ao alcance
do interesse coletivo, os atos administrativos editados pelo Poder Público
gozarão de determinadas qualidades (atributos) não existentes no âmbito do
direito privado.

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Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos


inerentes aos atos administrativos, mas, para responder às questões de provas,
é necessário que estudemos a presunção de legitimidade ou veracidade, a
imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade.

5.1. Presunção de legitimidade e veracidade


Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou
seja, considera-se editado em conformidade com o direito (leis e princípios).
Essa presunção é consequência da confiança depositada no agente público,
pois se deve partir do pressuposto de que todos os parâmetros e requisitos
legais foram respeitados pelo agente no momento da edição do ato.
A presunção de legitimidade dos atos administrativos tem o objetivo de
evitar que terceiros (em regra, particulares) criem obstáculos insensatos ou
desprovidos de quaisquer fundamentos, que possam inviabilizar o exercício da
atividade administrativa.

A presunção de legitimidade alcança todos os atos administrativos editados


pela Administração, independentemente da espécie ou classificação.

No concurso público para o cargo de Analista Administrativo da


Agência Nacional de Águas, realizado em 2009, a ESAF considerou
correta a seguinte assertiva: “Em virtude de sua presunção de
legitimidade, até prova em contrário, presume-se que os atos
administrativos foram emitidos em conformidade com a lei”.
Não é correto afirmar que a presunção de legitimidade dos atos
administrativos seja juris et de jure (absoluta), pois o terceiro que se sentir
prejudicado pode provar a ilegalidade do ato para que não seja obrigado a
cumpri-lo. Desse modo, deve ficar claro que a presunção de legitimidade será
sempre juris tantum (relativa), pois é assegurado ao interessado recorrer à
Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que não seja obrigado a
submeter-se aos efeitos do ato (que considera ilegítimo ou ilegal).
Enquanto o Poder Judiciário ou a própria Administração não reconhecerem
a ilegitimidade do ato administrativo, todos os seus efeitos continuam sendo
produzidos normalmente, e o interessado deverá cumpri-lo integralmente.

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No concurso público para o cargo de Auditor Fiscal da Fazenda do


Estado de Minas Gerais, realizado em 2005, a ESAF considerou
incorreta a seguinte assertiva: “Há atos administrativos para os quais a
presunção de legitimidade (ou legalidade) é absoluta, ou seja, por
terem sido produzidos na órbita da Administração Pública, não admitem
a alegação, por eventuais interessados, quanto à ilegalidade de tais
atos”.

O atributo da presunção de legitimidade também tem sido cobrado em


provas como “presunção de legalidade”, apesar de alguns autores
discordarem desse entendimento.

Quando se afirma que o ato administrativo é presumivelmente legitimo,


está se afirmando que foi editado em conformidade com o direito, ou seja,
respeitando-se as leis e princípios vigentes. Por outro lado, ao se afirmar que
o ato administrativo é presumivelmente legal, restringe-se a presunção ao
respeito à lei.

Atenção: A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro ainda afirma que,


além de serem presumivelmente legítimos, os atos administrativos também são
presumivelmente verdadeiros. Segundo a professora, a presunção de
veracidade assegura que os fatos alegados pela Administração são
presumivelmente verdadeiros, assim como ocorre em relação a certidões,
atestados, declarações ou informações fornecidas, todos dotados de fé pública.
Fique atento ao responder às questões elaboradas pelas bancas,
pois é muito comum a formulação de questões “misturando” as
definições de “presunção de legitimidade” e “presunção de
veracidade”.
No concurso público para o cargo de Especialista em Políticas
Públicas do MPOG, por exemplo, realizado em 2009, a ESAF considerou
incorreta a seguinte assertiva: “Entre os atributos do ato
administrativo, encontra-se a presunção de veracidade a qual diz
respeito à conformidade do ato com a lei; em decorrência desse
atributo, presume-se, até prova em contrário, que os atos
administrativos foram emitidos com observância da lei”.

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Por último, lembre-se sempre de que é do particular a obrigação de


demonstrar e provar a ilegalidade ou possível violação ao ordenamento
jurídico causada pela edição do ato. Enquanto isso não ocorrer, o ato continua
produzindo todos os seus efeitos.
Esse é o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, ao afirmar
que essa presunção “autoriza a imediata execução ou a operatividade dos atos
administrativos, mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os levem à
invalidade. Enquanto, porém, não sobrevier o pronunciamento de nulidade, os
atos administrativos são tidos por válidos e operantes, quer para a
Administração, quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus
efeitos”.

Para responder às questões da FCC: Um dos atributos dos atos


administrativos tem por fundamento a sujeição da Administração Pública ao
princípio da legalidade, o que faz presumir que todos os seus atos tenham sido
praticados em conformidade com a lei, já que cabe ao Poder Público a sua tutela.
Nesse caso, trata-se do atributo da presunção de legitimidade (FCC/Técnico
Judiciário TRF 1ª Região/2010). Assertiva considerada correta pela
banca.

5.2. Imperatividade
A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se
impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou
aquiescência.
Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não
necessita de expressa previsão em lei, a imperatividade exige autorização legal
e, portanto, não incide em relação a todos os atos administrativos.

Para responder às questões do CESPE: A imperatividade é atributo que não


alcança todos os atos administrativos, já que os atos meramente enunciativos ou
os que conferem direitos solicitados pelos administrados não ostentam referido
atributo (Técnico Judiciário/TRE MG 2009/CESPE). Assertiva considerada
correta.

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É o atributo da imperatividade que permite à Administração, por exemplo,


aplicar multas de trânsito, constituir obrigação tributária que vincule o
particular ao pagamento de imposto de renda, entre outros.
No concurso público para o cargo de Auditor Fiscal da Fazenda do
Estado de Minas Gerais, realizado em 2005, a ESAF considerou correta a
seguinte assertiva: “O ato administrativo nem sempre apresenta o
atributo da imperatividade, ainda que o fim visado pela Administração
deva ser sempre o interesse público”.

O professor José dos Santos Carvalho Filho considera os termos coercibilidade e


imperatividade expressões sinônimas, ao declarar que “significa que os atos
administrativos são cogentes, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo
de incidência (ainda que o objetivo a ser por ele alcançado contrarie interesses
privados), na verdade, o único alvo da Administração Pública é o interesse público”.

Em virtude da unilateralidade, a Administração Pública não precisa


consultar o particular, antes da edição do ato administrativo, para solicitar a
sua concordância ou aquiescência, mesmo que o ato lhe cause prejuízos.
A doutrina majoritária entende que a imperatividade decorre do poder
extroverso do Estado, que pode ser definido como o poder que o Estado tem
de constituir, unilateralmente, obrigações para terceiros, com extravasamento
dos seus próprios limites.
O poder extroverso pode ser encontrado, por exemplo, na cobrança e
fiscalização dos impostos, no exercício do poder de polícia, na fiscalização do
cumprimento de normas sanitárias, no controle do meio ambiente, entre outros.

5.3. Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a
possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos
editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário.
O referido atributo garante à Administração Pública a possibilidade de ir
além do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência da
imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido de
garantir que o ato administrativo seja executado.

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A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos


(atos negociais e enunciativos, por exemplo), ocorrendo somente em duas
hipóteses:
1ª) Quando existir expressa previsão legal;
2ª) Em situações emergenciais em que apenas se garantirá a satisfação
do interesse público com a utilização da força estatal.
Exemplo: Imagine que a Administração Pública se depare com a
existência de um imóvel particular em péssimas condições, prestes a desabar e
que ainda é habitado por uma família de cinco pessoas.
Nesse caso, a Administração não precisará recorrer ao Poder
Judiciário para retirar obrigatoriamente as pessoas do local, utilizando a força
se preciso for, pois está diante de uma situação emergencial, na qual a
integridade física de várias pessoas está em risco.
Também podem ser citados como exemplos de manifestação da
autoexecutoriedade a destruição de medicamentos com prazo de validade
vencido e que foram recolhidos em farmácias e a demolição de obras
construídas em áreas de risco (zonas proibidas).
Atenção: Conforme já informei, nem sempre os atos administrativos irão
gozar de autoexecutoriedade e, para fins de concursos públicos, a multa (ato
administrativo) é o exemplo mais cobrado em relação à ausência de
autoexecutoriedade.
Nesse caso, apesar de a aplicação da multa ser decorrente do atributo da
imperatividade, se o particular não efetuar o seu pagamento a Administração
somente poderá recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário.

No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do TRT da 10ª


Região, realizado em 2013, o CESPE considerou incorreta a seguinte
assertiva: “Em razão da característica da autoexecutoriedade, a cobrança de
multa aplicada pela administração não necessita da intervenção do Poder
Judiciário, mesmo no caso do seu não pagamento”.

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Conforme nos informam os professores Marcelo Alexandrino e Vicente


Paulo, a única exceção ocorre na hipótese de multa administrativa aplicada por
adimplemento irregular, pelo particular, de contrato administrativo em que
tenha havido prestação de garantia. Nessa hipótese, a Administração pode
executar diretamente a penalidade, independentemente do consentimento do
contratado, subtraindo da garantia o valor da multa (Lei nº 8666/1993, artigo
80, inciso III).
Por último, é necessário deixar bem claro que os atos praticados sob o
amparo do atributo da autoexecutoriedade podem posteriormente ser revistos
pelo Poder Judiciário, sempre que provocado pelos interessados. Para tanto,
basta que os interessados demonstrem que tais atos foram praticados de forma
arbitrária, desproporcional, desarrazoada ou abusiva, por exemplo, para
que o Poder Judiciário possa anulá-los retroativamente.

No concurso público para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual


de Minas Gerais, realizado em 2005, a ESAF considerou incorreta a
seguinte assertiva: “O ato administrativo que tenha autoexecutoriedade não
pode ser objeto de exame pelo Poder Judiciário, em momento posterior, pois já
produziu todos os seus efeitos”.

5.4. Tipicidade
Não existe consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a
tipicidade como um dos atributos do ato administrativo. Todavia, como as
bancas eventualmente utilizam o livro da professora Maria Sylvia Zanella di
Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que o conheçamos.
Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como “o
atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.
Como é possível observar, o princípio da tipicidade decorre da aplicação
do princípio da legalidade. Segundo o entendimento da professora di Pietro,
para cada finalidade que a administração pretende alcançar existe um ato
definido em lei, logo, o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

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Para responder às questões do CESPE: Tipicidade é o atributo que determina


a correspondência do ato administrativo às figuras definidas previamente em lei.
Esse atributo é corolário do princípio da legalidade, representando garantia para
o administrado, pois a administração só poderá fazer o que a lei determina. A
tipicidade é característica exclusiva dos atos unilaterais (Técnico
Superior/IPAJM 2010/CESPE). Assertiva considerada correta.

Resumidamente falando, a professora entende que, para cada finalidade


que a Administração deseja alcançar, existe uma espécie distinta de ato
administrativo e, portanto, é inadmissível que sejam editados atos
administrativos inominados.

A tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais; não existe nos contratos
porque, com relação a eles, não há imposição de vontade da Administração, que
depende sempre da aceitação do particular; nada impede que as partes convencionem
um contrato inominado, desde que atenda melhor ao interesse público e particular
(Maria Sylvia Zanella di Pietro).

6. Classificação dos atos administrativos

Não existe uma uniformização doutrinária sobre a classificação dos atos


administrativos, pois cada autor possui uma classificação própria, segundo os
critérios adotados para estudo.
Entretanto, para fins de concursos públicos, penso que o mais sensato é
focarmos a classificação do professor Hely Lopes Meirelles, que tem sido
adotada pelas principais bancas examinadoras do país.

6.1. ATOS GERAIS E INDIVIDUAIS


Os atos administrativos gerais ou regulamentares são aqueles que
possuem destinatários indeterminados, com finalidade normativa, tais como
os decretos regulamentares, as instruções normativas, etc.

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Caracterizam-se por serem de comando abstrato e impessoal


(destinados a sucessivas aplicações, sempre quando ocorrer a hipótese neles
prevista), muito parecidos com os das leis, e, portanto, revogáveis a qualquer
tempo pela Administração. Geralmente são editados com o objetivo de explicar
o texto legal a fim de garantir a sua fiel execução.
Podemos citar como principais características dos atos gerais:
1ª) Devem prevalecer sobre o ato administrativo individual;
2ª) Para que produzam efeitos em relação aos particulares, necessitam de
publicação na imprensa oficial;
3ª) Podem ser revogados a qualquer momento, respeitados os efeitos
já produzidos;
4ª) Os administrados não podem impugná-los diretamente perante a
própria Administração ou Poder Judiciário.
Ao contrário dos atos gerais, atos administrativos individuais são
aqueles que possuem destinatários determinados ou determináveis,
podendo alcançar um ou vários sujeitos, sendo possível citar como exemplos
os decretos de desapropriação, a nomeação de servidores, uma autorização ou
permissão, etc.
Atenção: Para que um ato administrativo seja classificado como
individual, não interessa a quantidade de destinatários, mas sim a
possibilidade de quantificá-los (definir a quantidade e conhecer os
destinatários).
Exemplo: Nesses termos, poderá ser considerado ato administrativo
individual tanto aquele responsável pela nomeação de um candidato para o
cargo “X”, quanto aquele responsável pela nomeação de 20 (vinte) servidores,
simultaneamente, pois, nesse caso, é possível definir e conhecer quais
candidatos estão sendo atingidos pelo ato.
Outra característica importante dos atos individuais é a possibilidade de
serem impugnados diretamente pelos administrados, seja através de uma
ação de rito ordinário (ação judicial comum), mandado de segurança ou, ainda,
ação popular, sempre que forem praticados contrariamente à lei.
Nos termos da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, “a
administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos,
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

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Sendo assim, caso o ato individual tenha gerado direito adquirido para o
seu destinatário, torna-se irrevogável.

6.2. ATOS INTERNOS E EXTERNOS


Atos administrativos internos são aqueles que produzem efeitos
somente no interior da Administração Pública, e, portanto, não têm o objetivo
de atingir os administrados, sendo possível citar como exemplos uma ordem de
serviço, uma portaria de remoção de servidor, etc.
Como não possuem o objetivo de alcançar os administrados, não exigem
publicação no Diário Oficial, sendo suficiente a comunicação aos seus
destinatários internos pelos instrumentos de comunicação disponíveis.
Por outro lado, atos administrativos externos ou de efeitos externos
são aqueles que afetam os administrados, produzindo efeitos fora da
Administração, e, por isso, necessitam de publicação no diário oficial. Como
exemplos, podemos citar um decreto, um regulamento, uma portaria de
nomeação de candidato aprovado em concurso público, etc.
Apesar de não possuírem o objetivo de alcançar diretamente os
administrados, é válido destacar que os atos que onerem os cofres públicos
e todos aqueles que visem produzir efeitos fora da Administração são
considerados externos, e, portanto, devem ser publicados.

6.3. ATOS DE IMPÉRIO, DE GESTÃO E DE EXPEDIENTE


Atos de império ou de autoridade são aqueles praticados pela
Administração no gozo de sua supremacia sobre o administrado. São aqueles
através dos quais a Administração cria deveres aos particulares
independentemente de concordância ou aquiescência, tal como acontece na
aplicação de uma multa de trânsito, na edição de um decreto de
desapropriação, na apreensão de mercadorias etc.
Atos de gestão são aqueles editados pela Administração sem fazer uso
de sua supremacia sobre o administrado, estabelecendo-se uma relação
horizontal (igualdade) e assemelhando-se aos atos de Direito privado, sendo
possível citar como exemplo a aquisição de bens pela Administração, o aluguel
de equipamentos etc.
Atos de expediente são os atos rotineiros praticados pelos agentes
administrativos no interior da Administração, sem caráter vinculante e sem
forma especial, que têm por objetivo organizar e operacionalizar as
atividades exercidas pelos órgãos e pelas entidades públicas. Para exemplificar,

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podemos citar o preenchimento de um documento, a expedição de um ofício a


um particular, a rubrica nas páginas de um processo administrativo etc.

6.4. ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS


Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou
regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições
de sua realização”, ao passo que “discricionários são os que a Administração
pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário,
de sua conveniência, de sua oportunidade e de seu modo de realização”.

Em outro tópico da aula, afirmei que o ato administrativo possui cinco


elementos ou requisitos básicos: competência, forma, finalidade, motivo e
objeto. Sendo assim, sempre que a lei estabelecer e detalhar esses cinco
elementos, não deixando margem para que o agente público possa defini-los
no momento da edição do ato, este será vinculado.
Lembre-se sempre de que no ato vinculado o agente público não possui
alternativas ou opções no momento de editar o ato, pois a própria lei já definiu
o único comportamento possível. Portanto, caso o agente público desrespeite
quaisquer dos requisitos ou elementos previstos pela lei, o ato deverá ser
anulado pela Administração ou pelo Poder Judiciário.
Exemplo: Suponhamos que determinada lei municipal estabeleça todos
os requisitos que devem ser cumpridos pelo particular que tenha a intenção de
construir um edifício. Nesse caso, se o particular apresentar toda a
documentação necessária e cumprir todos os requisitos legais, a Administração
não possui outra alternativa a não ser conceder a licença para o particular
construir, por ser um direito subjetivo deste.
Como a Administração não possui alternativas ou opções (conceder ou
não a licença), já que a lei estabeleceu todos os requisitos necessários à edição
do ato, este é denominado vinculado.
Por outro lado, no ato discricionário a lei apenas estabelece e detalha
os requisitos da competência, forma e finalidade, deixando ao critério da
Administração decidir sobre o motivo e o objeto. Sendo assim, é válido
ressaltar que os requisitos competência, forma e finalidade serão sempre
vinculados (definidos em lei), independentemente de o ato ser discricionário ou
vinculado, o que leva alguns autores a afirmar que a discricionariedade
administrativa nunca será total.

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Esse entendimento foi adotado pela ESAF no concurso público


para o cargo de Analista de Finanças e Controle da Secretaria do
Tesouro Nacional – STN, realizado em 2008, oportunidade na qual a
banca considerou correta a seguinte assertiva: “a discricionariedade
presente num ato administrativo nunca é total, pois, em geral, ao
menos a competência, a forma e a finalidade são elementos definidos
em lei e, portanto, vinculados”.

No ato discricionário a Administração possui alternativas ou opções, e,


dentre elas, irá escolher a que seja mais oportuna e conveniente ao interesse
público.
Exemplo: Suponhamos que o servidor público federal “X” tenha
procurado o Departamento de Recursos Humanos do órgão em que trabalha
para solicitar o parcelamento do seu período de férias, pois deseja usufruir 15
dias em julho e 15 dias em janeiro.
Pergunta: Nesse caso, poderá a Administração Pública recusar-se a
deferir o pedido de parcelamento das férias efetuado pelo servidor?
Sim. O § 3º do artigo 77 da lei 8.112/90 estabelece expressamente que
“as férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim
requeridas pelo servidor e no interesse da administração pública”.
Desse modo, como a Administração pode deferir, ou não, o pedido
efetuado pelo servidor, o ato será discricionário.
Como não poderia ser diferente, a ESAF já elaborou dezenas de
questões abordando as características dos atos administrativos
discricionários e vinculados, portanto, fique atento!

(ESAF/Técnico da Receita Federal SRF/2006) O ato administrativo, - para cuja


prática a Administração desfruta de uma certa margem de liberdade, porque
exige do administrador, por força da maneira como a lei regulou a matéria, que
sofresse as circunstâncias concretas do caso, de tal modo a ser inevitável uma
apreciação subjetiva sua, quanto à melhor maneira de proceder, para dar
correto atendimento à finalidade legal, - classifica-se como sendo
a) complexo.
b) de império.
c) de gestão.
d) vinculado.
e) discricionário.

Gabarito: Letra “e”.

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6.5. ATO SIMPLES, COMPLEXO E COMPOSTO


Ato administrativo simples é aquele que resulta da manifestação de
vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado, sendo irrelevante o
número de agentes que participarão da edição do ato. A edição do ato simples
depende da vontade de um único órgão e independe de aprovações ou
homologações posteriores.
Como exemplos, podemos citar a edição de um parecer sob a
responsabilidade de uma determinada autoridade administrativa, o despacho de
um servidor ou uma decisão proferida por um conselho de contribuintes (neste
caso, apesar de ser composto de vários membros, a decisão é uma só,
representando a vontade da maioria).
Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação
de vontade de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar de ser um
único ato, é necessário que exista um consenso entre diferentes órgãos para
que possa produzir os efeitos desejados.
É possível citar como exemplos os atos normativos editados
conjuntamente, por dois ou mais órgãos, tais como as Portarias Conjuntas
editadas pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Receita Federal
do Brasil (a exemplo da Portaria Conjunta nº 01, de 10 de março de 2009, que
dispõe sobre parcelamento de débitos para com a Fazenda Nacional); editadas
pelos órgãos do Poder Judiciário (a exemplo da Portaria Conjunta 01, de 07
de março de 2007, que regulamenta adicionais e gratificações no âmbito do
Judiciário), entre outras.
Nesse caso, deve ficar bem claro que existe uma manifestação
conjunta de vontade de todos os órgãos envolvidos antes de o ato ser
editado.
Por outro lado, ato administrativo composto é aquele em que apenas
um órgão manifesta a sua vontade, todavia, para que se torne exequível, é
necessário que outro órgão também se manifeste com o objetivo de ratificar,
aprovar, autorizar ou homologar o ato.
Atenção: Lembre-se de que, no ato composto, o seu conteúdo é definido
por apenas um órgão, mas, para que o ato produza os seus efeitos, é
necessária a manifestação de outro ou outros órgãos.
Como exemplo de ato composto, podemos citar a nomeação dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, nas palavras da professora Maria
Sylvia Zanela Di Pietro, teríamos um ato principal (nomeação efetuada pelo
Presidente da República) e outro ato acessório ou secundário (aprovação do
Senado Federal).

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Ao responder às questões de prova, tenha muito cuidado para não


confundir ato complexo e ato composto. Lembre-se sempre de que o ato
complexo depende da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos para
que seja editado. Apesar de ser um único ato, é necessário que exista um
consenso entre diferentes órgãos para que possa produzir os efeitos
desejados, a exemplo do que ocorre em relação ao ato de aposentadoria, que é
editado por vários órgãos e entidades da Administração, mas somente se
aperfeiçoa com o registro no Tribunal de Contas da União - TCU.
De outro lado, ato composto é aquele em que apenas um órgão
manifesta a sua vontade, todavia, para que se torne exequível, é necessário
que outro órgão também se manifeste com o objetivo de ratificar, aprovar,
autorizar ou homologar o ato.
A professora Maria Sylvia Zanela Di Pietro cita como exemplo de ato
composto a nomeação do Procurador-Geral da República, que depende de
prévia aprovação do Senado Federal. Nesse caso, teríamos um ato principal
(nomeação efetuada pelo Presidente da República) e outro ato acessório ou
secundário (aprovação do Senado Federal).
De outro lado, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que o
exemplo de ato composto apresentado pela professora Di Pietro “parece situar-
se entre os atos complexos”.
Para o citado professor, atos complexos são aqueles cuja vontade final
da Administração exige a intervenção de agentes ou órgãos diversos, havendo
certa autonomia, ou conteúdo próprio, em cada uma das manifestações.
Exemplo: a investidura do Ministro do STF se inicia pela escolha do Presidente
da República; passa, após, pela aferição do Senado Federal; e culmina com a
nomeação.
Bem, perceba que o exemplo utilizado pelo professor para demonstrar o
ato complexo realmente é semelhante ao utilizado pela professora Di Pietro
para demonstrar o ato composto.
Atente-se para os dois conceitos ao responder às eventuais questões de
prova!

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: A nomeação do


Procurador-Geral da República, que é precedida de aprovação pelo Senado Federal, é
classificada como um ato administrativo composto (FCC/Técnico Judiciário TRF 4ª
Região/2010). Assertiva considerada correta pela banca examinadora.

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6.6. ATO VÁLIDO, NULO E INEXISTENTE


O ato válido é aquele editado em conformidade com a lei, respeitando-se
todos os requisitos necessários para a sua edição: competência, finalidade,
forma, motivo e objeto.
É importante que você entenda que nem todo ato válido é
necessariamente eficaz. Pode ocorrer de o ato ter sido editado nos termos da
lei, porém, para que possa produzir efeitos, às vezes depende da ocorrência de
um evento futuro e certo (termo) ou futuro e incerto (condição).
Por outro lado, ato nulo é aquele editado com vício insanável em algum
de seus requisitos de validade. Entretanto, apesar de ser nulo, é válido
destacar que o ato produzirá seus efeitos até que o Poder Judiciário ou a
própria Administração Pública estabeleça o contrário. Essa possibilidade decorre
da presunção de legitimidade ou legalidade, um dos atributos do ato
administrativo.
Ato inexistente é aquele que não existe para o direito administrativo,
pois não foi editado por um agente público, mas por alguém que se fez passar
por tal condição.
Exemplo: Imagine que um indivíduo qualquer (que não possui nada para
fazer na vida) esteja “fiscalizando” o comércio na cidade de Montes Claros/MG
apresentando-se como auditor da Secretaria do Estado de Fazenda de Minas
Gerais. Imagine agora que o suposto “servidor” aplique uma multa a um
determinado comerciante, preenchida em um pedaço de guardanapo.
Ora, nesse caso, está claro e evidente que o falso servidor não atua em
nome da Administração e, portanto, não pode editar atos administrativos.
Sendo assim, a Administração não pode ser responsabilizada por eventuais
prejuízos causados a terceiros por esse falso servidor.
Atenção: O professor Hely Lopes Meirelles não concorda com a existência
de atos anuláveis no âmbito do Direito Administrativo, pois entende que, se
os atos foram ilegais, são necessariamente nulos.

6.7. ATO PERFEITO, IMPERFEITO, PENDENTE OU CONSUMADO


Ato administrativo perfeito é aquele que já completou todo o seu ciclo
de formação, superando todas as fases necessárias para a sua produção. A
perfeição do ato refere-se ao processo de elaboração, ao passo que a
validade refere-se à conformidade do ato com a lei.

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Sendo assim, caso o ato administrativo já tenha sido escrito, motivado,


assinado e publicado no Diário Oficial, por exemplo, pode ser considerado
perfeito, pois cumpriu todas as etapas necessárias para a sua formação.
Entretanto, apesar de ser perfeito, o ato pode ser inválido, pois, apesar de ter
concluído as etapas para a sua edição, o ato violou o texto legal.
Em contrapartida, ato administrativo imperfeito é aquele que ainda
não ultrapassou todas suas fases de produção e que, portanto, não pode
produzir efeitos. Trata-se de um ato administrativo incompleto, que ainda
necessita superar alguma formalidade para que possa produzir efeitos.
Ato administrativo pendente é aquele que, embora perfeito (pois já
cumpriu todas as etapas necessárias para a sua edição), ainda não pode
produzir todos os seus efeitos porque está aguardando a ocorrência de um
evento futuro e certo (termo) ou futuro e incerto (condição).
É válido destacar que todo ato pendente é perfeito, pois já encerrou seu
ciclo de produção, mesmo que ainda não possa produzir os efeitos pretendidos.
Contudo, não é correto afirmar que todo ato perfeito é pendente, pois às vezes
o ato já cumpriu todo o seu ciclo de formação e não está aguardando qualquer
termo ou condição.
Ato consumado ou exaurido é aquele que já produziu todos os seus
efeitos, tornando-se definitivo e imodificável, seja no âmbito judicial ou perante
a própria Administração Pública.
Como exemplo de ato consumado, podemos citar uma autorização de
fechamento da rua “Y”, concedida pela Administração municipal, para a
realização de uma festa junina, em 22 de junho. Nesse caso, no dia 23 de
junho, poderá a Administração revogar a autorização? É claro que não, pois o
ato estará consumado, tendo produzido todos os efeitos inicialmente desejados.
No concurso público para o cargo de Especialista em Políticas
Públicas do MPOG, realizado em 2005, a ESAF elaborou uma questão
sobre ato administrativo pendente, nos seguintes termos:

(ESAF/Especialista em Políticas Públicas - MPOG/2005) Na classificação dos


atos administrativos, o ato que está sujeito a condição ou termo para que inicie
a produzir efeitos jurídicos denomina-se:
a) imperfeito
b) pendente
c) condicionado
d) suspensivo
e) resolutivo
Gabarito: Letra “b”.

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7. Espécies de atos administrativos

7.1. Atos normativos


Os atos normativos são aqueles editados com o objetivo de facilitar a
fiel execução das leis, possuindo comandos gerais e abstratos, tais como os
decretos regulamentares, as instruções normativas, os regimentos, entre
outros.
Apesar de possuírem comandos gerais e abstratos (assim como acontece
com as leis), os atos normativos não podem inovar na ordem jurídica,
possuindo como limite o texto da lei que regulamentam.

7.2. Atos ordinatórios


Os atos ordinatórios decorrem do poder hierárquico e têm o objetivo
de disciplinar o funcionamento da Administração, orientando os agentes
públicos subordinados no exercício das funções que desempenham. Os atos
ordinatórios restringem-se ao interior da Administração e somente alcançam
os servidores que estão subordinados à chefia que os expediu.
Como exemplos de atos ordinatórios, podemos citar as ordens de
serviço (que são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras
ou serviços públicos, contendo imposições de caráter administrativo ou
especificações técnicas sobre o modo e a forma de sua realização); as
instruções (que são ordens escritas e gerais a respeito do modo e da forma de
execução de determinada atividade ou serviço público, expedidas pelo superior
hierárquico com o objetivo de orientar os seus subordinados), as circulares
(que visam à uniformização do desempenho de determinada atividade perante
os agentes administrativos), entre outros.

7.3. Atos negociais


Atos administrativos negociais são aqueles pelos quais a
Administração faculta aos particulares o exercício de determinada atividade,
desde que atendidas as condições estabelecidas pelo próprio Poder Público.
Os atos negociais possuem um conteúdo tipicamente negocial, pois
representam o interesse convergente da Administração e do administrado,
porém, não podem ser caracterizados como contratos administrativos (já
que os atos negociais são unilaterais) e não gozam dos atributos da
imperatividade e autoexecutoriedade.

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Para exemplificar, podemos citar as licenças, as autorizações, as


permissões, as aprovações, as dispensas, etc.
Os atos negociais, nas palavras dos professores Marcelo Alexandrino e
Vicente Paulo, podem ser vinculados ou discricionários e definitivos ou
precários.
Os atos negociais vinculados são aqueles em que existe um direito do
particular à sua obtenção. Uma vez atendidos pelo particular os requisitos
previstos em lei para a obtenção do ato, não cabe à Administração escolha: o
ato terá que ser praticado conforme o requerimento do particular, em que faça
prova do atendimento dos requisitos legais.
Os atos negociais discricionários são aqueles que podem, ou não, ser
praticados pela Administração, conforme seu juízo de oportunidade e
conveniência. Assim, mesmo que o particular tenha atendido às exigências da
lei necessárias ao requerimento da prática do ato, essa poderá ser negada pela
Administração. Não existe um direito do administrado à prática do ato negocial
discricionário; esta depende sempre do juízo de oportunidade e conveniência,
privativo da Administração.
Os atos ditos precários são atos em que predomina o interesse do
particular. Já sabemos que a Administração somente pode agir em prol do
interesse público e que este é a finalidade de qualquer ato administrativo,
requisito sem o qual o ato é nulo. Ocorre que há atos nos quais, ao lado do
interesse público tutelado, existe interesse do particular, o qual, normalmente,
é quem provoca a Administração para a obtenção do ato.
Os atos precários resultam de uma liberdade da Administração e, por isso,
não geram direito adquirido para o particular e podem ser revogados a qualquer
tempo, pela Administração, inexistindo, de regra, direito à indenização para o
particular.
Os atos definitivos embasam-se num direito individual do requerente.
São atos em que visivelmente predomina o interesse da Administração. Tal não
significa que não possam ser revogados. Embora a revogação desses atos não
seja inteiramente livre, a ocorrência de interesse público superveniente autoriza
sua revogação por haver ele se tornado inoportuno ou inconveniente, salvo na
hipótese de o ato haver gerado direito adquirido para seu destinatário. Poderá
surgir direito de indenização ao particular que tenha sofrido prejuízo com a
revogação do ato.
Nas questões de concursos públicos, as três espécies de atos negociais
mais cobradas são a licença, a autorização e a permissão.

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1ª) Licença: trata-se de um ato vinculado e que será editado em


caráter definitivo, pois, enquanto o destinatário estiver cumprindo as condições
estabelecidas na lei, o ato deverá ser mantido. Após cumpridos os requisitos
legais, o particular possui direito subjetivo à sua edição.
Como exemplos, podemos citar a licença para o exercício de uma
determinada profissão, a licença para construir, a licença para dirigir, etc.
2ª) Autorização: trata-se de ato discricionário e precário, em que,
quase sempre, prevalece o interesse do particular. Podem ser revogados pela
Administração a qualquer tempo, sem que, em regra, exista a necessidade de
indenização ao administrado.
A professora Maria Silvia Zanella di Pietro entende que, no direito
brasileiro, a autorização administrativa pode ser estudada em várias acepções:
a) Como ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração faculta
ao particular o desempenho de atividade que, sem esse consentimento, seria
ilegal, tal como acontece na autorização para porte de arma de fogo (artigo 6º
da Lei 9.437/97);
b) Como ato unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público faculta ao
particular o uso privativo de bem público, a título precário, a exemplo da
autorização concedida para o bloqueio de uma rua para a realização de festa
junina;
c) Como ato unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público delega ao
particular a exploração de serviço público, a título precário, como acontece na
autorização para a exploração do serviço de táxi.
3ª) Permissão: Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, trata-se de
ato discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a
execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos,
a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela
Administração.
Como se trata de ato precário, poderá ser revogada sempre que existir
interesse público, ressalvado o direito à indenização ao particular quando a
permissão for onerosa ou concedida a prazo determinado.

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Para responder às questões de prova, fique atento às diferenças conceituais


entre “licença” e “autorização”, pois o tema é constantemente exigido em provas.
No concurso público para o cargo de Analista em Planejamento do MPOG, por
exemplo, realizado em 2009, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva: “Licença
é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta
àquele que preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade”.

O tema também já foi abordado pela Fundação Carlos Chagas em


suas provas, conforme se observa na questão abaixo:

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Licença é ato


administrativo unilateral e vinculado, enquanto autorização é ato administrativo
unilateral e discricionário (FCC/Analista Judiciário TRE RN/2011).
Assertiva considerada correta pela banca.

7.4. Atos enunciativos


Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, atos administrativos
enunciativos “são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou
atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se
vincular ao seu enunciado. Dentre os atos mais comuns dessa espécie,
merecem atenção as certidões, os atestados e os pareceres administrativos”.
1º) Certidão: é a declaração por escrito da Administração sobre um fato
ou evento que consta em seus bancos de dados. Como exemplo, podemos citar
a certidão negativa de débitos tributários, que deve ser expedida pela
Administração Fazendária no prazo máximo de 10 dias, contados da data da
entrega do requerimento no órgão.
2º) Atestado: é a declaração da Administração a respeito de um fato ou
acontecimento de que teve conhecimento no exercício da atividade
administrativa, mesmo que não constante em livros, papéis ou documentos
que estejam na sua posse.
Como exemplo, podemos citar um atestado médico editado por uma junta
médica oficial declarando que o servidor não está momentaneamente apto ao
exercício de suas funções.
3º) Pareceres: são manifestações de órgãos técnicos através do quais a
Administração apresenta a sua opinião sobre algum assunto levado à sua
consideração.

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Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, o parecer pode ser normativo


ou técnico:
a) Parecer normativo: é aquele que, ao ser aprovado pela autoridade
competente, é convertido em norma de procedimento interno, tornando-se
impositivo e vinculante para todos os órgãos hierarquizados à autoridade que o
aprovou. Tal parecer, para o caso que o propiciou, é ato individual e concreto;
para os casos futuros, é ato geral e normativo.
b) Parecer técnico: é o que provém de órgão ou agente especializado
na matéria, não podendo ser contrariado por leigo ou, mesmo, por superior
hierárquico. Nessa modalidade de parecer ou julgamento não prevalece a
hierarquia administrativa, pois não há subordinação no campo da técnica.
Os atos enunciativos são meros atos administrativos, portanto, não
produzem efeitos jurídicos. Sendo assim, alguns autores até afirmam que os
atos enunciativos não seriam atos administrativos, portanto, é necessário ficar
atento ao responder às questões de prova.

7.5. Atos punitivos


Os atos punitivos são aqueles que contêm uma sanção imposta pela
Administração aos seus agentes públicos ou particulares que praticarem
atos ou condutas irregulares, violando os preceitos administrativos.
Os atos punitivos são consequência do exercício do poder disciplinar
(no caso de sanções aplicadas aos agentes públicos ou particulares que tenham
algum vínculo com o Poder Público) ou do poder de polícia (nos casos de
sanções aplicadas aos particulares, mesmo que não mantenham qualquer
vínculo com a Administração), a exemplo das multas, interdição de
estabelecimentos violadores das normas administrativas, destruição de
produtos apreendidos, etc.

8. Extinção dos atos administrativos

Todo ato administrativo, após ter sido editado, deve necessariamente ser
respeitado e cumprido, pois goza do atributo da presunção de legitimidade,
que lhe assegura a produção de efeitos jurídicos até posterior manifestação da
Administração Pública ou do Poder Judiciário em sentido contrário.

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Apesar disso, deve ficar claro que os atos administrativos não são
eternos, já que podem ser extintos após a sua edição em virtude da
constatação de ilegalidade (anulação), em razão de conveniência ou
oportunidade da Administração (revogação) ou, simplesmente, em virtude de
seu destinatário ter deixado de cumprir os requisitos previstos em lei
(cassação).
Professor, as hipóteses citadas são as únicas que podem ensejar a
extinção do ato administrativo?
Não. Cassação, revogação e anulação são as principais para fins de
concursos públicos, mas existem várias outras, conforme estudaremos na
sequência.

8.1. Anulação ou invalidação


Quando o ato administrativo é praticado em desacordo com o
ordenamento jurídico vigente, é considerado ilegal. Assim, deve ser anulado
pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de
ofício ou mediante provocação).
A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos
(ex tunc), isto é, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua
edição (como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos.
Esse é o teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal ao afirmar que
a “Administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos”.
Sendo assim, é necessário ficar bem claro que os atos ilegais não
originam direitos para os seus destinatários. Entretanto, devem ser
preservados os efeitos já produzidos em face de terceiros de boa-fé (que não
têm nenhuma relação com o ato nulo).
Exemplo: os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino citam o
caso de um servidor cujo ingresso no serviço público decorre de um ato nulo (a
nomeação ou a posse contém vício insanável). Imagine-se que esse servidor
emita uma certidão negativa de tributos para João e, no dia seguinte, seja ele
exonerado em decorrência da nulidade de seu vínculo com a Administração. Os
efeitos dos atos praticados entre ele e a Administração devem ser desfeitos.
Mas João, que obteve a certidão, é um terceiro, portanto, sua certidão é válida.

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No concurso para o plano de cargos do Ministério da Fazenda, realizado


em 2013, a ESAF considerou o seguinte enunciado correto: “a supressão
retroativa da ilegalidade de um ato administrativo retroage à data em que este
foi praticado”.

Grave bem as informações abaixo sobre a anulação dos atos


administrativos, pois, assim, você jamais errará uma questão em prova sobre o
tema:
1ª) A anulação é consequência de uma ilegalidade, de um ato que foi
editado contrariamente ao direito;
2ª) A anulação de um ato administrativo pode ser feita pelo Poder
Judiciário, quando for provocado pelo interessado, ou pela própria
Administração, de ofício ou também mediante provocação do
interessado;
3ª) A anulação possui efeitos retroativos (ex tunc) , ou seja, deixa de
produzir efeitos jurídicos desde o momento de sua edição (como se nunca
tivesse existido);
4ª) A anulação não desfaz os efeitos jurídicos já produzidos perante
terceiros de boa-fé.

Para responder às questões do CESPE: O direito de a administração anular


os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
expira em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé (Analista Judiciário/TRT 17.ª 2009/CESPE). Assertiva
considerada correta.

É importante esclarecer que alguns autores, a exemplo da professora


Maria Sylvia Zanella di Pietro, costumam utilizar a expressão “invalidação” para
se referir às hipóteses de anulação do ato administrativo. De outro lado,
alguns autores costumam valer-se da expressão “invalidação” como um
gênero, abrangendo tanto as hipóteses de anulação quanto de revogação.

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Em relação às questões da ESAF, constata-se que ora a banca utiliza a


expressão “invalidação” como sinônima de anulação, ora como sinônima de
revogação, portanto, fique atento!

(ESAF/Auditor Fiscal da Receita Federal- SRF/2005) Em relação à


invalidação dos atos administrativos, é incorreto afirmar que
a) a anulação pode se dar mediante provocação do interessado ao Poder
Judiciário.
b) a revogação tem os seus efeitos ex nunc.
c) tratando-se de motivo de conveniência ou oportunidade, a invalidação dar-se-
á por revogação.
d) anulação e revogação podem incidir sobre todos os tipos de ato
administrativo.
e) diante do ato viciado, a anulação é obrigatória para a Administração.

Gabarito: Letra “d”

8.1.1. Prazo decadencial para a anulação


Apesar do dever imposto à Administração Pública de anular os atos
manifestamente ilegais editados pelos seus agentes, destaca-se que a
legislação cuidou-se de fixar um prazo decadencial (que não admite
suspensão ou interrupção) para que isso ocorra, conforme preceitua o art. 54
da Lei 9.784/1999:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.

Assim, podemos concluir que a partir do momento que o ato ilegal é


praticado, passa a ser contado o prazo de cinco anos para que a
Administração Pública possa promover a sua anulação. Ultrapassado o prazo de
cinco anos sem a respectiva anulação, o ato administrativo será
automaticamente convalidado (não poderá mais ser anulado), desde que o seu
destinatário esteja de boa-fé.

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Fique atento ao responder às questões de prova, pois, no julgamento do


recurso especial nº 1.114.938/AL, de relatoria do Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, o Superior Tribunal de Justiça ratificou o entendimento de que
antes da publicação da Lei 9.784/1999 (que ocorreu em 01/02/1999), a
Administração Pública não possuía prazo para a anulação de seus próprios
atos. Todavia, com a publicação da Lei 9.784/1999, foi fixado o prazo
decadencial de 5 (cinco) anos para anulá-los.
Em relação aos atos editados antes da vigência da Lei 9.784/1999, o
Superior Tribunal de Justiça entendeu que a Administração Pública tem o
prazo de 5 anos, contados do início de sua vigência (01/02/1999), para
providenciar a anulação. Caso contrário, não poderá mais anulá-los.

8.1.2. Necessidade de processo administrativo


O atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, conforme se
constata na decisão referente ao julgamento do Agravo Regimental em Agravo
de Instrumento nº 710.085/SP, publicado no DJE em 05/03/2009, é no sentido
de que a anulação de ato administrativo não dispensa a instauração de
processo administrativo prévio, com a observância dos princípios da ampla
defesa e contraditório, principalmente quando os efeitos da anulação
repercutirem no campo de interesses individuais (de particulares).

No julgamento do Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº


710.085/SP, publicado no DJE em 05/03/2009, de relatoria do Min. Ricardo
Lewandowski, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “embora a
Administração esteja autorizada a anular seus próprios atos quando eivados
de vícios que os tornem ilegais (Súmula 473 do STF), não prescinde do
processo administrativo, com obediência aos princípios constitucionais da
ampla defesa e do contraditório”.

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No concurso público para o cargo de Analista de Controle da


Secretaria do Tesouro Nacional, realizado em 2008, a ESAF elaborou
uma questão abordando a necessidade de instauração prévia de
processo administrativo para anulação de ato administrativo:

(ESAF/Analista de Controle - STN/2008) O Diretor-Geral do Departamento


de Vigilância Sanitária de uma cidade brasileira anulou o ato de concessão
de licença de funcionamento de um restaurante ao constatar uma
irregularidade em um dos documentos apresentados para sua obtenção,
existente desde o momento em que foi apresentado. Em relação a essa
situação hipotética, marque a opção correta.
a) Sendo o Diretor-Geral a autoridade competente para a concessão da licença,
apenas uma autoridade superior a ele poderia tê-la anulado.
b) A invalidação da licença tem efeitos ex nunc, ou seja, não retroativos, em
respeito aos atos já dela decorridos até então.
c) Por haver repercussão no campo de interesses individuais, a anulação da licença
deve ser precedida de procedimento em que se garanta o contraditório àquele que
terá modificada sua situação.
d) Ainda que o documento seja novamente apresentado, desta vez regularmente
constituído, não será possível a convalidação da licença anteriormente concedida por
ser absolutamente nula.
e) Tendo sido uma manifestação legítima de controle de mérito da Administração
Pública, avaliados os critérios de conveniência e oportunidade, não é cabível
indenização.
Gabarito: Letra “c”.

8.2. Revogação
A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide
retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo
válido, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser
mais conveniente ou oportuno.
Ao revogar um ato administrativo a Administração Pública está
declarando que uma situação, até então oportuna e conveniente ao interesse
público, não mais existe, o que justifica a extinção do ato.

Um ato ilegal jamais será revogado, mas sim anulado. Da mesma forma, se a
questão de prova afirmar que um ato inconveniente ou inoportuno deve ser anulado,
certamente estará incorreta, pois conveniência e oportunidade estão intimamente
relacionadas com a revogação.

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A revogação de um ato administrativo é consequência direta do juízo de


valor (mérito administrativo) emitido pela Administração Pública, que é a
responsável por definir o que é bom ou ruim para coletividade, naquele
momento. Assim, é vedado ao Poder Judiciário revogar ato administrativo
editado pela Administração.
Atenção: o Poder Judiciário, no exercício de suas funções atípicas,
também pode editar atos administrativos (publicação de um edital de licitação,
por exemplo). Sendo assim, caso interesse público superveniente justifique a
revogação do edital licitatório em momento posterior, o próprio Poder Judiciário
poderá fazê-lo.
Neste caso, o edital estaria sendo revogado pelo próprio Poder Judiciário,
pois ele foi o responsável pela edição do referido ato administrativo. O que não
se admite é que o Poder Judiciário efetue a revogação de atos editados pela
Administração Pública, pois estaria invadindo a seara do mérito
administrativo.
Nos mesmos moldes, quando o Poder Legislativo edita um ato
administrativo no exercício de sua função atípica, também pode efetuar a sua
revogação, sendo proibido ao Poder Judiciário manifestar-se em relação ao
mérito desse ato.
No concurso público para o cargo de Analista de Tecnologia da
Informação da Secretaria de Estado da Fazenda do Ceará, realizado em
2007, a ESAF elaborou uma questão sobre a relação entre revogação e
mérito administrativo:

(ESAF/Analista de Tecnologia da Informação - SEFAZ CE/2007) Assinale


a forma de extinção do ato administrativo motivado pela revisão do
mérito administrativo.
a) Anulação
b) Revogação
c) Cassação
d) Contraposição
e) Caducidade

Resposta: Letra “b”.

Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos “ex tunc”, na


revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa dizer
que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente,
conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos.

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Exemplo: imagine que um determinado servidor público federal esteja


em pleno gozo (no terceiro mês) de licença para tratar de interesses
particulares, que foi deferida pela Administração pelo prazo de 02 anos (artigo
91 da Lei 8.112/90). Neste caso, mesmo restando ainda 21 (vinte e um) meses
para o seu término, a Administração poderá revogá-la a qualquer momento,
desde que presente o interesse público.
Da mesma forma que agiu discricionariamente a Administração no
momento de concessão de licença para tratar de assuntos particulares, nos
termos do artigo 91 da Lei 8.112/90, será discricionária também a revogação
da licença, caso assim justifique o interesse público.
O ato de revogação possuirá efeitos “ex nunc” (para frente), ou seja, o
servidor irá retornar ao trabalho somente após a edição do ato revocatório,
sendo considerado como de efetivo gozo o período de três meses que usufruiu
da licença.
Pergunta: professor, o que preciso saber para não errar nenhuma
questão de prova sobre revogação?
Anote aí:
1º) Que a revogação é consequência da discricionariedade
administrativa (conveniência e oportunidade);
2º) Que os atos inválidos ou ilegais jamais serão revogados, mas sim
anulados;
3º) Que somente a Administração Pública pode revogar os seus próprio
atos administrativos;
4º) Que a revogação produz efeitos ex nunc, enquanto na anulação os
efeitos são ex tunc.

No concurso público para o cargo de Analista da SUSEP, realizado em


2006, a ESAF considerou correto o seguinte enunciado: “A revogação é a
supressão de um ato discricionário, fazendo cessar seus efeitos jurídicos, o que
ocorre quando ele (ato) era legítimo e eficaz”.

Pergunta: professor Fabiano Pereira, é ilimitado o poder conferido à


Administração para revogar os seus atos administrativos?

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Não! Existem alguns atos administrativos que não podem ser revogados,
são eles:
1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos:
suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo de férias a um
servidor e que todo o período já tenha sido gozado. Ora, neste caso, não
há como revogar o ato que concedeu férias ao servidor, pois todos os
efeitos do ato já foram produzidos;
2º) os atos vinculados: se a lei é responsável pela definição de todos os
requisitos do ato administrativo, não é possível que a Administração
efetue a sua revogação com base na conveniência e oportunidade
(condição necessária para a revogação);
3º) os atos que já geraram direitos adquiridos para os
particulares: trata-se de garantia constitucional assegurada
expressamente no inciso XXXVI do artigo 5º da CF/88;
4º) os atos que integram um procedimento, pois, neste caso, a cada
ato praticado surge uma nova etapa, ocorrendo a preclusão de revogação
da anterior.
5º) os denominados meros atos administrativos, pois, neste caso,
os efeitos são estabelecidos diretamente na lei;

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Distingue-se a


anulação do ato administrativo da revogação do ato administrativo porque,
dentre outros fundamentos, a anulação deve ser promovida em caso de vício de
ilegalidade, enquanto a revogação pode se dar por critérios de oportunidade e
conveniência (FCC/Auditor TCE RO/2010). Assertiva considerada correta
pela banca examinadora.

8.3. Cassação
A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude do seu
destinatário ter descumprido os requisitos necessários para a sua
manutenção em vigor. Nesse caso, deve ficar bem claro que o particular,
destinatário do ato, é o único responsável pela sua extinção.

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Exemplo: se a Administração concedeu uma licença para o particular


construir um prédio de 03 (três) andares, mas este construiu um prédio com 05
(cinco) andares, desrespeitou os requisitos inicialmente estabelecidos e,
portanto, o ato será cassado.
No concurso público para o cargo de Analista de Finanças e
Controle da CGU, realizado em 2006, a ESAF elaborou uma questão
abordando o tema “cassação” de ato administrativo:

(ESAF/ Analista de Finanças e Controle - CGU/2006) No âmbito das


teorias relativas à invalidação do ato administrativo, entende-se a
figura da cassação como
a) retirada do ato por razões de conveniência e oportunidade.
b) retirada do ato porque sobreveio norma jurídica que tornou inadmissível
situação anteriormente permitida.
c) retirada do ato porque foi emitido outro ato, com fundamento em
competência diversa daquela que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são
contrapostos aos daquele.
d) retirada do ato porque o destinatário descumpriu condições que deveriam
permanecer atendidas a fim de dar continuidade à situação jurídica.
e) retirada do ato porque fora praticado em desconformidade com a ordem
jurídica.

Gabarito: Letra “d”.

8.4. Outras formas de extinção do ato administrativo


Além das hipóteses de desfazimento do ato administrativo estudadas até
o momento, que dependem da manifestação expressa da Administração ou do
Poder Judiciário, a doutrina majoritária ainda lista as seguintes:
1ª) extinção subjetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do
sujeito destinatário do ato. Por exemplo, se a Administração concedeu ao
servidor uma licença para tratar de assuntos particulares, mas, durante o gozo
da licença, ele faleceu, considera-se extinto o ato, por questões óbvias.

2ª) extinção objetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do


próprio objeto do ato. Exemplo: se o particular possuía permissão para instalar
uma banca de revista em uma praça, mas, posteriormente, a praça foi
destruída para a construção de uma escola, o ato de permissão
consequentemente será extinto.

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3ª) extinção natural: ocorre após o transcurso normal do prazo


inicialmente fixado para a produção dos efeitos do ato. Exemplo: se foi
concedida licença-paternidade a um servidor, o ato será extinto naturalmente
depois de 05 (cinco) dias (que é o prazo legal de gozo da licença).
4ª) caducidade: ocorre quando a edição de lei superveniente à edição
do ato administrativo impede a continuidade de seus efeitos jurídicos. A
professora Maria Sylvia Zanella di Pietro cita como exemplo o caso de um
parque de diversões que possuía permissão para funcionar em uma região da
cidade, mas que, em razão de nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível.
Neste caso, o ato anterior que permitia o funcionamento do parque
naquela região (hoje proibida por lei) deverá ser extinto, pois ocorrerá a
caducidade.
5ª) contraposição: ocorre porque foi emitido ato com fundamento em
competência diversa que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são
contrapostos aos daqueles. É o caso da exoneração de servidor, que tem efeitos
contrapostos ao da nomeação.
6ª) renúncia: neste caso, os efeitos do ato são extintos porque o
próprio beneficiário abriu mão de uma vantagem de que desfrutava.
Agora que você já conhece as hipóteses de extinção do ato
administrativo, fica fácil responder à questão abaixo, cobrada pela
ESAF no concurso público para o cargo de Agente da Fazenda do
Município do Rio de Janeiro, realizado em 2010:

(ESAF/Agente da Fazenda - SMF RJ /2010) Não é hipótese de


extinção do ato administrativo:
a) a revogação.
b) a renúncia.
c) a cassação.
d) a caducidade.
e) a convalidação.

Gabarito: Letra “e”.

9. Convalidação de atos administrativos


Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, “convalidação é o ato
administrativo através do qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com
efeitos retroativos à data em que este foi praticado”.

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Na verdade, a convalidação nada mais é que a “correção” do ato


administrativo portador de defeito sanável de legalidade, com efeitos
retroativos (ex tunc).

A convalidação consiste em instrumento de que se vale a Administração para


aproveitar atos administrativos eivados de vícios sanáveis, confirmando-os no
todo ou em parte.

A lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo Federal) estabelece


expressamente que:
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse
público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1º. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-
se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2º. Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade
administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Distingue-se a


anulação do ato administrativo da revogação do ato administrativo porque,
dentre outros fundamentos, a anulação deve ser promovida em caso de vício de
ilegalidade, enquanto a revogação pode se dar por critérios de oportunidade e
conveniência (FCC/Auditor TCE RO/2010). Assertiva considerada correta
pela banca examinadora.

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Para responder às questões de prova, lembre-se de que a convalidação de


um ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos vícios sanáveis
(hipótese em que o ato administrativo será considerado anulável), isto é,
aqueles detectados nos requisitos “competência” e “forma”.
Se o ato administrativo apresentar vícios insanáveis (a exemplo
daqueles encontrados nos requisitos “finalidade”, “motivo” e “objeto”),
deverá ser necessariamente anulado. Nesse caso, o ato não pode ser
convalidado por ser considerado nulo.
No concurso público para o cargo de Analista Administrativo da
Agência Nacional das Águas, realizado em 2009, a ESAF considerou
incorreta a seguinte assertiva: “Todos os atos administrativos nulos ou
anuláveis são passíveis de convalidação ou saneamento, desde que a
prática do novo ato supra a falta anterior”.

Apesar de não ser entendimento majoritário na doutrina, é importante


destacar que o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que também é
possível convalidar atos com vício no objeto ou conteúdo, mas apenas quando
se tratar de conteúdo plúrimo.
Nesse caso, como a vontade administrativa se preordena a mais de uma
providencia administrativa no mesmo ato, é viável suprimir ou alterar alguma
providência e aproveitar o ato quanto às demais, não atingidas por qualquer
vício.
Fique atento (a), pois, apesar de se tratar de um posicionamento
minoritário, as bancas já estão cobrando esse entendimento. No
concurso para o cargo de Técnico Judiciário do TRE/TO, por exemplo,
realizado em 2011, a Fundação Carlos Chagas considerou incorreta a
seguinte assertiva: “se houver vício no objeto e este for plúrimo, ainda
assim não será possível aproveitá-lo em quaisquer de suas partes
mesmo que nem todas tenham sido atingidas pelo vício”.

Em relação ao requisito “forma”, a convalidação é possível se ela não for


essencial à validade do ato administrativo.

O prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05


(cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente
(automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.

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RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP

1. A Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos: a) atos que são
regidos pelo Direito Público e, consequentemente, denominados de atos
administrativos e b) atos regidos pelo Direito Privado;
2. Fique atento ao conceito de ato administrativo formulado pelo professor
Hely Lopes Meirelles, pois ele é muito cobrado em questões de concursos:
“ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração
Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria.”
3. São elementos ou requisitos do ato administrativo a competência, a
finalidade, a forma, o motivo e o objeto. Os três primeiros são sempre
vinculados e os dois últimos podem ser vinculados ou discricionários;
4. O motivo, que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fato e
de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. O
motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes públicos, dos
administrados ou, ainda, de necessidades da própria Administração, que
justificam ou impõem a edição de um ato administrativo;
5º. Cuidado para não confundir as expressões “motivo” e “motivação”. O
motivo pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que
serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro lado, a
motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo do
ato administrativo;
6. Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo
agente público no momento da edição do ato deve corresponder à realidade,
tem que ser verdadeiro, pois, caso contrário, comprovando o interessado que o
motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que
simplesmente não existe, o ato deverá ser anulado pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário;

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7. Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos


inerentes aos atos administrativos, mas, para responder às questões de provas,
lembre-se da presunção de legitimidade e veracidade, a imperatividade,
a autoexecutoriedade e a tipicidade;
8. Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja,
considera-se editado em conformidade com a lei, alcançando todos os atos
administrativos editados pela Administração, independentemente da espécie ou
classificação;
9. A presunção de legitimidade será sempre juris tantum (relativa), pois é
assegurado ao interessado recorrer à Administração, ou mesmo ao Poder
Judiciário, para que não seja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato,
quando for manifestamente ilegal;
10. A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem
a terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência. Ao
contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não necessita de
previsão em lei, a imperatividade exige expressa autorização legal e não pode
ser aplicada a todos os atos administrativos;
11. A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a
possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos
editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário;
12. Nem sempre os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e o
exemplo mais comum em provas é o das multas. Nesse caso, apesar da
aplicação de a multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o
particular não efetuar o seu pagamento, a Administração somente poderá
recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário, não sendo possível gozar da
autoexecutoriedade;
13. Não existe um consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a
tipicidade como um dos atributos do ato administrativo, mas, como as
bancas examinadoras gostam muito de utilizar o livro da professora Maria
Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que
você o conheça. Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade
como “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras
definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.
14. Para que você possa responder às questões de concursos públicos sem
medo de ser feliz, lembre-se sempre de que um ato ilegal (contrário ao
ordenamento jurídico) deve ser sempre anulado, nunca revogado. Além
disso, lembre-se ainda de que a anulação desse ato ilegal pode ser efetuada

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pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de


ofício ou mediante provocação);
15. A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex
tunc), ou seja, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição
(como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos;
16. A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar,
parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido
e legal, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser
mais conveniente ou oportuno.
17. O Poder Judiciário, no exercício de suas funções atípicas, também pode
editar atos administrativos (publicação de um edital de licitação, por exemplo).
Sendo assim, posteriormente, caso interesse público superveniente justifique a
revogação do edital licitatório, o próprio Poder Judiciário poderá fazê-lo;
18. Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos “ex tunc”, na
revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa dizer
que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente,
conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos;
19. Não podem ser revogados os atos já consumados, que exauriram seus
efeitos; os atos vinculados; os atos que já geraram direitos adquiridos
para os particulares; os atos que integram um procedimento e os
denominados meros atos administrativos;
20. A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude do seu
destinatário ter descumprido os requisitos necessários para a sua
manutenção em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro que o particular,
destinatário do ato, é o único responsável pela sua extinção;
21. A convalidação (correção) de um ato administrativo somente pode ocorrer
em relação aos vícios sanáveis, pois, caso o ato apresente vícios insanáveis,
deverá ser necessariamente anulado.
22. O vício de incompetência admite convalidação, que nesse caso recebe o
nome de ratificação, desde que não se trate de competência outorgada com
exclusividade;
23. Em relação ao requisito “forma”, a convalidação é possível se ela não for
essencial à validade do ato administrativo;
25. O prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05
(cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente
(automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.

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QUESTÕES COMENTADAS - CONCURSO INSS

01. (ESAF∕PECFAZ – Ministério da Fazenda∕2013) Em relação aos Atos


Administrativos, é correto afirmar:
a) a determinação e cumprimento de ato administrativo consistente em
apreensão e destruição de mercadoria imprópria para o consumo está
sujeito à revogação dada a discricionariedade da Administração
Pública.
b) os atos complexos não se compõem de vontades autônomas, embora
múltiplas, havendo na verdade uma só vontade autônoma, ou seja, de
conteúdo próprio.
c) a Exigibilidade é a qualidade que certos atos administrativos têm
para constituir situações de observância obrigatória em relação aos
seus destinatários, independentemente da respectiva concordância ou
aquiescência.
d) a supressão retroativa da ilegalidade de um ato administrativo
retroage à data em que este foi praticado.
e) a Extinção Natural ocorre com o desaparecimento do sujeito que se
beneficiou do ato a exemplo da morte do permissionário em se tratando
de permissão intransferível.

Comentários
a) O cumprimento de ato administrativo consistente em apreensão e destruição
de mercadoria imprópria para o consumo não está sujeito à revogação, por se
tratar de ato consumado (isto é, que já produziu os seus respectivos efeitos).
A propósito, lembre-se de que também não podem ser revogados os atos
vinculados, que geraram direitos adquiridos para os destinatários, que integram
um procedimento administrativo e os denominados meros atos administrativos.
Assertiva incorreta.
b) Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação de
vontade autônoma de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar
de ser um único ato, é necessário que exista consenso entre diferentes
órgãos para que possa produzir os efeitos desejados. É o caso do ato de
concessão de aposentadoria a servidor público, que somente produz todos os
seus efeitos após análise da legalidade pelo Tribunal de Contas. Assertiva
incorreta.
c) A exigibilidade assegura à Administração a prerrogativa de valer-se de
meios indiretos de coerção para obrigar o particular a cumprir uma
determinada obrigação, a exemplo do que ocorre na aplicação de uma multa.
Existindo a possibilidade de aplicação de multa pelo não cumprimento de uma

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obrigação o particular irá “pensar duas vezes” antes de descumpri-la. Por isso
trata-se de um meio indireto de coerção. Nesse caso, o administrado não está
sendo obrigado (compelido) a cumprir a obrigação, mas apenas “pressionado”.
O atributo que impõe a observância obrigatória dos atos administrativos,
independentemente de concordância ou aquiescência, denomina-se
imperatividade. Assertiva incorreta.
d) A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex
tunc), isto é, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição
(como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos. Assertiva correta.
e) A extinção natural do ato ocorre após o transcurso normal do prazo
inicialmente fixado para a produção de seus efeitos. Exemplo: se foi concedida
licença paternidade a servidor, o ato será extinto naturalmente depois de 05
(cinco) dias (que é o prazo legal de gozo da licença). Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra d.

02. (ESAF∕Analista Técnico-Administrativo – Min. Turismo∕2014)


Assinale a opção em que não consta requisito de validade (ou
elemento) do ato administrativo.
a) Competência.
b) Objeto.
c) Executoriedade.
d) Motivo.
e) Finalidade.
Comentários
São requisitos ou elementos do ato administrativo a competência,
finalidade, forma, motivo e objeto. De outro lado, são atributos ou
qualidades a presunção de legitimidade e veracidade, autoexecutoriedade e a
imperatividade.
Gabarito: Letra c.

03. (ESAF∕EPP – MPOG∕2013) Assinale a afirmativa correta.


a) No atual regramento administrativo, não se reconhece convalidação
de atos viciados em razão de decurso de prazo.
b) Comprovada a má-fé, respeitado o devido processo legal, pode a
administração anular ato de concessão de aposentadoria, ainda não
apreciado pelo Tribunal de Contas da União, mesmo que praticado há
mais de cinco anos.

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c) Aplicação da “Teoria da Aparência”, para atribuir responsabilidade à


administração pública, que, por culpa ou dolo, permite que terceiro
pratique atos em seu nome, independe da boa-fé do beneficiado pelo
ato.
d) É vedado ao Poder Judiciário, em sede de controle de ato
administrativo disciplinar, anular penalidade de demissão permitindo
ao administrador aplicação de penalidade menos gravosa, pois a
fixação da penalidade trata-se de mérito administrativo.
e) É vedada a delegação de competência por ato unilateral.

Comentários
a) O prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05
(cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente
(automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.
Assertiva incorreta.
b) O entendimento majoritário é no sentido de que a concessão da
aposentadoria somente se aperfeiçoa com o seu registro no respectivo
Tribunal de Contas. A partir de tal registro é que, em tese, decorre o prazo
decadencial para a Administração Pública promover a sua anulação, se for o
caso.
Todavia, em observância aos princípios da razoabilidade e da segurança
jurídica, firmou-se entendimento de que não é possível a anulação da
concessão da aposentadoria quando estiverem presentes os seguintes
requisitos, de maneira cumulada: (a) transcurso do prazo de 5 (cinco) anos a
partir do pagamento do primeiro benefício; (b) ausência do contraditório e da
ampla defesa no processo administrativo; e (c) não-comprovação da má-fé do
servidor.
Em sentido contrário pode-se concluir, portanto, que se o servidor agiu de má-
fé e foram assegurados o contraditório e ampla defesa no respectivo processo
administrativo, torna-se possível anular o ato de concessão de aposentadoria
mesmo depois de decorridos mais de 5 (cinco) anos. Assertiva correta.
c) Para que um determinado ato seja imputado ao Estado, torna-se
imprescindível que se revista, no mínimo, de aparência de ato jurídico legítimo
e seja praticado por alguém que se deva presumir um agente público (teoria
da aparência). Fora desses casos, o ato não será considerado ato do Estado.
Ademais, exige-se que o terceiro beneficiado pelo ato esteja atuando de boa-fé,
pois, caso contrário, o ato não produzirá os seus efeitos.

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Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que a teoria da aparência “é utilizada por
muitos autores para justificar a validade dos atos praticados por funcionário de
fato; considera-se que o ato do funcionário é ato do órgão e, portanto,
imputável à Administração. A mesma solução não é aplicável à pessoa que
assuma o exercício de função pública por sua própria conta, quer dolosamente
(como o usurpador de função), quer de boa-fé, para desempenhar função em
momentos de emergência, porque nesses casos é evidente a inexistência de
investidura do agente no cargo ou função”. Assertiva incorreta.
d) No julgamento do mandado de segurança nº 13.986∕DF, cujo acórdão foi
publicado em 12∕02∕2010, o Superior Tribunal de Justiça ratificou o
entendimento de que “em face dos princípios da proporcionalidade, dignidade
da pessoa humana e culpabilidade, aplicáveis ao regime jurídico disciplinar, não
há juízo de discricionariedade no ato administrativo que impõe sanção
disciplinar a Servidor Público, razão pela qual o controle jurisdicional é
amplo, de modo a conferir garantia aos servidores públicos contra eventual
excesso administrativo, não se limitando, portanto, somente aos aspectos
formais do procedimento sancionatório”. Assertiva incorreta.
e) O art. 12 da Lei 9.784∕1999 dispõe que “um órgão administrativo e seu
titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial”. De
outro lado, afirma o art. 13 que não podem ser objeto de delegação: a edição
de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos; e as
matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Conforme se percebe, não há impedimento à delegação de competência por ato
unilateral, o que torna incorreta a assertiva.
Gabarito: Letra b.

04. (ESAF∕AFC – Tesouro Nacional∕2013) João, servidor público federal


até o dia 27/12/12, completou 70 (setenta) anos naquela data,
oportunidade em que seus colegas de trabalho, sabendo que João não
possuía nenhum parente próximo, organizaram uma comemoração não
somente pela passagem de seu aniversário, mas em agradecimento a
tantos anos de serviços prestados, já que se encerrava ali o seu vínculo
como servidor ativo da União. No dia 28/12/12, João dirigiu-se ao
trabalho no mesmo horário de sempre e, já sem o crachá de
identificação, argumentou com o vigilante da portaria que iria retirar
seus pertences pessoais. Tratando-se do último dia útil do ano, João
encontrou seus colegas de trabalho muito atarefados e, ainda

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possuindo as senhas de acesso aos sistemas corporativos, não hesitou


em ajudá-los praticando vários atos vinculados em nome da União,
inclusive recebendo documentos e atestando tal recebimento a
terceiros.
Tendo em mente a situação concreta acima narrada, assinale a opção
que contenha a classificação utilizada pelo Direito Administrativo a
pessoas que agem como João, bem como o tratamento dado pela
Administração aos atos por ele praticados.
a) Agente público/revogação.
b) Agente político/anulação.
c) Agente de fato/convalidação.
d) Agente público/convalidação.
e) Agente de fato/ revogação.

Comentários
Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que “’funcionário de fato’ é aquele
cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem a aparência de legalidade”.
Se o indivíduo foi regularmente investido em cargo público, respeitando-
se todos os trâmites legais, será considerado agente (ou funcionário)
público de direito. Todavia, se ocorreu alguma irregularidade durante o seu
provimento ou, ainda, continua praticando atos em nome da Administração
Pública depois de aposentado será denominado agente público (ou
funcionário) de fato.
Analisando-se o exemplo apresentado pela questão, constata-se que no
dia 28∕12∕12 João não podia mais ser considerado servidor público, já que havia
se aposentado no dia anterior. Todavia, como os atos praticados pelos agentes
públicos (ou quem “parece” ter essa condição, como é o caso de João) devem
ser imputados à pessoa jurídica a qual estão vinculados (consequência do
princípio da impessoalidade), não faz sentido anulá-los, ainda que provenientes
de funcionário de fato, pois, juridicamente, quem os praticou foi a própria
União e não o servidor aposentado em si.
Nesse caso, para que o ato praticado por João continue produzindo os
seus efeitos normalmente, basta que fique configurada a boa-fé do beneficiário
e que ocorra a convalidação posterior, mediante a prática de outro ato, pela
autoridade competente, confirmando o anterior.

Gabarito: Letra c.

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05. (ESAF∕Técnico Administrativo – MF∕2012) A correção ou


regularização de determinado ato, desde a origem, de tal sorte que os
efeitos já produzidos passem a ser considerados efeitos válidos, não
passíveis de desconstituição e esse ato permaneça no mundo jurídico
como ato válido, apto a produzir efeitos regulares, denomina-se
a) Contraposição.
b) Convalidação.
c) Revogação.
d) Cassação.
e) Anulação.
Comentários

Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que “convalidação é o ato


administrativo através do qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com
efeitos retroativos à data em que este foi praticado”. Nada mais é do que a
“correção” de outro ato administrativo portador de defeito sanável de
legalidade, com efeitos retroativos (ex tunc).
Se a autoridade B edita ato que, nos termos da lei, é de competência da
autoridade A, estamos diante de vício sanável de legalidade (no requisito
competência). Nesse caso, é possível convalidar o ato editado pela autoridade
B através da edição de outro ato pela autoridade A, corrigindo e ratificando o
conteúdo do primeiro.
Gabarito: Letra b.

06. (ESAF∕Analista Tributário – RFB∕2012) É incorreto afirmar, quanto


ao regime do ato administrativo:
a) a presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com
a lei.
b) a auto-executoriedade é a possibilidade de o ato ser posto em
execução pela própria Administração Pública.
c) a discricionariedade configura a completa liberdade de atuação do
agente público na prática do ato administrativo.
d) a imperatividade é a capacidade do ato de se impor a terceiros
independente de sua concordância.
e) o motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de
fundamento para a prática do ato administrativo.

Comentários

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a) Em virtude de sua presunção de legitimidade, até prova em contrário,


presume-se que os atos administrativos foram emitidos em conformidade com a
lei. Assertiva correta.
b) A autoexecutoriedade garante à Administração Pública a possibilidade
de ir além do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência
da imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido
de garantir que o ato administrativo seja executado, sem necessidade de
autorização do Poder Judiciário. Assertiva correta.
c) A discricionariedade presente num ato administrativo nunca é
completa ou total, pois, em geral, ao menos a competência, a forma e a
finalidade são elementos definidos em lei e, portanto, vinculados. Assertiva
incorreta.
d) É o atributo da imperatividade que permite à Administração, por
exemplo, aplicar multas de trânsito, constituir obrigação tributária que vincule o
particular ao pagamento de imposto de renda, entre outros. Assertiva correta.
e) O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes
públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria
Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo.
Assertiva correta.
Gabarito: Letra c.

07. (ESAF∕Analista Administrativo – DNIT∕2013) São hipóteses de atos


administrativos irrevogáveis, exceto:
a) Atos vinculados.
b) Atos que geraram direitos adquiridos.
c) Atos consumados.
d) Atos administrativos praticados pelo Poder Judiciário.
e) Atos, já preclusos, que integrem procedimento.

Comentários
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que alguns
atos administrativos não podem ser revogados, a saber:
1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos:
suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo de férias a um
servidor e que todo o período já tenha sido gozado. Ora, neste caso, não
há como revogar o ato que concedeu férias ao servidor, pois todos os
efeitos do ato já foram produzidos;

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2º) os atos vinculados: se a lei é responsável pela definição de todos os


requisitos do ato administrativo, não é possível que a Administração
efetue a sua revogação com base na conveniência e oportunidade
(condição necessária para a revogação);
3º) os atos que já geraram direitos adquiridos para os
particulares: trata-se de garantia constitucional assegurada
expressamente no inciso XXXVI do artigo 5º da CF/88;
4º) os atos que integram um procedimento, pois, neste caso, a cada
ato praticado surge uma nova etapa, ocorrendo a preclusão de revogação
da anterior.
5º) os denominados meros atos administrativos, pois, neste caso,
os efeitos são estabelecidos diretamente na lei.
Entretanto, o simples fato de um ato administrativo ter sido editado pelo
Poder Judiciário, no exercício atípico de função administrativa, não o torna
insuscetível de revogação, já que possui as mesmas características dos atos
editados pelos demais poderes.

Gabarito: Letra d.

08. (CESPE/Juiz Substituto – TJMA/2013) Acerca dos atos


administrativos, assinale a opção correta.
a) A administração pública pode revogar os atos por ela praticados por
motivo de conveniência e oportunidade.
b) Os atos praticados por concessionários de serviço público, no
exercício da concessão, não podem ser considerados atos
administrativos, dado que foram produzidos por entes que não
integram a estrutura da administração pública.
c) O silêncio da administração pública importa consentimento tácito.
d) É vedado o controle da legalidade dos atos administrativos pelo
Poder Judiciário.
Comentários

a) Nos termos da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, “a administração


pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Assertiva correta.

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b) Além dos órgãos e entidades que integram a Administração Pública direta e


indireta, também podem editar atos administrativos entidades que estão fora
da Administração, como acontece com os concessionários e permissionários de
serviços públicos, desde que no exercício de funções públicas. Assertiva
incorreta.
c) Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o silêncio não é ato jurídico. Por
isto, evidentemente, não pode ser ato administrativo. Este é uma declaração
jurídica. Quem se absteve de declarar, pois, silenciou, não declarou nada e por
isto não praticou ato administrativo algum. Assertiva incorreta.
d) O Poder Judiciário pode exercer o controle de legalidade de todos os atos
administrativos, inclusive os discricionários. Nesse caso, está autorizado a
anular aqueles que violarem as regras e normas existentes no ordenamento
jurídico. Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra a.

09. (CESPE/Juiz Substituto – TJMA/2013) Ainda acerca dos atos


administrativos, assinale a opção correta.
a) A imperatividade implica na presunção que os atos administrativos
são verdadeiros e estão conformes ao direito, até que se prove o
contrário.
b) Ocorre desvio de poder, e, portanto, invalidade do ato
administrativo, quando o agente público se vale de um ato para
satisfazer finalidade alheia à natureza desse ato.
c) Presunção de legitimidade, imperatividade, exigibilidade e
autoexecutoriedade são pressupostos dos atos administrativos.
d) A exigibilidade, qualidade do ato administrativo, autoriza a
administração pública a compelir materialmente o administrado, sem
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, ao cumprimento da
obrigação a ele imposta.
Comentários

a) A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a


terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência. Os
atributos a que se referem o enunciado são a presunção de veracidade e
legitimidade, respectivamente. Assertiva incorreta.
b) O art. 2º, “e”, da Lei 4.717/1965 (que regular a ação popular), afirma que “o
desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim
diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”.
Assertiva correta.

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c) Presunção de legitimidade e veracidade, imperatividade e


autoexecutoriedade são considerados atributos (características) do ato
administrativo e não pressupostos (elementos). Assertiva incorreta.

d) A exigibilidade assegura à Administração a prerrogativa de valer-se de


meios indiretos de coerção para obrigar o particular a cumprir uma
determinada obrigação, a exemplo do que ocorre na aplicação de uma multa.
Existindo a possibilidade de aplicação de multa pelo não cumprimento de uma
obrigação o particular irá “pensar duas vezes” antes de descumpri-la. Por isso
trata-se de um meio indireto de coerção. Nesse caso, o administrado não está
sendo obrigado (compelido) a cumprir a obrigação, mas apenas “pressionado”.
Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra b.

(CESPE/Analista do MPU/2013) Julgue os itens a seguir, relativos aos


atos administrativos.
10. A revogação do ato administrativo, quando legítima, exclui o dever
da administração pública de indenizar, mesmo que esse ato tenha
afetado o direito de alguém.
Em regra, a revogação de atos administrativos pela Administração Pública
realmente afasta a obrigatoriedade de indenização. Todavia, tal premissa
comporta exceções, a exemplo das situações em que ficarem comprovados
prejuízos financeiros por parte do particular em virtude de revogação
desprovida de motivação idônea. Assertiva incorreta.

11. A autorização é ato administrativo discricionário mediante o qual a


administração pública outorga a alguém o direito de realizar
determinada atividade material.
Trata-se de ato discricionário e precário, em que, quase sempre, prevalece o
interesse do particular. Podem ser revogados pela Administração a qualquer
tempo, sem que, em regra, exista a necessidade de indenização ao
administrado. Assertiva correta.

(CESPE/Técnico do MPU/2013) Acerca do ato administrativo, julgue os


itens seguintes.

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12. Dada a imperatividade, atributo do ato administrativo, devem-se


presumir verdadeiros os fatos declarados em certidão solicitada por
servidor do MPU e emitida por técnico do órgão.
A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a
terceiros, independentemente de concordância ou aquiescência, o que torna a
assertiva incorreta.
É o atributo da presunção de veracidade que assegura que os fatos
declarados na certidão emitida pelo Técnico do MPU são verdadeiros, já que
dotados de fé pública.

13. O ato de nomeação de cinquenta candidatos habilitados em


concurso público classifica-se, quanto a seus destinatários, como ato
administrativo individual ou concreto.
Ato administrativo individual ou concreto é aquele que possui destinatários
determinados ou determináveis, podendo alcançar um ou vários sujeitos, a
exemplo de um decreto de desapropriação, a nomeação de servidores, uma
autorização ou permissão etc.
Para que um ato administrativo seja classificado como individual não interessa
a quantidade de destinatários, mas sim a possibilidade de quantificá-los (definir
a quantidade e conhecer os destinatários). Nesses termos, o ato que nomeia
cinqüenta candidatos aprovados em concurso público é considerado individual,
pois é possível identificar todos os “felizardos”. Assertiva correta.

14. É denominado regulamento executivo o decreto editado pelo chefe


do Poder Executivo federal para regulamentar leis.
O art. 84, IV, da Constituição Federal, dispõe que compete privativamente ao
Presidente da República (chefe do Poder Executivo) “sancionar, promulgar e
fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução”. Eis o denominado regulamento executivo. Assertiva correta.

(CESPE/Analista Judiciário – TJDF/2013) Considere a seguinte situação


hipotética.
15. Um oficial de justiça requereu concessão de férias para o mês de
julho e o chefe da repartição indeferiu o pleito sob a alegação de falta
de pessoal. Na semana seguinte, outro servidor da mesma repartição
requereu o gozo de férias também para o mês de julho, pleito deferido

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pelo mesmo chefe. Nessa situação hipotética, o ato que deferiu as


férias ao servidor está viciado, aplicando-se ao caso a teoria dos
motivos determinantes.
Segundo dispõe a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo
agente público no momento da edição do ato deve corresponder à realidade,
tem que ser verdadeiro, pois, caso contrário, comprovando o interessado que o
motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que
simplesmente não existe, o ato deverá ser anulado pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário.
No exemplo apresentado pela questão, ficou claro que o motivo apresentado
pelo chefe da repartição era falso, tanto é verdade que, posteriormente, foram
concedidas férias para outro servidor. Assertiva correta.

16. Assim como ocorre com os atos legislativos, é possível a


repristinação de ato administrativo, ou seja, a restauração de um ato
administrativo que tenha sido revogado por outro ato.
A repristinação, que nada mais é do que a restauração dos efeitos de lei que se
encontrava revogada, também é possível no âmbito dos atos administrativos,
desde que também venha expressa no ato revogador.
Se o ato B revoga o ato A, por exemplo, este deixa de produzir efeitos. Todavia,
se o ato C posteriormente revoga o ato B, o ato A não será repristinado
automaticamente, salvo se assim dispuser o conteúdo do ato revogador (ato C).
Assertiva correta.

17. A designação de ato administrativo abrange toda atividade


desempenhada pela administração.
Se o objetivo for se referir a toda atividade desempenhada pela Administração
Pública, utiliza-se a expressão “atos da administração”, que abrange os atos
regidos pelo direito público (atos administrativos) e também aqueles regidos
pelo direito privado (doação, por exemplo). Assertiva incorreta.

(CESPE/Advogado – SERPRO/2013) Julgue os itens que se seguem,


relativos aos atos administrativos.
18. O ato eivado de vício ligado ao motivo, elemento do ato
administrativo, é passível de convalidação.

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A convalidação consiste em instrumento de que se vale a Administração Pública


para corrigir atos administrativos eivados de vícios sanáveis, confirmando-os
no todo ou em parte. Todavia, somente os seguintes elementos admitem
convalidação, no entendimento da doutrina majoritária: competência (desde
que não seja exclusiva) e forma (desde que não seja essencial ao ato).
Assertiva incorreta.

19. Os atos administrativos vinculados são passíveis de controle pelo


Poder Judiciário, enquanto que os atos administrativos discricionários
submetem-se apenas ao poder hierárquico da administração pública.
O Poder Judiciário possui a prerrogativa de analisar a legalidade de todos os
atos administrativos, sejam eles vinculados ou discricionários. Todavia, em
relação aos atos discricionários, não poderá se manifestar em relação ao
mérito, campo de atuação reservado ao administrador público, salvo se violar
os princípios da moralidade, razoabilidade e proporcionalidade. Assertiva
incorreta.

(CESPE/Delegado de Polícia – PC BA/2013) Acerca de atos


administrativos, julgue os itens subsequentes.
20. A concessão de licença-maternidade à servidora gestante é ato
administrativo vinculado.
A concessão de licença-maternidade em razão do nascimento do filho ou porque
a data do parto já foi marcada, não pode ser negada pela Administração
Pública. Trata-se de ato vinculado, isto é, a Administração Pública não tem
margem de decisão, pois apenas uma alternativa lhe é apresentada pela lei
diante do pedido formulado pela servidora: a concessão! Assertiva correta.

21. A venda de bens de produção no mercado por sociedade de


economia mista caracteriza a prática de ato administrativo.
Ao comercializar produtos derivados do petróleo no mercado (atividade-fim), a
Petrobras não esta praticando ato administrativo. Nesse caso, a negociação
será regida pelo direito privado, enquanto os atos administrativos são regidos
pelo direito público. Todavia, se a Petrobras estiver executando atividade-meio,
a exemplo da realização de concurso público, licitação etc., teremos a prática
de atos administrativos. Assertiva incorreta.

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22. (FCC/Técnico Judiciário – TRT 9ª Região/2013) A respeito dos atos


administrativos, é correto afirmar que
a) o mérito do ato administrativo corresponde ao juízo de conveniência
e oportunidade presente nos atos discricionários.
b) os atos vinculados comportam juízo de conveniência e oportunidade
pela Administração, que pode revogá-los a qualquer tempo.
c) os atos discricionários não são passíveis de revogação pela
Administração, salvo por vício de legalidade.
d) a discricionariedade corresponde ao juízo de conveniência e
oportunidade presente nos atos vinculados.
e) os atos vinculados são passíveis de anulação pela Administração, de
acordo com juízo de conveniência e oportunidade.
Comentários

a) Para responder às questões de prova, lembre-se de que o mérito


administrativo nada mais é do que a “margem legal” assegurada ao
administrador público para tomar a decisão mais conveniente e oportuna ao
interesse público, dentre as várias alternativas possíveis.
O mérito administrativo somente estará presente nos atos administrativos
discricionários, pois nos atos vinculados a própria lei se encarregou de fixar
previamente todos os requisitos para a respectiva edição, eliminando, assim,
eventuais margens de atuação do agente público. Assertiva correta.
b) Se o ato administrativo é vinculado significa que a lei estabeleceu
previamente todos os requisitos necessários à sua edição. Assim, não pode a
Administração Pública revogá-lo, pois esta hipótese está fundada no juízo de
conveniência e oportunidade administrativa (inerente aos atos discricionários).
Assertiva incorreta.
c) Sempre que um ato administrativo apresentar vício de legalidade, seja ele
vinculado ou discricionário, estará sujeito à anulação e não à revogação.
Assertiva incorreta.
d) No ato vinculado não há discricionariedade (margem de decisão para o
agente público), pois a lei estabeleceu previamente todos os requisitos
necessários à edição (competência, forma, finalidade, motivo e objeto).
Assertiva incorreta.
e) Sendo detectada alguma ilegalidade, os atos administrativos realmente
estão sujeitos à anulação pela Administração Pública. Todavia, trata-se de um
“poder-dever”, não se falando em juízo de conveniência e oportunidade (a
Administração Pública, em regra, está obrigada a anular o ato). Assertiva
incorreta.

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Gabarito: Letra a.

23. (FCC/Juiz Substituto – TJ PE/2013) Considere a seguinte afirmação


quanto a um ato administrativo:

“Nada impede a autoridade competente para a prática de um ato de


motivá-lo mediante remissão aos fundamentos de parecer ou relatório
conclusivo elaborado por autoridade de menor hierarquia. Indiferente
que o parecer a que se remete a decisão também se reporte a outro
parecer: o que importa é que haja a motivação eficiente, controlável a
posteriori.”

Tal afirmação, no contexto do Direito brasileiro, é


a) correta, pois motivar ou não, em todo caso, é faculdade
discricionária da autoridade administrativa.
b) equivocada, pois a Lei Federal sobre processo administrativo veda
que pareceres sejam invocados como motivos suficientes para a prática
de atos.
c) equivocada, pois a Constituição Federal exige a motivação como
elemento a constar textualmente dos atos administrativos.
d) correta, compreendendo a motivação como elemento necessário ao
controle do ato administrativo, porém sem exageros de mera
formalidade.
e) equivocada, pois a Lei Federal sobre processo administrativo exige
que todo ato administrativo seja motivado pela autoridade que o edita.

Comentários

A Lei 9.784/1999, em seu artigo 50, § 1º, dispõe que a motivação deve
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato, o que a
doutrina convencionou chamar de motivação aliunde.
Nesses termos, nada impede que a autoridade competente para proferir a
decisão administrativa opte por fazer remissão aos fundamentos de parecer ou
relatório conclusivo elaborado por autoridade de igual, maior ou menor
hierarquia. O que interessa, no caso em concreto, é o que o ato administrativo
seja efetivamente motivado, permitindo eventuais e futuras impugnações.

Gabarito: Letra d.

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24. (FCC/Promotor de Justiça – MPE AL/2013) Permissionário de


cantina localizada em estádio municipal obteve autorização do
Município para venda de bebidas alcoólicas no seu estabelecimento.
Todavia, sobreveio lei estadual proibindo a venda e o consumo de
bebidas alcoólicas nos estádios de futebol localizados em território
estadual. Dessa nova circunstância decorrerá a
a) anulação da autorização.
b) revogação da autorização.
c) superação da autorização.
d) caducidade da autorização.
e) cassação da autorização.

Comentários
Apesar de ter sido editada autorização (ato administrativo) assegurando
ao particular a prerrogativa de comercializar bebida em estádio municipal,
posteriormente foi publicada lei estadual proibindo tal conduta.
Por ser ato de hierarquia inferior, a autorização deixará de produzir
efeitos em face da lei estadual, já que o conteúdo de ambos os atos normativos
são colidentes. Nesse caso, afirma-se que ocorreu a caducidade da
autorização, que se configura quando lei posterior apresenta conteúdo
conflitante com o de ato administrativo anterior.
Ademais, perceba que não há qualquer referência a uma possível
ilegalidade do ato (que ensejaria a anulação). Também não existe afirmação
de que não seria mais conveniente ou oportuno mantê-lo (fato que motivaria a
revogação). Por último, destaca-se que a cassação somente ocorre quando o
particular beneficiado diretamente pelo ato deixa de cumprir os requisitos
necessários à sua manutenção, o que não se configurou.
Gabarito: Letra d.

25. (FCC/Juiz do Trabalho – TRT 18ª Região/2012) No que diz respeito


ao controle judicial dos atos administrativos, é correto afirmar que,
com base na Teoria dos Motivos Determinantes, o Poder Judiciário
a) não pode invalidar atos administrativos discricionários, salvo quando
identificado desvio de finalidade.
b) não pode invalidar ato administrativo por vício de legalidade, quando
presentes razões de conveniência e oportunidade que justifiquem a sua
edição.

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c) pode invalidar atos administrativos cuja motivação tenha se tornado


insubsistente, alterando, assim, o juízo de conveniência e
oportunidade.
d) pode invalidar ato administrativo discricionário, quando identificada
inexistência ou falsidade do motivo.
e) somente pode invalidar os atos administrativos vinculados se
identificada não correspondência entre as condições fáticas e os
requisitos legais para sua edição.

Comentários

Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo


agente público no momento da edição do ato deve corresponder à realidade,
tem que ser verdadeiro, pois, caso contrário, comprovando o interessado que o
motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que
simplesmente não existiu, o ato deverá ser anulado (invalidado) pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário.
É o que ocorre, por exemplo, quando a autoridade competente indefere o
pedido de férias do servidor A, para o mês de janeiro, sob a alegação de que a
escala do mês já estava fechada. Todavia, no dia seguinte defere o pedido do
servidor B, nas mesmas condições, para usufruir férias no em período idêntico.
Ora, não restam dúvidas de que o motivo “escala fechada” não existia,
portanto, o ato administrativo que indeferiu o pedido de férias do servidor A
para o mês de janeiro poderá ser invalidado perante o Poder Judiciário.
Gabarito: Letra d.

26. (FCC/Auditor Fiscal – Município de São Paulo/2012) O Município


constatou, após transcorrido grande lapso temporal, que concedera
subsídio a empresa que não preenchia os requisitos legais para a
obtenção do benefício. Diante de tal constatação, a autoridade
a) poderá revogar o ato concessório, utilizando a prerrogativa de rever
os próprios atos de acordo com critérios de conveniência e
oportunidade.
b) deverá anular o ato, desde que não transcorrido o prazo decadencial,
com efeitos retroativos à data em que o ato foi emitido.
c) poderá anular o ato, com base em seu poder de autotutela, com
efeitos a partir da anulação.

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d) não poderá revogar ou anular o ato, em face da preclusão


administrativa, devendo buscar a invalidade pela via judicial, desde que
não decorrido o prazo decadencial.
e) deverá convalidar o ato, por razões de interesse público e para
preservação do direito adquirido, exceto se decorrido o prazo
decadencial.

Comentários
Duas informações relevantes devem ser destacadas antes de se fazer a
análise das alternativas:
1ª – Foi concedido subsídio a empresa que não preenchia os requisitos
legais (a concessão foi ilegal);
2ª – A ilegalidade somente foi detectada depois do transcurso de grande
lapso temporal (não foi informado o prazo exato).
Ora, se o ato é ilegal, não restam dúvidas de que deverá ser anulado
pela própria Administração Pública, com efeitos retroativos (desde a data da
edição – ex tunc), no exercício do seu poder de autotutela.
Entretanto, deve-se observar o prazo decadencial imposto à
Administração Pública para promover a anulação. Na esfera federal, por
exemplo, o prazo que a Administração possui para anular os seus atos ilegais é
de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi
tacitamente (automaticamente) convalidado (corrigido), salvo comprovada
má-fé do beneficiário.
Gabarito: Letra b.

27. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE AM/2012) O ato


administrativo vinculado
a) pode ser objeto de controle judicial, quanto aos aspectos de
legalidade, conveniência e oportunidade.
b) pode ser revogado pela Administração, por razões de conveniência e
oportunidade, ressalvados os direitos adquiridos e assegurada a
apreciação judicial.
c) possui todos os elementos definidos em lei e pode ser objeto de
controle de legalidade pelo Judiciário e pela própria Administração.
d) possui objeto, competência e finalidade definidos em lei, cabendo à
Administração a avaliação dos aspectos de conveniência e oportunidade
para sua edição.

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e) pode ser objeto de controle pelo Poder Judiciário em relação aos


elementos definidos em lei, constituindo prerrogativa exclusiva da
Administração a sua revogação por razões de conveniência e
oportunidade.

Comentários
Para Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para
os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização”, ao passo
que “discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade
de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua
oportunidade e de seu modo de realização”.
O ato administrativo possui cinco elementos ou requisitos básicos:
competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Desse modo, sempre que a lei
estabelecer e detalhar esses cinco elementos, não deixando margem ao
agente público acerca da conveniência e oportunidade no momento da
edição do ato, este será vinculado.
Lembre-se sempre de que no ato vinculado o agente público não possui
alternativas ou opções no momento de editar o ato (discricionariedade), pois a
própria lei já definiu o único comportamento possível. Portanto, caso o agente
público desrespeite quaisquer dos requisitos ou elementos previstos pela lei, o
ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.
O ato vinculado não é suscetível de revogação pela Administração Pública,
já que o agente público não emitiu qualquer juízo de valor sobre a conveniência
e oportunidade no momento de sua edição.
Gabarito: Letra c.

28. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE AP/2012) Em relação a


seus próprios atos, a Administração
a) pode anular os atos eivados de vício de legalidade, a qualquer
tempo, vedada a repercussão patrimonial para período anterior à
anulação.
b) pode anulá-los, apenas quando eivados de vício quanto à
competência e revogá-los quando identificado desvio de poder ou de
finalidade.
c) pode anulá-los, por razões de conveniência e opor- tunidade,
observado o prazo prescricional.

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d) não pode anular os atos que gerem direitos para terceiros, exceto se
comprovado fato superveniente ou circunstância não conhecida no
momento de sua edição.
e) pode revogá-los, por razões de conveniência e oportunidade,
preservados os direitos adquiridos.

Comentários
A questão em epígrafe pode ser respondida após uma simples leitura da
Súmula 346 do Supremo Tribunal Federal, que assim dispõe: “a administração
pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
Gabarito: Letra e.

29. (FCC/Auditor TCE RO/2010) Distingue-se a anulação do ato


administrativo da revogação do ato administrativo porque, dentre
outros fundamentos, a anulação
a) só pode ser promovida por ação judicial, enquanto a revogação pode
se dar por meio de processo administrativo.
b) dispensa, tanto quanto a revogação, a instauração de processo
administrativo, ainda que se trate de ato constitutivo de direito.
c) funda-se em critérios de oportunidade e conveniência, exigindo a
instauração de processo administrativo, enquanto a revogação ocorre
por vícios de ilegalidade.
d) destina-se à retirada de atos administrativos discricionários,
enquanto a revogação aplica-se exclusivamente a atos administrativos
vinculados.
e) deve ser promovida em caso de vício de ilegalidade, enquanto a
revogação pode se dar por critérios de oportunidade e conveniência.
Comentários
a) Errado. A anulação de ato administrativo pode ocorrer através de
processo administrativo instaurado no âmbito da Administração Pública ou
por meio de ação judicial proposta perante o Poder Judiciário.
b) Errado. No julgamento do Recurso Especial nº 594.296/MG, de
relatoria do Ministro Menezes de Direito, o Superior Tribunal de Justiça decidiu
que o procedimento administrativo “que importe em anulação ou revogação
de ato administrativo, cuja formalização haja repercutido no âmbito dos

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interesses individuais, deve assegurar aos interessados o exercício da ampla


defesa à luz das cláusulas pétreas constitucionais do contraditório e do devido
processo legal”.
c) Errado. Somente a revogação de ato administrativo funda-se em
critérios de conveniência e oportunidade (discricionariedade administrativa). Por
outro lado, lembre-se de que a anulação sempre decorre de eventual
ilegalidade constatada no ato.
d) Errado. Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas,
lembre-se sempre de que atos administrativos vinculados não podem ser
revogados. Nesse caso, somente se admite a anulação, caso seja constatada
alguma ilegalidade.
e) Correto. Ademais, é importante destacar ainda que a anulação de ato
administrativo ilegal pode ser promovida tanto pela própria Administração
Pública quanto pelo Poder Judiciário.

GABARITO: LETRA E.

30. (FCC/Técnico Judiciário TRE AC/2010) Sobre a anulação do ato


administrativo, considere:
I. A anulação é a declaração de invalidação de um ato administrativo
ilegítimo ou ilegal, feita pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário.
II. Em regra, a anulação dos atos administrativos vigora a partir da
data da anulação, isto é, não tem efeito retroativo.
III. A anulação feita pela Administração depende de provocação do
interessado.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) II.
d) II e III.
e) III.
Comentários
Item I – Correto. A anulação de ato administrativo pode incidir sobre
atos ilegais (contrários à lei) ou atos ilegítimos (contrários aos princípios gerais
do Direito).

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Item II – Errado. Para responder às questões de prova, lembre-se


sempre de que a declaração de invalidação (anulação) produz efeitos
retroativos (ex tunc).
Item III – Errado. A Administração Pública não precisa ser provocada
para anular atos administrativos inválidos, podendo atuar de ofício.

GABARITO: LETRA A.

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RELAÇÃO DE QUESTÕES COMENTADAS – COM GABARITOS

01. (ESAF∕PECFAZ – Ministério da Fazenda∕2013) Em relação aos Atos


Administrativos, é correto afirmar:
a) a determinação e cumprimento de ato administrativo consistente em
apreensão e destruição de mercadoria imprópria para o consumo está
sujeito à revogação dada a discricionariedade da Administração
Pública.
b) os atos complexos não se compõem de vontades autônomas, embora
múltiplas, havendo na verdade uma só vontade autônoma, ou seja, de
conteúdo próprio.
c) a Exigibilidade é a qualidade que certos atos administrativos têm
para constituir situações de observância obrigatória em relação aos
seus destinatários, independentemente da respectiva concordância ou
aquiescência.
d) a supressão retroativa da ilegalidade de um ato administrativo
retroage à data em que este foi praticado.
e) a Extinção Natural ocorre com o desaparecimento do sujeito que se
beneficiou do ato a exemplo da morte do permissionário em se tratando
de permissão intransferível.

02. (ESAF∕Analista Técnico-Administrativo – Min. Turismo∕2014)


Assinale a opção em que não consta requisito de validade (ou
elemento) do ato administrativo.
a) Competência.
b) Objeto.
c) Executoriedade.
d) Motivo.
e) Finalidade.

03. (ESAF∕EPP – MPOG∕2013) Assinale a afirmativa correta.


a) No atual regramento administrativo, não se reconhece convalidação
de atos viciados em razão de decurso de prazo.
b) Comprovada a má-fé, respeitado o devido processo legal, pode a
administração anular ato de concessão de aposentadoria, ainda não
apreciado pelo Tribunal de Contas da União, mesmo que praticado há
mais de cinco anos.

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c) Aplicação da “Teoria da Aparência”, para atribuir responsabilidade à


administração pública, que, por culpa ou dolo, permite que terceiro
pratique atos em seu nome, independe da boa-fé do beneficiado pelo
ato.
d) É vedado ao Poder Judiciário, em sede de controle de ato
administrativo disciplinar, anular penalidade de demissão permitindo
ao administrador aplicação de penalidade menos gravosa, pois a
fixação da penalidade trata-se de mérito administrativo.
e) É vedada a delegação de competência por ato unilateral.

04. (ESAF∕AFC – Tesouro Nacional∕2013) João, servidor público federal


até o dia 27/12/12, completou 70 (setenta) anos naquela data,
oportunidade em que seus colegas de trabalho, sabendo que João não
possuía nenhum parente próximo, organizaram uma comemoração não
somente pela passagem de seu aniversário, mas em agradecimento a
tantos anos de serviços prestados, já que se encerrava ali o seu vínculo
como servidor ativo da União. No dia 28/12/12, João dirigiu-se ao
trabalho no mesmo horário de sempre e, já sem o crachá de
identificação, argumentou com o vigilante da portaria que iria retirar
seus pertences pessoais. Tratando-se do último dia útil do ano, João
encontrou seus colegas de trabalho muito atarefados e, ainda
possuindo as senhas de acesso aos sistemas corporativos, não hesitou
em ajudá-los praticando vários atos vinculados em nome da União,
inclusive recebendo documentos e atestando tal recebimento a
terceiros.
Tendo em mente a situação concreta acima narrada, assinale a opção
que contenha a classificação utilizada pelo Direito Administrativo a
pessoas que agem como João, bem como o tratamento dado pela
Administração aos atos por ele praticados.
a) Agente público/revogação.
b) Agente político/anulação.
c) Agente de fato/convalidação.
d) Agente público/convalidação.
e) Agente de fato/ revogação.

05. (ESAF∕Técnico Administrativo – MF∕2012) A correção ou


regularização de determinado ato, desde a origem, de tal sorte que os
efeitos já produzidos passem a ser considerados efeitos válidos, não
passíveis de desconstituição e esse ato permaneça no mundo jurídico
como ato válido, apto a produzir efeitos regulares, denomina-se

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a) Contraposição.
b) Convalidação.
c) Revogação.
d) Cassação.
e) Anulação.

06. (ESAF∕Analista Tributário – RFB∕2012) É incorreto afirmar, quanto


ao regime do ato administrativo:
a) a presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com
a lei.
b) a auto-executoriedade é a possibilidade de o ato ser posto em
execução pela própria Administração Pública.
c) a discricionariedade configura a completa liberdade de atuação do
agente público na prática do ato administrativo.
d) a imperatividade é a capacidade do ato de se impor a terceiros
independente de sua concordância.
e) o motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de
fundamento para a prática do ato administrativo.

07. (ESAF∕Analista Administrativo – DNIT∕2013) São hipóteses de atos


administrativos irrevogáveis, exceto:
a) Atos vinculados.
b) Atos que geraram direitos adquiridos.
c) Atos consumados.
d) Atos administrativos praticados pelo Poder Judiciário.
e) Atos, já preclusos, que integrem procedimento.

08. (CESPE/Juiz Substituto – TJMA/2013) Acerca dos atos


administrativos, assinale a opção correta.
a) A administração pública pode revogar os atos por ela praticados por
motivo de conveniência e oportunidade.
b) Os atos praticados por concessionários de serviço público, no
exercício da concessão, não podem ser considerados atos
administrativos, dado que foram produzidos por entes que não
integram a estrutura da administração pública.
c) O silêncio da administração pública importa consentimento tácito.
d) É vedado o controle da legalidade dos atos administrativos pelo
Poder Judiciário.

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09. (CESPE/Juiz Substituto – TJMA/2013) Ainda acerca dos atos


administrativos, assinale a opção correta.
a) A imperatividade implica na presunção que os atos administrativos
são verdadeiros e estão conformes ao direito, até que se prove o
contrário.
b) Ocorre desvio de poder, e, portanto, invalidade do ato
administrativo, quando o agente público se vale de um ato para
satisfazer finalidade alheia à natureza desse ato.
c) Presunção de legitimidade, imperatividade, exigibilidade e
autoexecutoriedade são pressupostos dos atos administrativos.
d) A exigibilidade, qualidade do ato administrativo, autoriza a
administração pública a compelir materialmente o administrado, sem
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, ao cumprimento da
obrigação a ele imposta.

(CESPE/Analista do MPU/2013) Julgue os itens a seguir, relativos aos


atos administrativos.
10. A revogação do ato administrativo, quando legítima, exclui o dever
da administração pública de indenizar, mesmo que esse ato tenha
afetado o direito de alguém.
11. A autorização é ato administrativo discricionário mediante o qual a
administração pública outorga a alguém o direito de realizar
determinada atividade material.

(CESPE/Técnico do MPU/2013) Acerca do ato administrativo, julgue os


itens seguintes.
12. Dada a imperatividade, atributo do ato administrativo, devem-se
presumir verdadeiros os fatos declarados em certidão solicitada por
servidor do MPU e emitida por técnico do órgão.
13. O ato de nomeação de cinquenta candidatos habilitados em
concurso público classifica-se, quanto a seus destinatários, como ato
administrativo individual ou concreto.
14. É denominado regulamento executivo o decreto editado pelo chefe
do Poder Executivo federal para regulamentar leis.

(CESPE/Analista Judiciário – TJDF/2013) Considere a seguinte situação


hipotética.

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15. Um oficial de justiça requereu concessão de férias para o mês de


julho e o chefe da repartição indeferiu o pleito sob a alegação de falta
de pessoal. Na semana seguinte, outro servidor da mesma repartição
requereu o gozo de férias também para o mês de julho, pleito deferido
pelo mesmo chefe. Nessa situação hipotética, o ato que deferiu as
férias ao servidor está viciado, aplicando-se ao caso a teoria dos
motivos determinantes.
16. Assim como ocorre com os atos legislativos, é possível a
repristinação de ato administrativo, ou seja, a restauração de um ato
administrativo que tenha sido revogado por outro ato.
17. A designação de ato administrativo abrange toda atividade
desempenhada pela administração.

(CESPE/Advogado – SERPRO/2013) Julgue os itens que se seguem,


relativos aos atos administrativos.
18. O ato eivado de vício ligado ao motivo, elemento do ato
administrativo, é passível de convalidação.
19. Os atos administrativos vinculados são passíveis de controle pelo
Poder Judiciário, enquanto que os atos administrativos discricionários
submetem-se apenas ao poder hierárquico da administração pública.

(CESPE/Delegado de Polícia – PC BA/2013) Acerca de atos


administrativos, julgue os itens subsequentes.
20. A concessão de licença-maternidade à servidora gestante é ato
administrativo vinculado.
21. A venda de bens de produção no mercado por sociedade de
economia mista caracteriza a prática de ato administrativo.

22. (FCC/Técnico Judiciário – TRT 9ª Região/2013) A respeito dos atos


administrativos, é correto afirmar que
a) o mérito do ato administrativo corresponde ao juízo de conveniência
e oportunidade presente nos atos discricionários.
b) os atos vinculados comportam juízo de conveniência e oportunidade
pela Administração, que pode revogá-los a qualquer tempo.
c) os atos discricionários não são passíveis de revogação pela
Administração, salvo por vício de legalidade.

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d) a discricionariedade corresponde ao juízo de conveniência e


oportunidade presente nos atos vinculados.
e) os atos vinculados são passíveis de anulação pela Administração, de
acordo com juízo de conveniência e oportunidade.

23. (FCC/Juiz Substituto – TJ PE/2013) Considere a seguinte afirmação


quanto a um ato administrativo:

“Nada impede a autoridade competente para a prática de um ato de


motivá-lo mediante remissão aos fundamentos de parecer ou relatório
conclusivo elaborado por autoridade de menor hierarquia. Indiferente
que o parecer a que se remete a decisão também se reporte a outro
parecer: o que importa é que haja a motivação eficiente, controlável a
posteriori.”

Tal afirmação, no contexto do Direito brasileiro, é


a) correta, pois motivar ou não, em todo caso, é faculdade
discricionária da autoridade administrativa.
b) equivocada, pois a Lei Federal sobre processo administrativo veda
que pareceres sejam invocados como motivos suficientes para a prática
de atos.
c) equivocada, pois a Constituição Federal exige a motivação como
elemento a constar textualmente dos atos administrativos.
d) correta, compreendendo a motivação como elemento necessário ao
controle do ato administrativo, porém sem exageros de mera
formalidade.
e) equivocada, pois a Lei Federal sobre processo administrativo exige
que todo ato administrativo seja motivado pela autoridade que o edita.

24. (FCC/Promotor de Justiça – MPE AL/2013) Permissionário de


cantina localizada em estádio municipal obteve autorização do
Município para venda de bebidas alcoólicas no seu estabelecimento.
Todavia, sobreveio lei estadual proibindo a venda e o consumo de
bebidas alcoólicas nos estádios de futebol localizados em território
estadual. Dessa nova circunstância decorrerá a
a) anulação da autorização.
b) revogação da autorização.
c) superação da autorização.
d) caducidade da autorização.
e) cassação da autorização.

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25. (FCC/Juiz do Trabalho – TRT 18ª Região/2012) No que diz respeito


ao controle judicial dos atos administrativos, é correto afirmar que,
com base na Teoria dos Motivos Determinantes, o Poder Judiciário
a) não pode invalidar atos administrativos discricionários, salvo quando
identificado desvio de finalidade.
b) não pode invalidar ato administrativo por vício de legalidade, quando
presentes razões de conveniência e oportunidade que justifiquem a sua
edição.
c) pode invalidar atos administrativos cuja motivação tenha se tornado
insubsistente, alterando, assim, o juízo de conveniência e
oportunidade.
d) pode invalidar ato administrativo discricionário, quando identificada
inexistência ou falsidade do motivo.
e) somente pode invalidar os atos administrativos vinculados se
identificada não correspondência entre as condições fáticas e os
requisitos legais para sua edição.

26. (FCC/Auditor Fiscal – Município de São Paulo/2012) O Município


constatou, após transcorrido grande lapso temporal, que concedera
subsídio a empresa que não preenchia os requisitos legais para a
obtenção do benefício. Diante de tal constatação, a autoridade
a) poderá revogar o ato concessório, utilizando a prerrogativa de rever
os próprios atos de acordo com critérios de conveniência e
oportunidade.
b) deverá anular o ato, desde que não transcorrido o prazo decadencial,
com efeitos retroativos à data em que o ato foi emitido.
c) poderá anular o ato, com base em seu poder de autotutela, com
efeitos a partir da anulação.
d) não poderá revogar ou anular o ato, em face da preclusão
administrativa, devendo buscar a invalidade pela via judicial, desde que
não decorrido o prazo decadencial.
e) deverá convalidar o ato, por razões de interesse público e para
preservação do direito adquirido, exceto se decorrido o prazo
decadencial.

27. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE AM/2012) O ato


administrativo vinculado
a) pode ser objeto de controle judicial, quanto aos aspectos de
legalidade, conveniência e oportunidade.

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b) pode ser revogado pela Administração, por razões de conveniência e


oportunidade, ressalvados os direitos adquiridos e assegurada a
apreciação judicial.
c) possui todos os elementos definidos em lei e pode ser objeto de
controle de legalidade pelo Judiciário e pela própria Administração.
d) possui objeto, competência e finalidade definidos em lei, cabendo à
Administração a avaliação dos aspectos de conveniência e oportunidade
para sua edição.
e) pode ser objeto de controle pelo Poder Judiciário em relação aos
elementos definidos em lei, constituindo prerrogativa exclusiva da
Administração a sua revogação por razões de conveniência e
oportunidade.

28. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE AP/2012) Em relação a


seus próprios atos, a Administração
a) pode anular os atos eivados de vício de legalidade, a qualquer
tempo, vedada a repercussão patrimonial para período anterior à
anulação.
b) pode anulá-los, apenas quando eivados de vício quanto à
competência e revogá-los quando identificado desvio de poder ou de
finalidade.
c) pode anulá-los, por razões de conveniência e opor- tunidade,
observado o prazo prescricional.
d) não pode anular os atos que gerem direitos para terceiros, exceto se
comprovado fato superveniente ou circunstância não conhecida no
momento de sua edição.
e) pode revogá-los, por razões de conveniência e oportunidade,
preservados os direitos adquiridos.

29. (FCC/Auditor TCE RO/2010) Distingue-se a anulação do ato


administrativo da revogação do ato administrativo porque, dentre
outros fundamentos, a anulação
a) só pode ser promovida por ação judicial, enquanto a revogação pode
se dar por meio de processo administrativo.
b) dispensa, tanto quanto a revogação, a instauração de processo
administrativo, ainda que se trate de ato constitutivo de direito.
c) funda-se em critérios de oportunidade e conveniência, exigindo a
instauração de processo administrativo, enquanto a revogação ocorre
por vícios de ilegalidade.

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d) destina-se à retirada de atos administrativos discricionários,


enquanto a revogação aplica-se exclusivamente a atos administrativos
vinculados.
e) deve ser promovida em caso de vício de ilegalidade, enquanto a
revogação pode se dar por critérios de oportunidade e conveniência.

30. (FCC/Técnico Judiciário TRE AC/2010) Sobre a anulação do ato


administrativo, considere:
I. A anulação é a declaração de invalidação de um ato administrativo
ilegítimo ou ilegal, feita pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário.
II. Em regra, a anulação dos atos administrativos vigora a partir da
data da anulação, isto é, não tem efeito retroativo.
III. A anulação feita pela Administração depende de provocação do
interessado.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) II.
d) II e III.
e) III.

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GABARITO

01.D 02.C 03.B 04.C 05.B 06.C 07.D 08.A

09.B 10.E 11.C 12.E 13.C 14.C 15.C 16.C

17.E 18.E 19.E 20.C 21.E 22.A 23.D 24.D

25.D 26.B 27.C 28.E 29.E 30.A

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SUMÁRIO – SERVIÇOS PÚBLICOS

1. Considerações iniciais ............................................................. 88

2. Conceito .................................................................................. 89

3. Classificação ........................................................................... 92
3.1. Serviços públicos próprios e impróprios ....................... 92
3.2. Quanto aos destinatários ou à maneira como concorrem para
satisfazer ao interesse geral ............................................... 93
3.3. Quanto ao objeto ......................................................... 94

4. Competência para a prestação de serviços públicos ................ 94

5. Requisitos ou princípios .......................................................... 97

6. Formas e meios de prestação dos serviços públicos ................ 102


6.1. Concessão .................................................................... 104
6.2. Permissão .................................................................... 117
6.3. Autorização .................................................................. 119

7. Revisão de véspera de prova – “RVP”...................................... 122

8. Questões comentadas ............................................................. 125

9. Relação de questões comentadas com gabarito ....................... 141

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1. Considerações iniciais

Se fosse possível resumir as atividades do Estado em uma única


expressão, poderíamos restringi-las a “serviços públicos”. Basicamente, o
Estado tem por obrigação prestar serviços públicos à coletividade, satisfazendo
as necessidades gerais manifestadas pelos indivíduos, isolada ou coletivamente.
O artigo 175 da Constituição Federal de 1988 declara expressamente que
“incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos”.
Conforme se constata no próprio texto constitucional, o Estado poderá
prestar serviços públicos diretamente, através de seus respectivos órgãos
públicos (neste caso teremos a centralização dos serviços), ou
indiretamente, mediante a transferência da execução e/ou titularidade dos
serviços para terceiros. Nesse último caso, o Estado poderá optar por transferir
a titularidade e a execução do serviço para uma entidade da Administração
Indireta (através de outorga), ou somente a execução do serviço a particulares
(delegação), valendo-se da concessão, permissão ou autorização.

(FCC∕Procurador – Município de Cuiabá MT∕2014) Determinado


Município, visando promover prestação mais eficiente de serviço
municipal de coleta de lixo domiciliar, edita lei específica, por meio da
qual cria empresa pública dedicada ao referido serviço, antes praticado
por órgão municipal. No caso, houve
a) concentração de um serviço uti possidetis.
b) desconcentração de um serviço uti universi.
c) descentralização de um serviço uti universi
d) descentralização de um serviço uti singuli.
e) desconcentração de um serviço uti singuli.

Gabarito: Letra d.

A fim de regular e garantir condições mínimas de acesso e qualidade na


prestação dos serviços públicos, o parágrafo único, artigo 175, da CF/88, afirma
que a lei será responsável por disciplinar:

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a) o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços


públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem
como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;
b) os direitos dos usuários;
c) política tarifária;
d) a obrigação de manter serviço adequado.

2. Conceito

Não existe um consenso doutrinário sobre a definição de serviços


públicos, pois o seu conteúdo varia de acordo com o tempo e o espaço no qual
ele seja aplicado. Nem mesmo o texto constitucional ou a lei apresentam uma
conceituação que possa servir de parâmetro para o desenvolvimento de uma
teoria precisa.
Em regra, os principais autores adotam três critérios básicos para definir
o serviço público:
1º - o subjetivo, que considera a pessoa jurídica prestadora da
atividade: o serviço público seria aquele prestado pelo Estado;
2º - o material, que considera a atividade exercida: o serviço público
seria a atividade que tem por objetivo a satisfação de necessidades coletivas;
3º - o formal, que considera o regime jurídico: o serviço público seria
aquele exercido sob regime de direito público derrogatório e exorbitante do
direito comum.
No Brasil, o conceito de serviços públicos é formulado em conformidade
com a corrente adotada por cada doutrinador, e as principais delas são:

1ª) Escola essencialista: Para os adeptos desta corrente, serviço


público é toda atividade que atenda direta e essencialmente à vida em
coletividade. Nesses termos, para que um serviço seja considerado automática
e obrigatoriamente público, basta que estejam presentes algumas
características imprescindíveis. Nesse caso, adota-se o critério material.
Essa corrente não é adotada no Brasil, pois existem alguns serviços que,
apesar de satisfazerem o interesse coletivo, não podem ser considerados
públicos.

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Exemplo: Quando o serviço de saúde é prestado por particulares, não


pode ser considerado público e, portanto, será regido pelas regras do direito
privado.
2ª) Escola subjetivista: Neste caso, para que um serviço seja
considerado público, basta que esteja sendo prestado pelas entidades da
Administração Direta ou Indireta, independentemente da atividade em si. Nesse
caso, adota-se o critério subjetivo, também chamado de critério orgânico.
Como não poderia ser diferente, essa corrente não é adotada no Brasil,
pois sabemos que pessoas jurídicas de direito privado que não integram a
Administração, a exemplo dos delegatários, também podem prestar serviços
públicos. Da mesma forma, existem entidades que integram a Administração
Indireta, mas que não prestam serviços públicos, como acontece com as
empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades
econômicas.
3ª) Escola formalista: Defende o entendimento de que não é possível
definir um serviço como público pela atividade em si, pois existem atividades
essenciais, como a saúde, que quando prestadas por particulares não podem
ser consideradas serviço público. Sendo assim, para que um serviço seja
considerado público, é necessário que a lei ou o texto constitucional o defina
como tal. Essa é a corrente adotada no Brasil (critério formal).
Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, serviço público “é toda
atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime
de direito público, com vista à satisfação de necessidades essenciais e
secundárias da coletividade”.
Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta um conceito mais amplo,
afirmando que pode ser considerado serviço público “toda atividade de
oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos
administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes, sob um
regime de direito público – portanto, consagrador de prerrogativas de
supremacia e de restrições especiais – instituído pelo Estado em favor dos
interesses que houver definido como próprios no sistema normativo”.
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, de forma bastante elucidativa,
apresenta algumas conclusões acerca do conceito de serviço público:
“1. a noção de serviço público não permaneceu estática no tempo; houve
uma ampliação na sua abrangência, para incluir atividades de natureza
comercial, industrial e social;

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2. é o Estado, por meio da lei, que escolhe quais as atividades que, em


determinado momento, são consideradas serviços públicos; no Direito
brasileiro, a própria Constituição faz essa indicação nos artigos 21, incisos
X, XI, XII, XV E XXIII, e 25, § 2o, alterados, respectivamente, pelas
Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995; isso exclui a possibilidade de
distinguir, mediante critérios objetivos, o serviço público da atividade
privada; esta permanecerá como tal enquanto o Estado não assumir como
própria;3. daí outra conclusão: o serviço público varia não só no tempo,
como também no espaço, pois depende da legislação de cada país a maior
ou menor abrangência das atividades definidas como serviços públicos
(...)”
No concurso público para o cargo de Auditor Fiscal da Receita
Federal do Brasil, realizado em 2009, a ESAF elaborou questão
abordando os critérios utilizados para a definição de serviço público,
nos seguintes moldes:

(ESAF/Auditor Fiscal - Receita Federal/2009) "Incumbe ao Poder


Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos". Esta é a previsão do caput do art. 175 da Constituição
Federal. Sobre os serviços públicos, no ordenamento jurídico brasileiro,
analise as assertivas abaixo e assinale a opção correspondente.
( ) Sob o critério formal, serviço público é aquele disciplinado por regime de
direito público.
( ) Segundo o critério material, serviço público é aquele que tem por objeto a
satisfação de necessidades coletivas.
( ) O critério orgânico ou subjetivo classifica o serviço como público pela pessoa
responsável por sua prestação, qual seja, o Estado.
( ) A concessão e a permissão transferem a titularidade de um serviço público a
quem aceitar prestá-lo, mediante licitação.
( ) Enquanto a permissão de serviço público, diante de sua precariedade, ocorre
necessariamente por prazo determinado, a concessão pode ocorrer por prazo
indeterminado.
a) V, F, V, F, F
b) F, V, F, F, V
c) F, F, V, V, F
d) V, V, V, F, V
e) V, V, V, F, F

Gabarito: Letra “e”

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3. Classificação
São várias as classificações de serviços públicos apresentadas pelos
doutrinadores brasileiros. Todavia, como o nosso objetivo é ser aprovado em
um concurso público, iremos focar apenas aquelas que têm sido mais cobradas
em suas provas.

3.1. Serviços públicos próprios e impróprios


A professora Maria Sylvia Zanela di Pietro afirma que serviços públicos
próprios são aqueles que visam à satisfação de necessidades coletivas e que
são executados diretamente pelo Estado (através de seus órgãos e agentes),
a exemplo do Judiciário, ou indiretamente, através de delegação a
particulares (concessionários ou permissionários).
Por outro lado, os serviços públicos impróprios também visam à
satisfação de necessidades coletivas, mas não são executados ou assumidos
pelo Estado, seja direta ou indiretamente. Neste caso, o Estado somente
autoriza, regulamenta e fiscaliza esses serviços. São atividades privadas,
mas, em virtude de atenderem necessidades coletivas, exigem uma maior
atenção por parte do Estado, a exemplo dos serviços de seguro e previdência
privada (incisos I e II, do artigo 192, da CF/1988).

No concurso público para o cargo de Procurador do Distrito Federal,


realizado em 2007, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva: “a
classificação do serviço público como impróprio decorre de que o serviço
prestado, apesar de atendendo a necessidades coletivas, não é executado pelo
Estado, seja direta seja indiretamente, mas tão-somente autorizado,
regulamentado e fiscalizado pelo Poder Público”.

É importante destacar que o professor Hely Lopes Meirelles também adota


a classificação dos serviços púbicos em próprios e impróprios, porém, em
sentido um pouco diferente daquele utilizado pela professora Maria Sylvia
Zanela di Pietro.
Para o saudoso professor, serviços públicos próprios “são aqueles que
se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança,
polícia, higiene e saúde públicas) e para a execução dos quais a Administração
usa de sua supremacia sobre os administrados. Por essa razão só devem ser
prestados por órgãos ou entidades públicas sem delegação aos particulares”.

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Já os serviços públicos impróprios seriam aqueles “que não afetam


substancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem a interesses
comuns de seus membros e por isso a Administração os presta
remuneradamente, por seus órgãos, ou entidades descentralizadas (autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais)
ou delega a sua prestação a concessionários, permissionários ou
autorizatários”.

Para responder às questões de prova: Alguns autores denominam os serviços


públicos próprios como “serviços públicos propriamente estatais”, definindo-os
como aqueles cujo Estado atua no exercício de sua soberania, sendo impossível a
delegação a terceiros (a exemplo do Judiciário). Sendo assim, caso você se depare com
essa expressão em prova, também está correta.

3.2. Quanto aos destinatários ou à maneira como concorrem para


satisfazer ao interesse geral

3.2.1. Serviços gerais ou uti universi


São serviços prestados indiscriminadamente à população, possuindo um
número indeterminado e indetermináveis de usuários. Nesse caso, os serviços
são indivisíveis, não sendo possível mensurar quais são os usuários que estão
sendo beneficiados ou quanto cada usuário está utilizando do serviço prestado.
Pergunta: Qual o montante que você utilizava de iluminação pública, nas
boas épocas de criança, quando brincava de “amarelinha” embaixo da
iluminação do poste em frente a sua casa?
Difícil saber, né! Sendo assim, o serviço de iluminação pública pode ser
considerado uti universi, da mesma forma que o serviço de limpeza urbana,
de policiamento, de conservação de logradouros públicos, etc.

3.2.2. Serviços individuais ou uti singuli


Serviços individuais ou uti singuli são aqueles prestados a uma
quantidade determinada ou determinável de usuários, sendo possível
mensurar quanto cada destinatário está usufruindo, a exemplo do serviço de
coleta domiciliar de lixo, fornecimento de água, telefonia, gás canalizado, etc.
Como é possível perceber, tais serviços são divisíveis e, portanto, podem
ser remunerados mediante a cobrança de taxas (espécie de tributo) ou tarifa

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(preço público), mas nunca por impostos (que normalmente são cobrados
pela prestação de serviços que não podem ser mensuráveis em sua utilização).

3.3. Quanto ao objeto


3.3.1. Serviços administrativos
São aqueles executados pela Administração Pública com o objetivo de
satisfazer as suas necessidades internas ou preparar outros serviços que serão
prestados à coletividade, a exemplo da imprensa oficial.

3.3.2. Serviços comerciais ou industriais


Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, “são os que produzem
renda para quem os presta, mediante a remuneração da utilidade utilizada ou
consumida, remuneração esta que, tecnicamente, se denomina tarifa ou preço
público, por ser sempre fixada pelo Poder Público, quer quando o serviço é
prestado por seus órgãos ou entidades, quer quando por concessionários,
permissionários ou autorizatários”.
Por outro lado, a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que
serviços públicos comerciais ou industriais são aqueles assumidos pelo Estado
como serviço público e que passam a ser de incumbência do poder público.
Declara a autora que “a este não se aplica o artigo 173, mas o artigo 175 da
Constituição, que determina a sua execução direta pelo Estado ou indireta, por
meio de concessão ou permissão; é o caso dos serviços de transportes, energia
elétrica, telecomunicações e outros serviços previstos nos artigos 21, XI e XII, e
25, parágrafo 2º. da Constituição, alterados, respectivamente, pelas Emendas
Constitucionais 8 e 5, de 1995”.

3.3.3. Serviço social


Serviços sociais são aqueles de caráter predominantemente
assistencial, que também são oferecidos pela iniciativa privada, a exemplo da
educação, saúde, meio ambiente, cultura etc.

4. Competência constitucional para a prestação de serviços públicos


A Constituição Federal de 1988 outorgou a todos os entes estatais (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) a prerrogativa de prestar serviços
públicos à coletividade. Entretanto, a fim de evitar conflitos federativos,
estabeleceu em seu texto uma detalhada repartição de competências.

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Sendo assim, é necessário que você conheça os dispositivos


constitucionais que enumeram as competências de cada ente federativo, bem
como entenda as regras sobre a prestação dos respectivos serviços, pois,
assim, você terá condições de resolver as questões sobre outros tópicos.
Os serviços públicos outorgados constitucionalmente à União estão
enumerados taxativamente no artigo 21, a exemplo dos serviços de
telecomunicações, transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros, serviço postal (prestado pelos Correios), exploração de portos
marítimos, fluviais e lacustres, etc.
Aos Municípios, nos termos do artigo 30 da CF/88, foram outorgados
serviços públicos de interesses locais, a exemplo do transporte coletivo
urbano (inciso V), que, em regra, é delegado a particulares; o ensino
fundamental (inciso VI); a promoção da proteção ao patrimônio histórico-
cultural local (inciso IX), entre outros.

No julgamento do AgRg no AREsp 228.049-MG, que ocorreu em 21∕03∕2014, o


Superior Tribunal de Justiça decidiu que “a entrega de carnês de IPTU e ISS pelos
municípios sem a intermediação de terceiros no seu âmbito territorial não
constitui violação do privilégio da União na manutenção do serviço público postal. Isso
porque a notificação, por fazer parte do processo de constituição do crédito tributário,
é ato próprio do sujeito ativo da obrigação, que pode ou não delegar
tal ato ao serviço público postal.

Em relação ao Distrito Federal, é válido esclarecer que serão outorgados


serviços inerentes aos Estados e aos Municípios, já que se trata de um ente
estatal atípico, conforme preceitua o § 2º, artigo 32, da CF/88.
Por último, é importante destacar que aos Estados a Constituição Federal
outorgou competência remanescente ou residual para a prestação de
serviços públicos. Sendo assim, se a prestação do serviço público não é de
competência da União ou dos Municípios, certamente será do Estado. No texto
constitucional, somente encontramos uma competência outorgada aos Estados,
a de “explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação”.
Em relação à competência constitucional atribuída aos Estados, destaca-
se recente decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento
do recurso especial nº 1.306.093-RJ, que ocorreu em 28∕05∕2013:

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DIREITO ADMINISTRATIVO. E AMBIENTAL. REGULAMENTAÇÃO DO ACESSO


A FONTES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA.
É possível que decreto e portaria estaduais disponham sobre a obrigatoriedade de
conexão do usuário à rede pública de água, bem como sobre a vedação ao
abastecimento por poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede
pública de saneamento básico.
Os estados membros da Federação possuem domínio de águas subterrâneas (art.
26, I, da CF), competência para legislar sobre a defesa dos recursos naturais e a
proteção do meio ambiente (art. 24, VI, da CF) e poder de polícia para precaver e
prevenir danos ao meio ambiente (art. 23, VI e XI, da CF).
Assim, a intervenção desses entes sobre o tema não só é permitida como também
imperativa. Vale acrescentar que o inciso II do art. 12 da Lei 9.433/1997 condiciona
a extração de água do subterrâneo à respectiva outorga, o que se justifica pela
notória escassez do bem, considerado como recurso limitado, de domínio público e
de expressivo valor econômico. Nesse contexto, apesar de o art. 45 da Lei
11.445/2007 admitir soluções individuais de abastecimento de água, a interpretação
sistemática do dispositivo não afasta o poder normativo e de polícia dos estados no
que diz respeito ao acesso às fontes de abastecimento de água e à determinação de
conexão obrigatória à rede pública. REsp 1.306.093-RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 28/5/2013 (Informativo nº 525).

ATENÇÃO: As competências para a prestação de serviços públicos, que


acabei de relacionar, são privativas de cada um dos entes estatais (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios). Entretanto, o artigo 23 da CF/88
estabelece um rol de competências comuns, em que deverá existir uma
atuação conjunta e harmônica de todos os entes federativos.
Exemplo: O inciso VI, artigo 23, da CF/1988, estabelece a competência
comum de todos os entes estatais com o objetivo de “proteger o meio
ambiente”. Sendo assim, a atuação da União não exclui a dos Municípios e
Estados, e vice-versa.

(Analista de Controle Externo/TCU ACE 2008/CESPE) Um parlamentar


apresentou projeto de lei ordinária cujos objetivos são regular integralmente e
privatizar a titularidade e a execução dos serviços públicos de sepultamento de
cadáveres humanos, diante da falta de condições materiais de prestação desse
serviço público de forma direta. Aprovado pelo Poder Legislativo, o referido
projeto de lei foi sancionado pelo chefe do Poder Executivo. Com base na
situação hipotética descrita acima, é correto afirmar que o projeto de lei
mencionado no texto é de competência material dos municípios. Assertiva
considerada correta pela banca examinadora.

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No concurso público para o cargo de Analista Judiciário da 18ª


Região, realizado em 2008, a Fundação Carlos Chagas também elaborou
questão sobre o tema:

(Analista Judiciária/TRT 18ª Região 2008/FCC) Explorar diretamente,


ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado; organizar e
prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão os
serviços de transporte coletivo; promover, no que couber, adequado
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
parcelamento e da ocupação do solo urbano, são serviços públicos de
competência, respectivamente,
(A) a União, do Estado e do Município.
(B) do Estado; do Município e do Município.
(C) do Estado; do Estado e do Município.
(D) do Município; do Estado e do Estado.
(E) do Município, do Estado e da União.

Gabarito: Letra B.

5. Requisitos ou princípios

O artigo 6º da Lei 8.987/95 estabelece que toda a prestação de serviço


público deve assegurar aos usuários um serviço adequado, sendo possível
defini-lo como aquele que satisfaça as exigências estabelecidas na lei, nas
normas pertinentes e no respectivo contrato.
Para isso, foram estabelecidos alguns requisitos (denominados por
alguns autores de princípios) que devem ser obrigatoriamente respeitados.
No concurso público para o cargo de Analista de Finanças e
Controle do TCU, realizado em 2009, a ESAF considerou correta a
seguinte assertiva: “ o princípio da mutabilidade do regime de execução
do serviço público autoriza a sua alteração sem que disto decorra
violação ao direito adquirido dos respectivos usuários”.

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(Técnico Judiciário/TRE MG 2009/CESPE) O princípio da mutabilidade do


regime jurídico é aplicável ao serviço público, motivo pelo qual são autorizadas
mudanças no regime de execução do serviço para adaptações ao interesse
público, o que implica ausência de direito adquirido quanto à manutenção de
determinado regime jurídico. Assertiva considerada correta pela banca
examinadora.

5.1. Princípio ou requisito da Continuidade


Este princípio indica que os serviços públicos devem ser prestados de
forma contínua, evitando-se paralisações que possam prejudicar o cotidiano
dos seus destinatários ou até mesmo causar-lhes graves prejuízos.
Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que
os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme
previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/95, em situações excepcionais:
§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso,
quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade.

No concurso público para o cargo de Oficial de Chancelaria do Ministério


das Relações Exteriores, realizado em 2004, a ESAF considerou correta a
seguinte assertiva: “Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua
interrupção, após aviso prévio, por inadimplemento do usuário, considerado o
interesse geral”.

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No concurso para o cargo de Analista de Comércio Exterior do


MDIC, realizado em 2012, a ESAF voltou a abordar o tema, elaborando a
seguinte questão:

(ESAF∕Analista de Comércio Exterior – MDIC∕2012) A impossibilidade de


o particular prestador de serviço público por delegação interromper sua
prestação é restrição que decorre do seguinte princípio:
a) Legalidade.
b) Autotutela.
c) Proporcionalidade.
d) Continuidade do Serviço Público.
e) Moralidade.

Gabarito: Letra d.

5.2. Princípio ou requisito da generalidade


Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, “o princípio da
generalidade apresenta-se com dupla faceta. Significa, de um lado, que os
serviços públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, vale
dizer, deve beneficiar o maior número possível de indivíduos”.
Por outro lado, afirma o eminente professor, “é preciso dar relevo
também ao outro sentido, que é o de serem eles prestados sem discriminação
entre os beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas e
jurídicas para a fruição. Cuida-se da aplicação do princípio da isonomia ou, mais
especificamente, da impessoalidade (art. 37, CF)”.

5.3. Princípio ou requisito da eficiência


O princípio da eficiência impõe à Administração Pública a obrigatoriedade
de se atualizar e valer-se das inovações tecnológicas para garantir um
serviço público de qualidade, sem desperdícios, e de baixo custo.
O próprio texto constitucional, no inciso IV, artigo 175, declara
expressamente a obrigação dos prestadores de serviços públicos manterem um
serviço adequado.

5.4. Princípio ou requisito da modicidade


Em respeito ao princípio da modicidade, os serviços públicos não devem
ser prestados com lucros ou prejuízos, mas sim mediante taxas ou tarifas
justas, que proporcionem a remuneração pelos serviços e garantam o seu
aperfeiçoamento e expansão.

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Apesar de ser possível a exigência de pagamento para a fruição de


serviços públicos, destaca-se que a Constituição Federal assegurou a sua
gratuidade em alguns casos, a exemplo do ensino fundamental (artigo 208, I) e
do transporte coletivo urbano aos maiores de 65 anos (artigo 230).
No julgamento do recurso especial nº 1.339.313-RJ, que ocorreu em
12/6/2013 (divulgado pelo informativo nº 0530), o Superior Tribunal de
Justiça proferiu decisão afirmando que “é legal a cobrança de tarifa de esgoto
na hipótese em que a concessionária realize apenas uma – e não todas – das
quatro etapas em que se desdobra o serviço de esgotamento sanitário (a
coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final de dejetos”.
É bom ficar atento (a) ao teor do acórdão, pois são grandes as chances de
cobrança em prova!
DIREITO ADMINISTRATIVO. TARIFA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO.
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).
É legal a cobrança de tarifa de esgoto na hipótese em que a concessionária
realize apenas uma – e não todas – das quatro etapas em que se desdobra o
serviço de esgotamento sanitário (a coleta, o transporte, o tratamento e a
disposição final de dejetos).
De fato, o art. 3º, I, “b”, da Lei 11.445/2007, ao especificar as atividades
contempladas no conceito de serviço público de esgotamento sanitário, referiu-
se à coleta, ao transporte, ao tratamento e à disposição final de dejetos. Deve-
se ressaltar, contudo, que a legislação em vigor não estabelece que o serviço
público de esgotamento sanitário somente existirá quando todas as etapas forem
efetivadas, tampouco proíbe a cobrança da tarifa pela prestação de uma só ou
de algumas dessas atividades.
Além do mais, o art. 9º do Decreto 7.217/2010, que regulamenta a referida
legislação, confirma a ideia de que o serviço de esgotamento sanitário é formado
por um complexo de atividades, explicitando que qualquer uma delas é
suficiente para, autonomamente, permitir a cobrança da respectiva tarifa:
“Consideram-se serviços públicos de esgotamento sanitário os serviços
constituídos por uma ou mais das seguintes atividades: I - coleta, inclusive
ligação predial, dos esgotos sanitários; II - transporte dos esgotos sanitários; III
- tratamento dos esgotos sanitários; e IV - disposição final dos esgotos
sanitários e dos lodos originários da operação de unidades de tratamento
coletivas ou individuais, inclusive fossas sépticas”.
Além disso, a efetivação de alguma das etapas em que se desdobra o serviço de
esgotamento sanitário representa dispêndio que deve ser devidamente
ressarcido, pois, na prática, entender de forma diferente inviabilizaria a
prestação do serviço pela concessionária, prejudicando toda a população que se
beneficia com a coleta e escoamento dos dejetos, já que a finalidade da
cobrança da tarifa é manter o equilíbrio financeiro do contrato, possibilitando a

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prestação contínua do serviço público. Precedentes citados: REsp 1.330.195-


RJ, Segunda Turma, DJe 4/2/2013; e REsp 1.313.680-RJ, Primeira
Turma, DJe 29/6/2012. REsp 1.339.313-RJ, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 12/6/2013 (Informativo nº 0530).

5.5. Princípio ou requisito da atualidade


O princípio da atualidade exige da Administração Pública e dos
delegatários de serviços públicos uma constante atualização tecnológica dos
instrumentos e técnicas utilizados na execução de suas atividades.
Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “a atualidade significa que
a prestação dos serviços públicos deve acompanhar as modernas técnicas de
oferecimento aos usuários. Ademais, a atualidade exige a utilização de
equipamentos modernos, cuidando-se bem das instalações e de sua
conservação, visando, sempre, à melhoria e à expansão dos serviços públicos”.
No concurso público para o cargo de Analista do MDIC, realizado
em 2002, a ESAF elaborou questão abordando o requisito da atualidade,
nos seguintes termos:

(ESAF/Analista de Comércio Exterior - MDIC/2002) No âmbito do


conceito de serviço público adequado, o requisito referente à
modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua
conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço, denomina-se:
a) atualidade
b) eficiência
c) desempenho
d) efetividade
e) tecnologia

Gabarito: Letra “a”

5.6. Princípio ou requisito da mutabilidade


O princípio da mutabilidade, também denominado de princípio da
flexibilidade dos meios aos fins, permite alterações na execução dos serviços
públicos com o objetivo de adaptá-lo ao interesse público e às possibilidades
financeiras da Administração.
Sendo assim, é incorreto afirmar que existe direito adquirido à
permanência de uma determinada forma de regime de prestação de serviços
públicos, sendo assegurada a revisão ou rescisão unilateral dos contratos
administrativos com o objetivo de adequá-lo ao interesse da coletividade.

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No concurso público para o cargo de Analista de Finanças e Controle do


TCU, realizado em 2009, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva:
“o princípio da mutabilidade do regime de execução do serviço público autoriza a
sua alteração sem que disto decorra violação ao direito adquirido dos respectivos
usuários”.

5.7. Princípio ou requisito da cortesia


O princípio da cortesia que se traduz em bom atendimento e digno
tratamento para com o público na fruição dos serviços públicos. A prestação em
tais condições não é um favor do agente ou da Administração, mas sim uma
obrigação legal.

5.8. Princípio ou requisito da segurança


Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “o serviço público deve ser
prestado aos usuários com segurança, tendo em vista a natureza do serviço.
Nada deve ser menosprezado se puder, por qualquer modo, colocar em risco os
usuários do serviço público ou terceiros ou, ainda, bens públicos e particulares.
Não deve haver qualquer descuido ou omissão, por menor que seja, na
execução dos serviços de manutenção dos equipamentos utilizados na
prestação dos serviços públicos. As falhas devem ser imediatamente corrigidas,
substituindo-se as peças impróprias ou promovendo a renovação do próprio
equipamento”.

6. Formas e meios de prestação dos serviços públicos


O artigo 175 da Constituição Federal de 1988 estabelece que “incumbe ao
poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.
A fim de regular e garantir condições mínimas de acesso e qualidade na
prestação dos serviços públicos, o parágrafo único do artigo 175 da CF/88
afirma que a lei será responsável por disciplinar:
a) o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem
como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;

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b) os direitos dos usuários;


c) política tarifária;
d) a obrigação de manter serviço adequado.

Sendo assim, em cumprimento ao texto constitucional foi editada a Lei


8.987/95, estabelecendo as regras gerais sobre a concessão e permissão de
serviços públicos no âmbito da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. É
importante destacar que a Lei 8.987/95 somente estabelece as regras gerais
sobre concessão e permissão de serviços públicos e, portanto, os demais entes
federativos poderão legislar sobre normas específicas.
Na prestação direta de serviços públicos, a Administração pode optar
pela forma centralizada ou descentralizada. Na forma centralizada, o
próprio ente federativo (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios)
assume a responsabilidade pela execução dos serviços, que poderá ficar sob a
responsabilidade de seus órgãos públicos.

Lembre-se de que a criação de órgãos públicos é fruto da desconcentração


administrativa, e, portanto, eles não possuem personalidade jurídica.

Desse modo, é possível afirmar que o Estado pode prestar serviços


públicos de forma centralizada (diretamente) e desconcentrada (através de
seus órgãos públicos). Como exemplo, podemos citar o serviço judiciário
federal, que é prestado pela União (direta e centralizadamente), mas através
de diversos órgãos públicos integrantes de sua estrutura (juízes federais,
Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça etc.).
No mesmo sentido, o Poder Público pode prestar serviços públicos
diretamente, mas de forma descentralizada. Nesse caso, o serviço será
prestado por entidade integrante da Administração Pública Indireta
(autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista ou empresas
públicas), mediante outorga ou delegação.
Como já estudamos as entidades que integram a Administração Pública
Indireta, iremos agora restringir o nosso estudo aos institutos da concessão,
permissão e autorização.

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6.1. CONCESSÃO
A concessão é a forma mais complexa de delegação de serviços
públicos, geralmente utilizada em atividades que exigem alto investimento
financeiro. Sendo assim, as formalidades para a sua implementação são
diferentes da permissão e, principalmente, da autorização.
A definição de concessão está prevista no próprio texto legal, mais
precisamente no artigo 2º da Lei 8.987/95:
a) Concessão de serviço público: A delegação de sua prestação, feita
pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado.
b) Concessão de serviço público precedida da execução de obra
pública: A construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação
ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado.

Fique atento, pois é muito comum as bancas elaborarem questões diferenciando os


dois conceitos apresentados acima. No concurso público para o cargo de Especialista
em Finanças Públicas do MPOG, por exemplo, realizado em 2008, a banca considerou
correta a seguinte assertiva: “considera-se concessão de serviço público a
delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação,
na modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas”.

A concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra


pública, será formalizada mediante contrato administrativo, sempre se
respeitando os termos da Lei 8.987/95 e as condições editalícias.

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Para responder às questões de prova: As pessoas físicas não podem ser


concessionárias de serviços públicos, mas somente as pessoas jurídicas e consórcios de
empresas, que estarão sujeitos à fiscalização pelo poder concedente responsável pela
delegação (União, Estados, DF e Municípios), com a cooperação dos usuários.

A Lei 9.074/95, em seu art. 2º, estabeleceu a proibição da União,


Estados, Distrito Federal e Municípios executarem obras e serviços públicos por
meio de concessão e permissão de serviço público, sem lei autorizativa
estabelecendo os termos a serem respeitados.
Sendo assim, para que ocorra a execução indireta de serviços públicos,
é necessário antes que uma lei estabeleça quais serão os termos e condições a
serem observados, independentemente do ente federativo. É válido destacar,
porém, que a própria Lei 9.074/95 reservou alguns serviços que poderão ser
prestados sem a necessidade de prévia autorização legal, sendo eles os
serviços:
a) de saneamento básico;
b) de limpeza urbana;
c) e aqueles admitidos na Constituição Federal, nas Constituições
Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios.
Além disso, é importante ressaltar que o próprio artigo 1º da Lei 9.074/95
estabeleceu para a União um rol de serviços e obras públicas que também não
dependem de autorização legislativa prévia para serem prestados através de
concessão ou permissão (se cabível):
a) vias federais, precedidas ou não da execução de obra pública;

b) exploração de obras ou serviços federais de barragens, contenções,


eclusas, diques e irrigações, precedidas ou não da execução de obras
públicas;
c) estações aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso público,
não instalados em área de porto ou aeroporto, precedidos ou não de
obras públicas;
d) os serviços postais.

No concurso público para o cargo de Analista Administrativo do


DNIT, realizado em 2013, a ESAF elaborou questão sobre o tema,
vejamos:

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(ESAF∕Analista Administrativo – DNIT∕2013) Relativamente ao regime


jurídico das concessões de serviço público, podemos afirmar que se
sujeitam ao regime de concessão e, quando couber, de permissão a
execução indireta do seguinte serviço:
a) transporte aquaviário de passageiros, que não seja realizado entre portos
organizados.
b) transporte de pessoas em caráter privativo de organizações públicas ou
privadas, ainda que de forma regular.
c) saneamento básico e limpeza urbana.
d) transporte de cargas pelos meios rodoviário e aquaviário.
e) estações aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso público, não
instalados em área de porto ou aeroporto.

Gabarito: Letra e.

6.1.1. Licitação prévia


Nos termos do artigo 175 da Constituição Federal, as concessões e
permissões de serviços públicos sempre deverão ser precedidas de licitação.
Não existem exceções a essa regra e a modalidade licitatória utilizada nas
concessões será obrigatoriamente a concorrência.
O artigo 14 da Lei 8.987/95 declara expressamente que “toda concessão
de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será objeto
de prévia licitação, nos termos da legislação própria e com observância dos
princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por
critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório”.
Para responder às questões de prova, é importante destacar que o
parágrafo 3º, art. 4º, da Lei 9.491/1997, que altera procedimentos relativos ao
Programa Nacional de Desestatização, permite a utilização da modalidade
leilão nas seguintes espécies de desestatização:
I - alienação de participação societária, inclusive de controle acionário,
preferencialmente mediante a pulverização de ações;
II - alienação, arrendamento, locação, comodato ou cessão de bens e
instalações;
III - dissolução de sociedades ou desativação parcial de seus
empreendimentos, com a conseqüente alienação de seus ativos;
IV - concessão, permissão ou autorização de serviços públicos.

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V - aforamento, remição de foro, permuta, cessão, concessão de direito


real de uso resolúvel e alienação mediante venda de bens imóveis de domínio
da União.
Nesses termos, fique atento para o caput da questão, pois se a
banca fizer referência expressa à Lei 8.987/1995, deverá ser utilizada a
modalidade concorrência. Todavia, se a banca simplesmente estiver se
referindo a uma das hipóteses acima, também poderá ser utilizada a
modalidade leilão.
A possibilidade de adoção da modalidade leilão foi referendada pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mandado de Segurança nº
27.516, de relatoria da Ministra Ellen Gracie, cuja ementa apresento abaixo:

MANDADO DE SEGURANÇA. LINHAS DE SERVIÇO DE TRANSPORTE


RODOVIÁRIO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS. DECRETO
PRESIDENCIAL DE 16 DE JULHO DE 2008. PRIVATIZAÇÃO. DESESTATIZAÇÃO.
ARTIGO 2º, PARÁGRAFO 1º, ALÍNEA B, DA LEI 9.491/97. TRANFERÊNCIA PARA
A INICATIVA PRIVADA DA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE
RESPONSABILIDADE DA UNIÃO. ART. 21, INCISO XII, ALÍNEA E, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POSSIBILIDADE DE DESESTATIZAÇÃO DE SERVIÇOS
PÚBLICOS DE RESPONSABILIDADE DA UNIÃO JÁ EXPLORADOS POR
PARTICULARES. DENEGAÇÃO DA ORDEM.
1. A titularidade dos serviços de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros, nos termos do art. 21, XII, e, da Constituição
Federal, é da União.
2. É possível a desestatização de serviços públicos já explorados por
particulares, de responsabilidade da União, conforme disposto no art. 2º, § 1º,
b, parte final, da Lei 9.491/97.
3. Inexistência de concessão ou de permissão para a utilização de algumas
linhas, além da iminente expiração do prazo de concessão ou permissão de
outras linhas.
4. Existência de decisões judiciais proferidas em ações civis públicas propostas
pelo Ministério Público Federal que determinam a imediata realização de
certames das linhas em operação.
5. Possibilidade de adoção da modalidade leilão no caso em apreço, nos
termos do art. 4º, § 3º, da Lei 9.491/97.
6. Necessidade de observância do devido processo licitatório,
independentemente da modalidade a ser adotada (leilão ou
concorrência).

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As regras específicas que serão observadas no processo licitatório,


mediante concorrência, estão previstas no próprio texto da Lei 8.987/95,
contudo, a Lei geral de Licitações (Lei 8.666/93) poderá ser utilizada
supletivamente.

Na licitação, o poder concedente recusará propostas manifestamente inexequíveis ou


financeiramente incompatíveis com os objetivos da licitação e, em igualdade de
condições, será dada preferência à proposta apresentada por empresa brasileira.

Em relação ao critério de julgamento das propostas, o caput do artigo


15 declara que será considerado um dos seguintes critérios:
1º) o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
2º) a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela
outorga da concessão;
3º) a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos 1, 2 e 7;
4º) melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;
5º) melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor
valor da tarifa do serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;
6º) melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior
oferta pela outorga da concessão com o de melhor técnica;
7º) melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação das
propostas técnicas.

Por último, é importante destacar uma recente mudança introduzida pela


Lei 11.196/05, que incluiu o artigo 18-A no texto da Lei 8.987/95 e que
permitiu a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento, a
exemplo da modalidade pregão, prevista na Lei 10.520/02.
Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de
habilitação e julgamento, hipótese em que:
I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de
lances, será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do
licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das
condições fixadas no edital;

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II - verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será


declarado vencedor;
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os
documentos habilitatórios do licitante com a proposta classificada em
segundo lugar, e assim sucessivamente, até que um licitante classificado
atenda às condições fixadas no edital;
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao
vencedor nas condições técnicas e econômicas por ele ofertadas.

Mesmo com a publicação da Lei 11.196/05, a modalidade licitatória obrigatória para a


concessão de serviços públicos continuou sendo a concorrência. Foi inserida na Lei
8.987/95 somente a possibilidade de inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento (assim como já acontece no pregão).

6.1.2. Intervenção na concessão


Afirma o artigo 32 da Lei 8.987/95 que “o poder concedente poderá
intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do
serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares
e legais pertinentes”.
Além disso, é importante destacar que a intervenção far-se-á por decreto
do poder concedente, que conterá a designação do interventor (a pessoa que
ficará responsável pela intervenção), o prazo e os objetivos e limites da
medida (sem a necessidade de contraditório e ampla defesa).
Após ter sido declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no
prazo de trinta dias, instaurar procedimento administrativo, que deverá ser
concluído no prazo de 180 dias, para comprovar as causas determinantes da
medida e apurar responsabilidades. Nesse caso, deverá ser assegurado o direito
de ampla defesa.
O artigo 34 da Lei 8.987/95 informa que “cessada a intervenção, se não
for extinta a concessão, a administração do serviço será devolvida à
concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que
responderá pelos atos praticados durante a sua gestão”.
No concurso público para o cargo de Procurador da PGFN,
realizado em 2012, a ESAF elaborou questão sobre o tema, nos
seguintes moldes:

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(ESAF∕Procurador – PGFN∕2012) No que se refere à figura da


intervenção prevista no âmbito das concessões e permissões de
serviços públicos, assinale a opção correta.
a) A intervenção tem duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias.
b) Tal instituto é espécie de extinção da concessão ou permissão de
serviço público.
c) Como medida excepcionalíssima, a intervenção far-se-á por lei do
poder concedente.
d) A intervenção não demanda a prévia observância aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.
e) A intervenção demanda a prévia indenização pela assunção dos bens
reversíveis, pelo Poder Público.

Gabarito: Letra d.

6.1.3. Extinção da concessão


A concessão de serviço público é sempre ajustada por prazo certo. Não
existe concessão por prazo indeterminado. Entretanto, durante a vigência
do contrato, podem ocorrer certos acontecimentos ensejadores de sua extinção.
Nesse caso, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis,
direitos e privilégios transferidos ao concessionário, bem como ocorrerá a
imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos
levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
O artigo 35 da Lei 8.987/95 apresenta seis causas que extinguem ou
servem de motivo para a extinção do contrato administrativo referente à
concessão. É importante destacar que essas causas não precisam estar
indicadas no edital de licitação, basta que estejam no contrato de concessão,
pois são cláusulas essenciais.
Independentemente da causa que extinguiu ou serviu de motivo para a
extinção da concessão, será garantido ao concessionário o pagamento de uma
indenização pela parcela não depreciada ou amortizada dos bens reversíveis,
assim considerados os bens adquiridos pelo concessionário para a prestação do
serviço e que, por manterem sua utilidade, passam a ser de propriedade do
poder concedente ao término do contrato, já que os serviços públicos não
podem ser interrompidos.

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(Auditor Interno/AUGE MG 2009/CESPE) As concessões de serviço público


só podem ser outorgadas por prazo determinado. Assertiva considerada
correta.

6.1.3.1. Extinção pelo decurso do prazo


Ocorre a extinção automática da concessão ao término do prazo
estabelecido no contrato. A essa causa de extinção dá-se o nome de reversão.
O professor Diógenes Gasparini informa que, nesse caso, a assunção
independe de qualquer previsão editalícia ou contratual, uma vez que está
expressamente determinada pelo § 2º do artigo 35 da Lei 8.987/95. Contudo,
se o poder concedente não providenciar a retomada do serviço público
concedido, não pode o concessionário, em razão do princípio da continuidade do
serviço público, paralisar a sua execução. Para tanto, deve o concessionário
notificar a Administração Pública concedente com o objetivo de obrigá-la,
dentro de prazo razoável, a retomar o serviço, sob pena de sua consignação em
juízo.
A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização
das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não
amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de
garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.

6.1.3.2. Encampação
O artigo 37 da Lei 8.987/95 considera encampação a retomada do serviço
pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público superveniente, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens
reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados
com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.
A encampação será formalizada mediante decreto expedido pelo Chefe
do Executivo, após a aprovação de lei específica autorizando tal medida e o
respectivo pagamento da indenização devida.

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6.1.3.3. Caducidade
O inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da
concessionária pode ensejar a extinção da concessão antes do termo final
estabelecido no contrato. A essa causa de extinção a própria lei denomina
caducidade.
É de competência da própria Administração, discricionariamente,
verificar se o inadimplemento (que pode ser total ou parcial) é suficiente para
causar, ou não, a extinção da concessão.
A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da
verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo,
assegurado o direito de ampla defesa. Entretanto, antes da instauração do
processo administrativo, deverá ser obrigatoriamente comunicado à
concessionária os possíveis descumprimentos de cláusulas contratuais, sendo
concedido um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas.
Não efetuadas as devidas correções, será então instaurado o processo
administrativo e, após o seu término, a caducidade será declarada por decreto
do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada
no decurso do processo.
Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer
espécie de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou
compromissos com terceiros ou com empregados da concessionária.
A caducidade poderá ser decretada, discricionariamente, quando ocorrer
qualquer uma das seguintes hipóteses (art. 38, § 1º, da Lei 8.987/95):
1ª) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente,
tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores
da qualidade do serviço;
2ª) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições
legais ou regulamentares concernentes à concessão;
3ª) a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto,
ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;
4ª) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou
operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;
5ª) a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações,
nos devidos prazos;
6ª) a concessionária não atender a intimação do poder concedente no
sentido de regularizar a prestação do serviço;

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7ª) a concessionária não atender a intimação do poder concedente para,


em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a
regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993.

No concurso público para o cargo de Procurador do Tribunal de Contas


de Goiás, realizado em 2007, a ESAF considerou correta a seguinte
assertiva: “A inexecução, pela concessionária, do contrato de concessão de
serviço público, por razões imputáveis exclusivamente a ela, autoriza o Poder
Público à declaração de caducidade da concessão”.

6.1.3.4. Rescisão
Nos termos do artigo 39 da Lei 8.987/95, o contrato de concessão
“poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de
descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim”. Nesse caso, os serviços
prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados,
até a decisão judicial transitada em julgado.

6.1.3.5. Anulação
O professor Diógenes Gasparini afirma que “o contrato de concessão de
serviço público, embora prestigiado pelo princípio da presunção de legitimidade
dos atos administrativos, pode ter sido celebrado com vícios que o maculam
irremediavelmente, podendo ser declarados a qualquer tempo, desde que não
prescrito esse direito. Nesses casos, há uma ilegalidade que serve de motivo ao
ato de extinção. O ato da Administração Pública concedente que extingue a
concessão de serviço público em razão de uma ilegalidade é ato administrativo,
comumente chamado de ato de anulação, tal qual o faz o inciso V do artigo 35
da Lei Federal n. 8.897/95”.

6.1.3.6. Falência ou extinção da empresa concessionária e


falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual
Ocorrido esse fato previsto no inciso VI, artigo 35, da Lei 8.987/95, resta
evidente que se torna inviável a continuidade de execução do contrato. Sendo
assim, extinta a concessão, o serviço retorna ao poder concedente a fim de que
seja realizada uma nova concessão.

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As bancas têm o hábito de elaborar muitas questões em prova


sobre as causas que extinguem ou podem ensejar a extinção da
concessão, portanto, estude-as com bastante carinho para a prova.

(ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho - MTE/2010) Naquilo que diz respeito


à extinção do contrato de concessão de serviço público, correlacione as
colunas abaixo e assinale a opção que contemple a correlação correta.
(1) Retomada do serviço, por motivo de interesse público.
(2) Retomada do serviço, por inexecução total ou parcial do contrato por parte
da concessionária.
(3) Extinção do contrato, por descumprimento de normas contratuais pelo
concedente.
( ) caducidade;
( ) encampação;
( ) rescisão.
a) 3 / 1 / 2
b) 2 / 3 / 1
c) 1 / 2 / 3
d) 2 / 1 / 3
e) 3 / 2 / 1

Gabarito: Letra “d”

6.1.4. SUBCONCESSÃO
Da mesma forma que acontece nos contratos administrativos em geral, as
concessões de serviços públicos são celebradas intuitu personae, ou seja, a
concessionária é declarada vencedora da licitação não somente pelo fato de ter
apresentado a proposta mais vantajosa aos interesses da Administração, mas
também por ter comprovado que possui efetivamente condições de cumprir os
termos da proposta apresentada.
Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-
lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos
usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente
exclua ou atenue essa responsabilidade.
Sendo assim, para que ocorra uma subconcessão, é imprescindível que
exista expressa autorização do poder concedente. Ademais, a outorga de
subconcessão será sempre precedida de concorrência.

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(Analista – Especialização/SERPRO 2008/CESPE) No contrato de


concessão, é permitida a subconcessão, desde que prevista no contrato,
autorizada pelo poder concedente e precedida de concorrência. Assertiva
considerada correta pela banca examinadora.

Apesar de a Lei 8.987/95 estabelecer a possibilidade de subconcessão


somente em caráter excepcional, é importante esclarecer que a concessionária
poderá contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes,
acessórias ou complementares ao serviço concedido, bem como a
implementação de projetos associados.
Os referidos contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros
reger-se-ão pelo Direito privado, não se estabelecendo qualquer relação
jurídica entre os terceiros e o poder concedente.
Explica o professor Diógenes Gasparini que não é a subconcessão uma
nova concessão, ainda que essa lei prescreva, dentro dos limites da
subconcessão, a sub-rogação do subconcessionário a todos os direitos e
obrigações do subconcendente; é, isto sim, o ajuste, calcado no edital e na
proposta vencedora, celebrado entre o subconcendente e o subconcessionário.
A anuência da Administração Pública concedente não a torna responsável
perante o subconcessionário, mas reafirma o exercício das competências
decorrentes da titularidade do serviço público cuja execução lhe foi trespassada
pela via da concessão. O subconcessionário responde pelos danos que causar a
terceiros, ao subconcendente e à própria Administração Pública concedente. O
subconcedente e a Administração Pública concedente respondem
subsidiariamente e nessa ordem.
A subconcessão sem a prévia e expressa autorização do poder
concedente ensejará a caducidade da concessão. Da mesma forma, acarreta
também a caducidade a transferência do controle societário da concessionária
sem prévia anuência do poder concedente, conforme previsto no artigo 27 da
Lei 8.987/95:
Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária
sem prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.
§ 1º. Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput deste artigo, o
pretendente deverá:

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I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e


regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.
§ 2º. Nas condições estabelecidas no contrato de concessão, o poder concedente
autorizará a assunção do controle da concessionária por seus financiadores para
promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação
dos serviços.
§ 3º. Na hipótese prevista no § 2o deste artigo, o poder concedente exigirá dos
financiadores que atendam às exigências de regularidade jurídica e fiscal,
podendo alterar ou dispensar os demais requisitos previstos no § 1o, inciso I
deste artigo.
§ 4º. A assunção do controle autorizada na forma do § 2o deste artigo não
alterará as obrigações da concessionária e de seus controladores ante ao poder
concedente.

No concurso público para o cargo de Auditor do Tesouro Municipal da


Prefeitura de Recife, realizado em 2003, a ESAF considerou correta a
seguinte assertiva: “É permitida a subconcessão desde que prevista no
contrato, autorizada expressamente pelo poder concedente e precedida de
concorrência”.

6.1.5. Direitos e obrigações dos usuários


No termos do artigo 7º da Lei 8.987/95 são direitos dos usuários dos
serviços públicos, além daqueles previstos no Código de Defesa do Consumidor:
1º) receber serviço adequado;
2º) receber do poder concedente e da concessionária informações para a
defesa de interesses individuais ou coletivos;
3º) obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários
prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do
poder concedente.
4º) levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as
irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço
prestado;
5º) comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela
concessionária na prestação do serviço;

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Destaca-se ainda que as concessionárias de serviços públicos, de Direito


Público e Privado, nos Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao
consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas
opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos.
Por último, consta como dever dos usuários no artigo 7º-A da citada Lei a
obrigação de contribuição para a permanência das boas condições dos bens
públicos através dos quais lhes são prestados os serviços.

6.2. Permissão
6.2.1. Conceito
A lei 8.987/95, em seu artigo 2º, conceituou a permissão de serviço
público como “a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação
de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco”.
Todas as regras previstas na Lei 8.987/95 para as concessões são
também aplicáveis em relação às permissões, com exceção de alguns detalhes
que passaremos a analisar.

(Analista – Especialização/SERPRO 2008/CESPE) No contrato de


concessão, é permitida a subconcessão, desde que prevista no contrato,
autorizada pelo poder concedente e precedida de concorrência. Assertiva
considerada correta pela banca organizadora.

6.2.2. Natureza jurídica


Sob o entendimento da doutrina administrativa clássica, a permissão de
serviço público sempre possuiu a natureza jurídica de ato administrativo,
portanto unilateral, sendo este o principal traço distintivo em relação à
concessão de serviço público, que ocorre mediante contrato.
Entretanto, o artigo 40 da Lei 8.987/95 estabeleceu que a permissão de
serviço público deve ser formalizada mediante contrato de adesão, nos
termos da citada lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação,
inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato
pelo poder concedente.

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Com a edição da Lei 8.987/95, que foi responsável por atribuir à


permissão a natureza jurídica de contrato de adesão, muitos doutrinadores
manifestaram-se contrários ao texto legal, declarando a existência de grave
contradição do legislador.
O professor José dos Santos Carvalho Filho, por exemplo, informa que “a
incoerência da lei (e também do artigo 175, parágrafo único, da CF) foi tão
flagrante que dividiu o próprio STF. Em ação direta de inconstitucionalidade, na
qual se discutia a questão relativa à forma de delegação do serviço móvel de
celular, prevista na Lei nº 9.295/96, a Corte decidiu, pela apertada maioria de
seis a cinco, que o art. 175, parágrafo único, da CF, afastou qualquer distinção
conceitual entre permissão e concessão, ao conferir àquela o caráter contratual
próprio desta”.

É necessário que você saiba que a natureza jurídica da permissão é a de


contrato de adesão e não a de ato administrativo.

Como não poderia ser diferente, a ESAF já cobrou esse


entendimento em prova, a exemplo do que ocorreu no concurso para o
cargo de Procurador da Fazenda Nacional, realizado em 2003:

(ESAF/Procurador - PGFN/2003) A permissão de serviço público,


nos termos da legislação federal, deverá ser formalizada
mediante:
a) termo de permissão
b) contrato administrativo
c) contrato de permissão
d) contrato de adesão
e) termo de compromisso

Gabarito: Letra “d”

6.2.3. Principais diferenças entre Concessão e Permissão

São poucas as diferenças existentes entre concessão e permissão de


serviços públicos e, para facilitar a assimilação, decidi enumerá-las.

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1ª) A concessão não pode ser contratada com pessoas físicas, mas
somente com pessoas jurídicas e consórcio de empresas. Por outro lado, a
permissão somente pode ser realizada com pessoas físicas ou jurídicas
(consórcios de empresas, não);

2ª) Trata-se de modalidade de delegação menos complexa que a


concessão, recomendável para serviços públicos de menor “envergadura”.
Sendo assim, enquanto na concessão exige-se licitação obrigatoriamente
na modalidade concorrência, em relação à permissão admitem-se outras
modalidades;

3ª) A permissão, nos termos da lei, possui caráter precário, sendo


revogável a qualquer tempo pela Administração, desde que existente
interesse público superveniente. Por outro lado, a concessão constitui-se
por meio de um contrato administrativo e, portanto, somente será
extinto nos termos da lei.

No concurso público para o cargo de Analista de Finanças e


Controle da CGU, realizado em 2006, a ESAF elaborou questão
abordando as principais características da permissão, nos seguintes
termos:

(ESAF/Analista de Finanças e Controle - CGU/2006) Não integra a


natureza legal do instituto da permissão de serviço público:
a) precedida de licitação pública.
b) formalizada mediante contrato de adesão.
c) precariedade de seu objeto.
d) revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente.
e) objeto limitado à prestação de serviços públicos não complexos.

Gabarito: Letra “e”

6.3. Autorização
Apesar de não estar prevista no artigo 175 da CF/88 como uma das
modalidades de delegação de serviços públicos (que se refere apenas à
concessão e permissão), o inciso XII, do artigo 21, da CF/1988, afirma
expressamente que compete à União explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

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b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético


dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres.

Assim, é possível concluir que a autorização é uma das modalidades de


delegação de serviços públicos a particulares. Entretanto, é importante
esclarecer que não existe uma lei específica versando sobre o tema, pois a Lei
8.987/95 restringiu-se às concessões e permissões de serviços públicos.
Para responder às questões, leve para a prova a informação de
que a autorização é uma das modalidades de delegação de serviços
públicos a particulares. Em várias oportunidades a banca ratificou esse
entendimento, a exemplo do que ocorreu na prova para o cargo de
Técnico da Receita Federal, realizado em 2006:

(ESAF/Técnico da Receita Federal - SRF/2006) O que existe em comum,


sob o aspecto jurídico-doutrinário, entre a concessão, permissão e
autorização de serviços públicos, é a circunstância de
a) constituírem outorga a título precário.
b) formalizarem-se por meio de ato administrativo unilateral.
c) formalizarem-se por meio de contrato administrativo.
d) serem atos administrativos discricionários.
e) poderem ser modalidades de serviços públicos delegados a particulares.

Gabarito: Letra “e”

O Decreto 2.521/98 (que dispõe sobre a exploração, mediante


permissão e autorização, de serviços de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros e dá outras providências) define a autorização
como uma “delegação ocasional, por prazo limitado ou viagem certa, para
prestação de serviços de transporte em caráter emergencial ou especial”.
É claro que a definição de autorização apresentada no Decreto 2.521/98
foi elaborada para atender ao serviço de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros, mas não diverge muito dos conceitos encontrados
na doutrina.

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O professor Diógenes Gasparini, por exemplo, define a autorização como


“ato administrativo discricionário e precário mediante o qual a Administração
Pública competente investe, por prazo indeterminado, alguém, que para isso
tenha demonstrado interesse, na execução e exploração de certo serviço
público”.
Nas sábias palavras do professor Hely Lopes Meirelles, a modalidade de
serviços autorizados é adequada para todos aqueles que não exigem execução
pela própria administração e que não necessitam de maior especialização para
que seja prestado à coletividade, a exemplo dos serviços de táxi, de
despachantes, segurança particular de residências ou estabelecimentos, entre
outros.
Para responder às questões de prova, as informações mais importantes
sobre autorização são aquelas que a diferenciam das concessões e permissões:
1ª) Ao contrário das permissões e concessões, as autorizações podem ser
realizadas por prazo indeterminado;
2ª) Não é exigível licitação para a formalização de autorização;
3ª) Não necessita de prévia autorização legislativa;
4ª) Pode ser efetuada a pessoas físicas ou jurídicas;
5ª) É realizada mediante ato administrativo de caráter precário e
revogável a qualquer tempo pela Administração (não existe necessidade
de contrato), sem que seja assegurado ao particular o direito à
indenização.

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RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP

1. O Estado poderá prestar serviços públicos diretamente, através de seus


respectivos órgãos públicos (neste caso teremos a centralização dos
serviços), ou indiretamente, mediante a transferência da execução e/ou
titularidade dos serviços para terceiros. Nesse último caso, o Estado poderá
optar por transferir a titularidade e a execução do serviço para uma entidade
da Administração Indireta (através de outorga), ou somente a execução do
serviço a particulares (delegação), valendo-se da concessão, permissão ou
autorização;
2. A professora Maria Sylvia Zanela di Pietro afirma que serviços públicos
próprios são aqueles que visam à satisfação de necessidades coletivas e que
são executados diretamente pelo Estado (através de seus órgãos e agentes),
a exemplo do Judiciário, ou indiretamente, através de delegação a
particulares (concessionários ou permissionários). Por outro lado, os serviços
públicos impróprios também visam à satisfação de necessidades coletivas,
mas não são executados ou assumidos pelo Estado, seja direta ou
indiretamente. Neste caso, o Estado somente autoriza, regulamenta e fiscaliza
esses serviços. São atividades privadas, mas, em virtude de atenderem
necessidades coletivas, exigem uma maior atenção por parte do Estado, a
exemplo dos serviços de seguro e previdência privada (incisos I e II do artigo
192 da CF/88);
3. Alguns autores denominam os serviços públicos próprios como “serviços
públicos propriamente estatais”, definindo-os como aqueles cujo Estado
atua no exercício de sua soberania, sendo impossível a delegação a terceiros
(a exemplo do Judiciário). Sendo assim, caso você se depare com essa
expressão em prova, também está correta;
4. Serviços gerais ou uti universi são serviços prestados
indiscriminadamente à população, possuindo um número indeterminado e
indetermináveis de usuários. Nesse caso, os serviços são indivisíveis, não
sendo possível mensurar quais são os usuários que estão sendo beneficiados ou
quanto cada usuário está utilizando do serviço prestado;
5. Aos Estados a Constituição Federal outorgou competência remanescente
ou residual para a prestação de serviços públicos. Sendo assim, se a prestação
do serviço público não é de competência da União ou dos Municípios,

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certamente será do Estado. No texto constitucional, somente encontramos uma


competência outorgada aos Estados, a de “explorar diretamente, ou mediante
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a
edição de medida provisória para a sua regulamentação”;
6. Em respeito ao princípio da modicidade, os serviços públicos não devem
ser prestados com lucros ou prejuízos, mas sim mediante taxas ou tarifas
justas, que proporcionem a remuneração pelos serviços e garantam o seu
aperfeiçoamento e expansão;
7. O princípio da mutabilidade, também denominado de princípio da
flexibilidade dos meios aos fins, permite alterações na execução dos serviços
públicos com o objetivo de adaptá-lo ao interesse público e às possibilidades
financeiras da Administração, não existindo, portanto, direito adquirido à
permanência de uma determinada forma de regime de prestação de serviços
públicos;
8. Nos termos do artigo 175 da Constituição Federal, as concessões e
permissões de serviços públicos sempre deverão ser precedidas de licitação.
Não existem exceções a essa regra e a modalidade licitatória utilizada nas
concessões será obrigatoriamente a concorrência;
9. Afirma o artigo 32 da Lei 8.987/95 que “o poder concedente poderá intervir
na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço,
bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais
pertinentes”. Além disso, é importante destacar que a intervenção far-se-á por
decreto do poder concedente, que conterá a designação do interventor (a
pessoa que ficará responsável pela intervenção), o prazo e os objetivos e
limites da medida;
10. A concessão de serviço público é sempre ajustada por prazo certo. Não
existe concessão por prazo indeterminado. Entretanto, durante a vigência
do contrato, podem ocorrer certos acontecimentos ensejadores de sua extinção.
Nesse caso, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis,
direitos e privilégios transferidos ao concessionário, bem como ocorrerá a
imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos
levantamentos, avaliações e liquidações necessários;
11. O artigo 37 da Lei 8.987/95 considera encampação a retomada do serviço
pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público superveniente, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens
reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados
com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido;

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12. O inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da


concessionária pode ensejar a extinção da concessão antes do termo final
estabelecido no contrato. A essa causa de extinção a própria lei denomina
caducidade;
13. O artigo 40 da Lei 8.987/95 estabeleceu que a permissão de serviço público
será formalizada mediante contrato de adesão, nos termos da citada lei, das
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à
precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente.

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QUESTÕES COMENTADAS – INSS

01. (ESAF∕Analista Comércio Exterior – MDIC∕2012) As alternativas


abaixo trazem características típicas dos delegatários de serviços
públicos. Assinale a opção que contemple característica aplicável
apenas às permissões.
a) Descentralização por colaboração.
b) Celebração com pessoa física ou jurídica.
c) Natureza contratual.
d) Possibilidade de extinção por caducidade.
e) Obrigação de prestar serviço adequado.

Comentários
A Lei 8.987∕1995, em seu art. 2º, II, conceitua a concessão de serviço
público como “a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por
sua conta e risco e por prazo determinado”. De outro lado, no inciso III, a
permissão é conceituada como “a delegação, a título precário, mediante
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à
pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho,
por sua conta e risco”.
Analisando-se ambos os conceitos legais, constata-se que somente a
permissão pode ser feita a pessoas físicas, pois a concessão se restringe a
pessoas jurídicas ou consórcio de empresas.
Gabarito: Letra b.

02. (Especialistas em Políticas Públicas/MPOG 2009/ESAF). O serviço


público, modernamente, busca melhorar e aperfeiçoar o atendimento
ao público. Analise os itens a seguir:
I. Considera-se concessão de serviço público a delegação de sua
prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas;
II. Considera-se permissão de serviço público a delegação, a título
precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita
pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica ou consórcio de
empresas;

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III. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço


adequado que satisfaça as condições de atualidade compreendendo a
modernidade das instalações e a sua conservação;
IV. As concessionárias de serviços públicos de direito privado, nos
Estados, são obrigadas a oferecer ao usuário, dentro do mês de
vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias
de vencimento de seus débitos.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está correto.
b) Apenas o item III está correto.
c) Todos os itens estão corretos.
d) Apenas o item IV está incorreto.
e) Apenas o item II está incorreto.

Comentários
Item I – O inc. II, do art. 2º, da Lei 8.987/1995, define a concessão de
serviço público como “a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”. Assertiva correta.
Item II – O inc. IV, do art. 2º, da Lei 8.987/1995, define a permissão de
serviço público como “a delegação, a título precário, mediante licitação, da
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou
jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco”.
Perceba que em nenhum momento o dispositivo legal se refere à
possibilidade de delegação a consórcios de empresas, que somente ocorrerá
no âmbito das concessões de serviços públicos, o que torna a assertiva
incorreta.
Item III – O princípio da atualidade exige da Administração Pública e
dos delegatários de serviços públicos uma constante atualização tecnológica dos
instrumentos e técnicas utilizados na execução de suas atividades, o que torna
correta a assertiva.
Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “a atualidade significa que
a prestação dos serviços públicos deve acompanhar as modernas técnicas de
oferecimento aos usuários. Ademais, a atualidade exige a utilização de
equipamentos modernos, cuidando-se bem das instalações e de sua
conservação, visando, sempre, à melhoria e à expansão dos serviços públicos”.

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Item IV – Esse é o mandamento contido no art. 7º-A da Lei 8.987/1995,


o que torna correta a assertiva.
GABARITO: LETRA E.

03. (Analista Tributário/Receita Federal do Brasil 2009/ESAF) Em se


tratando de permissão e concessão da prestação de serviço público,
ante o disposto na Lei 8.987/1995, marque a opção incorreta.
a) Ocorrerá a caducidade da concessão caso a concessionária não
cumpra as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos.
b) Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo
poder concedente que ocupará as instalações e utilizará todos os bens
reversíveis.
c) O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de
assegurar a adequação na prestação do serviço.
d) Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se
mantido seu equilíbrio econômico-financeiro.
e) Caracteriza-se como descontinuidade do serviço a sua interrupção
em situação de emergência ou após prévio aviso quando por
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

Comentários
a) A caducidade é uma das formas de extinção da concessão antes do termo
final estabelecido em contrato.
Nos termos do art. 38, § 1º, V, da Lei 8.987/1995, o poder concedente poderá
declará-la, entre outras hipóteses, quando a concessionária não cumprir as
penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos, o que torna a assertiva
correta.
b) Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens
reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme
previsto no edital e estabelecido no contrato. Ademais, haverá a imediata
assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamentos,
avaliações e liquidações necessárias. Assertiva correta.
c) A intervenção na concessão está assegurada pelo art. 32 da Lei 8.987/1995,
o que torna a assertiva correta. É importante destacar que a intervenção far-se-
á por decreto do poder concedente, que conterá a designação do interventor, o
prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.

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d) Se forem respeitadas todas as condições do contrato, considera-se mantido


seu equilíbrio econômico-financeiro. Por outro lado, ocorrendo alteração
unilateral que afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder
concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração. Assertiva
correta.
e) Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando: motivada por razões de
ordem técnica ou de segurança das instalações; e, ainda, por inadimplemento
do usuário, considerado o interesse da coletividade. Assim, não restam dúvidas
de que o texto da assertiva está incorreto.
GABARITO: LETRA E.

(CESPE∕Delegado – Polícia Federal∕2013) Com relação aos serviços


públicos, julgue o item seguinte.
04. Em se tratando de permissão de serviço público, o serviço é
executado em nome do Estado por conta e risco do permissionário, e é
atribuído exclusivamente à pessoa jurídica.
A permissão de serviço público, nos termos do art. 2º, IV, da Lei nº
8.987∕1995, pode ser definida como “a delegação, a título precário, mediante
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à
pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho,
por sua conta e risco”. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Investigador de Polícia – PC BA∕2013) Julgue os itens a seguir,


a respeito dos serviços públicos.
05. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é legal a
cobrança, pela administração pública, de taxa, para a utilização das
vias públicas para prestação de serviços públicos por concessionária,
como, por exemplo, a instalação de postes, dutos ou linhas de
transmissão.
No julgamento do Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1.193.583∕MG, o
Superior Tribunal de Justiça decidiu que “a utilização das vias públicas para
prestação de serviços públicos por concessionária – como a instalação de
postes, dutos ou linhas de transmissão – não pode ser objeto de cobrança pela
Administração Pública. A cobrança é ilegal, pois a exação não se enquadra no
conceito de taxa – não há exercício do poder de polícia nem prestação de algum
serviço público –, tampouco no de preço público – derivado de um serviço de

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natureza comercial ou industrial prestado pela Administração”. Assertiva


incorreta.

06. Caracterizam-se como serviços públicos sociais apenas os serviços


de necessidade pública, de iniciativa e implemento exclusivo do Estado.
Serviços sociais são aqueles de caráter predominantemente assistencial,
que também podem ser oferecidos pela iniciativa privada, a exemplo da
educação, saúde, meio ambiente, cultura etc. Assertiva incorreta.

(Promotor de Justiça Substituto/MPE ES 2012/CESPE - adaptada) A


respeito dos serviços públicos, da concessão e permissão e da
classificação dos bens públicos, julgue os itens seguintes.
07. As atividades materiais que são consideradas serviços públicos
estão, todas elas, indicadas na legislação infraconstitucional, com a CF
apontando apenas as atividades de que o Estado deve-se abster de
prestar diretamente, em atenção ao princípio da livre concorrência.
Diferentemente do que consta no texto da assertiva, o art. 21, inc. XII, da
CF/1988, também relaciona atividades materiais que devem ser executadas
pelo Poder Público, mais precisamente pela União, a saber: os serviços de
radiodifusão sonora de sons e imagens, de instalações de energia elétrica e o
aproveitamento energético dos cursos de água, a navegação aérea,
aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária, os serviços de transporte
ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites do Estado ou Território, os serviços de transporte
rodoviário interestadual e internacional de passageiros, e os portos marítimos,
fluviais e lacustres. Assertiva incorreta.

08. São classificados como serviços públicos delegáveis os que só


podem ser prestados por particulares, sujeitos a autorização e controle
do Estado, não sendo possível, ao poder público, prestá-los por
intermédio de seus órgãos e entidades descentralizadas.
Serviços públicos delegáveis, nas palavras do professor José dos Santos
Carvalho Filho, “são aqueles que, por sua natureza ou pelo fato de assim dispor
o ordenamento jurídico, comportam ser executados pelo Estado ou por
particulares colaboradores. Como exemplo, os serviços de transporte coletivo,
energia elétrica, sistema de telefonia etc. Assertiva incorreta.

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09. A permissão e a concessão de serviço público podem ser atribuídas


a pessoas físicas ou jurídicas, bem como a consórcio de empresas.
A permissão de serviço público realmente pode ser atribuída a pessoa
física, conforme afirmado na assertiva. Entretanto, o mesmo não ocorre em
relação à concessão de serviço público, que se restringe às pessoas jurídicas,
o que invalida o texto da assertiva.

(CESPE∕Todos os cargos – MPOG∕2013) No tocante aos serviços


públicos, julgue o item abaixo.
10. De acordo com a classificação dos serviços públicos, cabe
exclusivamente à União manter o serviço de transporte e o serviço
postal.
Nos termos do art. 21, X, da CF∕1998, compete privativamente à União manter
o serviço postal e o correio aéreo nacional. Todavia, à União somente compete
manter os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros. O serviço de transporte rodoviário intermunicipal é de
competência dos Estados, enquanto o serviço de transporte urbano compete
aos Municípios. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Titular de serviços de notas – TJ RR∕2013 - adaptada)


Considerando o disposto no ordenamento jurídico brasileiro a respeito
das concessões e permissões de serviço público, julgue os itens
seguintes.
11. A lei define concessão de serviço público como a delegação da
prestação de serviços públicos, pelo poder concedente, à pessoa física
ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua
conta e risco. A concessão deve se dar a título precário e mediante
licitação.
O art. 2º, II, da Lei nº 8.987∕1995, conceitua a concessão de serviço público
como “a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco e por prazo determinado”.
Analisando-se a conceituação legal, constata-se que a concessão de serviço
público não pode ser delegada a pessoas físicas. Ademais, dar-se-á mediante
contrato e não a título precário. Assertiva incorreta.

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12. O concessionário de serviço público atua em nome da administração


pública, respondendo subsidiariamente por eventuais danos causados
na execução do serviço.
O concessionário de serviço público atua por sua conta e risco,
responsabilizando-se integralmente pelos eventuais danos causados por seus
agentes a terceiros ou à própria Administração Pública. Assertiva incorreta.

13. A subconcessão do serviço público é expressamente vedada pelo


ordenamento jurídico.
O art. 26 da Lei nº 8.987∕1995 admite a subconcessão, desde que respeitados
os termos previstos no contrato de concessão e expressamente autorizada pelo
poder concedente. Assertiva incorreta.

14. A caducidade da concessão ocorre quando há a retomada do serviço


pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de
interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização.
Diferentemente do enunciado da questão, deve ficar claro que a caducidade se
configura na extinção da concessão antes do termo final estabelecido no
contrato em razão do inadimplemento ou adimplemento defeituoso por
parte da concessionária. Assertiva incorreta.

15. O poder concedente poderá, desde que previsto no edital de


licitação, determinar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se
constitua em empresa antes da celebração do contrato.
O texto da assertiva está em conformidade com o mandamento contido no art.
19, § 2º, da Lei nº 8.987∕1995. Ademais, deve ficar claro que “a empresa líder
do consórcio é a responsável perante o poder concedente pelo cumprimento do
contrato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade solidária das demais
consorciadas”. Assertiva correta.

(CESPE∕Defensor Público – DPE ES∕2013 - adaptada) Em relação a


serviço público, julgue os itens seguintes.
16. A prestação do serviço público poderá ser interrompida sem aviso
pelo concessionário que perder o interesse econômico na exploração da
concessão.

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O princípio da continuidade determina que os serviços públicos sejam prestados


de forma ininterrupta, evitando-se paralisações que possam prejudicar o
cotidiano dos seus destinatários ou até mesmo causar-lhes graves prejuízos.
Ainda que a concessionária não tenha mais interesse econômico na exploração
da concessão, deverá continuar prestando os serviços públicos normalmente,
nos termos fixados contratualmente. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Defensor Público – DPE ES∕2013 - adaptada) Em relação a


serviço público, julgue os itens seguintes.
17. O concessionário, por ser um particular, pode, a seu critério,
impedir a fruição do serviço concedido a determinadas pessoas.
Os serviços públicos devem ser prestados sem discriminação entre os
beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas
para a fruição. Assim, o concessionário não pode escolher discricionariamente,
ao seu bel prazer, as pessoas que irão usufruir dos serviços públicos prestados.
Assertiva incorreta.

18. Em regra, a noção de serviço público em sentido amplo não


contempla o poder de polícia nem as atividades judiciária e legislativa.
Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que o serviço público, em sentido amplo,
pode ser conceituado como aquele que abrange todas as atividades do Estado,
ou seja, toda a atividade judiciária e administrativa, em virtude do fato de que
o objetivo maior do Estado é proporcionar aos cidadãos a satisfação de suas
necessidades. Assertiva incorreta.

19. Determinada atividade, para ser considerada serviço público, deve


ser executada diretamente pelo Estado.
O artigo 175 da Constituição Federal de 1988 declara expressamente que
incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão (delega a particulares), sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos. Assertiva incorreta.

20. A criação do serviço público requer prévia previsão normativa.


Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que é o Estado, por meio da lei, que
escolhe quais as atividades que, em determinado momento, são consideradas
serviços públicos; no direito brasileiro, a própria Constituição faz essa indicação

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nos artigos 21, incisos X, XI, XII, XV E XXIII, e 25, § 2o, alterados,
respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995; isso exclui a
possibilidade de distinguir, mediante critérios objetivos, o serviço público da
atividade privada; esta permanecerá como tal enquanto o Estado não assumir
como própria. Assertiva correta.

(CESPE∕Defensor Público – DPE RR∕2013 - adaptada) Com relação aos


serviços públicos, julgue os itens seguintes.
21. A participação do usuário é um dos novos postulados do serviço
público, razão por que se instituiu o direito de acesso dos usuários a
registros administrativos e a informações sobre atos de governo,
inclusos aqueles relativos à segurança do Estado.
A participação do usuário realmente é um dos novos postulados do serviço
público, fato demonstrado pelo texto do art. 37, § 3º, da CF∕1988, ao dispor
que “a lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração
pública direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamações relativas
à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna,
da qualidade dos serviços; II - o acesso dos usuários a registros administrativos
e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e
XXXIII (com exceção daquelas que sejam essenciais à segurança da
sociedade e do Estado); III - a disciplina da representação contra o exercício
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
Assertiva incorreta.

22. A gestão associada de serviços públicos pode ser instituída por


meio de convênio de cooperação entre os entes federativos, vedada a
transferência total de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos.
O art. 241 da CF∕1988 dispõe que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios
de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de
serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos”.
Assertiva incorreta.

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23. A concessão de serviço público apresenta natureza contratual e sua


outorga independe da realização de procedimento licitatório.
O art. 175 da CF∕1988 afirma que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos”. De outro lado, destaca-se que a
concessão realmente possui natureza contratual. Assertiva incorreta.

24. (CESPE∕Defensor Público – DPE TO∕2013 - adaptada) A respeito dos


serviços públicos e da organização da administração pública, julgue os
itens seguintes.
A desconcentração e a descentralização administrativas constituem
institutos jurídicos idênticos.
Não confunda desconcentração e descentralização. A primeira nada mais é
que a distribuição interna de competências dentro de uma mesma pessoa
jurídica, ou seja, a criação de órgãos públicos que fazem parte de uma
estrutura hierarquizada, criada com o objetivo de tornar mais eficiente a
execução das finalidades administrativas previstas em lei. A segunda ocorre
quando a União, DF, Estados ou Municípios desempenham algumas de suas
funções por meio de outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupõe
a existência de duas pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade que
executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição. Assertiva
incorreta.

25. (Especialista em Políticas/Estado de SP 2009/FCC) É característico


do regime jurídico dos serviços públicos a
(A) inexigibilidade de licitação para sua execução.
(B) sua fruição gratuita e a proibição de lucro para quem os executa.
(C) vedação para finalidade de desenvolvimento de atividade comercial
ou industrial.
(D) continuidade de sua prestação e a igualdade de tratamento entre os
usuários.
(E) prestação exclusiva pelo Estado e a finalidade de interesse social.

Comentários
(A) O art. 175 da CF/88 dispõe que incumbe ao Poder Público, na forma
da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre
através de licitação, a prestação de serviços públicos. Desse modo, o texto da
assertiva deve ser considerado incorreto.

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(B) Um dos princípios que rege a execução dos serviços públicos é o da


modicidade, que impõe a necessidade de que os serviços sejam oferecidos a
preços justos, de forma que permita a fruição por parte de todos os usuários e,
ainda, garanta retribuição financeira do seu prestador.
Não existe nenhum impedimento legal ao fato de que a prestação de
serviços públicos gere lucro para o concessionário executor, porém, deve ser
garantida a qualidade e a abrangência do serviço. Assertiva incorreta.
(C) A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro classifica os serviços
públicos, quanto ao objeto, em administrativos, comerciais ou industriais e
sociais.
Serviço público comercial ou industrial é aquele que a Administração
Pública executa, direta ou indiretamente, para atender às necessidades
coletivas de ordem econômica, dividindo-se em três tipos:
1º - aquele que é reservado à iniciativa privada pelo artigo 173 da
Constituição e que o Estado só pode executar por motivo de segurança nacional
ou relevante interesse coletivo;
2º - aquele que é considerado atividade econômica, mas que o Estado
assume em caráter de monopólio, como é o caso da exploração de petróleo,
minas e minérios e minerais nucleares (arts. 176 e 177 da Constituição);
3º - aquele que é assumido pelo Estado como serviço público e que tem
fundamento no art. 175 da CF/88 (este corresponde aos serviços públicos
comerciais e industriais do Estado).
Diante dos ensinamentos da professora Di Pietro, fica claro que o texto da
assertiva está incorreto.
(D) A continuidade de sua prestação e a igualdade de tratamento
entre os usuários realmente são duas características marcantes do regime de
execução dos serviços públicos, o que torna a assertiva correta.
No primeiro caso, impõe-se a necessidade de que os serviços sejam
prestados sem interrupções ou interferências que prejudiquem a fruição por
parte dos administrados, salvo nas hipóteses expressamente autorizadas em
lei. No segundo caso, impõe-se que os serviços públicos sejam prestados a
todos os interessados, sem qualquer distinção de caráter pessoal.
(E) Os serviços públicos podem ser executados diretamente pelo
Estado, através de sua própria estrutura administrativa, ou indiretamente,
através de pessoas jurídicas regidas pelo direito privado, a exemplo dos
concessionários e permissionários de serviços públicos. Assertiva incorreta.

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GABARITO: LETRA D.

26. (FCC/Agente de Fiscalização TCE-SP/2012) De acordo com a


Constituição Federal, a prestação de serviço público por particular é
a) vedada, em qualquer hipótese.
b) permitida, apenas quando se tratar de serviço não essencial,
passível de cobrança de tarifa.
c) possível, apenas para aqueles serviços de titularidade não exclusiva
de Estado.
d) vedada, exceto quando contar com autorização legislativa específica.
e) permitida, na forma da lei, mediante concessão ou permissão,
precedida de licitação.
Comentários
O art. 175 da Constituição Federal dispõe que incumbe ao Poder Público,
na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Nesses termos, não restam dúvidas de que particulares podem prestar
serviços públicos na condição de concessionários ou permissionários, após
regular processo licitatório.
GABARITO: LETRA E.

27. (FCC/Técnico do Seguro Social INSS/2012) Em relação à extinção


do contrato de concessão é correto afirmar que
a) caducidade é a resilição unilateral antes de findo o prazo de
concessão, que se consubstancia na retomada do serviço pelo poder
concedente por razões de interesse público.
b) reversão é a resilição unilateral da concessão que se consubstancia
na retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse
público.
c) encampação é a extinção unilateral da concessão por motivo de
inadimplemento contratual, não cabendo, portanto, indenização ao
concessionário pelos prejuízos que sofrer.
d) reversão é a rescisão unilateral da concessão por motivo de
inadimplemento contratual do concessionário, cabendo indenização
pela interrupção do contrato antes de findo seu prazo.

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e) encampação é a retomada do serviço pelo poder concedente por


razões de interesse público, durante o prazo de concessão, mediante lei
autorizativa específica.
Comentários
a) Errado. O texto da assertiva está se referindo à encampação, que se
caracteriza como a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo
da concessão, por motivo de interesse público superveniente, mediante lei
autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização.
b) Errado. A reversão ocorre com a extinção automática da
concessão ao término do prazo estabelecido no contrato. Nesse caso, a
assunção independe de qualquer previsão editalícia ou contratual, uma vez que
está expressamente determinada pelo § 2º do artigo 35 da Lei 8.987/95.
c) Errado. A extinção unilateral da concessão por motivo de
inadimplemento contratual é denominada de caducidade. Declarada a
caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos
com terceiros ou com empregados da concessionária.
d) Errado. O texto da assertiva está se referindo à caducidade. Ademais,
não há obrigatoriedade de pagamento de indenização pelo ente concedente
(Poder Público).
e) Correto. O texto da assertiva simplesmente reproduziu o teor do art.
37 da Lei 8.987/1995, que é expresso ao afirmar que se considera
encampação “a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo
da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento da indenização”.
GABARITO: LETRA E.

28. (FCC/Analista de Controle Externo TCE-AP/2012) A propósito dos


elementos definidores e traços característicos dos serviços públicos, é
correto afirmar:
a) Independem de definição por lei, podendo ser de titularidade do
poder público, quando de natureza não econômica, ou privada, quando
passíveis de exploração mediante concessão ou permissão.
b) São definidos por lei e de titularidade pública ou privada, conforme
sua natureza essencial ou econômica.

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c) Independem de definição por lei, bastando sua ca- racterização como


atividade essencial, de titularidade exclusiva do poder público.
d) São definidos por lei e de titularidade do poder público, que pode
prestá-los diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão.
e) São definidos em lei como obrigação do poder público e direito dos
cidadãos, devendo ser prestados de forma universal e
independentemente de cobrança de tarifa.

Comentários
A Escola Formalista, corrente adotada no Brasil, defende o
entendimento de que não é possível definir um serviço como público pela
atividade em si, pois existem atividades essenciais, como a saúde, que quando
prestadas por particulares não podem ser consideradas serviço público. Sendo
assim, para que um serviço seja considerado público, é necessário que a lei ou
o texto constitucional o defina como tal.
Ademais, os serviços públicos devem permanecer sob a titularidade do
Poder Público, que pode delegar a sua execução para particulares, que os
prestarão sob o regime de concessão ou permissão.
GABARITO: LETRA D.

29. (FCC/Oficial de Justiça TJPE/2012) No que se refere às formas e


meios de prestação do serviço público ou de utilidade pública, é
INCORRETO afirmar que
a) serviço centralizado é todo aquele em que o Poder Público presta por
seus próprios órgãos em seu nome e sob sua exclusiva
responsabilidade.
b) ocorre a outorga quando o Estado transfere, por contrato,
unicamente a execução do serviço, para que o outorgado preste-o ao
público em seu nome, por conta e risco, nas condições regulamentares
e sob controle estatal.
c) serviço desconcentrado é todo aquele que a Administração executa
centralizadamente, mas o distribui entre vários órgãos da mesma
entidade, para facilitar sua realização e obtenção pelos usuários.
d) serviço descentralizado é todo aquele que o Poder Público transfere
sua titularidade ou, simplesmente, sua execução, por outorga ou
delegação, a consórcios públicos, autarquias e empresas privadas,
dentre outras.

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e) a execução direta do serviço ocorre sempre que o encarregado de


seu oferecimento ao público o realiza pessoalmente, ou por seus
órgãos, ou por prepostos (não por terceiros contratados).

Comentários
a) Corrreto. Sob o enfoque do Direito Administrativo, a “centralização”
ocorre quando a União, Estados, Distrito Federal e Municípios exercem
diretamente, em face dos beneficiários, serviços públicos que estão em suas
respectivas competências, sem interferência de outras pessoas físicas ou
jurídicas.
Nesse caso, além de o ente estatal ser o titular da função administrativa,
ainda será o responsável pela execução de tal atividade, que ocorrerá através
de seus respectivos órgãos e agentes públicos.
b) Errado. Na descentralização por outorga, uma entidade política
(União, Estados, DF e Municípios) cria ou autoriza a criação, em ambos os
casos através de lei específica, de entidades administrativas (autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) que
receberão a titularidade e a responsabilidade pela execução de uma
determinada atividade administrativa. Perceba que o texto da assertiva afirmou
que a outorga se processa através de “contrato”, o que não é verdade.
c) Correto. A desconcentração nada mais é que a distribuição interna
de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Trata-se da criação de
órgãos públicos que fazem parte de uma mesma estrutura, hierarquizada,
criada com o objetivo de tornar mais ágil e eficiente a prestação de serviços
públicos.
d) Correto. A “descentralização administrativa” quando um ente
estatal (União, Estados, DF e Municípios) transfere a outra pessoa, pública ou
privada, a prestação de determinado serviço público ou atividade
administrativa. Nesse caso, o serviço público não será prestado por órgãos
públicos, mas por outra pessoa jurídica, com personalidade jurídica distinta do
ente estatal que transferiu a execução da função administrativa.
e) Correto. Nesse caso, estará configurada a centralização da prestação
de serviços públicos.

GABARITO: LETRA B.

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30. (FCC/Técnico Judiciário TJPE/2012) Os serviços de preservação da


saúde pública e os de polícia, dentre outros, são considerados serviços
a) públicos ou impróprios do Estado e também administrativos.
b) de utilidade pública, assim como impróprios do Estado ou uti singuli.
c) públicos, assim como próprios do Estado ou uti universi.
d) públicos ou semi-comerciais e também administrativos.
e) de utilidade pública, e também próprios do Estado ou uti singuli.

Comentários
Para Hely Lopes Meirelles, serviços públicos próprios “são aqueles que
se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança,
polícia, higiene e saúde públicas) e para a execução dos quais a
Administração usa de sua supremacia sobre os administrados. Por essa razão só
devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas sem delegação aos
particulares”.
Por outro lado, serviços uti universi são aqueles prestados
indiscriminadamente à população, possuindo um número indeterminado e
indetermináveis de usuários. Nesse caso, os serviços são indivisíveis, não
sendo possível mensurar quais são os usuários que estão sendo beneficiados ou
quanto cada usuário está utilizando do serviço prestado.
Analisando-se as alternativas apresentadas, constata-se que somente a
letra “c” complementa corretamente o texto da questão.
GABARITO: LETRA C.

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RELAÇÃO DE QUESTÕES COMENTADAS – INSS

01. (ESAF∕Analista Comércio Exterior – MDIC∕2012) As alternativas


abaixo trazem características típicas dos delegatários de serviços
públicos. Assinale a opção que contemple característica aplicável
apenas às permissões.
a) Descentralização por colaboração.
b) Celebração com pessoa física ou jurídica.
c) Natureza contratual.
d) Possibilidade de extinção por caducidade.
e) Obrigação de prestar serviço adequado.

02. (Especialistas em Políticas Públicas/MPOG 2009/ESAF). O serviço


público, modernamente, busca melhorar e aperfeiçoar o atendimento
ao público. Analise os itens a seguir:
I. Considera-se concessão de serviço público a delegação de sua
prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas;
II. Considera-se permissão de serviço público a delegação, a título
precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita
pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica ou consórcio de
empresas;
III. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado que satisfaça as condições de atualidade compreendendo a
modernidade das instalações e a sua conservação;
IV. As concessionárias de serviços públicos de direito privado, nos
Estados, são obrigadas a oferecer ao usuário, dentro do mês de
vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias
de vencimento de seus débitos.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está correto.
b) Apenas o item III está correto.
c) Todos os itens estão corretos.
d) Apenas o item IV está incorreto.
e) Apenas o item II está incorreto.

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03. (Analista Tributário/Receita Federal do Brasil 2009/ESAF) Em se


tratando de permissão e concessão da prestação de serviço público,
ante o disposto na Lei 8.987/1995, marque a opção incorreta.
a) Ocorrerá a caducidade da concessão caso a concessionária não
cumpra as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos.
b) Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo
poder concedente que ocupará as instalações e utilizará todos os bens
reversíveis.
c) O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de
assegurar a adequação na prestação do serviço.
d) Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se
mantido seu equilíbrio econômico-financeiro.
e) Caracteriza-se como descontinuidade do serviço a sua interrupção
em situação de emergência ou após prévio aviso quando por
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

(CESPE∕Delegado – Polícia Federal∕2013) Com relação aos serviços


públicos, julgue o item seguinte.
04. Em se tratando de permissão de serviço público, o serviço é
executado em nome do Estado por conta e risco do permissionário, e é
atribuído exclusivamente à pessoa jurídica.

(CESPE∕Investigador de Polícia – PC BA∕2013) Julgue os itens a seguir,


a respeito dos serviços públicos.
05. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é legal a
cobrança, pela administração pública, de taxa, para a utilização das
vias públicas para prestação de serviços públicos por concessionária,
como, por exemplo, a instalação de postes, dutos ou linhas de
transmissão.
06. Caracterizam-se como serviços públicos sociais apenas os serviços
de necessidade pública, de iniciativa e implemento exclusivo do Estado.

(Promotor de Justiça Substituto/MPE ES 2012/CESPE - adaptada) A


respeito dos serviços públicos, da concessão e permissão e da
classificação dos bens públicos, julgue os itens seguintes.

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07. As atividades materiais que são consideradas serviços públicos


estão, todas elas, indicadas na legislação infraconstitucional, com a CF
apontando apenas as atividades de que o Estado deve-se abster de
prestar diretamente, em atenção ao princípio da livre concorrência.
08. São classificados como serviços públicos delegáveis os que só
podem ser prestados por particulares, sujeitos a autorização e controle
do Estado, não sendo possível, ao poder público, prestá-los por
intermédio de seus órgãos e entidades descentralizadas.
09. A permissão e a concessão de serviço público podem ser atribuídas
a pessoas físicas ou jurídicas, bem como a consórcio de empresas.

(CESPE∕Todos os cargos – MPOG∕2013) No tocante aos serviços


públicos, julgue o item abaixo.
10. De acordo com a classificação dos serviços públicos, cabe
exclusivamente à União manter o serviço de transporte e o serviço
postal.

(CESPE∕Titular de serviços de notas – TJ RR∕2013 - adaptada)


Considerando o disposto no ordenamento jurídico brasileiro a respeito
das concessões e permissões de serviço público, julgue os itens
seguintes.
11. A lei define concessão de serviço público como a delegação da
prestação de serviços públicos, pelo poder concedente, à pessoa física
ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua
conta e risco. A concessão deve se dar a título precário e mediante
licitação.
12. O concessionário de serviço público atua em nome da administração
pública, respondendo subsidiariamente por eventuais danos causados
na execução do serviço.
13. A subconcessão do serviço público é expressamente vedada pelo
ordenamento jurídico.
14. A caducidade da concessão ocorre quando há a retomada do serviço
pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de
interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização.

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15. O poder concedente poderá, desde que previsto no edital de


licitação, determinar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se
constitua em empresa antes da celebração do contrato.

(CESPE∕Defensor Público – DPE ES∕2013 - adaptada) Em relação a


serviço público, julgue os itens seguintes.
16. A prestação do serviço público poderá ser interrompida sem aviso
pelo concessionário que perder o interesse econômico na exploração da
concessão.

(CESPE∕Defensor Público – DPE ES∕2013 - adaptada) Em relação a


serviço público, julgue os itens seguintes.
17. O concessionário, por ser um particular, pode, a seu critério,
impedir a fruição do serviço concedido a determinadas pessoas.
18. Em regra, a noção de serviço público em sentido amplo não
contempla o poder de polícia nem as atividades judiciária e legislativa.
19. Determinada atividade, para ser considerada serviço público, deve
ser executada diretamente pelo Estado.
20. A criação do serviço público requer prévia previsão normativa.

(CESPE∕Defensor Público – DPE RR∕2013 - adaptada) Com relação aos


serviços públicos, julgue os itens seguintes.
21. A participação do usuário é um dos novos postulados do serviço
público, razão por que se instituiu o direito de acesso dos usuários a
registros administrativos e a informações sobre atos de governo,
inclusos aqueles relativos à segurança do Estado.
22. A gestão associada de serviços públicos pode ser instituída por
meio de convênio de cooperação entre os entes federativos, vedada a
transferência total de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos.
23. A concessão de serviço público apresenta natureza contratual e sua
outorga independe da realização de procedimento licitatório.

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24. (CESPE∕Defensor Público – DPE TO∕2013 - adaptada) A respeito dos


serviços públicos e da organização da administração pública, julgue os
itens seguintes.
A desconcentração e a descentralização administrativas constituem
institutos jurídicos idênticos.

25. (Especialista em Políticas/Estado de SP 2009/FCC) É característico


do regime jurídico dos serviços públicos a
(A) inexigibilidade de licitação para sua execução.
(B) sua fruição gratuita e a proibição de lucro para quem os executa.
(C) vedação para finalidade de desenvolvimento de atividade comercial
ou industrial.
(D) continuidade de sua prestação e a igualdade de tratamento entre os
usuários.
(E) prestação exclusiva pelo Estado e a finalidade de interesse social.

26. (FCC/Agente de Fiscalização TCE-SP/2012) De acordo com a


Constituição Federal, a prestação de serviço público por particular é
a) vedada, em qualquer hipótese.
b) permitida, apenas quando se tratar de serviço não essencial,
passível de cobrança de tarifa.
c) possível, apenas para aqueles serviços de titularidade não exclusiva
de Estado.
d) vedada, exceto quando contar com autorização legislativa específica.
e) permitida, na forma da lei, mediante concessão ou permissão,
precedida de licitação.

27. (FCC/Técnico do Seguro Social INSS/2012) Em relação à extinção


do contrato de concessão é correto afirmar que
a) caducidade é a resilição unilateral antes de findo o prazo de
concessão, que se consubstancia na retomada do serviço pelo poder
concedente por razões de interesse público.
b) reversão é a resilição unilateral da concessão que se consubstancia
na retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse
público.
c) encampação é a extinção unilateral da concessão por motivo de
inadimplemento contratual, não cabendo, portanto, indenização ao
concessionário pelos prejuízos que sofrer.

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d) reversão é a rescisão unilateral da concessão por motivo de


inadimplemento contratual do concessionário, cabendo indenização
pela interrupção do contrato antes de findo seu prazo.
e) encampação é a retomada do serviço pelo poder concedente por
razões de interesse público, durante o prazo de concessão, mediante lei
autorizativa específica.

28. (FCC/Analista de Controle Externo TCE-AP/2012) A propósito dos


elementos definidores e traços característicos dos serviços públicos, é
correto afirmar:
a) Independem de definição por lei, podendo ser de titularidade do
poder público, quando de natureza não econômica, ou privada, quando
passíveis de exploração mediante concessão ou permissão.
b) São definidos por lei e de titularidade pública ou privada, conforme
sua natureza essencial ou econômica.
c) Independem de definição por lei, bastando sua ca- racterização como
atividade essencial, de titularidade exclusiva do poder público.
d) São definidos por lei e de titularidade do poder público, que pode
prestá-los diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão.
e) São definidos em lei como obrigação do poder público e direito dos
cidadãos, devendo ser prestados de forma universal e
independentemente de cobrança de tarifa.

29. (FCC/Oficial de Justiça TJPE/2012) No que se refere às formas e


meios de prestação do serviço público ou de utilidade pública, é
INCORRETO afirmar que
a) serviço centralizado é todo aquele em que o Poder Público presta por
seus próprios órgãos em seu nome e sob sua exclusiva
responsabilidade.
b) ocorre a outorga quando o Estado transfere, por contrato,
unicamente a execução do serviço, para que o outorgado preste-o ao
público em seu nome, por conta e risco, nas condições regulamentares
e sob controle estatal.
c) serviço desconcentrado é todo aquele que a Administração executa
centralizadamente, mas o distribui entre vários órgãos da mesma
entidade, para facilitar sua realização e obtenção pelos usuários.

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d) serviço descentralizado é todo aquele que o Poder Público transfere


sua titularidade ou, simplesmente, sua execução, por outorga ou
delegação, a consórcios públicos, autarquias e empresas privadas,
dentre outras.
e) a execução direta do serviço ocorre sempre que o encarregado de
seu oferecimento ao público o realiza pessoalmente, ou por seus
órgãos, ou por prepostos (não por terceiros contratados).

30. (FCC/Técnico Judiciário TJPE/2012) Os serviços de preservação da


saúde pública e os de polícia, dentre outros, são considerados serviços
a) públicos ou impróprios do Estado e também administrativos.
b) de utilidade pública, assim como impróprios do Estado ou uti singuli.
c) públicos, assim como próprios do Estado ou uti universi.
d) públicos ou semi-comerciais e também administrativos.
e) de utilidade pública, e também próprios do Estado ou uti singuli.

GABARITO

01.B 02.E 03.E 04.E 05.E 06.E 07.E 08.E

09.E 10.E 24.E 12.E 13.E 14.E 15.C 16.E

17.E 18.E 19.E 20.C 21.E 22.E 23.E 24.E

25.D 26.E 27.E 28.D 29.B 30.C

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