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LAUDO PERICIAL

1. INTERESSADO
Juiz(a) de Direito da XXª Vara Cível da Capital

2. OBJETIVO
Aferir se ocorreu ou não anormalidade no fornecimento
de energia elétrica para a unidade consumidora segurada pela autora.

3. METODOLOGIA DO EXAME PERICIAL


3.1 Preliminarmente, seria conveniente ressaltar que as
normas técnicas contendo diretrizes para a realização de perícias desta
natureza são: Norma NBR 5410/97, Resolução 505 da ANEEL, além da
literatura técnica disponível.

3.2 O exame pericial foi realizado com base na


documentação contida nos autos, naquela obtida através de pesquisas
deste Perito e fornecida pelas partes e na vistoria feita no local.

3.3 Considerando que o acidente ocorreu há cerca de cinco


anos, trata-se de perícia indireta, onde as conclusões foram inferidas das
informações obtidas dos autos, da vistoria local e das fontes acima
mencionadas.

4. RESUMO DA LIDE
4.1 O autor ingressou em juízo alegando, no que se refere
ao objeto técnico desta perícia, que:

a) Em 23.01.2005, em função de irregularidades no


fornecimento de energia elétrica, teria ocorrido a queima da fonte de
alimentação do inversor de freqüência do motor de tração do elevador nº
126881-3, sinistro este que teria sido objeto de indenização securitária;

b) Segundo o laudo de empresa técnica, acostado aos


autos, a causa do problema teria sido sobre-tensão na rede elétrica;

c) Requer o ressarcimento da quantia (nominal) de R$


4.641,76.
4.2 A ré contestou (fls. 69) alegando, no que interessa à
perícia técnica, que:

a) Não haveria nenhum registro, nem por parte da


Seguradora, nem do Segurado, de qualquer notificação a respeito da
ocorrência de variação de tensão na rede de energia elétrica e a notificação
teria sido feita com mais de 90 dias da data do acidente.

b) A única informação que a Ré possuiria a respeito do


incidente seria uma solicitação de ressarcimento requerida pela Autora.

c) A ré alega que não teria sido responsável pelo


ocorrido, pois no dia do acontecimento não teria sido observada nenhuma
irregularidade no fornecimento de energia elétrica nas partes externas que
abasteciam o local, uma vez que se tivesse ocorrido teriam tido
reclamações de outros Condomínios da mesma rua, portanto o acidente
teria ocorrido por má conservação das instalações elétricas internas do
condomínio que seria de responsabilidade do Condomínio, não havendo um
nexo de causalidade no argumento da autora.

c) A ré seria somente responsável pelas instalações


elétricas externas do local.

d) Requer a improcedência da ação.

5. VISTORIA DA INSTALAÇÃO

5.1 A vistoria foi realizada em 29.07.2010, às 12:30 hrs. Os


seguintes fatos puderam ser observados:

a) Trata-se de um prédio com idade aparente de dez anos,


com oito apartamentos por andar (oito colunas). Possui quatro elevadores,
sendo que dois atendem ás colunas 01 a 04 e dois às colunas 05 a 08;

b) A vistoria do PC e da casa de máquinas do elevador


demonstrou que não há dispositivos de proteção contra sobretensão e
surtos de tensão (DPS) instalados;

c) Também não há dispositivos de proteção contra


subtensão, ressaltando-se que tais equipamentos não são obrigatórios, mas
sua inclusão em um circuito constitui-se em boa prática de projeto,
principalmente em circuitos de comando de equipamentos eletro-
mecânicos;

d) Atualmente, os elevadores apresentam funcionamento


normal. Segundo informações do Porteiro Chefe (Sr. XXX), várias placas
semelhantes já haviam sido queimadas, em todos os elevadores. As placas
queimadas foram apresentadas a este Perito (vide fotos);

e) O Porteiro Chefe, que já trabalhava no prédio, da data


do evento, informou que não se recorda de que tenha havido alguma
reclamação de alguma unidade, referente a eventuais problemas com
aparelhos eletro-eletrônicos, que poderiam ter ocorrido naquela data e
terem sido causados pelo mesmo fenômeno apontado pela autora como
causa da queima da placa;

f) Segundo informações do mesmo profissional, ele


desconhece que, nos prédios vizinhos, tenha ocorrido algum problema
semelhante na data do evento.

6. ANÁLISE DOS DOCUMENTOS RELEVANTES CONTIDOS


NOS AUTOS E DAQUELES OBTIDOS POR ESTE PERITO

6.1 Documento de fls. 27 – Comunicação de Sinistro.

a) Datado de 25.01.2005, descreve que, segundo o relato


do síndico do condomínio,em decorrência de sinistro num dos elevadores, o
mesmo encontrava-se parado, desde 24.01.2005, aguardando inspeção da
companhia.

Não há menção à possíveis causas do acidente.

6.2 Documento de fls. 29 – Relatório de regulação de


sinistro

a) Datado de 10.02.2005, este relatório possui os


seguintes anexos que foram analisados:
- Ata de vistoria (fls. 31): Vistoria realizada pela Reguladora,
Sra. XXX, em 27.01.2005, três dias após o sinistro. Não há data de
instalação da fonte substituída e nenhuma menção a eventuais causas para
o sinistro. Há uma informação de que o fator de potência do condomínio
teria sido corrigido em 03.11.2004;

- Fotos de fls. 33 – 41: Mostram o banco de capacitores


utilizado para corrigir o fator de potência da instalação, a placa nova que foi
instalada e a placa queimada, além de outros componentes elétricos, sendo
que, na foto de fls. 32, pode-se notar a existência de disjuntores, que, em
princípio, deveriam proteger os equipamentos mostrados, pois
desarmariam, em caso de elevação de corrente, que seria o efeito imediato
de picos de tensão;

- Carta da Conservadora XXX: Datada de 25.01.2005,


informa que “a queima da fonte de alimentação do inversor de potência
(Variondin) do motor de tração do elevador nº 126881-3, foi devido a um
dano elétrico ocasionado por curto circuito em seus componentes internos,
provavelmente em conseqüência da ocorrência de sobre-tensão na
alimentação”.

6.3 Documento de fls. 284/291 – Registros de valores de


tensão na saída da subestação que atende ao condomínio segurado, entre
14:00 hrs e 18:00 hrs, do dia 23.01.2005

a) Mostra os valores de saída da tensão da subestação,


com registros a cada minuto, desde 14:00 hrs às 18:00 hrs, do dia do
sinistro, que, segundo a exordial, teria ocorrido neste dia, por volta de 16:00
hrs;

b) Durante todo este dia, não foram identificadas


oscilações significativas na tensão, permanecendo os valores entre 13,30 e
13,90;

c) Particularmente, no período em que teria ocorrido o


evento, entre : 14:00 hrs às 18:00 hrs, a tensão permaneceu entre 13,54 e
13,72 (TR1), 13,59 e 13,72 (TR2), 13,65 e 13,82 (TR3), com oscilações
máximas de 2,5%.
7. CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS SOBRE QUEIMA DE
EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS

7.1 O termo “sobretensão” tem sido usado, até mesmo por


profissionais da área elétrica, para designar qualquer tipo de elevação de
tensão acima da nominal. Os fenômenos de elevação de tensão, entretanto,
são tecnicamente classificados em três tipos diferentes, conhecidos como
sobretensões (termo referente a tensões eficazes), transientes de tensão e
surtos de tensão.

Esta classificação leva em consideração a causa, o tempo de


subida da tensão e a sua duração. Os efeitos destes fenômenos sobre os
equipamentos elétricos e eletrônicos são também diferentes.

A evolução contínua dos microprocessadores (Chips) e dos


circuitos integrados (CI’s), utilizados nos equipamentos eletrônicos e em
especial os da tecnologia da informação, contendo um número cada vez
maior de componentes, em um espaço cada vez menor, torna-os mais
sensíveis aos transientes e surtos de tensão.

Os problemas e danos causados pelos citados fenômenos


assumiram tal proporção, que as Normas Brasileiras de Instalação Elétrica
em Baixa Tensão, NBR - 5410, nas revisões mais recentes, a última em
2004, dedicou um capítulo às recomendações sobre a instalação de
dispositivos de proteção contra transientes e surtos de tensão,
denominados DPS.

Do mesmo modo, a Regulamentação para Fornecimento de


Energia a Consumidores em Baixa Tensão (RECON BT), no item 4.4.2 de sua
versão 2002, da Light - Serviços de Eletricidade S/A, orienta os
consumidores para a utilização dos DPS.

A seguir, uma definição de cada um destes fenômenos e


uma explicação sucinta sobre a causa e os efeitos dos mesmos; sobre os
métodos de proteção a serem empregados pelos consumidores, de acordo
com as recomendações das normas técnicas; e sobre as responsabilidades
atribuídas às Concessionárias e aos consumidores, pela legislação brasileira
em vigor.

I) Sobretensões:

Denomina-se “sobretensão” à elevação do valor eficaz da


tensão de distribuição de energia elétrica com um tempo de duração de 1
minuto ou mais.

Causa: Defeitos ou incorreções nos equipamentos da Cia.


Concessionária.

A legislação brasileira em vigor, Resolução nº 505, de


29/11/2001, estabelece como limites precários de tensão de fornecimento
os percentuais 104% (máximo) e 91% (mínimo) que, refletidos na rede de
baixa tensão, correspondem a tensões entre fases e neutro na faixa de 133
e 116V, respectivamente, ou 230 e 201V entre fases.

A operação do sistema de distribuição dentro destes limites


é admitida, por aquela Resolução, durante certo período, para fins de
providências para correção da tensão pelas Concessionárias.

Portanto, fica evidente que os equipamentos elétricos


conectados às redes de distribuição devam ser compatíveis com a referida
faixa de variação de tensão. No caso das cargas motrizes, entretanto,
devido à sua reconhecida maior suportabilidade às sobretensões, o
percentual superior fica ampliado para 110%.

Dessa forma, subentende-se que a condição de dano


provável nos equipamentos seria a violação sustentada, por um tempo igual
ou superior a 1 minuto, dos limites referenciados.
Deste modo, em caso de sobretensão, a responsabilidade da
Concessionária pode ser facilmente verificada através dos registros gráficos
do transformador da subestação. Se a tensão de fornecimento não violar os
limites da faixa mencionada acima, a Concessionária não poderá ser
responsabilizada por quaisquer danos a equipamentos dos consumidores.

Acrescente-se ainda que os equipamentos eletrônicos


modernos e em especial os da tecnologia da informação, tais como
computadores e periféricos, são equipados com fontes que operam em uma
faixa de tensão de alimentação maior do que a acima citada.

II) Transientes de tensão:

Denomina-se “transiente de tensão” à uma variação brusca


na tensão de distribuição de energia elétrica, acima de 110%, podendo
atingir valores de pico da ordem de 500V, com tempos de duração da ordem
de milissegundos.

Causa: Equipamentos de alta potência sendo ligados ou


desligados, curtos-circuitos na rede de distribuição, arcos para terra
originados por queda de galhos de árvores, interrupções operacionais,
manobra de bancos de capacitores ou acionamento de grandes cargas
indutivas.

Efeitos: Danos a equipamentos eletrônicos que estejam em


funcionamento ou em “standby”.

Os registradores gráficos, mesmo que digitais utilizados para


monitoramento dos níveis de tensão, não tem sensibilidade suficiente para
registrar variações da ordem de micro ou milissegundos característicos dos
transientes, o que faz com que sua amplitude não apareça corretamente em
registros gráficos. Estes fenômenos somente poderiam ser captados por
meio de oscilógrafos digitais, normalmente não utilizados em sistemas de
distribuição.
III) Surtos de tensão:

Denomina-se “surto de tensão” a uma variação brusca de


tensão, com picos que podem atingir de 5 a 20kV, com tempos de duração
de microssegundos.

Causa: Efeitos indutivos de descargas atmosféricas.

Efeitos: Danos a equipamentos elétricos e equipamentos


eletrônicos que estejam em funcionamento ou em “stand-by”.

Os surtos de tensão podem também ocorrer nas linhas de


telefonia e dados, com efeitos danosos aos referidos equipamentos.

IV) Proteção contra transientes e surtos de tensão:

A proteção adequada, segundo recomendação das normas


técnicas, para o caso em questão, deve ser feita em estágios, com
dispositivos DPS instalados em pontos estratégicos do sistema elétrico.

Cada um destes dispositivos não reduz completamente estes


fenômenos transitórios, devendo ser instalados em diversos pontos do
sistema elétrico, de modo a reduzir parte do transiente em cada estágio,
para torná-lo compatível, no ponto de utilização, com a tensão nominal de
impulso do equipamento a ser protegido.

Os para-raios de linha, instalados pela Concessionária no


ponto de entrega, para consumidores de energia em média tensão (13,8
kV), representam o primeiro estágio de proteção, que atenua parte
considerável do transiente.

Os demais estágios devem ser formados por dispositivos DPS


instalados no quadro geral de baixa tensão, nos quadros parciais e nos
pontos de utilização do equipamento. Neste último, a proteção mais
adequada é um “no-break”.

A proteção a ser aplicada às linhas de telefonia e dados deve


seguir o mesmo critério empregado nos circuitos elétricos, a partir do DG.

As recomendações feitas devem ser complementadas com o


emprego de circuito de aterramento adequado e referem-se apenas aos
dispositivos de proteção recomendados pelas normas.

8. CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ESPECÍFICAS SOBRE


INVERSORES PARA MOTORES ELÉTRICOS

8.1 INTRODUÇÃO

A eletrônica de potência, com o passar do tempo, vem


tornando mais fácil (e mais barato) o acionamento em velocidade variável
de motores elétricos. Com isto, sistemas que antes usavam motores CC,
pela facilidade de controle, hoje podem usar motores CA de indução graças
aos Inversores de Freqüência, também chamados de Conversores de
Freqüência. Em paralelo ao avanço da eletrônica de potência, a
microeletrônica, por meio de microprocessadores e microcontroladores, tem
auxiliado muito o acionamento de máquinas CA, permitindo a
implementação de funções complexas num tempo de processamento cada
vez mais curto. Isto tem permitido a implementação de sofisticados
algoritmos de controle que possibilitam o acionamemnto de alto
desempenho com o emprego de motores de indução de série. A título de
exemplo, podemos citar que motores de indução acionados por meio de
Inversores de Freqüência podem substituir, com vantagens, os sistemas de
controle de fluxo com válvulas (bombas) ou dampers (ventiladores).

8.2 FUNCIONAMENTO
Para entender o funcionamento de um Inversor de
Freqüência, é necessário, antes de tudo, saber a função de cada bloco que o
constitui. Ele é ligado na rede elétrica, que pode ser monofásica ou trifásica,
e em sua saída há uma carga que necessita de uma freqüência diferente
daquela da rede. Para tanto, o inversor tem como primeiro estágio, um
circuito retificador, responsável por transformar a tensão alternada em
contínua. Após isso, existe um segundo estágio capaz de realizar o inverso,
ou seja, a transformação de uma tensão CC para uma tensão CA
(conversor), e com a freqüência desejada pela carga. Na rede de entrada a
freqüência é fixa (60 Hz ou 50 Hz) e a tensão é transformada pelo retificador
de entrada em contínua pulsada (retificação de onda completa).

O Capacitor (filtro) transforma-a em tensão contínua pura.


Esta tensão contínua é conectada ciclicamente aos terminais de saída pelos
dispositivos semicondutores do inversor, transistores ou tiristores, que
funcionam como chaves estáticas. O controle desses dispositivos
semicondutores é feito pelo circuito de comando, de modo a obter um
sistema de tensão pulsada, cujas freqüências fundamentais estão defasadas
de 120°. A tensão é escolhida de mo do que a relação tensão/freqüência
seja constante, resultando em operação com fluxo constante e, por via de
conseqüência, manutenção da máxima capacidade de sobrecarga
momentânea do motor.

8.3 CONFIGURAÇÃO BÁSICA

· Circuito de entrada (ponte retificadora não controlada)

· Circuito de pré-carga (resistor, contator ou relé)

· Circuito intermediário (banco de capacitores Buss DC,


resistores de equalização)

· Circuito de Saída "inversor" (ponte trifásica de IGBT)

· Placa de controle (microprocessada)

· Placa de driver's (disparo dos IGBT, fontes de alimentação,


etc.)

· Réguas de bornes de interligação (controle de potência)

· Módulo de frenagem (interno ou externo)


8.4 DIFERENÇAS E VANTAGENS DOS INVERSORES DE
FREQUÊNCIA

O inversor de freqüência possibilita o controle do movimento


do motor CA pela variação da freqüência elétrica. Entretanto, também
realiza a variação da tensão de saída para que seja respeitada a
característica V/F ( Tensão / Freqüência) do motor, não produzindo
aquecimento excessivo quando o motor opera em baixas rotações.

Em freqüências de operação acima da nominal, o


acionamento se dá com perda de torque. O inversor promove a elevação na
freqüência sem, entretanto, promover o aumento no valor da tensão
aplicada. Isto faz com que haja uma redução no fluxo do motor, trazendo
como conseqüência uma redução no conjugado disponível. Esta região de
operação é conhecida como região de enfraquecimento de campo em
função da redução do fluxo ou campo do motor Destinados inicialmente a
aplicações mais simples, os inversores de freqüência são atualmente
encontrados nos mais diversos usos, desde o acionamento de

bombas até complexos sistemas de automação industrial.


Grande parte das aplicações como bombas, ventiladores e máquinas
simples, necessitam apenas de variação de velocidade e partidas suaves,
sendo atendidas plenamente com o uso de inversores com tecnologia
Escalar ou V/F. Algumas aplicações entretanto, como elevadores, guinchos,
bobinadeiras e máquinas operatrizes necessitam além da variação de
velocidade o controle de torque, operações em baixíssimas rotações e alta
velocidade de resposta, sendo atendidas por inversores com tecnologia
Vetorial.

8.5 TIPOS DE INVERSORES DE FREQUÊNCIA

· Inversor Escalar

Em linhas gerais, podemos dizer que os inversores escalares


baseiam-se em equações de regime permanente. A lógica de controle
utilizada é a manutenção da relação V/F constante. Apresentam um
desempenho dinâmico limitado e usualmente são empregados em tarefas
simples, como o controle da partida e da parada e a manutenção da
velocidade em um valor constante (regulação).

· Inversor Vetorial

A lógica de controle empregada baseia-se em equações


dinâmicas do motor,. Assim, embora a programação de controle seja mais
complexa do que aquela correspondente ao controle escalar, o desempenho
dinâmico é bem superior a este. A idéia central é promover o
desacoplamento entre o controle do fluxo e o controle da velocidade por
meio de transformações de variáveis. Com esta técnica de controle, os
inversores podem ser empregados em tarefas complexas, que exijam
grande precisão e dinâmicas rápidas do ponto de vista de controle. Os
inversores Vetoriais podem ser divididos em duas categorias: aqueles que
utilizam a realimentação física da velocidade, obtida de dispositivos
transdutores, e aqueles que não empregam a realimentação física da
velocidade, fazendo uso de estimadores de velocidade. A realimentação ou
"Feedback", permite "enxergar" o movimento do eixo do motor
possibilitando controlar a velocidade e o torque com alta precisão mesmo
em velocidades muito pequenas, próximas de zero. A realimentação da
velocidade é realizada utilizando um gerador de pulsos, conhecido com
"Encoder". Alguns equipamentos permitem a utilização dos dois modos,
sendo necessário uma placa opcional para a operação de malha fechada. A
operação sem a realimentação da velocidade é também conhecida como
"Sensorless". Nesse caso, o algoritmo de controle torna-se mais complexo
pois o inversor deve calcular através de artifícios matemáticos a velocidade
do motor. A operação sem realimentação possui performance inferior à
operação com realimentação. Os Inversores Vetoriais necessitam da
programação de todos os parâmetros do motor como, resistências elétricas,
indutâncias, correntes nominais do rotor e estator, dados esses
normalmente não encontrados com facilidade. Para facilitar o set-up, alguns
inversores dispõem de sistemas de ajustes automáticos também conhecidos
como "Auto-tunning", não sendo necessário a pesquisa de dados sobre o
motor.

8.6 DIFERENÇAS ENTRE INVERSORES ESCALARES E


VETORIAIS

A principal diferença entre os inversores Escalares e os


Vetoriais deve-se a capacidade dos inversores vetoriais imporem o torque
necessário ao motor, de forma precisa e rápida permitindo uma elevada
velocidade de resposta dinâmica a variações bruscas de carga.

Os Invesores Escalares apresentam uma resposta dinâmica


bem mais lenta, demorando mais para reagir a qualquer alteração de
velocidade ocorrida ou solicitada.

8.7 CAUSAS MAIS FREQUENTES DE PROBLEMAS EM


INVERSORES
1. Ligação invertida de entrada da rede elétrica (trifásica ou
monofásica), com a saída trifásica para o motor.

2. O aterramento elétrico deve estar bem conectado, tanto


ao inversor como ao motor. O valor do aterramento nunca deve ser maior
que 5. (norma IEC536), e isso pode ser facilmente comprovado com um
terrômetro, antes da instalação.

3. Caso o inversor possua uma interface de comunicação( RS


232, ou RS 485) para o PC, o tamanho do cabo deve ser o menor possível.

4. Devemos evitar ao máximo, misturar (em um mesmo


eletroduto ou canaleta), cabos de potência (rede elétrica, ou saída para o
motor) com cabos de comando (sinais analógicos, digitais, RS 232, etc...).

5. O inversor deve estar alojado próximo a “orifícios” de


ventilação, ou, caso a potência seja muito alta, deve estar submetido a uma
ventilação (ou exaustão). Alguns inversores já possuem um pequeno
exaustor interno.

6. A rede elétrica deve ser confiável, isto é, jamais


ultrapassar variações de +ou- 10% em sua amplitude.

7. Sempre que possível, utilizar os cabos de comando


devidamente blindados.

8. Os equipamentos de controle (PLC, CNC, PC, etc...), que


funcionarem em conjunto com o inversor, devem possuir o "terra" em
comum. Normalmente, esse terminal vem indicado pela referência “PE”
( proteção elétrica), e sua cor é amarela e verde (ou apenas verde ).

9. Utilizar sempre parafusos e arruelas adequadas para


garantir uma boa fixação ao painel. Isso evitará vibrações mecânicas. Além
disso, muitos inversores utilizam o próprio painel em que são fixados como
dissipador de calor. Uma fixação pobre, nesse caso, causará um
aquecimento excessivo ( e possivelmente sua queima ).

10. Caso haja contatores e bobinas agregadas ao


funcionamento do inversor, utilizar sempre supressores de ruídos elétricos
(circuitos RC para bobinas AC, e diodos para bobinas DC).

Essas precauções não visam apenas melhorar o


funcionamento do inversor, mas evitar que ele interfira em outros
equipamentos ao seu redor O inversor de frequência é, infelizmente, um
grande gerador de EMI ( interferências eletromagnéticas), e, caso não o
instalarmos de acordo com as orientações acima, poderemos prejudicar
toda a máquina (ou sistema) ao seu redor. Basta dizer que, para um
equipamento atender o mercado europeu, a certificação CE ( Comunidade
Européia ) exige que a emissão eletromagnética chegue a niveis baixíssimos
(norma IEC 22G - WG4 (CV) 21).

9. ANÁLISE DOS DADOS TÉCNICOS CONTIDOS NOS AUTOS E


DO RESULTADO DA VISTORIA LOCAL

9.1 Em um trabalho dessa natureza, onde o aspecto


“indireto” da perícia é significativamente mais relevante do que o aspecto
“direto”, há que se coletar indícios e evidências, porque os fatos que podem
ser constatados na data de hoje podem não refletir a realidade vigente há
cerca de quatro anos e meio, quando o evento relatado pela autora teria
ocorrido.

9.2 Neste sentido, os seguintes aspectos devem ser


observados:

a) São várias as causas de queima em inversores. Cada


uma delas apresenta um perfil característico. Portanto, para que se possa
elaborar um diagnóstico preciso sobre a causa teria sido indispensável a
inspeção do inversor avariado no local em que estava instalado, sem o quê
dificilmente será possível afirmar, com a segurança técnica necessária, qual
terá sido a causa da avaria. No caso concreto, as fotos acostadas pela
autora nem mesmo mostram a placa de forma nítida, de modo que não se
pode precisar as possíveis causas da queima da mesma;

b) A Carta da Conservadora XXX, datada de 25.01.2005,


informa que “a queima da fonte de alimentação do inversor de potência
(Variondin) do motor de tração do elevador nº 126881-3, foi devido a um
dano elétrico ocasionado por curto circuito em seus componentes internos,
provavelmente em conseqüência da ocorrência de sobre-tensão na
alimentação”. Ou seja, nem mesmo a conservadora dos elevadores chegou
a um diagnóstico, indicando apenas uma possibilidade, mas sem apresentar
qualquer fundamentação técnica ou evidência objetiva para dar sustentação
a tal indicação;

c) A alegação da autora baseia-se, única e


exclusivamente, neste documento (fls. 28), que, na realidade, não pode ser
considerado um diagnóstico técnico. Não há, portanto, nenhuma
fundamentação técnica para respaldar o diagnóstico de “oscilações de
tensão” como a causa para a queima do inversor. Nenhuma outra das
possíveis causas teria sido investigada, na ocasião do evento, o que
também não se constitui em uma prática normal de Engenharia, que
sempre procura analisar um problema por diversos ângulos e, em princípio,
não descarta qualquer possibilidade como causa para o mesmo;

d) Conforme relato do Porteiro Chefe – corroborado pela


grande quantidade de placas com defeito vistas por este Perito – várias
placas foram avariadas ao longo do tempo em todos os elevadores, não
tendo sido realizada nenhuma investigação técnica para apurar as causas
de tantas avarias);

e) Na mesma data, não foram registradas avarias em


outros equipamentos no mesmo prédio, o que, em princípio, mostra que não
teria havido um problema generalizado, mas sim específico do equipamento
avariado (inversor de um dos elevadores do prédio segurado). Portanto, o
evento foi, essencialmente, localizado e restrito ao inversor em questão;

f) Quedas abruptas de tensão ou sobretensões sempre


causam avarias generalizadas e não localizadas;

g) .Por outro lado, conforme descrito no item 6.4 deste


laudo, as oscilações de tensão (eficaz) registradas na saída da subestação
não ultrapassaram 2,5%;

h) A inexistência de dispositivos de proteção contra


sobretensão e surtos de tensão (DPS) vulnerabiliza a instalação elétrica do
prédio e pode se constituir em causa para avarias como esta, além de
outras em outros equipamentos.

9.3 Desta forma, no que interessa ao objeto da lide, não


foram encontrados indícios e nem evidências de que:

a) Tenha ocorrido sobretensão, como alegado pela autora;

b) A queima do inversor tenha ocorrido devido a uma


sobretensão.

10. CONCLUSÕES

10.1 Não foram encontrados indícios e nem evidências de


que:
a) Tenha ocorrido sobretensão na alimentação elétrica do
prédio, como alegado pela autora;

b) A queima do inversor tenha ocorrido devido a uma


sobretensão.

11. RESPOSTAS AOS QUESITOS


11.1 Quesitos do Autor (o autor não apresentou quesitos)
11.2 Quesitos da Ré (fls. 77-78)
Queira o Senhor Perito:
QUESITO 1

Informar qual é o objeto da perícia.

RESPOSTA

A investigação da causa da avaria no inversor de


freqüência do elevador .

QUESITO 2

Descrever o sistema de medição na unidade consumidora


do Condomínio/segurado.

RESPOSTA

A presente lide não tem relação com a medição de


consumo.

QUESITO 3

Informar se as instalações elétricas internas da unidade


consumidora/condomínio em questão encontram-se em perfeito estado de
conservação e funcionamento.

RESPOSTA

Na data do laudo e no que pode ser verificado pela


simples inspeção visual, não foram observadas anormalidades. Ressalte-se,
no entanto, que não foram encontrados dispositivos de proteção DPS
(contra sobre tensão), o que caracteriza uma vulnerabilidade permanente
da instalação elétrica do edifício.
QUESITO 4

Informar se a resolução n° 456/2000 prevê que o estado


de utilização e conservação do sistema elétrico interno da unidade
consumidora é de responsabilidade da ré ou do condomínio/segurado pela
autora.

RESPOSTA

É do condomínio/segurado.

QUESITO 5

Informar se a má conservação do sistema elétrico interno


do imóvel assegurado pela autora pode acarretar queima da fonte de
alimentação do inversor de frequência (Variodin) do motor de tração do
elevador instalado no imóvel em questão.

RESPOSTA

Sim, caso tal má conservação venha a causar um curto


circuito na instalação elétrica de comando do elevador. No entanto, não há
evidências objetivas de que isto tenha ocorrido.

QUESITO 6

Informar se a possível variação de tensão de energia


elétrica que ocasionou a interrupção do funcionamento do elevador do
condomínio/Autora teve origem na rede interna ou externa da unidade
consumidora.

RESPOSTA

Não é possível responder a esta pergunta, sendo que nem


mesmo se sabe se o problema foi ou não causado por sobretensão, visto
que outras fontes poderiam ter causado o sinistro.

QUESITO 7
Informar se na hipótese de avaliação de tensão de
energia elétrica ter sido ocasionada pela má conservação da energia
elétrica externa, de responsabilidade da Ré, se a vizinhança também teria
problemas de curto ou queda de energia nas unidades consumidoras
localizadas próximos ao imóvel assegurado pela Autora.

RESPOSTA

Não foram identificados problemas em outras unidades de


consumo no próprio condomínio.

QUESITO 8

Informar se a suposta variação de tensão de energia


elétrica pode ocasionar a queima no inversor de frequência CIMR – G3U5P5
que acarretou defeito no elevador do Condomínio assegurado pela Autora.

RESPOSTA

Sim, pois é uma das causas possíveis, ressaltando que,


no caso concreto, não foram encontradas evidências objetivas de que isto
tenha ocorrido.

QUESITO 9

Informar se a causa da interrupção do funcionamento do


elevador poderia ser derivada de defeitos de fabricação/instalação do
equipamento.

RESPOSTA

Sim, pois é uma das causas possíveis, ressaltando que,


no caso concreto, não foram encontradas evidências objetivas de que isto
tenha ocorrido.

QUESITO 10

Relacionar quais foram os danos causados no elevador do


imóvel assegurado pela Autora e se estas danificações foram provenientes
da variação de tensão de energia elétrica originada pela rede elétrica
externa da unidade consumidora em questão.
RESPOSTA

O único dano foi a queima da fonte de alimentação do


inversor e há várias causas possíveis para a ocorrência do sinistro. Não há
nenhuma evidência objetiva ou subjetiva de que tenha ocorrido alguma
sobretensão na rede de alimentação de energia elétrica, não sendo,
portanto, esta uma possível causa.

QUESITO 11

Prestar quaisquer outros esclarecimentos necessários à


elucidação da presente lide.

RESPOSTA

Todas as informações relevantes foram incluídas no laudo.

12. ANEXOS

1 – Fotos

13. ENCERRAMENTO
O presente Laudo Pericial consta de 12 (doze) páginas
digitadas, rubricadas, sendo a última assinada e fotos.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2010.

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