Discurso direto
Quando o narrador reproduz a fala do personagem.
Características: emprego do sinal de dois pontos, travessão e inicial
maiúscula:
Disse Rodrigo, com absoluta convicção:
- Viajarei na próxima semana.
Discurso indireto
Quando o narrador incorpora à sua frase a frase do personagem.
Características: Ausência de dois pontos e travessão e emprego das
conjunções integrantes que e se.
Disse Rodrigo, com absoluta convicção, que viajaria na próxima semana.
Nota: pode aparecer em vez da conjunção integrante, um pronome ou
advérbio interrogativo.
Roberto perguntou: - Como poderei encontrá-lo?
Roberto perguntou como poderia encontrá-lo.
Alcântara Machado
1 - Tendo como premissa que ler é compreender ideias explicitas e
implícitas de um texto, julgue os itens que se seguem, referentes ao
texto.
( ) Ao certificar-se de que o vagão estava às escuras, baiano velho começou
a protestar contra o desleixo da companhia que operava o trem de Maguari.
( ) São características do protagonista do texto: cidadão do sexo masculino,
adulto, de cor negra, desprovido de visão, trabalhador em um matadouro,
músico nas horas vagas sociável e batalhador pelas causas da justiça social.
( ) O passageiro que delatou o cego levava consigo um exemplar da Bíblia,
para jurar sobre ela, porque sabia, de antemão, que o delegado não
acreditaria em suas palavras.
( ) No final da narrativa, o passageiro foi preso porque sua declaração,
embora verdadeira, era ilógica aos olhos do delegado.
UM PÉ DE MILHO
Os americanos, através do radar, entraram em contato com a lua, o que não
deixa de ser emocionante. Mas o fato mais importante da semana aconteceu
com o meu pé de milho.
Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazida pelo
jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim – descobri que
era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa.
Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu.
Quando estava do tamanho de um palmo veio um amigo e declarou
desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com dois
palmos veio outro amigo e afirmou que era cana.
Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele
cresceu, está com dois metros, lança suas folhas além do muro – e é um
esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto.
Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente. Um pé de milho
sozinho, em um canteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua –
não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes
roxas se agarram no chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis.
Detesto comparações surrealistas – mas na glória de seu crescimento, tal
como o vi em uma noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, as
crinas ao vento – e em outra madrugada parecia um galo cantando.
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se
fosse inesperado: meu pé de milho pendoou.
Há muitas flores belas no mundo, e a flor de milho não será a mais linda.
Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio
enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem
bem. É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de
milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que
vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua
Júlio de Castilhos.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas: as melhores de Rubem Braga. 17. ed. Rio de Janeiro:
Record, 2001. p. 42-43.
15) No título “A quem tiver carro” está implícita a ideia de que o texto
apresenta-se aos proprietários de veículo como
(A) um pedido autoritário.
(B) um conselho irônico.
(C) uma ordem despretensiosa.
(D) uma promessa persuasiva.