Você está na página 1de 109

METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Este material é parte integrante da disciplina “Metodologia de Ensino da Educação 
Básica” oferecido pela UNINOVE. O acesso às atividades, as leituras interativas, os 
exercícios, chats, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser 
feitos diretamente no ambiente de aprendizagem on­line.


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Sumário 

AULA 01 • INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE METODOLOGIA DO ENSINO ...................................5 
Definições, objetivos e temas de estudo......................................................................................5 
Métodos de ensino individualizado ..............................................................................................8 
Métodos de ensino coletivo .........................................................................................................8 
Métodos de ensino em grupo ......................................................................................................9 
AULA 02 • A PRÁTICA EDUCATIVA: OBJETIVOS + CONTEÚDOS + MÉTODOS DE ENSINO ..10 
A estruturação do ensino: Teorias educacionais de Herbart, Dewey e Paulo Freire ..................10 
Johann Friedrich Herbart, filósofo alemão do século XVIII.........................................................12 
John Dewey, filósofo americano do século XX ..........................................................................13 
Paulo Freire educador brasileiro do século XX ..........................................................................14 
Considerações finais .................................................................................................................16 
AULA 03 • CONHECENDO AS TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOS­ 
EDUCADORES .............................................................................................................................17 
Método Expositivo .....................................................................................................................17 
Maria Montessori .......................................................................................................................18 
Ovide Decroly............................................................................................................................19 
Edouard Claparède ...................................................................................................................21 
AULA 04 • TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOS­EDUCADORES..................23 
Método do Estudo Dirigido ........................................................................................................23 
Celestin Freinet .........................................................................................................................23 
Anton Semionovich Makarenko .................................................................................................25 
William Heard Kilpatrick.............................................................................................................26 
AULA 05 • TEORIAS PEDAGÓGICAS DOS GRANDES TEÓRICOS­EDUCADORES..................28 
Método da Discussão e do Debate............................................................................................28 
Rudolf Steiner............................................................................................................................28 
Alexander Sutherland Neill ........................................................................................................30 
Janusz Korczak .........................................................................................................................30 
AULA 06 • TEORIAS PEDAGÓGICO­METODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI ...............................33 
A teoria das inteligências múltiplas............................................................................................33 
Método do painel e a técnica phillips 66 ................................................................................33 
AULA 07 • TEORIAS PEDAGÓGICO­METODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI ...............................38 
­ A Teoria Do Construtivismo De Emília Ferreiro .......................................................................38 
­ Método Do Seminário E A Técnica Da Dramatização..........................................................38 
Vamos pontuar alguns fundamentos da prática pedagógica do construtivismo .........................39 
AULA 08 • TEORIAS PEDAGÓGICO ­ METODOLÓGICAS DO SÉCULO XXI .............................41 
Projetos de trabalho do educador Fernando Hernandez............................................................43 
Método das tarefas dirigidas ­ Técnica da leitura...................................................................43 
AULA 09 • TEORIAS PEDAGOGICO­ METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI PEDAGOGIA DOS 
PROJETOS...................................................................................................................................46 
Método de Problemas e Técnicas de Problemas.......................................................................46 
AULA 10 • TEORIAS PEDAGOGICO ­ METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI 
INTERDISCIPLINARIDADE ..........................................................................................................51 
AULA 11 • TEORIAS PEDAGOGICO ­ METODOLOGICAS DO SÉCULO XXI .............................55 
Uma leitura da Pedagogia de Paulo Freire ................................................................................55 
AULA 12 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ­ PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS....58 
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa........................................................58 
Princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais ­ P.C.Ns......................................................60


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Fundamentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais ­ P.C.Ns................................................60 
AULA 13 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ­ CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO NOS 
PCNS ............................................................................................................................................63 
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências Naturais...............................63 
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática ...................................................................64 
Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais..........................................................66 
AULA 14 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ­ ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS 
PCNS ............................................................................................................................................68 
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências Naturais...............................68 
Objetivos Gerais de História ......................................................................................................70 
Objetivos Gerais de Geografia...................................................................................................71 
Objetivos Gerais da Arte............................................................................................................72 
Objetivos Gerais da Educação Física ........................................................................................73 
AULA 15 • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ­ ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS 
PCNS ............................................................................................................................................75 
Temas Transversais e Transversalidade ...................................................................................75 
Apresentando os Temas Transversais ......................................................................................75 
AULA 16 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA..................................................................79 
Examinar X Avaliar ....................................................................................................................79 
AULA 17 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA..................................................................82 
Avaliação: novas perspectivas e práticas ..................................................................................82 
AULA 18 • A ORGANIZAÇÃO DA AULA .......................................................................................87 
Estratégias e dicas para dominar as novas práticas pedagógicas .............................................87 
AULA 19 • OUTRAS LINGUAGENS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA MÚSICA, TEATRO, CINEMA 
DE ANIMAÇÃO E O ENSINO PELA PESQUISA...........................................................................93 
A música em sala de aula..........................................................................................................96 
O teatro como construção do conhecimento..............................................................................97 
Cinema de animação na sala de aula........................................................................................98 
O ensino pela pesquisa .............................................................................................................98 
AULA 20 • OS DESAFIOS DO EDUCADOR DO NOVO MILÊNIO ..............................................100 
ALGUMAS REFLEXÕES E PERSPECTIVAS .............................................................................100 
“Desafio aos educadores“........................................................................................................100 
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................106


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  01  •  INTRODUÇÃO AO  ESTUDO  DE METODOLOGIA  DO 


ENSINO 

Definições, objetivos e temas de estudo 

“Ensinar  é  um  exercício  de  imortalidade.  De  alguma  forma  continuamos  a  viver 
naqueles  cujos  olhos  aprenderam  a  ver  o  mundo  pela  magia  da  nossa  palavra.  O 
professor, assim, não morre jamais...” 

(Rubem Alves)

Primeiramente,  trataremos  sobre  a  disciplina  e  os  temas  que  serão  desenvolvidos  nas 
aulas. 

Metodologia de Ensino é uma disciplina pedagógica, mais especificamente uma área da 
Pedagogia que estuda o conjunto de procedimentos didáticos expressos pelos métodos e técnicas 
de  ensino  ­  ou  estratégias  de  ensino  ­  que  objetivam  o  desenvolvimento  adequado  da  ação 
didática, ou seja, alcançar os objetivos do ensino e da educação. 

Segundo o educador Imídeo Nérici (1989), “. Metodologia de Ensino da Educação Básica 
deve  ser  encarada  como  um  meio  e  não  como  um  fim,  pelo  que  deve  haver,  por  parte  do 
professor, disposição para alterá­la, sempre que sua crítica sobre a mesma o sugerir. Assim, não 
se deve ficar escravizado à mesma, como se fosse algo sagrado, definitivo, imutável. 

”Portanto,  Metodologia  de  Ensino  da  Educação  Básica  deverá  ser  traduzida  como  um 
instrumento, um recurso, um subsídio que orientará o educando à auto­educação, à autonomia, à 
emancipação  intelectual,  ou  seja, fortalecer  o  educando  em  seu  processo  de  aprendizagem,  de 
apropriação do conhecimento e de desenvolvimento de competências. 

A  metodologia de  ensino  apresenta  estruturações  de  passos de  atividades didáticas que 


orientam a aprendizagem mais adequada aos educandos, conforme as características específicas 
da  classe,  o  nível  de  maturidade,  o  desenvolvimento  psicológico  e  social  desta  classe, 
relacionados  intrinsecamente  com  os  objetivos  e  conteúdos  curriculares  a  ser  trabalhados  pelo 
educador.  A  Metodologia  de  Ensino  abrange  métodos  e  técnicas  de  ensino,  com  suas  próprias 
características, objetivos e procedimentos. 


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

A  palavra  método  vem  do  latim  methodus,  proveniente  das  palavras  gregas  meta  (= 
meta)  e  hodos  (=  caminho),  portanto,  método  significa  caminho  para  se  chegar  a  um 
determinado lugar. 

Método,  então,  que  dizer  caminho  para  se  alcançar  os  objetivos  definidos  em  um 
planejamento, ou caminho para se chegar a um fim. 

O método também caracteriza­se por um conjunto de passos ou etapas, que vai desde a 
apresentação do conteúdo pelo professor até a avaliação do que foi aprendido pelos alunos. 

Nérici  (1989)  define  assim  método  de  ensino:  “é  o  conjunto  de  procedimentos  escolares 
lógica e psicologicamente estruturados de que se vale o professor para orientar a aprendizagem 
do educando, a fim de que este  elabore  conhecimentos, adquira técnicas  ou  assuma atitudes e 
idéias.  Diz­se  que  o  método  deve  ser  logicamente  estruturado  porque  precisa  apresentar 
justificativas  para  os  seus  passos,  a  fim  de  que  não  se  baseie  em  aspectos  secundários  ou 
mesmo caprichosos de quem deva dirigir a aprendizagem dos alunos. 

Diz­se  também  que  o  método  deve  ser  psicologicamente  estruturado,  porque  precisa 
atender a peculiaridades comportamentais e possibilidades de aprendizagem dos alunos a que se 
destina, se crianças, adolescentes ou adultos, ou, ainda, se deficientes” – educandos portadores 
de necessidades educacionais especiais. 

A  palavra  técnica  é  a  forma  substantivada  do  adjetivo  técnico,  cuja  origem  grega 
technicu, e por via do latim technicus, significa relativo à arte ou conjunto de processos de uma 
arte  ou  de  uma  fabricação.  Portanto,  técnica  quer  dizer  como  fazer  algo.  É  um  procedimento 
didático que pretende auxiliar na realização da aprendizagem a que se propõe o método. 

É  também  um  procedimento  escolar  lógica  e  psicologicamente  estruturado  destinado  a 


orientar  a  aprendizagem  do  educando, porém  em  uma  etapa  limitada  da fase  de  estudo  de  um 
tema, como na apresentação, na elaboração, na síntese ou na crítica do referido tema. 

Sintetizando,  técnica  de  ensino,  ou  estratégia  de  ensino,  ou  ainda  técnica  didática  é  o 
recurso particular utilizado pelo educador para a efetivação dos objetivos do método. 

Método = indicação do caminho, processo. 

Técnica = mostra como fazer este caminho, como percorrer as etapas ou passos deste 
processo.

Método  e  técnica  representam  a  maneira,  os  meios  para  orientar  e  direcionar  o 


pensamento  e  as  ações  para  o alcance de  uma  meta  estabelecida,  além  de  contribuírem  ainda 


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

para a disciplinação do pensamento e das ações ­ concentração, determinação ­ para a obtenção 
de maior eficiência no processo de ensino e de aprendizagem. 

Um método de ensino pode fazer uso de uma série de técnicas, ou seja, um método, em 
seu desenvolvimento, pode utilizar várias técnicas para o alcance dos objetivos deste método. 

Então, método de ensino é um procedimento mais amplo do que a técnica de ensino. 

Todo  método  de  ensino  apresenta  determinadas  fases  ou  etapas  para  a  efetivação  dos 
estudos dos alunos: fase do Planejamento; fase da Execução e a fase da Avaliação, segundo o 
educador Imídeo Nérici. 

1)  Fase  do  Planejamento:  nesta  fase  são  estabelecidos  os  conteúdos  que  deverão  ser 
estudados  e  as  etapas  de  desenvolvimento  da  ação  didática.  É  uma  fase  de 
responsabilidade  do  educador  que  também  pode  contar  com  a  colaboração  dos 
educandos ou ainda os próprios alunos podem desenvolver esta fase sob a orientação 
do educador. 

2) Fase da Execução: compreende quatro etapas: motivação e apresentação do trabalho 
que  será  realizado;  realização  do  estudo  propriamente  dito  conforme  o  método 
escolhido;  elaboração  de  trabalhos  que  objetivam  a  fixação  e  a  integração  da 
aprendizagem do estudo realizado; conclusões feitas pelos alunos sobre os trabalhos 
realizados ou do estudo realizado. 

3)  Fase  de  Avaliação:  compreende  a  realização  de  provas  ou  outros  recursos/ 
instrumentos  avaliativos  que  permitam  ao  educador  um  retorno  do  estudo  efetuado 
pelos alunos a fim de providenciar reajustesno conteúdo ou na metodologia, retificação 
da aprendizagem ou ainda recuperação de estudos. 

Vejamos agora algumas recomendações metodológicas: 

• favorecer a participação ativa dos alunos nas atividades escolares; 

•  orientar  os estudos  propiciando  aos  alunos  atividades  de  pesquisa  e  de  elaboração  do 
conhecimento; 

• incentivar os alunos à apresentação dos conteúdos a ser desenvolvidos; 

• realizar um trabalho sistematizado e significativo do conteúdo apresentado; 

• favorecer a reflexão em todas as etapas da aprendizagem; 

•  orientar  os  alunos  ao  desenvolvimento  das  habilidades  de  observação,  de  coleta  de 
dados e de pesquisa;


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

•  organizar  trabalhos  em  grupo,  sempre  que  houver  oportunidade,  a  fim  de  estimular 
momentos de discussão e de interação entre os alunos; 

• realizar uma avaliação ao final dos estudos de um tema ou conteúdo, de acordo com o 
desenvolvimento do trabalho dos alunos – não necessariamente uma prova, mas aplicar 
um  instrumento  avaliativo  significativo  e  coerente  com  a  proposta  metodológica 
desenvolvida; 

•  privilegiar  o  desenvolvimento  de  uma  aprendizagem  qualitativa,  significativa  e  reflexiva 


por parte do aluno; 

•  favorecer  o  desenvolvimento  da  auto­estima  e  da  afetividade  dos  educandos,  o 


atendimento às diferenças individuais, a ampliação das aprendizagens – a construção do 
conhecimento, a criatividade dos alunos; 

•  promover  a  utilização  de  recursos  didáticos  ou  de  tecnologia  educacional  a  fim  de 
qualificar o desenvolvimento do método de ensino. 

Podemos  classificar  os  métodos  de  ensino  em  métodos  individualizados,  métodos 
coletivos, e métodos de grupo. 

Métodos de ensino individualizado 

Os  métodos  de  ensino  individualizado  consistem  em  orientar  diretamente  a  cada 
educando  individualmente.  Os  principais  métodos  de  ensino  individualizado  são:  a  Instrução 
Programada, o Estudo Dirigido Individual, as Tarefas Dirigidas e outros. 

Métodos de ensino coletivo 

Os métodos de ensino coletivo são aqueles que orientam ao mesmo tempo e da mesma 
forma todos os alunos igualmente. Podemos citar como exemplos: o Método Expositivo, o Método 
da  Demonstração,  os  Métodos  de  ensino  pela  televisão,  pelo  rádio  ou  por  correspondência  e 
outros.


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Métodos de ensino em grupo 

Os  métodos  de  ensino  em  grupo  enfatizam a interação entre  os  alunos,  em  pequenos 
grupos,  sob  a  orientação  do  professor.  Podemos  citar  como  exemplos:  Método  da  Discussão, 
Método do Debate, Método do Estudo Dirigido em Grupo, Método do Painel, e outros. 

Até  aqui  especificamos  algumas  definições  e  objetivos  da  Metodologia  do  Ensino  na 
prática pedagógica. Nas aulas futuras serão apresentados outros temas abordados neste estudo 
da. Metodologia de Ensino da Educação Básica: 

•  Principais  teóricos  da  educação  e  métodos  (Montessori,  Dewey,  Freinet,  Decroly, 


Kilpatrick, Claparede, Alexander Neill, Makarenko, Howard Gardner, Pedagogia Waldorf, 
Emília Ferreiro, Paulo Freire, entre outros); 

• Pedagogia de Projetos; 

• Interdisciplinaridade e Transversalidade; 

• Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental; 

• Temas Transversais; 

• O Brincar como estratégia de ensino – educação lúdica; 

• Dicas de métodos e de técnicas de ensino mais utilizados em sala de aula. 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.


METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  02  •  A  PRÁTICA  EDUCATIVA:  OBJETIVOS  + 


CONTEÚDOS + MÉTODOS DE ENSINO 

A estruturação do ensino: Teorias educacionais de Herbart, Dewey e 
Paulo Freire 

“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja!” – e, ao falar, 
aponta.  O  aluno  olha  na  direção  apontada  e  vê  o  que  nunca  viu.  O  seu  mundo  se 
expande.  Ele  fica  mais  rico  interiormente.  E,  ficando  mais  rico  interiormente,  ele  pode 
sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos. Vivemos para 
ter  alegria  e  para  dar  alegria.  O  milagre  da  educação  acontece  quando  vemos  um 
mundo que nunca se havia visto.” 

(Rubem Alves) 

Vamos relembrar algumas idéias que estudamos na aula anterior. 

•  Método  =  é  o  caminho,  é  quando  o  educador  faz  uma  escolha  por  um  trajeto,  um 
percurso até o alcance dos objetivos organizados à aprendizagem dos alunos. 

• Técnica = é o “como fazer” ou o “como percorrer” este caminho, seus procedimentos, 
suas  etapas,  seus  passos.  São  as  atividades  a  ser  desenvolvidas  pelos  alunos, 
orientadas por procedimentos a fim de construírem o seu conhecimento. 

• Metodologia de Ensino da Educação Básica é uma disciplina pedagógica que estuda o 
conjunto  de  procedimentos  didáticos  dos  métodos  e  técnicas  de  ensino,  com  a 
finalidade  de  alcançar  os  objetivos  do  ensino,  fornecendo  recursos,  subsídios  ao 
educador  para  estruturar  ou  planejar  as  suas  aulas  de  forma  mais  dinâmica, 
significativa, interativa e didaticamente desafiadora aos educandos. 

•  Um método  pode  fazer  uso  de  uma  série  de  técnicas,  pois  é  um  procedimento mais 
amplo do que a técnica. 

•  Fases  ou  etapas  de  um  método  de  ensino,  segundo  o  educador  Imídeo  Nérici: 
Planejamento, Execução e Avaliação.

10 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• Relacionamos uma série de recomendações metodológicas ao educador quando decide 
por desenvolver um trabalho com seus alunos utilizando um método de ensino, tais como: 
favorecer  a  participação  de  todos  os  alunos,  orientar  as  ações  dos  alunos,  privilegiar  a 
aprendizagem,  incentivar  a  pesquisa,  desenvolver  a  criatividade  e  a  construção  do 
conhecimento.

Continuando  agora  os  nossos  estudos,  faz­se  necessário  destacar  neste  momento  a 
Relação Objetivos – Conteúdos – Métodos De Ensino na prática pedagógica ou educativa. 

A  relação  entre  estes  três  elementos  do  processo  educativo  é  indissociável  e 


interdependente, ou seja, uma relação recíproca, um elemento depende do outro para o alcance 
dos objetivos gerais e específicos da educação. 

Fazendo um recorte das idéias expressas pelo educador Libâneo (1991), “podemos dizer 
que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam as atividades de 
ensino  e  dos  alunos  para  atingir  objetivos  do  trabalho  docente  em  relação  a  um  conteúdo 
específico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor e 
os alunos, cujo resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das 
capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.” 

A  escolha  e  a  organização  dos  métodos  de  ensino  pelo  educador  devem  considerar 
fundamentalmente a unidade ou a relação objetivos – conteúdos – métodos de ensino. 

Invocando novamente as palavras do autor, “a relação objetivo – conteúdo – método tem 
como  característica  a  mútua  interdependência. O  método  de ensino é  determinado pela  relação 
objetivo – conteúdo, mas pode também influir na determinação de objetivos e conteúdos. 

Por  exemplo, quando definimos objetivos  e  conteúdos de  História,  devem estar  incluídos 


neles os métodos próprios de estudo dessa matéria. Se entendermos que o método de estudo da 
História  privilegia  mais  a  compreensão  do  processo  histórico  e  as  relações  entre  os 
acontecimentos do que a simples descrição de nomes e fatos, esta particularidade metodológica 
deve  ser  transformada  em  objetivo  de  ensino.  O  mesmo  raciocínio  vale  para  a  matéria  de 
Ciências, por exemplo, em relação aos métodos e hábitos científicos. 

Podemos  dizer,  assim,  que  o  conteúdo  determina  o  método,  pois  é  a  base  informativa 
concreta para atingir os objetivos. Mas o método pode ser um conteúdo quando também é objeto 
de assimilação, ou seja, requisito para assimilação ativa dos conteúdos. Por exemplo, para uma 
aula de leitura estabelecemos objetivos, conteúdos e métodos. Se decidimos aplicar o método de 

11 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

leitura expressiva, nosso objetivo é que o aluno domine uma habilidade de leitura. Nesse caso, o 
método se converte em objetivo e conteúdo. 

Estas  considerações  procuram  mostrar  que  a  unidade  objetivo  –  conteúdo  –  métodos 


constitui  a  linha  fundamental  de  compreensão  do  processo  didático:  os  objetivos,  explicitando 
propósitos  pedagógicos  intencionais  e  planejados  de  instrução  e  educação  dos  alunos,  para 
participação na vida social; os conteúdos, constituindo a base informativa concreta para alcançar 
os  objetivos  e  determinar  os  métodos;  os  métodos,  formando  a  totalidade  dos  passos,  formas 
didáticas e meios organizativos do ensino que viabilizam a assimilação dos conteúdos e, assim, o 
atingimento dos objetivos.” 

Agora  que  esta  relação  objetivo  –  conteúdo  –  métodos  de  ensino  ficou  destacada, 
perguntamos:  como  este  momento  de  aula,  de  relação  de  ensino  e  de  aprendizagem  entre 
professor e aluno foi estruturado? Quem organizou o processo de ensino? 

Apresentaremos  as  teorias  educacionais  de  três  educadores  que  contribuíram  na 
estruturação do processo de ensino: HERBART, DEWEY e PAULO FREIRE. 

Johann Friedrich Herbart, filósofo alemão do século XVIII 

Defendia que a educação precisava ser concebida dentro de um programa de ensino que 
permitisse ao homem trilhar o caminho do meio, evitando­se a inflamação fanática e desastrosa 
de  doutrinas  extremistas,  assim  o  homem  deveria  receber  através  da  educação  uma  dosagem 
equilibrada de informações científicas e humanas, conhecimentos teóricos e práticos. HERBART 
desenvolveu uma teoria segundo a qual a instrução (ensino), para modificar as idéias dos alunos, 
necessita possuir cinco passos (descrição elaborada por Ghiraldelli, 2000): 

1) Preparação: momento em que as idéias passadas, relacionadas com a presente lição, 
são  trazidas  para  o  centro  das  atenções.  Assim,  surge  o  interesse  vital  pelo  novo 
material e o aluno pode estar preparado para dar atenção ao conteúdo da nova lição. 

2)  Apresentação:  momento  da  “clareza”,  ou  seja,  da  apresentação  nítida  da  idéia  em 
termos os mais concretos possíveis. 

3)  Associação:  momento  de  assimilação  da  idéia  nova,  o  que  ocorre  na  percepção  da 
idéia nova  pela  antiga.  Momento de  comparação –  diferenças  e  semelhanças entre  o 
velho e o novo conteúdo, preparando a indução.

12 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

4) Generalização: momento em que o raciocínio é posto para trabalhar no sentido de sair 
do campo do individual, e formular possíveis leis gerais tiradas da lição. 

5)  Aplicação:  exercício  do novo  conhecimento, o  que  significa  que toda  idéia nova deve 


constituir uma parte da mente funcional. 

“Uma ‘educação verdadeira’ era aquela que não se vinculava aos interesses do Estado e 
dos políticos, mas era educação para o bem dela mesma.” 

Para Herbart, conforme os estudos de ARANHA (1996), “a instrução é compreendida como 
construção, o que leva a não separar a instrução intelectual da moral, porque uma é condição da 
outra.  Se  formar  moralmente  uma  criança  significa  educar  sua  vontade,  é  preciso  maior 
classificação  das  representações  e  crescimento  das  idéias  na  sua  mente.  É  assim  que  Herbart 
julga  possível  trazer  à  mente,  com  freqüência,  as  representações  mais  adequadas,  visando  ao 
controle do interesse. Convém ainda estimular o aparecimento de interesses múltiplos para que a 
educação seja completa. É essa a finalidade dos cinco passos examinados.” 

John Dewey, filósofo americano do século XX 

Afirmava  que  a  escola  torna­se  o  principal  agente  de  uma  melhor  sociedade  futura,  ao 
mesmo  tempo  que  deve  criar  condições  para  que  cada  indivíduo  não  seja  submetido  pelas 
limitações de seu grupo social. Defendia a escola ativa e que agir com uma meta é a mesma coisa 
que agir inteligentemente, para tanto, desenvolveu a estrutura de ensino com as seguintes etapas 
(descrição elaborada por Ghiraldelli, 2000): 

1)  Atividade  e  pesquisa:  os  estudantes  são  colocados  em  atividade,  pois  é  dela  que 
emerge  o  primeiro  passo da  aprendizagem:  a  consciência de  uma  dificuldade,  de um 
problema, de uma necessidade. 

2) Escolha e/ ou formulação de problemas: os estudantes são instigados a examinar a 
situação,  como  é  próprio  da  mente  humana,  que,  ao  defrontar­se  com  um  problema, 
analisa  seus  vários  elementos,  e  localiza  o  cerne  das  dificuldades  e  o  fator  de 
importância mais decisiva. 

3)  Arrolamento  de  dados:  o  estudante  é  solicitado  a  fornecer  elementos  para  a 


formulação de hipóteses. 

4) Construção de hipóteses: professor e estudante formulam hipóteses.

13 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

5) Avaliação de hipóteses e/ ou experimentação: as hipóteses são postas à prova, por 
experimentação direta ou indireta. 

“A educação é uma constante reorganização ou reconstrução da experiência.” 

“O melhor que se pode dizer de qualquer processo de educação é que ele coloca o sujeito 
em condições de uma nova educação.” 

“A  educação  deve  possibilitar  a  cada  um  ter  sua  felicidade  realizada  na  medida  em  que 
possibilita que as condições dos outros melhorem.” 

“Dentro do magistério, devem existir a iniciativa intelectual, a discussão e a capacidade de 
decisão.” 

“Cabe ao professor não simplesmente o adestramento dos indivíduos, mas sim a formação 
da vida social justa.” 

Paulo Freire educador brasileiro do século XX 

Desenvolveu  uma  proposta  metodológica  de  caráter  político  na  educação  de  jovens  e 
adultos, favorecendo a conscientização, a criticidade, a dialogicidade e a valorização da cultura do 
aluno. 

Os  cinco  passos  didáticos  do  ensino,  que  levariam  o  aluno  a  “ler  o  mundo”  para  poder 
transformá­lo, são (descrição elaborada por Ghiraldelli, 2000): 

1) Vivência e pesquisa: momento em que o educador vive, realmente, na comunidade do 
educando,  participando  de  sua  linguagem  e  de  seus  problemas.  Neste  passo,  Paulo 
Freire quer que a dicotomia educador­educando desapareça, dando lugar ao educando­ 
educador­educador­educando. É neste momento que o educador começa a recolher o 
que serão os “temas geradores” ou “palavras geradoras” 

2)  Eleição  dos  temas  geradores:  a  partir  da  vivência,  o  educador  recolhe  temas  e 
palavras e passa a organizar junto com os educandos os “círculos de cultura”, o grupo 
em que aconteceria o “diálogo amoroso”, humilde, horizontal entre educando­educador 
e educador­educando. O “método dialógico” aqui empregado consistiria na explicitação 
do relato dos participantes a respeito de suas experiências de vida, suas dificuldades e 
problemas. O “animador” do “centro de cultura”, uma vez vivido na comunidade, estaria 
apto  a  resgatar,  nesse  momento,  os  “temas  geradores”  e  as  “palavras  geradoras”,  já

14 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

previamente  “sentidos”  por  ele  próprio  na  comunidade,  como  que  espelhando 
dificuldades. 

3) “Problematização” através do diálogo: A “problematização” implicaria a idéia de que 
“ninguém educa ninguém”, e também de que “ninguém se educa a si mesmo”, mas “os 
homens se educam em comunhão”, “mediatizados pelo mundo”. Como escreveu Paulo 
Freire:  “a  problematização  se faria, assim, através  do esforço pelo qual  educadores  e 
educandos  iriam  percebendo,  criticamente,  como  “estão  sendo  no  mundo  com  que  e 
em que se acham”. 

4)  “Conscientização”:  através  da  “problematização”,  educador­educando  e  educando­ 


educador  poderiam  fixar  o  ponto  de  partida  para  a  “conscientização”.  Caberia  ao 
educador­educando problematizar a  visão  de  mundo  dos  educandos­educadores que, 
por uma série de razões, poderiam não estar aptos a entender a realidade criticamente. 
A  “conscientização”  exigiria  o  “pensar  crítico”,  capaz  de  procurar  a  “causalidade 
profunda” dos acontecimentos, fazendo o “desvelamento da realidade”. 

5) Ação social e política: A “conscientização” se completaria na ação social e política – na 
“práxis social” de busca de “libertação de todos os homens da opressão”. 

Citaremos algumas frases que marcam a obra do educador Paulo FREIRE: 

“Ninguém  educa  ninguém,  ninguém  sabe  tudo:  essa  aprendizagem  dialógica  permite  ao 
sujeito descobrir a si mesmo.” 

“O homem é um ser inacabado com capacidade para transformar o mundo.” 

“Por isso, a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma 
imposição,  mas  de  dentro  para  fora,  pelo  próprio  analfabeto  e  apenas  com  a  colaboração  do 
educador.” 

“Ninguém  educa  ninguém,  ninguém  educa  a  si  mesmo;  os  homens  educam­se  entre  si, 
mediados pelo mundo.” 

“Todo  processo  de  educação  de  adultos  implica  o  desenvolvimento  crítico  da  leitura  do 
mundo, que é um trabalho político de conscientização.” 

“Jamais  aceitei que  a prática educativa devesse  limitar­se  apenas  à  leitura da palavra, à 


leitura do texto, mas que ela devesse incluir também a leitura do contexto.”

15 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Considerações finais 

A estruturação ou a organização do ensino que estudamos, ou seja, a organização da aula 
que  o  educador  leciona  na  sala  de aula,  deve­se  ao  trabalho  científico  dos  teóricos  HERBART, 
DEWEY e PAULO FREIRE, com contribuições que foram sendo redimensionadas, reconstruídas 
e  adaptadas  aos  diversos  contextos,  espaços  e  tempos  da  educação  e  da  sociedade,  a  fim  de 
privilegiar  umas  prática  educativa  adequada  e  significativa  às  demandas  sociais,  históricas  e 
culturais. 

Indicação de sites. 

http://centrorefeducacional.com.br/herbart.html 

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per13.htm 

http://www.revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=11622 

http://centrorefeducacional.com.br/dewey.html 

http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/159_fev03/html/pensadores 

http://centrorefeducacional.com.br/paulo.html 

http://novaescola.abril.com.br/index.htm?especiais/paulo_freire/paulo_freire 

http://pedagogiaemfoco.pro.br/per01.htm

16 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  03  •  CONHECENDO  AS  TEORIAS  PEDAGÓGICAS  DOS 


GRANDES TEÓRICOS­EDUCADORES 

Método Expositivo 

“É lição sabida que o novo não se constrói e nem surge por passe de mágica. O novo 
nasce  do  arcaico,  mas  não  se  repete  o  arcaico.  O  novo  cria  outros  paradigmas,  mas 
preserva  do  arcaico  valores  e  práticas  indispensáveis  à  construção  da  ponte  para  o 
futuro. A transição do velho para o novo é um processo. Em uma determinada hora, os 
dois  convivem  lado  a  lado.  Como  numa  corrida  de  bastão.  Até  que  é  chegado  o 
momento em que o novo ganha velocidade e ocupa o palco da História e deste se retira 
o  arcaico  para  desempenhar  as  funções  de  referência,  de  arquivo,  de  memória,  de 
cultura.  Esta  concepção  do  processo  histórico  é  uma  norma  que  é  visível  até  mesmo 
nos tensos momentos de ruptura. 

”(Moacyr de Góes)

Leia  o  texto  complementar  disponível  no  ambiente  de  aula  sobre  “ Perguntas  de 
Criança” , do educador Rubem Alves. 

• Como fazer o aluno aprender? 

• Por que fazemos perguntas se queremos respostas prontas e conhecidas? 

• Para quais caminhos estamos conduzindo os nossos alunos? 

•  Por  que  utilizamos  sempre  os  mesmos  “ribeirões”  para  matar  a  sede  de  conhecimento 
dos nossos alunos? 

Parece que o mundo conhecido, os caminhos já percorridos, os “ribeirões” utilizados nos 
trazem mais segurança, comodidade, certezas, respostas prontas, conteúdos a ser repetidos em 
cumprimento aos programas já determinados. 

Tudo isto ainda tem sentido no mundo atual? 

Certamente que não! Porém, o velho, o arcaico não deve ser jogado fora, desconsiderado, 
“deletado”, anulado por completo de nossos estudos, de nossa formação, de nossa memória, pois 

17 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

é isto mesmo: memória, história que se construiu e que ainda é construída. Não podemos negar 
as  contribuições,  as  teorias  de  nossa  “herança  pedagógica”,  a  identidade  da  educação,  da 
formação do educador, da nossa identidade profissional. 

Frente a isto, é imprescindível conhecer a nossa cultura pedagógica, especialmente nossa 
cultura  metodológica,  seus  idealizadores,  para  assim  identificarmos  as  suas  marcas,  as  suas 
influências  na  educação  atual,  em  nossa  formação  docente,  em  nossa  prática  pedagógica 
vivenciada no cotidiano escolar. 

Iniciaremos  o  estudo  desta  cultura  metodológica  com  a  apresentação da  teoria de  Maria 


Montessori. 

Ao final  de nossas  aulas,  a  partir  de hoje até  a aula  9,  você  também  entrará  em  contato 
com alguns métodos e técnicas de ensino mais utilizadas em sala de aula pelos educadores. 

Maria Montessori 

Médica italiana (1870­1952), realizou estudos em educação, traduzindo o ideário da Escola 
Nova  e  Ativa.  Seu  método  –  MÉTODO  MONTESSORI  –  respeita  o  crescimento  natural  das 
crianças e desenvolve principalmente a educação sensorial na pré­escola. 

Montessori  apresenta  inicialmente  um  modelo  pedagógico  para  a  educação  de  crianças 
deficientes (deficiência mental), sendo estendido posteriormente a todo tipo de crianças. 

“A  defesa da  criança,  o  reconhecimento  científico  de  sua  natureza, a  proclamação  social 
de seus direitos é que devem suplantar os métodos fragmentários de conceber a educação.” 

No universo montessoriano, a liberdade é condição indispensável ao desenvolvimento da 
vida,  das  manifestações  espontâneas,  pois  tem  a  convicção  de  que  a  educação  somente  será 
alcançada com a atividade própria do sujeito que se educa. A atividade tem um papel fundamental 
e deve disciplinar­se para o trabalho mediante um ambiente adequado. 

Uma  das  preocupações  de  Montessori  é  voltada  às  coisas  úteis  em  nossa  vida  e, 
principalmente, que despertem o nosso interesse. Ela insiste na unidade da atividade sensorial e 
motriz,  no  desenvolvimento  infantil  e  na  necessidade  de  uma  atmosfera  escolar  adequada  à 
condição infantil. O mobiliário da sala de aula deve estar adequado à estatura das crianças, para 
que estas tenham liberdade de acesso aos materiais de seu interesse.

18 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

A  base de  seu  método é  a  independência, que pressupõe a  livre  escolha  das  atividades 


por  parte  da  criança,  que  tende  geralmente  ao  isolamento,  embora  o  método  defenda  a 
cooperação a fim de alcançar a socialização do educando. 

“Deve­se ajudar a criança a fazer e a expressar­se, mas o adulto jamais deve fazer em seu 
lugar, a não ser quando for absolutamente necessário...” 

Sendo um dos objetivos fundamentais do Método Montessoriano o de preparar a criança 
para  que  seja  livre,  é  indispensável  que  ela  consiga  autonomia  perante  a  aquisição  de  níveis 
progressivos de independência física e afetiva, implicando, portanto, auto­estima e independência 
de vontade e de pensamento. 

Nas  escolas  montessorianas  praticam­se  hábitos  da  vida  cotidiana,  a  fim  de  conseguir 
essa  liberdades  colocá­lo  em  seu  devido  lugar,  ordena­lo  e  preserva­lo,  limpar  a  sala  de  aula, 
buscar informações nos livros, etc., ou seja, que aprenda a se desenvolver sem a ajuda do adulto. 

“A educadora deve limitar o máximo possível sua intervenção, sem, com isso, permitir que 
a criança se canse por um excessivo esforço de auto­educação. É aqui que se manifesta a arte da 
professora.” 

O  erro  faz  parte  do  processo  e  se  ensina  a  criança  a  se  autocorrigir,  ela  aprende  a 
reconhecer e a corrigir seus erros. Poderá repetir cada atividade o tempo que for necessário até 
conseguir aprender. 

“A  disciplina  é  obtida  por  uma  via  indireta,  desenvolvendo  a  atividade  no  trabalho 
espontâneo.” 

Acesse  o  site  http://centrorefeducacional.com.br  /montesso.html  e  leia  outras 


informações sobre o Método Montessori e dos materiais elaborados para as crianças. 

Ovide Decroly 

Médico e educador belga (1871­1932), também defendia a preparação da criança para a 
vida  como  Montessori;  concebeu  a  escola  ideal,  que  deveria  situar­se  num  ambiente  que 
possibilitasse a criança a observar diariamente os fenômenos da natureza e as manifestações de 
todos os seres vivos. 

Para DECROLY, a criança deveria ser educada em plena liberdade, para que nela possam 
aflorar todas as suas potencialidades, portanto, seria necessário um regime de atividade livre e de 
trabalho espontâneo e criador.

19 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

As crianças devem ser classificadas na escola em grupos psicologicamente homogêneos e 
as classes não possuírem mais do que 20 ou 25 alunos. 

As salas de aula precisam ser providas de pequenas oficinas para a prática de trabalhos 
manuais. 

A  criança  precisa  possuir  a  compreensão  de  si  mesma,  do  seu  próprio  ser,  de  suas 
necessidades, desejos, ideais e propósitos. 

Precisa saber como funcionam os seus sentidos, para que servem os seus órgãos, como 
se movem seus membros, porque sente frio ou fome. Depois de conhecer­se a si mesma, precisa 
conhecer o meio natural e o meio humano em que vive, do que depende e onde deve trabalhar 
para satisfazer suas necessidades, desejos e ideais. 

O método elaborado por DECROLY, denominado de CENTROS DE INTERESSE, tem por 
objetivo  o  estudo  de  cada  necessidade  básica  da  experiência  humana.  Ele  organizou  quatro 
centros de interesse que estão ligados às quatro necessidades básicas, segundo NÉRICI (1989): 

1) necessidade de alimentação: alimentos, respiração, etc. 

2) necessidade de lutar contra as intempéries: frio, calor, umidade, ventos, etc. 

3)  necessidade  de  defesa  contra  perigos  e  inimigos  vários:  limpeza,  higiene,  luta  contra 
moléstias, cuidados contra acidentes, etc. 

4) necessidade de agir, de trabalhar solidariamente, de descansar, de divertir­se e de se 
desenvolver. 

“Cada  necessidade  deverá  ser  estudada,  com  relação  ao ambiente, segundo  três pontos 


de vista, de quatro modos e por meio de três tipos de exercícios”conforme defendia DECROLY. 

Os três pontos de vista, que devem orientar o estudo de cada necessidade são, conforme 
NÉRICI (1989): 

1) vantagens para o homem e meios de utilizar as mesmas; 

2) inconvenientes e meios de evitá­los; 

3) conclusões de comportamento prático para o bem do educando e da sociedade. 

Cada ponto de vista, por sua vez, poderia ser examinado de quatro modos diferentes: 

1) diretamente, por meio dos sentidos e da experiência imediata; 

2) indiretamente, por meio de recordações pessoais;

20 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

3)  indiretamente,  por  meio  de  exames  de  documentos  relativos  aos  objetivos  e  aos 
fenômenos atuais e não diretamente acessíveis à experiência do educando; 

4) indiretamente, por meio do exame de documentos relativos a fatos, fenômenos e objetos 
do passado. 

Esses quatro modos, por sua vez, desenvolvem­se através de três tipos de exercícios: 

1) exercícios de observação, referentes ao exame pessoal e direto; 

2)  exercícios  de  associação,  referentes  ao  exame  de  objetos  distantes  no  tempo  e  no 
espaço; 

3) exercícios de expressão que podem ser concretos (construção ou desenho de algo) ou 
abstratos (conversação, leitura, escrita, etc.). 

Para saber mais um pouco, acesse o site http://centrorefeducacional.com.br/decroly.html. 

Edouard Claparède 

Psicólogo e pedagogo suíço (1873­1940), desenvolveu uma pedagogia fundamentada nas 
necessidades e interesses da criança, chamando­a de “educação funcional”; para ele, a educação 
ideal  é  aquela  que  cria  na  criança  um  comportamento  que  satisfaça  as  suas  necessidades 
orgânicas  e  intelectuais,  pois  os  aspectos  físicos  e  psíquicos  possuem  uma  mesma  realidade 
dinâmica. É fundamental conhecer a criança para melhor ajudá­la a tornar­se tudo o que pode e 
deve ser, é o ideal da pedagogia funcional. 

Deve­se evitar a pretensão de um amadurecimento da criança por meio de uma educação 
rápida e impaciente, pelo contrário, a educação deve ser prolongada o mais possível, permitindo à 
criança aproveitar plenamente o dinamismo que a caracteriza. 

Para CLAPARÈDE a escola deve ser ativa, deve mobilizar a atividade da criança, a escola 
deve fazer amar o trabalho por meio de jogos e atividades estimulantes e alegres. 

“O  jogo  é  a  forma  de  atividade  normal  da  criança,  através  da  qual  se  prepara  para  as 
atividades de adulto! E será um adulto tanto mais realizado, quanto mais tempo tiver brincando; e 
não  somente  com  um  arco,  ou  uma  bola  de  gude,  mas  também  o  jogo  lingüístico,  o  jogo  dos 
números, e este jogo apaixonante em que se forma seu raciocínio, o jogo dos porquês... e que, na 
escola, será exercido com mais seriedade e mais fervor. Pois o trabalho exigido dela na escola só 
amoldará  nela  uma  pessoa  se  a  ele  se  dedicar  inteiramente,  de  todo  o  coração;  logo,  se  o 
trabalho for um jogo.”

21 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Para  complementar  o  seu  estudo  sobre  este  teórico,  acesse  o  site 


http://revistaescola.abril.com.br/especiais/pensadores/pdfs/edouard_claparede.pdf. 

Depois de conhecer estes três teóricos da Metodologia do Ensino, faça a leitura do texto 
que  aborda  o  conceito,  os  objetivos  e  os  procedimentos  do  método  mais  utilizado  pelos 
educadores em suas aulas: o Método Expositivo (NÉRICI,1989). Clique em Texto complementar 
do menu da aula e leia o texto II. 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

Indicação de site. 

http://www.novaescola.com.br/index.htm?ed/164_ago03/html/pensadores

22 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  04  •  TEORIAS  PEDAGÓGICAS  DOS  GRANDES 


TEÓRICOS­EDUCADORES 

Método do Estudo Dirigido 

“Uma das tarefas mais importantes da prática educativo­crítica é propiciar as condições 
em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou 
com a professora ensaiam a experiência profunda de assumir­se. Assumir­se como ser 
social  e  histórico,  como  ser  pensante,  comunicante,  transformador,  criador,  realizador 
de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir­se como sujeito porque 
capaz  de  reconhecer­se  como  objeto.  A  assunção  de  nós  mesmos  não  significa  a 
exclusão  dos  outros.  É  a  “outredade”  do  “não  eu”,  ou  do  tu,  que  me  faz  assumir  a 
radicalidade de meu eu”. 

(Paulo Freire)

Continuamos  a apresentar a  dimensão  histórico­cultural de nossa  herança  metodológica: 


conhecer  as  nossas  raízes  metodológicas  e  os  idealizadores  das  teorias  pedagógicas  que 
fundamentam a nossa prática docente atual. 

Começamos nossa aventura cultural pelas teorias de Montessori, Decroly e Claparède, é 
claro  que  não  esqueceremos  de  mencionar  as  contribuições  de  Herbart,  Dewey  e  de  Paulo 
Freire (nosso grande educador, sempre invocado em nossas aulas!). 

Nesta aula apresentaremos as obras de Celestin Freinet, Anton Makarenko e de William 
Kilpatrick  e,  ao final,  você poderá  conhecer ainda o  Método  do  Estudo  Dirigido,  muito  utilizado 
em sala de aula, nos diferentes níveis de ensino. 

Celestin Freinet 

Educador francês (1896­1966), foi considerado um professor do povo, pois teve a coragem 
e a felicidade de representar na escola os fundamentos de uma educação pelo trabalho e de uma 
pedagogia  moderna e  popular.  Suas teorias  e aplicações  têm  como  referencial  o  movimento  da 
Escola Nova, adquirindo um caráter mais democrático e social. 

23 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

As  técnicas  de  FREINET  constituem  um  conjunto  rico  e  coerente  de  atividades  que 
estimulam um tateamento experimental, a livre expressão infantil, a cooperação e a pesquisa do 
meio. 

A  pedagogia  de  FREINET  consolidou­se  na  prática  de  inúmeros  docentes  de  diversos 
países, e suas propostas ainda são prestigiadas no campo educacional. 

“Vamos nos empenhar cada vez mais em vincular a escola com o povo.” 

Aplicar  as  técnicas  de  FREINET  significa  dar  palavra  ao  aluno,  partir  dele,  de  suas 
capacidades de comunicação e de cooperação. Supõe considerar o aluno não como parte de um 
único contexto, o escolar, mas como partícipe de diversos contextos, devendo ainda considerar as 
influências destes diversos contextos nas inter­relações dos indivíduos dentro do grupo – escola­ 
sala de aula. 

O  fundamento  da  cooperação  exige  a  criação  de  um  ambiente  na  sala  de  aula  no  qual 
existam elementos mediadores na relação professor­aluno. 

A construção efetiva desse ambiente educacional é realizado por meio de técnicas que se 
caracterizam  por  estimular  o  trabalho  de  sala  de  aula  fundamentado  na  livre  expressão  das 
crianças em um local de cooperação. 

Para  FREINET, a  verdadeira  cooperação  é  a que  nasce  do trabalho, portanto,  valoriza a 


atividade manual e a de grupo, que estimulam a cooperação, a iniciativa e a participação. 

A aprendizagem da gramática e dos conteúdos a ser pesquisados é realizada de maneira 
original, porque o seu método está centrado no projeto de imprensa na escola. 

Os manuais escolares são eliminados, pois aprende­se a composição para a imprensa e 
se cultiva a expressão por meio do texto livre, estimulando a curiosidade, a coleta de informações 
– feita pelos alunos e pelos professores ­, o debate e a expressão escrita. Para a montagem do 
texto a ser impresso, são feitos os cálculos necessários, assim como as ilustrações. Além disso, 
as  comunicações  diversas  trocadas  entre  os  alunos  de  classes  diferentes  fomentam  a 
correspondência interescolar – entre as escolas. 

“A  imprensa  na  escola  tem  um  fundamento  psicológico  e  pedagógico  seguro  e 
permanente: a expressão e a vida das crianças.” 

“Uma das principais condições de renovação da escola é o respeito à criança e, por sua 
vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.” 

As  principais  técnicas  de  FREINET  são  pensadas  tendo  como  fundamento  a  base 
funcional da comunicação:

24 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

1)  Imprensa  na  escola:  a  turma  escolhe  um  tema,  pesquisa  –  busca  de  informações, 
reelabora  essas  informações,  apresenta  o  resultados  aos  colegas  e  depois  são 
impressos  na  imprensa  para  divulgação  em  toda  a  escola  –  formatando  a  revista 
escolar; 

2) Texto livre: é um texto elaborado pela criança a partir de suas próprias idéias, sem tema 
e  sem  prazo  pré­fixado  para  finalização.  É  um  instrumento  operacional  para  a 
construção de conhecimentos, desenvolver a autonomia, a aprendizagem de valores e a 
análise da realidade em que vive a criança; 

3) Os planos de trabalho: organização e planejamento das atividades pelos alunos, sendo 
tudo decidido pelo coletivo destes alunos; 

4) As conferências: as crianças escolhem um tema de seu interesse, que será trabalhado 
individualmente ou em grupo, depois fazem a coleta de dados, de informações, redigem 
um texto pessoal colocando ilustrações e fotografias. No final, este estudo será exposto 
aos  colegas  de  turma  por  meio  de  uma  conferência.  O  documento  transforma­se  em 
monografia que fará parte de uma biblioteca de trabalho. 

5)  Biblioteca  de  trabalho:  para  cada  turma  há  uma  biblioteca  de  trabalho  composta  por 
diferentes livros de consulta, manuais, enciclopédias, monografias, artigos de imprensa 
e arquivos de fotografias. Os alunos são responsáveis pela sua organização e controle. 

6)  A  assembléia  de  sala  de  aula:  é  um  órgão  orientador  e  de  decisão  do  grupo,  é  um 
momento  no  qual  os  alunos  realizam  solenemente  o  levantamento  de  problemas  e 
buscam meios para a sua solução e planejam projetos. 

7)  A  correspondência  escolar:  é  o  intercâmbio  de  mensagens  com  outras  pessoas,  com 
outras  escolas,  mantendo  laços  de  solidariedade,  afinidade  e  se  constitui  ainda  num 
incentivo às tarefas de conhecimento e de observação do meio – pesquisas. 

Quer  ler  mais  um  pouco  sobre  FREINET?  Acesse  o  site 


http://centrorefeducacional.com.br/freinet.html 

Anton Semionovich Makarenko 

Educador  ucraniano  (1888­1939),  é  considerado  o  pedagogo  soviético  e  comunista  mais 


representativo  de  todos  os  tempos.  Os  princípios  de  sua  pedagogia:  a  coletividade,  o  trabalho 
socialmente produtivo e a autoridade carismática do educador foram amplamente desenvolvidas

25 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

nas coletividades infantis e juvenis que dirigiu de 1920 a 1935, sendo as mesmas retratadas de 
maneira espetacular em seu livro Poema Pedagógico. 

Para MAKARENKO, a coletividade é um princípio predominante no indivíduo, é o respeito 
pela pessoa.  É  o aluno que  cria  e  organiza a  coletividade,  mas  é esta  que  realmente educa os 
indivíduos. 

A  pedagogia  de  MAKARENKO  também  é  uma  pedagogia  do  trabalho,  que  é  outra 
instância educativa fundamental, trata­se, portanto, de um trabalho efetivamente produtivo e com 
sentido  social  (oficinas  de  marcenaria,  trabalhos  manuais,  aulas  de  música,  exercícios  físicos, 
dentre outras atividades). 

“Para nós, não bastava ‘corrigir’ uma pessoa. Era preciso educá­la de um modo novo, não 
apenas para fazer dela um membro inofensivo e seguro para a sociedade, mas para convertê­la 
em um elemento ativo da nova época.” 

Gostaria  de  ler  um  pouco  mais  sobre  MAKARENKO?  Então  acesse  o  site 
http://revistaescola.abril.com.br/especiais/pensadores/pdfs/anton_makarenko.pdf. 

William Heard Kilpatrick 

Educador americano (1871­1965), foi discípulo de John Dewey, criou uma pedagogia que 
denominou  de  método  de  projetos,  cuja  finalidade  era  a  de  globalizar  o  ensino  mediante 
atividades manuais, dirigindo também a atividade mental do aluno para um propósito objetivo. 

O projeto como método de ensino é uma atividade intencionada que consiste nos próprios 
alunos  realizar  algo  num  ambiente  natural,  integrando  ou  globalizando  o  ensino;  através,  por 
exemplo:  da  construção  de  uma  casinha  de  coelhos,  poderiam  ser  ensinados  os  princípios  de 
geometria, desenho, cálculo, história natural, ciências e outros ensinamentos. 

“Resta­nos  a  hipótese  de  que,  sob  muitos  aspectos,  o  processo  da  vida  é  bom  e  que, 
mediante esforço ponderado, pode vir a tornar­se melhor. Todos os esforços para melhorá­lo têm 
efeito  educativo.  O  objetivo  da  educação  é  continuar  a  enriquecer  o  processo  da  vida  por 
pensamentos e ações melhores. Portanto, a educação está na vida e para a vida. Seu objetivo é o 
único  que  se  adapta  a  um  mundo  em  desenvolvimento.  Desenvolvimento  contínuo  é  a  sua 
essência e a sua finalidade.”

26 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

O método de projetos procura atuar mais no campo da prática, da realidade efetiva, do que 
atuar  no  campo  do  intelecto,  portanto,  projeto  para  KILPATRICK,  é  uma  atividade  que  se 
desenvolve diante de uma situação problemática, concreta, real, que busca soluções práticas. 

Pode  ser  realizado  individualmente,  em  grupo  ou  com  a  participação  de  toda  a  classe, 
sempre contando com a orientação do professor. 

O  método  de  projetos  pode  trabalhar  com  uma  disciplina  ou  mais  de  uma,  estimulando 
projetos interdisciplinares ou disciplinares. 

Um  bom  projeto  didático  apresenta  quatro  características:  atividade  motivada;  plano  de 
trabalho, de preferência manual; diversidade globalizada de ensino; ambiente natural. 

Quer continuar lendo outro texto sobre KILPATRICK e o seu Método de Projetos? Acesse 
o site http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp? id=426. 

Leia o texto complementar, no ambiente de aula, e conheça um outro método de ensino, 
muito utilizado pelos professores de todos os níveis de ensino: Método do estudo dirigido. 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

Indicação de site. 

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per06.htm

27 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  05  •  TEORIAS  PEDAGÓGICAS  DOS  GRANDES 


TEÓRICOS­EDUCADORES 

Método da Discussão e do Debate 

“A vocação nasce com a gente, misteriosamente. Ela é o nosso caso de amor com algo 
que se faz. A diferença entre quem trabalha por profissão e quem trabalha por vocação: 
o primeiro trabalha pelo ganho; o segundo seria capaz de pagar para poder fazer o seu 
trabalho. Trabalha como quem faz amor, como quem brinca.”  (Rubem Alves)

Nossa herança metodológica nesta aula focalizará as teorias PEDAGOGIA WALDORF do 
educador RUDOLF STEINER, ALEXANDER NEILL e JANUSZ KORCZAK. 

Comecemos pela Pedagogia Waldorf, elaborada pelo educador Rudolf Steiner. 

Rudolf Steiner 

Educador  austríaco  (1861­1925),  criou  em  1919,  na  Alemanha,  o  sistema  de  ensino  ou 
pedagogia Waldorf, aplicado pela primeira vez com os filhos dos operários da fábrica de cigarros 
Waldorf­Astoria. 

A  educação  tem  como  tarefa  acompanhar  o  desenvolvimento  do  ser  humano,  conforme 
cada idade e suas necessidades. A relação professor­aluno é o centro da pedagogia WALDORF. 

“O  aluno  Waldorf  aprende  de  pessoas,  não  de  livros.  Ele  procura  vivências,  não 
conhecimento crítico mais severo, e o objetivo do trabalho de um professor deve ser ele mesmo.” 

“Ninguém  pode  ser  um bom  educador  se não  conhece  a fundo a natureza  humana e  as 
leis segundo as quais ela se desenvolve.” 

Há um fator comum com a aprendizagem neste sistema de ensino, independente da faixa 
etária do aluno: o começo é sempre pela prática. Por exemplo: em uma aula de química, primeiro 
o  professor  faz  a  experiência,  depois  pergunta  aos  alunos  o  que  foi  compreendido  daquilo  em 
termos concretos. 

Enquanto  a  maioria  das  pedagogias  centraliza  seus  esforços  no  aluno,  a  pedagogia 
Waldorf,  valoriza  muito  a  relação  professor­aluno.  O  professor  acompanha  a  mesma  classe 

28 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

durante todo o ensino fundamental. Os alunos terão, além de um professor que os acompanhará 
durante  todo  o  ensino  fundamental,  também  o  acompanhamento  dos  professores  das  matérias 
que ministrarão lições específicas, como línguas estrangeiras, educação física e arte. 

O  perfil  do  professor  na  pedagoga  Waldorf:  é  um  profundo  conhecedor  do  ser  humano, 
devendo  usar  o  amor  como  base  da  relação  com  os  alunos  e  ter  qualidades  artísticas, 
especialmente criatividade e imaginação. 

“Os  ensinamentos  filosóficos  de  Steiner  tinham  como  premissa  básica  a  existência  e 
experiência pessoal do que era chamado “mundo espiritual”. Em sua autobiografia, Steiner dizia 
que  a  “forma  moderna  do  conhecimento  espiritual”  era  distinta  das  velhas  formas  de 
espiritualidade,  tidas  mais  como  sonhos  do  que  conhecimento.  Para  Steiner,  espiritualidade  era 
conhecimento  e  não  apenas  intuição.  A  educação  era,  desse  modo,  vista  como  algo  que 
desenvolve  um  conhecimento  espiritual  do  mundo  e  permite  ao  aluno  se  tornar  parte  vital  da 
espiritualidade. O meio para isso é a experiência interior e não a observação nem a descrição. A 
organização  social  para  a  disseminação  dessa  experiência  interior  é  chamada  de  “sociedade 
secreta”, meio de indicar a exclusividade do tipo de conhecimento envolvido. Dessa forma, não é 
de surpreender que Steiner seja chamado o “líder dos pesquisadores esotéricos do século XX”. 

A antroposofia – sabedoria dos homens – de Steiner enfatiza a unidade do corpo, mente e 
alma,  não  num  sentido  pessoal  e  sim  no  sentido  de  unidade  cósmica.  Existem  três  mundos:  o 
físico,  o  da alma e o do  espírito.  O  homem é parte  de todos  os  três  mundos por  meio das  sete 
formas de sua existência total na terra. Ele é “enraizado” no mundo físico com seu corpo físico, 
etéreo,  com alma e  “floresce”  no  mundo espiritual  com  seu  ser espiritual,  seu espírito de vida  e 
sua existência espiritual. A alma é o tronco, enraizado numa extremidade e florescendo na outra. 
A “antroposofia” é nada mais do que uma ciência espiritual para o amadurecimento da alma que 
requer pesquisa no mundo espiritual. A pesquisa no mundo interior é semelhante à pesquisa no 
mundo exterior, disse Steiner em sua autobiografia; com métodos um pouco diferentes, mas com 
o mesmo enfoque na verdade.” (PALMER, 2005) 

“O  ensino  nos  primeiros  períodos  não  deve  ser  feito  de  forma  “abstrata”,  mas  concreta, 
com “imagens vivas, animadas”, representando a espiritualidade verdadeira para o entendimento 
da  criança.  O  educador  deve  ser  “sensível,  afetuoso  e  imbuído  de  empatia”  como  resultado  de 
seus  estudos  de  fontes  de  ciência  espiritual.  No  final,  o  educador  representará  o  “verdadeiro 
conhecimento da ciência espiritual” e isso estará no coração de toda educação verdadeira. Até a 
maturidade sexual, o ensino relaciona­se com a memória da criança, depois disso, à razão. Só é 
necessário  trabalhar  com  conceitos  depois  da  maturidade  sexual.  A  instrução  tem  um  princípio

29 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

central,  isto,é, a  memória  vem  primeiro  e só depois  a  compreensão.  Quanto  melhor  a  memória, 
melhor será o entendimento, assim toda a primeira escolaridade deve se basear na memorização. 

Os  pais  interessados  nas  Escolas  WALDORF  pretendem  evitar  o  estresse  da  escola 
convencional e especialmente o estresse da seleção muito precoce. 

A  verdadeira  eficácia  das  Escolas  WALDORF  ainda  não  foi  avaliada  porque  não  existe 
pesquisa empírica sobre o seu sucesso ou fracasso. Os debates a respeito têm sido puramente 
ideológicos, focalizados nos prós e contras da antroposofia de Steiner, mas sem dados para julgar 
a prática da escolaridade de maneira justa.” (PALMER, 2005) 

Para  saber  mais  um  pouco  sobre  a  PEDAGOGIA  WALDORF,  acesse  o  site 
http://pedagogiaemfoco.pro.br/per12.htm. 

Alexander Sutherland Neill 

Educador  escocês  (1883­1973),  fundador  da  SUMMERHILL  SCHOOL,  na  Inglaterra, 


escola com uma pedagogia alternativa, ou seja, um sistema de ensino que privilegia a liberdade 
da criança para escolher e decidir o que quer aprender e quando quer aprender, desenvolvendo­ 
se no seu próprio ritmo. 

Seus  principais  fundamentos:  educação  libertária  que  deveria  trabalhar  basicamente  a 


dimensão emocional da criança, a sua sensibilidade e a sua preparação para a vida. 

Os alunos tinham que morar em Summerhill, pois a convivência com os seus pais impedia 
o desenvolvimento da segurança necessária para reconhecer o mundo. 

Os alunos recebiam a visita esporádica dos seus pais. 

A gestão democrática e a auto­avaliação também constituem­se fundamentos importantes 
da  teoria  de  ALEXANDER  NEILL,  pois  as  decisões  eram  tomadas  na  coletividade,  entre 
professores e alunos, por meio de discussões e assembléias para tomada de decisões referentes 
a diversos assuntos: violência, disciplina, conduta e outros de interesse geral. 

Janusz Korczak 

Cujo nome real era Henryk Goldszmit, médico e educador polonês (1878­1942), lutou por 
um mundo melhor e mais belo, especialmente para as crianças. Teve influências dos fundamentos

30 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

da  Escola  Nova  e  da  Psicologia,  pois  acreditava  que  as  crianças  precisam  ser  respeitadas  e 
amadas. 

“O  programa  de  trabalho  pedagógico  de  KORCZAK  era  baseado  na  tese  de  que  as 
crianças devem ser plenamente compreendidas, que se deve entrar no espírito de seu mundo e 
de  sua  psicologia,  mas  que,  antes  e  acima  de  tudo,  as  crianças  precisam  ser  respeitadas  e 
amadas, tratadas de fato como companheiras e amigas.” (SINGER,1998) 

“O BOM DOUTOR”: assim era chamado KORCZAK, que defendia a idéia de que deve ser 
proporcionada  às  crianças  uma  atmosfera  educacional  adequada  em  ambiente  doméstico,  ou 
seja, o  mais familiar  possível, desta  maneira, as  crianças  mais  velhas  tomavam  conta das  mais 
novas e todas deveriam desempenhar tarefas específicas. O desenvolvimento do autogoverno é 
significativo no trabalho pedagógico, pois as crianças precisam participar das decisões quanto às 
regras na escola e cuidar para que as mesmas sejam obedecidas, criando assim uma atmosfera 
de  responsabilidade  compartilhada,  na  qual  as  crianças  davam  grande  importância  às  opiniões 
dos companheiros e dos funcionários a respeito das tarefas que desempenhavam, do progresso 
nos estudos e de outros assuntos referentes à vida do grupo e de cada um. 

“JANUSZ KORCZAK exerceu e continua a exercer influência sobre as mentes e corações 
da humanidade, não só por intermédio de seus escritos pedagógicos, de seu jornalismo, de sua 
prática educacional e médica e de seus trabalhos literários. Sua influência também emana de sua 
personalidade excepcional, da paixão de sua luta pela felicidade das crianças e do calor de seu 
sentimento  por  aqueles  sob  seus  cuidados.  Emana  de  sua  própria  vida  e  de  seu  sacrifício  sob 
trágicas circunstâncias. 

“Obstinadamente  e  com  convicção  inabalável,  ele  lutou  por  sobrepujar  os  males  que 
afetavam muitas pessoas, em particular as crianças. Conseguiu ajudar as crianças e adultos de 
boa  vontade  na  criação  de  melhores  condições  de  vida.  Perseverou  em  sua  obra  até  o  fim, 
proporcionando um exemplo de atividade profissional e social digna de emulação. O modelo que 
deixou  talvez  seja  seu  mais  valioso  legado.  Também  deixou  às  futuras  gerações  um  desafio 
expresso  nas  palavras:  ‘é  inadmissível  deixarmos  o  mundo  tal  como  o  encontramos’.” 
(SINGER,1998) 

Em  1942,  KORCZAK  estava  trabalhando  em  um  orfanato  de  crianças  judias que  haviam 
perdido o  lar por  causa da guerra. Lutando  para  manter  um  lar  para  as  crianças  judias,  acabou 
confinado  no  gueto.  Foi  enviado  junto  com  as  suas  crianças  para  o  campo  de  extermínio  de 
Treblinka  neste  mesmo  ano.  Ele  ficou  ao  lado  delas  e  compartilhou  de  seu  trágico  fim  numa 
câmara de gás.

31 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Para  complementar  a  sua  leitura  sobre  “O  BOM  DOUTOR”,  acesse 


http://www.rubemalves.com.br/comoamarumacrianca.htm  e  leia  este  texto  lindamente  escrito  por 
Rubem Alves sobre a obra do médico e educador JANUSZ KORCZAK 

Chegou  o  momento  de  você  conhecer  mais  dois  exemplos  de  Métodos  de  Ensino, 
amplamente  trabalhados  pelos  educadores  em  suas  aulas:  O  MÉTODO  DA  DISCUSSÃO  e  o 
MÉTODO DO DEBATE 

Leia o texto complementar, clicando no botão correspondente no menu da aula. 

Indicação de sites. 

http://centrorefeducacional.com.br/waldorf.htm 

http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti/Artigos/Portugues/Filosofia_da_Educacao/Janus 
z_Korczak_1998.pdf

32 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  06  •  TEORIAS  PEDAGÓGICO­METODOLÓGICAS  DO 


SÉCULO XXI 

A teoria das inteligências múltiplas 

Método do painel e a técnica phillips 66 

Acesse o ambiente de estudo e veja algumas charges de Francesco Tonucci. 

Nesta aula conheceremos um pouco melhor a Teoria das Inteligências Múltiplas, de que 
você  provavelmente  já  ouviu  falar  ou  sobre  a  qual  já  leu  algo.  Esta  teoria  foi  elaborada  pelo 
educador  e  psicólogo  norte­americano  Howard  Gardner,  nascido  em  1943,  que  ainda  nos  dias 
atuais realiza palestras e aprofunda as questões relacionadas à mente humana. 

Howard  Gardner  especializou­se  em  educação  e  neurologia  pela  Universidade  de 


Harvard, publicando vários livros sobre os seus estudos a respeito das inteligências múltiplas. Sua 
teoria é por vezes confundida com as teses elaboradas pelo seu colega Daniel Goleman, autor do 
best seller “Inteligência Emocional”, que também influenciou alguns pedagogos. 

Gardner é um crítico implacável dos testes de QI e dos testes de aptidão escolar. Em suas 
pesquisas sobre o cérebro humano e pacientes com lesões cerebrais, Howard Gardner percebeu 
que  o  que  chamamos de  “inteligência”  não  se  refere  apenas  à  capacidade  de  entender  alguma 
coisa,  mas  também  à  criatividade  e  à  compreensão.  “Inteligência  é  a  capacidade  de  resolver 
problemas ou de criar produtos que sejam valorizados dentro de um ou mais cenários culturais.” 

A  inteligência,  agora,  passa  a  ser  encarada  como  um  espectro  de  competências,  algo 
com muitas faces, como um caleidoscópio, como um cristal que poderá ser polido para intensificar 
cada vez mais o seu brilho. 

Segundo Nogueira (2001) “para Gardner a função de resolver problemas leva o sujeito a 
descobrir caminhos, possibilidades e rotas para atingir um objetivo. Já a criação de um produto é 
encarada  como  a  expressão de  suas descobertas  que  pode,  em  muitos  casos,  ser  útil  a outras 
pessoas”.

33 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Gardner não nega a herança biológica, mas não a considera como ponto determinante de 
um sujeito, pois, segundo ele, todas as inteligências poderão e deverão ser desenvolvidas. 

Na  realidade,  todos  nós  nascemos  com  o  “espectro”,  e  com  nossas  vivências,  nossos 
estímulos,  nossa  história  de  vida,  desenvolveremos  nossas  competências,  formando  assim  um 
espectro ímpar. Podemos comparar o espectro de uma pessoa com a impressão digital, ou seja, 
todos possuem, mas nenhuma é igual à do outro, pois a vida de cada sujeito propiciou vivências 
diferentes que geraram espectros também diferentes. 

Outro  fator  relevante  citado  por  Gardner  em  sua  Teoria  das  Inteligências  Múltiplas  é  a 
independência  entre  as  inteligências.  Com  isso  devemos  encarar  um  aluno,  embora  com  muita 
habilidade  em  uma  das  competências,  como  um  possível  “carente”  em  habilidades  em  outra(s) 
área(s).  Mesmo  não  sendo  uma  regra  geral,  habilidade  em  uma  competência  não  implica  em 
habilidade em todo o espectro, portanto, esse aluno pode e deve ser estimulado e desenvolvido 
nas  demais  competências.  Embora existam  as  independências  entre  as  diferentes  inteligências, 
elas  se  interagem,  ou  seja,  existe  uma  rede  de  interligações  entre  elas,  de  tal  sorte  a  fazê­las 
trabalhar juntas. 

Nesta  nova  concepção  em  que  Gardner  baseia  sua  teoria,  numa  “visão  pluralista  da 
mente”, cada pessoa é um sujeito ímpar e tem forças cognitivas diferentes, aprende de forma e 
estilo  diferentes  de  outros  sujeitos  oriundos  mesmo  que  de  uma  mesma  sociedade  ou  meio 
cultural. 

Vamos  agora  entender  melhor  cada  uma  destas  inteligências  estudadas  por  Howard 
Gardner e alertando que outras inteligências estão ainda sendo pesquisadas por ele. 

1)  Inteligência  Lógico­Matemática:  é  a  competência  em  desenvolver  e/  ou  de 


acompanhar cadeias de raciocínios, de resolver problemas lógicos e de trabalhar com 
facilidade  com  cálculos  e  números.  Esta  competência  é  identificada  em  matemáticos, 
engenheiros,  físicos,  químicos,  e  outros  profissionais  que  lidam  diretamente  com 
cálculos e números. 

Lembramos  que  esta  competência  não  é  exclusiva  nos  profissionais  que  escolheram  a 
área  de  exatas.  Podemos  citar  os  advogados,  principalmente  os  de  defesa,  que  elaboram  uma 
seqüência lógica de fatos e acontecimentos para defender os seus clientes, portanto, reiteramos 
com  isso  que  a  inteligência  lógico­matemática  não  está  diretamente  vinculada  apenas  aos 
cálculos, mas também à resolução de problemas que envolvam a lógica e/ ou o raciocínio lógico. 

2)  Inteligência  Lingüística:  é  a  competência  ou  capacidade  de  lidar  com  a  linguagem 
tanto  verbal  como a  escrita. Esta  competência  identificamos  nos escritores,  oradores,

34 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

políticos,  professores,  poetas,  advogados  e  outros  profissionais  da  área  e  aquelas 


pessoas que mesmo não tendo editado nenhum livro, possuem facilidade em elaborar 
relatórios, cartas comerciais, petições judiciais ou qualquer outro documento que exija 
uma  clareza  em  sua  redação,  ou  ainda  aquela  pessoa  extremamente  comunicativa 
como os guias turísticos, os contadores de histórias, os profissionais que trabalham no 
teatro, por exemplo. 

3)  Inteligência  Espacial:  é  a  competência  ou  capacidade  de  extrapolar  situações 


espaciais para o concreto e vice­versa, possuindo uma afinada percepção e um estreito 
relacionamento com o espaço, que podemos encontrar no trabalho dos profissionais : 
médicos, arquitetos, navegadores, decoradores, cirurgiões, geógrafos e outros. 

Um  exemplo  comum  desta  situação  é  quando  temos  que  nos  orientar  por  um  mapa  em 
uma cidade desconhecida, que normalmente, as pessoas dão inicialmente uma volta de 360º ao 
pegar o mapa até conseguirem posicioná­lo para a sua leitura e interpretação. 

Podemos  citar  também  a  inteligência  desenvolvida  por  um  pedreiro,  que  mesmo  sem  o 
conhecimento  acadêmico  de  um  arquiteto,  consegue  entender  plantas  e  resolver  problemas  de 
instalação e de localização de algum componente. 

4) Inteligência Corporal­Cinestésica: é a competência relacionada à expressão corporal, 
bem  como  à  resolução  de  determinado  problema  por  meio  de  movimentos  de  seu 
corpo, sendo desenvolvida nos atletas, mímicos, dançarinos, professores de Educação 
Física e outros. 

5)  Inteligência  Musical:  é a  capacidade de  interpretar,  escrever,  ler e expressar­se  pela 


música,  podendo  citar  Mozart,  Beethovem,  Chico  Buarque,  Pixinguinha,  Ari  Barroso, 
Roberto Carlos, e tantos outros nomes clássicos da música universal e atual. 

Podemos  também  considerar  como  possuidoras  dessa  inteligência  aquelas  pessoas  que 
“tocam  de  ouvido”,  sem  ter  estudado  ou  lido  uma  partitura,  como  os  nossos  repentistas  e 
“rappers”.  De  outra  forma,  podemos  imaginar  as  pessoas  que  possuem  alguma  sensibilidade 
musical  demonstrada quando oferecem uma  música  à  pessoa amada ou quando  se  remetem  a 
algum momento de sua vida ao ouvir uma determinada música. 

6) Inteligência Interpessoal: é a competência de entender outras pessoas, de comunicar­ 
se  de  forma  adequada  com  elas,  incentivando­as  a  um  objetivo  comum.  Podemos 
verificar  esta  competência  no  trabalho  dos  professores,  políticos,  terapeutas,  líderes 
(religiosos, comunitários, empresariais, sindicais, etc.), apresentadores de programas de 
televisão, animadores de festas e outro.

35 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Podemos citar como exemplo clássico a inteligência interpessoal dos políticos que mudam 
o seu discurso conforme a sua platéia e os seus interesses, objetivando ganhar votos e adesões, 
para fins lícitos ou não. 

7) Inteligência Intrapessoal: é a competência de se conhecer, de entrar em contato com 
o seu próprio ser, de se auto­avaliar, reconhecendo seus pontos positivos e negativos, 
para  trabalhar  com  eles.  Reconhecendo  os  sentimentos,  as  emoções,  as  nossas 
“falhas”  ou  limitações,  podemos  melhorar  o  nosso  comportamento,  explorando  as 
nossas  qualidades  para  obtermos  melhores  resultados  em  nosso  trabalho  e/  ou 
relacionamento  com  as  outras  pessoas.  Podemos  citar  os  religiosos,  os  gurus,  o  líder 
político­espiritual Gandhi, Dalai­Lama, Buda. 

Esta inteligência está relacionada, portanto, ao reconhecimento dos aspectos internos de 
uma pessoa, e não ao que ela fará com seus pontos positivos e/ ou negativos. 

8) Inteligência Naturalista: é a capacidade de realizar qualquer tipo de discriminação no 
campo da natureza, reconhecendo, respeitando, estudando e pesquisando tipos de vida 
que  não  só  a  humana,  capacidade  identificada  nos  biólogos,  ecologistas,  botânicos, 
zoólogos e outros profissionais. 

Para  Gardner,  esta  função  de  diferenciação  e  de  estabelecimento  de  padrões  pode  ser 
relevante  no  mundo  dos  negócios  e  exemplifica  :  “(...)  acho  que  a  inteligência  naturalista  é 
extremamente  importante  no  mundo  dos  negócios.  O  comércio  explora  as  mínimas  diferenças 
perceptíveis  nos  produtos  para  convencer  os  consumidores  a  preferir  o  Mc  Donald’s  ao  Burger 
King,  um  Ford  a  um  Plymouth,  ou  um  tênis  Nike  a  um  Adidas.  Somos  capazes  de  perceber  as 
diferenças  necessárias  entre  os  produtos  graças  a  nossa  inteligência  naturalista.  Embora  não 
tenhamos  evoluído  para  fazer  a  distinção  entre  dois  objetos  semelhantes  feitos  pelo  homem,  a 
habilidade de  distinguir  depende  exatamente  destes  mecanismos  evoluídos  que  permitem  saber 
que plantas comer e quais recusar, que animais perseguir e de quais fugir. 

Estas capacidades foram “seqüestradas”, por assim dizer, pelo mundo do comércio. Sem a 
inteligência naturalista não podemos participar da criação destes produtos nem, felizmente talvez, 
sucumbir à lábia de publicitários e marketeiros.” 

9) Inteligência Existencial: esta competência relaciona­se à compreensão do sentido de 
vida, de morte, do amor e do ódio, aprofundando­se na descoberta do sentido de uma 
obra­de­arte ou de questões filosóficas, e à capacidade de situar­se com os limites dos 
cosmos, do universo.

36 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Estas  capacidades  são  valorizadas  nas  sociedades  que  apreciam  ou  exercem 
determinados hábitos de  uma  cultura  voltada  à  religiosidade,  às  coisas  místicas  ou  metafísicas. 
Podemos  citar  os  guias  espirituais,  os  xamãs,  os  gurus,  os  filósofos,  e  outros. 
É uma inteligência ainda em processo de pesquisa. 

Nesta  teoria  pedagógico­metodológica  o  educador  deve  assumir  um  papel  de 


“fisioterapeuta da inteligência”, abandonando o conceito unitário de inteligência e se ver não como 
um  repetidor  de  conceitos,  mas  como  um  estimulador  de  talentos,  propiciando  meios  para  que 
realmente ocorra o desenvolvimento deste espectro de competências dos alunos. 

É  fundamental  observar  cada  aluno,  analisar  os  seus  pontos  fortes  e  fracos,  verificar  as 
suas áreas de interesse, a sua atuação em cada uma das atividades propostas, pois só após um 
olhar analítico é que o educador poderá organizar oportunidades específicas ao aluno, garantindo 
uma educação necessária ao desenvolvimento de seus potenciais intelectuais. 

“A missão da educação deve continuar a ser uma confrontação com a verdade, a beleza e 
a  bondade,  sem  negar  as  facetas  problemáticas  dessas  categorias  ou  as  discordâncias  entre 
diferentes culturas.” 

Atualmente,  podemos  encontrar  um número  significativo  de escolas, tanto  públicas  como 


particulares,  que  desenvolvem  a  Teoria  das  Inteligências  Múltiplas  de  Gardner  no  formato  de 
Projetos  Didáticos,  incluindo  nestes  temas  interdisciplinares,  por  exemplo:  Jogos  Olímpicos,  A 
água, O efeito estufa, O rio Tiête, Nossa Amazônia, entre outros. 

Clique  no  botão  Texto  complementar  do  menu  da  aula  e  leia  o  texto  intitulado  “Aulas 
cheias de vida com as múltiplas inteligências.” 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

Indicação de sites. 

www.educacional.com.br/pais/glossario_pedagogico/intelig_multipla.asp 

www.abrae.com.br/entrevistas/entr_gar.htm

37 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  07  •  TEORIAS  PEDAGÓGICO­METODOLÓGICAS  DO 


SÉCULO XXI 

­ A Teoria Do Construtivismo De Emília Ferreiro 

­ Método Do Seminário E A Técnica Da Dramatização 

Acesse o ambiente de estudo e veja a charge “ Boa comunicação... Será?” . 

Retornamos aos nossos estudos d. Metodologia de Ensino da Educação Básica e iremos 
conhecer  uma  teoria  que  também  você  já  deve  ter  ouvido  falar  ou  leu  algo  a  respeito: 
CONSTRUTIVISMO. 

Construtivismo é  uma  teoria pedagógica fundamentada nos princípios do  epistemólogo e 


biólogo  Jean  Piaget  (1896­1980),  que  foram  desenvolvidas  e  ampliadas  pela  psicóloga­ 
pesquisadora Emília Ferreiro, a partir dos anos 70. 

O  pensamento  construtivista  é  resultante  das  pesquisas  sobre  a  Psicogênese  da  língua 


escrita  desenvolvidas  por  Emília  Ferreiro  e  Ana  Teberosky,  enfocando  as  questões  de  como  o 
aluno aprende a língua escrita. 

Este pensamento é considerado como uma “revolução conceitual”, pois pressupõe que a 
construção da escrita apóia­se em hipóteses espontâneas elaboradas pelo aluno. 

Estas hipóteses fundamentadas em conhecimentos prévios, assimilações e generalizações 
das crianças dependem de suas interações com as outras pessoas e com os usos da escrita e da 
leitura. 

Segundo  Zacharias  (2005),  “é  importante  que  o  alfabetizador  conheça  os  processos 
psicolinguísticos pelos quais passa uma criança ao aprender a ler e a escrever. Antes dos estudos 
da Psicogênese, as crianças aprendiam ou não a ler e escrever sem que o professor entendesse 
suas hipóteses e dificuldades ao longo desse trajeto”. 

O  professor  precisa  conhecer  as  concepções  que  a  criança  tem  a  respeito  da  língua 
escrita, para que então possa tornar­se o mediador, possibilitando a ela questionar e desenvolver 
atividades  que  “desestruturem”  seus  pensamentos,  para  que  possa  duvidar  de  suas  idéias,  de

38 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

suas  certezas  sobre  os  símbolos  escritos,  para  comparar,  refletir  e  elaborar  novas  hipóteses 
lingüísticas. 

Neste  contexto,  o  trabalho  de  Emília  Ferreiro  e  colaboradores  é  uma  das  mais  valiosas 
contribuições no  sentido  de  considerar a  escrita como  representação da  linguagem e  não  como 
um  código  de  transcrição  gráfica  de  unidades  sonoras  –  e,  ainda,  de  considerar  a  criança  que 
aprende  como  um  sujeito  ativo, que  interage  de  modo  produtivo  com  a  alfabetização,  mudando 
radialmente concepções vigentes há séculos. 

A  pesquisadora  Telma Weisz  –  educadora  brasileira  –  concorda  que  é  um  engano  dizer 


que  o  construtivismo  propõe  deixar  os  alunos  aprenderem  sozinhos  .  Para  ela,  “o  oposto  do 
método  fechado  não  é  o  nada,  o  abandono.  O  oposto  é  uma  metodologia  na  qual  o  professor 
conhece  o  sujeito  a  quem  ensina  e  o  objeto  que  ele  está  ensinando:  a  língua  e  a  linguagem 
escrita.” 

Podemos concluir até aqui que o Construtivismo é uma teoria metodológica que ainda está 
sendo  construída,  está  sendo  pesquisada  por  diversos  educadores fundamentados  nos  estudos 
de Emília Ferreiro e de Ana Teberosky, que teve um grande acolhimento e desenvolvimento nas 
escolas públicas e particulares de nosso país, principalmente a partir do final da década de 80. 

Enfocamos  também  que  é  uma  teoria  voltada  para  o  processo  de  alfabetização,  da 
construção da língua escrita e da leitura pelas pessoas, principalmente pelas crianças. 

É,  portanto,  um  paradigma  pedagógico­metodológico  atual  que  exige  uma  mudança  do 
significado da alfabetização, cujas raízes estão no contexto do aluno, em seus diferentes níveis e 
formas que devem ser reconhecidos e respeitados pela escola e pelos educadores. 

“Alfabetizar não é um luxo, é um direito. E é preciso garantir esse direito às crianças deste 
continente. Mas isso não é o mesmo que pretender que essas crianças saibam desenhar letras, 
ou  que  saibam  pronunciar  palavras  que  não  entendem.  Isto  não  é  estar  alfabetizado.”  (Emília 
Ferreiro) 

Vamos pontuar alguns fundamentos da prática pedagógica do 
construtivismo 
1) respeito às etapas da construção do conhecimento da leitura e da escrita pela criança; 

2)  o  educador  deve  conhecer  estes  diferentes  ritmos  dos  alunos,  suas  evoluções,  para 
realizar intervenções qualificadas, a fim de estimular os alunos a resolver seus conflitos

39 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

–  momentos  de  transição  entre  as  hipóteses  –  e  a  avançar  em  suas  hipóteses  de 
escrita; 

3) na teoria da Psicogênese da Língua Escrita, toda a criança passa por quatro fases no 
processo de alfabetização: pré­silábica, silábica, silábico­alfabética e alfabética; 

4) os erros são indicadores da releitura do conteúdo aprendido pelo aluno; eles revelam o 
funcionamento da mente do aluno; 

5)  a  sala  de  aula  deve  ser  transformada  num  “ambiente  alfabetizador”,  ou  seja,  num 
espaço  no  qual  o  aluno  encontra  textos  diversos,  livros,  histórias,  jornais,  revistas, 
cartazes,  gibis  e  outras  fontes  de  leitura  e  de  escrita.  Um  espaço  que  propicia 
interações com a língua escrita mediadas por pessoas capazes de ler e de escrever; 

6)  não  se  aprende  de  forma  fragmentada,  não  se  aprende  por  “pedacinhos”,  mas  na 
totalidade,  no  conjunto,  na  resolução  de  problemas  que  envolvem  vários  conceitos 
simultaneamente. 

Vá  ao  texto  complementar  desta  aula  e  leia  o  texto  “Construtivismo  e  ciências  da 
cognição”,  do  educador  Celso  Antunes,  que  contribuirá  para  fundamentar  os  nossos 
conhecimentos. 

Leia texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

Indicação de sites. 

www.educacional.com.br/pais/glossario_pedagogico/construtivismo.asp 

www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/guia_para_pais­metodos.shtml 

www.abrelivros.org.br/abrelivros/texto.asp?id=1597 

http://centrorefeducacional.com.br/contribu.html

40 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  08  •  TEORIAS  PEDAGÓGICO  ­  METODOLÓGICAS  DO 


SÉCULO XXI 

“ Intervenções do professor no caminho da aprendizagem significativa”  

No lugar de um texto didático, 

Explicativo, 

Objetivo, 

Eu queria escrever uma poesia... 

Uma poesia com palavras simples, 

Como o mel... 

Uma poesia para ser lida, 

Não pelas rimas ou pelas sintaxes perfeitas, 

Como as líamos nos nossos exercícios escolares... 

­ Rasguem a introdução do livro de poesia ! 

Disse um ser humano, 

Também professor 

Em Sociedade dos poetas mortos. 

Eu queria ser capaz de escrever uma poesia... 

Que brincasse com as palavras 

E com elas inventasse idéias 

Novas idéias... 

Na cabeça de quem lê... 

Hoje, 

Amanhã, 

E de muito depois...

41 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Continuação 

Eu queria ser capaz de escrever uma poesia... 

Que transformasse cada letra 

Em gotas de chuva 

Molhadas de sensibilidade... 

Carregadas de sensações... 

E como nuvem cor de rosa no céu ensolarado 

Entrassem pelos olhos 

E, num momento mágico, 

Devagarinho, 

Despertando campos floridos, 

Caíssem como orvalho... 

Eu queria ser capaz de escrever uma poesia... 

Que transformasse cada significante 

Em estrelas de sonho 

Brilhantes pela imaginação... 

Coloridas pela memória... 

E, como massa estelar, via­láctea simbólica, em céu estrelado 

Entrassem também pelos olhos 

E, num momento mágico, 

Devagarinho, 

Despertassem o sono... 

E, se transformassem em novas significações... 

Um jeito novo de ver o velho... 

Gotas de chuva, 

Estrelas de sonho, 

Entrem por favor nestes olhos que lêem,

42 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Continuação 

Nestes ouvidos que me escutam... 

Convidem este ser humano a ser mais humano, 

A redescobrir sua sensibilidade, 

A resgatar sua imaginação e seus sonhos, 

A perceber por todos os seus poros, 

Por todos os sentidos... 

E depois, por trás destes olhos mais sensíveis 

Iluminem este ser humano, 

Também professor, 

É só com este olhar, 

Enriquecido, 

Revigorado, 

Que ele pode pensar em intervenções junto a outro ser humano, 

Aluno­criança, 

Aluno­adolescente, 

Aluno­adulto... 

Eu queria ter escrito uma poesia. 

(Miriam Celeste Martins)

Projetos de trabalho do educador Fernando Hernandez 

Método das tarefas dirigidas ­ Técnica da leitura 

Nesta aula conheceremos uma teoria pedagógica que vem ganhando espaço internacional 
na  prática  docente  de  inúmeras  escolas  e  que  em  nosso  país  encontrou  terreno  fértil  ao  seu 
desenvolvimento : os PROJETOS DE TRABALHO. 

O educador espanhol Fernando Hernandez (nascido em 1952) defende a organização do 
currículo por projetos de trabalho, o que exige uma atuação conjunta de alunos e de professores, 

43 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

rebatendo, portanto, a tendência tradicional do currículo trabalhado de maneira fragmentada que 
tem no professor o papel de transmissor de conteúdos. 

O  professor  para  Hernandez  transforma­se  num  sujeito  pesquisador,  promovendo  a 


relação entre os conteúdos, não perdendo o foco da pesquisa, assumindo assim uma dimensão 
interdisciplinar (falaremos sobre Interdisciplinaridade na aula 10). 

A  teoria  de  Fernando  Hernandez  fundamenta­se  na  idéias  de  John  Dewey  (1859­1952), 
pedagogo e filósofo norte­americano (estudamos a sua teoria na aula 2), como também é fruto de 
pesquisas e questionamentos referentes a forma de ensinar atualmente, concluindo que o melhor 
jeito para solucionar esta questão é organizar o currículo por projetos didáticos. 

Hernandez  desenvolve  alguns  passos  para  o  professor  seguir,  ou  seja,  uma  série  de 
condições a respeitar, e não um método propriamente dito. 

O  primeiro  passo  consiste  em  determinar  um  assunto,  partindo  de  uma  sugestão  do 
professor ou dos alunos. 

Após esta escolha, cabe ao educador estabelecer um por todos os alunos.objetivo e fazer 
com que as metas sejam cumpridas 

O  avanço  do  projeto  é  caracterizado  pela  resposta  às  questões  levantadas,  os  alunos 
fazem anotações para comparar os erros e os acertos, facilitando assim a tomada de decisões. 

Este  projeto  de  trabalho  poderá  ou  não  ser  interdisciplinar,  conforme  o  tratamento 
metodológico desenvolvido pelo professor. 

A conclusão do trabalho poderá assumir o formato de uma exposição, de um relatório, ou 
de  qualquer  outra  forma  de  expressão,  sendo  essencial  que  os  alunos  também  tenham  aulas 
expositivas, que participem de seminários e que trabalhem em grupos ou individualmente. 

Estas  diferentes  fases  ou  passos  que  constituem  um  projeto  auxiliam  os  alunos  a 
desenvolver a consciência sobre o próprio processo de aprendizagem. 

Veja o Texto complementar no menu da aula e leia o texto de Hernandez, “O diálogo como 
mediador  da  aprendizagem  e  da  construção  do  sujeito  na  sala  de aula”, para  desvendar  outros 
princípios de sua teoria. 

Após a leitura, procure refletir sobre suas idéias centrais... 

1)  A  aprendizagem  se  dá  por  meio  de  uma  conversa  cultural,  contextualizando  o 
conhecimento para dar sentido à aprendizagem;

44 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

2)  O  conhecimento  não  é  estável  e  nem  fixado  nas  disciplinas,  pois  é  socialmente 
construído e distribuído por diversos lugares, referências e vivências. 

3) A importância do diálogo como intercâmbio e reflexão sobre o que se diz, sobre o relato 
que  se  constrói  de  forma  polivocal  (várias  vozes,  todos  os  alunos  se  comunicam, 
compartilham  suas  reflexões  e  conhecimentos)  é  “construir  uma  história  para  ser 
compartilhada com os outros (incluindo a família e a comunidade)”. 

4)  A  finalidade  compartilhada  da  aprendizagem  entre  os  alunos  e  os  professores, 
desenvolvendo estratégias de pensar sobre a própria aprendizagem. 

5)  O  diálogo  aberto  e honesto,  sem  respostas  prontas  ou  dogmáticas,  realizando, então, 
novas conexões, novas idéias, novas experiências. 

6)  A  aprendizagem  do  diálogo  não  é  uma  tarefa  simples,  pois  exige  controle  e 
responsabilidade  sobre  a  sua  aprendizagem,  ao  invés  de  delegar  esta  tarefa 
exclusivamente ao professor. 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

45 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  09  •  TEORIAS  PEDAGOGICO­  METODOLOGICAS  DO 


SÉCULO XXI PEDAGOGIA DOS PROJETOS 

Método de Problemas e Técnicas de Problemas 

“ Bolo de Compromisso”  

Ingredientes: 

­ 1kg de paciência 

­ ½ kg de interesse 

­ 1 pitada de vontade 

­ 1 pacote grande de desejo 

­ 10 colheres de disponibilidade 

­ 2 medidas pequenas de inspiração 

­ 1 dúzia de perseverança 

­ 200gde ansiedade 

­1 cabeça, nem cheia, nem vazia, mas inteira 

­1 medida média de prazer 

­1 medida média de dor 

­1/2 pitada de masoquismo 

­ 2kg de compromisso 

Modo  de  Fazer:  Primeiro,  abra  a  cabeça,  retire  o  excesso  de  preconceitos,  de 
bloqueios, e deixe somente o necessário para não perder o sabor característico. Um a 
um,  vá  acrescentando  os  ingredientes:  primeiro  o  interesse,  a  disponibilidade  e  o 
desejo. O desejo vá colocando aos poucos. Se sentir que não dá ponto, acrescente uma 
pitada  de vontade.  Mexa  bem,  prove,  e  acrescente  a  ansiedade,  também  aos  poucos. 
Prove novamente e, se estiver faltando gosto, acrescente mais ansiedade. Mas cuidado, 
pois  se  colocar  demais,  não  vai  conseguir  mexer,  nem  continuar.  Porém,  se  isso 
acontecer, não se desespere, acrescente uma medida de inspiração e reserve a outra, 
pois  poderá  precisar;  junte  ½  dúzia  de  perseverança  e  mexa  sem  parar.  Deixe 
descansar por 2 horas e retome

46 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Continuação 

Prove, e se estiver mais aguçado o  gosto da dor, acrescente uma medida de prazer e 
torne a mexer. Se a dor ainda estiver forte, junte o resto da perseverança e o kg inteiro 
de paciência. Acrescente ainda ½ pitada de masoquismo. Torne a mexer e cubra tudo 
com os kg de compromisso. 

Leve ao forno, mas cuidado com a temperatura, pois  se  estiver muito quente, queima, 


incendeia, e se estiver frio, desanda, não cresce. 

O tempo de preparo, tanto da receita como no forno, é indeterminado. Só fazendo, ou 
melhor, vivendo  o  processo  é  que  dá  para  saber,  mas,  quando  achar  que  está  pronto 
(cuidado com o sonho autoritário!) retire do forno e, se não deu certo, compre uma dose 
cavalar de perseverança e comece tudo de novo... 

(Vera Lúcia Trevisan de Souza)

Nesta  aula  faremos  um  estudo  sobre  a  PEDAGOGIA  DOS  PROJETOS,  uma  tendência 
pedagógico­metodológica  marcante  no  panorama  educacional  a  partir  da  década  de  90, 
significando  uma  mudança  de  postura  docente,  uma  nova  maneira  de  repensar  a  prática 
pedagógica e as teorias que sustentam estas práticas. Significou também repensar a escola, os 
seus tempos e espaços, a sua forma de lidar com os conteúdos curriculares, com o mundo das 
informações e com as realidades dos educandos. 

O  trabalho  com  Projetos  configura­se  num  paradigma  educacional  atual  que  rompe  com 
um modelo fragmentado de educação e recria a escola, transformando­a em espaço significativo 
de aprendizagem para todos que estão nela, vivenciando as demandas do mundo contemporâneo 
sem,  todavia,  perder  de  vista  a  realidade  cultural  e  social  específica  de  seus  alunos  e  de  seus 
professores. 

Convidamos você a fazer a leitura do texto “PROJETOS: uma alternativa para o ensino” da 
educadora Tânia Queiroz. Veja o Texto complementar no menu da aula. 

Depois desta leitura, destacamos alguns princípios fundamentais à prática dos Projetos de 
Trabalho,  como  postura  pedagógica  e  como  concepção  de  educação,  segundo  orientações  dos 
Cadernos da TV Escola – Parâmetros Curriculares Nacionais na Escola (1998): 

1) Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas, possibilitando a análise, a 
interpretação  e  a  crítica  por  parte  dos  alunos:  A  questão  da  problematização  é 
fundamental  no  desenvolvimento  dos  projetos.  Problematizar,  aqui,  não  significa  fazer 
uma  lista  de  perguntas  do  tipo  “que  queremos  sobre  o  tema...?”  Problematizar 

47 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

corresponde  a  construir  coletivamente  uma  questão  que  irá  acompanhar  o  grupo  em 
todo o percurso e servirá de referência para debates, discussões e reflexões. 

2)  O  envolvimento,  a  responsabilidade  e  a  autoria  dos  alunos  são  fundamentais  em  um 
projeto: os alunos são sujeitos ativos, participando de todos os momentos do processo – 
do planejamento à divulgação, passando pela pesquisa. O trabalho com projetos deve 
atender ao interesse dos alunos, mas demanda também envolvimento, responsabilidade 
e compromisso. Essa atitude desenvolve a cooperação e a solidariedade entre alunos e 
professores.  Com  freqüência,  o  professor  pode  não  saber  resolver  muitos  problemas 
colocados pelo grupo; assim, ele se coloca também no lugar de aprendiz, deixando de 
ser  a  única  fonte  de  informação,  a  pessoa  que  sabe  tudo.  Os  alunos,  por  sua  vez, 
abandonam  o  papel  passivo  de  quem  recebe  tudo  pronto  e  passam  a  dar  sua 
contribuição efetiva. Em resumo, os projetos são desenvolvidos com os alunos, e não 
para os alunos. 

3) A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: Cada processo é único, 
singular,  pois  é  construído  coletivamente  por  aquele  grupo  determinado.  Nessa 
perspectiva,  um  projeto  não  pode  ser  copiado,  nem  montado  como  se  fosse  uma 
unidade  de  livro  didático.  Mesmo  que  duas  turmas  da  mesma  série  desenvolvam 
projetos sobre o mesmo tema ou problema, com certeza cada um será diferente: cada 
turma é única e vivencia seu próprio processo de aprendizagem. Portanto, não há como 
organizar fórmulas ou modelos para trabalhar com projetos, nem fazer um planejamento 
fechado e definitivo. 

4) Um projeto busca estabelecer conexões entre vários pontos de vista, contemplando uma 
pluralidade  de  dimensões:  os  caminhos  do  aprendizado  não  são  únicos,  nem 
homogêneos  –  há  várias  formas  de  chegar  a  um  conhecimento  e  o  projeto  é  uma 
proposta que garante a flexibilidade e a diversidade da experiência educativa. Ao se ver 
diante  de  um  problema  significativo,  instigados  a  compreender  esse  problema,  os 
alunos  se  defrontam  com várias  interpretações e  com  pontos de  vista  diversos acerca 
da mesma questão. 

A partir desta reflexão, podemos concluir que os projetos não se reduzem à escolha de um 
tema para trabalhar em todas as áreas, nem a uma lista de objetivos e etapas. 

Eles  refletem  uma  visão  de  educação  escolar  na  qual  a  experiência  vivida  e  a  cultura 
sistematizada  interagem,  na  medida  em  que  os  alunos  vão  estabelecendo  relações  entre  os 
conhecimentos construídos em sua experiência escolar e na vida extra­escolar.

48 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Para focar os principais fundamentos e as diferenças nas concepções de ensino, analise o 
seguinte quadro comparativo, conforme os Cadernos da TVEscola – Projetos de Trabalho (1998): 

Perspectiva Compartimentada  Perspectiva dos Projetos de Trabalho 
Enfoque fragmentado, centrado na transmissão  Enfoque  globalizador,  centrado  na  resolução 
de conteúdos prontos.  de problemas significativos. 
Conhecimento  como  acúmulo  de  fatos  e  Conhecimento  como  instrumento  para  a 
informações isoladas.  compreensão  da  realidade  e  possível 
intervenção nela. 
O professor é o único informante, com o papel  O  professor  intervém  no  processo  de 
de  dar  as  respostas  certas  e  cobrar  sua  aprendizagem  ao  criar  situações 
memorização.  problematizadoras,  introduzir  novas 
informações  e  dar  condições  para  que  seus 
alunos  avancem  em  seus  esquemas  de 
compreensão da realidade. 
O  aluno  é  visto  como  sujeito  dependente,  que  O aluno é visto como sujeito ativo, que usa sua 
recebe  passivamente  o  conteúdo  transmitido  experiência  e  seu  conhecimento  para  resolver 
pelo professor.  problemas. 
O  conteúdo  a  ser  estudado  é  visto  de  forma  O conteúdo é visto dentro de um contexto que 
compartimentada.  lhe dá sentido. 
Há  uma  seqüenciação  rígida  dos  conteúdos  A seqüenciação é vista em termos de  nível de 
das  disciplinas,  com  pouca  flexibilidade  no  abordagem  e  de  aprofundamento  em  relação 
processo de aprendizagem.  às possibilidades dos alunos. 
Baseia­se  fundamentalmente  em  problemas  e  Baseia­se  fundamentalmente  em  uma  análise 
atividades dos livros didáticos.  global da realidade. 
O tempo e o espaço escolares são organizados  Há  flexibilidade  no  uso  do  tempo  e  do  espaço 
de forma rígida e estática.  escolares. 
Propõe receitas e modelos prontos, reforçando  Propõe  atividades  abertas,  permitindo  que  os 
a repetição e o treino.  alunos estabeleçam suas próprias estratégias. 

Finalizando a nossa aula de hoje, constatamos e afirmamos que o trabalho com Projetos 
não  é  uma  tarefa  simples  com  resultados  imediatos  e  infalíveis,  pois  demanda  primeiramente  a 
crença  na  mudança  de  concepções  de  educação,  de  ensino  e  de  aprendizagem,  ou  seja, 
repensar a ruptura de paradigmas educacionais tradicionais cristalizados na prática docente e na 
prática das escolas. 

Este repensar mudanças exige uma concepção inovadora de currículo, de repensar novas 
formas de trabalhar os conteúdos curriculares, mais criativa, mais realista, mais integrada com a 
diversidade do mundo e dos alunos e professores. 

Os PROJETOS fundamentam­se em movimentos de: 

• problematização 

• aprendizagem significativa 

• estratégias de pesquisa e de organização 

participação efetiva dos sujeitos: alunos e professores

49 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• responsabilidade e compromisso 

• ultrapassar os limites dos livros didáticos e dos espaços escolares 

• construção e compartilhamento do conhecimento 

• processo de formação e de informação 

• intervenções qualificadas do professor 

• respeito à diversidade sócio­cultural dos sujeitos 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

50 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  10  •  TEORIAS  PEDAGOGICO  ­  METODOLOGICAS  DO 


SÉCULO XXI INTERDISCIPLINARIDADE 

“O  movimento  da  interdisciplinaridade  exige  um  novo  olhar  sobre  integração:  olhar  o 
que  não  se  mostra  e  alcançar  o  que  ainda  não  se  consegue.  Isso  envolve  uma  nova 
atitude  de  aprendiz­pesquisador,  o  que  aprende  com  sua  própria  experiência 
pesquisando.  Para  tanto,  é  impossível  pensá­la  como  um  modelo  estático  ou  um 
paradigma  ao  qual,  por  exemplo,  um  currículo  deva  conformar­se.  Pressuporia 
paradoxos que desafiam e revolucionam os paradigmas norteadores, desestabilizando­ 
os para conduzi­los a uma nova ordem 

(Ivani Fazenda)

Nesta aula trataremos de uma teoria nova em nossa realidade educacional, mas que vem 
sendo alvo de inúmeras pesquisas e de relatos de práticas bem sucedidas ou que ainda precisam 
ser lapidadas: a interdisciplinaridade. 

A teoria da Interdisciplinaridade no campo educacional inicia a sua história em nosso país 
a partir da década de 1970, com as pesquisas da educadora Ivani Fazenda. 

A prática interdisciplinar reside na elaboração e organização de projetos interdisciplinares, 
havendo, portanto, uma coordenação que integra os objetivos, as atividades, os procedimentos de 
diferentes  áreas  do  conhecimento,  favorecendo  o  intercâmbio,  a  troca,  o  diálogo  entre  as 
disciplinas. 

Esta integração deve ser abraçada por todos os participantes do processo de ensino e de 
aprendizagem  ­  professores  e  alunos,  evitando  o  trabalho  fragmentado,  compartimentado  e 
superficial das temáticas dos projetos. 

A  Interdisciplinaridade  refere­se,  portanto,  a  uma  abordagem  epistemológica  dos  objetos 


do  conhecimento;  questiona  a  visão  fragmentada  sobre  a  qual  a  realidade  da  escola  foi 
constituída historicamente. 

O sucesso de um projeto interdisciplinar não contempla exclusivamente a integração das 
disciplinas, requer também a possibilidade de acesso à pesquisa, a escolha feliz de um tema e/ ou 
desafio a ser trabalhado e, principalmente, na postura interdisciplinar dos sujeitos envolvidos. 

A Interdisciplinaridade é uma prática pedagógica relatada e recomendada, assim como a 
transversalidade  ­  trabalho  pedagógico  com  os  Temas  Transversais  que  estudaremos  mais 

51 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

adiante  ­  no  documento  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  ­  que  também  estudaremos  ­  uma 
prática  que  exige  dos  sujeitos  uma  postura  diferenciada  fundamentada  na  pesquisa,  na 
curiosidade,  na  busca  pelo  conhecimento,  na  capacidade  relacional  ­  relacionar  os  objetos  do 
conhecimento,  na  ousadia  de  aprender  mais  e  sempre,  ultrapassando  as  fronteiras  dos  livros 
didáticos, dos muros escolares e da realidade próxima da comunidade. 

Expandir  conhecimentos,  visões,  olhares,  beber  de  outros  ribeirões,  conhecer  novos 
horizontes, vivenciar novas experiências. 

Invocaremos as palavras da mentora da Interdisciplinaridade em nosso país, a educadora 
Ivani Catarina Arantes Fazenda (2001): 

“A  interdisciplinaridade  pauta­se  numa  ação  em  movimento.  Pode­se  perceber  esse 
movimento em sua natureza ambígua, tendo como pressuposto a metamorfose, a incerteza. 

Todo  projeto  interdisciplinar  competente  nasce  de  um  locus  bem  delimitado;  portanto,  é 
fundamental contextualizar­se para poder conhecer. A contextualização exige que se recupere a 
memória  em suas  diferentes  potencialidades,  resgatando  assim o  tempo e o  espaço no  qual  se 
aprende. 

A  maioria  dos  países ocidentais  vem  debatendo  a  questão  da  interdisciplinaridade,  tanto 


no  que  se  refere  à  organização  profunda  dos  currículos,  à  forma  como  se  aprende,  quanto  à 
formação de educadores. 

Embora desde a década de 70 as reformas na educação brasileira acusem a necessidade 
de partirmos para  uma  proposição  interdisciplinar,  ela não  tem  sido  bem  compreendida,  mesmo 
nas  décadas  subseqüentes:  80  e  90.  Quando  nos  preparamos  para  entrar  no  terceiro  milênio, 
deixa  de  ser  questão  periférica  para  se  tornar  objeto  central  dos  discursos  governamentais  e 
legais. 

No  limiar  do  século  XXI  e  no  contexto  da  internacionalização  caracterizada  por  uma 
intensa  troca  entre os  homens,  a  interdisciplinaridade  assume um  papel  de  grande  importância. 
Além do desenvolvimento de novos saberes, a interdisciplinaridade na educação favorece novas 
formas  de  aproximação  da  realidade  social  e  novas  leituras  das  dimensões  socioculturais  das 
comunidades humanas. 

A  trilha  interdisciplinar  caminha  do  ator  ao  autor  de  uma  história  vivida,  de  uma  ação 
conscientemente  exercida  a  uma  elaboração  teórica  arduamente  construída.  Tão  importante 
quanto  o  produto  de  uma  ação  exercida  é  o  processo  e,  mais  que  o  processo,  é  necessário

52 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

pesquisar  o  movimento  desenhado  pela  ação  exercida  –  somente  com  a  pesquisa  dos 
movimentos das ações exercidas poderemos delinear seus contornos e seus perfis.” 

Ivani  Fazenda  (2001)  defende  que  o  processo  interdisciplinar  é  alimentado  por 


procedimentos e atributos essenciais: coerência, humildade, espera, respeito, desapego e olhar. 

“O projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive­se, exerce­se.” 

“É preciso estabelecer conexões entre os conhecimentos para que estes possam adquirir 
significado e sentido.” (Beatriz Di Marco Giacon) 

“Assim  como  o  sábio,  o  professor  deve  ser  humilde.  Ser  humilde  é  estar  aberto  para  o 
outro. Aceitar a presença ativa do aluno, estabelecer parcerias (Fazenda, 1991a), ouvir e escutar 
o  que  emerge  das  diversas  manifestações  da  expressão/  comunicação  do  outro  e  não  se 
considerar  o  centro  da  ação  pedagógica.  A  humildade  é  uma  das  categorias  da  teoria  da 
interdisciplinaridade, preocupada com a dimensão da totalidade tanto do conhecimento quanto do 
ser.” (Cláudio Alves) 

“Na  educação,  esperar  é  uma  constante.  O  professor,  a  professora  sabe,  não  importa  o 
grau  de especialização ou  o  nível de  ensino,  que o aluno,  a  aluna, precisa de tempo,  tempo de 
ESPERA/ amadurecimento para introjetar conhecimentos, torná­los seus, fazendo uso adequado 
daquilo que se ensinou, tornando­o parte integrante de seu cotidiano e de seus projetos de vida.” 
(Fábio Cascino) 

“A  atitude  interdisciplinar  tem  também  favorecido  a  abertura  das  próprias  fronteiras  da 
escola,  criando  zonas  de  interseção  com a  comunidade  e  com  a  realidade.  Os  muros fechados 
são  substituídos  por  membranas  que,  embora  contendo  substâncias,  permitem  sua  passagem. 
Temos  visto  muitos  projetos  acontecerem,  envolvendo  pais  e  comunidade,  permitindo  ao  aluno 
perceber  a  importância  do  conhecimento  para  resolver  questões  e  problemas  do  cotidiano.” 
(Ecleide Cunico Furlanetto) 

“É a tarefa do novo milênio para a Educação: 

O auto­conhecimento 

O desvelar da personalidade integral 

A vontade liberta participando da Sinfonia da Criação! 

Auto­conhecimento que implica o “Nascer de Novo” 

No nascer, também para o espírito, 

Para a consciência profunda

53 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Do sentido da vida.” (Ruy Cezar do Espírito Santo) 

“Acredito que uma grande virtude a ser conquistada pelo ser humano é respeitar e conviver 
com  o  diferente.  Percebemos  na  história  da  humanidade  o  quanto  essa  luta  tem  sido  sofrida. 
Olhar,  respeitar,  aceitar  e  amar  o  diferente  sem  excluí­lo,  aceitando­o  com  suas  dificuldades, 
possibilidades e  competências é um  exercício  que  temos  que  rever a  cada dia  para  melhorá­lo, 
em função de uma diversidade que bate à nossa porta. É necessário despojar­se de preconceitos, 
questionar  valores  e  transcender  para  um  ser  maior  que  se  encontra  em  cada  um  de  nós.” 
(Roberta Galasso Nardi) 

Convidamos você para a leitura de uma entrevista com a educadora Ivani Fazenda (2005) 
que  discorre  sobre  a  teoria  da  Interdisciplinaridade,  abordando  a  formação  dos  educadores  e 
outras opiniões sobre o ensino atual. 

Leia com atenção, pois esta entrevista servirá como suporte para os exercícios da aula. O 
texto complementar no menu da aula. Boa leitura ! 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

Indicação de sites. 

http://www.inclusao.com.br/projeto_textos_48.htm 

http://www.urutagua.uem.br//007/07bovo.pdf 

http://www.ensino.net/transversalidade_3.cfm 

http://novaescola.abril.com.br/ed/124_ago99/html/comcerteza_didatica.htm 

http://novaescola.abril.uol.com.br/ed/122_mai99/html/inter.htm

54 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  11  •  TEORIAS  PEDAGOGICO  ­  METODOLOGICAS  DO 


SÉCULO XXI 

Uma leitura da Pedagogia de Paulo Freire 

“A  atividade  docente  de  que  a  discente  não  se  separa  é  uma  experiência  alegre  por 
natureza. É falso também tomar como inconciliáveis seriedade docente e alegria, como 
se  a alegria fosse inimiga da rigorosidade. Pelo contrário, quanto mais metodicamente 
rigoroso  me  torno  na minha  busca  e  na  minha  docência, tanto mais  alegre me  sinto  e 
esperançoso  também.  A  alegria  não  chega  apenas  no  encontro  do  achado  mas  faz 
parte  do  processo  de  busca.  E  ensinar  e  aprender  não  podem  dar­se  da  procura, fora 
da boniteza e da alegria. O desrespeito à educação, aos educandos, aos educadores e 
às educadoras corrói ou deteriora em nós, de um lado, a sensibilidade ou a abertura ao 
bem  querer  da  própria  prática  educativa,  de  outro,  a  alegria  necessária  ao  que­fazer 
docente.  É  digna  de  nota  a  capacidade  que  tem  a  experiência  pedagógica  para 
despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria 
sem  a  qual  a  prática  educativa  perde  o  sentido.  É  esta  força  misteriosa,  às  vezes 
chamada  vocação,  que  explica  a  quase  devoção  com  que  a  grande  maioria  do 
magistério  nele  permanece,  apesar  da  imoralidade  dos  salários.  E  não  apenas 
permanece, mas cumpre, como pode, seu dever. Amorosamente, acrescento.” 

(Paulo Freire)

Neste  ponto  de  nossa  jornada  pel.  Metodologia  de  Ensino  da  Educação  Básica  faremos 
um recorte dedicado à obra de nosso educador­mor PAULO FREIRE, um brasileiro que sonhou, 
lutou, praticou e  imortalizou os fundamentos de uma educação humanista, humanizadora, ética, 
legítima e amorosa. 

Um educador que postulou a educação como um ato político, dialógico e libertador, ideais 
que  atravessaram  fronteiras,  sendo  reconhecido  internacionalmente  e,  no  entanto,  ainda 
considerado  para  muitos  em  nosso  meio  acadêmico  um  “célebre  desconhecido”,  invocado  em 
algumas  cerimônias  formais  ou  alguma  obra  de  sua  autoria,  é  leitura  obrigatória  em  cursos  ou 
concursos públicos. 

Foi  principalmente  pelo  seu  trabalho  com  alfabetização  de  adultos  que  Paulo  Freire  é 
identificado como referência nacional e internacional. 

55 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

A  sua  proposta  pedagógica  ultrapassa  a  simples  seqüência  de  passos  para  alcançar  a 
decodificação  do  código  escrito,  é  mais  uma  teoria  do  conhecimento  do  que  um  método  de 
ensino. 

Agora você fará a leitura de um texto do educador Celso Antunes (2005) para conhecer um 
pouco mais a obra, a vida e os princípios da teoria de Paulo Freire. 

Leia o texto complementar disponível no menu da aula e boa leitura! 

Retomaremos neste momento alguns pontos para ser arquivados em nossa memória: 

1)  “O  plantador  do  futuro”,  assim  é  chamado  Paulo  Freire  no  artigo  do  educador  Moacir 
Gadotti, publicado na Coleção Memória da Pedagogia (2005), no qual advoga sobre o 
legado freiriano:  as  lições de  vida  e a história  deste  educador  simples, feliz,  que  tinha 
prazer em aprender e em ensinar, e transmitia este prazer aos que conviviam com ele. 

A concepção construtivista de educação desenvolvida por FREIRE vai além da pesquisa e 
da  tematização,  implicando,  portanto,  uma  etapa  de  problematização  que  supõe  uma  ação 
transformadora. 

Paulo  Freire  associava  alfabetização  e  politização:  ensinar  significa  inserção  na  história 
que  não  é  somente  estar  na  sala  de  aula,  mas  também  em  um  imaginário  político.  “Educar  é 
conhecer, é ler o mundo, para poder transformá­lo.” 

E Gadotti conclui que “como um plantador do futuro, ele sempre será lembrado porque nos 
deixou raízes, asas e sonhos como herança: Paulo Freire nos deixa um legado de esperança.” 

2)  “Ler  as  palavras,  ler  o  mundo”:  em  seu  artigo  publicado  na  Coleção  Memória  da 
Pedagogia  (2005),  Luiz  Marine  José  do  Nascimento  faz  um  estudo  do  método  Paulo 
Freire de alfabetização, constituindo­se mais do que um método e, sim, numa teoria do 
conhecimento sobre o processo de ensino e de aprendizagem. 

O dialogismo, processo de inter­ação dos participantes nos círculos de cultura, nos quais 
os enunciados são sempre partilhados entre os enunciadores. 

A  obra  de  Paulo  Freire  fundamenta­se  nos  princípios  da  ética,  da  solidariedade,  da 
democracia, da liberdade e da humanização. 

Concluindo  esta  aula,  obviamente  não  esgotando  o  estudo  da  obra  e  dos  ideais  do 
educador  Paulo  Freire,  reiteramos  a  relevância  de  seu  legado  imprescindível  à  formação  dos 
educadores.

56 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

A  leitura  de  mundo,  a  cumplicidade  do  dialogismo,  a  afirmação  do  sujeito  histórico  e 
autônomo  reforçam  os  ideais  de  luta  contra  a  “cultura  do  silêncio”  e  da  opressão  em  todas  as 
dimensões humanas, portanto os princípios freirianos constituem­se numa “bússola” que orienta a 
prática pedagógica, alicerçada na esperança, na utopia e na transformação social. 

“As qualidades ou virtudes  são construídas por nós no esforço que nos impomos para 
diminuir a distância entre o que dizemos e o que fazemos. Este esforço, o de diminuir a 
distância  entre  o  discurso  e  a  prática,  é já  uma  dessas  virtudes  indispensáveis –  a  da 
coerência. Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito do educando se o 
ironizo,  se  o  discrimino,  se  o  inibo  com  a  minha  arrogância?  Como  posso  continuar 
falando  em  meu  respeito  ao  educando  se  o  testemunho  que  a  ele  dou  é  o  da 
irresponsabilidade, o de quem não cumpre o seu dever, o de quem não se prepara ou 
se  organiza  para  a  sua  prática,  o  de  quem  não  luta  por  seus  direitos  e  não  protesta 
contra  as  injustiças?  A  prática  docente  especificamente  humana  é  profundamente 
formadora, por isso, ética. Se não se pode esperar de seus agentes que  sejam santos 
ou anjos, pode­se e deve­se deles exigir seriedade e retidão. 

“A  responsabilidade  do  professor,  de  que  às  vezes  não  nos  damos  conta,  é  sempre 
grande.  A  natureza  mesma  de  sua  prática  eminentemente  formadora  sublinha  a 
maneira como a realiza. Sua presença na sala é de tal maneira exemplar que nenhum 
professor  ou  professora  escapa  ao  juízo  que  dele  ou  dela  fazem  os  alunos.  E  o  pior 
talvez dos juízos é o que se expressa na ‘falta’ de juízo. O pior juízo é o que considera o 
professor uma ausência na sala.”  (Paulo Freire)

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

57 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  12  •  PARÂMETROS  CURRICULARES  NACIONAIS  ­ 


PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS 

Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa 

O meu olhar é nítido como um girassol. 

Sei ter o pasmo essencial 

Que tem uma criança se, ao nascer, 

Reparasse que nascera deveras… 

Sinto­me nascido a cada momento 

Para a eterna novidade do Mundo… 

Creio no mundo como num malmequer, 

Porque o vejo. Mas não penso nele 

Porque pensar é não compreender… 

O Mundo não se fez para pensarmos nele 

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo… 

Não basta abrir a janela para ver os campos e o rio. 

Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. 

Para ver as árvores e as flores é preciso também não ter filosofia nenhuma. 

Com filosofia não há árvores: há idéias apenas. 

Há só cada um de nós, como uma cave. 

Há só uma janela fechada, e odo mundo lá fora; 

E um sonho do que se poderia ver, se a janela se abrisse, 

Que nunca é o que se vê, quando se abre a janela. 

Procuro despir­me do que aprendi, 

Procuro esquecer­me do modo deslembrar que me ensinaram, 

E raspar a tinta com que pintaram os sentidos,

58 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Continuação 

Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, desembrulhar­me e ser eu... 

O essencial é saber ver. 

­ Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida), 

Isso exige um estado profundo, 

Uma aprendizagem de desaprender... 

(Alberto Caeiro ­ Fernando Pessoa)

Depois  de  conhecermos  um  pouco  melhor  a  obra  de  nosso  educador  maior  PAULO 
FREIRE,  faremos  um  estudo  sobre  o  paradigma  curricular  e  metodológico  que  foi  elaborado  a 
partir  da aprovação  da  L.D.B.  – Lei no 9.394/96 –  apresentando­se  como  um novo olhar  e uma 
nova  postura  no  tratamento  das  áreas  de  conhecimento:  Língua  Portuguesa,  Matemática, 
Ciências Naturais, História, Geografia, Educação Física e Arte. 

Estamos nos referindo aos Parâmetros Curriculares Nacionais – P.C.Ns – uma proposta, 
um referencial curricular­metodológico que tem como meta principal a reorganização do sistema 
educacional de nosso país. 

Segundo  o  documento  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  (2000),  estes  “constituem  um 


referencial de qualidade para a educação no Ensino 

Fundamental  em  todo  o  País.  Sua  função  é  orientar  e  garantir  a  coerência  dos 
investimentos no sistema educacional, socializando as discussões, pesquisas e recomendações, 
subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se 
encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual. 

Por  sua  natureza  aberta,  configuram  uma  proposta  flexível,  a  ser  concretizada  nas 
decisões  regionais  e  locais  sobre  currículos  e  sobre  programas  de  transformação  da  realidade 
educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. 
Não  configuram,  portanto,  um  modelo  curricular  homogêneo  e  impositivo,  que  se  sobreporia  à 
competência  político­executiva  dos  Estados  e  Municípios,  à  diversidade  sociocultural  das 
diferentes regiões do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas. 

O  conjunto  das  proposições  aqui  expressas  responde  à  necessidade  de  referenciais  a 


partir dos quais o sistema educacional do País se organize, a fim de garantir que, respeitadas as 
diversidades  culturais,  regionais,  étnicas,  religiosas  e  políticas  que  atravessam  uma  sociedade 
múltipla,  estratificada  e  complexa,  a  educação  possa  atuar,  decisivamente,  no  processo  de 

59 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre 
os  cidadãos,  baseado  nos  princípios  democráticos.  Essa  igualdade  implica  necessariamente  o 
acesso à totalidade dos bens públicos, entre os quais o conjunto dos conhecimentos socialmente 
relevantes. 

Entretanto,  se estes  Parâmetros  Curriculares  Nacionais podem funcionar  como elemento 


catalisador  de  ações  na  busca  de  uma  melhoria  da  qualidade  da  educação  brasileira,  de  modo 
algum  pretendem  resolver  todos  os  problemas  que  afetam  a  qualidade  do  ensino  e  da 
aprendizagem  no  país.  A  busca  da  qualidade  impõe  a  necessidade  de  investimentos  em 
diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários 
dignos, um plano de carreira, a qualidade do livro didático, de recursos televisivos e de multimídia, 
a disponibilidade de materiais didáticos. Mas esta qualificação almejada implica colocar também 
no  centro  do  debate,  as  atividades  escolares  de  ensino  e  aprendizagem  e  a  questão  curricular 
como de inegável importância para a política educacional da nação brasileira.” 

Princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais ­ P.C.Ns 

1) acesso à educação de qualidade para todos e às possibilidades de participação social; 

2)  ensino  de  qualidade  que  a  sociedade  demanda,  adequado  às  necessidades  sociais, 
políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira; 

3)  o  acesso  de  todos  à  totalidade  dos  recursos  culturais  para  a  intervenção  e  a 
participação responsável na vida social; 

4)  escola  enquanto  espaço  social  de  construção  dos  significados  éticos  necessários  e 
constitutivos de toda e qualquer ação de cidadania; 

5)  a  educação  básica  tem  a  função  de  garantir  condições  para  que  o  aluno  construa 
instrumentos que o capacitem para um processo de educação permanente. 

Fundamentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais ­ P.C.Ns 

Concepção de ensino e de aprendizagem como um processo não por etapas e como um 
conhecimento  “acabado”,  mas  propõe  uma  visão  de  complexidade  e  de  provisoriedade  do 
conhecimento; os conteúdos curriculares atuam não como fins em si mesmos, mas como meios à

60 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

aquisição  e  desenvolvimento  de  capacidades  dos  alunos;  é  um  processo  de  ensino  e  de 
aprendizagem interativo: professor e alunos são sujeitos do conhecimento. 

Leia  o  texto  a  seguir  “Como  surgiram  os  P.C.Ns”  que  foi  elaborado  pela  assessoria 
pedagógica  da  editora  Scipione  (2001)  para  esclarecer  um  pouco  mais  a  proposição  dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais em nossa educação. 

Agora  vamos  conhecer  os  objetivos  gerais  do  ensino  de  Língua  Portuguesa  no  ensino 
fundamental,  conforme  o  documento  dos  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  de  Língua 
Portuguesa (2000): 

•  expandir  o  uso  da  linguagem  em  instâncias  privadas  e  utilizá­la  com  eficácia  em 
instâncias  públicas,  sabendo  assumir  a  palavra  e  produzir  textos  ­  tanto  orais  como 
escritos  ­  coerentes,  coesos,  adequados  a  seus  destinatários,  aos  objetivos  a  que  se 
propõem e aos assuntos tratados; 

• utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade lingüística valorizada 
socialmente,  sabendo  adequá­los  às  circunstâncias  da  situação  comunicativa  de  que 
participam; 

• conhecer e respeitar as diferentes variedades lingüísticas do português falado; 

•  compreender  os  textos  orais  e  escritos  com  os  quais  se  defrontam  em  diferentes 
situações  de participação  social,  interpretando­os  corretamente  e  inferindo  as  intenções 
de quem os produz; 

•  valorizar  a  leitura  como  fonte  de  informação,  via  de  acesso  aos  mundos  criados  pela 
literatura  e  possibilidade  de  fruição  estética,  sendo  capazes  de  recorrer  aos  materiais 
escritos em função de diferentes objetivos; 

• utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder para ter 
acesso, compreender e fazer uso de informações contidas nos textos: identificar aspectos 
relevantes; organizar notas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de trechos 
oriundos de diferentes fontes; fazer resumos, índices, esquemas, etc; 

•  valer­se  da  linguagem  para  melhorar  a  qualidade  de  suas  relações  pessoais,  sendo 
capazes de expressar  seus  sentimentos, experiências,  idéias e  opiniões, bem  como  de 
acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondo­os quando necessário; 

•  usar  os  conhecimentos  adquiridos  por  meio  da  prática  de  reflexão  sobre  a  língua  para 
expandirem  as  possibilidades  de  uso  da  linguagem  e  a  capacidade  de  análise

61 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

crítica;conhecer  e  analisar  criticamente  os  usos  da  língua  como  veículo  de  valores  e 
preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia.” 

No  Ensino  Médio,  a  área  do  conhecimento  do  novo  currículo  envolvendo  a  Língua 
Portuguesa denomina­se “Linguagens e Códigos e suas tecnologias”, que deverá desenvolver nos 
alunos  algumas  competências  em  sua  formação  cidadã  e  em  sua  capacidade  de  construir  a 
própria vida. 

Uma  destas  competências  diz  respeito  a  dominar  a  norma culta da Língua  Portuguesa  e 


fazer uso das linguagens matemática, artística e científica, desenvolvendo certas habilidades: ler e 
interpretar  textos  escritos  na  língua  materna;  dominar  elementos  gráficos  e  geométricos, 
conseguindo interpretar dados; reconhecer os códigos de linguagem artística e suas relações com 
o contexto histórico; produzir textos orais e escritos para diferentes contextos e interlocutores. 

Os conteúdos curriculares em Língua Portuguesa poderão ser alvo de projetos específicos 
e/  ou  interdisciplinares  –  integrados  com  outras  disciplinas  –  bem  como  o  professor  juntamente 
com  os  alunos  ,  munidos  de  criatividade,  curiosidade  e  de  uma  atitude  pesquisadora,  poderão 
elaborar  um  projeto  utilizando  os  Temas  Transversais  –  Ética,  Saúde,  Pluralidade  Cultural, 
Orientação  Sexual  e  Meio  Ambiente  –  a  fim  de  repensar  valores  e  concepções,  desenvolver  a 
criticidade e a capacidade de participação na sociedade. 

O  ensino  da  Língua  Portuguesa  deverá  garantir  um  espaço  em  sala  de  aula  no  qual  o 
aluno  tenha  oportunidade  de  opinar,  defender  seus  pontos  de  vista,  aprendendo  a  respeitar  as 
opiniões  diferentes,  formar  “cabeças  pensantes”  por  meio  de  estratégias  de  ensino  variadas: 
dramatização, leitura dramática de um trecho de peça teatral, entrevista, elaboração de diferentes 
textos,  debate,  júri  popular,  representação  de  programas  de  televisão,  filmagem  de  teatro  dos 
alunos, elaboração de livro de poesias, histórias, quadrinhos e outros gêneros textuais, utilização 
de vídeos (documentários, filmes, desenhos animados e outros) e músicas (todos os gêneros). 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

62 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  13  •  PARÂMETROS  CURRICULARES  NACIONAIS  ­ 


CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO NOS PCNS 

Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências 
Naturais 

Leia  o  texto  complementar  disponível  no  ambiente  de  estudo:  “Sirenes  ou  músicas”  de 
Rubem Alves. 

Continuando o nosso estudo sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais, conversaremos 
sobre  a  concepção  de  Avaliação  focalizada  nos  P.C.Ns  e  apresentaremos  os  fundamentos  dos 
P.C.Ns de Matemática e de Ciências Naturais. 

Conforme  o documento dos Parâmetros  Curriculares  Nacionais  (2000)  “a  concepção  de 


avaliação dos Parâmetros Curriculares Nacionais vai além da visão tradicional, que focaliza o 
controle  externo  do  aluno  mediante  notas  ou  conceitos,  para  ser  compreendida  como  parte 
integrante e intrínseca ao processo educacional.” 

A avaliação, ao não se restringir ao julgamento sobre sucessos ou fracassos do aluno, é 
compreendida como um conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar e orientar 
a  intervenção  pedagógica.  Acontece  contínua  e  sistematicamente  por  meio  da  interpretação 
qualitativa do conhecimento construído pelo aluno. Possibilita conhecer o quanto ele se aproxima 
ou  não  da  expectativa  de  aprendizagem  que  o  professor  tem  em  determinados  momentos  da 
escolaridade,  em  função  da  intervenção  pedagógica  realizada.  Portanto,  a  avaliação  das 
aprendizagens só pode acontecer se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto é, 
analisando a adequação das situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos 
e aos desafios que estão em condições de enfrentar. 

A avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre a sua 
prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem 
ser  revistos,  ajustados  ou  reconhecidos  como  adequados  para  o  processo  de  aprendizagem 
individual ou de todo o grupo. Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência de suas 
conquistas,  dificuldades  e  possibilidades  para  reorganização  de  seu  investimento  na  tarefa  de 
aprender.  Para  a  escola,  possibilita  definir  prioridades  e  localizar  quais  aspectos  das  ações 
educacionais demandam maior apoio.

63 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Tomar a avaliação nessa perspectiva e em todas essas dimensões requer que esta ocorra 
sistematicamente  durante  todo  o  processo  de  ensino  e  aprendizagem,  e  não  somente  após  o 
fechamento  de  etapas  do  trabalho,  como  é  habitual.  Isso  possibilita  ajustes  constantes,  num 
mecanismo de regulação do processo de ensino e aprendizagem, que contribui efetivamente para 
que a tarefa educativa tenha sucesso. 

O acompanhamento e a reorganização do processo de ensino e aprendizagem na escola 
inclui, necessariamente, uma avaliação inicial, para o planejamento do professor, e uma avaliação 
ao final de uma etapa de trabalho. 

Concluindo, a concepção de Avaliação está comprometida com os princípios de qualidade 
do  ensino,  de  dinamismo,  de  construção  do  conhecimento,  da  dimensão  democrática,  de 
desenvolvimento da autonomia do aluno, pois é um elemento integrador entre a aprendizagem e o 
ensino.  A  avaliação  serve  como  instrumento  de  ajuste  e  como  orientação  da  intervenção 
pedagógica do professor; é um elemento de reflexão contínua da prática educativa e possibilita ao 
aluno  tomar  consciência  de  seus  avanços,  de  suas  dificuldades  e  de  suas  possibilidades  de 
aprendizagem. 

A avaliação, sendo processual, é contínua, acontece em múltiplos momentos do processo 
educativo, assim como também não é restrita a certos instrumentos, como provas dissertativas e/ 
ou descritivas, argüições (chamadas) orais e testes. 

Existe uma vasta literatura especializada em instrumentos avaliativos que sugerem desde 
a elaboração de uma prova objetiva até uma pesquisa interdisciplinar. 

Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática 

Os  objetivos  Gerais  do  ensino  da  Matemática  no  ensino  fundamental  conforme  os 
Parâmetros  Curriculares  Nacionais  (2000)  referem­se  ao  desenvolvimento  de  competências  no 
aluno: 

• identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o 
mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, 
como  aspecto  que  estimula  o  interesse,  a  curiosidade,  o  espírito  de  investigação  e  o 
desenvolvimento da capacidade para resolver problemas; 

• fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos do ponto de vista 
do  conhecimento  e  estabelecer  o  maior  número  possível  de  relações  entre  eles,

64 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

utilizando  para  isso  o  conhecimento  matemático  (aritmético,  geométrico,  métrico, 


algébrico,  estatístico,  combinatório,  probabilístico);  selecionar,  organizar  e  produzir 
informações relevantes, para interpretá­las e avaliá­las criticamente; 

•  resolver  situações­problemas,  sabendo  validar  estratégias  e  resultados,  desenvolvendo 


formas  de  raciocínio  e  processos,  como  dedução,  intuição  ,  analogia,  estimativa,  e 
utilizando conceitos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos 
disponíveis; 

• comunicar­se matematicamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados 
com  precisão  e  argumentar  sobre  suas  conjecturas,  fazendo  uso  da  linguagem  oral  e 
estabelecendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas; 

•  estabelecer  conexões  entre  temas  matemáticos  de  diferentes  campos  e  entre  esses 
temas e conhecimentos de outras áreas curriculares; 

•  sentir­se  seguro  da  própria  capacidade  de  construir  conhecimentos  matemáticos, 


desenvolvendo a auto­estima e a perseverança na busca de soluções;interagir com seus 
pares  de  forma  cooperativa,  trabalhando  coletivamente  na  busca  de  soluções  para 
problemas  propostos,  identificando  aspectos  consensuais  ou  não  na  discussão  de  um 
assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles. 

No  Ensino  Médio,  a  área  do  conhecimento  do  novo  currículo  relacionado  à  Matemática 
denomina­se Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. 

Uma  das  competências  a  ser  desenvolvidas  junto  aos  alunos  é  a  de  construir  e  aplicar 
conceitos  das  várias  áreas  do  conhecimento  para  a  compreensão  de  fenômenos  naturais,  da 
produção tecnológica. Algumas habilidades envolvem a de articular saberes, dominar elementos 
gráficos e geométricos e de interpretar dados. 

O  ensino  da  Matemática  deverá  explorar  as  capacidades  de  intuição  e  de  dedução  dos 
alunos, portanto o professor caracteriza­se por uma postura de: 

• mediador = promovendo debates e valorizando soluções diferenciadas; 

• facilitador = fornecendo informações aos alunos quando necessário; 

• incentivador = estimulando a cooperação entre os alunos; 

• avaliador = observando se os objetivos estão sendo alcançados; 

• organizador = conhecendo os alunos para elaborar atividades que atinjam os objetivos.

65 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

O professor poderá apresentar inúmeros desafios aos alunos, tornando os conteúdos mais 
atraentes e estimulantes, utilizando estratégias de ensino diversificadas, como: 

• exercícios com folhetos de lançamento de imóveis; 

• atividades com gráficos, tabelas e dados estatísticos apresentados em jornais e revistas; 

• utilizar jogos de estratégia, tais como xadrez, Banco Imobiliário, trilha, ludo, War e outros; 

•  elaborar  exercícios  com  porcentagem,  lucro,  prejuízo  e  outros  conceitos,  utilizando 


panfletos de supermercados e de lojas diversas; 

• construção de sólidos geométricos... 

Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais 

Os objetivos Gerais do ensino de Ciências Naturais, conforme os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (2000), deverão ser organizados para que os alunos tenham as seguintes capacidades 
ao final do ensino fundamental: 

• compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser humano parte integrante e 
agente de transformações do mundo em que vive; 

• identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições de 
vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica; 

•  formular  questões,  diagnosticar  e  propor  soluções  para  problemas  reais  a  partir  de 
elementos  das  Ciências  Naturais,  colocando  em  prática  conceitos,  procedimentos  e 
atitudes desenvolvidos no aprendizado escolar; 

• saber utilizar conceitos científicos básicos, associados a energia, matéria, transformação, 
espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida; 

•  saber  combinar  leituras,  observações,  experimentações,  registros,  etc.,  para  coleta, 


organização, comunicação e discussão de fatos e informações; 

•  valorizar  o  trabalho  em  grupo,  sendo  capaz  de  ação  crítica  e  cooperativa  para  a 
construção coletiva do conhecimento; 

• compreender a saúde como bem individual e comum que deve ser promovido pela ação 
coletiva;

66 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

•  compreender  a  tecnologia  como  meio  para  suprir  necessidades  humanas,  distinguindo 


usos corretos e necessários daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza e ao homem. 

No  Ensino  Médio,  a  área  do  conhecimento  do  novo  currículo  relacionada  às  Ciências 
Naturais  intitula­se  Ciências  da  Natureza,  Matemática  e  suas  tecnologias,  que  desenvolve  uma 
série  de  habilidades,  tais  como  tomar  decisões  a  partir  da  análise de  dados,  identificar  padrões 
comuns nos processos que garantem a evolução dos seres vivos, dentre outros. 

O ensino de Ciências Naturais na prática amplia as oportunidades de participação social e 
de capacitação ao exercício da cidadania. 

Algumas  estratégias  e  recursos  de  ensino  que  podem  ser  utilizados  para  fomentar  a 
curiosidade e a construção do conhecimento pelos alunos: construção tridimensional de células e 
do  sistema  solar,  fabricação  de  fósseis,  estudo  de  tabelas  nutricionais  nos  rótulos  de  alimentos 
comercializados, fabricação de produtos reciclados, utilização do laboratório da escola para aulas 
práticas, utilização de filmes e documentários, passeios a espaços específicos (Estação Ciências, 
Parques  públicos,  Zoológico,  Museus,  Institutos,  Hospitais,  Postos  de  Saúde,  Estação  de 
tratamento de águas, Parques ecológicos, trilhas ecológicas e outros locais. 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

67 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  14  •  PARÂMETROS  CURRICULARES  NACIONAIS  ­ 


ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS PCNS 

Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de Ciências 
Naturais 

Acesse em Textos Complementares, de Rubem Alves, o texto “O vírus da gripe literária”. 

Hoje conheceremos as Orientações Didáticas expressas nos Parâmetros Curriculares 
Nacionais  ao  trabalho  docente  a  fim  de  privilegiar  a  qualidade  do  ensino  e  a  construção  do 
conhecimento das diferentes áreas curriculares pelos alunos. 

Até o momento, apesar de você não estar intimamente relacionado a algumas das áreas 
curriculares  apresentadas,  é  de  extrema  importância  este  contato  para  visitar  e  ter  uma  visão 
geral do que é desenvolvido e esperado nestas áreas, pois o conhecimento não tem limites e a 
postura interdisciplinar do professor também demanda informação interdisciplinar e uma formação 
plural, ampla e marcada pela diversidade. 

Portanto,  finalizamos  nesta  aula  a  nossa  exploração  das  áreas  de  conhecimento  dos 
Parâmetros  Curriculares  Nacionais.  Comecemos  primeiramente  com  a  apresentação  das 
orientações didáticas para todas as áreas do conhecimento. 

Conforme  o  documento  dos  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  (2000),  “a  conquista  dos 
objetivos propostos pelo ensino fundamental depende de uma prática educativa que tenha como 
eixo  a  formação  de  um  cidadão  autônomo  e  participativo.  Nesta  medida,  os  Parâmetros 
Curriculares  Nacionais  incluem  orientações  didáticas  que  são  subsídios  à  reflexão  sobre  como 
ensinar. 

“Nesta  visão  os  alunos  constroem  significados  a  partir  de  múltiplas  e  complexas 
interações.  Cada  aluno  é  sujeito  de  seu  processo  de  aprendizagem,  enquanto  o  professor  é  o 
mediador na interação dos alunos com os objetos de conhecimento; o processo de aprendizagem 
compreende  também  a  interação  dos  alunos  entre  si,  essencial  à  socialização.  Assim,  as 
orientações  didáticas  apresentadas  enfocam  fundamentalmente  a  intervenção  do  professor  na 
criação de situações de aprendizagem coerentes com essa concepção. 

“Para  cada  tema  e  área  de  conhecimento  corresponde  um  conjunto  de  orientações 
didáticas  de  caráter  mais  abrangente  que  indicam  como  a  concepção  de  ensino  proposta  se 
estabelece no tratamento da área.

68 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

“No  entanto,  há  determinadas  considerações  a  fazer  a  respeito  do  trabalho  em  sala  de 
aula,  que  extravasam  as fronteiras  de  um  tema ou  área  de  conhecimento.  Estas  considerações 
evidenciam  que  o  ensino  não  pode  estar  limitado  ao  estabelecimento  de  um  padrão  de 
intervenção homogêneo e idêntico para todos os alunos. 

“A prática educativa é bastante complexa, pois o contexto de sala de aula traz questões de 
ordem afetiva, emocional, cognitiva, física e de relação pessoal. A dinâmica dos acontecimentos 
em uma sala de aula é tal que mesmo uma aula planejada, detalhada e consistente dificilmente 
ocorre conforme o imaginado: olhares, tons de voz, manifestações de afeto ou desafeto e diversas 
outras variáveis interferem diretamente na dinâmica prevista.” 

Alguns tópicos são relevantes em nosso estudo sobre Orientações Didáticas e devem ser 
considerados no trabalho do professor: 

1)  Autonomia:  é  um  princípio  didático  geral  apresentado  nos  Parâmetros  Curriculares 
Nacionais  que  considera  a  atuação  do  aluno  na  construção  de  seus  conhecimentos, 
valorizando suas experiências, saberes e a interação professor­aluno e aluno­aluno. 

2)  Diversidade:  é  o  princípio  que  considera  relevante  a  necessidade  da  adequação  dos 
objetivos,  conteúdos  e  critérios  de  avaliação  para  atender  a  diversidade  existente  em 
nosso  país,  respeitando  as  diferenças  e  a  auto­estima  dos  sujeitos  do  processo 
educativo. 

3) Interação e cooperação: é o princípio que focaliza como fundamentais as situações em 
que  os  alunos  possam  aprender  a  dialogar,  a ouvir  o  outro  e  auxiliá­lo,  a  pedir  ajuda, 
aproveitar críticas, explicar pontos de vista diferentes do seu ponto de vista, coordenar 
ações  para  alcançar  o  sucesso  em  uma  tarefa  conjunta,  etc.,  valorizando,  portanto,  o 
convívio escolar e social. 

4)  Disponibilidade  para  a  aprendizagem:  é  necessário  que  o  aluno  tenha  um 


envolvimento  na  aprendizagem,  o  empenho  em  estabelecer  relações  entre  o  que  já 
sabe  e  o  que  está  aprendendo,  em  utilizar  instrumentos  adequados  que  conhece  e 
dispõe para alcançar melhor compreensão. 

A aprendizagem deve ser significativa, exigindo ousadia em colocar problemas, desafios, 
buscar soluções e experimentar novos caminhos. 

5)  Organização  do  tempo:  o  tempo  é  uma  variável  que  interfere  na  construção  da 
autonomia,  portanto,  cabe  ao  professor  criar  situações  nas  quais  o  aluno  possa 
progressivamente controlar a realização de suas atividades; por meio de acertos e erros

69 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

o  aluno fica  ciente  de  suas  possibilidades e  construirá  mecanismos de auto­regulação 


que possibilitam decidir como alocar o seu tempo. 

6) Organização do espaço: para realizar um trabalho competente, faz­se necessário que 
o mobiliário da sala de aula e de outros espaços escolares favoreçam os princípios de 
autonomia, diálogo, cooperação e coletividade, pois o espaço escolar é também objeto 
de aprendizagem e de respeito, podendo ainda o professor fazer uso de outros espaços 
não escolares, tais como: visitas monitoradas a museus, parques, instituições diversas, 
bibliotecas  públicas,  teatro,  cinema,  visitação  a  fábricas  e  outros  locais  conforme  os 
conteúdos a ser tratados. 

7)  Seleção  de  material:  consideramos  que  todo  material  é  fonte  de  informação,  porém 
nenhum  deles  deve  ser  utilizado  com  exclusividade.  A  diversidade  de  material  é 
fundamental para  que  os  conteúdos  recebam um  tratamento  amplo e eficiente. O  livro 
didático é um material de forte influência na prática de ensino em nosso país. É preciso 
que  os  professores  estejam  atentos  à  qualidade,  à  coerência  e  a  eventuais  restrições 
que  apresentem  em  relação  aos  objetivos  educacionais  propostos.  Além  disso,  é 
importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a ser utilizado, a 
única fonte de  conhecimento  tanto  do  aluno quanto do professor, pois  a  variedade  de 
fontes  de  informação  é  que  contribuirá  para  o  aluno  ter  uma  visão  ampla  do 
conhecimento. 

Agora  vamos  saber  quais  são  os  objetivos  gerais  da  área  de  História,  Geografia,  Arte  e 
Educação Física no ensino fundamental. 

Objetivos Gerais de História 

Segundo  os  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  (2000),  “os  alunos  deverão  ser  capazes 
de: 

• identificar o próprio grupo de convívio e as relações que estabelecem com outros tempos 
e espaços; 

•  organizar  alguns  repertórios  histórico­culturais  que  lhes  permitam  localizar 


acontecimentos  numa  multiplicidade  de  tempo,  de  modo  a  formular  explicações  para 
algumas questões do presente e do passado;

70 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diversos tempos e 
espaços,  em  suas  manifestações  culturais,  econômicas,  políticas  e  sociais, 
reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles; 

•  reconhecer  mudanças  e  permanências  nas  vivências  humanas,  presentes  na  sua 


realidade e em outras comunidades, próximas ou distantes, e no espaço; 

•  questionar  sua  realidade,  identificando  alguns  de  seus  problemas  e  refletindo  sobre 
algumas  de  suas  possíveis  soluções,  reconhecendo  formas  de  atuação  política 
institucionais e organizações coletivas da sociedade civil; 

• utilizar métodos de pesquisa e de produção de textos de conteúdo histórico, aprendendo 
a ler diferentes registros escritos, iconográficos, sonoros; 

•  valorizar  o  patrimônio  sociocultural  e  respeitar a  diversidade,  reconhecendo­a  como  um 


direito dos povos e indivíduos e como um elemento de fortalecimento da democracia.” 

Objetivos Gerais de Geografia 

Os  alunos  deverão  construir  ao  longo  do  ensino  fundamental  um  conjunto  de 
conhecimentos referentes a conceitos, procedimentos e atitudes relativos à Geografia, permitindo 
que sejam, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), capazes de: 

• conhecer a organização do espaço geográfico e o funcionamento da natureza em suas 
múltiplas relações, de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção 
e na produção do território, da paisagem e do lugar; 

•  identificar  e  avaliar  as  ações  dos  homens  em  sociedade  e  suas  conseqüências  em 
diferentes  espaços  e  tempos,  de  modo  a  construir  referenciais  que  possibilitem  uma 
participação propositiva e reativa nas questões socioambientais locais; 

•  compreender  espacialidade  e  temporalidade  dos fenômenos  geográficos estudados  em 


suas dinâmicas e interações; 

• compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos políticos, os avanços 
tecnológicos  e  técnicos  e  as  transformações  socioculturais  são  conquistas  decorrentes 
de  conflitos  e  acordos,  que  ainda  não  são  usufruídas  por  todos  os  seres  humanos  e, 
dentro de suas possibilidades, empenhar­se em democratizá­las;

71 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa da Geografia para compreender o 
espaço, a paisagem, o  território  e  o lugar, seus processos de construção, identificando 
suas relações, problemas e contradições; 

• fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes de informação, 
de modo a interpretar sobre o espaço geográfico e as diferentes paisagens; 

•  saber  utilizar  a  linguagem  cartográfica  para  obter  informações  e  representar  a 


espacialidade dos fenômenos geográficos; 

• valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a sociodiversidade, reconhecendo­a como 
um direito dos povos e indivíduos e um elemento de fortalecimento da democracia. 

Objetivos Gerais da Arte 

Ao  final  do  ensino  fundamental  os  alunos  deverão  ser  capazes  de,  conforme  os 
Parâmetros Curriculares Nacionais (2000): 

• expressar e saber comunicar­se em artes mantendo uma atitude de busca pessoal e/ ou 
coletiva, articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a reflexão 
ao realizar e fruir produções artísticas; 

• interagir com materiais, instrumentos e procedimentos variados em artes (Artes Visuais, 
Dança,  Música,  Teatro),  experimentando­os  e  conhecendo­os de  modo  a utilizá­los  nos 
trabalhos pessoais; 

• edificar uma relação de autoconfiança com a produção artística pessoal e conhecimento 
estético,  respeitando  a  própria  produção  e  a  dos  colegas,  no  percurso  de  criação  que 
abriga uma multiplicidade de procedimentos e soluções; 

•  compreender  e  saber  identificar  a  arte  como fato histórico  contextualizado  nas  diversas 


culturas,  conhecendo,  respeitando  e  podendo  observar  as  produções  presentes  no 
entorno,  assim  como  as  demais  do  patrimônio  cultural  e  do  universo  natural, 
identificando a existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos; 

•  observar  as  relações  entre  o  homem  e  a  realidade  com  interesse  e  curiosidade, 


exercitando a discussão, indagando, argumentando e apreciando arte de modo sensível; 

•  compreender  e  saber  identificar  aspectos  da  função  e  dos  resultados  do  trabalho  do 
artista,  em  sua  própria  experiência  de  aprendiz,  aspectos  do  processo  percorrido  pelo 
artista;

72 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• buscar e saber organizar informações sobre a arte em contato com artistas, documentos, 
acervos  nos  espaços  da  escola  e  fora  dela  (livros,  revistas,  jornais,  cds,  ilustrações, 
vídeos,  cartazes  e  outros)  e  acervos  públicos  (museus,  galerias,  centros  de  cultura, 
videotecas,  fonotecas,  cinematecas  e  outros),  reconhecendo  e  compreendendo  a 
variedade  dos  produtos  artísticos  e  concepções  estéticas  presentes  na  história  das 
diferentes culturas e etnias. 

Objetivos Gerais da Educação Física 

Espera­se  ao  final  do  ensino  fundamental  que  o  aluno  desenvolva  as  seguintes 
competências, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000): 

•  participar  de  atividades  corporais,  estabelecendo  relações  equilibradas  e  construtivas 


com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de 
si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou 
sociais; 

•  adotar  atitudes  de  respeito  mútuo,  dignidade  e  solidariedade  em  situações  lúdicas  e 
esportivas, repudiando qualquer espécie de violência; 

•  conhecer,  valorizar,  respeitar e desfrutar  da pluralidade de  manifestações  de  cultura do 


Brasil  e  do  mundo,  percebendo­as  como  recurso  valioso  para  a  integração  entre  as 
pessoas e entre diferentes grupos sociais; 

•  reconhecer­se  como  elemento  integrante  do  ambiente,  adotando  hábitos  saudáveis  de 
higiene,  alimentação  e  atividades  corporais,  relacionando­os  com  os  efeitos  sobre  a 
própria saúde e de recuperação, manutenção e melhoria de saúde coletiva; 

• solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contextos, regulando e dosando o 
esforço  em  um  nível  compatível  com  as  possibilidades,  considerando  que  o 
aperfeiçoamento  e  o  desenvolvimento  das  competências  corporais  decorrem  de 
perseverança e regularidade e devem ocorrer de modo saudável e equilibrado; 

•  reconhecer  condições  de  trabalho  que  comprometam  os  processos  de  crescimento  e 
desenvolvimento, não as aceitando para si nem para os outros, reivindicando condições 
de vida dignas; 

•  conhecer  a  diversidade  de  padrões  de  saúde  e  estética  corporal  que  existem  nos 
diferentes  grupos  sociais,  compreendendo  sua  inserção  dentro  da  cultura  em  que  são

73 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

produzidos,  analisando  criticamente  os  padrões  divulgados  pela  mídia  e  evitando  o 


consumismo e o preconceito; 

•  conhecer,  organizar  e  interferir  no  espaço  de  forma  autônoma,  bem  como  reivindicar 
locais  adequados  para  promover  atividades  corporais  de  lazer,  reconhecendo­as  como 
uma necessidade básica do ser humano e um direito do cidadão.” 

Como você deve ter percebido, ensinar por competências significa que o mundo mudou e 
que  as  aulas  devem  atender  a  essas  demandas,  portanto  cabe  aos  educadores  e  gestores 
escolares garantir esta exigência proporcionando aos estudantes uma infra­estrutura adequada ao 
sucesso da  aprendizagem  (laboratório de  Informática  Educativa, de  Ciências, biblioteca,  sala  de 
Arte,  quadra  poliesportiva  e  outros  espaços  necessários),  o  tratamento  didático  mais  flexível, 
articulado,  contextualizado  e  interdisciplinar  dos  conteúdos  curriculares  e  dos  saberes  destes 
estudantes,  mobilizando  práticas  de  inclusão,  de  participação,  de  autonomia  e  de  respeito  à 
diversidade. 

Os  projetos  didáticos  assumem  atualmente  uma  dimensão  interdisciplinar,  ultrapassando 


velhas  barreiras  edificadas  pelo  currículo  padronizado e  compartimentalizado,  abrindo,  portanto, 
novas janelas ao conhecimento e dando espaço a novos olhares e a novas práticas pedagógicas 
mais humanas, mais reais, mais qualificadas e mais cidadãs. 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

74 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA  15  •  PARÂMETROS  CURRICULARES  NACIONAIS  ­ 


ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS PCNS 

Temas Transversais e Transversalidade 

Acesse o texto complementar no ambiente de estudo, de Rubem Alves, “Sobre ciência e 
sapiência”. 

A  inclusão  de  Temas  Transversais  no  currículo  escolar  do  nosso  país  a  partir  da  Lei 
9.394/96,  apresentados  nos  Parâmetros  Curriculares  Nacionais,  oferece  aos  alunos  a 
oportunidade  de  se  apropriar  destes  como  instrumentos  para  refletir  sobre  a  própria  vida  e  seu 
convívio  social,  portanto  os  Temas  Transversais  representam  um  paradigma  contemporâneo, 
ousado e contextualizado no tratamento mais amplo e interdisciplinar dos conteúdos curriculares. 

Os  critérios  adotados  para  a  escolha  e  eleição  dos  Temas  Transversais  a  ser 
desenvolvidos nas escolas são: 

• possibilidade de ensino e de aprendizagem no ensino fundamental; 

• urgência social; 

• abrangência social; 

• favorecimento da compreensão da realidade e a participação social. 

Segundo o documento Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), os objetivos dos Temas 
Transversais  contemplam  que  “ao  lado  do  conhecimento  de  fato  e  situações  marcantes  da 
realidade  brasileira,  de  informações  e  práticas  que  lhes  possibilitem  participar  ativa  e 
construtivamente  dessa  sociedade,  os  objetivos  do  ensino  fundamental  apontam  a  necessidade 
de que se tornem capazes de eleger critérios de ação pautados na justiça, detectando e rejeitando 
a  injustiça  quando  ela  se fizer  presente,  assim  como  criar formas não­violentas  de atuação  nas 
diferentes  situações  da  vida.  Tomando  essa  idéia  central  como  meta,  cada  um  dos  temas  traz 
objetivos específicos que os norteiam.” 

Apresentando os Temas Transversais 

Leia  o  textos  complementar  sobre  as  orientações  didáticas  referentes  aos  Temas 
Transversais e uma síntese de cada Tema Transversal:

75 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• Ética 

• Saúde 

• Meio Ambiente 

• Pluralidade Cultural 

• Orientação Sexual 

• Trabalho e Consumo 

Na prática pedagógica de nossas escolas de Educação Básica existem inúmeros projetos 
e  ações  relacionados  ao  desenvolvimento  de  Temas  Transversais,  configurando  um  trabalho 
curricular articulado, contextualizado e significativo à realidade dos alunos. 

Um  trabalho  pautado  na  reflexão,  no  repensar  concepções  e  práticas,  de  conhecer  e 
reconhecer  a  diversidade  sócio­cultural  de  nossa  população,  bem  como  discutir  e  agir  sobre as 
questões  ambientais,  éticas,  políticas,  de  saúde,  de  qualidade  de  vida,  ou  seja,  exercer  a 
cidadania em sua plenitude com seus direitos e deveres. 

Segundo  os  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  –  Temas  Transversais  –  (2000),  “por 


tratarem  de  questões  sociais,  os  Temas  Transversais  têm  natureza  diferente  das  áreas 
convencionais. Sua complexidade faz com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente 
para  abordá­los.  Ao  contrário,  a  problemática  dos  Temas  Transversais  atravessa  os  diferentes 
campos do conhecimento. Por exemplo, a questão ambiental não é compreensível apenas a partir 
das contribuições da Geografia. Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da 
Sociologia,  da  Demografia,  da  Economia,  entre  outros.  Por  outro  lado,  nas  várias  áreas  do 
currículo  escolar  existem,  implícita  ou  explicitamente,  ensinamentos  a  respeito  dos  Temas 
Transversais, isto é, todas educam em relação a questões sociais por meio de suas concepções e 
dos  valores  que  veiculam.  No  mesmo  exemplo,  ainda  que  a  programação  desenvolvida  não  se 
refira  diretamente  à  questão  ambiental  e  a  escola  tenha  um  trabalho  nesse  sentido,  Geografia, 
História  e  Ciências  Naturais sempre  veiculam alguma  concepção de ambiente  e,  nesse  sentido, 
efetivam uma certa educação ambiental. 

“Considerando  esses  fatos,  experiências  pedagógicas  brasileiras  e  internacionais  de 


trabalho com educação ambiental, orientação sexual e saúde têm apontado a necessidade de que 
tais questões sejam trabalhadas de forma contínua e integrada, uma vez que seu estudo remete à 
necessidade de se recorrer a conjuntos de conhecimentos relativos a diferentes áreas do saber.

76 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

“Diante  disso  optou­se  por  integrá­las  no  currículo  por  meio  do  que  se  chama  de 
transversalidade:  pretende­se  que  esses  temas  integrem  as  áreas  convencionais  de  forma  a 
estar presentes em todas elas, relacionando­as às questões da atualidade. 

“As  áreas  convencionais  devem  acolher  as  questões  dos  Temas  Transversais  de  forma 
que seus conteúdos as explicitem e seus objetivos sejam contemplados. Por exemplo, na área de 
Ciências Naturais, ao ensinar sobre o corpo humano, incluem­se os principais órgãos e funções 
do aparelho reprodutor masculino e feminino, relacionando seu amadurecimento às mudanças no 
corpo  e  no  comportamento  de  meninos  e  meninas  durante  a  puberdade  e  respeitando  as 
diferenças individuais. 

“Dessa  forma,  o  estudo  do  corpo  humano  não  se  restringe  à  dimensão  biológica,  mas 
coloca  esse  conhecimento  a  serviço  da  compreensão  da  diferença  de  gênero  (conteúdo  de 
Orientação Sexual) e do respeito à diferença (conteúdo de Ética).” 

As  Orientações  Didáticas  apresentadas  nos  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  para  os 
Temas Transversais contemplam princípios de participação dos alunos em todas as discussões e 
atividades  propostas,  ampliando  o  convívio  escolar  a  fim  de  tornar  a  escola  como  um  espaço 
legítimo de atuação pública dos alunos. 

Ainda  conforme  os  P.C.Ns  (2000),  “a  organização  dos  conteúdos  em  torno  de  projetos, 
como forma de desenvolver atividades de ensino e de aprendizagem, favorece a compreensão da 
multiplicidade  de  aspectos  que  compõem  a  realidade,  uma  vez  que  permite  a  articulação  de 
contribuições de diversos campos de conhecimento. Esse tipo de organização permite que se dê 
relevância  às  questões  dos  Temas  Transversais  ,  pois  os  projetos  podem  se  desenvolver  em 
torno deles e ser direcionados para metas objetivas ou para a produção de algo específico (como 
um jornal, por exemplo). 

“Professor e alunos compartilham os objetivos do trabalho e os conteúdos são organizados 
em torno de uma ou mais questões. Uma vez definido o aspecto específico de um tema, os alunos 
têm a possibilidade de aplicar os conhecimentos que já possuem sobre o assunto; buscar novas 
informações  e  utilizar  os conhecimentos  e os  recursos oferecidos pelas diversas  áreas  para dar 
um sentido amplo à questão 

“Para  isso,  é  importante  que  o  professor  planeje  uma  série  de  atividades  organizadas  e 
direcionadas  para  a  meta  preestabelecida,  de  forma  que,  ao  realizá­las,  os  alunos  tomem, 
coletivamente, decisões sobre o desenvolvimento do trabalho (no caso de um jornal, por exemplo, 
os  assuntos  que  deverá  conter,  como  se  organizarão  para  produzir  as  matérias,  o  que  cada 
matéria deverá abordar, etc.), assim como conheçam e discutam a produção uns dos outros.

77 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Ao  final  do  projeto,  seu  resultado  pode  ser  exposto  na  forma  de  alguma  atividade  de 
atuação no meio, isto é, de uso no âmbito coletivo daquilo que foi produzido (seja no interior da 
classe, no âmbito da escola ou fora dela). Assim, os alunos sabem claramente o quê e por quê 
estão  fazendo,  aprendem  também  a  formular  questões  e  a  transformar  os  conhecimentos  em 
instrumento  de  ação.  Para  conduzir  esse  processo  é  necessário  que  o  professor  tenha  clareza 
dos objetivos que quer alcançar e formule claramente as etapas do trabalho. 

“A  organização  das  etapas  do  projeto  deverá  ser  previamente  planejada  de  forma  a 
comportar  as  atividades  que  se  pretende  realizar  dentro  do  tempo  e  do  espaço  que  se  dispõe. 
Além  disso,  devem  ser  incluídas  no  planejamento  saídas  da  escola  para  trabalho  prático,  para 
contato  com  instituições  e  organizações.  Deve­se  ter  em  conta  que  essa  forma  de  organização 
dos conteúdos não representa um aumento de carga horária ou uma atividade extra.” 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

78 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA 16 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA 

Examinar X Avaliar 

Leia o texto complementar no ambiente de estudo sobre a charge do Francesco Tonucci. 

Nesta aula, vamos avaliar a avaliação! 

A  AVALIAÇÃO  na  história  da  educação  recebeu  inúmeros  adjetivos,  por  vezes 
considerada  uma  ”Lenda  urbana  escolar”,  a”madrasta”ou  a”bruxa  má”dos  contos  de  fadas, 
penalizando os menos capazes, reprovando os desprovidos de competência intelectual, excluindo 
aqueles  que  não  se  enquadraram  no  sistema  escolar  e,  por  fim,  classificando  os  indivíduos  ao 
exercício de funções na sociedade. 

Desta  maneira,  a  avaliação  tornou­se  um  elemento  poderoso  na  prática  pedagógica,”um 
divisor de águas”, um “bicho­de­sete­cabeças”, um juiz pronto para decretar o destino do indivíduo 
na escola. 

“Avaliar  para  aprovar  ou  reprovar”  revela  o  lado cruel,  excludente, desumano e  arbitrário 


desta  prática  pedagógica  que  serviu  muito  bem  aos  interesses  político­econômicos  de  muitos 
governos, tanto nacionais como internacionais, em diversas épocas. 

Atualmente,  o  paradoxo  entre  avaliar  ou  examinar  ainda  encontra­se  nas  discussões 
acadêmicas  no  campo  educacional  e  na  outra  ponta,  ou  seja,  no  entendimento  e  na  prática 
ambíguos que fazem parte do cotidiano escolar. Entendimento e prática que conservam a cultura 
do examinar, do classificar e do reprovar. 

Em  suas  pesquisas  sobre  a  cultura  da  avaliação  em  nosso  país,  a  educadora  Jussara 
Hoffmann  advoga  que  na  concepção  tradicional  de  avaliação  a  grande  preocupação  reside  nos 
seguintes aspectos: 

• imposição de um ritmo de aprendizagem homogêneo aos alunos; 

• controle para que todos façam as atividades escolares ao mesmo tempo; 

• que todos cheguem às mesmas respostas; 

• centralizar esforços e comentários para cumprir prazos determinados; 

• o professor faz o confronto entre os objetivos pretendidos e os alcançados pelos alunos; 

• a avaliação concentra­se em considerações atitudinais – comportamentais.

79 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Podemos concluir, primeiramente, com estas afirmações que a concepção tradicional de 
AVALIAÇÃO contempla as seguintes características: 

• é ritualista: a avaliação é marcada em tempos determinados, cumprindo com exigências 
legais  e  documentais,  a  escola  “pára”na  semana  de  provas;  um  ritual  que  deve  ser 
cumprido por todos na escola; 

• é homogênea: a avaliação é igual para todos, pois todos os alunos aprenderam de forma 
igual os mesmos conteúdos, portanto, os “diferentes”devem ser excluídos; 

•  é  controladora:  a  avaliação  impõe  disciplina,  regras,  sanções,  portanto,  os 


questionamentos  são  evitados,  a  passividade  e  a  obediências  são  premiadas  e 
reforçadas no cotidiano; 

• é quantitativa: quanto mais o aluno se esforçar para aprender – utilizando a memorização 
e  a  repetição,  mais  competente  será  julgado;  aquele  que  tem  dificuldade  ou  ritmo  de 
aprendizagem diferente, fatalmente será excluído ou simplesmente colocado de lado do 
processo educativo. 

Vamos agora fazer a leitura de um artigo do educador Cipriano Luckesi, que aprofundará 
os nossos estudos sobre esta temática: “A escola avalia ou examina?” 

Após  a  leitura  do  artigo  do  educador  baiano  Cipriano  Luckesi,  vamos  nos  preparar  para 
assistir um documentário da TV Escola sobre Avaliação e Aprendizagem. 

Depois  de  assistir  ao  documentário,  concluímos  esta  aula  com  um  estudo  comparativo 
entre o examinar e o avaliar na prática pedagógica: 

EXAMINAR  AVALIAR 
Concepção tradicional de AVALIAÇÃO  Concepção moderna de AVALIAÇÃO 
Valoriza o desempenho final do aluno  Valoriza o desempenho processual do aluno 
(desempenhos provisórios) 
Pontual  (vale  o  aqui  e  o  agora ,o momento  da  Não­pontual  (acontece  em  diferentes  e 
prova  ),  utiliza  instrumentos  homogêneos  de  diversos  momentos  do  processo  educativo), 
avaliação  (a  mesma  prova  para  todos  os  utiliza  diferentes  instrumentos  avaliativos, 
alunos,  independente  das  diferenças  entre  os  contemplando as diferenças 
mesmos) 
Classificatório  (aprovados  X  reprovados;  Mediadora (analisa as dificuldades, os avanços 
melhores X piores)  e  as  possibilidades),  professor  analisa  e 
discute  com  o  aluno  o  seu  desempenho  no 
processo de aprendizagem 
Seletiva  e  excludente  (o  melhor  aluno  Inclusiva  (a  competência  e  o  ritmo  de 
enquadra­se  no  sistema  escolar,  aquele  que  aprendizagem  de  todos  os  alunos  são 
não  é  capaz  será  colocado  de  lado  até  a  sua  respeitados  e  analisados  dentro  de  contextos 
evasão)  de aprendizagem)

80 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

81 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA 17 • AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA 

Avaliação: novas perspectivas e práticas 

Acesse o texto complementar no ambiente de aula, do Rubem Alves, o texto “sem notas e 
sem freqüência”. 

Nesta  aula  continuaremos  o  nosso  estudo  sobre  a  avaliação  na  prática  pedagógica, 
enfocando as perspectivas, as novas concepções defendidas pelos educadores atuais. 

A  avaliação  do  processo  de  ensino  e  de  aprendizagem  continua  sendo  um  assunto 
polêmico nas escolas e em outras instituições educacionais, alvo também de críticas severas por 
especialistas na área educacional e da população em geral (quando é informada pelos meios de 
comunicação  de  que  os  índices  de  aprovação  de  nossos  alunos  em  Língua  Portuguesa  e 
Matemática são absurdamente baixos, medíocres em relação a outros países!). 

Um  dos  principais  motivos  dessa  polêmica  é  a  persistência  histórica  das  estratégias  de 
avaliação  tradicionais  (como  vimos  no  texto  do  educador  Cipriano  Luckesi  –  “Sobre  a  diferença 
entre examinar e avaliar”, na aula 16), cultura esta que, com raras exceções, resiste em nossas 
salas de aula, permanecendo semelhante às praticadas nos séculos passados. 

O  contexto  atual,  cultural  e  social,  configura­se  num  mundo  permeado  de  recursos 
informáticos com hipertexto e cultura visual, portanto exige um maior e variado número de fontes 
de  informação  na  escola  (além  do  quadro­negro,  do  giz  e  do  livro  didático):  a  Internet  e  outros 
meios de comunicação tornam­se fontes imprescindíveis na construção do conhecimento do aluno 
(e do professor também!). 

“A  avaliação  é  poderosa  e  indispensável  no  esforço  de  levantamento  das  dificuldades 
específicas de cada aluno.” (Menga Ludke, 2005). 

“A avaliação é um processo natural, que nos permite ter consciência do que fazemos, da 
qualidade  do  que  fazemos  e  das  conseqüências  que  acarretam  nossas  ações.”  (Juan  Manuel 
Alvarez Méndez, 2005). 

A  avaliação  no  cotidiano  escolar  deve  ser  repensada  pelas  equipes  docente  e  técnico­ 
pedagógica,  para  que  sejam  identificados  os  seus  reais  propósitos,  a  eficiência  de  seus 
instrumentos, e a qualidade dos resultados processuais e finais.

82 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Explicitando e analisando possíveis equívocos e contradições nas práticas avaliativas, faz­ 
se  necessário  rever  as  próprias  posturas  dos  educadores,  se  as  mesmas  acenam  para  uma 
mudança  gradativa  e  definida  a  um  novo  paradigma  de  avaliação,  ou  que  simplesmente 
continuarão  caminhando  pelas  mesmas  trilhas  já  conhecidas  da  classificação,  da  repetição,  da 
exclusão e do insucesso. 

Nesta visão nova de avaliação, a mesma tem de adequar­se à natureza da aprendizagem, 
considerando  não  somente  as  tarefas  realizadas  pelos  alunos  (o  produto  final),  mas 
principalmente o percurso deste caminho, o processo, as etapas da construção do conhecimento 
pelos alunos, as suas dificuldades e os seus avanços. 

“A avaliação, assim, tem também a função de orientar os procedimentos de ensino em sala 
de aula. É através dela que o professor obtém informações básicas sobre quantos e quais alunos 
estão  conseguindo  realizar  as  atividades,  onde  estão  concentradas  as  dificuldades  e  de  que 
natureza são; e para pensar até que ponto essas dificuldades estão relacionadas com o que foi 
proposto, com os materiais utilizados, com o tempo oferecido, ou com outras condições gerais do 
funcionamento  da  escola.  A  partir  daí  as  atividades  podem  ser  reprogramadas,  para  atingir  as 
metas curriculares. 

Geralmente,  quando  o  aluno  não  está  aprendendo,  algo  não  vai  bem  com  o  modo  de 
ensinar, e quem precisa rever seu procedimento é o professor. 

Na aprendizagem, o aluno sempre alcança progresso e deve prosseguir do ponto em que 
parou. Admitir a idéia de começar tudo de novo, repetir o ano todo, é desconsiderar a natureza do 
processo. 

A prática da avaliação, como acompanhamento cotidiano da aprendizagem, ajuda a emitir 
juízos de valor mais adequados sobre o aproveitamento escolar dos alunos. 

Independentemente da forma pela qual a escola expressa esses juízos de valor – notas, 
conceitos – e da freqüência com a qual é emitida (bimestral, semestral), essa informação tem um 
caráter  de  síntese.  Nesses  momentos,  faz­se  uma  reflexão  maior  e  mais  cuidadosa  sobre  os 
resultados atingidos. 

É  importante  definir  com  clareza  e  antecedência  os  pontos  de  chegada  desejados  pelos 
professores, bem como os critérios pelos quais o grupo vai julgar se os alunos estão ou não se 
aproximando  dessas  metas.  Embora  tais  critérios  tenham  uma  dimensão  subjetiva  e  dependam 
dos  valores  do  professor, é  importante fazer  um  esforço para defini­los.  Isso  torna as  regras do 
jogo mais explícitas, esclarecendo o que é esperado, tanto para o professor como para o aluno. 
(Raízes e Asas, 1992).

83 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Podemos encontrar alguns princípios legais referentes à prática da avaliação na L.D.B. (Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96, Título V, Capítulo II, Seção I, Art. 23, 
parágrafo 2º, V) que expressam que “a verificação do rendimento escolar observará os seguintes 
critérios: 

a)  avaliação  contínua  e  cumulativa  do  desempenho  do  aluno,  com  prevalência  dos 
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre 
os de eventuais provas finais; 

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; 

c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; 

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; 

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, 
para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de 
ensino em seus regimentos.” 

Mediante novas concepções de aprendizagem, de ensino e de conhecimento, o processo 
avaliativo  não  pode  ficar  imune  aos  desafios  e  à  multiplicidade  de  situações  com  as  quais  os 
educadores se vêem de frente, exigindo atitudes e ações mobilizadoras e comprometidas com os 
objetivos educacionais, fundamentadas em parâmetros éticos, reflexivos, qualitativos e legítimos. 

Neste ponto, invocamos algumas premissas defendidas pela educadora Jussara Hoffmann 
(2003) que norteiam uma concepção de avaliação mediadora na prática pedagógica. 

“O processo de avaliação é um grande compromisso que obriga o professor a olhar cada 
aluno em suas particularidades. O professor precisa estar atento ao conteúdo que o aluno carrega 
consigo.  A  partir  daí  devem  ser  provocadas  situações  para  se  ampliar  o  leque  já  existente.  O 
professor  precisa  apresentar  situações  que  permitam  ao  aluno  organizar  esse  conteúdo,  bem 
como consolidar seus conceitos e idéias. 

Avaliar é essencialmente questionar. É observar e promover experiências educativas que 
signifiquem provocações intelectuais significativas no sentido do desenvolvimento do aluno. 

“As novas concepções de aprendizagem propõem fundamentalmente situações de busca 
contínua  de  novos  conhecimentos,  questionamento  e  crítica  sobre  as  idéias  em  discussão, 
complementação  através  da  leitura  de  diferentes  portadores  de  texto,  mobilização  dos 
conhecimentos  em  variadas  situações­problema,  expressão  diversificada  do  pensamento  do 
aprendiz. Nesse sentido, a visão do educador/ avaliador ultrapassa a concepção de alguém que 
simplesmente ‘observa’ se o aluno acompanhou o processo e alcançou resultados esperados, na

84 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

direção de um educador que propõe ações diversificadas e investiga, justamente, o inesperado, o 
inusitado.  Alguém  que  provoca,  questiona,  confronta,  exige  novas  e  melhores  soluções  a  cada 
momento. 

“O compromisso do avaliador passa a ser o de mobilizá­lo (aluno) a buscar sempre novos 
conhecimentos, o de ajustar experiências educativas às necessidades e interesses percebidos ao 
longo do  processo,  e  de provocá­lo  a  refletir  sobre  as  idéias  em construção  para  que  seja  cada 
vez mais autônomo em suas buscas.” 

Agora, leia as opiniões de dois educadores, Domingos Fernandes e Pedro Demo, sobre os 
novos  caminhos  para  uma  prática  avaliativa  mais  real  e  próxima  das  expectativas  das  escolas, 
dos educadores e dos educandos. 

Para  finalizar  os  nossos  estudos  em  avaliação,  longe  de  esgotar  este  assunto  tão 
encantador  e  desafiador  em  nossa  prática  docente,  reiteramos  que  o  essencial  é  que  os 
educadores  e  os  alunos,  juntos,  reflitam  sobre  os  erros  e  dificuldades,  transformando­  os  em 
situações de aprendizagem. 

Toda a reflexão sobre a avaliação poderá ser resumida em sua adequação às finalidades 
da  escola,  na  qual  não  deveriam  existir  mecanismos  seletivos,  nem  classificatórios,  nem 
excludentes. 

O  principal  objetivo  da  escola  é  o  de  proporcionar  ao  aluno  a  educação  básica  e  de 
qualidade a que todo cidadão tem direito. A avaliação deve ser um instrumento para subsidiar a 
tomada de decisões relacionadas à continuidade do trabalho pedagógico, não para decidir quem 
são os  melhores  e,  portanto, quem  deverá  permanecer no processo e aqueles  que  deverão  ser 
excluídos da escola. 

“Na ação de avaliar pensa­se o passado e o presente para poder construir o futuro. Nesta 
concepção  de  educação,  portanto,  a  avaliação  é  vivida  como  processo  permanente  de  reflexão 
cotidiana. É neste sentido que o ato de avaliar é processual. Acontece no processo permanente 
de rever, refletir o passado para se reconstruir o futuro no presente. Aprender a avaliar é aprender 
a modificar o planejamento. No processo de avaliação contínua o educador agiliza sua leitura de 
realidade  podendo  assim  criar  encaminhamentos  adequados  para  seu  constante  replanejar. 
Observando, analisando e planejando seu cotidiano, o educador alicerça sua disciplina intelectual 
para  a  apropriação  de  seu  pensamento  teórico.  Armas  de  luta  indissociáveis  no  dia­a­dia,  na 
prática do ensinar.” (Madalena Freire, 1997)

85 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo.

86 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA 18 • A ORGANIZAÇÃO DA AULA 

Estratégias e dicas para dominar as novas práticas pedagógicas 

Nesta aula conversaremos sobre a Organização do espaço e do tempo de nossa prática 
pedagógica,  ou  seja,  apresentaremos  algumas  maneiras  e  dicas  de  organizar  as  atividades  em 
sala de aula, utilizando os princípios metodológicos que já detalhamos em aulas anteriores. 

A formação profissional deve possibilitar ao educador, além da compreensão da natureza 
de sua relação com os alunos, do estabelecimento do contrato didático ou pedagógico, também 
levá­lo a desenvolver a sensibilidade e a capacidade de analisar a sua própria conduta, refletindo 
sobre  as  conseqüências  de  sua  conduta  e  as  particularidades  das  relações  interpessoais  no 
contexto escolar. 

Espera­se  ainda  que  o  professor  tenha  consciência  dos  valores  e  das  concepções  que 
veicula  em  suas  aulas,  pois  a  reflexão  e  o  domínio  de  conhecimentos  das  diversas  áreas 
curriculares  são  fundamentais  à  função  educativa  inerente  à  condição  do  educador.  A  maneira 
como se trabalha essas questões na escola (ex.: ética, sexualidade, educação ambiental, saúde, 
dentre outras) repercute consideravelmente na formação dos alunos, tanto na construção de sua 
auto­imagem quanto em sua forma de ver e de se posicionar no mundo. 

Para que a formação do educador seja verdadeiramente transformadora da compreensão 
dos fenômenos educativos, das suas atitudes e do seu compromisso com as aprendizagens dos 
alunos,  é  essencial  considerar  os  processos  pelos  quais  o  professor  se  apropria  e  constrói  os 
seus conhecimentos, as suas características pessoais e suas experiências de vida e profissionais. 

“Pela  natureza  de  sua  atuação,  o  professor  promove  a  articulação  entre  os  objetivos 
educativos, as circunstâncias contextuais e as possibilidades de aprendizagem de seus alunos. É 
quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza, integra, avalia, articula experiências, recria 
e  cria  formas  de  intervenção  didática  junto  aos  seus  alunos,  para  que  eles  avancem  em  suas 
aprendizagens, que ele produz conhecimento pedagógico. Assim, a investigação que o professor 
realiza  se  diferencia  da  pesquisa  acadêmica  pela  sua  natureza  e  intencionalidade:  quando  se 
toma a prática, em toda a sua complexidade, como objeto para a reflexão, constitui­se um campo 
de conhecimento que é específico do professor.” 

A  atitude  investigativa  dos  professores  é  um  mergulho  no  mundo  complexo  da  prática 
pedagógica, no qual ele se envolve afetiva e cognitivamente, questionando as próprias crenças,

87 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

propondo e experimentando alternativas. É um trabalho de levantar hipóteses, buscar dados para 
compreender  aspectos  de  situações  singulares  ou  encaminhamentos  generalizáveis  em  sala  de 
aula, como a constituição de boas situações de aprendizagens de alguns conteúdos específicos. 

A importância dessas aprendizagens indica que o exercício de reflexão sobre a prática, isto 
é,  de  tematizá­la  em  seus  múltiplos aspectos,  tomando­a  como objeto de  reflexão organizada e 
compartilhada, deve ser sistemático desde o início do curso de formação inicial de professores e 
ao longo de todo o processo de formação continuada. 

A  tematização da prática  está  diretamente  vinculada  à  concepção de professor  reflexivo, 


que  toma  a  sua  atuação  como  objeto  para  a  reflexão.  Ser  um  professor  que  pensa  e  toma 
decisões é ser um professor que desenvolve o “saber fazer” e a compreensão do “para que fazer”, 
articulando a reflexão sobre “o quê”, “como”, “para quê” e “quem” vai aprender, de forma a garantir 
a seus alunos o acesso a boas situações de aprendizagem. Para planejar intervenções didáticas 
pertinentes  e  de  qualidade,  é  preciso  interpretar  e  analisar  o  contexto  da  realidade  educativa.” 
(Referenciais para Formação de Professores, 1999). 

Pertinente  ao  questionamento,  nos  apropriamos  dos  estudos  de  Zabala  (1998),  ao 
responder à pergunta “o que deve se aprender?” deveremos falar de conteúdos de natureza muito 
variada: dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos, etc. Das diferentes formas de classificar 
esta  diversidade  de  conteúdos,  Coll  (1986)  propõe  uma  que  tem  uma  grande  potencialidade 
explicativa  dos fenômenos  educativos, agrupando  os  conteúdos  em  conceituais, procedimentais 
ou atitudinais. 

Quando  se  explica  de  certa  maneira,  quando  se  exige  um  estudo  concreto,  quando  se 
propõe uma série de conteúdos, quando se pedem determinados exercícios, quando se ordenam 
as atividades de certa maneira, etc., por trás destas decisões se esconde uma idéia sobre como 
se  produzem  as  aprendizagens.  O  mais  extraordinário  de  tudo  é  a  inconsciência  ou  o 
desconhecimento  do  fato  de  que  quando  não  se  utiliza  um  modelo  teórico  explícito  também  se 
atua sob um marco teórico. 

O fato de que não exista uma única corrente psicológica, nem consenso entre as diversas 
correntes existentes, não pode nos fazer perder de vista que há uma série de princípios nos quais 
as  diferentes  correntes  estão  de  acordo:  a  maneira  e  a  forma  como  se  produzem  as 
aprendizagens são o resultado de processos que sempre são singulares e pessoais. 

Na  concepção  construtivista,  o  papel  ativo  e  protagonista  do  aluno  não  se  contrapõe  à 
necessidade  de  um  papel  igualmente  ativo  por  parte  do  educador.  A  natureza  da  intervenção

88 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

pedagógica  estabelece  os  parâmetros  em  que  pode  se  mover  a  atividade  mental  do  aluno, 
passando por momentos sucessivos de equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio (Coll,1983). 

Assim,  concebe­se a  intervenção  pedagógica  como  uma ajuda adaptada  ao  processo de 


construção  do  aluno;  uma  intervenção  que  vai  criando  Zonas  de  Desenvolvimento  Proximal 
(Vygotsky, 1979) e que ajuda os alunos a percorrê­las. Na disposição para a aprendizagem e na 
possibilidade de torná­la significativa, intervêm junto às capacidades cognitivas, fatores vinculados 
às capacidades de equilíbrio pessoal, de relação interpessoal e de inserção social. 

Algumas dificuldades na transposição do discurso pedagógico do papel para a prática são 
sensivelmente  apresentadas  no  trabalho  do  professor,  portanto,  fundamentando­nos  na 
reportagem “20 Dicas para dominar as modernas Práticas Pedagógicas” (Revista  Nova Escola, 
2005), destacamos sumariamente estas dicas para qualificar a prática pedagógica do professor: 

1) Plano de trabalho: conhecer a turma para saber o que e como fazer, ou seja, conhecer 
os alunos para escolher as melhores e mais adequadas estratégias, métodos e recursos 
didáticos para serem utilizados e elaborar o Plano de Trabalho que deve caracterizar­se 
pela flexibilidade, diversidade, contextualização e pesquisa. 

2) Avaliação: acompanhar o aluno para traçar o melhor caminho (para relembrar maiores 
detalhes sobre o assunto, releia as nossas aulas 16 e 17). 

3) Contextualização: ela vai muito além da relação com o cotidiano, “é colocar o objeto de 
estudo dentro de um universo em que ele faça sentido” (Ruy Berger). 

4) Objetivo: só depois que ele é definido, vêm o conteúdo e a metodologia, portanto, deve­ 
se  estabelecer  primeiramente  o  objetivo  a  ser  alcançado,  conforme  a  proposta 
pedagógica da escola. 

5)  Conhecimento  prévio  e  interesse  dos  alunos:  quem  descobre  é  você,  portanto,  o 
conhecimento novo deve ser trabalhado pelo professor e alunos como desafio e como 
aprofundamento das questões sociais. 

6) Trabalho interdisciplinar: as matérias se unem e os alunos aprendem (para relembrar 
os princípios da Interdisciplinaridade, releia a nossa aula 10). 

7) Seqüência didática: uma série de aulas que desafia e ensina os alunos, priorizando a 
intencionalidade  e  a  consistência  dos  conteúdos  e  das  atividades  desenvolvidas. 
“Seqüência Didática” é um conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado 
conteúdo  sem  ter  um  produto  final,  por  meio  de  desafios  gradativos  que  favorecem 
melhor reflexão e compreensão destes conteúdos.

89 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

8)  Temas  transversais:  o  pano  de  fundo  do  trabalho  da  escola  (para  relembrar  este 
conteúdo, reveja a nossa aula 15 sobre Temas Transversais). 

9)  Tempo  didático:  para  não errar  na dose, é  preciso  ter objetivos  claros,  considerando 
também  a  ritmo  de  aprendizagem  dos  alunos  e  as  estratégias  de  avaliação  desta 
aprendizagem. 

10)  Inclusão:  a  escola  leva  o  aluno  com  deficiência  a  avançar,  mobilizando  todos  os 
esforços para conhecer as possibilidades de aprendizagem e de atendimento para estes 
alunos. 

11)  Matemática:  interação  entre  os  conteúdos  é  essencial  para  favorecer  uma 
aprendizagem significativa. 

12) Língua Portuguesa (1ª a 4ª): mais importância para a oralidade, ou seja, contemplar 
situações comunicativas e a formação de leitores. 

13)  Língua  Portuguesa  (5ª  a  8ª):  gramática  como  uma  ferramenta  de  reflexão  sobre  a 
língua. 

14)  Língua  Estrangeira:  as  palavras  precisam  de  contexto,  ou  seja,  o  professor  de  vê 
proporcionar atividades que estimulem o entendimento das mensagens e dos sentidos, 
bem como utilizar diferentes gêneros textuais. 

15)  História:  de  olho  no  presente  para  transformar  o  futuro,  ou  seja,  favorecer  o 
desenvolvimento de um olhar crítico do aluno sobre a realidade e possíveis intervenções 
na mesma. 

16)  Geografia:  ela  não  está  só  nos  mapas,  mas  também  no  cotidiano,  favorecendo 
atividades de pesquisa e de reflexão para transformar a própria realidade. 

17) Educação física: o programa vai além do conteúdo esportivo, deve envolver, portanto, 
discussões sobre ética, cidadania, respeito às diferenças e cooperação. 

18) Ciências: sem a dúvida, a turma não avança no conhecimento, pois o questionamento 
dos alunos estimula uma postura investigativa e reflexiva sobre o assunto da aula. 

19) Educação infantil: o segredo é a autoconfiança do professor, planejando suas aulas e 
escolhendo temas adequados à faixa etária dos alunos. 

20)  Artes:  uma  disciplina  que  também  se  ensina  e  se  aprende,  trata­se  portanto,  de 
interagir a referência (obras, modelos) com a criatividade dos alunos.

90 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Estas dicas à prática pedagógica do educador configuram­se numa referência ao trabalho 
com  qualidade  na  escola,  porém,  faz­se  necessária  a  reflexão  da  postura  docente  frente  aos 
conteúdos, à didática e à própria concepção de conhecimento, para tanto, invocamos as palavras 
virtuosas  de Arroyo  (2000):  “Para  que  a Escola Básica não  se  converta em  uma  incubadora de 
pequenos  monstros  avidamente  instruídos,  teremos  que nos  colocar  com  radicalidade  em  como 
reorganizar  a  escola  e  seus  conteúdos,  que  cultura  docente  construir,  que  concepções  de 
propriedade e de conhecimento superar. Que docente dará conta dessa tarefa? Será necessário 
renunciar aos títulos de propriedade ou apenas modernizar nossa plantação?” 

É urgente rever e abandonar uma teoria de conhecimento que a pedagogia e os saberes 
escolares  tomaram  apressadamente  de  empréstimo  da  ciência  moderna  e  que  continuamos 
cultivando inadvertidamente em nossas áreas do “conhecimento escolar”. 

Precisamos,  com  urgência,  de  outra  concepção  do  conhecimento  devido  à  infância, 
adolescência  e  juventude  para  sua  formação  como  sujeitos  humanos.  Gramsci  já  apontava  o 
caminho:  que  todos  os  jovens  sejam  iguais  perante  a  cultura.  A  cultura  acumulada e  aprendida 
não  cabe  em  quintais.  É  uma  herança  que  incorpora  uma  concepção  mais  aberta  do  direito  à 
Educação Básica do que a moderna teoria do conhecimento e da ciência. 

É urgente ainda definir nossa identidade: quem somos nós? Educadores de tempos ­ciclos 
da  vida?  docentes  de  saberes  e  da  cultura?  ou  continuamos  apegados  à  velha  identidade  de 
docentes  proprietários  de  lotes  ainda  que  modernizados?  Na  história  das  últimas  décadas  os 
próprios professores vêm se fazendo estas perguntas. Sinal de que as tranqüilidades não são tão 
tranqüilas nos quintais da docência.” 

•  Conteúdos  conceituais  referem­se  à  construção  ativa  das  capacidades  intelectuais 


para operar com símbolos, idéias, imagens e representações que permitem organizar a 
realidade. Aprender conceitos permite atribuir significados aos conteúdos aprendidos e 
relacioná­los a outros. 

• Conteúdos procedimentais expressam um saber fazer, que envolve tomar decisões 
e  realizar  uma  série  de  ações,  de  forma  ordenada  e  não  aleatória,  para  atingir  uma 
meta. 

• Os conteúdos atitudinais permeiam todo o conhecimento escolar; ensinar e aprender 
atitudes requer um posicionamento claro e consciente sobre o que e como se ensina na 
escola (valores e atitudes).

91 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Leia o texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

Indicação de sites. 

www.crmariocovas.sp.gov.br/ent_a.php?t=006 

www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/cp/pgm4.htm 

www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/projetos

92 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA 19 • OUTRAS LINGUAGENS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA 
MÚSICA, TEATRO, CINEMA DE ANIMAÇÃO E O ENSINO PELA 
PESQUISA 

Acesse o ambiente de estudo e veja a charge de Claudius Ceccon. 

Nesta aula abordaremos algumas linguagens como ferramentas metodológicas na prática 
docente,  portanto,  pretendemos  apresentar  algumas  estratégias  de  Tecnologia  Educacional  no 
cotidiano  do  trabalho  do  educador,  favorecendo  o  desenvolvimento  de  uma  aprendizagem 
significativa. 

“Um ensino de qualidade, que busca formar cidadãos capazes de interferir criticamente na 
realidade  para  transformá­la,  deve  também  contemplar  o  desenvolvimento  de  capacidades  que 
possibilitem  adaptações  às  complexas  condições  e  alternativas  de  trabalho  que  temos  hoje  e  a 
lidar com a rapidez na produção e na circulação de novos conhecimentos e informações, que têm 
sido avassaladores e crescentes. A formação escolar deve possibilitar aos alunos condições para 
desenvolver  competência  e  consciência  profissional,  mas  não  se  restringir  ao  ensino  de 
habilidades demandadas pelo mercado de trabalho.” (Parâmetros Curriculares Nacionais de 5ª a 
8ª séries do Ensino Fundamental) 

Cabe  ao  educador,  portanto,  por  meio  de  intervenções  pedagógicas  adequadas  e 
qualificadas, promover  a  realização  de aprendizagens  com o  maior  grau  de  significado  possível 
aos alunos, uma vez que esta nunca é absoluta – sempre é possível estabelecer relações entre o 
que se pretende conhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação que o sujeito 
–  aluno  –  já  possui,  articulando,  então,  os  conteúdos  escolares  e  aqueles  conhecimentos 
previamente construídos por ele. 

Os  Parâmetros  Curriculares  Nacionais destacam  a  importância de  diversas  linguagens 


no  ensino  das  disciplinas,  “utilizam  as  diferentes  linguagens  –  verbal,  musical,  matemática, 
gráfica,  plástica  e  corporal  –  como  meio  para  produzir,  expressar  e  comunicar  suas  idéias, 
interpretar  e  usufruir  das  produções  culturais,  em  contextos  públicos  e  privados,  atendendo  a 
diferentes intenções de comunicação.” 

A incorporação das inovações tecnológicas pela escola só terá sentido se contribuir para a 
melhoria  de  qualidade  do  ensino.  A  simples  presença  de  novas  tecnologias  na  escola  não  é

93 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

garantia  de  maior  qualidade  na  educação,  pois  a  aparente  modernidade  poderá  mascarar  um 
ensino tradicional fundamentado na recepção e na memorização de informações. 

A concepção de ensino e de aprendizagem revela­se na prática de sala de aula e na forma 
como os professores e alunos utilizam os recursos tecnológicos disponíveis ­ livro didático, lousa e 
giz, televisão, calculadora ou computador, por exemplo. 

A presença de um aparato tecnológico na sala de aula não garante mudanças na forma de 
ensinar  e  de  aprender.  A  tecnologia  deverá  servir  como  uma  ferramenta  para  enriquecer  o 
ambiente educacional, proporcionando a construção de conhecimentos por meio de uma atuação 
crítica, ativa e criativa dos professores e dos alunos. 

As  propostas  didáticas  que  utilizam  as  Tecnologias  da  Comunicação  e  da  Informação 
como  instrumentos  de  aprendizagem  devem  ser  complementadas  e  integradas  com  outras 
propostas  de  ensino  para  garantir  aprendizagens  significativas e  organizar  as  situações  de  aula 
em função do nível de competência dos alunos. 

“A competência requerida hoje em dia é o domínio dos conteúdos com suficiente fluência e 
distância  para  construí­los  em  situações  abertas  e  tarefas  complexas,  aproveitando  ocasiões, 
partindo  dos  interesses  dos  alunos,  explorando  os  acontecimentos,  em  suma,  favorecendo  a 
apropriação ativa e a transferência dos saberes, sem passar necessariamente por sua exposição 
metódica, na ordem prescrita por um sumário.” (PERRENOUD, 2000). 

A  incorporação  de  tecnologias  nas  atividades  pedagógicas  é  acompanhada,  ainda,  de 


muitos  mitos,  que  se  originam pelo  caráter  recente de  sua presença  na  sociedade e  no  espaço 
escolar. 

Vive­se hoje um processo gradativo de incorporação das novas tecnologias à cultura social 
– um período de grandes transformações em que, mesmo tendo disponível tecnologia de última 
geração, ainda não são todos que aprenderam a lidar com suas potencialidades e limitações, bem 
como tornou­se evidente uma “exclusão digital” global e local. 

“A  discussão  sobre  a  incorporação  das  novas  tecnologias  na  prática  da  sala  de  aula  é 
muitas vezes acompanhada pela crença de que elas podem substituir os professores em muitas 
circunstâncias.  A  tecnologia  traz  inúmeras  contribuições  para  a  atividade  de  ensino  e  para  os 
processos  de  aprendizagem  dos  alunos,  mas  não  substitui  o  professor  e,  muito  menos,  os 
processos criativos do próprio estudante, na produção de conhecimento. 

“O  uso  de  tecnologias  no  ensino  não  se  reduz  à  aplicação  de  técnicas  por  meio  de 
máquinas,  ou  o  “apertar  teclas”  e  digitar  textos,  embora  possa  limitar­se  a  isso,  se  não  houver

94 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

reflexão  sobre  a  finalidade  de  se  utilizar  os  recursos  tecnológicos  nas  atividades  de  ensino.  A 
tecnologia deve ser utilizada na escola para ampliar as opções de ação didática, com o objetivo 
de  criar  ambientes de ensino e  aprendizagem  que favoreçam a  postura  crítica,  a  curiosidade, a 
observação,  a  análise,  a  troca  de  idéias,  de  forma  que  o  aluno  possa  ter  autonomia  no  seu 
processo de aprendizagem, buscando e ampliando conhecimentos. 

“A  motivação  é  outra  idéia  bastante  associada  ao  uso  de  tecnologias.  Sem  dúvida,  os 
alunos  ficam  muito  motivados  quando  utilizam  recursos  tecnológicos  nas  situações  de 
aprendizagem, pois introduzem novas possibilidades na atividade de ensino. 

“Outra  questão  que  costuma  ser  muito  discutida  quanto  à  implantação  de  recursos 
tecnológicos na escola é a desatualização decorrente do rápido avanço tecnológico, que torna os 
equipamentos obsoletos em pouco tempo. Cabe considerar que a todo momento estão surgindo 
máquinas mais sofisticadas. 

Sempre  que  surgem  novos  recursos  tecnológicos  há  uma  inquietação  em  relação  às 
decorrências de sua utilização. Quando surgiu a fotografia, houve polêmica em reação ao fato de 
que  viesse  a  substituir  os  retratos  feitos  pelos  artistas;  quando  surgiram  as  máquinas  de 
tecelagem, também pensou­se que substituiriam para sempre o bordado artesanal. 

É  evidente  que  em  algumas  situações  houve  a  substituição,  pois  o  novo  recurso 
apresentava  um  uso  mais  eficiente  e  rápido.  Mas  até  hoje  as  bordadeiras  e  os  retratistas 
continuam fazendo parte de nossa cultura. Basicamente o avanço tecnológico surge em função de 
necessidades  da  vida  em  sociedade,  introduzindo  novas  possibilidades  para  a  realização  de 
algumas atividades. 

“É  necessária,  portanto,  uma  cuidadosa  reflexão  por  parte  de  todos  que  compõem  a 
comunidade  escolar,  a  fim  de  que  a  tecnologia  possa  de  fato  contribuir  para  a  formação  de 
indivíduos competentes, críticos, conscientes e preparados para a realidade em que vivem. 

Necessariamente, o uso de tecnologias na escola está vinculado a uma concepção de ser 
humano  e  mundo,  de  educação  e  seu  papel  na  sociedade  moderna.”  (Parâmetros  Curriculares 
Nacionais de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental). 

As tecnologias estão à disposição em todos os níveis e modalidades de ensino, porém o 
maior  desafio  é  superar  o  uso  destas  novas  linguagens  como  mera  ilustração  do  conteúdo 
tradicional ou como instrumentos didáticos auto­suficientes (o próprio recurso didático ensina por 
si só, sem a necessidade da intervenção do professor ou o questionamento do aluno).

95 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Apropriar­se das novas tecnologias e trabalhar com as mesmas no ambiente escolar são, 
indiscutivelmente,  demandas  atuais  e  urgentes  na  prática  docente,  pois  refletem  demandas 
sociais presentes e futuras. 

Destacando  as  impressões  do  educador  José  Manuel  Moran  (2004):  “colocamos 
tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em geral, para continuar fazendo o de sempre – 
o  professor  falando  e  o  aluno  ouvindo  –  com  um  verniz  de  modernidade.  As  tecnologias  são 
utilizadas mais para ilustrar o conteúdo do professor do que para criar novos desafios didáticos. 

O cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios, novos conteúdos, histórias, linguagens. 
Esperavam­se  muitas  mudanças  na  educação,  mas  as  mídias  sempre  foram  incorporadas 
marginalmente. 

A  aula  continuou  predominantemente  oral  e  escrita,  com  pitadas  de  audiovisual.  Alguns 
professores utilizavam vídeos, filmes, em geral como ilustração do conteúdo, como complemento. 
Eles não modificavam substancialmente o ensinar e o aprender, davam um verniz de novidade, de 
mudança, mas era mais na embalagem. 

O  computador  trouxe  uma  série  de  novidades,  de  fazer  mais  rápido,  mais  fácil.  Mas 
durante  anos  continuou  sendo  utilizado  mais  como  uma  ferramenta  de  apoio  ao  professor  e  ao 
aluno. As atividades principais ainda estavam focadas na sala do professor e na relação com os 
textos escritos. 

Hoje,  com  a  Internet  e  a  fantástica  evolução  tecnológica,  podemos  aprender  de  muitas 
formas,  em  lugares  diferentes,  de  formas  diferentes.  A  sociedade  como  um  todo  é  um  espaço 
privilegiado  de  aprendizagem.  Mas  ainda  é  a  escola  a  organizadora  e  certificadora  principal  do 
processo de ensino­aprendizagem. 

Ensinar  e  aprender  estão  sendo  desafiados  como  nunca  antes.  Há  informações  demais, 
múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. As tecnologias começam a estar um pouco mais ao 
alcance do estudante e do professor. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar, 
a  estar  com  os  alunos,  a  orientar  atividades,  a  definir  o  que  vale  a  pena  fazer  para  aprender, 
juntos ou separados.” 

A música em sala de aula 

A música tem texto, som, contexto, então pode dialogar com a Língua Portuguesa, com a 
Arte, com a História, com a Geografia e com outras áreas do conhecimento.

96 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

A música já foi usada no Brasil e em outros países por motivos patrióticos. Nas décadas de 
20  e  30  no  Brasil  os  cânticos  patrióticos  e  o  canto  orfeônico  ensinavam  às  crianças  o  amor  à 
Pátria e contribuiriam para a formação cívica e manteriam a disciplina necessária ao andamento 
adequado das aulas. 

Para  RENK  (2007):  “A  música  deve  entrar  em  sala  de  aula  e  ser  uma  ferramenta  de 
trabalho.  A  música  é  produzida  numa  certa  época  e  traz  referências  espaciais  e  sociais  desse 
tempo. Países em situação de crise, de guerras, ou até mesmo governados por ditadores tornam­ 
se  espaços  para  proliferação  da  música  de  protesto.  A  “geração  hippie”  se  expressava  pelas 
expressões e gírias, pelas roupas de algodão, cabelos longos e também, através da música, o seu 
descontentamento com a sociedade capitalista. Da mesma forma, situações de pobreza, violência, 
miséria,  má  distribuição  de  renda,  desigualdades  sociais,  diferentes  formas  de  discriminação 
ganham visibilidade e expressão através da música. Alguns ambientes sociais com situações de 
injustiça  social,  formas  de  preconceito  ou  discriminação  foram  essenciais  para  os  jovens  da 
periferia  poderem  se  manifestar  através  da  música...  Atualmente  inúmeros  projetos  de  inclusão 
social buscam trazer o jovem para participar mais ativamente das atividades escolares através da 
música e em especial do rap e hip­hop.” 

O teatro como construção do conhecimento 

A  prática  do  fazer  teatral  na  escola  não  deve  ser  restrita  à  idéia  autoritária  de  que  esse 
fazer deve ser ditado por um professor ou seguido à risca mediante instruções de um roteiro, pois 
este fazer teatral deve ser construído pelo aluno e pelo grupo de alunos e professores. 

“O teatro como linguagem artística é idêntico, em seus princípios, tanto para o ator quanto 
para  o  professor.  As  diferenças  nas  respectivas  atividades  configuram­se  no  contexto  e,  nesse 
sentido, os princípios teatrais já prevêem uma adaptação de procedimentos a cada um. O teatro, 
em qualquer contexto, poderia assegurar ao indivíduo e ao grupo a possibilidade de um processo 
construído a partir das experiências dos sujeitos, na iminência de ser o resultado da interação de 
princípios comuns em realidades particulares.” (ICLE, 2001) 

A invenção de novos roteiros, novas abordagens, recriações plásticas e dramáticas de um 
filme, de  um fato histórico, de um  conto, de  uma  obra  literária,  de uma  situação  cotidiana,  pode 
nascer  do  questionamento  do  professor,  criando  a  necessidade  de  os  alunos  buscarem 
informações e de formularem as suas próprias questões sobre o assunto.

97 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Cinema de animação na sala de aula 

“A  palavra  animação  provém  de  anima,  que  em  latim  significa  “alma”  ou  “sopro  vital”. 
Antes  de  mais  nada, animar  significa  dar  vida  aos  objetos estáticos.  Tecnicamente, a animação 
pode ser definida como o conjunto de técnicas e processos empenhados em dar vida aparente a 
objetos  inanimados  por  intermédio  da  técnica  cinematográfica,  fotograma  a  fotograma.  Em  sua 
realização,  temos  a  síntese  perfeita  das  artes  plásticas  (pintura,  desenho,  escultura,  etc.),  da 
música (efeitos sonoros, tempo e ritmo), da dança (movimento) e da literatura (conteúdo do filme). 
Daí o imenso potencial criativo dessa linguagem, particularmente no ambiente escolar, onde o seu 
caráter interdisciplinar pode ser explorado 

de  várias  maneiras...  É  importante  agregar  ainda  o  fato  de  que,  nos  últimos  anos,  o 
Ministério  da  Educação  vem  desenvolvendo  esforços  para  implantar  aparelhos  de  televisão  e 
computadores no complexo escolar do país. Entretanto, iniciativas como esta só surtirão efeito se 
for  realizado  um  grande  esforço  no  sentido  de  produzir  programas  de  qualidade  para  serem 
veiculados  nesses  novos  suportes  tecnológicos  agora  presentes  no  universo  escolar.  E  nesse 
ponto reside a grande novidade que pode ser incorporada ao processo educativo: a produção de 
audiovisuais  dentro  da  própria  escola,  a  partir  do  trabalho  dos  próprios  alunos.”(GUAZZELLI 
FILHO, 2004) 

O ensino pela pesquisa 

Esta  estratégia  metodológica  que  envolve  o  professor  e  os  seus  alunos  desenvolve 
posturas  fundamentais  ao  processo  educativo,  bem  como  o  desenvolvimento  de  valores 
necessários à formação do cidadão: 

• pesquisa e investigação, 

• reflexão e aprofundamento do conhecimento, 

• questionamento e análise crítica, 

• interatividade e participação 

• trabalho interdisciplinar dos conteúdos escolares, 

• responsabilidade e disciplina para cumprir prazos e as atividades propostas, 

• planejamento e intencionalidade, 

• criatividade, cooperação e sistematização do conhecimento.

98 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Este  estudo  não  pretende  esgotar  o  assunto,  pois  a  cada  momento  novas  linguagens, 
novas estratégias são desenvolvidas nos espaços das salas de aula ou que são trazidos para a 
sala  de  aula,  construindo  novas  relações  dos  sujeitos  da  prática  pedagógica  –  educador  e 
educandos – com o conhecimento e com o mundo. 

Leia texto complementar disponível no ambiente de estudo. 

Indicação de sites. 

http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/150_mar02/html/cresca 

http://www.centrorefeducacional.com.br/perrenoud3.htm 

http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2001/2001_23.html#be 
gin

99 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

AULA 20 • OS DESAFIOS DO EDUCADOR DO NOVO MILÊNIO 
ALGUMAS REFLEXÕES E PERSPECTIVAS 

“ Desafio aos educadores“  

Um  famoso  filósofo  alemão  do  século  passado,  Frederico  Nietzsche,  tece  uma  crítica 
radical à  civilização  ocidental, dizendo  que  ela  educa os  homens para  desenvolverem  apenas  o 
instinto  da  tartaruga.  O  que  quer  dizer  isso?  A  tartaruga  é  o  animal  que,  diante  do  perigo,  da 
surpresa,  recolhe  a  cabeça  para  dentro  de  sua  casca.  Anula,  assim,  todos  os  seus  sentidos  e 
esconde, também na casca, os membros, tentando proteger­se contra o desconhecido. Este é o 
instinto da tartaruga: defender­se, fechar­¬se ao mundo, recolher­se para dentro de si mesma e, 
em conseqüência, nada ver, nada sentir, nada ouvir, nada ameaçar. 

Formar boas tartarugas parece ter sido o objetivo dos processos educacionais e políticos 
de educação desenvolvidos no mundo ocidental nos últimos anos. 

Temos  educado  os  homens  para  aprenderem  a  se  defender  contra  todas  as  ameaças 
externas, sendo apenas reativos. 

Ensinamos o espírito da covardia e do medo. 

Precisamos assumir o desafio de educar o homem para desenvolver o instinto da águia. A 
águia é o animal que voa acima das montanhas, que desenvolve seus sentidos e habilidades, que 
aguça ouvidos, olhos e competências para ultrapassar os perigos, alcançando vôo acima deles. É 
capaz,  também,  de  afiar  as  suas  garras  para  atacar  o  inimigo,  no  momento  que  julgar  mais 
oportuno.

As nossas escolas têm procurado fazer com que nossas crianças se recolham para dentro 
de si e percam a agressividade ­ o instinto próprio do homem corajoso, capaz de vencer o perigo 
que se lhe apresenta. 

Temos  criado, neste  país,  uma geração­tartaruga,  uma  geração  medrosa,  recolhida  para 


dentro de  si. E  estamos todos  impregnados por esse espírito  de  tartaruga.  Não  temos  coragem 
para contestar nossos dirigentes, para nos opor às suas propostas e criar soluções alternativas. 
Agimos apenas de maneira reativa, negativa, covarde. 

Temos  ensinado  às  nossas  crianças  que  os  nossos  instintos  são  pecaminosos.  A  parte 
mais  rica  do  indivíduo,  que  é  a  sua  sensibilidade  ¬­  sua  capacidade  de  amar  e  de  odiar,  sua

100 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

capacidade  de  se  relacionar  de  maneira  erótica  com  o  mundo  ­,  tem  sido  desprezada.  Temos 
ensinado  o  homem  a  ser  obediente,  servil,  pacífico,  incompetente,  e  depositar  todas  as  suas 
esperanças num poder maior ou no fim das tempestades. 

Quando  ensinaremos  aos  nossos  alunos  que  eles  não  precisam  se  esconder  diante  das 
ameaças, porque todos nós temos capacidade de alçar vôo às alturas, ultrapassando as nuvens 
carregadas  de  tempestade  e  perigo?  Temos  ensinado  às  nossas  crianças  a  se  arrastar  como 
vermes, e porque se arrastam como vermes, elas se tornam incapazes de reclamar se lhes pisam 
na cabeça, 

O  que  desejamos,  afinal,  desenvolver  em  nós  mesmos  e  nos  jovens?  O  instinto  da 
tartaruga ou o espírito das águias? 

(RODRIGUES, Gleidson. Lições do príncipe e outras lições. São Paulo: Cortez,1984) 

Caro futuro educador, 

Chegamos  ao  final  da  disciplina  de  Metodologia  do  Ensino,  porém,  iniciamos  uma  nova 
caminhada em nossa formação agora, com novos instrumentos para análise e reflexão de nossa 
prática pedagógica, bem como a apropriação de valiosas ferramentas teórico­práticas no cotidiano 
desafiador de nosso ofício. 

Os  estudos  atuais  realizados  por  pesquisadores­educadores  indicam  que  o  modelo 


clássico de escola, com tempos rígidos atribuídos a cada disciplina, parece não mais dar conta da 
complexidade do mundo moderno. 

Essa  constatação  alertou  para  a  necessidade  da  mudança,  de  mudar  a  escola,  de 
aproximá­la mais da comunidade, da sociedade, de envolver mais os alunos e os professores no 
processo de aprendizagem. 

Repensar a escola, ressignificar os seus tempos e espaços, a sua forma de lidar com os 
conteúdos das áreas do conhecimento e com o mundo da informação são demandas atuais que 
buscam romper com um modelo fragmentado de educação, recriando e transformando a escola, 
vinculada ao mundo contemporâneo, sem perder de vista a realidade cultural de seus sujeitos – 
alunos e professores. 

“Ser  professor  é  muito  mais  ser  profissional  da  prática  do  que  de  discursos,  apesar  de 
darmos  tanta  importância à fala  na  sala de  aula.  A escola  não  se  define basicamente  como um 
lugar  de  falas,  mas  de  afazeres.  E  os  mestres,  apesar  de  se  identificarem  como  docentes, 
proferem  práticas  mais  do  que  falas.  Se  afirmam  e  são  reconhecidos  socialmente  por  seus 
afazeres, tão iguais.” (ARROYO,2000)

101 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

Frente a tantas demandas do mundo moderno, da sociedade, da tecnologia, a escola vê­ 
se como que “engolida “por um processo de transformações que ganhou velocidade a partir dos 
anos 80. E como a escola está sobrevivendo neste processo? E o professor? E os alunos? 

Reportagens, ensaios, livros e palestras buscam tanto traduzir as demandas da sociedade 
atual  que  invadem  a  escola,  como  vincular  estas  demandas  na  prática  de  sala  de  aula, 
objetivando  a  construção  de  conhecimentos  e  o  desenvolvimento  de  competências  e  de 
habilidades necessárias à formação do cidadão do novo milênio. 

Num artigo da Revista Educação intitulada “Admirável Mundo Novo” (BARROS, 2005) são 
focadas  algumas  demandas  ao  trabalho  docente  para  qualificar  o  processo  de  ensino  e  de 
aprendizagem, que apresentamos a seguir: 

• compromisso com o ensinar; 

• saber contar histórias; 

• promover situações significativas de aprendizagem; 

• mediar problemas e conflitos; 

• servir de exemplo; 

• ouvir a experiência dos pais; 

• conhecer as novas tecnologias e estar preparado para usá­las; 

• domínio técnico­pedagógico; 

• enxergar o conhecimento de forma não fragmentada; 

• saber trabalhar em equipe; 

• ampliar o próprio repertório cultural; 

• ter conhecimento teórico sobre grandes áreas do saber relacionadas à educação; 

• entender o aluno; 

• estar aberto ao novo, porém com critério; 

• estar preparado para ser o elo de comunicação 

• entre família e escola; 

• saber gerenciar a sala de aula; 

• aprender a aprender;

102 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• entender o papel da TV. 

Aprender, reaprender, continuar aprendendo são condições essenciais à formação pessoal 
e profissional do futuro educador, para ir além dos limites do que parece aceitável e imutável na 
educação, para que possamos repensar, transgredir, produzir, recriar e construir novas narrativas 
e experiências de ensino e de aprendizagem. 

“A escola é uma experiência humana bem mais plural do que a visão futurista e cognitivista 
por  vezes  nos  passa.  Uma  experiência  bem  mais  permanente  e  mutável  do  que  o  caráter 
provisório  do  texto  curricular,  dos  conteúdos  das  áreas  e  das  disciplinas.  Aprender  as  artes  de 
lidar com a totalidade das experiências humanas que perpassam o tempo de escola e aprender a 
fazer escolhas  para dar  conta dessa  pluralidade  de dimensões  humanas,  que  entram nos  jogos 
educativos, são artes constitutivas da peculiaridade do ofício de mestre­educador. São artes não 
previstas no texto provisório das mudanças curriculares. 

Quando  os  professores,  em  seus  encontros,  colocam  em  cima  das  nossas  mesas­ 
redondas,  nas  conferências,  essa  totalidade  de  práticas  em  que  estão  atolados,  estão  nos 
propondo mais totalizante do currículo e de sua docência. Estão nos dizendo que nem sempre as 
políticas curriculares conseguem entender a pluralidade de dimensões e competências, saberes e 
artes de quem têm de dar conta no cotidiano escolar. São mais do que docentes e não há como 
não  ser  quando  se  convive  em  espaços  tão  restritos  com  seres  humanos  tão  surpreendentes 
como são as crianças, adolescentes e jovens.” (ARROYO, 2000) 

Nesta  busca  apaixonante  e  desafiadora  do  professor  do  século  XXI,  que  vai  além  do 
ensinar,  apresentamos  o  “Decálogo  do  Bom  Professor:  princípios  para  a  atividade  docente”, 
elaborado pelo educador Martins (2006) para uma análise e reflexão do profissional em formação: 

• aprimorar o educando como pessoa humana; 

• preparar o educando para o exercício da cidadania; 

• construir uma escola democrática; 

• qualificar o educando para progredir no mundo do trabalho; 

• fortalecer a solidariedade humana; 

• fortalecer a tolerância recíproca; 

• zelar pela aprendizagem dos alunos; 

• colaborar na articulação da escola com a família; 

• participar ativamente na proposta pedagógica da escola;

103 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

• respeitar as diferenças. 

Constatamos, portanto, que o ensinar conhecimentos não é tarefa exclusiva do educador, 
envolve  ainda  o  desenvolvimento  de  valores  indispensáveis  à  formação  do  cidadão,  de  seu 
desenvolvimento como pessoa e em sua assunção de responsabilidades frente à sociedade e ao 
mundo. 

Com  o  passar  do  tempo,  os  significados  da  educação  serão  ampliados,  questionados, 
consolidados,  re­inventados...  Novos  paradigmas  educacionais  exigirão  novas  reflexões  e 
posturas  dos  profissionais,  ampliando  as  discussões  atuais  sobre  a  diversidade,  a  educação 
inclusiva,  a  prática  docente  reflexiva,  as  competências,  o  planejamento,  as  dificuldades  de 
aprendizagem,  a  avaliação,  a  disciplina,  o  letramento,  o  projeto  curricular,  as  tecnologias 
educacionais e tantas outras questões que constituem o universo educacional. 

Portanto,  não  vamos  falar  em  conclusão  final  de  nossa  disciplina,  mas  em  um  início  de 
reflexão, de um novo olhar sobre a prática pedagógica, de suas variáveis intervenientes, de suas 
possibilidades  e  limitações,  exigindo  do  educador,  ainda,  um  profissionalismo  permanente  e 
qualificado às demandas e desafios da sociedade do novo milênio. 

“Para os professores o desafio é enorme. Eles constituem não só um dos mais numerosos 
grupos profissionais, mas também um dos mais qualificados do ponto de vista acadêmico. Grande 
parte  do  potencial  cultural  (e  mesmo  técnico  e  científico)  das  sociedades  contemporâneas  está 
concentrada  nas  escolas.  Não  podemos  continuar  a  desprezá­lo  e  a  menorizar  as  capacidades 
dos professores. 

Para  muitos, o  heroísmo  consiste  apenas em  sobreviver, em  não  se  deixar  arrastar  pela 
descrença  e  pelo  desânimo.  Não  se  pode  sonhar  à  força.  E  ninguém  sonha  unicamente  para 
agradar aos outros. Mas quantos dentre nós nos mantemos aqui de corpo inteiro, de sentimento 
inteiro, com a consciência de que na profissão docente é impossível separar o eu profissional do 
eu pessoal, sem ilusões que os tempos presentes não estão para tal, mas na certeza de que ser 
professor é uma profissão que só assim vale a pena ser vivida?” 

(NÓVOA, 1998) 

“Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o 
diálogo. 

Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. 

A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um 
ato arrogante.

104 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

O diálogo, como um encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, 
se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade. 

Como posso dialogar se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em 
mim? 

Como  posso  dialogar,  se  me  admiro  como  um  homem  diferente,  virtuoso  por  herança, 
diante dos outros, meros ‘isto’ em quem não reconheço outros eu? 

Como posso dialogar,  se  me  sinto  participante de  um  gueto de  homens  puros,  donos da 
verdade  e  do  saber,  para  quem  todos  os  que  estão  fora  são  ‘essa  gente  ‘,  ou  são  ‘nativos 
inferiores’? 

Como posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e 
que a presença das massas da história é sinal de sua deterioração que devo evitar? 

Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até 
me sinto ofendido com ela? 

Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho? 

(...) Se alguém não é capaz de sentir­se e saber­se tão homem quanto os outros, é que lhe 
falta  ainda  muito  que  caminhar,  para  chegar  ao  lugar  de  encontro  com  eles.  Neste  lugar  de 
encontro,  não  há  ignorantes  absolutos,  nem  sábios  absolutos:  há  homens  que,  em  comunhão, 
buscam saber mais.” 

(Paulo Freire,1987) 

Leia o texto complementar disponível no ambiente da aula. 

Acesse o site: 

http://www.crmariocovas.sp.gov.br/noticia.php?it=8465

105 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

BIBLIOGRAFIA 

ALARCÃO,  Isabel  ­  “Os  questionamentos  do  cotidiano  docente”.  IN  Revista  Pedagógica 
Pátio, Porto Alegre: ArtMed, n.40, novembro, 2006, janeiro, 2007. 

ANTUNES,  Celso.  “Contextualização  e  habilidades  operatórias:  Paulo  Freire  entre  a 


opressão e o sonho.” In: Revista ABCEducatio,São Paulo:Criarp,Ano 6, n.49, setembro,2005. 

ANTUNES,  Celso.  AULAS  CHEIAS  DE  VIDA  COM  AS  MÚLTIPLAS  INTELIGÊNCIAS  – 
Módulo 6 do Curso de Formação Continuada em Educação. In: Revista ABCeducatio. São Paulo: 
Criarp, Ano 6, número 50, outubro, 2005. 

ANTUNES,Celso. CONSTRUTIVISMO E CIÊNCIAS DA COGNIÇÃO – Módulo 1 do Curso 
de  Formação  Continuada  em  Educação.  In:  Revista  ABCeducatio.  São  Paulo:  Criarp,  Ano  6, 
número 45, maio, 2005. 

ARANHA, Maria Lucia de A. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1996. 

ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre : imagens e auto­imagens. Petrópolis: Vozes, 2000. 

BARROS, Rubem ­ “Admirável Mundo Novo”. IN Revista Educação, São Paulo: Segmento, 
n.105, 2005. 

BRASIL.Ministério  da  Educação  e  do  Desporto.Secretaria  da  Educação 


Fundamental.Parâmetros  Curriculares  Nacionais:  5ª  a  8ª  séries  do  Ensino  Fundamental  – 
Introdução dos Parâmetros Curriculares, Brasília: MEC/SEF, 1998. 

CADERNOS  DA  TV ESCOLA  ­  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  na  Escola  ­  Diários  e 


Projetos de Trabalho. MEC,n.3, 1998. 

Cadernos da TV Escola: PCN na Escola, MEC, Brasília,1998. 

Coleção  Círculos  de  Formação:  Princípios  Freirianos  e  o  Sócio­Construtivismo. 


MOVA/DOT­EJA/SME­SP/EJA, São Paulo,2001­2004. 

Coleção  Memória  da  Pedagogia,  n.4:  Paulo  Freire:  a  utopia  do  saber,  Rio  de  Janeiro: 
Ediouro; São Paulo: Segmento­Duetto, 2005. 

COTRIM, Gilberto V. Fundamentos da Educação. São Paulo: Saraiva, 1979. 

Ensino  Fundamental:  Principais  aspectos  dos  PCNs  resumidos  e  comentados,  Temas 


transversais, Assessoria Pedagógica,São Paulo:Scipione,2001.

106 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

FREIRE,  Madalena  (coord.)  Avaliação  e  Planejamento:  a  prática  educativa  em 


questão.São Paulo: Cadernos de Reflexão, 1997. Série Seminários. 

FREIRE,  Paulo­Pedagogia  da  Autonomia:  saberes  necessários  à  prática  educativa.  São 


Paulo: Paz e Terra, 1996. 

GADOTTI,  Moacir.  “Desafios  para  a  era  do  conhecimento”.  IN  Revista  Viver  mente  e 
cérebro, Coleção Memória da Pedagogia, educação no século XXI: perspectivas e tendências, Rio 
de Janeiro: Relume Dumar, Ediouro; São Paulo: Segmento­Duetto,2006. 

GHIRALDELLI  JUNIOR,  Paulo.  Didática  e  teorias  educacionais.  Rio  de  Janeiro:  DP&A, 
2000. 

GUAZZELLI  FILHO,Eloar  ­  “Animação  no  ambiente  escolar”  IN  Revista  Pedagogia  Pátio, 
Porto Alegre: ArtMed, n.31, agosto/outubro, 2004. 

HERNANDEZ, Fernando. “O diálogo como mediador da aprendizagem e da construção do 
sujeito na sala de aula.” In: Revista Pedagógica Pátio. Porto Alegre: Artmed, Ano VI, n. 22, julho/ 
agosto, 2002. 

HOFFMANN,  Jussara  ­  “Procuram­se  professores”.  IN  Revista  Direcional  Escolas,  São 


Paulo: Exclusiva Publicações, ed.21, outubro, 2006. 

HOFFMANN,  Jussara.  Avaliar  para  promover:  as  setas  do  caminho.  Porto  Alegre: 
Mediação, 2003. 

ICLE,Gilberto ­ “Teatro e escola: aproximações e distanciamentos” IN Revista Pedagógica 
Pátio, Porto Alegre: ArtMed, n.17, maio/julho, 2001. 

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1991. 

LUCKESI,  Cipriano.  “A  escola  avalia  ou  examina?”  In:  Revista  ABCEducatio,  São  Paulo: 
Criart, Ano 3, n.15, 2002. 

MARTINS, Vicente ­ “Decálogo do Bom Professor: princípios para a atividade docente”. IN 
Revista ABCEducatio, São Paulo: Criarp, n.55, abril, 2006. 

MASETTO, Marcos. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.NÉRICI, Imídeo. 
Metodologia do Ensino: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1989. 

MORAN, José M. ­ ”Os novos espaços de atuação do professor” IN Revista ABCEducatio, 
São Paulo: Criarp, n.35,junho, 2004. 

NERICI, Imídeo G. Metodologia do Ensino: uma introdução. São Paulo: Atlas,1989.

107 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

NOGUEIRA,  Nilbo  R.  Pedagogia  dos  Projetos:  uma  jornada  interdisciplinar  rumo  ao 
desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2001. 

NÓVOA, Antonio ­ “Relação escola­sociedade:novas respostas para um velho problema”. 
IN  “Formação  de  Professores”/  organizadores  Raquel  Volpato  Serbino  (et  al.),  São  Paulo: 
Fundação Editora da UNESP, 1998. 

PALMER,  Joy  A.  50  Grandes  Educadores:  de  Confúcio  a  Dewey.  São  Paulo:  Contexto, 
2005. 

Parâmetros Curriculares Nacionais ­ Apresentação dos Temas Transversais/ SEF, Rio de 
Janeiro:DP&A,2000. 

Parâmetros  Curriculares  Nacionais  ­  Ensino  Fundamental  –  Assessoria  Pedagógica,São 


Paulo:Scipione,2001. 

Parâmetros Curriculares Nacionais ­ Fáceis de Entender de 5ª a 8ª séries ­ Edição especial 
de Nova Escola,São Paulo:Abril, 1999. 

Parâmetros  Curriculares  Nacionais:  introdução  aos  parâmetros  curriculares  nacionais 


/SEF, Rio de Janeiro: DP&A, 2000. 

PERRENOUD, Phillipe ­ “Dez novas competências para ensinar: convite à viagem”, Porto 
Alegre: ArtMed, 2000. 

QUEIROZ, Tânia Projetos: uma alternativa para o ensino. In: Especial Guia Prático para os 
professores ­ Projetos, Cotia, São Paulo: Lua das Artes, Ano l, n. 4, 2006. 

Raízes e Asas – Avaliação e Aprendizagem. MEC / CENPEC, 1992. 

RENK, Valquiria E. ­ “Música e Geografia: uma idéia possível ”IN Revista Brasil, Curitiba: 
Positivo, n.14, 2006. 

Revista Nova Escola, São Paulo: Abril, dezembro, 2005. 

SEBARROJA, Jaume C. Pedagogias do século XX. Porto Alegre: Artmed, 2003. 

SINGER,Helena et cols. Janusz Korczak. São Paulo: Edusp, 1998. 

Síntese dos PCNs ­ Parâmetros Curriculares Nacionais – São Paulo:Didática Paulista, sem 
referência ao ano de publicação. 

ZABALA, Antoni. A Prática Educativa : como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

108 
METODOLOGIA DE ENSINO DA EDUÇÃO BÁSICA 

ZACHARIAS,Vera  L.C.F.  “Movimentos  de  Alfabetização.”  In:  Coleção  Memória  da 


Pedagogia,  n.  5:  Emília  Ferreiro:a  construção  do  conhecimento.  Rio  de  Janeiro:  Ediouro;  São 
Paulo: Segmento­Duetto, 2005.

109 

Você também pode gostar