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ARTIGOS

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO:
emigração de talento humano e impacto socioeconômico

Alberto Abad1
Thaís Marluce Marques Abad2

RESUMO
O fenômeno da globalização, na atual conjuntura econômica, política e social, constitui o
principal motor da migração internacional de talentos. Dentre estes, é possível encontrar tanto
profissionais qualificados academicamente com um alto valor econômico, quanto indivíduos
com indicativos de Altas Habilidades/ Superdotação. Existem análises relativas ao tema que
apontam o fenômeno tanto como uma rede de segurança (permitindo exportar o excedente
demográfico e receber renda por remessas) quanto como um empecilho ao desenvolvimento.
Contudo, neste artigo pondera-se uma terceira opção, que aponta às caraterísticas do país
emissor como chave para tornar o fenômeno em um fator de desenvolvimento educativo,
social, cientifico, econômico e cultural, ou como fonte de maior assimetria econômica. Assim,
o objetivo deste é analisar o fenômeno de migração internacional de talento humano ou de
AH/SD no Brasil considerando seu impacto socioeconômico e propor algumas estratégias
para protegê-lo e fomentar seu retorno. A metodologia proposta é de tipo descritivo e
explicativo, apoiada em pesquisa bibliográfica que incluiu livros e publicações periódicas que
abordam os estudos atuais sobre a mobilidade internacional de talento, as Teorias da
Dependência, e a Teoria de Intercambio Desigual de Arghiri Emmanuel.

PALAVRAS CHAVE: Altas Habilidades/Superdotação. Talento. Emigração de Talento


Humano. Brain Drain. Teorias da Dependência. Teoria de Intercambio Desigual.

1
Mestrando em Estudos de Fronteira UNIFAP, formado em Psicologia e Administração, com pós-graduação em
Hipnoterapia Ericksoniana e Programação Neolinguística. Atualmente fazendo graduação do curso de Letras na
Universidade UNOPAR. Professor de Psicologia na Universidade CUT (México), e Universidad del Desarrollo
Profesional (México).
2
Especialista em Novas Linguagens e Novas Abordagens para o Ensino da Língua Portuguesa pela Faculdade
Atual (Macapá), graduada em Licenciatura Plena em Letras e Literaturas Vernáculas com Habilitação em Língua
Portuguesa, Funcionária Pública da Secretaria de Educação do Estado do Amapá, professora orientadora e de
atendimento a alunos com Altas Habilidades/Superdotação no Centro de Atendimento a Alunos com Altas
Habilidades / Superdotação (CAAHS/AP).

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X

ALTAS CAPACIDADES/SUPERDOTACIÓN:
emigración de talento humano e impacto socioeconomico

RESUMEN

El fenómeno de la globalización, en la actual coyuntura económica, política y social,


constituye el motor principal de la migración internacional de talentos. Entre estos, es posible
encontrar tanto profesionales calificados académicamente con un alto valor económico, como
individuos con indicativos de Altas Capacidades/Superdotación. Existen aproximaciones
teóricas relativas al tema que analizan el fenómeno tanto como una red de seguridad
(permitiendo exportar el excedente demográfico y recibir renta por remesas) como un
problema para el desarrollo. Sin embargo, em este artículo se considera una tercera opción,
que considera las características del país emisor como clave para tornar el fenómeno en un
factor de desarrollo educativo, social, científico, económico y cultural, o como fuente de una
mayor asimetría económica. El objetivo del presente artículo es analizar el fenómeno de la
migración internacional de talento humano o de AC/SD en Brasil, considerando su impacto
socioeconómico y proponer algunas estrategias para protegerlo y fomentar su retorno. La
metodología propuesta es de tipo descriptivo y explicativo, apoyada en una investigación
bibliográfica que incluye libros y publicaciones periódicas que abordan los estudios actuales
sobre la movilidad internacional de talento, las Teorías de la Dependencia, y la Teoría del
Intercambio Desigual de Arghiri Emmanuel.

PALABRAS CLAVE: Altas Capacidades/Superdotación. Talento. Emigración de Talento


Humano. Brain Drain. Teorías de la Dependencia. Teoría de Intercambio Desigual.

INTRODUÇÃO

A globalização pode ser definida como “um processo que abrange as causas, curso e
consequências da integração transnacional e transcultural de atividades humanas e não
humanas” (AL RODHAN, 2006, p. 2), e “é caraterizada pelo incremento geral em fluxos
internacionais de bens, tecnologia, fatores de entrada, ativos financeiros [e capital humano]”
(RAPOPORT, 2016, p. 2). Deste modo, as fronteiras entre países tornam-se “espaços
privilegiados nos processos de cooperação e integração regional devido à contiguidade
territorial” (MARTINS, 2012, p. 13), implicando que estas, mais que um espaço geográfico,
constitui-se num entorno humano onde os processos de imigração/emigração questionam o
sentido da vida de indivíduos com nacionalidades, culturas e capacidades diferentes.
Neste quesito, a migração, pode ser definida como “deslocamentos populacionais nas
zonas de fronteiras entre países vizinhos” (ALBUQUERQUE, 2008, p. 3) que criam
complexos processos de manutenção, de rejeição e de negociação relativos a valores, relações

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familiares, identidade pessoal e grupal, educação dos filhos, hábitos alimentares e de higiene,
abrangendo toda realidade humana (DEBIAGGI, 2004).
É essencial “reconhecer a imigração como parte natural da integração econômica mundial
e trabalhar multilateralmente para gerir esses fluxos de forma mais eficaz, [...] maximizar
benefícios e minimizar custos, tanto para as sociedades de envio, quanto para as de
acolhimento” (MARTINS, 2012, p. 4). Assim sendo, “os benefícios econômicos, sociais e
culturais da migração internacional devem ser efetivamente compreendidos, e as
consequências negativas do movimento interfronteiriço devem ser melhores analisadas”
(GLOBAL COMISION ON INTERNATIONAL MIGRATION, 2005, p. 7).
Destarte, ao analisar os “benefícios econômicos, sociais e culturais da migração
internacional”, é importante fazer referência à saída de capital humano qualificado para outros
países, que nas pesquisas internacionais é conhecido como fuga de talentos, fuga de cerébros
(espanhol) ou brain drain (inglês) “termos mais coloquiais à mobilidade internacional de
talentos” (SOLIMANO, 2012, p. 2):

[...] o termo Brain Drain começou a ser usado corriqueiramente para condenar a
saída de mentes brilhantes dos países em desenvolvimento para os países ricos como
um fenômeno de uma via só. Usualmente é confundido com a ideia de perda de
pessoas educadas e qualificadas (GAILLARD, 1997, p. 195).

A migração internacional de talentos, deste modo, pode ser definida como a “migração
de pessoal [qualificado ou com indicativos de altas habilidades] à procura de um melhor nível
e qualidade de vida, maiores salários, acesso à tecnologia avançada e condições políticas mais
estáveis em diferentes lugares do mundo” (DODANI, 2005, p. 487).
A Organização Internacional para Migração (OIM), numa pesquisa relacionada ao
crescimento do número total de migrantes no mundo aponta atualmente que “214 milhões de
pessoas vivem em território que não [é] o de seu nascimento” (BRAVO, 2014, p. 1) 3. Dentro
do fluxo total de imigrantes internacionais, “a proporção de capital humano [talentoso e] com
educação superior, é estimada ao redor do 10% [...] aproximadamente entre 20 e 25 milhões
de pessoas” (SOLIMANO, 2011, p. 1), por outro lado, ao analisar os fluxos migratórios
internacionais de brasileiros, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (2015), aponta
uma estimativa populacional de 3.083.255 brasileiros morando fora do pais, sendo 553.040
que se encontravam nos países da América do Sul. Dentre estes, as nações que têm maior

3
Em 2015 aumentou para 244 milhões (ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS MIGRACIONES,
2016).

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número de brasileiros são4: Paraguai (332.042), Argentina (46.870), Guiana Francesa


(40.550), Venezuela (28.533), Bolívia (27.581), Colômbia (17.000), Guiana (15.500) e
Suriname (15.000). Um fato interessante ocorre nas Guianas e no Suriname que juntos
atingem o 12.8% do total de brasileiros que moram em países da América do Sul. Total que
em sua maioria provém das regiões norte e nordeste do Brasil a procura de oportunidades no
exterior, e veem à Guiana Francesa como atrativa por ser um território cooperativo francês
pertencente à União Europeia, cujas condições de vida podem ser motivadoras para a
emigração de talentos brasileiros.

As oportunidades que oferece um Estado mais desenvolvido [...] acarretam ao longo


do tempo grande fluxo de trabalhadores do lado pobre para o lado mais rico do
limite internacional. Esse fluxo pode ser constituído por trabalhadores diaristas ou
sazonais [...], mas, pelos mesmos motivos pode incluir também a saída dos mais
qualificados do Estado menos desenvolvido. (STEIMAN, 2002, p. 12).

Se por um lado tomamos em conta a percentagem de 10% do total dos emigrantes


como sendo capital humano talentoso, e por outro, consideramos que o Ministério de
Relações Exteriores do Brasil estima mais de três milhões de brasileiros que moram no
exterior, grosso modo, mais de 300,000 brasileiros talentosos ou com indicativos de Altas
Habilidades/Superdotação estariam morando em outros países. Capital humano talentoso que
sem dúvida seria fator de desenvolvimento para Brasil.
Entre os talentos que emigram a outros países, é possível encontrar profissionais
qualificados academicamente, “seres humanos talentosos com a capacidade de desenvolver
ideias e objetos, (um novo software, uma vacina, um novo livro ou filme), alguns deles com
um alto valor econômico” (SOLIMANO, 2012, p. 2). E também podemos encontrar
indivíduos, que mesmo não tendo formação acadêmica, possuam indicativos5 de Altas
Habilidades/Superdotação (AH/SD), estes últimos definidos como pessoas que:
“demonstraram possuir um conjunto bem definido de traços, a saber: habilidade acima da
média em alguma área do conhecimento; envolvimento com a tarefa; e criatividade”
(RENZULLI, 1986, apud VIRGOLIM, 2007, p. 36).

A imigração internacional de profissionais qualificados tem incrementado sua


importância nos últimos anos, refletindo o impacto da globalização na economia

4
Refere-se aos brasileiros em situação legal. No entanto, é importante considerar os brasileiros ilegais nesses
territórios cuja quantidade pode variar, dependendo da fonte pesquisada. Tomando em conta que “os cômputos
exprimem que de cada 33 habitantes do planeta um não vive em seu país de origem” (BRAVO, 2014, p. 1)
podemos intuir o montante de brasileiros em situação ilegal.
5
Que podem ter sido identificados ou não como AHSD.

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mundial e o desenvolvimento explosivo da informação e da tecnologia (LOWELL,


2001, p. v).

Considerando que no mundo globalizado a emigração de capital humano talentoso e


com AH/SD pode ser prejudicial ao longo prazo para a prosperidade de um país; é essencial
analisar as forças migratórias e motivações dos emigrantes brasileiros (legais e ilegais) para
aderir-se ao mercado laboral e escolar internacional:

A compreensão teórica dessas forças requer responder cinco perguntas


fundamentais: Quais são os processos estruturais nos países em desenvolvimento
que produzem imigrantes? Quais são as forças estruturais em países desenvolvidos
que criam a demanda aos seus serviços? Quais são as motivações das pessoas que
respondem a essas forças e acabam emigrando internacionalmente? Quais estruturas
sociais e econômicas surgem no curso da migração internacional e globalização para
sustentar a migração internacional? E finalmente, como os governos nacionais
respondem aos fluxos resultantes e quanto efetivas são suas políticas? (MASSEY,
2003, p. 10).

Assim, objetivando responder à terceira pergunta proposta por Massey (2003) no


referente à análise das motivações das pessoas que emigram a outros países, desde a
perspectiva da emigração de capital humano talentoso, pode-se reestruturá-la para que atenda
de modo mais específico à realidade brasileira: será que a falta da identificação oportuna de
indivíduos com AH/SD é fator que motiva a emigração para o exterior à procura de
oportunidades laborais e escolares que o Brasil não lhes oferece?
Nesse contexto, a falta de reconhecimento de indivíduos talentosos ou com indicativos
AH/SD no Brasil pode leva-lhes a emigrar, e emigrando, dadas a assimetria cultural e à
existência de estereótipos em outros países que complicam a integração social dos imigrantes,
acabam sendo explorados e subutilizados. Mas o preocupante é a possibilidade desses talentos
“apresentarem comportamento social inadequado, hostilidade, agressão com relação aos
outros e delinquência social” (ALENCAR; VIRGOLIM, 2001 apud VIRGOLIM, 2010, p. 8),
ocasionando problemas de ordens jurídicos, sociais e políticos interfronteiriços no seu
processo de adaptação e ajuste emocional no país de acolhimento. “No atual contexto
internacional marcado pela globalização excludente [e] políticas neoliberais [...] estão
reforçando fenômenos socioculturais [...] de intolerância e negação do ‘outro’ que assumem
diferentes formas e manifestações” (CANDAU, 2012, p. 23).
Se não forem bem desenvolvidos esses talentos, “podem converter-se em fraquezas
tais como: tendência ao perfeccionismo, escassa tolerância à frustração, excessiva tendência à
autocritica, [...] medo ao fracasso, e [extrema] sensibilidade emocional” (PEÑAS, 2006, p.

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91). Efeitos negativos das assimetrias culturais nas fronteiras e dos estereótipos culturais que
“são fatores limitantes do processo de integração" (STEIMAN, 2002, p. 11).
Desta forma o objetivo do presente artigo é analisar o fenômeno de migração
internacional de talento humano ou de AH/SD no Brasil considerando seu impacto
socioeconômico e propor algumas estratégias para protegê-lo e fomentar seu retorno. Assim, a
metodologia proposta pela pesquisa é de tipo descritivo já que apresenta “os fatos e
fenômenos de determinada realidade e exige do investigador uma série de informações do que
se deseja investigar" (TRIVIÑOS, 1987, Apud GERHARDT, 2009, p. 32). O artigo está
apoiado numa pesquisa bibliográfica que incluiu livros e publicações periódicas que abordam
os estudos atuais sobre a mobilidade internacional de talento, as Teorias da Dependência das
Relações Internacionais e a Teoria de Intercambio Desigual de Arghiri Emmanuel.
Representando, desta forma, uma primeira aproximação à análise da emigração de indivíduos
com indicativos de AH/SD.
A pesquisa também é de tipo explicativo já que almeja identificar os fatores que
contribuem na migração de talentos. O processo metodológico usado foi elaborado “a partir
do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e
eletrônicos” (FONSECA, 2002, p. 32).
Inicialmente apresentar-se-ão as teorias do elemento migratório da globalização,
analisando por um lado aquelas que consideram o fenômeno como uma “rede de segurança”
para os países subdesenvolvidos. E por outro, aquelas que promovem a ideia de que o
fenômeno pode ser um empecilho no desenvolvimento desses países. Posteriormente cogitar-
se-á em uma terceira opção mais realista no Brasil com base nas Teorias da Dependência das
Relações Internacionais.
Em seguida, considerar-se-ão as variadas manifestações do talento e das AH/SD com
base na taxonomia dos diferentes tipos de talentos do economista do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (Massachusetts Institute of Technology MIT), assessor da Comissão
Econômica para América Latina e o Caribe das Nações Unidas Andrés Solimano, com o
intuito de vincular as AH/SD a esses talentos.
Posteriormente, abordar-se-á sobre o quanto a escassez de talentos nos países
desenvolvidos traz consequências desfavoráveis aos países em desenvolvimento, quando a
fuga de talentos destes serve como favorecimento ao crescimento econômico daqueles. Neste
sentido será analisado o caso específico do Brasil.

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Finalmente, objetivando incrementar a capacidade do Brasil para atrair, desenvolver e


reter o capital humano talentoso e alto-habilidoso, serão apresentadas estratégias para protegê-
lo e fomentar o seu retorno.

1 DESENVOLVIMENTO

Na atual conjuntura econômica, política e social, o fenômeno da “globalização


constitui o principal motor da migração internacional” (MASSEY, 1998, p. 5), beneficiando a
alguns países capitalistas, já que abre “uma janela de oportunidades ao capital humano para
reunir-se onde existe abundância e seja mais bem remunerado, id est, nos países
6
economicamente avançados” (DOCQUIER, 2007, p. 3). Assim, uma das “caraterísticas
distintivas da migração internacional contemporânea é o tamanho das disparidades que
existem entre as nações de envio e receptoras – em riqueza, renda, poder, tamanho,
desenvolvimento e cultura” (MASSEY, 1998, p. 7), assimetrias “econômicas entre nações que
[...] incrementam a motivação pela emigração internacional laboral” (MARTIN, 2004, p.
448).

A globalização, quase por definição, leva ao desenraizamento. Faz isto mediante o


aceleramento do progresso econômico que transforma comunidades, arrasta pessoas
a abandonar os trabalhos existentes e escolher novos empregos, estimula a ir a novos
lugares, e mesmo, quando não se deslocam fisicamente, se confrontam com novos
costumes e modos de pensar (MILANOVIC, 1999, p. 10).

A emigração massiva de pessoas qualificadas, “tem acontecido desde os anos 60, [...]
sendo desde então um fenômeno permanente de maior ou menor importância”
(ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS MIGRACIONES, 2016, p. 11). Neste
sentido, e “a pesar da fuga de talentos afetar a um número importante de países em
desenvolvimento, o tema tem estimulado relativamente pouco interesse político e acadêmico”
(GAILLARD, 1997, p. 196), porém, no desenvolvimento deste artigo, deparou-se que o
elemento migratório da globalização “tem sido visto tanto como uma rede de segurança
(permitindo exportar o excedente demográfico e receber renda por remessas), quanto como
uma ameaça (no caso de fuga de talentos) dos países em desenvolvimento” (RAPOPORT,
2016, p. 21).

6
Quase um em cada cinco migrantes no mundo mora nas vinte maiores cidades industrializadas
(ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS MIGRACIONES, 2016).

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Existem pesquisas que mostram um panorama positivo da migração internacional de


talentos ressaltando as “oportunidades em termos de intercambio, fluxos de capital e
transferências de tecnologia para os países em desenvolvimento” (DOQUIER, 2012).
Incluem-se fatores como: o efeito de criação de comercio entre os países; Investimento
Estrangeiro Direto7 (IED) e fluxos financeiros; difusão do conhecimento; e adoção de nova
tecnologia nos países de origem. No que se refere ao primeiro fator: relativo ao efeito de
criação de comércio cabe aos imigrantes:

[...] incrementar as importações e exportações bilaterais porque ajudam a superar os


problemas de informação por ter um melhor conhecimento do mercado de seu país
de origem, [...] dos entornos institucionais, e por possuir as habilidades linguísticas
que são necessárias para desenvolver as atividades de importação e exportação entre
países, [...] assim sendo, [também influem pelo] ‘efeito de preferência’ onde os
imigrantes podem gerar demanda adicional de bens provenientes de seus países de
origem (RAPOPORT, 2016, p. 6).

No referente ao segundo fator: as “teorias do IED geralmente enfatizam os laços entre


países desenvolvidos e em processo de desenvolvimento” (LIPSEY, 1999, p. 332), desta
forma, ao final da década de 1980, os IED “passaram a ser mesuráveis e emergiram como
uma importante fonte de capital para países emergentes e em desenvolvimento” (LIPSEY,
1999, apud RAPOPORT, 2016, p. 9). O IED constitui somente um dos componentes dos
fluxos financeiros entre países, que usualmente “incluem atividades bancárias8 e transações
financeiras” (RAPOPORT, 2016, p. 15). Fluxos financeiros que dependerão de distintas
variáveis como a distância entre países, a língua falada, e as bases legais locais.
No terceiro fator, referente à difusão de conhecimento, a sociologia tem acrescentado
que “a migração de cientistas pode facilitar a difusão internacional de conhecimento e
tecnologia, seja diretamente, através da circulação de talentos, ou indiretamente, com a
criação de redes de conhecimento científico” (RAPOPORT, 2016, p. 19), fato que está
“incrementando a globalização da atividade científica, intercambio de tendências em políticas
científicas e tecnológicas, e desenvolvimento de nova informação e sistemas de
comunicações” (GAILLARD, 1997, p. 196).
Porém, outras pesquisas assinalam um panorama mais pessimista da “emigração
talentosa e acumulação de capital humano [...] promovendo a ideia de que a perda de talentos
pode atrasar o progresso em países em desenvolvimento” (RAPPOPORT, 2016, p. 4),

7
Foreign Direct Investments (FDI).
8
“[...] a migração tem um significante impacto positivo em empréstimos bancários” (RAPOPORT, 2016, p. 17).

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associando frequentemente esse “fenômeno ao detrimento econômico para aqueles países que
perdem sua força de trabalho talentoso” (MARINAKOU, 2016, p. 1). Pesquisas que
geralmente consideram que a emigração de talentos “[é] o resultado da história conjunta entre
colonialismo e violência nos países colonizados, [os quais] frequentemente têm sido mais
violentados pelas potências ocidentais”. (BROCK, 2015, p. 2).

A questão multicultural nos últimos anos vem adquirindo cada vez maior
abrangência e visibilidade no âmbito internacional, continental e local. Preocupa
muitas sociedades e está intimamente relacionada com os fluxos migratórios assim
como com as relações entre os diferentes grupos socioculturais que integram os
diversos estados (CANDAU, 2012, p. 21).

Com base nesta perspectiva, e embasados nas Teorias da Dependência das Relações
Internacionais, existe uma dinâmica do capitalismo mundial que “aponta ao
subdesenvolvimento como produto do desenvolvimento das forças produtivas globais, ou
melhor, das economias dos países do centro capitalista” (NOGUEIRA, 2005, p. 116). Deste
modo, existe uma notória assimetria entre países, que, como o economista Arghiri Emmanuel
menciona na sua Teoria do Intercambio Desigual: “dentro deste mundo pobre e
subdesenvolvido existem ilhotas de desenvolvimento avançado, nas quais aproximadamente
90% da tecnologia e das forças produtivas materiais e humanas estão concentradas”
(EMMANUEL, 1972, p. 262). Portanto, a hegemonia dos países capitalistas, a influência das
empresas multinacionais e o intercâmbio desigual entre nações criam:

[...] um mecanismo de extração do excedente produzido na periferia, uma


modalidade internacional do conceito de exploração. Impossibilitados de apropriar-
se do excedente produzido localmente, os países pobres nunca teriam os recursos
para seu desenvolvimento e não conseguiriam reduzir o gap (econômico,
tecnológico, militar) que os separa dos países ricos e os condena à dependência
(NOGUEIRA, 2005, p. 116).

O desenvolvimento díspar entre países que surge desse intercâmbio manifesta-se de


diferentes formas na economia internacional; assim, uma caraterística do sistema mundial “é
que, ao funcionar como um todo integrado extrai o excedente econômico e transfere riqueza
da periferia dependente para os centros imperiais” (GILPIN, 2002, p. 71).

Os conhecimentos científicos e tecnológicos constituem não só uma necessidade


vital para o progresso dos países subdesenvolvidos como também um mecanismo
controlador da história, à medida que servem como instrumentos manipuladores do
meio em que o homem vive. Reconhecendo essas caraterísticas em tais tipos de
conhecimentos, os países subdesenvolvidos vêm, de maneira geral, investindo cada
vez mais no treinamento de cientistas e técnicos (TOSTA, 1972, p. 13).

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Portanto, a migração de talentos dos países periféricos para os países mais


desenvolvidos pode converter-se em outro tipo de transferência de riqueza.

O talento humano é um recurso econômico chave, e fonte de poder criativo na


ciência, tecnologia, negócios, artes, cultura e outras atividades. O talento possui um
grande valor econômico e sua mobilidade se tem incrementado com a globalização,
a propagação de nova tecnologia da informação e menores custos de transportação
(SOLIMANO, 2006, p. 5).

O valor econômico do talento varia segundo as suas manifestações: desde o


conhecimento dos cientistas até a criação de riqueza e bem-estar dos empreendedores, “alguns
deles contribuem diretamente na criação de riqueza, no desenvolvimento tecnológico, ou em
atividades culturais” (SOLIMANO, 2012, p. 9).
Assim, para esboçar uma taxonomia dos diferentes tipos de talentos se utilizará a
classificação de Solimano (2012) com alicerces nas caraterísticas ocupacionais e relações de
trabalho: talento técnico (especialistas em tecnologia da informação); cientistas e acadêmicos;
profissionais das ciências da saúde (médicos e enfermeiras); empreendedores; e talento
cultural entre outros. Diversidade de talentos que compartem caraterísticas como: possuir
habilidades acima da média em alguma área do conhecimento; ter grande criatividade; e estar
em continuo envolvimento com seus objetivos e tarefas. Sendo estas três ultimas
características as que definem aos indivíduos com indicativos de AH/SD (Virgolim, 2007).

Indivíduos com altas habilidades, educados e líderes com experiência são escassos
quase em todas partes, incluindo nos Estados Unidos. Esses são os cérebros que
realmente contam, posto que possuem alta influencia. Eles não são definidos em
termos de “gênios” ou laureados com prêmios Nobel [...] são indivíduos que se
destacam e que dificilmente serão substituídos de forma satisfatória (BALDWIN,
1970, p. 362).

Assim, depois de analisar em forma geral as tendências teóricas da migração de


talentos e fazer uma breve revisão taxonômica dos alto-habilidosos e talentosos, o seguinte
passo é analisar as tendências atuais referentes ao tema em voga no relativo ao possível
impacto socioeconômico e cultural da saída de talento humano.
As previsões atuais apontam que a escassez de talentos em países desenvolvidos criará
maiores oportunidades para migrantes internacionais incrementando as assimetrias entre
nações. Frédéric Docquier, professor em economia da Universidade de Louvain, aponta que a
emigração de talentos se torna na atualidade numa “fonte de preocupação em países do
terceiro mundo, e pelo desenvolvimento da comunidade [...] a globalização está criando

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escassez de capital humano onde já era insuficiente e abundancia onde já era copioso,
portanto, contribuindo ao incremento da desigualdade entre países” (DOCQUIER, 2012, p.
725).

Segundo o último informe sobre “O Talento Global em Risco”, publicado pelo Foro
Econômico Mundial em 2011, dentro de vinte anos na Europa precisar-se-ão 46
milhões de novos empresários, engenheiros, doutores, especialistas em tecnologia,
cientistas e pesquisadores, técnicos, professores, enfermeiras, etc. para cobrir postos
de alta qualificação. E pode ser que, dentro de vinte anos, não tenham suficientes
pessoas talentosas para cobrir esses postos (ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL
PARA LAS MIGRACIONES, 2016, p. 11).

Um exemplo da existência de uma importante carência de talentos a nível mundial nos


países desenvolvidos se mostra na análise que fez o grupo Manpower no ano 2015, quando
entrevistou “mais de 41,700 diretores de recursos humanos de 42 países no intuito de
identificar a proporção de diretores que possuem dificuldades para encontrar talentos”
(MANPOWER GROUP, 2015, p. 3), destarte, entre os empregos que a nível mundial são
mais difíceis de encontrar, segundo esse estudo estão:

[...] em ordem de importância: trabalhadores manuais qualificados, administradores


de comercio, engenheiros, técnicos qualificados, condutores especialistas, CEO,
pessoal financeiro e contábil, pessoal administrativo, técnicos de informática e
operários de máquina (MANPOWER GROUP, 2015, p. 4).

Dentre os profissionais mais solicitados em nível internacional destacam os


profissionais da saúde “já que nesse setor, adicionado ao da tecnologia, registra-se uma
elevada mobilidade internacional por causa do déficit de recursos humanos com essas
formações” (ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS MIGRACIONES, 2016, p.
30), por sua parte, “a Organização Mundial da Saúde (OMS), a carência de profissionais de
saúde é um entrave para o cumprimento das metas do milênio e para a melhoria das condições
de saúde em muitos países e regiões” (PERES, 2016, p. 2).
Citando um exemplo referente aos profissionais das ciências da saúde, a carência de
profissionais qualificados em países desenvolvidos será cada vez maior se considerarmos que
“nos Estados Unidos se prevê um déficit de 20% na força laboral do pessoal de enfermagem
com diploma para 2020” (ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL PARA LAS
MIGRACIONES, 2016, p. 31).

A ironia da migração internacional na atualidade é que muitas pessoas que migram


legalmente dos países pobres para os países ricos são exatamente aqueles que o
terceiro mundo menos pode perder: os altamente educados e talentosos. Com

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alicerces em que a maioria deles migra permanentemente, essa mobilidade de


talentos não só representa uma perda de recursos humanos valiosos, mais pode
representar uma limitação para o progresso econômico das nações do terceiro mundo
(TODARO, 1996, apud RAPOPORT, 2017, p. 2).

A “fonte de preocupação” apontada anteriormente por Docquier e por outros


pesquisadores, têm-lhes levado ao ponto de criar propostas econômicas para compensar a
perda de capital humano dos países em desenvolvimento:

Quarenta anos atrás, o economista Jagdish Bhagwati propôs instituir um “imposto de


cérebros” para compensar a saída de talentos dos países em desenvolvimento para as
nações economicamente mais avançadas [...] o princípio fundamental desse imposto
se baseia na noção de que os países de origem dos cidadãos devem ser compensados
pela perda do capital humano resultante da mobilidade de talentos (RAPOPORT,
2017, p. 2).

O “imposto de cérebros” constitui assim um ato de equidade para os países mais


pobres que não possuem recursos nem reservas necessárias para afrontar a perda de talento,
diminuindo deste modo, a distância que os separa dos países desenvolvidos, considerando:

[...] a existência de recursos escassos e a demanda de investimentos públicos e


privados para o desenvolvimento socioeconômico desses países. É pouco provável
que em futuro próximo eles possam investir a quantidade de recursos necessários
para o desenvolvimento de uma comunidade técnico-científica de tamanho e
qualidade razoáveis (TOSTA, 1972, p. 14).

Quanto ao Brasil, nas últimas décadas, mesmo com o incremento da imigração


internacional, é possível que esteja perdendo profissionais talentosos em várias áreas que sem
dúvida seriam essenciais no desenvolvimento econômico, cultural e social, conforme apontam
pesquisas defensoras de que: “o capital humano excepcional dirige a economia global”
(FRIEDMAN, 2007 apud ABAD, 2016, p. 103). Assim, “ser capaz de identificar, [conservar],
atrair e desenvolver o capital humano é cada vez mais importante para organizações de
negócios, científicas [educacionais] e técnicas enquanto procurem ser competitivas” (KELL,
2014, apud ABAD, 2016, p. 104).
A Senadora e jornalista, Lúcia Vânia Abrão Costa aponta que “[...] dados divulgados
pela Receita confirmam que a emigração qualificada [no Brasil] está em alta. Entre 2011 e
2015, o total de Declarações de Saída Definitiva do país subiu 67%. [...] em 2015 foram
13.288 saídas ou 36 pessoas por dia” (VÂNIA, 2016). O Brasil “vem sofrendo perda
constante de pessoal altamente qualificado tanto para Europa como para os EUA [...]
cientistas, engenheiros e pessoal médico que emigra anualmente do Brasil” (TOSTA, 1972, p.
13). Neste sentido:

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[...] não surpreende que o produto bruto doméstico de uma nação esteja diretamente
influenciado por um agregado de realizações de seus residentes com grandes
habilidades na ciência, tecnologia, engenheira e matemática (STEM 2011, apud
ABAD, 2016, p. 104).

Para manter o talento no Brasil e incentivar o retorno de pessoal qualificado, se propõe


tanto melhorar as estratégias de indicação e identificação do talento no país, quanto entender
os fatores que motivam à migração, pontos profundamente associados, que se analisarão a
seguir.
É essencial indicar e identificar oportunamente as pessoas talentosas e alto habilidosas
no país, objetivando oferece-lhes oportunidades necessárias para o desenvolvimento de seus
conhecimentos, habilidades, aptidões, e melhorar suas atitudes partindo da hipótese de que a
falta da identificação e de atendimento educacional especializado a este público de indivíduos
talentosos e AH/SD é fator que os motiva a emigração, legal e ilegal, à procura de
oportunidades escolares e/ou laborais que o Brasil não lhes oferece.
Quanto ao segundo tópico, é imprescindível entender os fatores que motivam à
emigração. Assim, baseados no que versa o relatório do talento IMD World Talent Report
2016, que sugere alguns temas que os países devem implementar para desenvolver as
capacidades e oferecer oportunidades a seus cidadãos talentosos e com indicativos de AH/SD:

Nós propomos que políticas públicas específicas podem exercer grande influência na
qualidade das capacidades de liderança e competências numa economia em
particular. Políticas que incrementam a investimento total em educação, em
segurança pessoal, proteção da propriedade privada, assim como a
internacionalização da força de trabalho determinarão o fornecimento de líderes de
negócios de qualidade no país [...] capacidades e competências fornecidas pelo
investimento na educação e pela diversidade de sua força laboral e sua exposição a
fatores de internacionalização (IMD WORLD COMPETITIVENESS CENTER,
2016, p. 16).

Com base no tema da educação do relatório IMD, se por um lado considera-se o


estudo realizado pela OMS que “indica em torno de 3,5 a 5% da população escolar [brasileira]
como sendo de pessoas com referências de AH/SD” (NEGRINI, 2008, p. 278); e por outro, o
Censo escolar da Educação Básica que informa a existência de 10,902 alunos com AH/SD em
classes regulares (INEP BRASIL, 2014); podemos inferir que faltam mais de dois milhões de
alunos [talentosos] AH/SD a serem identificados no Brasil, alunos que podem ser parte da
migração intelectual.

[...] o futuro de qualquer nação depende da qualidade e competência de seus


profissionais, da extensão em que a excelência for cultivada [...] Um sistema

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educacional voltado apenas para o estudante médio e abaixo da média pode


significar o não-reconhecimento e estímulo do talento e, consequentemente, o seu
não-aproveitamento” (ALENCAR, 1987, apud VIRGOLIM, 2007, p. 17).

O Brasil precisa cumprir com uma das funções mais importantes do processo de
escolarização que é a formação de cidadãos cônscios da realidade em que vivem, que
participem ativa, informada e conscientemente da vida social, política e econômica brasileira
na construção de uma sociedade mais justa e igualitária com respeito às diferencias
individuais. De tal modo, no tema da inclusão escolar sobre a perspectiva da diversidade é
fundamental a oportuna identificação de alunos AH/SD com o intuito de conservar e
desenvolver o capital humano em um mundo globalizado, onde a emigração descontrolada e
massiva de talentos pode ser prejudicial em longo prazo para a prosperidade de países em
desenvolvimento.
Além dos fatores educativos mencionados, a migração intelectual também pode estar
relacionada ao não aproveitamento profissional desses indivíduos em seu país ou no exterior.
Problema que se vê reforçado pelos processos de manutenção, rejeição e negociação
apontados anteriormente por Debiaggi (2004), afetando assim seu desempenho laboral e
profissional. “Geralmente o Departamento de Recursos Humanos não possui informações
suficientes dos indivíduos AHSD, e poucas vezes canalizam seus trabalhadores para serem
atendidos às instâncias adequadas” (ABAD, 2015, p. 103). Ocasionando que estes
“desenvolvam tarefas ou atividades rotineiras, que estão aquém de sua capacidade de
desempenho” (PÉREZ, 2008, p. 20).

No caso brasileiro, a situação pode ser grave não tanto pela quantidade de
“cérebros” que emigra, como pela quantidade dos que aqui ficam [...] já que estes,
[...] podem estar sendo mal utilizados pela sociedade em que vivem (TOSTA, 1972,
p. 17).

Outro fator importante apontado no relatório, refere-se às políticas que garantem a


segurança pessoal e proteção à propriedade privada, as quais geralmente não são
implementadas nos países menos desenvolvidos como Brasil, considerando que a questão de
segurança pública no país é um problema fundamental e um dos principais desafios, já que
“Brasil não proporciona atrativos semelhantes aos oferecidos aos países desenvolvidos”
(TOSTA, 1972, p. 17) neste aspecto.
Desta forma, “negar as necessidades dos alunos, [profissionais e cidadãos talentosos]
AH/SD por inabilidade na sua identificação ou por desinteresse [institucional] é um ato

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abusivo que pode ser considerado como violência paradigmática” (ABAD, 2015, p. 31). E, o
mais preocupante desse descaso, refere-se à possibilidade desses indivíduos AH/SD tornarem-
se problemáticos, podendo “apresentar comportamento social inadequado, hostilidade,
agressão com relação aos outros e delinquência social, [...] autoconceito negativo, insegurança
e sentimentos gerais de inadequação” (ALENCAR; VIRGOLIM, 2001 apud VIRGOLIM,
2010, p. 8), que podem acarretar o seu envolvimento em atividades ilícitas tanto em seu país
de origem, quanto no país ao qual migram. Ocasionando problemas de ordens jurídicos,
sociais e políticos internacionais.
Com alicerces no anteriormente analisado é importante que o governo brasileiro
implemente estratégias para manter o talento e, ao mesmo tempo, “deliberadamente
proporcione incentivos para estimular o retorno voluntário” (APPLEYARD, 1989, p. 325)
desse capital humano talentoso e alto-habilidoso. Podemos inferir então que o fato de muitos
brasileiros viajarem cotidianamente para o estrangeiro ocorre devido à procura de
oportunidades para conseguir melhores condições de vida. Isto com base no item da qualidade
de vida, no qual os países mais desenvolvidos ocupam melhores posições9.
Uma vez apontada à necessidade de melhorar o processo de indicação e identificação
do talento brasileiro e assentada a importância de entender os fatores que motivam à
emigração desses indivíduos, é preciso estimular o retorno voluntario do talento que mora
fora do Brasil. Para isso, será essencial entender quais são os incentivos e as motivações que
esses talentos têm para voltar:

[...] dependem das atitudes no momento da saída, que podem ser agrupadas em:
motivos familiares, [...] aposentadoria, [...] dificuldades encontradas no trabalho ou
problemas sem solução de integração no país anfitrião, [...] dinheiro suficientemente
poupado e metas atingidas, [...] oportunidades de trabalho no país de origem, [...]
inicio de negócio próprio, [...] razões privadas como doenças, morte, herança,
matrimonio, [...] perda do emprego no país anfitrião, [...] eventos políticos,
econômicos ou sociais no país anfitrião (xenofobia, racismo, perseguição, expulsão)
(APPLEYARD, 1989, p. 328).

Portanto, uma realidade próxima ao fenômeno brasileiro da emigração internacional


de talento, às anteriormente apresentadas, pode ser encontrada na perspectiva de George B.
Baldwin, no seu artigo “Brain Drain or Overflow” (1970) na revista Foreign Affairs, que

9 Pode-se exemplificar através dos casos de migração de brasileiros à Guiana Francesa: a França está no lugar
23° do relatório, enquanto Brasil ocupa a posição 54°. (IMD WORLD COMPETITIVENESS CENTER, 2016, p.
94).

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considera como um paradoxo que a saída de talento constitua um prejuízo para uma nação, e
ao mesmo tempo, a sua permanência não signifique um lucro para a mesma porque:

[...] a produção desses profissionais muitas vezes não é aproveitada pelos países
subdesenvolvidos onde trabalham. Portanto, é comum a existência de produtos
inventivos [e inovadores] que não são usados e, mais tarde, são incorporadas pelos
países desenvolvidos (TOSTA, 1972, p. 17).

Não significa que a emigração per se seja positiva ou negativa, mas serão as
caraterísticas do país emissor que farão ao final a diferença. Deste modo, a mobilidade
internacional de talentos pode ser fator de desenvolvimento educativo, social, cientifico,
econômico e cultural para alguns países, enquanto para outros, como Brasil, pode se tornar
fonte de maior assimetria econômica no futuro.
Com base nos fatores apresentados no relatório IMD e na análise feita por Dondé
(1989) no que se refere às medidas para manter e fomentar o retorno e reintegração dos
migrantes no Brasil. Com intuito de incrementar a habilidade do país para atrair, desenvolver
e reter o capital humano talentoso e alto-habilidoso, apresentam-se aqui algumas estratégias:
 Identificar de maneira oportuna, prática e precisa indivíduos com
indicativos de AH/SD e talentosos, tanto em escolas públicas quanto
privadas.
 Melhorar a educação mediante:
o Elaboração e implementação de políticas educativas que agilizem a
adoção de estratégias de desenvolvimento de talento com base nas
necessidades reais dos AH/SD.
o Investimento na estrutura física, equipamentos e recursos
multifuncionais das escolas e centros educativos.
o Diminuição da relação da proporção de professor x alunos na sala
de aula.
o Implementação e funcionamento real da Sala de Atendimento
Educacional Especializado (AEE) ou Núcleos de Educação
Especial e Inclusiva (NUEEI) em escolas públicas e privadas como
indicado nas Resoluções do Conselho Nacional de Educação CNE/
MEC nº 04/2009 e 2/2001.
o Formação continuada e sensibilização dos professores sobre o tema
de AH/SD.

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o Incrementar o investimento em pesquisa, porque “não haverá


desenvolvimento sustentável nas regiões pobres do mundo sem um
investimento considerável na ciência” (MESSERLI, 2004, p. 1).
 Implementação de políticas públicas para:
o Melhorar a segurança pessoal e patrimonial da população
brasileira.
o Ampliar e melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos
no Brasil.
 Promover estratégias para incentivar o retorno de indivíduos talentosos:
o Implementação de políticas públicas e legais com o objetivo de
favorecer que os trabalhadores migrantes possam estabelecer seus
negócios próprios.
o Possibilidade de abertura de contas especiais em moeda estrangeira
em bancos nacionais para os migrantes.
o Políticas de reintegração social para migrantes que voltam a seu
país de origem.
 Fortalecer “a capacidade institucional das organizações brasileiras [...]
[em] prestar atendimento adequado às vítimas e aos migrantes em situação
de violação de direitos” (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2013, p. 14).
 Promover intercâmbios para formação de recursos humanos; e, melhorar
as condições sociais e econômicas das populações fronteiriças
(MARTINS, 2012, p. 10), visto que, “os movimentos migratórios
internacionais constituem a contrapartida da reestruturação territorial
planetária – que, por sua vez, está intrinsecamente relacionada à
reestruturação econômico-produtiva em escala global” (PATARRA, 2005,
p. 24).

CONCLUSÃO

O fenômeno da mobilidade internacional de talentos pode ser analisado desde


diferentes pontos de vista: por um lado observando-o desde uma perspectiva positiva, com
ênfase nos seus efeitos no comercio, investimento estrangeiro, fluxos financeiros, difusão de

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conhecimento e adoção de novas tecnologias nos países de origem. E, a partir de outra


percepção mais pessimista, como um empecilho no progresso dos países em
desenvolvimento, embasado nas Teorias da Dependência das Relações Internacionais que
apontam que o intercambio desigual entre nações é originado na hegemonia dos países
capitalistas e na influência das empresas multinacionais.
Mas, na realidade, nem uma nem outra pode ser generalizada para todos os países, já
que na conjuntura da globalização, são as diferenças históricas e culturais presentes entre
países o que constitui o principal motor da migração internacional e não a globalização per se.
Assimetrias que evidenciam a carência dos elementos apontados pelo IMD World Talent
Report, 2016 no referente às condições que influem na decisão de ficar ou migrar: qualidade
da educação; políticas públicas; estabilidade econômica e política; segurança pessoal;
proteção da propriedade privada; e a qualidade de vida e de trabalho no país de origem.
Assim, os governos que alentam a diversidade e inclusão, que se preocupam com seus
cidadãos AH/SD, que procuram os meios para facilitar o desenvolvimento destes como
recurso econômico humano e fonte de poder criativo e de desenvolvimento, que protejam a
sua população talentosa em outros países com acordos internacionais a fim de facilitar sua
volta e reintegração no país de origem, serão governos que cumpram com os requisitos
apontados pelo relatório IMD, evitando desse modo que a saída internacional de seus talentos
e alto-habilidosos se converta em outro tipo de transferência da riqueza para os países
desenvolvidos.
O Brasil não deve perder definitivamente esse pessoal talentoso: os altamente
educados alto-habilidosos e talentosos (já que estes geralmente migram em forma permanente
por não contar com uma estrutura adequada no país) para que sua saída não se converta em
uma limitação para o progresso econômico, com base em que o seu futuro econômico e social
depende da qualidade dos profissionais talentosos e com indicativos em AH/SD.

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Recebido em: 19 de fev. 2017


Aceito em: 06 de jul. 2017
DOI: https://doi.org/10.28950/1981-223x_revistafocoadm/2017.v10i3.424

Como citar:
ABAD, Alberto; MARQUES ABAD, Thaís Marluce. Altas Habilidades/Superdotação: emigração de
talento humano e impacto socioeconômico. Revista FOCO, v. 10, n. 3, p. 67 – 89, ago./dez. 2017.
Disponível em: <http://www.revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/424>

Direito autoral: Este artigo está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial 4.0 Internacional.

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