Material Teórico
Análise da Imagem – Nível Técnico
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Análise da Imagem – Nível Técnico
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os elementos básicos para a leitura de uma imagem
fotográfica no nível técnico;
· Identificar em fotografias os elementos que compõem o nível técnico
de análise de uma imagem;
· Realizar análise de imagem fotográfica a partir do uso de fichas
específicas para o nível técnico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico
Introdução
Figura 1 – Paul Lowe. Sem título, s/d. “Ao analisar imagens noticiosas é fácil esquecer que os fotógrafos não são
invisíveis. Na verdade, eles são tão protagonistas na situação como as pessoas que são o tema de sua reportagem”
Fonte: Lowe, 2017
As teorias linguísticas atuais vêm ampliando o conceito de texto como sendo uma
produção verbal, sonora, gestual, imagética, em qualquer situação de comunicação
humana, estruturada com coerência e coesão. A partir dessa premissa, passamos a
entender que as imagens se estruturam na forma de um texto visual, que pode ser
lido. A questão passa a ser, então, como é possível lermos esse texto imagético?
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contexto histórico no qual se insere; e, por fim, um significado aceito
socialmente como válido, resultante do trabalho de investimento de
sentido (MAUD, 2005),.
Figu’ra 2 – Wang Qingsong. Siga-me, 2003. Fotografia encenada pelo artista chinês Wang Qingsong (1966-)
Fonte: Hacking, 2012
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UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico
Dados Gerais
Título e Data da Fotografia
O título da fotografia costuma vincular o sentido da fotografia a partir da
perspectiva do autor. Entretanto, devemos estar atentos em relação a refle-
xões realizadas pelo autor da fotografia, uma vez que quase sempre a análise
textual permite chegar muito além em significado que aquilo que o autor pos-
sa dizer sobre a sua própria obra. Um exemplo são as fotografias de Duane
Michals (1932-), nas quais as legendas se constituem em uma boa reflexão so-
bre o sentido da imagem a partir da dimensão do autor. Em As coisas são es-
tranhas (1973) (Fig. 3), o fotógrafo apresenta nove imagens sequenciais nas
quais histórias são encenadas, registrando sua visão do mundo interior por
meio de narrativas psicológicas. “Sempre afirmei que eu quero que minhas
fotografias sussurrem. Enquanto um monte de fotografias grita para chamar a
atenção”, relatou. Neste momento, também pode ser incluída a data em que
foi tirada a fotografia.
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Figura 3 – Duane Michals. As coisas são estranhas, 1973. Fotografia
Fonte: Hacking, 2012
Fonte da Imagem
Também é interessante especificarmos a fonte da imagem: museu, galeria,
livro, catálogo ou documento eletrônico, etc. Nesse aspecto, é importante
tentarmos encontrar uma origem (fonte) extremamente confiável para que
tenhamos certeza da veracidade dessas informações. Com o advento da
internet ficou muito mais fácil chegarmos a esses dados, entretanto, todo
cuidado é pouco, será preciso confirmar as informações coletadas, sob pena
de nossa análise ficar comprometida. Um exemplo é a fotografia Guerrilheiro
heroico (1960) (Fig. 4), de Alberto Korda (1928-2001). A imagem, uma das
mais reproduzidas no mundo, foi recortada pelo próprio Korda (Fig. 5).
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Figura 6 – Malick Sidibé. A most seul, 1978. Fotografia. Gênero: retrato
Fonte: Lowe, 2017
Figura 7 – Frederick Sommer. Max Ernest, 1946. Gênero retrato e subgênero fotografia de arte.
Fonte: Hacking, 2012
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UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico
Parâmetros Técnicos
P/B, Cor
A fotografia pode ser em preto e branco ou em cores; ser originalmente em
preto e branco e ter sido colorizada posteriormente ou ser originalmente em cores
e ter sido transformada em preto e branco. Nesses dois últimos casos, o ideal é que
essas informações estejam disponíveis, pois, caso contrário, não teremos como
concluir que essas técnicas foram utilizadas. Uma fotografia também pode ser,
simultaneamente, em preto e branco e em cores, caso tenha algum elemento ou
parte da imagem com essas características.
Formato Original
Outro aspecto igualmente importante é o tamanho original da imagem que
analisamos. Por vezes, esta informação está presente na própria legenda da
imagem. É obvio que as condições de recepção de uma fotografia por parte do
espectador se alteram de forma substancial quando as imagens são de grandes
dimensões ou quando apresentam dimensões muito reduzidas. Este aspecto
apresenta importantes consequências na análise, quando se estuda a relação da
imagem com o espectador.
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Câmera
O tipo de câmara utilizada é outro aspecto igualmente relevante. Nas fotografias
analógicas, caso não consigamos essa informação junto à imagem ou em bancos de
dados, fica praticamente impossível identificar a câmera utilizada. Já nas imagens
digitais, normalmente, essa informação está em “Informações do arquivo” ou em
“Propriedades”, da fotografia.
Suporte
Em certas ocasiões, pode-se dispor de informação sobre o tipo de formato foto-
gráfico empregado, como o universal ou 35 mm, o formato médio ou grande for-
mato. Essas informações podem apresentar muitas alternativas, inclusive identificar
a marca e o tipo de película utilizada, no caso de fotografia analógica. Estas informa-
ções possibilitam a compreensão sobre como o autor conseguiu obter determinados
efeitos visuais, mas, sobretudo, as condições de produção da fotografia.
Objetiva(s)
Esta informação, quando disponível, permite que conheçamos se foi utilizada
uma teleobjetiva, uma lente grande-angular, uma objetiva normal, uma objetiva
olho de peixe, etc. A seleção da objetiva produz importantes consequências na
construção do ponto de vista físico da fotografia. Uma objetiva grande-angular,
por exemplo, pode auxiliar o fotógrafo na inclusão de muitas informações no
quadro ou destacar o primeiro plano, fazendo com que ele pareça enorme em
comparação com o fundo. Já uma teleobjetiva pode compactar uma imagem e
dar a impressão de que objetos aparentemente distantes estejam próximos um do
outro. Henri Cartier-Bresson (1908-2004), por exemplo, fotografou quase todos
os seus trabalhos com uma objetiva padrão de 50 mm.
Foco
Dentro das questões técnicas, o foco é um elemento que deve ser analisado.
O fotógrafo tem a possibilidade de controlar a localização do foco e também os
objetos que ficarão nítidos. Um elemento da fotografia pode ser destacado sobre
os demais como ponto de maior nitidez dentro do quadro. A força da mensagem
se deve muito ao foco. Conforme Feijó (2018), uma “pequena falta de foco de
todos os elementos que compõem a imagem pode servir para a suavização dos
traços, o contrário acontece quando há total nitidez que demonstra a rudeza ou
brutalidade da realidade”.
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Ângulo/Ponto de Vista
A câmera pode ser situada na mesma altura do sujeito ou objeto a ser fo-
tografado, como também abaixo ou acima dele. Feijó (2018) observa que, ao
fotografarmos com a máquina de um ângulo superior (de cima para baixo) ou de
um ângulo inferior (de baixo para cima) temos que nos preocupar com a impres-
são subjetiva causada por esta visão. Segundo ele, a máquina na posição de um
ângulo superior (Fig. 10) tende a diminuir o sujeito em relação ao espectador e
pode significar derrota, opressão, submissão, fraqueza do fotografado; enquanto
que em um ângulo inferior (Fig. 11) pode ressaltar a sua grandeza, sua força, seu
domínio. Evidentemente, que essa análise vai depender do contexto em que a
altura da câmera for usada.
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Figura 11 – Dmitri Baltermants. Ataque, 1941. Fotografia
Fonte: Hacking, 2012
Outras Informações
Nesta seção, podem ser incluídos dados disponíveis como, por exemplo, a
utilização de filtros fotográficos (ópticos ou digitais), utilização de imagens negativas,
técnicas de revelação ou pós-produção, entre outras informações que podem estar
disponíveis em catálogos ou nas fontes de origem da fotografia.
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pessoas afetadas pela crise econômica e social nos Estados Unidos, na época. Ele fotografou
hóspedes temporários em um hotel onde famílias viviam em situação de pobreza e também
casas de ricos. Ele questionou as pessoas sobre suas vidas, esperanças e medos, perguntando:
“Se você morresse ou deixasse este espaço amanhã, e se esta foto fosse colocada na porta
como uma lembrança de você, o que você diria?” (LOWE, 2017, p. 247). Na figura 12 lemos:
“I love David. But he is to fragile for a rough father like me.” (“Eu amo David. Mas ele é frágil
para um pai áspero como eu.”). E, na figura 13: “I wish I could see more softness within myself.
Most of the time, as though in limbo, I feel caught between an iceberg and a desert.” (“Eu queria
poder ver mais suavidade dentro de mim. Na maioria das vezes, como no limbo, eu me senti
atrapalhada entre um iceberg e um deserto.”). Conforme Lowe (2017), “a justaposição do
texto escrito à mão e da imagem faz a conexão com as pessoas parecer tangível e visceral;
ela explora o espaço entre o que pode ser visto e o que está sendo dito”.
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Anexos
Ficha Para Análise Fotográfica – Nível Técnico
Há uma grande quantidade de propostas de metodologias para a análise fo-
tográfica, que contemplam várias etapas, desde a análise técnica até a narrativa.
A partir do estudo de Felici (2004), e de sua proposta de fichas para esse tipo
de análise, apresentamos, a seguir, a ficha 1 que contempla elementos do nível
técnico, apresentados nesta unidade. A adaptação busca o desenvolvimento de
uma análise fotográfica básica, por meio da identificação dos principais elemen-
tos constantes nas imagens.
ANÁLISE FOTOGRÁFICA
FOTOGRAFIA
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UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico
Figura1 – Ansel Adams. Tempestade de inverno se dissipando, Yosemite Valley, c.1935. Fotografia
Fonte: Lowe, 2017
Ficha 1 – Nível técnico
ELEMENTO SIM / NÃO ANÁLISE
1. Dados gerais
Tempestade de inverno se dissipando,
Título e data da fotografia
Yosemite Valley, 1944.
Ansel Adams, norte-americano, 1902-1984
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2. Parâmetros técnicos
P/B, cor P/B
Formato original 39,5 x 48,5 cm
Grande formato. Exposição 1/5 segundos e abertura
Câmera
f/16. Marca da câmera não identificada.
Película negativa Isopan de 64 ASA
Suporte
de 8” x 10” (20 x 25 cm)
Objetiva(s) Objetiva Cooke Series XV de 12 ¼ polegadas
Foco Extremo
Ângulo/ponto de vista Central
Após uma viagem ao Yosemite National Park, então com 14 anos, Adams
começou a experimentar a fotografia. A partir de 1937, viveu por dez
anos no parque onde conheceu profundamente sua geografia e condições
meteorológicas de forma que sabia exatamente quando e onde fotografar
Dados biográficos sobre o autor para alcançar o resultado que queria. Ele era membro da organização
ambiental Sierra Club, onde pode atuar pela preservação de áreas naturais
americanas como um ativo ambientalista. Juntamente com Paul Strand e
Edward Weston, fundou o influente Grupo f/64, nome referente à abertura
mínima de uma objetiva que dá maior profundidade de campo.
Juntamente com o fotógrafo Fred Archer, Adams desenvolveu a
ideia do Sistema de Zonas, método para exposição e revelação
da fotografia em preto e branco, com dez zonas de densidade, de
Comentários críticos sobre o autor
preto puro a branco puro com uma graduação sutil de tons de cinza
no intervalo. Em algarismos romanos, 0 representa preto puro; X,
branco puro; e V, cinza médio.
Outras informações: Não
Análise realizada por: Rita Jimenez
Fonte: ficha e conteúdo adaptados de Felici (2004 e 2009)
Explor
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Calendário de concursos de fotografia
https://goo.gl/S4u45c
Vídeos
Ansel Adams a documentary film
Escrito e dirigido por Ric Burns, 2002. Documentário dedicado ao fotógrafo e
ambientalista norte-americano Ansel Adams (1902-1984), mestre nos aspectos
técnicos e estéticos da fotografia de paisagem em preto e branco.
https://youtu.be/hNvMBvkmjvU
Leitura
Como descobrir informações técnicas de uma foto pelo PC
https://goo.gl/Z6Wbo4
Da fotografia analógica à ascensão da fotografia digital
https://goo.gl/X2QXn2
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Referências
FEIJÓ, Cláudio. Linguagem fotográfica. Universidade Estadual de Londrina/
Especialização em Fotografia [2018]. Disponível em: http://www.uel.br/pos/
fotografia/wp-content/uploads/downs-uteis-linguagem-fotografica.pdf. Acesso
em: 13 mar. 2018.
HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
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