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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2014.0000254386

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


9000004-68.2006.8.26.0196, da Comarca de Franca, em que são apelantes
SEBASTIÃO BENEDITO RIBEIRO e SEBASTIÃO BENEDITO RIBEIRO
JUNIOR, são apelados APARECIDO EURÍPEDES NUNES (INVENTARIANTE),
BENEDITA LEITE DA SILVA (ESPÓLIO), JOÃO TIAGO NETO e MARIA
APARECIDA LEITE DE OLIVEIRA.

ACORDAM, em 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de


São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


CHRISTINE SANTINI (Presidente sem voto), LUIZ ANTONIO DE GODOY E
PAULO EDUARDO RAZUK.

São Paulo, 29 de abril de 2014.

Claudio Godoy
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

APELAÇÃO CÍVEL
Processo n. 9000004-68.2006.8.26.0196
Comarca: Franca
Apelante: SEBASTIÃO BENEDITO RIBEIRO e OUTROS
Apelado: BENEDICTA LEITE DA SILVA e OUTROS
Juiz: Fábio Marques Dias
Voto n. 6.615

Inventário. Sucessão por irmãos. Partilha.


Plano homologado que respeitou o disposto no artigo
1.841 do CC, conferindo ao irmão unilateral metade do
quinhão destinado aos bilaterais. Sobrinho da falecida,
no entanto, que não é herdeiro. Ausência de disposição
em testamento e de regular cessão de direitos
hereditários em seu favor, não observado o art. 1793 do
CC. Discussão acerca dos aluguéis que deve ser feita em
momento oportuno, sem óbice à partilha. Sentença
mantida. Recurso desprovido.

Cuida-se de recurso de apelação


interposto contra sentença (fls. 370) que acolheu plano de partilha dos
bens deixados por Benedicta Leite da Silva. Sustentam os autores, em
sua insurgência, a nulidade do decisum por cerceamento de defesa, não
deferida dilação para que demonstrassem a vontade da falecida de
deixar parte de sua herança para um sobrinho, nem a intimação de
possíveis locatários dos bens partilhados para que se apurasse o
pagamento de aluguéis. No mérito, insistem em que quatro dos cinco
herdeiros concordaram com o deferimento de quinhão da herança em
favor de Sebastião Junior, mesmo que a título de cessão, por isso
devendo ser partilhado em seu favor ao menos 2/9 dos bens do espólio.

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Ademais, asseveram que há dois imóveis alugados, não se conhecendo


o destinatário dos aluguéis pagos pelos inquilinos, pelo que de rigor que
o numerário referente aos aluguéis vencidos e vincendos também seja
incluído na partilha.

Recurso regularmente processado e


respondido (fls. 385/388), sustentando o coerdeiro, réu e inventariante,
o acerto da r. sentença e a má-fé dos apelantes.

É o relatório.

Em primeiro lugar, deve ser afastada a


preliminar de cerceamento de defesa. Desnecessária, ao julgamento, a
produção de outras provas, suficientemente esclarecidos nos autos os
fatos alegados, em especial diante da manifestação dos próprios
apelados em relação à inclusão de Sebastião Junior na partilha. Frise-se
ademais que ao destinatário da prova cabe aquilatar a sua pertinência,
no caso não se tendo entrevisto razão bastante à oitiva de testemunhas
ou expedição de ofícios.

Como já salientado quando da anulação


de sentença anterior (fls.318/322), a autora da herança, Benedicta Leite
da Silva, faleceu sem deixar herdeiros necessários, concorrendo à
sucessão cinco irmãos maiores e capazes, quatro germanos e um
unilateral, sem consenso acerca da partilha.

O atual inventariante, co-herdeiro,

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apresentou o plano de fls. 329/339, no qual respeitada a regra do artigo


1.841 do CC, isto é, destinando-se ao irmão unilateral a metade do
quanto cabente aos bilaterais.

No que concerne à inclusão do sobrinho


Sebastião Junior na partilha, não há, frise-se, manifestação de vontade
de Sebastiana, que só poderia se consumar por testamento, cuidando-se
de negócio jurídico formal, assim em que pese a irresignação dos
apelantes.

De outro lado, é mesmo verdade que


inicialmente os herdeiros Sebastião Benedito, Maria Aparecida, João
Tiago e Aparecido Eurípedes proferiram declaração concordando com
sua inclusão na herança, diante da vontade supostamente demonstrada
pela falecida quando em vida (fls. 179).

Sucede que, posteriormente, esses


mesmos co-herdeiros, com exceção de Sebastião, expressamente
manifestaram-se pelo “não reconhecimento de doação e admissão de
herdeiro extra aos bens do espólio” (fls. 192/195), contrariando o
documento anteriormente firmado por “não haver tido o devido
esclarecimento no ato da assinatura” (fls. 194), sintomaticamente na
mesma ocasião noticiando-se a destituição do patrono que antes os
representava.

Mas, seja como for, de início a


concordância foi a que se incluísse o sobrinho como herdeiro direto da

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falecida, e não a manifestação de vontade de ceder direito hereditários.


Destarte, descabida qualquer análise sobre a regularidade da
providência, não se legitimando o apelante Sebastião Junior à sucessão,
na forma do artigo 1.793 do CC, nos termos do quanto examinado pelo
MM. Magistrado da origem.

Frise-se, mais, ainda que assim não o


fosse, que a cessão deveria se dar por escritura pública, tendo sido,
inclusive, concedida oportunidade para que o herdeiro interessado assim
procedesse (fls. 344), sequer manifestando-se o apelante em relação à
cessão do seu quinhão (fls. 346/349).

Não colhe, pois, a pretensão de incluir


na partilha o sobrinho da falecida, ausente manifestação de vontade da
de cujus quando em vida e não verificada cessão por qualquer dos
herdeiros, nem mesmo pelo aqui apelante Sebastião Benedito.

No que concerne ao aluguel, há


divergência acerca dos ocupantes dos bens partilhados, constando dos
autos que os próprios apelantes residiram em um dos imóveis,
encontrando-se os demais alugados (fls. 109/110).

Como os próprios recorrentes alegam, se


não se conhece a situação atual dos imóveis, se ocasionalmente
necessária dilação a respeito, não se há de retardar partilha dos bens,
porque sempre possível, ainda, a discussão sobre os locativos, seja em
sobrepartilha, ação própria para tanto ajuizada, seja ainda na prestação

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de contas do inventariante, quando do encerramento do inventário.

Ante o exposto, NEGA-SE


PROVIMENTO ao recurso.

CLAUDIO GODOY
relator

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