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TÉCNICAS DE ENTREVISTA E OBSERVAÇÃO

O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
FUNDAMENTOS DO PSICODIAGNÓSTICO

• Avaliação psicológica feita com propósitos clínicos e, portanto, não


abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças
individuais.

• É um processo que visa identificar forças e fraquezas no


funcionamento psicológico, com um foco na existência ou não de
psicopatologia.

• Classificação psiquiátrica não é o objetivo, mas devemos considerar


como parâmetros os limites da variabilidade normal (Yager &
Gitlin, 1999).

• Abordagem que confere uma perspectiva clínica a esse tipo de


avaliação de diferenças individuais.

PSICOMETRIA E PSICODIAGNÓSTICO CLÍNICO

• Psicometria:
garantir a cientificidade dos instrumentos psicológicos; pode tender
a valorizar os aspectos técnicos da testagem e para obter uma série
de traços psicológicos ou descrições de capacidades.

• Psicodiagnóstico Clínico:
utiliza testes e técnicas psicológicas para avaliar de forma
sistemática, científica, orientada para resolução de problemas.

• PSICÓLOGO DEVE relacionar com o contexto total da pessoa e se


voltar para seus possíveis problemas singulares.

AVALIAR PARA QUÊ E PARA QUEM ?

• Basear uma decisão a fim de resolver um problema.


• É da responsabilidade do clínico manter canais de comunicação
com os diferentes tipos de contextos profissionais para os quais
trabalha.

• Deve determinar e esclarecer o que dele se espera, no caso


individual.

• Permite adequar seus dados às necessidades das fontes de


encaminhamento, de forma que seus resultados tenham o impacto
que merecem e o Psicodiagnóstico receba o crédito a que faz jus.

DEFINIÇÃO

• Processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes


psicológicos (input), a nível individual ou não, seja para entender
problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar
aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso
possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são
propostas soluções, se for o caso.

• Sua identidade se associa, portanto, à qualidade de seu


desempenho.

HIPÓTESES: PLURALIDADE DO FENÔMENO

• Encaminhamento por outro profissional:


início do processo psicodiagnóstico, com a formulação de hipóteses
do outro profissional (uma delas, ao menos, envolve uma questão
psicológica).

• Reformulação das hipóteses:


quando entra em contato com o caso, o psicólogo procura trazer o
mais próximo possível da compreensão psicológica.

• Entrevistas iniciais:
podem, ainda, levar a novas hipóteses para o caso.

• Organização do pensamento clínico coerente:


de modo a responder ao solicitante, é responsabilidade do
psicólogo; parte não de uma, mas de várias, hipóteses, de vários
profissionais. São as hipóteses que irão definir as técnicas
investigativas apropriadas.

• O contrato – ou enquadramento – envolve o comprometimento de


ambas as partes envolvidas no processo de cumprir certas
obrigações formais.

• Datas e horários

• Sigilo

• Honorários

• Devolutiva

PLANEJAMENTO DO PROCESSO

• “... o plano de avaliação deve permitir obter respostas confiáveis


para as questões colocadas e, ao mesmo tempo, atender aos
objetivos propostos” (Cunha).

• A escolha das técnicas deve contemplar:

Características demográficas do sujeito:


sexo, idade, escolaridade

Condições específicas:
comprometimentos físicos

Fatores situacionais:
hospitalização, utilização de fármacos

• Bateria de testes:

“conjunto de testes ou de técnicas, que podem variar entre dois e


cinco ou mais instrumentos, que são incluídos no processo
psicodiagnóstico para fornecer subsídios que permitam confirmar ou
infirmar as hipóteses iniciais, atendendo o objetivo da avaliação” (Cunha).

• Baterias padronizadas:
Fixas e embasadas em pesquisas (com determinado grupo de
sujeitos), tendo como aspecto positivo a eficiência preditiva, além
de oferecer amostra suficientemente adequada das funções
cognitivas do paciente (utilizada em avaliação neuropsicológica).
São comuns em pesquisa, situação na qual não podem sofrer
alterações. Entretanto, em se tratando de investigação clínica, pode
ser complementada com outros testes.

• Baterias não-padronizadas:
Flexíveis, escolhidas de acordo com questões levantadas num caso
individual.
São comuns na prática clínica e podem ser flexivelmente alteradas
de acordo com as necessidades do caso.

O RAPPORT

• O teste é um meio e não um fim.

• O contato com o paciente é o principal recurso da avaliação.

• Rapport: origem na língua francesa = concordância, afinidade.

• Quando se instala uma relação de rapport, esta relação propicia a


sensação de ser compreendido e aceito pelo outro, proporcionando
confiança, respeito e simpatia mútua.

• Enfatizar a importância da colaboração do paciente para que o


psicólogo possa auxiliá-lo (mesmo em situações da prática forense).

• Para o sucesso da entrevista, devemos também assegurar o sigilo


possível.

• Ordem de aplicação do testes: dependente de:

• Tempo necessário x disponível para administração

• Grau de dificuldade do teste

• Qualidade ansiogênica

• Características específicas do paciente

• Situação de testagem.
• Domínio: “jamais utilizar técnica em que não esteja treinado o
suficiente para estar seguro no seu manejo” (Cunha).

• Organização do teste e da sala: poucos estímulos, mantendo no


campo visual do paciente apenas a técnica que está sendo utilizada
no momento. A sala deve ter boa iluminação, aeração e vedação de
som, possibilitando a privacidade. Evitar interrupções.

• Anotação: literal e total dos comportamentos: - verbais e


- não-verbais.

INTEGRAÇÃO DOS DADOS

• Organização dos dados quantitativos dos testes:


compreender o resultado do cliente nas expectativas quanto à
idade, escolaridade ou outra variável comparativa ao grupo normal.

• Análise de todos os dados obtidos: entrevista(s) inicial(is), discussão


com outro(s) profissional(is), resultados de exames
complementares, observação do cliente e demais informantes e
resultado dos testes.

• A conclusão é alcançada através da:

Confirmação ou não das hipóteses, de acordo com os dados


encontrados.

Objetivação das respostas às indagações feitas, as quais


nortearão a devolução de informação.

Devolutivas: entrevista, hora de jogo diagnóstica, ou mesmo


laudo psicológico (diversos formatos, de acordo com o
objetivo da avaliação – seguir orientações do CFP).

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO

• Diagnóstico: o que acontece com o cliente.

• Pode ser apontado em termos de uma classificação nosológica.

• Sistemas diagnósticos mais conhecidos:


 CID-10: Classificação Internacional de Doenças, 10.ed. OMS,
1993, classificação oficial do Brasil.

 DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças


Mentais, 4.ed. APA, 1995.

• Diagnóstico: descrição de um estado mental ou cognitivo;


Prognóstico: evolução do caso.

• O prognóstico também nos indica as medidas cabíveis ao caso, que


serão formuladas em termos de encaminhamentos.

DEVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO

• Devolutiva do processo psicodiagnóstico:


pode ser feita de forma oral e escrita.

• Recomenda-se ambas, posto que para alguns tipos de informação o


informe escrito é fundamental (área forense, por exemplo).
Já a entrevista devolutiva tem a vantagem de esclarecer dúvidas e
impedir interpretações errôneas dos dados escritos.

• O tipo de devolução depende de quem a recebe, pois o objetivo


maior é o esclarecimento das dúvidas que originaram o
psicodiagnóstico.

LUGAR DO PSICÓLOGO NO PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Historicamente, o psicólogo agregou, em um primeiro momento, o


modelo médico na operacionalização do processo psicodiagnóstico:
empobrecimento do olhar sobre o cliente, visto sob o prisma da
objetividade: fenômenos transferenciais, projetivos e o vínculo
entrevistador x entrevistado eram relegados ao segundo plano.

• Os testes psicológicos ganharam força nesse momento histórico:

resultados eram apresentados separadamente (teste a teste), com


suas pontuações e descrições de dados observáveis.

• Fenômenos psicológicos:
descritos em termos de traços de personalidade, mas sem
integração com os dados de história pessoal ou familiar do cliente,
ou outras informações relevantes para a compreensão do “caso”
como um todo.

O PROCESSO A SERVIÇO DO CLIENTE

• A estrutura organizada do processo psicodiagnóstico, a utilização de


testes e a nomenclatura psicológicas
(ex.: mecanismos de defesa utilizados) são úteis para a
compreensão de dados gerais acerca do cliente
(ex.: a estrutura de personalidade).

• Por outro lado, quando provenientes de processos de testagem


extremamente objetivos, é insuficiente para a noção da questão do
cliente, ou seja, como ele lida com as situações vividas e em que
sentido os recursos egóicos e defensivos dão conta das mesmas.

DEFINIÇÕES PRÁTICAS

• Objetivo: “...conseguir uma descrição e compreensão da


personalidade (ou mesmo perfil cognitivo-intelectual) do paciente.
(...) Além disso, é mister explicar a dinâmica do caso tal como
aparece no material recolhido , integrando-o em um quadro
global. (...) incluindo os aspectos patológicos e os adaptativos (...);
trataremos de formular recomendações terapêuticas adequadas ”.

(Ocampo).

PASSO A PASSO

• Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente


(e familiar, se for o caso).

• Aplicação de testes e técnicas psicológicas investigativas.

• Entrevista devolutiva ao paciente e/ou pais.

• Relatório de avaliação psicológica.


Estes procedimentos permitem esclarecer ao paciente e ao solicitante
da avaliação o que inferimos no processo, bem como prover orientação
para ambos.

Enquadramento

• Esclarecimento dos papéis (natureza e limite da função que cada


parte integrante do contrato desempenha).

• Lugares onde se realizarão as entrevistas (e as outras técnicas).

• Horário e duração do processo (em termos aproximados).

• Honorários (se for o caso).

• Plasticidade no estabelecimento do enquadramento permite


arranjos posteriores de acordo com a necessidade de cada caso.

ENTREVISTA NA CLÍNICA,
NA EMPRESA E NA ESCOLA
Profa. Patrícia Waltz Schelini

 Na entrevista clínica, o objetivo principal é auxiliar o cliente: ele


está no centro, ele deve ser o foco de nossa atenção (não o cargo
ou a pesquisa).

 Fatores externos que podem influenciar a entrevista:


correspondem a condições ambientais:

 Sala:
Deve haver um lugar para que o psicólogo e o cliente fiquem
sentados com conforto e, assim, possam focalizar um
assunto.
 Interrupções:
As interrupções podem destruir, em segundos, aquilo que o
psicólogo e o cliente vinham tentando elaborar em um
tempo considerável.

A ENTREVISTA CLÍNICA INICIAL


TAVARES, M. A entrevista clínica. In: CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico -
V.
5ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000, cap. 5, p. 45-56.

OCAMPO, M.L.S. (2005). O processo psicodiagnóstico e as técnicas


projetivas.
11ª ed. São Paulo: Martins Fontes (cap.2)

"Conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, dirigido


por um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos
psicológicos, em uma relação profissional, com o objetivo de
descrever e avaliar aspectos pessoais, sociais ou sistêmicos (indivíduo,
casal, família, rede social), em um processo que visa a fazer
recomendações, encaminhamentos ou propor algum tipo de
intervenção em benefício das pessoas entrevistadas

• Procedimento que, por suas características, é o único capaz de


adaptar-se à diversidade de situações clínicas relevantes e de fazer
explicitar particularidades que escapam a outros procedimentos,
principalmente ao padronizados.

Única técnica capaz de testar os limites de aparentes contradições e


de tornar explícitas características indicadas pelos instrumentos
padronizados, dando a eles validade clínica

• O entrevistador deve estar atento aos processos afetivos


(defensivos ou não) no outro, e a sua intervenção deve orientar o
sujeito a aprofundar o contato com sua própria experiência.

• Transferência: distorção, pré-concepção, fantasias, ansiedade.


• Contratransferência: capacidade de trabalho na transferência,
compreendendo os sentimentos subjacentes a ambos.

Treinamento e Supervisão

TIPOS DE ENTREVISTAS:
Aspecto Formal

• Estruturada: exige objetividade; perguntas fechadas e podem ter


múltipla escolha (ex.: entrevista epidemiológica)

• Semi estruturada: entrevistador tem clareza de seus objetivos, da


relevância do conteúdo, podendo organizar a sequência da
entrevista.

• Livre estruturação: meta da entrevista, papel dos participantes e


procedimento adequado para escuta do paciente.

TIPOS DE ENTREVISTAS:
Objetivos

• Triagem: avaliar a demanda e fazer encaminhamento (saúde


pública, clínicas sociais).

• Anamnese: levantamento detalhado da história de


desenvolvimento, notadamente infância.

• Diagnóstica: exame e análise explícitos ou cuidadosos para


descrever, avaliar, relacionar e inferir aspectos sindrômicos ou
psicodinâmicos.

• Sistêmica: avaliação de casais e famílias; estrutura ou história


relacional familiar.

• Devolutiva: comunicação e discussão dos resultados; compreender


distorções ou fantasias.

HABILIDADES DO ENTREVISTADOR

• Disponibilidade interna: autoanálise e atenção flutuante

• Aliança de trabalho: deixar o paciente à vontade


• Facilitar a expressão dos motivos da busca

• Buscar esclarecimentos de questões vagas

• Confrontar esquivas e contradições

• Tolerar ansiedade acerca dos temas tratados

• Reconhecer a transferência

• Manejar a contratransferência

• Assumir iniciativa nos impasses

• Dominar as técnicas que utiliza

• Entrevista semidirigida:
o paciente tem a liberdade para expor seus problemas começando
por onde preferir e incluindo o que desejar.

• Objetivos:
conhecer exaustivamente o paciente e extrair da entrevista dados
que possibilitem a formulação de hipóteses, o planejamento da
bateria de testes e a interpretação mais precisa dos dados colhidos
nestas técnicas.

• As intervenções do psicólogo objetivam:

1°) Assinalar alguns vetores quando o entrevistado não sabe


como começar ou continuar.
Fazer perguntas amplas.

2°) Assinalar situações de bloqueio ou paralisação por


incremento da angústia para assegurar o cumprimento dos objetivos
da entrevista.

3°) Indagar acerca de aspectos da conduta do entrevistado não


referidos espontaneamente: “lacunas”, contradições, ambiguidades e
verbalizações “obscuras

• Na entrevista, devemos investigar e interpretar:


• o vínculo paciente x psicólogo, a transferência e a
contratransferência,

• a classe de vínculo que estabelece com outros em suas


relações interpessoais,

• as ansiedades predominantes,

• as condutas defensivas utilizadas habitualmente,

• os aspectos patológicos e adaptativos,

• o diagnóstico eo(s) prognóstico(s).

OS OBJETIVOS

1. Comparar a primeira impressão com as dos encontros posteriores.

2. Considerar a verbalização:

• O quê, como, quando.

• Clareza da linguagem, tom e ritmo de voz.

• Verificar como traça o caminho da entrevista: por qual


aspecto de sua vida começa, a quais aspectos se refere
preferencialmente, a quais se sucedem bloqueios, ansiedade
etc.

Observar se o paciente inclui em sua verbalização o passado, o


presente e o futuro de sua vida, e como o faz, pois pode ser fuga ou
fraca integração egóica

3. Grau de coerência ou discrepância entre linguagem verbal e não


verbal (menos controlada conscientemente).

4. Planejar a bateria de testes, sequência e ritmo.

5. Estabelecer bom rapport: minimizar bloqueios ou paralisações,


criando clima favorável.

6. Atentar à transferência e contratransferência:


O paciente adota a sedução, a confusão ou a evitação, a
dependência ao psicólogo.
No psicólogo surgem sentimentos e fantasias de importância vital
para a compreensão do caso, que permitem determinar o tipo de
vínculo inconsciente do paciente.

7. Entrevista com ambos os pais (presença imprescindível, mas nem


sempre conseguida):
verificar o vínculo entre:

Atentar também ao vínculo que o casal procura induzir o psicólogo a


estabelecer com o filho.

8. Avaliar a capacidade de elaboração dos pais: possibilidade de


promover, colaborar ou aceitar as experiências de mudança do filho
no caso de início em processo terapêutico.

9. É útil verificar a interação do casal na entrevista, bem como a do


casal e de cada pai com o filho.

10.Pais separados: verificar se comparecerão juntos ou separados, ou


separados e com seu novo par.

11.Pais adotivos: verificar as fantasias destes em relação à situação e,


se não informaram à criança sobre a adoção, explicitar a
importância de o fazerem (a ausência da verdade pode promover
sintomas: roubos, enurese, problemas de aprendizagem, de
conduta etc). Se os pais resistem a esclarecer à criança, eles devem
assumir esta responsabilidade e o psicólogo deve adverti-los sobre
as dificuldades que surgirão no processo psicodiagnóstico e na
devolutiva
12.Motivo da consulta:
discriminar entre motivo manifesto e latente.
13.Verificar a capacidade de tomada de consciência do motivo latente
e quando ela ocorre pois, quanto antes, melhor o prognóstico.
Negação na devolutiva: prognóstico desfavorável.
14.Pode ocorrer dos pais não explicitarem ao filho o motivo real da
consulta. Não fazer conluios.
15.Atentar à importância dada pelos pais à queixa sobre o filho (super
ou desvalorização) e à sequência revelada de aspectos do filho (a
partir dos aspectos mais sadios ou dos mais doentes).

RECOMENDAÇÕES FINAIS

Características psicodinâmicas do paciente, do grupo familiar ou


do próprio psicólogo: dão uma configuração particular ao processo
psicodiagnóstico inclusive em relação às dificuldades que podem
surgir.

Instrumentalizar-se a fim de:

1. Discriminar identidades dentro do grupo familiar:


identificação projetiva entre membros do grupo;

2. Identificar a possibilidade de alianças terapêuticas com o(s)


paciente(s);

3. Minimizar fantasias infantis e ansiedade entre seus aspectos


internos e dos clientes, a fim de evitar atuações;

4. Lidar com aspectos de culpa e reparação.

A História do Examinando

A investigação do psicólogo começa com a entrevista, a qual


procurará elementos da história para embasar suas conclusões do
processo psicodiagnóstico como um todo.

Alguns pacientes estão muito comprometidos e a entrevista


também será, resumindo-se em uma descrição sintomatológica ou
classificação nosográfica¸ semelhante a uma entrevista
psiquiátrica.

A avaliação não precisa conter testes e, assim, o objetivo da


entrevista pode ser chegar a uma compreensão dinâmica do caso.

História: pode ser considerada como:


• História pessoal ou anamnese
- ação de trazer à memória
- recordação

• História clínica
história da doença
(HMA = história da moléstia atual)

• Avaliação psicodinâmica
contexto histórico de desenvolvimento

• Queixa (QD = queixa e duração):

Quando não clara, recorrer à história pessoal; ouvir a versão do próprio


paciente.

Registrar as queixas literalmente

• Sintoma:

Verificar a descrição completa, o tempo de duração, em quais


circunstâncias de vida, o impacto conseqüente, as perdas e os ganhos
secundários.

• Reconstrução global da vida do paciente.

• Entrevista diretiva: sistemática e formal.

• Enfocada de acordo com:

− Objetivo do exame

− Idade do paciente

− Problemática apresentada

− Estrutura da personalidade

• História Pessoal (Anamnese)

Contexto Familiar

• Genetograma: posição na ordem dos nascimentos


• Concepção: gravidez foi desejada?

• Condições sócio culturais e sócio econômicas

• Expectativas / desejo da gravidez

História pré e perinatal

• Aspectos físicos (biológicos): uso de drogas, exames pré-


natal, intercorrências durante a gestação e o parto (natural,
fórceps, cesáreo), Apgar.

• Aspectos psicológicos: estado psicológico da mãe, fatos


significativos na vida do casal, experiências iniciais do
recém-nascido, dinâmica familiar com a chegada do novo
membro no grupo.

Primeira Infância (0 – 3 anos)

• Qualidade da relação mãe-criança

• Ansiedade de separação

• Reação dos pais

• Hábitos e problemas alimentares

• Relações objetais

• Sono / manipulações / tiques / chupar dedo

• Comportamento motor

• Controle dos esfíncteres (quando, quem e como)

• Linguagem

• Sociabilidade

Infância Intermediária (3 – 11 anos)

• Qualidade das relações sociais: recursos de socialização

• Escola: alargamento das relações sociais


• Desempenho escolar: perfil de forças e fraquezas

• Pesadelos

• Fobias

• Enurese secundária

• Piromania

• Crueldade com animais

• Masturbação compulsiva

Outros

Pré-puberdade, Puberdade e Adolescência

• Período de atualização dos conflitos

• Importância das relações sociais: facilidades/dificuldades;


extensão; papel; aceitação das normas; ingresso nos grupos

• Figuras idealizadas

• Desempenho escolar: aproveitamento, ajustamento,


expectativas quanto ao futuro (acadêmico e profissional)

• Sexualidade: primeiras experiências; parceiros; freqüência,


família

• Sintomas específicos

• Dificuldades, problemas, doenças, acidentes

Idade adulta

• Trabalho

• Sociabilidade

• Sexualidade

• Mudanças

• Situações de mudança: casamento, filhos


• Situações de crise: doenças, luto

Fontes Subsidiárias

• Entrevista com familiar / cuidador

• Laudos exames

• Avaliações de outros profissionais (médicos, psicólogos,


escolas)

• Álbum do bebê / cadernos escolares

• Avaliação Dinâmica:
contexto vital de desenvolvimento

• Levantamento de hipóteses etiológicas, baseadas na história


e nos pressupostos teóricos

• Queixas

• Conflitos

• Causas

• Interligação dos conteúdos / dos dados colhidos

Adolescência

• Crise de desenvolvimento

• Esquema multiaxial:

I - Problemática

II - Vulnerabilidades prévias / sintomas prévios

III - Mau funcionamento: afetivo; perceptual; cognitivo; somático-


visceral; integrativo; societário

Criança: Precisão cronológica

• Evidenciar desvios do desenvolvimento normal

• Abordagem dinâmica dos mesmos


• Entrevistas com mãe: descrição da QD

• Versão da criança: entrevista lúdica

• Problemática: relação com fase de desenvolvimento / com


fases anteriores

MODELO DE ANAMNESE
IDENTIFICAÇÃO:

Nome: Sexo: Data Nascimento:

- MÃE e PAI: Nome / Profissão / Escolaridade / Idade

QUEIXA OU MOTIVO DA CONSULTA:

Queixa principal? Outras? Há quanto tempo? Atitude frente às queixas.

ANTECEDENTES PESSOAIS:

1. CONCEPÇÃO:

2. GESTAÇÃO:

IDENTIFICAÇÃO:

Nome: Sexo: Data Nascimento:

- MÃE e PAI: Nome / Profissão / Escolaridade / Idade

QUEIXA OU MOTIVO DA CONSULTA:

Queixa principal? Outras? Há quanto tempo? Atitude frente às queixas.

ANTECEDENTES PESSOAIS:

1. CONCEPÇÃO:

2. GESTAÇÃO:

IDENTIFICAÇÃO:
Nome: Sexo: Data Nascimento:

- MÃE e PAI: Nome / Profissão / Escolaridade / Idade

QUEIXA OU MOTIVO DA CONSULTA:

Queixa principal? Outras? Há quanto tempo? Atitude frente às queixas.

ANTECEDENTES PESSOAIS:

1. CONCEPÇÃO:

2. GESTAÇÃO:

3. CONDIÇÕES DE NASCIMENTO:

4. SONO
5. ALIMENTAÇÃO
6. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
7. MANIPULAÇÕES
8. COMUNICAÇÃO VERBAL

9.ESCOLARIDADE

10. SEXUALIDADE

11. Doenças

12. SOCIABILIDADE

13. ANTECEDENTES FAMILIARES

ADOLESCENTES E ADULTOS:

SOCIABILIDADE

RELACIONAMENTO AMOROSO

ENTREVISTA DE SELEÇÃO NA EMPRESA


• Objetivo: buscar a pessoa adequada para preencher um cargo.
• Anteriormente à realização do roteiro de perguntas a ser utilizado, é
necessário:

1) Realizar a análise do cargo

2) Realizar a análise de atividades

3) Especificar as habilidades e experiência necessárias para o


cargo.

* A análise antecipada do currículo pode fornecer importantes dados


para a entrevista.

• Roteiro de perguntas: formuladas tendo em vista o mencionado


acima, de modo que não sejam obtidos dados inúteis, ou pior, que
haja ausência de informações.

RECRUTAMENTO

• Definição: processo de identificação, localização e atração de um


grupo de candidatos, potencialmente qualificados e capazes para
ocupar cargos dentro da empresa (Robbins, 2001).

• Objetivo: obtenção de número adequado de CV’s para a próxima


etapa, a seleção propriamente dita, filtrando os candidatos mais
apropriados para chegarem à entrevista de seleção.

• Fontes de Recrutamento: verificar custos, tempo, alcance do


público alvo (qualidade e não quantidade).

 Meios tradicionais e atuais de comunicação, recebimento de


CV, empresas de consultoria e headhunters, indicações dos
próprios funcionários, contratação por emprego temporário.

ENTREVISTA DE SELEÇÃO

• Oportunidade para entrevistador e entrevistado obterem


informações necessárias para tomada de decisão sobre
contratação.

• Técnica para conhecer de forma mais aprofundada o candidato


(entrevista estruturada, semi-estruturada ou não-estruturada).
• Etapas para uma boa entrevista:

 Conhecer os requisitos da função e da empresa.

 Planejamento do tipo de entrevista, perguntas, informações


a serem dadas (empresa e função).

Entrevista pode ser realizada pelo RH junto ao solicitante

• Sequência da entrevista:

 Introdução:
estabelecimento de rapport e esclarecimento do processo
seletivo.

 Interrogatório:
colheita de dados sobre suas forças e fraquezas.

 Venda/Avaliação:
maior detalhamento das informações sobre o candidato e
obtenção de dados sobre a empresa.

 Conclusão:
momento de fechar a entrevista e tirar as dúvidas do
candidato, bem como informar as etapas subsequentes ou a
data da resposta.

• Entrevistado:

 Experiência técnica, habilidades e aptidões importantes.

 História pessoal e pregressa.

 Contexto atual e profissional do indivíduo.

 Características do candidato: motivação, planejamento do


pensamento, ambição, comunicação verbal e não verbal,
postura, clareza de raciocínio, relacionamento interpessoal,
nível de ansiedade e expectativas futuras.

 Motivo de saída de outros empregos e pretensão salarial.

• Entrevistador:
 Conhecer a organização e sua estratégia.

 Tarefas e responsabilidades do cargo.

 Características da área em que a pessoa irá trabalhar.

 Estilo de gestão do gerente e suas expectativas.

 Características do grupo.

Pré-requisitos para a vaga

PROCESSO SELETIVO

• Gerente da área: solicita preenchimento da vaga e decide qual o


candidato mais adequado.

• RH: facilita o processo e dispõe seus motivos.

• Candidatos podem ser treinados para a vaga.

• Candidatos com perfil acima da vaga podem se desmotivar.

• Busca de candidatos que atinjam os interesses da empresa (não os


parecidos com os solicitantes – nem os ideais).

• Perfis podem ser complementares, por isso a diversidade é rica.

• Alinhamento do perfil entre RH e área solicitante.

OUTRAS TÉCNICAS DE SELEÇÃO

• Provas de conhecimentos gerais.

• Provas de idiomas.

• Conhecimento técnico.

• Testes psicométricos e projetivos.

• Provas situacionais.

• Dinâmicas de grupo.

• Entrevista baseada em competências.


ENTREVISTA NA ESCOLA
• A escola (mais especificamente o professor) é o agente da
demanda, ou seja, é ela,
e não os pais, quem percebe determinadas dificuldades dos alunos
(problemas relacionados ao comportamento ou à aprendizagem
principalmente) e solicita os serviços do psicólogo.

• Procedemos à entrevista com:

– Professor

– Pais

– Alunos

– Outros profissionais

• Roteiro orientador:

– Esclarecer objetivos e duração do encontro.

– Colher dados

– Incentivar a expressão de sentimentos e percepções.

– Fornecer informações e observações que a escola possui.

– Dar orientações (aconselhamento).

– Encaminhar para atendimento com profissionais de fora da


escola (psicólogo clínico, médicos de várias especialidades,
fonoaudiólogo, psicopedagogo).

– Planejar continuidade do processo de acompanhamento da


situação escolar específica.

ENTREVISTA COM O PROFESSOR

• Motivos da solicitação.

• Adaptação da criança à escola, tipos de relacionamento, áreas de


conhecimento.
• Vislumbrar os aspectos positivos da criança, bem como ajudar o
professor a refletir sobre a forma como ele vivencia a
problemática.

• Verificar a atitude dos pais perante a escola, se o professor tem


falado ou não com os pais sobre a criança e qual a atitude deles.

• O psicólogo deve desvendar o que professor tem feito até o


momento do encaminhamento para ajudar a criança.

ASSESSORIA SISTEMÁTICA AO PROFESSOR

• Observação em todos os contextos de circulação do aluno: sala de


aula, pátio, entrada e saída da escola, aulas especializadas
(Música, Educação Física etc).

• Reunião sistemática com o professor e acompanhamento de seu


trabalho: processo colaborativo de resolução de problemas entre
um especialista em saúde mental e outra pessoa que é
responsável por algum tipo de ajuda.

• Enfoque no processo de auto avaliação do professor e a


capacidade de reflexão, crítica e ação diante das situações da
rotina em aula.

ENTREVISTA COM OS PAIS

• Contornar ansiedade e fantasia de que a escola tem alguma


“queixa” sobre seu filho.

• Criar ambiente de conforto e compreensão, evitando iniciar por


aspectos negativos.

• Conhecer a realidade da família do aluno, conhecendo-o, assim,


ainda mais.

• Valorizar competências e potencialidades do aluno, além de


investigar as preocupações.

Enfoque: aconselhamento e entendimento sistêmico para verificar e


orientar sobre pontos críticos do processo de desenvolvimento:
oportunidade de fazer os pais pensarem sobre o filho e também se
avaliarem

• Explicar à família: o que foi feito pela escola, na tentativa de


solucionar o problema.

• Ouvir as explicações ou as questões dos pais:


a família deve se sentir respeitada e valorizada; evitar atitudes
onipotentes que não levem em consideração as opiniões e as
possibilidades de mudança da família.

• Definir: de forma conjunta, objetivos possíveis.

• Estabelecer o que será feito para tentar modificar a situação:


encaminhamento para terapia, proposta de tarefas que deverão
ser feitas em casa, normas que os pais deverão manter.

ENTREVISTA COM O ALUNO

• Educação Infantil (2-6 anos): dificilmente as crianças menores


solicitam o psicólogo.
Material lúdico pode auxiliar.

• Ensino Fundamental (7-14 anos) e Ensino Médio (15-18 anos):


pode haver procura espontânea, além da solicitada pelo professor.

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