UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
IGDITC – Profª. Drª. Simone Rosa da Silva

DANIEL BRUNO PINTO DA SILVA

GEORGE DA MOTA PASSOS NETO
WRIAS ELMOM FIRMINO LINO

RESENHA:
APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM EDIFÍCIOS

Recife, PE
2018
O artigo escolhido é intitulado “Aproveitamento de água de chuva de cobertura em
edificações: dimensionamento do reservatório pelos métodos descritos na NBR 15527”
(REZENDE; TECEDOR, 2017). Este artigo foi publicado em 2017 no periódico
Ambiente & Água, que possui a classificação B2 no quadriênio 2013-2016 na área de
avaliação de engenharias I.

O objetivo principal do estudo foi dimensionar o reservatório de um sistema de captação

de água das chuvas captadas na cobertura de um prédio, onde está localizado o Tanque
de Provas e Ensaios de modelos reduzidos de embarcações da Fatec Jahu, visando sua
utilização nos processos de limpeza por filtragem, lavagem e evaporação do mesmo.
Este processo de limpeza utilizava água fornecida pelo serviço de água do município,
água potável. O estudo analisou a possibilidade de capitação das águas de chuva da
cobertura do Estaleiro Escola, considerando que a água utilizada para o processo de
limpeza não precisa ser potável.

O tanque de provas possui a função de avaliar o comportamento hidrodinâmico dos

cascos e das estruturas de uma embarcação, possui 33 m de comprimento, 3 m de
largura e 1,8 m de altura e é operado com lâmina d’água de 1,5 m, ou seja, armazena um
volume de aproximadamente 148,5 m³ de água.

Para este estudo foram utilizados dados pluviométricos locais, enquanto o

dimensionamento do reservatório foi calculado seguindo as recomendações descritas na
NBR 15527 (ABNT, 2007). Após a análise, foi definido o reservatório que permitirá o
maior aproveitamento da água pluvial e proporcionará a redução do uso da água do
sistema de abastecimento público.

O artigo expõe, inicialmente, a importância do correto uso da água, mostrando que nos
últimos anos houve uma elevação na demanda deste recurso e também uma elevação na
poluição dos mananciais. O estudo ressalta a importância de promover o uso racional da
água para suprir necessidades secundárias e reduzir a demanda da concessionária.

A partir disto o estudo apresenta os sistemas de aproveitamento de água de chuva, que

proporcionam o aumento da oferta de água para as edificações, reduzindo o uso de água
potável. A água de chuva captada pode ser utilizada no comércio e nas edificações
residenciais para usos não potáveis, por exemplo, irrigação de jardins, descargas de
bacias sanitárias e até mesmo diversos processos industriais. O artigo destaca que o
dimensionamento apropriado do reservatório de armazenamento é vital para garantir a
viabilidade técnica e econômica de um sistema de aproveitamento de água de chuva.

Do ponto de vista do dimensionamento, foram seguidas as recomendações da NBR

15527 (ABNT, 2007) que fornece os requisitos para o aproveitamento de água de chuva
da cobertura em áreas urbanas para fins não potáveis. Esta norma também descreve seis
métodos para o dimensionamento dos reservatórios.

Para verificação da viabilidade do uso de água de chuvas, foram utilizados os seguintes

passos: levantamento e análise de série histórica de chuvas diárias; definição do
coeficiente de escoamento da cobertura, da demanda de água e do percentual da
demanda de água a ser substituída por água pluvial; determinação do volume
consumido nos processos de filtragem, lavagem e evaporação do tanque de provas;
dimensionamento do reservatório de água de chuva pelos 6 métodos descritos na NBR
15527 (ABNT, 2007). Também foi realizada a simulação do sistema de captação de
águas pluviais, respeitando as condições locais do estudo de caso e a determinação do
volume ideal do reservatório considerando o percentual de dias do ano em que a
demanda de água pluvial é atendida, por meio de programa computacional.

Considerando a área de cobertura do telhado que é de 1.063,69 m², o descarte do

escoamento inicial de 2,0 mm, a demanda total de água de 406 L.dia-1, o coeficiente de
escoamento superficial de 0,8 e o percentual ideal de 100% de substituição da demanda
total por água pluvial, valor do escoamento inicial considerado como descarte devido a
contaminação decorrente de resíduos depositados na cobertura, foram feitos os cálculos
para o dimensionamento dos reservatórios de acordo com os seis métodos do Anexo A
da NBR 15527 (ABNT, 2007).

Entre os métodos especificados pela NBR 15527 (ABNT, 2007), o método “de Rippl”
apresentou os melhores resultados da simulação com o dimensionamento de um
reservatório que permitiria uma economia de água potável de 93,26%. Isto representa
93,04% dos dias do ano com atendimento completo e apenas 6,47% sem atendimento.
O valor do volume estimado para este método foi de 13.640 L, enquanto o volume
extravasado foi de 2.995 L.

Apesar do reservatório ideal para o método escolhido não atender à demanda total do
volume de água necessário no processo de limpeza do tanque de provas, esta técnica
apresentou uma considerável economia por meio do uso da água pluvial, justificando a
implantação do sistema de aproveitamento de água das chuvas desta unidade de ensino.
Apresentando-se como uma importante alternativa para a redução do consumo de água
potável, fornecida pelo sistema público de abastecimento.

O artigo analisado demonstra a importância do uso racional da água potável e

dimensiona um reservatório de águas pluviais através de um sistema de captação de
água na cobertura de um prédio de unidade de ensino em SP. Essa técnica mostra-se
viável uma vez que diminuiria drasticamente o uso da água fornecida pelo sistema
público de abastecimento, economizando o uso de água potável. Este estudo pode vir a
servir como base para indústrias ou unidades de ensino que necessitem de uma grande
quantidade de água para lavagem e manutenção de suas instalações.

Sua principal desvantagem é a diminuição do volume de água coletado em períodos de

estiagem. Como recomendação, os autores do artigo ressaltam a necessidade do
aprofundamento dos estudos relativos à precipitação, a qualidade da água pluvial e aos
demais equipamentos necessários à implantação de um sistema de aproveitamento de
água de chuva, analisando também a viabilidade econômica da opção escolhida.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15527: água de chuva:

aproveitamento em áreas urbanas para fins não potáveis: requisitos. Rio de Janeiro, 2007.

REZENDE, Jozrael Henriques; TECEDOR, Natália. Aproveitamento de água de chuva de

cobertura em edificações: dimensionamento do reservatório pelos métodos descritos na NBR
15527. Revista Ambiente & Água, v. 12, n. 6, p. 1040-1053, 2017.