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Literatura Portuguesa III – Profa Monica Simas

monicasimas@usp.com.br

Primeira referência:

 Livro da Ana Paula Dias – Amor de perdição do Camilo Castelo Branco


Camilo Castelo Branco escrevia para sobreviver.

Três eixos para as questões em que vamos nos perguntar sobre cada uma das obras:
- MODERNIDADE
- MITOLOGIAS NACIONAIS
- PROCEDIMENTOS LITERÁRIOS

Trazer as interrogações de cada uma das obras para o presente. Em mitologias nacionais
há a questão do nacionalismo e da pátria (comunidades imaginadas – uma nação é um
corpo político imaginado – como é cada uma das visões que temos de cada um dos lados,
no Brasil e de Portugal por exemplo).

Ninguém foi índio. Brasil precisa mostrar o quão diferente é de Portugal, tentando
encontrar sua verdadeira identidade (inclusive pela literatura e artes).

O “brasileiro” figura entre as maiores obras literárias portuguesas. Brasileiro para eles é
um português que nasceu em Portugal, mas foi para o Brasil e voltou para Portugal.

Eça de Queiróz como um grande diplomata e não essencialmente como escritor. Eça
estava comprometido com o grupo do cassino. Querem trazer Portugal para a
modernidade. Como ele fala muitas coisas parecidas com outras pessoas mesmo sem ter
contato com nenhuma dessas pessoas. Baudelaire por exemplo.

A caricatura se aproxima de um esteriótipo, mas não é um esteriótipo. Isso é o chamado


imaginário.

1890  ULTIMATUM (como se Portugal fosse uma decadência) – Interesses imperialistas


na África. “Mapa rosa” – corredor português. Quando o governo inglês mandou no
exército português. Assim se rompeu a mais antiga aliança europeia (desde o século XIV).

Viagens deminha terra – Questão política entre dar as costas para o mar e ir para a terra e
pensar Portugal como uma terra e quais são seus ideais. Portugal era uma terra por
construir. Os Maias é uma releitura de Portugal – um país fechado em si mesmo que
nãovai pra lugar nenhum.

Projeto de racionalização das cidades e do mundo.


Personagem esteriotipado chamado EGA em Os Maias. “É velho, mas pelo menos é mais
genuíno” – frase que fala acerca da cosmovisão que o autor tinha sobre o próprio país.

DESCRIÇÃO É NARRAÇÃO
Walter Benjamin e Adorno  Excesso de maquinismos (nossa vida vive embrulhada) como
tem muitas máquinas em nossas vidas.

A descrença da lei da modernidade e do progresso. A cidade e as serras e Civilização.


Nacionalismo em Antero de Quental é muito apaixonado. Professor que chama a atenção
de todos os alunos.Ser complexo e perturbado – homem de clareza e de ação.

A escrita do que fazem as mulheres torna a escrita pós moderna. Contemporâneo.


Diegése  enredo
hipodiegése  Ficção dentro da ficção
Mega diegése  Diálogo direto com o narrador (e possivelmente um “narratário”)

Os autores pós modernos misturam essa diegése. Umberto Eco / José Saramago e cia.

Provocação para a próxima aula: Álvaro de Campos – “Reticências”


“Produtos românticos nós todos, se não o fôssemos, não seríamos nada”  POR QUE¿

O ser romântico ou o romantismo caracteriza o indivíduo em sua mais profunda índole. O


ser é inteiro romântico, tem em si um pouco de nacionalista, de dramático. O ser humano
é por sua natureza uma criatura dramática, que nasceu de emoções. A frieza e a falta de
sentimentos é algo, restritoa máquinas e elementos sem vida de nosso dia a dia.

Somos mais do que produtos românticos, somos também a produção e o produtor.

2ª Aula de Literatura Portuguesa III – Profa Monica Simas

 Mitologias nacionais
 Modernidade
 Procedimentos literários

Para a próxima aula: Camilo Castelo Branco – projeto Gutemberg. Almeida Garrett.
Poemas e cartas de Almeida Garrett. O nome do moço novo que vai assistir a professora é
Phabulo.

Fac símile de Camões. Os escritos começam a ser colocados de forma a dizer respeito
sempre a era medieval.

AULA QUE VEM: TRÊS POEMAS DO GARRETT - CAMÕES

História de Portugal – uma linha do tempo para podermos entender a literatura. De 1880 a
1908 os portugueses causaram por causa do Ultimatum português.

1880 – ULTIMATUM
1908 – PORTUGAL BRAVO COM INGLATERRA
1910 – FIM DA REPÚBLICA PORTUGUESA
 1793 / 1795 - França e Portugal se unem contra a força napoleônica e invadiram a
França. Espanha e França também estão juntas contra a Inglaterra.

 1801 – Espanha fica neutra e não avisa Portugal; primeira invasão napoleônica

 1807 / 1808 – Começo da aliança Portugal e Inglaterra e segunda invasão napoleônica


e ajuda da Inglaterra a Portugal. As colônias não podiam comercializar nem uma com
as outras nem com nenhum outro país que não fosse o seu colonizador.

 1810 – Portugal está no Brasil (Brasil era agora Reino de Brasil, Portugal e Algarves)

 1817 – Começo da revolução em Brasil.

 1820 – Em Portugal há a Revolução liberal – Almeida Garrett era revolucionário e lutou


de todos os jeito por Portugal. Começa pelo teatro.

 1822 – Independência do Brasil (os ingleses ficaram ao lado de Portugal nessa questão,
mas o exército que estava aqui no Brasil de ingleses apoiaram o Brasil, fazendo duas
dívidas com a Inglaterra, tanto Brasil quanto Portugal). Começa a dívida externa do
Brasil.

OBS: Inglaterra pediu a Portugal pela ajuda a mesma coisa que Portugal pediu ao
Brasil pela sua independência. Portanto, o Brasil pagou duas vezes sua dívida para
com Portugal.

 1826 – É declarada uma constituição liberal em Portugal. Poucos períodos da história


de Portugal em que este ficou sem uma censura feroz contra a liberdade de expressão.

 1834 – Há uma Guerra Civil entre Pedro I (Imperador do Brasil) / é colocado em


Portugal como Pedro IV que vai lutar contra D. Miguel que é seu irmão, ele era
considerado também como possível rei de Portugal.

 1851 – Período de regeneração (espécie de equilíbrio de forças) a sociedade quer sair


da Guerra civil. D.Maria II está regendo Brasil que foi uma rainha que era ligada a
educação (sim, aquela, a D. Maria II era a louca – ficou assim por que morreu os pais,
os filhos e o irmão em um período muito pequeno de tempo).

 1861 – Entra D. Luis. Naquela época as pessoas morriam muito rápido e tudo acontecia
muito rápido. Concorrência imperialista entre Portugal e o resto da Europa. Cria a
Sociedade de geografia de Portugal – para “mapear” África. Há várias expedições neste
lugar.
 1870 – Em uma conferência de Berlim, Portugal apresenta o mapa rosa que é colocado
como um corredor na África entre o alto e o baixo de tal. E Inglaterra a princípio pró.

 1879 – Inglaterra começa a não querer mais e nessa época que haviam as conferências
de Berlim, eles começaram a falar sobre uma visão mais humanista que diz que a
galera deveria fazer a ocupação e a colonização de forma inglesa, colonização não de
exploração, mas de ficar.

 1880 – Tri centenário da morte de Camões (foi colocado como uma das razões do
decadentismo de Portugal e de toda a Europa pelos portugueses).

 1886 – Inglaterra força uma votação em uma das conferências de Berlim e obriga a
Escócia e dessa forma Portugal acaba e começa uma coisa que produziu algo que
culminou no Ultimatum

 1889 – O ultimatum da Inglaterra, a expedição Pinto deveria sair da região do Liasa na


África

 1908 -

OLIVEIRA MARTINS : (como o historiador divide a História de Portugal)


1 -) Fundação de Portugal até Aljubarrota
2 -) Dinastia de Avis –Descobertas
3 -) Índia – Alcácer Quibir (onde D. Sebastião sumiu)
4 -) Alcácer Quibir até o momento (muito tempo atrás)

Final = Oportunidade de renascimento

Oliveira Martins coloca que eles estão decadentes graças a algo que fizeram de errado. Ele
acaba colocando a maior causa para isso como a Índia.

Como a visão mítica é muito presente em todas as gerações de todas as sociedades e


comunidades. Por exemplo, o sebastianismo que até hoje é colocado até no Brasil (na região
do Maranhão – dos lençóis maranhenses).

No final do século XIX há um decadentismo muito grande na Europa e em Portugal


principalmente. O rosto na mitologia dos Lusíadas da Europa, é Portugal e na década de 70 foi
o rabinho – ou a bunda; há a inversão exata do que eles eram antes.

“Valetas da desgraça” – é como os ingleses chamavam os lugares de ocupação portugueses


daquela época. Ele fala principalmente de Macau.
* Hibridismos estéticos em literatura

O orientalismo em Portugal terá muitos (é uma das causas da decadências de Portugal)


deveres mitológicos e complexos.
Por que os chineses deixaram os portugueses ficar – ajudavam, pagavam tributos, vieram de
um pequeno país e viajavam muito e viajando como eles viajavam eles iam acabando se
dizimar sozinhos. Eles eram “inofensivos”. A questão do despovoamento de lugares.

- A questão da crise de identidade do Brasil, não é nem oriental nem ocidental.

AULA 2 -

Livros para ler para a vida:


- SENETT, Richard. O declínio do homem público
- BERMEN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar
- ANDERSEN, Benedict. Comunidades imaginárias – nacionalismo

“Reticências”

“Produtos românticos somos nós todos


E se não fôssemos produtos românticos
Se calhar não teríamos nada (...)”

ALVARO DE CAMPOS – FERNANDO PESSOA

Almeida Garrett:
1820  Se esconde em Paris, Os Lusíadas são recém editado e de forma ilustrada e aí lá ele
escreve seu famoso poema “Camões”

Romantismo: Camões e a saudade – Eduardo Lourenço

Somos versos entre Razão e Emoção sempre


A vida útil cansa muito e ele participou ativamente da revolução liberal. Em viagens de minha
terra ele conhece todo o interior de Portugal.

Há uma história dentro da própria história. As figuras do Barão e do frade são completamente
adversas e entram em contrapartida. Há uma força misteriosa e infinita que o homem só pode
participar através do amor. ZEITGEIST – espírito da nação e da época.

“Uma espada na mão e uma pena na outra” – Os poetas são loucos, mas eles são loucos por
que querem o impossível.

É muito difícil ter o equilíbrio entre o mundo da lua e os pés no chão.


“Sob a nudez forte, o manto sofrego da fantasia”

Romantismo  Aproximação ao popular, vários vocativos e refrões e lembram muito as


cantigas e ao período medieval quando há a tentativa para o medieva.

O pescador e a sereia são lidos como metáforas para a vida e a sua aventura. Mesmo a vida
sendo perigosa temos que ver o nosso barco e levá-lo para todo e qualquer lugar. No
romantismo a emoção e o sentimento é trazido o fato da emoção ser algo bom e ser o ponto
alto de um conhecimento e do auto conhecimento.

Humano está nos detalhes – exemplo dos folhetins, em 100% dos romances românticos o que
é mais genuíno em cada um de nós, por que é considerado vício ou virtude dentro da nossa
sociedade; Sempre há uma contradição o romantismo é um piano na Europa e um violão no
Brasil  CLARO X ESCURO

Sempre há também a busca por algo genuíno onde há autenticidade e no quesito em que não
se tem retórica e a verdade é como se a pessoa tivesse que sentir no âmago. O coração é como
se fosse uma víscera que guarda a vontade e o querer interior. Este só se apresenta as vezes,
não quando o é requisitado, e quando isso acontece é algo maravilhoso.

ESTE INFERNO DE AMAR: Problematização de um amor – tem uma narração desordenada


pelos tempos verbais. Ele teve uma vida anterior e aí seus olhos encontraram com os dela.
Momentos de antes do encontro, depois do encontro e depois da exaltação há o inferno.

A luz do sol e a caldeira quente do inferno. O amor de coita ama tanto que dói. No quinto
momento a fugacidade do amor é algo tão forte e verdadeiro que ela não se apaga, mas
também de alguma forma não é eterna.

O esquecimento do que se sofreu chama se amar, se não tem amor é tedioso e se não há amor
é completamente sem razão e sem uma hierarquia.

AULA 3 –

Poema “Não te amo” de Almeida Garrett


dualidade entre querer e amar. Sempre escreve no conceito de dualidade antagônica.

QUERER  AMAR / CORPO  ALMA

SINCERIDADE X FINGIMENTO

“Chega a sentir a dor que sente de verdade” – Garrett quer fazer algo autentico, mas com a
noção de que é mesmo uma ficção e não algo de real.

O fingimento como algo que demonstra um antagonismo é para mostrar ao leitor uma
reflexão. Para trazer ao leitor uma experiência pensante. O leitor possui um ponto em que ele
começa a crer em alguma coisa do texto. Não é necessário que seja a história. Mas ter algo
factível na história é um dos pontos altos de uma literatura.

“No que Portugal seria diferente das outras nações¿”

O sentimento da Península Ibérica – o amor da coita. A genuidade e próprio do reino de


Portugal. A poesia provençal. Um bom samba é só se tiver um pouco de tristeza. Vem da
tradição galego portuguesa. A importância da musicalidade  possui uma musicalidade direta.

Maria Zambrano  a vida metafórica do coração; na cultura ibérica o coração é também lugar
de pensamento, de sentimento misterioso e pouco linear.
Não viver no presente é ficar andando para trás e para frente, o movimento do ir e vir da
mente.

O AMOR DA ALMA X O AMOR DO CORPO

Sempre há o rebaixamento do amor carnal. É impossível haver um amor total; o amor


maravilhoso não se mistura com o amor carnal (hmm) –há um amor transcendental, místico e
até mesmo almático.

Na poesia, há uma dramaticidade maior. Pós Freud diz que não quer que nunca quer, mas que
na verdade está falando mesmo do que na verdade quer, mas que não quer demonstrar ou
não quer acreditar que tem isso em si.

Autonomia do amor carnal e do amor lindo.

“Tenho tanto que a de mim espanto”  situação de contrariedade interna. Dentro do poema
a maior dualidade não é a do amor carnal e do amor espiritual.

Nesse desejo que é sexual e autônomo também existe um amor. Um tipo de amor, ideal e
sublime. E dentro de amor puro e ideal há intrinsecamente colocado um amor carnal também.
Os dois não existem sem o outro, mas também não existem um sem o outro.

O ter medo e terror de não saber o que se sente. Estado de dúvida, suspensão. Momento em
que você coloca como um tipo de perplexidade perante o querer carnalmente e o querer
amar. O querer é uma forma de amor.

O corpo acompanha a alma; o poema é irônico  escondido na dicção. Se ele quer tanto ele
começa a duvidar desse seu não amar e só querer duro e fero.

EROS E PSIQUE

Questão da moralização em Portugal. E de como a inquisição atrapalha muita coisa.

Em Garrett nós vemos um aprendizado do amor. Como o amor faz com que ele mude
completamente a sua noção sobre a vida. Ele possui uma amante casada. Vai refinar a noção
de amor. A Viscondesa da Luz vai ser uma transformação.

O POEMA VEM QUESTIONAR O QUE É O AMOR.

“Eu aprendi uma coisa, a vida me mostrou e me ensinou outra e agora estou confusa e não sei
como eu resolvo essa questão toda”.

A ideia do amor não realizado. Amores de convenções e de conveniências diferentes.


Recuperar (o que sempre esteve presente na literatura) a cultura greco-romana; verdade
subjetiva que quer mostrar o real na ficção. Recuperação de cada um dos sentimentos que as
personagens criadas fazem por reagir.

CHAVE DO RETORNO  TODA LITERATURA DE ALMEIDA GARRETT É BASEADA


AULA 5:

Camilo Castelo Branco  O que fazem mulheres:

O que é um enredo romântico¿ Como ele é colocado¿ MORTE E CASAMENTO E AMOR E VIDA

Texto de apoio: “Da ficção camoniana como apresentação de Portugal” – Paulo Motta
Procurar observar como Camilo Castelo Branco coloca nesse livro o romance romântico
completamente adverso.

Camilo Castelo Branco escreveu mais de 140 romances – torno de 400 obras ao total; só na
década de 60 que é considerada a década ouro.

Em termos de crítica: Camilo foi rechaçado pela crítica por que era muito prolífero. Ele foi
obscurecido pela galera que veio depois (Eça de Queiróz). Escrevia folhetins e escrevia muito

O QUE FAZEM MULHERES  NÚMERO 57

ESTRUTURA: Rasura da linearidade e a ênfase está em como se conta a história e não o que
está sendo contado. Relação autor/leitor.

Capítulo avulso: mote do capítulo é ser o culpado de tudo. CHARUTO (é o bode expiatório de
tudo juntamente com os personagens).

A HISTÓRIA DE AMOR X A FARSA

A história de amor não está nos personagens principais. A personagem principal possui um
amor muito grande que é o amor filial. O grande amor está na mãe da protagonista.

O QUE FAZEM MULHERES – ROMANCE FILOSÓFICO

O cerne filosófico do livro está todo no fato dessas cinco páginas que são melhor que não
sejam lidas. Depois da página 200, temos mais 100 que o Camilo foi obrigado a escrever depois
de uma bronca do editor. Colocar o prefácio no final é algo muito avançado para aquela época.
Camilo é pós moderno por alguns traços da narrativa. Isso por exemplo é um deles.

Estruturas literárias labirínticas;exige que o narrador seja leitor de romances e que seja um
leitor assíduo, pressuposição que o leitor conheça diversas obras.  Mostra que Portugal é
livre de qualquer laço cultural com a França e ao mesmo tempo faz um diálogo inteligente com
outros autores (o contrário da simples cópia).

O único personagem que morre é aquele que jogou o charuto e que não tem nada a ver com o
enredo da história.

Criar sobre o que já existe e sobre o que se construiu a cultura (francesa por exemplo) – criar
uma metalinguagem dentro da história. A metalinguagem é muito avançada para essa época.

A VIDA É MUITO MAIOR DO QUE A LITERATURA

A questão da verossimilhança e do fato de algo ser crível ou incrível.


Quase uma linha de combate as convenções sociais (Garrett, Camilo e Eça colocam tudo isso
em xeque); pensar com a cabeça de hoje.

QUESTÃO DA AUTORIA: O narrador conta a história se confunde com o autor implícito.


Misturar personagens que existem e ficcionais. Autor ouvinte que existe dentro da história. O
narrador que está nos contando é na verdade um ouvinte de Marcos Leite. Ele contou a
história de Ludovina para o narrador que está nos contando a história.

MARCOS LEITE: Caricatura de Dom Juan que não é correspondido, mas acha que o é. Ele
escreve 20 cartas para ela e ela respondeu com uma contando a história da vida dela.Que é a
história que ele conta para o narrador que nos narra essa história no romance.

 O editor é tambem um autor já que mudou muitas coisas na narrativa e mandou


escrever mais ainda do que antes já havia.
 Aquele que lê é também colocado como autor já que fala durante a obra..
 A autoria é pluralista e completamente fusionada.
 A maior parte da voz é da própria personagem principal, o que faz dela uma narradora
também, a narradora-mor que, é mais do que personagem ao mesmo tempo uma
narradora também.

Vai Além...

A obra coloca a metaliteratura. Entender a literatura como um sistema complexo entre meio
social, comunidade, leitores, autores, meios, narrativa, personagens, enredo e todo e qualquer
colocação e um enorme sistema.

NÃO EXISTE LITERATURA SEM UM COMPLEXO SISTEMA POR DETRÁS.

Rejeita hipóteses do senso comum e tornar um modelo simplista em uma atividade complexa.
Critica o que será o naturalismo e sempre a frente de seu tempo. Busca representar o mundo
como as estruturas sociais e culturais da época para as colocar em xeque.

O QUE É A AUTENTICIDADE VIDA¿ - a vida é muito maior do que a literatura

*O labirinto da saudade – Paulo Motta se inspira


Somente Gil Vicente e Camilo Castelo Branco falaram sobre a vida e a sociedade de verdade da
região de Portugal. Eça por exemplo só coloca a aristocracia. A questão do Camilo é sempre
uma questão plural. A literatura para a aristocracia se dá por conta do ócio – tanto daquele
que escreve quanto aquele que lê.

O ócio que propicia a literatura romântica. O marxismo ainda coloca muito tempo depois uma
dura crítica em que como uma arte pode se considerar uma arte certa e boa sendo que ela
está embrenhada em uma aristocracia completamente injusta e baseada e tolhida no ócio
daquelas pessoas que não fazem nada de útil.

Há um personagem sempre que é um escudeiro e que é a perfeita representação da moral e


da ética dentro da narrativa. Em quase todos os enredos. Colocar sempre o liberalismo em
questão e a harmonia com que ela se traça na narrativa.
Há um personagem que representa o capitalista  é um “brasileiro” (aquele português que
vem para o Brasil para enriquecer, enriquecendo ele volta para Portugal) – o casamento da
Ludovina é movida por motivos econômicos.

Ludovida queria pegar o Ricardo Sá, mas a mãe a desiludiu e armou o casamento com o Barão
brasileiro. Interessante como o brasileiro é caracterizado e como o narrador interage com a
própria história. O narrador odeia a história que está contando. Ele é contra diversas
convenções sociais, por exemplo esse fato de ser liberal a ponto de ter casamentos por
interesse.

QUESTÃO PARA A AULA QUE VEM: em relação as mulheres, o livro questiona a condição social
da mulher. Se adotarmos a noção de que somos todos humanos, a partir de pensar que a
mulher é colocada dentro de sua condição social, podemos pensar ou não dentro de uma
açãolivre¿ Existiria a hipótese de uma ação livre dentro do livro¿ É possível vivar feliz sem amar
livremente¿

Aula alguma coisa, sexta provavelmente

Camilo Castelo Branco  Efeito de autenticidade.

Crítica ao cientificismo e ao romantismo. Romance de 1868. Metade da década que ele mais
escreveu se passou na prisão. Foi preso pelo crime de adultério. O romance foi escrito muito
antes de sua prisão.

Efeito de autenticidade.

ENREDO COMUM ROMÂNTICO – Muitos choros, muitas mortes, etc. O romance é todo
traçado em cima de uma noção romântica e irônica. Autor implícito que não escreve de
fantasia e diz que sua obra é tola. CARICATURA DO NATURALISMO.

 Chama a atenção para o fato de ele estar escrevendo alguma coisa que é de fato real.
 Em Amor de perdição todo mundo morre, e todo mundo se apaixona por todo mundo,
para dar um ar de real acontece que o Simão começa a pensar no dinheiro.
 Estrutura lúdica e de exceção da obra inteira do Camilo Castelo Branco. SEM
GENERALIZAÇÃO!!!!
 Quase todos os escritores passam por um processo de moralidade. As obras que
incentivam a imoralidade e a traição.

DIVÓRCIO, CASAMENTO, PAIS  A família e como ela se insere na sociedade portuguesa. A


questão do patriarcalismo. O pai naquela época tinha a posse dos filhos. Relação patriarcal
entre as classes. Nos livros de Camilo sempre há uma harmonia entre as classes mais baixas o
que coloca ainda mais a questão do servilismo.

Eça de Queiróz sempre diz respeito a questão mais sociológica. Ao mesmo tempo que fazem
parte da harmonia continua sendo como alguma coisa negativa.

Há muitos textos sobre a mãe. Mas quase nenhum sobre os pais. Várias famílias são infelizes e
a sociedade é em seu âmago infeliz por conta do patriarcalismo que existe. A história triste da
Angélica diz muito sobre a sociedade.
O “Elogio a loucura” de Erasmus ele coloca coisas muito absurdas sobre comportamentos que
eles chamam de cultura.

VÁRIAS MÁXIMAS:

 Não por ciúmes, mas por conta das coisas que a sociedade poderia pensar.
 PUNDONOR: HONRA – questões de honra que fazem as pessoas cometerem crimes
 “Homens não podem julgar mulheres” e a voz feminina que julga Angélica. (esta
história triste deveria servir de exemplo para todas as mulheres se libertarem, por isso
que Camilo Castelo Branco foi preso)

DUAS QUESTÕES:

- Condição social da mulher. É possível a condição e a hipótese de um ato livre¿


- É possível amar sem ser livremente¿
- Qual é o cerne da liberdade¿

FAMÍLIA – RELACIONAMENTOS – SOCIEDADE

Não é o fato de haver uma lei que esta vai continuar válida.

É POSSÍVEL A SOCIEDADE SER FELIZ SEM A LIBERDADE DO AMOR¿

Há uma relatividade entre você poder ter e quando você não pode e nunca experimentou
e aí você não pode saber o que é melhor ou não.
Segundas línguas por exemplo dizem respeito a vontade que você optou por vontade
própria e a pessoa tem muita mais liberdade na segunda língua.

Como a sociedade jovem em Cuba estão em crise quando a obrigação de ser alguma coisa
como profissionalismo e não poder escolher ser alguma outra coisa.

- A sociedade portuguesa é doente porque ela propicia relações doentias de


relacionamento. Como a liberdade é controlada de todos os modos. Não temos uma
liberdade real. A célula social mais importante é a família.

 O casamento só é um problema nos extratos de nobreza da sociedade portuguesa.


 Noção diferenciada de espaço privado. Cada um passa a ter um próprio espaço.
 Consciência de que a sociedade possui esses problemas de acordo com as estruturas.

HIERARQUIA:

* DINHEIRO
* PAI
* MARIDO
* MULHER
É impossível um ser humano ser qualquer coisa sem que haja qualquer tipo de pressão. A
liberdade se instaura no ato daquilo que é escolhido conforme o não pensado. Esses atos
que também fazem parte de uma influência sobre o coletivo.

Os tabus possuem sempre o mesmo perfil em todas as épocas. A importância do outro e


do coletivo. Atitude responsável e alguma coisa que extrapola e ideia de eu com relação
aos outros.

ESTATUTO DA MULHER EM CHEQUE

Ter a escolha de não mudar e escolher isso. Na Turquia o véu é proibido e há um


movimento feminista que apóia o uso do véu. Lutar sempre pela luta do poder ter a
condição de...

Nada é só emocional. A mulher não trabalha e ela precisa se sustentar de algum modo.
Toda uma questão de que a conduta subjetiva não é 100% do nada. No texto há uma
mulher que abre mão do amor, transfere para a mãe e a virtude do amor filial que ela vive
não é muito diferente do sirvilismo, que é servir até o fim uma questão que ela não
poderia aceitar essa condição servil o tempo todo. *

O pior do colonialismo é o recalque de você se sentir inferior o tempo todo sobre alguma
coisa.

ANTERO DE QUENTAL (1842 – 1891)

Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos – As confrarias do
casino (1871)

Boaventura de Souza Santos


Tendências gerais da Filosofia na segunda metade do século XIX – 3 textos – 1840

“Quero dizer que sendo realista, será ao mesmo tempo transcendental: realista nas suas
bases indutivas, transcendental em suas ideias metafísicas que a inspiram e dominam”

TENSÃO ENTRE DETERMINISMO X LIBERDADE

PORTUGAL FOI COLÔNIA DE INGLATERRA  como em uma coisa que foi influenciada.
Portugal foi colonizador e colônia ao mesmo tempo. Antero de Quental é o primeiro que
aponta essa questão.

Antero diz que a dinastia dos Felipes foi a desgraça das desgraças, mas na verdade não foi
tão ruim segundo alguns historiadores.
O expansionismo também foi um tipo de problema e fator atrelado a toda mudança. Ele
era um tipo de pessoa que está no século XIX olhando para o XVIII e o XVII achando uma
coisa muito tosca e incoerente. As diferenças entre alegoria e signos.

Ano passado a comunidade europeia enterrou Portugal. Hoje em dia se se ler algum texto
sobre esse fato e sobre a comunidade e o país de Portugal sobre a decadência do país é
irrefutável o que Antero de Quental falou. Tudo que ele diz é atrelado as coisas que
acontecem ainda nos dias de hoje. Os problemas continuam sendo os mesmos.

A geração das conferências do Casino é a que começa a questionar tudo e todas as coisas
de errado que existem em Portugal. Há diversos paralelos com a história do Brasil. O texto
começa fazendo um paralelo com o catolicismo. Fala sobre a auto análise e a auto crítica
sobre o que era a sociedade portuguesa. Ideia de autocrítica nunca dandes colocada.

Quando ele diz povos peninsulares ele fala sobre Portugal e Espanha. Sentimento de
identidade ibérica muito colocado e descrito em cima dessa articulação e estado inicial
que estão falando mal de Portugal e por que ele está decadente.

A questão fundamental é entender o que o Antero chama de decadência. A noção dele de


decadência tem a ver com uma falta de espírito criativo. Ou seja, épocas em que o povo
artístico eram tão fortes que não deixava de jeito nenhum a força vitalícia ser parada e ser
abastada de qualquer tipo de força.

Viveu 49 anos, se suicidou bem como o Camilo Castelo Branco (que já era bem mais novo,
sim esse que se suicidou quando ficou cego e já não aguentava mais) – o Antero é muito
angustiado (com a cultura, com o país, com a faculdade – status quo da universidade de
Coimbra quando ele faz e enfrenta tudo sozinho) / Ele é uma pessoa que gosta muito de
falar e que todo mundo gosta de estar próximo.

CASTILHO  Questão COIMBRÃ (Antero começa a brigar com esse cara que todo mundo
achava que ele era o exemplo de pessoa que sabia escrever bem).

Sofria com tudo e respondia a tudo isso de uma maneira altiva e ativa. Antero era
completamente contra os poderes absolutos. Alguma coisa sempre é passiva e sofredora
de determinismo, determinismo esse que não possui uma força criadora.

TUDO ERA CONTRA A FORÇA CRIADORA – QUESTÃO FILOSÓFICA DE ANTERO

 Força criadora imanente e o ser se realiza quando consegue ser pleno e colocado em
criatividade de um modo próprio e vital
 Um homem integrado a lei universal seria pleno em sua criatividade
 A gente é livre em circuntâncias do jeito que dá.
 A Liberdade é o contrário do determinismo

Antero lê a história aonde ele vê que os fatores sociais são os maiores influenciadores na
questão de um ser humano não conseguir realizar o seu intenso potencial. E quando alguém
não realiza o nosso potencial nós fazemos um mal imenso para todo mundo e para toda a
sociedade.
A grande questão do Antero no século XIX era que esse determinismo era como se fosse uma
camisa de força para qualquer pessoa que queria viver em uma plenitude de criação e de
criatividade.

O romantismo é individual, é próprio, é criativo.

Antes de falar mal de tudo e de como era uma decadência de Portugal, o que ele achava que
não era decadente e aí ele fala sobre a década de 1500. Fala sobre a escolástica, volta ao
medieval e fala sobre as cantigas de amigo e de amor. A importância dos árabes e dos judeus
na formação das penínsulas.

CONCÍLIO DE TRENTO

Para o Antero foi a desgraça da natureza. Todos os dogmas serão fixados. Vai ser instituida
todas as coisas que deverão ser obrigatórias. Como a religião vai mudando e se tornando um
mundo que também é muito influenciado pelo absolutismo e o determinismo.

Liberdade Moral

Ele diz respeito dos países que ele considera pacífico, é aquele que é pacífico para consigo
mesmo e suas pessoas umas com as outras, diferentemente de Portugal. A inquisição é um
hospital curador das almas – as heresias no caso.

Duração de dois séculos na Europa e três nas colônias.

Nesse período Portugal construiu ferroviárias e o telégrafo foi inventado. E Antero de Quental
começa a ficar meio bravo com isso por conta de que Portugal passou a ser um país que só
recebe coisas, mas que nunca inventa nada ou não pensa nada de novo.

Noções que são muito embranhadas na sociedade. Amor filial, noção de pecado, de fim de
mundo, etcs. Algumas coisas são muito próprias de determinadas regiões e para o Antero, é
importante, mais ainda a questão da religião. Sempre houve uma relação muito próxima entre
o clero e o poder, entre o governo e a igreja, principalmente quando se deu a inquisição que se
iniciou principalmente durante o Concílio de Trento.

Aqui no Brasil nós herdamos muitas coisas do absolutismo. A grande questão foi GOA. Que é
problemático por conta de ser um caso muito individualizado. Quando chega uma nova tribo
se cria uma nova casta na Índia. Há os brâmanes cristãos por exemplo.

Começo da descolonização começa em GOA. Macau e Timor Leste meio que sobrou.
Houveram muitas invasões.

Aula de Literatura Portuguesa III sem a Monica – com o cara do nome engraçado

“O homem é um resultado, uma conclusão e um procedimento de circunstâncias que o


envolvem”

“O romantismo era a apoteose do sentimento. O realismo é a anatomia do caráter. É a crítica


do homem”
Eça de Queiróz

SINGULARIDADE DE UMA RAPARIGA LOIRA

No enredo há vários narradores. Uma das posições do narrador é a de observador e o outro


critica. O narrador por meio de verossimilhança (narrador realista da problematização) – alerta
o Macário sobre quem é Luisa de forma bastante crítica.

Narrador  conta a história e critica desde o primeiro indício.

Característica do Eça: Aliteração e sinestesia (as três primeiras letras entre uns adjetivos
seguidos, por exemplo dentro de sua caracterização que é uma das principais características
do realismo)

Macário  Aquele que encontrou a felicidade; ironia latente de Eça de Queiroz. Do Grego.

É tudo colocado em seus mínimos detalhes por que é a característica da escrita realista.

Triangulação amorosa – tem sempre aqueles que se amam, e uma coisa que atrapalha no meio
dos dois para que o seu amor não possa se concretizar. Há uma inversão de papeis, quem
chora é Macário e não Luisa e é ele que mais a ama.

Há várias singularidades em questão, as físicas e morais.

O narrador sempre antecipa, e Eça quis dizer com tudo isso que o romantismo coloca um véu
entre o leitor e a história deixando tudo parecer de uma forma obscurecida e por demais
idealizada.

A volta de Monica – Eça de Queiroz / Crônica chineses e japoneses (1894)

 Crítica de alienação da sociedade


 Crítica da civilização
 Crítica do discurso nacional (modernidade)

Discurso da Europa acerca do oriente. Edward Said (1978) orientalismo. Não tem nada a ver
com o que acontece de fato no oriente. Orientalismo X Imperialismo

Entendido como uma teoria literária, define a literatura como projeções de austeridade de
uma sociedade sobre a outra. Para mostrar como as outras culturas são ruins e até mesmo
bestiais. É querer sobretudo negar a diferença que os outros possuem.

O texto de Eça apareceu na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro. Eça tende a escrever muito
sobre aquilo que ainda vai ser. Ele se torna dessa forma muito atual.

Eça  externalização para o mundo


Machado  nacional e interno em si

Em todos os seus textos há uma imagem dos lugares pelos quais ele passou.

COMO O HOMEM É HUMANO


TUDO O QUE ATRAPALHA A HUMANIZAÇÃO DO HOMEM
Antecipa na presente crônica várias questões. Estilo de escrita do Eça há grande descrição
narrativa. Tudo compõe personalidades e ele constrói um estilo próprio e irônico. ESTILO DA
CARICATURA  Baudelaire sempre entre nesse âmbito da caricatura onde ela se aproxima,
destaca um detalhe e deforma.

Caricatura de Portugal. “Aquela luz pálida que deixa os portugueses molengas”.

O orientalismo por si só é palpado no esteriótipo negativo.

CARICATURA X ESTERIÓTIPO

1 – Não é tipo uma homenagem


2 – É necessariamente pejorativo

 A CARICATURA DO ESTERIÓTIPO

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