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—— —<=_———— IMFORMATICA € EDUCAGAO Natio Perra* wrRODUCAO ‘A poses de bens matariais tam sido, para o homem, um clara indicio de seu status ¢ do seu éxito na vide. Nos Gltimos tempos, 0 rédio, 0 re- ftigaredor, « talevieéo, 0 automével, apenas para lembrar alguns, ttm sido usados até como Indicadores da posieo social do individu. Pox salon, 6 0 que & mais importante, possullos antes dos demais, parece ‘wer, provévessacrificios passois, necessiios para atingir a line de che- da A frente dor outros. Em nostos dis, tr um computador em cata, comera 8 constituirse um ‘de prosperdade, de atualizaplo que, como aconteoeu com os bong materias citados anteriormente, a sua squisiclo jusifcaria todo um seforgo de remancjamenta des proridades no oreamento coméstco.. 0’ consumiamo, mais nitide taivez no homem atual, & a grande force ‘mantenedora do erescimento da indistria de bens. A criaedo de neces ‘dudes, nfo importando a sua arificislidade, ¢ bésiea para se manter {um funcionamento 2s engranogent da produglo. O ser modem, 0 “pertancer & era tecnolégica’,é veiclado como um valor que é contra: ome 20 “vetho", 20 “antiga, 20 “‘conservador". A este respaito, ‘Robinson (1981) comenta: “Novos tipas de relagtes humanas tornammse possiveis ‘Protmor de Feuscade cn Educopbo de Univeidade de So Plo vores necessirias — pelos desenvolvimentos tecnolbgicos. A tacnolo- {i bade também oar Ina competament ows eo! sua ver, deserwolvem novos mercados baseados em necessidads real trifii extmuladar no consumer. © que pode estar etuendo ‘aqui ¢ a'Segunda Lei da Tecnologia, que diz que quando algo 58 toma possvel, ele se torna necessério”. Quando os cianista france- ses foram questionados do por aut tinham detonsdo 2 bombe de hi rogénio, sua resposta fol simplesmonte: ‘Ela torou-se possivl sntfo tornouse necessria’. 0 triunfo do ‘como" sobre o ‘por que’? ‘Acentrads solene do computador not lres 6 2 etapa soguinte& sua intro- {duo nos mais variados campos da atividede humans. Uma pane uni- versal nos computadoces atuas tlvez se igualase a um desosre atSmi- 9, tal aeresconte depondéncia humana a este equipamanto. ra, num mundo tle computadorizado, no demoraria muito para se urir vozss clamando pela necessidade de sus introdugdo tembém nes fexcoles. Para cx que tim um trato maior com a historia da educae¥o, fsa eolcitapfo nada malt @ que ums monétona repeticSo de tantas fouras formulades no passado. 150 jé sconteceu com o rédio, com os re curses audiovsuais, com a televisio. Boa parte dos sistomat de entino ¢ ‘géncise com ela rolacionadas ressonderam favoravelmene a eses ape lor. Certros especalizados foram criados, cursos de treinamento min trados, periédicos @ Fivros editados, verbas alocades, tudo visendo "madersizaglo" do ensino. Posade a euforia da década de 60, 0 que restau de tudo Isto? Parece que muito pouco. NBo estarfamos correndo © tisco de ver repetide a histéria com » introdugfo do computador na se do aula? ‘AS RAZBES DO FRACASSO © risio, os recursos audiovisuois em geral, a televiio, a instrupio pro- sada 0 2 Informatica compBem a drea conhiecida pelos educadores Ee ‘coma Tecnologia de Educarfo, Sob este rétulo, pos, & que trataremos ese artigo os diversos produtos “teenolbgloos”, particularmente 0 ‘computador. (0s expecisistss no sezunto costumam indagar as raze da rejeicdo dos fistemas 08 ensino 208 produtos tecnol6qicos. Algumas hipbeesas tém ‘ico levantadas para explicar © quote fracssso des tantativas de integra: ‘fo da tecnologia no ensino. {A afirmagio de que os sistemas de ansino slo conservadores &, em geral, 1 primeira jurtificative qua se menciona para explicar su8 deraprova- (io aos recursos mais reoentes. Contudo, 0 proprio fato de 2s esolas fsdotarem, até apresesdomente, quase todas as “inovagdes”, inclusive 0 prowenienter do movimento de tecnologia, coloca em dGvide a validade ‘esta primaire hipbtese, A questo, pois, 6 outra: por que, apbs a sue ‘adogS0, a8 escolas abanconam eset recursos? {A feta de trinamento # preparo adequedo dos profertores para usarem ‘recuraos mais sfisticados 6 ume segunda possibilidade. € ums hipdtese plausivel, Entretanto, como se explicariao fato de tantos docentas tei fados, alguns até com trabalhos publicados sobre o essunto, deixarem Ge lado ou reduzirem 20 minimno a utilizaeto de recursos tecnolégicos ‘aps umna fase de eutoria 9m relopso a eles? Ox contraexemplos s80 de {al monts que impedem 2 seaitaeSo panica desta hipotese. Pessasimente, scredito na force explicativa de uma torcora hipotes ‘A meu ver, no modelo tebrieo tubjacerte 8 quate totalicade das pro- pportas de Tecnologia da Educacto estaria o motivo principal de sua ‘jelgdo pela escola Modelos, sogundo Snow (1973) so “...ansiogias descritivas bem de servoluides, wsaas para visualizar, freadertemente de forma simplif- ada ou miniaturizada, fendmenos que no poder sor observados de mode fécit ou direto, Cada modelo 6, asim, uma projeofo de um pos ‘ive tistema de relagbee entre endmenos, realizada em termos verbais, tmateriais, grSficor ou simbélicos". Um modelo & um qusdro interpre: ‘no exo do ensino, reflete uma particular concepeSo de educa ‘lo, de suas finalidades:privilegia certos “fator” dessa relidade,julox Gor retevantes e dignos de eetudo; apdiese em uma determinada meto- Sologia de pesquisa pava coletar, tratare analisare explicar estos “for ow Essex quadros interpretstvor orientam a definigfo de um certo tipo de tEmsino, com bese em pressupostos tndricos especiticos. € possive in {ert © partir da proposta de um modelo, desde 08 objetivos do ensino, patrando. pales caractersticas do profestor, pela sleedo e orgenizagSo Gp conteieio, pelos métodos e téenicas didéticas, até chegar 8 propris iagdo de aprendizagem e do processo. Entretanto, devemos tor em ments que uim modelo de ensino decorre de terias ou de ivestgapSe= fempfricas nem sempre impregnadas do er que ze respira nas atividades Cotidianas da sala de aula Tal fato deve ser motivo de cautela para 05 Cducadores e préticos de ensino, em sau aS de aplicar os principios Gefendidos em um modelo, diretamente em sou die-edia escola. necessério, antes de ume precipitada reformularSo curricular em razio de pressupostos tebrices, compreendem que os modelos de ensino so, lntes, geradores do posqvisa, do que repositbrios de verddas ebsolutas, Com rarissimas excagSes, os programas apresentados para onsinar tra ‘és de computadores slo, em sua grande maior, uma extensio sdapta- de da InstrugSo Programed, fia dilets da Tecnologia da EducacSo CConseqUanternente,& tundarmental, antes de qualquer discussio sobre 2 aplicagdo « implicactes da Informitica ro ensino, a anilise do quadro ‘eferenciel que orienta o movimentoom prol da Tecnologia da Educacfo. ‘OMODELO DE ENSINO DA INFORMATICA, [A Tecnologia d3 Educaeio em geral, © 2 Intormética em particular, ‘constitue 3 principals expressbes do modelo conhecide como “Trans. tmissfo Cultural” ou de "Controle do Comportamento". ‘As raizes do sous presuportotte6ricos podem se lcalizadas com precisdo no movimento intelectual que 2 partir de Galileu, adquir forea nes vozes de seus profetas mais iluctes: laac Newron, Francis ‘Geeon « John Locke. Idade da Razso, Nluminismo, lustracbo so ti- qurest que identifica esta posicéo predominante, em expecial, no Shenlo XVIIL. (universe (e note o homem) 6 concebido como uma poderora méqul- ra, obedecendo a uma ordam geométrica © mectnica fixa, com movi ‘mantos Idinticas, repatidos, como se fosse um imero relégio. O ho ‘arn equipado com “o" método experimental, “cientifico”, que the permitia conhecer @ netureza ordenade eracional, completa e sintetica ® ‘oemovlido do Hluminismo. doh Locka (1832-1704) fol 0 profera ov o tradutor das idsias da ‘dancia natural para o campo das eidncias humanas. O empirista Locke ‘erpumentava que o homem 20 nascer & uma "tabule rasa”, que se sub- inte be infludncies@ presides do meio ambiente. “Sendo 0 homem uma “tabula ras, todo 0 s4u conhecimento uma conseqiéneia ds impres- ‘es seraorsis da realdade, e sendo o mundo exterior, o mundo visvel, © verdadeiramente reel, nfo & no homem em 3, ou no que se passa em ‘24 frtimo, que deve-se buscar ot elementos fundamentals para 0 estu- do # para o desenvolvimento de uma citncia do homer. O aepecto mals Imapartante pare est propésito & que acontece fora dele." (Parra, 1980) A plcologs com cltcia do comporamanto~ astocaconisa, de tmuloreiposta~ que corm sun Fitri part principalmente de taeda anon slo matriede era vn dor bathow de Inimerosertacivoe, como, 3, Pavow, Weton, Thomdike © Skinner. por meme (© modelo de ensino decorrente da ideologia "behaviorste” & identifi ‘exdo, taivez om sua forma mais perfets, ne corrente conhecide pelo ‘6tulo de Tecnologia da Educaefo, da qual 3 Informdtica 6 pares Inte ‘npmrat aa divergincia entre 08 tecnblogos da educagdo quanto 3 com ‘resend de sua érea, a literatura sobre o tema & quave que unénime ‘em inclur sob este rbtulo alguns principlos bésicot que dlecutiremor a ‘A Tesnologia da Educacio exige, no planejamento, conducto e ava- liagdo do processo de encino, a aplicaeio da abordagom sstémica, Um "sistema" ¢ um organismo ou uma estrutura composta de partes inter- felecionadas. Uma alteragio em uma desses partes ou “subsistemas” provocars mudangas em slgumet ou em todat at demais partes. “Os flstemes podem ser caracterizades como ‘abertos' “fechados’. Os Sistemas abertos sf0 aqueles que mantim com o seu ambiente ume tro- ca de matiia e energia. Sio sictomas que apresantam um estado de vida

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