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Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0145.15.

019419-2/001

<CABBCCABADDACABCADBACBABCBACADADACBA
ADDADAAAD>
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA.
PROMESSA DE COMPRA E VENDA. JUROS REMUNERATÓRIOS.
PRESCRIÇÃO TRIENAL CONFIGURADA. DECISÃO MANTIDA. 1) A
pretensão de cobrança de juros e dividendos prescreve em três anos,
na forma do art. 206, §3º, III, do CC/2002, e tem como marco inicial o
vencimento de cada obrigação.
AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0145.15.019419-2/001 - COMARCA DE JUIZ DE FORA - AGRAVANTE:
CENTRO EMPRESARIAL MONTE SINAI LTDA - AGRAVADO: ANTÔNIO ROBERTO DE SOUZA AZEVEDO

AC Ó R D ÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 11ª CÂMARA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da
ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. MARCOS LINCOLN


RELATOR.

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Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0145.15.019419-2/001

DES. MARCOS LINCOLN (RELATOR)

VOTO

Trata-se de Agravo de Instrumento com pedido de efeito


suspensivo interposto pelo CENTRO EMPRESARIAL MONTE SINAI
LTDA. da decisão de fls. 169/172-TJ, integrada à fl. 179-TJ,
proferida nos autos da ação de cobrança ajuizada em desfavor de
ANTÔNIO ROBERTO DE SOUZA AZEVEDO, por meio da qual o
MM. Juiz a quo assim decidiu:
“(...)
Isto posto, com fulcro no artigo 487, inciso II,
segunda figura, do Código de Processo Civil,
RECONHEÇO A PRESCRIÇÃO da pretensão
ressarcitória da parte Suplicante em face do
Demandado relativa aos juros cobrados a menor
entre dezembro de 2011 a abril de 2012,
permanecendo a ação de cobrança em relação as
demais parcelas.
(...)
Destarte, considerando que as provas pleiteadas
em nada, rigorosamente, contribuirão para o
deslinde do presente processado, não há que se
falar em deferimento da produção de prova pericial
e oral, tampouco em lesão aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.
Ante o exposto, indefiro a produção das provas
especificadas pela parte Autora.
Por conseguinte, declaro saneado o feito e
determino a publicação deste despacho e o
decurso de prazo para interposição de eventual
recurso.
Caso não seja interposto nenhum recurso contra
essa decisão, dando prosseguimento ao feito,
façam-me os autos conclusos para apreciação.”
(sic, fl.170-TJ)

Nas razões recursais (fls. 04/11-TJ), sustentou, em síntese,


que “ao contrário do que defende o Agravado, o prazo prescricional
de 3 (três) anos a que se refere o art. 206, § 3º, inciso II, do Código
Civil, não se aplica à espécie destes autos”; que “em se tratando de
débito relativo ao não pagamento integral do preço estipulado para
a compra e venda, tem-se que incide na espécie, data venia, o

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preceito do art. 205, do Código Civil”; que “o prazo prescricional


(ainda que fosse de 3 anos – o que se admite apenas em respeito
ao princípio da eventualidade) teve curso, pois, apenas no dia
16/07/2013, não tendo se consumado, via de consequência, antes
do ajuizamento desta ação”. (sic)
Acrescentou que “o prosseguimento do feito quanto aos
outros pedidos deduzidos pelo Agravante, antes da decisão deste
recurso, pode acarretar danos de difícil reparação às partes, já que
a instrução processual será concluída sem que seja conferido ao
Agravante o direito de efetuar a comprovação de suas alegações,
através, nomeadamente, da produção da competente prova pericial
contábil”. (sic)
Com tais considerações, postulou a atribuição do efeito
suspensivo ao recurso e, ao final, o seu provimento.
Por meio do despacho de fls. 187/188-TJ, foi deferido o efeito
suspensivo e determinadas as diligências de praxe.
Contraminuta às fls. 194/221-TJ.
É o relatório.
Decido.
Infere-se dos autos que CENTRO EMPRESARIAL MONTE
SINAI LTDA., ora agravante, ajuizou ação de cobrança em desfavor
de ANTÔNIO ROBERTO DE SOUZA AZEVEDO, ora agravado,
alegando, em síntese, que teria vendido ao réu uma sala comercial;
que o pagamento seria feito a prazo, com incidência de correção
monetária e juros remuneratórios, conforme cláusula 5.3; “que o
autor se responsabilizava pessoalmente pelo pagamento dos juros
contratuais, que eram debitados mensalmente em uma conta
bancária mantida perante a instituição bancária interveniente (Banco
do Brasil S/A); com o débito dos juros na sua conta bancária, o
Autor o distribuía, proporcionalmente às respectivas frações ideais,
aos adquirentes das unidades autônomas, com emissão de boleto
bancário para pagamento” (sic, fl. 15-TJ).

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Asseverou, contudo, que, “entre os meses de dezembro do


ano de 2011 e maio do ano de 2012, o agente financeiro (Banco do
Brasil S/A) debitou juros em importâncias menores do que aquelas
efetivamente devidas [...] o que fez com que ditos juros não fossem
pagos pelos Réus entre os meses de dezembro de 2011 e maio de
2012” (sic, fls. 15 e 19-TJ), razão pela qual ajuizou a presente ação.
Devidamente citado, o réu apresentou contestação e,
posteriormente, manifestou-se nos autos (fls. 152/153-TJ), arguindo
prejudicial de prescrição e pugnando pela improcedência dos
pedidos da inicial.
Pela decisão agravada, como relatado, o ilustre Juiz a quo
acolheu a prejudicial de prescrição.
Contra essa decisão é que foi interposto este agravo de
instrumento.
Esses são os fatos.
Cinge-se a controvérsia recursal em verificar se o MM. Juiz
de primeiro grau agiu com acerto ao acolher a prejudicial de
prescrição.
Pois bem.
Sobre o prazo prescricional a ser considerado, cumpre
realçar que, na hipótese, aplica-se o disposto no art. 206, §3º, III, do
CC/02, por se tratar de cobrança dos juros, in verbis:
"Art. 206. Prescreve:

(...)

§ 3º Em três anos:

(...)

III - a pretensão para haver juros, dividendos ou


quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com
capitalização ou sem ela".
A respeito do referido dispositivo legal, leciona Humberto
Theodoro Junior que "é princípio clássico de direito que o acessório
deve seguir o destino do principal. O que pretendeu o Código foi
permitir que, em determinadas circunstâncias, se possa negociar

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separadamente sobre os frutos e produtos (art. 95), caso em que


ditos bens perderão, no contrato, o caráter de acessório, tornando-
se objeto principal da convenção (exemplo: venda de colheita futura,
cessão do direito a aluguel, dividendos, etc.). Quando isto
acontecer, a pretensão relativa aos rendimentos seguirá o destino
do negócio que os teve como objeto, separadamente do negócio
sobre o capital" (Comentários ao Novo Código Civil, volume III. Dos
Atos Jurídicos Lícitos. Dos Atos Ilícitos. Da Prescrição e da
Decadência. Da Prova. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 329).
E, no caso em apreço, a parte autora, ora agravante,
pretende cobrar os juros vencidos no período de dezembro de 2011
a maio de 2012 e estabelecidos na cláusula 5.3 do contrato
celebrado pelas partes, que assim dispõe:
“5.3. Os juros devidos pelo PROMITENTE-
VENDEDOR ao INTERVENIENTE-ANUENTE por
efeito da concessão do financiamento de que trata
o n. 6.1, infra, serão cobrados do PROMITENTE-
COMPRADOR proporcionalmente às frações ideais
por ele adquiridas, até a quitação do dito
financiamento ou até a contratação do
financiamento a que alude o n. 5.1.5, retro” (sic, fl.
29-TJ).

Entretanto, a ação foi distribuída somente em 23/04/2015 (fl.


20-TJ), pelo que não há dúvida de que a pretensão da parte autora
relativa aos juros cobrados a menor entre dezembro de 2011 a abril
de 2012 foi atingida pela prescrição trienal.
Nesse sentido, já decidi em caso semelhante, quando do
julgamento da Apelação n.º 1.0145.15.025776-7/001.
De mais a mais, as prestações relativas aos juros devidos
pela autora à instituição financeira e repassados ao réu, ora
agravado, são de trato sucessivo e vencem mês a mês, razão pela
qual não há como acolher a alegação da parte autora, ora
agravante, de que o termo inicial do prazo prescricional deveria
iniciar posteriormente à Assembleia de 16/07/2013, na qual “os
adquirentes das unidades foram então chamados a quitar a
obrigação” (sic, fl. 06-TJ).

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Sendo assim, a manutenção da decisão que acolheu a


prejudicial de prescrição trienal é medida que se impõe.
CONCLUSÃO
Com essas considerações, NEGA-SE PROVIMENTO AO
RECURSO, mantendo incólume a decisão agravada.
Custas recursais, pelo agravante.

<>

DES. ALBERTO DINIZ JUNIOR - De acordo com o(a) Relator(a).

DESA. MÔNICA LIBÂNIO ROCHA BRETAS - De acordo com o(a)


Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO


RECURSO"

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