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Unidades III e IV – Derivadas e Aplicações das Derivadas

A RETA TANGENTE E O CONCEITO DE DERIVADA


Suponha que a reta r da figura vá se aproximando da circunferência até tocá-la num único ponto.

Veja que na figura 4, a reta r é tangente à circunferência no ponto P.


Outros exemplos de retas tangentes (no ponto P)

Fig. 5 Fig. 6 Fig.7 Fig. 8

Na Fig. 7 e Fig. 8 não é reta tangente no ponto Q

Definição. Dada uma curva de equação y = f (x), seja P (x0,y0) um ponto sobre ela, ou seja, y0 = f (x0). A
Reta Tangente a esta curva no ponto P é a reta que passa por P cujo coeficiente angular mT e é dado pela
expressão
𝑓(𝑥0 + ℎ) − 𝑓(𝑥0 )
𝑚 𝑇 = lim
ℎ→0 ℎ
quando este limite existe. Assim a equação da reta tangente é dada por
𝑦 − 𝑦0 = 𝑚 (𝑥 − 𝑥0 )

f(x0 +h)−f(x0 )
O limite descrito acima, lim h
, é muito importante, por isso receberá uma denominação especial:
h→0
Chama-se derivada da função f no ponto x0 e denota-se f ' (x0).
De forma geral

𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥)
𝑓´(𝑥) = lim
ℎ→0 ℎ

(lê-se f linha de x)

Outras notações para a derivada da função y = f (x) num ponto x qualquer:


y´(x) (lê-se: y linha de x ou derivada de y em relação a x);
Dxf (lê-se: derivada da função f em relação à x);
𝒅𝒚
(lê-se: derivada de y em relação à x).
𝒅𝒙

CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DERIVÁVEIS


Teorema. Se f é derivável em x=x0, então f é continua em x=x0.
Corolário. Se f não é continua em x0, então f não é derivável em x0.
Observação: nem toda função continua é derivável.
Exemplo. Mostre que a função 𝑓(𝑥) = √𝑥, x  0 é continua em x=0, mas não é derivável ai.
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DERIVADAS LATERAIS
Definição. Se a função y=f(x) está definida em x, então a derivada à direita de f em x, denotada por 𝑓+′ (𝑥), é
definida por
𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥)
𝑓+′ (𝑥) = lim
ℎ→0 ℎ
caso esse limite exista. Analogamente,
𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥)
𝑓−′ (𝑥) = lim
ℎ→0 ℎ
desde que esse limita exista.
Considerações sobre a definição:
(a) Uma função é derivável em um ponto, quando as derivadas laterais à direita e à esquerda existem
nesse ponto e são iguais.
(b) Quando as derivadas laterais à direita e à esquerda existem e são diferentes em um ponto x, dizemos
que este é um ponto anguloso do gráfico da função y=f(x). Neste caso, f não é derivável.
(c) Se uma das derivadas laterais não existe em um ponto x, então f não será derivável em x.
Exemplo. A função 𝑓(𝑥) = |𝑥| não é derivável em x=0, embora seja continua em x=0.
REGRAS DE DERIVAÇÃO.
Teorema. Se f e g são funções deriváveis em x, então as seguintes combinações são deriváveis em x.
1. Soma: 𝑓 + 𝑔 𝑒 (𝑓 + 𝑔)′ (𝑥) = 𝑓 ′ (𝑥) + 𝑔′ (𝑥);
2. Diferença: 𝑓 − 𝑔 𝑒 (𝑓 − 𝑔)′ (𝑥) = 𝑓 ′ (𝑥) − 𝑔′ (𝑥);
3. Produto: (𝑓. 𝑔) 𝑒 (𝑓. 𝑔)′ (𝑥) = 𝑓 ′ (𝑥). 𝑔(𝑥) + 𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥);
𝑓 𝑓 ′ 𝑓′ (𝑥).𝑔(𝑥)−𝑓(𝑥).𝑔(𝑥)
4. Quociente: ( ) 𝑒 ( ) (𝑥) = [𝑔(𝑥)]2
, desde que g(x) ≠ 0;
𝑔 𝑔

5. Constantes Múltiplas: 𝑘. 𝑓 𝑒 (𝑘. 𝑓)′ (𝑥) = 𝑘. 𝑓′(𝑥), para todo numero real k;
6. Potência: 𝑓(𝑥) = 𝑥 𝑛 𝑒 𝑓 ′ (𝑥) = 𝑛𝑥 𝑛−1 ;
7. Constante; 𝑓(𝑥) = 𝐶 𝑒 𝑓 ′ (𝑥) = 0 , onde C é uma constante.

DERIVADA DAS FUNÇÕES ELEMENTARES DO CÁLCULO


Neste quadro apresentaremos as derivadas das funções elementares: exponencial, logarítmica e
trigonométrica.
Função Derivada Função Derivada
f(x) f’(x) f(x) f’(x)
01 𝑒𝑥 𝑒𝑥 09 𝑒𝑢 𝑒 𝑢 . 𝑢′
02 ln 𝑥 1 10 ln 𝑢 𝑢′
𝑥
, x>0 ,u>0
𝑢
03 sen 𝑥 cos 𝑥 11 𝑎 𝑢
𝑎 . ln 𝑎. 𝑢′
𝑢
04 cos 𝑥 −sen 𝑥 ′
12 log 𝑎 𝑢 𝑢 log 𝑒, (a > 0 e a≠1)
𝑎
05 tg 𝑥 𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 𝑣
𝑢
06 cot 𝑥 −𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 2 𝑥 13 𝑢 𝑣. 𝑢 . 𝑢′ + 𝑢𝑣 . ln 𝑢. 𝑣 ′ , 𝑢 > 0
𝑣−1

07 sec 𝑥 sec 𝑥. tg 𝑥
08 cossec 𝑥 −cossec 𝑥. cot 𝑥

Tarefinha de casa: Monte, no se caderno, uma tabela com as funções trigonométricas inversas.

A REGRA DA CADEIA

Se f(u) é derivável no ponto u=g(x) e g(x) é derivável no ponto x, então a função composta

y=(f₀ g)(x)= f (g (x)) é derivável em x e a sua derivada é dada por:

(f ₀ g)’(x)=f ’(g(x)).g’ (x)=f ’(u).u’


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Outras notações comuns


𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑢
Dxy = Duy.Dxu yx = yu.ux 𝑑𝑥
= 𝑑𝑢 ∙ 𝑑𝑥

𝑑𝑦
Exemplo 1: Dada a função 𝑦 = (𝑥 3 + 6𝑥 + 2)5, determinar 𝑑𝑥 .

3
Exemplo 2: Dada a função 𝑦 = 𝑒 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛(2𝑥) + 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥

DERIVADA DA FUNÇÃO INVERSA

Se uma função y = f (x) admite uma função inversa x = f −1 (y), então a função inversa tem derivada dada
por
1
(𝑓 −1 )′ (𝑦) = ′ , 𝑓(𝑥) ≠ 0
𝑓 (𝑥)
Sabemos que 𝑓 −1 𝑜𝑓(𝑥) = 𝑥. Aplicando a regra da cadeia, obtemos que (𝑓 −1 )´(𝑓(𝑥)). 𝑓´(𝑥) = 1 ,daí
1
(𝑓 −1 )´(𝑦) = , desde que f ´(x) ≠ 0 .
𝑓´(𝑥)

Exemplo 3: Seja 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 , x ≥ 0. Determine (f -1)´(4)

DERIVADA DE UMA FUNÇÃO NA FORMA IMPLICITA

Suponhamos que a equação F(x, y) = 0 define implicitamente uma função derivável y=f(x). Usaremos a
Regra da Cadeia para determinar y’ sem explicitar y.

Exemplo 4: Sabendo que y=f(x) é definida implicitamente pela equação 𝑥𝑦 2 + 2𝑦 3 = 𝑥 + 2𝑦 ,


determinar y’.

Derivadas sucessivas
Em algumas aplicações precisamos derivar uma função mais de uma vez. Se uma função y = f(x) for
derivável, isto é, existe f´(x), podemos pensar na derivada de f´(x) e assim sucessivamente.
Definimos e denotamos as derivadas sucessivas de uma função y = f (x) de acordo com a tabela
abaixo:

Como lê-se: Notação:


1ª derivada ou derivada de 1ª ordem 𝑑𝑦
𝑓´(𝑥) =
𝑑𝑥
2ª derivada ou derivada de 2ª ordem 𝑑2 𝑦
𝑓´´(𝑥) = 2
𝑑𝑥
3ª derivada ou derivada de 3ª ordem 𝑑3 𝑦
𝑓´´´(𝑥) = 3
𝑑𝑥
4ª derivada ou derivada de 4ª ordem 4 (𝑥)
𝑑4 𝑦
𝑓 = 4
𝑑𝑥
⋮ ⋮
nª derivada ou derivada de nª ordem 𝑑𝑛 𝑦
𝑓 𝑛 (𝑥) = 𝑛
𝑑𝑥
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REGRA DE L’HÔPITAL

A regra de L’Hôpital apresenta um método geral para levantar indeterminações de limites dos tipos 0/0 ou
infinito/infinito. Esse método é dado pelo:

Teorema de L’Hôpital: Sejam f e g funções deriváveis em um intervalo aberto I, exceto possivelmente


em um ponto a  I. Suponhamos que g’(x)≠0,  x ≠ a em I.

𝑓′ (𝑥) 𝑓(𝑥) 𝑓′ (𝑥)


(i) Se lim 𝑓(𝑥) = lim 𝑔(𝑥) = 0 𝑒 lim 𝑔′ (𝑥) = 𝐿 , então lim 𝑔(𝑥) = lim 𝑔′ (𝑥) = 𝐿
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
𝑓′ (𝑥) 𝑓(𝑥) 𝑓′ (𝑥)
(ii) Se lim 𝑓(𝑥) = lim 𝑔(𝑥) = ∞ 𝑒 lim 𝑔′ (𝑥) = 𝐿, então lim 𝑔(𝑥) = lim 𝑔′ (𝑥) = 𝐿
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎

APLICAÇÕES DA DERIVADA

Vamos tratar de algumas aplicações matemáticas que são geradas pelo conceito de derivada.

Um caso típico da aplicação da derivada é a medida da velocidade de um corpo em movimento. Uma vez
que temos o ponto inicial Si e o ponto final Sf podemos calcular a sua velocidade média desenvolvida
pelo corpo nesse trajeto.

Sabemos que:
𝑆𝑓 −𝑆𝑖 ∆𝑆
𝑉𝑚 = 𝑡𝑓 −𝑡i
ou 𝑉𝑚 = ∆𝑡

Se tivermos de medir a velocidade em tempos e distâncias bem menores, isso é equivalente a fazer com
que o valor t se aproxime de zero.
∆𝑆
𝑣 = lim , ou seja, uma derivada.
∆𝑡→0 ∆𝑡

Se conhecermos a função S em função do tempo teremos:

𝑑𝑆
𝑣 = 𝑆 ′ (𝑡) =
𝑑𝑡
Ainda podemos fazer o cálculo da aceleração

∆𝑣 𝑑𝑣 𝑑2 𝑆
𝑎 = lim 𝑜𝑢 𝑎 = 𝑜𝑢 𝑎 =
∆𝑡→0 ∆𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2
Exemplo 1. Imagine que um veículo desloca-se por uma estrada e sua posição em um determinado
instante é dada pela seguinte função S (t ) = 2 + 4t + 8t2, onde t é dado em segundos e S é dado em metros.
Vamos calcular a velocidade deste móvel no instante t=2.
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Máximos e Mínimos de uma Função

Teste da Primeira Derivada para Função Crescente e Decrescente

Se uma função é derivável num ponto podemos saber se ela é crescente ou decrescente nesse ponto.

Seja f uma função continua no intervalo [a,b] e derivável no intervalo (a, b), assim:
a) Se f '(x) > 0  x  (a,b), então f é crescente em [a, b];
b) Se f '(x) < 0  x  (a,b), então f é decrescente em [a, b].

Teste da primeira Derivada para Extremos Locais em um Ponto Crítico

Definição de ponto crítico: Ponto crítico de uma função derivável f é um ponto x=c do domínio de f no
qual f '(c)=0.

Sejam f uma função contínua definida num intervalo I do eixo-x e cI um ponto crítico de f, isto é,
f '(c)=0.

a) Se a derivada de f é positiva à esquerda de x=c e é negativa à direita de x = c, então x = c é um


ponto de máximo para f.
b) Se a derivada de f é negativa à esquerda de x=c e é positiva à direita de x=c, então x=c é um
ponto de mínimo para f.
c) Se a derivada de f possui o mesmo sinal em ambos os lados de c, então c não é extremo local de f.
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Exemplo: f(x) = x², definida sobre [-1,2], calcular o ponto crítico de f.


Solução: Se f ' (x) = 2x e f ' (x)=0, então: 2x=0 x = 0. Assim x = 0 é o ponto crítico de f.

Exemplo. Seja a função f(x)=1- x² definida em I=[-1,2].


Solução: Se f '(x) = -2x e f '(x)=0, então -2x=0 x=0, assim o único ponto crítico ocorre em x=0.
f '(x) > 0(positiva) se x< 0 e f '(x) < 0(negativa) se x>0, assim, x= 0 é um ponto de máximo local para f.

Teste da Segunda Derivada

Seja f uma função que admite derivada ate a segunda ordem num intervalo aberto I.

a) Se f '' (x) > 0, então f terá concavidade voltada para cima em I.


b) Se f '' (x) < 0, então f terá concavidade voltada para baixo em I

Teste da segunda derivada para extremos locais: Sejam f uma função definida num intervalo I do eixo-
x e c I um ponto crítico de f. Suponha que f é derivável duas vezes em c. Então
• Se f '(c) =0 e f ''(c) < 0 então c é um ponto de máximo local para f.
• Se f '(c) =0 e f ''(c) > 0 então c é um ponto de mínimo local para f.
• Se f ''(c) = 0 então o teste não é conclusivo.

Pontos de Inflexão

Definição: um ponto P(k, f(k)) do gráfico de uma função continua f é chamado de ponto de inflexão se
ocorre uma mudança de concavidade na passagem do P. Um ponto numa curva onde y '' é positivo de um
lado e negativo do outro é um ponto de Inflexão.

TEOREMA DO VALOR MÉDIO

Suponha que a função f seja continua no intervalo [a, b] e que f’(x) exista no intervalo aberto a < x <
b. Então existe pelo menos um valor c entre a e b, tal que
𝑓(𝑏) − 𝑓(𝑎)
𝑓′(𝑐) =
𝑏−𝑎
Geometricamente ele significa existe um ponto c(a,b) tal que a reta tangente ao gráfico de f no
ponto (c, f (c)) é paralela à reta que passa pelos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)) , conforme nos mostra a
figura ao lado.

Referências

FLEMING, D. M. e GONÇALVES, M. B. Cálculo A. 6 ed., Editora Pearson – Prentice Hall, 2007.


GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. Vol. 1. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora, 2001
MUNEM, M. A. e FOULIS, D. J. Cálculo. Volume 1, 2 ed., Editora Guanabara Dois, 1986.
STEWART, J. Cálculo. Volume 1, 6 ed., Editora GENCAGE Learning, 2009.
THOMAS, G. B. Cálculo. Vol. 1. 10.ed. São Paulo: Addison Wesley, 2002.
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