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INTRODUÇÃO

Os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos. Estão indicados
no artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), e nos artigos 13 e
15 do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966). Assim,
todas as pessoas devem poder se exprimir, criar e difundir seus trabalhos no idioma de
sua preferência e, em particular, na língua materna; todas as pessoas têm o direito a uma
educação e uma formação de qualidade que respeitem plenamente a sua identidade
cultural; todas as pessoas devem poder participar da vida cultural de sua escolha e
exercer suas próprias práticas culturais, desfrutar o progresso científico e suas
aplicações, beneficiar-se da protecção dos interesses morais e materiais decorrentes de
toda a produção científica, literária ou artística de que sejam autoras.

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Direito Cultura Ideologia

Os direitos culturais carecem de maior elaboração teórica, para distingui-los de


direitos civis, políticos, económicos e sociais. Por exemplo, o direito de
autodeterminação dos povos, expresso no Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos, é também um direito cultural.

Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um conceito desenvolvido


inicialmente pelo antropólogo Edward Burnett Tylor para designar o todo complexo
metabológico criado pelo homem.

São práticas e acções sociais que seguem um padrão determinado no espaço.


Refere-se a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam
e identificam uma sociedade.

Explica e dá sentido à cosmologia social; É a identidade própria de um grupo


humano em um território e num determinado período.

Ideologia é o conjunto de ideias, conceitos e comportamentos que prevalecem


sobre uma sociedade. Seu objectivo é encobrir as divisões existentes na sociedade e na
política, mostrando uma forma maquiada de indivisão.

A ideologia funciona invertendo os efeitos e as causas, resultando em imagens e


sintomas, produzindo uma utopia social, usando o silêncio para encobrir a incoerência.

Podemos exemplificar a ideologia com a afirmação de que o adultério é crime,


que o homossexual é pervertido e que o futebol é coisa do homem. O que a ideologia
encobre?

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Encobre o vínculo entre compromisso e sexo, no primeiro caso, o preconceito
pela escolha sexual diferente e o uso do sexo para prazer e não para procriar, segundo
caso, e a discriminação ainda existente com o sexo feminino, último caso.

Elas são dependentes uma da outra, pelo fato de existirem diversos meios de
comunicação que são capazes de atingir através de uma mensagem um grande número
de indivíduos.

Essa indústria é consequência de uma sociedade industrializada, muitas vezes


alienada (veja alienação), que aceita ideias e mensagens sem um pré-julgamento,
entrando directamente na “veia” dos indivíduos não existindo nenhuma barreira,
tornando assim uma sociedade de consumo e global, sem restrições.

Algumas definições de cultura exprimem a ideia de que esta permeia a realidade


humana, fazendo parte da própria essência do ser humano enquanto ser modificador da
realidade que o circunda. As palavras gregas georgia (lavoura)
e matema (conhecimentos adquiridos) delineiam bem a ideia da cultura como forma de
expressão do homem em suas diversas áreas, tanto na natureza, moldando-a, como em
sua própria realidade, cuidando dos conhecimentos adquiridos (CUNHA, 2000).

Por ser elemento central da realidade humana, influenciando, inclusive, os


ordenamentos jurídicos, a cultura ganhou uma atenção especial dos códigos a partir das
reivindicações sociais do século XIX. Com as ebulições sociais dos movimentos
anarquistas e socialistas, tem-se a necessidade de o Estado manifestar-se através de
acções positivas para garantir os direitos de liberdades da denominada primeira geração
de direitos fundamentais, fazendo nascer a segunda geração ou dimensão de direitos
fundamentais: os sociais, culturais e económicos (BONAVIDES, 2016).

Os Direitos Culturais estão previstos no artigo 215 e seguintes da Constituição


brasileira. Há uma busca, com essa protecção constitucional, de uma aproximação do
indivíduo com a cultura, utilizando-se como defesa mecanismos gerados pelo Direito,
como por exemplo o tombamento. Eles podem ser justificados pela necessidade humana
de produzir e absorver suas criações culturais. Humberto Cunha (2000, p. 34) explana
que:

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Direitos Culturais são aqueles afectos às artes, à memória colectiva e ao repasse de saberes,
que asseguram a seus titulares o conhecimento e uso do passado, interferência activa no
presente e possibilidade de previsão e decisão de opções referentes ao futuro, visando sempre à
dignidade da pessoa humana.

Tendo em vista a conceituação acima, chegasse à conclusão de que os Direitos


Culturais englobam a protecção da produção artística, bem como sua divulgação e
ensino para as novas gerações através do direito à educação, à memória colectiva, tendo
a administração pública ferramentas para buscar a efectivação desta garantia
constitucional.

O termo ideologia possui uma variedade de significados que se constituíram


historicamente, dentre esses significados, ao invés de forçá-los a uma teoria geral da
ideologia, pode-se reforçar alguns desses conceitos e aproveitar deles o que possuem de
valioso pelo próprio fio histórico que os constituíram. Portanto, o escopo do presente
artigo é aproveitar essa construção da ideologia e procurar entender o Direito como
fenómeno ideológico.

Direito e os fins Socias

Nessa óptica, os direitos são um momento posterior aos interesses. A afirmação


de um direito dá-se a partir de um processo institucional: seja tomando consciência do
consenso da sociedade sobre sua existência, caracterizado pelo processo legislativo; seja
através do processo judicial, que reconhece a existência do direito dentro da história
institucional daquela sociedade. Todavia,

Interesses, então, seriam elementos anteriores aos direitos. Justamente porque


existe um consenso dentro sociedade sobre quais interesses extrapolam o limite do
particularismo individual, ter-se-á um direito. Logo, todo interesse juridicamente
protegido é, por consequência, um direito; e, por isso mesmo, possui natureza pública –
e isso se pode observar, por exemplo, já em Kelsen. Em outras palavras: todo direito
traz em si uma questão pública e, por isso mesmo, de interesse público.

Além disso, uma questão deve ser pormenorizada: interesse, como reconhece
Maciel Júnior (2004:28), traz um conteúdo axiológico, diferentemente dos direitos,

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como lembra Habermas (2002), que são dotados de uma natureza deontológica. Assim,
interesses são expressão de uma preferência (a partir de valores e de fins) do sujeito, ao
passo que direitos são referência à correcção de uma determinada acção. Desse modo, a
mesma crítica, iniciada à compreensão de direitos como valores, repete-se aqui e
demonstra a necessidade de reconstrução do direito a partir de novas bases
epistemológicas – o que será objecto dos capítulos seguintes da presente pesquisa.

Os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos. Estão indicados
no artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), e nos artigos 13 e
15 do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966). Assim,
todas as pessoas devem poder se exprimir, criar e difundir seus trabalhos no idioma de
sua preferência e, em particular, na língua materna; todas as pessoas têm o direito a uma
educação e uma formação de qualidade que respeitem plenamente a sua identidade
cultural; todas as pessoas devem poder participar da vida cultural de sua escolha e
exercer suas próprias práticas culturais, desfrutar o progresso científico e suas
aplicações, beneficiar-se da protecção dos interesses morais e materiais decorrentes de
toda a produção científica, literária ou artística de que sejam autoras.

No âmbito interamericano os direitos culturais estão indicados no Protocolo


Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, conhecido como Protocolo
de São Salvador (1988). O art. 13 assegura o direito à educação, orientado para o pleno
desenvolvimento da pessoa humana e do sentido de sua dignidade, visando ao
fortalecimento e ao respeito pelos direitos humanos, ao pluralismo ideológico, às
liberdades fundamentais, à justiça e à paz. O art. 14 estabelece o direito aos benefícios
da cultura, reconhecendo aqueles que decorrem da promoção e desenvolvimento da
cooperação e das relações internacionais em assuntos científicos, artísticos e culturais e,
na mesma linha, comprometendo-se a propiciar maior cooperação internacional.

No processo de implementação mundial dos direitos culturais foi adoptada pela


UNESCO, em Novembro de 2001, a Declaração Universal sobre a Diversidade
Cultural. Ao mesmo tempo em que afirma os direitos das pessoas pertencentes às
minorias à livre expressão cultural, observa que ninguém pode invocar a diversidade
cultural para infringir os direitos humanos nem limitar o seu exercício.

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Os direitos culturais carecem de maior elaboração teórica, para distingui-los de
direitos civis, políticos, económicos e sociais. Por exemplo, o direito de
autodeterminação dos povos, expresso no Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos, é também um direito cultural.

A Constituição Brasileira de 1988 garante a todos o pleno exercício dos direitos


culturais (art. 215). Ao definir património cultural brasileiro, de forma indirecta, aponta
como direitos culturais as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver, as
criações científicas, artísticas e tecnológicas. O livre exercício dos cultos religiosos, a
livre expressão da actividade intelectual, artística, científica e de comunicação, e os
direitos do autor também estão expressamente assegurados na Constituição, no rol dos
direitos e garantias fundamentais (art. 5º). A educação figura como direito social (art,
6º) e também como direito cultural (art. 205 a 214).

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CONCLUSÃO

Concluímos que são também reconhecidos direitos culturais a todos os cidadãos.


Os direitos culturais estão relacionados com o respeito pela identidade cultural
das pessoas (língua, etnia, religião, tradições, etc), com o acesso à educação e à cultura e
com a participação de todos na vida cultural das sociedades.
O Direito como uma criação humana, como produção da linguagem se encontra
a todo o momento com a ideologia e desse encontro cabe uma reflexão filosófica dos
contornos e potencialidades do próprio Direito enquanto fenómeno ideológico.

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BIBLIOGRAFIA

1. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros,


2016.

2. CUNHA FILHO, Francisco Humberto. Direitos culturais como direitos


fundamentais no ordenamento jurídico brasileiro. Brasília: Brasília Jurídica,
2000.

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