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Cães na Idade média – entre a caça e a estimação

Irei fazer uma série sobre animais de estimação, o motivo é simples, vários mitos os rodeiam, e
apesar de não ser um “quebrador de mitos”, acho o assunto interessante e pouco falado.
Sendo assim não estarei fugindo do proposito da página, pois animais eram verdadeiros ícones
medievais.

Vamos lá;

Os cães tinham um propósito durante a idade média, que era o de participar nas caçadas, mas
foi durante o período medieval que começaram a ser tratados como animais domésticos. É
preciso entender que os jovens serviçais tinham como função cuidar dos cavalos e cães, eles
passavam muito tempo com eles e essa aproximação era motivo de criar laços com os animais.

Os cães eram essenciais e importantes na caça chegando ao ponto de que a falta deles gerava
prejuízo ao dono, tanto que, nas populações germânicas havia leis severas para proteção deles.
Em locais como a Burgúndia em caso de roubo o ladrão deveria pagar cerca de uma quantia de
5 salários caso recusasse beijar o traseiro dele em público. Em alguns locais a multa era
proporcional ao prejuízo que poderia causar ao dono, chegando até 15 quantias de salário,
como nos francos.

Os cães começaram a ter um certo espaço como companhia doméstica a partir do século XII,
muitos cães nessa época passaram a ser criados com o proposito de serem apenas companhia,
principalmente as raças pequeninas que poderiam ser carregados no colo. E foi nessa época
que varias raças foram selecionadas para funções especificas.

Apesar de em vários concílios anteriores ao século X, era pedido que sacerdotes e membros do
clero não tivessem animais, isso se dá devido ao fato de não se ter uma ideia deles
domesticados ainda. Mas tardiamente a grande maioria dos donos de animais domésticos
eram nobres ou membros do clero, os animais possuíam alimentos específicos e chegavam a
usar joias e ter tratamentos médicos, segundo o ‘zoohistoriador’ Walker Meikle.

São Bernardo de Claraval no século XII foi o primeiro a dizer que não se amava de verdade
alguém se não amasse seu próprio cão. E na lenda de São Roque é mencionado que seu único
parceiro seria um cão que o alimentava com um pãozinho quando o mesmo teve peste negra,
ou que esse mesmo cão havia o curado da peste negra lambendo suas feridas.

Domingo de Gusmão poderia ter ajudado a criar a associação de cão com fidelidade, pois era
chamado de cão do senhor, por suas perseguições contra as heresias. Reza a lenda que quando
sua mãe estava gravida ela sonhou com um cãozinho saindo da sua barriga com uma tocha
acesa na boca, por isso o símbolo de São domingo é um cão com uma tocha.

O filósofo renascentista leão Batista Alberti recomendava que houvesse sempre cães na casa
para que as crianças jogassem com eles, e assim a casa estivesse sempre animada com os
gritos das crianças e os latidos dos cães. Tanto é assim que começam a aparecer mais na arte
dentro dos lares nobres e burgueses, não apenas como símbolo de fidelidade, mas também
relacionados com as cenas domésticas e com sentido estético. Na série de tapeçarias de "A
Dama e o unicórnio", cujo tema central é o gozo dos sentidos, aparecem cães em todas as
cenas.

Fontes: Walker Meikle – Medieval Dogs.

Referencia: Biblioteca Gonzalo de Berceo


Fotos: São Domingo Gusmão ao lado do seu símbolo.

Catalina todaclasede Mecklemburgo com seu cão doméstico por Lucas Cranach.

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