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Despesa Pública
3.1. Introdução
Objetivando cumprir com suas finalidades de promover o bem-estar de todos, garantir
o desenvolvimento da nação, reduzir as desigualdades sociais e preservar o meio ambiente
sustentável mediante ações de educação ambiental, o Estado realiza diversas atividades e
presta serviços à população, ações estas que demandam recursos financeiros, culminando
nas despesas públicas.
Os recursos despendidos ou gastos pelo Estado pertencem ao povo, motivo pelo qual
há regras para a arrecadação de receitas, administração dos recursos e finalmente a execução
de despesas.
As regras gerais são estabelecidas pelo Poder Legislativo em nome dos cidadãos que lhe
conferem tal prerrogativa. Para a eficaz execução das normas o Poder Executivo as regulamenta,
seja através de decretos, portarias, instruções normativas ou outros instrumentos legais admitidos.
O primeiro ponto a ser entendido é que todos os Poderes executam suas próprias despesas,
haja vista a independência constitucional e harmônica dos Poderes de Estado, entretanto,
quem executa a maior parte do orçamento é o Poder Executivo.
Cada Poder elabora sua proposta orçamentária, que nada mais é do que o planejamento
para um exercício financeiro, e a encaminha ao Executivo, o qual tem a competência para
consolidá-las e confeccionar uma única peça orçamentária, um único orçamento, em
obediência ao Princípio Orçamentário da Unidade.
Na União a tarefa de consolidar as propostas orçamentárias dos Poderes, Ministério
Público, entidades e órgãos é exercida pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
– MPOG, através da Secretaria de Orçamento Federal – SOF.
Depois de concluído o planejamento, o orçamento é encaminhado ao Legislativo pelo
chefe do Poder Executivo, através de projeto de lei (Projeto de Lei Orçamentária Anual –
PLOA), recebido, no caso da União, pelo Congresso Nacional, e encaminhado à Comissão
Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.
Encerrada a tramitação do PLOA no Legislativo segue para sanção ou veto do Executivo,
que o aquiescendo, será publicado e, a partir daí, encontra-se em condições de ser executado.
Despesa pública:
1. Em sua acepção financeira, é a aplicação de recursos pecuniários em forma de gastos
e em forma de mutação patrimonial, com o fim de realizar as finalidades do Estado e, em
sua acepção econômica, é o gasto ou não de dinheiro para efetuar serviços tendentes
àquelas finalidades;
2. Compromisso de gasto dos recursos públicos, autorizados pelo Poder competente, com
o fim de atender a uma necessidade da coletividade prevista no orçamento.
Sob o aspecto econômico, as despesas públicas realizadas pelo Estado são divididas em
duas categorias, aquelas destinadas ao pagamento de pessoal e encargos sociais, à manutenção
dos equipamentos e com o funcionamento dos órgãos, ou seja, da máquina administrativa
(Despesas Correntes) e as realizadas com o propósito de formar e/ou adquirir ativos
reais, abrangendo, entre outras ações, o planejamento e a execução de obras, a compra de
instalações, equipamentos, material permanente, títulos representativos do capital de empresas
ou entidades de qualquer natureza, bem como as amortizações de dívida e concessões de
empréstimos (Despesas de Capital).
O Conselho Federal de Contabilidade define “despesa” no item 4.25 da Resolução CFC
n 1.374/2011 (NBC TG Estrutura Conceitual):
o
Especificamente para a Contabilidade Pública, o CFC repete o conceito acima (de forma
mais direta) no item 5.30 da NBC TSP – Estrutura Conceitual:
Somente ocorre despesa sob a ótica contábil, para fins de estudo do patrimônio, quando
o fato administrativo acarreta descréscimo no patrimônio líquido (saldo patrimonial ou
situação líquida patrimonial), excluídos os eventuais descréscimos que estejam relacionados
com as distribuições aos “detentores dos instrumentos patrimoniais”, ou seja, operações,
tais como, distribuição de lucros ou dividendos aos proprietários ou acionistas da entidade.
A definição de despesa identifica suas características essenciais, mas não se configura
como uma tentativa de especificar os critérios que precisam ser satisfeitos para que elas sejam
reconhecidas nas demonstrações contábeis (Resolução CFC no 1.374/2011, item 4.26).
Atenção:
Despesa, para fins de registro das transações pela Contabilidade Pública, ocorre quando há
desembolso de recurso financeiro, qualquer que seja.
Lembre-se:
A Contabilidade Pública reconhece a receita e a despesa patrimonial pelo regime de
competência.
A Contabilidade Pública apenas classifica e denomina o desembolso financeiro como
despesa, todavia, as informações posteriormente geradas serão suficientes para que se
possa verificar se de fato a despesa ocorreu sob o enfoque patrimonial ou sob o enfoque
orçamentário.
Lembre-se:
A Contabilidade Pública, para fins de estudo de seu objeto, o patrimônio público, reconhece
as receitas e despesas pelo regime de competência.
receitas a serem auferidas, tendo por base parâmetros técnicos estabelecidos em normas
infraconstitucionais, para que se possa fixar o valor das despesas a serem executadas.
É através do orçamento público que o Estado materializa a previsão da receita a ser
arrecadada e da despesa a ser incorrida para o período de um ano. Assim, nos entes da
Federação todos os órgãos, entidades e Poderes elaboram suas propostas orçamentárias, enviam
ao Poder Executivo para fins de consolidação e posterior encaminhamento ao Legislativo,
que autoriza a execução do orçamento público, através da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Portanto, na LOA são inseridas as receitas orçamentárias que se pretendem arrecadar e
as despesas orçamentárias a serem executadas.
Lembre-se de que o orçamento público é dinâmico. Apesar de planejado e aprovado
antecipadamente, ele poderá sofrer modificações durante sua execução, ao longo do ano,
em virtude de alterações que se apresentem necessárias, por diversos motivos, tais como:
uma epidemia obrigou a aumentar os gastos com saúde; crise financeira que ocasionou a
queda na arrecadação e necessária redução de despesas; arrecadação de receitas acima do
esperado de forma que possam ser executadas outras despesas de projetos inicialmente não
autorizados na LOA.
Diante de tal quadro, para fins de execução do orçamento, a despesa deve ser considerada
sob uma ótica diferente da classificação utilizada para fins de registro pela Contabilidade
Pública ou do enfoque patrimonial. Assim, a despesa sob o enfoque orçamentário possui
uma terceira concepção. Guarde bem esta informação! A Contabilidade Pública classifica
como despesa qualquer desembolso de recurso financeiro, mesmo que seja mera restituição
de recursos de terceiros.
Todavia, para fins de controle e execução do orçamento há necessidade de saber não
apenas se ocorreu o desembolso financeiro, mas se este dispêndio comprometeu a realização
de outras atividades e projetos do Estado.
Conforme já mencionado, a despesa sob o enfoque patrimonial ocorre quando um fato
administrativo ocasiona decréscimo no patrimônio líquido. Porém, para fins de controle e
execução do orçamento, a diminuição no patrimônio líquido pouco importa, pois ela poderá
ocorrer através de fatos que não comprometem recursos a serem aplicados em atividades
estatais, a exemplo da depreciação patrimonial.
Conforme visto no Capítulo 1, o conteúdo do art. 35 da Lei no 4.320/64 trata-se de uma
regra de austeridade fiscal para fins de execução e controle do orçamento público, podendo
ser inclusive denominado Regime Orçamentário.
Assim, sob o enfoque orçamentário, para fins de administração financeira e
orçamentária, acompanhamento da arrecadação das receitas e autorização para execução de
despesas e liberação de recursos financeiros, o administrador público deve observar as despesas
empenhadas, conforme determinado na Lei no 4.320/64.
Lei no 4.320/64:
Empenho é a primeira fase de execução da despesa pública (as etapas da despesa pública
serão estudadas detalhadamente logo adiante). O empenho é o momento em que o Estado
reserva recursos orçamentários, prevendo a necessidade futura de se concretizar o pagamento,
quando então são necessários recursos financeiros.
Tal regra objetiva evitar que a execução das despesas orçamentárias ultrapasse a
arrecadação efetiva. Assim, a despesa sob o enfoque orçamentário ocorre quando há utilização
de créditos orçamentários.
Despesa pelo enfoque orçamentário ocorre com a utilização de crédito que consta
disponível e consignado no orçamento da entidade (podendo ou não diminuir a situação
líquida patrimonial). Ou seja, é toda transação que depende de autorização legislativa, na
forma de consignação de dotação orçamentária, para ser efetivada (MCASP, Parte I).
Atenção:
Não confundir recursos orçamentários com recursos financeiros. Antes de se efetuar o
pagamento, para o qual são necessários recursos financeiros (dinheiro), são reservados
recursos orçamentários, que são autorizações para que sejam executadas as despesas.
3.4. Classificações
Seguem as principais classificações da despesa, segundo a doutrina majoritária, bem
como o entendimento da Secretaria do Tesouro Nacional – STN.
Lembre-se:
Só existe um único orçamento público para cada ente da Federação (Princípio Orçamentário
da Unidade) e todas as receitas e despesas devem estar contidas nesse orçamento (Princípio
Orçamentário da Universalidade).
Pode-se dizer que a despesa orçamentária é aquela autorizada mediante lei pelo Poder
Legislativo, e executada por todos os órgãos e entidades da Administração direta e indireta.
Tendo em vista o Princípio da Legalidade, como regra o Legislativo necessita autorizar
previamente a execução das despesas orçamentárias para que ela possa ser executada,
porém, existe exceção, a exemplo do crédito adicional extraordinário, o qual só é analisado
pelo Legislativo depois de aberto pelo Executivo. Ou seja, no caso de abertura de crédito
extraordinário, primeiro o chefe do Executivo abre o referido crédito orçamentário e inicia-se
a execução da despesa, posteriormente o Poder Legislativo aprova ou não o gasto realizado.
Caso não seja aprovado, cabe ao Poder Legislativo regulamentar, mediante Resolução,
a situação do gasto já realizado.
É importante salientar que a abertura de tal crédito em nível federal e nos Estados onde
existe previsão constitucional deve ser realizado através de medida provisória.
Nos Estados onde não existe previsão constitucional de edição de medida provisória, a
abertura de créditos extraordinários se dá através de decreto do chefe do Executivo.
No caso dos Municípios, a edição de medida provisória necessita de previsão na
Constituição estadual e na sua lei orgânica. Havendo tal previsão, os créditos extraordinários
podem ser abertos por MP, caso contrário, por decreto.
Conclusão: despesa orçamentária é aquela prevista na Lei Orçamentária Anual ou em
leis especiais que modificam ou alteram a dotação inicial do orçamento.
//Questão de concurso!
(Cespe – Analista-Gestão Financeira/INPI – 2013) A despesa orçamentária pode ser
definida como aquela que depende de autorização legislativa, na forma de consignação
de dotação orçamentária, para ser efetivada.
Resolução
O Poder Legislativo deve autorizar a realização da despesa pública orçamentária, e o faz
através da Lei Orçamentária Anual – LOA, na qual irão constar as dotações orçamentárias,
que são, simplesmente, autorizações de gastos.
Assim, por exemplo, caso determinado Município queira construir creches, deverá
constar na LOA a dotação orçamentária dessa despesa. CERTO.
Algumas despesas, em virtude de suas características, não necessitam passar pelo crivo
do Poder Legislativo na Lei Orçamentária Anual no exercício em curso para que possam ser
realizadas. Eis alguns exemplos:
Exemplo 1: Devolução de caução em dinheiro ao legítimo dono
A obrigação de restituição da caução recebida em dinheiro será registrada no passivo
circulante e não dependerá de autorização legislativa para que possa ser reembolsada ao seu
proprietário, geralmente ao final de contrato.
Lembre-se:
Se o desembolso financeiro é extraorçamentário, não há registro de despesa orçamentária,
mas uma desincorporação de passivo ou uma apropriação de ativo.
//Caiu em concurso!
(Cebraspe – Analista – Contabilidade – TRT – 8a Região – 2016) De acordo com a
Constituição Federal de 1988, a lei orçamentária anual deve compreender o orçamento
fiscal, o qual conterá receitas e despesas referentes a todas as entidades da administração
direta e indireta; o orçamento de investimento das empresas estatais; e o orçamento
da seguridade social. Esse mandamento constitucional relaciona-se aos princípios
orçamentários da:
a) uniformidade e da unidade;
b) universalidade e da especificação;
c) universalidade e da unidade;
d) unidade e da especificação;
e) universalidade e da programação.
Resolução
Princípio Orçamentário da Unidade ou da Totalidade: deve existir uma única peça
orçamentária, um único orçamento. Mesmo que existam fragmentações ou partes especializadas
do orçamento, tais partes devem ser consolidadas e totalizadas em uma única peça orçamentária.
Princípio Orçamentário da Universalidade: todas as receitas e despesas do ente público
deverão estar contidas no orçamento, de todos os Poderes, órgãos, entidades, fundos e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
Letra C.