fase de pensamento concreto e faz largo uso de seus sentidos para enriquecer suas
experiências. Nesta fase, as atividades artísticas fornecerão ricas oportunidades para o seu
desenvolvimento, uma vez que, põem ao seu alcance os mais diversos tipos de material para
manipulação. Quando as habilidades infantis são estimuladas, ajudam no processo de
aprendizagem, pois desenvolvem a percepção e a imaginação - recursos indispensáveis para a
compreensão de outras áreas do conhecimento humano, estabelecendo, sempre, um diálogo
entre todos os participantes da turma - uma questão fundamental para que haja uma
comunicação ampla - que será ampliado, desenvolvido, trabalhado, estimulado, aprimorado e
praticado com constância para que a criança tenha o máximo desempenho de sua capacidade
cognitiva. A linguagem da arte na educação infantil tem um papel fundamental, envolvendo os
aspectos cognitivos, sensíveis e culturais. Até bem pouco tempo o aspecto cognitivo não era
considerado na a educação infantil e esta não estava integrada na educação básica. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 veio garantir este espaço à educação infantil, bem
como o da arte neste contexto.
• 1
• 2
• 3
• 4
• 5
• chevron_right
• last_page
Para compreender a arte no espaço da educação infantil no momento atual, mesmo que
brevemente, é preciso situar o panorama histórico das décadas de 80 e 90. Os referenciais que
fundamentavam as práxis do profissional da educação infantil eram os Cadernos de
Atendimento ao Pré-escolar (1982), criados pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC. Os
textos destes Cadernos para aquele momento histórico tiveram contribuição fundamental
como subsídio para as ações dos educadores atuantes na educação infantil. Entretanto, o
conhecimento fica em segundo plano, pois se centravam apenas nas questões emocionais,
afetivas e psicológicas e nas etapas evolutivas da criança. Com relação à arte na educação, os
pressupostos eram muito mais voltados à recreação do que às articulações com a arte, a
cultura e a estética. Como exemplo, é possível citar a ênfase em exercícios bidimensionais que
priorizava desenhos e pinturas chapadas. Ou seja, os conceitos sobre arte resumiam-se a
simples técnicas. De acordo com PILLOTTO (2000, 61) “é interessante observar que esse
Caderno, embora tenha uma fundamentação teórica voltada às concepções do ensino da arte
modernista, na sua essência é muito mais tecnicista no que diz respeito aos exercícios
repetitivos, mecânicos e sem a preocupação com a reflexão dos conceitos”.
• first_page
• chevron_left
• 1
• 2
• 3
• 4
• 5
• chevron_right
• last_page
3. PERSPECTIVA HISTÓRICA II
Na década de 90, o MEC lança o Caderno do Professor da Pré-Escola, com uma abordagem
contextualista, na qual a arte deixa de ser tratada apenas como atividade prática e de lazer,
incorporando o ato reflexivo. Apesar dessas transformações, a arte permanecia ainda com
foco em abordagens psicológicas e temáticas. A arte na educação infantil nesta década ainda
buscava uma consistência teórica, conceitual e metodológica. A partir de 2000 as discussões
reflexivas sobre a arte na educação infantil ganham novos espaços na literatura, nas propostas
curriculares e especialmente na pesquisa.
As produções visuais (pintura, desenho, escultura, colagem, entre outras) resultantes das
abordagens descritas no tópico anterior acabam gerando estereótipos formais, espaciais,
colorísticos, temáticos e também conceituais que dificilmente serão transformados em
representações singulares. Adestrar a mão ou deixar que as crianças explorem livremente
materiais não pode ser considerado uma proposta pedagógica em arte. Tais procedimentos
levam as crianças a repetirem formas mecanicamente e a passarem o resto de suas vidas
desenhando árvores com maçãs, casinhas, nuvens azuis e morros marrons. E assim, as crianças
perdem a possibilidade de conhecer, ver e representar o mundo a partir de outros referenciais
e repertórios imagéticos. Diante dessas perspectivas, as pedagogias em arte carecem de
propostas que desafiem o imaginário infantil, busquem os conhecimentos visuais das crianças,
explorem a linguagem visual nas formas de produzir, entender e ler as imagens, bem como
investiguem as possibilidades dos materiais.
"Acreditamos que o envolvimento da criança com as artes, por meio dos textos e das imagens,
não é tão-somente um recurso para ela perceber o modo como as pessoas e as épocas são
retratadas, ou para tomar conhecimento das várias manifestações artísticas, é também
examinar a arte como uma oportunidade para que a criança possa desenvolver ainda mais
suas habilidades criativas a partir de estímulos visuais e pela sua recriação". (Zimmermann in
Sousa. 2001, 62). Considerando que a escola, mais que mera transmissora de informações,
deve ser um centro de cultura, de formação do ser humano integral, e nesse aspecto, a
educação para o lazer deveria ser preocupação de todos educadores, que mais do que
racionalidade também compartilha suas experiências, sentimentos, conhecimentos; a arte
configura-se como uma das linguagens primordiais para o trabalho da sensibilização. Morin
(2000) comenta que a educação do futuro deve enxergar adiante do paradigma cartesiano que
imperou na modernidade e no século XX, e considerar outros saberes que não apenas os
lógico-racionais. A proximidade com as artes, com a dimensão subjetiva do ser humano, cada
vez mais deve ser observada, sem ignorar o raciocínio lógico, mas considerando o ser como um
todo
7. PORQUE ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL IISegundo Morin (2000) "(...) o ser humano não só
vive de racionalidade e de técnica; ele se desgasta, se entrega, se dedica a danças, transes,
mitos, magias, ritos; crê nas virtudes do sacrifício, viveu freqüentemente para preparar sua
outra vida além da morte. Por toda parte, uma atividade técnica, prática, intelectual
testemunha a inteligência empírico-racional; em toda parte, festas, cerimônias, cultos com
suas possessões, exaltações, desperdícios, "consumismos", testemunham o Homo ludens,
poeticus, consumans, imaginarius, demens. As atividades de jogo, de festa, de ritos não são
apenas pausas antes de retomar a vida prática ou o trabalho; as crenças nos deuses e nas
ideias não podem ser reduzidas a ilusões ou supertições: possuem raízes que mergulham nas
profundezas antropológicas; referem-se ao ser humano em sua natureza. Há relação manifesta
ou subterrânea entre o psiquismo, a afetividade, a magia, o mito, a religião. Existe ao mesmo
tempo unidade e dualidade entre Homo faber, Homo ludens, Homo sapiens e Homo demens.
E, no ser humano, o desenvolvimento do conhecimento racional-empírico-técnico jamais
anulou o conhecimento simbólico, mítico, mágico ou poético. (p.58/59).
• first_page
• chevron_left
• 5
• 6
• 7
• 8
• 9
• chevron_right
• last_page
Mais do que moldar a razão, a escola tem um papel mais profundo, envolvendo olhares e
sensibilidades de cada indivíduo, trabalhando todas as dimensões humanas sem hierarquizá-
las, a educação estética é de grande importância, e deve estar presente desde a educação
infantil. Entendendo aqui a Estética: "(...) como o estudo de um modo específico de
apropriação da realidade, modo em que se destacam as questões ligadas à sensibilidade, ainda
que vinculadas a outras formas de apropriação da realidade e às condições históricas, sociais e
culturais do momento em foco". (Alves Jr. e Melo, 2003, 65). Oferecer condições para que o
aluno desenvolva seu olhar, de modo que ele possa se apropriar desde cedo da produção da
cultura na qual está inserido, dando-lhe subsídios para analisar criticamente a realidade que o
cerca, esse é um dos papéis da educação, buscando a formação de indivíduos participantes da
sociedade e conscientes no seu exercício de cidadania.
O Trabalho com as Artes Visuais na Educação Infantil é muito importante, no que se refere ao
respeito das peculiaridades e esquemas do conhecimento próprio a cada faixa etária e nível de
desenvolvimento. Isso significa, que o pensamento, a sensibilidade, a imaginação, a percepção,
a intuição e a cognição devem ser trabalhadas de forma integrada, favorecendo o
desenvolvimento das capacidades criativas das crianças. No processo de aprendizagem em
artes visuais a criança traça um percurso de criação e construção individual. E no fazer artístico
e no contato com os objetos de arte que parte significativa do conhecimento em artes visuais
acontece. No decorrer deste processo, o prazer é o domínio do próprio fazer artístico, da
simbolização e da leitura de imagem. Os símbolos apresentam o mundo sociocultural. E
através da pintura, moldagem, construção tridimensional, colagens etc. O desenvolvimento
progressivo do desenho implica mudanças significativas que no início, dizem respeito à
passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo
surgir os primeiros símbolos.
Essa passagem é possível graças às interações da criança com o ato de desenhar e com
desenhos de outras pessoa
Na garatuja a criança tem como hipótese de que o desenho é simplesmente uma ação sobre
uma superfície. No decorrer do tempo, as garatujas que refletiam sobre tudo o prolongamento
dos movimentos rítmicos de ir e vir transformam-se em formas definidas que apresentam
maior ordenação e podem estar se referindo os objetos naturais, objetos imaginários, ou
mesmo a outros desenhos. Enquanto desenham ou criam objetos também brincam de “faz-de-
conta” e verbalizam narrativas que exprimem suas capacidades imaginativas. Ela cria e recria
individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e
sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e
adultos.
14. METODOLOGIA
Crianças de 0 a 03 anos • Nesta fase o que tem valor pela utilização de instrumentos, materiais
e suportes diversos, como lápis, pincéis, tintas, papéis, cola, etc; para a prática da arte, a partir
do momento em que as crianças tenham condições motoras para o manuseio. As atividades
devem ser bem dimensionadas e delimitadas no tempo. • Quanto à apreciação de imagens,
deve-se proporcionar o maior número de materiais variados possível e que tenham significado
para a criança. Crianças de 04 a 06 anos: • Para que as crianças nesta faixa etária possam criar
suas produções, o professor deve oferecer oportunidades diversas para que elas se
familiarizem com alguns procedimentos ligados aos materiais utilizados, os diversos tipos de
suporte e par que possam pensar sobre os resultados obtidos.Sendo assim o trabalho deve ser
organizado de forma a oferecer para as crianças a possibilidade de contato, uso e exploração
de materiais. • Nesta fase ao trabalhar com leitura de imagens é importante elaborar
perguntas que instiguem a observação, a descoberta e o interesse da criança.
As crianças devem ser respeitadas em relação ao seu ritmo e interesse pelo trabalho, tempo
de concentração, o prazer na realização, o professor deve ficar atento para redimensionar as
atividades, em relação ao tempo ou própria atividade. Podem ser apontadas três
possibilidades de organização: atividades permanentes, as seqüenciais e os projetos.
Organização do Espaço: A organização da sala, a quantidade e a qualidade dos materiais
presentes e sua disposição no espaço são determinantes paro o fazer artístico
16. AVALIAÇÃO
A avaliação tem que buscar entender o processo individual de cada criança, afastando
julgamentos como feio ou bonito, certo ou errado, que assim sendo utilizados não auxiliam no
processo educacional, os educandos devem ser observados constantemente e as observações
registradas. Em Artes Visuais a avaliação deve ser feita através de processos que tem como
caráter de análise e reflexão sobre as produções das crianças, ou seja, a avaliação para criança
deve especificar suas conquistas e as etapas do seu processo criativo. Crianças de 0 a 03 anos.
A avaliação é feita pela exploração de diferentes materiais e também de possibilidade de
expressar-se por meio deste. Crianças de 4 a 6 anos Utilizam os desenhos, a pintura, a
modelagem e outras formas de expressão plástica para representar, expressa-se e comunicar-
se.
18. A ARTE DE ENSINAR ARTE VISUALDesde a época em que habitava as cavernas, o homem
vem manipulando cores e formas com a intenção de dar sentido a algo, de comunicar-se com
os outros. Para o homem se apropriar de uma linguagem, entender, interpretar e dar sentido a
ela é preciso que aprenda a utilizar seus códigos. Do mesmo modo que existe na escola um
espaço destinado à alfabetização na linguagem das palavras, a linguagem da arte também
possui seus próprios códigos, e o professor através de um trabalho formativo e informativo
tem a possibilidade de contribuir, através do conhecimento desses, no fazer e pensar a
disciplina. Possibilitando assim, que à arte seja atribuída a devida importância no contexto
escolar, principalmente porque é importante fora dela. Tratar a arte como conhecimento
torna-se condição essencial e indispensável para um verdadeiro ensino. Mas para ensinar é
preciso conhecer, e principalmente que o professor se reconheça como professor de arte, para
então, poder acontecer essa mediação entre o conhecimento e o aluno.
• first_page
• chevron_left
• 16
• 17
• 18
• 19
• 20
• chevron_right
• last_page
19. A ARTE DE ENSINAR ARTE VISUAL IIA retomada da identidade profissional (Coutinho, 2002)
tem provocado reflexões sobre a prática pedagógica em busca de um maior entendimento das
ações educativas. Buscar uma autonomia do professor que pressupõe clareza e
responsabilidade nas decisões e escolhas de como e o que ensinar. Professores frente a
milhões de jovens e diante de um enorme contingente de informações se deparam com a
tarefa de dar sentido a elas através de seus saberes, sendo que o conhecimento artístico
torna-se parte integrante e essencialmente importante ao aluno.
• first_page
• chevron_left
• 16
• 17
• 18
• 19
• 20
• chevron_right
• last_page
Conforme PCN, ao compor a área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na escola, a Arte é
considerada particularmente pelos aspectos estéticos e comunicacionais. Por se um
conhecimento humano articulado no âmbito sensível-cognitivo, por meio da arte o homem
manifesta significados, sensibilidades, modos de criação e comunicação sobre o mundo da
natureza e da cultura. Autonomia de pensamento e ação, flexibilidade, capacidade de integrar
conhecimentos, sensibilidade, criação, comunicação, fazem parte dos conhecimentos
articulados no pensar e fazer arte. Responsabilidade que toma uma dimensão maior ao
professor do Ensino de Arte que trabalha com a linguagem visual. Pois além desse conjunto de
conhecimentos supervalorizados na sociedade atual seja em relação ao mundo do trabalho e à
prática social, vive-se num tempo de visualidades, onde cada vez mais faz-se necessária a
presença do professor-mediador, pois diante de imagens tão efêmeras, ao mesmo tempo tão
consolidadoras, de idéias, de pensamentos, de comportamentos estão os alunos que as
assimilam, que se formam e que se informam por meio delas. Exigindo, portanto um novo
olhar em relação ao ser profissional docente hoje.