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O Livro Do Apocalipse No Contexto

Judaico (ap. 1 :1-2) – Dr. Eli Lizorkin-


eyzenberg E Peter Shirokov
By Dr. Eli Lizorkin-Eyzenbergjunho 23, 2014
A revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos Seus servos as coisas que
brevemente devem acontecer; e Ele enviou e comunicou pelo Seu anjo a Seu servo João, 2 o
qual testificou da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que ele viu. Ap.
1:1-2

O trabalho conhecido por nós como “Apocalipse de João” começa de forma semelhante a
outros escritos apocalípticos Judaicos:

Ap.1 :1-2 (estabelecido no 1) o que é (a revelação de Jesus Cristo), 2) por que foi dado (para
mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer), 3) como foi dado (Deus
enviou Seu anjo para fazer a comunicação) e 4) quem, de fato, foi o destinatário principal dessa
revelação (seu servo, João, que testemunhou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo,
e de tudo o que ele viu).

A fim de que se veja que a seção de abertura deste livro é um tipo de abertura apocalíptica que
é, se não típica, nesse caso totalmente aceitável para este gênero literário Judaico (literatura
apocalíptica), vamos rever brevemente alguns exemplos relevantes. Em Enoque 1:1-2:

“A palavra da bênção de Enoque, como ele abençoou os eleitos e os justos, que existirão no
tempo da angústia; rejeitando todos os maus e ímpios. Enoque, um homem justo, que estava
com Deus, respondeu e falou, enquanto seus olhos estavam abertos, e enquanto ele viu uma
santa visão dos céus.

Isto os anjos me mostraram. Deles eu ouvi todas as coisas, e entendi o que eu vi; que não terá
lugar nesta geração, mas numa geração que deve existir num tempo distante, por causa dos
eleitos”.

Também lemos em 3 Baruch 1:1-8 (Apocalipse de Baruch):


Em verdade eu Baruch estava chorando em pensamento e aflito por causa das pessoas, e que o
rei Nabucodonosor teve permissão de Deus para destruir Sua cidade … e eis que eu estava
chorando e dizendo essas coisas, vi um anjo do Senhor vindo e dizendo-me: Entenda, ó homem,
muito amado, e não te incomodes tão grandemente com a salvação de Jerusalém, porque
assim diz o Senhor Deus, o Todo-Poderoso. Pois Ele me enviou adiante de ti, para te dar a
conhecer e te mostrar tudo (as coisas)… e o anjo dos poderes me disse: Vem, e eu te mostrarei
os mistérios de Deus.

As passagens acima estabelecem claramente que o que lemos nos versos de abertura do
Apocalipse é de fato muito semelhante a outros relatos apocalípticos Judaicos escritos durante
ou a aproximadamente no mesmo período de tempo.

O Judaísmo do Livro de Apocalipse é tão óbvio que vários estudiosos que não vêem as tradições
de Jesus, como originalmente Judaicas, erroneamente concluiram que a forma atual do livro de
Apocalipse está cheia de interpolações Cristãs agrupadas (principalmente no cap.1 e 22). Eles
sustentam que a versão pré-Cristã original tinha marcas teológicas não distintamente Cristãs.
Tal acusação de Cristianização [1] do Livro Judaico original do Apocalipse tem sido defendida
por estes e outros pontos da seguinte forma: [2]

Se alguém remover “o material Cristão”, o texto em si pode ser lido apenas suavemente, se não
mais suavemente (as alegadas interpolações Cristãs ao original Judaico estão em negrito).
Assim, por exemplo, em Ap. 1:1-3 , lemos:

A revelação [de Jesus Cristo] que Deus deu [ele] para mostrar aos seus servos o que deve
acontecer em breve; ele o fez saber enviando seu anjo a seu servo João, que testemunhou a
palavra de Deus e [o testemunho de Jesus Cristo], a tudo o que ele viu. Bem-aventurado aquele
que lê em voz alta as palavras da profecia, e bem-aventurados os que a ouvem e os que
guardam o que nela está escrito; porque o tempo está próximo.

Apesar de intrigante, vemos o exercício acima como fútil e totalmente subjetivo. Argumenta-se
que algumas outras partes desta e outras seções também poderiam ser cortadas sem causar
muitos problemas e com o mesmo nível de sucesso. Isto em si não prova nada. Há também
outras coisas a considerar.

Por favor, deixe nos ilustrar. Observou-se que a leitura da versão Samaritana da Torá é muito
mais suave do que a da Torá Judaica. A Torá Judaica é muito mais rude e às vezes incoerente e
complicada na apresentação de eventos. Mas, ainda que nada, a leitura mais suave leva ao
argumento de uma atividade editorial posterior dos escribas Samaritanos e não vice-versa.

Nosso entendimento neste caso é, apenas porque o texto pode ser lido de forma mais suave
uma vez que o conteúdo explicitamente “Cristão” é cortado, esta não é uma indicação de algo
significativo. Concluir mais do que isso, é exagerar as provas que seriam nada mais do que uma
possibilidade curiosa e intrigante que não tem absolutamente nenhuma evidência para apoiá-
la.

Mas há outro problema mais central que pensamos que aflige aqueles que argumentam que o
original do Apocalipse Judaico (Livro do Apocalipse) foi Cristianizado por alguém no final do
primeiro século ou até mais tarde. Em suma, eles não conseguem ver que tais frases (por eles
designadas em negrito), como Jesus Cristo e seu “testemunho” (entre outras) são nomes
Judaicos do primeiro século e conceitos que só séculos mais tarde tornaram-se alienados de
sua conexão Israelita original. O argumento para a diferenciação entre o material Judaico e
Cristão é, portanto, anacrônico e artificial.

O Livro Do Apocalipse No Contexto


Judaico (ap. 1: 3) – Dr. Eli Lizorkin-
eyzenberg E Peter Shirokov
By Dr. Eli Lizorkin-Eyzenbergjulho 2, 201414 comments
“Ap. 1:3 Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia e os
que guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo”.
À medida que continuamos a caminhar lentamente através do livro do Apocalipse, veremos
vezes e vezes em que o Livro do Apocalipse não é esporádica e febrilmente uma versão
anotada do que João viu acontecer no céu. Em vez disso, vamos ver que o Livro do Apocalipse
tem uma estrutura literária cuidadosamente diferenciada característica das tradições literárias
Bíblicas, em geral, e do gênero apocalíptico / tradição Judaicos, em particular, misturados com
gêneros epistolares (carta escrita) e proféticos.

Quando chegamos a este versículo, somos conduzidos pela primeira vez a uma série
cuidadosamente versada das sete bênçãos que são intercaladas ao longo do livro. É muito cedo
em nossa investigação para ver o padrão rítmico na apresentação de João e como essas sete
bênçãos servem literalmente como dispositivos que ajudam a organizar e comunicar a visão de
João. No entanto, uma parte do padrão pode ser notada mesmo agora.

É claro que o número sete é um número crucial ao longo do livro e constitui a estrutura
numérica básica da composição do livro. A palavra Messias (ungido) ou “Cristo” é usada sete
vezes (1.1, 1.2, 1.5, 11.15, 12.10, 20.4, 20.6), Ele anuncia sua vinda sete vezes (2:5, 2:16, 3:21,
16:15, 22:6, 22:12, 22:20), é usada sete vezes a forma “Senhor Deus Todo-Poderoso / Senhor
dos Exércitos” (1:8, 4:8, 11:17, 15:3, 16:7, 19:6, 21:22). Além disso, existem sete “améns” no livro
(1:6, 1:7, 3:14, 5:14, 7:12, 19:4, 22:20), a palavra “profetas” é referida sete vezes (10:7, 11:18, 16:6,
18:20, 18:24, 22:6, 22:9), bem como a forma “aquele que está sentado no trono” é usada sete
vezes (4:9, 5:1, 5:7, 5:13, 6:16, 7:15, 21:5) (1).

Por isso, torna-se óbvio para qualquer leitor que João gosta muito do número sete e o usa
intencionalmente. Há outras maneiras que o número sete é usado, geralmente em
multiplicação (o nome de Jesus é usado catorze vezes, e o Cordeiro é mencionado vinte e
quatro vezes). Neste ponto de nosso estudo, é importante que examinemos todas as sete
bênçãos e vejamos como a primeira (Ap. 1: 3) está relacionada com as outras seis bênçãos. Por
favor, permita-nos uma breve explicação sobre o método literário que autores Judeus antigos
(Bíblicos e não-Bíblicos) freqüentemente usavam quando eles compunham suas obras.

Em estudos Bíblicos modernos tal estrutura literária é chamada quiástica, depois da Letra
Grega Chai (X). Essencialmente, este é o caminho padrão de pensamento Semitico que veio a
ser representado literalmente em estudos. O estilo poético Judaico é baseado no paralelismo,
na repetição, na analogia onde tipicamente a segunda linha ou ideia repete o conteúdo da
primeira linha, algumas vezes levando mais longe, às vezes elaborando ou esclarecendo. É mais
fácil primeiro mostrar num diagrama como se parece a estrutura quiástica e, em seguida, tentar
explicá-la. A unidade literária quando analisada tem a seguinte estrutura:

A sentença ou palavra por palavra ou pelo menos pensamento-a-pensamento é repetido no


início e no final da unidade literária. É como se o autor original fosse de A1 para B1,
de B1 para C1, de C1 para D1. Então de repente ele muda a marcha e vai para trás na mesma
ordem (D2, C2, B2, A2).
Sugerimos que a primeira benção (Ap. 1: 3 ) encontra-se fora da estrutura quiástica que se
segue. Sua finalidade é resumir ou definir o cenário para o resto das seis bênçãos que estão, de
fato, organizadas na forma quiástica. Uma vez que se olha todo o conjunto do paralelismo de
significado é muito difícil negar. Aqui está como o vemos.

Declaração resumida: Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta
profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. (Ap. 1:3).
Tal súmula está conectada com Ap. 1:1-2, quando nos é dito que este apocalipse / inauguração
virá em breve (no vs.3 “porque o tempo está próximo”).
Estrutura quiástica
A1. “Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor de agora em diante”. “Sim”, diz o
Espírito, “para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os acompanhem”. (Ap.
14.13).
B1. “Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas vestes,
para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha”. (Ap. 14.13).
C1. “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”. (Ap. 16:15).
C2. “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição”. (Ap. 20:6).
B2. “Eis que venho sem demora! Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia
deste livro”. (Ap. 22:7)
A2. “Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à
árvore da vida, e possam entrar pelas portas na cidade”. (Ap. 22:14).
Observe que A1 e A2 fala da morte do crente e seu destino eterno (morrendo no Senhor, ter
direito à árvore da vida e entrando pelo portão na cidade, mais tarde descobrimos a Nova
Jerusalém). João descreve para seus leitores e ouvintes os portões da cidade, com os nomes das
tribos inscritos neles.
Ambos B1 e B2 são, sem dúvida, ligados pela necessidade desesperada de vigilância (Eu estou
vindo como um ladrão e eu estou vindo rapidamente). Além disso, a idéia de guardar é também
um elemento de conexão (guardando as vestes de serem roubadas, guardando as palavras da
profecia). (2)
As bênçãos de C1 e C2 não são exceção – ambas falam do futuro abençoado para os crentes
(sendo chamados para o casamento (3) do Cordeiro e merecendo tomar parte na primeira
ressurreição).
A idéia de ser “abençoado” por vezes se perde na tradução. A palavra Grega traduzida como
“abençoado” é μακάριος (makarios), que é um equivalente do Hebraico (ashrey), que significa
feliz, alegre abençoado, encontrado em uma circunstância favorável. Este substantivo expressa
uma idéia passiva de alguem recebendo um favor e é mais frequentemente encontrado no livro
de Salmos. Na verdade, o livro inicia com ele, “Bem-aventurado o homem que não anda
segundo o conselho dos ímpios (Sl. 1:1).

À medida que continuamos a ir de versículo em versículo, de capítulo em capítulo já podemos


ver os primeiros vislumbres do nível de design autoral na composição do Livro do Apocalipse
dentro dos contornos tradicionais apocalípticos Judaicos.

[divider]

1 Bauckham Richard, O Clímax da Profecia, (Bloomsbury Publishing Edimburgo, 1993), pp.1-38.


2 Jesus falou da sua vinda como um ladrão na noite, em seu discurso apocalíptico em Mt. 24.
Em suas parábolas ele também usou a imagem do casamento representando a espera pelo
Reino de Deus como a noiva espera pelo noivo. Casamentos são acompanhados por uma
grande festa e é preciso “vestes de casamento” para entrar na festa (Mt 22:11-14).
3 No primeiro século havia duas oportunidades para se participar da celebração das festas de
casamento Judaico. Uma era uma admissão geral como alguem que simplesmente estava
pronto e seguia a procissão da noiva no pátio da casa do noivo. A outra é através de convite
individual, o qual era enviado muito tempo antes para a família e amigos.

O Livro Do Apocalipse No
Contexto Judaico (ap. 1: 4-7) – Dr.
Eli Lizorkin-eyzenberg E Peter
Shirokov
By Dr. Eli Lizorkin-Eyzenbergagosto 6, 20143 comments

“BambergApocalypse” by Auftraggeber

1:4 João, às sete igrejas que estão na província da Ásia:


Quando se trata de seu gênero, embora o livro do Apocalipse seja um
apocalipse, não é um apocalipse puro (1) em que ele seja definido no contexto
de uma carta. Podemos ver isso claramente nos versos seguintes. O Livro do
Apocalipse não é realmente um livro; na verdade é uma carta dirigida às igrejas
da província da Ásia. Pelo seu próprio testemunho, esta carta apocalíptica
também contém profecia (Ap. 1:3, 22:7).
É comum pensar em profecia como previsões, mas na visão Israelita profecia é
principalmente uma proclamação da verdade anteriormente conhecida, uma
chamada para retornar e para não esquecer os assuntos importantes. Assim, o
livro do Apocalipse pode ser chamado uma carta apocalíptica contendo
profecia, combinando pelo menos três gêneros em um único documento
(apocalíptico, epistolar e profético).

Embora não seja possível dizer com plena certeza quem era exatamente esse
João que escreveu o Apocalipse, é claro que as sete igrejas históricas
mencionadas na carta conheciam sua identidade. O autor deve ter tido
autoridade suficiente para ser aceito uma vez que o Apocalipse de João não era
o único apocalipse naquele tempo. No entanto, a autoria de João o Apóstolo é
pronta e fortemente atestada. Vários líderes congregacionais do II século (tais
como Melito, Bispo de Sardes (c. 165 E.C.) (2) e Irineu de Esmirna (c. 180
E.C.), (3) cujas igrejas estavam entre os destinatários originais da carta do
Apocalipse (4) mencionam explicitamente que acreditavam que a carta era de
João o Apóstolo.
O caso da autoria Joanina do Apocalipse ironicamente é mais forte do que a
do Evangelho de João. O argumento mais importante em favor de outro autor
(o que significa que os autores do quarto evangelho e Apocalipse não são a
mesma pessoa) é que o Grego do Apocalipse tem qualidade
significativamente inferior em relação ao Grego do Evangelho de João. Isso, no
entanto, poderia ser facilmente resolvido supondo que João usou um escriba
para a composição do Evangelho (como fez Paulo (5) entre muitos outros na
antiguidade Romana), mas que ele não dispunha de nenhum escriba quando
ele compôs o livro do Apocalipse, uma vez que este foi escrito quando ele
estava em prisão domiciliar na Ilha de Patmos. Em outras palavras, ele usou
suas próprias habilidades limitadas na língua Grega.
Todas as sete igrejas mencionadas na carta estão localizadas dentro do
sistema de vias Romanas Antigas. Portanto, era realmente possível para a carta
fazer um círculo completo por todos os locais depois que ela foi originalmente
entregue e lida nas congregações individuais.

Nem todas as congregações conhecidas na Ásia foram abordadas (por


exemplo, a congregação em Colossos). A carta está ligada à importância do
número sete, apontando para a natureza simbólica das igrejas. É provável que
as sete congregações históricas reais simbolizem todas as igrejas existentes na
época de João e até fora desse cenário histórico.

Graça e paz a vocês “daquele que é” e que era e que há de vir,…


A passagem é uma alusão a Ex. 3:14 de acordo com a versão Septuaginta de
língua Grega onde Deus refere-se a si mesmo como “aquele que é” (ὁ ὤν). O
Grego é traduzido da autodescrição divina em Hebraico ‫( ֶ ֽא ְהיֶ ֑ה אֲ ֶ ֣שׁר ֶ ֽא ְהיֶ ֖ה‬eu sou
quem eu sou). João utiliza a mesma formulação em Grego só neste
lugar (6). Acredita-se que o nome impronunciável de Deus YHWH esteja ligado
ao verbo “ser” em Hebraico. É um composto de passado, presente e futuro
todos os aspectos presentes em uma palavra, “quem é e aquele que era, e que
vai ser.” A dica é deliberada.
Esta passagem é um dos muitos lugares onde se pode dizer que o Grego usado
por João é pobre. Note o comentário acima sobre a autoria do Apocalipse e a
possível ausência de assistência de um escriba em Patmos. Uma vez que nem
todas as partes do Apocalipse poderiam ser caracterizadas deste modo, não é
possível explicar as irregularidades gramaticais Gregas somente pela base
Hebraica da língua de pensamento original de João. Qualquer que seja a
explicação que possa estar por trás das estranhas irregularidades gramaticais,
ela provavelmente é de natureza intencional. Para o leitor familiarizado com
nuances de ambas as gramáticas Hebraica e Grega, elas de novo agem como
pistas de que alguma coisa está acontecendo.

… e dos sete espíritos que estão diante do seu trono,


O número sete em uma ampla variedade de tradições das Escrituras Judaicas é
o número da plenitude, totalidade e integralidade. Como já foi mencionado, o
Apocalipse está cheio de conjuntos do número sete, mas como no caso das
igrejas, este fato chama a atenção não para o número em si, mas em vez disso
para a totalidade do que é discutido – neste caso o Espírito (sete espíritos) que
está/estão diante do trono de Deus. Existem pelo menos duas opções
interpretativas aqui. Uma tem a ver com o Espírito Santo e a outra tem a ver
com seres angélicos chaves.

A primeira interpretação convencional conecta os sete espíritos do Apocalipse


com os sete “aspectos” do Espírito em Isaías 11:2: “O Espírito do Senhor
descansará sobre ele, o espírito de sabedoria e entendimento, o espírito de
conselho e força, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor” (NASB).
Na realidade, há seis aspectos, não sete, porque o Espírito do Senhor não é um
dos aspectos. Uma tradução melhor (NetBible), no entanto, é fornecida por
tradutores da Net Bíblia, justamente mostrando que cada par é realmente um
conceito, reduzindo 6 a 3: “o espírito do Senhor descansará sobre ele – um
espírito que dá sabedoria extraordinária, um espírito que fornece a capacidade
de executar planos, um espírito que produz lealdade absoluta ao Senhor.” Não
importa qual tradução usamos para Isaías 11:2, a conexão entre esses versos e
os sete espíritos no Apocalipse não parece provável para nós.

Em segundo lugar, nos livros Judaicos não-canônicos como 1 Enoque que tem
muitas referências às tradições do Filho do Homem Judaico, encontramos
repetidamente uma frase desconhecida “o Senhor dos Espíritos”.

Por exemplo, lemos em I Enoque 46:1-2:

“Lá, eu vi o Ancião de Dias, cuja cabeça era como a lã branca e com


ele outro, cujo semblante se assemelhava ao do homem…. Então eu
perguntei a um dos anjos, que foi comigo, e me mostrou todas as
coisas secretas, sobre esse Filho do Homem; quem ele era; onde ele
estava e por que ele acompanhava o Ancião de Dias. Ele respondeu e
disse para mim, que Este é o Filho do Homem, a quem pertence a
justiça; com quem habita a justiça; e que irá revelar todos os tesouros
escondidos: pois o Senhor dos Espíritos o escolheu; e sua porção
ultrapassou tudo diante do Senhor dos Espíritos em eterna retidão.”
Temos aqui uma passagem maravilhosa estabelecendo tradições Judaicas
(contemporâneas ao livro do Apocalipse) sobre a figura do Filho do Homem de
Daniel. (7) Devemos notar que esta frase Enoqueana comum – “o Senhor dos
Espíritos” pode ser conectada com “… os sete espíritos que estão diante do seu
trono” em Apocalipse. (Ap. 1:4b).
Embora o paralelo entre o “Senhor dos Espíritos” e ” os sete espíritos que estão
diante do seu trono (Deus)” seja intrigante, podemos estar lidando aqui com
um antigo equivalente Judaico do que foi pre-sistematizado mais tarde como
Trindade Cristã (em ordem diferente) – Pai, Espírito Santo e Filho.

Outra possibilidade interpretativa, no entanto, se apresenta para nós quando


comparamos o livro do Apocalipse com 1 Enoque. Os sete espíritos diante do
trono de Deus podem ser vistos como sete figuras angelicais chave (são
imaginadas em algumas tradições apocalípticas Judaicas) para servir diante do
trono de Deus.

Os anjos estão depois de todos os espíritos que servem a Deus e estes sete
espíritos angélicos, de acordo com esta tradição apocalíptica Judaica, servem
diante de Deus. É significativo que o sete aparece não só em Enoque, mas
também em outros livros Judaicos tanto Bíblicos como para-bíblicos.

Embora os crentes possam ser tentados a passar desta ligação, temos que
manter as coisas em perspectiva. Sendo ou não os nomes dos sete principais
anjos Gabriel, Miguel, Rafael, Uriel, Raquel, Remiel e Saraquel como se afirma
no livro de Enoque, talvez nunca saibamos, mas é pelo menos possível que
outros Judeus contemporâneos (incluindo o Judeu que escreveu o livro do
Apocalipse) tivessem em mente um conceito similar ao do autor do livro de
Enoque (1 Enoque 20:1-8).

Então, além do Espírito Santo, outra explicação potencial para os sete espíritos
poderia ser na verdade as sete figuras angelicais.

Neste caso, Deus, os sete anjos principais, e como logo veremos, Jesus Cristo,
são os autores finais em nome de quem João está escrevendo/ distribuindo
esta carta para ser enviada para as congregações Cristãs da Ásia Menor.

1:5 e de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos, o


soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama e nos libertou 7 de nossos
pecados à custa de seu próprio sangue. 1:6 e nos designou como um reino,
como os sacerdotes servindo a seu Deus e Pai — a ele seja o poder e a
glória para todo sempre! Amém.
Os cinco nomes de Jesus Cristo são claros – 1) fiel testemunha, 2) nascido em
primeiro (8) lugar dentre os mortos, 3) governante dos reis terrestres (1:5a), 4)
aquele que nos ama e 5) o que nos livra (1:5b).
Uma descrição tão completa de nomes (especialmente em comparação com
outros autores ou quem encomendou a carta) merece um pequeno hino de
louvor a Deus – “a ele seja a glória e o poder para todo o sempre !” (1:6b). Isso
é especialmente assim porque Jesus Cristo “nos” nomeou (presumivelmente
João, sua comunidade e os crentes a quem ele dirigiu a sua carta) para sermos
Sacerdotes do Reino, servindo ao Deus de Jesus (“seu Deus”) e Pai (1:6a).

A idéia apresentada no Apocalipse 1:6-7 é que a grandeza multifacetada de


Jesus Cristo, eventualmente resulta na glória e no poder de seu Deus e Pai.
Curiosamente, isto também pode ter um paralelo conceitual em 1 Enoque 48.
Em 1 Enoque 48:2-6 lemos:

E naquela hora que o Filho do Homem foi nomeado na presença


do Senhor dos Espíritos, e o seu nome diante do Primeiro dos Dias…
Ele será uma base para os justos, na qual ficam apoiados e não caem,
E ele será a luz dos Gentios,
E a esperança daqueles que estão com o coração angustiado.
Todos os que habitam na terra devem se prostrar e adorar diante
dele,
E louvarão e abençoarão e celebrarão com a música do Senhor dos
Espíritos.
E por esta razão tem ele sido escolhido e escondido diante Dele,
Antes da criação do mundo e para todo o sempre.
O que vemos no texto de I Enoque é que o louvor e a adoração que o Filho do
Homem recebe de todos os que habitam na terra resultam, em última análise,
em louvor e adoração ao Senhor dos Espíritos (o próprio Deus).

Este é realmente um conceito muito semelhante ao descrito em Apocalipse


1:5-6 “…Jesus Cristo – a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos, o
soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama e nos libertou de nossos
pecados à custa de seu próprio sangue e nos designou como reis e sacerdotes
para servir a seu Deus e Pai – a ele seja a glória e o poder para todo o
sempre! Amém.” (9)
1:7 Vejam! Ele está retornando com as nuvens e todo olho o verá, até
mesmo aqueles que o traspassaram, e todas as tribos da terra se
lamentarão sobre ele. Isso certamente vai acontecer! Amém.
O que é muito importante ter em mente enquanto lemos lentamente o
Livro/Carta do Apocalipse é que ouvimos várias vozes nesta carta (Deus, João,
Espírito, Jesus Cristo, Noiva, etc). Como em qualquer composição complexa,
esta rica polifonia do som celestial exigirá cuidadosa e atenta escuta a fim de
distinguir claramente entre as várias vozes, apreciando sua mensagem tanto
no coro como na voz do intérprete individual.
Não está claro qual voz estamos ouvindo em Apocalipse 1:7, mas aquele a
quem pertence esta voz gostaria que estivéssemos cientes de que o Cristo
crucificado retornará em poder (com nuvens) e ninguém (incluindo seus
assassinos) será capaz de negar sua ressurreição (todo olho o verá, até mesmo
aqueles que o transpassaram).

Isto produzirá o cumprimento das visões de Daniel 7:14: ” Foi-lhe dado domínio
e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as linguas o
servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino
jamais será destruido.” assim como de Zacarias 12:10: “derramarei sobre o
reino /casa de Davi e a população de Jerusalém um espírito de graça e súplica
de modo que eles olharão para mim, aquele que transpassaram. Eles
lamentarão por ele como alguém lamenta por um filho único, e haverá um
choro amargo por ele como o grito amargo por um primogênito”.
[divider]

(1) O Apocalipse é sempre revelador; ele informa como se revelam experiências


sobrenaturais e a realidade cósmica visualizada. Há uma história, uma narrativa
que pode ser seguida. Essas descrições de grandes imagens dos eventos do
domínio celestial agem como pano de fundo para os acontecimentos vividos pelo
público do escritor apocalíptico. Este é um pensamento paralelo e analógico, típico
do Oriente Médio. Os eventos terrestres são apresentados na luz do celestial,
revelando a realidade maior. (2) c. 165 E.C; Eusébio, H.E. 4.26.2.(3) c. 180 E.C.;
Adv.Haer. 3.11.1, 4.20.11, 4.35.2). (4) Ap.1:11; 3:1-6; 2:8-11. (5) Romanos 16:22: Eu,
Tercio, que escrevi esta carta, saúdo-vos no Senhor. (6) Notas para Apocalipse na
NetBible (NetBible.org). Disponivel em www.NetBible.org. (Último acesso
13.06.14). (7) Muitas Bíblias usam “lavado” (λούσαντι, lousanti) em vez de
“libertado” (λύσαντι, lusanti), mas, manuscritos mais confiáveis tem colocado
liberto. Há uma diferença de uma letra entre as duas, mas “colocado livre”
provavelmente seja o variante original. (8) O primeiro ressuscitado é um título
unicamente Judaico, ligado aos conceitos dos primeiros grãos da colheita de
cevada oferecidos no terceiro dia da Páscoa. O motivo da ressurreição está
implícito nesta festa e este nome é usado por Paulo em I Cor. 15:20 e Col. 1:18.

(9) João, às sete igrejas que estão na Ásia: graça e paz dele que é e que era e
que há de vir e dos sete Espíritos que estão diante do Seu trono. Apocalipse
1:4
E ao anjo da igreja em Sardes escreve, “estas coisas diz aquele que tem os
sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: ‘Sei de tuas obras, que tens nome de
que vives, mas estás morto.'” Apocalipse 3:1
E do trono vieram relâmpagos, trovões e vozes. E havia sete lâmpadas de
fogo queimando diante do trono, que são os sete Espíritos de Deus.
Apocalipse 4:5
E olhei e eis que, entre o trono e os quatro seres viventes e no meio dos
anciãos, um Cordeiro em pé, que tinha sido morto, tendo sete chifres e sete
olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
Apocalipse 5:6
E vi os sete anjos que estão diante de Deus e lhes foram dadas sete trombetas.
Apocalipse 8:2

O Livro Do Apocalipse No Contexto


Judaico (ap. 1:7-8)
By Dr. Eli Lizorkin-Eyzenbergagosto 20, 20143 comments

“Deus convidando Cristo para se sentar no trono à sua direita” por Pieter de Grebber.

Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o
traspassaram…
Quando João declara que os principais grupos celestiais o comissionaram a escrever e
entregar a carta do Apocalipse, ele é interrompido por duas bênçãos aparentemente
inesperadas. Uma delas está no vs. 5b-6 e a seguinte no vs 7, onde vemos duas profecias
Bíblicas invocadas – Dn 7:13-14 e Zc. 12:10:
“Na mesma visão que tive naquela noite, vi um ser parecido com um homem, que vinha entre
as nuvens do céu. Ele foi até o lugar onde estava aquele que sempre existiu e foi apresentado a
Ele. Deram-lhe o poder, a honra e a autoridade de rei, a fim de que os povos de todas as
nações, línguas e raças o servissem. O seu poder é eterno, e seu reino não terá fim”.

“Naquele dia derramarei o espírito de bondade e de oração sobre os descendentes de Davi e


sobre os outros moradores de Jerusalém. Eles olharão para aquele a quem atravessaram com a
lança e chorarão a sua morte como quem chora a morte do filho único. Chorarão
amargamente, como quem chora a morte do filho mais velho”.

Embora as várias crenças sobre o Filho do Homem, baseadas em Daniel 7 já fizessem parte da
crença apocalíptica Judaica na época da composição do Apocalipse, a fusão destes dois
conceitos (triunfante e trágico) não era. Além disso, enquanto documentos do Novo
Testamento como o livro do Apocalipse, principalmente funcionem dentro de um conjunto de
conceitos Judaicos já pré-existentes, sua genialidade e singularidade muitas vezes podem ser
vistas na união de conceitos Judeus anteriormente não combinados tais como o Logos de Deus
(Memra de Deus) e a Encarnação em João 1:14 e o Filho de Deus (Ben Elohim) e o Filho do
Homem (Ben Adam/Bar Enosh) em João 5:25-28. Mesmo os sábios talmúdicos de um período
posterior compreenderam as profecias triunfantes e trágicas sobre o Messias para predizer
dois Messias, o Filho de Davi e o Filho de José.
“Os nossos rabinos nos ensinaram, Santíssimo, abençoado seja Ele, dirá ao Messias, o filho de
Davi (possa ele se revelar rapidamente durante os nossos dias!) peça-me qualquer coisa e eu a
darei a você, como foi dito, proclamarei o decreto etc eu hoje te gerei, peça-me e eu te darei as
nações por tua herança (Salmos 2:7-8). Mas quando ele ver que o Messias, o filho de Jose está
morto, ele vai dizer para Ele, Senhor do Universo, peço-Te apenas o dom da vida. Quanto à
vida, Ele iria responder-lhe, Seu pai, Davi já profetizou isso sobre você, como foi dito, vida te
pediu, e lha deste, [mesmo longura de dias para todo o sempre – Salmos 21:4]”. (Talmude
Babilônico, Sukkah 52a). (1)
Outra passagem do Talmude, que revela o entendimento rabínico da recompensa baseada no
mérito do Messias vindo para redimir Israel, mostra uma tentativa alternativa de harmonizar o
Messias triunfante, vindo sobre as nuvens, com o servo trágico, dócil e sofredor, montando
em um jumento. Propõe-se que as profecias descrevam duas trajetórias potenciais do Messias
as quais dependerão da condição do povo da aliança.

“… está escrito, a seu tempo [virá o Messias], enquanto também está escrito, eu, [o Senhor]
apressarei isso! (Is 60:22) se eles forem dignos, eu o apressarei: se não, [ele virá] no tempo
devido… está escrito e eis que um como o filho do homem veio com as nuvens do céu (Dn 7:13)
enquanto [em outro lugar] está escrito, [eis que teu rei vem a ti…] humilde e montado em um
jumento! (Zc 9:7). Se eles forem meritórios, [ele virá] com as nuvens do céu se não, humilde e
montado em um jumento. O rei Shapur [I] disse a Samuel: Vós dizeis que o Messias virá em
cima de um jumento: prefiro mandar-lhe um cavalo branco meu. 37 Respondeu ele: você tem
um corcel de cem cores(2)?” (Talmude Babilônico, Sinédrio 98a).
O Apocalipse apresenta como um estes dois conceitos do Messias, aparentemente
independentes e difíceis de conciliar, um vencedor triunfante; e outro, um servo sofredor de
Deus; e combina-os em uma pessoa, o Messias que veio, sofreu, e ainda está para reivindicar
sua glória completa.

… e todas as tribos da Terra chorarão por causa dele. Certamente será assim. Amém.
O interessante é que na imaginação religiosa Cristã, todos os povos do mundo aqui estão
pranteando o traspassamento do Cristo de Deus; mas dado o fato de que se trata de uma
alusão a Zacharias (veja acima), sem dúvida são as tribos de Israel que estão em questão.
Terra/País (Arets) é a designação Hebraica comum, não de toda a terra, mas da Terra de Israel,
em particular.

8 “Eu sou o Alfa e o Ômega,” diz o Senhor Deus, “aquele que é aquele que era e que há de
vir, o Todo-Poderoso”.
Mesmo que seja comum falar de Jesus como o Alfa e o Ômega, o melhor que podemos dizer é
que há uma distinção entre o Jesus glorificado e o Próprio Alfa e Ômega no texto em si,
especialmente em Ap. 1:4 (ver a discussão acima).

O termo técnico o Alfa e o Ômega aparece três vezes no Apocalipse (Ap. 1:8, Ap. 21:1-8, Ap.
22:6-15). Em todos os três casos não pode ser interpretado imediatamente como Jesus (embora
os autores deste livro não tenham nenhum problema em afirmar a divindade de Jesus, como
ele foi retratado em outras partes do Novo Testamento). O único caso onde Jesus está mais
explicitamente ligado a este título é o último exemplo do Ap. 22:6-15, onde imediatamente após
declarações sobre o Alfa e o Ômega (na primeira pessoa), há uma declaração de Jesus (também
na primeira pessoa): “Eu, Jesus, enviei meu anjo para anunciar essas coisas a vocês nas igrejas.
Eu sou a raiz e o descendente de Davi, a brilhante estrela da manhã” (Ap.22:16), embora
tenhamos que ter em mente que no livro do Apocalipse há uma polifonia de vozes que no
desenrolar da história se alternam como o centro das atenções.

Embora seja possível harmonizar o Alfa e o Ômega do Ap.22:13 com Jesus do Ap.22:16
pensamos que dada a identidade do Alfa e do Ômega, com “aquele que é aquele que era e que
há de vir” em Ap. 1:8 e distinção clara de Jesus da mesma pessoa em Ap. 1:4, a posição que
equipara Jesus ao Alfa e o Ômega de maneira linear direta é simplesmente inviável. O livro do
Apocalipse propositadamente descreve um quadro diferente, mais complicado.

A maravilhosa grandeza de Jesus Cristo como descrita no Apocalipse, e ainda sua distinção do
Senhor Deus Todo-Poderoso no livro, pode ser melhor vista no contexto de outras crenças
Apocalípticas Judaicas do Filho do Homem, onde a divindade de ambos o Filho do Homem e o
Ancião dos Dias /Inicio dos Dias é explícita e ainda não harmonizada (1 Enoque 48 e 69).

[divider]

(1) Tradução do Talmude de Soncino.


(2) Avalo de muitas cores.

No Espírito Do Dia Do Senhor


(apocalipse 1: 9-10a) Por Dr. Eli
Lizorkin-eysenberg E Prof Peter Shirokov
By Dr. Eli Lizorkin-Eyzenbergagosto 30, 201413 comments
1: 9 Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e perseverança, em
Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho
de Jesus.
Depois que o Deus Todo-poderoso falou suas muito breves palavras, João identificou-se como o
próximo a falar. De forma semelhante ao Ap. 22:6-15, o discurso se alterna entre o Deus Todo-
poderoso e Jesus, como vemos no versículo seguinte (Ap. 22:16).

Aqui João também identifica as circunstâncias históricas, durante as quais teve a visão e
escreveu a carta em obediência ao comando do Senhor. Enquanto gostaríamos de saber o ano
exato em que João escreveu o Apocalipse, ele achou suficiente escrever apenas sobre seu exílio.

Seu exílio foi na ilha de Patmos, onde o governo Romano era conhecido por enviar prisioneiros
políticos. Os estudiosos levantam a hipótese que o tempo que João esteve em Patmos se
encaixa melhor ou no ano de 95 DC, aproximadamente durante o reinado do Imperador
Domiciano ou nos anos de 68-69 DC, durante o reinado do Imperador Nero, quando as
perseguições aos seguidores de Cristo foram frequentes e intensas.

1:10a Achei-me em Espírito, no Dia do Senhor …


Aqui existem três opções interpretativas.

Em primeiro lugar, o Dia do Senhor pode ser o Sábado. Faria sentido falar do dia de Deus, o
Sábado (Shabbat), desta forma. O que vai contra esta interpretação é que nunca vemos este
termo usado para significar o Sábado. Além disso, se de fato o dia da semana foi o Sábado em
vez de outros dias, não está claro por que isso seria importante.

Em segundo lugar, esta opção é a opção tradicional, identificando o Dia do Senhor como o dia
da sua Ressurreição – o primeiro dia da semana Israelita – Domingo. Essa teoria apresenta
problemas semelhantes.
Nunca o primeiro da semana é referido como o Dia do Senhor antes deste alegado exemplo. Se
este for de fato o caso (que isto se refere ao primeiro dia da semana Israelita) não fica claro por
que João se sentiu compelido a contar sobre isso a seus leitores/ouvintes.

Em terceiro lugar, em nossa opinião, esta opção é muito mais provável. O Dia do Senhor é o
Final dos Tempos dia do cálculo e julgamento sobre o qual os Profetas Hebreus falaram muitas
vezes. A frase “o Dia do Senhor / Dia do Senhor” é usada muitas vezes na Bíblia Hebraica (Is.
2:12; 13:6-9; Ezequiel 13:5, 30: 3; Joel 1:15; 2:1-31; 3:14; Amos 5:18-20; Obadias 15; Sofonias 1:7-
14; Zacarias 14:1; Malaquias 4:5). Como lemos em Malaquias 4:5-6: “Mas, antes que chegue
aquele grande e terrível dia, eu, o Senhor, lhes enviarei o profeta Elias. Ele fará com que pais e
filhos façam as pazes para que eu não venha castigar o país e destruí-lo completamente”.
Desta maneira, a menção de João avisa o leitor que, enquanto ele está escrevendo de um local
histórico específico durante um determinado tempo na história, a perspectiva que ele pretende
comunicar a seus ouvintes está enraizada na realidade escatológica do Dia do Senhor futuro.
Tal como no caso dos profetas Hebreus da Bíblia, João foi capaz de falar para o presente a
partir da dupla perspectiva do passado (a aliança) e do futuro (a consumação da aliança e a
restauração de todas as coisas).

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