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Maria Beatriz 8, Flozenrano O MUNDO. ANTIGO: ECONOMIA & SOCIEDADE "| (Grécia e Roma) ~ INTRODUCAO O tema deste livro é bastante vasto, nao sé pel abrangéncia do assunto — economia ¢ sociedade —, como também pelo longo periodo que pretende abor- dar, aproximadamente do século X a.C. ao V d.C.* Além disto, o espaco fisico da civilizagiio greco-ro- mana estendeu-se por praticamente toda a bacia do Mar Mediterraneo, atingindo regides interioranas da Asia, Oriente Médio, Africa do Norte © Europa Setentrional. Inclui, portanto, uma grande diversi dade de povos e culturas que se adaptaram em maior ou menor grau aos padrées da chamada civilizagio clissica, Tratarei aqui somente do desenvolvimento dos dois principais nicieos responsiveis pela criagto da civilizaglo "greco-romana”: a Grécia propria- mente dita e a Peninsula Itélica (0) Salvo express indicagao em contririo, todas as datas do pec senle livro devem serenlendidas comoantes de Cris. ‘Maria Beatriz B. Florenzano Optei por expor apenas ‘algumas das questdes que me parecem marcar mais especialmente a eco- nomia e a sociedade na antiguidade greco-romana; por um lado, o cardter do regime de propriedade ¢ as formas de exploracao de terra; por outro, as formas de trabalho, a escravidio e a relagao entre huincm livre e escravo. ‘Ao mesmo tempo, cabe lembrar que’a recons- trugio do mundo antigo envolve nao apenas as costu- meiras dificuldades inerentes a interpretagto dos da- dos, mas fundamentalmente aquelas que dizem res~ peito A obtengio destes dados. Como se sabe, as fon- tes escritas sobre a antiguidade sio muito escassas, desiguais ¢ lacunosas. Neste sentido, a arqueologia tem tido uma importincia sem igual na recuperacdo de informagdes e na reinterpretagio de muitas situa ‘gbes obscuras da histéria da antiguidade. Sobretudo ‘a partir do momento em que passou a se interessar também pelos objetos ¢ materiais do cotidiano ¢ a escavare recuperar a vida humana que se desenvol- yeu nas localidades interioranas ¢ periféricas. No passado, a arqueologia esteve preocupada quase que exclusivamente com a recuperagio das grandes obras de arte (diga-se de passagem que foi com este espirito que ela nasceu). Em conseqiiéncia desta mudanca de diregdo da-arqueologia classica, tem-se hoje uma visto mais equilibrada do mundo greco-romano. GRECIA Sempre que se fala em Grécia Antiga pensa-se imediatamente em cidades-estados (pélis), em demo- cracia; nos grandes filésofos, Socrates, Platdo ¢ Aris- toteles; na escultura e na arquitetura. A alguns pode ocorrer, ainda, o “século de ouro” ou século de Pé- icles (V), ou mesmo as tragédias de Esquilo, S6fo- cles ¢ Euripides. Convém estar atento, contudo, a0 fato de que esses lugares-comuas pertencem ao apo- geu da civilizagdo grega, 0 periodo classico, ¢ dizem respeito sobretudo a Atenas, uma entre as muitas cidades que compunham a Hélade na antiguidade. Esquece-se com freqiiéncia que a democracia, as grandes obras de arte etc. ¢ a plenitude da polis ependeram de longos séculos de formagio, criagao ¢ amadurecimento. Na verdade, 0 conjunto de tragos que se articu- laram para compor 0 que conhecemos como a Grécia Classica comecou a se desenvolver a partir do século BR

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