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3. PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA
(iv) Aspectos: objetivo (“signos presuntivos de riqueza”), subjetivo (particularidades do contribuinte – “disponibili-
dade econômica”) e proporcional – (STF, RE 406955);
- S. 539, STF*
*Súmula nº 539, STF. É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupa-
do pela residência do proprietário que não possua outro.
(v) concretização:
(...) III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;
Art. 156, § 1º, I, CF. Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o artigo 182, § 4º, inciso II, o im-
posto previsto no inciso I poderá:
Súmula nº 668, STF - É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional
29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da
propriedade urbana.
Súmula nº 656, STF - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmis-
são inter vivos de bens imóveis - ITBI, com base no valor venal do imóvel.
(...) todos os impostos, independentemente de sua classificação como de caráter real ou pessoal, poderiam e
deveriam guardar relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo. (...) Ademais, assinalou-se inexistir
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incompatibilidade com o Enunciado 668 da Súmula do STF (“É inconstitucional a lei municipal que tenha estabele-
cido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegu-
rar o cumprimento da função social da propriedade urbana”). (...) diferentemente do que ocorreria com o IPTU, no
âmbito do ITCD não haveria a necessidade de emenda constitucional para que o imposto fosse progressivo (STF,
Informativo 694, fev/2013).
- dever fundamental do contribuinte – Estado Democrático de Direito, Social e Tributário – Estado Fiscal ou Estado
Tributário;
- v.g. art. 128*, 134, 135, CTN.
Art. 128, CTN. Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade
pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsa-
bilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida
obrigação.
(i) Busca dar efetividade à lei tributária – vedação a deveres formais penosos ao sujeito passivo (mínimo de restri-
ção);
(ii) Assegurar a arrecadação e a fiscalização do tributo (evitando inadimplência e sonegação);
(iii) Concretiza-se por presunções, ficções, padronizações - figura dos substitutos tributários, pautas fiscais, substi-
tuição tributária para frente (art. 150, § 7º, CF).
Conforme o STF (Precedente: RE 213.396/SP), “é constitucional o regime de substituição tributária ‘para frente’
[art. 150, § 7º, CF], em que se exige do industrial, do atacadista, ou de outra categoria de contribuinte, na qualida-
de de substituto, o recolhimento antecipado do ICMS incidente sobre o valor final do produto cobrado ao consumi-
dor, retirando-se do revendedor ou varejista, substituído, a responsabilidade tributária”.
REPERCUSSÃO GERAL - Substituição tributária: direito à restituição e base de cálculo presumida maior que a
efetiva.
É devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago a mais,
no regime de substituição tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumi-
da.
(...) A Corte afirmou que a substituição tributária, prevista no art. 150, § 7º, da Constituição Federal, tem como
fundamento o princípio da praticidade. Desse modo, promove comodidade, economicidade e eficiência na execu-
ção administrativa das leis tributárias.
(...) Ponderou, entretanto, que o princípio da praticidade tributária também encontra freio nos princípios da igual-
dade, capacidade contributiva e vedação do confisco, bem como na arquitetura de neutralidade fiscal do ICMS.
Por conseguinte, é papel institucional do Poder Judiciário tutelar situações individuais que extrapolem o limite da
razoabilidade.
(...) Assim, uma interpretação restritiva do § 7º do art. 150 da Constituição, com o objetivo de legitimar a não resti-
tuição do excesso, representaria injustiça fiscal inaceitável em um Estado Democrático de Direito, fundado em
legítimas expectativas emanadas de uma relação de confiança e justeza entre Fisco e contribuinte. Desse modo,
a restituição
Do excesso atende ao princípio que veda o enriquecimento sem causa, haja vista a não ocorrência da materiali-
dade presumida do tributo.
(...) Por fim, o Plenário, por maioria, modulou os efeitos do julgamento. Dessa forma, esse precedente poderá
orientar todos os litígios judiciais pendentes submetidos à sistemática da repercussão geral e os casos futuros
oriundos de antecipação do pagamento de fato gerador presumido, tendo em conta o necessário realinhamento
das administrações fazendárias dos Estados-membros e de todo o sistema judicial. No entanto, em vista do inte-
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resse social e da segurança jurídica, decidiu que se preservem as situações passadas que transitaram em julgado
ou que nem sequer foram judicializadas. Vencido, quanto à modulação, o Ministro Marco Aurélio. (STF, RE
593849/MG, rel. min. Edson Fachin, 19.10.2016).
* Art. 150, I, CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
(i) Expressões sinônimas: Legalidade absoluta, estrita legalidade, reserva absoluta de lei formal, tipicidade fecha-
da ou cerrada;
(ii) origem: Magna Carta (1215 – no taxation without representation – “vedada a tributação sem representação” –
necessidade, portanto, do consentimento popular);
(iii) Conteúdo – art. 97, CTN (*)
Art. 96, CTN: A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais,
os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a
eles pertinentes.
De acordo com a orientação jurisprudencial do STF, a instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de
Justiça afronta o princípio da reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judi-
ciárias (ADI 1.709, rel. min. Maurício Corrêa, j. 10-2-2000, P, DJ de 31-3-2000).
(iv) Aparentes exceções ou “legalidade flexível” ou mitigações ou atenuações ou exceções (posição minoritária
quanto a esse último sinônimo – “exceções”):
- Alterações que se seguem apenas para as ALÍQUOTAS (e não para a base de cálculo);
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(a) art. 153, § 1º, CF: II, IE, IPI e IOF – impostos extrafiscais;
(b) Art. 155, § 4º, IV, c, CF: ICMS-combustíveis monofásico;
É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos
impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
A partir da edição do Decreto n. 3.756/01 (art. 2º, XII), foi atribuída à CAMEX, criada pelo Decreto n. 1.386/95, a
fixação, dentro dos parâmetros legais, das alíquotas dos impostos de importação e exportação, como um dos
instrumentos de política de comércio exterior, atribuição reafirmada pelos Decretos n. 3.981/01 (art. 2º, XIII e XIV)
e 4.732/03 (art. 2º, XIII e IV), não havendo que se falar em ofensa ao disposto nos arts. 153, § 1º; e 84, parágrafo
único, da Constituição da República, uma vez que a CAMEX integra o Poder Executivo e a alteração de alíquota
do imposto de importação não se encontra entre as competências indelegáveis do Presidente da República (STF,
Re 570.680/RS, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 03.12.2009).
A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para determinar o seguimento de recurso
extraordinário em que discutida a possibilidade de majoração, por portaria do Ministério da Fazenda, da alíquota
da Taxa de Utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). A Turma frisou que o ato ministerial
majorou em 500% os valores atribuídos à taxa em questão. Ademais, a Lei 9.716/1998, na qual instituído o tributo,
sequer estabelece balizas mínimas para eventual exercício de delegação tributária por parte do chefe do Executi-
vo. De igual modo, por se tratar de taxa, e não de imposto, não há permissivo constitucional para excepcionar-se
o princípio da reserva legal em matéria tributária.
(STF, RE 959274 AgR/SC, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em
29.8.2017, 1ª Turma, Inf. 875).
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender
aos seguintes requisitos:
(...) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b;
(...) IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos
do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte:
(...) c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.
- Não recepção dos arts. 21, 26 e 65 do CTN: ato do Poder Executivo não pode alterar base de cálculo do II, IE e
IOF, respectivamente.
– norma tributária em branco: possibilidade (*)
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7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer
a obrigação tributária válida. O fato de a Lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de "ativi-
dade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica,
C.F., art. 5º, II, e da legalidade tributária, C.F., art. 150, I. (STF; RE 343446; SC; Rel. Min. Carlos Velloso; Julg.
20/03/2003; DJU 04/04/2003; p. 00040).
(v) Lei delegada (art. 68, CF): possibilidade de utilização na esfera tributária, salvo se matéria reservada à lei
complementar;
(vii) Medida Provisória (art. 62, § 2º, CF): possibilidade de utilização na esfera tributária, salvo se matéria reserva-
da à lei complementar (art. 62, § 1º, III, CF)*.
*Art. 62, § 2º, CF. Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos
arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em
lei até o último dia daquele em que foi editada.
(viii) Competência privativa do Presidente da República para a matéria tributária? Não - Art. 61, § 1º, II, b, CF*;
*Art. 61, § 1º, CF. São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
(...) b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da
administração dos Territórios;
(ix) princípio da transparência fiscal ou transparência da carga tributária ou transparência dos impostos (art. 150, §
5º, CF; Lei nº 12.741/12)*;
*Art. 150, § 5º, CF. A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos
que incidam sobre mercadorias e serviços.
(x) concessão de benefícios ou incentivos fiscais – lei específica indispensável (art. 150, § 6º, CF)*;
*Art. 150, § 6º, CF. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica,
federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente
tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º, XII, g.
(xi) correção monetária (previsão em lei da aplicação de correção, não do indexador – exemplo: Lei nº 6.899/81):
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- Súmula nº 160, STJ e índices federais como limite (ADI 442-SP)**;
*Art. 97, § 2º, CTN. Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atuali-
zação do valor monetário da respectiva base de cálculo.
**Súmula nº 160, STJ. É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índi-
ce oficial de correção monetária.
ADI 442, STF. (...) 3. A legislação paulista é compatível com a Constituição de 1988, desde que o fator de corre-
ção adotado pelo Estado-membro seja igual ou inferior ao utilizado pela União. 4. Pedido julgado parcialmente
procedente para conferir interpretação conforme ao artigo 113 da Lei n. 6.374/89 do Estado de São Paulo, de
modo que o valor da UFESP não exceda o valor do índice de correção dos tributos federais.
LEGALIDADE TRIBUTÁRIA.
Na esteira da orientação do STF, “é inconstitucional a majoração do IPTU sem edição de lei em sentido formal,
vedada a atualização, por ato do Executivo, em percentual superior aos índices oficiais” (RE 648.245, rel. min.
Gilmar Mendes, j. 1º-8-2013, P, DJE de 24-2-2014, com repercussão geral).
O STF, em 19/10/2016, fixou a seguinte tese no julgamento do RExt com Repercussão Geral nº 838.284: “Não
viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa
em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do pró-
prio conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente previstos”.
Conforme recente decisão do STF, em 19/10/2016, no julgamento do RExt com Repercussão Geral nº 704.292,
fixou-se a tese de que “é inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos con-
selhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem parâmetro legal, o
valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e econômicas, usualmente cobradas sob o título
de anuidades, vedada, ademais, a atualização desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices
legalmente previstos”.
Criação dos tributos por Lei Ordinária (regra); exceções – lei complementar:
STF: RE-377457: inexistência de hierarquia constitucional entre lei complementar e lei ordinária, espécies norma-
tivas formalmente distintas exclusivamente tendo em vista a matéria eventualmente reservada à primeira pela
própria CF. (...) Com base nisso, afirmou-se que o conflito aparente entre o art. 56 da Lei 9.430/96 e o art. 6º, II,
da LC 70/91 não se resolve por critérios hierárquicos, mas, sim, constitucionais quanto à materialidade própria a
cada uma dessas espécies normativas. No ponto, ressaltou-se que o art. 56 da Lei 9.430/96 é dispositivo legiti-
mamente veiculado por legislação ordinária (CF, art. 146, III, b, a contrario sensu, e art. 150, § 6º) que importou na
revogação de dispositivo inserto em norma materialmente ordinária (LC 70/91, art. 6º, II).
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“A isenção da Cofins concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/1991 às sociedades civis de prestação de serviços
profissionais foi revogada pelo art. 56 da Lei n. 9.430/1996.”
(...) o Tribunal assentou não haver hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Afirmou que, por subsumir ao
texto constitucional, certas matérias requereriam lei complementar, enquanto outras, lei ordinária. Assim, seria
possível que uma lei formalmente complementar, mas materialmente ordinária, fosse revogada por lei ordinária.
Ressaltou que isso teria ocorrido no caso concreto. Dessa forma, reputou legítima a revogação da isenção veicu-
lada na LC 70/1991 pela Medida Provisória 1.859/1999, que validamente operara derrogação da norma concessi-
va de isenção em matéria da COFINS. RE 598085/RJ, rel. Min. Luiz Fux, 5 e 6.11.2014.
O Plenário, ao apreciar o Tema 34 da repercussão geral, em conclusão de julgamento e por maioria, negou pro-
vimento a recurso extraordinário em que se discutiu a constitucionalidade da ampliação da base de cálculo e da
majoração de alíquota da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), instituída pela Lei
10.833/2003, resultante da conversão da Medida Provisória 135/2003 (vide Informativo 844). O Tribunal entendeu
não haver vício formal na conversão da referida medida provisória, nem ofensa ao art. 246 da Constituição Fede-
ral (1) na hipótese de mera majoração de alíquotas de contribuições sociais. Além disso, assentou não se fazer
necessária a reserva de lei complementar por não se tratar de novo tributo. Quanto à vedação ao efeito confisca-
tório, concluiu ser juridicamente insustentável buscar guarida nesse princípio em sede de jurisdição constitucional.
Tal posicionamento considerou a orientação do Supremo Tribunal Federal segundo a qual a caracterização desse
efeito pressupõe a análise de dados concretos e peculiaridades de cada operação ou situação, tomando-se em
conta custos, carga tributária global, margens de lucro e condições pontuais do mercado e de conjuntura econô-
mica. Por fim, afirmou que eventuais diferenças entre os regimes de lucro real ou de lucro presumido, inclusive a
respeito do direito ao creditamento, não representam ofensa à isonomia ou à capacidade contributiva. A sujeição
ao regime do lucro presumido é uma escolha do contribuinte, considerado seu planejamento tributário. (STF, RE
570122/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 24.5.2017).
Art. 150, III, a, CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumenta-
do;
Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência
de contribuição previdenciária, por força de Emenda Constitucional. Ofensa a outros direitos e garantias individu-
ais. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de
imunidade tributária absoluta. Regra não retroativa. Instrumento de atuação do Estado na área da previdência
social. Obediência aos princípios da solidariedade e do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como aos objetivos
constitucionais de universalidade, equidade na forma de participação no custeio e diversidade da base de financi-
amento (...). [STF, ADI 3.105, rel. min. Cezar Peluso, j. 18-8-2004, P, DJ de 18-2-2005.].
(ii) Retroatividade tributária infraconstitucional - Arts. 106 e 144, § 1º, CTN. (*)
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I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração
dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado (*):
Exemplo:
- Art. 4º, LC nº 118/05. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto
ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.
- STF no RE n. 566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011: fixou como marco para a
aplicação do regime novo de prazo prescricional levando-se em consideração a data do ajuizamento da ação (e
não mais a data do pagamento) em confronto com a data da vigência da Lei nova (9.6.2005).
Consoante julgado do STJ (REsp 1.596.978-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por maioria, j. em
7/6/2016, DJe 1/9/2016), o entendimento adotado no REsp 1.192.556-PE (DJe 6/9/2010), em que a Primeira Se-
ção do STJ definiu que é válida a incidência do IRPF sobre abono de permanência, não alcança fatos geradores
pretéritos ao referido julgado. Com efeito, “a mutação jurisprudencial tributária de que resulta oneração ou agra-
vamento de oneração ao contribuinte somente pode produzir efeitos a partir da sua própria implantação, não al-
cançando, portanto, fatos geradores pretéritos, consumados sob a égide da diretriz judicante até então vigorante”.
- Inciso II - ato não definitivamente julgado (*): julgamento administrativo ou judicial (até o momento anterior ao
pagamento);
- art. 106, II, CTN – in dubio pro infrator (retroatividade da lei mais benéfica);
STJ:
Tributário. Redução de Multa. Lei Estadual 9.399/96. Art. 106, II, "c", do CTN. Retroatividade. 1. O artigo 106, II,
"c", do CTN, admite que lei posterior por ser mais benéfica se aplique a fatos pretéritos, desde que o ato não este-
ja definitivamente julgado. 2 .Tem-se entendido, para fins de interpretação dessa condição, que só se considera
como encerrada a Execução Fiscal após a arrematação, adjudicação e remição, sendo irrelevante a existência ou
não de Embargos à Execução, procedentes ou não. (STJ, REsp nº 191.530).
REDUÇÃO DO TRIBUTO: não há retroatividade (art. 144, caput, CF), como regra*.
Art. 144, CTN. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei en-
tão vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
- Art. 144, § 1º, CTN. Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da
obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de
investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto,
neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
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SIGILO BANCÁRIO e APLICAÇÃO RETROATIVA DA LC 105/2001.
Conforme orientação jurisprudencial do STJ em REsp Repetitivo (REsp 1134665/SP – Tema 275), “a quebra do
sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de constituição de crédito tributário não extinto, é autori-
zada pela Lei 8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à
luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN”.
O art. 6º da LC 105/2001 não ofende o direito ao sigilo bancário, porque realiza a igualdade em relação aos cida-
dãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do
dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. Por sua vez, a Lei 10.174/2001 não atrai a aplicação do princípio
da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144,
§1º, do CTN.
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