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Bougamn We “Solow eHesnnl tn: Rucllbin Ga Ores GScder wh F Slab Nre Sobre Alguns Temas em Baudelaire I 108 WALTER BENJAMIN seja assim, que, em outras palavras, as condigées de receptividade da poesi tenham tornado mais desfavoréveis, € demons- trado por trés fatos, entre outros. Primeiro, porque o lirico deixou de ser considerado como poeta em si, Néo é mais “o aedo”, como Lamartine ainda 0 fora; adotou um dé um exemplo conereto desta especi térico, mantém 0 publice, ex officic Segundo, depois de em massa da poesia 7? que estabelece a linha ia, decorrente das duas primeis it esquivo mesmo em relagio & lirica que the fora transmitida do passado. O periodo em quest pode ser fixado a partir do meio do século dezenove. ‘SOBRE ALGUNS TEMAS 105 relag6es com a investigasao cientifica. Orienta-se pela biologia. (que_a estrutura da meméria € considerada estrutura filoséfica da experiéncia. Na 6 matéria da tradiggo, tanto na vida pri . Forma-se menos com dados isolados ¢ 1, por certo, qualquer intengiio de especificar icamente a meméria, Ao contrério, rejeita qualquer deter- ac ica da experiéncia, evitando com isto, acima de daquela experiencia, da qual se originou sua indspita, ofuscante da época da industrializacao em ‘Os olhos que se fecham diante desta experiéncia de natureza complementar na forma por assim dizer de sua reprodugio espontinea. A filosofia de Bergson € uma tentativa de detalhar ¢ fixar esta imagem reproduzida, Ela oferece assim indiretamente uma pista sobre a experiéncia. que se apresenta aos olhos de Baudelaire, sem distorgées, na figura de seu leitor. Big jere et Memoire define o caréter da experiéncia na durée se sente obrigado a con- adequado de tal expe- ibém uum eseritor quem colocou & prova Bergson. Pode-se considerar a obra de Proust, Em Busca do Tempo Perdido, como a tentativ tificialmente, sob as condigGes sociais stuais, a ‘como Bergson a imagina, pois cada vez se poderd ter menos esperangas de realizé-la por meios naturais.* Proust, aliés, nfio se furta ao debate desta questio em sua obra, intro- duzindo mesmo um elemento novo, que encerra uma erftica imanente a Bergson. Este nfo deixa de sublinhar 0 antagonismo existente entre a vita activa e a especifica vita contemplativa, + No ensaio freudiano os conceitos de lembranga ¢ meméria nfo apre- sentam distingSes semfinticas relevantes para o presente contexto, 106 WALTER BENIAMIN SOBRE ALGUNS TEMAS 107 . No entanto, sugere que o recurso fluxo da vida seja uma questio de terminologicamente rgente, A meméria pura — a mémoire pure — rgsoniana se transforma, impressos em m pandes tiragens. Nenhum leitor ente de algo que possa informar a outro. anos, a cidade de Combray, centre as diversas formas da comu- ‘uma parte de sua inféncia, Até aque fia da experiéncia. Todas essas formas, por sua vez, se distinguem da narragio, que ¢ uma das mais antiges formas de comunics- iro no vaso da argila. 0s ito volumes da obra de Proust nos dio idéia das medidas, necessérias & restaurago da figura do narrador para a atuali- misséo com extraordinéria coeréncia, infcio, com uma tarefa elementar: fazer € de seu campo objeto, isso no sabemos. E é questiio de sorte, com ele antes de morrermos ou se jamais 0 ica por coat do acaso, se cada individuo izé-la. No contexto destas reflexdes forja o termo imagem de si mesmo, e se pode ou no se it “ito tr ‘marcas da sit ‘apossar de sua propria experiéncia. Néo é de modo algum te ey Ce atte do individu evidente este depender do acaso. As inquictagdes de no r ide iencis ide interior néo tém, por nature ido. One ‘hd experiéncia no sentido ividual com outros do passado coletivo. Os cultos, rimoniais, suss festas (que, possivelmente, em parte alguma da obra de Proust foram mencionados), produziam reite- clementos da membtia, Provo- momentos ¢ davamthe ‘acontecimentos do ambito conde pudessem afetar a expe do leitor. Os principios da

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