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ARSESP

Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos I


Área Saneamento Básico

Os quatro serviços que constituem o Saneamento Básico. Entendimento de suas características


específicas e das suas inter-relações. ..................................................................................................... 1
As partes constitutivas de sistemas de abastecimento de água potável: os componentes de produção,
de adução e reservação e as redes de distribuição. ................................................................................ 4
As partes constitutivas de sistemas de esgotamento sanitário: as redes de coleta dos usuários, os
coletores troncais e de interceptores e os componentes do tratamento e de disposição final dos efluentes.
................................................................................................................................................................. 8
As partes constitutivas de sistemas de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: as redes de
águas pluviais, as galerias, os canais, rios e os reservatórios. .............................................................. 27
As partes constitutivas de sistemas de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: os circuitos de
coleta, as estações de transbordo, os locais de disposição e as ações de reciclagem. ......................... 35
As condições técnicas e operacionais mais frequentes de prestação dos serviços de abastecimento de
água potável e de esgotamento sanitário. ............................................................................................. 53
A visão crítica da situação atual, das tendências que se afiguram mais prováveis e das possibilidades
de melhorias dos indicadores de desempenho dos serviços. ................................................................ 83
As características físicas, químicas e bacteriológicas da água potável: Anexo XX da Portaria
Consolidada nº 5/2017 do Ministério da Saúde. .................................................................................... 90
Métodos de controle e combate de perdas em redes de distribuição de água. Os padrões de qualidade
dos corpos d’água: as classes e o enquadramento dos corpos d’água. .............................................. 100
As Resoluções CONAMA nº 357/2005 e nº 430/2011. .................................................................... 111
Definição dos elementos dos serviços de água potável e de esgoto que possuem relevância e interesse
para os usuários. ................................................................................................................................. 138
Diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de esgoto e para a avaliação dos serviços de
esgoto. ................................................................................................................................................ 151
Decreto Estadual nº 8.468/1976 - Dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente.
............................................................................................................................................................. 198
Questões ......................................................................................................................................... 217

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Os quatro serviços que constituem o Saneamento Básico. Entendimento de suas
características específicas e das suas inter-relações.

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foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
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Saneamento Básico1

É comum que o saneamento básico seja visto como um conjunto de serviços de acesso à água potável,
à coleta e ao tratamento dos esgotos. Essa definição é bem mais complexa na prática.
A prof. ª Simone Cynamon, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/FIOCRUZ)
define que o conjunto acima citado é apenas elementos que compõem algo muito maior. Ela, em
uma reportagem publicada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
(EPSJV/Fiocruz), define saneamento básico como a ciência que trabalha a proteção do ser humano e do
meio ambiente do qual ele está inserido.

Símbolo dos serviços básicos do saneamento

Resumindo saneamento é basicamente o estudo do comportamento da sociedade quanto à produção


e descarte de resíduos que causam algum tipo de agressão à saúde do ser humano utilizando ferramentas
e elementos que proporcione qualidade de vida e que minimizem os riscos.
Cada um desses serviços tem peculiaridade própria e deve ser tratado dentro de tecnologias
atualizadas compatíveis com o grau de desenvolvimento do município. Independentemente do estágio
socioeconômico, o zelo e cuidados pela boa funcionalidade desses sistemas indicam o estágio cultural,
organizacional e de desenvolvimento de seus habitantes.
Conforme informações da revista SANEAS (ed. 56 – Ano XIII), somente no nosso continente, cerca de
100 milhões de pessoas são desprovidas de saneamento básico e as áreas rurais são as que mais
sofrem com a falta de água e saneamento. Com o crescimento da população é necessário a priorização
das necessidades de saneamento básico das grandes metrópoles através de políticas públicas.
No Brasil esse direito é assegurado pela Lei nº. 11.445/2007. Chamada de a Lei Nacional do
Saneamento Básico – LNSB, ela teve vigência a partir de 22 de fevereiro do mesmo ano, estabelecendo
as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal do saneamento básico.

Serviços do Saneamento Básico

Distribuição de Água Potável


De toda água que o nosso planeta dispõe somente 2,5% é água doce. A região mais rica do mundo
em termos de disponibilidade de água doce por pessoa é a América Latina. Na lista de países que contam
com a maior quantidade de água, três da América Latina estão entre os primeiros: Brasil (primeiro),
Colômbia (terceiro) e Peru (oitavo).

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http://www.eosconsultores.com.br/o-que-e-saneamento-basico/

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Estação de tratamento de água

Mesmo com toda essa abundância de água não significa que ela seja suficiente para todos. Ainda
existe uma enorme desigualdade de abastecimento de água entre as cidades brasileiras, um exemplo
que pode ser citado é São Paulo, a demanda é muito elevada e o desperdício vem na mesma proporção
por conta de uso inadequado e às instalações precárias. No Brasil em torno de 83,3% dos brasileiros são
atendidos com abastecimento de água e mais de 35 milhões de pessoas ainda não possuem acesso a
este serviço básico de saneamento.

Coleta e Tratamento de Esgoto


Segundo os índices da ONU de saneamento básico no mundo, 40% da população mundial não têm
acesso aos serviços de coleta e tratamento de esgoto e à água potável. Isso significa que mais de 200
milhões de toneladas de esgoto são despejadas no meio ambiente anualmente sem coleta e tratamento
adequados.
No Brasil, conforme dados do SNIS, a coleta atende cerca de 50,3% da população brasileira.
Atualmente mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a este serviço básico. Mais de 3,5 milhões
de pessoas despejam esgoto irregularmente mesmo tendo redes coletoras disponíveis.
Cerca de 450 mil pessoas nos 15 municípios paulistas têm disponíveis os serviços de coleta dos
esgotos. Porém não estão ligados às redes, portanto, despejam seus esgotos de forma inadequada no
meio ambiente.

Estação de tratamento de esgoto

Com relação ao tratamento de esgoto, 42,67% dos esgotos do país são tratados. A média das 100
maiores cidades brasileiras em tratamento dos esgotos foi de 50,26%. E ainda, a Organização Mundial
da Saúde (OMS)/ UNICEF existe 4 milhões de habitantes sem acesso a banheiro. A falta desse serviço
afeta vários setores: como educação, saúde, trabalho entre outros.

Coleta e Manejo de Resíduos Sólidos


Segundo dados de 2008 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, por
meio da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB, 99,96% dos municípios brasileiros têm
serviços de manejo de Resíduos Sólidos, mas 50,75% deles dispõem seus resíduos em vazadouros;
22,54% em aterros controlados; 27,68% em aterros sanitários.

Coleta de Resíduos Sólidos

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Esses mesmos dados apontam que 3,79% dos municípios têm unidade de compostagem de resíduos
orgânicos. Outros 11,56% têm unidade de triagem de resíduos recicláveis. Somente 0,61% têm unidade
de tratamento por incineração. A prática desse descarte inadequado provoca sérias e danosas
consequências à saúde pública e ao meio ambiente. Isso está ligado um quadro de um grande número
de famílias que sobrevivem dos “lixões”. Eles retiram os materiais que podem ser reciclados e
comercializam.
Ainda é frequente observar-se a execução de ações em resíduos sólidos sem prévio e adequado
planejamento técnico-econômico. A falta de regulação e controle social no setor contribui na gravidade
da quadro atual.

Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas


O sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas pode ser definido como o conjunto de
obras, equipamentos e serviços projetados para receber o escoamento superficial das águas de chuva
que caem nas áreas urbanas, fazendo sua coleta nas ruas, estacionamentos e áreas verdes, e
encaminhando-os aos córregos, lagos ou rios.
Para manter o sistema em funcionamento, algumas ações simples são essenciais:

- Evitar o descarte de lixo nas ruas;


- Não fazer ligações de esgoto na rede pluvial e
- Manter áreas permeáveis nos lotes.

Via sem adequado sistema de coleta de águas pluviais

Com isso, a qualidade dos corpos hídricos melhora, consequentemente elevando a qualidade de vida
da população.
Após essa análise é concluído que o saneamento básico é uma das chaves para a melhoria da
qualidade de vida. Com certeza é uma importante ferramenta para prevenção de doenças.
Consequentemente os investimentos aplicados em combate à essas doenças tendem a
diminuir. Podemos comprovar essa afirmação através dos dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS). A cada dólar investido em saneamento básico significa economizar U$ 9 em outras áreas,
especialmente a saúde.
Por isso é muito importante o planejamento das ações de políticas públicas sejam bem elaborados e
completos. É preciso que se pense e se planeje não só bons projetos, mas como eles serão aplicados e
como contribuirão para a sociedade.

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As partes constitutivas de sistemas de abastecimento de água potável: os
componentes de produção, de adução e reservação e as redes de distribuição.

Sistema de Abastecimento

As águas que utilizamos, percorre um longo caminho até chegar a nossa residência.
Inicialmente são captados na superfície em barragens, rios ou lagos, passando por uma série de
tratamento, com o objetivo de purificá-las para o consumo humano.

As águas são tratadas nas Estações de Tratamento de Água (ETAs) de onde são direcionadas as
redes de abastecimento de água que compreendem as adutoras, as linhas alimentadoras e as linhas
distribuidoras. Cabe as adutoras conduzir a água dos mananciais às estações de tratamento e dessas
aos reservatórios principais, estabelecendo a intercomunicação entre eles. Nas linhas alimentadoras vai
ocorrer o abastecimento dos reservatórios secundários e das linhas de distribuição, cuja função é fornecer
água as derivações para o abastecimento de cada prédio.

Unidades constitutivas de um Sistema de Abastecimento d’água

Manancial - É a fonte de onde a água é retirada para o abastecimento.

Mananciais disponíveis para abastecimento


-Água de chuva - geralmente armazenada em cisterna
-Água do subsolo - lençol freático, artesiano e fontes
-Água de superfície - rios, lagos, represas, etc.

Captação - É a parte do sistema de abastecimento, pôr meio da qual a água é recolhida do manancial.
Existem dois tipos de captação, superficial e subterrânea, utilizada de acordo com o manancial explorado.

Adução - É a canalização que transporta a água da fonte de abastecimento ao sistema de distribuição.

Classificação - Existem duas classes de adutoras: condutos forçados, nos quais corre sob pressão e
condutos pôr gravidade, ou canais abertos, onde a água escoa pela ação da gravidade.

Elevação - A elevação torna-se necessária quando:


- a altura da fonte de suprimentos de água é tal que ela não poderá escoar pôr gravidade para os
encanamentos;
- a pressão nas linhas distribuidoras deve ser aumentada;
- a água precisa ser elevada de um nível a outro.

Estação de tratamento - É a unidade onde se processa o tratamento da água objetivando torná-la


própria para consumo humano. Os tipos de estação de tratamento adotados são em função das
características da água.

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Reservação - É a unidade que permite armazenar a água para atender as variações de consumo e as
demandas de emergência da cidade.

Tipos de reservatórios
- Elevado
- Apoiado
- Semi - enterrado
- Enterrado

Distribuição - Rede de distribuição representa o conjunto de tubulações e peças especiais, destinadas


a conduzir a água até os pontos de tomada das instalações prediais.
As tubulações distribuem água em marcha e se dispõem formando uma rede.
A rede é construída para distribuir água potável; Para isto são exigidos certos requisitos:
- Pressão: a rede dever ser operada em condições de pressão adequada;
- Disponibilidade de água: deve-se supor uma continuidade no abastecimento.

Sistemas de distribuição
Normalmente encontramos nas cidades a alimentação das redes de distribuição predial sendo
alimentadas por redes públicas de fornecimento de água. Porém, podemos encontrar a alimentação
predial realizada por sistemas particulares como, por exemplo, nascentes e poços. Sendo, no entanto,
garantida sua potabilidade por exames realizados em laboratório. De acordo, com a existência ou não de
separação entre a rede pública e a rede interna, podemos classificar os sistemas de abastecimento em:

Sistema de Distribuição Direta


A alimentação direta da rede predial de distribuição é feita diretamente da rede pública de
abastecimento. Nesse caso, não existe reservatório domiciliar e, a distribuição é feita de forma
ascendente, ou seja, as peças de utilização de água são abastecidas diretamente da rede pública.

Principais características:
- Equipamentos hidráulicos abastecidos com a água da rua.
- Baixo custo.
- Pode ocorrer falta de água.
- Pressão da água não é constante.

Sistema de Distribuição Indireta


Neste sistema adotam-se reservatórios para minimizar à intermitência ou a irregularidades no
abastecimento de água e variações de pressões da rede pública. - Água da rua sobe até a caixa d’água
e é distribuída para a edificação.

Principais características:
- Na falta de água da rua, utiliza-se o reservatório superior, podendo ser:
• Sem Bombeamento

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A pressão da água na rede pública alimenta o reservatório superior.
• Com Bombeamento
A pressão da água na rede pública não é capaz de alimentar o reservatório superior. Usa-se o
reservatório inferior.

• Hidropneumático
Necessário determinar uma pressão fixa, importante utilizar um pressurizador.

Distribuição Mista
Alimentação da rede predial é feita:
- Parte pela rede pública.
- Parte pelo reservatório superior.

TERMINOLOGIA
Alimentador predial – tubulação compreendida entre o ramal predial e a primeira derivação ou válvula
de flutuador do reservatório.
Barrilete – conjunto de tubulações que se origina no reservatório e do qual se derivam as colunas de
distribuição.
Coluna de distribuição – tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar os ramais.
Peça de utilização – dispositivo ligado a um sub-ramal para permitir a utilização da água.
Ponto de utilização – extremidade de jusante do sub-ramal.
Ramal – tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os subramais.
Ramal predial – tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento e a instalação predial.
O limite entre no ramal predial e o alimentador predial deve ser definido pelo regulamento das
concessionárias locais de distribuição de água (ex.: CAERN).

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Rede predial de distribuição – conjunto de tubulações constituído de barriletes, colunas de
distribuição, ramais e sub-ramais, ou de alguns destes elementos.
Registro de gaveta – registro instalado em uma tubulação para permitir a interrupção de passagem
de água.
Registro de pressão – registro instalado no sub-ramal, ou no ponto de utilização, destinado ao
fechamento ou regulagem da vazão de água a ser utilizada.
Regulador de vazão – aparelho intercalado numa tubulação para manter constante sua vazão,
qualquer que seja a pressão a montante.
Reservatório inferior – reservatório intercalado entre o alimentador predial e a instalação elevatória,
destinado a reservar água e a funcionar como poço de sucção da instalação elevatória
Reservatório superior – reservatório ligado ao alimentador predial ou a tubulação de recalque,
destinado a alimentar a rede predial de distribuição.
Sistema de abastecimento – rede pública ou qualquer sistema particular de água que abasteça a
instalação predial.
Sub-ramal – tubulação que liga o ramal à peça de utilização ou à ligação do aparelho sanitário.
Torneira de bóia – válvula com bóia destinada a interromper a entrada de água nos reservatórios e
caixas de descarga quando se atinge o nível operacional máximo previsto.
Trecho – comprimento de tubulação entre duas derivações ou entre uma derivação e a última conexão
da coluna de distribuição.
Válvula de descarga – válvula de acionamento manual ou automático, instalada no sub-ramal de
alimentação de bacias sanitárias ou de mictórios, destinada a permitir a utilização da água para sua
limpeza.

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As partes constitutivas de sistemas de esgotamento sanitário: as redes de
coleta dos usuários, os coletores troncais e de interceptores e os componentes
do tratamento e de disposição final dos efluentes.

Sistema de Tratamento do Esgoto2

O que é esgoto?
É todo despejo proveniente dos diversos usos da água, tais como as de uso doméstico, contendo
matéria fecal e águas servidas, industrial, de utilidade pública, de áreas agrícolas, de superfície, de
infiltração, pluviais e outros efluentes sanitários. Outra denominação: águas residuárias.

Classificação dos esgotos


Os esgotos que chegam as Estações de Tratamento de Esgotos são basicamente originados de três
fontes distintas:
•Esgotos domésticos;
•Águas de infiltração;
•Efluentes não domésticos - os esgotos não domésticos deverão passar por pré-tratamentos e/ou
tratamentos específicos antes de serem lançados no sistema coletor público ou no corpo receptor.

Esgotos Domésticos: Provem principalmente das residências, edificações comerciais, instituições ou


quaisquer edificações que contenham instalações de banheiro, lavanderias, cozinhas ou qualquer
dispositivo de utilização de água para fins domésticos.
Esgotos Não Domésticos: Provem principalmente de industrias – esgotos industriais, de hospitais,
laboratórios, unidades de saúde, lavanderias, lava jatos, oficinas mecânicas. Esses esgotos possuem
características próprias em função da atividade e do processo industrial empregados.
Águas de infiltração: parcela de contribuição dos esgotos que provem das águas do subsolo, que
penetra nas canalizações de esgotos através das juntas, poços de visita e defeitos nas estruturas do
sistema.

Caracterização quantitativa dos esgotos sanitários


A vazão geralmente é medida com uma calha Parshall, mas existem também outros tipos de
equipamentos para este fim, a serem montados dentro ou fora da tubulação.

Vazão de infiltração
Dependendo da execução da tubulação da rede de esgoto, água infiltra na rede, especialmente em
partes porosas da tubulação, poços de inspeção e conexões. Esta água de infiltração pode ter uma vazão
significante, especialmente se a maior parte da rede de coleta for construída usando materiais permeáveis
e/ou se o nível do lençol freático estiver acima da rede coletora.
A vazão de infiltração geralmente varia entre 0,05 l/s e 1,0 l/s por quilômetro de rede de esgoto
construída, dependendo das condições.

Níveis de tratamento
O tratamento de esgotos pode ser dividido em níveis de acordo com o grau de remoção de poluentes
ao qual se deseja atingir:

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Apostila elaborada pelos servidores do SAMAE, Eng.ª Liseane Peluso Rech, Eng.º Edson Charles Rippel, Eng.ª Fernanda Ballardin Spiandorello e Silvana de
Fátima da Silva Mastella, designados através da Portaria n.º 23.314, de 01 de agosto de 2014.

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1- Preliminar
2 -Primário
3 -Secundário
4 -Terciário.

Tratamento Preliminar - remoção de grandes sólidos e areia para proteger as demais unidades de
tratamento, os dispositivos de transporte (bombas e tubulações) e os corpos receptores. A remoção da
areia previne, ainda, a ocorrência de abrasão nos equipamentos e tubulações e facilita o transporte dos
líquidos. É feita com o uso de grades que impedem a passagem de trapos, papéis, pedaços de madeira,
etc; caixas de areia, para retenção deste material; e tanques de flutuação para retirada de óleos e graxas
em casos de esgoto industrial com alto teor destas substâncias.

Tratamento Primário - os esgotos ainda contém sólidos em suspensão não grosseiros cuja remoção
pode ser feita em unidades de sedimentação, reduzindo a matéria orgânica contida no efluente. Os sólidos
sedimentáveis e flutuantes são retirados através de mecanismos físicos. Os esgotos fluem
vagarosamente, permitindo que os sólidos em suspensão de maior densidade sedimentem gradualmente
no fundo, formando o lodo primário bruto. Os materiais flutuantes como graxas e óleos, de menor
densidade, são removidos na superfície. A eliminação média do DBO é de 30%.

Poluentes removidos:
- Sólidos em suspensão sedimentáveis: matéria orgânica em suspensão (lodo primário)
- Sólidos flutuantes: óleos e graxas

Tratamento Secundário - processa, principalmente, a remoção de sólidos e de matéria orgânica não


sedimentável e, eventualmente, nutrientes como nitrogênio e fósforo. Após as fases primária e secundária
a eliminação de DBO deve alcançar 90%. É a etapa de remoção biológica dos poluentes e sua eficiência
permite produzir um efluente em conformidade com o padrão de lançamento previsto na legislação
ambiental. Basicamente, são reproduzidos os fenômenos naturais de estabilização da matéria orgânica
que ocorrem no corpo receptor, sendo que a diferença está na maior velocidade do processo, na
necessidade de utilização de uma área menor e na evolução do tratamento em condições controladas.

Tratamento Terciário - remoção de poluentes tóxicos ou não biodegradáveis ou eliminação adicional


de poluentes não degradados na fase secundária.

Etapa de Desinfecção - grande parte dos microrganismos patogênicos foi eliminada nas etapas
anteriores, mas não a sua totalidade. A desinfecção total pode ser feita pelo processo natural - lagoa de
maturação, por exemplo – ou artificial - via cloração, ozonização ou radiação ultravioleta. A lagoa de

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maturação demanda grandes áreas, pois necessita de pouca profundidade para permitir a penetração da
radiação solar ultravioleta. Entre os processos artificiais, a cloração é o de menor custo, mas pode gerar
subprodutos tóxicos, como organoclorados. A ozonição é muito dispendiosa e a radiação ultravioleta não
se aplica a qualquer situação. O desenvolvimento tecnológico no tratamento de esgotos está concentrado
na etapa secundária e posteriores. Uma das tendências verificada é o aumento na dependência de
equipamentos em detrimento do uso de produtos químicos para o tratamento. Os fabricantes de
equipamentos para saneamento, por sua vez, vêm desenvolvendo novas tecnologias para o tratamento
biológico.

Requisitos de qualidade do efluente


Para a escolha do tratamento e/ou o grau de eficiência de remoção de determinado poluente no
tratamento ou em uma etapa pode ser dado pela formula:

Onde:
E = eficiência de remoção (%)
Co = Concentração afluente do poluente (mg/l)
Ce = Concentração efluente do poluente (mg/l)

Processos de tratamento
Para a definição do processo de tratamento dos efluentes são testadas e utilizadas diversas operações
unitárias. Os processos podem ser classificados em físicos, químicos e biológicos em função da natureza
dos poluentes a serem removidos e ou das operações unitárias utilizadas para o tratamento.

A comporta de entrada é utilizada para liberar ou impedir a entrada de esgoto afluente à ETE,
desviando para o canal de by-pass, eventualmente, quando a vazão for maior do que a admitida para a
operação da Estação, quando se percebe que o afluente possui características prejudiciais ao tratamento,
ou ainda, no caso da necessidade de manutenção e limpeza em equipamentos
Processos físicos

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São os processos que basicamente removem os sólidos em suspensão sedimentáveis e flutuantes
através de processos físicos, tais como:
- Gradeamento;
- Peneiramento;
- Separação de óleos e gorduras;
- Sedimentação;
- Flotação;

Gradeamento
Com o objetivo da remoção de sólidos grosseiros capazes de causar entupimentos e aspecto
desagradável nas unidades do sistema de tratamento são utilizadas grades mecânicas ou de limpeza
manual. O espaçamento entre as barras varia normalmente entre 0,5 e 2 cm.

Gradeamento em caixas de areia (efluentes industriais e sanitários)


Peneiramento
Com o objetivo da remoção de sólidos normalmente com diâmetros superiores a 1 mm, capazes de
causar entupimentos ou com considerável carga orgânica são utilizadas peneiras.
As peneiras mais utilizadas têm malhas com barras triangulares com espaçamento variando entre 0,5
a 2mm, podendo a limpeza ser mecanizada (jatos de água ou escovas) ou ser estática.

Peneiramento - Este consiste de uma grade automática de 3mm

Separação água/óleo
O processo de separação é um processo físico que ocorre por diferença de densidade, sendo
normalmente as frações oleosas mais leves recolhidas na superfície. No caso de óleos ou borras oleosas
mais densas que a água, esses são sedimentados e removidos por limpeza de fundo do tanque.

Os separadores de Água e Óleo são equipamentos compactos destinados a separação física


(Água/Óleo)

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Sedimentação
O processo de sedimentação é uma das etapas de clarificação, devendo ser aplicado conforme as
características de cada efluente e do processo de tratamento. No caso dos processos que gerem lodos
orgânicos deve-se evitar a permanência exagerada desses no fundo dos decantadores para reduzir a sua
anaerobiose e a consequente formação de gases que causam a flutuação de aglomerados de lodos. Os
decantadores apresentam diversas formas construtivas e de remoção de lodo, com ou sem mecanização.

Fonte: enasa.com.br

Filtração
É o processo da passagem de uma mistura sólido – líquido através de um meio poroso (filtro), que
retém os sólidos em suspensão conforme a capacidade do filtro e permite a passagem da fase líquida.

Principais processos de separação por membranas: Microfiltração (MF), Ultrafiltração (UF),


Nanofiltração (NF) e Osmose Inversa (OI)

Flotação
A flotação é outro processo físico muito utilizado para a clarificação de efluentes e a consequente
concentração de lodos, tendo como vantagem a necessidade reduzida de área, tendo como desvantagem
um custo operacional mais elevado devido à mecanização.

A flotação no tratamento de efluentes e água separa líquidos de sólidos com nuvens de microbolhas
de ar que arrastam as impurezas em suspensão para a superfície.

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Processos químicos

São considerados como processos químicos esses que utilizam produtos químicos, tais como: agentes
de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação, redução e desinfecção em diferentes etapas
dos sistemas de tratamento; através de reações químicas promovem a remoção dos poluentes ou
condicionem a mistura de efluentes a ser tratada aos processos subsequentes.

A clarificação de efluentes

Os processos físico-químicos aplicados com o objetivo de clarificar efluentes são baseados na


desestabilização dos colóides por coagulação seguido da floculação e separação de fases por
sedimentação ou flotação.
Os colóides podem ser formados por microorganismos, gorduras, proteínas, e argilas, estando o
diâmetro das partículas coloidais na faixa de 0,1 de 0,01μm.

Eletrocoagulação

A Eletrocoagulação (EC) se obtém com a passagem de eletricidade pela água desestabilizando a


solução e coagulando os contaminantes. É considerada uma tecnologia amigável, sem grande impacto
ambiental.

Precipitação química

Tem a finalidade de alterar, através da adição de reagentes, o estado físico de substâncias que existem
em solução (ou dispersas), facilitando a sua remoção por sedimentação.
É usada para:
- aumentar a eficiência da sedimentação primaria;
- na remoção de metais pesados;
- na remoção de fósforo.

Processos biológicos
Os processos biológicos de tratamento reproduzem em escala de tempo e área os fenômenos de
autodepuração que ocorrem na natureza.
Os processos de tratamento biológicos têm como princípio utilizar a matéria orgânica dissolvida ou em
suspensão como substrato para microrganismos tais como bactérias, fungos e protozoários, que a
transformam em gases, água e novos microrganismos.

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Lagoas

Lodos ativados

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Biofilmes

Reator

Disposição no solo

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Etapas de Tratamento

Gradeamento grosso (manual) e Gradeamento fino (mecanizado)


Composto por grade de barras em aço inox, seguido de grade mecanizada com sistema autolimpante,
tem a função de reter sólidos presentes no esgoto afluente com dimensões maiores de 10mm, recolhendo
os mesmos em uma calha com rosca transportadora, que encaminha os resíduos para um contêiner, para
posterior envio a aterro sanitário.

Desarenadores mecanizados
O sistema de remoção de areia é constituído por caixas de areia com diâmetro de 6,0m, com um
sistema mecanizado de raspagem do fundo que encaminha a areia para um poço de acúmulo, de onde
é feita a retirada do material sedimentado através de rosca transportadora, para um contêiner de resíduos
a ser encaminhado a aterro sanitário.

Calha Parshall
Após a saída dos dois tanques desarenadores, o esgoto já destituído de sólidos minerais é
encaminhado para um canal de reunião do fluxo, onde está instalada a calha Parshall, com vistas à
medição da vazão afluente. Após a calha tem-se uma série de comportas e válvulas, as quais permitem
efetuar manobras de desvio de esgoto para as 4 linhas de tratamento (Linhas A-B-C-D), conforme for
conveniente para a operação do sistema.

Controle da velocidade por calha Parshall


Para se manter a mesma velocidade na caixa de areia tipo canal com velocidade constante controlada
por calha Parshall, para Qmín e Qmáx, tem-se:

Fórmula da calha Parshall:


Q = K.HN, em que:
Q = vazão (m3/s)
H = altura de água (m)

Valores de K e N - Fórmula da Calha Parshall:


Q = K.HN (Q em m3/s e H em m)

Tratamento Secundário (remoção de matéria orgânica – DBO e sólidos suspensos)

Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente com Manta de Lodo (UASB)


O esgoto já destituído dos sólidos grosseiros e dos sólidos minerais removidos na caixa de areia será
conduzido por tubulação e descarregado nas nove coroas de alimentação de cada reator, na parte
superior de cada unidade. Cada coroa de alimentação é dividida em 30 partes, de onde partem as
tubulações de distribuição do esgoto fixadas por todo o fundo do reator, que têm por finalidade promover
uma distribuição de esgoto o mais uniformemente possível no fundo do reator.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Denominado originalmente na Holanda de UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket Reactor) – Reator
Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo, no Brasil são também denominados de DAFA (Digestor
Anaeróbio de Fluxo Ascendente), RAFA (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente), RALF (Reator
Anaeróbio de Leito Fluidificado), etc.
A principal função dos reatores UASB é fornecer as condições ideais para promover a remoção de
matéria orgânica presente no esgoto afluente, por meio de micro-organismos anaeróbios. O processo de
tratamento se dá devido à formação de uma colônia específica de bactérias e outros micro-organismos
dentro do reator, cujo metabolismo se dá em meio anaeróbio, ou seja, sem a presença de oxigênio
dissolvido na massa líquida.
O lodo de esgoto é retido nessa unidade de tratamento por separação de fases gasosa, líquida e
sólida. As bactérias em flocos ou grânulos formam uma manta de lodo no interior do reator. Dispositivos
projetados e instalados para separar gases, sólidos e líquidos garantem a permanência do lodo no
sistema e a retirada do biogás e a coleta do efluente tratado.
A coleta do efluente se dá na parte superior do reator, por meio de canaletas com vertedores em fibra
de vidro, e encaminhado para a unidade de tratamento seguinte. O gás produzido no processo anaeróbio
é separado da fração líquida por meio dos separadores trifásicos, e encaminhado por tubulação até o
filtro de carvão ativado e em seguida é queimado no flare. O lodo excedente descartado do sistema, com
idade (tempo de residência celular) superior a 30 dias já se encontra estabilizado. A remoção do lodo
estabilizado se dá pelo fundo do reator e encaminhado para o tanque de acúmulo e recalque de lodo por
sistema de válvulas, registros e tubulações.

Tratamento Terciário (remoção de nutrientes – nitrogênio amoniacal e fósforo)

Filtro Biológico Aerado Submerso (FBAS)


Após passar por tratamento anaeróbio nos UASB, o líquido efluente segue para o tratamento nos
filtros aerados, compostos por uma camada filtrante com pedra britada Nº 4, e fornecimento de ar através
de sopradores e sistema de distribuição de ar por tubulações e difusores instalados no fundo de cada
filtro. A entrada do afluente no filtro se dá pelo fundo da estrutura, onde se distribui pelo fundo falso da
mesma, e então segue com fluxo ascendente, permeando pelo meio filtrante, até ser coletado por
canaletas situadas na parte superior do filtro. O filtro biológico aerado submerso desempenha duas
funções: a remoção de um percentual de matéria orgânica restante do processo anaeróbio e,
principalmente, a transformação do nitrogênio amoniacal presente no líquido em outros compostos
nitrogenados. O processo de tratamento se dá em ambiente com abundância de oxigênio dissolvido,
fornecido mecanicamente pelo sistema de aeração submersa, o qual favorece o crescimento de
microorganismos de características metabólicas aeróbias, ou seja, com a presença de oxigênio dissolvido
no meio líquido, que, além de utilizar a matéria orgânica presente no líquido percolado, utiliza o nitrogênio
amoniacal também no mecanismo metabólico, transformando em outros compostos nitrogenados menos
danosos ao meio ambiente natural (corpo receptor).
A limpeza do filtro se dá por dreno de fundo, que quando acionado, encaminha o lodo para a estação
elevatória de reciclo, retornando ao sistema.

Câmara de Mistura Rápida/Floculador/Decantador Secundário


Após passar pelo FBAS, o efluente é encaminhado para a câmara de mistura rápida, onde é adicionada
a solução de coagulante ao líquido. O coagulante a ser utilizado é o Cloreto Férrico, cuja mistura na
massa líquida é feita mecanicamente por um misturador rápido instalado nesta câmara. A função do
coagulante é desestabilizar as partículas coloidais presentes no esgoto, a fim de promover a formação de
flocos na estrutura seguinte. A seguir o efluente passa para o sistema de floculação do tipo Alabama,
onde o líquido passa por uma série de câmaras, construídas de forma a propiciar uma agitação ideal para
que as partículas coloidais desestabilizadas se unam e formem flocos com peso específico maior que a
água, que serão removidos na etapa seguinte, nos decantadores retangulares.
Os flocos formados na etapa anterior sedimentam e ficam depositados no fundo dos decantadores
retangulares. Para evitar o acúmulo e promover a remoção do material decantado, entram em
funcionamento as pontes raspadoras, que arrastam o lodo de fundo dos decantadores para um canal
localizado na extremidade oposta à entrada do líquido, de onde uma bomba de sucção negativa retira o
lodo e encaminha para a elevatória de reciclo. O líquido clarificado é coletado na parte superior do tanque,
na extremidade oposta à entrada, e encaminhado para a próxima etapa denominada desinfecção.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Desinfecção (eliminação de agentes patogênicos – Coliformes termotolerantes)

Câmara de Contato
Consiste em um tanque de passagem do efluente tratado onde é dosada uma solução de dióxido de
cloro, que é um agente com alto potencial oxidante, cuja função é a eliminação de agentes patogênicos
presentes no efluente tratado, medidos por meio de análises laboratoriais de coliformes termotolerantes.
Esta câmara de contato é formada por chicanas que permitem que o efluente fique em contato com o
dióxido de cloro por cerca de 30 minutos, antes de seguir para o corpo receptor, garantindo assim o tempo
necessário para a eliminação de agentes patogênicos do esgoto. Após a passagem pela câmara de
contato, o esgoto tratado é encaminhado para o canal de emissário, e lançado no corpo hídrico receptor
do sistema.

Estruturas Anexas e acessórias

Filtro de carvão ativado com queimador de gases (flare)


O processo anaeróbio apresenta como subproduto do metabolismo bacteriológico a formação de
biogás, composto por vários tipos de gases, entre eles o gás sulfídrico H2S e o gás metano CH4. O gás
formado dentro dos reatores anaeróbios é coletado por meio de separadores trifásicos formados por
campânulas de fibra de vidro ou lona, e encaminhado por meio de tubulação de PVC até o filtro de carvão
ativado, formado por várias camadas de meio filtrante com granulometrias diferentes, sendo a última
camada formada por carvão ativado em pó, onde o biogás é filtrado e queimado no flare, instalado acima
do filtro. O flare é equipado com sistema de ignição automático, para garantir que a queima do gás não
seja interrompida.

Elevatória de reciclo
O lodo proveniente do sistema de limpeza dos floculadores, decantadores retangulares e dos filtros
aerados submersos, bem como o líquido purgado da centrífuga são encaminhados por meio de um
conjunto de válvulas, registros e tubulações até as estações elevatórias de reciclo, onde bombas
submersíveis instaladas dentro do poço de acúmulo recalcam o líquido afluente para dentro dos reatores
anaeróbios, sofrendo novo processo de tratamento.

Tanque de acúmulo e recalque de lodo


O lodo em excesso gerado dentro dos reatores anaeróbios é removido apenas em um único nível,
junto ao fundo dos mesmos. Do poço de acúmulo, o lodo é bombeado por meio de dois conjuntos de
bombas helicoidais para os decanters centrífugos localizados na casa da centrífuga, onde será feito o
deságue do lodo.

Casa da centrífuga
Local onde estão instalados dois conjuntos de decanters centrífugos, um conjunto de preparo e
dosagem de polieletrólito e o painel geral de controle do sistema de deságue do lodo gerado na ETE, de
onde é possível efetuar todos os comandos referentes à operação de descarte e deságue de lodo, como
acionamento da válvula de controle, bombas helicoidais, sistema de dosagem de polieletrólito,
acionamento dos decanters centrífugos e sistema de limpeza dos mesmos. As bombas helicoidais
recalcam o lodo para os decanters centrífugos, onde na entrada é adicionada a solução de polieletrólito
que auxilia na separação da água/sólido. O lodo desaguado é descartado em contêineres localizados
abaixo das centrífugas, e o líquido clarificado e de limpeza do sistema é encaminhado para as estações
elevatórias de reciclo, onde retornam para o sistema de tratamento.

Casa de química
A armazenagem das soluções químicas, o sistema de geração de dióxido de cloro, e os sistemas de
dosagem dos produtos químicos utilizados no processo de tratamento estão localizados na casa de
química.

Administração, laboratório, vestiário e guarita


Como unidade de apoio à operação a ETE possui estrutura para comportar a parte administrativa
operacional da ETE composta por salas, sanitários e cozinha. A administração possui também dois
laboratórios de análises químicas e biológicas, com sala para separação de amostras e almoxarifado, e
sala para comportar uma balança analítica.

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LODOS ATIVADOS
É um processo biológico onde o esgoto afluente, na presença de oxigênio dissolvido, agitação
mecânica e pelo crescimento e atuação de microrganismos específicos, forma flocos denominados lodo
ativado ou lodo biológico. Essa fase do tratamento objetiva a remoção de matéria orgânica biodegradável
presente nos esgotos. Após essa etapa, a fase sólida é separada da fase líquida em outra unidade
operacional denominada decantador. O lodo ativado separado retorna para o processo ou é retirado para
tratamento específico ou destino final.

Este processo de tratamento de esgotos apresenta vantagens e desvantagens:

Vantagens
- exige pouca área para implantação;
- maior eficiência no tratamento;
- maior flexibilidade de operação;

Desvantagens
- custo operacional elevado;
- controle laboratorial diário;
- operação mais delicada.

LODOS ATIVADOS REGIME INTERMITENTE OU BATELADA


Os sistemas de tratamento de esgotos denominados lodos ativados convencional e aeração
prolongada, são exemplos de sistemas de tratamento que apresentam fluxo contínuo. Em outras palavras,
à medida que o esgoto bruto alimenta o sistema, o tratamento está sendo realizado. Há sempre fluxo
(movimento) no sistema – esgoto bruto alimentando e esgoto tratado deixando o sistema.
No processo de tratamento de esgoto denominado lodos ativados regime intermitente ou batelada, há
uma diferença, onde se tem apenas um único tanque que serve tanto de reator biológico (quando aeração
presente) quanto de tanque de decantação (quando aeração ausente). Desta forma, as etapas de aeração
e decantação, necessárias para o tratamento do esgoto, tornam-se apenas sequências no tempo e não
são mais unidades físicas distintas construídas em separado. Assim sendo, a incorporação de todas as
unidades, operações e processos normalmente associados ao tratamento convencional de lodos
ativados, sejam elas decantação primária, oxidação biológica e decantação secundária, em um único
tanque, é o princípio do processo de lodos ativados conhecido como regime intermitente ou batelada.

Representação esquemática simplificada de um sistema de tratamento de esgotos lodos ativados do


tipo regime intermitente.

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O sistema de tratamento de esgotos do tipo lodos ativados intermitente pode ser utilizado tanto na
modalidade convencional como também na aeração prolongada, sendo que nesta última, o tanque único
passa a agregar adicionalmente a unidade de digestão do lodo.
Conforme mencionando anteriormente, este processo consiste em um reator de mistura completa onde
acontecem todas as etapas do tratamento. Isso é alcançado porque no fluxo intermitente, o sistema de
lodos ativados possui ciclos bem definidos de operação, sendo eles:
1. Enchimento (entrada de esgoto bruto ou decantado para o interior do reator).
2. Reação (aeração/mistura da massa líquida contida no reator).
3. Sedimentação (sedimentação e separação dos sólidos em suspensão da fase líquida sobrenadante
do esgoto tratado).
4. Esvaziamento (retirada do esgoto tratado do interior do reator).
5. Repouso (ajuste de ciclos e remoção do lodo excedente).

A massa biológica permanece no reator durante todos esses ciclos, eliminando assim a existência de
tanques decantadores como unidades físicas separadas. A duração usual de cada ciclo pode sofrer
alterações em função das variações da vazão afluente, das características do esgoto, das necessidades
do tratamento e da biomassa no sistema.
No ciclo denominado repouso é onde geralmente ocorre o descarte do lodo excedente, mas como o
descarte é opcional, tendo em vista que sua função é permitir o ajuste entre os ciclos de operação de
cada reator, ele pode se dar também em outras fases do processo. Existem algumas modificações nos
sistemas intermitentes, relacionadas à forma de operação e à sequência e duração dos ciclos associados
a cada fase do processo. Com estas variações permitem-se a simplificação adicional no processo ou a
remoção biológica de nutrientes.

VALO DE OXIDAÇÃO
Os valos de oxidação são unidades compactadas de tratamento com os mesmos princípios básicos
da aeração prolongada e constituem estações de tratamento completo de nível secundário. Suas
instalações, com o mínimo possível de unidades de tratamento, concentra processos físicos químicos e
biológicos.
A decantação no final é uma inclusão optativa e dependem do tipo de operação estabelecido mas, a
existência desta unidade no efluente do valo eliminará sólidos decantáveis transportados além de permitir
o funcionamento contínuo do sistema.

As unidades mais simples são compostas de:


- dispositivo de entrada: caixa de passagem e de distribuição quando houver mais de um valo que
podem ser precedidas por sistema de gradeamento e medição;
- tanque de aeração: têm os formatos mais variados, sendo que o mais comum é o de fluxo orbital. O
importante sobre o seu funcionamento é que seja mantido os critérios estabelecidos para a velocidade
média do fluxo de 0,3m/s durante o período de operação e que o fluxo escoe sem a possibilidade de
zonas mortas.

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O esgoto é submetido a um processo de aeração onde ocorre a oxidação biológica e o que promove
o crescimento de flocos biológicos e consequentemente a redução da DBO (Demanda bioquímica de
Oxigênio).
- dispositivo de saída: são projetados em função do tipo de operação, que poderá exigir fluxo contínuo
ou intermitente.

Sistema de tratamento de esgotos da Lagoa de Conceição – Florianópolis

Lagoas de Estabilização
De maneira geral, as lagoas de estabilização são bastante indicadas para regiões de clima quente e
países em desenvolvimento, devido aos seguintes aspectos:
- Suficiente disponibilidade de área em um grande número de localidades;
- Clima favorável (temperatura e insolação elevadas);
- Operações simples;
- Necessário de poucos ou nenhum equipamento.

São indicados para as condições brasileiras devido ao clima favorável, suficiente disponibilidade de
área, à operação simples e à utilização de poucos equipamentos. As lagoas de estabilização podem ser
classificadas em três tipos: lagoas anaeróbias, lagoas facultativas e lagoas de maturação.

Processos de tratamento de águas residuárias

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Lagoas anaeróbias: São lagoas com profundidades da ordem de 3 a 5 metros, cujo objetivo é
minimizar ao máximo a presença de oxigênio para que a estabilização da matéria orgânica ocorra
estritamente em condições anaeróbias.
A eficiência nesse tipo de sistema poderá atingir até 60% na remoção de DBO (Demanda Bioquímica
de Oxigênio) dependendo da temperatura.

É uma das melhores soluções técnicas, mas esbarra no problema de necessitar de uma grande área
para sua implantação. Na lagoa anaeróbia ocorre à retenção e a digestão anaeróbia do material
sedimentável e na facultativa ocorre predominantemente a degradação dos contaminantes solúveis e
contidos em partículas suspensas muito pequenas. O lodo retido e digerido na primeira lagoa tem de ser
removido em intervalos que geralmente variam de 2 a 5 anos. Na primeira, predomina o processo
anaeróbio e na segunda o aeróbio, onde se atribui às algas, a função da produção do oxigênio a ser
consumido pelas bactérias.

Lagoas facultativas: São lagoas com profundidade de 1,5 a 3 metros. Neste tipo de lagoa ocorrem 2
processos distintos: aeróbios e anaeróbios. Na região superficial ocorre os processos fotossintéticos
realizados pelas algas onde há liberação de oxigênio no meio, favorecendo o processo aeróbio e, no
fundo quando a matéria orgânica tende a sedimentar ocorrem os processos anaeróbios.

O uso de lagoa facultativa é uma solução simples e de baixo custo, isto quando se dispõe de área com
topografia adequada e custo acessível. Esta técnica exige o uso de tratamento preliminar, provido de
grade e desarenador. Esta é uma alternativa simples para a construção, e que exige operação mínima,
sem qualquer necessidade de se contratar operador especializado.

Lagoa Aerada Facultativa: Esta diminui a necessidade de grande área, mas em consequência da
utilização de aeradores, aumenta o seu custo de operação. Quando o sistema incluir um decantador
primário, a lagoa aerada pode ter o tempo de detenção (ou retenção) menor, porém, quando somente se
usa grade e caixa de areia, normalmente é empregado um tempo de detenção maior.

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Lagoa Aerada de Mistura Completa – Lagoa de Decantação: O tempo de detenção típico da lagoa
aerada é da ordem de 2 a 4 dias. A operação deste tipo de lagoa são mais complicados devido ao fato
de se ter um menor período de armazenagem na lagoa, comparado com os outros sistemas.

Lagoas de maturação: São lagoas com profundidades de 0,8 a 1,5 m e sua principal função é remover
patogênicos devido a boa penetração de radiação solar, elevado pH e elevada concentração de oxigênio
dissolvido. A função desta lagoa é a remoção de patogênicos. Esta é uma alternativa mais barata à outros
métodos como por exemplo a desinfecção por cloração.

Lagoa Facultativa
Descrição do processo
O efluente entra por uma extremidade da lagoa e sai pela outra. Durante este caminho, que pode
demorar vários dias, o esgoto sofre os processos que irão resultar em sua purificação. Após a entrada do
efluente na lagoa, a matéria orgânica em suspensão (DBO particulada) começa a sedimentar formando
o lodo de fundo. Este sofre tratamento anaeróbio na zona anaeróbia da lagoa.

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Há necessidade de suficiente iluminação solar, portanto, estas lagoas devem ser implantadas em
lugares de baixa nebulosidade e grande radiação solar. Na zona aeróbia há um equilíbrio entre o consumo
e a produção de oxigênio e gás carbônico. Enquanto as bactérias produzem gás carbônico e consomem
oxigênio através da respiração, as algas produzem oxigênio e consomem gás carbônico na realização da
fotossíntese.
Tem-se o perfeito equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio e gás carbônico:

O efluente de uma lagoa facultativa possui as seguintes características principais: (Cetesb, 1989)
- Cor verde devida às algas;
- Elevado teor de oxigênio dissolvido;
- Sólidos em suspensão, embora praticamente estes não sejam sedimentáveis.

Influências das algas


Numa lagoa de estabilização facultativa, as algas desempenham um papel fundamental. A sua
concentração é mais elevada do que a de bactérias. Em termos de sólidos em suspensão secos, a
concentração é usualmente inferior a 200mg/l embora em termos de números elas podem estar na
contagens na faixa de 104 a 106 organismos por ml.
Grupos de algas de importância encontrados nas lagoas de estabilização:
- Algas verdes (clorofíceas);
- Cianobactérias
As espécies variam de local para local, e, ainda, com a posição na série de lagoas (facultativas e
lagoas de maturação)

Profundidade da zona aeróbia em função da carga de DBO


A profundidade da zona aeróbia, além de variar ao longo do dia, varia também com as condições de
carga da lagoa. Lagoas com uma maior carga de DBO tendem a possuir uma maior camada anaeróbia,
que pode ser praticamente total durante a noite.
O pH na lagoa também varia ao longo da profundidade e ao longo do dia. Durante o dia, nas horas de
máxima atividade fotossintética, o pH pode atingir valores em torno de 10.

Influências das condições ambientais

As principais condições ambientais em uma lagoa de estabilização são a radiação solar, temperatura
e o vento.

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Mistura e estratificação térmica
Em lagos de pequena profundidade a mistura pode ocorrer uma vez ao dia, de acordo com a seguinte
sequência:
- Início da manhã, com vento: Mistura completa. A temperatura é uniforme ao longo da profundidade.
- Meio da manhã, com sol, sem vento: Aumento da temperatura na camada superficial. A temperatura
no fundo, varia pouco, sendo influenciada pela temperatura do solo.
- Inicio da noite, sem vento: A camada acima da termoclima perde calor mais rapidamente do que a
camada de fundo. Caso as temperaturas das camadas se aproximem, ocorre a mistura
- Noite, com vento. O vento auxilia na mistura das camadas. A camada superior afunda, e a inferior se
eleva.

Profundidade da zona aeróbia em função da carga de DBO

Influência da carga aplicada à lagoa e da hora do dia na espessura das camadas aeróbias (Sperling,
2002).

Rotina de operação – lagoas


• seguir as rotinas gerais de operação de lagoas de estabilização;
• retirar todo o material sobrenadante - escumas, óleos, graxas, lodo e folhas usando peneiras ou jatos
d’água. O material removido deve ser desidratado, tratado e disposto em valas na área da ETE, com
recobrimento diário, ou em aterro sanitário preferencialmente licenciado;
• variar o nível d’água em função da maior ou menor insolação - mais alto no período de maior insolação
e mais baixo no de menor insolação;
• verificar a coloração do efluente tratado - deve estar preferencialmente verde-claro e sem cheiro;
• verificar diariamente as condições de tempo, da temperatura do ar e do líquido, do pH e do oxigênio
dissolvido - OD. Os dados devem ser anotados no registro de operação da ETE.

Estimativa da concentração efluente de DBO

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A remoção de DBO processa-se segundo uma reação na qual a taxa de reação é diretamente
proporcional à concentração do substrato. Nestas condições o regime hidráulico da lagoa influencia a
eficiência do sistema.

Características dos modelos hidráulicos

Filtro Biológico (Leito Percolador)


Filtros biológicos são unidades de tratamento de esgotos destinados a oxidação biológica da matéria
orgânica remanescente de decantadores.
O efluente do decantador é aspergido continuamente sobre um leito de pedras justapostas entre os
quais o ar pode circular.
O ambiente ecológico desempenhado pelo filtro biológico tem como condicionantes a matéria orgânica,
luz, oxigênio temperatura e pH.O leito de pedras, atravessado por líquido contendo matéria orgânica e os
outros fatores acima citados, propicia o desenvolvimento de microrganismos aeróbios. A variabilidade dos
fatores de oxigenação também permite desenvolvimento anaeróbio resultando uma alternância de
condições que permite a predominância de organismos facultativos.
As populações microbianas nos leitos dos filtros biológicos são principalmente bactérias heterotróficas
formadoras da zooglea, são consumidoras da matéria orgânica predominante e por isso consideradas os
principais agentes primários da purificação.

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Destinação final de lodos de ETAS e ETES3
Os lodos de ETAs têm sido dispostos em cursos de água sem nenhum tratamento. Todavia essa
prática tem sido questionada pelos órgãos ambientais devido aos possíveis riscos à saúde pública e à
vida aquática. Estima-se que a produção de lodos de ETA’s nos municípios operados pela Sabesp, no
Estado de São Paulo seja de aproximadamente 90 toneladas por dia, em base seca.
Observou-se uma grande variabilidade nos quantitativos de lodos gerados ao longo do período de um
ano em cada ETA. Normalmente, ocorreu uma maior produção de lodo no período chuvoso, que vai de
novembro a março, época em que há piora na qualidade geral das águas dos mananciais, representada
pelos parâmetros cor aparente e turbidez, necessitando, consequentemente, da aplicação de maiores
quantidades de produtos químicos para o tratamento, notadamente de coagulantes.
Os usos benéficos mais utilizados ou de maior potencial de utilização para o Estado de São Paulo são:
fabricação de cimento, disposição no solo, cultivo de grama comercial, fabricação de tijolos, solo
comercial, compostagem e plantações de cítricos. O lodo também poderá ser utilizado para a melhoria
da sedimentabilidade em águas de baixa turbidez, recuperação de coagulantes e controle de H2S. Além
das utilizações benéficas citadas, muitas vantagens têm sido observadas, quando os lodos de ETAs são
lançados em redes coletoras de esgotos ou diretamente nas estações de tratamento de esgotos.
A busca de soluções economicamente viáveis e ambientalmente vantajosas para o tratamento e
disposição final de lodos de ETAs continua sendo um desafio em vários países, principalmente no Brasil,
onde o assunto é mais recente. A caracterização adequada do lodo é o passo inicial para poder avançar
nesse sentido. As legislações ambientais específicas devem ser analisadas para cada tipo de disposição
final desejada.
Também é imprescindível que seja realizada uma pesquisa de mercado, identificando potenciais
clientes, aceitação do produto por fabricantes e pelo consumidor final, além da viabilidade da
comercialização do produto. Dentre as várias soluções de disposição final para o Estado de São Paulo
destacam- se: a fabricação de tijolos, o aterro e a descarga em redes coletoras de esgoto.

As partes constitutivas de sistemas de drenagem e manejo das águas pluviais


urbanas: as redes de águas pluviais, as galerias, os canais, rios e os
reservatórios.

SISTEMA DE DRENAGEM

O sistema de drenagem deve ser entendido como o conjunto da infraestrutura existente em uma cidade
para realizar a coleta, o transporte e o lançamento final das águas superficiais. Inclui ainda a hidrografia
e os talvegues.
É constituído por uma série de medidas que visam a minimizar os riscos a que estão expostas as
populações, diminuindo os prejuízos causados pelas inundações e possibilitando o desenvolvimento
urbano de forma harmônica, articulada e ambientalmente sustentável. O sistema pode ser dividido em:

MICRODRENAGEM MACRODRENAGEM
São estruturas que conduzem as águas
São dispositivos responsáveis pelo escoamento final das águas
do escoamento superficial para as
pluviais provenientes do sistema de microdrenagem urbana.
galerias ou canais urbanos.
É constituída pelos principais talvegues, fundos de vales, cursos
É constituída pelas redes coletoras de
d’água, independente da execução de obras específicas e tampouco
águas pluviais, poços de visita, sarjetas,
da localização de extensas áreas urbanizadas, por ser o escoadouro
bocas-de-lobo e meios-fios.
natural das águas pluviais.

Os sistemas de drenagem urbana são sistemas preventivos de inundações, principalmente nas áreas
mais baixas das comunidades sujeitas a alagamentos ou marginais aos cursos d’água.
A enchente é um fenômeno natural do regime do rio, e todo rio tem sua área de inundação. As
inundações passam a ser um problema para o homem quando ele deixa de respeitar os limites naturais
dos rios, ocupando suas áreas marginais.
As inundações urbanas podem ser:

3
www.tratamentodeagua.com.br

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• em áreas ribeirinhas: os rios possuem dois leitos - o leito menor em que a água escoa na maioria
do tempo e o leito maior. Este último costuma ser inundado pelo menos uma vez a cada dois anos;
• devido à urbanização: o aumento da densidade de ocupação por edificações e obras de
infraestrutura viária resulta em maiores áreas impermeáveis e, como consequência, o incremento das
velocidades de escoamento superficial e a redução de recarga do lençol freático.
A recarga do aquífero se processa através das águas de chuva ou pelas águas de um rio, quando este
percorre um leito poroso. O aquífero subterrâneo é o responsável pelo abastecimento de toda nascente
d’água e a impermeabilização do solo poderá elimina-las e, consequentemente, os rios desaparecerão.
Em áreas urbanas é comum a inundação localizada devido ao estrangulamento do curso d’água por
pilares de pontes, adutoras, aterros e rodovias que reduzem a seção de escoamento do rio.
Um dos efeitos causados pela urbanização são as enchentes, - lentas ou rápidas, que se avolumam
no decorrer dos dias - podendo causar prejuízos materiais e provocar mortes.
A principal causa das enchentes deve-se à ocupação desordenada do solo, não só no território
municipal como também a montante em toda a área da bacia de contribuição, e ao sistema de drenagem
urbana que transfere os escoamentos para jusante, sem qualquer preocupação com a retenção de
volumes escoados. Um sistema de drenagem eficiente é o que drena os escoamentos sem produzir
impactos nem no local nem a jusante.
A estratégia utilizada para os problemas de drenagem urbana esteve, durante anos, voltada para a
retificação dos rios, córregos e o revestimento de suas calhas, com graves consequências ambientais,
destacando-se: aumento das velocidades de escoamento e, consequentemente, a transferência de
inundação para jusante; eliminação de ecossistemas aquáticos; processos erosivos nas margens dos
cursos d’água e elevados custos para o município, sem, necessariamente, obter resultados efetivos.
Atualmente, o sistema de drenagem urbana aponta para a preservação dos cursos d’água, sua
despoluição e a manutenção das várzeas de inundação, de forma que não sejam necessárias obras
estruturantes, reduzindo-se custos de implantação e problemas provocados pelas mesmas, tirando
proveito de seu potencial urbanístico como áreas verdes e parques lineares.

EFEITOS DA URBANIZAÇÃO SOBRE O COMPORTAMENTO HIDROLÓGICO

CARACTERIZAÇÃO DA BACIA
A bacia hidrográfica pode ser entendida como um conjunto de terras drenadas por um rio principal e
seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica inclui naturalmente a existência de cabeceiras ou
nascentes, divisores d’água, cursos d’água principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as bacias
hidrográficas deve existir uma hierarquização na rede hídrica. O conceito de bacia hidrográfica inclui,
também, noção de dinamismo, devido às modificações que ocorrem nas linhas divisórias de água sob o
efeito dos agentes erosivos, alargando ou diminuindo a área da bacia.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
O estudo da bacia contribuinte é realizado com a finalidade de se conhecerem as características e
diversas influências relativas a:
• forma geométrica, responsável pela individualização da bacia contribuinte;
• relevo, declividade do curso d’água, declividade da bacia;
• geomorfologia, fornecendo uma visão estrutural da região, a forma do relevo existente;
• geologia, com o objetivo principal de se conhecer a maior ou menor permeabilidade e outras
características do terreno.
Essas características intervêm de modo fundamental nos volumes das enchentes e nas vazões de
estiagem alimentadas pelos próprios lençóis subterrâneos. As características geomorfológicas e
geológicas fornecem importantes elementos para o estudo da bacia, possibilitando a determinação da
parcela de chuva que escoa sobre a superfície do solo, a qual deve ser captada e conduzida ao seu
destino final pelas canalizações pluviais. Outras variáveis que influenciam o comportamento das chuvas
e da bacia são:
• cobertura vegetal - quando a cobertura é densa, como nas matas e gramados, tende a favorecer a
infiltração rápida, protegendo o solo contra as erosões. O efeito da cobertura do solo pode ser até mais
importante que o tipo de solo;
• uso da terra - o solo revestido de quadras habitadas, ruas, estradas - consequência da urbanização
- acarreta a impermeabilização progressiva do terreno, reduzindo, sensivelmente, a capacidade de
infiltração do solo. Desse modo, deve-se estudar o efeito produzido pela impermeabilização no aumento
da parcela de escoamento superficial.

Essas características são completamente individualizadas para cada bacia contribuinte, sendo
necessário, portanto, o estudo de cada situação específica, de forma a se conhecerem as diversas
influências e, consequentemente, a se determinarem as vazões geradas.

BACIAS URBANAS COMPARTILHADAS


Muitas cidades possuem, entretanto, bacias hidrográficas em comum com outros municípios,
apresentando o seguinte cenário: um município a montante de outro e o curso d’água dividindo-os.
Nesse caso, o controle institucional da drenagem pode ser realizado por meio de legislação municipal
adequada para cada município; legislação estadual que estabeleça os padrões a serem mantidos nos
municípios de tal forma a não serem transferidos os impactos ou os dois procedimentos. Deve-se buscar
ações conjuntas com os municípios envolvidos para se obter o planejamento de toda a bacia.
Para implantar medidas de controle de inundações devem ser consideradas três situações de
ocupação: sub-bacia não urbanizada, sub-bacia parcialmente urbanizada e sub-bacia urbanizada.

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SUB-BACIA NÃO-URBANIZADA

Na situação de bacias parcialmente urbanizadas, haverá necessidade da adoção de medidas de


caráter preventivo e emergencial, uma vez que a ocupação começa a se consolidar ao longo do curso
d’água. Cabe ao administrador tais medidas:
• estabelecer o zoneamento das áreas não ocupadas e adoção de medidas para que não ocorram
ocupações nas áreas de risco;
• preservar a faixa non aedificandi ao longo dos cursos d’água;
• dotar a legislação municipal com instrumento eficaz que promova retenção e a percolação no solo
das águas pluviais no perímetro urbano; tais como valos de infiltração - sistemas de drenos implantados
paralelos às ruas, estradas, conjuntos habitacionais;
• implantar bacias de percolação;
• implementar o reflorestamento para prevenir a erosão e o assoreamento do curso d’água;
• implantar programas de educação ambiental;
• implantar interceptores de esgotos viabilizando futuro tratamento.

VALA DE INFILTRAÇÃO COM GRAMA POR ONDE ESCOA A ÁGUA DA RUA.

Observar a depressão, à direita da foto, que favorece a infiltração da água de chuva.

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SUB-BACIA URBANIZADA

Na situação de bacias urbanizadas, a ocupação das margens - e mesmo da calha do rio - encontra-se
consolidada e, nestes casos, a renaturalização e mesmo uma revalorização ecológica são limitadas,
restando ao administrador intervir a montante do trecho, buscando reduzir os picos de vazão.
As soluções para minimizar as enchentes devem ser voltadas à infiltração da águas superficiais para
o solo. Abaixo, algumas opções:
• pequenos reservatórios em condomínios, parques, escolas;
• bacia para amortecimento de cheias;
• não-pavimentação das ruas;
• parques e áreas gramados;
• medidas de apoio à população, sistema de alerta, de evacuação e de atendimento à comunidade
atingida;
• programa de educação ambiental;
• implantação de interceptores de esgotos, viabilizando futuro tratamento.

APROVEITAMENTO DOS ESPAÇOS PARA AMORTECIMENTO DE CHEIAS


Aproveitamento dos espaços ocupados pelas estruturas utilizadas para amortecimento das cheias:
• praça de esportes utilizada durante o período seco, sendo o espaço ocupado no período de chuva
como reservatório para amortecimento de cheias.

• campo de futebol utilizado no período de chuva para amortecimento da cheia.

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• pavimentos permeáveis.

Áreas urbanas utilizadas como reservatórios para amortecimento de cheias:


• reservatório em parque municipal.

• reservatório em área densamente ocupada.

• reservatório em área densamente ocupada com aproveitamento como área de lazer.

Coeficiente de escoamento (C)


Valores de C recomendados por Williams, citado por GOLDENFUM e TUCCI (1996), para áreas
agrícolas.

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PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA – PDDU
O Plano Diretor de Drenagem Urbana - PDDU é o conjunto de diretrizes que determinam a gestão do
sistema de drenagem cujo objetivo é minimizar o impacto ambiental devido ao escoamento das águas
pluviais.
O PDDU deve priorizar as medidas não-estruturantes, incluir a participação pública, ser definido por
Sub-bacias urbanas e ser integrado ao plano diretor de desenvolvimento urbano. Objetiva ser o
instrumento orientador do poder executivo não só nas questões pontuais como inundações mas também
nas medidas de macrodrenagem como contenções de encostas e cabeceiras.
A elaboração de plano diretor de drenagem urbana consiste em:
• estudar a bacia hidrográfica como um todo, com o cadastro da macrodrenagem e inventário das
ocorrências de inundações, controle de erosão, controle de vetores causadores de doenças;
• estabelecer normas e critérios de projeto uniformes para toda a bacia hidrográfica;
• identificar áreas que possam ser preservadas ou adquiridas pelo Poder Público;
• elaborar o zoneamento dos fundos de vale e das várzeas de inundação;
• valorizar o curso d’água com sua integração na paisagem urbana e fonte de lazer;
• estabelecer critérios para implantação de medidas necessárias de acordo com os recursos
disponíveis;
• articular o plano diretor com os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, sistema
viário;
• envolver a comunidade na discussão dos problemas e soluções propostas;
• adotar medidas preventivas em vez de corretivas.
Objetivos a serem alcançados:
• reduzir o risco de danos à comunidade quanto aos aspectos de doenças de veiculação hídrica e de
acidentes devido a inundações e deslizamentos de encostas;
• reduzir o risco ao patrimônio e aos negócios públicos e privados com a interrupção de transportes,
fechamento do comércio e suas consequências, danos a veículos e bens público.

DISPOSITIVOS DE DRENAGEM

Dispositivos de Drenagem
Greide - é uma linha do perfil correspondente ao eixo longitudinal da superfície livre da via pública.
Guia - também conhecida como meio-fio, é a faixa longitudinal de separação do passeio com o leito
viário, constituindo-se geralmente de peças de granito argamassadas.
Sarjeta - é o canal longitudinal, em geral triangular, situado entre a guia e a pista de rolamento,
destinado a coletar e conduzir as águas de escoamento superficial até os pontos de coleta.

Sarjetões - canal de seção triangular situado nos pontos baixos ou nos encontros dos leitos viários
das vias públicas, destinados a conectar sarjetas ou encaminhar efluentes destas para os pontos de
coleta.

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Bocas coletoras - também denominadas de bocas de lobo, são estruturas hidráulicas para captação
das águas superficiais transportadas pelas sarjetas e sarjetões; em geral situam-se sob o passeio ou sob
a sarjeta.
Galerias - são condutos destinados ao transporte das águas captadas nas bocas coletoras até os
pontos de lançamento; tecnicamente denominada de galerias tendo em vista serem construídas com
diâmetro mínimo de 400mm.
Condutos de ligação - também denominados de tubulações de ligação, são destinados ao transporte
da água coletada nas bocas coletoras até às galerias pluviais.

Poços de visita - são câmaras visitáveis situadas em pontos previamente determinados, destinadas
a permitir a inspeção e limpeza dos condutos subterrâneos.

Trecho de galeria - é a parte da galeria situada entre dois poços de visita consecutivos.

Caixas de ligação - também denominadas de caixas mortas, são caixas de alvenaria subterrâneas
não visitáveis, com finalidade de reunir condutos de ligação ou estes à galeria.

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Bacias de drenagem - é a área contribuinte para a seção em estudo.

Tempo de concentração - é o menor tempo necessário para que toda a bacia de drenagem possa
contribuir para a secção em estudo, durante uma precipitação torrencial.
Tempo de recorrência - intervalo de tempo onde determinada chuva de projeto é igualada ou
suplantada estatisticamente; também conhecido como período de recorrência ou de retorno.

As partes constitutivas de sistemas de limpeza urbana e manejo de resíduos


sólidos: os circuitos de coleta, as estações de transbordo, os locais de
disposição e as ações de reciclagem.

RESÍDUOS SÓLIDOS

No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de


1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império. Nesse dia, o imperador D.
Pedro II assinou o Decreto nº 3024, aprovando o contrato de "limpeza e irrigação" da cidade, que foi
executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a
palavra gari, que hoje denomina-se os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras.
Dos tempos imperiais aos dias atuais, os serviços de limpeza urbana vivenciaram momentos bons e
ruins. Hoje, a situação da gestão dos resíduos sólidos se apresenta em cada cidade brasileira de forma
diversa, prevalecendo, entretanto, uma situação nada alentadora.
Considerada um dos setores do saneamento básico, a gestão dos resíduos sólidos não tem merecido
a atenção necessária por parte do poder público. Com isso, compromete-se cada vez mais a já combalida
saúde da população, bem como degradam-se os recursos naturais, especialmente o solo e os recursos
hídricos. A interdependência dos conceitos de meio ambiente, saúde e saneamento é hoje bastante
evidente, o que reforça a necessidade de integração das ações desses setores em prol da melhoria da
qualidade de vida da população brasileira.
A geração de resíduos sólidos domiciliares no Brasil é de cerca de 0,6kg/hab./dia e mais 0,3kg/hab./dia
de resíduos de varrição, limpeza de logradouros e entulhos.
Grande parte dos resíduos gerados no país não é regularmente coletada, permanecendo junto às
habitações (principalmente nas áreas de baixa renda) ou sendo vazada em logradouros públicos, terrenos
baldios, encostas e cursos d'água.
Apesar desse quadro, a coleta do lixo é o segmento que mais se desenvolveu dentro do sistema de
limpeza urbana e o que apresenta maior abrangência de atendimento junto à população, ao mesmo tempo
em que é a atividade do sistema que demanda maior percentual de recursos por parte da municipalidade.
Esse fato se deve à pressão exercida pela população e pelo comércio para que se execute a coleta com
regularidade, evitando-se assim o incômodo da convivência com o lixo nas ruas. Contudo, essa pressão
tem geralmente um efeito seletivo, ou seja, a administração municipal, quando não tem meios de oferecer
o serviço a toda a população, prioriza os setores comerciais, as unidades de saúde e o atendimento à
população de renda mais alta.

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A expansão da cobertura dos serviços raramente alcança as áreas realmente carentes, até porque a
ausência de infraestrutura viária exige a adoção de sistemas alternativos, que apresentam baixa eficiência
e, portanto, custo mais elevado.
Os serviços de varrição e limpeza de logradouros também são muito deficientes na maioria das cidades
brasileiras. Apenas os municípios maiores mantêm serviços regulares de varrição em toda a zona
urbanizada, com frequências e roteiros predeterminados. Nos demais municípios, esse serviço se resume
à varrição apenas das ruas pavimentadas ou dos setores de comércio da cidade, bem como à ação de
equipes de trabalhadores que saem pelas ruas e praças da cidade, em roteiros determinados de acordo
com as prioridades imediatistas, executando serviços de raspagem, capina, roçagem e varrição dos
demais logradouros públicos.
Com relação aos resíduos dos serviços de saúde, só nos últimos anos iniciou-se uma discussão mais
consistente do problema. Algumas prefeituras já implantaram sistemas específicos para a coleta destes
resíduos, sem, entretanto, atacar o ponto mais delicado da questão: a manipulação correta dos resíduos
dentro das unidades de trato de saúde, de forma a separar os com real potencial de contaminação
daqueles que podem ser considerados lixo comum. A forma adequada de destinação final ainda não é
consensual entre os técnicos do setor, e a prática, na maioria dos municípios, é a disposição final em
lixões; os catadores disputam esses resíduos, tendo em vista possuírem um percentual atrativo de
materiais recicláveis.

Gerenciar o lixo de forma integrada demanda trabalhar integralmente os aspectos sociais com o planejamento
das ações técnicas e operacionais do sistema de limpeza urbana.

Com relação ao tratamento do lixo, tem-se instaladas no Brasil algumas unidades de


compostagem/reciclagem. Essas unidades utilizam tecnologia simplificada, com segregação manual de
recicláveis em correias transportadoras e compostagem em leiras a céu aberto, com posterior
peneiramento. Muitas unidades que foram instaladas estão hoje paralisadas e sucateadas, por dificuldade
dos municípios em operá-las e mantê-las convenientemente. As poucas usinas de incineração existentes,
utilizadas exclusivamente para incineração de resíduos de serviços de saúde e de aeroportos, em geral
não atendem aos requisitos mínimos ambientais da legislação brasileira. Outras unidades de tratamento
térmico desses resíduos, tais como autoclavagem, microondas e outros, vêm sendo instaladas mais
frequentemente em algumas cidades brasileiras, mas os custos de investimento e operacionais ainda são
muito altos.

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais comuns são quanto aos riscos
potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem.

Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente


De acordo com a NBR 10.004 da ABNT, os resíduos sólidos podem ser classificados em:

CLASSE I OU PERIGOSOS: São aqueles que, em função de suas características intrínsecas de


inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos à saúde
pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao
meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.

CLASSE II OU NÃO-INERTES: São os resíduos que podem apresentar características de


combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou
ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos – ou Classe
III – Inertes.

CLASSE III OU INERTES: São aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos
à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma representativa, segundo a norma NBR
10.007, e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, a temperatura
ambiente, conforme teste de solubilização segundo a norma NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, conforme
listagem nº 8 (Anexo H da NBR 10.004), excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.

SOLUBILIZAÇÃO: processo pela qual uma substancia ou produto pode dissolver em um líquido, é o
processo de dissolução de um determinado material ou produto.

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LIXIVIAÇÃO: processo para determinação da capacidade de transferência de substâncias orgânicas
e inorgânicas presentes no resíduo, por meio de dissolução no meio extrator.

Quanto à natureza ou origem


A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. Segundo este critério, os
diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em cinco classes, a saber:
• Lixo doméstico ou residencial
• Lixo comercial
• Lixo público
• Lixo domiciliar especial:
• Entulho de obras
• Pilhas e baterias
• Lâmpadas fluorescentes
• Pneus
• Lixo de fontes especiais
• Lixo industrial
• Lixo radioativo
• Lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários
• Lixo agrícola
• Resíduos de serviços de saúde

LIXO DOMÉSTICO OU RESIDENCIAL: São os resíduos gerados nas atividades diárias em casas,
apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.

LIXO COMERCIAL: São os resíduos gerados em estabelecimentos comerciais, cujas características


dependem da atividade ali desenvolvida.
Nas atividades de limpeza urbana, os tipos "doméstico" e
"comercial" constituem o chamado "lixo domiciliar", que, junto com o lixo público, representam a maior
parcela dos resíduos sólidos produzidos nas cidades.
O grupo de lixo comercial, assim como os entulhos de obras, pode ser dividido em subgrupos
chamados de "pequenos geradores" e "grandes geradores".
O regulamento de limpeza urbana do município poderá definir precisamente os subgrupos de
pequenos e grandes geradores.
Pode-se adotar como parâmetro:
Pequeno Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera até 120 litros de lixo por dia.
Grande Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera um volume de resíduos
superior a esse limite.
Analogamente, pequeno gerador de entulho de obras é a pessoa física ou jurídica que gera até 1.000kg
ou 50 sacos de 30 litros por dia, enquanto grande gerador de entulho é aquele que gera um volume diário
de resíduos acima disso.

LIXO PÚBLICO: São os resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes da
natureza, tais como folhas, galhadas, poeira, terra e areia, e também aqueles descartados irregular e
indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis, papéis, restos de
embalagens e alimentos.

LIXO DOMICILIAR ESPECIAL: Grupo que compreende os entulhos de obras, pilhas e baterias,
lâmpadas fluorescentes e pneus. Observe que os entulhos de obra, também conhecidos como resíduos
da construção civil, só estão enquadrados nesta categoria por causa da grande quantidade de sua
geração e pela importância que sua recuperação e reciclagem vem assumindo no cenário nacional.

ENTULHO DE OBRAS: A indústria da construção civil é a que mais explora recursos naturais. Além
disso, a construção civil também é a indústria que mais gera resíduos. No Brasil, a tecnologia construtiva
normalmente aplicada favorece o desperdício na execução das novas edificações. Enquanto em países
desenvolvidos a média de resíduos proveniente de novas edificações encontra-se abaixo de 100kg/m2,
no Brasil este índice gira em torno de 300kg/m2 edificado.

PILHAS E BATERIAS: As pilhas e baterias têm como princípio básico converter energia química em
energia elétrica utilizando um metal como combustível. Apresentando-se sob várias formas (cilíndricas,

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retangulares, botões), podem conter um ou mais dos seguintes metais: chumbo (Pb), cádmio (Cd),
mercúrio (Hg), níquel (Ni), prata (Ag), lítio (Li), zinco (Zn), manganês (Mn) e seus compostos. As
substâncias das pilhas que contêm esses metais possuem características de corrosividade, reatividade e
toxicidade e são classificadas como "Resíduos Perigosos – Classe I".
As substâncias contendo cádmio, chumbo, mercúrio, prata e níquel causam impactos negativos sobre
o meio ambiente e, em especial, sobre o homem. Outras substâncias presentes nas pilhas e baterias,
como o zinco, o manganês e o lítio, embora não estejam limitadas pela NBR 10.004, também causam
problemas ao meio ambiente.

LÂMPADAS FLUORESCENTES: O pó que se torna luminoso encontrado no interior das lâmpadas


fluorescentes contém mercúrio. Isso não está restrito apenas às lâmpadas fluorescentes comuns de forma
tubular, mas encontra-se também nas lâmpadas fluorescentes compactas.
As lâmpadas fluorescentes liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou enterradas em
aterros sanitários, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é tóxico
para o sistema nervoso humano e, quando inalado ou ingerido, pode causar uma enorme variedade de
problemas fisiológicos.
Uma vez lançado ao meio ambiente, o mercúrio sofre uma "bioacumulação", isto é, ele tem suas
concentrações aumentadas nos tecidos dos peixes, tornando-os menos saudáveis, ou mesmo perigosos
se forem comidos freqüentemente. As mulheres grávidas que se alimentam de peixe contaminado
transferem o mercúrio para os fetos, que são particularmente sensíveis aos seus efeitos tóxicos. A
acumulação do mercúrio nos tecidos também pode contaminar outras espécies selvagens, como
marrecos, aves aquáticas e outros animais.

PNEUS: São muitos os problemas ambientais gerados pela destinação inadequada dos pneus. Se
deixados em ambiente aberto, sujeito a chuvas, os pneus acumulam água, servindo como local para a
proliferação de mosquitos. Se encaminhados para aterros de lixo convencionais, provocam "ocos" na
massa de resíduos, causando a instabilidade do aterro. Se destinados em unidades de incineração, a
queima da borracha gera enormes quantidades de material particulado e gases tóxicos, necessitando de
um sistema de tratamento dos gases extremamente eficiente e caro.
Por todas estas razões, o descarte de pneus é hoje um problema ambiental grave ainda sem uma
destinação realmente eficaz.

LIXO DE FONTES ESPECIAIS: São resíduos que, em função de suas características peculiares,
passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, estocagem, transporte ou
disposição final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais, merecem destaque:

- LIXO INDUSTRIAL: São os resíduos gerados pelas atividades industriais. São resíduos muito
variados que apresentam características diversificadas, pois estas dependem do tipo de produto
manufaturado. Devem, portanto, ser estudados caso a caso. Adota-se a NBR 10.004 da ABNT para se
classificar os resíduos industriais: Classe I (Perigosos), Classe II (Não-Inertes) e Classe III (Inertes).

- LIXO RADIOATIVO: Assim considerados os resíduos que emitem radiações acima dos limites
permitidos pelas normas ambientais. No Brasil, o manuseio, acondicionamento e disposição final do lixo
radioativo está a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.

- LIXO DE PORTOS, AEROPORTOS E TERMINAIS RODOFERROVIÁRIOS: Resíduos gerados tanto


nos terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte. Os resíduos dos portos e
aeroportos são decorrentes do consumo de passageiros em veículos e aeronaves e sua periculosidade
está no risco de transmissão de doenças já erradicadas no país. A transmissão também pode se dar
através de cargas eventualmente contaminadas, tais como animais, carnes e plantas.

- LIXO AGRÍCOLA: Formado basicamente pelos restos de embalagens impregnados com pesticidas
e fertilizantes químicos, utilizados na agricultura, que são perigosos. Portanto o manuseio destes resíduos
segue as mesmas rotinas e se utiliza dos mesmos recipientes e processos empregados para os resíduos
industriais Classe I. A falta de fiscalização e de penalidades mais rigorosas para o manuseio inadequado
destes resíduos faz com que sejam misturados aos resíduos comuns e dispostos nos vazadouros das
municipalidades, ou – o que é pior – sejam queimados nas fazendas e sítios mais afastados, gerando
gases tóxicos.

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- RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: Compreendendo todos os resíduos gerados nas instituições
destinadas à preservação da saúde da população.

CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


As características do lixo podem variar em função de aspectos sociais, econômicos, culturais,
geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as comunidades entre si
e as próprias cidades. A análise do lixo pode ser realizada segundo suas características físicas, químicas
e biológicas.

Características físicas
De acordo com a NBR 10.004 da ABNT, os resíduos sólidos podem ser classificados em:
• Geração per capita
• Composição gravimétrica
• Peso específico aparente
• Teor de umidade
• Compressividade

COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA: composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente


em relação ao peso total da amostra de lixo analisada. Os componentes mais utilizados na determinação
da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos encontram-se na Tabela. Entretanto, muitos
técnicos tendem a simplificar, considerando apenas alguns componentes, tais como papel/papelão;
plásticos; vidros; metais; matéria orgânica e outros. Esse tipo de composição simplificada, embora possa
ser usado no dimensionamento de uma usina de compostagem e de outras unidades de um sistema de
limpeza urbana, não se presta, por exemplo, a um estudo preciso de reciclagem ou de coleta seletiva, já
que o mercado de plásticos rígidos é bem diferente do mercado de plásticos maleáveis, assim como os
mercados de ferrosos e não-ferrosos.

PESO ESPECÍFICO APARENTE: Peso específico aparente é o peso do lixo solto em função do
volume ocupado livremente, sem qualquer compactação, expresso em kg/m3. Sua determinação é
fundamental para o dimensionamento de equipamentos e instalações. Na ausência de dados mais
precisos, podem-se utilizar os valores de 230kg/m3 para o peso específico do lixo domiciliar, de 280kg/m3
para o peso específico dos resíduos de serviços de saúde e de 1.300kg/m3 para o peso específico de
entulho de obras.

TEOR DE UMIDADE: Teor de umidade representa a quantidade de água presente no lixo, medida em
percentual do seu peso. Este parâmetro se altera em função das estações do ano e da incidência de
chuvas, podendo-se estimar um teor de umidade variando em torno de 40 a 60%.

COMPRESSIVIDADE: Compressividade é o grau de compactação ou a redução do volume que uma


massa de lixo pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de 4kg/cm², o volume do lixo
pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do seu volume original.

Características químicas
• Poder calorífico
• Potencial hidrogeniônico (pH)
• Composição química
• Relação carbono/nitrogênio (C:N)

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PODER CALORÍFICO: Esta característica química indica a capacidade potencial de um material
desprender determinada quantidade de calor quando submetido à queima. O poder calorífico médio do
lixo domiciliar se situa na faixa de 5.000kcal/kg.
POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH): O potencial hidrogeniônico indica o teor de acidez ou
alcalinidade dos resíduos. Em geral, situa-se na faixa de 5 a 7.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA: A composição química consiste na determinação dos teores de cinzas,
matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total, resíduo mineral
solúvel e gorduras.
RELAÇÃO CARBONO/NITROGÊNIO (C:N): A relação carbono/nitrogênio indica o grau de
decomposição da matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final. Em geral, essa
relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1.

Características biológicas
As características biológicas do lixo são aquelas determinadas pela população microbiana e dos
agentes patogênicos presentes no lixo que, ao lado das suas características químicas, permitem que
sejam selecionados os métodos de tratamento e disposição final mais adequados.
O conhecimento das características biológicas dos resíduos tem sido muito utilizado no
desenvolvimento de inibidores de cheiro e de retardadores/aceleradores da decomposição da matéria
orgânica, normalmente aplicados no interior de veículos de coleta para evitar ou minimizar problemas
com a população ao longo do percurso dos veículos.
Da mesma forma, estão em desenvolvimento processos de destinação final e de recuperação de áreas
degradadas com base nas características biológicas dos resíduos.

INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO PLANEJAMENTO DO


SISTEMA DE LIMPEZA URBANA
A influência das características apresentadas sobre o planejamento de um sistema de limpeza urbana
ou sobre o projeto de determinadas unidades que compõem tal sistema.

CARACTERÍSTICAS IMPORTÂNCIA
Fundamental para se poder projetar as quantidades de resíduos a coletar e a
dispor.
Importante no dimensionamento de veículos.
Geração per capita
Elemento básico para a determinação da taxa de coleta, bem como para o
correto dimensionamento de todas as unidades que compõem o Sistema de
Limpeza Urbana.
Indica a possibilidade de aproveitamento das frações recicláveis para
comercialização e da matéria orgânica para a produção de composto
Composição
orgânico.
gravimétrica
Quando realizada por regiões da cidade, ajuda a se efetuar um cálculo mais
justo da tarifa de coleta e destinação final.
Peso específico Fundamental para o correto dimensionamento da frota de coleta, assim como
Aparente de contêineres e caçambas estacionárias.
Tem influência direta sobre a velocidade de decomposição da matéria
orgânica no processo de compostagem. Influencia diretamente o poder
calorífico e o peso específico aparente do lixo, concorrendo de forma indireta
Teor de umidade
para o correto dimensionamento de incineradores e usinas de compostagem.
Influencia diretamente o cálculo da produção de chorume e o correto
dimensionamento do sistema de coleta de percolados.
Muito importante para o dimensionamento de veículos coletores, estações de
Compressividade
transferência com compactação e caçambas compactadoras estacionárias.
Influencia o dimensionamento das instalações de todos os processos de
Poder calorífico
tratamento térmico (incineração, pirólise e outros).
Indica o grau de corrosividade dos resíduos coletados, servindo para
pH estabelecer o tipo de proteção contra a corrosão a ser usado em veículos,
equipamentos, contêineres e caçambas metálicas.
Ajuda a indicar a forma mais adequada de tratamento para os resíduos
Composição química
coletados.
Relação C:N Fundamental para se estabelecer a qualidade do composto produzido.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Características Fundamentais na fabricação de inibidores de cheiro e de aceleradores e
biológicas retardadores da decomposição da matéria orgânica presente no lixo.

Fatores que influenciam as características dos resíduos sólidos


É fácil imaginar que em época de chuvas fortes o teor de umidade no lixo cresce e que há um aumento
do percentual de alumínio (latas de cerveja e de refrigerantes) no carnaval e no verão. Assim, é preciso
tomar cuidado com os valores que traduzem as características dos resíduos, principalmente no que
concerne às características físicas, pois os mesmos são muito influenciados por fatores sazonais, que
podem conduzir o projetista a conclusões equivocadas.
Os principais fatores que exercem forte influência sobre as características dos resíduos são:

FATORES INFLUÊNCIA
1. Climáticos • aumento do teor de umidade
Chuvas • aumento do teor de folhas
Outono • aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos
Verão rígidos)
• aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos
2. Épocas especiais
rígidos)
Carnaval
• aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos maleáveis e metais)
Natal/Ano Novo/
• aumento de matéria orgânica
Páscoa
• aumento de embalagens (papel/papelão e plásticos maleáveis e metais)
Dia dos Pais/Mães
• esvaziamento de áreas da cidade em locais não turísticos
Férias escolares
• aumento populacional em locais turísticos
3. Demográficos
• quanto maior a população urbana, maior a geração per capita
População urbana
4. Socioeconômicos
Nível cultural

• quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais recicláveis


Nível educacional e menor a incidência de matéria orgânica
• quanto maior o nível educacional, menor a incidência de matéria
orgânica
Poder aquisitivo • quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de materiais
recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica
• maior consumo de supérfluos perto do recebimento do salário (fim e
início do mês)
Poder aquisitivo (no mês) • maior consumo de supérfluos no fim de semana

Poder aquisitivo • introdução de materiais cada vez mais leves, reduzindo o valor do peso
(Na semana) específico aparente dos resíduos
• aumento de embalagens
Desenvolvimento
Tecnológico
• aumento de embalagens

Lançamento de novos
produtos • redução de materiais não-biodegradáveis
(plásticos) e aumento de materiais recicláveis e/ou biodegradáveis
Promoções de lojas (papéis, metais e vidros)
Comerciais

Campanhas ambientais

Processos de determinação das principais características físicas

Dos grupos de características apresentados, o mais importante é o das características físicas, uma
vez que, sem o seu conhecimento, é praticamente impossível se efetuar a gestão adequada dos serviços
de limpeza urbana.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Além disso, não são todas as prefeituras que podem dispor de laboratórios (ou de verbas para contratar
laboratórios particulares) para a determinação das características químicas ou biológicas dos resíduos,
enquanto as características físicas podem ser facilmente determinadas através de processos expeditos
de campo, com o auxílio apenas de latões de 200 litros, de uma balança com capacidade de pesar até
150kg, de uma estufa e do ferramental básico utilizado na limpeza urbana.
Os procedimentos práticos apresentados a seguir servem para a determinação do peso específico,
composição gravimétrica, teor de umidade e geração per capita do lixo urbano.
• Preparo da amostra
• Determinação do peso específico aparente
• Determinação da composição gravimétrica
• Determinação do teor de umidade
• Cálculo da geração per capita

PREPARO DA AMOSTRA
• coletar as amostras iniciais, com cerca de 3m3 de volume, a partir de lixo não compactado (lixo solto).
Preferencialmente, as amostras devem ser coletadas de segunda a quinta-feira e selecionadas de
diferentes setores de coleta, a fim de se conseguir resultados que se aproximem o máximo possível da
realidade;
• colocar as amostras iniciais sobre uma lona, em área plana, e misturá-las com o auxílio de pás e
enxadas, até se obter um único lote homogêneo, rasgando-se os sacos plásticos, caixas de papelão,
caixotes e outros materiais utilizados no acondicionamento dos resíduos;
• dividir a fração de resíduos homogeneizada em quatro partes, selecionando dois dos quartos
resultantes (sempre quartos opostos) que serão novamente misturados e homogeneizados;
• repetir o procedimento anterior até que o volume de cada um dos quartos seja de pouco mais de 1
m3;
• separar um dos quartos e encher até a borda, aleatoriamente, cinco latões de 200 litros, previamente
pesados;
• retalhar com facões, após o enchimento dos latões, a porção do quarto selecionado que sobrar, ao
abrigo do tempo (evitar sol, chuva, vento e temperaturas elevadas). Encher um recipiente de dois litros
com o material picado e fechar o mais hermeticamente possível;
• levar para o aterro todo o lixo que sobrar desta operação.

DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO APARENTE


• pesar cada um dos latões cheios e determinar o peso do lixo, descontando o peso do latão;
• somar os pesos obtidos;
• determinar o peso específico aparente através do valor da soma obtida, expresso em kg/m³.

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA


• escolher, de acordo com o objetivo que se pretende alcançar, a lista dos componentes que se quer
determinar;
• espalhar o material dos latões sobre uma lona, sobre uma área plana;
• separar o lixo por cada um dos componentes desejados;
• classificar como "outros" qualquer material encontrado que não se enquadre na listagem de
componentes pré-selecionada;
• pesar cada componente separadamente;
• dividir o peso de cada componente pelo peso total da amostra e calcular a composição gravimétrica
em termos percentuais.

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE


• pesar a amostra de dois litros;
• colocar seu conteúdo em um forno (preferencialmente uma estufa) a 105ºC por um dia ou a 75ºC por
dois dias consecutivos;
• pesar o material seco até que os resíduos apresentem peso constante;
• subtrair o peso da amostra úmida do peso do material seco e determinar o teor de umidade em termos
percentuais.

CÁLCULO DA GERAÇÃO PER CAPITA


•medir o volume de lixo encaminhado ao aterro, ao longo de um dia inteiro de trabalho;
• calcular o peso total do lixo aterrado, aplicando o valor do peso específico determinado anteriormente;

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• avaliar o percentual da população atendida pelo serviço de coleta;
• calcular a população atendida, aplicando o percentual avaliado sobre o valor da população urbana
do Município (incluir núcleos urbanos da zona rural, se for o caso);
• calcular a taxa de geração per capita dividindo-se o peso do lixo pela população atendida.

Jamais efetuar determinações de teor de umidade em dias de chuva.


Preferencialmente as determinações devem ser feitas de terça a quinta-feira, entre os dias 10 e 20 do
mês, para evitar distorções de sazonalidade.

ACONDICIONAMENTO
Acondicionar os resíduos sólidos domiciliares significa prepara-los para a coleta de forma
sanitariamente adequada, como ainda compatível com o tipo e a quantidade de resíduos.
A qualidade da operação de coleta e transporte de lixo depende da forma adequada do seu
acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes no local, dia e horários estabelecidos
pelo órgão de limpeza urbana para a coleta. A população tem, portanto, participação decisiva nesta
operação.
A importância do acondicionamento adequado está em:
• evitar acidentes;
• evitar a proliferação de vetores;
•minimizar o impacto visual e olfativo;
• reduzir a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva);
• facilitar a realização da etapa da coleta.
Infelizmente, o que se verifica em muitas cidades é o surgimento espontâneo de pontos de acumulação
de lixo domiciliar a céu aberto, expostos indevidamente ou espalhados nos logradouros, prejudicando o
ambiente e arriscando a saúde pública.

Nas cidades brasileiras a população utiliza os mais diversos tipos de recipientes para
acondicionamento do lixo domiciliar:
• vasilhames metálicos (latas) ou plásticos (baldes);
• sacos plásticos de supermercados ou especiais para lixo;
• caixotes de madeira ou papelão;
• latões de óleo, algumas vezes cortados ao meio;
• contêineres metálicos ou plásticos, estacionários ou sobre rodas;
• embalagens feitas de pneus velhos.

A escolha do tipo de recipiente mais adequado deve ser orientada em função:


• das características do lixo;
• da geração do lixo;
• da frequência da coleta;
• do tipo de edificação;
• do preço do recipiente.

COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS


Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produz para encaminhá-lo, mediante
transporte adequado, a uma possível estação de transferência, a um eventual tratamento e à disposição
final. Coleta-se o lixo para evitar problemas de saúde que ele possa propiciar.

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A coleta e o transporte do lixo domiciliar produzido em imóveis residenciais, em estabelecimentos
públicos e no pequeno comércio são, em geral, efetuados pelo órgão municipal encarregado da limpeza
urbana. Para esses serviços, podem ser usados recursos próprios da prefeitura, de empresas sob
contrato de terceirização ou sistemas mistos, como o aluguel de viaturas e a utilização de mão-de-obra
da prefeitura.
O lixo dos "grandes geradores" (estabelecimentos que produzem mais que 120 litros de lixo por dia)
deve ser coletado por empresas particulares, cadastradas e autorizadas pela prefeitura.

TRANSFERÊNCIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


Nas cidades de médio e grande portes que sofrem forte expansão urbana, aumentam também as
exigências ambientais e a resistência da população em aceitar a implantação, próximo as suas
residências, de qualquer empreendimento ligado à disposição final de resíduos sólidos. Além do mais, os
terrenos urbanos ficam muito caros para localização de aterro, que demanda áreas de grandes extensões,
e assim os aterros sanitários estão sendo implantados cada vez mais distante dos centros da massa de
geração de resíduos.
O aumento na distância entre o ponto de coleta dos resíduos e o aterro sanitário causa os seguintes
problemas:
• atraso nos roteiros de coleta, alongando a exposição do lixo nas ruas;
• aumento do tempo improdutivo da guarnição de trabalhadores parados à espera do retorno do veículo
que foi vazar sua carga no aterro;
• aumento do custo de transporte;
• redução da produtividade dos caminhões de coleta, que são veículos especiais e caros.
Para solução desses problemas, algumas municipalidades vêm optando pela implantação de estações
de transferência ou de transbordo.
O transporte para o aterro sanitário dos resíduos descarregados nas estações de transferência é feito
por veículos ou equipamento de maior porte e de menor custo unitário de transporte.

As estações de transferência são unidades instaladas próximas ao centro de massa de geração


de resíduos para que os caminhões de coleta, após cheios, façam a descarga e retornem
rapidamente para complementar o roteiro de coleta.

Normalmente as estações de transferência são implantadas quando a distância entre o centro de


massa de coleta e o aterro sanitário é superior a 25km. Em grandes cidades, onde as condições de tráfego
rodoviário tornam extremamente lento os deslocamentos, é possível encontrar estações implantadas em
locais cuja distância do aterro sanitário é inferior a 20Km.

DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS4

Com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana não consiste apenas em remover o lixo
de logradouros e edificações, mas, principalmente, em dar um destino final adequado aos resíduos
coletados.
Essa questão merece atenção porque, ao realizar a coleta de lixo de forma ineficiente, a prefeitura é
pressionada pela população para melhorar a qualidade do serviço, pois se trata de uma operação
totalmente visível aos olhos da população. Contudo, ao se dar uma destinação final inadequada aos
resíduos, poucas pessoas serão diretamente incomodadas, fato este que não gerará pressão por parte
da população.
Assim, diante de um orçamento restrito, como ocorre em grande número das municipalidades
brasileiras, o sistema de limpeza urbana não hesitará em relegar a disposição final para o segundo plano,
dando prioridade à coleta e à limpeza pública.
Por essa razão, é comum observar nos municípios de menor porte a presença de "lixões", ou seja,
locais onde o lixo coletado é lançado diretamente sobre o solo sem qualquer controle e sem quaisquer
cuidados ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o ar e as águas subterrâneas e superficiais das
vizinhanças.
Os lixões, além dos problemas sanitários com a proliferação de vetores de doenças, também se
constituem em sério problema social, porque acabam atraindo os "catadores", indivíduos que fazem da

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Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos – Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República -
SEDU

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catação do lixo um meio de sobrevivência, muitas vezes permanecendo na área do aterro, em abrigos e
casebres, criando famílias e até mesmo formando comunidades.
Diante desse quadro, a única forma de se dar destino final adequado aos resíduos sólidos é através
de aterros, sejam eles sanitários, controlados, com lixo triturado ou com lixo compactado. Todos os
demais processos ditos como de destinação final (usinas de reciclagem, de compostagem e de
incineração) são, na realidade, processos de tratamento ou beneficiamento do lixo, e não prescindem de
um aterro para a disposição de seus rejeitos.

Disposição dos resíduos domiciliares


O processo recomendado para a disposição adequada do lixo domiciliar é o aterro, existindo dois tipos:
os aterros sanitários e os aterros controlados.
A diferença básica entre um aterro sanitário e um aterro controlado é que este último prescinde da
coleta e tratamento do chorume, assim como da drenagem e queima do biogás.
A seguir será apresentado, de forma detalhada, o processo para se selecionar uma área de destino
final, assim como será descrita, passo a passo, a metodologia para se projetar, licenciar, implantar e
operar um aterro.
Um enfoque mais detido será dado ao aterro sanitário, já que esta solução é a tecnicamente mais
indicada para a disposição final dos resíduos sólidos.

O aterro sanitário é um método para disposição final dos resíduos sólidos urbanos, sobre terreno
natural, através do seu confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo,
segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ao meio ambiente, em particular à
saúde e à segurança pública.

O aterro controlado também é uma forma de se confinar tecnicamente o lixo coletado sem poluir o
ambiente externo, porém, sem promover a coleta e o tratamento do chorume e a coleta e a queima do
biogás.

ATERRO SANITÁRIO
Um aterro sanitário conta necessariamente com as seguintes unidades:
• Unidades operacionais:
• células de lixo domiciliar;
• células de lixo hospitalar (caso o Município não disponha de processo mais efetivo para dar destino
final a esse tipo de lixo);
• impermeabilização de fundo (obrigatória) e superior (opcional);
• sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados (chorume);

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
• sistema de coleta e queima (ou beneficiamento) do biogás;
• sistema de drenagem e afastamento das águas pluviais;
• sistemas de monitoramento ambiental, topográfico e geotécnico;
• pátio de estocagem de materiais.
•Unidades de apoio:
• cerca e barreira vegetal;
• estradas de acesso e de serviço;
• balança rodoviária e sistema de controle de resíduos;
• guarita de entrada e prédio administrativo;
• oficina e borracharia.
A operação de um aterro deve ser precedida do processo de seleção de áreas, licenciamento, projeto
executivo e implantação.

Seleção de áreas para a implantação de aterros sanitários


A escolha de um local para a implantação de um aterro sanitário não é tarefa simples. O alto grau de
urbanização das cidades, associado a uma ocupação intensiva do solo, restringe a disponibilidade de
áreas próximas aos locais de geração de lixo e com as dimensões requeridas para se implantar um aterro
sanitário que atenda às necessidades dos municípios.
Além desse aspecto, há que se levar em consideração outros fatores, como os parâmetros técnicos
das normas e diretrizes federais, estaduais e municipais, os aspectos legais das três instâncias
governamentais, planos diretores dos municípios envolvidos, pólos de desenvolvimento locais e regionais,
distâncias de transporte, vias de acesso e os aspectos políticosociais relacionados com a aceitação do
empreendimento pelos políticos, pela mídia e pela comunidade.
Por outro lado, os fatores econômico-financeiros não podem ser relegados a um plano secundário,
uma vez que os recursos municipais devem ser sempre usados com muito equilíbrio.
Por isso, os critérios para se implantar adequadamente um aterro sanitário são muito severos, havendo
a necessidade de se estabelecer uma cuidadosa priorização dos mesmos.
A estratégia a ser adotada para a seleção da área do novo aterro consiste nos seguintes passos:
• seleção preliminar das áreas disponíveis no Município;
• estabelecimento do conjunto de critérios de seleção;
• definição de prioridades para o atendimento aos critérios estabelecidos;
• análise crítica de cada uma das áreas levantadas frente aos critérios estabelecidos e priorizados,
selecionando-se aquela que atenda à maior parte das restrições através de seus atributos naturais.
Com a adoção dessa estratégia, minimiza-se a quantidade de medidas corretivas a serem
implementadas para adequar a área às exigências da legislação ambiental vigente, reduzindo-se ao
máximo os gastos com o investimento inicial.

TRATAMENTO DO CHORUME
Chorume é uma substância líquida resultante do processo de putrefação (apodrecimento) de matérias
orgânicas. Este líquido é muito encontrado em lixões e aterros sanitários. É viscoso e possui um cheiro
muito forte e desagradável (odor de coisa podre).
O processo de tratamento do chorume é muito importante para o meio ambiente. Caso não seja
tratado, ele pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, levando a contaminação para estes recursos
hídricos. Neste caso, os peixes podem ser contaminados e, caso a água seja usada na irrigação agrícola,
a contaminação pode chegar aos alimentos (frutas, verduras, legumes, etc).
Em função da grande quantidade de matéria orgânica presente no chorume, este costuma atrair
moscas que também podem trazer doenças aos seres humanos.
A principal característica do chorume é a variabilidade de sua composição em decorrência do
esgotamento progressivo da matéria orgânica biodegradável. Por essa razão, o elevado potencial poluidor
do "chorume novo" vai se reduzindo paulatinamente até atingir níveis que dispensam seu tratamento, ao
final de 10 anos ("chorume velho").
Também o volume de chorume produzido num aterro varia sazonalmente em função das condições
climáticas da região e do sistema de drenagem local, sofrendo a influência da temperatura, do índice de
precipitação pluviométrica, da evapotranspiração, da existência de material de cobertura para as células,
da permeabilidade do material de cobertura utilizado, da cobertura vegetal da área do aterro e ainda de
muitos outros fatores. A melhor forma de se determinar a vazão de chorume gerada em um aterro é
através da medição direta. Uma outra forma para se estimar as vazões de aterros sanitários é através de
uma correlação direta com a geração de chorume em aterros conhecidos, embora, para isso, tenha que
se admitir uma série de simplificações.

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A forma de tratamento mais empregada é através de lagoas aeróbias precedidas de um gradeamento
manual ou peneiramento mecânico e de um tanque de equalização onde chorume deve ficar retido, pelo
menos 24 horas, para homogeneizar ao máximo a sua composição.

É conveniente que no tanque de equalização seja instalado um conjunto de aeração superficial, para
efetuar uma melhor homogeneização da massa líquida e também para melhorar as condições aeróbias
do chorume.
As lagoas de estabilização do tipo aeróbia possuem as seguintes características básicas:
• formato: tronco-piramidal;
• profundidade: 1,5 metro;
• tempo de detenção: 25 dias, no mínimo.
A entrada nessas lagoas deve ser através de uma tubulação dupla para melhorar o fluxo hidráulico do
chorume dentro da lagoa, evitando cantos mortos e curtos-circuitos. A saída do efluente deve ser por
meio de vertedores de altura variável, assegurando o tempo mínimo de permanência do chorume no
interior das lagoas para qualquer vazão afluente.
Dessa série de lagoas, o efluente sofre um polimento final numa pequena lagoa, também aeróbia e
com as mesmas características físicas das duas anteriores, mas com capacidade para reter o chorume
tratado por sete dias.
As margens das lagoas devem ser tratadas de modo a não permitir o crescimento de vegetação na
interface ar-efluente, uma vez que esta vegetação serve de abrigo para mosquitos e outros vetores.
A remoção do lodo deve ser feita periodicamente para não interferir na eficiência do sistema de
tratamento.
O lodo removido deve ser seco em um leito de secagem e removido de volta para o interior do aterro
sanitário, enquanto a fração líquida pode ser descartada diretamente no corpo receptor.

A forma mais correta de se definir o tipo de tratamento a ser utilizado é através da realização de um estudo de
tratabilidade do chorume conduzido em bancada de laboratório, sendo desaconselhável o uso de dados
bibliográficos no dimensionamento das unidades para o seu tratamento.
A medição da vazão de chorume deve ser feita em pelo menos dois pontos do sistema de tratamento:
• logo após o poço de coleta de chorume ou imediatamente antes do tanque de equalização;
• imediatamente antes do lançamento no corpo receptor.
O efluente bruto e o efluente tratado devem ser monitorados periodicamente.

Outra forma usual de se tratar o chorume é através de sua recirculação para o interior da massa de
lixo com a utilização de aspersores, caminhão-pipa ou de leitos de infiltração.
Nesse processo, o chorume vai perdendo sua toxicidade (basicamente carga orgânica), pelo fato de
estar sendo aerado e também pela ação biológica dos micro-organismos presentes na massa de lixo.
Além disso, parte do chorume recirculado sofre evaporação, sendo importante que os bicos dos
aspersores sejam regulados para atuar como vaporizadores, aumentando a taxa de evaporação.
Visto que a evaporação é um fator importante para a recirculação do chorume, este processo só deve
ser adotado em regiões onde o balanço hídrico seja negativo, isto é, em regiões onde a taxa de
evaporação é maior do que a precipitação pluviométrica.

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Outro ponto importante que deve ser ressaltado são as dimensões do poço de reunião do chorume,
que devem ser suficientes para armazenar uma grande quantidade deste líquido, evitando que a bomba
de recirculação entre em funcionamento em intervalos muito curtos. O ideal é que ele seja projetado para
armazenar um dia da geração de chorume na época das chuvas, permitindo que a recirculação seja feita
apenas uma vez por dia e, preferencialmente, ao longo das oito horas em que o operador está presente
na área do aterro.
As desvantagens desse processo estão ligadas ao grande consumo de energia elétrica e à sua
dependência de um bom suprimento de energia e de um bom funcionamento do conjunto motobomba,
uma vez que, caso haja falta de energia ou uma pane na bomba de recirculação, o chorume bruto seja
inevitavelmente lançado em algum corpo d'água, podendo causar danos ao meio ambiente.
A situação ideal é que a recirculação seja realizada de forma complementar a um dos processos de
tratamento convencional de chorume, como lagoas de estabilização ou lodos ativados.

Outros processos de tratamento de chorume são o sistema de lodos ativados e a evaporação.

Lodos ativados

Evaporador de chorume

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No sistema de lodos ativados, o chorume passa por um tratamento preliminar que, em geral, consiste
em um gradeamento grosseiro, sendo posteriormente encaminhado a um decantador primário, onde há
a retenção dos sólidos sedimentáveis primários. Em seguida, é encaminhado a um tanque de aeração,
onde aeradores, normalmente superficiais, injetam ar na massa líquida, permitindo que as bactérias
aeróbias realizem a estabilização da matéria orgânica, gerando um lodo secundário que permanece em
suspensão.
O efluente do tanque de aeração vai para um decantador secundário, onde o lodo gerado
anteriormente é precipitado. Parte desse lodo retorna ao tanque de aeração, enquanto o restante do lodo
depositado se junta ao lodo do decantador primário, indo ter a um leito de secagem. O lodo seco é
encaminhado de volta ao aterro.
Após o decantador secundário, a fração líquida segue para uma lagoa de polimento, similar à do
processo de lagoas aeróbias, de onde é lançado no corpo receptor.
Já no processo de evaporação, o chorume é enviado para um tanque metálico, o evaporador, onde é
aquecido a uma temperatura entre 80 e 90°C, o que faz com que parte da fração líquida se evapore,
concentrando o teor de sólidos do chorume.
O vapor quente, quando sai do evaporador, passa por um filtro retentor de umidade e vai para uma
câmara de aquecimento final, de onde é lançado, seco, na atmosfera.
O lodo adensado, com cerca de 30% de material sólido, sai pela parte inferior do evaporador e é
vazado no aterro.
A grande vantagem deste processo é seu baixo custo operacional, pois o combustível utilizado para
evaporar o chorume é o biogás captado no próprio aterro.
Entretanto, qualquer que seja a alternativa de tratamento escolhida, o efluente deve atender aos
padrões de lançamento impostos pelo órgão de controle ambiental.

Drenagem de gases
O sistema de drenagem de gases é composto por poços verticais de 50cm de diâmetro, espaçados de
50 a 60m entre si, e executados em brita ou rachão.
Existem dois métodos de se executar os drenos de gás: subindo o dreno à medida que o aterro vai
evoluindo ou escavar a célula encerrada para implantar o dreno, deixando uma guia para quando se
aterrar em um nível mais acima.
Uma vez aberto o poço, o solo ao seu redor, num raio de aproximadamente dois metros, deve ser
aterrado com uma camada de argila de cerca de 50cm de espessura, para evitar que o gás se disperse
na atmosfera.
O topo do poço deve ser encimado por um queimador, normalmente constituído por uma manilha de
concreto ou de barro vidrado colocada na posição vertical.
O sistema de drenagem de gases deve ser vistoriado permanentemente, de forma a manter os
queimadores sempre acesos, principalmente em dias de vento forte.

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Execução dos poços de drenagem de gás

ATERROS CONTROLADOS
O aterro controlado deve ser construído e operado exatamente como um aterro sanitário.
Por não possuir sistema de coleta de chorume, esse líquido fica retido no interior do aterro. Assim, é
conveniente que o volume de água de chuva que entre no aterro seja o menor possível, para minimizar a
quantidade de chorume gerado. Isso pode ser conseguido empregando-se material argiloso para efetuar
a camada de cobertura provisória e executando-se uma camada de impermeabilização superior quando
o aterro atinge sua cota máxima operacional.
Também é conveniente que a área de implantação do aterro controlado tenha um lençol freático
profundo, a mais de três metros do nível do terreno.
Normalmente, um aterro controlado é utilizado para cidades que coletem até 50t/dia de resíduos
urbanos, sendo desaconselhável para cidades maiores.

ATERROS CLASSE II
O aterro Classe II é como um aterro sanitário para lixo domiciliar mas, normalmente, sem o sistema de
drenagem de gases.
A 1,5m do nível máximo do lençol freático, a partir de baixo para cima, o aterro Classe II é constituído
das seguintes camadas:
• camada de impermeabilização de fundo, com manta plástica (0,8 a 1,2mm de espessura) ou com
argila de boa qualidade (k = 10-6cm/s; e > 80cm);
• camada de proteção mecânica (somente se a impermeabilização for feita com manta sintética);
• sistema de drenagem de percolado;
• camadas de resíduos (de 4,0 a 6,0m de altura) entremeadas com camadas de solo de 25cm de
espessura;
• camada de impermeabilização superior4, com manta plástica (0,8 a 1,2mm de espessura) ou com
argila de boa qualidade (k = 10-6cm/s; e > 50cm);
• camada drenante de areia com 25cm de espessura (necessária somente se houver
impermeabilização superior);
• camada de solo orgânico (e > 60cm);
• cobertura vegetal com espécies de raízes curtas.
O líquido percolado, coletado através de um sistema de drenagem, similar ao apresentado na Figura
37, deve ser conduzido para tratamento. O tipo de tratamento a ser adotado depende das características
dos resíduos aterrados, sendo usual a adoção de um processo físico-químico completo seguido de um
processo biológico convencional (lagoas de estabilização ou lodos ativados).

ATERROS CLASSE I
As condições de impermeabilização dos aterros Classe I são mais severas que as da classe anterior.
A distância mínima do lençol d'água é de três metros e as seguintes camadas são obrigatórias:
• dupla camada de impermeabilização inferior com manta sintética ou camada de argila (e > 80cm; k
< 10-7cm/s);

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• camada de detecção de vazamento entre as camadas de impermeabilização inferior;
• camada de impermeabilização superior;
• camada drenante acima da camada de impermeabilização superior (e = 25cm).

APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO GÁS DE ATERRO NO BRASIL5


O Aproveitamento energético do gás de aterro, além de seu valor como fonte descentralizada de
energia elétrica, reduz o potencial de efeito estufa dos gases emitidos na conversão do metano (CH4) –
gás que tem alto potencial de aquecimento global (GWP, da sigla em inglês para global warming potencial)
em gás carbônico (CO2) – com GWP mais de vinte vezes mais baixo que o CH4, segundo o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC. Além disso, este aproveitamento pode substituir
fontes fósseis de geração de energia da matriz por uma fonte renovável.
Como no Brasil o aproveitamento energético do gás de aterro era quase inexistente até as discussões
no âmbito do Protocolo de Quioto, ele não entra no que se chama de “linha de base”. Ou seja, por não
ter existido antes, entende-se que ocorre devido ao incentivo dos créditos de carbono. Desta maneira,
considera-se que a atividade é adicional ao que ocorreria na ausência do protocolo, sendo elegível para
receber esses créditos, denominados Reduções Certificadas de Emissões ou RCEs.15 Isto pode ocorrer
mesmo em casos hipotéticos em que o fluxo de caixa dos projetos seja atrativo.
Aproveitamento energético do gás de aterro no Brasil responde por apenas pouco mais de 2% da
capacidade instalada de geração de energia (3.517 MW) entre os projetos no âmbito do mecanismo de
desenvolvimento limpo (MDL) – mecanismo de flexibilização previsto no Protocolo de Quioto que permite
projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento possam ser utilizados para países
desenvolvidos atingirem suas metas de redução de emissões (Brasil, 2010b). Neste trecho do diagnóstico
de resíduos sólidos, considerando que outras iniciativas sejam negligenciáveis, deixa-se o pressuposto
de que todos os projetos de aproveitamento de gás de aterro para produção de energia elétrica
submeteram projetos de MDL para validação.

O Projeto de Aproveitamento do Biogás de Aterro Sanitário (NovaGerar) foi pioneiro em aproveitar


recursos advindos das negociações no âmbito da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima e seu
Protocolo de Quioto para viabilizar o uso de biogás de aterro como fonte energética. Seu projeto previa
reduzir 14.073 mil t de gás carbônico equivalentes (CO2eq) em 21 anos ao gerar, de forma líquida, 654
mil MWh de energia elétrica neste período.16 Seguiram projetos maiores, como o Projeto Bandeirantes
de Gás de Aterro e Geração de Energia (capacidade instalada de 22 MW), com previsão de receber 7.500
mil RCEs em sete anos, e o Projeto Gramacho de Gás de Aterro, previsto para gerar 5.966.573 RCEs,
também nos sete primeiros anos do projeto.
Projetos de recuperação de gás de aterro e de geração de energia por combustão do gás devem estar
atrelados a uma política de destinação otimizada de resíduos sólidos.
Se considerado o balanço energético de uma gestão de resíduos que englobe coleta seletiva, reuso e
reciclagem de materiais e captação de gás de aterro para fins energéticos, ela é fortemente positiva, pois
soma a economia de energia advinda da produção de bens a partir de matériaprima reciclada – em vez
da extração de novo – com a geração de energia propriamente dita.

5 http://www.portalresiduossolidos.com

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Pode-se gerar energia a partir de resíduos sólidos tanto do gás de aterro, a partir da decomposição
anaeróbica dos resíduos orgânicos, do papel e papelão, como a partir da combustão direta dos resíduos.
No entanto, na combustão, para se ter níveis aceitáveis de emissões de furanos, dioxinas e cinzas, além
de tratamento do resíduo sólido da combustão – conforme tecnologia descrita em Bilitewski, Härdtle e
Marek (2000) –, é necessário um investimento financeiro que, via de regra, não compensa a diferença de
geração de energia, mesmo contabilizando as emissões evitadas de gases causadores do efeito estufa
– GEEs (Dijkgraaf e Vollebergh, 2004; 2008). Na Alemanha, por exemplo, o alto investimento em
instalações adequadas para a combustão de lixo com geração de energia forçou o país a importar
resíduos sólidos da Itália para compensar o custo afundado e fornecer a energia planejada quando a
geração de resíduos não atendeu as previsões (Observ’er, 2008).
O biogás para aproveitamento energético, que pode ser proveniente não apenas de captura de biogás
de aterros sanitários – resíduos sólidos –, mas também de vários tipos de rejeitos, como efluentes urbanos
(esgoto), dejetos de animais e/ou vegetais em biodigestores, vinhoto ou ainda da indústria de celulose,
pode ser utilizado na sua forma bruta, gerando energia por “queimadores” (flairs) ou em substituição ao
gás de cozinha, ou pode ainda ser melhorado mediante tecnologia específica (enriquecendo o gás
resultante de cerca de 55% CH4, para 92% CH4) para substituir o gás natural em veículos ou na indústria.
A participação da geração de energia por uso de resíduos sólidos no Brasil ainda é muito tímida, não
chegando a ser explicitada no Balanço Energético Nacional – BEN (EPE, 2009). Na Comunidade
Europeia, os governos garantem preços premium semelhantes aos pagos por energia eólica à energia
gerada por biogás (Ewea, 2009). A capacidade instalada de produção de eletricidade desta modalidade
– 19,9 MWh – corresponde a 24% da eletricidade produzida entre as diversas fontes de biomassa
(Observ’er, 2008). O biogás proveniente de aterros, na Europa, corresponde a 49% do biogás total,
seguido por biodigestores na agricultura – 36% – e efluentes – 15%. O potencial de biogás neste
continente pode chegar ao suprimento de um terço da demanda por gás.
No Brasil, no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa),
apesar de estar prevista a compra da eletricidade a partir do biogás de aterro sanitário, rico em CH4,
nenhum projeto foi apresentado. Comentários de alguns stakeholders indicam que o índice de
nacionalização exigido pelo Proinfa é muito alto, sendo proibitivo para o setor. Outras fontes citam o
“preço premium”, oferecido na primeira fase do Proinfa para a energia gerada por gás de aterro como não
sendo suficientemente atrativo – Costa (2006) e os documentos de concepção de projeto (DCPs), Projeto
Gramacho de Gás de Aterro. A exigência de que os créditos de carbono gerados em projetos com o
financiamento do Proinfa sejam atribuídos à Centrais Elétricas Brasileiras – Eletrobras (Decretos no
5.025/2004 e no 5.886/2006) certamente pesou na decisão dos empreendedores do setor.
Em um contexto internacional, é preciso que se tenha em mente que as RCEs, os chamados créditos
de carbono, são um incentivo importante que deve ser aproveitado neste momento em que as
negociações sobre clima possibilitam que haja recursos advindos dos países desenvolvidos para que
países em desenvolvimento adotem métodos e tecnologias que reduzam emissões nas atividades
econômicas, em especial na geração de energia. Políticas de incentivo, como houve na primeira fase do
Proinfa, devem ser melhoradas para contemplar de maneira mais eficaz o aproveitamento energético de
resíduos, de forma a viabilizá-la.
Em um futuro próximo, o aproveitamento energético de fontes como resíduo podem vir a se tornar uma
obrigação, sem qualquer subvenção externa. Entretanto, é preciso mencionar que o Brasil defende nas
convenções internacionais que o GWP calculado em horizontes de cem anos, como publicado pelo IPCC,
infla a diferença entre o GWP do CH4 em relação ao CO2. Neste sentido, é preciso ter em mente que
uma possível queda nesta diferença deve entrar no estudo de viabilidade dos empreendedores, baixando
o potencial de ganho com créditos de carbono, porém em uma escala muito pequena se comparada à
flutuação dos preços de mercado em relação ao tamanho das metas que estão sendo discutidas para
serem estabelecidas em um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto.
É necessário, também, que projetos de lei e planos que visem ao incentivo dessa geração de energia
considerem que a obrigação do aproveitamento energético de resíduos pode impedir que se obtenha
receita advinda de créditos de carbono, dado que para ser elegível a receber RCEs, a atividade que
mitigue emissões de GEEs deve ser de caráter voluntário. Na tabela abaixo pode-se observar o número
de projetos de MDL no Brasil envolvendo aterros.
Apesar de a viabilidade técnica e econômica da implantação de aterros dotados de um sistema de
geração de energia proveniente do gás de aterro depender de uma quantidade mínima de resíduos
aterrados, o incentivo à criação de gestões compartilhadas dos resíduos de vários municípios, conforme
a PNRS, deverá causar um ganho de escala que viabilize não só o aproveitamento de resíduos recicláveis
de pequenos municípios, mas também a emissão do gás de aterro como fonte de energia.

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RECUPERAÇÃO DE RECICLÁVEIS
A criação de políticas ambientais nos países desenvolvidos despertou o interesse da população pela
questão dos resíduos sólidos. O aumento da geração per capita de lixo, fruto do modelo de alto consumo
da sociedade capitalista, começou a preocupar ambientalistas e a população, tanto pelo seu potencial
poluidor, quanto pela necessidade permanente de identificação de novos sítios para aterro dos resíduos.
Entre as alternativas para tratamento ou redução dos resíduos sólidos urbanos, a reciclagem é aquela
que desperta o maior interesse na população, principalmente por seu forte apelo ambiental.
Os principais benefícios ambientais da reciclagem dos materiais existentes no lixo (plásticos, papéis,
metais e vidros) são:
• a economia de matérias-primas não-renováveis;
• a economia de energia nos processos produtivos;
• o aumento da vida útil dos aterros sanitários.
Outro aspecto relevante que deve ser considerado é que a implantação de programas de reciclagem
estimula o desenvolvimento de uma maior consciência ambiental e dos princípios de cidadania por parte
da população.
O grande desafio para implantação de programas de reciclagem é buscar um modelo que permita a
sua auto sustentabilidade econômica. Os modelos mais tradicionais, implantados em países
desenvolvidos, quase sempre são subsidiados pelo poder público e são de difícil aplicação em países em
desenvolvimento.
Embora a escassez de recursos dificulte a implantação de programas de reciclagem, algumas
municipalidades vêm procurando modelos alternativos adequados às suas condições econômicas.

As condições técnicas e operacionais mais frequentes de prestação dos


serviços de abastecimento de água potável e de esgotamento sanitário.

DELIBERAÇÃO ARSESP Nº 106, de 13-11-2009

Estabelece as condições gerais para a prestação e utilização dos serviços públicos de abastecimento
de água e de esgotamento sanitário.

TEXTO INTEGRAL
CAPÍTULO I
DO OBJETIVO

Art. 1º Esta Deliberação tem por objeto estabelecer as disposições relativas às condições gerais para
a prestação e utilização dos serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário
pelos prestadores e usuários desses serviços regulados pela ARSESP nos termos dos artigos 10 e 11 da
Lei Estadual Complementar nº 1.025, de 7 de dezembro de 2007.
Parágrafo único. Esta deliberação disciplinará as matérias atinentes à relação dos prestadores com os
usuários dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

CAPÍTULO II
DAS DEFINIÇÕES

Art. 2º Para os fins e efeitos desta Deliberação, são adotadas as seguintes definições:
I – Abastecimento de água: serviço público que abrange atividades, infraestruturas e instalações de
abastecimento público de água potável, que envolve, parcial ou integralmente, as etapas de captação,
elevação, tratamento, reservação, adução e distribuição de água, até as ligações prediais e respectivos
medidores;
II – Acreditação: declaração oficial de habilitação emitida pelo órgão metrológico oficial ou por entidade
pública por ele autorizada, ao laboratório que atenda aos requisitos estabelecidos, tornando-o apto à
realização das atividades metrológicas;
III – Adutora: tubulação principal de um sistema de abastecimento de água situada, geralmente, entre
a captação e a estação de tratamento, ou entre esta e os reservatórios de distribuição;
IV – Aferição do medidor: verificação das medidas indicadas pelo medidor e sua conformidade com as
condições de operação estabelecidas na legislação metrológica, realizada pelo prestador do serviço de

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abastecimento de água ou esgotamento sanitário, órgão metrológico oficial, entidade acreditada na
unidade usuária ou em laboratórios;
V – Água bruta: água da forma como é encontrada na natureza antes de receber qualquer tipo de
tratamento;
VI – Água potável: água cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao
padrão de potabilidade, definido pelo órgão competente;
VII – Água de reuso: água proveniente do processo de tratamento de esgotos, não potável, destinada
a usos diversos que não o consumo humano ou animal;
VIII – Água tratada: água submetida a tratamento prévio, através de processos físicos, químicos e/ou
biológicos de tratamento, com a finalidade de torná-la apropriada para determinado fim;
IX – Alta de consumo: consumo mensal da unidade usuária, cujo volume medido ultrapassa em 50%
(cinqüenta por cento), no mínimo, a média dos últimos 180 (cento e oitenta) dias efetivamente medidos;
X – Aviso de débito: comunicado ao usuário informando o valor do débito pendente em seu nome;
XI - Caixa de inspeção: dispositivo destinado a permitir a transição entre o ramal interno e o ramal
predial de esgoto, bem como a inspeção, limpeza, desobstrução, a partir do ponto de coleta de esgoto;
XII – Cavalete: conjunto padronizado de tubulações e conexões, ligado ao ramal predial de água,
destinado à instalação do hidrômetro; é considerado o ponto de entrega de água no imóvel;
XIII – Ciclo de Faturamento: período entre uma leitura e outra do medidor, correspondente ao
faturamento de determinada unidade usuária;
XIV – Coleta de esgoto: recolhimento do esgoto das unidades usuárias por meio de ligações à rede
coletora com a finalidade de afastamento;
XV – Consumo mínimo: volume mínimo de água expresso em m3 (metro cúbico), que determina para
cada categoria de uso, o valor da conta mínima a ser faturada por mês, por ligação ou economia, nos
termos de definição da ARSESP;
XVI – Contrato especial de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário: instrumento pelo
qual o prestador de serviços e o usuário ajustam as características técnicas e as condições comerciais
dos serviços, nos termos da deliberação da ARSESP;
XVII – Contrato de adesão: contrato padronizado, que disciplina as condições para o abastecimento
de água e/ou esgotamento sanitário, em conformidade com o modelo elaborado pela ARSESP, não
podendo seu conteúdo ser modificado pelo prestador de serviços ou pelo usuário;
XVIII - Corte do Fornecimento: suspensão do serviço de abastecimento de água, pelo prestador, por
meio de instalação de dispositivo supressor ou outro meio, sem a retirada do hidrômetro e sem a
interrupção do faturamento;
XIX – Efluente não doméstico: resíduo líquido proveniente de utilização de água para fins comerciais
ou industriais e que adquire características próprias em função do processo empregado;
XX – Economia: imóvel ou subdivisão de imóvel, com numeração própria, caracterizada como unidade
autônoma de consumo, de qualquer categoria, atendida por ramal próprio ou compartilhado com outras
economias.
XXI - Esgotamento sanitário: serviço público que abrange atividades, infraestruturas e instalações, e
envolve uma ou mais etapas de coleta, afastamento, transporte, tratamento e disposição final dos esgotos
sanitários;
XXII - Esgoto doméstico ou domiciliar: provêm principalmente de residências, edifícios comerciais,
instituições ou quaisquer edificações que contenham instalações de banheiros, lavanderias, cozinhas ou
qualquer dispositivo de utilização da água para fins com característica de doméstico.
XXIII – Estação elevatória: conjunto de bombas, tubulações, equipamentos e dispositivos destinados
à elevação de água ou esgoto;
XXIV - Exclusão da ligação: consiste na exclusão da ligação do cadastro do prestador de serviço, após
a verificação de inexistência da mesma.
XXV – Fatura: documento comercial que apresenta o valor monetário total que deve ser pago pelo
usuário ao prestador dos serviços de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário, devendo
especificar claramente os serviços fornecidos, o volume faturado, tarifa e período de faturamento, nos
termos desta Deliberação;
XXVI – Fonte alternativa de abastecimento de água: fonte de suprimento de água não proveniente do
sistema público de abastecimento;
XXVII – Hidrômetro: aparelho destinado a medir, indicar, totalizar e registrar, cumulativamente e
continuamente, o volume de água que o atravessa, fornecido por meio da ligação a uma unidade usuária;
XXVIII – Inspeção: procedimento fiscalizatório da unidade usuária, efetivado a qualquer tempo, com
vistas a verificar sua adequação aos padrões técnicos e de segurança do prestador de serviços, o
funcionamento do sistema de medição e a conformidade dos dados cadastrais;

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XXIX – Instalação predial de água: conjunto de tubulações, reservatórios, equipamentos, peças e
dispositivos localizados depois do ponto de entrega de água, na área interna da edificação e empregados
para a distribuição de água na unidade usuária;
XXX - Instalação predial de esgoto: Conjunto de tubulações, equipamentos, peças, inclusive caixa de
inspeção, e dispositivos localizados na área interna da unidade usuária, na divisa do terreno com o
passeio público, empregados na coleta de esgotos, sob responsabilidade de uso e manutenção do
usuário;
XXXI – Lacre: dispositivo de segurança destinado a preservar a integridade e inviolabilidade de
medidores e da ligação de água em face de atos que possam prejudicar a medição e o sistema de
abastecimento de água;
XXXII – Ligação: é a interligação do ponto de entrega de água ou de coleta de esgoto às instalações
da unidade usuária;
XXXIII - Ligação Ativa: imóvel com ligação de água e/ou esgoto conectada à rede pública e com
cadastro regular junto ao prestador de serviço;
XXXIV - Ligação Inativa: imóvel com a ligação de água e/ou esgoto suprimida, permanecendo no
cadastro do prestador de serviço;
XXXV – Medição: processo de apuração de consumo que possibilita a quantificação e o registro de
grandezas associadas ao volume de água e de esgoto.
XXXVI - Medidor: aparelho, inclusive hidrômetro, destinado a medir, indicar, totalizar e registrar,
cumulativamente e continuamente, o volume de esgoto coletado ou de água que o atravessa, fornecido
por meio da ligação a uma unidade usuária;
XXXVII – Monitoramento operacional: acompanhamento e avaliação dos serviços mediante o uso de
equipamentos e instalações pertencentes aos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento
sanitário;
XXXVIII – Padrão de ligação de água: conjunto de elementos do ramal predial de água constituído pela
unidade de medição ou cavalete, registro e dispositivos de proteção e de controle e/ou de medição de
consumo, que interliga a rede de água à instalação predial do usuário;
XXXIX - Plano de investimentos: programação de investimentos do prestador nas infraestruturas e
serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, integrante do contrato de concessão,
contrato de programa ou de outros compromissos assumidos pelo prestador;
XL – Ponto de entrega de água: é o ponto de conexão do ramal predial de água com as instalações
prediais do usuário, caracterizando-se como o limite de responsabilidade do prestador de serviços de
abastecimento de água;
XLI - Ponto de coleta de esgoto: é o ponto de conexão do ramal predial de esgoto com as instalações
prediais do usuário, caracterizando-se como o limite de responsabilidade do prestador de serviços de
esgotamento sanitário;
XLII – Ponto de utilização: extremidade localizada nas instalações internas da unidade usuária que
fornece água para uso;
XLIII - Prestador de Serviços: titular ou terceiro responsável pela prestação de serviços públicos de
água e de esgotamento sanitário;
XLIV– Ramal predial de água: trecho de ligação de água, composto de tubulações e conexões, situado
entre a rede pública de abastecimento de água e o ponto de entrega de água;
XLV – Ramal predial de esgoto: trecho de ligação de esgoto, composto de tubulações e conexões,
situado entre o ponto de coleta de esgoto e a rede pública de esgotamento sanitário;
XLVI – Rede pública de abastecimento de água: conjunto de tubulações e equipamentos que compõem
o sistema público de abastecimento de água;
XLVII – Rede pública de esgotamento sanitário: conjunto de tubulações, peças e equipamentos que
interligam os pontos de coleta aos locais de despejo, sendo parte integrante do sistema público de coleta
de esgotos;
XLVIII – Registro: peça instalada no cavalete destinada ao controle e interrupção do fluxo de água;
XLIX – Religação: procedimento efetuado pelo prestador que objetiva retomar o fornecimento dos
serviços, suspenso em decorrência de supressão;
L – Reservatório: componente do sistema público de abastecimento de água destinado a armazenar
água para assegurar a normalidade do fornecimento e otimizar o funcionamento dos sistemas de
produção e distribuição;
LI - Restabelecimento dos serviços: procedimento efetuado pelo prestador que objetiva retomar o
fornecimento dos serviços, suspenso em decorrência de corte;
LII – Sistema público de abastecimento de água: conjunto de infraestruturas, instalações e
equipamentos necessários ao abastecimento público de água potável;

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LIII – Sistema público de esgotamento sanitário: conjunto de infraestruturas, instalações e
equipamentos necessários ao esgotamento sanitário utilizados nas atividades de coleta, afastamento,
tratamento e disposição final de esgotos;
LIV - Supressão da ligação: interrupção dos serviços, por meio de intervenção no ramal, com a retirada
ou não do hidrômetro e inativação da ligação no cadastro comercial;
LV - Unidade usuária: economia ou conjunto de economias atendidas por meio de uma única ligação
de água e/ou de esgoto;
LVI - Usuário: pessoa física ou jurídica, ou comunhão de fato ou de direito, legalmente representada,
que solicitar ao prestador de serviços o abastecimento de água e/ou o esgotamento sanitário, regido por
contrato firmado ou de adesão, e a responsável pelo pagamento das faturas e pelas demais obrigações
fixadas em normas legais, regulamentares ou contratuais;
LVII – Vazamento não visível: vazamento de difícil percepção, inclusive pelo usuário, cuja detecção na
maioria das vezes é feita por meio de testes ou por técnicos especializados.

CAPÍTULO III
DA UNIDADE USUÁRIA

Seção I
Da Titularidade

Art. 3º Um usuário poderá ser titular de uma ou mais unidades usuárias, no mesmo local ou em local
diversos.
Parágrafo único. O atendimento a mais de uma unidade usuária, de um mesmo usuário, no mesmo
local, condicionar-se-á à observância de requisitos técnicos e de segurança, previstos em normas e/ou
padrões do prestador dos serviços de água e/ou esgotamento sanitário.

Seção II
Das Categorias

Art. 4º. As economias atendidas com serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento
sanitário são classificadas nas seguintes categorias, conforme critérios estabelecidos por deliberação da
ARSESP:
I – residencial: ligação usada exclusivamente em moradias;
II – comercial: ligação na qual a atividade exercida estiver incluída na classificação de comércio e
serviços estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
III – industrial: ligação na qual a atividade exercida estiver incluída na classificação de indústria
estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
IV – pública: ligação usada por órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, e, Autarquias e
Fundações vinculadas aos Poderes Públicos;
V – outras: novas categorias que venham a ser criadas pela ARSESP para as atividades exercidas
que não se enquadrem nas categorias relacionadas acima;
§ 1º Todos os imóveis com ligações de caráter temporário serão classificados na categoria comercial,
exceto os descritos no § 2º.
§ 2º Ficam incluídas na categoria industrial: I - as embarcações de qualquer calado;
II - as obras em construção referentes a edificações que tenham área construída igual ou superior a
100 (cem) metros quadrados.
§ 3º Depois de concluídas as obras de que trata o inciso II do § 2º, o imóvel deverá ser recadastrado
conforme a categoria que será destinada, competindo ao usuário promover tal comunicação.
§ 4º Quando uma mesma ligação for utilizada para mais de uma atividade, para efeito de classificação,
o prestador de serviços deverá informar e possibilitar ao usuário a opção dentre as seguintes alternativas:
a) uso misto, com divisão de consumo medido pelo número de economias e suas respectivas tarifas;
b) separação da ligação das unidades usuárias;
c) classificação da unidade usuária na categoria de maior consumo.
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, o usuário pode solicitar medição de água em separado,
cabendo-lhe, neste caso, a responsabilidade pela adequação do ponto de entrega de água e ponto de
coleta de esgoto, nos termos das normas técnicas do prestador de serviços e desde que viável a execução
da conexão pelo mesmo.
§ 6º Na criação de subcategorias pela ARSESP, serão consideradas as características sócio-
econômica dos usuários e os benefícios sociais e ambientais inerentes aos serviços de saneamento

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básico.

Art. 5º Caberá ao interessado informar ao prestador de serviços a natureza da atividade a ser exercida
na unidade usuária e a finalidade da utilização da água, bem como as alterações supervenientes que
importarem em reclassificação, respondendo o usuário na forma de lei, por declarações falsas ou omissão
de informações.

Art. 6º Quando houver reclassificação da unidade usuária, o prestador do serviço deve proceder aos
ajustes necessários, bem como:
I - emitir comunicado específico ao usuário, no prazo mínimo de 10 (dez) dias úteis antes da
apresentação da fatura subseqüente à reclassificação, esclarecendo as condições da nova categoria e
tarifa; e
II - quando for o caso, emitir comunicado ao usuário responsável, no prazo mínimo de 10 (dez) dias
úteis antes da reclassificação, informando-o da necessidade de celebrar aditivo ao contrato de
fornecimento de água e/ou esgotamento sanitário.
§ 1º Nos casos de reclassificação da unidade usuária por classificação incorreta por culpa exclusiva
do usuário, o prestador de serviços deverá realizar os ajustes necessários e emitir comunicado específico,
informando as alterações, no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o prestador de serviços cobrar os
valores retroativos a até 90 (noventa) dias para os casos onde foi feita cobrança a menor.
§ 2º No caso de erro de classificação da unidade usuária por culpa exclusiva do prestador de serviços,
o usuário deverá ser ressarcido dos valores cobrados a maior e comprovadamente pagos, sendo vedado
ao prestador cobrar-lhe a diferença referente a pagamentos a menor.

Seção III
Do Ponto de Entrega

Art. 7º. O ponto de entrega de água deverá situar-se na linha limite (testada) do terreno com o
logradouro público, em local de fácil e livre acesso, que permita a instalação do padrão de ligação e leitura
do medidor.
§ 1º Havendo uma ou mais propriedades entre a via pública e o imóvel em que se localiza a unidade
usuária, o ponto de entrega situar-se-á no limite da via pública com a primeira propriedade intermediária,
de acordo com o padrão técnico estabelecido pelo prestador de serviços.
§ 2º Havendo conveniência técnica e observados os padrões do prestador de serviços, o ponto de
entrega poderá situar-se dentro do imóvel em que se localizar a unidade usuária.
§ 3º O prestador deverá elaborar descritivo do(s) modelo(s) de padrão de ligação de água,
compreendendo no mínimo, o tipo do material e dimensões das tubulações, conexões, medidor, caixa de
proteção e lacres. O modelo de padrão de ligação deverá ser aprovado pela ARSESP e observado nas
novas ligações e sempre que houver necessidade de troca do padrão nas ligações existentes.
§ 4o O modelo de padrão de ligação de água a que se refere o parágrafo anterior será apresentado
pelo prestador ao usuário, sempre que solicitado.
§ 5º - O prestador de serviço poderá desenvolver padrão de ligação de água específico para ligação
que apresente característica especial, devidamente e formalmente caracterizada pelo usuário e pelo
prestador de serviço.

Art. 8º. O prestador de serviços deverá adotar todas as providências com vistas a viabilizar a prestação
dos serviços contratados até o ponto entrega de água e de coleta de esgoto.
§ 1º Incluem-se nestas providências a elaboração de projetos e execução de obras, e, quando for o
caso a sua participação financeira e a participação financeira do usuário e/ou interessado.
§ 2º As obras de que trata o parágrafo anterior, caso pactuadas entre as partes, poderão ser
executadas pelo interessado, mediante a contratação de firma habilitada.
§ 3º No caso da obra ser executada pelo interessado, o prestador de serviços fornecerá a autorização
para a sua execução, após aprovação do projeto que será elaborado de acordo com as suas normas e
padrões, que deverão ser previamente disponibilizados ao interessado.
§ 4º O prestador de serviços deverá, ao analisar o projeto ou a obra, indicar, no prazo máximo de 45
(quarenta e cinco) dias:
I - todas as alterações necessárias ao projeto apresentado, justificando-as indicando o prazo de
validade das informações; e
II - todas as adequações necessárias à obra, de acordo com o projeto por ele aprovado dentro do
período de validade do estudo efetuado pelo prestador de serviços.

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§ 5º Caso haja outras alterações ou adequações que não tenham sido tempestivamente indicadas pelo
prestador, este será responsável por sua execução, exceto quando há perda de prazo por parte do
interessado.
§ 6º As instalações resultantes das obras de que tratam os parágrafos deste artigo irão compor o
acervo da rede pública, sujeitando-se ao registro patrimonial, na forma das deliberações da ARSESP, e
poderão destinar-se também ao atendimento de outros usuários que possam ser beneficiados.

CAPÍTULO IV
DO PEDIDO DE LIGAÇÃO DE ÁGUA E DE ESGOTO

Seção 1
Do Pedido de Ligação Definitiva

Art. 9º. O pedido de ligação de água e/ou de esgoto caracteriza-se por um ato do interessado, no qual
ele solicita o fornecimento de água e/ou a coleta de esgoto ao prestador de serviços, assumindo a
responsabilidade pelo pagamento das faturas do serviço realizado pelo prestador de serviços, através de
contrato firmado ou de contrato de adesão, conforme o caso.
§ 1º As ligações poderão ser temporárias ou definitivas.
§ 2º Efetivado o pedido de ligação de água e/ou de esgoto ao prestador de serviços, este cientificará
ao usuário quanto à:
I - obrigatoriedade de:
a) apresentar a carteira de identidade, ou na ausência desta, outro documento de identificação
equivalente com foto (Carteira Nacional de Habilitação, Carteira de Conselhos Profissionais) e, se houver,
o Cartão de Cadastro de Pessoa Física (CPF), quando pessoa física, ou o documento relativo ao Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), quando pessoa jurídica;
b) apresentar um dos seguintes documentos comprobatórios da propriedade ou da posse do imóvel:
escritura pública, matrícula do registro do imóvel, carnê do IPTU, contrato particular de compra e venda
ou de locação;
c) efetuar o pagamento mensal pelos serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento
sanitário até a data de vencimento, de acordo com as tarifas, sob pena de acréscimos por impontualidade
nos termos do artigo 79 e de interrupção da prestação dos serviços nos termos do artigo 89;
d) observar nas instalações hidráulicas e sanitárias da unidade usuária, as normas expedidas pelos
órgãos oficiais pertinentes e as normas e padrões do prestador de serviços, postas à disposição do
interessado, sob pena de interrupção da prestação dos serviços nos termos dos artigos 88 e 89;
e) instalar em locais apropriados de livre acesso, caixas, abrigos ou cubículos destinados à instalação
de medidores e outros aparelhos exigidos, conforme normas procedimentais do prestador de serviços;
f) declarar, sempre que exigido pelo prestador, o número de pontos de utilização da água na unidade
usuária, de acordo com as suas orientações;
g) celebrar os respectivos contratos de adesão ou de abastecimento de água e/ou de esgotamento
sanitário; e
h) fornecer informações referentes à(s) natureza(s) da(s) atividade(s) desenvolvida(s) na unidade
usuária, a(s) finalidade(s) da utilização da água, uso de fontes alternativas de abastecimento de água e
comunicar eventuais alterações supervenientes.
II - eventual necessidade de:
a) executar serviços nas redes e/ou instalação de equipamentos do prestador de serviços ou do
usuário, conforme a vazão disponível e a demanda a ser atendida;
b) obter autorização dos órgãos competentes para a construção de adutoras e/ou interceptores quando
forem destinados a uso exclusivo do interessado;
c) apresentar licença emitida por órgão responsável pela preservação do meio ambiente, quando a
unidade usuária localizar-se em área com restrições de ocupação;
d) participar financeiramente das despesas relativas às instalações a serem executadas pelo prestador
necessárias ao abastecimento de água e/ou coleta de esgoto, incluindo mão-de-obra, encargos,
equipamentos e materiais, na forma das normas legais, regulamentares ou pactuadas entre as partes;
e) tomar as providências necessárias à obtenção de eventuais benefícios estipulados pela legislação;
e
f) aprovar, junto ao prestador de serviços, projeto de extensão de rede pública antes do início das
obras, quando houver interesse do usuário na sua execução mediante a contratação de terceiro
legalmente habilitado.
§ 3º O prestador de serviços deverá encaminhar ao usuário cópia do contrato de adesão até a data de

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apresentação da primeira fatura.
§ 4º Quando da efetivação da ligação, o prestador de serviços deverá informar ao usuário, quando
houver, as características e exigências para obtenção dos benefícios decorrentes de políticas de
diferenciação tarifaria.
§ 5º A obrigatoriedade de apresentação dos documentos mencionados no parágrafo 1º, incisos I e II,
poderá ser afastada em situações excepcionais, observadas as exigências dos artigos 15 e 16, devendo
sempre e obrigatoriamente haver o cadastramento do usuário que solicitou a ligação.
a) Na falta da documentação do usuário o prestador poderá efetivar o pedido de ligação de água e/ou
de esgotos, exclusivamente para atender usuário de baixa renda, mediante a assinatura de termo de
responsabilidade pelo usuário cadastrado.
b) Na falta da documentação do imóvel o prestador poderá efetivar o pedido de ligação de água e/ou
de esgotos, exclusivamente para atender o usuário de baixa renda ou núcleos onde a área está
regularizada, mas não os imóveis, mediante assinatura de termo de responsabilidade pelo usuário
cadastrado.
c) Para o cadastramento da ligação em determinada categoria de uso o prestador avaliará a utilização
dos serviços no imóvel juntamente com a documentação apresentada, e, em havendo incompatibilidade
prevalecerá a finalidade de utilização dos serviços para efeito de cadastramento.

Art. 10. Toda construção permanente urbana, em uso, situada em via pública beneficiada com redes
públicas de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário deverá interligar-se à rede pública, de
acordo com o disposto no artigo 45 da Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, respeitadas as
exigências técnicas do prestador de serviços.
§ 1º Na hipótese do caput deste artigo é dever do usuário providenciar as medidas necessárias em
suas instalações prediais, que permitam o abastecimento de água e a coleta de esgotos pelo prestador e
solicitar o fornecimento dos serviços.
§ 2º Uma vez tomadas pelo usuário as medidas a que se referem o parágrafo anterior, é dever do
prestador fornecer os serviços, salvo nas situações expressamente excepcionadas nesta Deliberação.
§ 3o Desde que preservada a isonomia entre os usuários, o prestador poderá, justificadamente,
permitir que o usuário não efetue a interligação de seu imóvel à rede de abastecimento de água.
§ 4o A faculdade prevista no parágrafo anterior não se aplica ao caso de interligação à rede de
esgotamento sanitário em área urbana.
§ 5º O prestador apresentará à ARSESP relatório em até 180 dias do final de cada exercício anual
sobre as interligações não efetuadas com base no parágrafo 3º deste artigo, discriminando as razões que
justificaram as exceções e a natureza da utilização de água pelos usuários.

Art. 11. O prestador de serviços não poderá condicionar a ligação à quitação ou renegociação de
débitos anteriores do mesmo usuário, para o mesmo ou para outro imóvel.
§ 1º O prestador de serviços não poderá condicionar a ligação de unidade usuária ao pagamento de
débito pendente em nome de terceiros, ainda que referente ao mesmo imóvel.

Art. 12. Para que os pedidos de ligação possam ser atendidos deverá o interessado, se aprovado o
orçamento apresentado pelo prestador de serviços, efetuar o pagamento das despesas decorrentes, no
caso de:
I - serem superadas as distâncias previstas no caput do artigo 32; e II - haver necessidade de
readequação da rede pública;
§ 1º O pagamento a que se refere o caput deverá ser realizado previamente à execução das obras ou
serviços, salvo se o prestador negociar forma alternativa de pagamento, inclusive parcelado.
§ 2º O pagamento previsto na hipótese do inciso II somente será devido se o investimento estiver em
desacordo com a área ou o cronograma do plano de investimentos, inclusive seus detalhamentos e
alterações.
§ 3º Quando os projetos ou serviços na rede pública forem executados pelo interessado, mediante a
contratação de terceiro legalmente habilitado, o prestador de serviços exigirá o cumprimento de suas
normas e padrões, postas à disposição do interessado, bem como das normas expedidas pelos órgãos
oficiais competentes.
§ 4º O prestador poderá isentar o usuário de baixa renda do pagamento dos custos de ligação de água
e/ou de esgotos.
§ 5º Para os casos previstos no §4º deverá o prestador enviar anualmente, até 30 de abril do ano
subseqüente, relatório consolidado à ARSESP para acompanhamento e exclusão das despesas
efetuadas para fins de remuneração pela tarifa.

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Art. 13. Cada unidade usuária dotada de ligação de água e/ou de esgoto será cadastrada pelo
prestador de serviços, cabendo-lhe um só número de registro ou inscrição, sempre vinculado ao usuário
responsável pela unidade.

Art. 14. O interessado no ato do pedido de ligação de água e/ou de esgoto será orientado sobre o
disposto nesta Deliberação, cuja aceitação ficará caracterizada por ocasião da assinatura do contrato ou
início da disponibilização dos serviços.
Parágrafo único. Ocorrendo reprovação das instalações na inspeção, o prestador de serviços deverá
informar ao interessado, por escrito, o respectivo motivo e as providências corretivas necessárias.

Art. 15. As ligações de água ou de esgoto para unidades situadas em áreas com restrições para
ocupação somente serão executadas mediante autorização expressa da autoridade pública competente
ou por determinação judicial.

Art. 16. As ligações de água e/ou de esgoto de chafariz, banheiros públicos, praças e jardins públicos
serão efetuadas pelo prestador de serviços, mediante solicitação da entidade interessada e responsável
pelo pagamento dos serviços prestados, após expressa autorização da autoridade pública.

Art. 17. Lanchonetes, barracas, quiosques, trailers e outros, fixos ou ambulantes, somente terão
acesso aos ramais prediais de água e/ou esgoto, mediante a apresentação da licença de localização
expedida pelo órgão municipal competente.

Art. 18. O dimensionamento e as especificações das instalações prediais e do coletor predial deverão
estar de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e/ou do prestador
de serviço.

Seção II
Dos Prazos para a Ligação

Art. 19. O pedido de ligação, quando se tratar de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário
em rede pública de distribuição e/ou coletora existentes, será atendido no prazo máximo de 10 (dez) dias
úteis, da seguinte forma, ressalvado o disposto no artigo 20:
I – para a realização de inspeção: até 3 (três) dias úteis;
II – para a execução da ligação com ou sem reposição de pavimentação: até 7 (sete) dias úteis.
(Alterado pela Deliberação Arsesp nº 550/2015).
§ 1º A inspeção para atendimento do pedido de ligação deverá, no mínimo, verificar os dados
cadastrais da unidade usuária e as instalações de responsabilidade do usuário em conformidade com o
artigo 9º, inciso I, alíneas d, e, f e h.
§ 2º Ocorrendo reprovação das instalações na inspeção, o prestador de serviços deverá informar ao
interessado, por escrito, no prazo de 3 (três) dias úteis, o respectivo motivo e as providências corretivas
necessárias.
§ 3º Na hipótese do parágrafo 2º, após a adoção das providências corretivas, o interessado deve
solicitar nova inspeção ao prestador de serviços, que deverá observar os prazos previstos no inciso I
deste artigo.
§ 4º Na hipótese de nova inspeção, nos termos do parágrafo anterior, caso as instalações sejam
reprovadas por irregularidade que não tenha sido apontada anteriormente pelo prestador, caberão a ele
as providências e as despesas decorrentes das medidas corretivas.
§ 5º O prazo fixado no inciso II deste artigo deve ser contado a partir da data de aprovação das
instalações e do cumprimento das demais condições regulamentares pertinentes.
§ 6º Caso os prazos previstos neste artigo não possam ser cumpridos por motivos alheios ao prestador,
este deverá apresentar ao usuário, em até 10 (dez) dias úteis da data do pedido de ligação, justificativa
da demora e estimativa de prazo para o atendimento de seu pedido.
§ 7º Considera-se motivo alheio ao prestador, dentre outros, a demora da expedição de autorizações
e licenças imprescindíveis à realização das intervenções necessárias à ligação por parte dos entes
públicos responsáveis pela gestão do uso do solo, vias públicas e organização do trânsito, desde que
cumpridas todas as exigências legais pelo prestador.
§ 8º No caso de serviços que requeiram a presença do usuário ou responsável, os mesmos deverão
ser executados na data e turno (manhã, tarde ou noite), agendado com o usuário.

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Seção III
Das Obras e Prazos para Viabilização do Atendimento e Orçamento

Art. 20. O prestador de serviços terá o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, a partir da data do pedido
de ligação, para elaborar os estudos, orçamentos e projetos e informar ao interessado, por escrito, o
prazo para conclusão das obras de redes de abastecimento de água e/ou coletora destinadas ao seu
atendimento, nos termos do plano de investimentos, inclusive seus detalhamentos e alterações, bem
como a eventual necessidade de sua participação financeira, nos termos do artigo 12, quando:
I - inexistir rede de distribuição e/ou rede coletora em frente ou na testada da unidade usuária a ser
ligada;
II - a rede de abastecimento e/ou rede coletora necessitar alterações ou ampliações.
§ 1º No caso do inciso I deste artigo, o prazo de execução das obras não poderá ser superior a 90
(noventa) dias, observado o disposto no artigo 23.
§2º No documento formal encaminhado pelo prestador de serviços ao interessado devem ser
informadas as condições de fornecimento, os requisitos técnicos e os respectivos prazos, contendo:
I - obrigatoriamente:
a) relação das obras e serviços necessários ao sistema de distribuição e/ou esgotamento sanitário;
b) prazo de início e de conclusão das obras; e
c) características dos sistemas de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário, incluindo
requisitos técnicos.
II - adicionalmente, quando couber:
a) orçamento da participação financeira, contendo a memória de cálculo dos custos orçados, do
encargo de responsabilidade da prestadora de serviços e da participação financeira do usuário;
b) cronograma físico-financeiro para execução das obras;
c) informações gerais relacionadas ao ponto de ligação, como tipo de terreno, faixa de passagem e
características das instalações;
d) responsabilidades do interessado;
e) classificação da atividade;
f) tarifas aplicáveis;
g) especificação dos contratos a serem celebrados.
§ 3º O orçamento das obras e serviços passíveis de participação financeira do usuário, nos termos
deste artigo, inciso II, alínea a, deve refletir todo o custo que se fizer necessário, de acordo com as normas
e padrões técnicos do prestador de serviços.

Art. 21. O interessado tem o prazo máximo de 15 (quinze) dias, após a data do recebimento das
informações de que trata o artigo 20, para manifestar por escrito ao prestador de serviços sua opção por:
I – concordar com os prazos e condições estipulados pelo prestador
II - solicitar antecipação no atendimento mediante aporte de recursos;
III - executar a obra diretamente.
§ 1º Findo o prazo de que trata o caput deste artigo, sem que haja manifestação do interessado sobre
a sua opção pela forma de execução da obra, orçamento perderá a validade.
I – O orçamento poderá ser prorrogado pelo mesmo prazo caso haja manifestação do interessado
antes do término do prazo inicial.
§ 2º A possibilidade e a forma de posterior participação financeira de outros beneficiados pelas obras
custeadas pelo usuário será objeto de Deliberação da ARSESP.

Art. 22. O prazo e as condições para atendimento em áreas que necessitem de execução de obras
estruturais serão estabelecidos de comum acordo entre as partes, com mediação da ARSESP, se
necessário.

Art. 23. Os prazos para início e conclusão das obras e serviços a cargo do prestador de serviços serão
suspensos quando:
I - o usuário não apresentar as informações que lhe couber;
II - cumpridas todas as exigências legais, não for obtida licença, autorização, aprovação do órgão
competente ou liberação de áreas privadas;
III - não for obtida servidão de passagem ou disponibilizada via de acesso necessária à execução dos
trabalhos; e
IV - por razões de ordem técnica, acidentes, fenômenos naturais, caso fortuito ou força maior.
§ 1º Havendo suspensão da contagem do prazo, o usuário deverá ser informado.

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§ 2º Os prazos continuarão a fluir logo depois de removido o impedimento, devendo o interessado ser
informado a respeito caso a suspensão tenha perdurado por mais do que 5 (cinco) dias úteis.

Seção IV
Dos Prazos para Execução de Outros Serviços

Art. 24. O prestador de serviços deverá estabelecer prazos para a execução de outros serviços
solicitados ou disponibilizados, não definidos nesta Deliberação.
§ 1º Os prazos para a execução dos serviços referidos no caput deste artigo deverão constar da
“Tabela de Preços e Prazos de Serviços”, homologada pela ARSESP e disponibilizada aos interessados.
Consulte:
Deliberação ARSESP n.º 153/2010 - Tabela de Preços e Prazos de Serviços
Deliberação ARSESP n.º 154/2010 – Alteração dos itens 8 e 9 da Tabela de Preços e Prazos de
Serviços
Deliberação ARSESP n.º 180/2010 – Inclusão de novos serviços na Tabela de Preços e Prazos de
Serviços
§ 2º Os serviços cuja natureza não permita definir prazos na “Tabela de Preços e Prazos de Serviços”
deverão ser acordados com o interessado quando da solicitação, observando-se as variáveis técnicas e
econômicas para sua execução.

Seção V
Das Ligações Temporárias

Art. 25. Consideram-se ligações temporárias as que se destinem a canteiro de obra, obras em
logradouros públicos, feiras, circos, exposições, parque de diversões, eventos e outros estabelecimentos
de caráter temporário.

Art. 26. No pedido de ligação temporária o interessado declarará o prazo desejado da ligação, bem
como o consumo provável de água, que será posteriormente cobrado pelo consumo medido por
hidrômetro.
§ 1º As ligações temporárias terão duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias, e poderão ser
prorrogadas a critério do prestador de serviços, mediante solicitação formal do usuário.
§ 2º As despesas com instalação e retirada de rede e ramais de caráter temporário, bem como as
relativas aos serviços de ligação e desligamento, correrão por conta do usuário.
§ 3º O prestador de serviços poderá exigir, a título de garantia, o pagamento antecipado do
abastecimento de água e/ou do esgotamento sanitário, declarados no ato da contratação, equivalente a
até 90 (noventa) dias, com base no consumo provável.
§ 4º Havendo a antecipação de pagamento, o prestador deverá posteriormente reformar as contas
com base no consumo medido e efetuar eventual ressarcimento no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 5º Serão consideradas como despesas referidas no § 2º, os custos dos materiais aplicados e não
reaproveitáveis e demais custos, tais como equipamentos, os de mão-de-obra para instalação, retirada
da ligação e transporte.

Art. 27. O interessado deverá juntar ao pedido de ligação de água e/ou de esgotamento sanitário, a
planta ou croquis das instalações temporárias, alvará que conste o prazo de funcionamento expedido pela
prefeitura municipal e demais documentos estabelecidos pelo prestador de serviços, de acordo com a
atividade que será desenvolvida.
§ 1º Para que seja efetuada sua ligação, o interessado deverá ainda:
I - preparar as instalações temporárias de acordo com a planta ou croquis mencionado no caput deste
artigo;
II - efetuar o pagamento das despesas relativas aos respectivos orçamentos, conforme os parágrafos
2º e 3º do artigo 26; e
III - apresentar as devidas licenças emitidas pelos órgãos competentes
§2º O fornecimento à unidade usuária de caráter não permanente constitui-se em faculdade do
prestador de serviços e condiciona-se à capacidade do sistema de abastecimento de água ou
esgotamento sanitário para atendimento do pedido.
Art. 28. Nas ligações temporárias destinadas a obras, o proprietário deverá informar ao prestador de
serviços a conclusão da construção para fins de conversão para ligação definitiva e enquadramento na
categoria tarifária correspondente.

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Seção VI
Das Ligações Definitivas

Art. 29. As ligações definitivas serão solicitadas pelo interessado ao prestador de serviços com a
apresentação, quando necessário, da comprovação de que foram atendidas as exigências da legislação
pertinente a condomínio em edificações e incorporações.

Art. 30. Para que as solicitações de ligações definitivas possam ser atendidas, o interessado deverá
preparar as instalações de acordo com os padrões do prestador de serviços e efetuar o pagamento das
despesas decorrentes da ligação e, nos casos especiais, apresentar autorização do órgão competente.
Parágrafo único. Nos casos de reforma ou ampliação de prédio já ligado às redes públicas de
distribuição de água e/ou coletora de esgoto, o prestador de serviços poderá, a seu critério, manter o
mesmo ramal predial existente, desde que atenda adequadamente ao imóvel resultante da reforma ou
ampliação, procedendo-se, se necessário, a devida alteração contratual e cadastral.

Art. 31. Para atendimento a grandes consumidores, definidos de acordo com deliberação da ARSESP,
os projetos das instalações deverão:
I - ser apresentados ao prestador de serviços para aprovação antes do início das obras;
II - conter a planta baixa e o projeto de instalações hidráulicas e corte ou esquema vertical e cópia do
projeto de construção, aprovado pelo órgão municipal competente e registrado no Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura (CREA);
III - conter as assinaturas do proprietário, do autor do projeto e responsável pela execução da obra; e
IV - informar a previsão de consumo mensal de água e de vazão de esgoto.

Art. 32. O prestador de serviços tomará a seu total e exclusivo encargo a execução das ligações
definitivas de água e/ou de esgoto até uma distância total de 20 (vinte) metros, medidos desde o ponto
de tomada na rede pública disponível no logradouro, em que se localiza a propriedade a ser atendida, até
a linha limite (testada) do terreno, de acordo com o disposto nas normas técnicas e em local que permita
e facilite o acesso para a execução dos seus serviços comerciais e operacionais.
§ 1º Ficará a cargo do usuário a aquisição e montagem do padrão de ligação de água, exceto o
medidor, conforme normas procedimentais do prestador de serviços.
§ 2º Caso a distância seja maior, o prestador de serviços poderá cobrar do usuário a parte dos custos
decorrentes da extensão adicional de ramal e/ou de obra na rede pública, adotando critérios de cálculo
homologados pela ARSESP.
§ 3º As instalações resultantes das obras referidas no parágrafo anterior passarão a integrar a rede
pública, sem qualquer ressarcimento, devendo ser efetuado o devido registro patrimonial.
§ 4º Nos casos de condomínios e nas edificações verticais, o prestador de serviços fornecerá água
em uma única ligação ou um único ponto de entrega ou conforme definido em dimensionamento de
ligação elaborado pelo prestador, independente da medição das economias ser individualizada, e coletará
o esgoto, também, em uma única ligação ou conforme definido em dimensionamento de ligação elaborado
pelo prestador, sendo que as redes internas serão instaladas exclusivamente por conta dos respectivos
condôminos e/ou incorporadores.
§ 5º Nos casos de condomínios e nas edificações verticais, o prestador de serviços poderá
individualizar o fornecimento e a hidrometração de água.
I – As adequações das instalações internas são de responsabilidade do usuário, atendendo aos
requisitos técnicos do prestador de serviços.
§ 6º Em propriedades localizadas em terreno de esquina, existindo ou não rede pública disponível no
logradouro frontal, as condições definidas no caput deste artigo deverão ser consideradas, caso exista
rede pública disponível no logradouro adjacente.
I – O prestador poderá executar as ligações definitivas de esgotos através de autorização de passagem
ou nas passagens de servidão, de acordo com os termos do artigo 42.
§ 7º Em casos especiais, mediante celebração de contrato com o usuário, o prestador de serviços
poderá adotar outros critérios, observados os estudos de viabilidade técnica e econômica.
§ 8º O prestador de serviços instalará o ramal predial de água, de acordo com o disposto nas normas
técnicas e em local de fácil acesso para a execução dos seus serviços comerciais e operacionais.

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CAPÍTULO V
DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS

Seção I
Da Contratação dos Serviços de Abastecimento de Água e/ou Esgotamento Sanitário

Art. 33. A prestação dos serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário caracteriza-
se como negócio jurídico de natureza contratual, responsabilizando quem solicitou os serviços pelo
pagamento correspondente à sua prestação e pelo cumprimento das demais obrigações pertinentes, bem
como pelo direito ao recebimento dos serviços em condições adequadas, visando o pleno e satisfatório
atendimento aos usuários.

Art. 34. O prestador de serviços deverá encaminhar ao usuário cópia do contrato de adesão até a data
da apresentação da primeira fatura, nos termos do disposto nas disposições transitórias desta
Deliberação.

Parágrafo único. O contrato de adesão seguirá o modelo elaborado pela ARSESP e conterá os direitos
e obrigações do prestador e do usuário, bem como as infrações e sanções aplicáveis às partes.

Art. 35. É facultada a celebração de contrato especial de abastecimento de água e/ou contrato de
esgotamento sanitário entre o prestador de serviços e o usuário responsável pela unidade usuária a ser
atendida, nos seguintes casos:
I - para atendimento a grandes consumidores, definidos de acordo com Deliberação da ARSESP;
II - para atendimento às entidades integrantes da Administração Pública de qualquer esfera de governo
e às reconhecidas como de utilidade pública;
III - quando, para o abastecimento de água ou o esgotamento sanitário, o prestador de serviços tenha
de fazer investimento específico, desde que fora ou intempestivo em relação ao plano de investimentos,
inclusive seus detalhamentos e alterações, do contrato de concessão ou de programa;
IV - nos casos de medição individualizada em condomínio, onde serão estabelecidas as
responsabilidades e critérios de rateio; e
V - quando o usuário tiver que participar financeiramente da realização de obras de extensão ou
melhorias da rede pública de distribuição água e/ou coletora de esgoto, para o atendimento de seu pedido
de ligação, no caso do artigo 12, inciso II.

Art. 36. O contrato especial de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário deverá conter,
no mínimo, cláusulas que digam respeito a:
I - identificação do ponto de entrega e/ou de coleta;
II - previsão de volume de água fornecida e/ou de volume de esgoto coletado;
III – nos casos em que haja demanda contratada, condições de revisão desta demanda, em especial,
a possibilidade de reduzi-la em razão da implantação de medidas de eficiência no uso da água;
IV - data de início da prestação dos serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário,
e o prazo de vigência;
V - padrão dos esgotos a serem coletados, quando for o caso;
VI - critérios de rescisão.
§ 1º Quando o prestador de serviços tiver que fazer investimento específico, o contrato deve dispor
sobre as condições, formas e prazos que assegurem o ressarcimento do ônus relativo ao referido
investimento, bem como deverá elaborar cronograma para identificar a data provável do início da
prestação dos serviços.
§ 2º O prazo de vigência do contrato de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário deverá ser
estabelecido considerando as necessidades e os requisitos das partes.
§ 3º. Não havendo disposições contratuais em contrário, o contrato será renovado automaticamente,
salvo se uma das partes manifestar interesse no encerramento da relação contratual com no mínimo 60
(sessenta) dias de antecedência do prazo final.

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Seção II
Do Encerramento da Relação Contratual

Art. 37. O encerramento da relação contratual entre o prestador de serviços e o usuário será efetuado
segundo as seguintes características e condições:
I - por ação do usuário, mediante pedido de desligamento da unidade usuária, observado o
cumprimento das obrigações previstas nos contratos de abastecimento, de uso do sistema e de adesão,
conforme o caso;
II - por ação do prestador de serviços:
a) quando houver pedido de ligação de água ou coleta de esgoto formulado por novo interessado
referente à mesma unidade usuária; ou
b) após 90 (noventa) dias de supressão da ligação, nos termos do artigo 94 desta Deliberação.
§ 1º O prestador não poderá condicionar o encerramento da relação contratual à quitação de débitos
pelo usuário.
§ 2º Faculta-se ao prestador de serviços, alternativamente às vias ordinárias de cobrança, a
renegociação, inclusive o parcelamento, dos débitos remanescentes por meio de instrumento contratual
específico, podendo fazê-lo por intermédio de instituições creditícias.

CAPÍTULO VI
DAS INSTALAÇÕES DAS UNIDADES USUÁRIAS DE ÁGUA E ESGOTO

Art. 38. As instalações das unidades usuárias de água e de esgoto serão definidas e projetadas
conforme normas do prestador de serviços, do Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) e da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sem prejuízo do que dispõem as normas municipais
vigentes.
Parágrafo único. Os despejos a serem lançados na rede coletora de esgoto deverão atender aos
requisitos das normas legais, regulamentares ou pactuadas pertinentes.

Art. 39. Todas as instalações de água após o ponto de entrega e as instalações de esgoto antes do
ponto de coleta serão efetuadas às expensas do usuário, bem como sua conservação, podendo o
prestador de serviços, quando achar conveniente, inspecioná-las mediante autorização do usuário.

Art. 40. É vedado:


I - a interconexão de qualquer ponto das instalações prediais utilizadas para abastecimento pela rede
pública com tubulações alimentadas por água procedente de qualquer outra fonte;
II - a derivação de tubulações da instalação predial de água para suprir outro imóvel;
III - o uso de quaisquer dispositivos intercalados nas instalações prediais que interfiram no
abastecimento público de água;
IV - o despejo de águas pluviais nas instalações prediais de esgotos sanitários.

Art. 41. Observada a pressão mínima definida pelo prestador, quando não for possível o abastecimento
direto de prédios ligados à rede pública, o usuário se responsabilizará pela construção, operação e
manutenção dos equipamentos necessários a viabilizar o seu consumo de água, obedecidas as
especificações técnicas do prestador de serviços e/ou da Associação de Normas Técnicas - ABNT.

Art. 42. Quando o único ponto de coleta viável na rede pública estiver em nível superior às instalações
da unidade usuária, o usuário se responsabilizará pela construção, operação e manutenção dos
equipamentos necessários à elevação do esgoto, que permita a sua posterior captação pelo prestador ou
outra alternativa técnica obtida, mediante concordância entre as partes envolvidas.

Art. 43. É vedado o emprego de bombas de sucção ligadas diretamente nas instalações prediais de
água, sob pena de sanções previstas nesta Deliberação.
Art. 44. Os despejos que, por sua natureza, não puderem ser lançados diretamente na rede pública
coletora de esgoto, deverão, obrigatoriamente, ser tratados previamente pelo usuário, às suas expensas
e de acordo com as normas vigentes.
§ 1º Na hipótese prevista no caput, a prestação de serviços de esgotamento sanitário dependerá
necessariamente da celebração de contrato específico entre o prestador e o usuário.
§ 2º Ficam enquadrados no que dispõe este artigo os despejos de natureza hospitalar, industrial ou
outros cuja composição necessite de tratamento prévio, conforme legislação vigente.

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CAPÍTULO VII
DOS RAMAIS PREDIAIS DE ÁGUA E DE ESGOTO

Art. 45. Os ramais prediais serão assentados e mantidos pelo prestador de serviços, às suas expensas,
observado o disposto no artigo 32.
§ 1º É vedado ao usuário intervir no ramal predial de água e/ou de esgoto, mesmo com o objetivo de
melhorar suas condições de funcionamento.
§ 2º Os danos causados pela intervenção indevida do usuário nas redes públicas e/ou no ramal predial
de água e/ou de esgoto serão reparados pelo prestador de serviços, por conta do usuário, cabendo-lhe
as penalidades previstas nesta Deliberação e no Contrato de Adesão.

Art. 46. Compete ao prestador de serviços, quando solicitado e justificado, fornecer ao interessado as
informações acerca da rede de abastecimento de água e coleta de esgoto que sejam relevantes ao
atendimento do usuário, em especial:
I – máxima, mínima e média da pressão da rede de abastecimento de água;
II - capacidade de vazão da rede coletora, para atendimento ao usuário.

Art. 47. O abastecimento de água e/ou a coleta de esgoto deverão ser feitos por um único ramal predial
para cada unidade usuária e para cada serviço.
§ 1º Em imóveis com mais de uma economia, em casos excepcionais e a critério do prestador, a
instalação predial de água e/ou de esgoto de cada categoria poderá ser independente, bem como
alimentada e/ou esgotada através de ramal predial próprio.
§ 2º As economias que possuam instalações prediais e ramal próprios, ainda que constituam
subdivisão de imóvel, deverão ser caracterizadas como unidades usuárias.

Art. 48. A substituição ou modificação do ramal predial, bem como a restauração de muros, passeios
e revestimentos decorrentes de serviços realizados pelo prestador serão de sua responsabilidade, sem
ônus para o usuário.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput quando a substituição, modificação do ramal ou os
serviços prestados forem solicitados pelo usuário em seu exclusivo interesse, sem que seja justificada
por razões técnicas relacionadas ao sistema público e à qualidade dos serviços.

Art. 49. Para a implantação de projeto que contemple a alternativa de ramais condominiais de esgoto
deverá ser observado, no que couber, o disposto nesta Deliberação.
§ 1º A operação e manutenção dos ramais condominiais de esgoto na área do projeto serão atribuições
dos usuários, sendo o prestador de serviços responsável única e exclusivamente pela operação do
sistema público de esgotamento sanitário.
§ 2º Os ramais condominiais construídos sob as calçadas de vias públicas serão considerados, sob o
aspecto de operação e manutenção, como pertencentes ao sistema público de esgotamento sanitário.

CAPÍTULO VIII
DOS LOTEAMENTOS, CONDOMÍNIOS, RUAS PARTICULARES E OUTROS

Art. 50. Em novos loteamentos e outros empreendimentos similares, bem como nos casos de
ampliação daqueles já existentes, quando existir solicitação do interessado, o prestador de serviços
somente poderá assegurar o abastecimento de água e o esgotamento sanitário se, antecipadamente,
analisar sua viabilidade.
§1º Constatada a viabilidade, o prestador de serviços deverá fornecer as diretrizes para o sistema de
abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário do empreendimento, em especial, a vazão e os
pontos de entrega e coleta.
I – É facultado ao prestador de serviços estabelecer a documentação necessária para o fornecimento
das diretrizes e outros atestados, podendo estabelecer o prazo de validade da documentação que está
sendo disponibilizada ao interessado.
II – Expirado o prazo de validade, o prestador de serviços poderá exigir nova documentação do
interessado, de acordo com suas normas.
§ 2º O projeto do sistema de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário do
empreendimento será elaborado pelo interessado e apresentado ao prestador, que deverá analisá-lo, no
prazo máximo de 30 (trinta) dias, e, conforme o caso, autorizar a execução das obras ou indicar as
adaptações necessárias ao projeto.

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§ 3º O prestador de serviços não aprovará projeto de abastecimento de água e/ou de esgotamento
sanitário para condomínios, loteamentos, conjuntos habitacionais, vilas e outros que estejam em
desacordo com a legislação ou com as normas técnicas vigentes, devendo verificar se o empreendimento
conta com as licenças e autorizações necessárias dos órgãos competentes.
§ 4º O prestador poderá cobrar pelos serviços descritos neste artigo, conforme previsto na “Tabela de
Prazos e Preços dos Serviços”, e solicitar documentação adicional, de acordo com a característica do
empreendimento, informando antecipadamente o interessado.”

Art. 51. As obras internas do empreendimento serão custeadas pelo interessado e deverão ser por ele
executadas, sob a fiscalização do prestador de serviços, mediante a entrega do respectivo cadastro
técnico.
§ 1º A execução das obras e eventual compartilhamento de custos, nos termos dos parágrafos deste
artigo, serão objeto de instrumento especial firmado entre o(s) interessado(s) e o prestador de serviços.
§ 2º Quando as instalações se destinarem a servir outras áreas, além das pertencentes ao interessado,
o custo dos serviços poderá ser rateado entre os empreendedores beneficiados.
§ 3º O prestador de serviços poderá, em casos excepcionais, participar dos custos das obras referidas
no caput deste artigo, nos casos em que as deliberações da ARSESP ou os instrumentos especiais, de
que trata parágrafo 1º, determinem a referida participação.

Art. 52 As instalações, tubulações, redes e equipamentos assentados pelos interessados nos


logradouros de loteamento ou outro empreendimento similar, situadas antes dos pontos de entrega e
depois dos pontos de coleta passarão a integrar as redes públicas de distribuição e/ou coletoras, desde
o momento em que a estas forem ligadas, e serão operadas pelo prestador de serviços, devendo este
promover seu registro patrimonial.
Parágrafo único. As instalações, tubulações, redes e equipamentos, bem como as áreas das estações
eventualmente implantadas, de que trata o caput deverão ser cedidas a título gratuito ao prestador, por
meio de instrumento especial firmado entre o prestador e o interessado.

Art. 53. As ligações das tubulações às redes dos sistemas de água e esgoto de que trata este capítulo
somente serão executadas pelo prestador de serviços depois de totalmente concluídas e aceitas as obras
relativas ao projeto aprovado, e, quando for o caso, efetivadas as cessões a título gratuito e pagas as
despesas pelo interessado.
Parágrafo único. As obras de que trata este artigo terão seu recebimento definitivo após a realização
dos testes, avaliação do sistema em funcionamento e elaboração e aprovação do cadastro técnico,
observadas as normas municipais vigentes.

Art. 54. O abastecimento de água e/ou a coleta de esgoto de condomínios obedecerá, conforme
solicitação do condomínio, às seguintes modalidades:
I - abastecimento de água e/ou coleta de esgoto individual dos prédios do condomínio, e quando for o
caso, das unidades usuárias;
II - abastecimento, em conjunto, dos prédios do condomínio, cabendo aos proprietários a operação e
a manutenção das instalações de água a partir do hidrômetro, instalado antes do reservatório comum; e
III - coleta, em conjunto, dos prédios do condomínio, cabendo aos proprietários a operação e a
manutenção das instalações de esgoto antes do ponto de coleta.
§ 1º. As instalações de água e de esgoto de que trata este artigo serão construídas às expensas do
interessado e de acordo com o projeto e suas especificações, previamente aprovados pelo prestador de
serviços.
§ 2º Caso o condomínio opte pela modalidade prevista no item I, ele deverá atender as normas técnicas
e o modelo estabelecido pelo prestador de serviços para implantação, operação e manutenção das
instalações, além de oferecer ao mesmo acesso e demais condições técnicas e legais necessárias.

CAPÍTULO IX
DOS MEDIDORES DE VOLUME

Art. 55. O prestador de serviços é obrigado a instalar hidrômetro nas unidades usuárias para controle
do consumo de água.
§ 1º O disposto no caput apenas não se aplica em situações excepcionais e transitórias:
I - quando a instalação do hidrômetro não puder ser feita em razão de dificuldade ocasionada pelo
usuário, limitado a um período máximo de 90 (noventa) dias;

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II – apreciadas e autorizadas pela ARSESP por solicitação do prestador.
§ 2º A critério e às custas do interessado (prestador ou usuário), poderão ser instalados nas unidades
usuárias medidores para o controle do volume de esgotos.
§ 3º Todos os medidores, de água ou esgoto, serão aferidos e devem ter sua produção certificada pelo
Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) ou outra entidade pública por ele autorizada.

Art. 56. Os medidores e demais peças necessários para a aferição de volume serão instalados de
acordo com os padrões do prestador.
§ 1º Os medidores deverão ser devidamente lacrados e periodicamente inspecionados pelo prestador
de serviços.
§ 2º É facultado ao prestador de serviços redimensionar, remanejar ou substituir os medidores das
ligações, quando constatada a necessidade técnica, mediante aviso aos usuários com antecedência
mínima de 5 (cinco) dias úteis, onde conste a justificativa para a ação pretendida.
§ 3º Somente o prestador de serviços ou seu preposto poderá instalar, substituir ou remover o medidor,
bem como indicar novos locais de instalação.
§ 4º A substituição do medidor decorrente do desgaste normal de seus mecanismos será executada
pelo prestador de serviços, sempre que necessário, sem ônus para o usuário, mediante aviso com
antecedência mínima de 5 (cinco) dias úteis.
§ 5º Quando da execução dos serviços de substituição do medidor, o usuário deverá ser informado,
por escrito, acerca das leituras do medidor retirado e do instalado.
§ 6º A substituição do medidor decorrente da violação de seus mecanismos, será executada pelo
prestador de serviços, com ônus para o usuário, nos termos do artigo 60 desta Deliberação, sem prejuízo
da aplicação das penalidades previstas no artigo 100.
§ 7º A indisponibilidade de medidores no mercado não poderá ser invocada pelo prestador de serviços
para negar ou retardar a ligação e o início do abastecimento de água.

Art. 57. Os lacres instalados nos medidores poderão ser rompidos apenas por representante ou
preposto do prestador de serviços, preferencialmente na presença do usuário, e, deverão ter numeração
específica, constante do cadastro comercial, atualizado a cada alteração documentada de ação do
prestador.
§ 1º Nenhum medidor poderá permanecer sem os devidos lacres.
§ 2º. O usuário, assim que constatar rompimento ou violação do lacre deverá informar o prestador de
serviços, sob pena de ser responsabilizado nos termos do artigo 99 desta Deliberação.

Art. 58. O usuário assegurará ao representante ou preposto do prestador de serviços o livre acesso à
ligação de água e ao ponto de coleta de esgotos.

Art. 59. O usuário poderá obter aferição dos medidores pelo prestador de serviços. .
§ 1º A aferição não acarretará qualquer ônus ao usuário nas seguintes
I - até 1 (uma) verificação a cada 3 (três) anos; ou
II - independente do intervalo de tempo da verificação anterior, quando o resultado constatar erro no
medidor que acarrete registro incorreto.
§ 2º O prestador de serviços deverá informar, com antecedência mínima de 5 (cinco) dia úteis, a data
fixada para a realização da aferição, de modo a possibilitar ao usuário o acompanhamento do serviço,
bem como a autorização, após conhecimento prévio do orçamento elaborado, discriminando os custos a
serem eventualmente suportados pelo usuário.
§ 3º Quando não for possível a aferição no local da unidade usuária, o prestador de serviços deverá
acondicionar o medidor em invólucro específico, a ser lacrado no ato de retirada para o transporte até o
laboratório de teste, e entregar o comprovante do procedimento adotado ao usuário, devendo ainda
informá-lo da data e do local fixados para a realização da aferição, para seu acompanhamento.
§ 4º Caso a aferição tenha sido efetuada pelo prestador de serviços, este deverá encaminhar ao
usuário o laudo técnico no prazo máximo de 15 (quinze) dias, informando, de forma compreensível e de
fácil entendimento, as variações verificadas, os limites admissíveis, a conclusão final, e esclarecendo
quanto à possibilidade de solicitação de aferição junto ao órgão metrológico oficial ou laboratório
acreditado, nos termos do art. 2º inciso II desta Deliberação.
§ 5º Persistindo dúvida o usuário poderá, nos termos do artigo 5º, solicitar no prazo máximo de 15
(quinze) dias, contados do recebimento do resultado, a aferição do medidor por órgão metrológico oficial
ou laboratório acreditado, nos termos do art. 2º inciso II desta Deliberação.
§ 6º Caso o usuário opte por solicitar aferição junto a órgão metrológico oficial, os custos decorrentes

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serão arcados pelo usuário, no caso em que o resultado aponte que o laudo técnico do prestador estava
adequado às normas técnicas, e serão arcados pelo prestador, caso o resultado aponte irregularidades
no laudo técnico.
§ 7º Na hipótese de desconformidade do medidor com as normas técnicas que acarrete faturamento
incorreto, deverá ser observado o disposto no artigo 68.
§ 8º Serão considerados em funcionamento normal os medidores que atenderem a legislação
metrológica vigente na data da aferição.

Art. 60. O usuário será responsável pela guarda do medidor.

CAPÍTULO X
DO VOLUME E FATURAMENTO DE ESGOTO

Art. 61. A medição do esgoto dependerá da comprovação de sua viabilidade técnica e financeira,
observado o disposto nos parágrafos 2º e 3º do artigo 55 desta Deliberação.
§ 1º O faturamento de esgoto incidirá somente sobre os imóveis servidos por redes públicas de
esgotamento sanitário, e terá como base:
I – o volume de água faturado pelo prestador; medido ou estimado
II – o consumo de água de fonte alternativa
III – o volume de esgoto medido pelo prestador;
IV – a estimativa de volume de esgoto gerado pela utilização de água como insumo em processos
produtivos.
§ 2º Quando o usuário utiliza fonte alternativa de abastecimento de água, é facultado ao prestador,
para fins de estimativa do volume de esgotos produzidos, instalar hidrômetro no equipamento ou
instalação de extração ou recebimento de água, para fins de medição, preferencialmente remota, do
consumo de água.
§ 3º Na hipótese do parágrafo anterior, é dever do usuário franquear ao prestador de serviços acesso
à unidade usuária e suas instalações para instalação do hidrômetro, e, quando a medição remota for
tecnicamente inviável, posteriores leituras. (Alterado pela Deliberação ARSESP n.º 221/2011)

CAPÍTULO XI
DO FATURAMENTO E PAGAMENTO

Seção I
Da Leitura

Art. 62 O prestador de serviços deve efetuar as leituras em intervalos de aproximadamente 30 (trinta)


dias, observados o mínimo de 28 (vinte e oito) dias e o máximo de 31 (trinta e um) dias, de acordo com o
calendário, situações especiais e cronogramas de atividades, que devem ser disponibilizados para
consulta pela ARSESP.
Parágrafo único. Parágrafo único. Em casos excepcionais, tais como; necessidade de remanejamento
de rota ou reprogramação do calendário, as leituras poderão ser realizadas em intervalos de no mínimo
15 (quinze) dias e no máximo 47 (quarenta e sete) dias, devendo o prestador de serviços comunicar por
escrito aos usuários, com antecedência mínima de um ciclo completo de faturamento, ressalvado o direito
do usuário da compensação de faturamento caso haja alteração de faixa de consumo que onere a conta
com a aplicação de tarifas superiores.

Art. 63. Para as ligações medidas, o volume consumido será o apurado por leitura em medidor, obtido
pela diferença entre a leitura realizada e a anterior.
§ 1º Não sendo possível a realização da leitura em determinado período, em decorrência de
anormalidade no medidor ou impedimento de acesso ao mesmo, a apuração do volume consumido
observará, na ordem, os seguintes critérios:
I - média aritmética dos consumos faturados nos últimos 180 (cento e oitenta) dias com medição
normal;
II – caso ocorra impedimento de leitura para apuração do volume consumido em período superior a
180 (cento e oitenta) dias a média a ser utilizada será a última conhecida;
III – volume equivalente ao consumo mínimo.
§ 2º O procedimento previsto nos incisos I e II do parágrafo anterior somente poderá ser aplicado por
3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento, devendo o prestador de serviços comunicar ao

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usuário, por escrito, a necessidade de desimpedir o acesso ao medidor e da possibilidade da suspensão
do fornecimento.
§ 3º Após o terceiro ciclo consecutivo de faturamento efetuado com base nos incisos I e II do parágrafo
1º, caso o prestador não interrompa os serviços nos termos do artigo 88, o faturamento deverá ser
efetuado com base no valor correspondente ao consumo mínimo, sem a possibilidade de o prestador
promover futura compensação por eventual saldo positivo entre os valores medidos e faturados.
§ 4º No caso em que a falta de leitura do medidor decorrer de impedimento provocado pelo usuário,
este não terá direito à compensação por eventual saldo negativo entre os valores medidos e faturados.
§ 5º Na leitura subseqüente à remoção do impedimento, efetuada até o terceiro ciclo consecutivo,
deverão ser feitos os acertos relativos ao período em que o medidor não foi lido.

Art. 64. O prestador de serviços efetuará o faturamento com periodicidade mensal, observado o
disposto no artigo 62.
§ 1º Nos casos excepcionais em que a leitura ultrapassar o período de 31 (trinta e um) dias, o
faturamento será proporcional ao número de dias do mês de referência, ressalvado o disposto no artigo
62, parágrafo único.
§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, a diferença poderá ser compensada no mês seguinte, desde
que o respectivo faturamento, incluindo a compensação, corresponda a até 31 (trinta e um) dias.
§ 3º O disposto no parágrafo 2º não se aplica ao período que ultrapassar o limite máximo de 47
(quarenta e sete) dias, que não poderá ser cobrado ou compensado pelo prestador.
§ 4º. O faturamento do primeiro ciclo deverá corresponder a um período não inferior a 15 (quinze) dias
nem superior a 47 (quarenta e sete) dias.
§ 5º O prestador de serviços deverá informar na fatura a data prevista para a realização da próxima
leitura.
§ 6º No caso de pedido de desligamento, havendo concordância do usuário, o consumo final poderá
ser estimado proporcionalmente ao número de dias decorridos do ciclo compreendido entre as datas de
leitura e do pedido de desligamento, com base na média mensal dos últimos 6 (seis) ciclos de
faturamento.
§ 7ºO prestador de serviços deverá organizar e manter atualizado o calendário das respectivas datas
previstas para a leitura dos medidores, entrega e vencimento da fatura.
§ 8º Qualquer modificação das datas fixadas para a leitura dos medidores e para a apresentação da
fatura deverá ser previamente comunicada ao usuário, por escrito, no prazo mínimo de 10 (dez) dias úteis
de antecedência em relação à data prevista para a modificação, esclarecendo-se a forma pela qual se
dará a cobrança das diferenças dos valores decorrentes da modificação das datas de leitura.

Art. 65. As leituras poderão ser efetuadas em intervalos de até 90 (noventa) dias, de acordo com o
calendário próprio, nos seguintes casos:
I - em localidades com até 1.000 (hum mil) ligações; e
II - em unidades com consumo de água médio mensal igual ou inferior à conta mínima.
§ 1º O volume do faturamento resultante da leitura plurimensal será parcelado em tantas faturas quanto
forem os meses abrangidos pela leitura.
§ 2º A adoção de intervalo de leitura plurimensal deve ser precedida de divulgação aos usuários, a fim
de permitir o conhecimento do processo utilizado e os objetivos pretendidos com a medida.

Art. 66. Para ligações excepcional e temporariamente sem hidrômetro, os volumes faturados de água
e/ou de esgoto serão fixados com base nos seguintes critérios:
I – caso a ausência de hidrômetro seja ocasionada pelo usuário: estimativa de consumo conforme
regras do prestador;
II - caso a ausência de hidrômetro seja ocasionada pelo prestador: volume equivalente ao consumo
mínimo.

Art. 67. Em agrupamentos de imóveis ou em imóveis com mais de uma economia dotados de um único
medidor, o rateio do consumo entre as economias será disciplinado e realizado pelo condomínio ou grupo
de pessoas responsáveis pelos imóveis.
Seção II
Das Compensações do Faturamento

Art. 68. Caso o prestador de serviços tenha faturado valores incorretos ou não efetuado qualquer
faturamento, por motivo de sua responsabilidade, deverá observar os seguintes procedimentos:

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I – no caso de faturamento a menor ou ausência de faturamento: não poderá efetuar cobrança
complementar; e
II – no caso de faturamento a maior: providenciar a devolução ao usuário das quantias recebidas
indevidamente, cabendo a devolução do indébito por valor igual ao dobro do que foi pago em excesso,
salvo hipótese de engano justificável, não decorrente de dolo ou culpa do prestador de serviços.
§ 1º No caso do inciso II, o prestador deverá:
a) calcular o montante a ser devolvido, considerando as tarifas e a estrutura de faixas tarifárias em
vigor no período em que ocorreram as diferenças de faturamento, atualizadas e acrescidas de juros e
multa, conforme critérios definidos no artigo 79;
b) efetuar a devolução em moeda corrente por meio de cheque nominal ou depósito em conta bancária
informada pelo usuário ou por opção do usuário, por meio de compensação nas faturas subseqüentes,
até o primeiro faturamento posterior à constatação da cobrança a maior pelo prestador ou do aviso do
usuário.
§ 2º Caso a devolução já disponibilizada pelo prestador não seja viabilizada por ação ou omissão do
usuário em até 90 (noventa) dias, caberá ao prestador efetuar a compensação nas faturas subseqüentes.

Art. 69. Nos casos em que houver diferença a cobrar ou a devolver, o prestador de serviços deverá
informar ao usuário, por escrito, quanto:
I - à irregularidade constatada;
II - à memória descritiva dos cálculos do valor apurado, referente às diferenças de consumos de água;
III - aos elementos de apuração da irregularidade;
IV - aos critérios adotados na revisão dos faturamentos;
V- ao direito de recurso previsto nos § 1º e § 3º deste artigo; e VI - à tarifa utilizada.
§ 1º Caso haja discordância em relação à cobrança ou respectivos valores, o usuário poderá
apresentar recurso junto ao prestador de serviços, no prazo de 15 (quinze) dias a partir da comunicação.
§ 2º O prestador de serviços deliberará no prazo de até 15 (quinze) dias
, contados do recebimento do recurso, o qual, se indeferido, deverá ser comunicado ao usuário, por
escrito, juntamente com a respectiva fatura, quando pertinente, a qual deverá referir-se exclusivamente
ao ajuste do faturamento, com vencimento previsto para 7 (sete) dias úteis da data do recebimento da
comunicação pelo usuário.
§ 3º O usuário poderá optar em receber a resposta referida no § anterior por meio eletrônico.
§ 4º Da decisão do prestador de serviços caberá recurso, no prazo de 15 (quinze) dias, à ARSESP,
sendo recebido em seu efeito suspensivo, exceto por deliberação da Agência.
I – A ARSESP informará ao prestador de serviços sobre o recurso protocolado na Agência e a
respectiva data do protocolo.
§ 5º Constatado o descumprimento dos procedimentos estabelecidos neste artigo ou, ainda, a
improcedência ou incorreção do refaturamentos, o prestador de serviços providenciará, quando houver,
a devolução do indébito por valor igual ao dobro do que foi pago em excesso, salvo hipótese de engano
justificável.

Art. 70. Nos casos de alta de consumo devido a vazamentos nas instalações internas do imóvel, a
cobrança da tarifa de esgoto deverá ocorrer com base na média de consumo de água dos últimos 180
(cento e oitenta) dias anteriores ao vazamento.
§ 1º O prestador de serviços poderá realizar inspeção no imóvel, preferencialmente com agendamento
prévio, para comprovação da ocorrência de vazamento e do respectivo reparo.
§ 2º O usuário perderá o direito ao disposto no caput se for cientificado da necessidade de proceder à
manutenção e ou correção das instalações prediais sob sua responsabilidade e não adotar as
providências cabíveis em até 30 (trinta) dias da ciência das medidas necessárias.

Seção III
Do Faturamento de Outros Serviços

Art. 71. O prestador de serviços, desde que requerido, poderá cobrar dos usuários os seguintes
serviços:
I - inspeção de unidade usuária;
II - Aferição do medidor, exceto nos casos previstos no artigo 59,
III - religação de unidade usuária normal e de urgência; IV – restabelecimento dos serviços normal e
de urgência;
V - emissão de segunda via de fatura a pedido do usuário, exceto se por meio da internet ou caso o

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prestador não tenha efetuado a entrega da fatura regular;
VI – desobstrução de instalações prediais; e
VII - outros serviços disponibilizados pelo prestador, devidamente aprovados pela ARSESP.
§ 1º Não será cobrada a primeira inspeção realizada para pedido de ligação de abastecimento de água
e/ou de esgotamento sanitário.
§ 2º A cobrança dos serviços previstos neste artigo, a ser realizada necessariamente por meio de
fatura própria, é facultativa e só poderá ser feita em contrapartida ao serviço efetivamente realizado pelo
prestador de serviços, dentro dos prazos estabelecidos.
§ 3º Nas localidades onde for adotado o restabelecimento e a religação de urgência, a prestadora de
serviços deve:
I – informar ao usuário interessado os valores e prazos para execução, assim como o período do dia
em que serão realizados os serviços relativos ao restabelecimento normal e de urgência ou à religação
normal e de urgência, e
II – comprovar, quando requerido, o atendimento no prazo estipulado.
§ 4º O prestador de serviços deverá manter, por período mínimo de 60 (sessenta) meses, os registros
do valor cobrado, do horário e data da solicitação e da execução dos serviços, exceto no caso de emissão
de segunda via de fatura.
§ 5º Não sendo possível o atendimento nos prazos e condições estabelecidos, o prestador ficará
impedido de efetuar a cobrança pelos serviços, sem prejuízo de outras medidas previstas nesta
Deliberação.
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não se aplica na hipótese em que o pedido de restabelecimento
de urgência ou de religação de urgência seja atendido dentro do prazo previsto para o restabelecimento
normal ou a religação normal, quando será admitida a cobrança do valor previsto para o restabelecimento
ou religação normal.
§ 7º O prestador de serviços proporá “Tabela de Preços e Prazos de Serviços”, a ser homologada pela
ARSESP e divulgada aos interessados na página da Internet e nos postos de atendimento, discriminando
os serviços mencionados nesta Deliberação e outros que julgar necessários.

CAPÍTULO XII
DAS FATURAS E DOS PAGAMENTOS

Art. 72. As tarifas relativas ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário e os preços de outros
serviços realizados serão cobradas por meio de faturas emitidas pelo prestador de serviços e devidas
pelo usuário, fixadas as datas para pagamento.
I - O prestador de serviços deverá realizar a cobrança de outros serviços em fatura própria,
desvinculada da fatura de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
§ 1º Juntamente com a primeira fatura dos serviços de abastecimento de água e/ou esgotamento
sanitário encaminhada ao usuário, o prestador enviará informações sobre a forma e calendário de leitura
e entrega da fatura dos serviços.
§ 2º As faturas serão apresentadas ao usuário, em intervalos regulares, de acordo com o calendário
informado pelo prestador de serviços.
§ 3º Desde que autorizado pelo usuário, a fatura poderá ser disponibilizada ao mesmo por meio
eletrônico.
§ 4º Nos casos de problemas na emissão e no envio da via original ou incorreções no faturamento, o
prestador de serviços emitirá segunda via da fatura sem ônus para o usuário.

Consulte:
Deliberação ARSESP n.º 407/2013 - autorização à Sabesp de repassar na fatura dos serviços os
valores referentes aos encargos municipais, legalmente estabelecidos, que, por força dos Contratos de
Programa e Contratos de Prestação de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário,
devam ser considerados na Revisão Tarifária.
Deliberação ARSESP n.º 413/2013 – Suspende a eficácia da Deliberação 407/2013, postergando a
autorização para o repasse na fatura para o momento da divulgação do resultado definitivo da Revisão
Tarifária da Sabesp.

Art. 73. Quando houver alta de consumo, o prestador de serviços alertará o usuário sobre o fato,
instruindo-o para que verifique as instalações internas da unidade usuária e/ou evite desperdícios.

Art. 74. A entrega da fatura deverá ser efetuada no endereço da unidade usuária.

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Parágrafo único. A pedido do usuário, a fatura poderá ser enviada a outro endereço por ele indicado,
sendo facultada ao prestador a cobrança de despesas adicionais decorrentes desta comodidade, desde
que informadas previamente ao usuário.

Art. 75. Os prazos mínimos para vencimento das faturas, contados da data da respectiva
apresentação, serão os seguintes:
I - 5 (cinco) dias úteis para as unidades usuárias de todas as categorias, ressalvada a mencionada no
inciso II;
II - 10 (dez) dias úteis para a categoria Pública; e
III - 2 (dois) dias úteis nos casos de desligamento a pedido do usuário, exceto para as unidades
usuárias a que se refere o inciso anterior.
Parágrafo único. Na contagem do prazo exclui-se o dia da apresentação e inclui-se o do vencimento.

Art. 76. A fatura deverá conter obrigatoriamente as seguintes


I - nome do usuário;
II – número ou código de referência do usuário;
III - número ou código de referência e classificação ou categoria da unidade usuária;
IV – quantidade de economias por categoria;
V - endereço da unidade usuária;
VI – tipo de ligação (água, esgoto ou água e esgoto);
VII - número ou identificação do medidor e do lacre;
VIII - leituras anterior e atual do medidor;
IX – volume medido, faturado ou estimado do esgoto coletado, nos termos do artigo 61; desta
Deliberação;
X - data da leitura anterior e atual e previsão da próxima leitura;
XI - data de apresentação e de vencimento da fatura;
XII - consumo de água do mês correspondente à fatura;
XIII - histórico do volume consumido nos últimos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao mês da fatura
apresentada e média atualizada;
XIV – tabela com os valores das tarifas de água em vigor e demonstração em separado dos valores a
serem pagos pelos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário;
XV - valor total a pagar e data do vencimento da fatura;
XVI - descrição dos tributos incidentes sobre o faturamento;
XVII - multa e juros por atraso de pagamento;
XVIII - os números dos telefones e os endereços eletrônicos da Ouvidoria do prestador e do Serviço
de Atendimento ao Usuário da ARSESP, de acordo com determinação da ARSESP;
XIX – endereço e horário de funcionamento da agência de atendimento presencial a qual está
vinculada a unidade usuária;
XX – informação sobre a qualidade da água fornecida e tabela com os padrões de referência;
XXI - identificação de faturas vencidas e não pagas até a data;
XXII – aviso sobre a constatação de alta de consumo; e
XXIII – fator de poluição cobrado, se houver.
Parágrafo único. Os débitos anteriores dos usuários e as parcelas pactuadas com o prestador não
poderão ser cobrados na mesma fatura dos serviços de abastecimento de água e/ou esgotamento
sanitário.

Art. 77. Além das informações relacionadas no artigo 76, fica facultado ao prestador de serviços incluir
na fatura outras informações julgadas pertinentes, como campanhas e eventos institucionais de interesse
público, de educação ambiental e sanitária, vedada a veiculação de propagandas político-partidárias ou
religiosas.

Art. 78. O prestador de serviços deverá oferecer 6 (seis) datas de vencimento da fatura para escolha
do usuário, distribuídas uniformemente em intervalos regulares ao longo do mês.

Art. 79. As faturas não quitadas até a data do seu vencimento, bem como as devoluções mencionadas
no inciso II do artigo 68, terão seus valores corrigidos e sofrerão acréscimo de juros de mora de até
0,033% (trinta e três centésimos por cento) por dia de atraso, sem prejuízo da aplicação de multa de 2%
(dois por cento).
§ 1º O pagamento de uma fatura não implicará na quitação de eventuais débitos anteriores.

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§ 2º No caso de não quitação da fatura, o aviso do débito pendente deverá constar da fatura
subseqüente.
§ 3º O prestador não poderá efetuar medidas de execução de cobrança que estiver sob análise da
ARSESP.
I - A ARSESP informará ao prestador sobre o recurso protocolado na Agência e respectiva data do
protocolo.
§ 4º Caso o contrato especial de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário estabeleça
condições diversas, prevalecem as condições pactuadas entre as partes.

Art. 80. O usuário tem o direito de requerer a devolução em dobro dos valores pagos considerados
como indevidos.

Art. 81. O prestador de serviços deverá dispor de mecanismos de identificação de pagamento em


duplicidade, devendo a referida devolução ocorrer obrigatoriamente até o próximo faturamento, mediante
escolha do usuário sobre a forma de devolução
§1o Os valores pagos em duplicidade pelos usuários, quando não houver solicitação em contrário,
deverão ser devolvidos automaticamente nos faturamentos seguintes em forma de crédito.
§2º Será considerado um erro não justificável a não efetivação da devolução a que se refere este
artigo, implicando no pagamento em dobro do valor recebido pelo prestador, além do previsto no Artigo
79, exceto se decorrente de fatores alheios à sua competência.
§ 3º Caso o usuário tenha informado o pagamento em duplicidade ao prestador, este deverá efetuar a
devolução no prazo de 5 (cinco) dias úteis, contados da informação do usuário, a menos que este
manifeste preferência pela inserção do crédito na fatura seguinte.

Art. 82. Nos imóveis ligados clandestinamente às redes públicas, quando não puder ser verificada a
época da ligação à rede pública, as tarifas de água e/ou de esgoto serão devidas desde a data em que o
prestador de serviços iniciou a operação no logradouro onde está situado aquele imóvel ou a partir da
data da expedição do alvará de construção, limitada ao período máximo de 12 (doze) meses.
§ 1º. O prestador de serviços poderá proceder às medidas judiciais cabíveis para a liquidação e
execução do débito decorrente da situação escrita no caput deste artigo, podendo condicionar a ligação
do serviço para a unidade usuária ao pagamento integral do débito, ressalvando-se a comprovação pelo
usuário do tempo em que é o responsável pela unidade usuária, eximindo-se total ou parcialmente do
débito.
§ 2º Após a constatação da ligação clandestina, o fornecimento de água será interrompido, cabendo
ao usuário, após a quitação ou renegociação do débito, solicitar o seu restabelecimento.

Art. 83. O prestador de serviços poderá renegociar, inclusive parcelar, os valores das faturas, vencidas
ou a vencer, segundo critérios estabelecidos em suas normas internas.

Art. 84. O faturamento com base no consumo mínimo por economia deverá observar as regras
definidas em deliberação da ARSESP.
Parágrafo único. Na ocorrência de evento de falta de água por período igual ou superior a 48 (quarenta
e oito) horas consecutivas, o faturamento da unidade usuária deverá se dar pelo volume efetivamente
medido.

Art. 85. O prestador pode condicionar a contratação de fornecimentos especiais ou de outros serviços
à quitação de débitos anteriores do mesmo usuário, vedados aqueles decorrentes da prestação dos
serviços de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário.

Art. 86. O prestador deverá emitir até o dia 10 de fevereiro de cada ano, recibo de quitação ou atestado
de existência de débitos pendentes relativos aos serviços prestados ao usuário no exercício anterior.
§ 1º O atestado a que se refere o caput também poderá ser solicitado a qualquer momento pelo usuário,
devendo ser emitido pelo prestador em até 7 (sete) dias úteis.
§ 2º O recibo de quitação e o atestado mencionados neste artigo poderão ser emitidos por meio
eletrônico se autorizado pelo usuário.

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CAPÍTULO XIII
DA INTERRUPÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE ESGOTAMENTO
SANITÁRIO

Art. 87. O serviço de abastecimento de água poderá ser interrompido, a qualquer tempo, sem prejuízo
de outras sanções, nos seguintes casos:
I – manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou outra instalação do prestador, pelo
usuário;
II – situação de emergência que ofereça risco iminente à segurança de pessoas e bens; e
III - solicitação do usuário.
IV – necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas.
Parágrafo Único. Na hipótese do inciso IV, exceto nos casos de emergência, as interrupções
programadas deverão ser amplamente divulgadas com antecedência mínima de 5 (cinco) dias úteis.

Art. 88. O prestador de serviços, mediante aviso prévio ao usuário, poderá interromper a prestação
dos serviços de abastecimento de água, nos seguintes casos:
I - por inadimplemento do usuário do pagamento das tarifas;
II - por impedimento, pelo usuário, de instalação ou acesso ao medidor, em desrespeito ao disposto
nos artigos 56 e 58;
III - quando não for solicitada a ligação definitiva depois de concluída a obra atendida por ligação
temporária, ou superado o prazo previsto no artigo 26, parágrafo 1º, sem que haja pedido de prorrogação.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos deste artigo o aviso prévio deverá ser emitido em, no
máximo, 90 (noventa) dias contados da data da ocorrência e com antecedência mínima de 30 (trinta) dias
da data prevista para a interrupção dos serviços.

Art. 89. O prestador poderá interromper a prestação dos serviços de esgotamento sanitário no caso
de deficiência técnica e/ou de segurança das instalações da unidade usuária ou nos padrões do esgoto
coletado que ofereça risco iminente de danos a pessoas ou bens.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, o prestador deverá comunicar o ocorrido aos
órgãos ambientais e de saúde pública, bem como à ARSESP, apontando as causas que justificaram a
interrupção dos serviços.

Art. 90. O aviso prévio sobre a interrupção dos serviços deve ser enviado por correspondência
específica, encartada ou não à fatura, assegurada a informação ostensiva e com caracteres destacados,
e conter:
I - o fundamento para a interrupção; II - a semana da interrupção;
III - as providências que poderão ser tomadas pelo usuário para evitar a interrupção ou para obter
posteriormente o restabelecimento dos serviços;

IV - o canal de contato com o prestador para esclarecimento de eventuais dúvidas do usuário.


§ 1º O aviso prévio e as notificações formais devem ser escritos de forma compreensível e de fácil
entendimento.
§ 2º O prestador deverá dispor de mecanismos que facilitem a comunicação imediata do pagamento
da fatura em atraso, de forma a evitar a interrupção dos serviços.

Art. 91. O prestador deverá informar ao usuário o motivo gerador da interrupção e, quando pertinente,
indicar as faturas que caracterizaram a inadimplência.

Art. 92. Será considerada interrupção indevida aquela que não estiver amparada nesta Deliberação.
§ 1º Nas hipóteses deste capítulo, constatado que a suspensão do abastecimento de água e/ou a
interrupção à coleta de esgoto foi indevida, o prestador de serviços ficará obrigado a efetuar o
restabelecimento ou a religação, no prazo máximo de 6 (seis) horas a partir da reclamação do usuário,
sem ônus para o mesmo.
§ 2º No caso de supressão ou suspensão indevida do fornecimento, o prestador de serviços deverá
creditar na fatura subseqüente, a título de indenização ao usuário, o maior valor dentre:
a) o dobro do valor estabelecido para o serviço de religação de urgência; ou
b) 20% (vinte por cento) do valor total da primeira fatura emitida após a religação da unidade usuária.

Art. 93. A interrupção ou a restrição dos serviços à usuário caracterizado como estabelecimento de

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saúde, instituição educacional ou de internação coletiva, público ou privado, será precedida de aviso
prévio emitido em, no máximo, 120 (cento e vinte dias) contados da data da ocorrência e comunicado ao
usuário com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias da data prevista para a interrupção dos
serviços.
Parágrafo único. Serão consideradas instituições de internação coletiva aquelas que possuam caráter
público ou social, administrados por entidades públicas ou privadas, tais como:
I - asilos;
II – orfanatos;
III - cadeias e penitenciárias;
III – unidades de aplicação de medidas sócio-educativas;
IV – albergues de assistência social.

Art. 94. Os ramais de água ou esgoto poderão ser suprimidos pelas seguintes razões:
I - por interesse do usuário, mediante pedido, observado o cumprimento das obrigações previstas em
contratos e na legislação pertinente;
II - por ação do prestador de serviços nos seguintes casos:
a) corte da ligação por mais de 60 (sessenta) dias, nos casos previstos dos artigos 87, 88 e 89;
b) desapropriação do imóvel;
c) fusão de ramais prediais.
Parágrafo único. No caso de supressão do ramal de esgoto não residencial, por pedido do usuário,
este deverá vir acompanhado da concordância dos órgãos de saúde pública e do meio ambiente.

Art. 95. Fica vedado ao prestador interromper a prestação dos serviços aos sábados, domingos,
feriados (nacionais, estaduais e municipais) e suas vésperas.
Parágrafo único: Não se aplica à condição do caput deste artigo a interrupção dos serviços prevista
nos casos de irregularidades identificadas nas instalações, de acordo com o estabelecido no artigo 87
inciso I desta Deliberação.

CAPÍTULO XIV
DA RELIGAÇÃO E DO RESTABELECIMENTO

Art. 96. Os procedimentos de religação e restabelecimento são caracterizados pela retomada dos
serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário pelo prestador de serviços.

Art. 97. Cessado o motivo da interrupção, inclusive, quando for o caso, mediante pagamento ou
renegociação dos débitos, multas, juros e atualização, o prestador de serviços restabelecerá o
abastecimento de água e/ou o esgotamento sanitário no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas.
Parágrafo único. A retomada dos serviços não poderá ser negada pelo prestador com base em fato
superveniente ao motivo que fundamentou a primeira interrupção.

Art. 98. Salvo nas localidades em que o prestador comprovar obstáculos de ordem técnica, deverá ser
disponibilizado aos usuários procedimento de religação e restabelecimento de urgência, caracterizado
pelo prazo de 6 (seis) horas entre o pedido e o atendimento.
Parágrafo único. O prestador de serviços ao adotar a religação e o restabelecimento de urgência
deverá informar previamente ao usuário os valores e os prazos relativos aos serviços normais e de
urgência.
CAPÍTULO XV
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES AOS USUÁRIOS

Art. 99. Constitui infração passível de aplicação de penalidades previstas nesta Deliberação e no
Contrato de Adesão a prática pelo usuário de qualquer das seguintes ações ou omissões:
I – qualquer intervenção nos equipamentos e/ou nas instalações dos serviços públicos de
abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário de responsabilidade do prestador, inclusive ligação
clandestina;
II - violação, manipulação ou retirada de medidor ou lacre;
III - interconexão de instalação predial de água com tubulações alimentadas diretamente com fonte
alternativa de água;
IV - lançamento de esgoto na rede coletora, proveniente de fonte alternativa de água, sem aviso prévio
ao prestador de serviços;

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V - utilização de tubulação de uma instalação predial de água para abastecimento de outro imóvel, que
não esteja cadastrado como outra economia;
VI - uso de dispositivos no ramal e/ou no cavalete que estejam fora da especificação do padrão da
ligação ou da instalação predial que interfiram no medidor e/ou no abastecimento público de água;
VII - lançamento de águas pluviais nas instalações de esgotos;
VIII - lançamento de esgotos na rede coletora que não atendam aos padrões estabelecidos pelo
prestador de serviços;
IX - impedimento injustificado ao acesso ou instalação, troca ou manutenção de medidor, à realização
de leitura e/ou inspeções por empregados do prestador de serviços ou seu preposto após comunicação
prévia pelo prestador;
X- qualquer intervenção no ponto de abastecimento de água (cavalete) e de coleta de esgoto (caixa
de inspeção) após a aprovação do pedido de ligação;
Parágrafo Único - É dever do usuário comunicar o prestador de serviços quando verificar a existência
de irregularidade na ligação de água e/ou de esgoto

Art. 100. Além de outras medidas previstas nesta Deliberação, o cometimento de qualquer infração
enumerada no artigo anterior sujeitará o infrator ao pagamento de multa e ao ressarcimento dos prejuízos
arcados pelo prestador, nos termos estabelecidos no contrato de prestação dos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário.
§ 1º. A multa será o maior dentre os seguintes valores: I - 10% do valor do ressarcimento devido; ou
II – valor mínimo por infração, equivalente a:
a) 10% do valor da fatura seguinte à cessação da irregularidade, no caso das infrações previstas nos
incisos III, IV, VII, IX do artigo anterior.
b) 20% do valor da fatura seguinte à cessação da irregularidade, no caso das infrações previstas nos
incisos I, II, V, VI, VIII e X do artigo anterior.
§ 2º. O cálculo do ressarcimento retroagirá à, no máximo, 12 (doze) meses da constatação da
irregularidade.

Art. 101. Nos imóveis ligados clandestinamente às redes públicas, quando não puder ser verificada a
época da ligação à rede pública, será observado o disposto no artigo 82.

Art. 102. Verificada pelo prestador de serviços a ocorrência de faturamento a menor ou inexistência de
faturamento decorrente de evidências de emprego de artifício ou qualquer outro meio irregular por parte
do usuário ou de não usuário, o prestador adotará os seguintes procedimentos:
I - lavratura de “Termo de Ocorrência de Irregularidade”, numerado, em formulário próprio do prestador
de serviços, com as seguintes informações:
a) identificação do usuário;
b) endereço da unidade usuária;
c) tipo de ligação;
d) número de conta da unidade usuária;
e) atividade desenvolvida;
f) tipo de medição;
g) identificação e leitura do medidor;
h) selos e/ou lacres encontrados;
i) descrição detalhada e em linguagem clara do tipo de irregularidade, de forma que a mesma fique
perfeitamente caracterizada, com indicação da data e hora da constatação, com a inclusão de fotos e
outros meios que possam auxiliar nesta identificação;
j) assinatura do usuário ou, na sua ausência, da pessoa presente na unidade usuária e sua respectiva
identificação; e
k) identificação e assinatura do empregado ou preposto responsável do prestador de serviços;
l) data e hora da lavratura do termo;
I - Uma via do “Termo de Ocorrência de Irregularidade” será entregue ao usuário e deve conter
informações que lhe possibilite solicitar perícia técnica bem como ingressar com recurso junto à ouvidoria
do prestador de serviços e à ARSESP;
II - Caso haja recusa no recebimento ou assinatura do “Termo de Ocorrência de Irregularidade”, o fato
será certificado no verso do documento, que será remetido posteriormente pelo correio ao responsável
pela unidade usuária, mediante aviso de recebimento.
III - Efetuar, quando pertinente, o registro da ocorrência junto à autoridade policial e requerer os
serviços de perícia técnica do órgão responsável, vinculado à segurança pública ou do órgão metrológico

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oficial para a verificação do medidor;
IV – Proceder à revisão do faturamento por meio de um dos seguintes critérios, a serem adotados na
ordem de preferência dos incisos abaixo:
a) a aplicação do valor de correção determinado a partir da avaliação técnica das causas da
irregularidade realizada ou homologada por órgão ou entidade independente (alterada pela Deliberação
ARSESP n.º 136/2010)
b) identificação da média de consumo dos últimos 12 (doze) ciclos completos de faturamento de
medição normal, imediatamente anteriores ao início da irregularidade;
c) utilização da média de consumo dos 3 (três) ciclos de faturamento seguintes à regularização;
d) estimativa com base nas instalações e área da unidade usuária e nas atividades nela desenvolvidas.
V – efetuar, quando pertinente, a retirada do medidor, na presença do usuário ou de seu representante
ou, na ausência deles, de 2 (duas) testemunhas sem vínculo com o prestador de serviços, que deverá
ser colocado em invólucro lacrado, devendo ser preservado nas mesmas condições encontradas até o
encerramento do processo em questão ou até a lavratura de laudo pericial por órgão oficial.
§ 1º Na hipótese do inciso VI, o prestador ou o usuário poderão requerer a presença de autoridade
policial para que o medidor seja retirado.
§ 2º Sempre que a irregularidade for visível, relacionada as tubulações, medidor ou fonte própria de
abastecimento, o prestador deverá registrar o fato por meio de fotografia, onde apareça jornal do dia com
sua manchete ou outra forma que caracterize e comprove a data da constatação da irregularidade.
§ 3º Na ausência do usuário ou de outra pessoa capaz residente na unidade usuária para assinatura
do “Termo de Ocorrência de Irregularidade”, o prestador deverá agendar dia certo para nova visita.
§ 4º Caso, na data agendada nos termos do parágrafo anterior, não esteja presente o usuário ou outra
pessoa, o fato será certificado, adotando-se o procedimento previsto no inciso III deste artigo.
§ 5º Comprovado que o início da irregularidade ocorreu em período não atribuível ao responsável pela
unidade usuária, o atual usuário será responsabilizado pelas diferenças de faturamento ou por outros
prejuízos apurados no período sob sua responsabilidade, sem aplicação de multa, exceto nos casos de
sucessão comercial, sendo de responsabilidade do usuário a comprovação desta situação.

Art. 103. Nas hipóteses deste capítulo, é assegurado ao usuário o direito de recorrer ao prestador de
serviços, no prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir do dia subseqüente ao recebimento do Termo
de Ocorrência de Irregularidade.
§ 1º Da decisão cabe recurso à ARSESP no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência da decisão
do prestador de serviços.
I - A ARSESP informará ao prestador o recurso protocolado na agência e respectiva data do protocolo.
§ 2º Durante a apreciação do recurso pelo prestador ou pela ARSESP, não haverá suspensão da
prestação do serviço em função da matéria sob apreciação, salvo se, a pedido do prestador, ela for
expressamente autorizada por decisão da Diretoria colegiada da ARSESP.

CAPÍTULO XVI
DO CADASTRO COMERCIAL E DO ATENDIMENTO AOS USUÁRIOS

Seção I
Da Classificação e Cadastro Comercial

Art. 104. O prestador de serviços deverá organizar e manter atualizado o cadastro comercial relativo
aos usuários, no qual conste, obrigatoriamente, em cada um deles, no mínimo, as seguintes informações:
I - identificação do usuário:
a) nome completo;
b) número e órgão expedidor da Carteira de Identidade, ou de outro documento de identificação;
c) número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ ou no Cadastro de Pessoa
Física – CPF, quando houver;
d) meio de contato com o usuário, tais como telefone fixo, celular ou endereço eletrônico;
e) código ou registro de referência do usuário.
II – código ou registro da unidade usuária;
III - endereço da unidade usuária, considerando o logradouro, número do imóvel, complemento e o
CEP, de acordo com o Cadastro Nacional de Endereços do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, e, quando houver, o número do registro no cadastro imobiliário municipal;
IV – tipo de ligação;
V - número de economias e respectivas categorias ou subcategorias;

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VI - data de início da prestação dos serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário;
VII - histórico de leituras e de faturamento referentes aos últimos 60 (sessenta) ciclos consecutivos e
completos;
VIII – número ou identificação do medidor e do lacre instalado e sua respectiva atualização.
§ 1º Caberá ao usuário informar o prestador sobre as situações supervenientes que importarem em
alteração de seu cadastro, respondendo, na forma da lei, por declarações falsas ou omissão de
informações.
§ 2º Se o prestador verificar que a pessoa que utiliza os serviços não é o usuário responsável pela
fatura, ele deverá notificá-la para que atualize o cadastro.

Seção II
Do Atendimento aos Usuários

Art. 105. O prestador de serviços, ao receber sugestões, solicitações e reclamações dos usuários,
deverá preferencialmente fornecer resposta de imediato, e quando não for possível, de acordo com os
prazos e condições estabelecidos nos contratos e nas deliberações da ARSESP.
§ 1º. O prestador de serviços deverá prestar todas as informações de interesse do usuário referentes
à prestação do serviço.
§ 2º O atendimento deverá ser prestado por meio de pessoal devidamente identificado, capacitado e
atualizado.

Art. 106. O prestador de serviços deverá dispor de estrutura de atendimento adequada às


necessidades de seu mercado, acessível a todos os seus usuários e que possibilite, de forma organizada
e com controle, o recebimento e a solução de suas solicitações e reclamações.

Art. 107. O prestador deverá possuir agências ou postos de atendimento presencial aos usuários,
observados os seguintes critérios:
I – O prestador possuirá, no mínimo, uma agência ou posto de atendimento para cada 60.000 ligações,
sendo que todo município atendido pelo prestador, independentemente de seu porte, possuirá ao menos
uma agência ou posto;
II – o horário de atendimento presencial ao público nas agências será de, no mínimo, 40 horas por
semana, considerando-se, no mínimo, 6 horas por dia, exceto nos municípios com até 40.000 ligações,
que observarão a seguinte tabela:

Número de ligações Horário mínimo de atendimento por semana Até 5.000 5 horas
De 5.000 a 15.000 10 horas
De 15.000 a 40.000 20 horas

Parágrafo único. Os usuários e não usuários terão à sua disposição para consulta, nos escritórios e
agências de atendimento, em local de fácil visualização e acesso, os seguintes materiais:

I - exemplar do Código de Defesa do Consumidor;


II – cópia de Portaria do Ministério da Saúde que disponha sobre os padrões de potabilidade da água;
III - cópia da presente Deliberação e do Manual de Prestação de Serviço e de Atendimento ao
Usuário;
IV - formulário ou sistema eletrônico com livre acesso que possibilite a manifestação por escrito dos
usuários e não usuários, devendo, para o caso de solicitações ou reclamações, oferecer número de
protocolo para acompanhamento pelo usuário e/ou solicitante e observar o prazo de 15 (quinze) dias,
prorrogáveis mediante justificativa por igual período, para resposta.

Art. 108. O prestador de serviços deverá dispor, em toda a sua área de atuação, de atendimento aos
usuários por telefone, para registro das reclamações operacionais e emergenciais, durante 24 (vinte e
quatro) horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados, devendo a reclamação apresentada ser
convenientemente registrada e numerada em formulário próprio.
§ 1ºPara atendimento telefônico aos usuários para fornecimento de informações e solução de
pendências relativas às atividades comerciais e de Ouvidoria, deverá o prestador de serviço apresentar
proposta para homologação pela ARSESP.
§ 2º As ligações para o sistema de atendimento de que trata este artigo deverão ser gratuitas.
§ 3º O número do protocolo de atendimento será fornecido no início da ligação, podendo ser informado

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ao final caso o usuário manifeste-se por esta opção.
§ 4º O tempo para atendimento inicial da ligação ou espera, em caso de transferências, não será
superior a 2 (dois) minutos até dezembro de 2010 e a 1 (um) minuto a partir de janeiro de 2011.
§ 5º No caso de eventos não programados que afetem elevado número de usuários o tempo para
atendimento poderá ser de até 3 minutos, devendo o prestador comunicar a ARSESP e manter o registro
destas ocorrências e seus impactos na estrutura do atendimento.

Art. 109. O prestador deverá possuir página na Internet para acesso aos usuários, onde deverá
disponibilizar, obrigatoriamente:
I – endereço das agências de atendimento presencial;
II – tabelas dos valores tarifários;
III – indicação dos documentos e requisitos necessários ao pedido de ligação de abastecimento de
água ou esgotamento sanitário;
IV – tabela de serviços, prazos e, quando for o caso, preços; V – obtenção de segunda via de fatura
por meio eletrônico;
VI – formulário para encaminhamento de solicitação de serviços;
VII – formulário para encaminhamento de pedido de débito automático da fatura em conta do usuário;
VIII – modelo de contrato de adesão;
IX – atendimento on-line, por meio de chat.

Art. 110. O prestador de serviços deverá comunicar ao usuário e/ou solicitante, por escrito, no prazo
de 15 (quinze) dias, sobre as providências adotadas para solução das reclamações ou solicitações
recebidas.
§ 1º Quando da formulação da solicitação ou reclamação, o prestador de serviços deverá informar ao
usuário e/ou solicitante o respectivo número do protocolo de atendimento, por meio do qual o usuário e/ou
solicitante poderá acompanhar o encaminhamento de sua demanda.
§ 2º O prestador de serviços deverá manter registro atualizado das reclamações e solicitações dos
usuários e/ou solicitante, com anotação da data e do motivo, por no mínimo 5 (cinco) anos.

Art. 111. Os tempos de atendimento às demandas apresentadas pelos usuários e/ou solicitantes serão
medidos, levando em conta o tempo transcorrido entre a apresentação da solicitação ou reclamação e a
sua solução

Art. 112. O prestador de serviços disponibilizará, para consulta, material informativo e educativo sobre
os cuidados especiais para evitar o desperdício de água, a utilização da água fornecida, o uso adequado
das instalações sanitárias e os direitos e deveres dos usuários, bem como outras orientações que
entender necessárias.
Seção III
Das emergências e ressarcimento de danos aos usuários

Art. 113. O prestador de serviços é responsável pela prestação de serviços adequados a todos os
usuários, satisfazendo as condições de regularidade, generalidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, modicidade das tarifas, cortesia na prestação do serviço, e informações para a defesa de
interesses individuais e coletivos, nos termos dos contratos firmados e das Deliberações da ARSESP.
Parágrafo único. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a suspensão do abastecimento
efetuada por motivo de manutenção e nos termos dos artigos 87, 88 e 89 desta Deliberação.

Art. 114. Na prestação dos serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário o
prestador de serviços assegurará aos usuários, dentre outros, o direito de receber o ressarcimento dos
danos que porventura lhe sejam causados em função do serviço concedido.
§ 1º O ressarcimento, quando couber, deverá ser pago no prazo de até 60 (sessenta) dias, a contar
da data da solicitação do usuário.
§ 2º O usuário deverá apresentar seu pedido de ressarcimento em até 90 (noventa) dias contados do
evento que causou os danos.
§ 3º O pedido de ressarcimento deverá conter a indicação do evento que causou os danos e a
demonstração dos prejuízos arcados pelo usuário.
§ 4º. Em face da demonstração de danos causados em função do serviço prestado, o prestador deverá:
I – executar os serviços, obras, aquisições e outras intervenções necessárias à reversão do dano; ou
II – reembolsar o usuário por seus prejuízos, mediante comprovação das despesas por ele incorridas.

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CAPÍTULO XVII
DAS RESPONSABILIDADES DOS USUÁRIOS

Art. 115. É de responsabilidade do usuário a adequação técnica, a manutenção e a segurança das


instalações internas da unidade usuária, situadas após ponto de entrega de água e antes do ponto de
coleta de esgoto.
§ 1º O prestador de serviços não será responsável, ainda que tenha procedido a inspeção, por danos
causados a pessoas ou bens decorrentes de defeitos nas instalações internas do usuário, ou de sua má
utilização.
§ 2º O prestador de serviços deverá comunicar ao usuário, por escrito e de forma específica, a
necessidade de proceder às respectivas correções, quando constatar deficiência nas instalações internas
da unidade usuária, em especial no padrão de ligação de água.

Art. 116. O usuário será responsável, na qualidade de depositário a título gratuito, pela custódia do
padrão de ligação de água e equipamentos de medição e outros dispositivos do prestador de serviços,
de acordo com suas normas procedimentais.

Art. 117. O usuário será responsável pelo pagamento das diferenças resultantes da aplicação de tarifas
no período em que a unidade usuária esteve incorretamente classificada, não tendo direito à devolução
de quaisquer diferenças eventualmente pagas a maior quando constatada, pelo prestador de serviços, a
ocorrência dos seguintes fatos:
I - declaração comprovadamente falsa de informação referente à natureza da atividade desenvolvida
na unidade usuária ou a finalidade real da utilização da água fornecida; ou
II - omissão das alterações supervenientes que importarem em reclassificação.

Art. 118. O prestador deverá comunicar à ARSESP e aos órgãos ambientais competentes quando
identificados:
I - lançamento de esgotos na rede de águas pluviais pelo usuário;
II - lançamento de águas pluviais na rede pública de esgoto pelo usuário.

CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 119. A requerimento do interessado, para efeito de concessão de “habite-se” pelo órgão municipal
competente, será fornecida pelo prestador de serviços declaração sobre:
I – se o imóvel é atendido, em caráter definitivo, pelo sistema público de abastecimento de água;
II – se o imóvel é atendido, em caráter definitivo, pelo sistema público de esgotamento sanitário.

Art. 120. Os usuários, individualmente, ou por meio de associações, ou, ainda, de outras formas de
participação previstas em lei, poderão, para defesa de seus interesses, solicitar informações e
encaminhar sugestões, elogios, denúncias e reclamações ao prestador de serviços ou à ARSESP, assim
como poderão ser solicitados pela Agência a cooperar na fiscalização do prestador de serviços.

Art. 121. Prazos menores e normas em sentido diverso sobre a prestação dos serviços previstos
específica e expressamente nos respectivos contratos de concessão ou de programa prevalecem sobre
os estabelecidos nesta Deliberação.

Art. 122. O prestador de serviços deverá observar o princípio da isonomia em todas as decisões que
lhe foram facultadas nesta Deliberação para toda a área de atuação.

Art. 123. Cabe à ARSESP resolver os casos omissos ou dúvidas suscitadas na aplicação desta
Deliberação, inclusive decidindo em segunda instância sobre pendências do prestador de serviços com
os usuários.

Art. 124. Na contagem dos prazos, excluir-se-á o dia do início e incluir- se-á o do vencimento, devendo
se iniciar e concluir em dias úteis.
Parágrafo único. No caso do dia de início ou de vencimento não ser dia útil, considerar-se-á o dia útil
imediatamente subseqüente.

. 81
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Art. 125. Quando autorizado pelo usuário, a comunicação por escrito do prestador de serviços poderá
ser efetuada por meio eletrônico ou por mensagem de texto para celular.

CAPÍTULO XIX
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 1º. A proposta de “Tabela de Preços e Prazos de Serviços” de que trata o artigo 24 deverá ser
apresentada pelos prestadores de serviços à ARSESP em até 45 (quarenta e cinco) dias após a
publicação desta Deliberação.
§ 1º. Até a homologação da tabela, permanecem em vigor os serviços, prazos e preços atualmente
praticados pelo prestador.
§ 2º. Após a homologação da tabela pela ARSESP, ela deverá ser disponibilizada na página na Internet
do prestador no prazo de 2 (dois) dias úteis, em atendimento ao disposto no art. 109.

Art. 2º As unidades usuárias que desempenhem atividades de diferentes naturezas, atualmente


cadastradas como “categoria mista”, deverão ter seus cadastros alterados nos termos do artigo 4º,
parágrafo 4º, no prazo de 18 (dezoito) meses contados da publicação desta Deliberação.

Art. 3º. O prestador de serviços deverá apresentar um modelo de padrão de ligação de água para
aprovação pela ARSESP, nos termos do artigo 7º, parágrafo 3º, no prazo de 90 (noventa) dias da
publicação desta Deliberação.

Art. 4º. A ARSESP aprovará modelo de contrato de adesão em até 120 (cento e vinte) dias contados
da publicação desta Deliberação.
§ 1º. O envio do contrato de adesão aos usuários observará os seguintes prazos, contados da
aprovação de que trata o caput:
I – 45 (quarenta e cinco) dias para as novas ligações e usuários;
II – 180 (cento e oitenta) dias para as ligações e usuários antigos.

Consulte:
Deliberação ARSESP n.º 130/2010 - aprovação do modelo do contrato de adesão de prestação de
serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Art. 5º. O prestador deverá adotar identificação de medidores e lacres, conforme o artigo 104, nos
seguintes prazos, contados da publicação desta Deliberação:
I – até 36 (trinta e seis) meses para os medidores já instalados;
II – até 90 (noventa) dias, no caso de novas ligações ou substituição de medidores.

Art. 6º - A proposta do prestador de serviços de que trata o § 1º do artigo 108 deverá ser apresentada
para homologação pela ARSESP em até 30 dias da publicação desta Deliberação.

Art. 7º. A instalação de hidrômetros nas unidades usuárias, nos termos do artigo 55, deverá ser
realizada pelo prestador em até 18 (dezoito) meses, contados da publicação desta Deliberação.

Art. 8º O prestador deverá observar o disposto no artigo 81, com relação à identificação do pagamento
e duplicidade, no prazo de até 180 (cento e oitenta) dias contados da publicação desta Deliberação.

Art. 9º O prestador deverá observar o disposto no parágrafo único do artigo 74, referente à
possibilidade de entrega de fatura em endereço diverso da unidade usuária, no prazo de contados da
publicação desta Deliberação

Art. 10 O prestador deverá observar o disposto no artigo 84, Parágrafo Único, no prazo de 12 (doze)
meses contados da publicação desta Deliberação.

Art. 11º O cadastro comercial deverá ser atualizado e complementado pelo prestador, em observância
ao artigo 104, no prazo de até 18 (dezoito) meses contados da publicação desta Deliberação.
Parágrafo Único – O disposto neste artigo não se aplica ao cadastro comercial de novos usuários, que
deverá contemplar o disposto no artigo 104, em até 90 (noventa) dias a partir da publicação desta
Deliberação.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Art. 12º Até eventual aprovação, pela ARSESP, de regra tarifária em sentido diverso, o consumo
mínimo a que se refere está Deliberação será de 10m3 por mês por economia, independentemente da
categoria.

Art. 13. A aplicação do conceito de economia nos termos do art. 2º se dará após a conclusão do
Processo de Revisão Tarifária, data esta que será oportunamente divulgada pela Arsesp (alterado pela
Deliberação Arsesp n.º 375/2012).

Art. 13-A. Até que advenha eventual norma tarifária em sentido contrário, o faturamento dos serviços
de esgotamento sanitário poderá ter por base um percentual do consumo de água, seja ele medido,
faturado ou estimado. (Incluído pela Deliberação ARSESP n.º 221/2011)

Art. 14º O prestador de serviços deverá implementar o disposto nos artigos 107, 108 e 109, referentes
à estrutura de atendimento aos usuários, em até 12 (doze) meses, contados da publicação desta
Deliberação.

Art. 15º Esta Deliberação entra em vigor em 60 (sessenta) dias da data de sua publicação, exceto nas
situações para as quais as disposições transitórias tenham previsto prazos superiores.

Art. 16º. Revogam-se as disposições em contrário.

A visão crítica da situação atual, das tendências que se afiguram mais prováveis
e das possibilidades de melhorias dos indicadores de desempenho dos
serviços.

Reflexos do Saneamento na Sociedade6

O acesso ao abastecimento de água atinge patamares mais altos e muitos municípios já atingiram a
universalização desse serviço. Assim, o índice de atendimento da população no abastecimento de água
atingiu 81,7% em 2009, o atendimento na coleta de esgoto atende 44,5%. A população urbana atendida
pelos serviços de água atingiu 95,2% em 2009. No caso dos serviços de esgoto, a situação contínua
precária, pois apenas metade (50,6%) da população é atendida. Nos anos de 2007 e 2008, o Brasil
registrou uma forte aceleração na queda do dé- ficit de acesso à rede de esgoto, da ordem de 4,18% ao
ano. Para alcançar a meta do milênio do acesso ao saneamento, o Brasil precisaria ter expandido a rede
em 2,77% ao ano no período 1990-2015.
Os números do SNIS mostram que realmente ocorreu um avanço nos últimos cinco anos: o
investimento aumentou e os índices de atendimento da população nos serviços de água e esgoto sem
dúvida melhoraram. Contudo, o déficit ainda é bastante elevado e é longa a distância ser percorrida até
a para a universalização dos serviços. O avanço dos últimos anos ocorreu de maneira desigual entre as
regiões. A pesquisa A Falta que o Saneamento Faz, do Instituto Trata Brasil e realizada pelo Centro de
Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, revela que se mantidos os investimentos no setor, será
possível reduzir o déficit à metade em 16 anos, ou seja, a meta definida pela ONU para 2015 será
alcançada com dez anos de atraso.
O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a criação do Ministério das Cidades e a nova Lei do
Saneamento foram vitais para a evolução no setor. De acordo com a pesquisa, 49,1% da população
brasileira não dispõem de acesso à rede de esgoto. Pela primeira vez na história do País, mais da metade
da população é atendida pela rede. O estudo aponta também que desde 2007 há uma aceleração na
velocidade da redução do déficit. Porém, a taxa de redução do déficit até o ano de 2006 foi de apenas
1,31% ao ano o que levaria 56 anos para cumprir a meta da ONU.
Um ritmo pelo menos um terço mais lento do que o do combate à pobreza, que é de 4,2% ao ano.
Ainda segundo o levantamento, entre os serviços públicos disponibilizados aos domicílios brasileiros, a
rede de esgoto ainda é o que tem a menor taxa de acesso, apenas 51%. Por outro lado, 98,6% dos lares
contam com energia elétrica. A rede de água atende 82% das casas enquanto a coleta de lixo atinge
79,09% dos domicílios.

6
http://www1.eesc.usp.br/ppgsea/files/manual-imprensa.pdf

. 83
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
SNIS: O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) foi criado pelo governo federal
em1996 como parte do Programa de Modernização do Setor Saneamento (PMSS). O SNIS está vinculado
à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.
A Falta que o Saneamento Faz: A pesquisa considerou os dados do último Censo Demográfico, da
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), do Censo Escolar e da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) 2008.

Saúde

A área da saúde sofre uma profunda influência negativa da falta de saneamento básico. O acesso ao
saneamento reduz uma série de enfermidades, que reflete desde no aproveitamento escolar das crianças
até na produtividade do trabalhador. De várias formas a água pode afetar a saúde do homem: pelo
consumo direto, na preparação de alimentos; na higiene pessoal, na agricultura, na limpeza do ambiente,
nos processos industriais ou nas atividades de lazer. Os riscos para a saúde associados com a água
podem ser de duas categorias:
• Relacionados com a ingestão de água contaminada por agentes biológicos (bactérias, vírus e
parasitos), através de contato direto, ou por meio de insetos vetores que necessitam da água em seu
ciclo biológico;
• Resultados de poluentes químicos e radioativos, geralmente efluentes de esgotos industriais, ou
causados por acidentes ambientais. Os principais agentes biológicos encontrados nas águas
contaminadas são as bactérias patogênicas, os vírus e as parasitas. As bactérias patogênicas
encontradas na água e/ou alimentos constituem uma das principais fontes de morbidade e mortalidade.

De acordo com o estudo “Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População”,


desenvolvido pelos pesquisadores Denise Maria Penna Kronemberger e Judicael Clevelário Júnior a
pedido do Instituto Trata Brasil, as diarréias - sintoma comum de uma infecção gastrointestinal causada

. 84
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
por uma ampla gama de agentes patógenos, incluindo bactérias, vírus e protozoários - respondem por
mais de 80% das doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado, sendo responsáveis também
por mais da metade dos gastos com esse tipo de enfermidade. As crianças de até 5 anos são o grupo
mais vulnerável às diarréias e representam mais de 50% das internações por esse tipo de enfermidade.
Já o levantamento “Os benefícios da expansão do saneamento no Brasil” estima que o número de
infecções gastrointestinais em crianças e jovens até 14 anos, em um município de 100 mil habitantes sem
coleta de esgoto, seria de 450 casos/ ano. Se o mesmo município tivesse 100% de coleta de esgoto, esse
número cairia para 229. O saneamento não extingue a doença, mas reduz a sua incidência de forma
muito expressiva. O custo de uma internação por infecção gastrintestinal no Sistema Único de Saúde
(SUS), em 2009, foi de cerca de R$ 350 na média nacional. Gerando uma despesa da ordem de R$ 161
milhões/ano, apenas para tratar no hospital das pessoas infectadas. Esse valor não considera a compra
de medicamentos para o tratamento pós-hospitalização ou a despesa com o retorno ao médico.
O acesso ao saneamento levaria a redução de casos, que refletiria também nos custos do SUS. A
diminuição de 462 mil casos por ano para 343 mil possibilitaria uma economia de R$ 745 milhões em
internação ao longo dos anos.

Rede de ensino

Apenas 39,58% das escolas do País estão ligadas ao serviço de coleta de esgoto. Crianças que vivem
ou estudam em áreas sem saneamento básico têm redução de 18% no aproveitamento escolar quando
comparadas com crianças que têm acesso aos serviços, por que faltam mais. Nas escolas brasileiras a
falta de rede de esgoto é mais intensa que os demais serviços públicos, como rede de abastecimento de
água, com alcance de 62,64%; energia elétrica 88,24%; e coleta de lixo 62,93%.

Produtividade do trabalhador

A implantação da rede de esgoto reflete positivamente na qualidade de vida do trabalhador gerando o


aumento da sua produtividade e da renda, além de contribuir para a valorização dos imóveis, de acordo
com a pesquisa Benefícios econômicos da expansão do saneamento básico, feita pelo Instituto Trata
Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A pesquisa revela ainda que, por ano, 217 mil trabalhadores
precisam se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados a falta de
saneamento. A cada afastamento perde-se 17 horas de trabalho em média. A probabilidade de uma
pessoa com acesso a rede de esgoto faltar as suas atividades por diarréia é 19,2% menor do que uma
pessoa que não tem acesso à rede.
Aumento da renda
Por outro lado, ao ter acesso à rede de esgoto, um trabalhador aumenta sua produtividade em 13,3%
permitindo assim o crescimento de sua renda na mesma proporção. A estimativa é que a massa de
salários, que atualmente gira em torno de R$ 1,1 trilhão, se eleve em 3,8%, provocando um aumento na
renda de R$ 41,5 bilhões por ano.

Efeito imobiliário

A universalização do acesso à rede de esgoto pode ainda proporcionar uma valorização média de até
18% no valor dos imóveis. Essa valorização não é sentida igualitariamente por todos os proprietários de
imóveis. Os avanços na qualificação do espaço urbano provocados pelos investimentos em infraestrutura
implicam a valorização dos imóveis, principalmente nos pertencentes às famílias de menor rendimento,
cuja moradia é quase que exclusivamente o único patrimônio. A pesquisa estima que a valorização dos
imóveis alcance R$ 74 bilhões, valor 49% maior que o custo das obras de saneamento avaliado em R$
49,8 bilhões. Essa valorização terá efeitos diferenciados em cada estado da Federação. Os estados com
maior deficiência são os que teriam o maior volume de ganhos. Além disso, uma parte do valor investido
em saneamento retornará aos cofres públicos na forma de impostos - Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU) e Imposto Sobre Transferência de Bens Imóveis (ITBI). Em longo prazo, o acesso à rede de esgoto
implicaria um aumento na arrecadação do IPTU na mesma proporção do valor médio dos imóveis, um
ganho estimado de R$ 385 milhões ao ano. O crescimento esperado do ITBI será superior a R$ 80
milhões por ano.

. 85
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Sistema de Indicadores7

Definição e Determinação dos Valores dos Indicadores a Serem Atendidos Pelo Operador

Para permitir uma avaliação sistemática dos sistemas de abastecimento de água, de esgotamento
sanitário e de gerencial de serviços, a existência e utilização de um sistema de indicadores de
desempenho confiável, se torna um ferramental indispensável para esse fim. Este item é de relevante
importância, pois até os membros da então IWSA (International Water Supply Association), atual IWA
(International Water Association), defenderam que a Associação deveria definir linhas-guia sobre os
indicadores a serem adotados no contexto do abastecimento de água e sobre a informação a recolher
para a sua avaliação.
Este se constituiu assim como um grande desafio para a IWA. Pretendia-se criar um quadro de
referência comum para os indicadores de desempenho, estruturados de forma a satisfazer as
necessidades comuns dos principais tipos de utilizadores, com especial ênfase para as entidades
gestoras de sistemas de abastecimento de água. Com este objetivo foi criado um Grupo de Trabalho, em
Maio de 1997, dependente do Comitê de Operação e Manutenção da IWA. O sistema incorporou seis
grupos de indicadores: indicadores de recursos hídricos, de recursos humanos, infraestruturais,
operacionais, de qualidade de serviço e econômico-financeiros. Dada a eventual dificuldade de
implementação do sistema completo de indicadores de desempenho, muitas entidades gestoras
reconheceram a vantagem de uma implementação gradual.
A necessidade da Agência Reguladora dispor de ferramentas de controle e da Operadora executar
uma gestão otimizada, aliada à crescente escassez de recursos hídricos, principalmente nos grandes
períodos de estiagem, e da necessidade de garantir a correta coleta, tratamento e destinação final do
esgoto, faz crescer, sobremaneira, a importância do controle dos processos e da redução de todos os
custos envolvidos nos sistemas, o que em última análise representa uma modicidade nas tarifas
praticadas.
Para fazer frente a essas necessidades, é fundamental um gerenciamento cada vez mais eficiente e
que se disponha de ferramentas que proporcionem um conhecimento preciso da eficiência operacional,
comercial e financeira que ocorrem nos sistemas operados. Indicadores que espelhem o que acontece
nos sistemas exigem maiores esforços no monitoramento e na apropriação de dados. Em contrapartida,
é comprovado, pelos exemplos das empresas que gerenciam sistemas de saneamento no mundo todo,
que essa eficiência é diretamente proporcional ao conhecimento que se tem do sistema.
Assim o principal objetivo desse item é fornecer um quadro de referência de indicadores gerenciais de
desempenho, que constitua efetivamente um instrumento de apoio à gestão da operação do saneamento
– água e esgoto do município.

Constituem objetivos complementares, porém não menos importantes:

 Disponibilizar subconjuntos de indicadores para uso do operador, de acordo com as suas


necessidades específicas;
 Fornecer informações confiáveis aos órgãos gerenciadores dos sistemas de saneamento;
 Permitir futuras comparações entre entidades gestoras de saneamento no âmbito de iniciativas de
“benchmarking”.

O sistema gerencial de indicadores apresentado neste Relatório contempla os aspectos mais


relevantes para a gestão de topo de uma entidade operadora dos serviços de saneamento. Este
documento apresenta essencialmente uma lista dos indicadores gerenciais de desempenho considerados
como os mais relevantes para a maioria das entidades gestoras de sistemas, a serem utilizados de forma
sistemática e ao nível da gestão. É importante salientar que, a adoção da listagem completa de
indicadores da IWA e dos órgãos gestores do saneamento no país deve ser o objetivo final do sistema de
indicadores, porém isso só poderá ser atingido de forma gradual e num espaço de tempo não muito curto.
Propõe-se que seja desenvolvido um sistema informatizado e que o mesmo seja estruturado de tal
forma que possam sem agregados novos indicadores de forma sistêmica. Foi previsto nos custos de
investimentos gerenciais uma verba para desenvolvimento e implantação desse sistema informatizado,
com início do trabalho para o Ano 1 do estudo.

7
http://www.maringa.pr.gov.br/saneamento/pmsb2.pdf

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Conceito de Indicador Gerencial de Desempenho

Para atingir os seus objetivos de gestão, a entidade operadora deve procurar elevados padrões de
eficiência e de eficácia.
A eficiência mede até que ponto os recursos disponíveis são utilizados de modo otimizado para a
produção do serviço.
A eficácia mede até que ponto os objetivos de gestão definidos, específica e realisticamente, foram
cumpridos.
Um indicador de desempenho é uma medida quantitativa de um aspecto particular do desempenho da
entidade operadora ou do seu nível de serviço. É um instrumento de apoio à monitoração da eficiência e
da eficácia da entidade gestora, e de controle da entidade reguladora, simplificando uma avaliação que
de outro modo seria mais complexa e subjetiva.

Usos Potenciais dos Indicadores de Desempenho

O uso de indicadores de desempenho visa:


 Permitir que a entidade reguladora acompanhe o cumprimento das metas e objetivos fixados no
Plano de Saneamento;
 Facilitar uma melhor e mais oportuna resposta por parte dos operadores;
 Permitir uma melhor monitoração dos efeitos das decisões de gestão;
 Fornecer a informação de suporte a uma atitude pró-ativa da gestão, em alternativa a uma atitude
reativa, baseada nas disfunções aparentes dos sistemas;
 Permitir destacar os pontos fortes e fracos dos diversos setores da operadora, e assim apoiar a
adoção de medidas corretivas para melhoria da produtividade, dos procedimentos e das rotinas de
trabalho;
 Facilitar a implementação de um sistema de gestão pela qualidade total, constituindo um meio de
valorização da qualidade global e da eficiência no interior da organização;
 Facilitar a implementação de rotinas de “benchmarking”, quer internamente à entidade gestora
(comparando o desempenho obtido em unidades operacionais ou em sub-sistemas diferentes), quer
externamente (comparando o seu desempenho com o de outras entidades gestoras semelhantes),
promovendo melhorias de desempenho;
 Proporcionar uma base técnica de suporte a processos de auditoria da atividade da entidade gestora
e de previsão dos efeitos de recomendações resultantes dessas auditorias.

DIRETRIZES PARA O LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES E CONSTRUÇÃO DE INDICADORES

Existe um consenso entre todas as abordagens relativas aos indicadores de desempenho dos serviços
de saneamento, que, tão importante quanto o correto enunciado conceitual do indicador, é a
confiabilidade da informação primária que lhe dá origem.
Nesses termos, de pouco adiantaria estabelecer um elenco completo de indicadores que teoricamente
dariam conta da exata situação operacional dos serviços, se a capacidade de coleta de informações
primárias não corresponder ao nível de precisão necessário. Os indicadores devem ser calculados com
periodicidade definida, com base nos dados referentes ao período dos 12 meses anteriores ao mês de
referência.
Dessa forma, evitam-se efeitos de sazonalidade, além das dificuldades de ajustes entre os ciclos de
apropriação dos dados da micromedição e da macromedição. Para que esses indicadores atendam aos
objetivos a que foram propostos, é fundamental a confiabilidade dos dados utilizados nos cálculos.
Para tanto, todos os volumes de água e esgoto devem ser adequadamente medidos e contabilizados,
evitando-se estimativas. Deve-se procurar manter os cadastros técnicos e comerciais sempre atualizados
e buscar sistemas de informação que possibilitem a adequada manutenção e recuperação dos dados
necessários. Quando não houver possibilidade de medição, deve ser feita uma estimativa criteriosa, ao
invés de não se calcular algum índice, por falta de dados.

MELHORIAS OPERACIONAIS E AUMENTO DE CONFIABILIDADE DOS INDICADORES

A confiabilidade dos indicadores básicos e a capacitação para produzir indicadores intermediários e


avançados dependem de uma série de avanços operacionais, que permitam ao operador do serviço de
saneamento avaliar com clareza para onde e em que quantidade é destinada a água, ou esgoto, ou

. 87
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
receita, ou administração em cada segmento dos processos. Para um aumento da confiabilidade dos
indicadores, recomenda-se que o operador adote como diretrizes os seguintes itens:
 Implantar sistema de macromedição nas principais unidades dos sistemas de água e esgoto;
 Buscar a qualidade da macro e micromedição como forma de proporcionar valores próximos da
realidade;
 Implantar rotinas ágeis e precisas de cálculo e análise dos indicadores, com a informatização dos
processos de trabalho;
 Compatibilizar períodos de macro e microleitura;
 Dispor de equipe dedicada, monitorando e analisando a situação, e acionando as demais áreas da
operadora em atividades de redução de perdas de água/faturamento;
 Garantir o isolamento das áreas de influência dos macromedidores;
 Dispor de equipamentos de medição laboratorial e de campo, adequadamente dimensionados,
instalados e aferidos, com manutenção preditiva e preventiva;
 Dispor de hidrômetros de boa qualidade e resolução, adequadamente dimensionados, instalados e
aferidos, com manutenção preditiva e preventiva;
 Assegurar a confiabilidade nos processos de leitura dos macromedidores, através de aferições e
calibrações periódicas, incluindo a consistência dos valores apurados;
 Buscar a hidrometração de toda a água consumida;
 Garantir a confiabilidade nos processos de leitura dos hidrômetros por meio de microcoletores,
incluindo rotina de análise do volume apurado com base no índice de variação de consumo dos períodos
anteriores;
 Implementar política de combate à clandestinidade (furto de água e violação de medidores);
 Manter as informações dos bancos de dados sempre atualizadas e coerentes com a realidade;
 Estabelecer rotinas de manutenção corretiva e preventiva, englobando a troca de hidrômetros
quebrados, violados, embaçados e parados, ou com idade vencida;
 Compatibilizar o uso de hidrômetros, de acordo com a situação de consumo ou do tipo de ligação.

DESCRIÇÃO DOS INDICADORES


Apresenta-se a seguir uma seleção de indicadores que deverão ser implantados, independente de
outros que possam a ser calculados de acordo com diversas outras estruturas dos mesmos como, por
exemplo, o SNIS. Os indicadores deverão ser calculados e acompanhados a partir da possibilidade de
obtenção das variáveis que o compõem.
Para atingir os seus objetivos de gestão, o operador deverá procurar elevados padrões de eficiência e
de eficácia com a implantação e acompanhamento dos Indicadores, porém é de extrema importância a
confiabilidade da informação primária (variáveis) que lhe dá origem. Para um eficiente controle dos
indicadores de desempenho de um sistema de abastecimento, é necessário que se conheça o quanto se
perde em cada uma de suas partes. Com esse objetivo, o sistema operacional de abastecimento de água
foi subdivido em partes, conforme a lista a seguir:

Indicadores do Sistema de Abastecimento de Água.


A. INDICADORES DE MERCADO
- A1. COBERTURA DE SERVIÇO DE ÁGUA
- A2. COBERTURA DE SERVIÇO DE ESGOTO
B. INDICADORES DE PRODUÇÃO
- B1. VOLUME AGUA TRATADA / RAMAL
- B2. RECLAMAÇÕES POR FALTA DE AGUA
- B3. PRODUÇÃO DE AGUA
- B4. PRODUÇÃO POR DEMANDA PROJETADA
- B5. REGULARIDADE DO ABASTECIMENTO
C. INDICADORES PERCENTUAIS, DE PERDAS
- C1. ÍNDICE DE PERDAS DE FATURAMENTO
- C2. ÍNDICE DE PERDAS NA MICROMEDIÇÃO
- C3. ÍNDICE DE PERDAS NA PRODUÇÃO DE ÁGUA
- C4. ÍNDICE DE PERDAS NA ADUÇÃO DE ÁGUA TRATADA
- C.5 ÍNDICE DE PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO
D. INDICADORES TÉCNICOS, DE PERDAS
- D1. ÍNDICE DE PERDAS POR RAMAL, NA DISTRIBUIÇÃO
- D2. ÍNDICE DE PERDAS POR EXTENSÃO DE REDE, NA DISTRIBUIÇÃO

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
E. INDICADORES DE INFRA-ESTRUTURA
- E1. ÍNDICE DE MACROMEDIÇÃO NA PRODUÇÃO
- E2. ÍNDICE DE MACROMEDIÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO
- E3. ÍNDICE DE COBERTURA DA MICROMEDIÇÃO
- E4. ÍNDICE DE OTIMIZAÇÃO DA MICROMEDIÇÃO
- E5. ÍNDICE DE HIDRÔMETROS ADEQUADOS
- E6. ÍNDICE DE VAZAMENTOS NA REDE
- E7. ÍNDICE DE VAZAMENTOS EM RAMAIS
- E8. ÍNDICE DE VAZAMENTOS EM CAVALETES
- E9. ÍNDICE DE PRESSÃO MÍNIMA NA REDE
- E10. ÍNDICE DE PRESSÃO MÁXIMA NA REDE
- E11. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO DE CADASTRO TECNICO
- E12. ÍNDICE DE FATOR DE POTÊNCIA E13. ÍNDICE DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
(RENDIMENTO CONJUNTO)
F. INDICADORES DAS AÇÕES DE CONTROLE DE PERDAS
- F1. ÍNDICE DE DETECÇÃO DE VAZAMENTOS
- F2. ÍNDICE DE VAZAMENTOS NA REDE
- F3. TEMPO MÉDIO DE REPARO DE VAZAMENTOS
G. INDICADORES COMERCIAIS
- G1. CORTE DE ÁGUA
- G2. CONSUMO MEDIO POR RAMAL
- G3. NÍVEL DE ATUALIZAÇÃO DO CADASTRO COMERCIAL
H. INDICADORES FINANCEIROS
- H1. FATURAMENTO POR RAMAL DE ÁGUA
- H2. FATURAMENTO DE ÁGUA
- H3. EFICIENCIA DE ARRECADAÇÃO
- H4. MARGEM OPERACIONAL
I. INDICADORES DE QUALIDADE
- I1. QUALIDADE DA AGUA TRATADA
- I2. QUALIDADE DO ESGOTO TRATADO
- I3. RECLAMAÇÕES RELATIVAS À QUALIDADE DA ÁGUA
- I4. TEMPO DE ATENDIMENTO A RECLAMAÇÕES
- I5. CONTINUIDADE DO ABASTECIMENTO
- I6. EFICIÊNCIA NOS PRAZOS DE ATENDIMENTO
- I7. SATISFAÇÃO DO CLIENTE
J. INDICADORES DE CUSTO
- J1. CUSTO DA PRODUÇÃO DE ÁGUA
- J2. CUSTO DA ENERGIA POR m³
- J3. CUSTO DA PRODUTIVIDADE PESSOAL

ESTRATÉGIA PARA IMPLANTAÇÃO DE INDICADORES

Para uma gestão eficiente de uma empresa de saneamento básico, é de fundamental importância a
existência de um sistema de indicadores gerenciais. Atualmente a diversidade, volatilidade e o volume
crescente de informações relevantes para o desenvolvimento de qualquer gerenciamento em
saneamento, faz com que as prestadoras de serviços se utilizem de tecnologias de informática que
possibilitem análises, seguimento e avaliação das atividades desenvolvidas pela operadora.
Assim, observa-se uma expectativa de evolução dos sistemas de informações para novas tecnologias,
ou melhor, uma real tendência para o uso de sistemas de indicadores, possibilitando a produção e
disseminação de informações nos diversos níveis gerenciais e operacionais. Para implantação de um
sistema desta magnitude, é necessário que os gestores assumam a responsabilidade de implantar um
sistema de indicadores gerenciais, com a implantação gradativa dos indicadores de desempenho
apresentados.
Esses gestores internos e a Agência Reguladora deverão avaliar através desses indicadores, se o
cumprimento dos objetivos e metas do Plano de Saneamento estão sendo alcançados, devem investigar
a necessidade de redirecionamento dos trabalhos e/ou reavaliação das metas propostas ou ainda
redefinir, quando necessário, novos indicadores e parâmetros, eventualmente eliminando os indicadores
que se tornem obsoletos.

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Num primeiro momento o operador deverá se estruturar para gerar os indicadores que forem possíveis
dentro das limitações existentes, evoluindo gradativamente para o estágio esperado e desejado,
abrangendo a enorme gama de indicadores já existentes, seja pelo SNIS, IWA e outros oficiais ou não
oficializados. A busca pela identificação confiável das variáveis formadoras dos indicadores deverá ser
contínua, mesmo se sabendo das dificuldades técnicas e operacionais existentes.

As características físicas, químicas e bacteriológicas da água potável: Anexo XX


da Portaria Consolidada nº 5/2017 do Ministério da Saúde.

ANEXO XX

DO CONTROLE E DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E


SEU PADRÃO DE POTABILIDADE (Origem: PRT MS/GM 2914/2011)

Art. 1º Ficam definidos os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para


consumo humano e seu padrão de potabilidade. (Origem: PRT MS/GM 2914/2011, Art. 1º)

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º Este Anexo se aplica à água destinada ao consumo humano proveniente de sistema e solução
alternativa de abastecimento de água.
Parágrafo Único. As disposições deste Anexo não se aplicam à água mineral natural, à água natural e
às águas adicionadas de sais destinadas ao consumo humano após o envasamento, e a outras águas
utilizadas como matéria-prima para elaboração de produtos, conforme Resolução (RDC) nº 274, de 22 de
setembro de 2005, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Art. 3º Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de sistema ou
solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de controle e vigilância da
qualidade da água.

Art. 4º Toda água destinada ao consumo humano proveniente de solução alternativa individual de
abastecimento de água, independentemente da forma de acesso da população, está sujeita à vigilância
da qualidade da água. (Origem: PRT MS/GM 2914/2011, Art. 4º)

CAPÍTULO II
DAS DEFINIÇÕES

Art. 5º Para os fins deste Anexo, são adotadas as seguintes definições:


I - água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e produção de
alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem;
II - água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido neste Anexo e que não
ofereça riscos à saúde;
III - padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água para
consumo humano, conforme definido neste Anexo;
IV - padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar estímulos sensoriais
que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não necessariamente implicam risco à saúde;
V - água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação destes, visando
atender ao padrão de potabilidade;
VI - sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação composta por um conjunto
de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais, destinada
à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição;
VII - solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano: modalidade de
abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com
ou sem canalização e sem rede de distribuição;

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VIII - solução alternativa individual de abastecimento de água para consumo humano: modalidade de
abastecimento de água para consumo humano que atenda a domicílios residenciais com uma única
família, incluindo seus agregados familiares;
IX - rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento formada por tubulações e seus acessórios,
destinados a distribuir água potável até as ligações prediais;
X - ligações prediais: conjunto de tubulações e peças especiais, situado entre a rede de distribuição
de água e o cavalete, este incluído;
XI - cavalete: kit formado por tubos e conexões destinados à instalação do hidrômetro para realização
da ligação de água;
XII - interrupção: situação na qual o serviço de abastecimento de água é interrompido
temporariamente, de forma programada ou emergencial, em razão da necessidade de se efetuar reparos,
modificações ou melhorias no respectivo sistema;
XIII - intermitência: é a interrupção do serviço de abastecimento de água, sistemática ou não, que se
repete ao longo de determinado período, com duração igual ou superior a seis horas em cada ocorrência;
XIV - integridade do sistema de distribuição: condição de operação e manutenção do sistema de
distribuição (reservatório e rede) de água potável em que a qualidade da água produzida pelos processos
de tratamento seja preservada até as ligações prediais;
XV - controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades exercidas
regularmente pelo responsável pelo sistema ou por solução alternativa coletiva de abastecimento de
água, destinado a verificar se a água fornecida à população é potável, de forma a assegurar a manutenção
desta condição;
XVI - vigilância da qualidade da água para consumo humano: conjunto de ações adotadas
regularmente pela autoridade de saúde pública para verificar o atendimento a este Anexo, considerados
os aspectos socioambientais e a realidade local, para avaliar se a água consumida pela população
apresenta risco à saúde humana;
XVII - garantia da qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar a validade dos
ensaios realizados;
XVIII - recoleta: ação de coletar nova amostra de água para consumo humano no ponto de coleta que
apresentou alteração em algum parâmetro analítico; e
XIX - passagem de fronteira terrestre: local para entrada ou saída internacional de viajantes, bagagens,
cargas, contêineres, veículos rodoviários e encomendas postais.

CAPÍTULO III
DAS COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES
Seção I
Das Competências da União

Art. 6º Para os fins deste Anexo, as competências atribuídas à União serão exercidas pelo Ministério
da Saúde (MS) e entidades a ele vinculadas, conforme estabelecido nesta Seção.

Art. 7º Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS):


I - promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água para consumo humano, em articulação
com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e respectivos
responsáveis pelo controle da qualidade da água;
II - estabelecer ações especificadas no Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para
Consumo Humano (VIGIAGUA);
III - estabelecer as ações próprias dos laboratórios de saúde pública, especificadas na Seção V do
Capítulo III;
IV - estabelecer diretrizes da vigilância da qualidade da água para consumo humano a serem
implementadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitados os princípios do SUS;
V - estabelecer prioridades, objetivos, metas e indicadores de vigilância da qualidade da água para
consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores Tripartite; e
VI - executar ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, de forma complementar
à atuação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 8º Compete à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI/MS) executar, diretamente ou
mediante parcerias, incluída a contratação de prestadores de serviços, as ações de vigilância e controle
da qualidade da água para consumo humano nos sistemas e soluções alternativas de abastecimento de
água das aldeias indígenas.

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Art. 9º Compete à Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) apoiar as ações de controle da qualidade
da água para consumo humano proveniente de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água
para consumo humano, em seu âmbito de atuação, conforme os critérios e parâmetros estabelecidos
neste Anexo.

Art. 10. Compete à ANVISA exercer a vigilância da qualidade da água nas áreas de portos, aeroportos
e passagens de fronteiras terrestres, conforme os critérios e parâmetros estabelecidos neste Anexo, bem
como diretrizes específicas pertinentes.

Seção II
Das Competências dos Estados

Art. 11. Compete às Secretarias de Saúde dos Estados:


I - promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água, em articulação com os Municípios e com
os responsáveis pelo controle da qualidade da água;
II - desenvolver as ações especificadas no VIGIAGUA, consideradas as peculiaridades regionais e
locais;
III - desenvolver as ações inerentes aos laboratórios de saúde pública, especificadas na Seção V do
Capítulo III;
IV - implementar as diretrizes de vigilância da qualidade da água para consumo humano definidas no
âmbito nacional;
V - estabelecer as prioridades, objetivos, metas e indicadores de vigilância da qualidade da água para
consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores Bipartite;
VI - encaminhar aos responsáveis pelo abastecimento de água quaisquer informações referentes a
investigações de surto relacionado à qualidade da água para consumo humano;
VII - realizar, em parceria com os Municípios, nas situações de surto de doença diarréica aguda ou
outro agravo de transmissão fecal-oral, os seguintes procedimentos:
a) análise microbiológica completa, de modo a apoiar a investigação epidemiológica e a identificação,
sempre que possível, do gênero ou espécie de micro-organismos;
b) análise para pesquisa de vírus e protozoários, no que couber, ou encaminhamento das amostras
para laboratórios de referência nacional, quando as amostras clínicas forem confirmadas para esses
agentes e os dados epidemiológicos apontarem a água como via de transmissão; e
c) envio das cepas de Escherichia coli aos laboratórios de referência nacional para identificação
sorológica.
VIII - executar as ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, de forma
complementar à atuação dos Municípios, nos termos da regulamentação do SUS.

Seção III
Das Competências dos Municípios

Art. 12. Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios:


I - exercer a vigilância da qualidade da água em sua área de competência, em articulação com os
responsáveis pelo controle da qualidade da água para consumo humano;
II - executar ações estabelecidas no VIGIAGUA, consideradas as peculiaridades regionais e locais,
nos termos da legislação do SUS;
III - inspecionar o controle da qualidade da água produzida e distribuída e as práticas operacionais
adotadas no sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, notificando seus
respectivos responsáveis para sanar a(s) irregularidade(s) identificada(s);
IV - manter articulação com as entidades de regulação quando detectadas falhas relativas à qualidade
dos serviços de abastecimento de água, a fim de que sejam adotadas as providências concernentes a
sua área de competência;
V - garantir informações à população sobre a qualidade da água para consumo humano e os riscos à
saúde associados, de acordo com mecanismos e os instrumentos disciplinados no Decreto nº 5.440, de
4 de maio de 2005;
VI - encaminhar ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água
para consumo humano informações sobre surtos e agravos à saúde relacionados à qualidade da água
para consumo humano;

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VII - estabelecer mecanismos de comunicação e informação com os responsáveis pelo sistema ou
solução alternativa coletiva de abastecimento de água sobre os resultados das ações de controle
realizadas;
VIII - executar as diretrizes de vigilância da qualidade da água para consumo humano definidas no
âmbito nacional e estadual;
IX - realizar, em parceria com os Estados, nas situações de surto de doença diarréica aguda ou outro
agravo de transmissão fecal-oral, os seguintes procedimentos:
a) análise microbiológica completa, de modo a apoiar a investigação epidemiológica e a identificação,
sempre que possível, do gênero ou espécie de micro-organismos;
b) análise para pesquisa de vírus e protozoários, quando for o caso, ou encaminhamento das amostras
para laboratórios de referência nacional quando as amostras clínicas forem confirmadas para esses
agentes e os dados epidemiológicos apontarem a água como via de transmissão; e
c) envio das cepas de Escherichia coli aos laboratórios de referência nacional para identificação
sorológica.
X - cadastrar e autorizar o fornecimento de água tratada, por meio de solução alternativa coletiva,
mediante avaliação e aprovação dos documentos exigidos no art. 14.
Parágrafo Único. A autoridade municipal de saúde pública não autorizará o fornecimento de água para
consumo humano, por meio de solução alternativa coletiva, quando houver rede de distribuição de água,
exceto em situação de emergência e intermitência.

Seção IV
Do Responsável pelo Sistema ou Solução Alternativa Coletiva de Abastecimento de Água para
Consumo Humano

Art. 13. Compete ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de
água para consumo humano:
I - exercer o controle da qualidade da água;
II - garantir a operação e a manutenção das instalações destinadas ao abastecimento de água potável
em conformidade com as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e das
demais normas pertinentes;
III - manter e controlar a qualidade da água produzida e distribuída, nos termos deste Anexo, por meio
de:
a) controle operacional do(s) ponto(s) de captação, adução, tratamento, reservação e distribuição,
quando aplicável;
b) exigência, junto aos fornecedores, do laudo de atendimento dos requisitos de saúde estabelecidos
em norma técnica da ABNT para o controle de qualidade dos produtos químicos utilizados no tratamento
de água;
c) exigência, junto aos fornecedores, do laudo de inocuidade dos materiais utilizados na produção e
distribuição que tenham contato com a água;
d) capacitação e atualização técnica de todos os profissionais que atuam de forma direta no
fornecimento e controle da qualidade da água para consumo humano; e
e) análises laboratoriais da água, em amostras provenientes das diversas partes dos sistemas e das
soluções alternativas coletivas, conforme plano de amostragem estabelecido neste Anexo.
IV - manter avaliação sistemática do sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água,
sob a perspectiva dos riscos à saúde, com base nos seguintes critérios:
a) ocupação da bacia contribuinte ao manancial;
b) histórico das características das águas;
c) características físicas do sistema;
d) práticas operacionais; e
e) na qualidade da água distribuída, conforme os princípios dos Planos de Segurança da Água (PSA)
recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ou definidos em diretrizes vigentes no País.
V - encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
relatórios das análises dos parâmetros mensais, trimestrais e semestrais com informações sobre o
controle da qualidade da água, conforme o modelo estabelecido pela referida autoridade;
VI - fornecer à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios os dados
de controle da qualidade da água para consumo humano, quando solicitado;
VII - monitorar a qualidade da água no ponto de captação, conforme estabelece o art. 40;

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VIII - comunicar aos órgãos ambientais, aos gestores de recursos hídricos e ao órgão de saúde pública
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios qualquer alteração da qualidade da água no ponto de
captação que comprometa a tratabilidade da água para consumo humano;
IX - contribuir com os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, por meio de ações cabíveis
para proteção do(s) manancial(ais) de abastecimento(s) e das bacia(s) hidrográfica(s);
X - proporcionar mecanismos para recebimento de reclamações e manter registros atualizados sobre
a qualidade da água distribuída, sistematizando-os de forma compreensível aos consumidores e
disponibilizando-os para pronto acesso e consulta pública, em atendimento às legislações específicas de
defesa do consumidor;
XI - comunicar imediatamente à autoridade de saúde pública municipal e informar adequadamente à
população a detecção de qualquer risco à saúde, ocasionado por anomalia operacional no sistema e
solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano ou por não-conformidade
na qualidade da água tratada, adotando-se as medidas previstas no art. 44; e
XII - assegurar pontos de coleta de água na saída de tratamento e na rede de distribuição, para o
controle e a vigilância da qualidade da água.

Art. 14. O responsável pela solução alternativa coletiva de abastecimento de água deve requerer, junto
à autoridade municipal de saúde pública, autorização para o fornecimento de água tratada, mediante a
apresentação dos seguintes documentos:
I - nomeação do responsável técnico habilitado pela operação da solução alternativa coletiva;
II - outorga de uso, emitida por órgão competente, quando aplicável; e
III - laudo de análise dos parâmetros de qualidade da água previstos neste Anexo.

Art. 15. Compete ao responsável pelo fornecimento de água para consumo humano por meio de
veículo transportador:
I - garantir que tanques, válvulas e equipamentos dos veículos transportadores sejam apropriados e
de uso exclusivo para o armazenamento e transporte de água potável;
II - manter registro com dados atualizados sobre o fornecedor e a fonte de água;
III - manter registro atualizado das análises de controle da qualidade da água, previstos neste Anexo;
IV - assegurar que a água fornecida contenha um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L; e
V - garantir que o veículo utilizado para fornecimento de água contenha, de forma visível, a inscrição
"ÁGUA POTÁVEL" e os dados de endereço e telefone para contato.

Art. 16. A água proveniente de solução alternativa coletiva ou individual, para fins de consumo humano,
não poderá ser misturada com a água da rede de distribuição.

Seção V
Dos Laboratórios de Controle e Vigilância

Art. 17. Compete ao Ministério da Saúde:


I - habilitar os laboratórios de referência regional e nacional para operacionalização das análises de
maior complexidade na vigilância da qualidade da água para consumo humano, de acordo com os critérios
estabelecidos na Portaria nº 70/SVS/MS, de 23 de dezembro de 2004;
II - estabelecer as diretrizes para operacionalização das atividades analíticas de vigilância da qualidade
da água para consumo humano; e
III - definir os critérios e os procedimentos para adotar metodologias analíticas modificadas e não
contempladas nas referências citadas no art. 22.

Art. 18. Compete às Secretarias de Saúde dos Estados habilitar os laboratórios de referência regional
e municipal para operacionalização das análises de vigilância da qualidade da água para consumo
humano.

Art. 19. Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios indicar, para as Secretarias de Saúde dos
Estados, outros laboratórios de referência municipal para operacionalização das análises de vigilância da
qualidade da água para consumo humano, quando for o caso.

Art. 20. Compete aos responsáveis pelo fornecimento de água para consumo humano estruturar
laboratórios próprios e, quando necessário, identificar outros para realização das análises dos parâmetros
estabelecidos neste Anexo.

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Art. 21. As análises laboratoriais para controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano
podem ser realizadas em laboratório próprio, conveniado ou subcontratado, desde que se comprove a
existência de sistema de gestão da qualidade, conforme os requisitos especificados na NBR ISO/IEC
17025:2005.

Art. 22. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros previstos neste Anexo devem
atender às normas nacionais ou internacionais mais recentes, tais como:
I - Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, de autoria das instituições
American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water
Environment Federation (WEF);
II - United States Environmental Protection Agency (USEPA);
III - Normas publicadas pela International Standartization Organization (ISO); e
IV - Metodologias propostas pela Organização Mundial à Saúde (OMS).

CAPÍTULO IV
DAS EXIGÊNCIAS APLICÁVEIS AOS SISTEMAS E SOLUÇÕES ALTERNATIVAS COLETIVAS
DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

Art. 23. Os sistemas e as soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo
humano devem contar com responsável técnico habilitado.

Art. 24. Toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar por processo de
desinfecção ou cloração.
Parágrafo Único. As águas provenientes de manancial superficial devem ser submetidas a processo
de filtração

Art. 25. A rede de distribuição de água para consumo humano deve ser operada sempre com pressão
positiva em toda sua extensão.

Art. 26. Compete ao responsável pela operação do sistema de abastecimento de água para consumo
humano notificar à autoridade de saúde pública e informar à respectiva entidade reguladora e à
população, identificando períodos e locais, sempre que houver:
I - situações de emergência com potencial para atingir a segurança de pessoas e bens;
II - interrupção, pressão negativa ou intermitência no sistema de abastecimento;
III - necessidade de realizar operação programada na rede de distribuição, que possa submeter trechos
a pressão negativa;
IV - modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas de abastecimento; e
V - situações que possam oferecer risco à saúde.

CAPÍTULO V
DO PADRÃO DE POTABILIDADE

Art. 27. A água potável deve estar em conformidade com padrão microbiológico, conforme disposto no
Anexo 1 do Anexo XX e demais disposições deste Anexo.
§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com resultado positivo para
coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações corretivas devem ser adotadas e novas amostras
devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios.
§ 2º Nos sistemas de distribuição, as novas amostras devem incluir no mínimo uma recoleta no ponto
onde foi constatado o resultado positivo para coliformes totais e duas amostras extras, sendo uma à
montante e outra à jusante do local da recoleta.
§ 3º Para verificação do percentual mensal das amostras com resultados positivos de coliformes totais,
as recoletas não devem ser consideradas no cálculo.
§ 4º O resultado negativo para coliformes totais das recoletas não anula o resultado originalmente
positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado positivo. (
§ 5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente para coliformes totais
no sistema de distribuição, expressa no Anexo 1 do Anexo XX , não são tolerados resultados positivos
que ocorram em recoleta, nos termos do art. 27, § 1º

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§ 6º Quando o padrão microbiológico estabelecido no Anexo 1 do Anexo XX for violado, os
responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo
humano devem informar à autoridade de saúde pública as medidas corretivas tomadas.
§ 7º Quando houver interpretação duvidosa nas reações típicas dos ensaios analíticos na
determinação de coliformes totais e Escherichia coli, deve-se fazer a recoleta.

Art. 28. A determinação de bactérias heterotróficas deve ser realizada como um dos parâmetros para
avaliar a integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede).
§ 1º A contagem de bactérias heterotróficas deve ser realizada em 20% (vinte por cento) das amostras
mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição (reservatório e rede).
§ 2º Na seleção dos locais para coleta de amostras devem ser priorizadas pontas de rede e locais que
alberguem grupos populacionais de risco.
§ 3º Alterações bruscas ou acima do usual na contagem de bactérias heterotróficas devem ser
investigadas para identificação de irregularidade e providências devem ser adotadas para o
restabelecimento da integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede), recomendando-se que
não se ultrapasse o limite de 500 UFC/mL.

Art. 29. Recomenda-se a inclusão de monitoramento de vírus entéricos no(s) ponto(s) de captação de
água proveniente(s) de manancial(is) superficial(is) de abastecimento, com o objetivo de subsidiar
estudos de avaliação de risco microbiológico.

Art. 30. Para a garantia da qualidade microbiológica da água, em complementação às exigências


relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser atendido o padrão de turbidez expresso no Anexo 2
do Anexo XX e devem ser observadas as demais exigências contidas neste Anexo.
§ 1º Entre os 5% (cinco por cento) dos valores permitidos de turbidez superiores ao VMP estabelecido
no Anexo 2 do Anexo XX , para água subterrânea com desinfecção, o limite máximo para qualquer
amostra pontual deve ser de 5,0 uT, assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 uT em
toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede).
§ 2º O valor máximo permitido de 0,5 uT para água filtrada por filtração rápida (tratamento completo
ou filtração direta), assim como o valor máximo permitido de 1,0 uT para água filtrada por filtração lenta,
estabelecidos no Anexo 2 do Anexo XX , deverão ser atingidos conforme as metas progressivas definidas
no Anexo 3 do Anexo XX .
§ 3º O atendimento do percentual de aceitação do limite de turbidez, expresso no Anexo 2 do Anexo
XX, deve ser verificado mensalmente com base em amostras, preferencialmente no efluente individual de
cada unidade de filtração, no mínimo diariamente para desinfecção ou filtração lenta e no mínimo a cada
duas horas para filtração rápida.

Art. 31. Os sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água


que utilizam mananciais superficiais devem realizar monitoramento mensal de Escherichia coli no(s)
ponto(s) de captação de água.
§ 1º Quando for identificada média geométrica anual maior ou igual a 1.000 Escherichia coli/100mL
deve-se realizar monitoramento de cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. no(s)
ponto(s) de captação de água.
§ 2º Quando a média aritmética da concentração de oocistos de Cryptosporidium spp. for maior ou
igual a 3,0 oocistos/L no(s) pontos(s) de captação de água, recomenda-se a obtenção de efluente em
filtração rápida com valor de turbidez menor ou igual a 0,3 uT em 95% (noventa e cinco por cento) das
amostras mensais ou uso de processo de desinfecção que comprovadamente alcance a mesma eficiência
de remoção de oocistos de Cryptosporidium spp.
§ 3º Entre os 5% (cinco por cento) das amostras que podem apresentar valores de turbidez superiores
ao VMP estabelecido no art. 30, § 2º , o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser menor ou
igual a 1,0 uT, para filtração rápida e menor ou igual a 2,0 uT para filtração lenta.
§ 4º A concentração média de oocistos de Cryptosporidium spp. referida no art. 31, § 2º deve ser
calculada considerando um número mínino de 24 (vinte e quatro) amostras uniformemente coletadas ao
longo de um período mínimo de um ano e máximo de dois anos.

Art. 32. No controle do processo de desinfecção da água por meio da cloração, cloraminação ou da
aplicação de dióxido de cloro devem ser observados os tempos de contato e os valores de concentrações
residuais de desinfetante na saída do tanque de contato expressos nos Anexos 4, 5 e 6 do Anexo XX

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§ 1º Para aplicação dos Anexos 4, 5 e 6 do Anexo XX deve-se considerar a temperatura média mensal
da água.
§ 2º No caso da desinfecção com o uso de ozônio, deve ser observado o produto, concentração e
tempo de contato (CT) de 0,16 mg.min/L para temperatura média da água igual a 15º C.
§ 3º Para valores de temperatura média da água diferentes de 15º C, deve-se proceder aos seguintes
cálculos:
I - para valores de temperatura média abaixo de 15ºC: duplicar o valor de CT a cada decréscimo de
10ºC; e
II - para valores de temperatura média acima de 15ºC: dividir por dois o valor de CT a cada acréscimo
de 10ºC.
§ 4º No caso da desinfecção por radiação ultravioleta, deve ser observada a dose mínima de 1,5
mJ/cm2 para 0,5 log de inativação de cisto de Giardia spp.

Art. 33. Os sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água supridas por
manancial subterrâneo com ausência de contaminação por Escherichia coli devem realizar cloração da
água mantendo o residual mínimo do sistema de distribuição (reservatório e rede), conforme as
disposições contidas no art. 34.

§ 1º Quando o manancial subterrâneo apresentar contaminação por Escherichia coli, no controle do


processo de desinfecção da água, devem ser observados os valores do produto de concentração residual
de desinfetante na saída do tanque de contato e o tempo de contato expressos nos Anexos 4, 5 e 6 do
Anexo XX ou a dose mínima de radiação ultravioleta expressa no art. 32, § 4º .
§ 2º A avaliação da contaminação por Escherichia coli no manancial subterrâneo deve ser feita
mediante coleta mensal de uma amostra de água em ponto anterior ao local de desinfecção.
§ 3º Na ausência de tanque de contato, a coleta de amostras de água para a verificação da
presença/ausência de coliformes totais em sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas
de abastecimento de águas, supridas por manancial subterrâneo, deverá ser realizada em local à
montante ao primeiro ponto de consumo.

Art. 34. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou 2 mg/L de cloro
residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de distribuição
(reservatório e rede).

Art. 35. No caso do uso de ozônio ou radiação ultravioleta como desinfetante, deverá ser adicionado
cloro ou dióxido de cloro, de forma a manter residual mínimo no sistema de distribuição (reservatório e
rede), de acordo com as disposições do art. 34.

Art. 36. Para a utilização de outro agente desinfetante, além dos citados neste Anexo, deve-se
consultar o Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS.

Art. 37. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias químicas que
representam risco à saúde e cianotoxinas, expressos nos Anexos 7 e 8 do Anexo XX e demais
disposições deste Anexo.
§ 1º No caso de adição de flúor (fluoretação), os valores recomendados para concentração de íon
fluoreto devem observar a Portaria nº 635/GM/MS de 26 de dezembro de 1975, não podendo ultrapassar
o VMP expresso na Tabela do Anexo 7 do Anexo XX.
§ 2º As concentrações de cianotoxinas referidas no Anexo 8 do Anexo XX devem representar as
contribuições da fração intracelular e da fração extracelular na amostra analisada.
§ 3º Em complementação ao previsto no Anexo 8 do Anexo XX , quando for detectada a presença de
gêneros potencialmente produtores de cilindrospermopsinas no monitoramento de cianobactérias
previsto no art. 40, § 1º , recomenda-se a análise dessas cianotoxinas, observando o valor máximo
aceitável de 1,0 µg/L.
§ 4º Em complementação ao previsto no Anexo 8 do Anexo XX , quando for detectada a presença de
gêneros de cianobactérias potencialmente produtores de anatoxina-a(s) no monitoramento de
cianobactérias previsto no art. 40, § 1º , recomenda-se a análise da presença desta cianotoxina.

Art. 38. Os níveis de triagem que conferem potabilidade da água do ponto de vista radiológico são
valores de concentração de atividade que não excedem 0,5 Bq/L para atividade alfa total e 1Bq/L para
beta total.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Parágrafo Único. Caso os níveis de triagem citados neste artigo sejam superados, deve ser realizada
análise específica para os radionuclídeos presentes e o resultado deve ser comparado com os níveis de
referência do Anexo 9 do Anexo XX .

Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de potabilidade
expresso no Anexo 10 do Anexo XX .
§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5.
§ 2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do sistema de
abastecimento seja de 2 mg/L.
§ 3º Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expresso nos Anexos 7, 8, 9 e 10 do
Anexo XX , eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em conjunto com
o histórico do controle de qualidade da água e não de forma pontual.
§ 4º Para os parâmetros ferro e manganês são permitidos valores superiores ao VMPs estabelecidos
no Anexo 10 do Anexo XX , desde que sejam observados os seguintes critérios:
I - os elementos ferro e manganês estejam complexados com produtos químicos comprovadamente
de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 e nas normas da ABNT;
II - os VMPs dos demais parâmetros do padrão de potabilidade não sejam violados; e
III - as concentrações de ferro e manganês não ultrapassem 2,4 e 0,4 mg/L, respectivamente.
§ 5º O responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água deve
encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios informações
sobre os produtos químicos utilizados e a comprovação de baixo risco à saúde, conforme preconizado no
art. 13 e nas normas da ABNT.

CAPÍTULO VI
DOS PLANOS DE AMOSTRAGEM

Art. 40. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistemas ou soluções alternativas
coletivas de abastecimento de água para consumo humano, supridos por manancial superficial e
subterrâneo, devem coletar amostras semestrais da água bruta, no ponto de captação, para análise de
acordo com os parâmetros exigidos nas legislações específicas, com a finalidade de avaliação de risco à
saúde humana.
§ 1º Para minimizar os riscos de contaminação da água para consumo humano com cianotoxinas,
deve ser realizado o monitoramento de cianobactérias, buscando-se identificar os diferentes gêneros, no
ponto de captação do manancial superficial, de acordo com a Tabela do Anexo 11 do Anexo XX ,
considerando, para efeito de alteração da frequência de monitoramento, o resultado da última
amostragem.
§ 2º Em complementação ao monitoramento do Anexo 11 do Anexo XX , recomenda-se a análise de
clorofila-a no manancial, com frequência semanal, como indicador de potencial aumento da densidade de
cianobactérias.
§ 3º Quando os resultados da análise prevista no § 2° deste artigo revelarem que a concentração de
clorofila-a em duas semanas consecutivas tiver seu valor duplicado ou mais, deve-se proceder nova
coleta de amostra para quantificação de cianobactérias no ponto de captação do manancial, para
reavaliação da frequência de amostragem de cianobactérias.
§ 4º Quando a densidade de cianobactérias exceder 20.000 células/ml, deve-se realizar análise de
cianotoxinas na água do manancial, no ponto de captação, com frequência semanal.
§ 5º Quando as concentrações de cianotoxinas no manancial forem menores que seus respectivos
VMPs para água tratada, será dispensada análise de cianotoxinas na saída do tratamento de que trata o
Anexo 12 do Anexo XX .
§ 6º Em função dos riscos à saúde associados às cianotoxinas, é vedado o uso de algicidas para o
controle do crescimento de microalgas e cianobactérias no manancial de abastecimento ou qualquer
intervenção que provoque a lise das células.
§ 7º As autoridades ambientais e de recursos hídricos definirão a regulamentação das
excepcionalidades sobre o uso de algicidas nos cursos d'água superficiais.

Art. 41. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistema e solução alternativa coletiva
de abastecimento de água para consumo humano devem elaborar e submeter para análise da autoridade
municipal de saúde pública, o plano de amostragem de cada sistema e solução, respeitando os planos
mínimos de amostragem expressos nos Anexos 11, 12, 13 e 14 do Anexo XX .
§ 1º A amostragem deve obedecer aos seguintes requisitos:

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
I - distribuição uniforme das coletas ao longo do período;
II - representatividade dos pontos de coleta no sistema de distribuição (reservatórios e rede),
combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos como:
a) aqueles próximos a grande circulação de pessoas: terminais rodoviários, terminais ferroviários, entre
outros;
b) edifícios que alberguem grupos populacionais de risco, tais como hospitais, creches e asilos;
c) aqueles localizados em trechos vulneráveis do sistema de distribuição como pontas de rede, pontos
de queda de pressão, locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de abastecimento,
reservatórios, entre outros; e
d) locais com sistemáticas notificações de agravos à saúde tendo como possíveis causas os agentes
de veiculação hídrica.
§ 2º No número mínimo de amostras coletadas na rede de distribuição, previsto no Anexo 12 do Anexo
XX , não se incluem as amostras extras (recoletas).
§ 3º Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas, deve ser efetuada medição de
turbidez e de cloro residual livre ou de outro composto residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado
não seja o cloro.
§ 4º Quando detectada a presença de cianotoxinas na água tratada, na saída do tratamento, será
obrigatória a comunicação imediata às clínicas de hemodiálise e às indústrias de injetáveis.
§ 5º O plano de amostragem para os parâmetros de agrotóxicos deverá considerar a avaliação dos
seus usos na bacia hidrográfica do manancial de contribuição, bem como a sazonalidade das culturas.
§ 6º Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expressos nos Anexos 7, 8, 9 e 10 do
Anexo XX , a detecção de eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em
conjunto com o histórico do controle de qualidade da água.
§ 7º Para populações residentes em áreas indígenas, populações tradicionais, dentre outras, o plano
de amostragem para o controle da qualidade da água deverá ser elaborado de acordo com as diretrizes
específicas aplicáveis a cada situação.

CAPÍTULO VII
DAS PENALIDADES

Art. 42. Serão aplicadas as sanções administrativas previstas na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de
1977, aos responsáveis pela operação dos sistemas ou soluções alternativas de abastecimento de água
que não observarem as determinações constantes deste Anexo, sem prejuízo das sanções de natureza
civil ou penal cabíveis.

Art. 43. Cabe ao Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS, e às Secretarias de Saúde dos
Estados, do Distrito Federal dos Municípios, ou órgãos equivalentes, assegurar o cumprimento deste
Anexo.

CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 44. Sempre que forem identificadas situações de risco à saúde, o responsável pelo sistema ou
solução alternativa coletiva de abastecimento de água e as autoridades de saúde pública devem, em
conjunto, elaborar um plano de ação e tomar as medidas cabíveis, incluindo a eficaz comunicação à
população, sem prejuízo das providências imediatas para a correção da anormalidade.

Art. 45. É facultado ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de
água solicitar à autoridade de saúde pública a alteração na frequência mínima de amostragem de
parâmetros estabelecidos neste Anexo, mediante justificativa fundamentada.
Parágrafo Único. Uma vez formulada a solicitação prevista no caput deste artigo, a autoridade de
saúde pública decidirá no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, com base em análise fundamentada no
histórico mínimo de dois anos do controle da qualidade da água considerando os respectivos planos de
amostragens e de avaliação de riscos à saúde, da zona de captação e do sistema de distribuição.

Art. 46. Verificadas características desconformes com o padrão de potabilidade da água ou de outros
fatores de risco à saúde, conforme relatório técnico, a autoridade de saúde pública competente
determinará ao responsável pela operação do sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento
de água para consumo humano que:

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I - amplie o número mínimo de amostras;
II - aumente a frequência de amostragem; e
III - realize análises laboratoriais de parâmetros adicionais.

Art. 47. Constatada a inexistência de setor responsável pela qualidade da água na Secretaria de Saúde
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, os deveres e responsabilidades previstos,
respectivamente, nos arts. 11 e 12 do Anexo XX serão cumpridos pelo órgão equivalente.

Art. 48. O Ministério da Saúde promoverá, por intermédio da SVS/MS, a revisão deste Anexo no prazo
de 5 (cinco) anos ou a qualquer tempo.
Parágrafo Único. Os órgãos governamentais e não-governamentais, de reconhecida capacidade
técnica nos setores objeto desta regulamentação, poderão requerer a revisão deste Anexo, mediante
solicitação justificada, sujeita a análise técnica da SVS/MS.

Art. 49. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão adotar as medidas necessárias
ao fiel cumprimento deste Anexo.

Art. 50. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos Municípios.

ATENÇÃO: Caso tenha interesse e disponibilidade, os Anexos poderão estão disponíveis no site:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html

Métodos de controle e combate de perdas em redes de distribuição de água. Os


padrões de qualidade dos corpos d’água: as classes e o enquadramento dos
corpos d’água.

Controle de Perdas8

O controle de perdas de água em sistemas de abastecimento de água constitui a principal atividade


operacional que deve ser desenvolvida por uma empresa de saneamento básico, pois o seu controle está
diretamente relacionado com a receita e a despesa da empresa. Além disso, se considerarmos que a
água está se tornando um recurso cada mais escasso, devido à poluição dos mananciais de
abastecimento, o controle de perdas torna-se de fundamental importância.
Em sistemas públicos de abastecimento, do ponto de vista operacional, as perdas de água
consideradas correspondem aos volumes não contabilizados. Estes englobam tanto as perdas físicas,
que representam a parcela não considerada, como as perdas não físicas, que correspondem à água
consumida e não registrada.
As perdas físicas representam a água que efetivamente não chega ao consumo, devido aos
vazamentos no sistema ou à utilização na operação do sistema. As perdas não físicas representam a
água consumida que não é medida, devido à imprecisão e falhas nos hidrômetros, ligações clandestinas
ou não cadastradas, fraudes em hidrômetros e outras.
São também conhecidas como perdas de faturamento, uma vez que seu principal indicador é a
relação entre o volume disponibilizado e o volume faturado.
A redução das perdas físicas permite diminuir os custos de produção, mediante redução do consumo
de energia elétrica, de produtos químicos, etc, e utilizar as instalações existentes para aumentar a oferta
de água, sem expansão do sistema produtor. A redução das perdas não físicas permite aumentar a receita
tarifária, melhorando a eficiência dos serviços prestados e o desempenho financeiro do prestador de
serviços.
A tabela a seguir apresenta uma proposta de estruturação dos diversos usos de água em um sistema
de abastecimento e a conseqüente definição dos volumes que são efetivamente perdidos (físicos e não
físicos).
Em 1997, o Governo Federal lançou o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água-
PNCDA. Esse programa tem por objetivo geral promover o uso racional da água de abastecimento público
nas cidades brasileiras, e como objetivos específicos, definir e implementar um conjunto de ações para
uma efetiva economia dos volumes de água demandados para consumo nas áreas urbanas.

8www.pha.poli.usp.br/LeArq.aspx?id_arq=5067

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Perdas físicas: Origem e Magnitude

As origens e magnitude das perdas físicas são apresentadas resumidamente na tabela a seguir. As
perdas físicas podem ser classificadas em perdas operacionais e vazamentos.
As perdas operacionais são associadas à operação do sistema, tais como, lavagem dos filtros,
descarga em redes, limpeza e extravasamento de reservatório etc. A implementação de melhorias na
operação e no controle operacional, e a instalação de alarmes e automação podem reduzir sensivelmente
as perdas operacionais.
As perdas por vazamentos são decorrentes de rupturas em adutoras, sub-adutoras, redes e ramais
prediais, falhas em conexões e peças especiais, trincas nas estruturas e defeitos nas impermeabilizações
das ETAs e reservatórios.

Perdas físicas no sistema de abastecimento de água

Parte do Sistema Origem Magnitude


Limpeza do poço de Variável, função do estado das
Captação sucção Limpeza da caixa instalações e da eficiência
de areia operacional
Adução de água Vazamentos nas Variável, função do estado das
bruta tubulações tubulações

Vazamentos na Significativa, função do estado


Tratamento estrutura Lavagem de das instalações e da eficiência
filtros Descarga de lodo operacional
Vazamentos na
Variável, função do estado das
estrutura
Reservação instalações e da
Extravasamentos
eficiência operacional
Limpeza
Vazamentos nas Variável, função do estado
Adução de água tubulações Limpeza de das tubulações e
tratada poço de sucção da eficiência
Descargas operacional
Significativa, função do estado
Vazamentos na rede
das tubulações e
Distribuição Vazamentos em ramais
principalmente das
Descargas
pressões

De um modo geral, os principais fatores que influenciam as perdas físicas nos sistemas de
abastecimento de água são:

- Variações de pressão/ altas pressões;


- Condições físicas da infra-estrutura (material, idade, etc);
- Condições de tráfego e tipo de pavimento sobre a rede;
- Recalques do subsolo;
- Qualidade dos serviços (mão-de-obra e material empregado), tanto na implantação da rede quanto
na execução de reparos;
- Agilidade na execução dos reparos;
- Condições de gerenciamento (telemetria, método de coleta e armazenamento de dados).

A tabela seguinte sistematiza as principais causas de vazamentos nas redes de distribuição de água.

Causas de vazamentos de água


Causas Internas
Estrutura e Qualidade dos Tubos, Juntas e Outros Elementos
Qualidade e estruturas inadequadas dos tubos, juntas e outros materiais
Diminuição da resistência devido à corrosão
Degeneração do material por envelhecimento

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Projeto e Tecnologia de Montagem
Projeto inadequado
Encaixe inadequado das juntas e outros tubos
Reaterro mal executado
Contato com outras estruturas (proteção inadequada)
Métodos anti-corrosão inadequados
Corrosão por diferentes tipos de metais
Fatores Internos nos Tubos
Pressão e qualidade da água (corrosão interna)
Golpe de Aríete
Mudanças de temperatura
Causas Externas
Ambiente onde os Tubos estão Instalados
Aumento de carga de tráfego
Depressão ao redor dos tubos que ocultam os vazamentos de água
Movimentos do solo
Rompimento dos encanamentos
Diferenças das condições entre o projeto e a realidade
Excesso de tensões externas
Poluição do solo por vazamento de esgotos de fábricas e de outras fontes
Corrosão potencial devido à agressividade do solo
Movimentos de Terra e Desastres Naturais
Danos decorrentes de movimentos de terra de obras realizadas por outras
empresas
Alterações nas condições de assentamento das tubulações devido a movimentação
de terra de obras realizadas por outras empresas
Movimento do solo e ruas devido a desastres naturais

Especificamente, para o tubo de PEAD observa-se que a incidência de vazamentos decorre da má


qualidade do material, amassamento do tubo e problemas em uniões e adaptadores.
Para o caso do PVC, a maior parte dos problemas são decorrentes do excesso de carga, acomodação
do solo e falhas nas juntas soldadas ou coladas (quando empregados em ramais); no caso das redes
somam-se os problemas decorrentes da montagem da junta elástica.

Perdas não físicas: Origem e Magnitude

A tabela a seguir apresenta as principais causas de perdas de faturamento em um sistema de


abastecimento de água, indicando qualitativamente suas magnitudes em função das características do
serviço.
As perdas não físicas são geralmente expressivas e podem representar 50% ou mais no percentual
de água não faturada, dependendo de aspectos técnicos como critérios de dimensionamento e
manutenção preventiva de hidrômetros, e de procedimentos comerciais e de faturamento, que necessitam
de um gerenciamento integrado.

Perdas não físicas no sistema de abastecimento de água.


Origem Magnitude

Ligações clandestinas/ regulares


Podem ser significativas dependendo
Ligações não hidrometradas Hidrômetros
de: procedimentos cadastrais e de
parados Hidrômetros que submedem
faturamento, manutenção preventiva,
Ligações inativas reabertas Erros de
adequação de hidrômetro e
leitura
monitoramento do sistema
Número de economias errado

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Distribuição das perdas

A tabela seguinte apresenta um exemplo da distribuição das perdas em sistemas de abastecimento


de água.

Distribuição das perdas na RMSP.


Hipótese
Tipo de perda de trabalho Perdas
(m3/s)
Físi Não
Totais
cas Físicas
Vazamentos 8,9 47,6 - 47,6
Macromedição 1,0 - 5,3 5,3
Micromedição 3,8 - 20,3 20,3
Habitações sub-
1,8 3,4 6,3 9,7
normais
Gestão comercial 3,2 17,1 17,1
Total 18,7 51,0 49,0 100,0

Pelo que se observa na primeira tabela.4, 51% das perdas são físicas e 49% são perdas não físicas.
As perdas físicas são vazamentos (redes e ligações) e constituem praticamente o total das perdas físicas,
ou seja, 47,6%.
As ligações clandestinas em habitações sub-normais (favelas) correspondem a 3,4% das perdas. As
perdas não físicas somam 49% e decorrem de erros na macromedição (5,3%), erros na micromedição
(20,3%), falhas de cadastro em habitações sub-normais (6,3%) e falhas do cadastro do usuário em gestão
comercial (17,1%).

Medidas para a diminuição de perdas

É de fundamental importância a elaboração de um diagnóstico de perdas do sistema de abastecimento


de água, para verificar as medidas a serem tomadas visando a diminuição de perdas de água. Várias são
as metodologias existentes, tais como, a apresentada por Baggio (2000).
A metodologia proposta por Baggio (2000) centra seu foco, em um primeiro momento, no
gerenciamento pela qualidade da operação dos sistemas como forma de evitá-las para, em um segundo
momento, deflagrar algumas soluções clássicas, porém lastreadas em ferramentas de gerenciamento de
qualidade. Propõe a seguinte estratégia:
- implantar modelo de gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia do processo de operação de
sistemas de abastecimento de água;
- democratização de informações e criação de consciência;
- bloqueio das causas predominantes.

Qualquer que seja a metodologia utilizada para o diagnóstico das perdas de água, e qualquer que
seja o sistema de abastecimento de água, é necessário pelo menos realizar as ações relacionadas a
seguir, para a diminuição das perdas de água:
- controle das perdas físicas;
- controle de perdas não físicas;
- plano de ação para o controle de perda

Controle de perdas físicas

Para um programa de controle de perdas, devem ser realizadas diversas ações, visando a diminuição
da parcela de perdas físicas, que muitas vezes tem sido subdimensionada. Dentre várias ações,
destacam-se a seguir, as mais importantes:
- Controle das pressões;
- Pesquisa de vazamentos;
- Redução no tempo de reparo de vazamentos;
- Gerenciamento da rede.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Controle das pressões

A setorização da rede de distribuição de água constitui um dos fatores mais importantes para a correta
operação do sistema de abastecimento de água, pois tem por objetivo, manter a rede em faixas
adequadas de pressões mínimas e máximas. Segundo a norma da ABNT- NBR 12.218/1994, a pressão
estática máxima nas tubulações distribuidoras deve ser de 500kPa (50m H2O) e a pressão dinâmica
mínima, de 100kPa 910m H2O).

O controle pressões na rede é muito importante, principalmente na RMSP onde 30% apresenta
pressões acima de 60m H2O e mais de 80% tem pressões acima de30m H2O (Sarzedas, Ramos e
Matsuguma,1999)
Como a redução da pressão está diretamente relacionada com a redução das perdas de água,
conforme se observa na tabela seguinte, a utilização da válvula redutora de pressão geralmente é uma
alternativa econômica para diminuir a pressão na rede e, conseqüentemente, reduzir o número de
vazamentos nas redes de distribuição e nos ramais prediais (figura 1). Para Sarzedas, Ramos e
Matsuguma (1999), os serviços de pesquisa de vazamentos na RMSP apresenta os seguintes resultados:
Em regiões com predomínio de pressões em torno de 40m H2O a taxa de vazamentos estimada oscilou
em torno de 1,29m3/hxkm;
Em regiões onde mais de 50% da rede tem pressão superior a 60m H2O a taxa foi de 2,36m3/hxkm.

Redução das perdas em função da redução de pressão na rede de distribuição de água.


Redução da Pressão (%) Redução da Perda (%)
20 10
30 16
40 23
50 29
60 37

A válvula redutora de pressão somente deverá ser adotada para reduzir a pressão de uma determinada
área após estudos técnicos bem elaborados.
O princípio básico da válvula redutora de pressão (VRP) é a manutenção de uma pressão fixa na sua
saída. Em locais onde se verificam consideráveis variações de pressão decorrentes de perdas de carga
no sistema, torna-se interessante a utilização de controladores eletrônicos.

Há três tipos básicos de controle de pressão com a utilização da VRP (Yoshimoto, Tardelli Filho e
Sarzedas,1999):
- pressão de saída fixa (VRP sem controlador) - é usada quando o sistema a ser controlado não tem
mudanças significativas de demanda, e as perdas de carga relativamente pequenas (menores que 10m
H2O, sob quaisquer condições de operação);
- modulação por tempo – é usada para controlar um sistema que apresenta grande perda de carga
(superior a 10 m H2O), porém de perfil regular de consumo; assim, a válvula irá trabalhar com patamares
de pressão de saída ajustadas no tempo;
- modulação por vazão - é usada para controle em sistemas que apresentam grande perda de carga
(grandes áreas) e mudança no perfil de consumo que podem ser no tipo de uso, na sazonalidade ou na
população (como no caso de cidades turísticas). Apesar de ser o tipo de controle mais eficiente, necessita
de controlador mais sofisticado, além de um medidor de pulso de vazão.

Pesquisa de vazamentos

A pesquisa, localização e reparo de vazamentos visíveis e não visíveis são outras medidas de
recuperação de perdas físicas, amplamente utilizadas pelas empresas de saneamento.
Os vazamentos visíveis são facilmente notados pela população, que notifica a empresa, sendo que o
reparo é normalmente feito em curto espaço de tempo. Já os vazamentos não visíveis não afloram à
superfície, infiltram-se na terra, formando fluxos internos no solo e, portanto, leva-se um longo tempo para
localizá-los e consertá-los, uma vez que são necessários inspeções especiais através de equipamentos
de pesquisa acústica para a sua detecção. A tabela a seguir apresenta as características mais
importantes dos vazamentos visíveis e não visíveis.
Entretanto, nem todos os vazamentos não visíveis são detectáveis através de equipamentos de

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
pesquisa atualmente disponíveis. Aquelas vazões muito baixas, que geralmente ocorrem nas juntas e nos
estágios iniciais dos processos de corrosão, representam o que se denomina “vazamentos inerentes” do
sistema de distribuição de água.
Para Sarzedas, Ramos e Matsuguma(1999), as pesquisas de vazamentos não visíveis realizadas na
RMSP apresentam os seguintes resultados:
0,85 a 1,47 vazamentos por km de rede pesquisada;
85% em ramais prediais e 15% em redes;
perda média por vazamentos de 1,28 a 1,54 m3/h.

Vazamentos visíveis e não visíveis.


Item Vazamentos visíveis Vazamentos não visíveis
Água dos grandes
Comportamento dos Pequenos vazamentos
vazamentos tende a
vazamentos tendem a permanecer subterrâneos.
aflorar à superfície.
Quando o solo é arenoso ou
Quando o solo é
pedregulhoso, os vazamentos tendem a
Solo argiloso, os vazamentos
permanecer
tendem a aflorar.
subterrâneos.
Vazamentos tendem a
Vazamentos tendem a se tornar
aflorar à superfície nas
subterrâneos em locais pavimentados e
Pavimento e esgoto áreas com pouca
com sistema
pavimentação e sem
de esgoto próprio.
sistemas de esgoto.
Vazamentos visíveis
ocorrem com freqüência. Normalmente os vazamentos são em
Porém, o volume total número menor que os visíveis, mas o
Vazamento vazado é pequeno porque volume vazado é grande porque demora-
eles são detectados e se mais para
reparados descobri-los.
rapidamente.
Arriamento das ruas, danos nas
Arriamento das ruas,
fundações das casas, pouca pressão,
erosão, inundação de
Prejuízos contaminação da água e outros. Prejuízos
residências: prejuízos
econômicos indiretos advindos das
diretos.
perdas.

Tomaz(2000), realizou pesquisa de vazamentos no SAAE de Guarulhos, e concluiu que 9% dos


vazamentos são na rede e 91% são em ramais prediais. Portanto, deve ser priorizado o combate aos
vazamentos nas ligações, através de reabilitação dos ramais prediais (troca sistemática de ramais
prediais antigos). As pesquisas na RMSP demonstraram que grande parte dos vazamentos têm sido em
ramais prediais de PEAD recentemente instalados que deverão ser trocados.
A pesquisa de vazamentos na rede de distribuição pode ser dividida em duas classes: pesquisa sem
medição e pesquisa com medição.
A pesquisa de vazamento sem medição deverá ser iniciada em áreas com as seguintes características:
- maior incidência de reparos de vazamentos;
- pressões elevadas;
- redes antigas;
- materiais utilizados de má qualidade ou inadequadamente;
- solo de má qualidade e de grande intensidade de tráfego.

O passo seguinte é a detecção de vazamentos através de equipamentos, pois o escoamento da água


sob pressão através de orifícios da tubulação (causadora das perdas de água), originam as vibrações
acústicas, com frequência variável de 100 a 5.000 Hz. Essas ondas se propagam ao longo da tubulação
e também no solo onde está assentada a rede de distribuição de água. Os equipamentos de detecção de
vazamentos consistem em detectar ruídos e tem por base o princípio de estetoscópio, auxiliado por
sistemas de amplificadores mecânicos e eletrônicos. Além desses tipos de equipamentos, a partir da
década de 80, têm sido utilizados com frequência os equipamentos de correlação acústica, devido a

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
rapidez e precisão na localização dos vazamentos. A pesquisa de vazamentos não visíveis com medição
requer uma prévia definição dos trechos a serem pesquisados, os quais podem ser escolhidos levando-
se em consideração informações e características que indiquem a existência de vazamentos ou com
grande probabilidade de existirem vazamentos. Podem ser utilizados os seguintes métodos de pesquisa:
- método do consumo zero- medições diretas realizadas nos trechos isolados da rede de distribuição,
com base no princípio de que uma rede perfeitamente isolada e sem consumo deve apresentar vazão
nula, pelo menos durante pequeno intervalo de tempo. Se as medições realizadas apresentarem vazões
positivas, conclui-se que nesses trechos há vazamentos;
- método do consumo mínimo noturno- tem o mesmo princípio do método do consumo zero, sendo
que a diferença, neste caso, é que se considera a existência de um consumo mínimo noturno admissível,
conclui-se que é provável a existência de vazamentos.

Os vazamentos em ramais prediais são responsáveis pela maior parcela de água perdida,
representando cerca de 85% dos vazamentos da rede de distribuição de água, na RMSP. Para diminuir
essas perdas recomenda-se:
- recobrimento adequado da tubulação do ramal, para resistir às cargas externas;
- materiais com boa qualidade;
- a ligação da rede com o ramal deverá ser bem executada;
- a existência de procedimentos adequados para a execução, acompanhamento, fiscalização,
aceitação e reparos dos ramais prediais;
- substituição das tubulações e ligações nas áreas de grande incidência de vazamentos.

Redução no tempo de reparo de vazamentos

Para a RMSP o índice de reparo de vazamentos é da ordem de 15 reparos/km x ano (SABESP, 1999).
A redução no tempo de reparo de vazamentos tem importância fundamental para a redução de perdas.
Apesar do reparo de vazamentos depender de uma série de fatores, tais como, localização do
vazamento, existência ou não de tráfego local, profundidade da tubulação, pavimentação da rua, etc, o
tempo de reparo deve ser o menor possível. De um modo geral, o tempo médio de reparo é da ordem
de 24 horas.

Gerenciamento da rede

Os principais aspectos relacionados com o gerenciamento da rede são apresentados a seguir:

Controle da rede – para pequenos sistemas, a existência de medidores de nível dos reservatórios,
medidores de vazão na entrada dos setores de abastecimento e depressão de jusante, já são
considerados satisfatórios para seu controle. À medida que
o sistema vai se tornando mais complexo, há necessidade de sofisticar o controle, utilizando-se, por
exemplo, instrumentos de telemetria, equipamentos de armazenar dados, etc.
Cadastro/GIS – a manutenção de um cadastro confiável do sistema é essencial para possibilitar um
perfeito controle do sistema de distribuição.
Softwares de análise custo-benefício – já existem no mercado softwares que executam os cálculos das
perdas físicas por vazamento do sub-setor, simulam as perdas com as novas condições de perfil de
pressão, estimam a economia de água e calculam a relação custo x benefício, mostrando o período de
retorno do investimento.
Modelação matemática – é uma ferramenta muito útil para simulação do comportamento hidráulico de
uma rede de distribuição, pode auxiliar no dimensionamento e na escolha do sistema de controle de
pressão e serve para simulações de condições operacionais excepcionais.
Manutenção do sistema – como o sistema de distribuição sofre contínuas mudanças ao longo do
tempo, há necessidade de um processo contínuo de controle da rede, sendo necessária a criação de um
plano de manutenção, abrangendo o levantamento de um histórico do comportamento dos equipamentos
do sistema, bem como das pressões nos pontos médios e nos pontos críticos, além das vazões medidas
nas entradas de válvulas redutoras de pressão (VRP) e boosters.

Medidas de natureza preventiva

O desenvolvimento de medidas de natureza preventiva de controle de perdas nas fases de projeto e


construção do sistema envolve a necessidade de passos iniciais de organização anteriores à operação.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Aquelas medidas devem contemplar, dentre outras:
- a boa concepção do sistema de abastecimento de água, considerando os dispositivos de controle
operacional do processo;
- a qualidade adequada de instalações das tubulações, equipamentos e demais dispositivos utilizados;
- a implantação dos mecanismos de controle operacional (medidores e outros);
- a elaboração de cadastros; e
- a execução de testes pré-operacionais de ajuste do sistema.

Controle das perdas não físicas

As perdas não físicas decorrem de erros na macromedição, erros na micromedição, fraudes, ligações
clandestinas, desperdício de água pelos consumidores de ligações sem hidrômetros, falhas no cadastro
do usuário, etc. Neste caso, a água é efetivamente consumida pelos usuários, entretanto, não é cobrada
pelas empresas de saneamento.

A seguir são apresentadas algumas considerações para o controle das principais causas das perdas
não físicas.

Macromedição

A macromedição é o conjunto de medições realizadas no sistema de abastecimento de água, tanto


nos sistemas produtores, quanto nos setores de abastecimento. Exemplos de pontos de medição: água
bruta captada, entrada nos setores de abastecimento, água tratada entregue por atacado a outros
sistemas públicos.
A macromedição é fundamental para o adequado monitoramento e gerenciamento do sistema de
abastecimento de água, pois somente através de dados confiáveis é que se pode elaborar um programa
efetivo de redução e controle de perdas de água.
É necessário que os macromedidores estejam sempre bem aferidos, bem instalados e em perfeito
funcionamento e dentro dos limites de precisão, de modo que os valores decorrentes dos
macromedidores sejam corretos e sem desvios.

Micromedição

O sistema de micromedição é responsável por uma grande parcela da perda não física. Para reduzir
as perdas por micromedição é necessário:

- utilizar hidrômetros de maior precisão – na maioria das ligações predominam os hidrômetros de 1,5
a 3,0 m3/h, que têm imprecisão da ordem de 20%, devido à existência de caixas d’água nos domicílios e
as próprias características dos hidrômetros. Para reduzir as perdas, recomenda-se a substituição dos
hidrômetros classe B para classe C, bem mais precisos;
- substituição dos hidrômetros inclinados – apesar de existirem medidores capazes de operar
inclinados, recomenda-se a troca desses medidores, pois o contínuo funcionamento do medidor pode
alterar a condição de desgaste das engrenagens do medidor e afetar as leituras;
- troca de hidrômetros antigos e avariados – de um modo geral, recomenda-se a substituição de
hidrômetros de pequena capacidade (até 50 m3/dia) a cada 10 anos e a cada 5 anos para os de maior
capacidade.

Favelas e áreas invadidas

A invasão de áreas públicas e privadas por população de baixa renda deu origem às favelas e áreas
invadidas ou loteamentos clandestinos, onde se observa a existência de ligações irregulares de água. No
caso da RMSP, para essas áreas as perdas representam cerca de 6,3%.
Para diminuir essas perdas, recomenda-se a regularização das economias não cadastradas e dos
loteamentos clandestinos e implementação de melhorias na infra-estrutura para eliminação das favelas.

Gestão comercial

Várias causas de perdas não físicas podem ser consideradas neste item, destacando-se: não
cadastramento imediato de novas ligações, ligações clandestinas, deficiências no cadastro, política de

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
cobrança e fraudes de diversos tipos.
É importante o recadastramento dos usuários para facilitar a identificação de fraudes e ligações
clandestinas. Estudo realizado em Guarulhos, na Grande São Paulo, mostrou que o recadastramento dos
usuários da companhia de saneamento municipal (SAEE) proporcionou a redução de 10,72% das perdas
não físicas.

Plano de ação para o controle das perdas

Um programa de redução de perdas é fundamentado numa série de ações corretivas voltadas para a
redução das perdas físicas e não físicas. As ações corretivas são compostas de atividades, estando
estipuladas as metas a serem cumpridas no transcorrer do desenvolvimento do programa.
As principais ações que devem fazer parte de um plano para o controle de perdas são apresentadas
na tabela. Para cada ação, devem ser estimados o custo total, o benefício anual e a recuperação de água.

Principais ações de um plano para o controle de perdas de água


Ações Detalhamentos das ações
Novo sistema informatizado
Ações básicas: pré-requisitos Equacionamento da macromedição
Diagnóstico dos ramais de PEAD
Preparo do programa
Pesquisa e reparo de vazamentos
Definição de um sistema de controle e
Redução de perdas físicas
acompanhamento
Programa de redução de pressões
Instalação de VRP

Substituição de hidrômetros
Correção de hidrômetros inclinados
Redução de perdas não Controle das ligações inativas
físicas Estudos e instalação de macromedição distrital
Propostas institucionais
Gestão de favelas e áreas invadidas
Descentralização do gerenciamento
Incremento da capacidade de
acompanhamento e de controle
Melhorias do gerenciamento
Reformulação da gestão dos grandes
consumidores Melhoria dos sistemas de
macromedição

Enquadramento dos Corpos D'água9

Esta página disponibiliza documentos sobre o enquadramento dos corpos hídricos superficiais do
Estado de São Paulo. O enquadramento é um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos
Hídricos, responsável pela definição da classe de qualidade da água para seus usos preponderantes.

Instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos (art. 3º da Lei 9433/1997):


I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

9http://www.sigrh.sp.gov.br/enquadramentodoscorposdagua

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Qualidade da água segundo a Resolução CONAMA 357/2005: - DEFINIÇÕES (art.2º)

Enquadramento dos corpos hídricos

"É o estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser, obrigatoriamente,


alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de acordo com os usos preponderantes
pretendidos, ao longo do tempo."

Classificação dos corpos hídricos

“É a qualificação das águas doces, salobras e salinas em função dos usos preponderantes (sistema
de classes) atuais e futuros.”
O que é classe de qualidade?
“É o conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos
preponderantes atuais e futuros.”

CLASSES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS DOCES SUPERFICIAIS (art.4º)


CLASSE ESPECIAL, águas destinadas a(o):

- abastecimento para consumo humano, com desinfecção;


- preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;
- preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

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CLASSE 1, águas que podem ser destinadas a(o):
- abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
- proteção das comunidades aquáticas;
- recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho), conforme CONAMA 274/00;
- irrigação de hortaliças consumidas cruas e de frutas (rente ao solo) e que sejam ingeridas cruas sem
remoção de película;
- proteção das comunidades aquáticas em terras Indígenas.
CLASSE 2, águas que podem ser destinadas a(o):
- abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
- proteção das comunidades aquáticas;
- à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho), conforme CONAMA 274/00;
- irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, parque e jardins e outros com os quais o público possa vir
a ter contato direto;
- aqüicultura e à atividade de pesca.
CLASSE 3, águas que podem ser destinadas a(o):
- abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;
- irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
- pesca amadora;
- recreação de contato secundário;
- dessedentação de animais.
CLASSE 4, águas que podem ser destinadas à:
- navegação;
- harmonia paisagística.

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As Resoluções CONAMA nº 357/2005 e nº 430/2011.

RESOLUÇÃO No 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe são
conferidas pelos arts. 6o, inciso II e 8o, inciso VII, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista o
disposto em seu Regimento Interno, e
Considerando a vigência da Resolução CONAMA no 274, de 29 de novembro de 2000, que dispõe
sobre a balneabilidade;
Considerando o art. 9o, inciso I, da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política
Nacional dos Recursos Hídricos, e demais normas aplicáveis à matéria;
Considerando que a água integra as preocupações do desenvolvimento sustentável, baseado nos
princípios da função ecológica da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do
usuário- pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor intrínseco à natureza;
Considerando que a Constituição Federal e a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, visam controlar
o lançamento no meio ambiente de poluentes, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou perigosos
para os seres humanos e outras formas de vida;
Considerando que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas, podendo ser fixadas
metas progressivas intermediárias, obrigatórias, visando a sua efetivação;
Considerando os termos da Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos
Persistentes- POPs, ratificada pelo Decreto Legislativo no 204, de 7 de maio de 2004;
Considerando ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa de seus
níveis de qualidade, avaliados por condições e padrões específicos, de modo a assegurar seus usos
preponderantes;
Considerando que o enquadramento dos corpos de água deve estar baseado não necessariamente
no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da
comunidade;
Considerando que a saúde e o bem-estar humano, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não
devem ser afetados pela deterioração da qualidade das águas;
Considerando a necessidade de se criar instrumentos para avaliar a evolução da qualidade das águas,
em relação às classes estabelecidas no enquadramento, de forma a facilitar a fixação e controle de metas
visando atingir gradativamente os objetivos propostos;
Considerando a necessidade de se reformular a classificação existente, para melhor distribuir os usos
das águas, melhor especificar as condições e padrões de qualidade requeridos, sem prejuízo de posterior
aperfeiçoamento; e
Considerando que o controle da poluição está diretamente relacionado com a proteção da saúde,
garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado e a melhoria da qualidade de vida, levando em
conta os usos prioritários e classes de qualidade ambiental exigidos para um determinado corpo de água;
resolve:

Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos
corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.

CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES

Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:


I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰;
II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰;
III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰;
IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado;
V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes;

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
VI - aquicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais, ocorre
total ou parcialmente em meio aquático;
VII - carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em um corpo de
água receptor, expressa em unidade de massa por tempo;
VIII - cianobactérias: microorganismos procarióticos autotróficos, também denominados como
cianofíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial especialmente naqueles
com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos
a saúde;
IX - classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários ao
atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros;
X - classificação: qualificação das águas doces, salobras e salinas em função dos usos preponderantes
(sistema de classes de qualidade) atuais e futuros;
XI - coliformes termotolerantes: bactérias gram-negativas, em forma de bacilos, oxidase-negativas,
caracterizadas pela atividade da enzima β-galactosidase. Podem crescer em meios contendo agentes
tenso-ativos e fermentar a lactose nas temperaturas de 44º - 45ºC, com produção de ácido, gás e aldeído.
Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais homeotérmicos, ocorrem em solos, plantas
ou outras matrizes ambientais que não tenham sido contaminados por material fecal;
XII - condição de qualidade: qualidade apresentada por um segmento de corpo d'água, num
determinado momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada, frente às Classes de
Qualidade;
XIII - condições de lançamento: condições e padrões de emissão adotados para o controle de
lançamentos de efluentes no corpo receptor;
XIV - controle de qualidade da água: conjunto de medidas operacionais que visa avaliar a melhoria e
a conservação da qualidade da água estabelecida para o corpo de água;
XV - corpo receptor: corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um efluente;
XVI - desinfecção: remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos;
XVII - efeito tóxico agudo: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ou
químicos, usualmente letalidade ou alguma outra manifestação que a antecede, em um curto período de
exposição;
XVIII - efeito tóxico crônico: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ou
químicos que afetam uma ou várias funções biológicas dos organismos, tais como a reprodução, o
crescimento e o comportamento, em um período de exposição que pode abranger a totalidade de seu
ciclo de vida ou parte dele;
XIX - efetivação do enquadramento: alcance da meta final do enquadramento;
XX - enquadramento: estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser,
obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de acordo com os usos
preponderantes pretendidos, ao longo do tempo;
XXI - ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes físicos
ou químicos a diversos organismos aquáticos;
XXII - ensaios toxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes físicos
ou químicos a diversos organismos visando avaliar o potencial de risco à saúde humana;
XXIII - escherichia coli (E.Coli): bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae caracterizada pela
atividade da enzima β-glicuronidase. Produz indol a partir do aminoácido triptofano. É a única espécie do
grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de animais
homeotérmicos, onde ocorre em densidades elevadas;
XXIV - metas: é o desdobramento do objeto em realizações físicas e atividades de gestão, de acordo
com unidades de medida e cronograma preestabelecidos, de caráter obrigatório;
XXV - monitoramento: medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que
pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e controle da qualidade do
corpo de água;
XXVI - padrão: valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de qualidade de água
ou efluente;
XXVII - parâmetro de qualidade da água: substancias ou outros indicadores representativos da
qualidade da água;
XXVIII - pesca amadora: exploração de recursos pesqueiros com fins de lazer ou desporto;
XXIX - programa para efetivação do enquadramento: conjunto de medidas ou ações progressivas e
obrigatórias, necessárias ao atendimento das metas intermediárias e final de qualidade de água
estabelecidas para o enquadramento do corpo hídrico;

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
XXX - recreação de contato primário: contato direto e prolongado com a água (tais como natação,
mergulho, esqui-aquático) na qual a possibilidade do banhista ingerir água é elevada;
XXXI - recreação de contato secundário: refere-se àquela associada a atividades em que o contato
com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é pequena, como na pesca e na
navegação (tais como iatismo);
XXXII - tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos
processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à água características, tais como: cor,
odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica;
XXXIII - tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e floculação, seguida de
desinfecção e correção de pH;
XXXIV - tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e correção de pH
quando necessário;
XXXV - tributário (ou curso de água afluente): corpo de água que flui para um rio maior ou para um
lago ou reservatório;
XXXVI - vazão de referência: vazão do corpo hídrico utilizada como base para o processo de gestão,
tendo em vista o uso múltiplo das águas e a necessária articulação das instâncias do Sistema Nacional
de Meio Ambiente-SISNAMA e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos-SINGRH;
XXXVII - virtualmente ausentes: que não é perceptível pela visão, olfato ou paladar; e
XXXVIII - (Revogado pela Resolução 430/2011)

CAPÍTULO II
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA
Art.3º As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são classificadas, segundo a qualidade
requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de qualidade.
Parágrafo único. As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos exigente,
desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos outros requisitos pertinentes.

Seção I
Das Águas Doces
Art. 4º As águas doces são classificadas em:
I - classe especial: águas destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução
CONAMA no 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo
e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e
e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução
CONAMA no 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os
quais o público possa vir a ter contato direto; e
e) à aqüicultura e à atividade de pesca.
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) à pesca amadora;
d) à recreação de contato secundário; e
e) à dessedentação de animais.
V - classe 4: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Seção II
Das Águas Salinas

Art. 5º As águas salinas são assim classificadas:


I - classe especial: águas destinadas:
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas; e
c) à aquicultura e à atividade de pesca.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.

Seção II
Das Águas Salobras

Art. 6º As águas salobras são assim classificadas:


I - classe especial: águas destinadas:
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e,
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à aquicultura e à atividade de pesca;
d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e
e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo
e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins, campos de
esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.

CAPÍTULO III
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
Seção I
Das Disposições Gerais

Art. 7º Os padrões de qualidade das águas determinados nesta Resolução estabelecem limites
individuais para cada substância em cada classe.
Parágrafo único. Eventuais interações entre substâncias, especificadas ou não nesta Resolução, não
poderão conferir às águas características capazes de causar efeitos letais ou alteração de
comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem como de restringir os usos preponderantes
previstos, ressalvado o disposto no § 3o do art. 34, desta Resolução.

Art. 8º O conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado para subsidiar a proposta de


enquadramento deverá ser monitorado periodicamente pelo Poder Público.
§ 1º Também deverão ser monitorados os parâmetros para os quais haja suspeita da sua presença ou
não conformidade.
§ 2 º Os resultados do monitoramento deverão ser analisados estatisticamente e as incertezas de
medição consideradas.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
§ 3 º A qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por indicadores biológicos, quando
apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas.
§ 4 º As possíveis interações entre as substâncias e a presença de contaminantes não listados nesta
Resolução, passíveis de causar danos aos seres vivos, deverão ser investigadas utilizando-se ensaios
ecotoxicológicos, toxicológicos, ou outros métodos cientificamente reconhecidos.
§ 5 º Na hipótese dos estudos referidos no parágrafo anterior tornarem-se necessários em decorrência
da atuação de empreendedores identificados, as despesas da investigação correrão as suas expensas.
§ 6 º Para corpos de água salobras continentais, onde a salinidade não se dê por influência direta
marinha, os valores dos grupos químicos de nitrogênio e fósforo serão os estabelecidos nas classes
correspondentes de água doce.

Art. 9 º A análise e avaliação dos valores dos parâmetros de qualidade de água de que trata esta
Resolução serão realizadas pelo Poder Público, podendo ser utilizado laboratório próprio, conveniado ou
contratado, que deverá adotar os procedimentos de controle de qualidade analítica necessários ao
atendimento das condições exigíveis.
§ 1º Os laboratórios dos órgãos competentes deverão estruturar-se para atenderem ao disposto nesta
Resolução.
§ 2º Nos casos onde a metodologia analítica disponível for insuficiente para quantificar as
concentrações dessas substâncias nas águas, os sedimentos e/ou biota aquática poderão ser
investigados quanto à presença eventual dessas substâncias.

Art. 10. Os valores máximos estabelecidos para os parâmetros relacionados em cada uma das classes
de enquadramento deverão ser obedecidos nas condições de vazão de referência.
§ 1º Os limites de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), estabelecidos para as águas doces de
classes 2 e 3, poderão ser elevados, caso o estudo da capacidade de autodepuração do corpo receptor
demonstre que as concentrações mínimas de oxigênio dissolvido (OD) previstas não serão
desobedecidas, nas condições de vazão de referência, com exceção da zona de mistura.
§ 2º Os valores máximos admissíveis dos parâmetros relativos às formas químicas de nitrogênio e
fósforo, nas condições de vazão de referência, poderão ser alterados em decorrência de condições
naturais, ou quando estudos ambientais específicos, que considerem também a poluição difusa,
comprovem que esses novos limites não acarretarão prejuízos para os usos previstos no enquadramento
do corpo de água.
§ 3º Para águas doces de classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator limitante para eutrofização, nas
condições estabelecidas pelo órgão ambiental competente, o valor de nitrogênio total (após oxidação)
não deverá ultrapassar 1,27 mg/L para ambientes lênticos e 2,18 mg/L para ambientes lóticos, na vazão
de referência.
§ 4º O disposto nos §§ 2º e 3º não se aplica às baías de águas salinas ou salobras, ou outros corpos
de água em que não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser elaborados estudos
específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico.

Art. 11. O Poder Público poderá, a qualquer momento, acrescentar outras condições e padrões de
qualidade, para um determinado corpo de água, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as condições
locais, mediante fundamentação técnica.

Art. 12. O Poder Público poderá estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e
temporário, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de referência.

Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser mantidas as condições naturais do corpo de água.

Seção II
Das Águas Doces

Art. 14. As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:


I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais
renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método
cientificamente reconhecido.
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

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c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os
padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os
demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em
80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência
bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de
acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2;
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2;
j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);
l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e m) pH: 6,0 a 9,0.
II - Padrões de qualidade de água:

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 10 μg/L
Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL ou 2 mm3/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Antimônio 0,005mg/L Sb
Arsênio total 0,01 mg/L As
Bário total 0,7 mg/L Ba
Berílio total 0,04 mg/L Be
Boro total 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,001 mg/L Cd
Chumbo total 0,01mg/L Pb
Cianeto livre 0,005 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl
Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl
Cobalto total 0,05 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P
Fósforo total (ambiente intermediário,
com tempo de residência entre 2 e 40 dias, 0,025 mg/L P
e tributários diretos de ambiente lêntico)
Fósforo total (ambiente lótico e tributários
0,1 mg/L P
de ambientes intermediários)
Lítio total 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N
3,7mg/L N, para pH ≤ 7,5
2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0
Nitrogênio amoniacal total 1,0 mg/L N, para 8,0 < pH ≤ 8,5
0,5 mg/L N, para pH > 8,5
Prata total 0,01 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se

. 116
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Sulfato total 250 mg/L SO4
Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Urânio total 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V
Zinco total 0,18 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Acrilamida 0,5 μg/L
Alacloro 20 μg/L
Aldrin + Dieldrin 0,005 μg/L
Atrazina 2 μg/L
Benzeno 0,005 mg/L
Benzidina 0,001 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,05 μg/L
Benzo(a)pireno 0,05 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,05 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,05 μg/L
Carbaril 0,02 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,04 μg/L
2-Clorofenol 0,1 μg/L
Criseno 0,05 μg/L
2,4–D 4,0 μg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 μg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 μg/L
1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L
1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L

2,4-Diclorofenol 0,3 μg/L


Diclorometano 0,02 mg/L
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,002 μg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 μg/L
Endossulfan ( + + sulfato) 0,056 μg/L
Endrin 0,004 μg/L
Estireno 0,02 mg/L
Etilbenzeno 90,0 μg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem
0,003 mg/L C6H5OH
com 4- aminoantipirina)
Glifosato 65 μg/L
Gution 0,005 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,01 μg/L
Hexaclorobenzeno 0,0065 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 μg/L
Lindano ( -HCH) 0,02 μg/L
Malation 0,1 μg/L
Metolacloro 10 μg/L
Metoxicloro 0,03 μg/L
Paration 0,04 μg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 μg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Simazina 2,0 μg/L
Substâncias tensoativas que reagem
0,5 mg/L LAS
com o azul de metileno
2,4,5–T 2,0 μg/L
Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Tolueno 2,0 μg/L
Toxafeno 0,01 μg/L

. 117
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
2,4,5-TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 0,063 μg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 0,02 mg/L
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L
Trifluralina 0,2 μg/L
Xileno 300 μg/L

III - Nas águas doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,
além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição
ou adicionalmente:

TABELA II - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE
ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,14 μg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzidina 0,0002 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 μg/L
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L
Criseno 0,018 μg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 μg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,000064 μg/L
Pentaclorofenol 3,0 μg/L
Tetracloreto de carbono 1,6 μg/L
Tetracloroeteno 3,3 μg/L
Toxafeno 0,00028 μg/L
2,4,6-triclorofenol 2,4 μg/L

Art 15. Aplicam-se às águas doces de classe 2 as condições e padrões da classe 1 previstos no artigo
anterior, à exceção do seguinte:
I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam
removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;
II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a
Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 1.000
coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas
durante o período de um ano, com frequência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição
ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental
competente;
III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L;
IV - turbidez: até 100 UNT;
V - DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2;

. 118
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2; VII - clorofila a: até 30 μg/L;
VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e,
IX - fósforo total:
a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e,
b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e
tributários diretos de ambiente lêntico.

Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões:


I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais
renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método
cientificamente reconhecido;
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
e) não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam
removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário não deverá ser excedido
um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6
amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. Para dessedentação de
animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1000 coliformes termotolerantes por 100
mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com
frequência bimestral. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes
termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período
de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade de cianobactérias não
deverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L;
i) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/L O2;
j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2;
l) turbidez até 100 UNT;
m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e, n) pH: 6,0 a 9,0.
II - Padrões de qualidade de água:

TABELA III - CLASSE 3 - ÁGUAS DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 60 μg/L
Densidade de cianobactérias 100.000 cel/mL ou 10 mm3/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al
Arsênio total 0,033 mg/L As
Bário total 1,0 mg/L Ba
Berílio total 0,1 mg/L Be
Boro total 0,75 mg/L B
Cádmio total 0,01 mg/L Cd
Chumbo total 0,033 mg/L Pb
Cianeto livre 0,022 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl

. 119
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Cobalto total 0,2 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,013 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 5,0 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,05 mg/L P
Fósforo total (ambiente intermediário, com
tempo de residência entre 2 e 40 dias, e 0,075 mg/L P
tributários diretos de ambiente lêntico)
Fósforo total (ambiente lótico e
tributários de ambientes 0,15 mg/L P
intermediários)
Lítio total 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,5 mg/L Mn
Mercúrio total 0,002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N

13,3 mg/L N, para pH ≤ 7,5


5,6 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0
Nitrogênio amoniacal total 2,2 mg/L N, para 8,0 < pH ≤ 8,5
1,0 mg/L N, para pH > 8,5

Prata total 0,05 mg/L Ag


Selênio total 0,05 mg/L Se
Sulfato total 250 mg/L SO4
Sulfeto (como H2S não dissociado) 0,3 mg/L S
Urânio total 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V
Zinco total 5 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Atrazina 2 μg/L
Benzeno 0,005 mg/L
Benzo(a)pireno 0,7 μg/L
Carbaril 70,0 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,3 μg/L
2,4-D 30,0 μg/L
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 1,0 μg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 14,0 μg/L
1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L
1,1-Dicloroeteno 30 μg/L
Dodecacloro Pentaciclodecano 0,001 μg/L

. 120
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Endossulfan ( + + sulfato) 0,22 μg/L
Endrin 0,2 μg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem com
0,01 mg/L C6H5OH
4- aminoantipirina)
Glifosato 280 μg/L
Gution 0,005 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,03 μg/L
Lindano ( -HCH) 2,0 μg/L
Malation 100,0 μg/L
Metoxicloro 20,0 μg/L
Paration 35,0 μg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 μg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Substâncias tenso-ativas que reagem com o
0,5 mg/L LAS
azul de metileno
2,4,5–T 2,0 μg/L
Tetracloreto de carbono 0,003 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Toxafeno 0,21 μg/L
2,4,5–TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 2,0 μg/L TBT
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L

Art. 17. As águas doces de classe 4 observarão as seguintes condições e padrões:


I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
II - odor e aspecto: não objetáveis;
III - óleos e graxas: toleram-se iridescências;
IV - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de
navegação: virtualmente ausentes;
V - fenóis totais (substâncias que reagem com 4 - aminoantipirina) até 1,0 mg/L de C6H5OH;
VI - OD, superior a 2,0 mg/L O2 em qualquer amostra; e,
VII - pH: 6,0 a 9,0.

Seção III
Das Águas Salinas

Art. 18. As águas salinas de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:


I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais
renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método
cientificamente reconhecido;
b) materiais flutuantes virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

. 121
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
g) coliformes termolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a
Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação
humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras
coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá
ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em
monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para os demais usos não deverá ser excedido um
limite de 1.000 coliformes termolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras
coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada
em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão
ambiental competente;
h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C;
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; e
j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade.
II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Alumínio dissolvido 1,5 mg/L Al
Arsênio total 0,01 mg/L As
Bário total 1,0 mg/L Ba
Berílio total 5,3 μg/L Be
Boro total 5,0 mg/L B
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl
Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo Total 0,062 mg/L P
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 0,40 mg/L N
Nitrito 0,07 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela diferença
entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo 0,031 mg/L P
reativo total)
Prata total 0,005 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Tálio total 0,1 mg/L Tl
Urânio Total 0,5 mg/L U

. 122
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Zinco total 0,09 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,0019 μg/L
Benzeno 700 μg/L
Carbaril 0,32 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,004 μg/L
2,4-D 30,0 μg/L
DDT (p,p’-DDT+ p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,001 μg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 μg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 μg/L
Endossulfan ( + + sulfato) 0,01 μg/L
Endrin 0,004 μg/L
Etilbenzeno 25 μg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem com
60 μg/L C6H5OH
4- aminoantipirina)
Gution 0,01 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 μg/L
Lindano ( -HCH) 0,004 μg/L
Malation 0,1 μg/L
Metoxicloro 0,03 μg/L
Monoclorobenzeno 25 μg/L
Pentaclorofenol 7,9 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 μg/L
Substâncias tensoativas que reagem com o
0,2 mg/L LAS
azul de
metileno
2,4,5-T 10,0 μg/L
Tolueno 215 μg/L
Toxafeno 0,0002 μg/L
2,4,5-TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 0,01 μg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80 μg/L
Tricloroeteno 30,0 μg/L

III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,
além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição
ou adicionalmente:

. 123
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
TABELA V - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS
PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE
ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,14 μg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzeno 51 μg/L
Benzidina 0,0002 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 μg/L
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L
2-Clorofenol 150 μg/L
2,4-Diclorofenol 290 μg/L
Criseno 0,018 μg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L
1,2-Dicloroetano 37 μg/L
1,1-Dicloroeteno 3 μg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 μg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 μg/L
Pentaclorofenol 3,0 μg/L
Tetracloroeteno 3,3 μg/L
2,4,6-Triclorofenol 2,4 μg/L

Art 19. Aplicam-se às águas salinas de classe 2 as condições e padrões de qualidade da classe 1,
previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais
renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método
cientificamente reconhecido;
b) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100 mililitros em 80% ou
mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E.
Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com
limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
c) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; e
d) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5,0 mg/L O2. II - Padrões de qualidade de água:

. 124
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
TABELA VI - CLASSE 2 - ÁGUAS SALINAS
PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,069 mg/L As
Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Chumbo total 0,21 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total (combinado + livre) 19 μg/L Cl
Cobre dissolvido 7,8 μg/L Cu
Cromo total 1,1 mg/L Cr
Fósforo total 0,093 mg/L P
Mercúrio total 1,8 μg/L Hg
Níquel 74 μg/L Ni
Nitrato 0,70 mg/L N
Nitrito 0,20 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela diferença
entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo 0,0465 mg/L P
reativo total)
Selênio total 0,29 mg/L Se
Zinco total 0,12 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 μg/L
DDT (p–p’DDT + p–p’DDE + p–p’DDD) 0,13 μg/L
Endrin 0,037 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,053 μg/L
Lindano ( -HCH) 0,16 μg/L
Pentaclorofenol 13,0 μg/L
Toxafeno 0,210 μg/L
Tributilestanho 0,37 μg/L TBT

Art. 20. As águas salinas de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões:


I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
II - óleos e graxas: toleram-se iridescências;
III - substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes;
IV - corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
V - resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
VI - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes termotolerantes
por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano,
com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
VII - carbono orgânico total: até 10 mg/L, como C;
VIII - OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/ L O2; e
IX - pH: 6,5 a 8,5 não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidades.

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Seção IV
Das Águas Salobras

Art. 21. As águas salobras de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:


I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais
renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método
cientificamente reconhecido;
b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C;
c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/ L O2; d) pH: 6,5 a 8,5;
e) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;
g) substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;
h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; e
i) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a
Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação
humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras
coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá
ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em
monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para a irrigação de hortaliças que são consumidas
cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película, bem como para a irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o
público possa vir a ter contato direto, não deverá ser excedido o valor de 200 coliformes termotolerantes
por 100mL. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes
por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano,
com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
II - Padrões de qualidade de água:

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Arsênio total 0,01 mg/L As
Berílio total 5,3 μg/L Be
Boro 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl
Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total 0,124 mg/L P
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 0,40 mg/L N

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Nitrito 0,07 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela diferença
entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo 0,062 mg/L P
reativo total)
Prata total 0,005 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfetos (como H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Zinco total 0,09 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + dieldrin 0,0019 μg/L
Benzeno 700 μg/L
Carbaril 0,32 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,004 μg/L
2,4–D 10,0 μg/L
DDT (p,p'DDT+ p,p'DDE + p,p'DDD) 0,001 μg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 μg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 μg/L
Endrin 0,004 μg/L
Endossulfan ( + + sulfato) 0,01 μg/L
Etilbenzeno 25,0 μg/L

Fenóis totais (substâncias que reagem


0,003 mg/L C6H5OH
com 4- aminoantipirina)
Gution 0,01 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 μg/L
Lindano ( -HCH) 0,004 μg/L
Malation 0,1 μg/L
Metoxicloro 0,03 μg/L
Monoclorobenzeno 25 μg/L
Paration 0,04 μg/L
Pentaclorofenol 7,9 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 μg/L
Substâncias tensoativas que reagem com
0,2 LAS
azul de metileno
2,4,5-T 10,0 μg/L
Tolueno 215 μg/L
Toxafeno 0,0002 μg/L
2,4,5–TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 0,010 μg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80,0 μg/L

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III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,
além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição
ou adicionalmente:

TABELA VIII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE
ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,14 μg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzeno 51 μg/L
Benzidina 0,0002 μg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 μg/L
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L
2-Clorofenol 150 μg/L
Criseno 0,018 μg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L
2,4-Diclorofenol 290 μg/L
1,1-Dicloroeteno 3,0 μg/L
1,2-Dicloroetano 37,0 μg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 μg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
Pentaclorofenol 3,0 μg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 μg/L
Tetracloroeteno 3,3 μg/L
Tricloroeteno 30 μg/L
2,4,6-Triclorofenol 2,4 μg/L

Art. 22. Aplicam-se às águas salobras de classe 2 as condições e padrões de qualidade da classe 1,
previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo
órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais
renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método
cientificamente reconhecido;
b) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C;
c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2; e
d) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100 mililitros em 80% ou
mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E.
coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com
limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
II - Padrões de qualidade de água:

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TABELA IX - CLASSE 2 - ÁGUAS SALOBRAS
PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,069 mg/L As
Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Chumbo total 0,210 mg/L Pb
Cromo total 1,1 mg/L Cr
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total (combinado + livre) 19,0 μg/L Cl
Cobre dissolvido 7,8 μg/L Cu
Fósforo total 0,186 mg/L P
Mercúrio total 1,8 μg/L Hg
Níquel total 74,0 μg/L Ni
Nitrato 0,70 mg/L N
Nitrito 0,20 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N

Polifosfatos (determinado pela diferença entre


fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo 0,093 mg/L P
total)
Selênio total 0,29 mg/L Se
Zinco total 0,12 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 μg/L
DDT (p-p’DDT + p-p’DDE + p-p’DDD) 0,13 μg/L
Endrin 0,037 μg/L
Heptacloro epóxido+ Heptacloro 0,053 μg/L
Lindano ( -HCH) 0,160 μg/L
Pentaclorofenol 13,0 μg/L
Toxafeno 0,210 μg/L
Tributilestanho 0,37 μg/L TBT

Art. 23. As águas salobras de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões:


I - pH: 5 a 9;
II - OD, em qualquer amostra, não inferior a 3 mg/L O2;
III - óleos e graxas: toleram-se iridescências;
IV - materiais flutuantes: virtualmente ausentes;
V - substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;
VI - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de
navegação: virtualmente ausentes;
VII - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes termotolerantes
por 100 mL em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com
freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; e
VIII - carbono orgânico total até 10,0 mg/L, como C.

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CAPÍTULO IV
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES

Art. 24. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 25. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 26. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 27(Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 28. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 29. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 30. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 31. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 32. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 33. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 34. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 35. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 36. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 37. (Revogado pela Resolução 430/2011)

CAPÍTULO V
DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA O ENQUADRAMENTO

Art. 38. O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as normas e procedimentos
definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos.
§ 1o O enquadramento do corpo hídrico será definido pelos usos preponderantes mais restritivos da
água, atuais ou pretendidos.
§ 2o Nas bacias hidrográficas em que a condição de qualidade dos corpos de água esteja em
desacordo com os usos preponderantes pretendidos, deverão ser estabelecidas metas obrigatórias,
intermediárias e final, de melhoria da qualidade da água para efetivação dos respectivos
enquadramentos, excetuados nos parâmetros que excedam aos limites devido às condições naturais.
§ 3o As ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, tais como a outorga e cobrança pelo
uso da água, ou referentes à gestão ambiental, como o licenciamento, termos de ajustamento de conduta
e o controle da poluição, deverão basear-se nas metas progressivas intermediárias e final aprovadas pelo
órgão competente para a respectiva bacia hidrográfica ou corpo hídrico específico.
§ 4o As metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, deverão ser atingidas em regime de
vazão de referência, excetuados os casos de baías de águas salinas ou salobras, ou outros corpos
hídricos onde não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser elaborados estudos
específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico.
§ 5o Em corpos de água intermitentes ou com regime de vazão que apresente diferença sazonal
significativa, as metas progressivas obrigatórias poderão variar ao longo do ano.
§ 6o Em corpos de água utilizados por populações para seu abastecimento, o enquadramento e o
licenciamento ambiental de atividades a montante preservarão, obrigatoriamente, as condições de
consumo.

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CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 39. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 40. No caso de abastecimento para consumo humano, sem prejuízo do disposto nesta Resolução,
deverão ser observadas, as normas específicas sobre qualidade da água e padrões de potabilidade.

Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de águas são os especificados em normas técnicas
cientificamente reconhecidas.

Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas
classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, o
que determinará a aplicação da classe mais rigorosa correspondente.

Art. 43. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 44. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 45. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sanções
previstas pela legislação vigente.
§ 1o Os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, no âmbito de suas respectivas
competências, fiscalizarão o cumprimento desta Resolução, bem como quando pertinente, a aplicação
das penalidades administrativas previstas nas legislações específicas, sem prejuízo do sancionamento
penal e da responsabilidade civil objetiva do poluidor.
§ 2o As exigências e deveres previstos nesta Resolução caracterizam obrigação de relevante interesse
ambiental.

Art. 46. (Revogado pela Resolução 430/2011)

Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveis técnicos que elaborem estudos e pareceres
apresentados aos órgãos ambientais.

Art. 48. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores, entre outras, às
sanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e respectiva regulamentação.

Art. 49. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 50. Revoga-se a Resolução CONAMA no 020, de 18 de junho de 1986.

MARINA SILVA
Presidente do CONAMA

RESOLUÇÃO No 430, DE 13 DE MAIO DE 2011

Dispõe sobre as condições e padrões de lança- mento de efluentes, complementa e altera a Resolução
no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe são
conferidas pelo inciso VII do art. 8o da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto
no 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno,
Anexo à Portaria no 168, de 13 de junho de 2005, resolve:

Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do
lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando parcialmente e complementando a
Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
Parágrafo único. O lançamento indireto de efluentes no corpo receptor deverá observar o disposto
nesta Resolução quando verificada a inexistência de legislação ou normas específicas, disposições do

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órgão ambiental competente, bem como diretrizes da operadora dos sistemas de coleta e tratamento de
esgoto sanitário.

Art. 2º A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não está sujeita aos parâmetros e padrões
de lançamento dispostos nesta Resolução, não podendo, todavia, causar poluição ou contaminação das
águas superficiais e subterrâneas.

Art. 3º Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos
receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências
dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento, mediante
fundamentação técnica:
I - acrescentar outras condições e padrões para o lançamento de efluentes, ou torná-los mais
restritivos, tendo em vista as condições do corpo receptor; ou
II - exigir tecnologia ambientalmente adequada e economicamente viável para o tratamento dos
efluentes, compatível com as condições do respectivo corpo receptor.

CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES

Art. 4º Para efeito desta Resolução adotam-se as seguintes definições, em complementação àquelas
contidas no art. 2º da Resolução CONAMA no 357, de 2005:
I - Capacidade de suporte do corpo receptor: valor máximo de determinado poluente que o corpo
hídrico pode receber, sem comprometer a qualidade da água e seus usos determinados pela classe de
enquadramento;
II - Concentração de Efeito Não Observado-CENO: maior concentração do efluente que não causa
efeito deletério estatisticamente significativo na sobrevivência e reprodução dos organismos, em um
determinado tempo de exposição, nas condições de ensaio;
III - Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR, expressa em porcentagem:
a) para corpos receptores confinados por calhas (rio, córregos, etc):
1. CECR = [(vazão do efluente) / (vazão do efluente + vazão de referência do corpo receptor)] x 100.
b) para áreas marinhas, estuarinas e lagos a CECR é estabelecida com base em estudo da dispersão
física do efluente no corpo hídrico receptor, sendo a CECR limitada pela zona de mistura definida pelo
órgão ambiental;
IV - Concentração Letal Mediana-CL50 ou Concentração Efetiva Mediana-CE50: é a concentração do
efluente que causa efeito agudo (letalidade ou imobilidade) a 50% dos organismos, em determinado
período de exposição, nas condições de ensaio;
V - Efluente: é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas
atividades ou processos;
VI - Emissário submarino: tubulação provida de sistemas difusores destinada ao lançamento de
efluentes no mar, na faixa compreendida entre a linha de base e o limite do mar territorial brasileiro;
VII - Esgotos sanitários: denominação genérica para despejos líquidos residenciais, comerciais, águas
de infiltração na rede coletora, os quais podem conter parcela de efluentes industriais e efluentes não
domésticos;
VIII - Fator de Toxicidade-FT: número adimensional que expressa a menor diluição do efluente que
não causa efeito deletério agudo aos organismos, num determinado período de exposição, nas condições
de ensaio;
IX - Lançamento direto: quando ocorre a condução direta do efluente ao corpo receptor;
X - Lançamento indireto: quando ocorre a condução do efluente, submetido ou não a tratamento, por
meio de rede coletora que recebe outras contribuições antes de atingir o corpo receptor;
XI - Nível trófico: posição de um organismo na cadeia trófica;
XII - Parâmetro de qualidade do efluente: substâncias ou outros indicadores representativos dos
contaminantes toxicologicamente e ambientalmente relevantes do efluente;
XIII - Testes de ecotoxicidade: métodos utilizados para detectar e avaliar a capacidade de um agente
tóxico provocar efeito nocivo, utilizando bioindicadores dos grandes grupos de uma cadeia ecológica; e
XIV - Zona de mistura: região do corpo receptor, estimada com base em modelos teóricos aceitos pelo
órgão ambiental competente, que se estende do ponto de lançamento do efluente, e delimitada pela
superfície em que é atingido o equilíbrio de mistura entre os parâmetros físicos e químicos, bem como o
equilíbrio biológico do efluente e os do corpo receptor, sendo específica para cada parâmetro.

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CAPÍTULO II
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES
Seção I
Das Disposições Gerais

Art. 5º Os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características de qualidade em desacordo
com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento.
§ 1º As metas obrigatórias para corpos receptores serão estabelecidas por parâmetros específicos.
§ 2º Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias e na ausência de metas intermediárias
progressivas, os padrões de qualidade a serem obedecidos no corpo receptor são os que constam na
classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.

Art. 6º Excepcionalmente e em caráter temporário, o órgão ambiental competente poderá, mediante


análise técnica fundamentada, autorizar o lançamento de efluentes em desacordo com as condições e
padrões estabelecidos nesta Resolução, desde que observados os seguintes requisitos:
I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado;
II - atendimento ao enquadramento do corpo receptor e às metas intermediárias e finais, progressivas
e obrigatórias;
III - realização de estudo ambiental tecnicamente adequado, às expensas do empreendedor
responsável pelo lançamento;
IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento;
V - fixação de prazo máximo para o lançamento, prorrogável a critério do órgão ambiental competente,
enquanto durar a situação que justificou a excepcionalidade aos limites estabelecidos nesta norma; e
VI - estabelecimento de medidas que visem neutralizar os eventuais efeitos do lançamento
excepcional.

Art. 7º O órgão ambiental competente deverá, por meio de norma específica ou no licenciamento da
atividade ou empreendimento, estabelecer a carga poluidora máxima para o lançamento de substâncias
passíveis de estarem presentes ou serem formadas nos processos produtivos, listadas ou não no art. 16
desta Resolução, de modo a não comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final,
estabelecidas para enquadramento do corpo receptor.
§ 1º O órgão ambiental competente poderá exigir, nos processos de licenciamento ou de sua
renovação, a apresentação de estudo de capacidade de suporte do corpo receptor.
§ 2º O estudo de capacidade de suporte deve considerar, no mínimo, a diferença entre os padrões
estabelecidos pela classe e as concentrações existentes no trecho desde a montante, estimando a
concentração após a zona de mistura.
§ 3º O empreendedor, no processo de licenciamento, informará ao órgão ambiental as substâncias
que poderão estar contidas no efluente gerado, entre aquelas listadas ou não na Resolução CONAMA no
357, de 2005 para padrões de qualidade de água, sob pena de suspensão ou cancelamento da licença
expedida.
§ 4º O disposto no § 3o não se aplica aos casos em que o empreendedor comprove que não dispunha
de condições de saber da existência de uma ou mais substâncias nos efluentes gerados pelos
empreendimentos ou atividades.

Art. 8º É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes Orgânicos Persistentes- POPs,
observada a legislação em vigor.
Parágrafo único. Nos processos nos quais possam ocorrer a formação de dioxinas e furanos deverá
ser utilizada a tecnologia adequada para a sua redução, até a completa eliminação.

Art. 9º No controle das condições de lançamento, é vedada, para fins de diluição antes do seu
lançamento, a mistura de efluentes com águas de melhor qualidade, tais como as águas de
abastecimento, do mar e de sistemas abertos de refrigeração sem recirculação.

Art. 10. Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes efluentes ou lançamentos


individualizados, os limites constantes desta Resolução aplicar-se-ão a cada um deles ou ao conjunto
após a mistura, a critério do órgão ambiental competente.

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Art. 11. Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes ou disposição de resíduos
domésticos, agropecuários, de aquicultura, industriais e de quaisquer outras fontes poluentes, mesmo
que tratados.

Art. 12. O lançamento de efluentes em corpos de água, com exceção daqueles enquadrados na classe
especial, não poderá exceder as condições e padrões de qualidade de água estabelecidos para as
respectivas classes, nas condições da vazão de referência ou volume disponível, além de atender outras
exigências aplicáveis.
Parágrafo único. Nos corpos de água em processo de recuperação, o lançamento de efluentes
observará as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final.

Art. 13. Na zona de mistura serão admitidas concentrações de substâncias em desacordo com os
padrões de qualidade estabelecidos para o corpo receptor, desde que não comprometam os usos
previstos para o mesmo.
Parágrafo único. A extensão e as concentrações de substâncias na zona de mistura deverão ser objeto
de estudo, quando determinado pelo órgão ambiental competente, às expensas do empreendedor
responsável pelo lançamento.

Art. 14. Sem prejuízo do disposto no inciso I do parágrafo único do art. 3o desta Resolução, o órgão
ambiental competente poderá, quando a vazão do corpo receptor estiver abaixo da vazão de referência,
estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário, aos lançamentos de
efluentes que possam, dentre outras consequências:
I - acarretar efeitos tóxicos agudos ou crônicos em organismos aquáticos; ou II - inviabilizar o
abastecimento das populações.

Art. 15. Para o lançamento de efluentes tratados em leito seco de corpos receptores intermitentes, o
órgão ambiental competente poderá definir condições especiais, ouvido o órgão gestor de recursos
hídricos.

Seção II
Das Condições e Padrões de Lançamento de Efluentes

Art. 16. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente no corpo
receptor desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras
exigências cabíveis:
I - condições de lançamento de efluentes:
a) pH entre 5 a 9;
b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá
exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o lançamento em
lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão
estar virtualmente ausentes;
d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vez a vazão média do período de atividade
diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente;
e) óleos e graxas:
1. óleos minerais: até 20 mg/L;
2. óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L;
f) ausência de materiais flutuantes; e
g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20°C): remoção mínima de 60% de DBO sendo
que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo de autodepuração do corpo hídrico
que comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor;
II - Padrões de lançamento de efluentes:

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TABELA I
Parâmetros inorgânicos Valores máximos
Arsênio total 0,5 mg/L As
Bário total 5,0 mg/L Ba
Boro total (Não se aplica para o lançamento
5,0 mg/L B
em águas salinas)
Cádmio total 0,2 mg/L Cd
Chumbo total 0,5 mg/L Pb
Cianeto total 1,0 mg/L CN
Cianeto livre (destilável por ácidos fracos) 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr+6
Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr+3
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe

§ 1º Os efluentes oriundos de sistemas de disposição final de resíduos sólidos de qualquer origem


devem atender às condições e padrões definidos neste artigo.
§ 2º Os efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos sanitários devem atender às
condições e padrões específicos definidos na Seção III desta Resolução.
§ 3º Os efluentes oriundos de serviços de saúde estarão sujeitos às exigências estabelecidas na Seção
III desta Resolução, desde que atendidas as normas sanitárias específicas vigentes, podendo:
I - ser lançados em rede coletora de esgotos sanitários conectada a estação de tratamento, atendendo
às normas e diretrizes da operadora do sistema de coleta e tratamento de esgoto sanitários; e
II - ser lançados diretamente após tratamento especial.

Art. 17. O órgão ambiental competente poderá definir padrões específicos para o parâmetro fósforo no
caso de lançamento de efluentes em corpos receptores com registro histórico de floração de
cianobactérias, em trechos onde ocorra a captação para abastecimento público.

Art. 18. O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos
aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de ecotoxicidade estabelecidos pelo órgão
ambiental competente.
§ 1º Os critérios de ecotoxicidade previstos no caput deste artigo devem se basear em resultados de
ensaios ecotoxicológicos aceitos pelo órgão ambiental, realizados no efluente, utilizando organismos
aquáticos de pelo menos dois níveis tróficos diferentes.
§ 2º Cabe ao órgão ambiental competente a especificação das vazões de referência do efluente e do
corpo receptor a serem consideradas no cálculo da Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR,
além dos organismos e dos métodos de ensaio a serem utilizados, bem como a frequência de eventual
monitoramento.
§ 3º Na ausência de critérios de ecotoxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental para avaliar o efeito
tóxico do efluente no corpo receptor, as seguintes diretrizes devem ser obedecidas:
I - para efluentes lançados em corpos receptores de água doce Classes 1 e 2, e águas salinas e
salobras Classe 1, a Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR deve ser menor ou igual à
Concentração de Efeito Não Observado-CENO de pelo menos dois níveis tróficos, ou seja:
a) CECR deve ser menor ou igual a CENO quando for realizado teste de ecotoxicidade para medir o
efeito tóxico crônico; ou
b) CECR deve ser menor ou igual ao valor da Concentração Letal Mediana (CL50) dividida por 10; ou
menor ou igual a 30 dividido pelo Fator de Toxicidade (FT) quando for realizado teste de ecotoxicidade
para medir o efeito tóxico agudo;
II - para efluentes lançados em corpos receptores de água doce Classe 3, e águas salinas e salobras
Classe 2, a Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR deve ser menor ou igual à concentração
que não causa efeito agudo aos organismos aquáticos de pelo menos dois níveis tróficos, ou seja:

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a) CECR deve ser menor ou igual ao valor da Concentração Letal Mediana-CL50 dividida por 3 ou
menor ou igual a 100 dividido pelo Fator de Toxicidade-FT, quando for realizado teste de ecotoxicidade
aguda.
§ 4o A critério do órgão ambiental, com base na avaliação dos resultados de série histórica, poderá
ser reduzido o número de níveis tróficos utilizados para os testes de ecotoxicidade, para fins de
monitoramento.
§ 5º Nos corpos de água em que as condições e padrões de qualidade previstos na Resolução nº 357,
de 2005, não incluam restrições de toxicidade a organismos aquáticos não se aplicam os parágrafos
anteriores.

Art. 19. O órgão ambiental competente deverá determinar quais empreendimentos e atividades
deverão realizar os ensaios de ecotoxicidade, considerando as características dos efluentes gerados e
do corpo receptor.

Art. 20. O lançamento de efluentes efetuado por meio de emissários submarinos deve atender, após
tratamento, aos padrões e condições de lançamento previstas nesta Resolução, aos padrões da classe
do corpo receptor, após o limite da zona de mistura, e ao padrão de balneabilidade, de acordo com normas
e legislação vigentes.
Parágrafo único. A disposição de efluentes por emissário submarino em desacordo com as condições
e padrões de lançamento estabelecidos nesta Resolução poderá ser autorizada pelo órgão ambiental
competente, conforme previsto nos incisos III e IV do art. 6º, sendo que o estudo ambiental definido no
inciso III deverá conter no mínimo:
I - As condições e padrões específicos na entrada do emissário; II - O estudo de dispersão na zona de
mistura, com dois cenários:
a) primeiro cenário: atendimento aos valores preconizados na Tabela I desta Resolução;
b) segundo cenário: condições e padrões propostos pelo empreendedor; e III - Programa de
monitoramento ambiental.

Seção III
Das Condições e Padrões para Efluentes de Sistemas de Tratamento de Esgotos Sanitários

Art. 21. Para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos
sanitários deverão ser obedecidas as seguintes condições e padrões específicos:
I - Condições de lançamento de efluentes:
a) pH entre 5 e 9;
b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá
exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o lançamento em
lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão
estar virtualmente ausentes;
d) Demanda Bioquímica de Oxigênio-DBO 5 dias, 20°C: máximo de 120 mg/L, sendo que este limite
somente poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiência de
remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove
atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor.
e) substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) até 100 mg/L; e
f) ausência de materiais flutuantes.
§ 1º As condições e padrões de lançamento relacionados na Seção II, art. 16, incisos I e II desta
Resolução, poderão ser aplicáveis aos sistemas de tratamento de esgotos sanitários, a critério do órgão
ambiental competente, em função das características locais, não sendo exigível o padrão de nitrogênio
amoniacal total.
§ 2º No caso de sistemas de tratamento de esgotos sanitários que recebam lixiviados de aterros
sanitários, o órgão ambiental competente deverá indicar quais os parâmetros da Tabela I do art. 16, inciso
II desta Resolução que deverão ser atendidos e monitorados, não sendo exigível o padrão de nitrogênio
amoniacal total.
§ 3º Para a determinação da eficiência de remoção de carga poluidora em termos de DBO5,20 para
sistemas de tratamento com lagoas de estabilização, a amostra do efluente deverá ser filtrada.

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Art. 22. O lançamento de esgotos sanitários por meio de emissários submarinos deve atender aos
padrões da classe do corpo receptor, após o limite da zona de mistura e ao padrão de balneabilidade, de
acordo com as normas e legislação vigentes.
Parágrafo único. Este lançamento deve ser precedido de tratamento que garanta o atendimento das
seguintes condições e padrões específicos, sem prejuízo de outras exigências cabíveis:
I - pH entre 5 e 9;
II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá
exceder a 3ºC no limite da zona de mistura;
III - após desarenação;
IV - sólidos grosseiros e materiais flutuantes: virtualmente ausentes; e
V - sólidos em suspensão totais: eficiência mínima de remoção de 20%, após desarenação.

Art. 23. Os efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários poderão ser objeto de teste de
ecotoxicidade no caso de interferência de efluentes com características potencialmente tóxicas ao corpo
receptor, a critério do órgão ambiental competente.
§ 1º Os testes de ecotoxicidade em efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários têm
como objetivo subsidiar ações de gestão da bacia contribuinte aos referidos sistemas, indicando a
necessidade de controle nas fontes geradoras de efluentes com características potencialmente tóxicas
ao corpo receptor.
§ 2º As ações de gestão serão compartilhadas entre as empresas de saneamento, as fontes geradoras
e o órgão ambiental competente, a partir da avaliação criteriosa dos resultados obtidos no monitoramento.

CAPÍTULO III
DIRETRIZES PARA GESTÃO DE EFLUENTES

Art. 24. Os responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos hídricos deverão realizar o
automonitoramento para controle e acompanhamento periódico dos efluentes lançados nos corpos
receptores, com base em amostragem representativa dos mesmos.
§ 1º O órgão ambiental competente poderá estabelecer critérios e procedimentos para a execução e
averiguação do automonitoramento de efluentes e avaliação da qualidade do corpo receptor.
§ 2º Para fontes de baixo potencial poluidor, assim definidas pelo órgão ambiental competente, poderá
ser dispensado o automonitoramento, mediante fundamentação técnica.

Art. 25. As coletas de amostras e as análises de efluentes líquidos e em corpos hídricos devem ser
realizadas de acordo com as normas específicas, sob responsabilidade de profissional legalmente
habilitado.

Art. 26. Os ensaios deverão ser realizados por laboratórios acreditados pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial-INMETRO ou por outro organismo signatário do mesmo
acordo de cooperação mútua do qual o INMETRO faça parte ou em laboratórios aceitos pelo órgão
ambiental competente.
§ 1º Os laboratórios deverão ter sistema de controle de qualidade analítica implementado.
§ 2º Os laudos analíticos referentes a ensaios laboratoriais de efluentes e de corpos receptores devem
ser assinados por profissional legalmente habilitado.

Art. 27. As fontes potencial ou efetivamente poluidoras dos recursos hídricos deverão buscar práticas
de gestão de efluentes com vistas ao uso eficiente da água, à aplicação de técnicas para redução da
geração e melhoria da qualidade de efluentes gerados e, sempre que possível e adequado, proceder à
reutilização.
Parágrafo único. No caso de efluentes cuja vazão original for reduzida pela prática de reuso,
ocasionando aumento de concentração de substâncias presentes no efluente para valores em desacordo
com as condições e padrões de lançamento estabelecidos na Tabela I do art. 16, desta Resolução, o
órgão ambiental competente poderá estabelecer condições e padrões específicos de lançamento,
conforme previsto nos incisos II, III e IV do art. 6o, desta Resolução.

Art. 28. O responsável por fonte potencial ou efetivamente poluidora dos recursos hídricos deve
apresentar ao órgão ambiental competente, até o dia 31 de março de cada ano, Declaração de Carga
Poluidora, referente ao ano anterior.

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§ 1º A Declaração referida no caput deste artigo conterá, entre outros dados, a caracterização
qualitativa e quantitativa dos efluentes, baseada em amostragem representativa dos mesmos.
§ 2º O órgão ambiental competente poderá definir critérios e informações adicionais para a
complementação e apresentação da declaração mencionada no caput deste artigo, inclusive
dispensando-a, se for o caso, para as fontes de baixo potencial poluidor.
§ 3º Os relatórios, laudos e estudos que fundamentam a Declaração de Carga Poluidora deverão ser
mantidos em arquivo no empreendimento ou atividade, bem como uma cópia impressa da declaração
anual subscrita pelo administrador principal e pelo responsável legalmente habilitado, acompanhada da
respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica, os quais deverão ficar à disposição das autoridades
de fiscalização ambiental.

CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 29. Aos empreendimentos e demais atividades poluidoras que, na data da publicação desta
Resolução, contarem com licença ambiental expedida, poderá ser concedido, a critério do órgão
ambiental competente, prazo de até três anos, contados a partir da publicação da presente Resolução,
para se adequarem às condições e padrões novos ou mais rigorosos estabelecidos nesta norma.
§ 1º O empreendedor apresentará ao órgão ambiental competente o cronograma das medidas
necessárias ao cumprimento do disposto no caput deste artigo.
§ 2º O prazo previsto no caput deste artigo poderá ser prorrogado por igual período, desde que
tecnicamente motivado.
§ 3º As instalações de tratamento de efluentes existentes deverão ser mantidas em operação com a
capacidade, condições de funcionamento e demais características para as quais foram aprovadas, até
que se cumpram às disposições desta Resolução.

Art. 30. O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os infratores, entre outras, às
sanções previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em seu regulamento.

Art. 31. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 32. Revogam-se o inciso XXXVIII do art. 2o, os arts. 24 a 37 e os arts. 39, 43, 44 e 46, da Resolução
CONAMA no 357, de 2005.

IZABELLA TEIXEIRA
Presidente do Conselho

Definição dos elementos dos serviços de água potável e de esgoto que


possuem relevância e interesse para os usuários.

Água1011

Em janeiro de 1997, entrou em vigor a Lei nº 9.433/1997, também conhecida como Lei das Águas. O
instrumento legal instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh). Segundo a Lei das Águas, a Política Nacional de
Recursos Hídricos tem seis fundamentos. A água é considerada um bem de domínio público e um recurso
natural limitado, dotado de valor econômico.
A Lei prevê que a gestão dos recursos hídricos deve proporcionar os usos múltiplos das águas, de
forma descentralizada e participativa, contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das
comunidades. Também determina que, em situações de escassez, o uso prioritário da água é para o
consumo humano e para a dessedentação de animais. Outro fundamento é o de que a bacia hidrográfica
é a unidade de atuação do Singreh e de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.
O segundo artigo da Lei explicita os objetivos da PNRH: assegurar a disponibilidade de água de
qualidade às gerações presentes e futuras, promover uma utilização racional e integrada dos recursos

10
Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/agua.
11
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e Geografia do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.

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hídricos e a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos (chuvas, secas e enchentes), sejam eles
naturais sejam decorrentes do mau uso dos recursos naturais.
O território brasileiro contém cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Ao todo, são 200 mil
microbacias espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como as bacias do São Francisco, do Paraná e a
Amazônica (a mais extensa do mundo e 60% dela localizada no Brasil). É um enorme potencial hídrico,
capaz de prover um volume de água por pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela
Organização das Nações Unidas (ONU) – de 1.700 m³/s por habitante por ano.
Apesar da abundância, os recursos hídricos brasileiros não são inesgotáveis. O acesso à água não é
igual para todos. As características geográficas de cada região e as mudanças de vazão dos rios, que
ocorrem devido às variações climáticas ao longo do ano, afetam a distribuição.

O abastecimento de água potável no Brasil12

Água contaminada causa doenças e mortes. Por isso, o abastecimento de água potável à população
é uma medida básica de saúde pública, devendo estar entre as prioridades dos governos. Intervenções
em abastecimento de água e coleta de esgotos apresentam alto retorno econômico em termos de
prevenção de doenças, de mortes evitáveis, de aumento da produtividade e na redução de custos do
sistema de saúde. Dependendo do contexto, os benefícios variam entre R$ 5 e R$ 45 para cada R$ 1 de
investimento.
De acordo com dados oficiais, 35 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de abastecimento de
água em suas residências, estando em situação de vulnerabilidade. Considerando a população que
enfrenta racionamentos de água e interrupções frequentes no abastecimento, estima-se que 70 milhões
de brasileiros não têm acesso continuado a água potável. É uma situação bastante preocupante em
termos de saúde pública.
Uma característica relevante nos sistemas de distribuição de água nas cidades brasileiras é a alta
perda de água existente. Cerca de 40% do que é produzido nas estações de tratamento de água não
chega às torneiras dos consumidores devido às falhas existentes nos sistemas de distribuição. Na
Holanda, as perdas de água são de apenas 2,5%.
Os investimentos para melhoria e ampliação dos sistemas de distribuição e tratamento de água são
insuficientes no Brasil. Estimativas do Plano Nacional de Saneamento Básico indicavam serem
necessários R$ 122 bilhões entre os anos de 2014 e 2033 para universalizar o acesso a água potável no
Brasil. Deltan Dallagnol, procurador da Operação Lava-Jato, estima que R$ 200 bilhões são desviados
anualmente pela corrupção no Brasil. Portanto, o dinheiro desviado em apenas um ano seria suficiente
para prover água potável a toda a população brasileira. Para atender a toda a demanda de saneamento
básico – água, esgoto, resíduos e drenagem urbana –, seriam necessários R$ 508 bilhões, valor inferior
ao desviado por corrupção em menos de três anos. A qualidade da água potável depende do saneamento
básico. A corrupção está matando brasileiros.

Água Doce13

O Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal coordenada pelo Ministério do Meio
Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, em parceria com instituições
federais, estaduais, municipais e sociedade civil. Visa o estabelecimento de uma política pública
permanente de acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, promovendo e disciplinando a
implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalinização ambiental e socialmente
sustentáveis para atender, prioritariamente, as populações de baixa renda em comunidades difusas do
semiárido.

12
BENETTI, Antônio D. O abastecimento de água potável no Brasil. Professor de saneamento do IPH-UFRGS. Disponível em:
http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/noticia/2017/03/antonio-d-benetti-o-abastecimento-de-agua-potavel-no-brasil-
9742038.html#showNoticia=XTorMnNDKX0xNjIyMzY1MDE5MDQxNzAxODg4PGtCMjc0NTY1MDM1NTk5MzI4MzkxOGh+cDcyODc1MDUwMTY1MTA3NDI1MjhyY
0M7SEZxLUFOQCNkM10rUHQ=.
13
Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/agua/agua-doce.

. 139
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Lançado em 2004, o PAD foi concebido e elaborado de forma participativa durante o ano de 2003,
unindo a participação social, proteção ambiental, envolvimento institucional e gestão comunitária local.
Possui como premissas básicas o compromisso do Governo Federal de garantir à população do semiárido
o acesso à água de boa qualidade, além de ser amparado por documentos importantes como a
Declaração do Milênio, a Agenda 21 e deliberações da Conferência Nacional do Meio Ambiente.
O PAD está estruturado em seis componentes: gestão, pesquisa, sistemas de dessalinização,
sustentabilidade ambiental, mobilização social e sistemas de produção. O componente da gestão é
responsável pela formação de recursos humanos, elaboração de diagnósticos técnicos e ambientais,
manutenção e operacionalização dos sistemas, além de dar o apoio ao gerenciamento e manutenção dos
sistemas. O componente pesquisa é direcionado à otimização dos sistemas de produção com o
aprofundamento dos conhecimentos em plantas halófitas, nutrição animal e piscicultura.
Com o compromisso de garantir o uso sustentável dos recursos hídricos, promovendo a convivência
com o semiárido a partir da sustentabilidade ambiental e social, o PAD beneficia cerca de 100 mil pessoas
em 154 localidades do Nordeste, ampliando suas ações para garantir o acesso à água de qualidade nas
comunidades difusas do semiárido.

Água para Todos

O Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal coordenada pelo Ministério do Meio
Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, em parceria com instituições
federais, estaduais, municipais e a sociedade civil.
O seu objetivo é estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para
consumo humano, promovendo e disciplinando a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de
dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis, usando essa ou outras tecnologias alternativas para
atender, prioritariamente, as populações de baixa renda residentes em localidades difusas do Semiárido
brasileiro.
Em cada um dos Estados onde o PAD atua há um Núcleo Estadual, instância máxima de decisão, e
uma Coordenação Estadual, com seu respectivo Grupo Executivo, composto por técnicos capacitados
pelo Programa em cada um dos quatro componentes (mobilização, sustentabilidade, sistema de
dessalinização e aproveitamento do concentrado), coordenados pelo órgão de recursos hídricos estadual.
Nas localidades atendidas, a gestão dos sistemas é realizada pelo Núcleo Local, a partir de um acordo
celebrado entre todos, com participação do estado e do município.
Os Estados atendidos atualmente pelo PAD são: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

ÁGUA - Um recurso cada vez mais ameaçado14

A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam a Terra.
No organismo humano a água atua, entre outras funções, como veículo para a troca de substâncias e
para a manutenção da temperatura, representando cerca de 70% de sua massa corporal. Além disso, é
considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias que encontramos nos três estados
físicos: gasoso, líquido e sólido. É impossível imaginar como seria o nosso dia-a-dia sem ela.
Os alimentos que ingerimos dependem diretamente da água para a sua produção. Necessitamos da
água também para a higiene pessoal, para lavar roupas e utensílios e para a manutenção da limpeza de
nossas habitações. Ela é essencial na produção de energia elétrica, na limpeza das cidades, na
construção de obras, no combate a incêndios e na irrigação de jardins, entre outros. As indústrias utilizam
grandes quantidades de água, seja como matéria-prima, seja na remoção de impurezas, na geração de
vapor e na refrigeração. Dentre todas as nossas atividades, porém, é a agricultura aquela que mais
consome água – cerca de 70% de toda a água consumida no planeta é utilizada pela irrigação.
A ameaça da falta de água, em níveis que podem até mesmo inviabilizar a nossa existência, pode
parecer exagero, mas não é. Os efeitos na qualidade e na quantidade da água disponível, relacionados
com o rápido crescimento da população mundial e com a concentração dessa população em
megalópoles, já são evidentes em várias partes do mundo. Dados do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que quase metade da população
mundial (2,6 bilhões de pessoas) não conta com serviço de saneamento básico e que uma em cada seis
pessoas (cerca de 1,1 bilhão de pessoas) ainda não possui sistema de abastecimento de água adequado.
As projeções da Organização das Nações Unidas indicam que, se a tendência continuar, em 2050 mais

14
Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_consumo/_arquivos/3%20-%20mcs_agua.pdf.

. 140
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
de 45% da população mundial estará vivendo em países que não poderão garantir a cota diária mínima
de 50 litros de água por pessoa. Com base nestes dados, em 2000, os 189 países membros da ONU
assumiram como uma das metas de desenvolvimento do milênio reduzir à metade a quantidade de
pessoas que não têm acesso à água potável e saneamento básico até 2015.
Mesmo países que dispõem de recursos hídricos abundantes, como o Brasil, não estão livres da
ameaça de uma crise. A disponibilidade varia muito de uma região para outra. Além disso, nossas
reservas de água potável estão diminuindo. Entre as principais causas da diminuição da água potável
estão o crescente aumento do consumo, o desperdício e a poluição das águas superficiais e subterrâneas
por esgotos domésticos e resíduos tóxicos provenientes da indústria e da agricultura.
Neste capítulo do Manual de Educação para o Consumo Sustentável se discute porque é tão
importante e inadiável a conservação dos recursos hídricos do planeta e quais as ações necessárias para
garantir o seu consumo sustentável. A partir das informações contidas neste manual, você vai poder
mostrar aos seus alunos que, com pequenas mudanças de hábitos, todos podemos contribuir para
conservar nossas águas, aprendendo a controlar a poluição e a consumir sem desperdício.

O ciclo da Água

Na natureza, a água se encontra em contínua circulação, fenômeno conhecido como ciclo da água ou
ciclo hidrológico. A água dos oceanos, dos rios, dos lagos, da camada superficial dos solos e das plantas
evapora por ação dos raios solares. O vapor formado vai constituir as nuvens que, em condições
adequadas, condensam-se e precipitam-se em forma de chuva, neve ou granizo. Parte da água das
chuvas infiltra-se no solo, outra parte escorre pela superfície até os cursos de água ou regressa à
atmosfera pela evaporação, formando novas nuvens. A porção que se infiltra no solo vai abastecer os
aquíferos, reservatórios de água subterrânea que, por sua vez, vão alimentar os rios e os lagos.

A distribuição e o consumo de água doce no mundo e no Brasil

O volume total de água na Terra não aumenta nem diminui, é sempre o mesmo. A água ocupa
aproximadamente 70% da superfície do nosso planeta.
Mas 97,5% da água do planeta é salgada. Da parcela de água doce, 68,9% encontra-se nas geleiras,
calotas polares ou em regiões montanhosas, 29,9% em águas subterrâneas, 0,9% compõe a umidade do
solo e dos pântanos e apenas 0,3% constitui a porção superficial de água doce presente em rios e lagos.
A água doce não está distribuída uniformemente pelo globo. Sua distribuição depende essencialmente
dos ecossistemas que compõem o território de cada país. Segundo o Programa Hidrológico Internacional
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na América do Sul
encontra-se 26% do total de água doce disponível no planeta e apenas 6% da população mundial,
enquanto o continente asiático possui 36% do total de água e abriga 60% da população mundial.

Atualmente, mais de 6 bilhões de pessoas em todo o mundo utilizam cerca de 54% da água doce
disponível em rios, lagos e aquíferos. Fonte: Unesco

. 141
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
O consumo diário de água é muito variável ao redor do globo. Além da disponibilidade do local, o
consumo médio de água está fortemente relacionado com o nível de desenvolvimento do país e com o
nível de renda das pessoas. Uma pessoa necessita de, pelo menos, 40 litros de água por dia para beber,
tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos, cozinhar etc. Dados da ONU, porém, apontam que um
europeu, que tem em seu território 8% da água doce no mundo, consome em média 150 litros de água
por dia.
Já um indiano, consome 25 litros por dia.
Segundo estimativas da Unesco, se continuarmos com o ritmo atual de crescimento demográfico e
não estabelecermos um consumo sustentável da água, em 2025 o consumo humano pode chegar a 90%,
restando apenas 10% para os outros seres vivos do planeta.

Água no Brasil

Com uma área de aproximadamente 8.514.876 km² (fonte: Anuário Estatístico 2000) e mais de 169
milhões de habitantes (fonte: censo demográfico 2000), o Brasil é hoje o quinto país do mundo, tanto em
extensão territorial como em população. Em função de suas dimensões continentais, o Brasil apresenta
grandes contrastes relacionados não somente ao clima, vegetação original e topografia, mas também à
distribuição da população e ao desenvolvimento econômico e social, entre outros fatores.
De maneira geral, o Brasil é um país privilegiado quanto ao volume de recursos hídricos, pois abriga
13,7% da água doce do mundo. Porém, a disponibilidade desses recursos não é uniforme. Como
demonstrado no quadro abaixo, mais de 73 % da água doce disponível no país encontra-se na bacia
Amazônica, que é habitada por menos de 5% da população. Apenas 27 % dos recursos hídricos
brasileiros estão disponíveis para as demais regiões, onde residem 95% da população do país (Lima,
1999). Não só a disponibilidade de água não é uniforme, mas a oferta de água tratada reflete os contrastes
no desenvolvimento dos Estados brasileiros. Enquanto na região Sudeste 87,5% dos domicílios são
atendidos por rede de distribuição de água, no Nordeste a porcentagem é de apenas 58,7%.
O Brasil registra também elevado desperdício: de 20% a 60% da água tratada para consumo se perde
na distribuição, dependendo das condições de conservação das redes de abastecimento. Além dessas
perdas de água no caminho entre as estações de tratamento e o consumidor, o desperdício também é
grande nas nossas residências, envolvendo, por exemplo, o tempo necessário para tomarmos banho, a
própria forma como tomamos banho, a utilização de descargas no vaso sanitário que consomem muita
água, a lavagem da louça com água corrente, no uso da mangueira como vassoura na limpeza de
calçadas, na lavagem de carros etc.

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A Política Nacional de Recursos Hídricos foi instituída pela Lei 9.433/97, mais conhecida como “Lei
das Águas”.

Cerca de 70% de um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo, o Sistema Aquífero
Guarani (SAG), está localizado no Brasil.
Os outros países que também fazem parte do SAG são o Uruguai, o Paraguai e a Argentina.
Fonte: Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente.

Você sabe em que Bacia Hidrográfica está localizada a sua cidade? Procure se informar sobre o
funcionamento do Comitê de sua Bacia Hidrográfica e sobre as organizações da sociedade civil
participantes.
Entre em contato com essas organizações para saber como andam a regulamentação e a cobrança
pelo uso da água e também as atividades de preservação e de recuperação dos recursos hídrico.

Os usos da água

Agora, que já conhecemos as condições da água na natureza, sua distribuição no planeta – em


especial no Brasil – e as ameaças que pairam sobre este bem precioso, vamos ver como ela é tratada
para o consumo humano (uso doméstico e esgotamento sanitário) e em outras situações nas quais os
seres humanos necessitam dela para viver e produzir (uso industrial, uso agrícola, geração de energia,
navegação, pesca e lazer). Vamos ver também o que pode ser feito para preservar sua qualidade e
quantidade, combatendo a contaminação por esgoto, agrotóxicos, lixo e outras formas de poluição.

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Uso doméstico

Segundo o Ministério da Saúde, para que a água seja potável e adequada ao consumo humano, deve
apresentar características microbiológicas, físicas, químicas e radioativas que atendam a um padrão de
potabilidade estabelecido. Por isso, antes de chegar às torneiras das casas, a água passa por estações
de tratamento, onde são realizados processos de desinfecção para garantir seu consumo sem riscos à
saúde. Após chegar à estação de tratamento, a água passa basicamente pelas seguintes etapas:

1. Adição de coagulantes: consiste em misturar à água substâncias químicas (sulfato de alumínio,


sulfato ferroso etc.) e auxiliares de coagulação que permitem a aglutinação das partículas em suspensão.
2. Coágulo-sedimentação: a água, já com coagulantes, é conduzida aos misturadores (rápidos e
lentos) que promovem a formação de flocos entre o íon alumínio ou ferro trivalente e as partículas
presentes na água. Dos misturadores, a água passa para os tanques de decantação, chamados de
decantadores, onde permanece por um período médio de três horas. No fundo dos tanques, depositam-
se flocos que arrastam grande parte das impurezas.
3. Filtração: após a decantação, a água segue para os filtros, unidades de areia de granulometria
variada que retêm as impurezas restantes. O filtro tem dispositivos capazes de promover a lavagem de
areia, para que o processo de filtragem não seja prejudicado pela obstrução do leito filtrante.
4. Desinfecção: a água, após filtrada e aparentemente limpa, ainda pode conter bactérias e outros
organismos patogênicos (não são visíveis a olho nu) que podem provocar doenças como a febre tifoide,
disenteria bacilar e cólera. Torna-se necessário, então, a aplicação de um elemento que os destrua.
Esse elemento é o cloro, aplicado em forma de gás ou em soluções de hipoclorito, numa proporção
que varia de acordo com a qualidade da água.
5. Fluoretação: para prevenir a cárie dentária; o flúor e seus sais têm se revelado notáveis como
fortalecedores da dentina. A aplicação do flúor na água, por meio de produtos como fluossilicato de sódio
ou ácido fluossilícico, é a etapa final do tratamento. Estas substâncias químicas, no entanto, podem
causar problemas à saúde se não utilizadas criteriosamente.

A cada ano, mais de cinco milhões de pessoas morrem de alguma doença associada à água, ambiente
doméstico sem higiene e falta de sistemas de esgotamento sanitário. Fonte: “Água e Saúde”, Organização
Panamericana da Saúde, 2001.

Após o tratamento, a água passa por análises laboratoriais, a fim de garantir a distribuição de um
produto de qualidade. O tratamento da água é fundamental para a saúde pública. Nos países da América
Latina, apesar dos sistemas de abastecimento terem, pouco a pouco, se estendido até os lugares mais
afastados, ainda existe muito a ser feito. Segundo a Organização Mundial de Saúde, na América Latina
e Caribe, em 2000, 78 milhões de pessoas não tinham acesso a água encanada e 117 milhões de pessoas
não eram atendidas por esgotamento sanitário, respectivamente 15% e 22% da população total desta
região.

Saneamento Básico

Um grave problema para a qualidade da água é a descarga, sem nenhum tratamento, de esgoto
domiciliar em rios e represas que abastecem as cidades e irrigam as plantações.
No Brasil, segundo o Ministério das Cidades, cerca de 60 milhões de brasileiros (9,6 milhões de
domicílios urbanos) não são atendidos pela rede de coleta de esgoto e, destes, aproximadamente 15
milhões (3,4 milhões de domicílios) não têm acesso à água encanada. Ainda mais alarmante é a

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informação de que, quando coletado, apenas 25% do esgoto é tratado, sendo o restante despejado “in
natura”, ou seja, sem nenhum tipo de tratamento, nos rios ou no mar.
Como resultado dos baixos índices de tratamento, 65% das internações hospitalares no País são
devidos às doenças transmitidas pela água, como por exemplo disenteria, hepatite, meningite,
ascaridíase, tracoma, esquistossomose e outras. Segundo a OMS, mais de cinco milhões de pessoas
morrem por ano no mundo (número equivalente a toda a população de um país como a Finlândia) devido
às doenças transmitidas pela água.
Precisamos rever nossa crença de que a água é abundante e que estará sempre disponível porque
isto depende estritamente de como utilizamos e preservamos este recurso.
Quanto mais poluída estiver a água, maior quantidade de produtos químicos será necessária para
torná-la potável para consumo.
O esgoto, assim como os detergentes, contém nutrientes como o fósforo, que em excesso provocam
eutrofização dos corpos d’água e consequente proliferação de algas, que pode provocar mau cheiro e
gosto ruim na água, mesmo após o tratamento. A solução para o problema é a diminuição da quantidade
de nutrientes despejada nos rios, por meio do tratamento do esgoto.

Uso industrial

As indústrias respondem por cerca de 22% do consumo total de água, utilizando grandes quantidades
de água limpa. O uso nos processos industriais vai desde a incorporação da água nos produtos até a
lavagem de materiais, equipamentos e instalações, a utilização em sistemas de refrigeração e geração
de vapor.
Dependendo do ramo industrial e da tecnologia adotada, a água resultante dos processos industriais
(efluentes industriais) pode carregar resíduos tóxicos, como metais pesados e restos de materiais em
decomposição. Estima-se que a cada ano acumulem-se nas águas de 300 mil a 500 mil toneladas de
dejetos provenientes das indústrias.
Engana-se quem pensa que apenas as indústrias químicas são grandes poluidoras. Uma fábrica de
salsichas, por exemplo, pode contaminar uma área considerável, se não adotar um sistema para tratar a
água usada na lavagem dos resíduos de suínos.
Quando a água contaminada é lançada nos rios e no mar pode provocar a morte dos peixes. Mesmo
quando sobrevivem, podem acumular em seu organismo substâncias tóxicas que causam doenças, se
forem ingeridos pelos seres humanos.

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a falta de saneamento no Brasil é causa de 80%
das doenças e 65% das internações hospitalares, implicando gastos de US$ 2,5 bilhões.
Estima-se que para cada R$ 1,00 investido em saneamento, haveria uma economia de R$ 5,00 em
serviços de saúde.

Uso agrícola

As chuvas nem sempre são suficientes para suprir a umidade necessária para a produção agrícola.
A alternativa para os produtores é a irrigação, uma atividade que consome mais de dois terços da água
doce utilizada no planeta. Além do alto consumo, não raro provocado pelo mau aproveitamento, que leva
ao desperdício, a agricultura também afeta drasticamente a qualidade dos solos e dos recursos hídricos.
Os agrotóxicos e fertilizantes empregados na agricultura podem ser carregados para os corpos d’água,
causando a contaminação, tanto da água superficial, quanto subterrânea.

Navegação

Hidrovia interior ou via navegável interior são denominações comuns para os rios, lagos ou lagoas
navegáveis. As hidrovias são balizadas e sinalizadas de modo a oferecer boas condições de segurança
às embarcações, suas cargas e passageiros ou tripulantes e dispõem de cartas de navegação.
Para permitir a navegação comercial em rios é necessário que, durante o maior período possível, o
curso d’água tenha vazão suficiente para garantir a passagem de embarcações de determinado calado
(altura da parte submersa de uma embarcação). Deve-se ter em mente que as profundidades variam ao
longo do ciclo hidrológico (no decorrer do ano). Portanto, as hidrovias interiores dependem do regime
fluvial, isto é, do comportamento do rio quanto à variação de seus níveis. Quanto menos variarem as
vazões durante o ciclo hidrológico, melhor para este uso.
O regime fluvial é ditado pelas chuvas e pela capacidade de escoamento do solo da Bacia Hidrográfica
(quanto menos cobertura vegetal tiver a Bacia Hidrográfica, mais rapidamente a enxurrada chegará ao
leito). Assim, as hidrovias interiores requerem a preservação da cobertura vegetal das respectivas bacias
hidrográficas. Seu funcionamento adequado depende, pois, da preservação do meio ambiente.
Com a entrada em vigor da Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, a navegação e demais usos dos
cursos d’água foram beneficiados, pois um dos fundamentos da lei é o uso múltiplo das águas. Isso
significa que se deve buscar utilizar o corpo hídrico de acordo com seu potencial, sem excluir os demais
usos que dele se possa fazer.
Assim como toda atividade humana, o transporte hidroviário interior tem seus riscos. Sempre existe a
possibilidade de ocorrerem acidentes e, em consequência, danos ao meio ambiente. No entanto, esses
riscos podem ser minimizados se houver uma boa gestão hidroviária.

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Pesca e lazer

A pesca e o lazer são atividades que dependem essencialmente da qualidade da água. A poluição dos
corpos d´água por esgotos domésticos, dejetos industriais, entre outras atividades, causam prejuízos
cada vez maiores à indústria pesqueira e comprometem a sobrevivência de populações ribeirinhas que
têm nos pescados sua principal e, não raro, única fonte de sobrevivência. Por isso, a pesca e o lazer
devem ser assegurados pela proteção ambiental dos cursos d’água, represas e mares, por meio do
combate às fontes poluidoras. Mas essas atividades, que precisam de água com qualidade, também
acabam por prejudicá-la.
A pesca predatória, a limpeza dos peixes à beira dos rios e o lixo colocam em risco a segurança
ambiental dos corpos d’água. Em ambos os casos, a solução está na conscientização e na Educação
Ambiental das populações e no combate a atividades pesqueiras ilícitas.

Fertilizantes e pesticidas: usados na agricultura, são arrastados pela chuva até os cursos d’água.
Fonte: CD Água, Meio Ambiente e Vida – Coleção Água, Meio Ambiente e Cidadania – ABEAS e
SRH/MMA.

Geração de energia

A energia hidráulica, que provém da água em movimento, fornece cerca de 19% da energia mundial.
O planeta aproveita apenas 33% de seu potencial hidrelétrico e gera 2.140 TW/h/ano de energia,
suficientes para poupar o equivalente a cerca de 4,4 milhões de barris de petróleo/dia. Mas o
aproveitamento é desigual. Enquanto nos países industrializados praticamente todo o potencial de
geração de energia é utilizado, a África explora apenas 7% de seu potencial; a Ásia, 22%; a América
Latina, 33%; o Brasil, 24%.
No Brasil, as usinas hidrelétricas respondem por cerca de 90% da produção de energia elétrica. Esta
é uma vantagem, já que se trata de uma fonte renovável, ao contrário dos combustíveis derivados do
petróleo, carvão ou minerais radioativos que, além de poluidores, são finitos.
Mas, mesmo no caso das hidrelétricas, é preciso adotar critérios de construção e localização que
minimizam os impactos negativos ao meio ambiente. No Brasil foram construídas grandes usinas, como
as de Itaipu, Tucuruí e Sobradinho. Além do alto custo da construção, usinas hidrelétricas de grande porte
geralmente causam um grande impacto ambiental nas regiões onde são instaladas, pois tendem a alagar
áreas extensas, com sérios reflexos sobre os ecossistemas e sobre a população local.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de energia hidroelétrica, precedido apenas pelo Canadá
(1º) e Estados Unidos (2º). Fonte: Organização das Nações Unidas.

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Etapas de Tratamento de Esgosto

Gradeamento grosso (manual) e Gradeamento fino (mecanizado)


Composto por grade de barras em aço inox, seguido de grade mecanizada com sistema autolimpante,
tem a função de reter sólidos presentes no esgoto afluente com dimensões maiores de 10mm, recolhendo
os mesmos em uma calha com rosca transportadora, que encaminha os resíduos para um contêiner, para
posterior envio a aterro sanitário.

Desarenadores mecanizados
O sistema de remoção de areia é constituído por caixas de areia com diâmetro de 6,0m, com um
sistema mecanizado de raspagem do fundo que encaminha a areia para um poço de acúmulo, de onde
é feita a retirada do material sedimentado através de rosca transportadora, para um contêiner de resíduos
a ser encaminhado a aterro sanitário.

Calha Parshall
Após a saída dos dois tanques desarenadores, o esgoto já destituído de sólidos minerais é
encaminhado para um canal de reunião do fluxo, onde está instalada a calha Parshall, com vistas à
medição da vazão afluente. Após a calha tem-se uma série de comportas e válvulas, as quais permitem
efetuar manobras de desvio de esgoto para as 4 linhas de tratamento (Linhas A-B-C-D), conforme for
conveniente para a operação do sistema.

Controle da velocidade por calha Parshall


Para se manter a mesma velocidade na caixa de areia tipo canal com velocidade constante controlada
por calha Parshall, para Qmín e Qmáx, tem-se:

Fórmula da calha Parshall:


Q = K.HN, em que:
Q = vazão (m3/s)
H = altura de água (m)

Valores de K e N - Fórmula da Calha Parshall:


Q = K.HN (Q em m3/s e H em m)

Tratamento Secundário (remoção de matéria orgânica – DBO e sólidos suspensos)

Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente com Manta de Lodo (UASB)


O esgoto já destituído dos sólidos grosseiros e dos sólidos minerais removidos na caixa de areia será
conduzido por tubulação e descarregado nas nove coroas de alimentação de cada reator, na parte
superior de cada unidade. Cada coroa de alimentação é dividida em 30 partes, de onde partem as

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tubulações de distribuição do esgoto fixadas por todo o fundo do reator, que têm por finalidade promover
uma distribuição de esgoto o mais uniformemente possível no fundo do reator.
Denominado originalmente na Holanda de UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket Reactor) – Reator
Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo, no Brasil são também denominados de DAFA (Digestor
Anaeróbio de Fluxo Ascendente), RAFA (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente), RALF (Reator
Anaeróbio de Leito Fluidificado), etc.
A principal função dos reatores UASB é fornecer as condições ideais para promover a remoção de
matéria orgânica presente no esgoto afluente, por meio de micro-organismos anaeróbios. O processo de
tratamento se dá devido à formação de uma colônia específica de bactérias e outros micro-organismos
dentro do reator, cujo metabolismo se dá em meio anaeróbio, ou seja, sem a presença de oxigênio
dissolvido na massa líquida.
O lodo de esgoto é retido nessa unidade de tratamento por separação de fases gasosa, líquida e
sólida. As bactérias em flocos ou grânulos formam uma manta de lodo no interior do reator. Dispositivos
projetados e instalados para separar gases, sólidos e líquidos garantem a permanência do lodo no
sistema e a retirada do biogás e a coleta do efluente tratado.
A coleta do efluente se dá na parte superior do reator, por meio de canaletas com vertedores em fibra
de vidro, e encaminhado para a unidade de tratamento seguinte. O gás produzido no processo anaeróbio
é separado da fração líquida por meio dos separadores trifásicos, e encaminhado por tubulação até o
filtro de carvão ativado e em seguida é queimado no flare. O lodo excedente descartado do sistema, com
idade (tempo de residência celular) superior a 30 dias já se encontra estabilizado. A remoção do lodo
estabilizado se dá pelo fundo do reator e encaminhado para o tanque de acúmulo e recalque de lodo por
sistema de válvulas, registros e tubulações.

Tratamento Terciário (remoção de nutrientes – nitrogênio amoniacal e fósforo)

Filtro Biológico Aerado Submerso (FBAS)


Após passar por tratamento anaeróbio nos UASB, o líquido efluente segue para o tratamento nos
filtros aerados, compostos por uma camada filtrante com pedra britada Nº 4, e fornecimento de ar através
de sopradores e sistema de distribuição de ar por tubulações e difusores instalados no fundo de cada
filtro. A entrada do afluente no filtro se dá pelo fundo da estrutura, onde se distribui pelo fundo falso da
mesma, e então segue com fluxo ascendente, permeando pelo meio filtrante, até ser coletado por
canaletas situadas na parte superior do filtro. O filtro biológico aerado submerso desempenha duas
funções: a remoção de um percentual de matéria orgânica restante do processo anaeróbio e,
principalmente, a transformação do nitrogênio amoniacal presente no líquido em outros compostos
nitrogenados. O processo de tratamento se dá em ambiente com abundância de oxigênio dissolvido,
fornecido mecanicamente pelo sistema de aeração submersa, o qual favorece o crescimento de
microorganismos de características metabólicas aeróbias, ou seja, com a presença de oxigênio dissolvido
no meio líquido, que, além de utilizar a matéria orgânica presente no líquido percolado, utiliza o nitrogênio
amoniacal também no mecanismo metabólico, transformando em outros compostos nitrogenados menos
danosos ao meio ambiente natural (corpo receptor).
A limpeza do filtro se dá por dreno de fundo, que quando acionado, encaminha o lodo para a estação
elevatória de reciclo, retornando ao sistema.

Câmara de Mistura Rápida/Floculador/Decantador Secundário


Após passar pelo FBAS, o efluente é encaminhado para a câmara de mistura rápida, onde é adicionada
a solução de coagulante ao líquido. O coagulante a ser utilizado é o Cloreto Férrico, cuja mistura na
massa líquida é feita mecanicamente por um misturador rápido instalado nesta câmara. A função do
coagulante é desestabilizar as partículas coloidais presentes no esgoto, a fim de promover a formação de
flocos na estrutura seguinte. A seguir o efluente passa para o sistema de floculação do tipo Alabama,
onde o líquido passa por uma série de câmaras, construídas de forma a propiciar uma agitação ideal para
que as partículas coloidais desestabilizadas se unam e formem flocos com peso específico maior que a
água, que serão removidos na etapa seguinte, nos decantadores retangulares.
Os flocos formados na etapa anterior sedimentam e ficam depositados no fundo dos decantadores
retangulares. Para evitar o acúmulo e promover a remoção do material decantado, entram em
funcionamento as pontes raspadoras, que arrastam o lodo de fundo dos decantadores para um canal
localizado na extremidade oposta à entrada do líquido, de onde uma bomba de sucção negativa retira o
lodo e encaminha para a elevatória de reciclo. O líquido clarificado é coletado na parte superior do tanque,
na extremidade oposta à entrada, e encaminhado para a próxima etapa denominada desinfecção.

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Desinfecção (eliminação de agentes patogênicos – Coliformes termotolerantes)

Câmara de Contato
Consiste em um tanque de passagem do efluente tratado onde é dosada uma solução de dióxido de
cloro, que é um agente com alto potencial oxidante, cuja função é a eliminação de agentes patogênicos
presentes no efluente tratado, medidos por meio de análises laboratoriais de coliformes termotolerantes.
Esta câmara de contato é formada por chicanas que permitem que o efluente fique em contato com o
dióxido de cloro por cerca de 30 minutos, antes de seguir para o corpo receptor, garantindo assim o tempo
necessário para a eliminação de agentes patogênicos do esgoto. Após a passagem pela câmara de
contato, o esgoto tratado é encaminhado para o canal de emissário, e lançado no corpo hídrico receptor
do sistema.

Estruturas Anexas e acessórias

Filtro de carvão ativado com queimador de gases (flare)


O processo anaeróbio apresenta como subproduto do metabolismo bacteriológico a formação de
biogás, composto por vários tipos de gases, entre eles o gás sulfídrico H2S e o gás metano CH4. O gás
formado dentro dos reatores anaeróbios é coletado por meio de separadores trifásicos formados por
campânulas de fibra de vidro ou lona, e encaminhado por meio de tubulação de PVC até o filtro de carvão
ativado, formado por várias camadas de meio filtrante com granulometrias diferentes, sendo a última
camada formada por carvão ativado em pó, onde o biogás é filtrado e queimado no flare, instalado acima
do filtro. O flare é equipado com sistema de ignição automático, para garantir que a queima do gás não
seja interrompida.

Elevatória de reciclo
O lodo proveniente do sistema de limpeza dos floculadores, decantadores retangulares e dos filtros
aerados submersos, bem como o líquido purgado da centrífuga são encaminhados por meio de um
conjunto de válvulas, registros e tubulações até as estações elevatórias de reciclo, onde bombas
submersíveis instaladas dentro do poço de acúmulo recalcam o líquido afluente para dentro dos reatores
anaeróbios, sofrendo novo processo de tratamento.

Tanque de acúmulo e recalque de lodo


O lodo em excesso gerado dentro dos reatores anaeróbios é removido apenas em um único nível,
junto ao fundo dos mesmos. Do poço de acúmulo, o lodo é bombeado por meio de dois conjuntos de
bombas helicoidais para os decanters centrífugos localizados na casa da centrífuga, onde será feito o
deságue do lodo.

Casa da centrífuga
Local onde estão instalados dois conjuntos de decanters centrífugos, um conjunto de preparo e
dosagem de polieletrólito e o painel geral de controle do sistema de deságue do lodo gerado na ETE, de
onde é possível efetuar todos os comandos referentes à operação de descarte e deságue de lodo, como
acionamento da válvula de controle, bombas helicoidais, sistema de dosagem de polieletrólito,
acionamento dos decanters centrífugos e sistema de limpeza dos mesmos. As bombas helicoidais
recalcam o lodo para os decanters centrífugos, onde na entrada é adicionada a solução de polieletrólito
que auxilia na separação da água/sólido. O lodo desaguado é descartado em contêineres localizados
abaixo das centrífugas, e o líquido clarificado e de limpeza do sistema é encaminhado para as estações
elevatórias de reciclo, onde retornam para o sistema de tratamento.

Casa de química
A armazenagem das soluções químicas, o sistema de geração de dióxido de cloro, e os sistemas de
dosagem dos produtos químicos utilizados no processo de tratamento estão localizados na casa de
química.

Administração, laboratório, vestiário e guarita


Como unidade de apoio à operação a ETE possui estrutura para comportar a parte administrativa
operacional da ETE composta por salas, sanitários e cozinha. A administração possui também dois
laboratórios de análises químicas e biológicas, com sala para separação de amostras e almoxarifado, e
sala para comportar uma balança analítica.

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LODOS ATIVADOS
É um processo biológico onde o esgoto afluente, na presença de oxigênio dissolvido, agitação
mecânica e pelo crescimento e atuação de microrganismos específicos, forma flocos denominados lodo
ativado ou lodo biológico. Essa fase do tratamento objetiva a remoção de matéria orgânica biodegradável
presente nos esgotos. Após essa etapa, a fase sólida é separada da fase líquida em outra unidade
operacional denominada decantador. O lodo ativado separado retorna para o processo ou é retirado para
tratamento específico ou destino final.

Este processo de tratamento de esgotos apresenta vantagens e desvantagens:

Vantagens
- exige pouca área para implantação;
- maior eficiência no tratamento;
- maior flexibilidade de operação;

Desvantagens
- custo operacional elevado;
- controle laboratorial diário;
- operação mais delicada.

Diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de esgoto e para a


avaliação dos serviços de esgoto.

ABNT NORMA NBR BRASILEIRA ISO 24511

Atividades relacionadas aos serviços de água potável e de esgoto - Diretrizes para a gestão dos
prestadores de serviços de esgoto e para a avaliação dos serviços de esgoto
Activities relating to drinking water and wastewater services - Guidelines for the management of
wastewater utilities and for the assessment of wastewater services
ICS 93.030; 13.060.30 ISBN 978-85-07-03841-2

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS

Prefácio Nacional

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Foro Nacional de Normalização. As Normas


Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos Organismos de
Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE), são elaboradas
por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte:
produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).
Os Documentos Técnicos ABNT são elaborados conforme as regras da Diretiva ABNT, Parte 2.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) chama atenção para a possibilidade de que
alguns dos elementos deste documento podem ser objeto de direito de patente. A ABNT não deve ser
considerada responsável pela identificação de quaisquer direitos de patentes.
A ABNT NBR ISO 24511 foi elaborada pela Comissão de Estudo de Serviços de Abastecimento de
Água e Esgotamento Sanitário (ABNT/CEE-166). O Projeto circulou em Consulta Nacional conforme
Edital nº 06, de 27.06.2012 a 27.08.2012, com o número de Projeto 166:000.00-002.
Esta Norma é uma adoção idêntica, em conteúdo técnico, estrutura e redação, à ISO 24511 :2007,
que foi elaborada pelo Technical Committee Service activities relating to drinking water supply systems
and wastewater systems - Quality criteria of the service and performance indicators (ISOITC 244),
conforme ISO/IEC Guide 21-1 :2005.
A ABNT NBR ISO 24511 é parte de uma série de normas que tratam de serviços de água. O conjunto
completo é constituído das seguintes normas:
ISO 24510, Atividades relacionadas aos serviços de água potável e de esgoto - Diretrizes para a
avaliação e para melhoria dos serviços prestados aos usuários ISO 24511, Atividades relacionadas aos
serviços de água potável e de esgoto - Diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de esgoto e
para avaliação dos serviços de esgoto ISO 24512, Atividades relacionadas aos serviços de água potável
e de esgoto - Diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de água e para avaliação dos serviços
de água potável O Escopo desta Norma Brasileira em inglês é o seguinte:

Scope
This Standard provides guidelines for the management of wastewater utilities and for the assessment
of wastewater services.
This Standard is applicable to public/y and privately owned and operated wastewater utilities, but does
not favour any particular ownership or operational model.
NOTE 1 Waste water is always generated when water is used or consumed. Accordingly, sources of
wastewater can be residential, industrial, commercial or institutional. Collected storm water or (melted)
snow can also be considered as wastewater, as it often carries contaminants and pathogens picked up
from air or ground surfaces on its way to a collection system. In certain circumstances, especially in
undeveloped areas, sanitary waste is collected in an undiluted form

This International Standard addresses wastewater systems in their entirety and is applicable to systems
at any levei of development (e.g. pit latrines, on-site systems, networks, treatment facilities).
The following are within the scope of this International Standard:
- the definition of a language common to different stakeholders;
- objectives for the wastewater utility;
- guidelines for the management of wastewater utilities;
- service assessment criteria and related examples of performance indicators, ali without setting
- any target values or thresholds.
- The following are outside the scope of this International Standard:
- methods of design and construction of wastewater systems;
- regulation of the management structure and the methodology of wastewater service activities of
- operation and management;
- regulation of the content of contracts or subcontracts;
- topics related to the systems inside buildings, between the point-of-discharge and the point-
ofcollection.
NOTE 2 This International 5tandard, 15024510 and 150 24512 comprise a series of standards
addressing water services. It is therefore advisable to use these three International 5tandards in
conjunction with each other.
NOTE 3 The list of terms and definitions in Clause 2 is common to this International 5tandard, 15024510
and
15024512.
NOTE 4 Annex A contains three tables of correspondence between equivalent terms in English, French
and
5panish.
Introdução
NOTA As palavras em negrito são termos-chave que estão definidos na Seção 2.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
0.1 A problemática da água: contexto global e marco das políticas
A água constitui um desafio mundial para o século XXI, tanto em termos da gestão dos recursos
hídricos disponíveis quanto em termos de acesso ao fornecimento de água potável e ao esgotamento
sanitário para a população mundial. Em 2000, as Nações Unidas (ONU) reconheceram que o acesso à
água é um direito humano essencial e, em conjunto com os governos nacionais, estabeleceram objetivos
ambiciosos (os "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio") para aumentar o acesso aos serviços de
abastecimento de água potável e de esgoto, incluindo destinação segura ou reúso de resíduos,
particularmente nos países em desenvolvimento. Conferências internacionais sobre desenvolvimento
sustentável e água (por exemplo, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em
Johanesburgo, em setembro de 2002, o terceiro Fórum Mundial da Água em Kyoto, em março de 2003 e
o quarto Fórum Mundial da Água na Cidade do México, em março de 2006) têm destacado esta questão,
e agências das Nações Unidas (incluindo a OMS e a UNESCO) desenvolveram recomendações e
programas para estabelecer um marco para avançar.
A Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CSD13) enfatizou que os
governos (referidos como "autoridades competentes" nesta Norma) têm um papel fundamental na
promoção da melhoria do acesso à água potável e ao esgotamento sanitário por meio da melhoria da
governança em todos os níveis, de ambientes de capacitação adequados e de marcos regulatórios, com
a participação ativa de todas as partes interessadas. Convém que este processo incorpore soluções
institucionais para tornar o setor de água mais produtivo e a gestão mais sustentável dos recursos
hídricos. Neste sentido, as Declarações Ministeriais do Terceiro e Quarto Fórum Mundial da Água
recomendaram que os governos empenhem-se em reforçar o papel dos parlamentos e das autoridades
públicas locais, particularmente no que diz respeito à prestação adequada dos serviços de água potável
e de esgoto, e reconheceram que uma colaboração efetiva com/entre esses atores é um fator essencial
para enfrentar os desafios e objetivos relacionados à água.
Exemplos de questões essenciais relativas ao marco político de serviços eficientes de água potável e
de esgoto são:
- definição explícita dos papéis das diferentes partes interessadas;
- definição de normas sanitárias e de organização para a avaliação da conformidade;
- processos que assegurem a coerência entre as políticas de desenvolvimento urbano e infraestrutura
de serviços de água potável e esgoto;
- regulamentação para a captação de água e para o lançamento de esgoto;

Informações aos usuários e às comunidades.

0.2 Prestadores de serviços de água e de esgoto: objetivos gerais


Além da proteção da saúde pública, uma boa gestão dos prestadores de serviços de água e de esgoto
é um elemento essencial para a gestão integrada dos recursos hídricos. Quando aplicadas a estes
prestadores de serviços, as práticas de boa gestão contribuirão, tanto quantitativa como qualitativamente,
para o desenvolvimento sustentável. A boa gestão do prestador de serviços também contribui para a
coesão social e para o desenvolvimento econômico das comunidades atendidas, porque a qualidade e a
eficiência dos serviços de água potável e de esgoto têm implicações praticamente em todas as atividades
da sociedade.
Como a água é considerada um "bem social" e as atividades relacionadas aos serviços de água potável
e de esgoto incorporam três aspectos (econômico, social e ambiental) do desenvolvimento sustentável:
é lógico que a gestão dos prestadores de serviços de água e de esgoto seja transparente e inclua todas
as partes interessadas identificadas de acordo com o contexto local.
Existem diversos tipos de partes interessadas que podem desempenhar papéis em atividades
relacionadas aos serviços de água potável e de esgoto. Alguns exemplos de partes interessadas incluem:
- governos ou agências públicas (internacionais, nacionais, regionais ou locais) atuando com
competência legal;
- associações dos próprios prestadores de serviços (por exemplo, associações de prestadores de
serviços de água e de esgoto internacionais, regionais/multinacionais e nacionais);
- órgãos autônomos que procuram desempenhar um papel de supervisão ou acompanhamento (por
exemplo, as organizações não governamentais interessadas);
- usuários e associações de usuários de água e de esgoto.

As relações entre as partes interessadas e os prestadores de serviços de água e de esgoto variam ao


redor do mundo. Em muitos países existem órgãos com a responsabilidade (total ou parcial) para
supervisionar as atividades dos serviços de água potável e de esgoto, independentemente de os serviços

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
serem de propriedade pública ou privada ou serem prestados por entidades públicas ou privadas; ou de
serem regulados pelas autoridades competentes ou de adotarem sistema de auto-regulação técnica.
Normalização e auto-regulação técnica são caminhos possíveis para assegurar o envolvimento de todas
as partes interessadas e para atender ao princípio da subsidiariedade.

NOTA BRASILEIRA A legislação brasileira não contempla a hipótese de propriedade privada dos
serviços de água potável e de esgoto, tampouco a auto-regulação

O objetivo dos prestadores de serviços de água e de esgoto é, logicamente, oferecer serviços a todos
em sua área de responsabilidade, e oferecer aos usuários um abastecimento contínuo de água potável,
coleta e tratamento de esgoto, em condições econômicas e sociais que sejam aceitáveis para os usuários
e para os prestadores de serviços de água e de esgoto. Espera-se que os prestadores de serviços de
água e de esgoto atendam aos requisitos das autoridades competentes e às expectativas especificadas
pelos titulares dos serviços em conjunto com as outras partes interessadas, garantindo a sustentabilidade
dos serviços a longo prazo. Num contexto de escassez de recursos, incluindo recursos financeiros, é
aconselhável que os investimentos feitos em instalações sejam apropriados e que se preste a necessária
atenção à manutenção adequada e ao uso eficaz das instalações. É aconselhável que as tarifas de água
e de esgoto, em geral, observem princípios de recuperação de custos e de promoção da eficiência no uso
dos recursos, buscando manter a acessibilidade econômica dos serviços de água potável e de esgoto.
É aconselhável que as partes interessadas sejam envolvidas tanto na definição dos objetivos dos
serviços quanto na avaliação da adequação e da eficiência dos serviços

0.3 Objetivos, conteúdo e aplicação desta Norma o


Objetivo desta Norma é fornecer às partes interessadas as diretrizes para avaliar e melhorar os
serviços prestados aos usuários, bem como a orientação para a gestão dos prestadores de servi- ços de
água e de esgoto, de acordo com o alcance dos objetivos globais fixados pelas autoridades competentes
e pelas organizações intergovernamentais internacionais mencionadas anteriormente. Esta Norma
destina-se a facilitar o diálogo entre as partes interessadas, permitindo-lhes o desenvol- vimento mútuo
da compreensão das funções e tarefas que se inserem no escopo dos prestadores de serviços de água
e de esgoto.
A série de normas relativas aos serviços de água potável e de esgoto compreende a ABNT NBR ISO
24510 (orientada para os serviços), esta Norma e a ABNT NBR ISO 24512 (ambas orientadas para a
gestão).
A ABNT NBR ISO 24510 refere-se aos seguintes tópicos:
- uma breve descrição dos componentes dos serviços relacionados aos usuários;
- objetivos essenciais para os serviços, para atender às necessidades e expectativas dos usuários;
- diretrizes para a satisfação das necessidades e expectativas dos usuários;
- critérios de avaliação dos serviços prestados aos usuários, em conformidade com as diretrizes
estabelecidas;
- exemplos de indicadores de desempenho relacionados aos critérios de avaliação que podem ser
utilizados para avaliar o desempenho dos serviços.
Esta Norma e a ABNT NBR ISO 24512 abordam os seguintes tópicos:
- uma breve descrição dos componentes físicos, de infraestrutura, gerenciais e institucionais dos
prestadores de serviços de água e de esgoto;
- objetivos essenciais para os prestadores de serviços de água e de esgoto, considerados globalmente
relevantes no mais amplo nível;

Diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de água e de esgoto;


Diretrizes para a avaliação dos serviços de água potável e de esgoto com critérios de avaliação dos
serviços relacionados aos objetivos, e indicadores de desempenho vinculados a esses critérios.
Os indicadores de desempenho apresentados nesta Norma, na ABNT NBR ISO 24510 e na ABNT
NBR ISO 24512 são apenas para fins de ilustração, uma vez que a avaliação dos serviços prestados aos
usuários não pode ser reduzida a um conjunto único ou universal de indicadores de desempenho.
O escopo exclui formalmente as instalações internas do usuário. No entanto, chama-se atenção para
o fato de que a qualidade da água fornecida (ou do esgoto lançado) pode sofrer impacto negativo entre o
ponto de entrega (ou, no caso do esgoto, o ponto de coleta) e o ponto de utilização (ou, no caso do esgoto,
do ponto de descarga), causado pelas instalações internas do usuário. Algumas partes interessadas, por
exemplo, autoridades competentes, proprietários, construtores e usuários, podem ter um papel a
desempenhar nesta matéria.

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Tendo em vista que a organização dos prestadores de serviços de água e de esgoto se insere num
marco legal e institucional específico de cada país, esta Norma não prescreve os respectivos papéis das
várias partes interessadas, nem define requisitos para a organização interna das entidades locais,
regionais ou nacionais, que podem estar envolvidas com a prestação dos serviços de água e de esgoto.
Em particular, esta Norma não interfere na liberdade de escolha dos titulares dos serviços em relação à
organização geral e à gestão de seus prestadores de serviços. Esta Norma é aplicável aos serviços de
propriedade pública ou privada ou prestados por entidades públicas ou privadas, e não favorece qualquer
modelo relativo à propriedade ou a prestação dos serviços.
As diretrizes estabelecidas nesta Norma, na ABNT NBR ISO 24510 e na ABNT NBR ISO 24512 focam
as necessidades e expectativas dos usuários e os próprios serviços de água potável e de esgoto, sem
impor meios para satisfazer essas necessidades e expectativas, com o objetivo de permitir a utilização
mais ampla desta Norma, da ABNT NBR ISO 24510 e da ABNT NBR ISO 24512, respeitando as
características culturais, socioeconômicas, climáticas, legais e de saúde dos diferentes países e regiões
do mundo. No entanto, convém que se entenda que, a curto prazo, pode não ser sempre possível
satisfazer as expectativas dos usuários locais. Isto pode ser devido a fatores tais como condições
climáticas, disponibilidade de recursos e dificuldades relacionadas à sustentabilidade econômica dos
serviços de água potável e de esgoto, particularmente em relação ao financiamento e à capa- cidade dos
usuários de pagar por melhorias. Essas condições podem limitar a realização de alguns objetivos ou
restringir a implementação de algumas recomendações nos países em desenvolvimento. No entanto, esta
Norma foi elaborada considerando essas restrições e, por exemplo, permite diferentes níveis de redes
fixas e a necessidade de alternativas locais. Apesar da necessidade de flexibilidade em termos de
engenharia e de equipamentos, muitas recomendações desta Norma destinam-se à aplicação universal.
A fim de avaliar e melhorar os serviços prestados aos usuários e para garantir um acompanhamento
adequado das melhorias, um número apropriado de indicadores de desempenho (ID) ou de outros
métodos para verificar o cumprimento dos requisitos pode ser estabelecido. O uso de ID é apenas uma
das possíveis ferramentas de apoio para a melhoria contínua. As partes interessadas podem selecionar
ID a partir dos exemplos dados ou desenvolver outros ID relevantes, levando em consideração os
princípios descritos nesta Norma, na ABNT NBR ISO 24510 e na ABNT NBR ISO 24512. Os ID se
relacionam, logicamente, aos objetivos para os quais são definidos através de critérios de avaliação, e
são utilizados para medir o desempenho. Eles também podem ser utilizados para definir metas requeridas
ou almejadas. Esta Norma não impõe nenhum indicador específico, qualquer valor mínimo ou escala de
desempenho. Respeita-se o princípio da adaptabilidade aos contextos locais, facilitando a implementação
local.
Enquanto não se pretende de modo algum que esta Norma, a ABNT NBR ISO 24510 e a ABNT NBR
ISO 24512, e, mais especificamente, os indicadores de desempenho apresentados como exemplos,
sejam considerados como um pré-requisito ou condição para a implementação de uma política da água
ou para o financiamento de projetos ou programas, eles podem servir para avaliar os progressos na
consecução dos objetivos da política e dos programas de financiamento.
O objetivo desta Norma, da ABNT NBR ISO 24510 e da ABNT NBR ISO 24512 não é estabelecer
sistemas de especificações para apoio direto à certificação de conformidade, mas sim objetiva fornecer
orientações para a melhoria contínua e para a avaliação dos serviços. A utilização desta Norma, da ABNT
NBR ISO 24510 e da ABNT NBR ISO 24512 é voluntária, de acordo com as regras internacionais.
Esta Norma, a ABNT NBR ISO 24510 e a ABNT NBR ISO 24512 são compatíveis com a abordagem
do princípio do "planejar-fazer-checar-agir" (PDCA): elas propõem um processo progressivo, desde a
identificação dos componentes e definição dos objetivos do prestador de serviços de água e de esgoto
até o estabelecimento de indicadores de desempenho, retornando aos objetivos e à gestão, depois de
avaliados os desempenhos. A Figura 1 resume o conteúdo e a aplicação desta Norma. A aplicação desta
Norma, da ABNT NBR ISO 24510 e da ABNT NBR ISO 24512 não depende da aplicação da série ABNT
NBR ISO 9000 e/ou da série de normas ABNT NBR ISO 14000. No entanto, esta Norma, a ABNT NBR
ISO 24510 e a ABNT NBR ISO 24512 são consistentes com as normas de sistemas de gestão. A
implementação total da ABNT NBR ISO 9001 e/ou do sistema de gestão da ABNT NBR ISO 14001 poderá
facilitar a implementação das diretrizes contidas nesta Norma, na ABNT NBR ISO 24510 e na ABNT NBR
ISO 24512; do mesmo modo, estas orientações podem ajudar a alcançar os requisitos técnicos da ABNT
NBR ISO 9001 e ABNT NBR ISO 14001 para organizações que optem por implementá-las.

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0.4 Serviços de esgoto
Os sistemas de esgoto são construídos e operados principalmente para proteger a saúde pública e o
meio ambiente. O tipo de sistema de esgoto deve ser escolhido e adaptado de acordo com a densidade
da população, as condições climáticas, os requisitos ambientais para o tratamento e a capacidade técnica
e socioeconômica do titular dos serviços para implementá-lo, operá-lo e mantê- lo. Ele precisa ser rentável
e sustentável, bem como permitir o desenvolvimento por fases para superar as dificuldades financeiras e
ao mesmo tempo enquanto não comprometer os objetivos estabelecidos.
Operacionalmente, o objetivo geral de um prestador de serviços é prover os serviços de coleta de
esgoto de forma contínua ou, no mínimo, de forma intermitente (dependendo do mecanismo de serviços
escolhido), atendendo aos requisitos relacionados à capacidade. Métodos de tratamento e/ou de
destinação final de esgoto precisam corresponder ao sistema de coleta escolhido.
O esgoto devidamente tratado, em algum momento, será devolvido ao meio ambiente e poderá ter um
impacto significativo tanto na quantidade quanto na qualidade dos recursos hídricos naturais.
Uma gestão eficaz e segura dos resíduos resultantes do tratamento do esgoto, incluindo a sua
destinação final ou reúso, torna-se cada vez mais importante devido a preocupações com a proteção do
meio ambiente e a conservação dos recursos.
Uma vez que normalmente a infraestrutura de esgoto tem uma vida útil que se estende por várias
gerações, ela precisa demonstrar equidade entre as gerações. Consequentemente, um prestador de
serviços de esgoto, independentemente do tipo de propriedade, é de natureza pública e está sujeito ao
controle público e à política pública. Outros critérios, tais como custo/acessibilidade econômica e
sustentabilidade dos serviços, são abordados nas Seções pertinentes desta Norma.

Atividades relacionadas aos serviços de água potável e de esgoto - Diretrizes para a gestão dos
prestadores de serviços de esgoto e para a avaliação dos serviços de esgoto

1 Escopo
Esta Norma fornece diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de esgoto e para a avaliação
dos serviços de esgoto.
Esta Norma é aplicável aos prestadores de serviços de esgoto de propriedade pública e privada, mas
não favorece nenhum modelo específico de propriedade ou de operação.
NOTA 1 O esgoto sempre é gerado quando há uso ou consumo de água. Assim, as fontes de esgoto
podem ser residenciais, industriais, comerciais ou institucionais. Águas pluviais coletadas ou neve

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(derretida) também podem ser consideradas esgoto, pois muitas vezes carregam contaminantes e
patógenos provenientes do ar ou do solo em seu caminho para um sistema de coleta. Em determinadas
circunstâncias, especialmente em áreas subdesenvolvidas, o esgoto sanitário é coletado em uma forma
não diluída.
Esta Norma refere-se aos sistemas de esgoto em sua totalidade e é aplicável a sistemas em diversos
níveis de desenvolvimento (por exemplo, latrinas, sistemas individuais, redes de esgoto, estações de
tratamento).
Fazem parte do escopo desta Norma:
- a definição de uma linguagem comum para as diferentes partes interessadas;
- objetivos para os prestadores de serviços de esgoto;
- diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de esgoto;
- critérios de avaliação dos serviços e exemplos relacionados a indicadores de desempenho, todos
sem qualquer fixação de valores ou limites.
Não fazem parte do escopo desta Norma:
- métodos de concepção e construção dos sistemas de esgoto;
- regulação da estrutura de gestão e metodologia das atividades de operação e de gestão dos serviços
de esgoto;
- regulação do conteúdo dos contratos ou subcontratos;
- tópicos relacionados às instalações internas de edifícios, entre o ponto de descarga e o ponto de
coleta.
NOTA 2 Esta Norma, a ABNT NBR ISO 24510 e a ABNT NBR ISO 24512 constituem uma série de
normas voltadas aos serviços de água potável e de esgoto. Por isso, é aconselhável usar essas três
normas em conjunto.
NOTA 3 A lista de termos e definições da Seção 2 é comum a esta Norma, à ABNT NBR ISO 24510 e
à ABNT NBR ISO 24512.
NOTA 4 O Anexo A contém quatro tabelas de correspondência entre os termos equivalentes em
Português, Inglês, Francês e Espanhol.

2 Termos e definições
Para efeitos deste documento, aplicam-se os seguintes termos e definições:
2.1 exatidão grau de concordância entre a medida e o valor de referência aceito
NOTA 1 O termo "exatidão", quando aplicado a um conjunto de medidas, envolve uma combinação
aleatória de componentes e um erro sistemático comum.
NOTA 2 Adaptada da ISO 5725-1:1994

2.2 acessibilidade econômica capacidade de pagamento dos usuários (2.50)


NOTA A acessibilidade econômica pode ser estimada através do grau em que os preços cobrados
pelos serviços (2.44) podem ser pagos pelos grupos sociais específicos de usuários, sem significativo
impacto econômico ou social negativo, levando em conta subsídios e programas de assistência de
pagamento para os usuários de baixa renda.

2.3 avaliação processo (2.31), ou resultado deste processo, comparando-se uma questão específica
a referências relevantes

2.4 ativos bens de capital utilizados para a prestação dos serviços (2.44)
NOTA 1 Os ativos podem ser tangíveis ou intangíveis. Exemplos de ativos tangíveis são: terrenos,
edifícios, canalizações, poços, tanques, estações de tratamento, equipamentos e hardware. Exemplos de
ativos intangíveis são: software, bases de dados.
NOTA 2 Ao contrário dos materiais de consumo, os ativos podem ser depreciados nos sistemas de
contabilidade.

2.5 gestão de ativos processos (2.31) que permitem que um prestador de serviços de água e de esgoto
(2.53) dirija, controle e otimize o fornecimento, a manutenção (2.19) e a disposição de infraestrutura (2.17)
e outros ativos (2.4), incluindo as despesas necessárias para assegurar desempenhos (2.24) especi-
ficados, durante seus ciclos de vida

2.6 disponibilidade medida em que a infraestrutura (2.17) e outros ativos (2.4), recursos e empregados
de um prestador de serviços de água e de esgoto (2.53) permitem a prestação efetiva dos serviços (2.44)
aos usuários (2.50) de acordo com desempenhos (2.24) especificados

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2.7 comunidade uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas e, em conformidade com a legislação
nacional ou prática nacional, suas associações, organizações ou grupos, com interesses na área onde
os serviços (2.44) são prestados

2.8 nível de confiança avaliação (2.3) da qualidade (2.32) em termos de exatidão (2.1) e
confiabilidade (2.37)

2.9 ligação predial conjunto de componentes físicos que garante a ligação entre um ponto de entrega
(2.26) e a rede de distribuição de água ou entre o ponto de coleta (2.25) e a rede de coleta de esgoto
NOTA Para os sistemas de abastecimento de água, o termo "ramal predial" é atualmente utilizado,
mas a ligação pode incluir outros componentes além do ramal predial, tais como as válvulas, hidrômetros
etc.

2.10 cobertura medida em que os ativos (2.4) de um prestador de serviços de água e de esgoto
(2.53) permitem a prestação dos serviços (2.44) aos usuários (2.50), dentro da sua área de serviços

2.11 água potável água destinada ao consumo humano


NOTA Os requisitos (2.40) da água potável seguem as especificações de qualidade (2.32) geralmente
fixadas pelas autoridades competentes (2.36) nacionais. As diretrizes são estabelecidas pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
NOTA BRASILEIRA No Brasil, o Ministério da Saúde dispõe, por meio de Portaria, sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade.

2.12 sistema de abastecimento de água potável ativos (2.4) tangíveis necessários para captar, tratar,
distribuir ou abastecer com água potável (2.11)

2.13 eficácia extensão na qual as atividades planejadas são realizadas e os resultados planejados,
alcançados
[ABNT NBR ISO 9000:2005].

2.14 eficiência relação entre o resultado alcançado e os recursos usados


[ABNT NBR ISO 9000:2005].

2.15 meio ambiente circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo,
recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações
NOTA 1 Circunvizinhança, neste contexto, estende-se desde o interior de uma organização até o
sistema global
[ABNT NBR ISO 14001 :2004].

NOTA 2 Para a aplicação desta Norma, o meio ambiente é considerado uma parte interessada (2.47)
específica. Os interesses desta parte interessada (2.47) específica podem ser representados pelas
autoridades competentes (2.36), pelas comunidades (2.7) ou por outros grupos, tais como organizações
não governamentais (ONG).

2.16 indicador parâmetro, ou valor derivado de parâmetros, que fornece informações sobre um assunto
com uma importância que ultrapassa a que está diretamente associada a um valor de parâmetro
NOTA 1 Adaptada dos trabalhos da OECO sobre "Conjuntos de indicadores essenciais para a análise
crítica do desempenho ambiental".
NOTA 2 Os indicadores podem se referir ao contexto, condições, meios, atividades ou desempenhos
(2.24).

2.17 infraestrutura sistema de ativos (2.4) fixos tangíveis necessários para o funcionamento de um
prestador de serviços de água e de esgoto (2.53)
NOTA 1 Adaptada da ABNT NBR ISO 9000:2005.
NOTA 2 Os prestadores de serviços de água e de esgoto (2.53), quando necessário, podem também
utilizar equipamentos de transporte móveis (por exemplo, caminhões, carros, garrafas) em caráter
permanente, ocasional, ou em situações de emergência. É aconselhável utilizar o termo "infraestrutura"
somente para designar equipamentos fixos e instalações.

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2.18 interrupção situação em que os serviços (2.44) não estão disponíveis
NOTA As interrupções podem ser planejadas ou não.

2.19 manutenção combinação de todas as ações técnicas, administrativas e gerenciais durante o ciclo
de vida de um ativo (2.4) destinada a mantê-lo, ou restaurá-lo a um estado no qual ele pode executar a
função desejada

2.20 gestão (management) atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização

NOTA 1 O termo em inglês "managemenf' algumas vezes se refere a pessoas, isto é, uma pessoa ou
grupo de pessoas com autoridade e responsabilidade para a condução e controle de uma organização.
Quando "managemenf' é usado nesse sentido, convém que seja sempre usado com algum qualificador
para evitar confusão com o conceito "managemenf' definido acima. Por exemplo, "management shall..."
é desaconselhável enquanto "top management shall ..." é aceitável.
NOTA 2 O termo" managemenf' pode ser qualificado por uma área específica de interesse. São
exemplos: a gestão da saúde pública, a gestão ambiental, a gestão de riscos etc.

2.21 sistema de gestão sistema para estabelecer política e objetivos, e para atingir estes objetivos
[ABNT NBR ISO 9000:2005]
NOTA Um sistema de gestão para um prestador de serviços de água e de esgoto (2.53) pode incluir
diferentes sistemas de gestão, tais como um sistema de gestão da qualidade (2.32), um sistema de gestão
financeira ou um sistema de gestão ambiental.

2.22 sistema individual conjunto de ativos (2.4) fixos necessanos ao fornecimento de água potável
(2.11) ou à coleta e tratamento de esgoto (2.51), sem ligação predial (2.9) com as redes de um prestador
de serviços de água e de esgoto (2.53)

2.23 prestador de serviços pessoa ou organização que realiza os processos (2.31) do dia a dia e as
atividades necessárias à prestação dos serviços (2.44)
NOTA 1 Pode haver um ou vários prestadores de serviços para um dado serviço de água e de esgoto
(2.53), por exemplo, prestadores distintos para operação das instalações, faturamento e cobrança pelos
serviços (2.44). Suas missões são determinadas pelo titular dos serviços (2.42). Um prestador pode
subcontratar algumas de suas operações para outros contratados, se permitido pelo titular dos serviços.
NOTA 2 O(s) prestador(es) pode(m) ou não ser juridicamente distinto(s) do titular dos serviços (2.42).
Ele(s) pode(m) ser público(s) ou privado(s). Exemplo onde o titular e o prestador dos serviços não são
juridicamente distintos: um departamento técnico de uma administração municipal. Exemplos de
entidades juridicamente distintas: uma empresa estatal, uma autarquia, uma empresa privada ou uma
cooperativa ou associação de usuários.
NOTA 3 No contexto desta Norma, o prestador de serviços não se confunde com o operador, que é a
denominação do profissional com a função de operar um equipamento ou processo (2.31).

2.24 desempenho resultados de uma atividade, de um processo (2.31) ou de uma organização

2.25 ponto de coleta <esgoto> interface física fixa, a montante da qual o prestador de serviços de água
e de esgoto (2.53) não possui responsabilidade legal plena pelos serviços (2.44) ou pela infraestrutura
(2.17)
EXEMPLO O limite entre a propriedade privada e pública.
NOTA 1 O ponto de coleta é geralmente definido no contrato de serviços (2.45).
NOTA 2 Em geral, os empregados do prestador de serviços de água e de esgoto não possuem poder
legal para ter acesso direto às instalações a montante do ponto de coleta.

2.26 ponto de entrega <água potável> interface física fixa, a jusante da qual o prestador de serviços
de água e de esgoto (2.53) não possui responsabilidade legal plena pelos serviços (2.44) ou pela
infraestrutura (2.17)
EXEMPLOS Um padrão de ligação predial (2.9), um hidrômetro, o limite entre as propriedades pública
e privada.
NOTA 1 O ponto de entrega é geralmente definido no contrato de serviços (2.45).
NOTA 2 Em geral, os empregados do prestador de serviços de água e de esgoto não possuem poder
legal para ter acesso direto às instalações a jusante do ponto de entrega.

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2.27 ponto de descarga interface física fixa, onde o usuário (2.50) normalmente lança o esgoto (2.51)
para sua coleta e destinação final
EXEMPLOS Uma pia, um vaso sanitário.

2.28 ponto de utilização interface física fixa, onde o usuário (2.50) normalmente utiliza a água para um
uso determinado
EXEMPLOS Uma torneira, um chafariz público.
NOTA 1 O ponto de utilização pode ser em propriedade privada ou pública.
NOTA 2 O ponto de utilização pode ser o mesmo que o ponto de entrega (2.26), por exemplo, no caso
de um bebedouro público ou chafariz.

2.29 preço contrapartida em dinheiro ou equivalente pago pelo fornecimento ou a prestação de um


produto ou serviços (2.44)
NOTA Quando relevante, o preço é expresso relativamente a uma unidade de produto ou serviços.
EXEMPLO Preço de um metro cúbico de água potável (2.11), o preço de uma ligação predial (2.9) de
xx metros de comprimento.

2.30 procedimento forma especificada de executar uma atividade ou um processo (2.31)


NOTA Os procedimentos podem, ou não, ser documentados.

2.31 processo conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma insumos


(entradas) em produtos (saídas)
[ABNT NBR ISO 9000:2005]

2.32 qualidade grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz os requisitos (2.40)
[ABNT NBR ISO 9000:2005]
NOTA Há uma clara distinção entre a qualidade do produto [água potável (2.11) ou esgoto (2.51)
tratado] e a qualidade dos serviços (2.44). Esta Norma não fornece especificações para a qualidade do
produto.

2.33 taxa de retorno medida percentual de rentabilidade do projeto, igual ao rendimento do projeto
dividido pelo seu investimento
NOTA O período de medição pode ser anual ou durante a vida útil do investimento.

2.34 usuário cadastrado cliente usuário (2.50) cuja informação relevante é cadastrada pelo titular dos
serviços (2.42) ou pelo pres- tador de serviços (2.23)
NOTA O termo "cliente" pode ser considerado um sinônimo, uma vez que um cliente tem um relaciona-
mento comercial, por exemplo, um contrato de serviços (2.45), com o prestador de serviços de água e de
esgoto (2.53). O termo "cliente" é atualmente utilizado em expressões como "relações com os clientes".

2.35 reabilitação operação em uma infraestrutura (2.17) para restaurá-Ia até um nível de desempenho
(2.24) definido, ou melhorá-Ia para atingir um nível superior de desempenho (2.24)

2.36 autoridade competente ente público com atribuição para definir diretrizes, planos ou requisitos
(2.40), ou para verificar o cum- primento dessas regras, relativas a todos os prestadores de serviços de
água e de esgoto (2.53) incluídos em sua área de jurisdição
EXEMPLOS Governos nacionais, regionais ou locais, órgãos públicos, entidades reguladoras.
NOTA Para um dado prestador de serviços pode haver várias autoridades competentes atuando em
diferentes domínios.

2.37 confiabilidade <informações> grau de confiança nas informações para representar ou qualificar
matéria relevante
NOTA As informações podem ser dados, indicadores (2.16), ou estimativas.

2.38 confiabilidade <ativos, processo>, probabilidade de que um dispositivo, sistema ou processo


(2.31) irá desempenhar sua função prescrita sem falhas por um determinado tempo, quando operado
corretamente em um ambiente específico

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2.39 reparo ação sobre um produto, equipamento ou instalação não conforme para torná-lo aceitável
para o uso pretendido, mas sem alterar os parâmetros originais do produto, equipamento ou instalação
NOTA 1 Adaptada da ABNT NBR ISO 9000:2005.
NOTA 2 Um reparo inclui ação corretiva tomada sobre um produto previamente conforme para
restaurar sua condição de uso, por exemplo, como parte de uma operação de manutenção (2.19).
NOTA 3 Um reparo pode alterar ou substituir partes do produto não conforme.
NOTA 4 Um reparo pode ser planejado [por exemplo, manutenção (2.19) preventiva] ou não planejado
(por exemplo, no caso de dano).

2.40 requisito necessidade ou expectativa que é expessa, geralmente, de forma implícita ou obrigatória
[ABNT NBR ISO 9000:2005]
NOTA "Geralmente implícita" significa que é uma prática costumeira ou usual para os prestadores dos
serviços de água e de esgoto, para os usuários (2.50) dos serviços (2.44) e para as outras partes
interessadas, e que a necessidade ou expectativa sob consideração está implícita.

2.41 resíduos subprodutos resultantes dos diferentes processos (2.31) aplicados à água potável (2.11)
ou ao esgoto (2.51)
NOTA Os resíduos podem ser líquidos, sólidos, gasosos ou misturas.
EXEMPLOS Lodo, lodo de fossas sépticas, areia ou cascalho, gorduras, outros detritos.

2.42 titular dos serviços ente que tem a responsabilidade legal para prestar os serviços (2.44) de água
potável (2.11) ou de esgoto (2.51) para uma determinada área geográfica
EXEMPLO O município.
NOTA 1 O titular dos serviços é necessariamente público.
NOTA 2 O titular dos serviços age dentro de um marco legal estabelecido pelas autoridades
competentes (2.36), e geralmente estabelece a estratégia, as políticas específicas adaptadas às
características de sua área de responsabilidade e a organização geral dos prestadores de serviços de
água e de esgoto (2.53).
NOTA 3 O titular dos serviços pode prestar os serviços de água potável e de esgoto diretamente por
órgão ou entidade que integre a sua administração ou delegar a prestação a um ou vários prestadores de
serviços (2.23) (terceirizados ou contratados).

2.43 restrição situação em que os serviços (2.44) não satisfazem as condições de disponibilidade
especificadas no contrato de serviços (2.45)
NOTA Restrições podem ser planejadas ou não.

2.44 serviços resultados de um processo (2.31)


NOTA 1 Adaptada a partir da definição de "produto" da ABNT NBR ISO 9000:2005.
NOTA 2 Os serviços são uma das quatro categorias genéricas de produtos juntamente com as
informações, os materiais e equipamentos e os materiais processados. Muitos produtos abrangem
elementos que pertencem a diferentes categorias genéricas de produto. Dependendo do elemento
dominante, o produto é chamado de "serviço".
NOTA 3 O serviço é o resultado de pelo menos uma atividade desempenhada necessariamente na
interface entre o prestador de serviços e, em primeiro lugar, o seu usuário (2.50) e, em segundo lugar,
uma parte interessada (2.47). O serviço é geralmente intangível. A prestação de um serviço pode
envolver, por exemplo, o seguinte:
- atividade realizada em um produto tangível fornecido pelo usuário, por exemplo, o esgoto (2.51),
- atividade realizada em um produto intangível proveniente do usuário, por exemplo, processar pedidos
para nova ligação predial (2.9),
- entrega de um produto intangível, por exemplo, entrega de informação,
- criação de ambiente para o usuário, por exemplo, escritórios de atendimento.
NOTA 4 Em português corrente "serviços de água potável" pode ser usado como sinônimo de
"prestador de serviços de água", mas, para evitar qualquer confusão, nesta Norma somente a definição
dada em 2.44 se aplica.

2.45 contrato de serviços estabelecimento de um acordo entre o usuário cadastrado (2.50) e o


prestador de serviços de água e de esgoto (2.53) sobre as condições da prestação dos serviços (2.44)
EXEMPLO Um contrato de adesão ou um contrato específico.
NOTA O contrato pode ser implícito ou explícito.

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2.46 área de serviços área geográfica onde uma organização tem a responsabilidade legal ou
contratual de prestar os serviços (2.44)
NOTA A área de serviços pode ser estabelecida por limites políticos (por exemplo, o território
municipal), por uma ação legislativa (por exemplo, a segmentação do território do titular), ou por acordos
interjurisdicionais [por exemplo, consórcio intermunicipal para fornecer serviços de esgoto (2.51)].

2.47 parte interessada pessoa, grupo ou organização que tenha interesse no desempenho (2.24) ou
no sucesso de uma organização
EXEMPLOS Usuários (2.50) e proprietários de edificações, autoridades competentes (2.36), titulares
dos serviços (2.42), prestadores de serviços (2.23), empregados do prestador, fornecedores externos de
produtos e prestadores de outros serviços (2.44), empreiteiros, comunidades (2.7), clientes e associações
ambientalistas, instituições financeiras, organizações científicas e técnicas, laboratórios.
NOTA 1 Adaptada a partir da definição de "parte interessada" na ABNT NBR ISO 9000:2005.
NOTA 2 Para a aplicação desta Norma, meio ambiente (2.15) é considerado uma parte interessada
específica (ver 2.15, nota 2).

2.48 desenvolvimento sustentável desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente


sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades

2.49 tarifa elementos estruturados publicamente disponíveis que permitem calcular o preço (2.29) pago
por um produto ou serviço (2.44)
EXEMPLO Tarifa uniforme do metro cúbico de água potável (2.11), tarifa progressiva ou decrescente
por faixas de consumo, preços das ligações prediais (2.9) dependendo do diâmetro da tubulação.

NOTA BRASILEIRA 1 No Brasil admite-se que os serviços sejam remunerados por taxas.
NOTA BRASILEIRA 2 No Brasil o preço de ligação predial geralmente não é considerado uma tarifa.

2.50 usuário pessoa, grupo ou organização que se beneficia do fornecimento de água potável (2.11) e
de serviços (2.44) correlatos, ou de atividades dos serviços de esgoto (2.51)
NOTA 1 Os usuários são uma categoria de parte interessada (2.47).
NOTA 2 Os usuários podem pertencer a diversos setores econômicos: os usuários domésticos,
comerciais, industriais, das atividades terciárias, agrícolas.
NOTA 3 O termo "consumidor" também pode ser usado, mas na maioria dos países o termo "usuário"
é mais frequente quando se refere aos serviços públicos. Não é apropriado para os serviços de esgoto.

2.51 esgoto águas provenientes de qualquer combinação de atividades domésticas, industriais ou


comerciais, de escoamento superficial e de eventuais águas de infiltração, podendo incluir águas pluviais
drenadas, que serão lançadas no meio ambiente (2.15) ou no sistema de esgoto
NOTA 1 A definição de esgoto nesta Norma também inclui os resíduos sanitários em forma não diluída.
NOTA 2 Os esgotos podem ser conduzidos em sistemas de esgotamento do tipo unitário ou separador
absoluto.

2.52 sistema de esgoto ativos (2.4) tangíveis necessários para coletar, tratar, dispor ou reutilizar esgoto
(2.51), bem como seus resíduos (2.41 )

2.53 prestador de serviços de água e de esgoto conjunto integrado de organização, processos (2.31),
atividades, meios e recursos necessários para a captação, tratamento, distribuição ou fornecimento de
água potável (2.11) ou de coleta, tratamento e destinação final do esgoto (2.51) e para o fornecimento de
serviços (2.44) associados
NOTA 1 Algumas das principais características de um prestador de serviços de água e de esgoto são:
- sua missão, prover serviços de água potável, ou de esgoto, ou ambos.
- sua área de serviços (2.46) e a população desta área,
- o titular dos serviços (2.42),
- a organização geral com a função de prestação de serviços (2.23) realizada por entidade que integra
a administração do titular dos serviços, ou por prestador(es) de serviço(s) contratado(s).
- os tipos de sistemas físicos utilizados para prestar os serviços, com vários graus de centralização.
NOTA 2 Prestador de serviços de água refere-se a um prestador que lida apenas com água potável;
prestador de serviços de esgoto refere-se a um prestador que lida apenas com esgoto.

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NOTA 3 Quando não é necessário ou é difícil fazer a distinção entre o titular e o prestador dos serviços,
o termo "serviços de água e de esgoto" engloba os dois.
NOTA 4 Em inglês, o termo "water service" pode ser utilizado como sinônimo de "serviços de água
potável e de esgoto" (ver 2.44, Nota 4), mas esta Norma não recomenda a utilização do termo desse
modo.

3 Componentes dos sistemas de esgoto


3.1 Generalidades
Um sistema de esgoto geralmente compreende:
- coleta e transporte de esgoto e de resíduos removidos do esgoto,
- tratamento de esgoto e de resíduos removidos do esgoto, e
- destinação final/reúso de resíduos. Ver 8.1.

3.2 Tipos de sistemas de esgoto


Os sistemas podem ser centralizados, descentralizados em sistemas pequenos (subsistemas) ou
locais.
Representações esquemáticas de sistemas de esgoto e das relações entre seus vários componentes
são dadas em 8.2 e 8.3.
Dependendo do grau de desenvolvimento dos serviços de esgoto em um determinado país ou região,
apenas um ou alguns dos componentes do sistema anteriormente mencionados podem ser utilizados (por
exemplo, somente coleta, destinação final). Ver 8.3.

3.3 Sistemas centralizados/descentralizados


3.3.1 Coleta e transporte
O sistema de coleta e transporte de esgoto consiste em redes com ligações prediais para as diferentes
fontes geradoras de esgoto. Essas redes são compostas de equipamentos necessários (por exemplo,
comportas, vertedores, bombas) para realizar as funções de coleta e de transporte. Em alguns casos, os
sistemas centralizados receberão esgoto (tratado ou não) ou resíduos separados de sistemas
centralizados vizinhos para processamento adicional.
Componentes do sistema centralizado para coleta e transporte de esgoto podem incluir:
- ramais prediais;
- sistemas de esgoto/águas pluviais/ unitários e dispositivos auxiliares, incluindo:
- coletores por gravidade;
- coletores a vácuo/tubulações pressurizadas;
- emissários, interceptores/coletores-tronco;
- bacias de detenção e de retenção;
- estações elevatórias;
- estruturas de extravasão;
- veículos transportadores de esgoto;
- instalações de monitoramento/amostragem/medição/telemetria e telecomando.

3.3.2 Tratamento o
Tratamento do esgoto e dos resíduos removidos do esgoto pode incluir várias etapas, dependendo da
natureza e da qualidade da fonte geradora de esgoto, da destinação final no meio ambiente (ou seja, a
natureza e o tamanho do corpo receptor para líquidos que não sejam reutilizados) e do método de
destinação final de resíduos que não sejam reutilizados. As etapas de tratamento podem incluir
tratamento mecânico para remoção de detritos maiores, tais como trapos e grãos de areia, bem como
sedimentação e remoção de sólidos suspensos, tratamento biológico para remoção de contaminantes
orgânicos dissolvidos, remoção de nutrientes como nitrogênio e fósforo e desinfecção do efluente final
para remover/neutralizar patógenos como bactérias e vírus. Em geral, o efluente tratado é lançado
diretamente em um corpo receptor, infiltrado no terreno, ou reutilizado. o
Tratamento de esgoto, em sistemas centralizados/descentralizados, pode incluir:
- tanques de equalização na entrada do tratamento,
- instalações de recebimento de esgoto de fossas sépticas,
- estruturas de entrada nas instalações do tratamento,
- instalações de monitoramento/amostragem/medição/telemetria e telecomando,
- tratamento preliminar/primário/secundário/avançado e instalações de destinação final/reúso,
- instalações de descarga/estruturas de lançamento,
- dispositivos de controle de odor,

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- instalações de recuperação de energia,
- estações de tratamento da extravasão de sistemas unitários de esgoto,
- estações de tratamento de águas pluviais, se for sistema de coleta unitário.

3.4 Sistemas individuais


3.4.1 Coleta e transporte
Sistemas individuais podem ou não incluir uma rede de coleta de esgoto dentro do terreno. Podem
também ser conectados a sistemas centrais diretamente ou por veículos de transporte.
Equipamentos para a coleta de esgoto sanitário em sistemas individuais podem incluir:
a) latrinas, e
b) tanques. o
- transporte de esgoto sanitário ou de resíduos provenientes de sistemas individuais de esgotos pode
ser feito por meio de
- tanques com esvaziamento manual,
- tanques com esvaziamento a vácuo, e
- rede de pequeno diâmetro,
- sendo geralmente feito por veículos transportadores.

3.4.2 Tratamento
Sistemas de tratamento individuais podem incluir:
- caixas de gordura,
- fossas sépticas,
- reatores anaeróbios,
- wetland, lagoas e sistemas de lagoas,
- sumidouros,
- leitos de bambus,
- leitos de evaporação, e
- latrina de compostagem.

3.5 Destinação final/reúso de resíduos


Após o processamento por meio de métodos como desidratação para reduzir seu volume, os resíduos
podem ser incinerados ou transportados por veículos de superfície até o aterro sanitário para sua
destinação final.
Cada vez mais os resíduos encontram mercados para reúso. Os resíduos do esgoto podem ser
reutilizados como fertilizantes ou para a correção do solo (misturados ou não com outros resíduos
orgânicos), podendo também ser utilizados como fonte de energia por meio da incineração, com a
recuperação do calor.

O processamento de resíduos e o sistema de destinação final podem incluir:


- instalações de manejo/condicionamento de resíduos, tais como:
- tanques de estabilização (por exemplo, digestores aeróbios ou anaeróbios com possível recuperação
do biogás);
- instalações de condicionamento (para resíduos físicos e/ou químicos);
- instalações de desidratação/secagem;
- instalações de compostagem;
- instalações de reúso/destinação final de resíduos, incluindo:
- destruição térmica (por exemplo, incineração, gaseificação, com possível recuperação de calor);
- destinação final por meio de aterramento in situ;
- locais de descarga/aterros sanitários;
- locais de aplicação benéfica (por exemplo: solos agrícolas, silvícolas).

4 Objetivos para o prestador de serviços de esgoto

4.1 Generalidades
4.1.1 Convém que o titular dos serviços, em conjunto com o(s) seu(s) operador(es), caso haja rele-
vância, estabeleça para o prestador de serviços de esgoto:
- os objetivos,
- todos os requisitos relacionados (obrigatórios ou autoestabelecidos), e

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- uma política de avaliação dos serviços, levando em consideração critérios relevantes de avaliação
dos serviços e medidas, tais como indicadores de desempenho.

4.1.2 Convém que todos esses elementos considerem:


- os requisitos legais,
- o planejamento territorial e urbano e as políticas de assentamento humano estabelecidos pelas
autoridades competentes,
- as expectativas dos usuários e de outras partes interessadas,
- os componentes físicos e de gestão do prestador de serviços de esgoto,
- os recursos financeiros disponíveis, e
- a acessibilidade econômica dos serviços ao usuário.

4.1.3 A Figura 2 apresenta um exemplo de possíveis relações entre as partes interessadas para o
estabelecimento de objetivos, e também mostra as relações entre os objetivos, os critérios de ava- liação
dos serviços e os indicadores de desempenho.

Figura 2 - Exemplos de relações pertinentes entre as partes interessadas para o estabelecimento dos objetivos, dos critérios de avaliação dos
serviços e dos indicadores de desempenho

4.1.4 Convém que a gestão de um prestador de serviços de esgoto inclua:


- a formulação de objetivos e de critérios de avaliação dos serviços, e
- a avaliação de desempenho.

4.1.5 Convém que o titular dos serviços considere o critério de acessibilidade econômica para os
usuários na definição dos objetivos para a gestão de um prestador de serviços de esgoto, em confor-
midade com as diretrizes contidas na ABNT NBR ISO 24510.

4.1.6 Convém que os objetivos sejam geralmente definidos para uma determinada área geográfica, e
que eles sejam expressos na forma de critérios de avaliação dos serviços.
Os objetivos especificados de 4.2 a 4.7 são considerados os principais objetivos para o prestador de
serviços de esgoto. Critérios de avaliação dos serviços relacionados a esses objetivos são discutidos em
7.4. As possíveis ações que um prestador de serviços de esgoto pode realizar para atingir estes objetivos
são dadas no Anexo C.

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4.2 Proteção da saúde pública
Convém que o principal objetivo de um prestador de serviços de esgoto seja garantir a
coleta/transporte, o tratamento e a destinação final/reúso do esgoto e de seus resíduos de forma segura,
visando a proteção e a segurança da saúde humana, controlando suas respectivas emissões.
Convém que sejam tomadas precauções especiais se o esgoto ou os seus resíduos forem reutilizados.
Tais precauções podem incluir o tratamento adicional e a minimização dos riscos para a saúde pública.

4.3 Atendimento das necessidades e expectativas dos usuários


Convém que um dos objetivos de um prestador de serviços de esgoto seja assegurar que suas
atividades atendam às necessidades e expectativas dos usuários.
Para obter diretrizes para a avaliação e a melhoria dos serviços prestados aos usuanos e para objetivos
e diretrizes relacionados ao atendimento das necessidades e expectativas dos usuários, ver ABNT NBR
ISO 24510.

4.4 Prestação dos serviços em situações normais e de emergência


Convém que um dos objetivos de um prestador de serviços de esgoto seja garantir que, em condições
normais, os serviços de esgoto (coleta, transporte, tratamento e destinação final/reúso) estejam
disponíveis de forma contínua.
A prestação dos serviços de esgoto pode ser interrompida por eventos programados ou de
emergência. Convém que quando ocorrer uma situação de emergência, os planos de emergência e as
ações de resposta sejam aplicados.

4.5 Sustentabilidade do prestador de serviços de esgoto


Convém que um prestador de serviços de esgoto assegure que os ativos recebam manutenção e que
possuam capacidade para atender às necessidades atuais e futuras.
Quando um prestador de serviços de esgoto toma decisões que têm impacto nos custos, convém que
este assegure que as receitas apropriadas cubram essas despesas ao longo do tempo (por exemplo, por
meio de taxas/tarifas/emolumentos correspondentes).
Prestadores de serviços de esgoto representam grandes investimentos sociais. Espera-se que eles
venham a prestar os serviços durante várias décadas. Garantir a sustentabilidade desses prestadores de
serviços ao longo do tempo é, portanto, um objetivo essencial da sua gestão.
Mudanças ambientais, econômicas e sociais ocorrerão durante a vida útil dos ativos, afetando a
disponibilidade dos mananciais, bem como as necessidades de coleta, tratamento e destinação
final/reúso do esgoto. Convém que os recursos adequados (por exemplo, financeiros) sejam direcionados
para atender a essas necessidades, considerando as atuais condições sociais, sem deixar o ônus para
as gerações futuras.
Convém que o prestador de serviços de esgoto reaja às mudanças econômicas, sociais e ambientais,
e empenhe-se na melhoria contínua da proteção do meio ambiente e da saúde pública, considerando as
pesquisas mais atuais e as tecnologias apropriadas.

4.6 Promoção do desenvolvimento sustentável da comunidade


4.6.1 Convém que o prestador de serviços de esgoto considere o desenvolvimento sustentável, ou
seja, a habilidade da comunidade de se desenvolver e prosperar dentro dos limites dos recursos am-
bientais, econômicos e de infraestrutura de que dispõe, sem limitar seu uso às gerações futuras. Isso
inclui contribuir com o desenvolvimento sustentável e com sua implementação, por meio de:
- promoção do uso eficiente de recursos mediante reciclagem e reúso, e
- criação de técnicas de prevenção da poluição, por intermédio da eliminação ou separação dos
poluentes em sua origem.

4.6.2 Considerando as prioridades estratégicas para a gestão dos serviços de esgoto, convém tam-
bém que seja dada atenção à gestão global dos recursos hídricos.
Pode ser feita distinção entre os aspectos quantitativos e qualitativos da gestão da água.

4.6.3 Aspectos quantitativos da gestão da água para a promoção do desenvolvimento sustentável


compreendem (em ordem de prioridade):
a) uso eficiente da água;
b) retenção e reúso;
c) lançamento.

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4.6.4 Aspectos qualitativos da gestão da água para a promoção do desenvolvimento sustentável
incluem (em ordem de prioridade):
a) prevenção da poluição;
b) separação dos escoamentos poluídos dos não poluídos;
c) remoção e destinação final/reúso de resíduos.

4.7 Proteção do meio ambiente


4.7.1 Proteção do ambiente natural
Convém que um dos objetivos de um prestador de serviços de esgoto seja assegurar que a
coleta/transporte, o tratamento e a destinação final/reúso do esgoto e dos resíduos sejam confiáveis,
visando a proteção do meio ambiente natural, incluindo:
- preservação/conservação dos recursos naturais,
- controle de extravasões, e
- preservação da flora e da fauna.

4.7.2 Proteção do ambiente público/construído


Convém que outro objetivo de um prestador de serviços de esgoto seja garantir a segurança da
coleta/transporte, do tratamento e da destinação final/reúso do esgoto, tendo em vista a proteção do
ambiente público construído, a fim de assegurar:
- utilidade e segurança para os usuários,
- valor e manutenção dos ativos,

5 Componentes da gestão do prestador de serviços de esgoto


5.1 Generalidades
Recomenda-se que o prestador de serviços de esgoto estabeleça uma abordagem de gestão
integrada, que englobe todos os componentes de gestão para a prestação dos serviços, que consiste em:
- atividades e processos,
- recursos,
- ativos,
- relacionamento com os usuários,
- informações,
- meio ambiente, e
- riscos.
Possíveis ações relacionadas com a gestão dos componentes abordados em 5.2 a 5.8 são dadas no
Anexo D.

5.2 Gestão de atividades e de processos


Existem várias atividades individualizadas e vários processos (operações) em cada prestador de
serviços de esgoto. Estes são realizados em todos os níveis hierárquicos da organização. Gestão de
atividades e de processos inclui:
- estabelecimento de políticas;
- desenvolvimento de procedimentos;
- formulação de estratégias;
- conformidade regulatória;
- coordenação interna e externa; e
- operação/controle/reengenharia de processos.

5.3 Gestão de recursos


Prestadores de serviços de esgoto geralmente têm os seguintes recursos que convém ser
gerenciados:
- pessoal (recursos humanos),
- materiais e equipamentos (ativos móveis, por exemplo, peças de reposição, veículos e produtos
químicos) (ver também 5.4),
- recursos financeiros (receitas e despesas), e
- recursos naturais (terra, por exemplo).

5.4 Gestão de ativos


Prestadores de serviços de esgoto possuem ativos tangíveis e intangíveis. Convém que os ativos
tangíveis sejam geridos com base no ciclo de vida sustentável.

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A gestão dos ativos inclui:
- manutenção de um sistema de inventário atualizado,
- monitoramento e documentação de dados,
- avaliação das condições do sistema,
- planejamento, manutenção ou reabilitação do sistema,
- otimização da depreciação e da recuperação e reposição de ativos, e
- identificação e gestão de riscos.
Todas essas ações visam garantir a operacionalidade dos ativos.

5.5 Gestão do relacionamento com os usuários


Um prestador de serviços de esgoto existe para prestar serviços aos seus usuários. A gestão do
relacionamento com os usuários é um ponto crítico para o sucesso do prestador de serviços. Exemplos
incluem:
- identificação das necessidades e expectativas dos usuários,
- esforço para atender às necessidades e às expectativas dos usuários,
- registro e atendimento de reclamações,
- contabilidade e faturamento, e
- comunicação, educação e divulgação da informação.
Para orientações adicionais, consultar a ABNT NBR ISO 24510.

5.6 Gestão da informação


Em todos os serviços de esgoto, a gestão da informação tem importância crescente, tornando-se uma
característica dos programas de controle regulatório. A gestão da informação consiste em:
- gestão de dados,
- aquisição,
- avaliação,
- registro,
- atualização dos dados, e
- divulgação dos dados.
Cada vez mais, as informações precisam ser comunicadas de forma transparente no âmbito interno
do-prestador de serviços de esgoto, bem como às autoridades competentes, aos usuários e às outras
partes interessadas.

5.7 Gestão ambiental


Convém que o desenvolvimento planejado do sistema de esgoto seja baseado em uma estratégia de
longo prazo para a preservação ambiental. Convém que ele envolva a melhoria do sistema de esgoto,
progressivamente, considerando o desenvolvimento urbano e populacional, protegendo a saúde pública
e mitigando os riscos de inundação.

5.8 Gestão de riscos


A gestão de riscos compreende a adoção de abordagens proativas que assegurem a continuidade dos
serviços em situações de emergência, por exemplo, falhas tecnológicas e outros acidentes, desastres
naturais (terremotos, eventos climáticos extremos etc.). Outras medidas proativas incluem a prevenção
ou resposta a atos criminosos de vandalismo ou terrorismo.

6 Diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de esgoto


6.1 Generalidades
A tarefa do prestador de serviços de esgoto é coletar, transportar, tratar, descartar e/ou reutilizar ou
facilitar o reúso do esgoto e seus resíduos, considerando todos os componentes da sua gestão, como
indicado na Seção 5, a fim de cumprir os objetivos estipulados na Seção 4.
Convém que a estrutura de gestão da organização seja concebida para assegurar, de forma correta,
eficaz e eficiente, o planejamento, a implementação, o acompanhamento e o controle de todas as tarefas,
processos e atividades. Convém que abranja toda a gama de funções ou serviços previstos.
Convém que a gestão de processos dos prestadores de serviços de esgoto seja executada utilizando
a metodologia de "planejar - fazer - checar - agir" (POCA), conforme explicado a seguir:
- planejar: estabelecer os objetivos e os processos necessários para alcançar resultados de acordo
com os requisitos da legislação, das autoridades responsáveis e dos usuários e com as políticas do
prestador de serviços;
- fazer: implementar os processos;

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- checar: monitorar e medir os processos e os produtos em comparação com as políticas, os objetivos
e os requisitos para o produto; e relatar os resultados;
- agir: adotar ações para melhorar continuamente o desempenho do processo.
Convém que os serviços de esgoto centralizados e sistemas individuais sejam monitorados,
controlados e melhorados para contribuírem para a proteção contra a poluição dos mananciais e dos
corpos receptores, e assegurem a máxima recuperação e reúso do esgoto e dos resíduos.

6.2 Organização
6.2.1 Generalidades
Convém que o prestador de serviços de esgoto estabeleça e documente um sistema de gestão
compreendendo sua hierarquia estrutural organizacional, responsabilidades e fluxos de trabalho.
Convém que periodicamente o sistema de gestão seja analisado criticamente para assegurar sua
adequada aplicação e sua melhoria contínua.
Convém que os gerentes e supervisores chequem periodicamente o cumprimento de todos os
requisitos legais ou outros. Se não conformidades forem detectadas, convém que ações corretivas sejam
adotadas imediatamente. Convém que ações corretivas sejam adotadas caso detectadas não
conformidades ou desvios em qualquer responsabilidade organizacional, fluxo de trabalho e/ou em
regulamentos documentados.
É necessário ter capacidade de gestão apropriada para a organização.
Convém que a situação financeira e a capacidade de financiamento sejam suficientes para fazer face
às necessidades da operação cotidiana, bem como às de capital para os investimentos de longo prazo.
Convém que seja considerado o desenvolvimento e o melhor uso das competências do pessoal.
Convém que haja pessoal suficiente com formação e treinamento especializados em todos os níveis.
Convém também que seja estabelecido um ambiente de formação e treinamento contínuos.

6.2.2 Estrutura organizacional e responsabilidades


Convém que o prestador de serviços de esgoto defina todas as tarefas, as competências e as res-
ponsabilidades inerentes às suas atividades. Convém que a estrutura de gestão e de organização seja
explicitamente definida para estabelecer e delegar responsabilidades e assegurar que todas as atividades
sejam executadas e concluídas corretamente.

6.2.3 Organização do fluxo de trabalho


Convém que o prestador de serviços de esgoto defina a sequência de todas as operações essenciais
para o desempenho adequado de suas tarefas, processos e atividades com base na sua organização
hierárquica (ver Seção 5), assegurando que tanto a cooperação interna quanto as interfaces resultan- tes
da integração das organizações de terceiros sejam organizadas de maneira coordenada. Convém que as
instruções de trabalho mais detalhadas (tais como procedimentos operacionais padronizados e manuais
de operação e manutenção) sejam fornecidas sempre que necessário, com a finalidade de assegurar a
realização adequada e especializada das atividades individualizadas, de acordo com os requisitos ou
práticas aplicáveis geralmente aceitos no país.
Convém que haja uma definição explícita do tipo, escopo e nível de detalhamento do fluxo de trabalho
da organização, incluindo o nível de qualificação e a proficiência nos serviços dos empregados
responsáveis pelo processamento de todas as tarefas e atividades.

6.2.4 Documentos e registros operacionais


Convém que todas as tarefas e atividades, tal como estabelecido na Seção 5, sejam devidamente
documentadas e mantidas como evidências de suas conformidades.
Convém que os gerentes e os supervisores verifiquem esses registros em intervalos regulares.
Convém que todas as atividades de fiscalização e de verificação sejam documentadas.
Salvo disposição em contrário na legislação nacional, nas licenças, nas instruções oficiais ou nos
requisitos e nas práticas geralmente aceitos no país, convém que todos os documentos sejam registrados
e arquivados por um período definido.
Exemplos de documentos e registros incluem:
- planos e documentação do sistema;
- instruções de operação, livros de registros e regras de trabalho;
- registros financeiros;
- registros de empregados, incluindo registros de treinamento, de segurança e de saúde ocupacional;
- registros de testes, comprovação de manutenções;
- registros das análises qualitativas e quantitativas de esgotos e de resíduos;

. 169
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
- assuntos legais e contratuais.

6.3 Planejamento e construção


Convém que o planejamento, o desenvolvimento e a construção do sistema de esgoto sejam baseados
em uma estratégia de longo prazo para salvaguardar a saúde e a segurança da população, bem como a
proteção do ambiente natural e construído. Convém que isso seja feito por meio de melhoria contínua do
sistema de esgoto, considerando:
- condições climáticas locais,
- desenvolvimento urbano e populacional,
- evolução das necessidades e expectativas das partes interessadas, e
- alterações dos requisitos obrigatórios e legais.

6.4 Operação e manutenção


6.4.1 Generalidades
A operação e a manutenção do sistema de esgoto podem incluir:
a) serviços de ligação predial (controle de qualidade da instalação da ligação predial, controle de
impacto das ligações prediais industriais),
b) coleta e transporte (inspeção e avaliação das condições de tubulações e drenos, reabilitação de
tubulações e drenos, inspeção dos sistemas individuais a cada operação de esvaziamento ou remoção
de resíduos, inspeção e manutenção de caminhões de transporte etc.), e
c) tratamento, reúso (se possível) ou lançamento/destinação final do esgoto tratado e do seu resíduo
separado.
Convém que o prestador de serviços de esgoto desenvolva um plano estratégico de operação e
manutenção, abrangendo tanto as atividades de manutenção preventiva, quanto as corretivas/reativas.
Convém que manutenção preventiva seja realizada de modo planejado, pela ocorrência de determinadas
condições ou em intervalos programados para prevenir, minimizar ou retardar falhas ou interrupções que
resultem em atividades de manutenção não planejadas, ou para assegurar a continuidade, a operação
eficiente dos ativos e para prolongar a vida útil destes. A manutenção corretiva ou reativa inclui a
manutenção realizada após uma falha ou interrupção, e envolve as atividades necessárias para reparar
ou restaurar ativos ou sistemas de ativos a uma condição ou a um nível de desempenho satisfatório.
Convém que as atividades e responsabilidades do prestador de serviços de esgoto abranjam os
aspectos listados a seguir:
- operação,
- controles da eficiência operacional,
- manutenção (inspeção, reabilitação, reparo),
- monitoramento da qualidade e quantidade do esgoto e do resíduo,
- comissionamento (interrupção, reinicialização e descomissionamento) possivelmente em conjunto
com o titular dos serviços,
- solução de problemas (durante e fora das horas normais de trabalho),
- documentação, e
- respostas às emergências.
Convém que a gestão de todos os processos relacionados ao prestador de serviços de esgoto seja
realizada de uma maneira que otimize o uso dos equipamentos e dos recursos envolvidos.

6.4.2 Atividades técnicas


6.4.2.1 Sistema de transporte de esgoto o
- esgoto pode ser transportado por diferentes meios (tubulações, caminhões-tanque etc.). Convém que
o sistema seja operado de acordo com as suas especificações. A operação adequada do sistema de
transporte de esgoto pode requerer, em especial:
- controle da qualidade, da quantidade e da velocidade de escoamento do esgoto transportado,
- ajuste de comportas e/ou de dispositivos de extravasão do volume de esgoto transportado, e
- condução, enchimento e esvaziamento de uma frota de caminhões-tanque.

6.4.2.2 Estações de tratamento de esgoto


Convém que a gestão do tratamento e de outros processos pelo prestador de serviços de esgoto seja
realizada de maneira a otimizar o uso dos equipamentos e dos recursos envolvidos.
Convém que cada unidade das estações de tratamento de esgoto seja operada de acordo com suas
especificações. O bom funcionamento das estações de tratamento pode requerer, especialmente:

. 170
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
- ajuste dos processos de tratamento, do tipo e do volume de produtos químicos utilizados às
características do esgoto ou dos resíduos tratados,
- garantia do suprimento regular dos produtos de tratamento (produtos químicos, por exemplo), bem
como seu correto armazenamento e manutenção dos equipamentos e dispositivos de dosagem,
- controle da destinação final/reúso de esgoto e resíduos, e
- controle da eficiência dos processos e estabelecimento e monitoramento dos pontos críticos de
controle.

6.4.2.3 Medidas de emergência


Convém que a continuidade da prestação dos serviços de esgoto aos usuários, visando à proteção da
saúde pública e do meio ambiente, seja uma prioridade para os prestadores de serviços de esgoto.
Convém que eles estejam preparados para tomar as medidas necessárias para lidar com as situações de
emergência.
Situações de emergência podem incluir falhas tecnológicas (por exemplo, falhas na tubulação),
desastres naturais (por exemplo, terremotos e eventos climáticos severos) e atos criminosos (por
exemplo, vandalismo e terrorismo). Convém que sejam desenvolvidos planos de emergência para
abranger todas estas situações. Quando os serviços forem interrompidos, convém que sejam restaurados
o mais rápido possível. Convém que seja dada atenção especial às necessidades dos usuários ou das
áreas de serviços críticas.
Para situações de emergência, a fim de minimizar os impactos negativos sobre o serviços de esgoto,
convém que o prestador de serviços de esgoto elabore um plano de resposta a emergências baseado
numa avaliação de riscos.
É recomendado que o plano de emergência seja testado, e que exercícios de simulação sejam
realizados para treinar o pessoal operacional na gestão de situações de emergência. Convém que seja
documentada a experiência de emergências anteriores e dos exercícios de simulação.
Com base nos riscos previamente analisados e classificados, convém que as ações preventivas sejam
estabelecidas, avaliadas economicamente e que seja antecipada uma resposta apropriada.

6.4.3 Atividades de apoio


6.4.3.1 Aquisição de equipamentos, materiais e produtos
Convém que sejam estabelecidos procedimentos escritos tanto para as aquisições, quanto para o
armazenamento de todos os materiais, equipamentos e produtos.
Convém que especificações precisas e explícitas sejam elaboradas e avaliadas as suas
conformidades.
Convém que os equipamentos adequados estejam disponíveis para que os empregados executem
suas tarefas e atividades.
Convém que o tipo de material utilizado nos componentes do sistema de esgoto (por exemplo:
tubulações, tanques, válvulas e comportas) seja escolhido considerando-se a qualidade do esgoto que
se permite lançar no sistema, especialmente no que se refere a lançamentos industriais e comerciais,
considerando-se as solicitações mecânicas a que os componentes do sistema estão sujeitos durante a
instalação e operação.
Convém que esses requisitos sejam incluídos tanto nas especificações de aquisições quanto nas
instruções de instalação e operação de todos os materiais e componentes.

6.4.3.2 Assuntos contratuais e legais


Convém que todos os direitos, licenças e contratos (contratos de fornecimento, contratos com
usuários) sejam geridos de forma adequada. Convém que seja dada especial atenção aos requisitos
relativos aos materiais, à autorização/permissão de lançamento, às licenças e servidões para instalar
redes de esgotos e unidades de tratamento e de destinação final.

6.4.3.3 Contabilidade e faturamento


Convém que o sistema contábil considere todos os custos, os quais podem incluir os custos ambientais
e dos recursos. Caso os usuários sejam cobrados pelos serviços de esgoto, as tarifas podem refletir os
custos totais ou parciais do prestador de serviços de esgoto, de acordo com as políticas sociais aplicáveis.
Convém que o cálculo da tarifa seja transparente.

6.4.3.4 Recursos humanos


Convém que o prestador de serviços de esgoto assegure que todos os empregados sejam instruídos,
treinados e qualificados para as tarefas a serem realizadas.

. 171
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
6.4.3.5 Proteção no trabalho
Convém que o prestador de serviços de esgoto proporcione ambiente seguro, equipamento adequado
(por exemplo, equipamentos de proteção individual) e procedimentos de trabalho. Convém que o pessoal
envolvido receba instruções e treinamento sobre a segurança no trabalho, com treinamento periódico
contínuo de acordo com a necessidade. Convém que seja dada atenção para a saúde ocupacional de
todo pessoal com relação aos riscos específicos na operação de sistemas de esgoto.

6.4.3.6 Terceirização
Quando ocorre a terceirização do trabalho, toda a responsabilidade continua sendo do prestador de
serviços de esgoto. Consequentemente, convém que o prestador de serviços especifique que os terceiros
envolvidos
- tenham todo o pessoal e os recursos materiais necessários para fazer o trabalho,
- sejam capazes de garantir um correto monitoramento e controle das suas próprias atividades,
- disponham de pessoal capacitado com competências, confiabilidade e eficiência, bem como tenha
conhecimentos técnicos especializados necessários para executar as tarefas em questão, e
- prestem conta de suas atividades e das condições de seu contrato de modo confiável e regular.

6.4.3.7 Proteção do meio ambiente


Convém que o planejamento do desenvolvimento do sistema de esgoto seja baseado em uma
estratégia de longo prazo para a proteção ambiental, por meio da melhoria progressiva do sistema de
esgoto, considerando:
- o desenvolvimento urbano e populacional,
- as possibilidades para gestão do esgoto e o reúso de esgoto tratado e de resíduos, e
- a proteção da saúde pública e a proteção dos mananciais.
Os impactos ambientais a considerar abrangem mais do que questões exclusivamente relacionadas à
água, e podem ser temporários ou permanentes.
A gestão ambiental é uma parte essencial da operação de um prestador de serviços de esgoto e do
planejamento do seu desenvolvimento futuro.
Exemplos de gestão ambiental, além dos itens acima mencionados sobre planejamento, incluem a
minimização dos impactos da construção e das atividades de manutenção (por exemplo, ruído, incômodo
à comunidade).

6.4.3.8 Sensibilização pública e comunicação


Convém que o prestador de serviços de esgoto desenvolva e implemente:
- atividades para aumentar a sensibilização pública sobre a importância e os custos de operação dos
serviços de coleta e tratamento de esgoto, bem como sobre a destinação final/reúso de esgoto tratado e
de resíduos;
- programas de comunicação com o público sobre níveis de serviços, necessidades do usuário,
proteção dos recursos hídricos e sustentabilidade econômica/social/ambiental dos serviços de esgoto.

7 Avaliação dos serviços de esgoto


7.1 Generalidades
Convém que o processo de avaliação seja gerenciado para atingir o objetivo explícito e preciso e se
refira aos objetivos definidos na Seção 4. Convém que, como parte de uma política abrangente, sejam
estabelecidos (ver 7.2):
- o objetivo e o escopo da avaliação (ver 7.3);
- as partes envolvidas na avaliação (ver 7.4);
- a metodologia de avaliação (ver 7.5);
- os critérios necessários para avaliação dos serviços (ver 7.6);
- os recursos necessários para realizar a avaliação (ver 7.7);
- a produção de resultados e de recomendações para a utilização dos resultados (7.8).
Convém também que seja identificado como e por quem as informações da avaliação serão utilizadas.
Se não for especificada de forma precisa, a avaliação pode causar confusão ou conflitos entre as
partes envolvidas.
Existe uma grande variedade de tipos de avaliações, dependendo das características listadas
anteriormente.
EXEMPLO Avaliação de desempenho ambiental, avaliação de conformidade em relação às melhores
práticas, análise de riscos, auditorias.

. 172
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Convém que o resultado deste processo (isto é, avaliação como resultado) facilite o posterior processo
de tomada de decisão pela parte interessada que solicitou a avaliação.

7.2 Política de avaliação


Convém que o titular do serviços de esgoto estabeleça uma política abrangente para a avaliação dos
serviços.
Uma política de avaliação consistente é um componente essencial da melhoria contínua dos serviços.
Convém que está forneça um quadro geral para a avaliação. Isso facilita a determinação da situação atual
e a definição de como o planejamento estratégico e a tomada de decisão influenciam o desempenho.
Convém que a política de avaliação considere a eficiência e a eficácia do planejamento estratégico e
das atividades de tomada de decisão, da forma mais ampla possível. Convém que esta seja projetada
para abranger todos os sistemas e procedimentos de gestão, e inclua a autoavaliação no componente de
gestão.
Convém que está contribua para medir as realizações das diversas funções e atividades executadas
para a prestação dos serviços, encerrando o ciclo e vinculando:
- o conjunto de objetivos estabelecidos na Seção 4,
- as diretrizes para a satisfação das necessidades e das expectativas dos usuários na Seção 5, e
- os critérios de avaliação selecionados na Seção 6.
Convém que a avaliação seja elaborada e implementada como um instrumento para a promoção do
desenvolvimento da aprendizagem coletiva e da retroalimentação para a tomada de decisão.

7.3 Objetivo e escopo da avaliação o


Objetivo geral da avaliação é verificar se os objetivos dos serviços de esgoto relacionados aos usuários
estão sendo satisfeitos. Os objetivos dos serviços prestados aos usuários são definidos na Seção 4.
Convém que o objetivo e o escopo de uma avaliação específica sejam explicitamente definidos.
Esta Norma não trata da avaliação da gestão do prestador de serviços.
Convém que a avaliação dos serviços de esgoto seja focada no desempenho dos serviços, na
satisfação dos usuários e no cumprimento dos objetivos para os serviços, e não nos meios utilizados ou
nos detalhes da organização implementados para atingir os objetivos.
Parte da avaliação do serviços de esgoto trata da avaliação dos serviços prestados aos usuários. Para
os serviços prestados aos usuários, convém que a avaliação seja focada na interface entre o prestador
de serviços e o usuário (por exemplo, medição da satisfação do usuário). Convém que a avaliação dos
serviços prestados aos usuários envolva efetivamente os usuários no processo. Orientações adicionais
são apresentadas na ABNT NBR ISO 24510 para identificar as expectativas dos usuários e seus critérios
para avaliação da qualidade dos serviços.
No que diz respeito à avaliação dos serviços de esgoto (para além da avaliação dos serviços prestados
aos usuários), a recomendação geral é focar no desempenho dos serviços. No entanto, algumas
atividades não se adequam bem à avaliação por meio da medição direta de seu desempenho. Nesses
casos, a avaliação indireta do desempenho pode ser obtida por meio da avaliação de alguns sistemas de
gestão (por exemplo, gestão de riscos, gestão de segurança, gestão de ativos).

7.4 Partes envolvidas na avaliação


Convém que as partes responsáveis e todas as demais (por exemplo, a equipe de avaliação) envolvi-
das na avaliação sejam explicitamente definidas. Convém que suas responsabilidades e suas funções no
processo e na estrutura da operação sejam especificadas.
Quando o titular dos serviços e o(s) prestador(es) não forem a mesma entidade jurídica e os
procedimentos de avaliação não tiverem sido fixados por requisitos legais das autoridades competentes,
convém que tais procedimentos sejam previamente acordados a fim de obter resultados de avaliação
coerentes para todas as partes envolvidas de acordo com os respectivos direitos e responsabilidades. No
que concerne aos serviços prestados aos usuários, convém que o titular dos serviços e seu(s)
prestador(es) adotem uma posição coerente quanto aos procedimentos de avaliação desses serviços.

7.5 Metodologia de avaliação


Devido à diversidade de sistemas legais, institucionais e gerenciais que regem os serviços de esgoto,
esta Norma não apresenta procedimentos detalhados para avaliação dos serviços. No entanto, convém
que esta Norma seja utilizada para configurar os procedimentos de avaliação adequados às condições
locais.
Convém que a seleção dos instrumentos de avaliação seja ajustada aos objetivos e ao escopo da
avaliação. Os sistemas de indicadores de desempenho são uma dessas ferramentas (ver Seção 8).

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
NOTA Em alguns casos, especificações para as avaliações podem ser exigidas pelas autoridades
competentes ou por investidores financeiros.
Convém que a metodologia de avaliação e os procedimentos sejam:
- desenvolvidos com uma capacidade de determinar tendências por meio da repetição de medições;
- revistos periodicamente para verificar sua eficiência e eficácia, atentando, especialmente, para evitar
duplicações;
- flexíveis para se ajustarem às mudanças nos objetivos, estruturas, critérios de avaliação e
indicadores, à medida que novos conhecimentos sejam adquiridos.
Alguns tipos de procedimentos de avaliação já podem ser normalizados. Nesses casos, é
recomendável que normas relevantes sejam utilizadas.
EXEMPLO Análise crítica [ABNT NBR ISO 9000:2005, 3.8.7]; avaliação de desempenho ambiental
[ABNT NBR ISO 14031 :1999, 2.9].
Se, em um nível geograficamente relevante (país, região e cidade), forem estabelecidas as especifi-
cações para os serviços de esgoto, convém que estas também incluam as disposições relativas aos
processos de avaliação (por exemplo, satisfação do usuário).

7.6 Critérios de avaliação dos serviços


Convém que os critérios necessários para avaliação dos serviços sejam selecionados de acordo com
os objetivos e requisitos determinados pelas partes interessadas, considerando as condições locais.
Os critérios de avaliação dos serviços são os elos entre os objetivos e os indicadores de desempenho.
O exemplo a seguir mostra, para um dos objetivos propostos na Seção 4, possíveis critérios de avaliação
dos serviços. Mais exemplos são dados no Anexo E.
Convém observar que um critério de avaliação dos serviços pode estar relacionado a mais de um
objetivo.
EXEMPLO
Objetivo: Proteção da saúde pública

Possíveis critérios de avaliação dos serviços:


- coleta segura e completa do esgoto lançado;
- capacidade hidráulica adequada para o transporte seguro;
- sistema de coleta suficientemente robusto e íntegro;
- tratamento de esgoto adequado e seguro;
- destinação final/reúso seguros do efluente tratado e dos resíduos gerados.

7.7 Recursos para realizar a avaliação


Convém que o responsável pela avaliação assegure que os recursos necessários, incluindo recursos
humanos, financeiros, organizacionais e tecnologia da informação, estejam disponíveis. Convém que a
equipe responsável pela realização da avaliação seja explicitamente definida. Convém que essa equipe
tenha poderes para especificar e orientar o processo de avaliação dentro de uma determinada estrutura
(por exemplo, metas, escopo, recursos, partes envolvidas, metodologia, resultados).

7.8 Produção de resultados e recomendações para sua utilização


Convém que o resultado da avaliação seja um relatório sobre o processo de avaliação e seus
resultados. Convém que o relatório inclua orientações adicionais para a utilização desses resultados.
Convém que os resultados distingam explicitamente as metas definidas e os serviços efetivamente
prestados.

8 Indicadores de desempenho
8.1 Generalidades
Os indicadores de desempenho são utilizados para medir a eficiência e a eficácia do prestador de
serviços em atingir seus objetivos (em particular os identificados na Seção 4).
Convém que os sistemas de indicadores de desempenho sejam considerados uma ferramenta
essencial para avaliação entre as várias ferramentas de avaliação existentes (ver Seção 7).
Convém que os indicadores de desempenho sejam utilizados no contexto de um sistema abrangente
de avaliação dos serviços. Convém que este sistema inclua, entre outras ferramentas, um conjunto
coerente de indicadores e de seus componentes que permitam uma definição explícita destes indicadores
de desempenho e auxiliem na sua interpretação.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
8.2 Sistemas de indicadores de desempenho
8.2.1 Componentes essenciais de um sistema de indicadores de desempenho
Um sistema de indicadores de desempenho compreende um conjunto dos seguintes componentes
essenciais:
- indicadores de desempenho,
- informações de contexto, e
- variáveis.
Além disso, convém que as metas específicas para cada indicador sejam estabelecidas, monitoradas
rotineiramente, controladas e ajustadas conforme a necessidade.

8.2.2 Indicadores de desempenho


Convém que cada indicador de desempenho específico seja o único de sua natureza e que com os
outros forme um conjunto coerente que represente fiel e imparcialmente os aspectos pertinentes dos
serviços.
Convém que cada indicador de desempenho:
- seja explicitamente definido, com uma interpretação concisa e inequívoca;
- seja avaliado a partir de variáveis que possam ser medidas facilmente e confiavelmente por um custo
razoável;
- contribua para exprimir o nível efetivo de desempenho alcançado em uma determinada área;
- esteja relacionado a uma área geográfica delimitada (e, no caso de análise comparativa, convém que
seja relacionado à mesma área geográfica);
- esteja relacionado a um período de tempo específico (por exemplo, anual, trimestral);
- permita uma comparação explícita com os objetivos almejados e simplifique uma análise que de outra
forma seria complexa;
- seja verificável;
- seja simples e de fácil entendimento;
- seja objetivo e evite qualquer interpretação pessoal ou subjetiva.
Os indicadores de desempenho são tipicamente expressos como relações entre variáveis. Essas
relações podem ser proporcionais (por exemplo, %) ou não proporcionais (por exemplo, $/m3). No caso
de relações não proporcionais, convém que o denominador represente uma dimensão do sistema (por
exemplo, número de ligações prediais; extensão total da rede de esgoto; custos anuais). Isso permite
comparações ao longo do tempo, ou entre sistemas.
Convém que as variáveis que podem mudar substancialmente no tempo (por exemplo, os volumes
anuais de coleta/lançamento) sejam evitadas como denominadores nas relações dos indicadores,
especialmente se não estiverem sob o controle do prestador de serviços. Uma exceção pode ser feita
quando o numerador variar na mesma proporção do denominador.
Convém que uma regra explícita de processamento seja definida para o cálculo de cada indicador.
Convém que a regra especifique todas as variáveis necessárias e sua combinação algébrica. As variáveis
podem ser dados gerados e gerenciados internamente pelo prestador de serviços (dados do prestador
de serviços) ou externamente (dados externos). Em ambos os casos, convém que a qualidade dos dados
seja avaliada (ver 8.3) e verificada. Convém que a interpretação dos indicadores de desempenho não
seja realizada sem considerar o contexto, especialmente se for baseada em comparações com outros
casos. Portanto, de forma complementar aos indicadores de desempenho, convém que a informação de
contexto considere também as características do sistema e da região onde os serviços são prestados.
Informações adicionais sobre os indicadores de desempenho e sobre sistemas de classificação para
os indicadores de desempenho são dadas nos Anexos E e F.

8.2.3 Variáveis
Convém que cada variável:
a) ajuste-se à definição do indicador de desempenho ou da informação de contexto na qual é usada;
b) refira-se à mesma área geográfica e ao mesmo período de tempo ou data de referência utilizada
- pelo indicador de desempenho ou pelas informações de contexto para a qual será usada;
c) seja tão confiável e precisa quanto requerem as decisões tomadas com base na variável.
Algumas das variáveis são dados externos e de caráter principalmente informativo, e sua
disponibilidade, precisão, datas de referência e limites da área geográfica correspondente estão,
geralmente, fora do controle do prestador de serviços. Neste caso, convém que as variáveis também:
- sempre que possível, sejam coletadas de fontes oficiais, que incluam informações sobre a exatidão
e a confiabilidade da(s) variável(is);
- sejam essenciais para a avaliação ou para a interpretação dos indicadores de desempenho.

. 175
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
8.2.4 Informações de contexto
As informações de contexto definem as características inerentes a um sistema que são aplicáveis à
interpretação dos indicadores de desempenho. Existem dois tipos possíveis de informação de contexto:
- informações que descrevem o simples contexto e fatores externos que não estão sob o controle do
prestador de serviços (por exemplo, demografia, topografia, clima), e
- características que só podem ser influenciadas por decisões de gestão a longo prazo (por exemplo,
idade das infraestruturas).
8.3 Qualidade das informações
Convém que a qualidade das informações represente a importância da avaliação em andamento.
Um esquema de fornecimento de informações sobre a qualidade dos dados é necessário para que os
usuários dos indicadores de desempenho e das informações de contexto estejam conscientes da
confiabilidade da informação disponível. Sem este esquema, o valor dos indicadores de desempenho
pode ser questionável.
O grau de confiança de um indicador de desempenho pode ser avaliado em termos de exatidão e
confiabilidade. A exatidão considera os erros de medição na aquisição de dados de entrada. A
confiabilidade considera as incertezas na avaliação da confiabilidade da fonte dos dados.
Um exemplo de um esquema de graus de confiança é dado no Anexo F.
8.4 Exemplo de um indicador de desempenho
Os indicadores de desempenho são aplicáveis aos critérios de avaliação dos serviços aos quais são
associados. Para um dos objetivos propostos na Seção 4, o exemplo a seguir mostra possíveis
indicadores de desempenho aplicáveis a um dos critérios de avaliação dos serviços apresentados em
7.6. Mais exemplos são dados no Anexo E.
EXEMPLO
Objetivo: proteção da saúde pública
Convém que o principal objetivo de um prestador de serviços de esgoto seja garantir a coleta, o
tratamento e a destinação final/reúso do esgoto de forma segura para a proteção da saúde humana e
segurança.
Possível critério de avaliação dos serviços: lançamento seguro do esgoto
Possível indicador de desempenho: lançamento das ETE (Estações de Tratamento de Esgoto) nos
corpos receptores em conformidade com as autorizações de lançamento
Indicador de desempenho: ETE em conformidade com as autorizações de lançamento (%) Definição:
percentagem da população equivalente (quando for o caso), que é servida por estações de tratamento de
esgoto em conformidade com as autorizações aplicáveis de lançamento
Regras de processamento: [população equivalente servida por estações de tratamento de esgoto
em conformidade com as normas aplicáveis (número)] x 100/[população equivalente servida por estações
de tratamento de esgoto operadas pelo prestador dos serviços (número)]
Comentário: Convém que cada órgão responsável estabeleça requisitos legais para a autorização do
lançamento da ETE de forma segura no meio ambiente e utilize métodos de medição adequados. As
autorizações para o lançamento se referem aos padrões de qualidade aplicáveis ao efluente. A
conformidade é avaliada considerando as cargas ou as concentrações e os seus impactos ambientais
potenciais. Convém que este indicador seja normalmente avaliado pelo período de um ano. Também
pode ser avaliado em períodos inferiores a um ano, mas é necessário cuidado especial na interpretação
dos resultados quando utilizado em comparações internas ou externas.
Code IWA: wEn1
Anexo A (informativo)
Tabelas de termos correspondentes em Português, Inglês, Francês e Espanhol

Este Anexo contém quatro tabelas de correspondência entre os termos equivalentes em Português
Inglês, Francês e Espanhol. A Tabela A.1 lista os termos em Português definidos na Seção 2, em ordem
alfabética, juntamente com os termos correspondentes em Inglês, Francês e Espanhol. A Tabela A.2
apresenta os termos em Inglês, em ordem alfabética, juntamente com os termos correspondentes em
Português, Francês e Espanhol. A Tabela A.3 apresenta os termos em Francês, em ordem alfabética,
juntamente com os termos correspondentes em Português, Inglês e Espanhol. A Tabela A.4 apresenta
os termos em Espanhol, em ordem alfabética, juntamente com os termos correspondentes em Português,
Inglês e Francês.

NOTA BRASILEIRA Por terem sido introduzidos os termos em Português, foi acrescida uma tabela
neste Anexo, de forma a comtemplar os referidos termos.

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Tabela A.1 - Tabela de termos correspondentes, em ordem alfabética por termos em
Português Número do item
Número
Português Inglês Francês Espanhol
do item
Acessibilidade accessibilité
2.2 affordability asequibilidad
econômica économique
2.11 Água potável drinking water eau potable agua potable
2.51 esgoto wastewater eaux usées agua residual
zone de
2.46 área de serviços service area área de servicio
compétence
2.4 ativos asset bien activo
autoridade pouvoirs autoridad
2.36 relevant authority
competente publics competente
2.3 avaliação assessment évaluation evaluación
2.10 cobertura coverage couverture cobertura
2.7 comunidade community communauté comunidad
confiabilidade reliability fiabilité credibilidad
2.37
(informação) (information) (informations) (información)

confiabilidade reliability(asset or fiabilité(bien ou confiabilidad


2.38
(ativo ou processo) process) processus) (activo o proceso)
contrato de contrat acuerdo de
2.45 service agreement
serviços d'abonnement servicio
2.24 desempenho performance performance desempeno
desenvolvimento sustainable développement desarrollo
2.48
sustentável development durable sostenible
2.6 disponibilidade availability disponibilité disponibilidad
2.13 eficácia eftectiveness efficacité eficacia
2.14 eficiência efticiency efficience eficiencia
2.1 exatidão accuracy exactitude exactitud
2.40 requisito requirement exigence requisito
2.20 gestão management management gestión
asset gestion du gestión de
2.5 gestão de ativos
management patrimoine infraestructura
grau de niveau de
2.8 confidence grade nivel de confianza
confiança confiance
2.16 indicador indicator indicateur indicador
2.17 infraestrutura infrastructure infrastructu res infraestructura
2.18 interrupção interruption interruption interrupción
2.9 ligação predial connection branchement conexión
2.19 manutenção maintenance maintenance mantenimiento
2.15 meio ambiente environment environnement medio ambiente
parte partie
2.47 stakeholder parte interesada
interessada intéressée
point de punto de
2.25 ponto de coleta point-of-collection
collecte recolección
ponto de
2.27 point-of-discharge point de rejet punto de descarga
descarga

. 177
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ponto de point de
2.28 point-ot-use punto de uso
utilização consommation
ponto de point de punto de
2.26 point-of-delivery
entrega livraison suminislro
2.29 preço price prix precio
prestador de
2.23 operator opérateur operador
serviços
prestador de
service public entidad prestadora
2.53 serviços de água e water utility
de I'eau de servicios de agua
de esgoto
2.30 procedimento procedure procédure procedimiento
2.31 processo process processus proceso
2.32 qualidade quality qualité calidad
2.35 reabilitação rehabilitation réhabilitation rehabilitación
2.39 reparo repair réparation reparación
2.41 resíduos residues résidus residuos
2.43 restrição restriction restriction restricción
2.44 serviços service service servi cio
sistema de systême
drinking water sistema de agua
2.12 abastecimento de d'alimentation en
system potable
água potável eau potable
sistema de wastewater Systeme d' sistema de agua
2.52
esgoto system assainissement residual
sistema de management systême de
2.21 sistema de gestión
gestão system management
sistema systême
2.22 on-site system sistema local
individual autonome
2.49 tarifa tariff tarif tarifa
2.33 taxa de retorno rate of return taux de retour tasa de retorno
titular dos organisme organismo
2.42 responsible body
serviços responsable responsable
2.50 usuário user usager usuario
usuário
2.34 registered use r abonné cliente registrado
cadastrado

Tabela A.2 - Tabela de termos correspondentes, em ordem alfabética por termos em Inglês

Número
Inglês Português Francês Espanhol
do item
2.1 accuracy exatidão exactitude exactitud
acessibilidade accessibi lité
2.2 affordability asequibilidad
econômica économique
2.3 assessment avaliação évaluation evaluación
2.4 asset ativos bien activo
asset gestion du gestión de
2.5 gestão de ativos
management patrimoine infraestructu ra
2.6 availability disponibilidade disponibilité disponibilidad
2.7 community comunidade communauté comunidad

. 178
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
confidence niveau de nivel de
2.8 grau de confiança
grade confiance confianza
2.9 connection ligação predial branchement conexión
2.10 coverage cobertura couverture cobertura
2.11 drinking water água potável eau potable agua potable
sistema de Systeme
drinking water sistema de
2.12 abastecimento de d'alimentation en eau
system agua potable
água potável potable
2.13 effectiven ess eficácia efficacité eficacia
2.14 efficiency eficiência efficience eficiencia
media
2.15 environment meio ambiente envi ronnement
ambiente
2.16 indicator indicador indicateur indicador
2.17 infrastructure infraestrutura infrastructures infraestructura
2.18 interruption interrupção interruption interrupción
2.19 maintenance manutenção maintenance mantenimiento
2.20 management gestão management gestión
management systeme sistema
2.21 sistema de gestão
system demanagement degestión
2.22 on-site system sistema individual systsmeautonome sistema local
prestador de
2.23 operator opérateur operador
serviços
2.24 perlormance desempenho perlormance desempeno
poínt-ot-co punto de
2.25 ponto de coleta point de collecte
Ilection recolección
point-of -dei punto de
2.26 ponto de entrega point de livraison
ivery suministro
point-of- ponto de punto de
2.27 point de rejet
discharge descarga descarga
ponto de point de
2.28 point-ot-use punto de uso
utilização consommation
2.29 Price preço prix precio
2.30 procedure procedimento procédure procedimiento
2.31 process processo processus proceso
2.32 quality qualidade qualité calidad
2.33 rate of return taxa de retorno taux de retour tasa de retorno
usuário cliente
2.34 registered user abonné
cadastrado registrado
2.35 rehabilitation reabilitação réhabilitation rehabilitación
relevant autoridade autoridad
2.36 pouvoirs publics
authority competente competente
reliability confiabilidade fiabilité credibilidad
2.37
(information) (informações) (informations) (información)
confiabilidade
reliability(asset fiabilité(bien ou confiabilidad
2.38 (ativos ou
or process) processus) (activo o proceso)
processos)
2.39 repair reparo réparation reparación
2.40 requirement requisito exigence requisito
2.41 residues resíduos résidus residuos
responsible titular dos Organisme Organismo
2.42
body serviços responsable responsable
2.43 restriction restrição restriction restricción
2.44 service serviços service servicio
service contrato de contrat acuerdo de
2.45
agreement serviços d'abonnement servicio
zone de
2.46 service area área de serviços área de servicio
compétence

. 179
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
parte
2.47 stakeholder parte interessada partie intéressée
interesada
sustainable desenvolvimento développement desarrollo
2.48
development sustentável durable sostenible
2.49 tariff tarifa tarif tarifa
2.50 user usuário usager usuario
2.51 wastewater esgoto eaux usées agua residual
wastewater systerne d' sistema de
2.52 sistema de esgoto
system assainissement agua residual
prestador de entidad
service publlc de
2.53 water utility serviços de água e prestadora de
I'eau
de esgoto serviciosde agua

Tabela A.3 - Tabela de termos correspondentes, em ordem alfabética por termos em Francês
Número do
Francês Português Inglês Espanhol
item
usuário cliente
2.34 abonné registered user
cadastrado registrado
Accessibilité Acessibilidade
2.2 affordability asequibilidad
économique econômica
2.4 bien ativos asset activo
2.9 branchement ligação predial connection conexión
2.7 communauté comunidade community comunidad
contraI d' contraIo de Servisse acuerdo de
2.45
abonnement serviços agreemenl servido
2.10 couverture cobertura coverage cobertura
Développemenl Desenvolvimento Sustainable Desarrollo
2.48
durable sustentável development sostenible
2.6 disponibilité disponibilidade availability disponibilidad
2.11 eau potable água potável drinking water agua potable
2.51 eaux usées esgoto wastewater agua residual
2.13 efticacité eficácia eftectiveness eficacia
2.14 efticience eficiência efficiency eficiencia
media
2.15 environnement meio ambiente environment
ambiente
2.3 évaluation avaliação assessment evaluación
2.1 exactilude exatidão accuracy exactitud
2.40 exigence requisito requirement requisito
fiabilité Confiabilidade Reliability Credibilidad
2.37
(informations) (informação) (information) (información)
Confiabilidade
fiabililé(bien ou reliability(asset Confiabilidade
2.38 (ativos ou
processus) ar process) (activo o proceso)
processo)
gestion du asset gestión de
2.5 gestão de ativos
patrimoine management infraestructura
2.16 indicateur indicador indicator indicador
2.17 infrastructures infraestrutura infrastructure infraestructura
2.18 interruption interrupção interruption interrupción
2.19 maintenance manutenção maintenance mantenimiento
2.20 management gestão management gestión
niveau de grau de confidence nivel de
2.8
confiance confiança grade confianza
prestador de
2.23 opérateur operator operador
serviços
organisme titular dos responsible organismo
2.42
responsable serviços body responsable

. 180
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
partie parte parte
2.47 stakeholder
intéressée interessada interesada
2.24 performance desempenho performance desempeno
point de poi nt-of -coll punto de
2.25 ponto de coleta
collecte ection recolección
point de ponto de
2.28 point-of-use punto de uso
consommation utilização
point de point-of- punto de
2.26 ponto de entrega
livraison delivery suministro
ponto de point-of- punto de
2.27 point de rejet
descarga discharge descarga
pouvoirs autoridade relevant autoridad
2.36
publics competente authority competente
2.29 prix preço price precio
2.30 procédure procedimento procedure procedimiento
2.31 processus processo process proceso
2.32 qualité qualidade quality calidad
2.35 réhabilitation reabilitação rehabilitation rehabilitación
2.39 réparation reparo repair reparación
2.41 résidus resíduos residues residuos
2.43 restriction restrição restriction restricción
2.44 service serviços service servi cio
prestador de entidad
service public
2.53 serviços de água e water utility prestadora de
de I'eau
de esgoto serviciosde agua
systeme sistema
2.22 on-síte system sistema local
autonome individual
systêrne sistema de
drinking water sistema de
2.12 d'alimentation en abastecimento de
system agua potable
eau potable água potável
systeme sistema de wastewater sistema de
2.52
d'assainissement esgoto system agua residual
systerne de sistema de management sistema de
2.21
management gestão system gestión
2.49 tarif tarifa tariff tarifa
2.33 taux de retour taxa de retorno rate of return tasa de retorno
2.50 usager usuário user usuario
zone de área de
2.46 área de serviços service area
compétence servido

Tabela A.4 - Tabela de termos correspondentes, em ordem alfabética por termos em Espanhol

Número do
Espanhol Português Inglês Francês
item
2.4 activo ativos asset bien
acuerdo de service Contrat
2.45 contrato de serviços
servicio agreement d'abonnement
2.11 agua potable água potável drinking water eau potable
2.51 agua residual esgoto wastewater eaux usées
área de zone de
2.46 área de serviços service area
servicio compétence
Acessibilidade Accessibilité
2.2 asequibilidad affordability
econômica économique
Autoridade Autoridade relevant pouvoirs
2.36
competente competente authority publics
2.32 calidad qualidade quality qualité

. 181
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
cliente registered
2.34 usuário cadastrado abonné
registrado user
2.10 cobertura cobertura coverage couverture
2.7 comunidad comunidade community communauté
2.9 conexión ligação predial connection branchement
Confiabilidade
confiabilidade(ativos reliability(asset fiabilité(bien ou
(activo o
2.38 ou processo) ar process) processus)
proceso)
confiabilidade reliability fiabilité
credibilidad
2.37 (información) (informação) (information) (informations)
desarrollo desenvolvimento sustainable développement
2.48
sosten i ble sustentável development durable
2.24 desempeno desempenho performance performance
2.6 disponibilidad disponibilidade availability disponibilité
2.13 eficacia eficácia effectiveness efficacité
2.14 eficiencia eficiência efficiency efficience
entidad prestador de
service public
2.53 prestadora de serviços de água e de water utility
de I'eau
serviciosde agua esgoto
2.3 evaluación avaliação assessment évaluation
2.1 exactitud exatidão accuracy exactitude
2.20 gestión gestão management management
gestión de asset gestion du
2.5 gestão de ativos
infraestructura management patrimoine
2.16 indicador indicador indicator indicateur
2.17 infraestructura infraestrutura infrastructure infrastructures
2.18 interrupción interrupção interruption interruption
2.19 mantenimiento manutenção maintenance maintenance
media
2.15 meio ambiente environment environnement
ambiente
nivel de confidence niveau de
2.8 grau de confiança
confianza grade confiance
prestador de
2.23 operador operator opérateur
serviços
organismo responsible organisme
2.42 titular dos serviços
responsable body responsable
parte partie
2.47 parte interessada stakeholder
interesada intéressée
2.29 precio preço price prix
2.30 procedimiento procedimento procedure procédure
2.31 proceso processo process processus
punto de point-of-
2.27 ponto de descarga point de rejet
descarga discharge
punto de potnt-ot-co I point de
2.25 ponto de coleta
recolección lection collecte
punto de point-ot- point de
2.26 ponto de entrega
suministro delivery livraison
point de
2.28 punto de uso ponto de utilização polnt-ot-use
consommation
2.35 rehabilitación reabilitação rehabilitation réhabilitation
2.39 reparación reparo repalr réparation
2.40 requisito requisito requirement exigence
2.41 residuos resíduos residues résidus
2.43 restricción restrição restriction restriction
2.44 servicio serviços service service

. 182
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
sistema de systerne
sistema de drinking water
2.12 abastecimento de d'alimentation en
agua potable system
água potável eau potable
sistema de wastewater systêms
2.52 sistema de esgoto
agua residual system d'assainissement
sistema de management systàme de
2.21 sistema de gestão
gestión system management
systeme
2.22 sistema local sistema individual on-site system
autonome
2.49 tarifa tarifa tariff tarif
tasa de
2.33 taxa de retorno rate of return taux de retour
retorno
2.50 usuario usuário use r usager

Anexo B (informativo)
Esquemas de sistema de esgoto
8.1 Componentes do sistema de esgoto
Um sistema de esgoto é geralmente composto de quatro componentes:
- uma fonte geradora de esgoto,
- um meio para coleta ou transporte de esgoto a partir de uma ou mais fontes geradoras seja por meio
de ligação predial ou não,
- uma ou mais estações de tratamento, e
- um componente de lançamento, destinação final ou reúso para o esgoto tratado e para os resí- duos
gerados.
Em alguns sistemas simples (por exemplo, latrinas), o componente de tratamento não está presente
ou, se presente, pode incluir apenas um dispositivo de gradeamento, dependendo da quantidade e
qualidade do esgoto e do método de destinação final.
Em sistemas mais complexos de esgoto, pode haver múltiplas fontes geradoras de esgoto de
características variadas, múltiplas estações de recalque e tanques de armazenamento/equalização no
sistema de coleta e transporte, ou uma combinação de esgoto bombeado e transportado por veículos,
estações de tratamento com múltiplas etapas e processos, instalações de recalque e reaproveitamento
no componente de destinação final/reúso, incluindo reservatórios de esgotos tratados, áreas de
armazenamento dos resíduos processados ou de composto, elementos de transporte pós-tratamento
para entrega de esgoto tratado ou de resíduos de esgoto até o ponto de utilização.

8.2 Esquema de sistema de esgoto


A Figura 8.1 1 apresenta um esquema de sistema de esgoto.
NOTA Dependendo do grau de desenvolvimento dos serviços de esgoto em um determinado país ou
região pode haver um ou mais dos componentes mostrados no sistema (por exemplo, apenas coleta,
destinação final). Ver B.3.

. 183
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
8.3 Tipos de sistema de esgoto
A Figura 8.2 2 apresenta diferentes tipos de sistema de esgoto.
NOTA Os seguintes termos são geralmente utilizados quando se trata de sistemas individuais: latrina
tradicional melhorada, latrina melhorada ventilada, latrina de compostagem de câmara dupla, latrina
perfurada, latrina com descarga manual, tanque séptico, limpa-fossa a vácuo.

Anexo C
(Informativo)

Possíveis ações para atingir os objetivos do prestador de serviços de esgoto

Para atingir os objetivos descritos na Seção 4, uma série de possíveis ações relacionadas pode ser
desenvolvida, o que pode servir para atingir mais do que um objetivo, como ilustrado na Tabela C.1.

. 184
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Tabela C.1 - Objetivos do prestador de serviços de esgoto e exemplos de possíveis ações

Objetivos do prestador
Exemplos de possíveis ações
de serviços de esgoto
- manter e garantir a saúde e a segurança do pessoal
- fornecer treinamento de pessoal para melhorar suas habilidades
- identificar e atender às necessidades do usuário
- responder às reclamações dos usuários de forma rápida e
adequada
- fornecer aos usuários oportunidades de comunicação para
expressar suas opiniões
- levar em consideração as pessoas de comunidades vizinhas para
ganhar seu apoio
- fornecer informações compreensíveis e transparentes para os
usuários
- atuar como uma parte interessada responsável nas instituições da
bacia
- hidrográfica
- promover a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos em projetos
hídricos
- controlar e limitar a poluição pelos esgotos lançados no meio
ambiente
- ou reutilizados
Proteção da saúde
- proteger a qualidade da água em corpos hídricos públicos
pública (ver 4.2)
- educar os usuários para as preocupações da gestão ambiental, e
também
- para não lançarem certas substâncias no meio ambiente
- não afetar negativamente os sistemas de esgoto ou o meio
ambiente (por exemplo, estabelecer regulamentos cabíveis)
- cumprir as regras e regulamentos locais e considerar os requisitos
dos
- usuários
- minimizar os impactos da extravasão do sistema unitário de esgoto
- localizar as fontes difusas de poluentes em sistemas de águas
pluviais
- utilizar as boas práticas para destinação final e reúso do esgoto
coletado e dos resíduos tratados
- manter estável a qualidade do esgoto final, mesmo com a variação
de
- quantidade e qualidade do esgoto afluente
- melhorar a qualidade dos serviços por meio do desenvolvimento e
da
- introdução de novas tecnologias
- manter sistemas de reserva para evitar a extravasão do esgoto
bruto no meio ambiente e para manter a qualidade do efluente final em
Proteção da saúde
casos de interrupções do sistema de coleta e transporte ou avarias no
pública (ver 4.2)
sistema de esgoto (por exemplo, bombas, equipamentos do processo
de tratamento)
Satisfação das
necessidades e expectativas - ver ABNT NBR ISO 24510
dos usuários (ver 4.3)
- monitorar o entupimento da rede coletora de esgoto
- identificar e localizar pontos críticos da rede (onde os entupimentos
Prestação de serviços em reaparecem)
situações normais e de - manter um estoque adequado de peças sobressalentes (por
emergência (ver 4.4) exemplo, tubulação de esgoto, bombas)
- limitar o impacto de desastres e acidentes:
- fornecer informações às organizações relacionadas

. 185
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
- estabelecer sistemas para lidar com vazamentos e entrada de
substâncias tóxicas, perigosas ou explosivas
- preparar-se para terremotos e outros desastres naturais
- operar e manter sistemas de drenagem de águas pluviais para
controle de enchentes
- desenvolver um plano para proteger a saúde pública em casos de
possíveis danos ao sistema causados por catástrofes naturais, por
exemplo, terremotos
- desenvolver fontes de receitas apropriadas para garantir a
recuperação
- de custos e a sustentabilidade a longo prazo dos serviços e
infraestruturas de esgoto
- garantir, a longo prazo, a funcionalidade dos sistemas,
considerando o custo-eficácia
- designar pessoal qualificado em conformidade com as
leis/regulamentos
Sustentabilidade do
- desenvolver uma estrutura tarifária explícita e justa dos serviços que
prestador de serviços de
- considere a ordem econômica local e os esforços de revitalização,
esgoto (ver 4.5)
levando
- em conta a acessibilidade econômica dos serviços aos usuários
- manter um inventário atualizado de ativos e prever a necessidade
de novos ativos
- manter a solidez das finanças, de acordo com as projeções de
gestão a longo prazo
- analisar as condições de gestão por meio de métodos apropriados,
considerando as características regionais
- prosseguir com os esforços de redução de custos
- identificar e atender às necessidades do usuário responder às
reclamações dos usuários de forma rápida e adequada
- fornecer aos usuários oportunidades de comunicação para
expressar suas opiniões
- aplicar medidas contra o envelhecimento dos componentes do
sistema para manter sua solidez
Sustentabilidade do
- atuar como uma parte interessada responsável nas instituições da
prestador de serviços de
bacia Hidrográfica
esgoto (ver 4.5)
- manter e garantir a saúde e a segurança do pessoal
- assegurar a capacitação do pessoal para melhorar suas habilidades
- levar em consideração as pessoas de comunidades vizinhas para
obter seu apoio
- melhorar a qualidade dos serviços por meio do desenvolvimento e
da introdução de novas tecnologias
- participar como voluntário em eventos locais
- contribuir com as políticas sustentáveis de gestão integrada de
recursos hídricos
- atuar como uma parte interessada responsável nas instituições da
bacia hidrográfica
- promover a gestão integrada dos recursos hídricos em projetos
hídricos
- promover o reúso do esgoto tratado
Promoção do
- otimizar a eficiência energética e minimizar o consumo de energia
desenvolvimento
em sistemas de esgoto
sustentável da comunidade
- otimizar o uso de energias renováveis nos sistemas de esgoto
(ver 4.6)
- garantir que os usuários cumpram os requisitos de ligação aos
sistemas de esgoto, considerando as limitações sobre:
- quantidade e qualidade do esgoto lançado
- geração de gases, ruídos, vibrações e odores
- capacidade para dispor e reutilizar os resíduos de esgoto
- maximizar a utilização de resíduos do sistema de esgoto:
- utilização como fonte de energia

. 186
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
- reciclagem como fertilizante para jardins e áreas agrícolas
- reciclagem como materiais de construção
- utilizar as boas práticas para destinação final e reúso de resíduos
de esgoto
- promover a gestão integrada de recursos hídricos em projetos
hídricos
- controlar e limitar a poluição pelas vazões de esgoto lançadas ao
meio ambiente ou reutilizadas
- proteger a qualidade da água em corpos receptores
- promover o reúso do esgoto tratado
- operar os sistemas de esgoto, considerando todo o meio ambiente
- educar os usuários sobre as preocupações de gestão ambiental,
inclusive sobre o impacto de substâncias perigosas
- estabelecer e fazer cumprir os regulamentos cabíveis para proteger
os sistemas de esgoto e o meio ambiente
- minimizar os impactos da extravasão do sistema unitário de esgoto
- localizar as fontes difusas de poluentes em sistemas de águas
Proteção do ambiente pluviais
natural (ver 4.7.1) - manter estável a qualidade do esgoto final, mesmo com a variação
da quantidade e qualidade do esgoto afluente
- limitar o impacto de desastres e acidentes:
- fornecer informações às organizações relacionadas
- estabelecer sistemas para lidar com vazamentos e entrada de
substâncias tóxicas, perigosas ou explosivas
- preparar-se para terremotos e outros desastres naturais
- operar e manter sistemas de drenagem de águas pluviais para
controle de enchentes
- desenvolver um plano para proteger a saúde pública em condições
de emergência, garantindo/restabelecendo a continuidade dos serviços
- monitorar os processos do sistema de esgoto
- providenciar sistemas de monitoramento para evitar a entrada de
substâncias perigosas no sistema de esgoto
- garantir que os usuários cumpram os requisitos para se conectar
aos sistemas de esgoto, considerando as limitações sobre:
- quantidade e qualidade do esgoto lançado
- geração de gases, ruídos, vibrações e odores
- capacidade para dispor e reutilizar os resíduos de esgoto
Proteção do ambiente
- utilizar as boas práticas para destinação final e reúso de resíduos
público/ construído (ver
de esgoto
4.7.2)
- conduzir operações sistemáticas e preventivas, bem como
manutenção reativa para a estabilidade dos serviços e das atividades:
- aplicar medidas para prolongar a vida útil dos componentes do
sistema para mantê-Io seguro
- evitar qualquer desmoronamento devido ao colapso de tubulações
- manter estável a qualidade do esgoto final mesmo com a variação
da quantidade e qualidade do esgoto afluente
- limitar o impacto de desastres e acidentes:
- fornecer informações às organizações relacionadas
- estabelecer sistemas para lidar com vazamentos e entrada de
substâncias tóxicas, perigosas ou explosivas
Proteção do ambiente
- preparar-se para terremotos e outros desastres naturais
público/ construído (ver
- operar e manter sistemas de drenagem de águas pluviais para
4.7.2)
controle de enchentes
- desenvolver um plano para proteger a saúde pública em condições
de emergência, garantindo/restabelecendo a continuidade dos serviços
- orientar a gestão de descargas industriais e comerciais no sistema
de esgoto, de acordo com leis e regulamentos, por meio de campanhas
de informação e educação

. 187
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
- providenciar sistemas de monitoramento para evitar a entrada de
substâncias perigosas no sistema de esgoto
- manter sistemas de reserva para evitar a extravasão do esgoto no
meio ambiente e para manter a qualidade do efluente final em casos de
interrupções do sistema de coleta e transporte ou avarias no sistema de
esgoto (por exemplo, bombas, equipamentos do processo de
tratamento)
- minimizar a infiltração e o vazamento nos sistemas de esgoto
NOTA Algumas ações podem ser aplicáveis a mais de um objetivo.

Anexo D
(informativo)

Possíveis ações relacionadas à gestão do prestador do serviços de esgoto

As possíveis ações ilustradas na Tabela C.1 foram desenvolvidas a partir das possíveis ações dadas
na Tabela D.1, relacionadas aos componentes da gestão do prestador de serviços de esgoto.
Tabela 0.1 - Componentes de gestão e exemplos de possíveis ações

Componentes de
gestão do sistema de Exemplos de possíveis ações
esgoto
- estabelecer os objetivos corporativos
estabelecer estratégias corporativas
- desenvolver e implementar planos estratégicos, táticos e
Gestão de atividades e operacionais identificar os requisitos regulatórios e assegurar seu
de processos cumprimento
- assegurar a coordenação entre os processos
- estabelecer procedimentos operacionais

- assegurar e manter a saúde e a segurança do pessoal


- empregar pessoal adequado para os postos de trabalho,
considerando suas competências técnicas e habilidades
- assegurar que o pessoal cumpra as leis e regulamentos
Gestão de recursos -
- promover treinamento do pessoal para a melhoraria de sua
pessoal (recursos humanos)
capacitação designar pessoal qualificado em conformidade com as leis
e regulamentos
- instruir o pessoal a agir de forma ética nos relacionamentos com os
usuários
- desenvolver uma estrutura tarifária explícita e justa dos serviços que
considere a ordem econômica local e os esforços de revitalização,
levando em conta a acessibilidade econômica dos serviços aos usuários
- desenvolver fontes de receitas apropriadas para garantir a
recuperação de custos e a sustentabilidade a longo prazo dos serviços
Gestão de recursos e infraestrutura de esgoto
financeiros (custos e - garantir, a longo prazo, a funcionalidade dos sistemas,
benefícios) considerando o custo-eficácia
- manter a solidez das finanças, de acordo com as projeções de
gestão a longo prazo
- analisar as condições de gestão por meio de métodos apropriados,
considerando as características regionais
- implementar medidas de redução de custos
- manter um inventário atualizado de ativos (técnico e financeiro)
- definir metas de desempenho para os principais tipos de ativos
definir protocolos das condições de avaliação de ativos registrar os
Gestão de ativos
eventos de falha e de reparos
- registrar os ativos de investimento e de custos de manutenção
- prever a necessidade de novos ativos e de custos correspondentes

. 188
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
- identificar e atender às necessidades do usuário
- responder às reclamações dos usuários de forma rápida e
adequada fornecer aos usuários oportunidades de comunicação para
Gestão dos expressar suas opiniões
relacionamentos com os - levar em consideração as comunidades vizinhas para obter o seu
usuários apoio
- organizar eventos divulgando as instalações do sistema de esgoto
participar como voluntário em eventos locais
- fornecer aos usuários informações compreensíveis e transparentes
- identificar necessidades de dados e fluxos de dados relacionados à
gestão e à avaliação dos serviços
Gestão da informação - definir os protocolos de coleta de dados
- estabelecer protocolos de atualização de dados
- garantir a integração de informações
- contribuir com as políticas sustentáveis de gestão integrada de
recursos hídricos
- atuar como uma parte interessada responsável nas instituições de
bacias hidrográficas
- promover a gestão integrada de recursos hídricos em projetos de
esgoto
- controlar e limitar a poluição pelos esgotos lançados no meio
ambiente ou reutilizados
Gestão ambiental
- proteger a qualidade da água em corpos receptores proteger e
conservar os mananciais
- promover o reúso do esgoto tratado e dos seus resíduos
- operar os sistemas de esgoto, levando em consideração todo o meio
ambiente
- educar os usuários sobre as preocupações de gestão ambiental, e
também para não lançarem substâncias que afetem o sistema de esgoto
ou o meio ambiente
- promover a eficiência energética e minimizar o consumo de energia
em sistemas de esgoto
- otimizar o uso de energias renováveis nos sistemas de esgoto
cumprir as regras e os regulamentos locais e considerar os requisitos
dos usuários
- garantir que os usuários cumpram os requisitos de ligação aos
sistemas de esgoto
- minimizar os impactos da extravasão do sistema unitário de esgoto
Gestão ambiental localizar as fontes difusas de poluentes em sistemas de águas pluviais
maximizar a utilização de resíduos do sistema de esgoto:
- utilizando-o como fonte de energia
- reciclando-o como fertilizante para jardins e áreas agrícolas
- reciclando-o como materiais de construção utilizar as boas práticas
para a remoção e destinação final/reúso dos resíduos do sistema de
coleta e tratamento de esgoto realizar análises de risco
- desenvolver procedimentos operacionais padronizados
- providenciar e implementar programas de manutenção preventiva
- manter estoques de materiais e equipamentos críticos,
Gestão de riscos - desenvolver e exercitar periodicamente os planos de contingência e
de emergência

Anexo E
(Informativo)

Exemplos de critérios de avaliação de serviços relacionados aos objetivos do prestado r de


serviços de esgoto, de indicadores de desempenho relacionados aos critérios de avaliação e de
critérios de avaliação dos serviços relacionados aos componentes de um sistema de esgoto

. 189
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
E.l Exemplos de critérios de avaliação dos serviços relacionados aos objetivos do prestador de
serviços de esgoto
Os objetivos relacionados ao esgoto descritos na Seção 4 são apresentados a seguir, acompanhados
por exemplos de critérios de avaliação dos serviços. Os exemplos de objetivos e possíveis critérios de
avaliação dos serviços estão resumidos na Tabela E.1.

a) Proteção da saúde pública


O principal objetivo de um prestador de serviços de esgoto é garantir a coleta, o tratamento e a
destinação final/reúso do esgoto de forma segura para a proteção da saúde humana e sua segurança
(ver 4.2).
Possíveis critérios de avaliação:
a) cobertura adequada dos serviços prestados aos usuários;
b) saúde e segurança do pessoal;
c) integridade do sistema;
d) lançamento do esgoto de forma segura.

b) Atendimento das necessidades e das expectativas dos usuários


Convém que um dos objetivos do prestador de serviços de esgoto seja assegurar que as atividades
atendam às necessidades e às expectativas razoáveis dos usuários (ver 4.3).
Para informações adicionais sobre possíveis critérios de avaliação: ver ABNT NBR ISO 24510 para
orientação.

c) Prestação de serviços em situações normais e de emergência


Convém que um dos objetivos de um prestador de serviços de esgoto seja garantir que, em condições
normais, os serviços de esgoto (coleta, tratamento e destinação final/reúso) estejam disponíveis sem
interrupção. Quando ocorrerem interrupções, convém que o objetivo seja o restabelecimento dos serviços
o mais rápido possível (ver 4.4).

Possíveis critérios de avaliação:


- continuidade da operação da estação de tratamento de esgoto;
- minimização dos entupimentos no sistema de esgoto;
- desenvolvimento de um plano de emergência;
- adequação do estoque de peças sobressalentes (por exemplo, tubos de esgoto, bombas).

d) Sustentabilidade do prestador de serviços de esgoto


Convém que um objetivo do prestado r de serviços de esgoto seja garantir que os serviços sejam
mantidos e desenvolvidos, de forma apropriada, a fim de atender às necessidades atuais e futuras,
levando em consideração as restrições econômicas e sociais (ver 4.5).
Possíveis critérios de avaliação:
- desempenho da rede (por exemplo, o colapso e/ou entupimento da rede de esgoto);
- condição dos ativos (por exemplo, idade, confiabilidade);
- custos operacionais;
- níveis e competências do pessoal;
- desempenho financeiro:
- faturamento;
- cobrança;
- dívida;
- acessibilidade econômica.

e) Promoção do desenvolvimento sustentável da comunidade


Um dos objetivos do prestador de serviços de esgoto é promover o desenvolvimento sustentável, por
meio do uso eficiente da água e energia, conservação e reúso, separação dos escoamentos poluídos
dos não poluídos (ver 4.6).
Possíveis critérios de avaliação:
- reúso do esgoto tratado;
- utilização sustentável da energia (economia e reúso);
- recuperação de custos e sustentabilidade dos serviços a longo prazo;
- estruturas tarifárias explícitas e justas;
- informação compreensível e transparente para os usuários/clientes.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
f) Proteção do meio ambiente
1) Proteção do ambiente natural
Um dos objetivos do prestador de serviços de esgoto é garantir a coleta, tratamento e destinação
final do esgoto de forma segura para a proteção do ambiente natural (ver 4.7.1).
Possíveis critérios de avaliação:
- prevenção e controle de extravasões;
- monitoramento das emissões no meio ambiente;
- uso sustentável da energia;
- preservação de ecossistemas (fauna e flora).

2) Proteção do ambiente construido/público


Um dos objetivos do prestador de serviços de esgoto é garantir a coleta, tratamento e destinação
final do esgoto de forma segura, para a proteção do ambiente construído/público (ver 4.7.2).
Possíveis critérios de avaliação:
- efeitos das inundações;
- prevenção e controle da poluição;
- manutenção dos ativos;
- valorização dos espaços de lazer (por exemplo, valor para recreação).

Tabela E.1 - Exemplos de objetivos e possíveis critérios de avaliação dos serviços

Objetivo
Proteção Proteção do
Proteção Sustentabilidade do
Critérios de avaliação do ambiente
da saúde prestador de
ambiente construído/
pública serviços de esgoto
natural público
Cobertura adequada dos serviços
prestados aos usuários
Saúde e segurança do pessoal
Operação proativa e plano de
manutenção (considerando
capacidade hidráulica, condição e
integridade estrutural, controle e
prevenção da poluição, segurança
do pessoal e os interesses de
terceiros)
Efeitos das inundações
Prevenção e controle de
extravasões
Monitoramento das emissões no
meio ambiente (por exemplo,
quantidade e qualidade do
lançamento de efluentes, de
resíduos ou de outras emissões, tais
como odores, ruídos, vibrações etc.)
Uso sustentável da energia
(economia e reúso)
Segurança do ciclo da água (por
meio do reúso do esgoto tratado)
Utilização de resíduos
Informações compreensíveis e
transparentes para os
usuários/clientes! partes
interessadas
Respostas às reclamações e às
opiniões dos usuários/clientes

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Envolvimento das pessoas das
comunidades em projetos de esgoto
para obter seu apoio
Recuperação de custos e
sustenlabilidade dos serviços a
longo prazo
Estruturas tarifárias explícitas e
justas
Aspectos sociais (incluindo
participação e acessibilidade
econômica das partes interessadas)
Aspectos ambientais (incluindo
medidas preventivas baseadas na
implementação de planos de
proteção)

E.2 Exemplos de indicadores de desempenho relacionados aos critérios de avaliação

E.2.1 Generalidades
Os serviços de esgoto podem ser avaliados e a gestão dos sistemas pode ser aprimorada de acordo
com os objetivos definidos na Seção 4.
O cumprimento destes objetivos pode ser medido de acordo com critérios de avaliação de serviços
adequados, por meio de indicadores de desempenho relacionados. No entanto, os indicadores de
desempenho muitas vezes não são o único método de medição.
Exemplos de objetivos, possíveis critérios de avaliação dos serviços e indicadores de desempenho
relacionados (ID), extraídos da IWA Indicadores de Desempenho para Serviços de Esgoto (IWA
Performance Indicators for Wastewater Services [10]), são apresentados a seguir. Nota-se que os
indicadores de desempenho e as diretrizes são sensíveis às condições locais, e, portanto, os indicadores
apresentados neste anexo servem apenas como exemplos.

E.2.2 Objetivo: proteção da saúde pública


Possível critério de avaliação dos serviços: cobertura adequada dos serviços aos usuários.
Um exemplo de um possívellD relativo a este critério de avaliação é:

Indicador de desempenho: população total não atendida ()


Definição: percentagem de população total cujo esgoto não é coletado, nem tratado
Regra de cálculo: (percentagem da população total cujo esgoto não é coletado, nem tratado/
população total) x 100, na data de referência
Comentário: Convém que em cada área de competência sejam estabelecidos requisitos legais ou
diretrizes para a água potável segura e o uso de métodos aceitáveis de medição. Este indicador de
desempenho também pode ser aplicado aos parâmetros individuais, incluindo os requisitos ou as
diretrizes químicas, microbiológicas, de radioatividade e organolépticas. Convém que este indicador seja
avaliado numa base anual. Ele também pode ser avaliado em períodos inferiores a um ano, mas é
necessário cuidado especial na interpretação dos resultados quando usado em comparações internas ou
externas.

Código IWA: wQS4

NOTA BRASILEIRA Este comentário não é pertinente a este indicador

NOTA São exemplos de outros possíveis indicadores de desempenho relacionados à proteção da


saúde pública:
- número de análises não conformes de qualidade/quantidade para o lançamento de efluentes;
- análises de qualidade do esgoto realizadas em conformidade com os requisitos;
- análises de qualidade de resíduos realizadas em conformidade com os requisitos.

. 192
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
E.2.3 Objetivo: atender às necessidades e às expectativas dos usuários
A ABNT NBR ISO 24510 apresenta exemplos de indicadores de desempenho relativos à capacidade
do prestador de serviços de atender às necessidades e expectativas de seus usuários.

E.2.4 Objetivo: prestação dos serviços em situações normais e de emergência


Possível critério de avaliação dos serviços: entupimentos nas redes de esgoto
Um exemplo de um possível ID relativo a este critério de avaliação é:

Indicador de desempenho: entupimentos nas redes de esgoto (no/1 00 km de rede de esgoto/ano)


Definição: média do número de entupimentos que ocorrem por 100 km de rede de esgoto, durante o
período de avaliação
Regra de cálculo: [número de entupimentos nas redes de esgoto que ocorrem durante o período de
avaliação x 365/período de avaliação (em dias) x comprimento total da rede de esgoto na data de
referência (em km)] x 100
Código IWA: wOp34

NOTA São exemplos de outros possíveis indicadores de desempenho relacionados à continuidade na


prestação dos serviços em situações normais e de emergência:
- número de imóveis afetados por retorno de esgoto;
- número de estações de tratamento de esgoto com falhas dentro do limite permitido.

E.2.5 Objetivo: sustentabilidade do prestador de serviços de esgoto


Possível critério de avaliação dos serviços: desempenho financeiro

Um exemplo de ID relativo a este critério de avaliação é:

Indicador de desempenho: relação do custo total de cobertura


Definição: relação do custo total que é coberto pela receita
Regra de cálculo: (receita total/custo total), durante o período de avaliação
Código IWA: wFi30

NOTA São exemplos de outros possíveis indicadores de desempenho relacionados à sustentabilidade


do
- prestador de serviços de esgoto:
- taxa média de substituição da rede;
- custo operacional unitário;
- número total de empregados por ligação predial;
- ativos fixos (bruto/líquido);
- receita média por ligação predial;
- relação entre a tarifa industrial e a residencial;
- preço da ligação predial;
- fatura mensal dos serviços de esgoto por domicílio (pode ser calculada para um determinado volume
de água consumido - caso a tarifa de esgoto dependa deste volume);
- período de recebimento das faturas;
- taxa de recebimento das faturas;
- cobertura dos custos operacionais;
- taxa dos serviços da dívida.

E.2.6 Objetivo: promoção do desenvolvimento sustentável da comunidade


Possível critério de avaliação dos serviços: reúso do esgoto tratado

Um exemplo de um possível ID relativo a este critério de avaliação é:

Indicador de desempenho: reúso de esgoto tratado ()


Definição: percentual de esgoto tratado que é reutilizado
Regra de cálculo: (volume de esgoto tratado reutilizado/volume de esgoto tratado pelo prestador de
serviços de esgoto) x 100, durante o período de avaliação

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Comentário: Este indicador pode ser avaliado por períodos inferiores a um ano, mas é necessária
atenção especial quando usado para comparações internas ou externas ao prestador de serviços.
Código IWA: wEn2

NOTA São exemplos de outros possíveis indicadores de desempenho relacionados à promoção do


desenvolvimento sustentável (da comunidade):
- utilização de resíduos;
- consumo de energia para o tratamento de esgoto (por exemplo, por população equivalente):
- recuperação de energia dos sistemas de esgoto;
- utilização da capacidade do tratamento de esgoto (percentagem da carga atual versus a capacidade
projetada).

E.2.7 Objetivo: proteção do meio ambiente


E.2.7.1 Objetivo: proteção do ambiente natural
Possível critério de avaliação dos serviços: prevenção e controle de extravasões
Um exemplo de um possível ID relativo a este critério de avaliação é:

Indicador de desempenho: frequência de descarga intermitente (número/dispositivo de


extravasão/ano)
Definição: número médio de descarga por extravasar durante o período de avaliação
Regra de cálculo: (número de descargas que ocorreram durante o período de avaliação x 365)1
[período de avaliação (em dias) x número de dispositivos de extravasão na data de referência]

NOTA "x 365/período de avaliação" é uma expressão de conversão de unidade e não se destina a ser
considerada como extrapolação.
Comentário: Este 10 pode ser avaliado por períodos inferiores a um ano, mas é recomendado que
seja utilizado apenas quando os dados para as variáveis forem coletados durante pelo menos um ano.
Sempre que usado por períodos menores de tempo, é necessária atenção especial quando usados para
comparações internas ou externas ao prestador de serviços.
Código IWA: wEn3

NOTA São exemplos de outros possíveis indicadores de desempenho relacionados à proteção do


ambiente natural:
- impacto ambiental da extravasão de esgoto (por exemplo, volume ou carga de contaminantes);
eficácia do sistema (por exemplo, número de extravasões por comprimento da rede de esgoto);
percentagem de volume coletado versus volume tratado;
- proporção de esgoto coletado que recebe pelo menos tratamento primário; proporção de esgoto
coletado que recebe pelo menos tratamento secundário.

E.2.7.2 Objetivo: proteção do ambiente construído/público


Possível critério de avaliação dos serviços: prevenção de retorno de esgoto

Um exemplo de um possível 10 relativo a este critério de avaliação é:

Indicador de desempenho: imóveis ligados afetados por retorno de esgoto (número li 000 imóveisl
ano)
Definição: razão entre imóveis ligados que são afetados por retorno de esgoto e o total de imóveis
durante o período de avaliação
Regra de cálculo: (número de imóveis afetados pela inundação de esgotos durante o período de
avaliação x 365 x 1 000)/(período de avaliação x número de imóveis ligados na data de referência)
Convém que seja incluído somente o retorno proveniente dos sistemas de esgoto de responsabilidade
do prestador de serviços de esgoto. Retornos de esgoto podem afetar imóveis que não estão ligados aos
sistemas de esgoto. Convém que estes imóveis sejam incluídos.
NOTA "x 365/período de avaliação é uma expressão de conversão de unidade e não se destina a ser
considerada como extrapolação.
Comentário: Este 10 pode ser avaliado por períodos inferiores a um ano, mas é recomendado que
seja utilizado apenas quando os dados para as variáveis forem coletados durante pelo menos um ano.

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Sempre que usado por períodos de tempo menores, é necessária atenção especial quando usado para
comparações internas ou externas ao prestador de serviços.
Código IWA: Este indicador de desempenho é uma adaptação do código IWA wQS13.

NOTA Exemplos de outros possíveis indicadores de desempenho relacionados à proteção do ambiente


público/construído são:
- número de transbordamento de esgoto por extensão da rede de esgoto;
- número de retornos de esgoto por unidade de tempo;
- quantidade de sedimentos removidos por extensão da rede de esgoto; percentagem de rede de
esgoto inspecionada por unidade de tempo;
- água infiltrada no sistema de esgoto em percentagem da vazão de esgoto; percentagem de rede de
esgoto lavada por unidade de tempo;
- número de falhas nas estações de recai que por ano e por extensão da rede de esgoto; quantidade
de resíduos removidos das grades e separadores de areia e gordura;
- volume de sedimentos retirados de sistemas individuais (por exemplo, fossas sépticas); frequência
de inspeção de equipamentos;
- percentagem de pessoal treinado para o nível adequado de habilidade (por exemplo, entrada em
espaços confinados).

E.3 Exemplos de critérios de avaliação dos serviços relacionados aos componentes de um


sistema de esgoto
E.3.1 Generalidades
As principais atividades de um prestador de serviços de esgoto são as seguintes: coleta e transporte
do esgoto, tratamento do esgoto, e destinação final/reúso de efluentes e resíduos.
E.3.2 a E.3.4 fornecem alguns exemplos de critérios de avaliação dos serviços de esgoto relacionados
às atividades anteriores.

E.3.2 Exemplos de critérios de avaliação dos serviços de esgoto relacionados à coleta e ao


transporte
A seguir são dados exemplos de critérios de avaliação dos serviços de esgoto relacionados à coleta e
ao transporte:
- cobertura (população atendida na área); capacidade hidráulica;
- sedimenação;
- inundação/retorno;
- extravasão/transbordamento;
- condição física:
- estanqueidade (por exemplo, infiltração, vazamento);
- corrosão;
- integridade estrutural;
- operação e gestão do sistema:
- segurança do pessoal;
- sistema de inspeção (incluindo ligações prediais incorretas);
- controle da vazão de entrada (incluindo origem, quantidade e característica); destinação final de
resíduos (provenientes das operações de limpeza do sistema);
- reúso de resíduos;
- níveis de pessoal;
- controle de incômodos (por exemplo, odor, moscas, controle de roedores); manutenção preventiva;
- reabilitação (reparo/renovação/substituição); proteção dos ativos;
- atendimento às necessidades futuras (por exemplo, expansão, requisitos legais);
- tempo de atendimento (por exemplo, tempo entre a solicitação e a coleta de resíduos das fossas
sépticas);
- monitoramento;
- autorização de lançamento/regulamentos (controle de descargas no sistema de esgoto e de
lançamentos no meio ambiente);
- quantidade e qualidade do escoamento;
- custo.

E.3.3 Exemplos de critérios de avaliação dos serviços de esgoto relacionados ao tratamento

. 195
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
A seguir são dados exemplos de critérios de avaliação dos serviços de esgoto relacionados ao
tratamento:
- cobertura (população atendida por estações de tratamento de esgoto na área);
- quantidade de esgoto afluente;
- característica/concentração de contaminantes/poluentes do esgoto afluente;
- capacidade de tratamento:
- capacidade hidráulica;
- capacidade de remoção de poluentes;
- capacidade de tratamento de resíduos;
- condição física:
- integridade estrutural;
- condição dos equipamentos;
- redundância de equipamentos;
- operação e gestão:
- eficácia e eficiência do tratamento;
- impacto ambiental, incluindo o impacto sobre os moradores da vizinhança;
- utilização dos recursos (por exemplo, energia, combustível, produtos químicos);
- utilização do biogás;
- níveis de pessoal;
- manutenção preventiva;
- reabilitação (reparo/renovação/substituição); proteção dos ativos;
- atendimento às necessidades futuras (por exemplo, expansão, requisitos legais);
- monitoramento:
- processo de monitoramento (da vazão e do desempenho dos processos individuais de tratamento);
autorização de lançamento/regulamentos;
- inspeção dos equipamentos.

E.3.4 Exemplos de critérios de avaliação dos serviços de esgoto relacionados à destinação final
e reúso de efluentes/resíduos
A seguir são dados exemplos de critérios de avaliação dos serviços de esgoto relacionados à
destinação final e ao reúso de efluentes/resíduos.
Efluentes e resíduos provenientes de estações de tratamento (autorização de lançamento):
- quantidade e qualidade do efluente lançado ou reutilizado;
- quantidade e qualidade do efluente lançado em um determinado local ou corpo receptor;
- quantidade e qualidade de resíduos do esgoto dispostos ou reutilizados;
- outros impactos ambientais da destinação final/reúso de efluentes e de resíduos (por exemplo,
odores, ruído, poeira).

Anexo F
(informativo)

Exemplo de esquema de faixas de confiança para os sistemas de indicadores de desempenho

Convém que a qualidade dos dados de entrada seja avaliada em termos da confiabilidade da fonte e
da exatidão dos dados. A confiabilidade das fontes diz respeito às incertezas relacionadas a quão
confiável a origem das informações pode ser, isto é, a medida em que a fonte do dado produz resultados
consistentes, estáveis e uniformes sobre observações ou medições repetidas nas mesmas condições. A
exatidão refere-se aos erros de medição na aquisição de dados de entrada.
NOTA 1 Nenhum dispositivo de medição é totalmente exato, e alguns dos dados a serem utilizados na
avaliação dos indicadores de desempenho podem ter sido obtidos por métodos menos precisos.
NOTA 2 Registros antigos podem ser confiáveis em termos de retratar a situação atual dos ativos.
A prática mostra que, em geral, os provedores de dados não têm informações detalhadas sobre a
confiabilidade e exatidão, mas são capazes de fornecer estimativas, se faixas amplas forem adotadas.
Um exemplo de possíveis faixas de exatidão dos dados é apresentado na Tabela F.1.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Tabela F.1 - Exemplo de faixas de exatidão dos dados

Faixas de exatidão Incerteza associada


%
0a5 Melhor ou igual a ± 5
5 a 20 Pior do que ± 5, mas melhor ou igual a ± 20
20 a 50 Pior do que ± 20, mas melhor ou igual a ± 50
> 50 Pior do que ± 50

Um exemplo de possíveis faixas de confiabilidade da fonte de dados é dado na Tabela F.2.

Tabela F.2 - Exemplo de faixas de confiabilidade da fonte dos dados

Faixa de
Definição
confiabilidade
Fonte de dados altamente confiável: dados com base em registros seguros,
*** procedimentos, investigações ou análises que são devidamente documentados e
reconhecidos como os melhores métodos de avaliação disponíveis.
** Fonte de dados razoavelmente confiável: pior que ***, melhor que *.
Fonte de dados não confiável: dados baseados em extrapolação de amostras
*
limitadas e pouco confiáveis ou em suposições informadas.

Por exemplo, uma variável medida com uma incerteza estimada de ± 12 e de uma fonte altamente
confiável terá um grau de confiança de [5 a 20 /***].
Convém que a confiabilidade da fonte de dados e a exatidão dos dados sejam avaliadas para cada
variável de entrada.
Explicitamente, um grau de confiança [0 a 5 /***] pode ser alcançado em algumas variáveis de entrada,
embora não seja geralmente atingível para todas as variáveis. Convém que os prestadores de serviços
atinjam um grau de pelo menos [5 a 20 /**].
Graus de confiança só podem ser estimados diretamente para as variáveis. Com base nisto, convém
que a mensuração da incerteza do ID resultante também seja avaliada, quantitativa ou, pelo menos,
qualitativamente. Convém que a avaliação quantitativa seja baseada na teoria de propagação de
incerteza, de acordo com o Guia para a expressão da incerteza de medição (GUM)f8J.
Convém que os graus de confiança sejam avaliados para cada serviço de esgoto e para cada indicador.
Para tornar possível a comparação a ser realizada entre os serviços, convém que os graus de confiança
sejam escolhidos de forma adequada e aplicados de forma consistente.

Bibliografia
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[2] ABNT NBR ISO 9000:2005, Sistema de gestão da qualidade - Fundamentos e vocabulário
[3] ABNT NBR ISO 9001 :2008, Sistemas de gestão da qualidade - Requisitos
[4] ABNT NBR ISO 14001 :2004, Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso
[5] ABNT NBR ISO 14031 :2004, Gestão ambiental- Avaliação de desempenho ambiental- Diretrizes
[6] ABNT NBR ISO 24510, Atividades relacionadas aos serviços de água potável e de esgoto - Diretrizes para a avaliação e para a melhoria dos serviços
prestados aos usuários
[7] ABNT NBR ISO 24512, Atividades relacionadas aos serviços de água potável e de esgoto - Diretrizes para a gestão dos prestadores de serviços de água e
para a avaliação dos serviços de água potável
[8] Guia para a Expressão da Incerteza de Medição (GUM). Terceira edição brasileira em língua portuguesa. Rio de Janeiro: ABNT, INMETRO, 2003.
[9] OECD works on "Core sets of indicators for environmental performance reviews", OCDE / GD (93) 179 Paris 1993
[10] IWA Performance indicators for Wastewater Services, Manual of Best Practice Series (MBP), ISBN 1900222906, 174 p., Matos, M. R., Ashley, R., Cardoso,
M. A., Duarte, P., Mofinari, A., Shu/~A,London,2003
[11] EN 752-1:1995, Drain and sewer systems outside bui/dings - Part 1: Generalities and definitions
[12] EN 752-2: 1996, Drain and sewer systems outside bui/dings - Part 2: Performance requirements
[13] EN 752-3:1996, Drain and sewer systems outside buildings - Part 3: Planning
[14] EN 752-4:1997, Drain and sewer systems outside buildings - Part 4: Hydraulic design and environmental considerations
[15] EN 752-5:1997, Orain and sewer systems outside buildings - Part 5: Rehabilitation
[16] EN 752-6: 1998, Drain and sewer systems outside buildings - Part 6: Pumping installations
[17] EN 752-7:1998, Drain and sewer systems outside buildings - Part 7: Maintenance and operations
[18] NF P 15-900-1, Local public services - Guidelines for service activities relating to drinking water supply and sewerage - Part 1: User services, AFNOR, Paris,
2000
[19] NF P 15-900-2, Loca/ public services - Guidelines for drinking water supply and sewerage service activities - Part 2: Management of a sewerage network,
AFNOR, Paris, 2001
[20] NF P 15-900-3, Local public services - Guidelines for service activities relating to drinking water supply and sewerage - Part 3: Management of a wastewater
treatment system, AFNOR, Paris, 2001
[21] OWA-M 801, Integriertes Qualitàts- und Umweltmanagementsystem fur Betreiber von Abwasseranlagen
[22] DWA-M 1000 Anforderungen an die Qualifikation und die Organisation von Betreibern von Abwasseranlagen
[23] Japanese national guideline: Guideline for Improving O&M of Wastewater Systems, JSWA No. 472, May 2003
[24] Dutch guideline "Leidraad Riolering", Netherlands
[25] OfWat, Confidence Grading Scheme, Oftice of Water Services, Return Reporting Requirements and Definitions Manual, UK,2001
[26] Dutch National Code of Practise NPR 3220: Sewer management

. 197
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
[27] Dutch Standard NEN 3398: Investigation and assessment of sewers
[28] Austrian guideline OEWAV/AB 29: Public relations for wastewater treatment plants, Vienna/AT, 2004
[29] Austrian guideline OEWAV/AB 9: Indicators for the evaluation and assessment of wastewater treatment plents, Vienna/AT, 2000
[30] AWWA, Benchmarking Performance Indicators for Water and Wastewater Utilities: Survey Data and Ana/ysis Report, American Water Works Association
Denver, CO, 2005

Decreto Estadual nº 8.468/1976 - Dispõe sobre a prevenção e o controle da


poluição do meio ambiente.

DECRETO N.º 8.468, DE 8 DE SETEMBRO DE 197615

Aprova o Regulamento da Lei n.° 997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a prevenção e o
controle da poluição do meio ambiente

PAULO EGYDIO MARTINS, GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, no uso de suas


atribuições legais,

Decreta:

Artigo 1. — Fica aprovado o Regulamento, anexo ao presente decreto da Lei n.° 997, de 31 de maio
de 1976, que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente.

Artigo 2. — Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação

Palácio dos Bandeirantes, 8 de setembro de 1976.


PAULO EGYDIO MARTINS
Publicado na Casa Civil, aos 6 de setembro de 1976.
Maria Angélica Galiazzi, Diretora de Divisão de Atos do Governador

ANEXO A QUE SE REFERE O DECRETO N° 8.468, DE 8 DE SETEMBRO DE 1976

Regulamento da Lei n.° 997, de 31 de Maio de 1976, que Dispõe Sobre a Prevenção e o Controle da
Poluição do Meio Ambiente

TÍTULO I
Da Proteção do Meio Ambiente

CAPÍTULO I
Das Disposições Preliminares

Artigo 1.° — O sistema de prevenção e controle da poluição do meio ambiente passa a ser regido na
forma prevista neste regulamento.

Artigo 2.º — Fica proibido o lançamento ou a liberação de poluentes nas águas, no ar ou no solo.

Artigo 3.º — Considera-se poluente toda e qualquer forma de matéria ou energia lançada ou liberada
nas águas, no ar ou no solo:
I — com intensidade, em quantidade e de concentração, em desacordo com os padrões de emissão
estabelecidos neste regulamento e normas dele decorrentes;
II — com características e condições de lançamento ou liberação, em desacordo com os padrões de
condicionamento e projeto estabelecidos nas mesmas prescrições.
III — por fontes de poluição com características de localização e utilização em desacordo com os
referidos padrões de condicionamento e projeto;
IV — com intensidade, em quantidade e de concentração ou com características que direta ou
indiretamente, tornem ou possam tornar ultrapassáveis os padrões de qualidade do meio ambiente
estabelecidos neste regulamento e normas dele decorrentes;

15
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.1976.html

. 198
1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
V — que, independentemente de estarem enquadrados nos incisos anteriores, tornem ou possam
tornar as águas, o ar ou o solo impróprios nocivos ou ofensivos à saúde; inconvenientes ao bem estar
público danosos aos materiais a fauna e à flora; prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade,
bem como às atividades normais da comunidade.
Artigo 4.º — São consideradas fontes de poluição todas e quaisquer atividades, processos, operações
ou dispositivos, móveis ou não que, independentemente de seu campo de aplicação, induzam, produzam
ou possam produzir a poluição do meio ambiente, tais como: estabelecimentos industriais, agropecuários
e comerciais, veículos automotores e correlatos, equipamentos e maquinárias, e queima de material ao
ar livre.

CAPÍTULO II
Da Competência

Artigo 5.º — Compete à Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e de Defesa do


Meio Ambiente — CETESB, na qualidade de órgão delegado ao Governo do Estado de São Paulo, a
aplicação da Lei n.º 997, de 31 de maio de 1976, deste regulamento e das normas dele decorrentes.

Artigo 6.º — No exercício da competência prevista no artigo anterior, incluem-se entre as atribuições
da CETESB, para controle e preservação do meio ambiente:
I — estabelecer e executar planos e programas de atividades de prevenção e controle da poluição;
II — efetuar levantamentos, organizar e manter o cadastramento de fontes de poluição;
III — programar e realizar coleta de amostras, exames de laboratórios e análises de resultados,
necessários à avaliação da qualidade do referido meio;
IV — elaborar normas especificações e instruções técnicas relativas ao controle da poluição;
V — avaliar o desempenho de equipamentos e processos, destinados aos fins deste artigo;
VI — autorizar a instalação, construção, ampliação, bem como a operação ou funcionamento das
fontes de poluição definidas neste regulamento;
VII — estudar e propor aos Municípios, em colaboração com os órgãos competentes de Estado as
normas a serem observadas ou introduzidas nos Planos Diretores urbanos e regionais ao interesse do
controle da poluição e da preservação de mencionado meio;
VIII — fiscalizar as emissões de poluentes feitas por entidades públicas e particulares;
IX — efetuar inspeções em estabelecimentos, instalações e sistemas que causem ou possam causar
a emissão de poluentes;
X — efetuar exames em águas receptoras, efluentes e resíduos;
XI — solicitar a colaboração de outras entidades, públicas ou particulares, para a obtenção de
informações sobre ocorrências relativas à poluição do referido meio;
XII — fixar, quando for o caso, condições a serem observadas pelos efluentes a serem lançados nas
redes de esgotos;
XIII — exercer a fiscalização e aplicar as penalidades previstas neste regulamento;
XIV — quantificar as cargas poluidoras e fixar os limites das cargas permissíveis por fontes, nos casos
de vários e diferentes lançamentos e emissões em um mesmo corpo receptor ou em uma mesma região;
XV — analisar e aprovar planos e programas de tratamento e disposição de esgotos.

TÍTULO II
Da Poluição das Águas

CAPÍTULO I
Da Classificação das Águas

Artigo 7.º — As águas interiores situadas no território do Estado, para os efeitos desce regulamento,
serão classificadas segundo os seguintes usos preponderantes:
I — CLASSE 1 — águas destinadas ao abastecimento doméstico, sem tratamento prévio ou com
simples desinfecção;
II — CLASSE 2 — águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional, à
irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas e à recreação de contato primário (natação, esqui-aquático e
mergulho);
III — CLASSE 3 — águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional, à
preservação de peixes em geral e de outros elementos da fauna e da flora e à dessedentação de animais;

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IV — Classe 4 — águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento avançado, ou à
navegação, à harmonia paisagística, ao abastecimento industrial, à irrigação e a usos menos exigentes.
§ 1.º — Não há impedimento no aproveitamento de águas de melhor qualidade em usos menos
exigentes, desde que tais usos não prejudiquem a qualidade estabelecida para essas águas.
§ 2.º — À classificação de que trata o presente artigo poderá abranger parte ou totalidade da coleção
de água, devendo o decreto que efetuar o enquadramento definir os pontos limites.

Artigo 8.º — O enquadramento de um corpo de água, em qualquer classe, não levará em conta a
existência eventual de parâmetros fora dos limites previstos para a classe referida, devido a condições
naturais.

Artigo 9.º — Não serão objeto de enquadramento nas classes deste regulamento os corpos de água
projetados para tratamento e transporte de águas residuárias.
Parágrafo único — Os projetos de que trata este artigo deverão ser submetidos à aprovação da
CETESB, que definirá também a qualidade do efluente.

CAPÍTULO II
Dos Padrões

SEÇÃO I
Dos Padrões de Qualidade

Artigo 10 — Nas águas de Classe 1 não serão tolerados lançamentos de efluentes, mesmo tratados.

Artigo 11 — Nas aguas de Classe 2 não poderão ser lançados efluentes, mesmo tratado, que
prejudiquem sua qualidade pela alteração dos seguin-tes parâmetros ou valores.
I — virtualmente ausentes:
a) materiais flutuantes inclusive espumas não naturais;
b) substâncias solúveis em hexana;
c) substâncias que comuniquem gosto ou odor;
d) no caso de substâncias potencialmente prejudiciais, até os limites máximos abaixo relacionados:
1. Amônia — 0,5 mg/l de N (cinco décimo de miligrama de Nitrogênio por litro)
2. Arsênico — 0,1 mg/l (um décimo de miligrama por litro)
3. Bário — 1,0 mg/l (um miligrama por litro)
4. Cádmio — 0,01 mg/l (um centésimo de miligrama por litro)
5. Cromo (total) — 0,05 mg/l (cinco centésimos de miligrama por litro)
6. Cianeto — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro)
7. Cobre — 1,0 mg/l (um miligrama por litro)
8. Chumbo — 0,1 mg/l (um décimo de miligrama por litro)
9. Estanho — 2,0 mg/l (dois miligramas por litro)
10. Fenóis — 0,005 mg/l (um milésimo de miligrama por litro)
11 Flúor — 1,4 mg/l (um miligrama e quatro décimos por litro)
12. Mercúrio — 0,002 mg/l (dois milésimos de miligrama por litro)
13. Nitrato — 10,0 mg/l de N (dez miligramas de Nitrogênio por litro)
14. Nitrito — 1,0 mg/l de N (um miligrama de Nitrogênio por litro)
15. Selênio — 0,01 mg/l (um centésimo de miligrama por litro)
16. Zinco — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro)
II — Proibição de presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por processo de
coagulação, sedimentação e filtração convencionais;
III — Número Mais Provável (NMP) de coliformes até 5.000 (cinco mil), sendo 1.000 (mil) o limite para
os de origem fecal, em 100 ml (cem mililitros), para 80% (oitenta por cento) de, pelo menos, 5 (cinco)
amostras colhidas, num período de até 5 (cinco) semanas consecutivas;
IV — Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) em 5 (cinco) dias, a 20°C (vinte graus Celsius) em
qualquer amostra, até 5 mg/l (cinco miligramas por litro);
V — Oxigênio Dissolvido (OD), em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/l (cinco miligramas por litro).

Artigo 12 — Nas águas de Classe 3 não poderão ser lançados efluentes, mesmo tratados, que
prejudiquem sua qualidade pela alteração dos seguintes parâmetros ou valores:
I — virtualmente ausentes:

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a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais;
b) substâncias solúveis em hexana;
c) substâncias que comuniquem gosto ou odor;
d) no caso de substâncias potencialmente prejudiciais, até os limites máximos abaixo relacionados:
1. Amônia — 0,5 mg/l de N (cinco décimos de miligrama de Nitrogênio por litro)
2. Arsênico — 0,1 mg/l (um décimo de miligrama por litro)
3. Bário — 1,0 mg/l (um miligrama por litro)
4. Cádmio — 0,01 mg/l (um centésimo de miligrama por litro)
5. Cromo (total) — 0,05 mg/l (cinco centésimos de miligrama por litro)
6. Cianeto — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro)
7. Cobre — 1,0 mg/l (um miligrama por litro)
8. Chumbo — 0,1 mg/l (um décimo de miligrama por litro)
9. Estanho — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro)
10. Fenóis — 0,001 mg/l (um milésimo de miligrama por litro)
11. Fluor — 1,4 mg/l (um miligrama e quatro décimos por litro)
12. Mercúrio — 0,002 mg/l (dois milésimos de miligrama por litro)
13. Nitrato — 10,0 mg/l de N (dez miligramas de Nitrogênio por litro)
14. Nitrito — 1,0 mg/l de N (um miligrama de Nitrogênio por litro)
15. Selênio — 0,01 mg/l (um centésimo de miligrama por litro)
16. Zinco — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro);
II — Proibição de presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por processos de
coagulação, sedimentação e filtração, convencionais;
II — Número Mais Provável (NMP) de coliformes até 20.000 (vinte mil), sendo 4.000 (quatro mil) o
limite para os de origem fecal, em 100 ml (cem mililitros), para 80% (oitenta por cento) de, pelo menos, 5
(cinco) amostras colhidas num período de até 5 (cinco) semanas consecutivas;
IV — Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), em 5 (cinco) dias, a 20°C (vinte graus Celsius), até 10
mg/l (dez miligramas por litro) em qualquer dia.
V — Oxigênio Dissolvido (OD), em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/l (quatro miligramas por litro).

Artigo 13 — Nas águas de Classe 4 não poderão ser lançados efluentes, mesmo tratados, que
prejudiquem sua qualidade pela alteração dos seguintes valores ou condições:
I — materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais virtualmente ausentes;
II — odor e aspecto — não objetáveis;
III — Fenóis; até 1,0 mg/l (um miligrama por litro);
IV — Oxigênio Dissolvido (OD), superior a 0,5 mg/l (cinco décimos de miligrama por litro) em qualquer
amostra.
§ 1.° — Nos casos das águas de Classe 4 possuírem índices de coliformes superiores aos valores
máximos estabelecidos para a Classe 3, poderão elas ser utilizadas para abastecimento público, somente
se métodos especiais de tratamento forem utilizados, a fim de garantir sua potabilização.
§ 2.º — No caso das águas de Classe 4 serem utilizadas para abastecimento público, aplicam-se os
mesmos limites de concentrações, para substâncias potencialmente prejudiciais, estabelecidos, para as
águas de Classes 2 e 3, nas alíneas "d" dos incisos I dos artigos 11 e 12, deste regulamento.
§ 3.° — Para as águas de Classe 4, visando a atender necessidades de jusante, a CETESB poderá
estabelecer, em cada caso, limites a serem observados para lançamento de cargas poluidoras.

Artigo 14 — Os limites de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), estabelecidos para as Classes 2


e 3, poderão ser elevados, caso o estudo de autodepuração do corpo receptor demonstre que os teores
mínimos de Oxigênio Dissolvido (OD) previstos não serão desobedecidos em nenhum ponto do mesmo,
nas condições críticas de vazão.

Artigo 15 — Para os efeitos deste regulamento, consideram-se "Virtualmente Ausentes" teores


desprezíveis de poluentes, cabendo à CETESB, quando necessário, quantificá-los caso por caso.

Artigo 16 — Os métodos de análises devem ser os internacionalmente aceitos e especificados no


"Standard Methods", última edição, salvo os constantes de normas específicas já aprovadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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SEÇÃO II
Dos Padrões de Emissão

Artigo 17 — Os efluentes de qualquer natureza somente poderão ser lançados nas águas interiores
ou costeiras, superficiais ou subterrâneas, situadas no território do Estado, desde que não sejam
considerados poluentes, na forma estabelecida no artigo 3.º deste regulamento.
Parágrafo único — A presente disposição aplica-se aos lançamentos feitos, diretamente, por fonte de
poluição, ou indiretamente, através de canalizações públicas ou privadas, bem como de outro dispositivo
de transporte, próprio ou de terceiros.
Artigo 18 — Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou
indiretamente, nas coleções de água, desde que obedeçam às seguintes condições:
I — pH entre 5,0 (cinco inteiros) e 9,0 (nove inteiros);
II — temperatura inferior a 40°C (quarenta graus Celsius);
III — materiais sedimentáveis até 1,0 ml/l (um mililitro por litro) em teste de uma hora em "cone imhoff";
IV — substâncias solúveis em hexana até 100 mg/l (cem miligramas por litro);
V — DBO 5 dias, 20°C no máximo de 60 mg/l (sessenta miligramas por litro). Este limite somente
poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento de águas residuárias que reduza
a carga poluidora em termos de DBC 5 dias, 20°C do despejo em no mínimo 80% (oitenta por cento);
VI — concentrações máximas dos seguintes parâmetros:
a) Arsênico — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro);
b) Bário — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro);
c) Boro — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro);
d) Cádmio — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro);
e) Chumbo — 0,5 mg/l (cinco décimos de miligrama por litro);
f) Cianeto — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro);
g) Cobre — 1,0 mg/l (um miligrama por litro);
h) Cromo hexavalente — 0,1 mg/l (um décimo de miligrama por litro);
i) Cromo total — 5,0 mg/1 (cinco miligramas por litro);
j) Estanho — 4,0 mg/l (quatro miligramas por litro);
k) Fenol — 0,5 mg/l (cinco décimos de miligrama por litro);
l) Ferro solúvel (Fe+2) — 15,0 mg/l (quinze miligramas por litro);
m) Fluoretos — 10,0 mg/l (dez miligramas por litro);
n) Manganês solúvel (Mn+2) — 1,0 mg/l (um miligrama por litro);
o) Mercúrio — 0,01 mg/l (um centésimo de miligrama por litro);
p) Níquel — 2,0 mg/l (dois miligramas por litro);
q) Prata — 0,02 mg/l (dois centésimos de miligrama por litro);
r) Selênio — 0,02 mg/l (dois centésimos de miligrama por litro);
s) Zinco — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro);
VII — outras substâncias, potencialmente prejudiciais, em concentrações máximas a serem fixadas,
para cada caso, a critério da CETESB;
VIII — regime de lançamento contínuo de 24 (vinte e quatro) horas por dia, com variação máxima de
vazão de 50% (cinquenta por cento) da vazão horária média.
§ 1.º — Além de obedecerem aos limites deste artigo, os efluentes não poderão conferir ao corpo
receptor características em desacordo com o enquadramento do mesmo, na Classificação das Águas.
§ 2.° — Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes despejos ou emissões
individualizados, os limites constantes desta regulamentação aplicar-se-ão a cada um destes, ou ao
conjunto após a mistura., a critério da CETESB.
§ 3.° — Em caso de efluente com mais de uma substância potencialmente prejudicial, a CETESB
poderá reduzir os respectivos limites individuais, na proporção de número de substâncias presentes.

Artigo 19 — Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados em sistema
público de esgoto provido de estação de tratamento, se obedecerem às seguintes condições:
I — pH entre 5,0 (cinco inteiros) e 9,0 (nove inteiros);
I — temperatura inferior a 40°C (quarenta graus Celsius);
III — materiais sedimentáveis abaixo de 10 ml/1 (dez mililitros por litro) em prova de sedimentação de
1 (uma) hora em «cone imhoff»;
IV — substâncias solúveis em hexana inferiores a 100 mg/l (cem miligramas por litro);
V — concentrações máximas dos seguintes parâmetros:
a) Arsênico — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro);

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b) Cádmio — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro);
c) Chumbo — 0,5 mg/l (cinco décimos de miligrama, por litro);
d) Cianeto — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro);
e) Cobre — 1,0 mg/l (um miligrama por litro);
f) Cromo hexavalente — 0,5 mg/l (cinco décimos de miligrama por litro)
g) Cromo total — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro);
h) Estanho — 4,0 mg/l (quatro miligramas por litro)
i) Ferro solúvel (Fe2+) — 30,0 mg /l (trinta miligramas por litro)
j) Fenol — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro)
k) Fluoreto — 10,0 mg/l (dez miligramas por litro)
l) Mercúrio — 0,01 mg/l (um centésimo de miligrama por litro)
m) Níquel — 2,0 mg/l (dois miligramas por litro)
n) Prata — 0,1 mg/l (um décimo de miligrama por litro)
o) Selênio — 0,2 mg/l (dois décimos de miligrama por litro)
p) Sulfeto — 50,0 mg/l (cinquenta miligramas por litro)
q) Zinco — 5,0 mg/l (cinco miligramas por litro);
VI — outras substâncias potencialmente prejudiciais em concentrações máximas a serem fixadas, para
cada caso, a critério da CETESB;
VII — regime de lançamento contínuo de 24 (vinte e quatro) horas por dia com variação máxima de
50% (cinquenta por cento) da vazão horária média:
VIII — águas pluviais em qualquer quantidade;
IX — despejos que causem ou possam causar obstrução na rede ou qualquer interferência na própria
operação do sistema de esgotos.
§ 1.° — Para os sistemas públicos de esgotos desprovidos de estação de tratamento, serão aplicáveis
os padrões de emissão previstos no artigo 18, a critério da CETESB.
§ 2.° — No caso de óleos biodegradáveis de origem animal ou vegetal, o valor fixado no inciso IV deste
artigo poderá ser ultrapassado, fixando a CETESB o seu valor para cada caso, ouvido o órgão
responsável pela operação do sistema local de tratamento de esgotos.
§ 3.° — Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes despejos individualizados, os limites
constantes desta regulamentação aplicar-se-ão a cada um deles, ou ao conjunto após mistura, a critério
da CETESB.
§ 4.° — A vazão e respectiva carga orgânica, a serem recebidas pelos sistemas públicos de esgotos,
ficam condicionadas à capacidade do sistema existente.

TÍTULO III
Da Poluição ao Ar

CAPÍTULO I
Das Normas para Utilização e Preservação do Ar

SEÇÃO I
Das Regiões de Controle de Qualidade do Ar

Artigo 20 — Para efeito de utilização e preservação do ar, o território do Estado de São Pauto fica
dividido em 11 (onze) Regiões, denominadas Regiões de Controle de Qualidade do Ar — R C Q A.
§ 1.º — As regiões a que se refere este artigo deverão coincidir com as 11 (onze) Regiões
Administrativas do Estado, estabelecidas no Decreto estadual n.° 52.576, de 12 de dezembro de 1970, a
saber:
1 — Região da Grande São Paulo — R C Q A 1
2 — Região do Litoral — R C Q A 2
3 — Região do Vale do Paraíba — R C Q A 3
4 — Região de Sorocaba — R C Q A 4
5 — Região de Campinas — R C Q A 5
6 — Região de Ribeirão Preto — R C Q A 6
7 — Região de Bauru — R C Q A 7
8 — Região de São José do Rio Preto — R C Q A 8
9 — Região de Araçatuba — R C Q A 9
10 — Região de Presidente Prudente — R C Q A 10
11 — Região de Marília — R C Q A 11

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§ 2.º — Para a execução de programas de controle da poluição do ar, qualquer Região de Controle de
Qualidade do Ar poderá ser dividida em sub-regiões, constituídas de um, de dois ou mais Municípios, ou,
ainda, de parte de um ou de partes de vários Municípios.

Artigo 21 — Considera-se ultrapassado um padrão de qualidade do ar, numa Região ou Sub-Região


de Controle de Qualidade do Ar, quando a concentração aferida em qualquer das Estações Medidoras
localizadas na área correspondente exceder, pelo menos, uma das concentrações máximas
especificadas no artigo 29.

Artigo 22 — Serão estabelecidos por decreto padrões especiais de qualidade ao ar aos Municípios
considerados Estâncias Balneárias Hidrominerais ou Climáticas, inclusive exigências específicas para
evitar a sua deterioração

Artigo 23 — Considera-se saturada, em termos de poluição ao ar, uma Região ou Sub-Região, quando
qualquer valor máximo dos padrões de qualidade do ar nelas estiver ultrapassado.

Artigo 24 — Nas Regiões ou Sub-Regiões consideradas saturadas, a CETESB poderá estabelecer


exigências especiais para atividades que lancem poluente.

Artigo 25 — Nas Regiões ou Sub-Regiões ainda, não consideradas saturadas, será vedado ultrapassar
qualquer valor máximo do padrões de qualidade do ar.

SEÇÃO II
Das Proibições e Exigências Gerais

Artigo 26 — Fica proibida a queima ao ar livre de resíduos sólidos, líquidos ou de qualquer outro
material combustível, exceto mediante autorização prévia da CETESB, para:
I — treinamento de combate a incêndio;
II — evitar o desenvolvimento de espécies indesejáveis, animais ou vegetais, para proteçâo à
agricultura e à pecuária.

Artigo 27 — Fica proibida a instalação e o funcionamento de incineradores domiciliares ou prediais, de


quaisquer tipos.

Artigo 28 — A CETESB, nos casos em que se fizer necessário, poderá exigir:


I — a instalação e Operação de equipamentos automáticos de medição com registradores, nas fontes
de poluição do ar, para monitoramento das quantidades de poluentes emitidos, cabendo a esse órgão, à
vista dos respectivos registros, fiscalizar seu funcionamento;
II — que os responsáveis pelos fontes de poluição comprovem a quantidade e qualidade dos poluentes
atmosféricos emitidos, através de realização de amostragens em chaminé utilizando-se de métodos
aprovados pelo referido órgão;
III — que os responsáveis pelas fontes poluidoras construam plataformas e forneçam todos os
requisitos necessários à realização de amostragens em chaminés.

CAPÍTULO II
Dos Padrões

SEÇÃO I
Dos Padrões de Qualidade

Artigo 29 — Ficam estabelecidos para todo o território do Estado de São Paulo os seguintes Padrões
de Qualidade do Ar:
I — para partículas em suspensão:
a) 80 (oitenta) microgramas por metro cúbico, ou valor inferior — concentração média geométrica
anual; ou
b) 240 (duzentos e quarenta) microgramas por metro cúbico, ou valor inferior — concentração média
de 24 (vinte e quatro), horas consecutivas, não podendo ser ultrapassada mais de uma vez por ano:
II — para dióxido de enxofre:

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a) 80 (oitenta) microgramas por metro cúbico ou valor inferior — concentração média aritmética anual;
ou
b) 365 (trezentos e sessenta e cinco) microgramas por metro cúbico, ou valor inferior — concentração
média de 24 (vinte e quatro horas consecutivas não podendo ser ultrapassada mais de uma vez por ano;
III — para monóxido de carbono:
a) 10.000 (dez mil) microgramas por metro cúbico, ou valor inferior — concentração da máxima média
de 8 (oito) horas consecutivas, não podendo ser ultrapassada mais de uma vez por ano; ou
b) 40.000 (quarenta mil) microgramas por metro cúbico, ou valor inferior — concentração da máxima
média de 1 (uma) hora, não podendo ser ultrapassada mais de uma vez por ano;
IV — para oxidantes fotoquímicos: 160 (cento e sessenta) microgramas por metro cúbico, ou valor
inferior — concentração da máxima média de 1 (uma) hora, não podendo ser ultrapassada mais de uma
vez por ano.
§ 1.º — Todas as medidas devem ser corrigidas para a temperatura de 25°C (vinte e cinco graus
Celsius) e pressão de 760mm (setecentos e sessenta milímetros) de mercúrio.
§ 2.º — para a determinação de concentrações das diferentes formas de matéria, objetivando compará-
las com os padrões de qualidade do ar, deverão ser utilizados os métodos de análises e amostragem
definidos neste regulamento ou normas dele decorrentes, bem como Estações Medidoras localizadas
adequadamente, de acordo com critérios da CETESB.
§ 3.º — A frequência de amostragem deverá ser efetuada no mínimo por um período de 24 (vinte e
quatro) horas a cada 6 (seis) dias, para dióxido de enxofre e partículas em suspensão, e continuamente
para monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos.
§ 4.º — Os Padrões de Qualidade do Ar, para outras formas de matéria, serão fixados por decreto.

Artigo 30 — Para os fins do § 2.º do artigo anterior, ficam estabelecidos os seguintes Métodos:
I — para partículas em suspensão: Método de Amostrador de Grandes Volumes, ou equivalente,
conforme Anexo I deste regulamento;
II — para dióxido de enxofre: Método de Pararosanilina ou equivalente, conforme Anexo 2 deste
regulamento;
III — para monóxido de carbono: Método de Absorção de Radiação Infravermelho não Dispersivo, ou
equivalente, conforme Anexo 3 deste regulamento;
IV — para oxidantes fotoquímicos (como Ozona): Método da Luminescência Química, ou equivalente,
conforme Anexo 4 deste regulamento.
Parágrafo único — Consideram-se Métodos Equivalentes todos os Métodos de Amostragem de
Análise que testados pela CETESB, forneçam respostas equivalentes aos Métodos de referência
especificados nos Anexos deste regulamento, no que tange às características de confiabilidade,
especificidade, precisão exatidão, sensibilidade tempo de resposta, desvio de zero, desvio de calibração,
e de outras características consideráveis ou convenientes, a critério da CETESB.

SEÇÃO II
Dos Padrões de Emissão

Artigo 31 — Fica proibida a emissão de fumaça, por parte de fonte; estacionárias, com densidade
colorimétrica superior ao padrão l da Escala de Ringelmann, salvo por:
I — um único período de 15 (quinze) minutos por dia, para operação de aquecimento de fornalha;
II — um período de 3 (três) minutos, consecutivos ou não, em qualquer fase de 1 (uma) hora.
Parágrafo único — A emissão de fumaça com densidade superior ao padrão estabelecido neste artigo
não poderá ultrapassar 15 (quinze) minutos em qualquer período de 1 (uma) hora.
Artigo 32 — Nenhum veículo automotor a óleo diesel poderá circular ou operar no território do Estado
de São Paulo, emitindo, pelo cano de descarga fumaça com densidade colorimétrica superior ao padrão
n.° 2 da escala de Ringelmann, ou equivalente, por mais de 5 (cinco) segundos consecutivos, exceto para
partida a frio.
§ 1.º — A especificação do método de medida a que se refere este artigo, será fixada através de norma
a ser baixada pela CETESB.
§ 2.° — Caberá aos órgãos estaduais de fiscalização de trânsito, com orientação técnica da CETESB,
zelar pela observância de disposto neste artigo
Artigo 33 — Fica proibida a emissão de substâncias odoríferas na atmosfera, em quantidades que
possam ser perceptíveis fora dos limites da área de propriedade da fonte emissora.
Parágrafo único — A critério da CETESB, a constatação da emissão de que trata este artigo, será
efetuada:

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1) por técnicos credenciados da CETESB;
2) com referência às substâncias a seguir enumeradas, através de sua concentração no ar, por
comparação com o Limite de Percepção de Odor (LPO):

LPO
Substância PPM em Volume
01. Acetaldeído ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,21
02. Acetona ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...100,00
03. Ácido Acético ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...1,00
04. Ácido Butírico ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,001
05. Ácido Clorídrico Gasoso ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...10,0
06. Acrilato de Etila ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,00047
07. Acroleína ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,21
08. Acrilonitrila ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...21,4
09. Amônia ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...46,8
10. Anilina ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 1,0
11. Benzeno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...4,68
12. Bromo ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,047
13. Cloreto de Alila ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,47
14. Cloreto de Benzila ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,047
15. Cloreto de Metila ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...10,0
16. Cloreto de Metileno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...214,0
17. Cloro ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,314
18. Dicroreto de Enxofre ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,001
19. Dimetil Amina ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,047
20. Dimetilacetamida ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...46,8
21. Dimetilformamida ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...100,0
22. Dimetilsulfeto ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,001
23. Dissulfeto de Carbono ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,21
24. Estireno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,1
25. Etanol (sintético) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...10,0
26. Éter Difenílico ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,1
27. Etil Mercaptana ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,001
28. Fenol ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,0047
29. Formaldeído ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...1,0
30. Fosfina ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,021
31. Fosgênio (COCl2) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 1,0
32. Metacrilato de Metila ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,21
33. Metanol ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...100,0
34. Metil Etil Cetona ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...10,0
35. Metil Mercaptana ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,0021
36. Metilsobutil Cetona ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,47
37. Monoclorobenzeno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,21
38. Monometil Amina ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,021
39. Nitrobenzeno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,0047
40. Paracressol ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,001
41. Para-xileno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,47
42. Percloroetileno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...4,68
43. Piridina ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,021
44. Sulfeto de Benzila ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,0021
45. Sulfeto Difenílico ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 0,0047
46. Sulfeto de Hidrogênio (a partir de Dissulfeto de Sódio) ... ... 0,0047
47. Sulfeto de Hidrogênio (Gasoso) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 0,00047
48. Tetracloreto de Carbono (a partir da Cloração de Dissulfeto
de Carbono) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 21,4
49. Tetracloreto de Carbono (a partir da Cloração do Metano) 100,0
50. Tolueno Diisocianato ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...2,14
51. Tolueno (do Coque) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...4,68
52. Tolueno (do Petróleo) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...2,14

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
53. Tricloroacetaldeído ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,047
54. Tricloroetileno ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...21,4
55. Trimetil Amina ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...0,00021

SEÇÃO III
Dos Padrões de Condicionamento e Projeto para Fontes Estacionárias

Artigo 34 — O lançamento de efluentes provenientes da queima de combustíveis sólidos, líquidos ou


gasosos deverá ser realizado através de chaminé.
Artigo 35 — Toda fonte de poluição do ar deverá ser provida de sistema de ventilação local exaustora
e o lençamento de efluentes na atmosfera somente poderá ser realizado através de chaminé, salvo
quando especificado diversamente neste regulamento ou em normas dele decorrentes.
Parágrafo único — As operações, processos ou funcionamento dos equipamentos de britagem,
moagem, transporte, manipulação, carga e descarga de material fragmentado ou particulado, poderão
ser dispensados das exigências referidas neste artigo, desde que realizados a úmido, mediante processo
de umidificação permanente
Artigo 36 — O armazenamento de material fragmentado ou particulado deverá ser feito em silos
adequadamente vedados, ou em outro sistema de controle de poluição de ar de eficiência igual ou
superior, de molde a impedir o arraste, pela ação dos ventos, do respectivo material.

Artigo 37 — Em áreas cujo uso preponderante for residencial ou comercial, ficará a critério da CETESB
especificar o tipo de combustível a ser utilizado por novos equipamentos ou dispositivos de combustão.
Parágrafo único — Incluem-se nas disposições deste artigo os fornos de panificação e de restaurantes
e caldeiras para qualquer finalidade.

Artigo 38 — As substancias odoríferas resultantes das fontes a seguir enumeradas cieverãc ser
incineradas em pós-queimadores, operando a uma temperatura mínima de 750°C (setecentos e cinquenta
graus Celsius), em tempo de residência mínima de 0,5 (cinco décimos) segundos, ou por outro sistema
de controle de poluentes, de eficiência igual ou superior:
I — torrefação e resfriamento de café, amendoim, castanha de caju e cevada;
II — autoclaves e digestores utilizados em aproveitamento de matéria animal;
III — estufas de secagem ou cura para peças pintadas, envernizadas eu litografadas;
IV — oxidação de asfalto;
V — defumação de carnes ou similares;
VI — fontes de sulfeto de hidrogênio e mercaptanas;
VII — regeneração de borracha.
§ 1.° — Quando as fontes enumeradas nos incisos deste artigo se localizarem em áreas cujo uso
preponderante for residencial ou comercial, o pós-queimador deverá utilizar gás como combustível
auxiliar. Em outras áreas, ficará a critério da CETESB a definição do combustível.
§ 2° — Para efeito de fiscalização, o pós-queimador deverá estar provido de indicador ae temperatura
na câmara de combustão, em local de fácil visualização.

Artigo 39 — As emissões provenientes de incineradores de resíduos sépticos e cirúrgicos hospitalares


deverão ser oxidadas em pós-queimador que utilize combustível gasoso operando a uma temperatura
mínima de 850° C (oitocentos e cinquenta graus Celsius) e em tempo de residência mínima de 0,8 (oito
décimos) segundos, ou por outro sistema de controle de poluentes de eficiência igual ou superior.
Parágrafo único — Para fins de fiscalização, o pós-queimador a que se refere este artigo deverá conter
marcador de temperatura na câmara de combustão, em local de fácil visualização.

Artigo 40 — As operações de cobertura de superfícies realizadas por aspersão, tais como pintura ou
aplicação de verniz a revólver, deverão realizar-se em compartimento próprio, provido de sistema de
ventilação local exaustora e de equipamento eficiente para a retenção de material particulado.

Artigo 41 — As fontes de poluição, para as quais não foram estabelecidos padrões de emissão,
adotarão sistemas de controle de poluição do ar baseados na melhor tecnologia prática disponível para
cada caso.
Parágrafo único — A adoção da tecnologia preconizada neste artigo, será feita pela análise e
aprovação da CETESB de plano de controle apresentado por meio do responsável pela fonte de poluição,
que especificará as medidas a serem adotadas e a redução almejada para a emissão.

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
Artigo 42 — Fontes novas de poluição do ar, que pretendam instalar-se ou funcionar, quanto à
localização, serão:
I — obrigadas a comprovar que as emissões provenientes da instalação ou funcionamento não
acarretarão, para a Região ou Sub-Região tida como saturada, aumento nos níveis dos poluentes que as
caracterizem como tal;
II — proibidas de instalar-se ou de funcionar quanto, a critério da CETESB, houver o risco potencial a
que alude o inciso V do artigo 3.º de regulamento, ainda que as emissões provenientes de seu
processamento estejam enquadradas nos incisos I, II, III e IV do mesmo artigo.
§ 1.º — Para configuração do risco mencionado no inciso II, levar-se-á em conta a natureza da fonte,
bem como das construções, edificações ou propriedades, passíveis de sofrer os efeitos previstos no inciso
V do artigo 3.º.
§ 2.° — Ficará a cargo do proprietário da nova fonte comprovar, sempre que a CETESB o exigir, o
cumprimento do requisito previsto no inciso I.

CAPÍTULO III
Do Plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar

Artigo 43 — Pica instituído o Plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar, visando
providências dos Governos do Estado de São Paulo e dos Municípios, assim como de entidades privadas
e da comunidade em geral, com o objetivo de prevenir grave e iminente risco à saúde da população.
Parágrafo único — O Plano de Emergência referido neste artigo será executado pela CETESB e
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil — CEDEC.

Artigo 44 — Considera-se Episódio Crítico de Poluição do Ar a presença de altas concentrações de


poluentes na atmosfera em curto período de tempo resultante da ocorrência de condições meteorológicas
desfavoráveis à dispersão dos mesmos.

Artigo 45 — Para execução do Plano tratado neste Capítulo, ficam estabelecidos os Níveis de Atenção,
de Alerta e de Emergência.
§ 1.° — Para a declaração de qualquer dos Níveis enumerados neste artigo serão consideradas as
concentrações de dióxido de enxofre, material particulado, combinação de dióxido de enxofre e material
particulado, concentração de monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos, bem como as previsões
meteorológicas e os fatos e fatores intervenientes, previstos e esperados.
§ 1.º — As providências a serem tomadas a partir da ocorrência dos níveis de Atenção e de Alerta têm
por objetivo evitar o atingimento do Nível de Emergência.

Artigo 46 — Será declarado o Nível de Atenção quando, prevendo-se a manutenção das emissões,
bem como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro)
horas subsequentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir enumeradas:
I — concentração de dióxido de enxofre (SO2) média de 24 (vinte e quatro) horas, de 800 (oitocentos)
microgramas por metro cúbico;
II — concentração de material particulado, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 375 (trezentos e
setenta e cinco) microgramas por metro cúbico;
III — produto, igual a 65×10 m³, entre a concentração de dióxido de enxofre — (SO2) e a concentração
de material particulado — ambas em microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;
IV — concentração de monóxido de carbono (CO), média de 8 (oito) horas, de 17.000 (dezessete mil)
microgramas por metro cúbico;
V — concentração de oxidantes fotoquímicos, média de 1 (uma) hora, expressa em ozona, de 200
(duzentos) microgramas por metro cúbico.

Artigo 47 — Será declarado o Nível de Alerta quando, prevendo-se manutenção das emissões, bem
como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão de poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas
subsequentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir enumeradas:
I — concentração de dióxido de enxofre (SO2), média de 24 (vinte e quatro) horas, de 1.600 (hum mil
e seiscentos) microgramas por metro cúbico;
II — concentração de material particulado, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 625 (seiscentos e
vinte e cinco) microgramas por metro cúbico;
III — produto, igual a 261×10 m³, entre a concentração de dióxido de enxofre — (SO2) e a concentração
de material particulado — ambas em microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) noras;

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1431530 E-book gerado especialmente para CARLOS CAVALCANTE
IV — concentração de monóxido de carbono (CO), média de 8 (oito) horas, de 34.000 (trinta e quatro
mil) microgramas por metro cúbico;
V — concentração de oxidantes fotoquímicos, média de 1 (uma) hora, expressa em ozona, de 300
(oitocentos) microgramas por metro cúbico.

Artigo 48 — Será declarado o Nível de Emergência quando, prevendo-se a manutenção das emissões,
oem como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro)
horas subsequentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir enumeradas:
I — concentração de dióxido de enxofre (SO2), média de 24 (vinte e quatro) horas, de 2.100 (dois mil
e cem) microgramas por metro cúbico;
II — concentração de material particulado, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 875 (oitocentos e
setenta e cinco) microgramas por metro cúbico;
III — produto, igual a 393×10 m³, entre a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e a concentração
de material particulado — ambas as microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;
IV — concentração de monóxido de carbono (CO), média de 8 (oito) horas, de 46.000 (quarenta e seis
mil) microgramas por metro cúbico;
V — concentração de oxidantes fotoquímicos, média de 1 (uma) hora expressa em ozona, de 1.200
(hum mil e duzentos) microgramas por metro cúbico.

Artigo 49 — Caberá ao Secretário de Estado de Obras e do Meio Ambiente declarar os Níveis de


Atenção e de Alerta, e ao Governador o de Emergência, devendo as declarações efetuar-se por qualquer
dos meios usuais de comunicação de massa.

Artigo 50 — Durante a permanência dos estados de Níveis a que se refere este Capítulo, observada a
legislação federal pertinente, as fontes de poluição do ar ficarão, na área atingida, sujeitas às seguintes
restrições:
I — quando da declaração do Nível de Atenção, devido a monóxido de carbono e/ou oxidantes
fotoquímicos, deverá ser evitado o uso desnecessário de automóveis particulares;
II — quando da declaração do Nível de Atenção, devido a matérial particulado e/ou dióxido de enxofre;
a) a limpeza de caldeiras por sopragem somente poderá realizar-se das 12:00 às 16:00 horas;
b) os incineradores somente poderão ser utilizados das 12:00 às 16:00 horas;
c) deverão ser adiados o início de novas operações e processamentos industriais e o reinicio dos
paralisados para manutenção ou por qualquer outro motivo;
d) deverão ser eliminadas imediatamente pelos responsáveis as emissões de fumaça preta por fontes
estacionárias, fora dos padrões legais, bem como a queima de qualquer material ao ar livre;
III — quando da declaração do Nível de Alerta, devido a monóxido de carbono e/ou oxidantes
fotoquímicos, será restringido o uso de automóveis particulares, na área atingida;
IV — quando da declaração do Nível de Alerta, devido a dióxido de enxofre e/ou partículas em
suspensão:
a) ficarão proibidas de funcionar as fontes estacionárias de poluição do ar que estiverem em desacordo
com o presente regulamento, mesmo dentro do prazo para enquadramento;
b) ficarão proibidos a limpeza de caldeiras por sopragem e o uso de incineradores;
c) deverão ser imediatamente extintas as queimas de qualquer tipo, ao ar livre;
d) deverão ser imediatamente paralisadas por seus responsáveis as emissões, por fontes
estacionárias, de fumaça preta fora dos padrões legais;
e) proibir-se-á a entrada ou circulação, em área urbana, de veículos a óleo diesel emitindo fumaça
preta fora dos padrões legais, salvo se transportarem passageiros ou carga perecível;
V — quando da declaração do Nível de Emergência, devido a monóxido de carbono e/ou oxidantes
fotoquímicos, fica proibida a circulação de veículos a gasolina nas áreas atingidas;
VI — quando da declaração do Nível de Emergência, devido a dióxido de enxofre e/ou material
particulado:
a) fica proibido o processamento industrial, que emita poluentes;
b) fica proibida a queima de combustível líquidos e sólidos em fontes estacionárias; e
c) fica proibida a circulação de veículos a óleo diesel.
Parágrafo único — Em casos de extrema necessidade, a critério da CETESB, poderão ser feitas
exigências complementares.
TÍTULO IV
Da Poluição do Solo

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Artigo 51 — Não é permitido depositar, dispor, descarregar, enterrar, infiltrar ou acumular no solo
resíduos, em qualquer estado da matéria, desde que poluentes, na forma estabelecida no artigo 3.° deste
regulamento.

Artigo 52 — O solo somente poderá ser utilizado para destino final de resíduos de qualquer natureza,
desde que sua disposição seja feita de forma adequada, estabelecida em projetos específicos de
transporte e destino final, ficando vedada a simples descarga ou depósito, seja em propriedade pública
ou particular.
Parágrafo único — Quando a disposição final, mencionada neste artigo, exigir a execução de aterros
sanitários, deverão ser tomadas medidas adequadas para proteção das águas superficiais e
subterrâneas, obedecendo-se normas a serem expedidas pela CETESB.

Artigo 53 — Os resíduos de qualquer natureza, portadores de patogênicos, ou de alta toxicidade, bem


como inflamáveis, explosivos, radioativos e outros prejudiciais, a critério da CETESB, deverão sofrer,
antes de sua disposição final no solo, tratamento e|ou condicionamento adequados, fixados em projetos
específicos, que atendam aos requisitos de proteção de meio ambiente.

Artigo 54 — Ficam sujeitos à aprovação da CETESB os projetos mencionados nos artigos 52 e 53,
bem como a fiscalização de sua implantação, operação e manutenção.

Artigo 55 — Somente será tolerada a acumulação temporária de resíduos de qualquer natuieza na


fonte de poluição ou em outros locais, desde que não ofereça risco de poluição ambiental.

Artigo 56 — O tratamento, quando for o caso, o transporte e a disposição de resíduos de qualquer


natureza, de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviços quando não forem de
responsabilidade do Município, deverão ser feitos pela própria fonte de poluição.
§ 1° — A execução, pelo Município, das serviços mencionados neste artigo, não eximirá a
responsabilidade da fonte de poluição, quanto a eventual transgressão de normas deste regulamento,
específicas dessa atividade.
§ 2.° — O disposto neste artigo aplica-se também aos lodos, digeridos ou não, de sistemas de
tratamento de resíduos e de outros materiais.

TÍTULO V
Das Licenças e do Registro

CAPÍTULO I
Das Fontes de Poluição

Artigo 57 — Para efeito de obtenção das licenças de instalação e de funcionamento, consideram-se


fontes de poluição:
I — atividades de extração e tratamento de minerais;
II — atividades industriais;
III — serviços de reparação, manutenção e conservação, ou qualquer e atividade comercial ou de
serviços, que utilizem processos ou operações de cobertura de superfícies metálicas e não metálicas,
oem como de pintura ou galvanotécnicos, excluídos os serviços de pintura de prédios e similares;
IV — sistemas públicos de tratamento ou de disposição final de resíduos ou materiais, sólidos, líquidos
ou gasosos;
V — usina de concreto e concreto asfáltico instaladas transitoriamente, para efeito de construção civil,
pavimentação e construção de estradas e de obras de arte;
VI — atividades que utilizem combustível sólido, liquido ou gasoso para fins comerciais ou de serviços
executados os serviços de transporte de passageiros e cargas;
VII — atividades que utilizem incinerador ou outro dispositivo para queima de lixo e materiais, ou
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos;
VIII — serviços de coleta transporte e disposição final de lodos ou materiais retidos em estações, bem
como dispositivos de tratamento de água, esgotos, ou de resíduo líquido industrial;
IX — hospitais e casas de saúde, laboratórios radiológicos, laboratórios de analises clínicas e
estabelecimentos de assistência médico-hospitalar;
X — todo e qualquer loteamento de imóveis, independentemente do fim a que se destine;

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Parágrafo único — A nomenclatura adotada nos incisos l, II e III deste artigo compreende as atividades
relacionadas; nos códigos 00 a 30 inclusive, e 53, do Código de Atividades do Centro de Informações
Econômico-Fiscais, da Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.

CAPÍTULO II
Das Licenças de Instalação

Artigo 58 — Dependerão de prévia licença de instalação:


I — os loteamentos:
II — a construção reconstrução ou reforma de prédio destinado à instalação de uma fonte de poluição;
III — a instalação de uma fonte de poluição em prédio já construído;
IV — a instalação, a ampliação ou alteração de uma fonte de poluição.

Artigo 59 — A licença de instalação deverá ser requerida pelo interessado diretamente à CETESB,
mediante:
I — pagamento do preço estabelecido no Capítulo V, do Título V, deste regulamento;
II — apresentação de certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de instalação
estão conformes com sitas leis e regulamentos administrativos;
III — apresentação de memoriais e informações que forem exigidos.

Artigo 60 — Não será expedida licença de instalação quando houver indícios ou evidência de que
ocorrerá lançamento ou liberação de poluentes nas águas, no ar ou no solo.

Artigo 61 — Os órgãos da Administração centralizada ou descentralizada do Estado e dos Municípios


deverão exigir a apresentação das licenças de instalação de que trata este Capítulo, antes de aprovarem
projetos ou de fornecerem licenças ou alvarás, de qualquer tipo, para as fontes de poluição relacionadas
no artigo 57, com exceção do inciso IV, sob pena de nulidade do ato.

CAPÍTULO III
Das Licenças de Funcionamento

Artigo 62 — Dependerão de licença de funcionamento:


I — a utilização de prédio de construção nova ou modificada, destinado a instalação de uma fonte de
poluição;
II — o funcionamento ou a operação de fonte de poluição em prédio já construído;
III — o funcionamento ou a operação de uma fonte de poluição instalada, ampliada ou alterada;
IV — o funcionamento ou a operação de sistema de tratamento ou de disposição final de resíduos ou
materiais sólidos, líquidos ou gasosos.
Parágrafo único — Estão dispensadas da licença de funcionamento, as fontes relacionadas nos incisos
VIII e X do artigo 57.

Artigo 63 — A licença de funcionamento deverá ser requerida pelo interessado diretamente à CETESB,
mediante:
I — pagamento de prece estabelecido nc Capítulo V, do Título V, deste regulamento;
II — apresentação da licença de instalação.
Parágrafo único — Dispensar-se-á licença de instalação da lonte de poluição, para efeito deste artigo,
se a mesma já tiver sido aprovada antes da vigência deste regulamento.

Artigo 64 — Poderá ser fornecida licença de funcionamento a título precário, com validade nunca
superior a 6 (seis) meses, nos casos em que for necessário o funcionamento ou operação da fonte, para
teste de eficiência do sistema de controle de poluição do meio ambiente.

Artigo 65 — Não será fornecida licença de funcionamento quando não tiverem sido cumpridas todas
as exigências feitas por ocasião da expedição da licença de instalação, ou quando houver indício ou
evidência de liberação ou lançamento de poluentes nas águas, no ar ou no solo.

Artigo 66 — Os órgãos da administração centralizada ou descentralizada do Estado e dos Municípios


deverão exigir a apresentação das licenças de funcionamento de crue trata este Capítulo, antes de

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concederem licença ou alvará de funcionamento para as fontes de poluição relacionadas no artigo 57,
com exceção de seus incisos IV, VIII e X, sob pena de nulidade do ato.

CAPÍTULO IV
Do Registro

Artigo 67 — As fontes de poluição enumeradas nos incisos I, lI III, VI, VII, VIII e IX do artigo 57,
existentes na data ae vigência á este regulamento, ficam obrigadas a registrar-se na CETESB e a obter
licença de funcionamento.

Artigo 68 — Para fins do disposto no artigo anterior, a convocação será feita por publicação na
imprensa oficial.
Parágrafo único — A convocação fixará prazo e estabejecerá condições para obtenção do registro e
licença de que trata o artigo anterior.

Artigo 69 — Não serão expedidas licenças de funcionamento a fontes de poluição que lançarem ou
liberarem poluentes nas águas, no ar ou no solo.

CAPÍTULO V
Dos Preços para Expedição de Licenças

Artigo 70 — O preço para expedição de licenças de instalação e de funcionamento será cobrado


separadamente.

Artigo 71 — O preço para expedição das licenças de instalação, para todo e qualquer loteamento de
imóveis, será cobrado em função da seguinte fórmula:
P = F√A,
onde
P = Preço a ser cobrado, em UPC
F = Valor fixo igual a 0,1
√A = Raiz quadrada da soma das áreas dos lotes, em m² (metros quadrados).

Artigo 72 — O preço para expedição das licenças de instalação, para todo e qualquer sistema público
de tratamento ou disposição final de resíduos, ou de materiais, sólidos, líquidos ou gasosos, será cobrado
em função da seguinte fórmula:
P = F × C, onde
P = Preço a ser cobrado, em cruzeiros
F = Valor fixo igual a 0,5/100
C = Custo do empreendimento
Parágrafo único — Nos casos em que a CETESB atuar como órgão técnico da entidade financiadora
do empreendimento, o responsável pelo sistema estará isento de pagamento.

Artigo 73 — O preço para expedição das licenças de instalação, para todo e qualquer serviço de coleta,
transporte e disposição final de lodos ou materiais retidos em estações, bem como dispositivos de
tratamento de água, esgotos ou resíduos líquidos industriais, será cobrado em função da seguinte
fórmula: P = F, onde
P = Preço a ser cobrado, em UPC
F = Valor fixo igual a 30.

Artigo 74 — O preço para expedição das licenças tit instalação, para as fontes de poluição constantes
aos incisos I, II, III, V, VI, VII IX do artigo 57 será cobrado em função da seguinte fórmula:
P = F1 + F2 × W × √A, onde
P — Preço a ser cobrado, em UPC
F1 = Valor fixo igual a 13
F2 = Valor fixo igual a 0,3
W = Fator de complexidade da fonte de poluição, constante do Anexo 5 deste regulamento
√A = Raiz quadrada da área da fonte de poluição.
Parágrafo único — Para efeito da aplicação deste artigo, considera-se área integral da fonte de
poluição o seguinte:

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1) área total construída, mais a área ao ar livre ocupada para armazenamento de materiais e para
operações e processmentos industriais, quando se tratar de fontes de poluição constantes dos incisos I,
II, III, V, VI e IX do artigo 57;
2) área de terreno ou local a ser ocupado por incinerador ou por outro dispositivo de queima de lixo e
de materiais ou resíduos, sólidos, líquidos ou gasosos.

Artigo 75 — O preço para expedição das licenças de funcionamento será cobrado segunde as mesmas
fórmulas utilizadas para cálculo dos preços para expedição das licenças de instalação.

TÍTULO VI
Da Fiscalização e da Sanções

CAPÍTULO I
Da Fiscalização

Artigo 76 — A fiscalização do cumprimento do disposto neste regulamento e das normas dele


decorrentes, será exercida por agentes credenciados da CETESB

Artigo 77 — No exercício da ação fiscalizadora, ficam asseguradas aos agentes credenciados na


CETESB a entrada, a qualquer dia ou hora, e a permanência pelo tempo que se tornar necessário, em
estaoelecimentos públicos ou privados
Parágrafo único — Os agentes, quando obstados, poderão requisitar força policial para o exercício de
suas atribuições em qualquer parte do território do Estado.

Artigo 78 — Aos agentes credenciados compete:


I — efetuar vistorias em geral, levantamentos e avaliações;
II — verificar a ocorrência de infrações e propor as respectivas penalidades;
III — lavrar de imediato o auto de inspeção, fornecendo cópia ao interessado;
IV — intimar por escrito as entidades poluidoras, ou potencialmente poluidoras, a prestarem
esclarecimentos em local e data previamente fixados.

Artigo 79 — As fontes de poluição ficam obrigadas a submeter a CETESB quando solicitado, o plano
completo do lançamento de resíduos líquidos, sólidos ou gasosos.
Parágrafo único — Para efeito do disposto neste artigo, poder-se-á exigir a apresentação de detalhes,
fluxogramas, memoriais, informações, plantas e projetos bem como linhas completas de produção, com
esquema de marcha das matérias-primas beneficiadas e respectivos produtos, sub-produtos e resíduos,
para cada operação, com demonstração da quantidade, qualidade, natureza e composição de uns e de
outros assim como o consumo de água.

CAPÍTULO II
Das Infrações e das Penalidades

Artigo 80 — Aos infratores das disposições da Lei n.º 997, de 31 de maio de 1976, deste regulamento
e das demais normas dele decorrentes, serão aplicadas as seguintes penalidades:
I — advertência;
II — multa não inferior ao valor de 5 UPCs (cinco Unidades-Padrão de Capital) e não superior ao de
45 UPCs (quarenta e cinco Unidades-Padrão de Capital) por dia em que persistir a infração;
III — interdição temporária ou definitiva.

Artigo 81 — Para efeito de aplicação das penalidades a que se refere o artigo anterior, as infrações
classificam-se em:
I — leves — as esporádicas e que não causem risco ou dano à saúde, à flora, à fauna ou aos materiais,
nem provoquem alterações sensíveis no meio ambiente;
II — graves — as que se não enquadrem nas duas outras classificações;
III — gravíssimas — as que causem perigo ou dano à saúde pública, bem como as que infrinjam o
disposto no artigo 5.º da Lei n.° 997, de 31 de maio de 1976.
§ 1.º — Na aplicação das penalidades de que trata este artigo, serão levados em consideração, como
circunstâncias atenuantes ou agravantes, os antecedentes do infrator com relação às disposições da
legislação de controle da poluição ambiental.

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§ 2.º — Serão ainda consideradas agravantes:
1) obstar ou dificultar a ação fiscalizadora da CETESB;
2) deixar de comunicar a ocorrência de acidente que ponha em risco o meio ambiente.
3) praticar infrações durante a vigência do Plano de Emergência disciplinado no Título III deste
regulamento.

Artigo 82 — Responde pela infração quem de qualquer modo a cometer, concorrer para a sua prática,
ou dela se beneficiar.

Artigo 83 — A penalidade de advertência será aplicada quando se tratar de primeira infração de


natureza leve ou grave, devendo, na mesma oportunidade, quando for o caso, fixar-se prazo para que
sejam sanadas as irregularidades apontadas.
Parágrafo único — Quando se tratar de infração de natureza leve e consideradas as circunstâncias
atenuantes do caso, poderá, a critério da CETESB ser aplicada a penalidade de advertência, mesmo que
outras já tenham sido impostas ao infrator.

Artigo 84 — Na aplicação das multas de que trata o inciso II do artigo 80, serão observados os
seguintes limites:
I — de 5 UPCs (cinco Unidades — Padrão de Capital) a 13 UPCs (treze Unidades — Padrão de Capital)
no caso de infração considerada leve;
II — de 14 UPCs (catorze Unidades — Padrão de Capital) a 45 UPCs (quarenta e cinco Unidades —
Padrão de Capital), nos casos de infração considerada grave.

Artigo 85 — Será aplicada multa diária, quando a irregularidade não for sanada após o decurso do
prazo concedido para sua correção.
Parágrafo único — Nos casos em que a infração não for continuada a multa aplicada será de valor
equivalente a de um dia.

Artigo 86 — No caso de aplicação de multa diária, poderá, a critério da CETESB, ser concedido novo
prazo para correção das irregularidades apontadas desde que requerido fundamentalmente pelo infrator,
sustando-se, durante o decorrer do prazo, se concedido, a incidência da multa.

Artigo 87 — A aplicação da multa diária cessará mediante comunicação escrita do infrator de que
foram tomadas as providências exigidas.
Parágrafo único — Após a comunicação mencionada neste artigo feita, quando for o caso, uma
inspeção por agente credenciado, retroagindo o termo final de aplicação da penalidade à data da
comunicação, se constatada a veracidade da mesma.

Artigo 88 — Nos casos de reincidência, a multa será aplicada pelo valor correspondente ao dobro da
anteriormente imposta.
§ 1.º — Caracteriza-se a reincidência quando for cometida nova infração da mesma natureza.
§ 2.° — A primeira irregularidade, desde que corrigida no prazo fixado, não constituirá elemento para
configurar reincidência.

Artigo 89 — A penalidade de interdição temporária ou definitiva, observada a legislação federal


pertinente, será aplicada nos casos de infração gravíssima ou a critério da CETESB, a partir da terceira
reincidência.
§ 1.º — A aplicação da penalidade de interdição temporária implicará na suspensão da licença de
funcionamento.
§ 2.° — A aplicação da penalidade de interdição definitiva implicará na cassação da licença de
funcionamento.
§ 3.º — A penalidade de interdição, temporária ou definitiva, será aplicada sem prejuízo das sanções
penais cabíveis.

Artigo 90 — No caso de resistência, a interdição será efetuada com requisição de força policial.
Parágrafo único — Na hipótese deste artigo, a fonte poluidora ficara sob custódia policial, até sua
liberação pela CETESB.

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Artigo 91 — Quando da aplicação da penalidade de interdição, o agente poluidor será o único
responsável pelas consequências da medida, não cabendo quaisquer pagamentos ou indenizações, por
parte da CETESB.
Parágrafo único — Todos os custos ou despesas decorrentes da aplicação da penalidade de interdição
correrão por conta do infrator.

CAPÍTULO III
Do Procedimento Administrativo

SEÇÃO I
Da Formalização das Sanções

Artigo 92 — Constatada a irregularidade, será lavrado o auto de infração, em 3 (três) vias, no mínimo,
destinando-se a primeira ao autuado e as demais à formação do processo administrativo, devendo aquele
instrumento conter:
I — o nome da pessoa física ou jurídica autuada, com o respectivo endereço;
II — o fato constitutivo da infração e o local, hora e data respectivos;
III — a disposição legal ou regulamentar em que se fundamenta a autuação;
IV — a penalidade aplicada e, quando for o caso, prazo para correção da irregularidade;
V — a assinatura da autoridade competente.
Parágrafo único — O autuado tomará ciência do auto de infração pessoalmente, por seu representante
legal ou preposto, ou por carta registrada.

Artigo 93 — A penalidade de advertência será aplicada por agente credenciado da CETESB.

Artigo 94 — A penalidade de multa será aplicada pelo gerente da área competente da mesma entidade.

Artigo 95 — A penalidade de interdição, temporária ou definitiva, será aplicada pelo Secretário de


Obras e do Meio Ambiente, por proposta da Diretoria da CETESB.

Artigo 96 — A critério da autoridade competente, poderá ser concedido prazo para correção da
irregularidade apontada no auto de infração.
§ 1.º — o prazo concedido poderá ser dilatado, desde que requerido íundamentadamente pelo infrator,
antes de vencido o prazo anterior.
§ 2.º — Das decisões que concederem ou denegarem prorrogação, será dada ciência ao infrator.

SEÇÃO II
Do Recolhimento das Multas

Artigo 97 — As multas previstas neste regulamento deverão ser recolhidas pelo infrator dentro de 20
(vinte) dias, contados da ciência da Notificação para Recolhimento da Multa, sob pena de inscrição como
dívida ativa.

Artigo 98 — O recolhimento referido no artigo anterior deverá ser feito em qualquer agência do Banco
do Estado de São Paulo S/A., a favor da CETESB, mediante guia a ser fornecida pela seção competente.
Parágrafo único — Na falta de agência do Banco do Estado de São Paulo S/A., as multas poderão ser
recolhidas na Caixa Econômica do Estado de São Paulo S/A ou em estabelecimento bancário autorizado.

Artigo 99 — O não recolhimento da multa no prazo fixado no artigo 97, além de sujeitar o infrator à
decadência do direito de recurso, acarretará sobre o débito:
I — correção monetária de seu valor, a partir do segundo mês subsequente ao da imposição da multa;
II — acréscimo de 1,1/2% (um e meio por cento), a partir do mês subsequente ao do vencimento do
prazo fixado para o recolhimento;
III — acréscimo de 20% (vinte por cento), quando inscrito para cobrança executiva.
§ 1º — A correção monetária mencionada no inciso I será determinada com base nos coeficientes de
atualização adotados pela Secretaria da Fazenda para os débitos fiscais de qualquer natureza, vigorantes
no mês em que ocorrer o pagamento do débito.
§ 2º — Os acréscimos referidos nos incisos II e III incidirão sobre o valor do débito atualizado
monetariamente, nos termos do inciso I.

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Artigo 100 — Nos casos de cobrança judicial, a CETESB encaminhará os processos administrativos
ao Departamento de Águas e Energia Elétrica, para que este proceda à inscrição da dívida e execução.

CAPÍTULO IV
Dos Recursos

Artigo 101 — Os recursos, que não terão efeito suspensivo, serão interpostos dentro de 20 (vinte) dias,
contados da ciência do auto de infração.

Artigo 102 — Os recursos, instruídos com todos os elementos necessários ao seu exame, dieverão
ser dirigidos ao Superintendente da área competente da CETESB, quando se tratar de aplicação das
penalidades de advertência e multa, e ao Governador do Estado, quando se tratar de interdição.

Artigo 103 — Não serão conhecidos os recursos que deixarem de vir acompanhados de cópia
autenticada da guia de recolhimento da multa.
Parágrafo único — No caso de aplicação de muita diária, o recolhimento a que se refere este artigo
deverá ser efetuado pela importância pecuniária correspondente ao período compreendida entre a data
do auto de infração e a da interposição do recurso.

Artigo 104 — Os recursos encaminhados por via postal deverão ser registrados com «Aviso de
Recebimento» e dar entrada na CETESB dentro do prazo fixado no artigo 101, valendo, para esse efeito,
o comprovante do recebimento do correio.

Artigo 105 — Os recursos serão decididos depois de ouvida a autoridade recorrida, que poderá
reconsiderar sua decisão.

Artigo 106 — As restituições de muita resultantes da aplicação do presente regulamente serão


efetuadas, sempre, pelo valor recolhido, sem quaisquer acréscimos.
Parágrafo único — As restituições mencionadas neste artigo deverão ser requeridas ao
Superintendente de Administração da CETESB, através de petição, que deverá ser instruída com:
1) nome do infrator e seu endereço;
2) número do processo administrativo a que se refere a restituição pleiteada;
3) cópia da guia de recolhimento; e
4) comprovante do acolhimento do recurso apresentado.

Artigo 107 — Caberá pedido de reconsideração do não acolhimento da comunicação prevista no artigo
87, desde que formulado dentro de 10 (dez) dias, contados da ciência da decisão da CETESB,
comprovada, de maneira inequívoca, a cessação da irregularidade.

TÍTULO VII
Das Disposições Finais

Artigo 108 — Na contagem dos prazos estabelecidos neste regulamento, excluir-se-á o dia do início e
incluir-se-á o do vencimento, prorrogando-se este, automaticamente, para o primeiro dia útil, se recair em
dia sem expediente na CETESB.

Artigo 109 — Na elaboração de Planos Diretores Urbanos ou Regionais, bem como no estabelecimento
de distritos ou zonas industriais, deverá ser previamente ouvida a CETESB, quanto aos assuntos de sua
competência, tendo em vista a preservação do meio ambiente.

Artigo 110 — Os veículos novos com motor a explosão por faísca só poderão ser comercializados por
seus fabricantes, no território do Estado de São Paulo, desde que não emitam monóxido de carbono,
hidrocarbonetos ou óxido de nitrogênio, este expresso em dióxido de nitrogênio, pelo cano de descarga,
respiro do cárter ou por evaporação de combustível, em quantidades superiores aos padrões de emissão
fixados.

Artigo 111 — Os veículos com motor a explosão por faísca, atualmente em uso, só poderão circular
no Estado de São Paulo, desde que não emitam monóxido de carbono ou hidrocarbonetos, pelo cano de
descarga, em quantidades superiores aos padrões de emissão fixados.

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Artigo 112 — Os padrões de emissão de que tratam os artigos anteriores, bem como os métodos de
medida e demais procedimentos de testes serão fixados em decreto.

Artigo 113 — Os arruamentos e loteamentos deverão ser previamente aprovados pela CETESB, que
poderá exigir projeto completo de sistema de abastecimento de água, de escoamento de águas pluviais,
de coleta de disposição de esgotos sanitários, compreendendo instalações para tratamento ou
depuração.

Artigo 114 — A CETESB concederá prazo adequado para que as atuais fontes de poluição atendam
às normas deste regulamento, desde que possuam e venham operando regularmente instalações
adequadas e aprovadas de controle de poluição.

Artigo 115 — Serão fixados por decretos específicos os padrões de condicionamento e projeto, assim
como outras normas para preservação de recursos hídricos e as referentes à poluição causada por ruídos
e radiações ionizantes.

Questões

01. (VUNESP - Analista Ambiental - Engenheiro Sanitarista – CETESB) A amostra do efluente de


uma determinada indústria de alimentos teve o seguinte resultado da análise de determinação de
nitrogênio amoniacal: 30 mg/L. No artigo 34 da Resolução CONAMA n.º 357 de 2005, o padrão de
lançamento está definido em 20 mg/L. No Decreto Estadual n.º 8.468 de 1976, não há definição para este
parâmetro. Na esfera do município onde está sediada a planta da indústria, tampouco há legislação
específica. Diante disso, é correta a decisão de

(A) lançar o efluente, porque a falha é do poder legislativo federal.


(B) lançar o efluente, porque a indústria responde ao órgão local, ou seja, do município onde se situa,
o qual não oferece restrição para o corpo d’água em questão.
(C) lançar o efluente, porque nitrogênio amoniacal é um parâmetro que não se aplica a resíduos de
alimentos.
(D) não lançar o efluente, porque na hierarquia das leis, resoluções prevalecem sobre decretos,
independentemente do valor do padrão.
(E) não lançar o efluente, porque prevalece o padrão federal, que é restritivo para nitrogênio amoniacal.

02. (VUNESP – Advogado – CETESB) De acordo com o Decreto n.º 8.468/76, que aprova o
regulamento da Lei n.º 997/76, e dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente,
analise as assertivas a seguir.
I. Fica proibido o lançamento ou a liberação de poluentes nas águas, no ar ou no solo.
II. A instalação e o funcionamento de incineradores, domiciliares ou prediais, depende de aprovação
da CETESB.
III. O planejamento preliminar de uma fonte de poluição dependerá de licença prévia, que deverá conter
os requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação.
IV. Não será expedida Licença de Instalação quando houver indícios ou evidência de que ocorrerá
lançamento ou liberação de poluentes nas águas, no ar ou no solo.
V. A imposição de penalidade de interdição, se definitiva, acarreta a suspensão da licença de
funcionamento.

Está correto o contido em


(A) I, II e III.
(B) II, III e IV.
(C) I, IV e V.
(D) I, III e IV.
(E) II, IV e V.

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03. (ADASA – Advogado – FUNIVERSA) Não se considera saneamento básico
(A) o abastecimento de água potável.
(B) o esgotamento sanitário.
(C) a limpeza urbana e manejo de resíduos tóxicos.
(D) a drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
(E) o manejo dos recursos hídricos.

04. (FCC - SEGEP-MA - Analista Ambiental – Bioquímico) As diretrizes nacionais para o


saneamento básico, prevê que
(A) a responsabilidade do prestador dos serviços públicos, no que se refere ao controle da qualidade
da água para consumo humano, resulta em economia aos cofres públicos porque dispensa a vigilância
da qualidade da água por parte da autoridade de saúde pública.
(B) o Ministério da Saúde definirá os parâmetros e padrões de potabilidade da água, bem como
estabelecerá os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da
água para consumo humano.
(C) o documento de cobrança, relativo à remuneração pela prestação de serviços de saneamento
básico ao usuário final, não precisa conter informações mensais sobre a qualidade da água entregue aos
consumidores, pois são dados técnicos.
(D) constituem serviço público as ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade privada,
incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador.
(E) as coletas de amostras e as análises de efluentes líquidos e em corpos hídricos devem ser
realizadas apenas por laboratórios acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial − INMETRO.

05. (IBGP - CISSUL – MG - Médico do Trabalho) São serviços de competência da direção municipal
do Sistema Único de Saúde, EXCETO:
(A) Vigilância epidemiológica.
(B) Previdência.
(C) Vigilância sanitária.
(D) Saneamento básico.

06. (FUNCAB - SEPLAG-MG – Direito) Sobre os serviços públicos de saneamento básico, é correto
afirmar que:
(A) é vedada a cobrança pela prestação do serviço público de manejo de águas pluviais urbanas.
(B) os serviços públicos de abastecimento de água devem ser remunerados, preferencialmente, pela
cobrança de taxas.
(C) poderão, excepcionalmente , ter a sustentabilidade econômico-financeira assegurada pela
cobrança dos serviços.
(D) poderão ser adotados subsídios tarifários para localidades que não tenham escala econômica
suficiente para cobrir o custo integral do serviço.

07. (FUNCAB - SEPLAG-MG - Gestão Pública) Sobre os serviços públicos de saneamento básico, é
correto afirmar que:
(A) poderão, excepcionalmente , ter a sustentabilidade econômico-financeira assegurada pela
cobrança dos serviços.
(B) poderão ser adotados subsídios tarifários para localidades que não tenham escala econômica
suficiente para cobrir o custo integral do serviço.
(C) é vedada a cobrança pela prestação do serviço público de manejo de águas pluviais urbanas.
(D) os serviços públicos de abastecimento de água devem ser remunerados, preferencialmente, pela
cobrança de taxas.

08. (FUNIVERSA – ADASA - Regulador de Serviços Públicos) Acerca do saneamento básico e


domiciliar, assinale a alternativa incorreta.
(A) A ampliação e operação de sistemas de saneamento básico dependem de prévia aprovação dos
respectivos projetos pela Secretaria do Meio Ambiente.
(B) A competência para promoção de medidas de saneamento básico e domiciliar residencial é
exclusiva do Estado.
(C) Os esgotos sanitários deverão ser coletados, tratados e deverão receber destinação adequada, de
forma a se evitar contaminação de qualquer natureza.

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(D) É proibida a instalação de rede de esgotos sem a respectiva estação de tratamento.
(E) É obrigatória a incineração de lixo hospitalar, bem como sua adequada coleta e transporte, sempre
obedecendo às normas técnicas pertinentes.

09. (IBFC - SES-PR - Inspetor de Saneamento) São condições consideradas inadequadas em


saneamento básico, EXCETO:
(A) Coleta de esgotos, não seguido de tratamento, com lançamento direto em rios.
(B) Destinação final dos resíduos em lixão a céu aberto próximo a corpos d’água.
(C) Utilização de cisterna de captação de água de chuva para consumo humano sem segurança
sanitária.
(D) Fornecimento de água potável, dentro dos padrões de potabilidade, por rede de distribuição.

10. (VUNESP - Prefeitura de Várzea Paulista – SP - Procurador Jurídico) Resolvi errado


A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico é caracterizada por:
(A) um único prestador do serviço para vários municípios, contíguos ou não.
(B) uniformidade de fiscalização e regulação dos serviços, exceto a sua remuneração.
(C) no exercício das atividades de planejamento dos serviços, o titular receber cooperação técnica da
União.
(D) ser realizada, apenas, por empresa pública ou sociedade de economia mista.
(E) obedecer ao plano de saneamento básico vigente para todos os municípios, integrantes de um
respectivo Estado da Federação.

Respostas

01. E / 02. D / 03.E / 04. B / 05. B / 06.D / 07. B / 08 B / 09. D / 10. E

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