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INTRODUÇÃO

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Linguagens, Códigos e suas
tecnologias e Redação que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1. Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevan-


tes para sua vida.

2. Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras
culturas e grupos sociais.

3. Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora
da identidade.

4. Compreender a Arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do
mundo e da própria identidade.

5. Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos,
mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produ-
ção e recepção.

6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva
da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.

8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da
organização do mundo e da própria identidade.

9. Entender os princípios/ a natureza/ a função/e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação, na


sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-os aos conhecimentos científicos,
às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se
propõem solucionar.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE

Capítulo 1
Para além do horizonte ...................................................................................................................................................................................................01
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 2
Conectados(as) a outras línguas e “outras culturas” ..........................................................................................................................................08
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 3
Corpo, memória e encontros cotidianos..................................................................................................................................................................17
Camila Mairink Zangirolymo
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 4
Descobrindo as Artes: um atalho para uma nova linguagem.........................................................................................................................24
Maria do Carmo Arruda Leite

Capítulo 5
No reino das palavras .....................................................................................................................................................................................................36
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 6
O poder das palavras e das imagens..........................................................................................................................................................................46
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 7
Um ponto de vista ou a vista de um ponto? .........................................................................................................................................................55
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 8
Falantes da mesma língua...............................................................................................................................................................................................61
Sônia Querino S. Santos

Capítulo 9
Facilidades e Desafios na era das Tecnologias.......................................................................................................................................................67
Sônia Querino S. Santos

Redação...................................................................................................................................................................................................................................75
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 1
PARA ALÉM DAS “FRONTEIRAS”

APLICAR AS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO E


DA INFORMAÇÃO NA ESCOLA, NO TRABALHO E EM
OUTROS CONTEXTOS RELEVANTES PARA SUA VIDA.

Sônia Querino S. Santos

Caro aluno (a), por meio dessa comunicação escrita,


estamos iniciando um processo de interação que supera
as fronteiras de tempo, espaço e favorece uma troca de sa-
beres. Para a arte do diálogo entre os seres humanos, des-
de os tempos mais antigos, faz-se uso de diversos meios.
Nos primeiros anos de vida, através do choro e outros ba- Figura 2
rulhos emitidos era possível identificar a necessidade do
bebê e, para facilitar essa interação nos ensinaram a nos Lembremos também, que algumas culturas se comu-
comunicar. nicam a partir dos sons de instrumentos, por exemplo: o
som do tambor (atabaque) é diferenciado para comunicar
o nascimento de uma criança, a festa de casamento ou
sepultamento. Ou seja, a partir desse código, as pessoas
pertencentes a essas sociedades não tem dificuldade em
interpretar e /ou decodificar os sinais, podemos então afir-
mar que a comunicação estreita os laços e, cumpre seu
objetivo.
No contexto da comunicação e sua importância em
nossas vidas estamos em constante mudança. E para tal,
as tecnologias invadem nosso cotidiano, por isso fala-se
que estamos vivendo em plena “sociedade tecnológica”.
O que significa dizer que as tecnologias estão em todo
lugar, já fazem parte de nossas vidas. Portanto, atividades
cotidianas mais comuns - dormir, comer, trabalhar, deslo-
carmo-nos para diferentes lugares – são possíveis graças
às tecnologias a que temos acesso.
A escrita hieroglífica [figura1] Mas... O que são tecnologias?
Convidamos você para consultar um dicionário de
Na antiguidade, por meio dos desenhos nas paredes, Língua Portuguesa e buscar o significado do termo Tec.
nossos antepassados deixaram registrados seus cotidia- no.lo.gi.a.
nos e, a Arqueologia faz uso desses registros e, traz para As tecnologias estão tão próximas e presentes, que
o nosso presente o passado. Chamamos de escrita hiero- nem percebemos mais que não são coisas naturais. Com
glífica o mais antigo sistema de escrita do mundo, usada a ajuda do conceito de tecnologia presente no dicionário,
principalmente para inscrições formais nas paredes de compreendemos que os talheres, pratos, panelas, fogões,
templos e túmulos. geladeiras, alimentos industrializados, TV em preto e bran-
Já a língua de sinais ou língua gestual se refere ao co, TV em cores, máquina de escrever, máquina fotográfi-
uso de gestos e sinais, em vez de sons na comunicação. É ca, computador, celulares e muitos outros produtos foram
muito utilizada como forma de entendimento entre pes- planejados e construídos para facilitar nossa sobrevivência.
soas com problemas auditivos. Cada país possue sua Imagine que na comunicação, através das mensagens
própria língua gestual. No Brasil, por exemplo, existe a de texto nos celulares ou nas conversas no messenger
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). (MSN) as palavras são substituídas por sinais e símbolos...
Contudo, isso não significa dizer que não possamos
viver sem elas, haja vista, em inúmeras culturas, principal-
mente as indígenas e africanas os alimentos são prepa-
rados e distribuídos em panelas de barro e em folhas de
árvores como a bananeira, mandioca...

1
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 3

É possível afirmar que em cada época há o predomínio de uma tecnologia. Assim tivemos a Idade da Pedra, do Bronze...
até chegarmos ao momento tecnológico atual. Nesse sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação interfe-
rem em nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos.
Nesse sentido nos damos conta das várias linguagens utilizadas: linguagem verbal e não verbal. Mas... qual a nossa
compreensão de Linguagens? Leia o trecho abaixo.
“... no meu tempo, bastava um olhar e eu já sabia que meu comportamento não estava agradando meus pais... bastava
um olhar. Hoje, chama-se a atenção dos filhos e eles não estão nem aí... O mundo está de cabeça pra baixo.”
De acordo com a fala do Sr. Tomé, 48 anos, é possível compreender que a linguagem é o uso da língua com a finali-
dade de se comunicar. E desde pequeninos compreendemos que era possível se comunicar não apenas com a fala, não é
verdade?
Realmente nosso corpo fala, portanto, a linguagem pode ser verbal e não-verbal. Para a linguagem não-verbal iremos
utilizar outros meios comunicativos (placas sinalizadoras, história em quadrinhos, charges...) Por exemplo, a placa de sina-
lizadora do trânsito, as mãos indicando acordo ou desacordo; as figuras de identificação de “feminino” e “masculino”; o
apito do juiz numa partida de futebol; o cartão vermelho ou amarelo; a trilha sonora para determinado personagem; aviso
de “não fume” ou de “silêncio”...

Já para a linguagem verbal utilizamos o bilhete, cartas... faz-se uso de texto escrito que posteriormente será apresen-
tado no televisão, dramatizado no teatro, ou seja, o texto escrito é veiculado na mídia (rádio, televisão, teatro, cinema) e
muitas vezes, “ditam” a moda e “modificam” nosso cotidiano.
Portanto, registre essa informação: a linguagem pode ser ainda verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Lembre-se das
propagandas televisivas, os outdoors, diálogos através do computador (msn, comunidades de relacionamentos, e-mails...).

DIVERSOS TIPOS DE LINGUAGEM PRESENTES EM NOSSO COTIDIANO

1)Texto publicitário

2
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

O texto publicitário é construído em função do ouvinte ou do leitor virtual. Provoca mudanças de atitudes em seu pú-
blico e, normalmente, trabalha a linguagem verbal e não-verbal (componentes visuais).
Muitas vezes, somos motivados a comprar um determinado produto não por que estamos precisando, mas por termos
sido convencidos pelas propagandas e anúncios.

2) Linguagem corporal (dança).


A linguagem corporal é uma ferramenta de comunicação. Nosso corpo fala de diversas maneiras. Por isso, devemos
tomar muito cuidado, pois muitas vezes a boca diz uma coisa, mas o corpo fala outra completamente diferente.

figura10

http://linguagemcorporal.com.br/index.php

3) Linguagem artística (pintura)

Quadro “Antropofagia”, de Tarsila do Amaral(figura11)

3
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e A TV tem o poder de reunir os vizinhos e amigos para
18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, assistir o futebol e, principalmente, para acompanhar as
contou com a participação de escritores, artistas plásticos, novelas. Saiba que a teledramaturgia surgiu no Brasil na
arquitetos e músicos. década de 1950 e hoje é o produto televisivo mais popular
do país.
4) Linguagem musical.” A telenovela explorar em seus enredos, temas de fácil
“Nossa! Viajei com essa canção!”; aceitação como histórias de amor e conflitos familiares e
“Toda vez que escuto essa música recordo...” sociais.
Com os recursos dos sistemas de Comunicação é pos- E adquirem forte caráter mercadológico (Merchandi-
sível acessar a rede e ouvir uma determinada canção. sing) pela empatia que se estabelece entre o público e as
Observe a letra selecionada. personagens. Sabe como isso ocorre?
Veja, nas telenovelas são introduzidos anúncios de
produtos, marcas de carro, perfume... seja, durante as ce-
nas, como também nas vinhetas de abertura.
Outra forma de merchandising é a veiculação de men-
sagens de caráter educativo, de prevenção de doenças,
combate ao consumo de drogas...
Quer um exemplo?
Na telenovela “O Rei do Gado” em 1997, transmitida
pela Rede Globo, em vários momentos foi ressaltada a ne-
cessidade de os produtores vacinar o gado contra a febre
aftosa.
Então, que tal conferir essas informações no próximo
programa televisivo que tiver assistindo?
Que tal? Visitar nos sites de pesquisa na internet a his-
tória da televisão brasileira?
Sugestão: www. Google.com.br
E, para terminar...
Você sabe quando foi ao ar o primeiro programa de
televisão brasileira?
Essa revolução tecnológica aconteceu em 18 de se-
tembro de 1950, quando em São Paulo foi ao ar o primei-
ro programa da televisão brasileira. O Brasil seria, então, o
quarto país do mundo a ter televisão.

6) As mídias
As pessoas estão conectadas e a conectividade se dá
quando duas ou mais pessoas se aproximam interagem,
conversas ou colaboram. Com o auxílio dos telégrafos, rá-
dios, telefones ou das redes digitais de comunicação, essas
pessoas podem estar em lugares diferentes, distantes.

Mesmo para os que não conhecem ou nunca ouviram


essa canção é possível projetar em nossas mentes as ima-
gens cantadas nesses versos. Isso porque a linguagem mu-
sical favorece uma experiência inusitada, ou seja, ela nos
transporta do nosso cotidiano.
Que tal ouvir essa canção?
Se você tiver acesso ao computador visite o site: http://
letras.terra.com.br/guilherme-arantes/46315/

5)Linguagem televisiva (teledramaturgia)


Com programações variadas, mesmo em locais em re-
giões brasileira nos quais não há energia elétrica é possível
encontrarmos a televisão (movida à bateria).

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Assim sendo, por meio do que é transmitido pela tele- Ou seja, a partir da constatação de que os modernos
visão ou acessado pelo computador, as pessoas se “comu- meios de comunicação, especialmente a Internet, geram
nicam”, adquirem informações e transformam seus com- para o cidadão um diferencial no aprendizado e na inserção
portamentos (algumas se tornam “teledependentes” ou ao mercado de trabalho há cada vez mais, o reconhecimen-
“webdependentes” ...), ou seja, não conseguem sair de casa to e o empenho (educacional) de encontrar soluções para
antes de ligar a televisão ou rádio ou acessar a internet garantir tal acesso. Visto que, muitos não têm condições de
para saber as previsões do tempo para o dia. adquirir equipamentos e serviços para gerar este acesso.
Nesse sentido, é importante, caro aluno, que você Surge então, a necessidade de uma nova linha de edu-
compreenda que as novas Tecnologias da Informação e da cação que considere a alfabetização digital como o principal
Comunicação, sigla TCI, articulam várias formas eletrônicas caminho para inclusão social, pois uma pessoa alfabetizada
de armazenamento, tratamento e difusão da informação. no universo digital deverá ter condições de selecionar infor-
Elas evoluem constantemente e, com muita rapidez em to- mações na web, processar os dados, adquirir conhecimento
dos os instantes são criados novos produtos (telefones ce- e transmitir esses dados, fazendo uso, sobretudo no mundo
lulares, fax, softwares, vídeos, computador multimídia, in- do trabalho.
ternet, televisão interativa, realidade virtual, videogames...) Todavia, a realidade social vivenciada nas distintas re-
diferenciados e sofisticados. Consequentemente, na era da giões do Brasil nos revela que existem vários Brasis, ou seja,
informação, comportamentos, práticas, informações e sa- muito próximo a nós, convivemos com as construções em
beres se alteram com extrema velocidade. alvenarias e os casebres em madeiras. Nesses lugares há
Dentro deste contexto, considera-se que a inclusão di- famílias que estão batalhando por melhores condições de
gital é necessária a fim de possibilitar a toda a população, vida, de saneamento básico e por acesso à educação.
por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços presta- Portanto, a falta de recursos mínimos à sobrevivência,
dos via Internet. bem como, a falta de educação escolar, entre outros itens
básicos como assistência médica e jurídica tem proporcio-
INCLUSÃO DIGITAL? nado uma sociedade de desiguais.
Estima-se que aproximadamente 80% da população
brasileira encontram-se excluída do usufruto das tecnolo-
gias da era digital. Basta nos perguntarmos: Quantos bra-
sileiros possuem computador pessoal em suas residências?
Quantos possuem linha telefônica?
Portanto, a desigualdade sócio-econômica desencadeia
a exclusão digital. Daí a necessidade que a inclusão digital
seja fruto de uma Política Pública, ou seja, fruto de ações
que promovam a inclusão e equiparação de oportunidades
a todos os cidadãos. Sobretudo, considerando a população
com baixa escolaridade, baixa renda, limitações físicas..., fa-
z-se necessário uma ação prioritária voltada às crianças e
jovens, pois constituem a próxima geração.

Inclusão digital e processo de educação


Figura 12 As escolas e universidades constituem componentes
essenciais à inclusão digital uma vez que diversos protago-
“... Levar os alunos ao laboratório de informática
nistas (professores, alunos, especialistas membros da comu-
da escola?
nidade) atuam em conjunto para o processo de construção
Talvez não seja uma boa ideia...
de conhecimento.
E se eles quebrarem?”
É também necessário que a inclusão digital esteja in-
tegrada aos conteúdos curriculares e isto requer um rede-
Estamos vivendo a ampliação das possibilidades de co-
senho do projeto pedagógico e grade curricular atuais de
municação e informação, por meio de equipamentos como
ensino fundamental e médio.
o telefone, a televisão e o computador. Porém, levando em
Ações de inclusão digital devem estimular parcerias en-
conta as diferenças sociais, quando nos referimos à inclu-
são digital produzimos, paralelamente, um universo de ex- tre governos (nas esferas federal, estadual e municipal), em-
cluídos dessas tecnologias de comunicação e informação. presas privadas, Organizações não Governamentais (ONGs),
Querido(a) aluno(a) o que vem a ser Inclusão Digital? escolas e universidades. Governos e empresas privadas de-
E como falar em inclusão digital quando muitos não têm vem atuar prioritariamente na melhoria de renda, suporte
energia elétrica nem água canalizada? à educação bem como tornar disponíveis equipamentos à
Essas questões são importantes. Então vamos discuti população.
-las passo a passo. Inicialmente, a inclusão digital tem por É ainda necessário o desenvolvimento de redes públicas
intuito gerar oportunidade de acesso na informação digital. que possibilitem a oferta de meios de produção e difusão
de conhecimento.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Os indivíduos, que por condições de insuficiência de De acordo com o mapa, deverá usar guarda-chuva
renda, não têm como dispor de computador e linha tele- (A) apenas Paulo.
fônica em casa, poderiam ter a exclusão atenuada, caso (B) Paulo e Ana.
tenham acesso através de empresas, escolas ou centro de (C) apenas Carlos.
cidadãos. Esses recursos destinados prioritariamente àque- (D) Carlos e Ana.
les que não têm acesso em suas residências. Vale ressaltar
que este tipo de solução tem natureza paliativa, ou seja, ATIVIDADE 2:
não resolvem de imediato o problema. Adicionalmente, Quero me casar
poderíamos ainda considerar o uso do software livre em Na noite na rua
computadores o qual seria sem qualquer custo. No mar ou no céu
Entretanto, deve-se considerar a facilidade de opera- Quero me casar.
ção, suporte e manutenção existentes. Ademais, há ainda Procuro uma noiva
busca pelo sistema de telefonia fixa que pode e precisa ser Loura morena
expandido a fim de prover a população com esse serviço Preta ou azul
básico além de permitir que ela tenha acesso a Internet. Uma noiva verde
O Brasil tem condições de superar esse atraso. Todavia, Uma noiva no ar
para que isso de fato ocorra, é preciso começar a fazê-lo Como um passarinho.
hoje, ou melhor, ontem. Do contrário, as gerações seguin- Depressa, que o amor
tes continuarão com elevado índice de excluídos da era Não pode esperar!
digital. Carlos Drummond de Andrade
A inclusão digital tem um tripé que compreende: aces- Pelas suas características, esse texto é
so à educação, renda e tecnologia da informação e comu- (A) uma propaganda.
nicação (TCI). A ausência de qualquer um desses pilares (B) um poema.
significa deixar quase 90% da população brasileira perma- (C) um anúncio.
(D) uma notícia.
necendo na condição de analfabetos digitais.
Continue pensando sobre isso, pois atualmente a co-
ATIVIDADE 3:
municação virtual (por intermédio do computador...) está
presente em todas as atividades, desde a necessidade de
agendar uma consulta médica até mesmo em opinar sobre
as programações televisivas (esportes, novelas e notícias).

AGORA É A SUA VEZ!


ATIVIDADE 1: Paulo mora em Natal, Ana, em Fortale-
za, Carlos, em Teresina. Antes de sair de casa, essas pessoas
resolveram consultar o mapa meteorológico abaixo, publi-
cado em um jornal diário, para saber se deveriam ou não
levar um guarda-chuva.

O logotipo acima é da rede hoteleira Sun Hill, na Tai-


lândia. Ele trabalha formas que sugerem elementos da
paisagem ______________. Os traços dessas formas e os
das letras são ________________, evocando a imagem do
(a)_______________.

Qual a alternativa que completa as lacunas ?


(A) campestre, arredondados, lua.
(B) marítima, irregulares, mar.
(C) campestre, irregulares, vegetação.
(D) marítima, arredondados, sol.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 4: PRA FIM DE PAPO!


Leia Caro Aluno

dia nublado Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
e no peito do sabiá • Reconhecer as linguagens como elementos integra-
sol do meio-dia dores dos sistemas de comunicação.
(RUIZ, Alice in Revista Entrelivros, setembro/05) • Identificar os diferentes recursos das linguagens, uti-
Haikai é uma forma de poesia vinda do Japão. Em ri- lizados em diferentes sistemas de comunicação e informa-
gor, compõe-se de dezessete sílabas, distribuídas em três ção.
versos, e não possui título. No haikai de Alice Ruiz, duas • Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos
palavras possuem sentidos contrários. São elas: sistemas de comunicação e informação para explicar pro-
(A) dia e peito. blemas sociais e do mundo do trabalho.
(B) sol e sabiá. • Relacionar informações sobre os sistemas de comuni-
(C) nublado e sol. cação e informação, considerando sua função social.
(D) sabiá e meio-dia. • Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que
se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e
ATIVIDADE 5 informação.
Responda à pergunta abaixo, em seguida, utilize
uma modalidade de linguagem para expressar sua res- Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
posta: um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
Você acredita que os avanços tecnológicos e os vários
tipos de comunicação estão interligados? Faça uso de um
dos tipos de linguagem reforçando seu posicionamento à
pergunta anterior.
Portanto, você poderá usar os recursos da linguagem
escrita, corporal, musical... entre outros.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas

ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra B

ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra B

ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra D

ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra C

ATIVIDADE 5
Pessoal

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 2 c) Que tal consultar o dicionário para tirar a dúvida?


d) No formato da mensagem é possível perceber a
CONECTADOS(AS) A OUTRAS LÍNGUAS intenção do emissor?
E “OUTRAS CULTURAS”
Alguns cuidados são importantíssimos.
CONHECER E USAR LÍNGUA(S) ESTRANGEIRA(S) MO- Não se prenda às palavras que você não conhece.
DERNA(S) COMO INSTRUMENTO DE ACESSO A INFORMA- Leia o texto até o fim. Não se precipite! Evite traduzir
ÇÕES E A OUTRAS CULTURAS E GRUPOS SOCIAIS. na íntegra.
Lembre-se dos “falsos amigos”.
Sônia Querino Santos e Santos Palavras escritas de forma semelhante, porém com sig-
nificados totalmente diferentes.
Caro aluno (a)
VAMOS PRATICAR:
Convido você a ler um trecho de uma conversa entre Veja o anúncio:
uma idosa de 58 anos e uma professora
CNN está presente en los campeonatos de fútbol
de la región y del resto del mundo y ofrece
una cobertura oportuna y detallada de otros
deportes como el boxeo, el automovilismo, el
baloncesto, el golf y el tenis.

De acordo com as orientações acima responda: qual o


tema abordado no anúncio?
a) Trata-se de uma mensagem sobre culinária
b) O trecho está chamando atenção para a mudança
de estação
c) A partir dos vocábulos percebe-se que o assunto é
sobre esportes
Se você, embora desconhecendo a língua espanhola,
fez uma leitura atenta deve ter percebido alguns vocábu-
los, inclusive em inglês, através dos quais conseguimos
identificar o assunto tratado. Portanto a alternativa correta
é a letra c. Parabéns!
“... os tempos mudaram professora, antigamente se Vamos à outra notícia. Dessa vez um recorte de Jornal.
podia trabalhar nas casas das patroas, agora... a gente não
sabe mexer nos microondas, DVD.... Dá até medo! A gen-
te não sabe falar direito, imagine ler aqueles livrinhos que Monday, April 27, 2009
vem na caixa junto aos aparelhos? Não dá não! Tá tudo
em inglês e a gente não compreende nada. Sabe? Outro Job Seeker News & Advice
dia, minha vizinha passou a maior vergonha. Nós tava en-
trando numa loja e na porta tava escrito PUSH então ela
puxava porta e.. nada, a porta não abria. Até que veio um
jovem e nos ensinou a empurrar pra dentro. Pois aquela
palavra PUSH não é pra puxar não e pra empurrar. Mas...
tava escrito PUSH. Tá vendo, agora até pra ser doméstica
a gente tem que estudar a língua dos estrangeiros...”No
recorte descrito acima, Dona Aparecida nos chama atenção
para a importância em conhecer a língua dos estrangeiros.
E então o que você pensa sobre isso?

Algumas dicas poderão auxiliar você na leitura de


um texto em outras línguas. Vamos ver?
a) A linguagem usada no texto está acompanhada
por signos lingüísticos (imagens)? Então faça uma leitura
atenta desses sinais. Ou seja, essa imagem se refere a que?
b) E o título ou subtítulo? Leia-o com atenção. Qual o
assunto?

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Career Information

An effective job search requires much more than sending out resumes.

O tema desse anúncio enfoca:


a) Informações sobre novos modelos de telefonia
b) A mulher liga para pedir informações na escola
c) Informações sobre emprego/trabalho
Certamente você conhece o vocábulo “job” isso favoreceu para você optar pela letra c. Parabéns!
E o restante da frase, você conseguiu traduzir?
O que fez você descartar as outras alternativas (a e b)?
Leia com atenção a tabela abaixo:

Português Espanhol Italiano Inglês

1 / 2 taza (té) de aceite 1 / 2 cup (tea) oil


1/2 xícara (chá) de
óleo 1 / 2 tazza (da tè) di olio
3 zanahorias medianas 3 medium carrots grated
3 cenouras médias 3 carote medie grattugiato
ralladas
raladas 4 uova
4 huevos 4 eggs
4 ovos 2 tazze (tè) di zucchero
2 tazas (té) de azúcar 2 cups (tea) sugar
2 xícaras (chá) de
açúcar 2 1 / 2 tazze (tè) di farina di
2 1 / 2 tazas (té) de harina 2 1 / 2 cups (tea) of wheat
2 1/2 xícaras (chá) de frumento
de trigo flour
farinha de trigo 1 cucchiaio (zuppa) di lie-
1 cucharada (sopa) de le- 1 spoon (soup) of baking
1 colher (sopa) de vito in polvere copertura
vadura en polvo de cober- powder coverage
fermento em pó Co- 1 cucchiaio (zuppa) di bur-
tura
bertura ro
1 cucharada (sopa) de 1 spoon (soup) of butter
1 colher (sopa) de 3 cucchiai (minestra) di
mantequilla
manteiga cioccolato in polvere o
3 cucharadas (sopa) de 3 spoons (soup) with choc-
3 colheres (sopa) de Nescau
chocolate en polvo o Nes- olate powder or Nescau
chocolate em pó ou 1 tazza (da tè) di zucchero
cau 1 cup (tea) sugar
Nescau
1 taza (té) de azúcar
1 xícara (chá) de açú-
car Se si desidera una siepe
Se desejar uma co- molinha mettere 5 cucchiai
If you want a hedge mo-
bertura molinha co- di latte
Si desea una cobertura linha put 5 tablespoons of
loque 5 colheres de
molinha poner 5 cuchara- milk
leite
das de leche

Embora descrita em outras línguas (espanhol, italiano e inglês) acreditamos que você não desistiu de observar as di-
ferenças na escrita, Não é mesmo?
Você percebeu que sempre há um termo ou outro que já vimos escritos por aí? Isso acontece porque fazemos parte de
uma sociedade que é fortemente marcada pela escrita. Portanto, não desista de ler mesmo quando parecer não entender
nada, pois se perseverar na leitura, você encontrará uma pista para compreender o que está lendo.
Nesse sentido, chamamos sua atenção para o seguinte: o conhecimento de outras línguas nos levará a conhecer outras
culturas, outros modos de ver a vida. Ouvir músicas em Espanhol e em Inglês, por exemplo, poderá ser uma boa dica!
Porém, deveremos permanecer atentos para o significado das palavras, lembre-se da situação descrita por dona
Aparecida no começo desse diálogo: “a dificuldade de entender que PUSH tem outro significado”. Pois, os “falsos ami-
gos” são aquelas palavras que por sua semelhança ortográfica e ou fonética parecem, à primeira vista, fácil de serem
entendidas, traduzidas ou interpretadas, mas que podem... nos conduzir a situações embaraçosas. Vamos conhecer
algumas em Espanhol?

cola: rabo ; polvo: pó; saco: paletó; um rato: um momento; vaso: copo; zurdo: canhoto; borracha: bêbada;

Embarazada: grávida.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Como você pode conferir, estar “EMBARAÇADA” na 1. ( ) Marta pede desculpas por estar há vinte minu-
língua espanhola exige planejamento e outras responsa- tos atrasada
bilidades. 2. ( ) A recepcionista diz que o senhor Obama aca-
Acompanhe a história escrita em español: bou de sair
...Todos los años Bernardo iba solo a España a trabajo, 3. ( ) A recepcionista pergunta se Marta está vindo
pero de aquella vez resolvió que llevaría a su família. Esta- pelo anúncio
ban todos encantados con lãs calles y plazas pero cuando 4. ( ) Marta pede desculpas por estar há doze minu-
pasaban por uma pastelería los niños pidieron que comprara tos atrasada
golosinas. Rosa, su mamá dijo: Não, esses doces são esquisi-
tos! Olhem a placa: “Exquisitos dulces”... Se você retornou ao diálogo e realizou uma leitura
Pois é, as crianças (niños) deixaram de saborear as gu- “sem medo” com certeza percebeu que somente as afir-
loseimas, pois seus pais não sabiam que a palavra Exquisi- mativas 1 e 3 estão corretas. Interessante também perce-
tos é na verdade um falso amigo, ou seja, possui significado ber que numa situação como essa o conhecimento dos
bem diferente na língua espanhola. Exquisitos em Espanhol números em inglês foi decisivo para você excluir a alter-
significa: saborosos, ricos, gostosos. nativa 4.
Mas... você já percebeu que utilizamos várias palavras Marta é uma jovem que está tentando um novo em-
em nosso cotidiano que são originárias de outros idiomas? prego. Ela viu no jornal do metrô o anúncio para vaga
Por exemplo: jeans, hot-dog, diet, shorts… battom, sutiã…E de secretaria e, como vimos acima, já chegou ao local da
na informática? On line; internet; backup; e-mail; sites… entrevista. Portanto, vamos acompanhar o encontro dela
com o chefe Mr. OBAMA.
Vamos exercitar? The boss: All right, Mrs. Jackson. Did you bring your
Portanto, relacione as palavras às frases seguintes: curriculum with you?
a) BREAKFAST; Marta: Sure! Just a moment...
b) FOOT; The boss: Hum!... Tell me about your job experience.
c) TIME; Marta: Well, at the moment I´m not working.
d) BUSY The boss: Oh I see! Did you take any courses related
( ) Você raramente chega na hora to your profession?
Marta: Of course, I did. I thing I brought it…
( ) Ela nunca vai para casa a pé
The boss: Ah, very good! Can you show us your abili-
( ) Ele está frequentemente ocupado
ties to deal with computers?
( ) Eu sempre tomo um grande café da manhã
Você conseguiu identificar facilmente as frases corres-
De acordo com o trecho da entrevista é correto afir-
pondentes? Provavelmente, a partir do seu conhecimen-
mar que:
to dos vocábulos (foot e time) não tenha sido difícil você
1. ( ) Marta, embora esteja empregada, está procuran-
encontrar a sequência das frases. Compare no final desse
do um novo emprego para ampliar sua experiência.
capítulo a seqüência equivalente. Lembremos que estamos
Comentário: no diálogo aparece a frase “I´m not Wor-
no país do futebol (SOCCER) e, no corre-corre da vida, não king”. Portanto, essa afirmativa é falsa.
podemos perder tempo (TIME). 2. ( ) Durante a entrevista o chefe está com o curri-
O conhecimento de outra língua nos ajuda também no culum da Marta em mãos, pois ela já havia enviado por
mercado de trabalho. Quando saímos para procurar em- e-mail.
prego (JOB) se sabemos um pouco de inglês já somos vis- Comentário: A leitura atenta da frase “... your curricu-
tos com outros olhos (EYES). lum with you” justifica que essa afirmativa dois não seja
correta
Acompanhe o diálogo a seguir. 3. ( ) O chefe pergunta se ela fez cursos relacionados
Receptionist: Can I help you? Mrs… à profissão.
Marta: Jackson. Marta Jackson. Comentário: Relendo a frase: “Did you take any cour-
Receptionist: Are you coming for the announcement? ses related to your profession?” Afirmamos que a alterna-
Marta: That´s it! Oh, sorry, yes, madam. I apologize for tiva 3 está correta.
being late. Twenty minutes.
Receptionist: Ok. Let me see if Mr. Obama will see you, É importante destacar a importância em consultar um
just a moment! dicionário. Por meio desse, você pouco a pouco irá am-
Marta: Thank you ! pliando seu vocabulário. Portanto, consulte um dicionário
Receptionist: Mrs. Jackson, you may come in. bilíngüe, ou seja, português-inglês. Ao manusear o dicio-
Marta: Thank you. nário na busca do significado de uma palavra, você amplia
Imagino que você já tenha sido “apresentado” às pala- a busca de seu conhecimento e, consequentemente, o seu
vras (help you; sorry; minutes; moment; thank you) isso aju- saber.
da você na compreensão do texto apresentado em forma A motivação para a pesquisa brota exatamente des-
de diálogo. Então, marque com um X as alternativas que se sa prática habitual da curiosidade, ou seja, diante de uma
referem à situação descrita acima. “palavra nova”, não hesite em procurar seu significado.

10
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

As pessoas destemidas e desejosas em aprender não duvidam da importância de perguntar o significado e fazer uso
de sites de pesquisas, dicionários e, até mesmo, provocar um “diálogo interessado” com o grupo de amigos.
Portanto, como falantes da língua portuguesa e consciente da importância das línguas estrangeiras modernas, sempre
que possível consulte um dicionário, tire sua dúvida e amplie seu vocabulário.
Apresento a seguir um texto em Inglês que tem por objetivo mostrar a você que é possível fazer a leitura e compreen-
são de um texto em língua estrangeira, mesmo que não tenha um nível avançado de conhecimento da referida língua.
Para a compreensão do texto, você deverá aplicar as técnicas de leitura: Skimming; Scanning; Inferência; Prediction.
O que significa cada uma delas?
Não se preocupe, acompanhe a descrição abaixo:
☼ Skimming – Leitura rápida de um texto para se obter uma impressão global do assunto. Assim, é possível observar
informações visuais do texto como título, subtítulo, distribuição gráfica do texto, figuras, tabelas, entre outros.
É importante ficar atento aos detalhes.
☼Scanning – É importante ler as questões sobre o texto antes mesmo de ler o texto todo, visto que algumas respostas
podem estar contidas em informações nas próprias perguntas.
Essa técnica é também uma leitura rápida que permite encontrar informações específicas, sem recorrer à leitura linear
do texto, por isso, detalhes como citações em parênteses, grifadas e/ou em negrito, em letras maiúsculas, informações de
número ou uma palavra-chave também devem chamar a atenção do leitor.
Através dessa técnica, a interpretação e a compreensão do texto ficam mais fáceis. Orienta-se fazer a leitura das ques-
tões sobre o texto antes de aplicar as técnicas, assim se tornará mais fácil selecionar as informações necessárias para a
resolução dos exercícios.
Inferência - o objetivo aqui é deduzir o significado de uma palavra através do contexto (palavras vizinhas) e assim não
recorrer de imediato ao dicionário. Lemos aqui o que não está escrito de forma “clara” no texto.
Por isso, as palavras do texto, contexto e conhecimentos prévios do leitor devem ser considerados. Ah! Um exemplo de
inferência são as piadas, pois rimos exatamente daquilo que não está diretamente escrito no texto.
Prediction – Nesta estratégia de leitura, o leitor faz uso principalmente do seu conhecimento próprio, através de sua ex-
periência de vida, e também, através de informação lingüística e contextual. Cada palavra não pode ser lida de forma isolada.

Convite à leitura: TEXTO “TOO MUCH TV”


1. If a 4-year-old boy or girl watches a lot of television every day, he or she can become a bully in grade school. We
added bullying to the list of potential negative consequences of television in excess. Other negative consequences are:
obesity, inattention, and other types of aggression, the investigators write.
2. They noticed that toddlers who watch more TV than normal have 25% more chances to be called a bully by their
mother. The team of investigators looked at three potential causes of bullying: parental emotional support (spanking, family
mealtime, parent-child communication); early stimulation activities (recreational time, reading time, playtime); and the total
of TV watching, based on parental information.
Previous research demonstrates that these three factors participate in the development of bullies.
3. However, the risk of bullying can be prevented. The study discovered that 4-year-old kids who receive emotional
support since they are babies and have a stimulating home environment have a lower probability to turn into grade-school
bullies.
4. Specialists say that bullying may occur because of a lack of stimulation and emotional support at home. They say,
however, that some things can be done to potentially prevent this type of aggressive behavior.
(Adapted from an article by Frederick, J. Archives of Pediatrics and adolescent Medicine, april 2005; vol. 159)
Site visitado:<http://www.expoente.com.br/super_aulas/2008/PDF/INGLES.pdf>

Para verificar a compreensão do texto poderia ser solicitado indicar se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira (V)
ou falsa (F). E, na mesma questão poderia ser pedido para indicar o parágrafo no qual você obteve a resposta.
Numa atividade como essa o nível de atenção é fundamental.

Parágrafo
Afirmações V F
1 2 3 4

a. As crianças que assistem muita TV desenvolvem comportamentos


X X
agressivos quando atingem a idade escolar
b. O ambiente familiar influencia, além da TV, para o desenvolvimento da
X X
criança “bully”
c. apoio emocional dos pais e atividade de estimulação precoces são con-
X X
sequências positivas em um ambiente onde a criança assiste muita TV.

11
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Caro aluno os exemplos anteriores querem fazer você entender que aprender uma segunda língua é uma forma de
conhecer outra cultura, bem como, uma forma de entender melhor o contexto que vivemos no mundo atualmente.
Lembre-se que uma das principais características do ser humano é a linguagem, pois é através da linguagem que o ser
humano constrói seus vínculos sociais e adquire conhecimento do mundo e da realidade de sua época.
Contudo, nossa relação com o idioma não é algo passivo. Isso se torna evidente, principalmente no Brasil. Pois, nas
várias regiões brasileiras perceberemos a riqueza da língua materna (português) com suas variantes regionais.
Então, a partir do conhecimento da língua materna (no nosso caso, a língua Portuguesa) é mais fácil compreender outro
idioma. Embora, haja palavras sem equivalência na língua portuguesa, mas que foram incorporadas ao nosso cotidiano.
Exemplos: abajur, do francês e sem equivalente em português e, outras palavras do inglês, como show, rock, hamburger,
jeans, shampoo, Microsoft, Word, Internet, yogurt, shorts.
Por ser um país com grande diversidade cultural, é compreensível que o Brasil sofra influências tanto em seu idioma,
quanto em seus costumes (dança, vestuários, culinária...).
Afinal a Língua Portuguesa está repleta de palavras derivadas de outros idiomas e de hábitos, por exemplo: “capoeira”,
“mungunzá”, “Axé”, “mandingas” trazida pelos escravos africanos; ou dos nomes de pratos culinários como o “omelete”,
que deriva do francês.
Como estamos nos referindo à nossa língua materna (Português) você poderia se perguntar: Em quais lugares é falada
a Língua Portuguesa?
O Português é a Lingua Oficial em oito países de quatro continentes, a saber: Angola; Brasil; Cabo Verde; Guiné Bissau;
Moçambique; Portugal ; São Tomé e Príncipe; Timor Leste.

Figuras extraídas do site: http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_3.php

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

No Brasil, antes da colonização portuguesa, a língua falada era o Tupi-Guarani. Porém, ainda hoje você pode encontrar
pequenos grupos que se comunicam utilizando as línguas de origens africanas (bantus e nagôs) e mesmo as línguas indí-
genas. Me refiro por exemplo aos grupos remanescentes de quilombo e grupos indígenas.
Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha),
bem como nomes próprios e geográficos. Portanto, a língua é dinâmica e continua sofrendo influência de outras línguas,
principalmente da língua inglesa.

Observe que facilmente reproduzimos frases como: “... vou deletar isso da minha cabeça”; “...não dê importância a isso,
ou melhor, minimize isso...”; nas quais se utiliza termos em inglês relacionados à linguagem da informática. Veja a tabela

Ferramenta destinada a evitar (ou minimizar) o recebimento de mensagens não solicitadas


Anti-spam
num serviço de correio eletrônico
Backup Cópia de segurança (de dados e/ ou programas) para outra mídia removível (cd, pendrive)

Banner Termo que significa “faixa” e designa propagandas veiculadas na web

Browser Programa navegador, software responsável pela visualização das páginas na internet
O termo equivale à convergência de todos os meios de comunicação: áudio, vídeo, telefo-
Ciberespaço
ne, televisão...
Clip-art Coleções de desenhos (ilustrações) para utilização em documentos digitais ou impressos

Combo Leitor de DVDs que também funciona como gravador de CDs


Chamamos de compactador o programa capaz de reduzir o tamanho dos arquivos para fins
Compactação
de armazenamento
Cursor O termo designa o ponteiro (“setinha”) do mouse

Desktop Termo que designa a área de trabalho do Windows

Download O ato de “baixar” um arquivo para o computador

Hardware Parte do computador que podem ser trocadas (gabinete, placa-mãe, monitor...)
Loja que aluga máquinas interligadas em redes para acesso à internet e outras utilizações
Lan House
semelhantes
On-line Significa que o computador está conectado à internet

Off-line Significa que não há nenhuma conexão à rede de internet

Username Nome ou apelido mediante o qual um usuário se “loga” e através do qual é identificado

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

É preciso se familiarizar com essas linguagens!


Como você sabe o desenvolvimento das tecnologias implementou uma série de serviços de comunicação via internet. A pa-
lavra “internet” vem de uma redução do inglês (INTERNETWORK), que traduzindo para nossa língua significa “ligação ou trabalho
em redes”. De modo geral as pessoas que estão conectadas podem trocar arquivos, dados e mensagens que são partilhadas por
meio de links (ligações) que se realizam através dos e-mails, blogs...
Nos blogs os internautas relatam os acontecimentos do dia-a-dia. BLOG é um livro digital, também compreendido como
diário de bordo. Visite alguns blogs e registre sua opinião sobre assuntos variados.
Já nos sites palavra originária do inglês que significa “local da internet” encontramos os hipertextos, normalmente acessados
com a sigla WWW (WORLD WIDE WEB) que significa “rede de alcance mundial.”.
Os hipertextos são textos-base que apresentam vínculo com outros textos. E o elemento que faz a ligação entre os hipertex-
tos são os links palavra também originária do inglês cujo significado é “elo” ou “ligação”.

O e-mail é um dos serviços disponíveis na internet. São constituídos de um login (usuário ou conta) acompanhada com o
símbolo “@” que vem do inglês at , que pode ser traduzido como “em determinado lugar”.
Já os sites são acompanhados do provedor: ig. hotmail, uol, terra... acompanhado por um tipo de domínio que pode ser
comercial (.com), educacional (.edu), governamental (.gov).
Provedor é o intermediário entre o nosso computador e a internet. Quando acessamos a internet, estamos na verdade aces-
sando um provedor que nos conecta com a internet. Ele funciona como as antigas telefonistas, para quem nossos avós tinham
que pedir para completar a ligação.
Domínio é o nome de uma área reservada num servidor Internet que indica o endereço de um website.
Recapitulando: todo endereço de site inicia-se com WWW.
Acompanhado do provedor e do domínio: http://www.terra.com.br
E os endereços de e-mails trazem o símbolo @ [arroba]
Nessa interação não podemos deixar do ORKUT que é um dos locais virtuais de relacionamentos disponibilizados na internet.
Através desse site novos amigos são adicionados, podemos ver os álbuns de fotos, enviar e receber recados (scraps), depoi-
mentos... além de criarem comunidades ou se afiliarem para um debate de ideias chamados fóruns de discussão.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, faça uso dos recursos tecnológicos da rede e tenha acesso a um universo “sem fronteira”, bem como, a con-
teúdos formativos nas bibliotecas virtuais e sites interativos como youtube e outros.
Nos dias atuais o uso e acesso aos meios de comunicação e informação têm favorecido o encontro entre pessoas e
ampliado nosso conhecimento cultural. Além disso, o conhecimento das línguas estrangeiras modernas (LEM) facilita a
utilização dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, cujos comandos e manuais são apresentados em vários idiomas.
Nesse sentido, permanece o desafio. Pois, não é suficiente compreender a funcionalidade dos comandos (play e stop)
frequentemente utilizados em nossos eletroeletrônicos. É necessário aprofundar o conhecimento de uma segunda língua
(espanhol, inglês, francês, alemão...) também chamada língua meta, sem desprezar a língua materna, que em nosso caso,
é a língua portuguesa.
Acredite que o conhecimento, sobretudo em nível do domínio da escrita, quer dizer, aprender a escrever de acordo
com as normas gramaticais, abrirá portas e contribuirá para a aquisição de uma segunda língua.
Vale à pena destacar que os negros africanos possuem um vasto conhecimento das línguas estrangeiras. Sabe por quê?
Considerando que as famílias são constituídas por tribos diferenciadas, às vezes, a mãe é oriunda de uma nação africa-
na que se comunica entre si com uma língua africana e o pai, igualmente é oriundo de outro grupo social, que por sua vez,
se comunica entre si, por meio de outro idioma.
A essa altura você poderá se perguntar: “qual a língua utilizada para uniformizar a comunicação?”
Essa pergunta é importante e pertinente, pois a língua “oficial” adotada para as relações comerciais e/ou contato/ diá-
logo “fora” de casa, dependerá do país colonizador (Bélgica, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos...).
Portanto, os negros africanos dominam no mínimo quatro idiomas. Quando pequenos eles aprendem em casa duas
línguas africanas, ou seja, a língua da mãe e a língua do pai.
Pois, o diálogo com a mãe acontece na língua materna da mãe e, o diálogo com o pai, ocorre na língua oriunda da
tribo do pai.
Contudo, quando a criança africana é alfabetizada, o processo de ensino aprendizagem acontece na língua local, ou
seja, língua falada pelos moradores daquela região. Porém, ao atingir a etapa da formação secundária (ensino médio) eles
aprendem e “adotam” a língua oficial do colonizador.
Nota-se, nesse breve recorte apresentado, que a criança de origem africana crescerá falando fluentemente (sem di-
ficuldade de compreensão para a escrita e para a fala) os idiomas relacionados à sua infância, adolescência e fase adulta.
Se pensarmos o universo cultural dos povos indígenas, iremos perceber um fenômeno bem semelhante. Pois, os in-
dígenas, também chamados “povos aborígenes” são oriundos de povos com códigos lingüísticos diferenciados e, com o
processo de colonização, eles “adotaram” a língua do colonizador.
Saliento mais uma vez, a partir dessa breve explanação sobre os negros africanos e os indígenas, a necessidade em
aprender uma segunda língua. E, ao destacar os idiomas (espanhol, inglês, francês...) estamos focalizando para as relações
comerciais, porém sem desprezar a importância em conhecer outras línguas e outras culturas.
AGORA É A SUA VEZ
Atividade 1
Retome a leitura do texto “TOO MUCH TV” trabalhado nesse capítulo e responda: O que acontece com as crianças
que assistem muita televisão:
a. Não suportam a emoção dos pais quando expostas a atividades de estimulação precoce?
b. Se tornam cruéis e violentas com crianças mais novas
c. Não vão mais a excursões ou passeios ao ar livre por não saberem se comportar
d. Batem em crianças que aprenderam a andar há pouco tempo
e. Possuem probabilidade baixa de se tornarem bullies

Atividade 2
Ainda de acordo com o texto “TOO MUCH TV”. Qual das opções abaixo NÃO foi citada no texto como consequência
do excesso de TV?
a. As crianças não aceitam o carinho e a estimulação dos pais
b. São chamadas de agressivas pelas mães
c. Se tornam obesas
d. Se tornam agressivas
e. Se tornam desatentas

Atividade 3
Assine a opção que contém uma estrutura válida para um endereço de e-mail de uma pessoa ( não jurídica) natural dos
Estados Unidos da América
a) camila@entreprise.org.br
b) camila@entreprise.eua.com
c) camila@entreprise.com.eua

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 4
People and Professions
Do you know the professions of the famous people below?
Link them and then, create simple sentences.
(1) Brazilian (a) singer ( ) ( ) Gabriel Garcia Marques
(b) scientist ( ) ( ) Madonna and Britney Spears
(2) English (c) actress
( ) ( ) David Beckham
( ) ( ) Bill Gates
(d) architect ( ) ( ) Bill and Hillary Clinton
(3) Colombian (e) writer ( ) ( ) Sophia Loren
(4) American (f) politician ( ) ( ) Oscar Niemeyer
(5) Italian (g) soccer player ( ) ( ) Stephen Hawking
(h) businessman

Example: Oscar Niemeyer is a Brazilian architect.


1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.

HORA DE CONFERIR o que aprendeu - Respostas


ATIVIDADE 1 (letra b)
ATIVIDADE 2 (letra a)
ATIVIDADE 3 (letra c)
ATIVIDADE 4 (produção de frases)
Respostas da sequência da atividade “vamos exercitar?”
A ordem das letras no sentido vertical, ou seja, de cima para baixo obedece à seguinte ordem: CBDA

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:

• Reconhecer temas de textos em LEM e inferir sentidos de vocábulos e expressões neles presentes.
• Identificar as marcas em um texto em LEM que caracterizam sua função e seu uso social, bem como seus
autores/interlocutores e suas intenções.
• Utilizar os conhecimentos básicos da LEM e de seus mecanismos como meio e ampliar as possibilidades
de acesso a informações, tecnologias e culturas.
• Identificar e relacionar informações em um texto em LEM para justificar a posição de seus autores e inter-
locutores.
• Reconhecer criticamente a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade
cultural.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 3 As rodas de capoeira é uma expressão de linguagem


corporal bem próxima a nós. Aliás, há pouco tempo foi in-
CORPO, MEMÓRIA E ENCONTROS COTI- dicada pela Secretaria de Educação para fazer parte do cur-
rículo escolar, compondo a disciplina de educação física.
DIANOS Segundo a história, a capoeira praticada inicialmente
pelos negros africanos, escravizados no Brasil, enganava os
COMPREENDER E USAR A LINGUAGEM CORPORAL
COMO RELEVANTE PARA A PRÓPRIA VIDA, INTEGRA- “donos de escravos”, pois eles acreditavam que os escravos
DORA SOCIAL E FORMADORA DA IDENTIDADE estavam dançando, quando na verdade, os africanos atra-
vés dos passos da capoeira estavam, também, treinando
Camila Mairink Zangirolymo golpes para se defenderem.
Sônia Querino Santos e Santos

Quando encontramos com alguém pela primeira vez


guardamos uma lembrança dela, que pode ser um gesto ou
algo dito em uma conversa. Mas o que realmente nos fará ter
uma lembrança boa ou ruim é a expressão corporal que essa
pessoa nos transmitiu. Esse pode ser um critério para dizer se
a pessoa é legal, falsa, inteligente, educada ou mal educada.
Você sabia que muito antes da linguagem oral, o homem
usou a leitura de gestos da linguagem corporal para interpretar
atitudes e pensamentos expressos no comportamento humano?
Sim. A fala é a nossa principal forma de comunicação, no
entanto passou a fazer parte do nosso cotidiano há apenas
alguns anos. Pois é! Está na hora de valorizarmos mais a lin-
guagem corporal na comunicação, que por sua vez poderá Outra informação que você poderá conferir nas rodas
nos dizer muitas coisas que através da linguagem verbal não de capoeira em seu bairro ou outros espaços, se refere à le-
conseguimos dizer. tra cantada nas “rodas”, você poderá perceber que elas tra-
Sabia que a linguagem corporal é muita mais importante tam de questões sociais e, algumas vezes são “ladainhas”
do que imaginamos? sobre a vida cotidiana ou se referem ao amor (perdido, en-
Com a fala podemos contar muitas coisas que foram im- contrado, desiludido...). Veja como exemplo um trecho da
portantes em nossas vidas, momentos especiais ou momen- música “Marinheiro só”:
tos tristes, podemos cantar, podemos recitar poesias, entre “... Mais eu não sou daqui eu não tenho amor, eu
outras coisas que lembraremos durante a leitura do texto. sou da Bahia de São Salvador...”
Então recapitulando: a linguagem falada é conhecida por Considerando, portanto, a grande variedade da lingua-
“linguagem verbal” e o que o corpo demonstra por suas sen- gem corporal, são os skatistas. Você sabe reconhecê-los
sações e sentimentos, chamamos de linguagem corporal. nas ruas?
Com a linguagem corporal podemos nos comunicar de vá- A primeira impressão que eles nos passam é a sensa-
rias maneiras. Entre elas através da dança, mímicas e, até mes- ção de liberdade transmitida pelo esporte. Essa “tribo” ou
mo, é possível associar a linguagem verbal e corporal juntas. “grupo” possui seu próprio estilo com músicas, roupas, gí-
Veja que a figura a seguir trata do HIP HOP que foi cria- rias e a tão famosa linguagem corporal, considerada pelos
do em 1960 como força na reação de conflitos sociais, bus- dançarinos (hip hop e os skatistas) uma forma de expressão
cando se posicionar quanto à violência sofrida pelas classes no mundo.
menos favorecidas. Essa dança é a “voz da periferia” reivindi- A forma de se vestir dos skatistas virou moda nas gran-
cando espaços. Inclusive, existe um estilo pessoal que realça des cidades, mostrando a influência do estilo, no cotidia-
o caráter criativo e a cultura negra urbana contemporânea. no das pessoas que se identificam com os grupos (tribos).
Normalmente o vestuário é composto por calça jeans su-
per larga, camiseta grande, camisa de flanela xadrez, tênis
e o inseparável boné.
Realmente, a diversidade brasileira está presente em
diversas modalidades (hip-hop, skatistas, capoeira). Vale a
pena respeitar!

17
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

E a linguagem utilizada nos meios de comunicação?

Você já notou os muitos sinais da linguagem corporal?


Ok! Vimos anteriormente sob influência da música algumas diferentes formas de expressão (hip-hop; capoeira; skatis-
tas), ou seja, a dança vinculada à música, os diferentes estilos e a moda. Então... a televisão? Isso mesmo!
A televisão é o meio de informação que talvez tenha mais influência sob nossos comportamentos e sob as nossas
vestimentas (moda). Muitas vezes, em entrevistas na TV, nossos olhos nos fazem confiar no que vemos. Principalmente,
pela “maneira” em que o entrevistado está vestido. Associada à sua postura e ao seu jeito de falar, esses elementos podem
influenciar nossa avaliação prévia, antes mesmo de identificar o conteúdo que estão transmitindo. Essa é a força da mídia
que influência nossos pontos de vistas e argumentos.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Vamos continuar avançando? Na sua cidade, em seu bairro ou quem sabe, você junto
Convido você, a aprender a decifrar alguns códigos e as com amigos já tenha participado desse tipo de linguagem,
diferenças culturais, pois sabemos o quanto são importantes chamada linguagem artística?
e o quanto influenciaram histórica e culturalmente as dife- Então, a linguagem artística, assim como as outras lin-
rentes formas de linguagem. guagens, também sofre alterações cotidianamente e, se
Com certeza você já assistiu a uma propaganda política observarmos bem, perceberemos que a arte sempre está
e já deve ter visto candidatos com expressões exageradas, relacionada com o momento em que vivemos. Através das
que não te demonstravam muita confiança. Então, neste caso linguagens artísticas percebemos os momentos marcantes
você usou a leitura da expressão corporal com o conheci- que estamos vivendo, bem como, as influências do passa-
mento que já possuía culturalmente. do em nosso cotidiano.
Aliás, na TV atores são bonitos e seus corpos esculturais. Assim sendo, por meio da linguagem verbal, visual,
Pois, sabem que precisam vender uma imagem “bonita”. Ou gestual, artística e das várias modalidades da linguagem
seja, os meios de comunicação ditam o padrão de beleza e escrita pintamos, estamos nos expressando, nos posicio-
de corpo perfeito. Você já tinha pensado nisso? nando no mundo que vivemos. Logo, essas expressões cul-
Busque em sua memória (suas lembranças) as propagan- turais e artísticas demonstram diferentes formas de expres-
das de bebida alcoólica que você assistiu na TV. Perceba os são e variam de um lugar para outro.
alertas veiculados na propaganda (diminuição de acidentes, Pense nas diferenças culturais que existem no Brasil,
bem como, a péssima combinação: jovens + consumo do ál- observe começando pelas regiões. São muitas as diversi-
cool). Esse e tantos outros exemplos confirmam para nós a dades, desde a culinária, ritmos musicais, maneiras de falar,
força de convencimento que tem os meios de comunicação. até mesmo na maneira de vestir-se.
Então afirmamos com convicção: O CORPO FALA Falando em diversidade cultural, sabe aquele GESTO
de OK que fazemos com as mãos?

Com certeza, o corpo fala! Lembra de quando éramos be-


bês? Já faz tanto tempo! Os bebês também se expressam através
do corpo, embora de maneira mais silenciosa e sem a capacidade Parece ser um gesto inocente não é mesmo? Basta fa-
de interpretar os sinais. Eles reagem ao que sente e, através da au- zer um círculo com o dedo indicador e o polegar, e esta-
dição, eles percebem o que acontece à sua volta, por isso eles po- mos expressando através desse gesto nosso consentimen-
dem se assustar ou achar engraçado determinados tipos de som. to (acordo, parceria...), como o ok em inglês.
Inclusive, pequenos sinais corporais já nos dizem quando o Pois é, mais as interpretações podem ser variadas!
bebê esta com fome, dor, insatisfeito ou sente a falta da mãe. Para os Venezuelanos (VENEZUELA) este sinal significa
Você já deve ter visto uma criança chorando bem forte para cha- uma ofensa, mas para os japoneses (JAPÃO) pode significar
mar a atenção da mãe. Nessa hora, não tem jeito, deixamos tudo dinheiro. Portanto, um “simples gesto” aceito num deter-
que estamos fazendo e damos atenção ao “pequeno chorão”. minado grupo social, sofre alteração de sentido em outras
Observe agora essa imagem. culturas e, por isso, não podem ser praticados. O mesmo
acontece com as palavras (lembra dos falsos amigos?), isto,
devido às diferenças culturais existentes nos países.
Com certeza você já escutou essas expressões popu-
lares:
* Arranque essa tristeza do peito”
* Não fique de queixo caído”
* Tire esse peso dos ombros”
* Vê se não me enche o saco”
Para compreender essas expressões precisamos ima-
ginar, ou seja, contextualizar essas situações. Aqui, com as
expressões mostradas, temos exemplos do uso da lingua-
gem verbal que se misturam a linguagem corporal. Pois se
não relacionarmos as duas formas de linguagem elas não
teriam sentido.

19
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Agora pense: Os atores do cinema mudo foram os primeiros a usar


Podemos arrancar a tristeza do peito? a linguagem corporal, cada gesto expressado correspondia
Nosso comportamento revela nossos sentimentos a uma informação sobre a emoção que estava sentindo. As
(alegrias, tristezas, dúvidas, frustrações e felicidade). Bom, expressões corporais, portanto, são ferramentas valiosas para
num só dia, são tantas as emoções... a comunicação, sempre observaremos o que o corpo tem a
• Quando encostamos a mão do lado esquerdo do pei- dizer.
to nos referimos ao coração, ou ao sentimento de afeto por Em algumas situações observamos que o corpo nos diz
alguém. alguma coisa com gestos da linguagem corporal, porém a
• Ao encostar a cabeça do lado esquerdo do peito de boca diz outra completamente diferente usando a lingua-
alguém e dar um sorriso, revelamos que confiamos na pes- gem verbal. Quando isso acontece automaticamente perce-
soa ou ainda que estamos felizes... bemos que alguma coisa está errada e logo pensamos em
•Mas, se ao invés de sorrir fizesse cara de triste, de- uma situação de mentira, ou de disfarçar o que se sente.
monstraria um coração que está triste. Nossas mãos possuem vida na comunicação, imagine tentar
O que seria “Ficar de queixo caído”, ou “Ficar de conversar com as mãos amarradas, esses movimentos que acon-
boca aberta”? tecem involuntariamente para reforçar o que está sendo pronun-
O ato de estar de boca aberta ou de queixo caído nos ciado por meio da linguagem oral, remete a expressividade, com-
remete a imaginar a algo que nos surpreende. Quando se preensão e também a emoção.
Além das diferenças históricas, culturais e sociais não po-
usa esta expressão vemos uso da linguagem corporal co-
demos nos esquecer das diferenças ambientais. Vamos ima-
nectada à linguagem verbal.
ginar um almoço na casa de um parente muito próximo
Você conseguiu identificar estas linguagens?
e querido por todos, que não possui atitudes exageradas e
Conhece outras expressões que usam a linguagem cor- diferentes das suas, nos sentimos a vontade, não nos coloca-
poral e expressões populares? mos em situação constrangedora.
O contrário nos aconteceria se fôssemos almoçar na casa
E O CINEMA MUDO? de uma pessoa desconhecida ou em um restaurante muito
elegante. Nossos gestos seriam diferentes, se nos adaptamos
a cada espaço físico, mudamos os nossos gestos, mudamos
as nossas palavras e as nossas expressões.
Alguns estudiosos afirmam que a leitura corporal é mais
acentuada no sexo feminino por possuir um nível de vaidade
maior que o dos homens. Na maioria dos casos o homem é o
receptor da linguagem corporal, ou seja, recebe a mensagem
da mulher. Sendo ela a emissora da mensagem, isso aconte-
ce em várias situações da vida social, muito mais que na vida
profissional.
Então, o ambiente determina algumas regras de com-
portamento que limitam a comunicação na linguagem cor-
poral, principalmente quando a linguagem é involuntária.
No campo profissional, tanto o homem quanto a mulher
Você se lembra ou ouviu falar do cinema mudo? devem limitar-se por que estão se adequando ao ambiente
Lembra do grande astro do cinema mudo chamado em questão.
Charlie Chaplin? Para os vendedores serem bem sucedidos no trabalho,
No cinema mudo observamos a linguagem do corpo tanto homens quanto mulheres deverão fazer o uso de uma
e à medida que vivenciamos novos acontecimentos no sé- linguagem clara e objetiva, transmitindo segurança ao cliente.
culo XXI, assistimos ao aparecimento de uma nova ciência: O próprio cliente emite sinais ao vendedor assim que chega
ao estabelecimento comercial. Você já deve estar imaginan-
a não verbal.
do quais são, pois com certeza já passou por essa situação.
O canal verbal é usado com a finalidade de fornecer in-
Você concorda que “quando conversamos com uma pes-
formações, enquanto que o canal não-verbal é usado para
soa que por meio da linguagem corporal nos transmite ca-
expressar atitudes pessoais e alguns casos como um subs- racterísticas amigáveis, calorosas com sorrisos durante uma
tituto para mensagens não verbais. conversa franca, sentimos confiança, alegria e boa vontade?”
As pessoas possuem entre si maneiras diferentes de se Continuando nossa conversa.
comportar e de se expressar, por meio de movimentos cor- Em uma partida de futebol temos clara a reação de tor-
porais ou pela fala. A postura corporal é relacionada com cedores e jogadores de um time, no momento de um gol
a segurança em si mesmo e a disposição entre as pessoas. ou quando a partida termina com um bom resultado. Exis-
Para ter credibilidade ou demonstrar sinceridade em tem torcedores que choram para expressar seu aborreci-
uma conversa é necessária uma forte ligação entre emissor mento ou se abraçam para expressar a felicidade que estão
e receptor da mensagem. sentindo. Elas se comunicam por intermédio de olhares,
Uma maneira de usar a linguagem corporal com credi- gritos, gestos ou símbolos.
bilidade é usando o olhar.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• Ao sentar-se, não deixe a pasta ou a bolsa sobre o


colo. Significa que você não está à vontade;
• Pés em direção ao entrevistador indicam que você
se interessa pela pessoa. Se eles estiverem voltados para a
porta, é a direção em que o corpo quer ir;
• Com braços cruzados no peito, você não quer mu-
dar a opinião e nem aceitar o que estão lhe falando;
• Morder a caneta e mexer no queixo mostra que a
pessoa está estimando a situação proposta;
• Mãos na frente da boca geralmente significam que
a pessoa deseja falar algo, mas não tem a oportunidade ou
Pensando em uma cultura de movimento, não pode- não sabe ao certo o quê;
mos no esquecer da linguagem de sinais (mais conhecida • Mãos cruzadas para trás: sinais que não se concor-
como LIBRAS). Essa modalidade de comunicação é utilizada da muito com o alvo da discussão;
pelos portadores de necessidades especiais, ou portadores de • Mãos fechadas: mostra insegurança, como se
deficiência auditiva. agarrasse algo para não cair;
Os lingüistas, especialistas em estudos sobre línguas, • Mãos abertas: concorda com a situação.
afirmam que cada país possui a sua língua gestual. No Bra- Se você tiver acesso à internet visite:
sil existe a Linguagem Brasileira de sinais (conhecida por LI- http://henriques.wordpress.com/2007/02/15/postura-
BRAS). Elas foram criadas espontaneamente por um grupo de corporal/
pessoas, e se aprimora da mesma forma que as línguas orais. A partir dessas dicas e de tantas outras que você já
Portanto, nenhuma língua é superior ou inferior à outra, cada deve ter vivenciado, podemos afirmar que a linguagem
uma se desenvolve e se expande com a necessidade de seus corporal associada à atuação profissional é um tema que
falantes. poderia gerar um outro material para estudo. Porém, algu-
Retomando: mas profissões não seriam “completas” sem a linguagem
A comunicação linguística é formada por signos lingüís- corporal.
ticos (escrita, imagens...) usados para transmitir seus pensa- Imagine bailarinos e atores sem expressividade.
mentos e idéias. Essa linguagem permite o autoconhecimen- Seria completamente sem sentido, você não acha?
to e a percepção de idéias e o progresso do homem. A comu- Esses profissionais têm como função transmitir através
nicação não lingüística é composta por signos não lingüísticos da dança ou o teatro, mensagens, idéias e emoções com o
(o sorriso, o aperto de mão e outros cumprimentos). uso de sua expressividade de gestos.
Portanto, também a linguagem corporal está sujeita à IN- Com certeza você já deve ter escutado ou visto na TV
TERPRETAÇÃO. Já havia pensado nisso? alguma pessoa falando sobre “Marketing”. Pois é, essa pa-
Ao cumprimentar alguém com um aperto de mão quem lavra agora está sendo usada para a admissão de funcioná-
segura forte, demonstra habilidade para liderança, mas se a rios em empresas, com critérios cada vez mais relacionados
mão estiver suada e escorregadia poderá transmitir nervosis- à comunicação não-verbal.
mo e insegurança. Esses profissionais analisam a aparência dos candida-
Se estiver de braços cruzados significa que está colocan- tos, observam a forma como estão vestidos para ver se são
do uma barreira, mas se os polegares apontarem para cima é adequados ao trabalho que irão desempenhar na empresa,
um bom sinal. Já sacudir os pés revela a ansiedade, como se alguns atributos físicos não escapam e o carisma torna-se
estivesse tentando fugir. uma vantagem para pessoas extrovertidas.
Que tal uma dica a ser utilizada quando você estiver num Na política acontece algo semelhante. Você já deve
processo de seleção para uma vaga de emprego? Por exem- ter notado. Há uma preocupação com os gestos e as ex-
plo, quais cuidados deveremos ter diante da pessoa que esti- pressões faciais e a postura que devem assumir diante das
ver nos entrevistando? pessoas. Isso os torna mais eficientes, nos passa uma boa
imagem e nos convence de suas habilidades.
Na medicina isso não deixa de acontecer, existem algu-
mas especialidades como a pediatria e a psiquiatria na qual
o discurso verbal fica comprometido ou porque a criança
não domina a linguagem corporal ou porque o paciente
apresenta, em função de enfermidades, idéias sem sentido.
O médico especialista necessita ainda recorrer às suas
habilidades específicas para interpretar os sinais não ver-
bais do paciente e tentar decifrar o que está acontecendo.
• Não gesticule muito, isto demonstra agitação e ner- Você concorda que todas as pessoas têm capacidade
vosismo; de interpretar a linguagem corporal?
• Ao cumprimentar alguém, se a mão dá um forte Além disso, todos os indivíduos podem emitir e rece-
aperto, é sinal de que não há restrições. ber estes sinais não verbais. Porém é importante levar em
• A mão frouxa é sinal de que a pessoa tem medo consideração outros fatores: motivação; atitude; experiên-
de ser envolvida; cia; conhecimento;

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

A atitude refere-se à maneira que as pessoas se posicionam, algumas vezes positivamente e outras negativamente em
situações de aprendizagem, que por sua vez dependerão das atitudes tomadas frente a situações vivenciadas.
O que falar da experiência?
Sabemos que é fundamental, quanto mais variedades temos, maiores serão as oportunidades de aprendizagem. Aqui podemos
dizer que a vida nos ensina, mesmo que não seja de nossa vontade aprender. Como na expressão: “ É errando que se aprende”.
Mas... Lembre-se: fazer uma análise do corpo é uma tarefa super complicada, pois já possuímos uma “compreensão”
parcial do nosso corpo. Nossas razões estão fora do alcance do outro, pois estão no nosso inconsciente.
Apesar de várias interpretações não existe uma leitura padrão que seja igual para todas as pessoas, a forma com que
cada pessoa se expressa é particular e deve ser respeitada. Por isso, não se esqueça que não se podem padronizar os gestos.

AGORA É SUA VEZ!

ATIVIDADE 1
1) Leia: Atualmente, as pessoas não hesitam em eleger os produtos culturais de sua preferência, livres de preconceitos
ou julgamentos. Assim, moças dançam ballet e jazz nas favelas, “dondocas” freqüentam forrós e bailes funk, rapazes ado-
tam o estilo country e praticam capoeira. Tal postura indica a
(A) inibição de valores humanos específicos.
(B) construção de uma estética artificial.
(C) homogeneização de comportamentos individuais.
(D) consideração à diversidade sociocultural.

ATIVIDADE 2
2) Extraída da Avaliação do ENCCEJA do ano de 2005
Observe a história em quadrinhos:
(Fonte: Angeli. Folha de S. Paulo, 25/4/93.)

A disposição das personagens frente a frente e o diálogo demonstram que entre os personagens há:
(A) aproximação e felicidade.
(B) afastamento e ternura.
(C) distanciamento e alegria.
(D) intimidade e incompreensão.

ATIVIDADE 3
3) “Como derrubar a ditadura da moda”. A Revista Veja publicou três reportagens que tratam de questões cotidianas,
informações sobre obesidade, saúde e padrões estéticos contemporâneos.
Reportagens da Veja:
“Malhação capitalista” http://veja.abril.com.br/070802/p-066.html
“Mutirão da fome” http://veja.abril.com.br/070802/p-o66.html
“Cheinhas e sem grife” http://veja.abril.com.br/070802/p-074.html
Você já fez alguma dieta radical para tentar ficar parecido com alguma pessoa famosa dos meios de comunicação?
Sabia que muitas pessoas se inspiram em atores e atrizes famosas em busca de um corpo perfeito? As três reportagens de
VEJA mostram exemplos das pressões que sofremos em nome da boa forma. Assim, o texto “Malhação Capitalista” informa
que muitas empresas investem na atividade física não apenas pensando no bem-estar dos funcionários, pois na verdade
buscam o aumento da produtividade. O “Mutirão da Fome” aborda uma comunidade que se lançou num regime coletivo.
E “Cheinhas e sem Grife” registra um caso extremo da ditadura da moda, poucas lojas são especializadas para este publico
especifico: as lojas mais badaladas ignoram a demanda das mulheres “redondinhas”, não comercializando roupas dos ta-
manhos considerados “grandes”. Muitos jovens passam por esse tipo de pressão, querem fazer parte da ditadura da moda
e não conseguem se incluir. Não podemos nos esquecer que a moda e o padrão de beleza variam de acordo com o tempo.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Agora verifique seus conhecimentos: ATIVIDADE 5


No recém-lançado livro Meninas do Brasil (Ed. Cosac & Dizem que os gestos falam mais do que você imagina.
Naify, tel. [011] 3218-1469), Mari Stockler apresenta fotos Portanto, propomos que você pesquise os significados dos
que registram o estilo descompromissado das mulheres seguintes gestos nos respectivos países:
dos bailes funk e da periferia carioca. Elas não se preocu- a) Apertar a ponta da orelha. Que significa tem no
pam em expor gordurinhas localizadas ou marcas de celu- Brasil, na Índia e na Itália?
lite. Na sua opinião: b) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do
a) Elas demonstram uma boa aceitação de si mesmas, dedo indicador, formando um círculo. Que significado tem
o que indica uma relação tranqüila com sua imagem, seu esse gesto nos EUA, no Japão, na Turquia?
corpo e sua sensualidade e, nesse processo, inventam uma c) Apontar com o dedo polegar para cima, com os
moda própria, às vezes copiada pelas “patricinhas” quatro outros dedos fechados e encostados na palma da
b) Elas estão desinformadas sobre as regras da moda e mão. Qual o significado no Japão, na Alemanha, na Europa
não têm senso de ridículo e nos EUA?
c) Entre as meninas da periferia, a gordura é um atri-
buto valorizado HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas

ATIVIDADE 4 ATIVIDADE 1
4) Observe a imagem. (D) consideração à diversidade sociocultural.

ATIVIDADE 2
(D) intimidade e incompreensão.

ATIVIDADE 3
Alternativa a. As moças mais pobres da periferia, ain-
da que submetidas às pressões da moda e da publicidade,
incorporam, adaptam e transformam suas roupas e até seu
comportamento às condições econômicas e socioculturais.

ATIVIDADE 4
Alternativas b e c. Os padrões de beleza variam ao lon-
go do tempo e são diferentes em cada sociedade e cultura.

ATIVIDADE 5
a) Apertar a ponta da orelha. No Brasil é sinal de
aprovação; na Índia é uma forma de se desculpar ou de
mostrar arrependimento por falta ou erro cometido; na Itá-
lia indica que a pessoa apontada é homossexual.
a) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do
dedo indicador, formando um círculo. Nos EUA significa
que está tudo certo, positivo; no Japão significa valor fi-
Ela reproduz um quadro do pintor flamengo Peter Paul nanceiro, moeda, dinheiro; na Turquia significa que alguém
Rubens (1577-1640). Essas mulheres possuem característi- é homossexual.
cas físicas diferentes das mulheres de hoje, com isso per- Apontar com o dedo polegar para cima, com os quatro
cebemos que o padrão de beleza varia de acordo com a outros dedos fechados e encostados na palma da mão. No
época, portanto é contemporâneo. Japão significa o número 5 (cinco); na Alemanha significa
Você acha que: o número 1 (hum); na Europa e nos EUA significa pedido
a) Rubens tinha hábitos muito comuns com a nossa de carona.
época e gostava de retratar apenas mulheres gordinhas  E então, gostou?
b) A pintura de Rubens é um bom exemplo de como os Caso você queira aprofundar leia o livro: GESTOS - um
padrões estéticos se modificam ao longo do tempo manual de sobrevivência gestual, divertido e informativo
c) Na época de Rubens (na verdade, até o século XIX), para enfrentar a globalização. Autor: AXTELL, E. Roger. Edi-
a fome e a desnutrição eram ameaças mais graves à saúde tora Campus.
do que o excesso de peso. Por isso, a gordura era valoriza-
da, até mesmo em termos estéticos, pois estava associada
à idéia de sobrevivência e bem-estar

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

PRA FIM DE PAPO Capítulo 4


Caro Aluno,
DESCOBRINDO AS ARTES: UM ATALHO
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
- Identificar aspectos positivos da utiliza-
PARA UMA NOVA LINGUAGEM
ção de uma determinada cultura de movimento.
COMPREENDER A ARTE COMO SABER CULTURAL E
- Reconhecer as manifestações corporais
ESTÉTICO GERADOR DE SIGNIFICAÇÃO E INTEGRADOR
de movimento como originárias de necessidades cotidia-
DA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO E DA PRÓPRIA IDEN-
nas de um grupo social.
TIDADE.
- Analisar criticamente hábitos corporais
do cotidiano e da vida profissional e mobilizar conheci-
Maria do Carmo Arruda Leite
mentos para, se necessário, transformá-los, em função das
necessidades cinestésicas.
- Relacionar informações veiculadas no co-
tidiano aos conhecimentos relativos à linguagem corporal,
atribuindo-lhes um novo significado.
- Reconhecer criticamente a linguagem
corporal como meio de integração social, considerando os
limites de desempenho e as alternativas de adaptação para
diferentes indivíduos.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


um pouco mais, você está iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Caro aluno,
Após a leitura atenta da história em quadrinhos, certa-
mente você notou que o foco da mensagem está no erro
de interpretação do garoto Calvin. Quero chamar sua aten-
ção para esse “engano”, pois, foi em cima dele que Calvin
decidiu reavaliar seu gosto pela música clássica.
Volte ao quadrinho e observe que, quando Haroldo
apresenta para Calvin, a famosa abertura de 1812 (música
de Tchaikovsky, compositor russo do século XIX), o garoto
destaca a beleza da percussão, isto é, da forma que o som
é produzido.

No entanto, quando Haroldo revela que foram usados


canhões, o garoto Calvin imagina uma cena de guerra em
plena sala de concertos musicais. E, começa a considerar
que a música clássica possa ser mais dinâmica do que ima-
ginava.
Essa capacidade de imaginação e criatividade é uma
das condições necessárias para que aprendamos a utilizar
as expressões artísticas como meio de superarmos nossas
limitações individuais e termos acesso a universos mais
amplos e criativos.
A empolgação de Calvin resulta também do fato de
se identificar com situações de seu cotidiano. Contudo, só
poderemos desenvolver nossa criatividade e, aplicá-la a
situações reais, se formos capazes de contextualizar uma

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

questão, ou seja, compreendê-la e discuti-la a partir de É fato, no entanto, que o poder de alcance de uma mú-
nossos valores e preconceitos. E, como Calvin, termos a sica popular é infinitamente superior, se comparado à música
curiosidade de conhecer os motivos que levaram o artista clássica.
a representar a realidade usando a Arte como instrumento Por que você acha que isso acontece? Um dos fatores
de expressão. que contribui para isso é a facilidade da língua. Porém, você
E você, caro aluno, já conhece ou se interessou pela poderá destacar outros fatores.
música em questão? Amplie então seus conhecimentos. Apresento a seguir o poema de Camões que foi musi-
Sabe quem foi Tchaikovsky? cado pelo cantor Renato Russo, na década de 90. Trazer ao
Foi um compositor russo de música clássica e executou grande público um soneto clássico foi garantia de sucesso
essa “Abertura 1812” em comemoração ao aniversário do absoluto, principalmente entre os jovens da época, que pas-
czar – nome que se dava aos reis da Rússia - e também à saram a conhecer uma obra lusitana por meio de veículos de
expulsão do exército de Napoleão da Rússia. O forte impacto comunicação em massa.
sonoro da música se deve ao fato de que foram usados tiros Amor é fogo que arde sem se ver;
de canhões de verdade; Hoje se pode ter acesso a ela de um É ferida que dói e não se sente;
modo indireto, pois foi usada no contexto do filme “V de Vin- É um contentamento descontente;
gança” (cuja temática é a repressão e a tortura) e de modo É dor que desatina sem doer;
direto, ouvindo-a pela INTERNET. É um não querer mais que bem querer;
Agora, convido você a ler o texto a seguir: É solitário andar por entre a gente;
Theodora, de 5 anos, ouvia pela primeira vez uma mú- É nunca contentar-se de contente;
sica composta por Chico Buarque na década de 70. Intri- É cuidar que se ganha em se perder;
gada, correu até a avó e denunciou: “- Vó, o homem ta É querer estar preso por vontade;
falando vagabundo”. Isso não pode, é palavrão!” E a avó É servir a quem vence, o vencedor;
corrigiu: “- Não, meu bem, não é palavrão, vagabundo é É ter com quem nos mata lealdade.
uma pessoa que não trabalha!” Ao que a menina protestou: Mas como causar pode seu favor
“Não! Quem não trabalha é “desempregado”. Nos corações humanos amizade,
Veja que a reação das crianças, quando aprendem uma Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
nova palavra, é a de sempre contestar, discutir com um Luís de Camões (1524-1580)
adulto. Há aqui também um equívoco, um erro de inter- Você sabe o que é soneto?
pretação. Um soneto compõe-se de 14 versos que seguem a mes-
No entanto, parece que a criança, com sua liberdade ma métrica, isso significa que cada verso, ou cada linha do
criativa, está com a razão: sabemos que tanto atualmen- poema tem o mesmo número de sílabas poéticas; quando se
te quanto no passado, chamar alguém de “vagabundo” é agrupam em 4 linhas formam o que chamamos de quarteto,
extremamente ofensivo. Além disso, a garota teve outros quando se agrupam em 3, chamamos terceto. Assim, para
elementos, relacionados aos seus valores e preconceitos, formarmos um soneto agrupamos 2 quartetos e 2 tercetos.
para fazer sua interpretação, como considerar a entonação Há também os poemas com versos livres, nos quais o
usada pelo cantor, a sonoridade da palavra e a proibição artista não segue uma ordem para a contagem de sílabas e
(comum para sua idade) de que usasse palavrão. também não se preocupa com a rima.
A avó, diferentemente da neta, seguiu à risca a pro- Temas como os apresentados por Camões são tão pro-
posta dada pela música, na qual o cantor já inicia dando fundos que dificilmente um artista chegará a expressá-los
uma ordem direta: “Vai trabalhar vagabundo, vai trabalhar, completamente. Assim, apesar de não merecer créditos por
criatura”. Há também que se considerar que normalmente originalidade, o vocalista da banda Legião Urbana pode ter
as pessoas mais velhas atribuam ao trabalho um valor de despertado a compreensão de que o tema Amor faz parte de
nobreza e dignidade. Veja que, embora os dois universos nossa vida real e que, ao compreender a importância disso,
sejam legítimos, ao sustentarem suas posições individuais, acrescentamos à nossa própria vida Valor e Significado.
cria-se um equívoco interpretativo. Há vários exemplos históricos que mostram que quando
Diferentemente do quadrinho anterior, neste texto um artista é competente na representação de um modelo
ilustrativo temos em cena uma música popular brasileira, universal (como o Amor, o ciúme, a justiça), o valor de sua
sendo que o que mais chamou a atenção da criança foi Arte é tão autêntico que a obra ganha a Imortalidade. Sha-
a letra, mais especificamente o uso de uma determinada kespeare (poeta e dramaturgo inglês do século XVI) é outro
palavra. exemplo, pois suas peças ganham vida no palco até nossos
O desfecho mostra que a garota não aceitou a propos- dias, porque somos unidos pela Verdade das emoções que
ta de interpretação dada por sua avó, porém isso se deu a elas geram. Porém, “essa Verdade” nutre público e atores,
partir da língua utilizada, sendo que o ritmo da música teve desde que o público tenha sensibilidade e os atores apren-
pouca importância, pelo menos em um primeiro momento. dam a Arte de interpretar além da técnica.
Tanto no primeiro quadrinho quanto no texto ilustra- Você sabia que....
tivo, o que despertou a curiosidade das crianças foi aquilo O Teatro, originalmente da Grécia, passou por grandes
que ouviram com suas experiências de vida. Nesse aspecto, transformações ao longo da história, sendo que a mais radical
a música foi somente um veículo motivador da transfor- delas se deu na Idade Média, quando a Igreja Católica e os
mação. Então, o que importa que seja clássica ou popular? senhores medievais optaram por patrocinar os grandes pin-

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

tores, dando à arte de interpretar um caráter profano, religioso. Surge, assim, um teatro itinerante, hoje também conhecido
como teatro mambembe: andavam de cidade em cidade utilizando carroças, sempre em bandos, chamadas trupes, e os atores
e atrizes eram chamados saltimbancos; esse modo de se organizar deu origem a uma forma mais livre, tanto de apresentação
de peças por improviso quanto aos temas trabalhados, que não seguiam a ordem da Igreja, que era de encenar somente temas
cristãos. Os saltimbancos também deram origem ao Circo tal qual o conhecemos atualmente.
Observe quatro obras de Pablo Picasso produzidas em datas diferentes. A sequência escolhida procura captar diferen-
tes fases do pintor espanhol.

Os dados históricos são capazes de nos auxiliar a entender o cotidiano da produção artística analisada. Pois, as obras
foram produzidas em 1920, 1930 e a última, em 1937, portanto, no período entre Guerras.
“Guernica”, talvez a mais famosa obra do artista, foi produzida em plena Guerra civil espanhola (1936/1939). O quadro
leva o nome do povoado localizado ao norte da Espanha, com cerca de 6 mil habitantes e retrata exatamente o momento
em que houve o bombardeio pelos aviões alemães, em abril de 1937.
Assim, as figuras na praia em 1920 (primeiro quadro), são mecânicas e estão quase anestesiadas; em 1930 elas tendem
à robotização (veja o segundo e terceiro quadro), até estarem completamente dilaceradas pelo bombardeio citado.
Observe que o artista vai mudando suas figuras, porque o contexto histórico muda a ponto de o homem ser visto com-
pletamente sem inspiração, até o momento derradeiro, em que se transforma em simples alvo de Guerra.
• Você consegue encontrar alguma semelhança entre essas figuras e os grafites que visualizamos atualmente?
• E quanto a estes desenhos urbanos e à conscientização dos artistas que os produzem?
• Você poderia descrevê-los como inseridos em seu tempo histórico?
• Ou será que estão muito à frente?
Há em obras como as que aqui expomos muitos outros elementos que devem ser levados em consideração, no entan-
to, certamente você conseguiu fazer algumas aproximações porque Pablo Picasso iniciou, com o Cubismo, um novo modo
de percebermos a realidade de um objeto em uma obra de Arte, usando a simplificação e geometrização das figuras.
Agora compare as obras do pintor espanhol com alguns exemplos de obras brasileiras e veja a semelhança das técnicas
utilizadas e também a abordagem social que elas fazem:

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Você deve ter percebido que devemos atentar para dois aspectos quando observamos uma obra de Arte: a expressão
da Beleza e o contexto histórico.
Para entendermos um pouco destes dois aspectos, vamos fazer um passeio pelo tempo e apreciar uma famosa obra do
pintor italiano Leonardo da Vinci chamada “A Anunciação”, século XV:

É impossível tentar analisar uma obra como esta sem aproximar Arte e Religiosidade. Da Pré-História aos dias atuais
a Religiosidade moldou parte considerável das Artes e os artistas sempre dão novas expressões a esse tema tão antigo
quanto a própria Humanidade.
Só para citar um exemplo da atualidade. Se você não leu, certamente ouviu falar no enorme sucesso de vendas que
o livro “O Código da Vinci”, escrito pelo autor Dan Brown, alcançou. Observe que, apesar de o best-seller ser uma obra de
ficção, o que lhe garantiu sucesso de vendas foi a polêmica levantada sobre a vida de Cristo.
Leonardo da Vinci pintou em um período histórico conhecido como Renascimento (no qual o Homem se torna o centro
do Universo). Este é um período de reconstrução tanto artística quanto intelectual e, sua obra é imortal não só pela Beleza
e grandeza de sua técnica, mas porque é a expressão fundamental de todo pensamento religioso o Cristianismo, mais pre-
dominante da parte ocidental do mundo.
Portanto, perceber a expressão da Beleza nas Artes é captar o momento histórico da criação daquele artista, no qual
o novo contexto apresentado pode moldar nossa compreensão da Verdade para sempre sem que abandonemos nossos
referenciais antigos.
NA obra da ANUNCIAÇÃO, o pintor materializa o anjo Gabriel dando as bênçãos a Maria pela sua gravidez, imortali-
zando um texto bíblico pelo uso dos pincéis e técnicas humanísticas da época.
Note que, embora haja um contexto sócio-cultural correspondente a cada época e lugar, e o desafio enfrentado pelo
artista ao explorar novas verdades seja fazer uma ponte entre o tema e o contexto específico, ninguém, por menor que seja o
seu conhecimento sobre artes ou técnicas de pintura, consegue ficar indiferente diante de um quadro como “A Anunciação”.
Isso porque o pintor ultrapassou o tempo e o espaço, a razão e a emoção e inseriu no imaginário do homem uma cena
que lhe permite identificar-se com a Verdade.
O Renascimento e a influência da Igreja Católica moldaram nosso gosto pela Arte, a ponto de desenvolvermos uma
técnica chamada Barroca (séculos XVII e XIX) cujo maior representante foi Aleijadinho. Nesta expressão artística, cujos
destaques em nosso país são a escultura e a arquitetura, há a idéia de aproximar o homem do Divino, já que a vinda de
Cristo em uma forma humana mostrou o quanto podemos ser sua imagem e semelhança; este gosto e essa Verdade são
tão evidentes que acreditamos que as pessoas que possuem grande talento são abençoadas por Deus.

27
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Mas o que é Arte?


Num sentido amplo, podemos dizer que arte é toda a forma de expressão criativa do desejo do homem, e sua con-
seqüente manifestação em seu mundo, veremos que, embora haja uma tentativa de hierarquizá-la,isto é, colocando-a
em museus ou galerias, e haja, de fato, artistas com potenciais diferenciados, saberemos que o Homem comum sempre
buscou um meio de aproximação do Belo, algo que fosse capaz de fazer com que sua Realidade fosse menos dura e mais
colorida.
Nesse sentido, ao pensarmos na mais terrível crise histórica do mundo moderno, - a II Guerra Mundial – e tudo que ela
desencadeou, descobriremos que até nos campos de concentração nazistas e soviéticos homens e mulheres cantaram e
escutaram histórias; no período da Escravidão, no Brasil e na América criou-se cantigas, danças e folguedos; do banzo nas-
ceu o Blues e mais tarde influenciou o Jazz; das danças circulares dos negros em volta do fogo à criação do samba de roda,
tudo prova que qualquer manifestação artística nasce da necessidade do Homem de sair de sua condição de mortalidade
e acreditar que exista algo superior.
Nos tempos antigos os povos utilizavam máscaras, vestimentas especiais e adornos; as pinturas corporais são expres-
sões de Beleza na África e na Índia, e ritmos, músicas e danças são, para todos os povos do mundo, tentativas de aproxi-
mação do Divino.
No entanto, deve-se considerar que, para estes povos, a visão do que é Divino é diferente da visão dada pela Igreja
Católica: na África e na Índia, por exemplo, o uso de máscaras e adornos sagrados significa que o Divino já é o próprio
individuo que os usa porque o Sagrado se manifesta naquele que o busca. Assim, Deus não é exterior ao Homem, mas este
é sua própria manifestação.
Você se lembra de quando falamos sobre o Teatro e a perseguição da Igreja a tudo que não representava “aquilo” que
esta instituição entendia como “sagrado”?
Pois então, foi a partir da Idade Média que se consolidou um pensamento do que era permitido e que deveria ser apli-
cado como elemento artístico.
Sugiro que você assista ao filme “O Nome da Rosa”, baseado no livro do mesmo nome, de autoria de Umberto Eco,
escritor italiano. Nele pode-se ter uma noção da repressão que sofriam aqueles que contrariavam normas religiosas.
“...ABRAM ALAS QUE EU QUERO PASSAR...”
Foi também na Idade Média que surgiu um tipo de manifestação popular muito próxima do que conhecemos hoje
como carnaval. Esse nome significa “festa da carne”, pois eram os dias em que o povo poderia se desobrigar de suas tarefas
religiosas.
No entanto, com o tempo, o povo trazia temas religiosos para as festas e a Igreja também teve que colocar elementos
pagãos, isto é, não religiosos, em seus cultos: o batismo é um deles, pois, embora tivesse referência bíblica sobre o batismo
de Cristo por São João, este era reservado para as crianças da alta nobreza. No entanto, o homem do campo, sem conheci-
mento das escrituras, pois era analfabeto, apresentava a criança que nascia à natureza, sem nenhuma permissão da Igreja.
Ou seja, havia um conhecimento transmitido oralmente sobre o que deveria se fazer após o nascimento de um filho.
No Brasil, até a década de 80, todo católico tinha o compromisso de ir à Igreja receber as cinzas sagradas, na quarta-
feira, após o carnaval, para se purificar de seus pecados.
Por que você acha que até hoje a Quarta-feira de Cinzas é considerada feriado até o meio-dia?
Há, em nosso país, grande diversidade cultural e religiosa, no entanto, a religião católica continua sendo a religião ofi-
cial, capaz de continuar a moldar nosso cotidiano e gosto em relação àquilo que é artístico.
Você sabia que o carnaval em Veneza, na Itália, ainda conserva as características das apresentações teatrais que acon-
teciam na Grécia antiga?
Observe que, sendo a Itália o berço da Igreja, há juntamente com as grandes catedrais, como a de São Marcos, conside-
rada uma das maiores do mundo, vielas nas quais circulam mascarados com suas capas sombrias, representando os vícios
do homem; ou ainda sua euforia e desprendimento do mundo, com máscaras risonhas e até estranhas.
E o nosso carnaval? Por que você acha que se tornou uma festa tão alegre e popular, apesar das dificuldades enfren-
tadas pelo nosso povo?

28
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Que elementos cristãos temos ainda presentes em uma festa sem a menor pretensão religiosa?
Você já parou para pensar se as pessoas que fazem o carnaval têm diferentes opções religiosas?
Qual segmento social está presente no carnaval? Considere também as pequenas manifestações, como nos blocos de
rua de cidades do interior do país.
Como você sabe, embora tenha alguns elementos considerados artísticos (como a música, a dança e as alegorias), o
carnaval no Brasil se caracteriza como uma tradicional festa popular, assim como a Congada, a Folia de Reis, a farra do boi,
as festas juninas e tantas outras.
Isso acontece porque tais expressões nasceram da necessidade do homem trazer mais alegria para o seu cotidiano e
são tradicionais porque apresentam forte influência da Religião oficial, não sendo admitido grandes mudanças.

ARTE E BELEZA
Ao longo dos tempos escritores e críticos tentaram encontrar causas intelectuais, emocionais ou sócio-culturais para a
expressão estética, de beleza, no entanto, obras de valor significativo são capazes de mostrar que a Beleza está nos olhos
do observador, o indivíduo criativo.
Assim, o artista contemporâneo pode se sentir comprometido a criar uma comunicação entre a sua obra e o públic o e
deixar que este último tire suas próprias conclusões.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ganhou fama mundial ao retratar crianças e velhos em estado precário de
sua condição material, em pobres casebres e em campos de refugiados, vítimas da guerra.
Observe as fotos a seguir:

O que elas lhe transmitem?


Há beleza para além do sofrimento?
Agora leia a experiência do poeta Khalil Gibran acerca do Belo:
“E a Beleza não é um desejo, mas um êxtase
Não é uma boca sequiosa nem uma mão vazia que se estende,
Mas antes um coração inflamado e uma alma encantada.
Ela não é a imagem que desejais ver nem a canção que desejais ouvir,
Mas antes a imagem que contemplais com os olhos velados
E a canção que ouvis com os ouvidos tapados.
Não é a seiva por baixo da cortiça enrugada
Nem uma asa atada a uma garra,
Mas sim um jardim sempre em flor e
Uma multidão de anjos em vôo”.
(O Profeta, tradução de Mansour Challita – Rio de Janeiro: Associação cultural Gibran, 1980, p. 72 e 73)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

TRADIÇÃO E MUDANÇA

Chamamos estas manifestações de Patrimônio cultural imaterial ou Patrimônio Inatingível. Pois, compreendemos por
Patrimônio Cultural o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse para a memória do Brasil e de suas correntes cul-
turais formadoras, abrangendo os patrimônios arqueológico, arquitetônico, arquivístico, artístico, bibliográfico, científico,
ecológico, etnográfico, histórico, museológico, paisagístico, paleontológico e urbanístico, entre outros. E, por Patrimônio
cultural imaterial, o conjunto de práticas, representações, expressões, conhecimentos, técnicas e também instrumentos,
objetos, artefatos e lugares que a eles estão associados; comunidades, os grupos e, em alguns casos, indivíduos que se
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
A Arte, portanto, é capaz de atitudes radicais em seus modos de expressão, envolvendo grandes mudanças, como
vimos em Pablo Picasso; e, é caracterizada também por transmitir um valor universal, como vimos em Leonardo da Vinci.
Nesse sentido, estabelecer um diálogo com as Artes estrangeiras e adaptar seus conceitos em temas nacionais foi a
proposta chamada Movimento Antropofágico, surgida a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922.
O termo Antropofagia foi tirado de uma prática indígena na qual o prisioneiro de guerra era devorado pela tribo inteira,
cabendo a cada membro daquela comunidade comer uma parte do “prato”.
Assim, temas nacionais antes retratados de modo natural, ou seja, sem grandes mudanças, foram transformados em
um tipo de Arte até então jamais vista por público e crítica.
A rejeição ao movimento foi muito bem exemplificada no artigo famoso de Monteiro Lobato intitulado Paranóia ou
Mistificação, datado de 1917. Os desdobramentos da Semana influenciaram o modo de se pensar a Arte brasileira com-
pletamente.
Na poesia foi exemplo de quebra de tradição o uso dos versos livres e de temas abstratos, e na prosa o livro “Macunaí-
ma”, de Mário de Andrade, nos conta a história de um herói muito popular, “sem nenhum caráter”.
O maestro Villa Lobos trouxe elementos musicais do folclore brasileiro para suas obras e Tarsila do Amaral colocou
lendas, mistérios e cores do clima tropical brasileiro em suas pinturas, dando às nossas Artes um caráter Nacionalista.
Veja que esta quebra de padrão para a criação artística acontecia porque tais artistas não reconheciam a Arte até então
como valorizadora das expressões de nosso povo.
Vejamos, portanto, um pouco do que foi feito:

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Já em 1996, o tema da Bienal de Artes plásticas em São Paulo foi “Desmaterializar a obra de Arte no fim do Milênio” e os
artistas populares Zeca Baleiro e Zé Ramalho compuseram a música a seguir para homenagear o evento. Acompanhemos,
portanto:

Bienal
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio


Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta
Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
calcado da revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
“Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone”
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

Esses conceitos o ajudarão a entender um pouco melhor a brincadeira que a música nos propõe: já que há elementos
materiais em excesso, o Homem só pode ser visto como um produto em um meio no qual sua identidade é uma obra
incompleta.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Observe como ele dialoga com os diferentes padrões estéticos e aponta uma distância entre público e Arte.
FUTURISMO – Movimento estético surgido na França e na Itália , em 1905, que cultuava a máquina, a velocidade e a
automatização da vida cotidiana dos novos tempos. O futurismo pregava também uma ruptura com os meios tradicionais
de relacionar as palavras em um período.
CUBISMO – Surgido na França por volta de 1907, propunha a decomposição das imagens em figuras geométricas,
representando todas as partes de um objeto no mesmo plano.
DADAíSMO- Também conhecido como movimento dadá, foi criado na cidade suíça de Zurique, em 1916, por um gru-
po de escritores e artistas que se opunham à Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Embora a palavra “dada” em francês
signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca a falta de sentido que a linguagem pode ter.
SURREALISMO – Surgido na França, em 1924, é considerado o último movimento das chamadas vanguardas euro-
péias. Sua principal característica é a combinação do representativo, do abstrato e do psicológico – sobretudo, as imagens
desconexas dos sonhos.
Até hoje se usa o termo “surreal” para designar o que parece absurdo ou irreal. (Fonte: Revista do SESC, Junho de 2007).
A discussão proposta pela música pode ser ampliada se pesquisarmos um pouco mais sobre a Semana de Arte Moderna.
Em continuidade, apresento a você, caro aluno, uma menina que vem questionando nossa sociedade há alguns anos,
desde a década de 60, quando a TV começava a se popularizar e as tiras em quadrinhos tinham o compromisso de fazer
crítica social, a Mafalda:

Certa vez, Mafalda viu um policial passar, depois um operário. Depois um padre, e, logo em seguida, um gato. A menina
reconhece três profissões pelo uso do uniforme: um policial, um operário e um padre; mas, acabou questionando sua mãe,
perguntando em que setor da Democracia está o gato que passou por ela tranquilamente, com seus pêlos pretos.
Ora, se Democracia é o regime de governo que é baseado na vontade do povo, a quais setores ela se refere? Só pode-
mos concluir que é ao Estado, representado pelo policial; à Indústria, representada pelo operário, e à Igreja, representada
pelo padre.
E quanto ao gato, que sabemos que, nesse sentido, não está vinculado a nenhum setor, sendo, portanto um animal
livre? Aliás, é um gato de rua, sem dono. Há aqui a crítica evidente que o único que goza de total liberdade é o gato, que,
não sendo humano, não precisava vestir um uniforme e ser identificado com qualquer setor.
À época de Mafalda era evidente que certas práticas ou regras sociais limitavam a vida do Homem e o uso do uniforme
era uma delas; mas, e hoje?
Embora alguns padres usem batina nas ruas, como os franciscanos, pastores e outras ordens da Igreja católica não o
fazem; mesmo os policiais podem andar à paisana fora do horário de trabalho, então que critérios usamos para reconhe-
cermos o outro, ao caminharmos nas ruas?
Seria o tipo de roupa, de cabelo, ou o uso de piercings e tatuagens capazes de traduzir que tipos de opções aquelas
pessoas fizeram na vida? Ou o tipo de educação que tiveram? Como nos expressamos nessa imensa aldeia global?
E mais: como você se reconhece em meio a tanta diversidade?
Termino com uma frase pintada em grafiti desenhada em um muro na zona norte de São Paulo: “A Arte do povo e o
povo da Arte. Não a Arte do povo que faz Arte com o povo.” E, convido você a descobrir seus dons artísticos:
Solte sua criatividade com a montagem a seguir e tente escrever tudo que lhe vem à cabeça quando associa a letra da
música seguinte: seu ritmo (procure ouvi-la), as ilustrações que a acompanham, o momento histórico de sua criação e a
situação atual do Trabalhador em plena era da digitalização.
É importante que, em princípio, você se preocupe somente em anotar as suas impressões. Sinta-se desobrigado de
construir um texto formal, lembre-se que, quando falamos de criatividade, não há certo ou errado.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Vai Trabalhar Vagabundo

Vai trabalhar, vagabundo, vai trabalhar, criatura


Deus permite a todo mundo uma loucura
Passa o domingo em família, segunda-feira beleza
Embarca com alegria na correnteza

Prepara o teu documento, carimba o teu coração


Não perde nem um momento, perde a razão
Pode esquecer a mulata, pode esquecer o bilhar
Pode apertar a gravata, vai te enfocar!
Vai te entregar! Vai te estragar! Vai trabalhar!
Vê se não dorme no ponto, reúne as economias
Perde os três contos no conto da loteria
Passa o domingo no mangue, segunda-feira vazia
Ganha no banco de sangue pra mais um dia

Cuidado com o viaduto, cuidado com o avião


Não perde mais um minuto, perde a questão
Tenta pensar no futuro, no escuro tenta pensar
Vai renovar teu seguro, vai caducar!
Vai te entregar! Vai te estragar! Vai trabalhar!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Passa o domingo sozinho, segunda-feira a desgraça Na Música Popular Brasileira


Sem pai nem mãe, sem vizinho, em plena praça Zé Ramalho: Nascido em 1949 em Brejo da Cruz (PB),
Vai terminar moribundo,com um pouco de paciência começou a cantar em conjuntos de bailes inspirados na Jo-
No fim da fila do fundo da Previdência vem Guarda e no Rock inglês.
Parte tranqüilo, ó irmão, descansa na paz de Deus O interesse pelos violeiros e pela Literatura de Cordel
Deixaste casa e pensão só para os teus só nasceu em 1974, ao participar da trilha sonora do filme
A criançada chorando, tua mulher vai suar “Nordeste, cordel, repente e canção”. Sua obra é inspirada
Pra botar outro malandro no teu lugar tanto nos ritmos nordestinos quanto no Cinema, nas HQs,
Vai te entregar! Vai te estragar! Vai te enforcar! nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e
Vai trabalhar! Vai trabalhar! Vai trabalhar! na mitologia. (Fonte: Site Sony BMG).
VAGABUNDO!!!! Zeca Baleiro é o nome artístico de José Ribamar Coelho
Santos; nasceu em São Luiz do Maranhão em 1966. É cantor
CURIOSIDADE ARTÍSTICA e compositor de MPB. Sua música deriva de muitos ritmos
Vamos às apresentações: Nas Artes Gráficas tradicionais brasileiros: samba, pagode, baião com elemen-
Calvin é um garoto norte-americano de seis anos que tos do rock, pop e música eletrônica, tudo com um modo
tem um tigre como animal de estimação chamado Haroldo. muito particular de tocar violão.
Criado por Bill Watterson em 1985, em plena era digital, Renato Manfredini Jr. (1960- 1966), cantor e composi-
não gosta de escola e tem muita dificuldade em aprender tor membro da banda “Legião Urbana” e do “Aborto Elétri-
Matemática;suas tiras foram publicadas até 1995. Bill Wat- co”, herdando desta última forte influência Punk. Em 1982 in-
terson sempre se recusou a comercializar suas criações, di- tegrou a banda mais famosa de sua carreira: “Legião Urbana”
zendo que colar imagens de Calvin e Haroldo em canecas, tornou-se nacionalmente reconhecida por seu estilo próximo
adesivos e camisetas desvalorizaria suas personalidades. ao pop e ao rock. Morreu pesando 45 kg, em conseqüência
Mafalda é argentina e é a típica garota dos anos 60: de complicações causadas pela AIDS, doença que nunca as-
questiona o fato de sua mãe ser dona de casa, sonha com sumiu publicamente.
um futuro no mercado de trabalho e adora os “Beatles”. No Cotidiano
Apesar de ter a mesma idade de Calvin, Mafalda vive Theodora é o outro nome dado a Nedege Leite Paschoal
na América do Sul e sente as influências da Guerra do Viet- Leão, que tem hoje 9 anos e é sobrinha da autora deste texto.
nã e a alteração dos valores nacionais em seu cotidiano. AGORA É COM VOCÊ!
Ela é de um tempo em que estávamos sentindo o ATIVIDADE 1 (Questão 38 da prova do ENEM 2008)
desenvolvimento de novas tecnologias, ouve notícias do Na obra Entrudo, de Jean Baptiste Debret (1768-1848),
mundo pelo rádio e se encanta com as maravilhas que a apresentada acima:
televisão nos trouxe. a) registram-se cenas da vida íntima dos senhores de en-
Suas tiras foram publicadas entre 1964 e 1980. Quino, genho e suas relações com os escravos.
seu autor, achou que deveria parar de publicá-la porque a b) identifica-se a presença de traços marcantes do movi-
“garota questionadora saíra de moda”. mento artístico denominado Cubismo.
c) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de angús-
tia e inquietações que revelam as relações conflituosas entre
senhores e escravos.
d) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se
as imagens que representam figuras humanas.
e) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo
sobre tela, com pinceladas breves e manchas, sem delinear
as figuras ou as fisionomias.

ATIVIDADE 2 (Questão 2 ENEM 2007)


Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito
influenciaria a Semana de Arte Modera, Monteiro Lobato es-
creveu, em artigo intitulado Paranóia ou Mistificação:
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que
vêem as coisas e em conseqüência fazem arte pura, guar-
dados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concre-
tização das emoções estéticas, os processos clássicos dos
grandes mestres(...) A outra espécie é formada dos que vêem
anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias
efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, sur-
gidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva(...). Estas
considerações são provocadas pela exposição da Sra. Mal-
fatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma
atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de
Picasso e cia. (O Diário de São Paulo, setembro de 1917).

34
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Em qual das obras abaixo se identifica o estilo de Anita ATIVIDADE 4


Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo? Esta obra, de autoria de Candido Portinari, pertence à
a) imagem de “Acesso a Monte Serrat – Santos escola:
b) imagem de “Vaso de flores” a) Barroca
c) imagem de “A Santa Ceia b) Classicista
d) imagem de “Nossa senhora auxiliadora e Dom c) Renascentista
Bosco d) Modernista.
e) imagem de “ A Boba”
ATIVIDADE 5
ATIVIDADE 3 O nome do quadro é “Retirantes”, portanto,podemos
identificá-la como uma pintura social por que:
a) mostra um grupo de revolucionários protestando.
b) as figuras retratadas representam os traços de sofri-
mento com a seca no nordeste. Ou seja, podemos associar
contexto histórico e adequação do tema, em que o artista
faz uma ponte entre público e obra.
Mafalda acabou de conhecer “O Pensador”, c) mostra um exemplo de união em família.
uma famosa escultura de Rodin. d) o autor se inspira em obras estrangeiras para retra-
tar uma realidade nacional.

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas

ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra E

ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra E

ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra B

ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra D
No entanto, o identifica como o Deus da Telepatia por
que: ATIVIDADE 5
a) Reconhece na imagem que vê exatamente aquilo Alternativa correta: Letra B
que vive em seu cotidiano.
b) Recorre à sua imaginação para decifrar uma imagem PRA FIM DE PAPO!
que lhe sugere que a figura, com tanta expressividade, não
pode ser um homem comum, mas “um Deus capaz de ler Caro Aluno
os pensamentos”.
c) Quer confundir seu colega Felipe. Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
d) Já que não tem nenhuma referência por escrito, tem - Identificar em manifestações culturais individuais e/
a necessidade de dar uma explicação para a imagem que vê. ou coletivas, elementos estéticos, históricos e sociais;
- Reconhecer diferentes funções da Arte, do trabalho e
ATIVIDADE 4 e ATIVIDADE 5 referem-se ao quadro da produção dos artistas em seus meios culturais.
abaixo: - Utilizar os conhecimentos sobre a relação arte e rea-
lidade, para analisar formas de organização de mundo e de
identidades.
-Analisar criticamente as diversas produções artísticas
como meio de explicar diferentes culturas, padrões de be-
leza e preconceitos artísticos.
-Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter
-relações de elementos que se apresentam nas manifesta-
ções de vários grupos sociais e étnicos.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

35
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 5
NO REINO DAS PALAVRAS
ANALISAR, INTERPRETAR E APLICAR OS RECURSOS EXPRESSIVOS DAS LINGUAGENS, RELACIONANDO TEXTOS
COM SEUS CONTEXTOS, MEDIANTE A NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA DAS MANIFESTAÇÕES,
DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO.
Sônia Querino dos Santos e Santos

Caro aluno (a)


A inspiração para o título desse capítulo veio do poema “Procura da Poesia” de Carlos Drummond de Andrade. Você já
ouviu falar desse poeta? Note o jeito de “ver o mundo” no escritor-poeta - Carlos Drummond de Andrade.
Desfrute sua obra de arte.
Procura da poesia
Drummond
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
...
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície inata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Que lindo poema! Você gostou?


Nossa conversa a partir de agora será sobre Literatura. O pensamento inicial quando se fala em Literatura são as “coi-
sas” escritas para o prazer e distração da alma. Por isso, Literatura é linguagem a serviço da invenção e do prazer. Nela
encontramos o Ser Humano por inteiro, pois combina os vários fatos da existência humana (dor, prazer, aventura, amor,
experiência, história, profissões...).
Na leitura de um texto literário chegamos a “ver” os personagens viajando, amando, pensando... isso porque o escritor
combina coisas diferentes e a linguagem fica mais atraente.
Acreditamos que a Literatura seja como a música, ou seja, ela exprime sentimentos, exige ações... tudo isso, para nos
brindar com o prazer de uma leitura. Portanto, num texto literário a linguagem literária nos provoca a encarar as palavras,
conversar com as palavras.
Sim, pois o escritor literário fala do mundo e, nesse mundo ele acrescenta fatos que nunca houve pessoas imaginárias,
ou seja, ele mistura o mundo real com o mundo da ficção.
O grande e “imortal” filósofo grego do século IV, chamado Aristóteles já dizia “A obra literária é a imitação da realida-
de”. Então, o escritor é também um “criador de mundos”, você se lembra do escritor Jorge Amado? Nossa! Algumas de suas
obras literárias viraram cenas na Televisão, por isso, quem não se lembra de “Gabriela Cravo e Canela”? E quem não cantou
as músicas do Cais da Bahia? São tantas as memórias deixadas por esse escritor.

36
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Os textos do memorável escritor baiano Jorge Amado Em uma casinha humilde


(falecido em agosto de 2001) nos fazem imaginar, mas também com mais quatro irmãozinhos
nos mostram a pobreza. São textos que, embora centrados em ali chegara o garoto
personagens sonhadoras e românticas, revelam também as- que o trouxera o destino
pectos duros e realistas da vida cotidiana. Assim, Jorge Amado
em sua “criação de mundo” mistura a realidade com a ficção e Naquela bela manhã
nos leva aos lugares desconhecidos através das palavras. de um domingo ensolarado
Dessa maneira, ao procurar as palavras “certas”, aquelas os vizinhos visitaram
com mais “expressividade”, aquelas que “parecem falar por si o mais novo abençoado
só” para compor um texto que inicialmente só existe na “minha [...] 1
cabeça”, nessa arte semelhante ao do garimpeiro, já notamos Nos textos em forma de poesia um recurso muito utiliza-
uma característica do texto que será chamado de texto literário. do, na escolha das palavras, prioriza dar ritmo e sonoridade ao
Nesse sentido é possível afirmar que a subjetividade (a ma- texto, esse recurso é chamado de rima. No poema o estudante
neira de ver e sentir) do escritor passa a ser uma marca registra- e a utopia, vamos destacar as rimas?
da nos textos literários. Na primeira estrofe do poema destacamos: pantaneiro-di-
Portanto, a obra do escritor é fruto de sua imaginação, ou nheiro;
seja, o escritor capta a realidade através de seus sentimentos. Sua Na segunda estrofe: natureza-beleza;
matéria-prima é a palavra, com uma predominância da função Na quarta estrofe: ensolarado-abençaodo.
poética na linguagem escrita, por isso chamada obra literária. É importante destacar também que o estilo individual do
Para escrever um texto, o escritor tem que escolher a for- autor dos textos literários sofre a influência do momento histó-
ma. A essa escolha atribuímos o nome de estilo. Portanto, as rico, tanto que, é possível identificar características semelhantes
obras literárias se classificam em gêneros literários (poesia e em obras produzidas na mesma época por autores diferentes.
prosa). Esses gêneros por sua vez, contêm outros gêneros. Esses estilos semelhantes são chamados de estilos de época.
Os gêneros da poesia são: lírico, épico e dramático. Portanto, será chamado de período literário cada segmen-
O gênero lírico exprime as sensações interiores ou as vi- to determinado de uma época em que predominou um estilo
vências de um eu que sofre, que ama ou que simplesmente se literário. No Brasil, os estilos estão classificados em: Literatura
encanta. de informação; Barroco; Arcadismo; Romantismo; Realismo/
O gênero épico narra grandes acontecimentos heróicos da Naturalismo/Parnasianismo;Simbolismo;Pré-Modernismo e
história nacional. O melhor exemplo em nossa língua está em Modernismo e Literatura dos dias atuais.
“Os Lusíadas” de Camões (considerado como o maior poeta
de língua portuguesa). Porém, as mais célebres epopéias são Algumas características desses estilos literários:
a Ilíadas e a Odisséia de Homero (século VIII a.C). Caso você •A Literatura de Informação é marcada por relatos dos
tenha acesso à internet, acesse o site:www.vidaslusofonas.pt/ cronistas e viajantes a respeito da descoberta e conquista de
homero.htm “novas terras”, ou seja, são documentos que descrevem a nova
No gênero dramático, a ação caracteriza a cena teatral. O colônia de Portugal (Brasil), seus habitantes (indígenas) e re-
drama contemporâneo, de que Shakespeare (poeta e drama- gistram as características da terra (flora e fauna), dos nativos
turgo inglês) foi o primeiro grande modelo, caracteriza-se pela (as características física, cultural dos habitantes) contribuindo,
exploração psicológica das paixões. dessa maneira, para o crescente interesse pelas riquezas natu-
rais da colônia.
POESIA Portanto, entre os comerciantes e militares, havia aqueles
O texto em forma de poesia divide-se em pequenos agru- que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas ter-
pamentos chamados de estrofes. Apresentamos a seguir uma ras, como o escrivão Pero Vaz de Caminha, que acompanhou a
poesia da literatura de cordel que é um tipo de poesia popu- expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500 .
lar. Nesse tipo de poesia, os autores (chamados de cordelistas) •O estilo Barroco traduz uma tentativa em harmonizar te-
recitam seus versos às vezes acompanhados de viola, ou de- mas opostos (dualidade): bem e mal; Deus e Diabo, céu e terra;
clamam seus versos de forma empolgante e animada, desta- pureza e pecado; alegria e tristeza; Portanto, a literatura Barroca
cando as rimas da poesia. Acompanhe o poema O estudante possui como características o exagero emocional, o pessimis-
e a utopia. mo, o uso de jogo de palavras e jogo de ideias, a dualidade e
a religiosidade. E, seus principais autores são: Padre Antônio
O estudante e a utopia Vieira e Gregório de Matos.
Literatura de Cordel Valdecir dos Santos, Naviraí, PB. •Nos textos do Arcadismo temos como característica o
Numa pequena cidade bucolismo (valorização da vida campestre e pastoril) e o come-
do estado pantaneiro ço de uma visão crítica sobre a situação política do país, pois
de uma família humilde muitos dos participantes da Conjuração Mineira – movi-
muito pobre sem dinheiro mento mineiro de independência no século XVIII - foram
poetas arcadistas. Alguns poetas em destaque: Cláudio
Nascia um lindo menino Manuel da Costa; Basílio da Gama; Alvarenga Peixoto, Frei
bonito por natureza Santa Rita Durão.
que todos admiravam 1 extraído do site: www.pucrs.br/mj/poema-
por sua rara beleza cordel-48.php

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

•Talvez seja importante fazer uma distinção entre os *objetivismo: negação do subjetivismo romântico, ho-
termos romantismo e Romantismo. A palavra “romantis- mem volta-se para fora, o não-eu;
mo” caracteriza-se por uma atitude emotiva diante das *universalismo que substitui o personalismo anterior;
coisas, portanto, o comportamento romântico pode ocor- *materialismo que leva à negação do sentimentalismo
rer em qualquer época da história. Já o termo Roman- e da metafísica;
tismo designa uma tendência geral da vida e da arte, um *autores são antimonárquicos e defendem os ideais
estilo literário e artístico delimitado no tempo. E, de acor- republicanos;
do com o tema principal, os romances Românticos no *nacionalismo e volta ao passado histórico são deixa-
dos de lado para enfatizar o presente, o contemporâneo;
Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos
*determinismo influenciando o homem e a obra de arte
ou regionalistas: 2
por três fatores: meio, momento e raça (hereditariedade).
No romance indianista, o índio era o foco da litera-
O Romance realista propriamente dito, no Brasil, foi
tura, pois era considerado uma autêntica expressão da na- mais bem cultivado por Machado de Assis nos quais a nar-
cionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo rativa estão preocupadas com análises psicológicas dos
da pureza e da inocência, representava o homem não cor- personagens e fazem críticas à sociedade a partir do com-
rompido pela sociedade, o não capitalista,. portamento desses personagens.
Junto com tudo isso, o indianismo expressava os cos- •O Parnasianismo ocorreu durante a prosa realista,
tumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos sendo, portanto, o correspondente poético ao Realismo. O
romances excelentes documentos históricos. Parnasianismo iniciou suas manifestações no final da dé-
Os romances urbanos tratam da vida na capital e re- cada de 1870, estendendo-se até a Semana da Arte Mo-
latam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, derna, em 1922. O Parnasianismo é um movimento que
cujos membros se identificavam com os personagens. Os acontece paralelamente ao Realismo. Contudo, as temá-
romances faziam sempre uma crítica à sociedade através ticas das obras parnasianas mantiveram-se isolados dos
de situações corriqueiras, como o casamento por interesse acontecimentos históricos. Isto se dá, pelo próprio estilo
ou a ascensão social a qualquer preço. do movimento que é descritivo e sem preocupação social
Por fim, o romance regionalista Os romances regio- ou psicológica.
nalistas criavam um vasto panorama do Brasil, represen-
Características do Parnasianismo:
tando a forma de vida e individualidade da população
*objetividade temática, oposto ao sentimentalismo ro-
de cada parte do país. A preferência dos autores era por
mântico;
regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam
*impassibilidade e impessoalidade;
sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico *volta à Antiguidade Clássica, com ênfase nos povos
afetar suas condições de vida. Greco-Romanos;
Principais escritores românticos brasileiros: *extrema valorização da forma: uso frequente dos so-
Gonçalves Dias autor da famosa Canção do Exílio; netos;
Álvares de Azevedo o maior romântico da Segunda *procura de rimas ricas, raras e perfeitas;
Geração Romântica autor de A Lira dos Vinte Anos, Noite
na Taverna e Macário; Autores em destaque Realismo-Naturalismo
Castro Alves:grande representante da Geração Con- Raul Pompéia: uma das principais obras é Ateneu
doeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas Aluisio de Azevedo: duas grandes obras são O cortiço
como o Navio Negreiro; e O caboclo
Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano es- Adolfo Caminha: talvez o mais audaz dos naturalistas,
creveu A Moreninha e também O Moço Loiro; é muito conhecido pela obra O bom crioulo (1895).

•Realismo/ Naturalismo/Parnasianismo Autores do Parnasianismo


Apesar de se parecerem, o Realismo e o Naturalismo Olavo Bilac: muito conhecido por suas poesias e con-
têm diferenças. O mais importante autor realista e maior tos.
Raimundo Correia : também grande poeta, uma de
escritor do Brasil foi Machado de Assis.
suas maiores obras é o livro “Sinfonias” (1883).
As principais características são: a apresentação do ho-
mem como produto do meio no Naturalismo, a linguagem •Pré-modernismo e Modernismo/Literatura dos
mais próxima da falada, a não-idealização da mulher (mais dias atuais
sensual que anteriormente apresentada) e vários outros Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase de tran-
rompimentos com o Romantismo. Portanto, as caracterís- sição literária entre as escolas anteriores e a ruptura dos
ticas do realismo estão intimamente ligadas ao momento novos escritores com as mesmas. Os principais escritores
histórico e às novas formas de pensamento: pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Lima Barreto,
Monteiro Lobato, Graça Aranha e Augusto dos Anjos.
2 O texto a seguir é uma adaptação do texto As Embora vários autores sejam classificados como pré-
informações sobre o ROMANTISMO foram retiradas do modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola
site: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo) literária, dado a forte individualidade de suas obras.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO Retomando as preocupações nacionalistas do Roman-


Ruptura com o passado: Os autores adotaram inova- tismo, porém rejeitando o caráter idealizador e sentimen-
ções que feriam o academicismo. tal, os modernistas buscaram produzir um nacionalismo
Regionalismo: A realidade rural brasileira é exposta crítico, recuperação de alguns traços do caráter do homem
sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do brasileiro até então tratados negativamente, como a pre-
homem do campo é apresentada de forma chocante. guiça e a sensualidade.
Literatura-denúncia: os livros são escritos em tom de O Brasil selvagem, primitivo, “pré-civilizacionais”, a fi-
denúncia da realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da gura do índio desmistificado assume, nesse contexto, gran-
Região Sul, belezas do litoral, aspectos positivos da civiliza- de importância, na medida em que representa a reação
ção urbana) é substituído por um Brasil não-oficial (sertão nacional ao ataque estrangeiro. Por outro lado a temática
nordestino, caboclos interioranos, realidade dos subúr- urbana tem muita força: o cinema, a velocidade, a multidão
bios). são representações da modernidade que aparecem com
Os principais pré-modernistas foram: freqüência.
Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de Autores:
forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em Mário de Andrade(1893- 1945); Oswald de Andrade
três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar (1890-1954); Manuel Bandeira (1886-1968); Antônio de
um dos maiores conflitos do Brasil. Alcântara Machado (1901 - 1935); Guilherme de Almeida
Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã (1890 - 1969); Cassiano Ricardo (1895 - 1974); Menotti del
para o Brasil. Picchia  (1892- 1988);Raul Bopp (1898 - 1984); Ronald de
Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana Carvalho (1893 - 1935);
da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recorda-
ções do Escrivão Isaías Caminha; Modernismo - 2o. tempo – prosa
Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retra- A primeira característica foi uma tendência à politiza-
ta o homem simples do campo numa região de decadên- ção em graus mais acentuados do que tinham aconteci-
cia econômica. Ele também foi um dos primeiros autores do no Modernismo em 1922. Se na “fase heróica “tinham
de literatura infantil, desse modo, transmitindo ao público apresentado como preocupação fundamental uma revolu-
infantil valores morais, conhecimentos sobre o Brasil, tradi-
ção estética, a geração artística surgida nos anos 30 volta-
ções, nossa língua. Destáca-se no gênero conto. E foi, tam-
se para uma literatura participativa, de intromissão na vida
bém, um dos escritores brasileiros de maiores prestígios.
política”.
Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes
Os modernistas do primeiro tempo continuavam a
Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores
produzir Mário de Andrade, foi decisiva para esses novos
do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro.
rumos que o próprio movimento assumiu. Mário defendia
Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, tra-
uma postura artística de acompanhamento das reivindica-
zia elementos pré-modernos, embora no aspecto linguísti-
ções populares, contribuindo para esse processo de politi-
co tenda para o realismo-naturalismo, em seus Eu e Outras
Poesias. zação a que se fez referência. Oswald de Andrade, Manuel
Duas tendências básicas podem ser notadas entre os Bandeira e todos os outros também continuavam atuantes.
autores da época: a) Conservadora – Percebida na pro- Algumas conquistas do primeiro tempo do Modernis-
dução poética de Olavo Bilac e de Cruz e Sousa. A poesia mo continuavam como: a crítica social, a concisão, a co-
é elaborada dentro dos moldes de perfeição, obediente a loquialidade. O regionalismo era uma tendência já antiga,
normas e presa a temas alheios à realidade brasileira. b) mas os modernistas diferenciaram através da prática de um
Inovadora – Presente nas obras de Euclides da Cunha, Lima regionalismo crítico, voltado para as discussões dos pro-
Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos. blemas sociais.
As várias realidades do Brasil são expostas, e o leitor Os principais temas dessa corrente literária foram: a
começa a perceber que vive em um país de contrastes, ou seca, a fome, a miséria, o arcaísmo das relações de traba-
seja, a linguagem “pomposa” e artificial começa a perder lho, a exploração do camponês, a opressão do coronelis-
terreno para uma expressão mais simples, fiel à fala cotidia- mo, a reação dos cangaceiros. Um livro será de orientação
na. Nesse aspecto, Lima Barreto é o legítimo representante nessa época: Os sertões, de Euclides da Cunha.
das classes iletradas. Autores:
•Modernismo e Literatura atuais Graciliano Ramos (1892-1953); José Lins do Re-
Costuma-se dividir o Modernismo Brasileiro em três go(1901-1957);Jorge Amado (1912-2001);Érico Veríssi-
períodos. A primeira: de 1922 a 1930; a segunda: de 1930 a mo(1905-1975); Rachel de Queiroz (1910-2003);José Amé-
1945 e a terceira: de 1945 até a atualidade. Apesar das suas rico de Almeida(1887-1980).
diferenças internas, os modernistas tinham muitas coisas
em comum como: liberdade formal, linguagem coloquial, Modernismo - 2o. tempo - poesia
tematização do cotidiano, valorização do humor. Eles rejei- A poesia do período continua muita das propostas do
taram toda e qualquer estética anterior, para estabelecer, Modernismo de 1922, como a coloquialidade, a concisão,
desde um ponto zero, os rumos da arte brasileira que se a liberdade formal, a temática do cotidiano, porém, apre-
faria a partir deles. sentam diferenças.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

A poesia do segundo tempo apresenta uma consolida- CANTIGA DE AMOR


ção das conquistas modernistas. Os radicalismos típicos da “ A dona que eu sirvo e que muito adoro
chamada “fase heróica”, foram pouco a pouco abandona- Mostrai-ma, ai Deus! Pois que vos imploro,
dos, em nome de um equilíbrio formal, que chegou resga- Senão, daí-me a morte.
tar algumas formas poéticas tradicionais, como o soneto. Essa que é a luz deste olhos meus por quem sempre
O Nacionalismo que predominava antes foi substituído por choram, mostrai-ma, ai Deus!
uma tendência universalizante. Essa que entre todas fizestes formosa, mostra-ma, ai
A arte participativa politizada ganha força, nesse con- Deus! Onde vê-la eu possa, senão, daí-me a morte.
texto, uma poesia social, com muitas referências diretas a A que fizeste amar mais que tudo, mostrai-ma e onde
fatos e dados contemporâneos, como se pode perceber possa com ela falar, senão, daí-me a morte.”
em poemas de Carlos Drummond de Andrade. Cresceu
também outro tipo de prática poética: a poesia metafísica, (Versão atualizada de uma cantiga de Bernardo de
espiritualizante e mística, que aparece em obras de Cecília Bonaval- Século XII)
Meireles, Vinícius de Moraes, Jorge de Lima e Murilo Men- Anote!
des. Eu-lírico ou eu-poético é a voz que fala no poema.
Autores Destacaremos a seguir algumas características mais
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987); Cecília comuns da cantiga de amor. Vamos juntos?
Meireles (1901-1964);Vinícius de Moraes(1913-1980); Jor- EU-LÍRICO: masculino. A mulher é chamada de dona e
ge de Lima(1893-1953); Murilo Mendes(1901-1975) o homem de senhor.
AMBIENTE: palaciano (palácio), pois os poemas retra-
Modernismo - 3o. tempo tam o ambiente da corte.
Nesta fase pode-se perceber um enfraquecimento da AMOR CORTÊS: predominando a VASSALAGEM AMO-
tendência participativa que tinha predominado no período ROSA, ou seja, o comportamento do poeta com sua dama
anterior. é semelhante ao do vassalo com o senhor. Predomina tam-
Mas a característica forte do terceiro período é a rele- bém, a EXPRESSÃO SUBJETIVA, ou seja, o poeta nunca re-
vância que nele adquiriu o fantástico, o além-real, aquilo vela o nome da dona.
que está por trás da realidade aparente, e que nem sem- TEMÁTICA: amor impossível. As cantigas retratam um
pre os sentidos podem captar. O psicologismo presente amor impossível, pois a mulher a quem o eu-lírico se dirige
na obra de Mário de Andrade marcaria o regionalismo de é sempre comprometida ou pertencente a uma classe so-
Graciliano Ramos quanto à literatura urbana, alcançaria nos cial mais elevada.
anos seguintes grandes proporções.  REFRÃO: o refrão além de produzir de prece, revela
Finalmente, um aspecto a ser salientado é a extrema também a natureza musical da cantiga.
valorização da palavra. A reflexão em torno do instrumento CANTIGA DE AMIGO
de trabalho do escritor, suas possibilidades e limitações, “Ai, flores, ai flores do verde pinheiro, se por acaso sa-
ocupam espaço importante na produção literária do pe- beis
ríodo, seja como elemento subjacente à composição, seja novidades do meu amigo, ai Deus, onde está ele?
com temática primordial.  Ai flores, ai flores do verde ramo, se por acaso sabeis
O caráter regionalista tem no terceiro tempo atinge novidades do meu amado, ai Deus, onde está ele?
dimensões mais amplas e universais. O autor que se desta- Se sabes novidades do meu amigo, aquele que mentiu
ca, nesse terreno é Guimarães Rosa. E a prosa psicológica, no
fundamentou-se na pesquisa interior, em manifestações que prometeu para mim, ai Deus, onde está ele?
artísticas cada vez mais complexas e instigantes. O exem- Se sabeis novidades do meu amado , aquele que men-
plo mais próximo é a obra de Clarice Lispector.  tiu
no que jurou, ai Deus, onde está ele?”
Autores: (Versão atualizada de uma cantiga de D. Dinis).
Guimarães Rosa (1908-1967); Clarice Lispector(-
1925-1977);João Cabral de Melo Neto(1920-1999)3 O autor deste um dos mais famosos trovadores portu-
Após essa breve caracterização dos estilos literários. gueses, d. Dinis, que foi rei de Portugal entre 1261 e 1325.
Que tal uma viagem no tempo? Convido você a ler um Continuando: Algumas características mais comuns na
poema do Trovadorismo (literatura portuguesa) que data cantiga de amigo:
do final do século 12. Os poemas naquela época eram fei-
tos para ser cantados, por isso, recebiam o nome de can- EU-LÍRICO: feminino. Assume o ponto de vista da mu-
tigas. Geralmente, eram cantigas de amor e cantigas de lher (solteira e livre das convenções do casamento)
amigo. AMBIENTE: campestre/rural;
AMIGO: namorado/amante;
Mulher dirige-se diretamente para o ser amado;
3 Site pesquisado: http://www.profabeatriz.hpg. TEMÁTICA: saudade do amado.
ig.com.br/literatura/modernismo.htm. AMOR CARNAL/FÍSICO. A cantiga põe em evidência o
amor físico

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, na arte da “garimpagem”, ou seja, buscando a perfeição na forma de expressão, os escritores dos textos lite-
rários escolhem seus estilos e revelam para nós as mudanças no contexto histórico.
Como vimos nos exemplos acima, nas cantigas de amor e amigo há uma forte presença de um contexto feudal. Refi-
ro-me ao Feudalismo, você viu isso em História, lembra? Naquela época havia uma forte influência da Igreja Católica na
organização da Sociedade.
Apresentaremos a seguir uma outra opção de estilo poético. Trata-se da opção pelo soneto (composição de forma
fica: 2 quartetos e 2 tercetos). Entre os sonetos mais conhecidos e eternizado em nossa língua estão os sonetos de Camões.
Estamos falando de Luís Vaz de Camões. Sua obra pode ser dividida em: poesia lírica (em que o amor e o destino do
homem são temas constantes); poesia épica (em que recria a história do povo português) e teatro (escrito à maneira me-
dieval – Auto de Filodemo - e à maneira clássica (Anfitriões).
Vamos ler um trecho do Soneto: Alma minha gentil?
Observe a disposição dos versos. Eles estão agrupados em 04 linhas (quartetos) e três linhas (tercetos).

ALMA MINHA GENTIL


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou

A quem o eu-lírico se dirige?


Já na primeira linha e no título do soneto você percebe que o eu-lírico se dirige à mulher amada, que morreu.
Que pedido faz o eu-lírico?
Na primeira linha do segundo terceto perceberemos que o eu-lírico solicita que a amada rogue a Deus que o leve para
junto dela.
PROSA
Diferentemente da poesia, os textos em prosa estão agrupados por parágrafos. Ou seja, outro estilo escolhido pelos
escritores na construção do texto literário é a prosa. Ela reúne várias modalidades narrativas (romance, novela, conto, crô-
nica).
Destacaremos a Literatura Informativa do Brasil, também conhecida como Literatura de viagem, a mais conhecida é a
Carta de Caminha.

TRECHO DA CARTA DE CAMINHA


...A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem co-
bertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas, e nisso tem tanta inocência como
tem em mostrar a cara...
Como você pôde notar esse trecho da carta registra o primeiro choque cultural sofrido pelos portugueses.
A que fato se deve esse choque?
Isso mesmo, à nudez dos nativos.
Releia o trecho e responda: que palavra do trecho reforça a idéia de “choque”? O que essa palavra designava na época?
E, qual palavra suaviza esse choque?
A idéia de choque é reforçada no termo “vergonhas” que designava os órgãos sexuais do corpo humano. Em contra-
posição, a palavra inocência suaviza esse choque.
A Literatura faz parte da história. Por isso, relaciona-se com o momento histórico em que o texto foi criado. Nesse
sentido, o poema seguinte, um dos mais conhecidos de nossa tradição literária, foi escrito em Coimbra, Portugal em 1843,
intitulado Canção do Exílio.
Ao lado colocamos uma versão contemporânea do poema. Leia-os com atenção.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Comentário- Você pôde perceber:


No poema de Gonçalves Dias o eu-lírico assume o papel de exilado. Observe também a utilização de palavras que
fazem referência ao universo natural. Possivelmente, o poeta procurou simbolizar as grandezas do país por meio de sua
exuberante natureza, comparando-a com a natureza de Portugal (local do exílio).
Outra observação importante é que, enquanto Gonçalves dias idealiza o país, o poeta contemporâneo Eduardo Alves
da Costa apresenta uma visão crítica e pessimista da realidade brasileira.
Relacionando Literatura e momento histórico, destacamos que os avanços científicos da segunda metade do século
XIX permitiram explicar fenômenos considerados desvendados. Nesse contexto surgiu a arte realista, através da qual a arte
procura expressar o mundo de maneira objetiva deixando em segundo plano a subjetividade e o sentimentalismo.
Portanto, interpretando a vida por meio de métodos parecidos com os das ciências exatas, o escritor dessa época pro-
curará também provocar discussão sobre a realidade social e contribuir para modificá-la.
Nossa Literatura começa a distanciar-se um pouco das características da literatura européia, com algumas variações
locais. Um exemplo que podemos perceber no romance “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de
Almeida (poeta do Romantismo), no qual, encontramos o surgimento de novas maneiras de encarar e expressar a realidade.
Leia a descrição da heroína do romance, Luisinha:

[...] Era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas e olhava
a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal
penteada [...] uma grande porção caía-lhe sobre a testa e olhos como viseira.

A diferença que há entre a caracterização dessa personagem e das heroínas tipicamente românticas é que Luisinha não
é a mulher ideal que todo homem deseja.

Outro trecho

[...] Esteve a ponto de chegar-se para a menina, desenterrar-lhe o queixo do peito, e chama-la quatro ou cinco
vezes de estúrdia e feia. Afinal cismou um pouco e murmurou um – que me importa!- que pretendia ser desprezo,
e que era senão despeito.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Mais uma vez, podemos ver as diferenças de atitude Na multiplicidade dos teus ramos,
de Leonardo e a de um herói tipicamente romântico, pois Pelo muito que em vida nos amamos,
enquanto as personagens masculinas do Romantismo são Depois da morte inda teremos filhos!
movidas pela educação, respeito e nobreza de caráter; Leo- No poema Vozes da Morte de Augusto dos Anjos (pré-
nardo é impaciente e movido pelo ciúme. modernista), note que o conflito nasce da luta entre o desejo
A essa altura você poderia se perguntar: quais os ele- e as forças que o desejo não pode vencer: o amor, a idade, o
mentos de uma obra literária? desejo de ser imortal.
Esse é o tipo de pergunta que não quer calar, principal- Outro elemento presente na obra literária é o Narrador.
mente quando o assunto é Literatura. Registre essa infor- Esse é a “voz” que vai contando a história. Há casos em que
mação: Em toda obra literária você encontrará os seguintes o narrador conta uma intriga ocorrida consigo mesmo; nes-
elementos: PERSONAGEM; AÇÃO; CONFLITO; NARRADOR; sas situações ele usa formas de primeira pessoa (eu me, mim,
TEMPO; ESPAÇO e outros recursos. comigo, meu, minha...), esse tipo nós classificamos de nar-
Vamos detalhar um a um? rador-personagem. Há outro tipo de narrador, chamado de
Quando falamos em personagem na obra literária es- narrador de 3ª pessoa. Esse sabe de tudo até mesmo o que
tamos nos referindo à construção de uma figura anima- se passa na mente dos outros, porém permanece anônimo e
da, vida. Pode ser um bicho ou ser humano. Quem não se quase nunca diz eu.
lembra da cachorra Baleia da obra Vidas Secas (1938) de Leia um trecho da obra de Graciliano Ramos (poeta mo-
Graciliano Ramos (poeta modernista)? dernista), Vidas Secas.
Quem não se lembra do gigante Adamastor, descrito
em Os Lusíadas, de Camões? “Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do
A ação é o que o personagem faz ou o que fazem com bebedouro, carregou lentamente a espingarda com
ela. Então a ação poderá ser: psicológica (quando vivida na chumbo miúdo e não socou a bucha, para a carga
intimidade): física (quando provocar qualquer alteração em espalhar-se e alcançar muitos inimigos. Novo tiro, novas
torno da personagem; intriga (são várias ações juntas). quedas, mas isto não deu nenhum prazer a Fabiano.
Acompanhe na poesia de Drummond esses elementos Tinha ali comida para dois ou três dias; se possuísse
(personagens e ação). O título da poesia é Quadrilha munição, teria comida para semanas e meses.”
Quadrilha
Às vezes, o tempo da ação pode ser diferente do tempo
João amava Teresa que amava Raimundo
da narração. Com relação ao tempo numa narrativa dizemos
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que pode ser: cronológico (marcado pelo ritmo do relógio)
que não amava ninguém.
ou psicológico (é um tempo que ignora o relógio e está mais
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento
preocupado em registrar as sensações e vivências interiores
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
dos personagens).
Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J.Pinto Fer-
E o espaço é como se fosse um cenário, podendo se divi-
nandes
dir em: urbano ou rural, regional ou universal. Às vezes, numa
que não tinha entrado na história.
mesma narrativa encontramos lugares abertos (natureza) e fe-
chados (ambientes).
Portanto, toda obra possui uma ou mais personagens,
Convido você a dar mais um salto nesse capítulo chamado
sendo que cada personagem sempre possui um grau de
no “REINO DAS PALAVRAS”. Em 2008 comemoramos 100 anos
atividade própria. E, as várias ações juntas formam uma in-
da morte de um importante escritor brasileiro. Sabe de quem
triga (ou enredo) da obra. O poema de Drummond- Qua-
estamos falando?
drilha- é um belo exemplo de intriga.
Isso mesmo! Estamos nos referindo à Machado de Assis.
Outro elemento é o conflito, esse nasce da ação provo-
Ele foi o mais importante escritor brasileiro, sua obra com-
cada por interesses diferentes. Vamos a outro poema:
preendeu vários gêneros, como a crônica, a crítica, o teatro, a
Vozes da Morte
poesia, o conto e o romance.
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Desfrute esse poema de Machado. Ou, quem sabe, ofere-
Tamarindo de minha desventura,
ça-o a um Amigo.
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!
BONS AMIGOS
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem
Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
pedir.
E a podridão, meu velho! E essa futura
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Ultrafatalidade de ossatura,
Amigo a gente sente!
A que nos acharemos reduzidos!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o
Não morrerão, porém, tuas sementes!
olhar.
E assim, para o Futuro, em diferentes
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,
Amigo a gente entende!

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o É bom músico e bom homem; todos os músicos gos-
ombro pra chorar. tam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar
Porque amigo sofre e chora. e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tem-
Amigo não tem hora pra consolar! po. “Quem rege a missa é mestre Romão” — equivalia a
esta outra forma de anúncio, anos depois: “Entra em cena o
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verda- ator João Caetano”; — ou então: “O ator Martinho cantará
de ou te apontam a realidade. uma de suas melhores árias.”
Porque amigo é a direção. Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular.
Amigo é a base quando falta o chão! Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Ro-
mão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orques-
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. tra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os
Ter amigos é a melhor cumplicidade! gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era
outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm rege agora no Carmo é de José Maurício; mas ele rege-a com
espinho, o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua Acabou
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o
rosas! rosto apenas alumiado da luz ordinária.
Machado de Assis Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sa-
http://www.pensador.info/autor/Machado_de_Assis/ cristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa
do jantar. Tudo isso indiferente e calado Jantou, saiu, ca-
Os estudiosos da obra de Machado de Assis destacam minhou para a rua da Mãe dos Homens, onde reside, com
algumas técnicas presentes na prosa machadiana (quando um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e
estudamos um autor atribuímos essa expressão): que neste momento conversa com uma vizinha — Mestre
Romão lá vem, pai José, disse a vizinha — Eh! eh! adeus,
Intertextualidade: a citação de obras de grandes es-
sinhá, até logo Pai José deu um salto, entrou em casa, e es-
critores. Com esse recurso Machado reforça e ilustra o que
perou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar
está escrevendo. Há citações das fontes inglesas, sobretu-
do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre.
do, na exploração do humor.
Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem
Paródia: é a ironização de frases, comportamentos,
passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou
textos.
jocundas. Casa sombria e nua. O mais alegre era um cravo,
Digressão: é o modo ziquezague de narrar. Isso faz
onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando.
com que aumentem os temas e ocorrências casuais.
Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhu-
Eufemismo: é o abrandamento de uma informação ma dele.. Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande
dolorosa por meio de uma expressão delicada. compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que
Terminaremos esse capítulo com um dos contos cur- têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as
tos e perfeitos da literatura brasileira. Nele, Machado de- últimas representam uma luta constante e estéril entre o
monstra surpreendente capacidade de síntese. Quanto a impulso interior e a ausência de um modo de comunicação
mestre Romão, a personagem principal, sua grandeza está com os homens. Romão era destas.
não só no que ele foi (um homem simples e um regente Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si
sem igual), mas no modo como recebeu a morte (sereno, muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e
embora frustrado) e no fato de haver sido o pivô de uma originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta
grande ironia. era a causa única da tristeza de mestre Romão. Natural-
Cantiga de Esponsais mente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros
Machado de Assis aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo;
Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Car- mas a verdade é esta: — a causa da melancolia de mestre
mo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram Romão era não poder compor, não possuir o meio de tra-
todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem o que é duzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e
uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía
cantada daqueles anos remotos. informe, sem idéia nem harmonia. Nos últimos tempos ti-
Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacris- nha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada E,
tães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça,
cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as um canto esponsalício, começado três dias depois de ca-
mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, sado, em 1779.
as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu
orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas
cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela.
com alma e devoção Chama-se Romão Pires; terá sessenta Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si al-
anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. guma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. Estes con-
sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja tinuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos
por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impa- ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora,
ciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, em vez de olhar para baixo Mestre Romão, ofegante da
encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do
Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não
de uma folha de papel, não mais. soavam — Lá... lá... lá.. Desesperado, deixou o cravo, pe-
Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes gou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça
durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa,
releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem
triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de feli- sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda
cidade extinta — Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje frase musical, justamente a que mestre Romão procurara
adoentado — Sinhô comeu alguma coisa que fez mal.. — durante anos sem achar nunca. O mestre ouviu-a com tris-
Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica.. O boticário teza, abanou a cabeça, e à noite expirou.
mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia se- Fonte: www.dominiopublico.gov.br
guinte mestre Romão não se sentia melhor. É preciso dizer
que ele padecia do coração: — moléstia grave e crônica. Pai AGORA É SUA VEZ
José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cede-
ra ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico — ATIVIDADE 1
Para quê? disse o mestre. Isto passa O dia não acabou pior; 1) No conto “Cantigas de Esponsais” há uma digressão
e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal estratégica que nos mostra, sobretudo a vida popular. Que
pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do papel tem essa digressão na arquitetura do conto?
incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que en-
tretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam- ATIVIDADE 2 (retirada da prova do ENEM)
lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”
acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos do poeta romântico Castro Alves:
capotes que o boticário lhe dava no gamão, — outro que Oh! Eu quero viver, beber perfumes
eram amores Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh´alma adejar pelo infinito,
dizia que era o final — Está acabado, pensava ele Um dia de
Qual branca vela n´amplidão dos mares.
manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente
No seio da mulher há tanto aroma...
mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
palavras enganadoras: — Isto não é nada; é preciso não
-Árabe errante, vou dormir à tarde
pensar em músicas.. Em músicas! justamente esta palavra
Á sombra fresca da palmeira erguida.
do médico deu ao mestre um pensamento Logo que ficou
Mas uma voz responde-me sombria:
só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde
Terás o sono sob a lájea fria.
1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas ar- ALVES, Castro, Os melhores poemas de castro Alves. Sel.
rancadas a custo e não concluídas. E então teve uma idéia De Ledo Ivo. São Paulo: global; 1983.
singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qual- Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o
quer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma inconformismo do poeta com a antevisão da morte pre-
na terra — Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e matura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece
se conte que um mestre Romão.. O princípio do canto re- na palavra
matava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, a) embalsamada
era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou b) infinito
que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava c) amplidão
para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na jane- d) dormir
la dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, e) sono
debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas
mãos presas. ATIVIDADE 3
Mestre Romão sorriu com tristeza — Aqueles chegam, Não faças versos sobre acontecimentos.
disse ele, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles Não há criação nem morte perante a poesia
poderão tocar.. Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e Diante dela, a vida é um sol estático.
chegou ao lá... — Lá, lá, lá.. Nada, não passava adiante. E Não aquece nem ilumina.
contudo, ele sabia música como gente — Lá, dó... lá, mi... lá, Uma das constantes na obra poética de Carlos Drum-
si, dó, ré... ré... ré.. Impossível! nenhuma inspiração. Não exi- mond de Andrade, como se verifica nos versos acima é:
gia uma peça profundamente original, mas enfim alguma a) a locução do homem social
coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento b) o negativismo destrutivo
começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava c) a violação e desintegração da palavra
reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mu- d) o questionamento da própria poesia
lher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava e) o pessimismo lírico

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 4 Capítulo 6
“A poesia deixa de ser apenas um lamento senti-
mental murmurado em voz baixa para ser também um O PODER DAS PALAVRAS E DAS IMAGENS
grito de protesto político ou reivindicação social.”
O fragmento acima se refere a dois momentos da poe- COMPREENDER E USAR OS SISTEMAS SIMBÓLICOS
sia romântica brasileira que podem ser definidos, respecti- DAS DIFERENTES LINGUAGENS COMO MEIOS DE OR-
vamente, como: GANIZAÇÃO COGNITIVA DA REALIDADE PELA CONSTI-
a)1ª geração romântica- 2ª geração romântica TUIÇÃO DE SIGNIFICADOS, EXPRESSÃO, COMUNICA-
b) ultra-romantismo- condoreirismo ÇÃO E INFORMAÇÃO
c) indianismo- poesia social
d) geração condoreira-geração “mal do-século” Sônia Querino Santos e Santos

ATIVIDADE 5
A canção “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”
compostos pelo rei Roberto Carlos da Jovem Guarda nos
anos 1970 é considerada
a) Uma canção de amor.
b) Uma canção de protesto.
c) Uma exaltação à natureza.
d) Uma canção sarcástica.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas
ATIVIDADE 1 - O papel é o de transformar o conto não
numa mensagem particular e isolada sobre a vida de um
músico do passado, mas nos colocar em contato com al-
guns conflitos universais do ser humano (desejar o que não
está no alcance do nosso talento; achar-se menos do que
realmente se é; autocompreensão da velhice e da doença... Figura 1 comuniquese.wikidot.com/tres-funcoes-basicas-...
ATIVIDADE 2 - LETRA E: sono
ATIVIDADE 3 - LETRA E: o pessimismo lírico Caro aluno (a)
ATIVIDADE 4 - LETRA C: indianismo- poesia social Embora o índice de analfabetismo seja marcante no
ATIVIDADE 5 - LETRA A: uma canção de amor. Brasil, a linguagem escrita está em toda parte e de diferen-
tes modos. Algumas acompanhadas por símbolos (imagens
e outros recursos), cuja função é dar sentido à linguagem.
PRA FIM DE PAPO...
Muitas vezes não percebemos que também na lingua-
Caro Aluno
gem falada há um esquema que favorece a compreensão
das pessoas envolvidas na conversa, ou seja, há uma or-
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
ganização a partir de algumas variáveis: o assunto, tipo de
- Identificar categorias pertinentes para
situação, papéis dos participantes e o tipo de linguagem. E,
a análise e interpretação do texto literário e reconhecer os
na interação dessas variáveis cria-se um movimento (avan-
procedimentos de sua construção.
ço e recuo) do conteúdo debatido.
- Distinguir as marcas próprias do texto Sabe quando a conversa parece não avançar?
literário e estabelecer relações entre o texto literário e o Pode ser que as pessoas envolvidas estejam se “atro-
momento de sua produção, situando aspectos do contexto pelando” na conversa. Ou, pode acontecer que na ansie-
histórico, social e político. dade de participar misturam os assuntos e... aí ninguém se
- Relacionar informações sobre concep- entende mesmo!
ções artísticas e procedimentos de construção do texto Portanto, para a comunicação falada seguimos um es-
literário com os contextos de produção, para atribuir signi- quema através do qual a conversa se torna envolvente e os
ficados de leituras críticas em diferentes situações. interessados ao assunto discutido argumentam, apresen-
- Analisar as intenções dos autores na tam seus pontos de vista favoráveis e desfavoráveis e... na
escolha dos temas, das estruturas, dos estilos, gêneros dis- empolgação as horas passam.
cursivos e recursos expressivos como procedimentos argu- Consequentemente, quando nos referimos à lingua-
mentativos. gem escrita, é igualmente importante, ordenar o assunto e
- Reconhecer a presença de valores so- estabelecer relações, utilizando-se dos recursos argumen-
ciais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio tativos na sustentação de seus pontos de vista.
literário nacional. Lembre-se que um texto não é um amontoado desor-
ganizado palavras. Mesmo porque, se não levarmos em
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude conta as relações de uma frase com outra que compõem
um pouco mais, você está iniciando um processo de apren- o texto corremos o risco de atribuir um sentido oposto ao
dizagem e ele exige persistência...vamos lá! pretendido.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Mas... Há vários tipos de textos? Dona Vassoura ficou inquieta, pensou, pensou...
Sim, pois os textos nascem de acordo com o contexto, - Sozinha aqui pelo menos vou ter um companheiro, nada
nesse sentido, quanto mais lemos, mais adquirimos vocabu- tenho a perder, até que ele é bem simpático pois já o vi algu-
lário e facilidade para escrever. Essa escrita recebe o nome mas vezes brincando na água.
genérico de redação. Portanto, há basicamente, três modos Mais tarde a noitinha dona Vassoura chamou dona Pazi-
de organização de um texto: o narrativo, o descritivo e o nha e disse-lhe:
dissertativo. - Bem diga a ele que aceito, mas como será o que vamos
Vamos falar de cada um deles. fazer?
- Não se preocupe nós vamos arranjar tudo para o casa-
•NARRAÇÃO mento.
Narrar é contar uma história que pode ser real ou ima- E assim foi.
ginária. Cabe lembrar que em nosso cotidiano encontramos Fizeram, primeiro, a lista dos padrinhos e convidados.
textos narrativos, ou seja, contamos e ou ouvimos histórias - Ouça dona Vassoura, os padrinhos de seu casamento
o tempo todo. serão: o senhor Balde e eu. As daminhas serão as Flanelinhas
Na narração utilizamos verbos de ação e, antes de narrar que estão todas felizes pelo evento.
um fato ou história é importante decidir se você vai ou não - O senhor Papel Higiênico ficou de enfeitá-la e fará uma
fazer parte da narrativa. grinalda bem linda, ele prometeu.
Vamos ao exemplo? - O ambiente será todo perfumado pois, os Senhores
“...Quando desci da lotação vi um pacote perto de um ca- Desinfetantes se incumbirão de fazê-lo. - No mais, todos os
chorro vira-lata. Na curiosidade, me aproximei e peguei o pa- outros moradores deste armário vão contribuir. Os senhores
cote; comecei a abrir. Lá estava bem enroladinho com jornais Panos de Chão, os Tapetes, até o Sr Desentupidor irá colaborar.
velhos um envelope com um montão de dólares... nossa!...” - Pelo jeito já está tudo combinado, não é mesmo dona
Pazinha?
O narrador faz parte da história e optou por fazer a nar- - É sim. Vamos marcar para a próxima noite, certo?
rativa em 1ª pessoa. Os verbos da narrativa conjugados em - Sim, combinado.
1ª pessoa são: desci, vi, aproximei, peguei, comecei. A noite veio e o casamento foi realizado com muita simpli-
As narrativas mais conhecidas são: romance, novelas e cidade. Dona vassoura toda enfeitada. O noivo, Senhor Rodo,
contos. Nos romances a narrativa é longa e envolve bastan- com a ajuda do Senhor Pano de Chão, estava muito bem en-
tes personagens. De acordo com o tema, os romances mais rolado, muito elegante.
conhecidos são: de amor, de aventura, policial, ficção... Os convidados estavam felizes e a festa foi até de madru-
Nas novelas, lembra de “A Favorita”, apresentada pela gada.
rede globo? Nas cenas apresentadas havia uma série de ca- No dia seguinte, quando foi aberto o armário, estava tudo
sos paralelos e vários momentos de suspenses. E, quantas diferente!
vezes aquelas cenas foram motivos de conversas entre nós, - O que aconteceu aqui? Pensou a dona da casa...
Hein? A vassoura toda enfeitada de papel higiênico, o rodo fora
Como estamos nos referindo aos textos narrativos, não do lugar...
podemos deixar de lado, as historinhas infantis. Elas são Fechou a porta do armário e esqueceu o assunto, mas que
exemplos de textos narrativos. era estranho era...
Lá dentro os convidados começavam acordar da festa de
Leia: O CASAMENTO DA VASSOURA ontem, ou seja, do casamento da Vassoura...
de Marlene B. Cerviglieri Fonte: http://www.contos.poesias.nom.br/ocasamentoda-
Ali guardadinha estava a vassoura num cantinho do vassoura/ocasamentodavassoura.htm
armário. Às vezes a tiravam e dançava muito pela casa ou
quintal, ficando até tonta de tanto ir pra lá e pra cá. Mas de- COMENTÁRIOS: quando ouvimos ou lemos uma história,
pois ficava no cantinho até tristonha mesmo. Um dia, porém, criamos a imagem mental dos personagens e do cenário da
ouviu uma vozinha que a chamava: narrativa. Para tanto, interpretamos os “não-ditos”, nas entre-
- Dona Vassoura, oh dona vassoura está me ouvindo? linhas. Nesse sentido podemos afirmar que a história se com-
- Sou eu, a dona Pazinha aqui do outro lado. pleta com a participação do ouvinte ou do leitor.
- Sim, estou ouvindo - disse a Vassoura até meio assus- •DESCRIÇÃO
tada. A Descrição é a apresentação falada ou escrita daquilo que
- Tenho um recado para a senhora, do senhor Rodo. você viu. Na Descrição ou texto descritivo se faz um retrato por
- De quem? escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto.
- É do senhor Rodo. A classe de palavras mais usada é o adjetivo (termos que
- Ele mandou lhe dizer que gostaria de casar com a se- expressam qualidade, estado ou modo de ser a pessoa ou ob-
nhora! jeto). Na descrição de pessoas é importante apresentar as ca-
- O que devo responder a ele? racterísticas físicas (gorda, magra, ruiva, negra) e, na descrição
- Ora - disse a Vassoura, pega de surpresa - Eu casar de um ambiente a paisagem deve ser bem detalhada (ex:
com o senhor Rodo? na rua tinha uma placa que dizia que era proibida a entrada
- É sim. Pense e depois me dê a resposta, é só me cha- de pessoas estranhas). Já na descrição de um objeto é bom
mar. lembra a cor, a forma e outros detalhes.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Um exemplo? Leia o trecho abaixo: esse fato aconteceu com um jovem de 15 anos.
“... uns amigos meus me chamaram pra ir no shopping. Tava tudo “mara” aí né? uma “gambé marenta” de olho claro e
tal, cabelo preto, toda estilosa, pediu meus documento. Aí falei: para quê? Não tamos fazendo nada... Ela falou: tô de olho em
vocês já faz tempo. Tão procurando o quê? AH! Eu fiquei “p” da vida e não mostrei nada. Então vim parar aqui nas mãos dos
homens! Caramba, não fiz nada!..”
COMENTÁRIO: Se você leu atentamente deve ter percebido que o trecho acima foi escrito de acordo com a linguagem
falada por esse jovem de 15 anos: (ir “no” shopping; tava tudo mara; fiquei “p”...).
Destaco aqui a importância em você perceber que a linguagem utilizada em nosso dia-a-dia, como o uso de gírias
ou outras expressões devem ser evitadas quando você estiver redigindo uma redação, seja ela, na narrativa, descritiva ou
argumentativa. Isso porque, na redação você deverá seguir as regras gramaticais e ortográficas exigidas para a escrita.
Pense sobre isso!

•DISSERTAÇÃO
Já os textos dissertativos encontram posicionamentos pessoais e exposição de idéias. A intenção de quem escreve é a
argumentação, apresentada de forma lógica e coerente, a fim de defender um ponto de vista.
Geralmente, um texto dissertativo está dividido em três partes: 1) Introdução; 2) Desenvolvimento; 3) Conclusão.
• Na introdução você deverá definir a questão e situar o problema, ou seja, você vai apresentar os fun-
damentos ou alguma teoria sobre aquele assunto e fornecer as ideias.
• No desenvolvimento você irá defender a ideia apresentada na introdução, para isso você poderá fazer
comparações, ligações com outro assunto, tudo para comprovar a ideia inicial.
• Para concluir, ou seja, no encerramento de sua dissertação que deve ser breve e marcante, você poderá
usar expressões: “É assim que...” “Dessa maneira...”.
Veja abaixo um texto dissertativo, apresentado numa avaliação do ENEM e aprovada com nota máxima. Leia-a! E acre-
dite que a próxima poderá ser a sua!

Ler para compreender


Vivemos na era em que para nos inserir no mundo profissional devemos portar de boa formação e informação.
Nada melhor para obtê-las do que sendo leitor assíduo, quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a
consciência, o raciocínio e a visão crítica.
A leitura tem a capacidade de influenciar nosso modo de agir, pensar e falar. Com a sua prática freqüente, tudo
isso é expresso de forma clara e objetiva. Pessoas que não possuem esse hábito ficam presas a gestos e formas
rudimentares de comunicação.
Isso tudo é comprovado por meio de pesquisas as quais revelam que, na maioria dos casos, pessoas com ativa
participação no mundo das palavras possuem um bom acervo léxico e, por isso, entram mais fácil no mercado
de trabalho ocupando cargos de diretoria.
Porém, conter um bom vocabulário não torna-se (sic) o único meio de “vencer na vida”. É preciso ler e
compreender para poder opinar, criticar e modificar situações.
Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer culturalmente e socialmente
o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem sabermos utilizar a comunicação de
forma correta e, portanto, torna-se indispensável a intimidade com a leitura.

Então... aí vai umas dicas a serem levadas em conta quando você estiver fazendo sua redação, seja ela, narrativa, des-
critiva ou dissertativa.
DICAS:
1) Leia com atenção “redobrada” o que está sendo pedido.
2) Não confunda o tema da redação com o título.
3) O tema da redação está no enunciado da questão, já o título é criação sua.
4) Ao escrever sobre um tema polêmico (exemplo: política, religião, esporte...) não seja radical, ou seja, não apresente
seu ponto de vista de maneira violenta e comprometedora;
5) Fique atento para a “força das palavras”, lembre-se que existe uma profunda diferença entre a linguagem falada e
a linguagem escrita, portanto, evite gírias e palavras vulgares, os famosos palavrões!
6) Evite frases longas. Prefira as frases curtas.
7) Evite usar “chavões”, provérbios populares. Exemplo: “filho de peixe, peixinho é”; “quem fere com fogo, com fogo
será ferido”... são palavras desgastadas pelo uso, então, use sua imaginação!
E, lembre-se: “Não há textos exclusivamente narrativos, descritivos ou dissertativos”. Porém, no seu texto será percebi-
do o predomínio de um dos três modos sobre os demais.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Recordando: Os textos são caracterizados por um conjunto de frases em harmonia de sentido, ou seja, com coerência
e com funções específicas: informar, emocionar, recordar, convocar. Portanto, será no contexto que as frases ganharão
sentidos diversos e apropriados.
Uma outra coisa muito importante que devemos ter em mente é a intenção da comunicação, seja na linguagem verbal
ou não verbal. Às vezes uma gravura ou um gesto “falam” mais que mil palavras!
Então, é preciso abrir os olhos para o contexto e para a intenção da comunicação.
Acompanhe a tabela e veja geralmente em quais textos cada função é mais destacada:

Função informativa textos jornalísticos e didáticos

Função literária conto, novela, poema, obra teatral

Função apelativa textos publicitários: aviso, anúncio, cartaz...


predomínio do envolvimento do emissor. Uso
Função expressiva
do pronome pessoal e verbo na 1ª pessoa “eu”

•FUNÇÃO INFORMATIVA

Na função informativa a intenção do texto é comunicar o objeto da mensagem ou a situação nela apresentada. Os
textos científicos, jornalísticos e didáticos são exemplos dessa função de linguagem.
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções: informação, sociedade, economia, cultura, esporte, espetáculos,
entretenimentos.... As mais comuns são as notícias, as entrevistas, as reportagens... Elas possuem características próprias. e
cumprem certos padrões de apresentação: letra legível, diagramação cuidada, inclusão de gráficos ilustrativos que é funda-
mental para as explicações do texto...
Quando possível comprove essas informações nos jornais escritos ou nas páginas de jornais questão nos sites. Não
perca a oportunidade em utilizar o computador como fonte de pesquisa e conhecimento.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

As notícias constam de três partes diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimento. É normal que este texto
use a técnica da pirâmide invertida, ou seja, a disposição das informações está em ordem decrescente de importância.
Dessa maneira, os fatos mais interessantes são utilizados para abrir o texto jornalístico, enquanto os de menor relevância
aparecem na sequência.
Lembre-se: o título cumpre a função de atrair a atenção do leitor. A linguagem é em 3ª pessoa. E é um texto que se
caracteriza por usar sempre da objetividade e veracidade.
Já a entrevista focaliza um tema atual, embora a conversação possa enveredar para outros temas.

•FUNÇÃO LITERÁRIA
Na função literária há uma preocupação com a estética (uso de metáforas, rimas, musicalidade, comparações...) que
atribuem “beleza” à escrita. É interessante observar a forma dos poemas. Há estrofes de quatro versos (quadra) muito usa-
das em poesia sertaneja e na literatura de cordel.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Zé da Luz
E nesta constante lida
Na luta de vida e morte
O sertão é a própria vida
Do sertanejo do Norte
Três muié, três irimã,
Três cachorra da mulesta
Eu vi nun dia de festa
No lugar Puxinanã.
Respeitando o estilo de cada poeta na rima da poesia, observe a rima do poema acima: a primeira linha com a terceira,
e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a terceira.

•FUNÇÃO EXPRESSIVA
Ferreira Goulart (não há vagas) eu-lírico e o sentimento do coletivo
Nos poemas, além da função literária encontramos as funções expressivas, conhecidas por eu-lírico. Mas, cuidado,
quando nos referimos a eu-lírico não nos referimos somente ao sentimento individual do poeta como vimos no capitulo
anterior, às vezes, o eu-lírico pode expressar um problema social.
Um exemplo muito próximo é a produção dos Rapers, é um eu-lírico que se assume como “porta-voz” da sua comu-
nidade.
Leia três poemas de Fernando Pessoa. É marcante nesse poeta a utilização de “heterônimos”, ou seja, o poeta portu-
guês, Fernando Pessoa assina suas obras(poesias) atribuindo para si outros nomes: Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto
Caieiro.
Nesse caso, o eu-lírico está identificado com realidades diferentes Que você poderá comprovar a partir da leitura dos
poemas de Fernando Pessoa apresentados a seguir.

SE DEPOIS DE EU MORRER... BREVE O DIA LISBOA


Alberto Caieiro Ricardo Reis Álvaro de Campos

Se, depois de eu morrer, quiserem es- Lisboa com suas casas 


crever a minha biografia, De várias cores, 
Não há nada mais simples. Lisboa com suas casas 
Tem só duas datas --- a da minha nas- De várias cores, 
cença e a da minha morte. Lisboa com suas casas 
Entre uma e outra todos os dias são De várias cores ... 
meus. À força de diferente, isto é monótono. 
Como à força de sentir, fico só a pensar. 
Sou fácil de definir. Breve o dia, breve o ano, Se, de noite, deitado mas desperto, 
Vivi como um danado. breve tudo. Na lucidez inútil de não poder dormir, 
Amei as coisas sem sentimentalidade Não tarda nada sermos. Quero imaginar qualquer coisa 
nenhuma. Isto, pensado, me de a E surge sempre outra (porque há sono, 
Nunca tive um desejo que não pudes- mente absorve E, porque há sono, um bocado de sonho), 
se realizar, porque nunca ceguei. Todos mais pensamentos. Quero alongar a vista com que imagino 
Mesmo ouvir nunca foi para mim se- O mesmo breve ser da Por grandes palmares fantásticos, 
não um acompanhamento de ver. mágoa pesa-me, Mas não vejo mais, 
Compreendi que as coisas são reais e Que, inda que mágoa,é Contra uma espécie de lado de dentro de pál-
todas diferentes umas das outras; vida.2 pebras, 
Compreendi isto com os olhos, nunca   Que Lisboa com suas casas 
com o pensamento. De várias cores. 
Compreender isto com o pensamento Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. 
seria achá-las todas iguais. A força de monótono, é diferente. 
Um dia deu-me o sono como a qual- E, à força de ser eu, durmo e esqueço que exis-
quer criança. to. 
Fechei os olhos e dormi. Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo, 
Além disso fui o único poeta da Na- Lisboa com suas casas 
tureza.1 De várias cores.3

51
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

•FUNÇÃO APELATIVA

Nos discursos, sermões e propaganda a intenção da escrita está em convencer o receptor, então, a função de lingua-
gem usada é a função apelativa.
Os textos publicitários informam sobre o que se vende com intenção de criar no ouvinte, ou telespectador a necessi-
dade de comprar. Neles, é tão forte o grau de convencimento que algumas vezes não lembramos o produto em si, nem a
utilidade:
“... meu marido vai comprar um aparelho de barbear muito bom que a gente viu no Faustão.”
Realmente a “propaganda é a alma do negócio”!
Mas, no final, Quem paga a conta?
Talvez por isso, esteja alto o índice de pessoas com o nome “sujo na praça”, melhor dizendo, pessoas com restrições no
nome (problemas no SERASA e SPC).
Então... Antes de consumir é melhor refletir se realmente há necessidade em adquirir tal produto apresentado em
propagandas.

COMPRAS NA INTERNET?
Aliás, hoje em dia, não precisamos sair de casa. Basta acessar os sites da internet e, encontraremos várias maneiras
fáceis para comprar determinado produto. E o pior, em alguns casos, as pessoas pagam pelo produto e não recebem o
produto que compraram. Às vezes o “barato sai caro”. Prevenir é melhor que remediar.
Então... você tem acesso à internet? Já comprou alguma vez pelo site? Como foi sua experiência? Você indicaria para
alguém? Pense nisso e, se achar interessante converse sobre isso com um amigo. Assim, você amplia seu conhecimento
sobre um assunto que está na “moda”: comprar pelo computador.
Essas são realmente as “facilidades” do mundo atual, mas sem dúvida, o uso abusivo dos cartões de créditos e outros
financiamentos tem “tirado” o sono de muita gente...

•FUNÇÃO ENTRETENIMENTO E CRÍTICA

__________
1 www.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/pessoa.html
2 http://www.jornaldepoesia.jor.br/fp400.html
3 http://www.jornaldepoesia.jor.br/facam47.html

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

E, para finalizar, não podemos deixar de lembrar a função de entretenimento e crítica. Como você já sabe a linguagem
pode ser verbal e não verbal ao mesmo tempo. Nesse sentido, a linguagem em quadrinhos permite ao leitor fazer uso da
imaginação na interpretação do texto.
Com os avanços da tecnologia, as charges podem ser acessadas em sites específicos e funcionam como instrumento de crítica,
reflexão e formação de opinião. A historinha acima você poderá ter acesso através do endereço: http://www.falamenino.com.br/.
Portanto, de acordo com o início desse capítulo, embora numa sociedade na qual a escrita está em toda parte, veja que
os recursos gráficos-visuais cumprem a função de transmitir a mensagem.
Nas figuras abaixo, o objetivo da mensagem é facilmente interpretado por qualquer pessoa, seja ela escolarizada ou não.

FIGURA 1 FIGURA 2

Na figura 2, por exemplo, qual frase você escreveria para explicar a mensagem?
Acredito que as frases podem até ser diferentes na escrita, porém o conteúdo da frase seria semelhante, ou seja, todas
as frases que possam vir a ser escritas se referindo à figura 2 trarão a indicação das escadas em casos de incêndio.
Então, para interpretar bem um texto, seja ele escrito ou não, é importante se perguntar sobre o contexto em que foi
escrito ou elaborada a mensagem. Se alguém perguntar o que é contexto, você tranquilamente dirá que é a relação entre
o texto e a situação em que ele ocorre. Por isso, o contexto pode ser (social,cultural, estético, político...). Isso não significa
afirmar que um determinado texto só possui um contexto.
Às vezes um determinado assunto tem repercussão em várias áreas, nesse sentido é correto afirmar que os contextos se
misturam.Portanto, um assunto poderá ter uma conotação social e política ao mesmo tempo. Ou uma determinada reporta-
gem sobre questões de estéticas pode apresentar um contexto religioso.
Logo, o ler um texto devemos em primeiro lugar prestar atenção em seu conteúdo informativo fundamental, ou seja, o
tema central. Em seguida você deverá observar nos parágrafos seguintes as ideias secundárias. Para identificar o contexto
ou os contextos observe os verbos que aparecem no texto, bem como, os recursos utilizados para unir os parágrafos.
O mais interessante é você identificar o núcleo centrar da mensagem e, antes de começar a escrever pensar sobre o
assunto; verificar se há ulgum termo que você desconhece. Portanto, o dicionário é sempre bem-vindo.
Leia atenta os enunciados em seguida pense no tipo de texto a ser produzido. Entre esses fatores, dois são fundamentais:
a finalidade do texto e o interlocutor, ou seja, a quem o texto se destina.
• Motoristas reivindicam aumento salarial
Comentário: Nesse enunciado percebemos dois contextos: o social (relacionado ao ato de reivindicar ou seja, recla-
mar por melhorias de vida) e o contexto político (um direito garantido pelas Leis Trabalhistas ao trabalhador) bem como, a
associação do trabalhar em sindicatos de ligados à sua área de atuação. Para você desenvolver, com sucesso,um texto com
essa temática, o primeiro passo poderia ser consultar o dicionário para saber o que significa reivindicação. E cuidado não é
reinvidicação.
• O Congresso investiga denúncia sobre envolvimento de Deputados no desvio da verba pública
Comentário: nesse caso o contexto político sobressai, porém com implicações históricas e sociais, pois o dinheiro pú-
blico não deve ser destinado para fins pessoais. Contudo, casos semelhantes sempre aconteceram em nossa História, o que
não significa dizer que não devam ser corrigidos, portanto, ao escrever sobre um tema polêmico como esse você deveria
destacar por exemplo, o papel político do Congresso em zelar pelo Patrimônio Nacional.
• Cresce o número de casos de Endometriose em Adolescentes
Comentário: o tema central focalizado no anúncio tem incidência na área da saúde, portanto, é de domínio social,
político. Porém, o desconhecimento da palavra “Endometriose” poderá dificultar sua escrita. Então, a pesquisa prévia sobre
o que iremos escrever, bem como, acompanhar as notícias veiculadas nos meios de comunicação, ajudará a nos manter
informados.
Pois, para o desenvolvimento do enunciado não basta abordar sobre adolescência, uam vez que o foco central está em
“algo” que afeta a adolescência. Aproveite o exemplo e consulte um site de busca para saber o que é Endometriose.
• Líder Religioso acusado de pedofilia
Comentário: mais uma vez podemos afirmar que os contextos se cruzam. Pois, o tema presente no enunciado é de
preocupação social, política e religiosa. O termo “pedofilia” pode ser buscado no dicionário justamente para ajudar a am-
pliar nossos conhecimentos. Contudo, em uma redação com essa, você deverá evitar palavras pejorativas e que expressem
“juízo de valor” quanto à religião. Nesse caso, importa atender à solicitação para a escrita demonstrando argumentos sobre
a questão central “pedofilia”.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• Cresce o número de jovens vítimas de acidentes 3) Para o parágrafo central do rascunho, também cha-
de trânsito. mado tópico frasal o aluno pretendia se guiar por essa
Comentário: os contextos se entrelaçam, ou seja, para ideia escrita: “A vitória de Barack Obama como presidente
“resolver” ou diminuir o índice de incidência de casos des- dos Estados Unidos acena para mudanças de paradigmas,
critos no enunciado, os órgãos competetentes precisarão sobretudo nas relações interraciais”.
investir em medidas sócio-educativas aos motoristas e pe- 4) O aluno nos parágrafos secundários apresentaria
destre até mesmo investir em políticas punitivas aos en- sua opinião sobre o tema previsto (Eleição nos EUA), bem
volvidos em situações como essa. Observe que ao escrever como, a importância desse evento num contexto mundial,
sobre uma temática desse tipo você poderá recorrer aos ou seja, a mudança social, histórica e política vivenciada
dados estátísticos entre outros recursos de argumentação. nos EUA e sua influência direta com os demais países. Ain-
E evitar os famosos “jargões” sobretudo os que estão dire- da nos parágrafos secundários, ele iria falar sobre as rela-
cionados aos condutores de veículos. ções interraciais, sem desviar-se do tema (eleição nos EUA);
• Produtos de depilação provocam câncer de pele 5) na conclusão: ele destacou a importância da vitória do
Comentário: Pode parecer um tema exclusivamente Primeiro Negro como Presidente dos EUA.
estético e “feminino”. Nesse sentido, cuidado ao escrever E então, você acha que a partir desse rascunho José con-
sobre um assunto como esse para não cair nas frases de seguiu redigir a redação dissertativa-argumentativa?Que tal
“efeito de sentido”, por exemplo: “isso acontece com as você tentar redigir a sua? Lembramos que a Eleição nos EUA
mullheres porque elas...”. foi um assunto muito divulgado nos meios de comunicação e
Note que a temática câncer de pele é um assunto sério, quem sabe não poderá ser a proposta de redação em concur-
o qual pode ser debtido considerando vários aspectos e sos públicos ou outros processos seletivos?
enfoques. Por isso, é importante ler sobre vários assuntos, Ai vão algumas dicas:
ou seja, manter-se informado. Quero dizer com isso que: Atribua um título criativo.
“não existe assunto exclusivo para mulheres ou exclusivo Cuidado: não confunda o tema com o título da sua re-
dação.
para homens”. O que importa na hora de desenvolver um
O título deverá ser de sua própria autoria.
texto escrito é exatamente o seu grau de conhecimento
O texto deverá apresentar no mínimo 12 linhas e no má-
de “mundo”. Então... Seja uma pessoa “antenada”, ou seja,
ximo 30 linhas
uma pessoa que acompanha os avanços tecnológicos que
nos favorecem rapidez e interação de informação. AGORA É A SUA VEZ!
Vamos exercitar? ATIVIDADE 1
Se fosse solicitado para você escrever uma redação Relacione as frases abaixo de acordo com as funções
dissertativa argumentativa a partir da figura abaixo, quais de linguagem.
os passos você trilharia? A- informativa; B- Literária; C- emotiva
( ) Quando estive em sua casa convivi com sua ausência
( ) Tatiana não desapontou a mim, nem a você
( ) Naquele momento não supus que um caso tão insig-
nificante pudesse provocar desavença entre pessoas razoá-
veis (Graciliano Ramos)

ATIVIDADE 2
Para convencer o público quanto à importância de um
produto de estética que você está revendendo, que tipo de
função de linguagem você utiliza para convencer o cliente e
garantir a venda do seu produto?

ATIVIDADE 3 (ENCCEJA 2006)


O ouvinte imagina visualmente aquilo que o ______está
transmitindo. O imaginar é algo personalizado, único, pessoal,
Tema: Eleição nos EUA intransferível. O ouvinte ouve a voz e a partir de experiências
pessoais constrói a forma física, reelabora os seus desejos. Já
a _____________ oferece algo pronto. É mais impositiva.
Avalie os passos assumidos por um estudante de 29
Ricardo Alexino Ferreira. Internet:<radio.unesp.br>.
anos em aulas preparatórias para concursos:
O texto acima compara dois meios de comunicação
1) Ele a partir da figura atribuiu um título: O Primeiro
e informação, que são:
Negro Presidente;
A o telegrama e a revista impressa.
2) O aluno destacou que esse evento implica mudan-
B o jornal impresso e a Internet.
ças nos contextos: histórico, social e político não só dos
C o rádio e a televisão.
EUA, mas do mundo;
D o telefone e a carta.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADES 5 (ENCCEJA 2006) Capítulo 7


O comércio eletrônico deve faturar R$ 140 milhões
com o dia das Mães (...). O valor representa aumento de UM PONTO DE VISTA OU A VISTA DE
50% em relação aos R$ 92 milhões registrados no ano pas-
sado. Os R$ 140 milhões referem-se às vendas realizadas
UM PONTO?
entre 29 de abril e 13 de maio. A lista de produtos favoritos
CONFRONTAR OPINIÕES E PONTOS DE VISTA SOBRE
é composta por CDs,
AS DIFERENTES LINGUAGENS E SUAS MANIFESTAÇÕES
livros, câmeras digitais e telefones celulares.
Folha Online Informática, 5/5/2006.
Sônia Querino dos Santos e Santos
Com base nas informações oferecidas no texto acima é
correto afirmar que
Caro aluno (a)
A os produtos mais vendidos para o dia das mães fo-
A interrogação acima quer chamar sua atenção para
ram do setor vestuário.
um aspecto aparentemente freqüente, que é defender uma
B o comércio eletrônico vem tendo mais participação
opinião ou um ponto de vista. Algo que em nosso dia-a-dia
em nossa economia.
fazemos com tranqüilidade, pois muitas vezes, nos posicio-
C os consumidores preferem comprar pela Internet
namos diante de acontecimentos, fatos, notícias... emitindo
eletrodomésticos.
nossa opinião de forma convincente a ponto de fazer com
D o ano passado foi mais vantajoso para o comércio
que outros mudem “para nosso lado”.
pela
Às vezes, a notícia que passou no Jornal Nacional, por
exemplo, as cenas das novelas, o comercial... são motivos
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas
para uma longa discussão no trabalho, na escola, no ônibus.
Inclusive, nos agarramos em frases do tipo: “... eu res-
ATIVIDADE 1
peito a opinião de vocês, mas... eu penso assim.”; “sobre
Sequência correta: C- A- B
esse assunto eu tenho minha opinião formada”...
E aí nos lembramos do cantor e filósofo Raul Seixas.
ATIVIDADE 2
Suas músicas eram verdadeiros protestos. Você lembra de
Função Apelativa
alguma?
Segue alguns trechos de músicas do Raul, vamos tentar
ATIVIDADE 3
descobrir a mensagem que ele queria transmitir?
Alternativa correta: LETRA C
Metamorfose Ambulante
Raul Seixas
ATIVIDADE 4
Composição: Paulo Coelho / Raul Seixas
Alternativa correta: LETRA B
...É chato chegar
A um objetivo num instante
PRA FIM DE PAPO!
C Eu quero viver
aro Aluno
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Ao final deste capítulo você deve ser capaz de:
Formada sobre tudo
 
Do que ter aquela velha opinião
- Reconhecer, em textos de diferentes gê-
Formada sobre tudo...4
neros, temas, macroestruturas, tipos, suportes textuais, for-
COMENTÁRIO: Entre tantas opiniões sobre o trecho
mas e recursos expressivos.
acima podemos perceber que o cantor aponta para uma
- Identificar os elementos que concorrem
sociedade em constante mudança. Embora haja uma ten-
para a progressão temática e para a organização e estrutu-
dência de que todos tenham a “mesma opinião” Raul rejeita
ração de textos de diferentes gêneros e tipos.
essa ideia afirmando que ELE PREFERE SER ESSA METAMOR-
- Analisar a função predominante (infor-
FOSE AMBULANTE. O que você pensa dessa afirmação?
mativa, persuasiva etc.) dos textos, em situações específi-
A intenção em trazer esse exemplo é para mostrar a
cas de interlocução, e as funções secundárias, por meio da
você, caro aluno, que existem várias maneiras de expressar
identificação de suas marcas textuais.
um posicionamento pessoal, seja no vestuário (lembremos
- Relacionar textos ao seu contexto de pro-
que os trajes de diferentes grupos, revelam sua ideologia,
dução/recepção histórico, social, político, cultural, estético.
ou melhor sua forma de ver o mundo), na estética (cortes
- Reconhecer a importância do patrimônio
e penteados de cabelo)...como também através da música.
lingüístico para a preservação da memória e da identidade
Aliás muitas vezes cantarolamos músicas em outros
nacional.
idiomas e não sabemos o que querem dizer. Isso porque
somos fascinados pelas melodias e... esse aspecto mais crí-
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
tico, ou seja, o que tal música está denunciando, muitas
um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
vezes, passa sem ser percebido.
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
4 http://letras.terra.com.br/raul-seixas/48317/

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Então, é importante aprender inglês e não “papagaiar” Talvez Raul Seixas estevisse apontando para a desva-
o idioma. lorização no mundo do trabalho, por exemplo. Veja que
Vamos a outro trecho do Raul? todas as profissões são importantes, no entanto, umas são
“... essa noite eu tive um sonho de sonhador: maluco super-valorizadas e outras, em contrapartida, são desvalo-
que sonho eu sonhei. O dia em que terra parou...” rizadas ao extremo.
O Dia em que a Terra Parou Quer um exemplo bem próximo do nosso dia-a-dia?
Raul Seixas Pense nas pessoas que realizam trabalhos manuais em
Composição: Raul Seixas / Claudio Roberto nossas casas, escolas, e outros locais de trabalho. Algumas
Essa noite eu tive um sonho (faxineiros, porteiros...) são tratadas com indiferença ou
de sonhador consideradas inferiores por exercerem esses serviços. Aliás,
Maluco que sou, eu sonhei serviços necessários ao nosso bem-estar.
Com o dia em que a Terra parou Então? Raul Seixas chama à atenção para as diversida-
com o dia em que a Terra parou des de funções sociais e atuações no mundo, pois todas
estão interligadas e deveriam ser valorizadas.
Foi assim Você com certeza tem pontos de vistas diferentes dian-
No dia em que todas as pessoas te dos trechos das músicas destacadas, ou até mesmo, ao
Do planeta inteiro ler o comentário acima não concorda com o ponto de vista
Resolveram que ninguém ia sair de casa apresentado. Se isso aconteceu é sinal que você já desen-
Como que se fosse combinado em todo volveu a capacidade pessoal de argumentação crítica.
o planeta E então, que tal você colocar no papel seu ponto de
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém vista a respeito dos trechos das músicas destacadas? Será
um ótima oportunidade para você desenvolver a habilida-
O empregado não saiu pro seu trabalho de de escrever um texto argumentativo crítico. Vamos lá?
Pois sabia que o patrão também não tava lá Faça sua parte, exercite-se...
Dona de casa não saiu pra comprar pão Nosso assunto nesse capítulo é sobre o ponto de vista.
Pois sabia que o padeiro também não tava lá Portanto, se todo texto (oral, escrito, gráfico...) tem uma
E o guarda não saiu para prender
intenção, como descobrir o que está por trás das palavras,
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
dos desenhos, das letras das músicas, dos poemas... dos
e o ladrão não saiu para roubar
discursos?
Pois sabia que não ia ter onde gastar
Como reconhecer as estratégias de convencimento uti-
...
lizadas nos diversos meios de comunicação e linguagem?
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Um simples outdoors, um folheto, um quadro, uma ca-
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
ricatura... de inúmeras maneiras há sempre alguém tentan-
E os fiéis não saíram pra rezar
do “vender” seu produto, “vender sua ideia”, nos convencer
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar dos seus pontos de vistas...
Pois sabia o professor também não tava lá Tudo isso é natural numa sociedade em que a comu-
E o professor não saiu pra lecionar nicação se renova de forma tão rápida. Tudo isso é natu-
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar ral quando pensamos que através dos variados meios de
... linguagens conseguimos transmitir nossos objetivos a um
O comandante não saiu para o quartel número sempre maior de pessoas.
Pois sabia que o soldado também não tava lá Pretendemos chamar sua atenção para descobrir esses
E o soldado não saiu pra ir pra guerra interesses que estão “por trás” da produção oral (sermão,
Pois sabia que o inimigo também não tava lá discurso...), da produção escrita (folhetos, cartas, história
E o paciente não saiu pra se tratar em quadrinhos...), da produção gráfica (quadros, pintu-
Pois sabia que o doutor também não tava lá ras...). Pois, a todo instante estamos LENDO o MUNDO.
E o doutor não saiu pra medicar O que significa dizer que de diversos modos somos
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar5 convidados a TOMAR PARTIDO, nos POSICIONAR, dizer
COMENTÁRIO: Mais uma vez, respeitando os vários o que pensamos, ARGUMENTAR, ou seja, com palavras e
pontos de vista, destacamos alguns elementos conside- gestos apresentar MEU PONTO DE VISTA.
rados críticos e que estão presentes na letra dessa músi- Assim sendo, no contexto social que vivemos são mui-
ca. Possivelmente os autores desse texto escrito (música) tos os interesses. Então é preciso aprender a identificá-los.
tinham a intenção em demonstrar a importância da di- Convido você a um exercício de interpretação.
versidade na sociedade. Um precisa do outro, ou seja, se A partir das figuras abaixo você tentará identificar o
“em comum acordo” todos decidirem parar, realmente a tema enfatizado, ou seja, você irá observar as figuras e bus-
terra pára. car perceber a intenção da comunicação que está imbutida
na figura. Veja o exemplo da figura 1. Entre as alternativas
5 http://letras.terra.com.br/raul- (a/b/c) qual é aquela que melhor corresponde à situação
seixas/48325/ demonstrada?

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

FIGURA 1 FIGURA 3

a) Desfile de carros; a) uma campanha a favor que as crianças tomem al-


b) Enchentes; cool;
c) trânsito congestionado. b) a indicação para ingerir bebidas;
E então, você conseguiu identificar? c) o problema do alcoolismo.
Leia o comentário abaixo: Comentário sobre a figura 3
Comentário sobre a figura 1: Ao escrever um texto argumentativo sobre o tema
O interesse dessa mensagem é dirigida à toda a so- dessa figura, você pode fazer referência do recurso gráfico
ciedade focalizando uma problemática social que são os utilizado. Afirmando, por exemplo, que a temática preci-
alagamentos nos centros urbanos e, consequentemente os sa ser levada à sério, pois está levando à morte jovens
problemas acarretados, entre esses os altos índices de con- e adolescentes privados de se realizar profissionalmente,
gestionamentos. afetivamente... Ou seja, siga suas intuições e... registre seu
Portanto, ao escrever um texto argumentativo-crítico posicionamento crítico. Isso é argumentar.
você poderia destacar que tais problemas são provocados
pela falta de reciclagem dos lixos, pela falta de planejamen- FIGURA 4
to urbano entre outros.
O importante antes de escrever é pensar sobre o tema,
lembra das dicas do capítulo 6?

Observe a figura 2 :

a) um novo estilo de sapatos com saltos altos


b) a denúncia à prostituição de menores
c) uma indicação de saltos para as noites na cidade
COMENTÁRIO: o tema dessa figura deseja trazer para
a discussão a denúncia à prostituição de menores. Nesse
Escolha a alternativa que melhor se adapta à imagem. caso, outra dica é você fazer uso das conquistas e todo
a) Engarrafamento; trabalho realizado em vista de enfrentar esse problema so-
b) Descuido dos motoqueiros. cial. Entre as conquistas está o Estatuto da Criança e do
Então? Adolescente (ECA).
Comentário sobre a figura 2:
A partir desse recorte é possível provocar a sociedade
a refletir sobre as leis de trânsito, a importância do uso do
capacete... entre outros aspectos que você perceber per-
tinentes em seu texto argumentativo. Inclusive pode citar
falas de outros sobre o tema que pretende argumentar.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

FIGURA 5 Comentário sobre a figura 6


Como você pode perceber nessa imagem, a frase
“quem bate na mulher machuca a família toda” não deixa
dúvidas sobre a intenção da mensagem. Em seu texto ar-
gumentativo, mais uma vez, você pode citar os dados es-
tatísticos sobre a violência no lar; as conquistas com a Lei
Maria da Penha e os desafios para denunciar a violência.
Algumas vezes a mulher agredida tem vergonha de denun-
ciar, vergonha de contar para outros que apanha ou é es-
pancada em casa. Você conhece a frase: “... briga de marido
e mulher, ninguém mete a colher?”.
Um tema dessa natureza, embora complexo traz à tona
a necessidade de promover campanhas de coincientiza-
ção para toda a sociedade. Sobretudo, a necessidade de
enfatizar que em situações de violência no lar, todos são
a) a transporte de madeiras; prejudicados, principalmente as crianças e jovens em idade
b) o replantio de árvores derrubadas; escolar, pois, há casos em que o rendimento escolar do
c) denúncia ao desmatamento; estudante sofre alterações.
COMENTÁRIO: o tema da figura cinco, desmatamento, Após os exemplos citados, concluimos que “ todos sa-
você poderia discutir sobre os interesses dos empresários, bemos, à nossa maneira, “argumentar” ou mostrar nosso
“poderosos” em acumular capitais no estrangeiro em troca entendimento sobre um determinado assunto”. Porém,
do trabalho escravo daqueles que executam esses serviços. para apresentar seu ponto de vista é interessante ter um
Ou seja, discutir o tráfico de seres humanos no passado conhecimento prévio (anterior). Nesse sentido, há vários
(escravidão de pessoas) fazendo um paralelo com o tráfico tipos de argumentos.
de madeira (vida do planeta)
Há situações em que “a posição social ocupada” fala
FIGURA 6
mais alto.

Por exemplo, “... aqui eu sou o chefe, portanto, tem que


ser do meu jeito.”

Há casos em que a “força da religião” pode convencer


o público:

“... tá na bíblia, sempre haverá pobres e miséria no


mundo”.

Porém, não deixemos de lado os dados estatísticos.

a) um convite a uma peça infantil;


b) um alerta contra a violência doméstica;

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

5.Dispor a fazer, a praticar; decidir, determinar:


A prática religiosa nem sempre persuade o bem.
6.Determinar a vontade de; convencer:
Ninguém conseguiu persuadir o teimoso.
7.Mostrar a conveniência de; aconselhar, indicar;
apontar:
Os conselheiros persuadiram a assinatura da paz.

AGORA É A SUA VEZ!


ATIVIDADE 1

Esses, convencem de acordo com os interesses...


Para nos tornarmos convincentes (persuasivos) é pre-
ciso ter clareza sobre o objetivo da nossa mensagem. Pois,
os modos através do qual iremos transmitir nosso conteú-
do desempenha papel fundamental no processo, pois é
importante conquistar a simpatia de quem vai ser persua-
dido desde o início. Tanto que, através da postura corpo-
ral, dos gestos e do tom de voz, é possível conseguirmos
obter confiança e credibilidade.
A empatia facilita muito o processo persuasivo.
• O conteúdo da persuasão deve ser comunicado
numa linguagem adequada ao tipo de pessoa que esta-
mos tentando persuadir.
• Por exemplo, pessoas simples preferem que fa-
lemos numa linguagem simples, e as pessoas cultas, são
mais sensíveis a uma linguagem intelectual.
• Alem disto, é preciso atingir o lado emocional
destas pessoas, falando de coisas agradáveis, como tam-
bém estimulando suas paixões. A texto acima é uma propaganda de um perfume mas-
Estes são excelentes modos de persuadir. culino. A palavra que indica que o perfume é novo é:
Para persuadir é necessário mostrar-se próximo ao in-
(A) fragance.
terlocutor, desenvolver empatia e simpatizar com as idéias
(B )dunhill.
de quem vai ser persuadido.
(C) men.
Quando um texto busca sensibilizar o lado emocional
(D )new.
de seu público alvo, utilizando uma linguagem adequada
a este público, de forma clara e objetiva, ele pode ser con-
ATIVIDADE 2
siderado persuasivo, pois tem grande chance de alcançar
A mãe diz para a criança:
os objetivos da persuasão, que é fazer as pessoas agirem. 
— Se você tomar seu banho bem direitinho, lavar
Mas o que é persuadir?
os cabelos e as orelhas e depois me deixar cortar suas
De acordo com o dicionário é: unhas, à noite vamos tomar um sorvete de creme com
1.Levar a crer ou a aceitar: calda de chocolate.
“Uma ocasião, ardendo ele em febre, a mulher o per- Essa maneira de se expressar indica que a mãe tenta
suadiu de que estava perfeitamente bom” (José de Alen- convencer a criança,
car, Sonhos d’Ouro, p. 176). (A) fazendo ameaças.
2.Decidir (a fazer algo); convencer; induzir: (B) oferecendo vantagens.
“entre os refugos da filial, havia uma porção de frascos (C) demonstrando tristeza.
de perfumes franceses, já pelo meio, a evaporarem. Não (D) usando autoridade.
consegui persuadir a freguesia a levá-los, nem mesmo por
preço irrisório.” (Ciro dos Anjos, Explorações no Tempo, p. ATIVIDADE 3
212). Leia o seguinte aviso colocado em uma empresa.
3.Mover, induzir, aconselhar: ATENÇÃO
Persuadiu os rebeldes à rendição. Com autorização do diretor da empresa, a partir de ama-
4.Fazer adquirir certeza; obrigar a convencer-se: nhã, o horário de entrada dos funcionários será meia hora
Os últimos acontecimentos persuadiram o governo do mais cedo e o horário de saída será meia hora mais tarde.
estado de calamidade. Arquimedes Silva
Verbo transitivo direto Chefe de Departamento

59
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

O aviso pode ser interpretado pelos funcionários como (...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves
(A) uma consulta sobre a mudança de horários. com Rua José Teixeira, na Praia do Canto, área nobre de
(B) uma ordem a ser cumprida. Vitória. A.J., 13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar
(C) uma idéia a ser discutida. algum trocado vendendo balas para os motoristas. (...)
(D) um questionamento sobre a disponibilidade dos “Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de tra-
funcionários. balhar aqui, mas não tem outro jeito. Quero ser mecânico”.
A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.
ATIVIDADE 4
As crianças do interior do Brasil se vestem de anjos Entender a infância marginal significa entender porque
para comparecer às procissões e festas da Igreja Católica. um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em es-
A pintora Tarsila do Amaral reproduz no quadro Anjos, sência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro,
de 1924, uma dessas cenas onde se vêem rostos amorena- de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para
dos, representando, com isso, a vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre
(A) pobreza do mundo religioso. um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
(B) tristeza do povo religioso. Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo,
(C) mistura de povos no Brasil. Ática, 2000. 19a. edição.
(D) variedade de crenças no Brasil.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas
ATIVIDADE 5
Com base na leitura da charge, do artigo da Constitui- ATIVIDADE 1
ção, do depoimento de A.J. e do trecho do livro O cidadão Alternativa correta é a letra: D
de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertati-
vo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do ATIVIDADE 2
adolescente: como enfrentar esse desafio nacional? Alternativa correta é a letra: B
Ao desenvolver o tema proposto, procure:
*utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões ATIVIDADE 3
feitas ao longo de sua formação. Alternativa correta é a letra: B
*selecione, organize e relacione argumentos, fatos e
opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando ATIVIDADE 4
propostas para a solução do problema discutido em seu Alternativa correta é a letra: C
texto.
* lembre-se de que a situação de produção de seu tex- ATIVIDADE 5 (ENEM- 2000)
to requer o uso da modalidade escrita culta da língua. redação

PRA FIM DE PAPO


C
aro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:

• Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, recur-


sos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de
criar e mudar comportamentos e hábitos.
• Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, as-
suntos, recursos lingüísticos etc, identificando o diálogo
entre as idéias e o embate dos interesses existentes na so-
ciedade.
• Inferir em um texto quais são os objetivos de seu pro-
dutor e quem é seu público-alvo, pela identificação e análi-
se dos procedimentos argumentativos utilizados.
• Reconhecer no texto estratégias argumentativas em-
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegu- pregadas para o convencimento do público, tais como a inti-
rar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o midação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.
direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao • Reconhecer que uma intervenção social consistente exi-
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, ge uma análise crítica das diferentes posições expressas pelos
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, diversos agentes sociais sobre um mesmo fato.
discriminação,exploração, crueldade e opressão”.
Artigo 227, Constituição da República Federativa do Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
Brasil. um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
(Angeli, Folha de S. Paulo , 14.05.2000) dizagem e ele exige persistência...vamos

60
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 8 formal. Logo não há regras gramaticais. Mas, para atingir


seu objetivo o falante utiliza-se da entonação de voz, ges-
FALANTES DA MESMA LÍNGUA tos comunicativos, como também do volume de voz.
Quando comunicamos uma notícia triste todo nosso
COMPREENDER E USAR A LÍNGUA PORTUGUESA corpo se envolve, até os traços em nosso rosto se altera.
COMO LÍNGUA MATERNA, GERADORA DE SIGNIFICA- O timbre de voz é diferente, tudo muda, inclusive, usamos
ÇÃO E INTEGRADORA DA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO frases na tentativa de amenizar a dor. Por exemplo: “ ele
E DA PRÓPRIA IDENTIDADE. passou dessa pra melhor, fazer o quê?”
Por meio da linguagem escrita podemos transmitir,
Sônia Querino Santos e Santos sentimentos e emoções. Faremos isso, substituindo os sus-
piros apaixonados por palavras certeiras que transmitam o
Caro aluno qual a sua opinião a respeito dessa frase? que sentimos.
Então na linguagem escrita devemos organizar as pa-
lavras de maneira que tenham sentido e coerência. As pa-
lavras estarão, portanto, organizadas em frases, parágrafos
e separadas por sinais de pontuação corretos.

Então, falamos de uma maneira e escrevemos de


outra?

Sim. A linguagem falada ou coloquial não obedece aos


padrões gramaticais exigidos para a linguagem escrita. Po-
rém, é preciso deixar bem claro que cada uma (linguagem
falada ou linguagem escrita) não é melhor ou pior que a
outra. Cada uma tem sua aplicação.

Para escrever bem precisaremos:


1) Conhecer o assunto. Tenha sempre em mente “é
melhor escrever bem sobre algo simples, do que besteiras
sobre algo que não conhecemos”
2) Vocabulário. Lembre-se a importância da leitura,
como critério para a escrita. Leia jornais, revistas, livros, em-
balagens, bulas, manuais de celulares... Tudo o que quiser,
pois não há leitura inútil.
3) Conhecimento das regras gramaticais. Não desa-
nime, pois as leituras realizadas te ajudarão no conheci-
mento das normas gramaticais.
Será mesmo que o povo brasileiro fala a mesma lín- Registre essa informação:
gua?
Convido você a ler as linhas que se seguem e depois, Escrever é antes de tudo pensar sobre.
tirar suas próprias conclusões. Vamos lá? Assim, voltamos ao primeiro ponto, conhecer o assun-
A linguagem falada também conhecida como colo- to, ou seja, conhecer o tema, pois uma vez definido o tema
quial, é a maneira mais comum, de nos expressar em nosso sobre o qual teremos que escrever, começamos a pensar
dia-a-dia, por isso, é também chamada de linguagem in- sobre o tema, a arrumar em nossas mentes os argumentos

61
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

e... o passo seguinte será colocar a caneta pra trabalhar, ou O período que traz a idéia principal sobre o tema é
iremos direto ao computador e fazemos uso de uma fer- chamado de tópico frasal, os demais são chamados de pe-
ramenta do sistema de informática chamada WORD (que ríodos secundários (esses apresentam os argumentos, posi-
significa “palavra” em inglês). Boa sorte! cionamentos sobre o tema)
É preciso começar hoje e amanhã teremos menos difi- Portanto, o parágrafo é composto por vários períodos.
culdade. Acredite! E, o texto composto por vários parágrafos, todos eles reuni-
dos ao redor do tema, ou assunto que se pretende escrever.
Um exemplo de tema: A violência Mas... atenção! Os períodos secundários do parágrafo
Então procure elaborar na sua mente o que pensa so- não deverão referir-se a outros assuntos, para não correr o
bre a violência. Fique bem atento aos caminhos do seu risco de se perder ou naufragar no caminho, deixando de
pensamento sobre esse assunto. Mas... tome cuidado, às lado a idéia principal do tema discutido.
vezes são tantos os pensamentos que não conseguimos
arrumá-lo. Conhece a famosa frase: “Não sei por onde co- Recapitulando:
meçar”? 1)FRASES OU ORAÇÕES
Uma dica para não se perder nos pensamentos é anotar. 2) ORAÇÕES AGRUPAGAS = PERÍODOS
Comece então a escrever ao lado do tema - nesse caso, 3) PERÍODO com IDÉIA PRINCIPAL = TÓPICO FRASAL
violência - os termos mais fortes que resumem seus pen- 4) PERÍODOS SECUNDÁRIOS
samentos. Veja que alguns voltam com mais força, então... 5) PARÁGRAFOS (VÁRIOS PERÍODOS) que compõem o
pode ser seu ponto de apoio, ou melhor, pode ser o sinal TEXTO.
por onde começar, pois assim você terá mais argumentos Na linguagem escrita geralmente fazemos uso do dis-
na escrita sobre o tema. Então com certeza seu texto vai curso direto ou indireto. No discurso direto apresenta-se a
se desenvolver (desenrolar) com facilidade. Porém, chegará fala das personagens, respeitando as variedades regionais,
a hora de finalizar sua escrita, então, lá vai outra dica: ne- cultura e classe social, ou seja, quem fala é ela e não o autor.
nhum tema pode ser totalmente esgotado. Então, pense Havia dois policiais na viatura. Deram sinal para parar
sempre no que você quer transmitir. Pense sobre isso e... o carro. Um eles gritou: “esvaziem o carro com as mãos no
ESCREVA. Com certeza você terá contribuído para que ou- cucurucu
tros possam avançar na arte da escrita. Nos olhamos, sem saber o que fazer.
Caro aluno, não existe um método a ser indicado para O outro policial repetiu: Isso mesmo, mãos sob a ca-
você que quer começar a escrever. O que há são dicas e, beça!
talvez a mais importante seja a simplicidade da escrita. Já no discurso indireto, o autor reproduz o que foi fala-
Uma vez que você sabe qual o tema deverá escrever e, do com suas próprias palavras. Acompanhe: ...os bombeiros
após ter organizado seus pensamentos, inicie sua constru- pediram que todos saíssem do parque, pois havia ameaça
ção fazendo uso dos tijolos (palavras), levante as paredes de incêndio.
(parágrafos) e logo o edifício (texto) estará de pé, com fra- Como ficaria no discurso direto?
ses curtas e bem sinalizadas. O policial pediu: “saíam todos do parque, há ameaça
Na elaboração dos parágrafos as orações/frases cum- de incêndio.”
prem um papel fundamental, elas são constituídas a partir Note que na passagem da frase do discurso indireto
do agrupamento de palavras com sentido completo, por para o discurso direto houve uma mudança no verbo pedir.
isso, deve ser sinalizada, ou seja, deve terminar com uma Geralmente, no discurso indireto o verbo está na 3ª pessoa.
pausa bem definida, um ponto, ou acompanhadas pelos Vamos recordar?
sinais de exclamação, reticências ou ponto de interrogação. 1ª pessoa- quem fala – eu
Que tal uma distinção entre frases e oração? 2ª pessoa- com quem fala- tu
Um exemplo de frase:Socorro!; Devagar!; Bom dia!; Boa 3ª pessoa- de quem se fala- (ele ou ela)
tarde! Observe que a frase é a unidade da linguagem falada E, como estamos numa sociedade em que “cada um
ou escrita suficiente por si mesma para estabelecer comu- tem seu estilo”, que tal falarmos das figuras de estilos utili-
nicação. A frase, portanto, pode ser formada por uma sim- zadas na escrita?
ples palavra, uma expressão, uma oração ou um período. Elas atribuem “beleza” ao texto escrito. São elas:
Pode a frase ter, ou não, verbo. •ALUSÃO: utilizamos essa figura de estilo de linguagem
Já a oração é a frase formada em torno de um verbo. quando pretendemos fazer uma rápida referência. Ex: Ela é
Exemplo: Andréia estuda informática na Microlins. Quan- uma moça fina, sua educação vem de berço. (o vocábulo
to ao período, esse se constitui de duas ou mais orações. berço quer significar família)
Exemplo: “Rubião fitou um pé que se mexia disfarçadamen- •COMPARAÇÃO: utilizada na ênfase de uma caracterís-
te” (Machado de Assis). Aqui encontramos duas orações: 1) tica ou aspecto destacado. Ex: Seus olhos estavam verme-
“Rubião fitou um pé”; 2) “que se mexia disfarçadamente”. lhos, vermelhos como uma bola de fogo.
Recapitulando: As frases também podem ser chamadas •METÁFORA: destaca a comparação, porém em senti-
de orações, que agrupadas formam o período. O período do figurado, ou seja, fazemos uso de termos ou expressões
poderá ser simples (quando formado por uma oração) ou e atribuímos outro significado. Nesse Caso, é importante
período composto (formado por mais que uma oração). sempre observar o contexto. Ex: As folhas estavam tão vi-
Tudo bem? çosas que pareciam sorrir.

62
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

•ANTÍTESE: quando usamos expressões opostas. Ex: eu prefiro o sol da manhã, já meu amado adora o frio da noite.
•GRADAÇÃO: utilizado para dar sensação de intensidade crescente. Ex: Após ter sido abandonada no altar, ela emagre-
ceu e adoeceu. Tamanha a sua tristeza que veio a morrer.
•HIPÉRBOLE: como figura de estilo na linguagem escrita pretende exagerar nas características ou aspecto de algo. Ex:
Estou devendo milhões de dinheiro na padaria.
•PERÍFRASE: consiste no emprego de uma palavra ou grupo de palavras para substituir um nome (seja de pessoa ou de
objeto). Ex: O “cabeça branca” da Bahia substituiu o nome do aeroporto 02 de julho. Ex: cabeça-branca substitui o nome do
então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, ou simplesmente ACM.
•EUFEMISMO: são expressões ou palavras que suavizam uma notícia desagradável ou triste. Ex: Meu padrinho descan-
sou. (quer significar: morreu)
•PROSOPOPÉIA: atribuímos características humanas a objetos, fatos ou coisas Ex: o mercado de bolsa de valores estava
nervoso.
•SINONÍMIA: consiste em repetir uma frase utilizando palavras diferentes, porém com o mesmo sentido. Ex: Que que-
res? Que desejas? Que anseias?
•RETICÊNCIA: enquanto figura de linguagem, consiste na ausência de uma ou mais palavras na frase com a intenção
de deixar provocar um suspense. Ex: Então... não precisa decorar os estilos de linguagem, pois eles são recursos utilizados
para o enriquecimento do texto.
Portanto, convidamos você a utilizar os estilos de linguagem na produção de seus textos (seja ele narrativo descritivo
ou dissertativo).
E, por falar em enriquecimento, sabe que outro aspecto que torna a língua portuguesa muito bonita e rica são as varia-
ções regionais. Imagine que o saboroso pão francês, lá em Salvador-Bahia é chamado de pão cacetinho.
Visualize a cena:
“...o Sr. José Carlos chega na padaria sábado pela manhã meio sonolento e pede: por favor eu quero duas varas bem
torradinhas.”
O quê? Isso mesmo, lá em Salvador-Bahia, “vara”, no contexto descrito acima, se refere ao pão baguete de São Paulo.
Leia a seguir o diálogo de Ana e Adriana
- Bah! Esse pinhão tá dos deuses!
- Ixi! Eu não gosto disso não, prefiro amendoim cozido!
- Credo! Amendoim cozido, que louco!
- Festa junina sem amendoim cozido, não é festa junina!
- Tchê. Festa junina tem que ter pinhão!
No diálogo entre Ana, nascida em Salvador e Adriana natural de Rio Grande do Sul percebemos as diferenças no modo
de se expressar de uma e de outra. Inclusive, há palavras bem características que uma explica para a outra seu significado.
Por que será que isso acontece?
Então caro aluno, vale a pena fazer um “tour” pelo Brasil afora e iremos descobrir nossa língua materna e suas características.
Você sabe como surgiram as diferenças (ou variações de linguagem) do português brasileiro? Acompanhe a matéria
publicada na Revista Super Interessante de abril do ano 2000.

Saiba como surgiram as diferenças regionais do português brasileiro


1) Tupi importado: A Amazônia fala de um modo bem diferente do vizinho Nordeste. A razão para isso é que lá quase
não houve escravidão de africanos. Predominou a influência do tupi, língua que não era falada pelos índios da região,
mas foi importada por jesuítas no processo de evangelização.
2) Minha tchia: O litoral nordestino recebeu muitos escravos negros, enquanto o interior encheu-se de índios
expulsos da costa pelos portugueses. Isso explica algumas diferenças dialetais. No Recôncavo Baiano, o “t” às vezes é
pronunciado como se fosse “tch”. É o caso de “tia”, que soa como “tchia”. Ou de “muito”, freqüentemente pronunciado
“mutcho’”. No interior, predomina o “t” seco, dito com a língua atrás dos dentes.
3) Chiado europeu: Quando a família real portuguesa mudou-se para o Rio, em 1808, fugindo de Napoleão, trouxe
16.000 lusitanos. A cidade tinha 50 mil habitantes. Essa gente toda mudou o jeito de falar carioca. Data daí o chiado no
“s”, como em “festa”, que fica parecendo “feishta”. Os portugueses também chiam no “s”.
4) Tu e você: Os tropeiros paulistas entraram no Sul no século XVIII pelo interior, passando por Curitiba. O litoral sulista
foi ocupado pelo governo português na mesma época com a transferência de imigrantes das Ilhas Açores. A isso se
deve a formação de dois dialetos. Na costa, fala-se “tu”, como é comum até hoje em Portugal. No interior de Santa
Catarina, adota-se o “você”, provavelmente espalhado pelos paulistas.
5) Porrrrta: Até o século passado, a cidade de São Paulo falava o dialeto caipira, característico da região de Piracicaba.
A principal marca desse sotaque é o “r” muito puxado. A chegada dos migrantes, que vieram com a industrialização,
diluiu esse dialeto e criou um novo sotaque paulistano, fruto da combinação de influências estrangeiras e de outras
regiões brasileiras.
(Fonte: Super Interessante, abril 2000, p.49)

63
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Considerar as variações na linguagem sejam elas regio- Vamos recapitular?


nais (região norte, sul...) ou grupais (movimentos populares Sugiro que você retome pausadamente a leitura e
juvenis) deve favorecer ao reconhecimento dessas diferen- perceba que todo texto carrega uma intenção (um motivo
ças como fator de riqueza no nosso idioma. Então, nada pelo qual foi escrito), um contexto (onde se desenrola a
justifica classificar de forma diminutiva o modo de falar de história) e os argumentos ou a visão de mundo (a maneira
uma região ou de outra, não há espaço para preconceitos e de ver o mundo) de quem escreveu.
estereótipos. Pois, as variações de linguagem ocorrem por Será possível, também, perceber o tipo de discurso
várias circunstâncias (históricas, geográficas e sociais). utilizado (direto, indireto, ou direto e indireto ao mesmo
No aspecto histórico destacamos que os tempos mudam e tempo); bem como, na construção dos parágrafos, o estilo
a língua, por ser dinâmica, também sofre alterações e algumas da escrita (narrativa, descritiva, dissertativa) e, as figuras
palavras desaparecem de uso ou são substituídas por outras. de linguagens utilizadas (metáforas, antíteses, perífrase...).
Nesse sentido, algumas expressões usadas por nossos Atenção!
pais durante sua infância e adolescência foram substituídas Aprendemos a ESCREVER... lendo
por outras. E a INTERPRETAR... interpretando.
Quanto ao aspecto geográfico: nas várias regiões do Num texto narrativo, por exemplo, você identificará
Brasil, por exemplo, notamos uma variedade na linguagem se o narrador (aquele que narra a história) participa como
falada, característica do lugar, como também, há uma di- personagem. Nesses textos o enredo da história, ou me-
ferença na pronúncia das vogais (algumas pronunciadas lhor, a sequência dos fatos se dá de maneira crescente.
de forma mais aberta) e no uso dos pronomes (eu, tu ele, Sabe aquele momento que o “clima esquenta”? Pois é.
nós, vós,eles). No Norte e Nordeste, por exemplo, é muito Esse é o clímax da narrativa e..., com um pouco mais de
comum o uso do pronome tu e o verbo conjugado na 2ª calma chegaremos ao desfecho.
pessoa do singular. Tu fostes; Tu falastes. Quando tu irás Diante de uma narrativa, observe como o narrador si-
a São Paulo? tua a história (o ambiente, a época). Há algum conflito en-
As circunstâncias sociais estão diretamente associadas tre as personagens? Alguns personagens são classificados
à classe social, como também à faixa etária. Pois, a lingua-
de protagonistas, outros de vilão. No decorrer na leitura
gem de um adolescente, independente de morar no centro
tente identificar um e outro.
ou na periferia da cidade, é bem diferente dos idosos, se-
Com relação aos fatos, é possível identificar a exis-
jam esses da cidade ou do campo.
tência de fatos menores no desenrolar da história? E o
“... perguntei pra minha filha se Henrique era seu na-
ambiente (rural, urbano) está descrito com “riquezas” de
moradinho. Ela me respondeu: Não mãe, nós estamos fi-
detalhes ou apenas citado?
cando, é só isso.”
A narrativa sinaliza para o tempo no qual se passa o fato?
Portanto, não há uma maneira de se expressar, em uma
determinada região do país, melhor ou pior que em outra. Há uma descrição cronológica, ou seja, o narrador situa um
As diferenças regionais estão diretamente ligadas com fato de cada vez, ou seja, primeiro um, depois o outro e assim
os aspectos históricos, por exemplo, a proximidade da por diante?
região sul com os países de língua espanhola favoreceu Na fala das personagens, há predominância de qual
ao uso da linguagem cotidiana que embora o sujeito se discurso?
apresente na 2ª pessoa do singular (pronome pessoal tu) o E para terminar, você descobriu o foco narrativo?
verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular. Exemplo: “Tu Sim. Estou me referindo ao motivo pelo qual o texto foi
faz pra mim umas broas de milho que depois nós acerta o escrito. Esses são alguns passos importantes quando você
pagamento”. estiver diante de qualquer texto.
O exemplo acima demonstra um linguajar do cotidia- E, para terminar quero chamar sua atenção, mais uma
no, no qual as pessoas não estão preocupadas com as re- vez, para a variedade de produção escrita que está ao nos-
gras gramaticais. Pois, gramaticalmente a frase seria escrita so redor: repare nas paredes e muros onde você mora, nos
da seguinte maneira: “Tu fazes para mim uma broas de mi- transportes (ônibus, lotação, trem, metrô), nos outdoors...
lho que depois nós acertaremos o pagamento.” Ela está em toda parte, cheias de significados, dando seu
Igualmente, nos bairros periféricos nas nossas cidades recado, apresentando sua crítica, denunciando as injusti-
há um uso mais frequente de gírias ou expressões que ser- ças e... apontando para novos horizontes. Então? Você ler
vem como apoio de linguagem. Um exemplo: Você “tá ti- e apenas ler? OU Ler e entende? Ou Ler e se questiona?
rando uma” com minha cara? Ou ler e se pergunta, por quê?
A expressão “tá tirando uma” quer significar “gozação”. Seja qual for seu estágio, não desanime a “vida é a arte
Atenção: Evite utilizar essas expressões características do encontro, embora haja, tantos desencontros pela vida”
da linguagem falada, também chamada de linguagem co- Vinicius de Moraes. As palavras escritas, faladas e desenha-
loquial, num texto escrito, que por sua vez deverá seguir às das estão aí. Escute-as e dialogue com elas.
regras gramaticais da Língua Portuguesa, ou seja, ao redi-
gir um texto deveremos seguir aos padrões da linguagem
“formal” e não da linguagem “coloquial”.
Ao considerar os aspectos destacados sobre lingua-
gem escrita, convidamos você para se exercitar na inter-
pretação de alguns textos.

64
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ! O homem acabou confessando que tinha aparecido um


Vamos aos textos? periquitinho verde sim, de rabo curto, não sabia que chama-
va tuim. Ofereceu comprar, o filho dele gostara tanto, ia ficar
ATIVIDADE 1 desapontado quando voltasse da escola e não achasse mais
Texto 1 o bichinho. “Não senhor, o tuim é meu, foi criado por mim”.
TUIM  CRIADO NO DEDO Voltou para casa com o tuim no dedo.
Ruben Braga Pegou uma tesoura: era triste, uma judiação, mas era
João-de-barro é um bicho bobo que ninguém pega, preciso: cortou as asinhas. Assim ele poderia andar solto no
embora goste de ficar perto da gente; mas de dentro da- quintal, e nunca mais fugiria.
quela casa de joão-de-barro vinha uma espécie de choro, Depois foi lá dentro fazer uma coisa que estava pre-
um chorinho fazendo tuim, tuim, tuim... cisando fazer, e, quando voltou para dar comida ao tuim,
A casa estava num galho alto. Um menino subiu até perto. viu só algumas penas verdes e as manchas de sangue no
Depois, com uma vara de bambu, conseguiu tirar a casa sem
cimento.
quebrar e veio baixando até o outro menino apanhar. Dentro,
Subiu num caixote para olhar por cima do muro e ain-
naquele quartinho que fica bem escondido depois do corredor
da viu o vulto do gato ruivo que sumia.
de entrada para o vento não incomodar, havia três filhotes, não
Interpretando...
de joão-de-barro, mas de tuim.
De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim 1. Podemos dizer que o narrador da crônica acima:
é capaz de ser o menor. Tem bico redondo e rabo curto a) É o menino, já adulto, rememorando um episódio
e é todo verde, mas o macho tem umas penas azuis para triste de sua infância.
enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro ainda b) É observador, sempre neutro e afastado.
sem penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, c) É pai do menino, personagem secundária, que dá
inventou comidinhas para eles; um morreu, outro morreu, conselhos sábios.
ficou um. d) Manifesta-se explicitamente apenas no início da crô-
Em geral a gente cria em casa é casal de tuim, espe- nica, ao nos passar seus conhecimentos sobre pássaros.
cialmente para se apreciar o namorinho deles. Mas aque- e) É o próprio Rubem Braga quando criança.
le tuim macho foi criado sozinho e, como se diz na roça, 2. Aponte o fragmento do texto em não ocorre um lin-
criado no dedo. Passava o dia solto, esvoaçando em volta guajar popular ou infantil:
da casa da fazenda, comendo sementinhas de imbaúba. Se a) De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim
aparecia uma visita, fazia-se aquela demonstração; era o é capaz de ser o menor.
menino chegar na varanda e gritar para o arvoredo: tuim, b) Em geral a gente cria em casa é casal de tuim...
tuim, tuim! Às vezes demorava, a visita achava que aquilo c)  ...não sabia que chamava tuim...
era brincadeira do menino, de repente surgia a ave, vinha d) Aquilo encheu de medo o coração do menino.
certinho pousar no dedo do garoto. e) “Tem gaiola para vender?”
Houve um conselho de família, quando acabaram as
férias: deixar o tuim, levar o tuim para São Paulo? Volta- ATIVIDADE 2
ram para a cidade com o tuim, o menino toda hora dando Texto 2
comidinha a ele na viagem. O pai avisou: “Aqui na cidade FORÇA DE VONTADE
ele não pode andar solto; é um bicho da roça e se perde, o Ruben Braga
senhor está avisado”. Refugou o copo de vinho que eu lhe oferecia; depois
Aquilo encheu de medo o coração do menino. Fechava também não quis aceitar um cigarro. Não bebia, não fuma-
as janelas para soltar o tuim dentro de casa, andava com
va, não tinha nenhum vício. Tinha uma cara gorda e mole
ele no dedo, ele voava pela sala; a mãe e a irmã não apro-
de padre, e falava com precisão sobre o custo da vida em
vavam, o tuim sujava dentro de casa.
São Paulo.
Soltar um pouquinho no quintal não devia ser perigo-
Contou-me, por exemplo, que seu pai, homem de 80
so, desde que ficasse perto; se ele quisesse voar para longe,
era só chamar, que voltava. Mas uma vez não voltou. De anos, que mora na Quarta Parada, vai toda semana com-
casa em casa, o menino foi indagando pelo tuim: “Que é prar carne em Mogi das Cruzes, onde é mais barata e mais
tuim?” - perguntavam pessoas ignorantes. “Tuim?” bem servida.
Que raiva! Pedia licença para olhar no quintal de cada -- Lá em casa comemos boa carne todo dia -- disse ele
casa, perdeu a hora de almoçar e ir para a escola, foi para com ênfase.
outra rua, para outra. Não, não era casado -- morava com os pais, que sus-
Teve uma idéia, foi ao armazém de “seu” Perrota: “Tem tentava com seu trabalho. “Aliás -- me disse subitamente,
gaiola para vender?” Disseram que tinha. “Venderam algu- com um brilho nos olhos e as mãos trêmulas como quem
ma gaiola hoje?” Tinham vendido uma para uma casa ali toma coragem para fazer uma confissão sensacional --
perto. aliás este foi o primeiro ideal que me propus a realizar na
Foi lá, chorando, disse ao dono da casa: “Se não pren- vida. E realizei. Agora estou realizando o último dos meus
deram o meu tuim, então por que o senhor comprou gaiola três ideais.”
hoje?”  (...)

65
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

E então me explicou que seu sistema era este: para ATIVIDADE 3


cumprir cada um de seus três ideais, pusera ele mesmo um Texto 3
obstáculo diante de cada um. Como tinha desde criança O operário em construção
muita vontade de ir ao Rio, resolvera não o fazer enquanto Vinicius de Moraes
não cumprisse seu ideal número 3 - isto é, enquanto não ...Mas ele desconhecia
visitasse pelo menos um país estrangeiro. O mesmo fizera Esse fato extraordinário:
em relação aos outros dois ideais. Por um momento tive a Que o operário faz a coisa
impressão de que ia me contar qual tinha sido a promessa E a coisa faz o operário.
que fizera em relação aos outros dois ideais -- mas creio De forma que, certo dia
que achou que já se abrira demasiado comigo. Talvez o À mesa, ao cortar o pão
desanimasse minha cara meio sonolenta depois do vinho O operário foi tomado
tinto do almoço, naquele dia quente. De uma súbita emoção
Pouco depois ele seguiu, com o grupo de turistas, para vi- Ao constatar assombrado
sitar as quedas e ir ao lado argentino. Só o vi depois do jan- Que tudo naquela mesa
tar e, como eu estava muito bem disposto, me aproximei dele. – Garrafa, prato, facão –
Eu estava numa roda em que se bebia alegremente uma boa Era ele quem os fazia
“caña” paraguaia e insisti para que viesse tomar um cálice: -- Ele, um humilde operário,
“Afinal você deve estar contente hoje, precisa comemorar. Você Um operário em construção.
realizou o terceiro e último ideal de sua vida -- e em duplicata: Olhou em torno: gamela
visitou dois países estrangeiros!” Banco, enxerga, caldeirão
Embora ele recusasse o convite, sentei-me um mo- Vidro, parede, janela
mento a seu lado. Casa, cidade, nação!
-- Sim -- disse ele. -- Eu provei minha força de vontade: Tudo, tudo o que existia
realizei tudo o que prometera a mim mesmo um dia. E foi duro: Era ele quem o fazia
tive de passar muitas necessidades e me esforçar muito. Quando Ele, um humilde operário
eu era rapazinho, não tinha força de vontade. Mas hoje tenho a Um operário que sabia
prova de que qualquer homem pode ter muita força de vontade.
Exercer a profissão.
É uma coisa formidável.
Voltei para a roda, onde se bebia e se contavam anedo-
INTERPRETANDO...
tas. Logo depois resolvemos todos sair para dar uma volta
1) Lendo do poema, percebe-se que o operário
de carro. Convidei o homem da força de vontade -- ha-
a) achava-se injustiçado
via um lugar no carro. Ele não aceitou. Ficou ali no saguão
b) não tinha idéia do alcance do seu trabalho
do hotel -- e quando voltei para apanhar minha lanterna,
c) procurava dar o melhor de si
surpreendi a expressão de seu rosto: estava sério, triste e
ao mesmo tempo com um ar tão aparvalhado e tão vazio d) trabalhava em condições adversas
como quem não tivesse coisa alguma a fazer na vida e aca-
basse de descobrir isto. 2) O assombro do operário decorre do fato de este
a) não ter valorizado devidamente seu trabalho
INTERPRETANDO... b) ter ficado surpreso com a própria emoção
1). “Tinha uma cara gorda e mole de padre...” c) não reconhecer sua humildade
Aponte, entre as características da personagem, aquela d) não se achar capaz de ter emoções
que não condiz diretamente com a descrição acima:
a) Não bebia. 3) A oração “ao cortar o pão” pode ser substituída, sem
b) Não fumava. alteração de sentido, por:
c) Não tinha nenhum vício. a) a fim de cortar o pão
d) Não era casado. b) para cortar o pão
e) Não tinha força de vontade quando rapazinho. c) visto que cortou o pão
2) Podemos dizer, quanto ao narrador da crônica aci- d) assim que cortou o pão
ma, que:
a) Trata-se de um narrador observador, que não parti- (as questões foram selecionadas do material de Lín-
cipa da história. gua Portuguesa e Literatura, Ensino Médio- Instituto de
b) Trata-se do personagem protagonista do texto. Educação ANNA VASQUEZ., p.9-10
c) Trata-se um narrador personagem, mas cuja função
primordial é observar e ouvir a personagem principal. ATIVIDADE 4
d) Trata-se de um narrador onisciente, pois sabe tudo o Identifique o tema do fragmento extraídos dos poe-
que se passa na mente das personagens. mas barrocos:
e) Trata-se de um narrador implícito, pois apenas apa- Esta razão me obriga a confiar
rece para comentar as ações da personagem principal. Que, por mais que pequei neste conflito,
Conferir: Os melhores contos de Ruben Braga http:// espero em vosso amor de me salvar. (Gregório de Ma-
fredb.sites.uol.com.br/braga.html tos)

66
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 5 Capítulo 9
Identifique o tema do fragmento abaixo:
Arrependido estou decoração
Decoração vos busco, daí-me abraços FACILIDADES E DESAFIOS NA ERA DAS
Abraços, que me rendam vossa luz. (Gregório de Matos)
TECNOLOGIAS
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ENTENDER OS PRINCÍPIOS / A NATUREZA/ A FUN-
ÇÃO/ E O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNI-
ATIVIDADE 1 CAÇÃO E DA INFORMAÇÃO, NA SUA VIDA PESSOAL E
Texto 1 - 1) d 2) d SOCIAL, NO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO,
ASSOCIANDO-OS AOS CONHECIMENTOS, CIENTÍFICOS,
ATIVIDADE 2 ÀS LINGUAGENS QUE LHES DÃO SUPORTE, ÀS DEMAIS
Texto 2 - 1) e 2) c TECNOLOGIAS, AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AOS
PROBLEMAS QUE SE PROPÕEM SOLUCIONAR.
ATIVIDADE 3
Texto 3 - 1) b 2) a 3) d Sônia Querino S. Santos

ATIVIDADE 4 Caro aluno, nesse capítulo falaremos sobre as novas


Tema: apelo à religião tecnologias de informação e comunicação sem as quais se-
ria “impossível”, de maneira tão rápida, “fazer amigos” ou
ATIVIDADE 5 encurtar as distâncias com tamanha rapidez.
Tema: Arrependimento

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:

- Identificar, em textos de diferentes gêneros, as varie-


dades lingüísticas sociais, regionais e de registro, e reco-
nhecer as categorias explicativas básicas da área, demons-
trando domínio do léxico da língua.
- Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, as mar-
cas lingüísticas que singularizam as diferentes variedades
e identificar os efeitos de sentido resultantes do uso de Com as Novas Tecnologias da Informação e Comuni-
determinados recursos expressivos. cação (NTICs) a espera por determinados serviços foi redu-
- Identificar pressupostos, subentendidos e implícitos zida a quase zero. O que significa dizer, que a expectativa
presentes em um texto ou associados ao uso de uma varie- pelo carteiro ou até mesmo a espera por chegar em casa
dade lingüística em um contexto específico. para “saber” o que está acontecendo... “quase” não existe
- Analisar, em um texto, os mecanismos lingüísticos mais. Principalmente, se vivemos em São Paulo. O que tam-
utilizados na construção da argumentação. bém não significa afirmar que nas periferias dessa cidade o
- Identificar a relação entre preconceitos sociais e usos acesso às NTICs aconteça de maneira tão facilitada.
da língua, construindo, a partir da análise lingüística, uma
visão crítica sobre a variação social e regional.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos

Contudo, temos que reconhecer que são inúmeras as


políticas do Estado em vista de favorecer à população o
acesso aos modernos meios de comunicação e informa-
ção. Por exemplo: os serviços de acesso à internet gratuito
disponibilizados nas agências de correios, nas estações de
metrô, nos serviços de atendimento ao trabalhador (pou-
pa-tempo...) entre outros.

67
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Todavia, ao elencar essas “facilidades” igualmente não usamos destes recursos tecnológicos para agilizar a comu-
podemos deixar de avaliar também os desafios, pois as tec- nicação, e assim recorremos a signos linguísticos para tro-
nologias estão cada vez mais rápidas e complexas. car informações, como por exemplo ao invés de escrever a
Os meios de comunicação tradicionais como rádio e palavra “você” escreve-se apenas “vc”.
TV, se multiplicaram, os celulares se popularizaram e os Diferentemente, num exame escolar ou processo sele-
novos modelos oferecem cada vez mais opções de “con- tivo para uma vaga de emprego ou outra finalidade utili-
vergência de serviços”. zar-se, no texto escrito, as modalidades de escritas permi-
tidas em ambientes virtuais como o msn, provavelmente
não iremos conseguir o sucesso esperado. Pois, nos textos
escritos precisamos seguir aos critérios das regras grama-
ticais e ortográficas convencionais da língua materna (em
nosso caso, a língua portuguesa).

Eras revolucionárias para a divulgação da língua

• A escrita:

Geralmente, classificamos por “convergência de servi-


ços” as várias opções de serviços tecnológicos agrupadas
num mesmo aparelho, por exemplo, nos atuais aparelho
de telefonia celular, além de atender e realizar chamadas é
possível enviar mensagens escritas (torpedos); ouvir músi-
cas; registrar e capturar imagens (fotografar e filmar); gra-
var dados (gravador); acessar às programações da TV; ter
acesso aos dados bancários...
Portanto, as NTICs dinamizam o lucro no comércio,
A história nos informa que o mais antigo sistema de
pois a cada dia são novos modelos e novas opções para
escrita terá nascido por volta do ano de 3100 a. C. no Sul da
nos manter conectados e “atualizados”.
Mesopotâmia, como resultado do processo de assimilação
A internet, nesse sentido, se tornou a maior base de
entre os povos sumérios e os povos semitas da Arábia.
dados do mundo. “Encontra-se de tudo na internet”, ou O suporte era a massa mole de argila (placas de barro),
seja, para os que navegam na internet, os chamados in- na qual eram escritos e gravados, com a ajuda de um esti-
ternautas, parece não haver limites. Pois, o “universo” da lete, os símbolos gráficos para depois serem cozidas como
comunicação e a informação cabe na “palma das mãos”, ou as peças de cerâmica (cf. a figura)
melhor, nos pequenos aparelhos (chips) que, por sua vez, Em todos os estados da Mesopotâmia se escrevia
nos interligam a computadores em rede. com caracteres cuneiformes (do latim cuneus, que signifi-
A tecnologia avança! Mas, como transformar tanta in- ca cunha, o objeto que auxiliava na escrita), originalmente
formação em conhecimentos significativos para a própria constituídos por desenhos de objetos, não só sobre as pla-
vida? E, como participar ativamente desse cenário? A edu- cas de argila, mas também sobre peças de marfim e peque-
cação pela comunicação a distância pode se tornar uma nas tábuas de madeira.
metodologia poderosoa de ensino e aprendizagem? Inicialmente concebido para responder a propósitos
Caro aluno, até pouco anos atrás, existia a era dos administrativos (leis, éditos, contabilidade dos comercian-
blogs: se você não tinha um blog, onde pensa que poderia tes e dos Estados), não demorou muito e, passou a ser uti-
ir? Logo em seguida, estourou o “msnmania”. Depois, foi a lizado para exprimir o pensamento do homem.
vez das comunidades virtuais (orkuts) ... A escrita mesopotâmica era uma escrita complexa,
Por isso, já não dizemos: “Pode ser que eu lhe tele- composta por 2000 sinais cuneiformes originais, muito
fone hoje à noite”. Passamos a dizer: “Nos encontraremos embora somente 200 ou 300 fossem utilizados constante-
no msn”. Portanto, nossos amigos são nossos “contatos”. mente. Ao fim de algum tempo, deixou de ser escrita em
Mesmo que apareça “off-line”, “ocupado” ou “on line”. O colunas – escrita vertical - para passar a apresentar-se em
importante é estar conectado. linhas – escrita horizontal – legível da esquerda para a di-
Além de conseguirmos ultrapassar barreiras físicas e reita. A escrita cuneiforme manteve-se vigente até ao co-
geográficas, pois conversamos a qualquer hora e com pes- meço da nossa era.
soas de praticamente qualquer lugar, é possível conversar
com vários ao mesmo tempo, por isso a escrita fica preju-
dicada e acabamos não escrevendo corretamente quando

68
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• A evolução da impressão: Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popu-


Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram larizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela
tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (vo- redução enorme dos custos da produção em série.
lumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhe- Com o surgimento da prensa desenvolveu-se a técnica
cido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente da tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e
transportado. a capacidade do mesmo para atingir um grande público.
O “volumen” era desenrolado conforme ia sendo lido, e Entretanto, mesmo não obedecendo a essas caracte-
o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não rísticas, surgiu em fins do século XX o livro eletrônico, ou
no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas seja, o livro num suporte eletrônico, o computador. Ainda
vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo cha- é cedo para dizer se o livro eletrônico é um continuador do
mado então de tomo. O comprimento total de um “volu- livro típico ou uma variante, mas como mídia ele vem ga-
men” era de 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro nhando espaço, o que de certo modo amedronta os aman-
chegava a 6 centímetros. tes do livro típico - os bibliófilos.
O papiro consiste em uma parte da planta, que era li- Existem livros eletrônicos disponíveis tanto para com-
berada, livrada (latim libere, livre) do restante da planta - daí putadores de mesa quanto para computadores de mão, os
surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro palmtops. Uma dificuldade que o livro eletrônico encontra
em português. Os fragmentos de papiros mais “recentes” é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez
são datados do século II a.C.. mais rápida do que em um suporte eletrônico, mas pesqui-
sas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização
dos livros eletrônicos.
Então... considerando a importância das tecnologias,
você poderá perguntar-se:
• O que são as Novas Tecnologias de Informação
e Comunicação (NTICs)?
São as tecnologias e métodos para comunicar surgidas
desde a segunda metade da década de 1970 e, principal-
mente, nos anos 1990.

•Qual a finalidade das NTICs?


A maioria delas se caracteriza por agilizar o conteúdo
Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho,
da comunicação, por meio da digitalização e da comunica-
extraído de couro bovino ou de outros animais. A vantagem
ção em redes (mediada ou não por computadores) para a
do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tem-
captação, transmissão e distribuição das informações (tex-
po.
Quanto ao “volumen” também foi substituído pelo có- to, imagem estática, vídeo e som).
dex (uma compilação de páginas) não mais um rolo. O uso
do formato códice e do pergaminho era complementar, pois • O que é considerado NTICs?
era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que • os computadores pessoais (PCs, personal compu-
de papiro. ters);
Uma conseqüência fundamental do códice é que ele faz • as câmeras de vídeo e foto para computador ou
com que se comece a pensar no livro como objeto, identifi- webcams;
cando definitivamente a obra com o livro. • a gravação doméstica de CDs e DVDs;
Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em • os diversos suportes para guardar e portar dados
grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então como os disquetes discos rígidos ou hds, cartões de me-
tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita. mória, pendrives, zipdrives e assemelhados;
Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade • a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celula-
Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmen- res);
te da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada • a TV por assinatura;
página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o • TV a cabo;
conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. • TV por antena parabólica;
Em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a má- • o correio eletrônico (e-mail);
quina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que • as listas de discussão (mailing lists);
provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida • a internet;
por Johannes Gutenberg. • a world wide web (principal interface gráfica da in-
No Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a ternet);
prensa com tipos móveis reutilizáveis de metal que substi- • os websites e home pages;
tuiram os de madeira, o primeiro livro impresso nessa técni- • os quadros de discussão (message boards);
ca foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos • o streaming (fluxo contínuo de áudio e vídeo via
copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. internet);

69
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• as tecnologias digitais de captação e tratamento Em algumas instituições os encontros presenciais (alu-


de imagens e sons; no- professor) é totalmente substituído pelos encontros
• a captura eletrônica ou digitalização de imagens on-line (chats, sala de conversas, msn). Sendo assim, novos
(scanners); problemas no âmbito educacional vão surgindo e ganhan-
• a fotografia digital; do relevância.
• o vídeo digital; Para exemplicar: Os alunos de hoje alegam que não
• o cinema digital (da captação à exibição); conseguiram enviar os trabalhos porque caiu a conexão,
• o som digital; ou porque o computador “deu pau”. Em contrapartida, os
• a TV digital e o rádio digital; professores também podem alegar que devido a proble-
• as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wire- mas no sistema, por problemas com o computador(PC) ou
less); outros atributos não foi possível lançar as notas.
Neste sentido, de modo geral as novas tecnologias estão Isso demonstra que situações como essas, há uns vinte
associadas à interatividade, à quebra com o modelo comu- anos atrás era raro de acontecer. Isso significa que o mun-
nicacional, pois, com as NTICs todos aqueles que integram do da informática “fascina” jovens e adultos, pois todos es-
redes de conexão fazem parte do envio e do recebimento tão convencidos que as novas tecnologias da informação e
das informações. Portanto, as NTICs estão relacionadas a comunicação avançam e se renovam com muita rapidez e a
uma revolução informacional e, oferecem uma infra-estrutra inclusão digital se impõe no mundo atual, sob risco de nos
de comunicação que permite a interação em rede de seus sentir excluídos e analfabetos digitais.
integrantes.
• Estamos inseridos num contexto de Revolução na era
•Como as NTICs contribuem para o mundo dos negó- da Informação?
cios? No final do século XIX, o mundo sofreu forte influência
As novas tecnologias parecem favorecer a tendência devido à conjunção de todas as ciências, que começaram
para as empresas terem fronteiras cada vez menos demar- a fundir-se, iniciando um período de rotação dos usos e
cadas em relação ao seu meio ambiente, a trabalharem cada costumes, giros desenfreados para todos os sentidos.
vez mais “em rede” com outras empresas e, dentro delas, os A física, química, matemática, medicina, biologia, geo-
seus colaboradores também trabalharem cada vez mais “em grafia, história, literatura, enfim, todos os ramos do conhe-
rede”. cimento humano, sofreram mudanças radicais com novas
Isso só é possível pela maior facilidade e rapidez de aces- descobertas ou fusões de conhecimentos antigos agrega-
dos a novos dispositivos recém inventados, no campo das
so à informação, bem como, a integração e automatização
Ciências Exatas podemos destacar coisas como a eletrici-
dos processos de negócios (pagar uma conta bancária ou
dade, explosivos, tecelagem e metalurgia, mas é claro que
comprar pelo computador), como também a possibilidade
nos demais campos, como o das Ciências Biológicas e Hu-
em participar nas salas de discussão sobre assuntos variados
manas também ocorreu.
(chats) e ter acesso a dados oficiais disponibilizados nos sites
O surgimento de todas essas novidades, especifica-
do governo...
mente a partir da década de 70, (com grande concentração
nos EUA), é atribuído a uma dinâmica específica de difusão
•Quais as consequências para a educação? e sinergia tecnológicas, decorrentes dos progressos alcan-
As novas tecnologia de comunicação levam a educação çados nas duas décadas anteriores.
a uma nova dimensão. Esta nova dimensão terá que encon- Além disso, houve influência de aspectos institucionais,
trar uma lógica dentro do “caos de informações” , porém econômicos e culturais.
sem perder o foco do processo de ensinar a aprender. As Na década de 80, em um processo autônomo de rees-
tele-conferências, por exemplo, não deveriam substituir o truturação do sistema capitalista (neoliberalismo), o nível
professor, bem como, os sites de busca (google) não deverá tecnológico alcançado exerceu papel fundamental na rees-
substituir o uso da pesquisa em livros. truturação econômica-organizacional.
Com relação ao processo educacional, o uso de giz ou O desenvolvimento dessas tecnologias contribuiu para
de apresentações em Powerpoint pelo professor tem impor- a formação de meios de inovação, dentro dos quais as apli-
tância e faz a diferença. Porém, antes de fazer uso das novas cações interagem em processo de “tentativa e erro”, exi-
tecnologias na sala de aula, é necessário explorar o potencial gindo a concentração espacial dos núcleos tecnológicos de
das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), pois empresas e instituições, com uma rede auxiliar de fornece-
a proposta pedagógica, ou seja, o conteúdo a ser ministrado dores e capital de risco como apoio.
é mais importante do que os recursos técnicos.
Todavia, não estamos justificando a resistência dos pro- •Quais as bases dessa Era da Informação?
fessores às TICs. Se faz necessário trabalhar os professores de Parece coerente dizer que conhecimentos científicos/
forma a motivar para o uso das ferramentas disponíveis, ou tecnológicos, instituições adequadas, empresas e mão-de
seja, alguns precisarão ser “alfabetizados” para a era digital. -obra qualificada são as bases da Era da Informação. Por
Portanto, os cursos oferecidos na modalidade a distância outro lado, deve-se considerar que o ingrediente primor-
com o uso de tecnologias, embora sejam fascinantes exigem dial não é um cenário cultural ou institucional específico,
de professores e alunos certas habilidades com as ferra- mas a unificação das informações com a produção indus-
mentas disponíveis na internet. trial e aplicações comerciais.

70
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto, é possível afirmar que foi o Estado quem deu início à revolução da tecnologia da informação, já que a inter-
face entre os programas de macropesquisa promovidos pelos governos e a inovação descentralizada em uma cultura de
criatividade tecnológica é que permitiu o florescimento das tecnologias da informação e comunicação globalizadas.

• Podemos afirmar que com as NTICs é um divisor de águas da geração anterior para a atual?
A tecnologia passa a permear toda a atividade humana, aplicando sua lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto
de relações, circunstância que cresce significativamente. Uma vez que o critério da informação está baseado na flexibilida-
de, ou seja, permite não somente que processos, mas também organizações e instituições, se modifiquem fundamental-
mente, tornando possível inverter as regras que as estruturam sem destruir a organização.
Em todo caso, a tendência é a convergência de tecnologias específicas em um sistema integrado, resultante da lógica
compartilhada na geração de informação.
Em síntese, o sistema informacional evolui em direção a uma rede aberta de múltiplos acessos, cuja abrangência,
complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos. Portanto, aqueles que não têm domínio das
linguagens e ferramentas presentes no mundo das NTICs são chamados de “analfabetos digitais”.
Quais são as linguagens?
Estamos nos referindo às várias linguagens de programação, elas estão voltadas à comunicação cada vez mais rápidas e
atraentes. Então, o acesso e os tipos de visualização nos sites dependem diretamente da linguagem de programação usada.
No início da internet, por exemplo, utilizava-se como “código fonte” gerador de programa e interações na rede o
HTML. Seguido do Visual Basic (VB); DELPH... os mais recentes são ASP e PHP. Esses são exemplos de linguagens de pro-
gramação utilizadas no suporte dos efeitos “atraentes” da mensagem escrita, que por sua vez, passou a ser audio-visual e
interativa (WEB CAM).
Quais são esses efeitos atraentes? Por exemplo, no aplicativo WORD o comando para negritar ou sublinhar... são pos-
síveis, graças aos códigos de efeitos utilizados na linguagem de programação da empresa Microsolft.
Portanto, “as NTICS chegaram para “solucionar” problemas que antes não existiam.” Estamos diante de uma frase
crítica, pois as empresas criam programas, virús e antídotos, também chamadas anti-virús e nesse circuito há um enorme
“capital de giro”, ou seja, lucro para as empresas em, contrapartida, os usuários diante das rápidas mudanças dos aplicativos
buscam constantemente novos equipamentos com maior potencial.
Porém, a cada dia, notamos ser “impossível” tentar acompanhar e atender às buscas, visto que, a cada instante é criado
novos virús, novos aplicativos e novas linguagens... que possibilitam acesso ou a exclusão digital?
Foi pensando nisso que trouxemos as seguintes dicas para facilitar seu trabalho no word. Assim, quando o mouse
falhar você não ficará na mão.
O word é o editor de textos mais utilizado do mundo. É uma ferramenta indispensável para criar e compartilhar do-
cumentos. Por isso, conhecer esse programa é fundamental para todos que disputam uma vaga no mundo do trabalho.

BARRA DE FERRAMENTAS
As barras de ferramentas têm por função agilizar a execução dos comandos mais utilizados no Word.
Para ir até as Barras de Ferramentas, você deverá primeiramente pressionar a tecla ALT ou F10 uma vez, que ativará a
Barra de Menus.
Na seqüência pressione  as teclas Ctrl + TAB que o levará até a Barra de Ferramentas Padrão.
Acionando mais uma vez o Ctrl + TAB, estará na Barra de Ferramentas de Formatação. Para retornar uma barra acima,
pressione as teclas Ctrl + Shift + TAB.
Veja os botões da Barra de Ferramentas Padrão:

71
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Nesta barra, a comunicação não verbal é que ajuda o usuário a utilizá-las. Por exemplo, o símbolo da “tesoura” significa “recor-
tar”, o símbolo da “impressora” significa imprimir, e sai por diante...
Outra Barra de Ferramentas importante é a de Formatação. Como o próprio nome indica, ela é utilizada para forma-
tarmos o documento.

Repare que ela nos traz o tipo e o tamanho da letra, bem como a organização do texto no papel.
Atalhos para Formatação
Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl ]
Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl [
Para alterar o tamanho da fonte Ctrl Shift P digite o número desejado e tecle enter.
Para aumentar o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl shift >
Para diminuir o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl Shift <
Para alterar o tipo da fonte Ctrl Shift F Para copiar o formato: Ctrl Shift C
Para colar o formato: Ctrl Shift V Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas e todas minúsculas: Shift F3
Para converter todas as letras de maiúsculas para minúsculas e vice-versa: Ctrl Shift A
Para remover a formatação dos caracteres, basta selecionar as palavras e teclar Ctrl + barra de espaços.
F4 - Repete o último comando executado, caso tenha a necessidade de aplicá-lo várias vezes a mesma ação poderá
utilizar este recurso.
Atalhos para os principais estilos de formatação:
• Negrito - Ctrl + N
• Itálico - Ctrl + I
• Sublinhado - Ctrl + S
• Subscrito - Ctrl =
• Sobrescrito - Ctrl Shift =
Informações retiradas do site: www.fundacaobradesco.org.br

E, para concluir essa abordagem, convido você a avaliar algumas situações, que há tempos idos, não faziam parte dos
problemas sociais. Me refiro à pedofilia, ao acesso de sites pronográficos, à interação nas programações televisivas e ra-
diofônicas (radios), à pirataria...
Como resolvê-los visto que estamos inseridos e “alfabetizados” ao uso das NTICS?
Perceba que essa temática é altamente atualizada, bem como, consequência dos avanços tecnológicos até aqui refe-
ridos.
É de fator decisivo que não podemos viver isolados e “ignorantes” ao uso dessas NTICS, porém os desafios modernos
exigem um posicionamento crítico.
Talvez não seja necessário proibir o uso do computador ou o acesso à rede de internet, mas os atuais tempos exigem
que jovens e adultos estejam conectados à NTICS, principalmente os adultos, visto que os “mais jovens” possuem maior
facilidade com relação ao manuseio das NTICS.
Portanto, ao intervir nas programações televisivas, por exemplo: participar das inquetes do “globo repórter” ou até
mesmo, na participação das atividades interativas chamadas de “bola mucha e bola cheia”- programação do “Fantástico
- estamos contuibuindo diretamente com as audiências das empresas que monopolizam a rede televisiva o que significa
dizer, nos tornamos “celebridades instantâneas” e aumentamos o capital de giro dos empresários envolvidos.
Longe de esgotar o debate, sinalizo alguns pontos que poderão ser debatidos por você, caro leitor, nas rodas de ami-
gos e/ou vir a ser tema de texto escrito num processo seletivo a uma vaga de emprego ou inserção no “mundo das letras”,
como a universidade.
Então... não perca tempo!
Faça uso das NTICS com atualização constante e discernimento quanto aos problemas sociais modernos que estão
diretamente associados ao uso indiscriminado das NTICS.

72
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ!

ATIVIDADE 1
Leia:

Bioinformática é parte essencial da genética atual


Toda a pesquisa da moderna biologia molecular
não seria possível sem a computação. Os programas
de computador permitem a comparação das
seqüências descobertas com padrões genéticos já
conhecidos e armazenados em bancos de dados
disponíveis na Internet. O volume de dados é tão
grande que fazer a comparação “manualmente” tornasse
cada dia mais inviável. Para se ter uma idéia, a
quantidade de informação guardada no maior banco
de dados internacional de seqüências genéticas, o
GenBank, quase dobra a cada ano.
(Texto adaptado. Fonte: Com Ciência. Revista Eletrônica de Jornalismo
Científico. Agosto/2005)

De acordo com o texto, a informática tornou-se essencial para os estudos de genética porque
(A) amplia as possibilidades de o pesquisador trocar de emprego.
(B) viabiliza a comparação de grande quantidade de informações.
(C) mantém as informações sob o controle de grupos de pesquisas.
(D) dispensa a contratação de cientistas para o trabalho de campo.

ATIVIDADE 2

Leia:

Doação de órgãos via Web levanta polêmica


No Colorado, realiza-se hoje o primeiro
transplante de rim no qual doador e receptor se
conheceram pela Internet. A cirurgia marcará o final
feliz de uma história que poderia ter um desfecho bem
diferente. Mesmo assim, a doação de órgãos e a
busca de doadores via Web causa polêmica e é uma
questão que está longe de ser resolvida.
A busca de doadores por meio da Internet
é um assunto que preocupa os médicos há muito
tempo. Eles temem que a escassez de órgãos
disponíveis e as longas listas de espera tornem os
transplantes um bazar cibernético e um leilão em que
vence a melhor oferta, não o doente mais
necessitado.
(Texto adaptado. Fonte: Sessão Informática do grupo Terra, in
www.terra.com.br, 20/10/2004)

As expressões destacadas sugerem que a busca de doadores de órgãos pela Internet pode virar uma prática proibida
pela legislação brasileira (Lei 9.394/97). Essa prática é a
(A) realização de transplantes. (B) venda e compra de órgãos.
(C) doação voluntária de córneas. (D) criação de listas de espera.

73
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADE 3 PRA FIM DE PAPO!


As grandes cidades possuem câmeras de vídeo insta- Caro Aluno
ladas em suas vias principais, cuja finalidade é acompanhar
o trânsito e Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
(A) reduzir o estresse dos motoristas.  - Reconhecer a função e o impacto social
(B) calcular o número exato de veículos. das diferentes tecnologias de comunicação e informação.
(C) auxiliar no controle do tráfego. - Identificar, pela análise de suas lingua-
(D) registrar os índices de poluição. gens, as tecnologias de comunicação e informação.
- Associar as tecnologias de comunica-
ATIVIDADE 4 ção e de informação aos conhecimentos científicos, aos
A previsão do tempo, divulgada pelos meios de co- processos de produção e aos problemas
municação, é feita a partir de dados coletados em todo o - Relacionar as tecnologias de comuni-
mundo por meio de cação e informação ao desenvolvimento das sociedades e
(A) rádio. ao conhecimento que elas produzem.
(B) repórteres. - Reconhecer o poder das tecnologias de
(C) satélites. comunicação como formas de aproximação entre pessoas/
(D) fotógrafos. povos, organização e diferenciação social.

ATIVIDADE 5 Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude


Para as alternativas corretas atribua a letra (V) e para as um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
alternativas falsas a letra (F) dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
a) ( ) Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto
Ctrl ]
b) ( ) Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto
Ctrl [
c) ( ) Para colar o formato: Ctrl Shift V
d) ( ) Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas
e todas minúsculas: Shift F3
e) ( ) Para converter todas as letras de maiúsculas para mi-
núsculas e vice-versa: Ctrl Shift A
f) ( ) Para Negrito - Ctrl +S
g) ( ) Para Itálico - Ctrl + I
h) ( ) Para Sublinhado - Ctrl + S

HORA DE CONFERIR

ATIVIDADE 1
Alternativa correta: letra b

ATIVIDADE 2
Alternativa correta: letra b

ATIVIDADE 3
Alternativa correta: letra c

ATIVIDADE 4
Alternativa correta: letra c

ATIVIDADE 5
a) ( F )
b) ( F )
c) ( V )
d) ( V )
e) ( V )
f) ( F )
g) ( V )
h) ( V )

74
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

REDAÇÃO • Conquista da qualidade de vida, preservando  a


dignidade humana, a natureza e o meio ambiente.
ENSINO MÉDIO • Formar cidadãos, formar indivíduos capazes de
partilhar a sociedade, suprindo suas necessidades vitais, cul-
Caro aluno, turais, sociais e políticas; assim, construindo uma nova or-
Em sua prova de Linguagens, Códigos e suas tecno- dem social. 
logias haverá uma proposta de redação que irá solicitar a (Fonte: http://educacaoecidadania.vilabol.uol.com.br/
construção de um texto do tipo dissertativo-argumentativo. index.html)
O tema deste texto poderá ser de ordem social, científi- • A criança é a nossa esperança?
ca, cultural ou política. Na prova, você encontrará textos de Texto de apoio: Crianças – O elo da esperança
apoio para o tema sugerido. As crianças são nossa maior esperança de mudar este
Agora vamos às dicas para você se preparar na elabora- mundo imperfeito - que a nossa e as gerações anteriores
ção de um bom texto!
criaram. É a razão para acreditarmos que vale a pena lu-
tarmos contra a apatia e o descaso das pessoas em geral,
Dicas para o seu texto:
1. Boa letra; evite escrever com letra pequena ou de políticos, empresários, religiosos, trabalhadores, enfim, todos
difícil entendimento para quem irá ler e corrigir o seu texto. que ficam no discurso vago e não assumem seu papel neste
2. A média de escrita pode ficar entre quatro a seis momento importante de transformação.
parágrafos; cinco linhas para cada parágrafo, assim sua re- O desconforto de constatar que fomos muito longe nes-
dação ficará entre 20 e 25 linhas, o que está ótimo! sa aventura de autodestruição e consumismo não basta para
3. Fique atendo ao tema sugerido, escreva sobre o mudar o estado das coisas. Revoltamo-nos quando, na frente
que você conhece daquele assunto, não desvie do que foi da televisão, assistimos os telejornais e presenciamos fome,
pedido. guerra, violência urbana, corrupção, descaso com a saúde,
4. Não deixe a parte de redação em branco, se você abandono dos princípios básicos da ética e, principalmente,
tem pouco conhecimento sobre o assunto, escreva pelo me- o desrespeito à vida em geral.
nos 2 parágrafos, normalmente redações com até 5 linhas Mas a maior de todas essas violências é destruirmos a
são anuladas. nossa última esperança de mudarmos tudo isso: a violência
5. Não escreva palavrões, não faça riscos ou desenhos sexual contra a criança, a pedofilia e a mais covarde de todas
que não estejam acompanhados de textos, caso contrário a as violências, a mais vil - o suicídio coletivo do que sobrou de
redação será anulada. digno e bom em nós.
6. Se você não sabe como escrever uma palavra, tente Quando assistimos a adultos violentarem sexualmente
buscar outra que seja similar e tenha o mesmo significado.
crianças inocentes, que não têm capacidade de autodefesa,
7. Não copie trechos do texto de apoio.
seres inocentes desprovidos de malícia, constatamos que es-
8. Busque uma sequência de idéias, siga a seguinte
estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao final sas pessoas desceram na escala mais baixa da racionalidade
leia novamente todo o texto que você escreveu e crie um humana e se transformaram em monstros. A prostituição in-
título para ele. fantil é a maior vergonha da sociedade moderna.
Uma sociedade que não respeita suas crianças nunca
O que é um texto dissertativo-argumentativo? será sustentável. Se quisermos construir um mundo melhor
Na elaboração do texto em questão é importante ter temos que defendê-las acima de tudo, e não permitir que
um conhecimento prévio sobre o assunto abordado. Pois, nossa maior esperança seja destruída por mentes doentes.
argumentar não significa escrever a partir de “eu acho”. Nossa cultura moderna encheu-se de atividades, várias
Compreendeu? Por isso, visite os capítulos 6 e 7 do livro do distrações que ocupam nossas vidas e não nos permitem ver
aluno de Linguagens, Códigos e suas tecnologias do Ensino que a verdadeira alegria está no olhar inocente e no sorriso
Médio. maroto de uma criança. Elas são nossa reserva moral e serão
os adultos de amanhã, e se queremos reverter esse mundo
Temas sugeridos: irracional de hoje temos que prepará-las para corrigir nossos
Desenvolva uma redação dissertativo-argumentativa erros.
para cada tema abaixo. Todos os governantes deveriam dedicar um percentual
• Educação: Caminho da cidadania, responsabili- importante dos seus recursos para a educação de nossas
dade de todos
crianças. Se quisermos crescer como sociedade e conquis-
tar um patamar de civilidade é necessário planejar o futuro
Texto de apoio: Educação e cidadania
A educação é:  dessas crianças para que elas possam mudar esse caos em
• Direito de todos e dever do estado e da família que vivemos.
• Deve ser promovida e incentivada com a colabora- Falar de futuro é falar de nossas crianças, e falar das
ção da sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, crianças é falar de esperança. As melhores mentes de hoje,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação as mais preparadas, deveriam estar envolvidas na  educação
para o trabalho.  e orientação dessas crianças para que, futuramente, corrijam
  A cidadania é: as distorções desta sociedade desigual e violenta de hoje.

75
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

As crianças são o elo mais frágil da corrente que é a nos- O Brasil não é um país pobre, mas possui uma popu-
sa sociedade multirracial, onde as diferenças são marcantes, lação pobre, devido à má distribuição de renda e riqueza,
onde os adultos não superam resolver suas diferenças - e, sendo que se pode considerar a desigualdade social como
pior, a aprofundarão - onde com o passar dos anos compro- um dos principais determinantes da pobreza no Brasil.
metemos fortunas e nada construímos que tenha valido a Entretanto, há quem pense que a experiência brasileira é
pena, onde as pessoas se indagam quais são os valores a se- rica em programas e projetos para atenuar as desigualdades
rem seguidos, onde a sensação dominante é de impunidade regionais e sociais. Mesmo que a maioria delas não tenha
e falta de justiça. É nessa sociedade que teremos de preservar obtido os resultados esperados, há exemplos de políticas so-
e preparar nossas crianças, de todas as raças, para mudar o ciais que estão tendo impacto favorável: o salário mínimo,
que nunca deveria ter existido. a aposentadoria rural, a bolsa-escola, a renda mínima e a
Criança, esperança de um mundo melhor. reforma agrária. No entanto, essas iniciativas não têm sido
(Fonte: www.blograizes.com.br/criancas-o-elo-da-es- suficientes para resolver os problemas das desigualdades no
peranca.html. Adaptado) Brasil.
Propõe-se instituir um design que respeite a vida e in-
• Desigualdade social corpore os desafios, a realidade e a necessidade de promo-
Texto de apoio: A desigualdade social ver mudanças, pois não se pode continuar refém de toda
Promover a cidadania é de fato o caminho para resol- situação desumana. Um fator que se apresenta como utó-
ver, pelo menos dentro dos limites aceitáveis, os problemas pico, mas realizável e com urgência, é a melhor distribuição
da desigualdade social brasileira. Não que estas questões da riqueza, fundamental para sanar ou diminuir as grandes
possam ser consideradas aceitáveis, mas porque são muitos desigualdades brasileiras.
séculos e situações que provocaram essa realidade. (Fonte: http://pt.shvoong.com/social-scien-
Para entender a origem de tais disparidades no Brasil é ces/1619576-desigualdade-social/. Adaptado)
necessário introduzir uma perspectiva mais ampla, abran- • Desemprego
gendo o passado histórico, sem desconsiderar as dimensões Texto de apoio: Tatuagem pode barrar emprego
continentais do país. A família, as solidariedades intergera- Boa apresentação, afirmam consultores em recursos hu-
cionais e as políticas sociais debatem-se com este desafio, manos, continua fazendo a diferença no processo de seleção
procurando encontrar as melhores soluções e as respostas de emprego. A primeira impressão, lembram os especialistas,
mais adequadas à diversidade dos problemas inerentes. é a que fica para os que selecionam os candidatos. Discrição
Encontra-se no mundo um contraste alarmante, en- é, portanto, a recomendação para quem quer conquistar um
quanto milhões de pessoas passam fome, uma minoria usu- lugar ao sol sem abrir mão do jeito de ser. Quanto mais for-
frui do progresso e da tecnologia que a sociedade oferece.
mal a área de atuação, menor o espaço para o alternativo.
A reclamação contra o caráter ineficiente do Estado é
Ou seja, apesar de o preconceito e a discriminação estarem
geral e os benefícios coletivos do Estado são pequenos e de
cada vez mais fora de moda, as empresas são estruturadas
pouca qualidade diante de tão ampla desigualdade social.
segundo padrões. E, para quem quer ingressar em uma ins-
O Brasil, desde seu descobrimento, traz consigo esta de-
tituição, não há como fugir deles.
plorável marca da desigualdade social.
A herança das diferenças sociais, da escravidão, do pre-
Quanto mais formal o segmento, como por exemplo,
conceito, do racismo, data do descobrimento e foi deixada
pelos então proprietários de terras e governantes que trou- instituições financeiras, escritórios e hospitais, mais explíci-
xeram para a nova terra os marginalizados portugueses, os tas são as restrições. No caso de piercings, até que se conhe-
africanos que escravizaram e humilharam, os italianos e ou- çam os códigos que regem a instituição, o melhor a fazer
tros imigrantes que não eram vistos com bons olhos pelos é retirá-los durante a entrevista e, se for o caso, depois de
senhores feudais. Daí a origem da desigualdade social brasi- admitido, durante o expediente. “Já as tatuagens, se estive-
leira que permanece e se expandiu de tal forma que chega a rem em local visível, nuca, braços ou pernas, é melhor não
ser quase irremediável nos dias atuais. exibi-las, usando uma blusa de gola alta e mangas compri-
Mesmo considerando-se os movimentos ascendentes na das”, orienta Adriana Evangelista, assistente de gestão em
escala social - os imigrantes são um exemplo eloqüente disso políticas públicas do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
-, a grande massa não teve condições de impor às elites uma (Fonte: Trecho retirado de www.cartaderh.com.br)
distribuição menos desigual dos ganhos do trabalho. Nem
logrou, eficazmente, exigir do Estado o cumprimento de seus Texto de apoio: Desemprego, informalidade e baixa es-
objetivos básicos, entre os quais se inclui, na primeira linha, colaridade excluem 19 milhões de jovens brasileiros
a educação. As seqüelas desse feito representam imenso Desemprego, informalidade e baixa escolaridade ex-
obstáculo para uma repartição menos iníqua da riqueza e cluem socialmente 19 milhões de brasileiros entre 15 e 19
perduram até hoje. anos, ou seja, mais da metade do total de jovens do país (34
Também, desde o início do processo de desenvolvimen- milhões). Desses, 6,5 milhões não trabalham nem estudam,
to brasileiro, encontra-se outro fator evidente: o crescimento o que representa 1 a cada 5 jovens. No recorte 15 a 17 anos,
econômico, que tem gerado condições extremas de desigual- apenas metade está no Ensino Médio. 4 milhões de jovens
dades espaciais e sociais, manifestas entre regiões, estados, saem da escola sem completar o Ensino Fundamental.
meio rural e o meio urbano, entre centro e periferia e entre (Fonte: Trecho retirado de http://aprendiz.uol.com.br/
as raças. content/cujubruduh.mmp)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Texto de apoio: Preconceito influencia desemprego de negros no país


O preconceito racial e a baixa escolaridade são os responsáveis pela alta taxa de desempregados negros no país. A pes-
quisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconomicos (DIEESE), divulgada em 2007 em Porto Alegre,
mostra que o desemprego em geral reduz à medida que as pessoas vão atingindo altos níveis de estudo, como o ensino médio
completo e o ensino superior. No entanto, mesmo na universidade, existe diferença entre negros e não-negros quanto à pos-
sibilidade de emprego e à remuneração.
Os negros recebem salários menores em todas as regiões metropolitanas pesquisadas. Salvador, capital da Bahia, con-
centra a maior diferença: o salário do negro chega a apenas 52,9% do não-negro. Porto Alegre representa a menor diferença,
mas mesmo assim o salário médio do negro está em R$ 705,00 e o, dos não-negros, R$ 1.052,00. Essa comparação mostra,
segundo o estudo, o preconceito racial existente ainda na sociedade, já que são avaliados grupos com a mesma escolaridade.
(Fonte: Trecho retirado de www.reformaagraria.org/node/288)

• O papel da mulher na sociedade


Texto de apoio: A importância da mulher na sociedade
Enfrentando diversas discriminações e adaptações em relação aos “afazeres puramente femininos”, como cuidar de casa e
da família, a mulher conseguiu superar suas dificuldades e ainda administrar seu tempo a favor de suas atividades, para que
as questões familiares não entrem em conflito com questões profissionais e sociais. A mulher ainda é alvo de grande discrimi-
nação por aqueles que ainda acreditam que “lugar de mulher é no fogão” e por isso enfrenta o grande desafio de mostrar que
apesar de frágil é ainda forte, ousada e firme na tomada de decisões, quando necessário.
A mulher tem marcado as últimas décadas mostrando que competência no trabalho também é um grande marco femini-
no. Apesar de ser taxada como sexo frágil, a mulher tem se mostrado forte o bastante para encarar os desafios propostos pelo
mercado de trabalho com convicção e disposição. A fragilidade da mulher, ou melhor, a sensibilidade da mulher tem grande
colaboração nas influências humanas que se tenta propagar na atualidade, pois, como é sabido, o mundo passa por transfor-
mações rápidas e desastrosas que precisam de mudanças imediatas. A mulher consegue transmitir a importante e dura tarefa
de mudar hábitos com a clareza e a delicadeza necessária para despertar o envolvimento de cada indivíduo e a importância
da mudança de cada um.
O avanço feminino frente à política e economia ainda mostra a força da mulher em perceber e apontar os problemas
tendo sempre boas formas de resolvê-los assim como os indivíduos do sexo masculino, o que evidencia o erro de descriminar
e diminuir o sexo feminino privando-o a apenas poucas tarefas (domésticas).
A realidade vista pelo crescimento do espaço feminino tem sido percebida pela participação das mesmas em diferentes
áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os demais indivíduos do sexo oposto.
(Fonte: Texto de Gabriela Cabral - Equipe Brasil Escola)

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Exercite sua redação nos espaços a seguir!

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2 __________________________________________________________________________________________________________________________

3 __________________________________________________________________________________________________________________________

4 __________________________________________________________________________________________________________________________

5 __________________________________________________________________________________________________________________________

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

EXAME NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS


DE JOVENS E ADULTOS (ENCCEJA )

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

GABARITO OFICIAL

01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D

92
INTRODUÇÃO

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Matemática e suas tecnologias
que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1.Compreender a Matemática como construção humana, relacionando o seu desenvolvimento com a transfor-
mação da sociedade.

2.Ampliar formas de raciocínio e processos mentais por meio de indução, dedução, analogia e estimativa, utili-
zando conceitos e procedimentos matemáticos.

3.Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e reais.

4. Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade- e agir sobre ela.

5. Construir e ampliar noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de proble-
mas do cotidiano.

6.Construir e ampliar noções de variação de grandeza para a compreensão da realidade e a solução de problemas
do cotidiano.

7. Aplicar expressões analíticas para modelar e resolver problemas, envolvendo variáveis socioeconômicas ou
técnico-científicas.

8. Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando pre-
visão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

9. Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos
adequados para medidas e cálculos de probabilidade, para interpretar informações de variáveis apresentadas em
uma distribuição estatística.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE

Capítulo 1
Matemática em construção?..........................................................................................................................................................................................01
Eliane Matesco Cristovão

Capítulo 2
Lógica e argumentação: da prática à matemática................................................................................................................................................14
Eliana Junqueira Barbosa Costa

Capítulo 3
Os números que usamos.................................................................................................................................................................................................31
Luzia de Fátima Barbosa

Capítulo 4
Geometria plana e espacial ...........................................................................................................................................................................................39
Davi Martinez Rissetti

Capítulo 5
Os sistemas de medidas...................................................................................................................................................................................................56
Luzia de Fátima Barbosa

Capítulo 6
Grandezas e proporcionalidade: olhando para o cotidiano.............................................................................................................................64
Fernando Luis Pereira Fernandes

Capítulo 7
Em (quase) tudo tem relação! ......................................................................................................................................................................................78
Fernando Luis Pereira Fernandes

Capítulo 8
Gráficos e tabelas no dia-a-dia ..................................................................................................................................................................................86
Eliane Matesco Cristovão
Silvio César Cristovão

Capítulo 9
Matemática não-exata? Estudo das possibilidades e chances ......................................................................................................................94
Fernando Luis Pereira Fernandes
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 1 A palavra trigonometria (do grego trigōnon “triân-


gulo” + metron “medida”) significa medida das partes de
MATEMÁTICA EM CONSTRUÇÃO? um triângulo. Não se sabe ao certo se o conceito da me-
dida de ângulo surgiu com os gregos ou se eles, por con-
COMPREENDER A MATEMÁTICA COMO CONSTRU- tato com a civilização babilônica, adotaram suas frações
ÇÃO HUMANA, RELACIONANDO O SEU DESENVOLVI- sexagesimais, ou seja, a divisão em sessenta partes, para
MENTO COM A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE. representar as partes do ângulo, que é dividido, assim
como a hora, em minutos e segundos. Os gregos fizeram
Eliane Matesco Cristovão um estudo sistemático das relações entre ângulos - ou
arcos - numa circunferência e os comprimentos de suas
DO FUNDO DO BAÚ...1 cordas. Os hindus também contribuíram muito para a
construção desse conceito!
A Matemática, como é ensinada em muitas escolas, pa- No século IV da nossa era, a Europa Ocidental entrou
rece um amontoado de regras que precisam apenas ser em crise com as invasões dos bárbaros germânicos e com a
decoradas e aplicadas. Muitas vezes nos perguntamos se queda do Império Romano. O centro da cultura começou a
quem inventou todas essas regras não tinha o que fazer, se deslocar para a Índia, que revolucionou a trigonometria
não é mesmo? com um conjunto de textos denominados Siddhanta, que
Mas, felizmente, não é bem assim! A Matemática sur- significa sistemas de Astronomia.
giu da necessidade de interpretar a natureza e seus fenô- O que chegou até nós foi o Surya Siddhanta, que quer
menos. O objetivo deste capítulo é ajudá-lo a compreendê dizer Sistemas do Sol e é um texto épico, de aproximada-
-la como uma construção humana e a entender que seus mente 400 d.C, escrito em versos e em sânscrito.
cálculos e regras surgiram da necessidade do homem de A importância do Surya, para nós, é que ele abriu novas
resolver problemas. perspectivas para a Trigonometria por não seguir o mesmo
Muitos fenômenos da natureza só puderam ser inter- caminho de Ptolomeu, um grego que relacionava as cordas
pretados matematicamente após o desenvolvimento de de um círculo com os ângulos centrais correspondentes.
áreas da Matemática que pareciam nem ter relação com
tais fenômenos.

Ilustração 1 - Representação antiga das Ilustração 2 - O “jiva” hindu


órbitas dos planetas
No Surya, a relação usada era entre a metade da corda
e a metade do ângulo central correspondente, chamada
Uma área importante da matemática onde isso ocorreu por eles de jiva. Isto possibilitou a visão de um triângulo
foi a TRIGONOMETRIA. A origem da trigonometria é in- retângulo na circunferência, como na Figura a seguir:
certa. Entretanto, pode-se dizer que o início de seu desen- Os hindus definiam o jiva como sendo a razão entre o
volvimento se deu principalmente devido aos problemas cateto oposto e a hipotenusa.
gerados pela Astronomia, Agrimensura e Navegações, por
volta do século IV ou V a.C., com os egípcios e babilônios.
Jiva
1 Para compor esta seção, foram utilizadas
imagens e informações dos sites: Ficou confuso, com tantos símbolos? Não se preocupe,
http://ecalculo.if.usp.br/historia/historia_trigonometria. vamos aprofundar o estudo da trigonometria no triângulo,
htm mas adiante!
http://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro
http://www.clarku.edu/~djoyce/trig/model.jpg
h t t p : / / w w w. p r o f 2 0 0 0 . p t / u s e r s / a m m a / a f 3 3 / t r f 1 /
histtrigon.pdf

1
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 3 - Papiro Rhind, Museu de Londres

Registros muito antigos sobre o estudo da trigonometria foram encontrados também em papiros. Papiro, do latim
papyrusé, é originalmente, uma planta perene, e também o meio físico, precursor do papel, usado para a escrita durante a
Antigüidade.
Um dos mais famosos papiros que tratavam de matemática é conhecido como Papiro Rhind.
O lápis e o papel foram ferramentas de evolução da humanidade, e seu uso chegou a ser criticado, com alegações de
que estas ferramentas prejudicariam o desenvolvimento do raciocínio das pessoas.

Hoje em dia já não é possível falar em Matemática pensando apenas em ferramentas como o lápis e o papel. Com o
avanço da tecnologia, muito do que utilizamos na Matemática pode ser processado por programas de computador. Um
programa muito utilizado são as planilhas eletrônicas.
Uma planilha eletrônica é um tipo de programa de computador que utiliza tabelas para realização de cálculos ou apre-
sentação de dados. Cada tabela é formada por uma grade composta de linhas e colunas. Existem no mercado diversos
aplicativos de planilha eletrônica. Os mais conhecidos são Microsoft Excel, Lotus123 e OpenOffice.org Calc.
Veja uma ilustração do Excel:

Ilustração 4 - Interface do Excel

Um dos objetivos principais de uma planilha eletrônica é a automação, ou seja, o cálculo automático de seus dados,
principalmente de suas operações matemáticas que são chamadas de fórmulas.
Na história da humanidade, mesmo antes de se efetuar registros, a busca de soluções para os problemas foi o início da
construção do conhecimento matemático. E até hoje, a cada novo desafio, o conhecimento matemático evolui.

2
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

POR FALAR EM DESAFIOS, VAMOS AGORA PENSAR EM UM DELES...


Para contextualizar a situação hipotética que vamos propor, leia o artigo a seguir, retirado de um site2 em 20/04/2009

FIAT AUTOMÓVEIS ADQUIRE EQUIPAMENTOS DE PRODUÇÃO

NAPRO forneceu e instalou, para linha de produção da FIAT,


equipamentos da mais avançada tecnologia para análise
de gases, opacidade e comunicação direta com injeção
eletrônica.
São 19 anos fornecendo equipamentos para linha de
produção. Atualmente a produção de veículos na FIAT
Brasil é de mais de 3000 veículos por dia, isto significa que
diariamente 3000 veículos são testados e diagnosticados
pelos equipamentos JET da NAPRO.
Estes equipamentos foram especialmente desenvolvidos
para suportar o ritmo acelerado de produção onde não pode
haver paradas técnicas. A preparação da amostra da parte
de análise de gases é de tecnologia super avançada, sendo a
mesma utilizada pela NASA na nave ATLANTIS.

Jonas trabalha na linha de produção de uma empresa que fabrica peças de automóveis. Ele controla o número de
peças de câmbio montadas em seu setor. O câmbio é a peça que permite a mudança de marchas e é composto por várias
engrenagens. Em outro setor são produzidas 42 engrenagens por hora, sendo todas destinadas à montagem dos câmbios.
Assim, nesse mesmo tempo, para não haver acúmulo de estoque, o setor de Jonas precisa utilizar as 42 engrenagens para
montar 7 peças de câmbio. A partir destas informações responda:
Supondo que o ritmo seja sempre respeitado para manter a harmonia entre os dois setores, num dia em que o setor de
engrenagens produziu 966 peças, quantas peças de câmbio terão sido montadas no setor de Jonas?
Para resolver este desafio você utilizará outra idéia muito antiga e importante da matemática: a PROPORCIONALIDADE!

ASSIM OU ASSADO?

Ilustração 5 câmbio de automóvel

Para resolver este problema, utilizaremos o seguinte raciocínio: o setor de Jonas monta 7 peças enquanto são produzi-
das 42 engrenagens. Dividindo 42 por 7, obtemos a razão entre o número de engrenagens e o número de peças de câmbio
onde elas são encaixadas, ou seja, são 6 engrenagens por peça.
Se foram produzidas, em um dia, 966 engrenagens, podemos calcular o número de peças de câmbio dividindo este
número por 6. Temos então 966 : 6 = 161 peças de câmbio3.
É... o Jonas não pode descuidar da linha de produção... deve ser uma correria!
Mas ainda poderíamos utilizar, para resolver este mesmo problema, uma regra prática, bastante útil quando estamos
resolvendo problemas de proporcionalidade, chamada de regra de três. Você já deve conhecer esta regra... Mas, vamos
recordá-la:
2 http://www.napro.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=139:fiat&catid=76:noticias
3 Imagem retirada de: http://bloglog.globo.com/FCKeditor/UserFiles/Image/cambio.jpg

3
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Engrenagens Câmbios

42.x = 966.7 então 42.x = 6762

x = peças de câmbio.

Se com 42 engrenagens são montados 7 câmbios, com 966 engrenagens, serão montados 161 câmbios. Isso é uma
proporção! Mas a Matemática não é utilizada apenas para resolver problemas que envolvem este tipo de proporcionali-
dade.
Vamos retomar nossa discussão sobre a trigonometria para percebermos que há outras formas de pensar proporcio-
nalmente. Além disso, veremos que muitas outras ciências podem relacionar-se com a Matemática.
Para explorar este conceito matemático, nada melhor do que nos envolvermos com a interpretação e resolução de
problemas, certo? Afinal, eles são a origem de todo conhecimento produzido pela humanidade.
Ao estudarmos, é através da resolução de problemas que podemos também ir construindo nosso próprio conhecimen-
to matemático.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 4
1) Trigonometria. Vamos supor que você queira calcular a altura de um prédio, sem subir nele, é claro! Será que é
possível fazer esse cálculo?
Sim! É possível, e para isso, precisaremos entender melhor o que é trigonometria, assunto que começamos a tratar na
introdução deste capítulo. Vimos que a trigonometria era utilizada pelos egípcios e babilônios para resolver problemas de
triângulos. Pois bem, vamos conhecer algumas características de um triângulo especial: o triângulo retângulo.
Um triângulo retângulo é aquele que possui um ângulo reto (de 90°). Os lados de um triângulo retângulo recebem
nomes especiais. Estes nomes são dados de acordo com a posição em relação ao ângulo reto. O lado oposto ao ângulo
reto é a hipotenusa. Os lados que formam o ângulo reto (adjacentes a ele) são os catetos.

Termo Origem da palavra

Cateto Cathetós: (perpendicular)

Hipotenusa Hypoteinusa: Hypó(por baixo) + teino(eu estendo)

Para padronizar o estudo da Trigonometria, adotaremos as seguintes notações:

Letra Lado Triângulo Vértice = Ângulo Medida

a Hipotenusa A = Ângulo reto   A=90°

b Cateto B = Ângulo agudo B<90°

c Cateto C = Ângulo agudo C<90°

4 Sites consultados:
http://teodolito2a.blogspot.com/2008/09/introduo-teodolito.html
http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/trigonom/trigon1/mod114.htm#trig01
http://www.profezequias.net/trigonometria.html
http://tutomania.com.br/artigo/tabela-trigonometrica

4
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os catetos recebem nomes especiais de acordo com a sua posição em relação ao ângulo sob análise. Chamamos de
cateto oposto, aquele que está em uma posição oposta ao ângulo, ou seja, não está compondo aquele ângulo. O outro é
chamado de cateto adjacente (adjacência = estar próximo, estar encostado) e é aquele que ajuda a compor o ângulo.
Sendo assim, o nome oposto ou adjacente, depende do ângulo que vamos considerar. Para facilitar, observe o triângulo
ABC da figura a seguir, com  = 90° (reto), e seus ângulos agudos e (Estas são letras gregas, também utilizadas para
indicar ângulos, que lemos assim: Alfa e Beta).

É importante saber que:

Ilustração 6 - Triângulo retângulo

a) Em relação ao ângulo , temos:


c é o cateto oposto; b é o cateto adjacente.
b) Em relação ao ângulo , temos:
b é o cateto oposto;
c é o cateto adjacente.

No nosso exemplo inicial, se estivermos operando com o ângulo C, então o lado oposto, indicado por c, é o cateto
oposto ao ângulo C e o lado adjacente ao ângulo C, indicado por b, é o cateto adjacente ao ângulo C.

Ângulo Lado oposto Lado adjacente

C c cateto oposto b cateto adjacente

B b cateto oposto c cateto adjacente

A trigonometria utiliza os valores encontrados quando dividimos dois destes lados dos triângulos. Essa divisão entre
os lados é chamada de razão.
As razões trigonométricas básicas relacionam as medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos e qualquer
que sejam as medidas desses lados, o que determina a razão entre eles é o ângulo.
Para comprovar isso, você pode fazer um teste bem simples. Com uma régua, meça os lados do triângulo abaixo, esco-
lha duas de suas medidas e, com auxilio de uma calculadora, calcule o resultado da divisão entre eles.

5
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Registre o valor que você encontrou.

Agora, partindo do mesmo desenho, ou seja, sem mudar o ângulo, vamos ampliar os lados:

Ilustração 7 - Triângulo ampliado

Meça novamente os mesmos lados que havia escolhido na figura anterior, agora de cada triângulo maior, e calcule o
resultado da divisão entre eles.
Dá sempre o mesmo resultado, certo? Isso significa que a razão entre os lados, não depende do tamanho do lado e
sim da medida do ângulo.
As três razões básicas mais importantes da trigonometria são: seno, cosseno e tangente. Elas são obtidas combinando
os lados de três formas para dividir. O ângulo é indicado pela letra x.

Razão Notação Definição


medida do cateto oposto a x
seno sen(x)
medida da hipotenusa
medida do cateto adjacente a x
cosseno cos(x)
medida da hipotenusa
medida do cateto oposto a x
tangente tg(x)
medida do cateto adjacente a x

Como o valor das razões trigonométricas varia de acordo com o ângulo, podemos utilizar uma tabela de valores para
resolver problemas como o proposto no início dessa seção. Vamos retomar isso mais adiante.

Ilustração 8 – Teodolito

6
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Quando falamos de problemas reais como o que foi daria muito trabalho e para facilitar nossa vida, existem as
proposto anteriormente, é necessária a utilização de um tabelas trigonométricas, que já nos dão o valor das razões
instrumento que permita medir o ângulo que vamos preci- para que possamos, a partir delas, calcular as medidas que
sar. Este instrumento é chamado teodolito. nos faltam.
O teodolito, é um instrumento capaz de medir ângu- Aqui temos um fragmento de tabela trigonométrica,
los, muito usado por agrimensores, engenheiros e topógra- que pode ser encontrada em qualquer livro de Matemática
fos no cálculo de distâncias inacessíveis. Este instrumento do Ensino Médio, ou na internet, se você tiver acesso:
ótico mede ângulos horizontais e verticais com suas duas
escalas circulares graduadas em graus.
Voltemos agora ao problema, acrescentando os deta-
lhes necessários.
Para calcular a altura de um prédio, o topógrafo colo-
cou seu teodolito na praça em frente. Ele mediu a distância
do prédio ao teodolito com uma trena e encontrou 27 m.
Mirando o alto do prédio, ele verificou, na escala do teo-
dolito, que o ângulo formado por essa linha visual com a
horizontal é de 58 graus.
Se a luneta do teodolito está a 1,7 m do chão, qual é a
altura do prédio?
Solução: Na figura a seguir,  AB = CD = 1,7 m é a altura
do instrumento e CE = (x + 1,7) m é a altura total do prédio,
resultante da soma da altura que vamos calcular, referente
ao cateto oposto x, com a altura do instrumento.

Ilustração 10 - Tabela

Podemos observar, pela tabela, que a tangente de 58º


vale, aproximadamente, 1,6.

E temos que:

Ilustração 9 - esquema Resolvendo a equação, pela operação inversa, teremos:


x = 1,6 . 27 = 43,2m
Este é o esquema feito após a medição do ângulo de
Para chegarmos a altura total do prédio, basta acres-
visada do prédio, realizada com o teodolito, cuja luneta
centar agora a altura do instrumento de medição:
está a 1,7m de altura, que estava posicionado no ponto A..
43,2 + 1,7 = 44,9 m de altura
Observe que a medida que queremos saber (x), corres-
ponde ao cateto oposto. Além disso, temos a medida do Você gostou da idéia de utilizar a trigonometria para
cateto adjacente, correto? medir distâncias inacessíveis? Mas ter um teodolito como o
Sendo assim, temos que pensar: qual das razões rela- dos agrimensores é difícil, não é mesmo? Que tal construir
ciona estes dois lados do triângulo? É a tangente, certo? um teodolito caseiro?
Então,utilizamos a tangente de 58º, que é a razão entre É possível construir um teodolito com materiais bem
seu cateto adjacente (AC) e seu cateto oposto (x). simples como uma placa de madeira, um pote de plástico
Poderíamos, então, desenhar um triângulo retângulo redondo, xerox de um transferidor, um canudo ou haste de
com um ângulo de 58º e calcular a razão entre seus catetos antena, um pedaço de arame, cola e fita adesiva:
para utilizar neste problema e descobrir o valor do cateto
que falta. Esta seria uma maneira interessante de resolver o
problema, comparando as medidas encontradas no nosso
desenho com as medidas obtidas pela medição. Mas isso

7
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 11 - Imagens de um teodolito caseiro

O xerox do transferidor será colado na madeira. Sobre ele, colamos a tampa do pote. Sobre o pote, colamos com a fita
adesiva o canudo ou haste e, na lateral desse pote, fazemos dois furinhos para que o pedaço de arame possa atravessá-lo,
passando pelo centro. Esse arame ajudará a girar o pote.
Ao ser encaixado na tampa, o pote poderá girar, permitindo que você meça o ângulo de visada.

Ilustração 12 – Medição

Na horizontal ou na vertical, basta alinhar a indicação 0° do transferidor com um dos pontos do objeto que você quer
e girar a mira até avistar o outro ponto. O ponteiro indicará de quantos graus é a variação.
Com um teodolito como este, você pode medir a altura de qualquer objeto e até mesmo a largura de um rio, sem
atravessá-lo!
Achou interessante essa idéia de medir a largura do rio sem atravessá-lo? Essa é uma situação que pode acontecer com
você? Vamos ver como fazer isso.

2) Trigonometria. Suponha que você está localizado em um ponto, na margem do rio, representado por B, na figura5
a seguir. Coloque uma estaca nesse ponto. Na outra margem, localize um ponto de observação, como uma pedra, ou uma
árvore. Em seguida, ande na margem do rio, formando um ângulo de 90º com a linha imaginária que ligava você e o ponto
de observação, do outro lado do rio. Escolha um lugar para parar, coloque outra estaca e meça a distância que você andou.
Nessa segunda estaca, apóie o teodolito, agora posicionado na horizontal, aponte a marca de zero grau para o ponto onde
você colocou a primeira estaca e depois o gire até avistar o ponto de observação, que está do outro lado do rio. Pronto,
você tem um ângulo e a medida de um lado. Basta calcular a largura do rio!

5 Adaptada de: http://www.prof2000.pt/users/amma/recursos_materiais/rec/7_ano/testes/04-05/P7D4_04-


05_ficheiros/image017.jpg

8
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 13 - Largura do rio

Suponhamos que a medida encontrada de B até C tenha sido de 40 metros. E que o ângulo seja de 30º. Novamente
podemos usar a tangente, pois queremos saber a largura do rio, que corresponde ao cateto oposto ao ângulo e sabemos
a distância percorrida na margem do rio, que corresponde ao outro cateto.
Sendo assim temos:

Voltando à tabela trigonométrica, podemos observar que tg de 30º = 0,577. Vamos representar a largura do rio por x.

Resolvendo a equação, pela operação inversa, teremos:


x = 40 . 0,577 = 23,08 m. Essa é a largura do rio!
Interessante esta aplicação da trigonometria, não é mesmo? Agora você pode ajudar um amigo, ou um parente, se
algum deles precisar dessa informação!
3) Proporcionalidade. Voltado ao assunto inicial do texto, a proporcionalidade, vamos analisar uma situação em que
saber proporção nos ajuda a tomar decisões economicamente melhores. Você já deve ter reparado que um mesmo produto
varia de preço, de acordo com a capacidade da embalagem. Como você decide qual a melhor opção de compra? Será que
basta comprar o mais barato? Você deve saber que não!
Quando compra refrigerante, por exemplo, você já fez a conta de quanto custa cada ml de uma latinha e de uma gar-
rafa de dois litros, do mesmo refrigerante?
Para fazer essa conta basta dividir o preço pela quantidade de ml de cada embalagem. Assim você estará calculando a
razão entre o preço e volume, que corresponde, nesse caso, ao valor cobrado por ml.
Tomemos como exemplo a coca-cola, um dos refrigerantes mais consumidos no país. Uma garrafa de dois litros (2000
ml) custa, em média, R$ 2,89. Portanto, você estará pagando R$ 0,000445 por ml. Já a latinha, de 350 ml, não sai por menos
de R$ 1,15.
Calculando a razão entre o preço e o volume, descobriremos que cada ml custa: R$ 0,0042857. Olhando assim, parece
quase igual, mas repare que no custo da garrafa as casas decimais possuem um zero a mais, isso significa que o preço do
ml, na latinha é muito maior!
Para comprovar isso, façamos um caminho inverso. Vamos multiplicar o preço de cada ml do refrigerante em lata por
2000, e veremos quanto custariam dois litros desse refrigerante:
0,0042857 . 2000 = 8,57
Isso mesmo! R$ 8,57 por dois litros de refrigerante, se você comprar este refrigerante em latas de 350 ml...
Parece absurdo, mas é a lei do mercado: vende-se mais barato o produto na embalagem maior, pois esta forma está
economizando embalagem!
Com certeza a embalagem de 2 litros é bem mais vantajosa. Mas será que esta embalagem é sempre a melhor opção?
E se você for almoçar sozinho? Pense nisso!!!

9
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S6


Muitas outras ciências como a Física, a Química e a Biologia, entre outras, fazem uso de conceitos matemáticos.
O conceito de trigonometria, por exemplo, que surgiu pela necessidade de resolver problemas relativos ao estudo dos triângulos,
passouaserestudadodeformamaisamplapararepresentarfenômenosperiódicos.Nanaturezaháumainfinidadedefenômenosfísicos
ditosperiódicos,ouseja,sãofenômenosqueserepetemsemalteraçãoalgumacadavezqueocorreemumtempodeterminado(período).
Como exemplo podemos usar os movimentos das marés, da radiação eletromagnética, da luz solar e dos pêndulos, todos esses
fenômenos são periódicos.
Pense, por exemplo, na variação do tamanho da sua sombra, ao longo de um dia. Se pensarmos em uma semana, o
que vai acontecer? Essa variação vai se repetir, sete vezes, certo? Isso é outro exemplo de fenômeno periódico e pode ser
representado por um gráfico. Tente imaginar como seria...
Um fenômeno periódico, aplicado à biologia, é o ciclo menstrual feminino. Analise o gráfico a seguir e você perceberá
que este fenômeno mensal, pode ser representado matematicamente:

Ilustração 14 - Ciclo Menstrual

As diversas fases são determinadas pela quantidade de vários hormônios no corpo. A figura ao lado mostra os níveis
dos hormônios estrógeno e progesterona durante os ciclos. Note que o nível dos hormônios em função do tempo é perió-
dico, ou seja, a cada 28 dias, reinicia-se o ciclo de variação dos hormônios.
Em nosso dia-a-dia, podemos usar essa idéia de fenômenos cíclicos para prever situações futuras. No caso do ciclo
menstrual, por exemplo, é possível prevenir uma gravidez, usando um método complementar à camisinha, que pode furar!
Se a mulher observar o dia em que se iniciou a sua menstruação, ela saberá que no 14º dia, após esta data, está em
seu período fértil, a ovulação, portanto, três dias antes desta data e três dias depois, o risco de uma gravidez é bem maior.
Para saber mais sobre isso, basta procurar um médico e conversar sobre o assunto!

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 17 Se um fenômeno é sabidamente periódico, podemos prever com relativa facilidade o que ocorre em mo-
mentos não observados. O gráfico ao lado mostra a temperatura de um congelador que não é aberto.

Ilustração 15 - Ciclo de temperaturaDescubra o período (de quanto em quanto tempo começa a repetir).

6 Sites consultados para esta seção: http://www.ensinomedio.impa.br/materiais/tep/cap4.pdf


7 Adaptada de: http://www.vanzolini-ead.org.br/pecem/mat/index_m1s1.htm

10
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Em seguida responda: Qual é, aproximadamente, a temperatura às 12h e 30 min?


a.( ) -19º
b.( ) -16 º
c.( ) -21º

Para responder as próximas questões, utilize a tabela trigonométrica apresentada anteriormente neste mesmo
capítulo.

Ilustração 16 – Esquema

Atividade 2) Uma escada de 10m toca em um muro num ponto a 5m do solo. Determine o ângulo x que a escada
forma com o solo.

Ilustração 17 - Representação do Problema

Atividade 3) Uma torre vertical, construída sobre um plano horizontal, tem 65 metros de altura. Três cabos de aço,
esticados, ligam o topo da torre até o plano, formando com o mesmo, um angulo de 60°, como representamos na foto ao
lado8. Qual é o comprimento de cada cabo?

8 Imagem retirada de:http://www.geocities.com/augusto_areal/aerea_vertical.jpg

11
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 4) (Adaptado de ENCCEJA-EM) Desejando saber qual a altura do morro que tinha à sua frente, um topó-
grafo colocou-se com seu teodolito a 200m do morro. Ele sabe que a altura do teodolito é de 1,60m. Posiciona o aparelho
que lhe fornece a medida do ângulo de visada de parte do morro: 30°. Calcule essa medida!

Ilustração 18 – esquema atividade 4

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU...

1) A alternativa correta é b. Como o período é de aproximadamente 25 minutos, a temperatura às 12h30 é a mesma


que às 12h55, que por sua vez é a mesma que às 13h20, ou seja, -16º.

2) Fazendo o desenho da escada e do muro, teremos a seguinte situação:

Repare que a escada é a hipotenusa e que o muro representa o cateto oposto ao ângulo que nos interessa. Sendo
assim, podemos utilizar o seno, que é a razão entre o cateto oposto e a hipotenusa:

então temos:

Observando a tabela trigonométrica veremos que 30º é o ângulo cujo valor do seno é 0,5. Portanto, o ângulo que a
escada forma com o solo é de 30º.

Portanto, o ângulo que a escada forma com o solo é de 30º.

12
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

3) Novamente temos um problema envolvendo a hipotenusa e o cateto oposto, certo?

Repare que o cabo é a hipotenusa e que a torre representa o cateto oposto ao ângulo dado.

Sendo assim, temos: então:

Observando a tabela trigonométrica veremos que o seno de 60º vale aproximadamente 0,87. Portanto, temos:

4) Consultando a tabela trigonométrica podemos verificar que tg 30° = 0,57.

Assim, no triângulo TPM temos:

O que nos permite calcular h = 200 x 0,57 = 114


Sendo assim, podemos concluir que o morro tem: 114 + 1,60 = 115,60 m de altura.

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: 


H1 - Identificar e interpretar, a partir da leitura de textos apropriados, diferentes registros do conhecimento
matemático ao longo do tempo.
H2 - Reconhecer a contribuição da Matemática na compreensão e análise de fenômenos naturais, e da pro-
dução tecnológica, ao longo da história.
H3 - Identificar o recurso matemático utilizado pelo homem, ao longo da história, para enfrentar e resolver problemas.
H4 - Identificar a Matemática como importante recurso para a construção de argumentação.
H5 - Reconhecer, pela leitura de textos apropriados, a importância da Matemática na elaboração de propos-
ta de intervenção solidária na realidade.
Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do
ENCCEJA, no final da apostila.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!

13
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 2
LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO: DA PRÁTICA À MATEMÁTICA
AMPLIAR FORMAS DE RACIOCÍNIO E PROCESSOS MENTAIS POR MEIO DE INDUÇÃO, DEDUÇÃO, ANALOGIA E
ESTIMATIVA, UTILIZANDO CONCEITOS E PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS.

Eliana Junqueira Barbosa Costa

DO FUNDO DO BAÚ ...


E o homem começou a pensar ... Queria saber e, principalmente, o saber. Assim, ele passou a observar o desconhecido
que o cercava: buscava solução para perguntas para as quais os seus conhecimentos ainda não tinham respostas.
Desta forma, pela observação do universo que o cercava e que sentia, o homem começou a raciocinar e a tirar as suas
conclusões em função daquilo que já conhecia.
A partir de suas próprias observações, o homem deduzia e criava as suas suposições ou hipóteses sobre determina-
do fato e, no caso de repetição desse acontecimento, acreditava ser uma verdade. Algumas crenças que o homem criou
passaram a ser para ele uma verdade, porque eram comprovadas pela experiência. E esta verdade tornava-se, então, o
conhecimento sobre aquele assunto.
E o pensamento humano evoluía, a partir dos novos conhecimentos. E, cada vez mais, as necessidades humanas exi-
giam novas formas de pensar.
Pensemos. A globalização dos conhecimentos, os avanços da tecnologia e das ciências têm provocado, no cotidiano
das sociedades e das atividades humanas, constantes transformações. E o que este contexto vem a exigir do ser humano?
Muito simples: um raciocínio lógico e ágil.
No nosso dia a dia, mesmo sem perceber, estamos raciocinando a todo instante. Quando atravessamos uma rua, ou
lemos uma notícia no jornal ou assistimos aos noticiários pela televisão, e, até mesmo, em discussões informais com fami-
liares e amigos, estamos permanentemente “ligados” em atos de pensar, refletir e argumentar.
“E os números governam o mundo”, raciocinou Platão, filósofo grego que viveu no período de 428 a 348 a.C.

Ilustração 19

Observe bem a “tira”. Em que a Matemática poderia ajudar o Guarani a se livrar do rebaixamento, segundo o pensa-
mento do Bobrinha? Qual o raciocínio poderia ser utilizado?
Pensemos. O Campeonato Paulista de Futebol de 2009 foi disputado por 20 times, e cada time deveria jogar 19 par-
tidas. O Guarani já disputara 18 partidas e perdera 12, ficando com 36 pontos perdidos. Os outros 4 times que estavam
na mesma situação para o descenso – rebaixamento para a 2ª divisão – também já tinham disputado 18 partidas, tendo
perdido 10 partidas e empatado 5, ficando com 35 pontos perdidos. Como para todos faltava disputar 1 partida, o Guarani
tinha que torcer para que acontecesse uma série de combinação de resultados, em que várias eram as possibilidades.
E, ao Guarani somente restava agarrar-se a números, suar muito a camisa e torcer.
E o que a Matemática tinha a ver com tudo isto? Para saber como e por que somente a Matemática poderia salvar o
Guarani do descenso, a resposta está no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”. Lá, você também vai conferir se o Gua-
rani escapou do descenso no Campeonato Paulista de Futebol de 2009.

9 Extraído do Correio Popular, Caderno C, de 03.04.09.

14
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

O ser humano convive diariamente com a Matemáti- Pense: o ano tem 12 meses. Se há 13 pessoas reunidas
ca. Em grande parte, vivemos a Matemática de forma di- para a ceia, então com certeza pelo menos duas nasce-
dática, para adquirirmos conhecimentos, mas, na maioria ram no mesmo mês. Portanto, a resposta é a alternativa
das vezes, a Matemática aparece de forma imperceptível. “b”.
Analise o problema abaixo e veja o que você respon- E o raciocínio, o que seria?
deria. Inúmeras são as definições existentes, mas podemos
Théo comprou um saquinho com bolinhas de gude, defini-lo como uma ferramenta do pensamento, com a qual
18 azuis e 18 verdes. Quantas bolinhas, no mínimo, Théo as idéias são trabalhadas e organizadas a partir de uma ló-
deve retirar do saquinho para ter certeza de que pelo me- gica, para que seja possível alcançar uma conclusão.
nos duas sejam da mesma cor? Assim funciona o raciocínio: um início, um desenvolvi-
a) 35 mento e uma conclusão.
b) 18 O início pode ser uma questão, da seguinte forma:
c) 3 Qual dos números não pertence à série seguinte?
d) 19 1 – 2 – 5 – 10 – 13 – 26 – 29 – 48
e) 8 Agora, no desenvolvimento, tente encontrar o número
que não pertence à série acima, antes de olhar a resolução.
Chegamos à resposta desta questão por puro raciocí- Vamos juntos. A lei de formação da sequência segue o
nio lógico. Vejamos: ao retirar a primeira bolinha, ela pode seguinte raciocínio lógico:
ser de qualquer cor. A segunda bolinha poderá ser da 1. os números de ordem par – o segundo, o quarto,
mesma cor ou de uma cor diferente. Mas a terceira será, o sexto e o oitavo – são o dobro do seu antecessor. Veja: o
obrigatoriamente, da cor de uma das bolinhas retiradas dobro de 1 é 2, o dobro de 5 é 10, o dobro de 13 é 26 e o
anteriormente. Portanto, Théo deverá retirar, no mínimo, dobro de 29 é 58;
3 bolinhas. 2. os números de ordem ímpar – (o terceiro, o quinto
A necessidade de criar, transformar, inovar, é desejo e o sétimo) – são o seu antecessor mais 3. Veja: 2 + 3 = 5; 10
natural do ser humano. Para isto, somos obrigados a ra- + 3 = 13, e 26 + 3 = 29.
ciocinar, seja pela intuição, pela indução, pela dedução, Portanto, o número 48 não pertence à sequência – con-
pela analogia, pela estimativa, dentre outras formas de clusão.
pensar da mente humana. Essas formas de raciocínio se- O raciocínio está ligado diretamente ao pensamento e
rão detalhadas ainda neste Capítulo. aos nossos cinco sentidos – audição, olfato, paladar, tato e
Alguém já deve lhe ter perguntado: “Mas isto é lo- visão –, que constituem a nossa ligação com o mundo que
gicamente correto?” “Você tem argumentos lógicos que nos cerca.
comprovem o que você está dizendo?” Além dos cinco sentidos, o raciocínio está também in-
E qual foi a sua reação? Espanto? Descontentamen- timamente ligado a um outro sentido: o inexplicável “sexto
to? Raiva, por estar sendo questionado? E, diante dessa sentido”.
situação, você apresentou razões, provas ou fatos que Mas, “sexto sentido”, o que seria? Uma definição sim-
comprovassem que aquilo que você estava expondo era ples seria aquela intuição, premonição ou simplesmente
verdade? uma sabedoria interior, cuja origem é indecifrável.
Agora, se você respondeu à pergunta de forma cor- A intuição tem a sua importância, mas é necessário que
reta – dita “com pé e cabeça” –, você sabia que estava ela tenha uma fundamentação, pois, do contrário, ela pode
apresentando uma argumentação com lógica? nos levar a conclusões equivocadas. A intuição, portanto,
Mas o que seria a lógica? não pode ser colocada, unicamente, como uma verdade
Pensemos da seguinte forma: a lógica pode ser de- “verdadeira”, pois ela é baseada em hipóteses, que exigem
finida como um instrumento do raciocínio, ou seja, um uma comprovação, uma fundamentação convincente: a ar-
processo de organização do raciocínio que nos possibilita gumentação.
aplicar métodos e procedimentos para distinguir os argu- E o que seria a argumentação?
mentos válidos dos não válidos. A argumentação pode ser definida como os conceitos e
Analise a seguinte situação: uma família está reunida conhecimentos que se têm sobre uma situação ou fato em
para a ceia de Natal. Na sala, encontram-se 13 pessoas. análise e que possam comprovar a verdade das hipóteses.
Das afirmações abaixo, qual é a necessariamente verda- Ao se concluir que as hipóteses são verdadeiras, chega-se,
deira? então, a uma conclusão correta e que convence.
a) Pelo menos uma das pessoas tem menos de 20 E diante dos problemas, como o homem utiliza o seu
anos. raciocínio?
b) Pelo menos duas pessoas fazem aniversário no Vejamos: abra um jornal ou uma revista. Gráficos, nú-
mesmo mês. meros, porcentagens, tabelas, estimativas, enchem-nos de
c) Pelo menos uma pessoa nasceu num dia ímpar. informações, cuja leitura exige um conhecimento matemá-
d) Pelo menos uma pessoa nasceu em julho ou tico e um domínio, por mínimo que seja, da linguagem ma-
agosto. temática.
E como a Matemática nos auxilia na resolução de pro-
blemas?

15
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No contexto em que atualmente vivemos, todas as No cruzamento de três avenidas, a quantidade neces-
áreas da atividade humana buscam na Matemática a fonte sária de semáforos é 3.
para a resolução de seus mais difíceis problemas. Mas para
a solução de tantas questões, o ser humano tem que pos-
suir conhecimentos e habilidades para que possa pensar,
raciocinar e agir matematicamente.
Aqui, aparece a face investigativa da Matemática.
Ao se defrontar com uma situação-problema, o homem
coloca o seu raciocínio “a trabalhar” e busca estruturar
uma sequência de ações que lhe permitam compreender
a questão. Compreendida a questão, o homem avalia os
seus conhecimentos sobre o assunto, elabora um conjunto
de possíveis soluções, adota aquela solução por ele julgada
como a correta para resolver o problema, e, finalmente, ob-
serva se os resultados esperados foram alcançados. Ilustração 3
E se você estivesse diante de uma situação-problema
como a citada a seguir, como você a resolveria? No cruzamento de quatro avenidas, a quantidade ne-
O Departamento de Trânsito de uma cidade deverá cessária de semáforos é 6.
adquirir semáforos para instalar nos cruzamentos de suas
avenidas. Qual é a maior quantidade de aparelhos que o
departamento deverá adquirir para os cruzamentos, em
pontos diferentes, de cinco avenidas? Lembre-se de que
o cruzamento é o ponto de intersecção onde as avenidas
se cruzam.

ASSIM OU ASSADO
Em Matemática, utilizam-se modelos para a solução de
muitas situações-problema. Na questão sobre os semáfo-
ros, você utilizou algum modelo? Pense que um modelo
pode ser uma tentativa de solução por manuseio de obje-
tos que possam representar a situação.
Para o problema acima, tente com lápis, canudos, pali-
tos etc., antes de ver a resolução.
Ilustração 4
Resolução
Finalmente, como resolução do problema, no cruza-
Vamos por partes: a quantidade necessária de semáfo- mento de cinco avenidas, a quantidade necessária de se-
ros no cruzamento de duas avenidas é 1. máforos é 10.

Ilustração 2
Ilustração 5

Com o exposto acima, você conseguiu visualizar al-


guma relação entre o número de avenidas e o número
máximo de semáforos para os cruzamentos existentes na
cidade?
Agora, você, como técnico do Departamento de Trân-
sito daquela cidade, deverá apresentar um estudo para a
instalação de semáforos no cruzamento de dez avenidas.

16
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Com os dados acima, complete a tabela abaixo.

Número de
avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de
semáforos 1 3 6 10

Veja a solução no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES ... RESOLVIDOS! UFA! ...


1) Analisemos a afirmação: todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma dos dois ângulos internos situados no
lado oposto a ele. A afirmação é verdadeira?
Vamos lá. Partindo das hipóteses de que ABC é um triângulo e α é um ângulo externo, devemos provar a tese de que
. Observe que uma letra maiúscula com um acento circunflexo indica um ângulo. Assim, α é igual à soma do
ângulo A com o ângulo B.

Ilustração 6

Sabemos que:

a) a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180º: = 180º.

b) a soma de um ângulo externo com o seu ângulo interno é 180º: α + = 180º.

Das igualdades acima vem:

α+ =

Agora, vamos transportar, do primeiro membro para o segundo membro da equação, o , que vai com a operação
inversa da adição: a subtração.

α=

Pelo método do cancelamento, .

Logo α = . c.q.d.

O problema apresentado acima é um teorema, que podemos definir como um enunciado que, para ser admitido ou
ser aceito como verdadeiro, necessita de demonstração.
Essa demonstração, em Matemática, é uma maneira de argumentar, processo em que partimos de hipóteses para che-
garmos a uma tese, a qual nada mais é que o teorema proposto. A expressão c.q.d. significa “como queríamos demons-
trar” e é utilizada nos finais de uma demonstração, como forma de comprovar que os argumentos utilizados são válidos.
2) Um paisagista foi contratado para fazer o jardim de uma residência. O jardim deverá ter a forma de um triângulo.
O proprietário exige que o jardim seja gramado no meio e que folhagens sejam plantadas ao longo de duas laterais do
gramado.

17
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

O paisagista realizou a medição do jardim e chegou às medidas representadas no desenho abaixo. Quais deverão ser,
então, as medidas dos ângulos externos das áreas onde serão plantadas as folhagens?

Ilustração 7

Resolução

Ilustração 8

Então, temos:

A soma do ângulo externo 2x com o ângulo interno adjacente é igual a 180º.

2x + = 180º

= 180º - 2x

Pelo teorema do ângulo externo, vem:

2x – 40º = x + 5º + 180º - 2x

2x – x + 2x = 40º + 5º + 180º

3x = 225º

x=

x = 75º.

Logo, como os ângulos externos são 2x e 2x – 40º, temos:

2x = 2 . 75º = 150º e

2x – 40º = 2 . 75º - 40º = 150º - 40º = 110º

Portanto, o ângulo da direita terá 150º e o da esquerda, 110º.

Vamos verificar o nosso raciocínio lógico.

18
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

3) Na sequência abaixo, há uma certa “regra” para se chegar a uma conclusão. Tente encontrá-la, para chegar à conclu-
são de quantos losangos terá a sétima figura.

Ilustração 9

Resolução
Na primeira figura, temos 5 losangos; na segunda, 9 losangos, e, na terceira, 13 losangos. A “regra” é: há um acréscimo
de 1 losango em cada extremidade da figura, isto é, a cada figura, há um acréscimo de 4 losangos. Portanto, a quarta figura
terá 17 losangos; a quinta, 21 losangos; a sexta, 25, e, finalmente, a sétima terá 29 losangos.

4) Pedro saiu de casa e fez compras em quatro lojas, cada uma num bairro diferente. Em cada uma
gastou a metade do que possuía e, ao sair de cada uma das lojas pagou R$2,00 de estacionamento.
Se no final ainda tinha R$8,00, que quantia tinha Pedro ao sair de casa?

a) R$ 220,00
b) R$ 204,00
c) R$ 196,00
d) R$ 188,00

Qual o raciocínio que você utilizaria para resolver essa questão? Você resolveria a partir das alternativas? É um caminho.
Mas, vamos raciocinar de outra forma.
Vamos pensar: que tal iniciarmos a resolução do fim para o começo? Da seguinte maneira:
. 4ª loja: R$8,00 que sobraram, mais R$2,00 do estacionamento = R$ 10,00, que é a metade do que foi gasto na 3ª loja.
. 3ª loja: R$10,00 vezes 2 = R$20,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$22,00, que é a metade do que foi gasto na 2ª loja.
. 2ª loja: R$22,00 vezes 2 = R$44,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$46,00, que é a metade do que foi gasto na 1ª loja.
. 1ª loja: R$46,00 vezes 2 = R$92,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$94,00, que é a metade do que Pedro tinha.
Finalmente, R$94,00 vezes 2 = R$188,00, que é a quantia que Pedro tinha ao sair de casa. Portanto, a alternativa correta é
a letra “d”.
Outra forma de resolução:
Pedro tinha x reais.
. 1ª loja: se Pedro tinha x reais, gastou metade do que tinha e mais R$2,00 de estacionamento, então gastou

no total .

. 2ª loja: gastou metade de mais R$2,00 de estacionamento. Ficou com .

. 3ª loja: gastou metade de mais R$2,00 de estacionamento. Ficou com .

. 4ª loja: gastou metade de mais R$2,00 de estacionamento.

Ficou com .

Como sobraram R$8,00, vem: .

19
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Logo, Pedro tinha R$188,00 ao sair de casa. COLOCANDO OS PINGOS NOS IS


Qual das formas acima você achou mais fácil? Utilizan- Vamos recordar: em qualquer tipo de situação que nos
do o raciocínio lógico ou resolvendo algebricamente? Você exija um raciocínio lógico, para alcançarmos uma conclusão
teria outra forma de resolver essa questão? Tente. utilizamos, mesmo sem perceber, a indução, a dedução, a
analogia, a estimativa, dentre outras formas de raciocínio.
5) Duas secretárias devem endereçar 720 correspon-
dências cada uma. A primeira é mais rápida e endereça 18 Raciocínio e premissa
envelopes a cada 5 minutos. A segunda endereça 12 enve- Para utilizarmos o raciocínio por indução e dedução, é
lopes a cada 5 minutos. Após a primeira secretária acabar a necessário que saibamos o significado de premissa: pre-
sua tarefa, quantas horas a segunda secretária ainda deve missa é um fato, um conceito ou uma expressão que servirá
trabalhar para concluir o trabalho? de base para se chegar a uma conclusão.
Exemplo:
a) Todo homem é mortal. (premissa maior)
Luís é homem. (premissa menor)
Logo, Luís é mortal. (conclusão)
b)
Raciocínio por indução
O raciocínio por indução possibilita alcançar uma
c) 2 h
conclusão sobre determinado fato ou assunto, partindo,
sempre, do particular para o geral.
A premissa da indução consiste na percepção de que
d) fenômenos similares repetidos ocorrerão sempre da mes-
ma forma.
As conclusões alcançadas pelo método da indução per-
e) 5 h mitem uma certeza pela evidência, principalmente quando
o número de acontecimentos semelhantes é significativo.
Exemplo:
Resolução Eu torço pelo São Paulo.
Como é pedido o tempo em horas, uma forma de re- Meu irmão torce pelo São Paulo.
Meu vizinho torce pelo São Paulo.
solução seria calcularmos a quantidade de envelopes que
Logo, todo mundo torce pelo São Paulo.
as secretárias conseguem endereçar por minuto. Assim, a Neste exemplo, não temos um número significativo de
primeira secretária endereça 18 envelopes divididos por 5 ocorrências. Consideramos apenas três observações, o que
não nos leva a uma conclusão confiável.
minutos = 3,6 envelopes por minuto. Então, para endereçar Vamos a outra indução que parte de premissas verda-
720 envelopes, ela gastará 720 : 3,6 = 200 minutos. deiras e resulta em uma conclusão falsa.
Seguindo o mesmo raciocínio, a segunda secretária O número 17 é primo.
Logo, todo número ímpar, de dois algarismos, é primo.
endereça 12 envelopes divididos por 5 minutos = 2,4 enve- Portanto, 27 também é um número primo.
lopes por minuto. Dessa forma, para endereçar 720 enve- Lembre-se de que número primo é todo número que
pode ser dividido somente por ele mesmo e por 1.
lopes, ela gastará 720 : 2,4 = 300 minutos.
Desta forma, embora 27 seja um número ímpar e com
No momento em que a primeira secretária acaba a sua dois algarismos, ele não é um número primo, pois, além
tarefa, a diferença para a segunda é de 100 minutos, ou seja, de ser divisível por 1 e por 27, ele também é divisível por
3 e por 9.
300 minutos menos 200 minutos = 100 minutos. Assim, 100 Concluímos, portanto, que, embora as premissas sejam
verdadeiras, a conclusão de que o número 27 é primo é
minutos é igual a 1 hora e 40 minutos. Como a hora tem
falsa.
60 minutos, dividimos esses minutos em três partes de 20
Raciocínio por dedução
minutos, ou seja, cada 20 minutos representam da hora. O raciocínio por dedução consiste, a partir de premis-
sas que constituem uma verdade, em se chegar a uma nova
Logo, 40 minutos representam da hora. Portanto, conclusão também verdadeira, como aceitação de que as
premissas são verdadeiras.
1 hora e 40 minutos corresponde a 1 hora e da hora.
O raciocínio por dedução permite uma conclusão
sobre determinado fato ou assunto, partindo, sempre, do
Assim, a resposta é a alternativa “b”.
geral para o particular.

20
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Por exemplo, todo número ímpar pode ser escrito da Raciocínio por estimativa
forma 2n + 1, para qualquer n inteiro: 21 é um núme- O raciocínio por estimativa é utilizado em situações nas
ro ímpar quais não é exigido um resultado exato, ou seja, quando
Logo, o número 21 pode ser escrito como 2n + 1, se n trabalhar com um valor aproximado é suficiente para aqui-
for igual a 10, ou seja, lo que desejamos. Por exemplo, quando queremos saber a
2 x 10 + 1 = 21 medida de um objeto, seja a largura, o comprimento ou a
Veja outro exemplo: altura, e não queremos medi-lo diretamente, estimamos o
Todo homem é mortal. seu comprimento. Quando queremos achar o resultado de
João é homem. Logo, João é mortal. uma operação aritmética, sem realizá-la, chegamos a um
resultado aproximado.
Raciocínio por analogia Em nosso cotidiano, como uma grande parte das infor-
mações numéricas que recebemos não está precisamente
O raciocínio por analogia consiste numa comparação
exata, as decisões devem ser tomadas com base em valores
entre duas relações, isto é, transportar uma situação já co-
aproximados.
nhecida para uma nova situação, como no exemplo abaixo.
O raciocínio por estimativa é, portanto, a capacida-
Leia a seguinte adaptação de uma lenda indiana: cinco
de de, mentalmente e com rapidez, efetuar cálculos com
homens cegos encontram um elefante. Como eles jamais valores aproximados e decidir se o resultado obtido tem
tinham visto um, começaram a apalpá-lo, buscando enten- precisão suficiente para o objetivo pretendido.
der e descrever esse novo fenômeno. O primeiro homem Em vários ramos de atividades, profissionais utilizam
agarrou a tromba e conclui: é uma cobra. O segundo exa- medidas e processos de estimativa para o seu trabalho,
mina uma das pernas do elefante e descreve: é uma árvore. por exemplo, costureiras, pedreiros, marceneiros, dentre
O terceiro descobre a cauda do elefante e anuncia: é uma outros.
corda. O quarto sentiu a presa e disse que era uma lança. No raciocínio por estimativa, o saber e os conceitos
E o quinto homem cego, depois de descobrir a lateral do matemáticos são fundamentais para dar validade aos re-
elefante, conclui que é, depois de tudo, uma parede. sultados alcançados.
Em um raciocínio por analogia sobre determinado Agora, resolva a questão a seguir, com base em um
fato, as pessoas procuram relacionar as características des- raciocínio por estimativa.
se fato com as características de outra situação que lhes é Um veículo percorre uma distância de 120 km em uma
conhecida ou que tenham experimentado. É um campo de hora. Qual o tempo aproximado que ele gastará para per-
comparações, em que a compreensão do novo fato leva a correr uma distância de 180 km?
um novo conhecimento, que pode ser verdadeiro ou não. Vamos lá. Qual a sua estimativa de tempo? Mais ou
Um outro exemplo de raciocinar por analogia é o caso menos, do que 1 hora e 40 minutos?
de um brasileiro, descendente de japoneses, que pretende Antes de ver a resolução, escreva o tempo que você
imigrar para o Japão, pois entende que, como outros des- estimou. Lembre-se de que é um cálculo por estimativa.
cendentes foram bem-sucedidos naquele país, pelas mes- Agora, vamos conferir a sua estimativa, utilizando a re-
mas razões ele também terá sucesso. E será que ele terá o gra de três:
mesmo sucesso?
Raciocine: 10 vezes 10 é igual a 100. Então, quanto é 1 hora = 60 minutos. Então:
R$10,00 vezes R$10,00?
Por analogia ... Conseguiu? Não? Você está certo, pois 120 km ― 60 minutos
não é possível multiplicar dinheiro por dinheiro. A opera-
180 km ― x
ção R$10,00 vezes R$10,00 é impossível, pois não sabería-
mos quantas vezes multiplicar a quantia de R$10,00. Um
valor monetário somente pode ser multiplicado por um minutos. Portanto, 90 : 60 = 1
número real.
Em uma comparação entre essas três formas de racio-
cínio, podemos perceber que, na dedução, a conclusão hora e 30 minutos.
alcançada é a confirmação do que está contido nas pre-
missas, isto é, se as premissas constituem uma verdade, a Veja esta situação: sempre vemos em noticiários ou
conclusão sempre será verdadeira; na indução e na analo- artigos a informação: “o público presente ao evento é es-
gia, nem sempre – isto é, provavelmente – a verdade con- timado em 30.000 pessoas”. Ora, como os profissionais
tida nas premissas leva a uma conclusão que também seja da imprensa chegam a essa conclusão? Vamos raciocinar:
verdadeira. esses profissionais sabem, de antemão, que a área ocupa-
Não se esqueça: a validação de um raciocínio passa, da pela multidão é de, aproximadamente, 120.000 metros
necessariamente, pela confirmação de sua veracidade ou quadrados, e que cada metro quadrado pode comportar
de seu acerto. até quatro pessoas. Com essas informações, eles realizam
Lembre-se: o raciocínio lógico está diretamente ligado uma simples operação de divisão de 120.000 metros qua-
ao pensar matemático. drados por 4 pessoas, que dá uma estimativa de 30.000
pessoas. Entendeu?

21
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Uma outra forma de raciocínio está ligada aos diagramas, que são representações em que cada conjunto é definido
pela região limitada por uma linha fechada. Essas representações são conhecidas como diagramas de Venn, ou de Venn-Eu-
ler – pronuncia-se “ven-óiler”. John Venn foi um filósofo e matemático britânico que viveu de 1834 a 1883.
Essas representações são circunferências entrelaçadas, de acordo com o número de conjuntos analisados. A parte co-
mum entre os conjuntos denomina-se intersecção, na qual aparecem os elementos comuns a todos os conjuntos.
Veja os exemplos a seguir.
1) Uma editora estuda a possibilidade de relançar o primeiro número das revistas em quadrinhos Homem-Aranha,
Superman e Mandrake. Para isto, efetuou uma pesquisa de mercado e concluiu que, em cada 1000 pessoas consultadas,
600 já leram Mandrake; 400 leram Superman; 300 leram Homem-Aranha; 200 leram Mandrake e Superman; 150 leram
Mandrake e Homem-Aranha; 100 leram Superman e Homem-Aranha; 20 leram as três revistas. Calcule:
a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas.
b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas.
c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas.

Resolução
O preenchimento do diagrama inicia-se pela colocação do número de elementos da intersecção entre os três conjun-
tos. Após, coloca-se o número de elementos da intersecção entre dois conjuntos, para, finalmente, colocar o número de
elementos de cada conjunto. Ao colocar o número de elementos de um conjunto, não podemos esquecer de descontar
os da intersecção.

Ilustração 10

Assim,

a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas é:


270 + 120 + 70 = 460

b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas é:


x = 1000 – 870 = 130.

c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas é


180 + 20 + 130 + 80 = 410.

22
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

2) Em uma empresa, 60% dos funcionários lêem a revista A, 80% lêem a revista B, e todo funcionário é leitor de pelo
menos uma dessas revistas. Qual o percentual de funcionários que lê as duas revistas?
Resolução

Seja x o valor procurado. Desenhando um diagrama de Venn-Euler e utilizando-se do fato de que a soma das parcelas
percentuais resulta em 100%, temos a equação: 60 - x + x + 80 - x = 100. Daí, vem que, 60 + 80 - x = 100. (PUC 1999)

Ilustração 11

Logo, x = 140 - 100 = 40, e, assim, o percentual procurado é 40%.


3) Dos 50 alunos de uma classe, todos corintianos ou palmeirenses, 32 são rapazes, 23 são palmeirenses e apenas cinco
moças torcem para o Corinthians. O número de elementos do conjunto de pessoas dessa classe que são corintianas ou
moças é:
a) 28
b) 32
c) 36
d) 40
e) 42

Resolução
Neste tipo de problema, não é possível uma resolução pelo diagrama de Venn, pois não temos intersecção entre os
dados. Usamos, então, uma tabela.

Corintianos Palmeirenses Total

Rapazes

Moças

Total

Preenchimento da tabela
O total de alunos é 50. Se 32 são rapazes, 50 – 32 = 18 moças. Se apenas 5 moças são corintianas, então 18 – 5 = 13.
Portanto, 13 são palmeirenses. Temos ao todo 23 palmeirenses. Como 13 são moças, 23 – 13 = 10. Então 10 rapazes são
palmeirenses. E o restante, 32 – 10 = 22, são rapazes corintianos.

Corintianos Palmeirenses Total

Rapazes 22 10 32

Moças 5 13 18

Total 27 23 50

23
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

O problema pede o número de pessoas corintianas ou O objetivo do passatempo é desenvolver o raciocínio


moças, ou seja, pede a união. Logo, 22 + 5 + 13 = 40 pes- lógico, a concentração e a memória do jogador. O desafio
soas. A alternativa correta é a “d”. consiste no preenchimento de cada quadrado de uma grade,
Os diagramas de Venn são utilizados também para de- com um número entre 1 e 9, mas com a regra de não repeti-
terminar a validade de um argumento. Lembre-se de que ção de quaisquer números em uma fileira ou coluna, tanto na
o argumento consiste de duas premissas e uma conclusão. grade menor como na grade maior, que compõem o enigma.
Exemplos:
1ª premissa: todos os cientistas são estudiosos.
2ª premissa: alguns cientistas são inventores.
Conclusão: logo, alguns estudiosos são inventores.

Ilustração 12
Pelo diagrama, vemos que a argumentação é válida,
porque os conjuntos mantêm uma intersecção.
1ª premissa: todo brasileiro é artista. Ilustração 14 10
2ª premissa: Pedro é um artista.
Conclusão: Logo, Pedro é brasileiro. Como jogar
Complete os quadrados vazios, com números de 1 a 9,
sem repetir quaisquer nú-
meros em uma fileira ou coluna, tanto da grade menor,
3 x 3, como da grade maior, 9 x 9.

AGORA É A SUA VEZ

1) Considere três números ímpares acima de 3 e calcule


os seus quadrados. Em seguida, subtraia um dos quadrados
obtidos dos outros dois quadrados e responda:11
a) Os resultados são divisíveis por 8?
b) Podemos concluir que subtraindo um dos quadrados
de todos os números ímpares obtém-se um número divisível
por 8?

Ilustração 13 2) Quantos 9 existem entre 0 e 100?

Pelo diagrama, vemos que a argumentação não é vá- 3) Dada a sequência de números 2, 6, 10, 14, 18, 22, ...:
lida, pois Pedro pode ser ou não brasileiro. Os conjuntos a) Complete a sequência até 30.
são disjuntos, isto é, não possuem elementos comuns. b) Investigue se 94 é um elemento da sequência. Descre-
va como chegou à sua conclusão.
Sudoku – Uma forma de desenvolver o raciocínio c) Investigue se 76 é um elemento da sequência. Descre-
lógico va como chegou à sua conclusão.
Atualmente, um passatempo tem atraído a atenção de d) Cada elemento, a partir do segundo, tem uma relação
todas as faixas etárias: o Sudoku, um jogo de lógica e racio- com o seu antecessor e seu sucessor. Qual é esta relação?
cínio, que apresenta um desafio mental e exige um senso e) Qual a lei de formação da sequência?
matemático para a sua resolução. Esse passatempo tam-
bém foi apresentado no Capítulo 2 da apostila do Ensino 10 Extraído do site www.somatematica.com.br.
Fundamental. 11 www.clickeducação.com.br

24
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

4) No esquema abaixo, tem-se o algoritmo da adição de dois números naturais, em que alguns algarismos foram subs-
tituídos pelas letras A, B, C, D e E.

Determinando-se corretamente o valor dessas letras, então


A + B – C + D – E é igual a:
a) 25
b) 19
c) 17
d) 10
e) 7

5) Considere a sequência C, E, G, F, H, J, I, K, M, L, N, P ... Se o alfabeto usado é o oficial, que tem 26 letras, então, de
acordo com esse critério, a próxima letra dessa sequência deve ser:
a) R
b) Q
c) O
d) U
e) T

6) Considere que a sucessão de figuras abaixo obedeça a uma lei de formação:

Ilustração 15

O número de circunferências que compõem a 100ª figura dessa sucessão é:


a) 5.151
b) 5.050
c) 4.950
d) 3.725
e) 100

7) Uma população utiliza três marcas diferentes de detergente: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado, colheram-se
os resultados tabelados abaixo.
Observação: utilize o diagrama de Venn-Euler para visualizar o problema.

Nenhuma
Marcas A B C AeB AeC BeC A, B e C
delas
Número de
109 203 162 25 28 41 5 115
consumidores

Pode-se concluir que o número de pessoas que consomem ao menos duas marcas é:
a) 99
b) 94
c) 90
d) 84
e) 79

25
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

8) Numa escola mista, existem 42 meninas, 24 crianças ruivas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se:
a) Quantas crianças existem na escola?
b) Quantas crianças são meninas ou são ruivas?
Observação: utilize uma tabela para resolver o problema. Na horizontal, meninos e meninas, e na vertical, ruivos e não
ruivos.

9) Classifique os argumentos abaixo, de válido ou não válido. Utilize o diagrama para visualizar o problema.
a) Todos os brasileiros são artistas.
Pedro é brasileiro.
Logo, Pedro é um artista.

b) Todos os automóveis bons são caros.


Todos os automóveis importados são caros.
Logo, todos os automóveis importados são bons automóveis.

10) Resolva o passatempo, com as regras do Sudoku, utilizando algarismos de 1 a 4.

a) b)

Ilustração 16 - Sudoku

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU


1) a) Sim. Todos os resultados são números divisíveis por 8.
b) Pela dedução, sim, mas não podemos concluir com certeza que todos os números obtidos sejam divisíveis por
8, pois o número de casos considerados é muito pequeno.

2) Existem 20 algarismos 9 entre 0 e 100. Para chegar a essa conclusão, encontramos 9 números, cuja unidade é 9: 9,
19, 29 ..., 89. Contamos, ainda, as dezenas 90 a 99, encontrando 11 algarismos 9, na dezena, sendo que, no 99, o algarismo
9 aparece na unidade e na dezena.

3) a) 2, 6, 10, 14, 18, 22, 26, 30.


b) Como a sequência aumenta de 4 em 4 unidades, e todos os elementos da sequência, quando divididos por 4, tem
resto 2, temos que 94 : 4 = 23, com resto 2. Logo, o número 94 é um elemento da sequência.
c) Seguindo o raciocínio análogo aplicado na alternativa “b”, temos que o número 76 não pertence à sequência, pois
74 : 4 = 19, com resto 0.
d) Cada número, a partir do segundo, é 4 unidades maior que o seu antecessor – 6 + 4 = 10 ... – , e 4 unidades menor
que o seu sucessor – 14 -4 = 10 ... .
e) 4n – 2, para n ≥ 1.

4) A = 5; B = 7; C = 3; D = 9; E = 1. Então, A + B – C + D – E = 5 + 7 – 3 + 9 – 1 = 17. Logo, a alternativa correta é a


letra “c”.

5) Analisando a sequência, observamos que o G ocupa o lugar do F; o J ocupa o lugar do I, e o M ocupa o lugar do L. A
próxima letra a ser utilizada é o O, que, pela regra da sequência, tem o seu lugar ocupado pelo P. Então, o O passa a ocupar
o lugar do P. A alternativa correta é a letra “c”.

26
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

6.) O número de circunferências forma a sequência 1, 3, 6, 10, 15 ... Como queremos encontrar o número de circunfe-
rências que compõem a 100ª figura, faremos com um processo análogo ao que se segue:
1=1
3=1+2
6=1+2+3
10 = 1 + 2 + 3 + 4
15 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5
Então, a 100ª figura será x = 1 + 2 + 3 + 4 + ... + 97 + 98 + 99 + 100. Note que a soma dos termos equidistantes dos
extremos é igual à soma dos extremos.

Isto é, 1 + 100 = 2 + 99 = 3 + 98 = 4 + 97 = ... = 101.

Logo, . Portanto, a alternativa correta é a letra “b”.

7. Alternativa “d”.
“Ao menos duas marcas” quer dizer que podem ser 2 ou mais marcas.
Logo:
23 + 20 + 36 + 5 = 84. Portanto, 84 pessoas consomem ao menos 2 marcas.

Ilustração 17

8.

Meninos Meninas Total


Ruivos 15 9 24
Não ruivos 13 33 46
Total 28 42 70

a) Na escola existem 28 meninos e 42 meninas. Então 28 + 42 = 70 crianças.


b) O número de crianças que são meninas ou são ruivas é 9 + 33 + 15 = 57.
9) a) Argumento válido
b) Argumento não válido, porque não podemos concluir se os automóveis
importados são bons automóveis, pois os conjuntos são disjuntos.

27
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

10. a) b)

4 2 1 3 3 1 2 4

1 3 4 2 4 2 3 1

2 4 3 1 2 4 1 3

3 1 2 4 1 3 4 2

Solução do problema do Guarani


O Campeonato Paulista de Futebol da 1ª Divisão de 2009 foi disputado por 20 times. Os times jogaram entre si. Cada
time disputou 19 jogos. A cada vitória, os times ganhavam 3 pontos; a cada derrota, perdiam 3 pontos, e, em caso de em-
pate, perdiam 1 ponto. Ao final do campeonato, os 4 times com o maior número de pontos perdidos seriam rebaixados
para a 2ª divisão do campeonato. Caso ocorresse um empate em número de pontos perdidos entre 5 ou mais times,
seriam rebaixados os 4 times que tivessem o maior número de derrotas.
Na ocasião em que o Bobrinha conversou com a sua professora, todos os times já tinham disputado 18 partidas. Faltava
uma rodada para o final do campeonato. O Guarani tinha perdido 12 partidas e não conseguira nenhum empate, ficando
com 36 pontos perdidos – 12 derrotas vezes 3 pontos = 36 pontos perdidos.
Os outros quatro times também estavam na zona de rebaixamento: os times A, B, C e D, com 35 pontos perdidos –
todos com 10 derrotas e 5 empates. Para esses, então, 10 vezes 3 = 30, e 5 vezes 1 = 5, num total, portanto, de 30 + 5 =
35 pontos perdidos.

A situação da tabela para os times, em pontos perdidos, era a seguinte:

Jogos Número de Número de


Times Pontos perdidos
disputados empates derrotas
A 18 5 10 35
B 18 5 10 35
C 18 5 10 35
D 18 5 10 35
Guarani 18 0 12 36

As possibilidades de o Guarani escapar ou não do descenso eram as seguintes:

1) Vitória do Guarani e de qualquer outro time: o Guarani ficaria entre os quatro rebaixados, pois um time permane-
ceria com 35 pontos perdidos.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 0 35
B 35 0 35
C 35 0 35
D 35 0 35
Guarani 36 0 36

28
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

2) Vitória do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani escaparia do rebaixamento, pois ficaria com os 36
pontos perdidos e os demais 4 times com 38 pontos perdidos.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 0 36

3) Vitória do Guarani e empate de qualquer um dos outros times: todos os times ficariam com 36 pontos perdidos,
mas, o Guarani, por ter o maior número de derrotas – 12, contra 10 dos demais times –, estaria rebaixado.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 0 36

4) Derrota do Guarani e dos times A, B, C e D: o Guarani estaria rebaixado.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +3 39

5) Empate do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani não seria rebaixado.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +1 37

29
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

6) Empate do Guarani e dos demais 4 times: o Guarani seria rebaixado, pois ficaria com 37 pontos perdidos e os de-
mais com 35 pontos perdidos.

Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 +1 37

Então, para o Guarani escapar do descenso, as possibilidades possíveis eram a 2 e a 5.


E o que aconteceu?
Coitado do Bobrinha: o Guarani perdeu a última partida; ficou com 39 pontos perdidos; não escapou do descenso, e
caiu para a 2ª divisão do Campeonato Paulista de Futebol.

Solução do exercício dos semáforos, do tópico “Assim ou Assado”

Número de avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Número de semáforos 1 3 6 10 15 21 28 36 45

Solução do Sudoku – Ilustração 2

Ilustração 18 - Resposta Sudoku


Caso você queira desafios para o seu raciocínio, acesse a página http://www.abril.com.br//pagina/sudoku_jogo_online.
shtml, na Internet. Lá, você encontrará as regras e muito mais sobre o Sudoku. Na página http://www.e-sudoku.com.br,
você também poderá jogar. Bom divertimento!

30
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PRA FIM DE PAPO! Capítulo 3


Caro Aluno
OS NÚMEROS QUE USAMOS...
Ao final deste Capítulo, você deverá ser capaz de:
H1 - Identificar e interpretar conceitos e procedimen- CONSTRUIR SIGNIFICADOS E AMPLIAR OS JÁ EXIS-
tos matemáticos expressos em diferentes formas. TENTES PARA OS NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, RA-
H2 - Utilizar conceitos e procedimentos matemáticos CIONAIS E REAIS.
para explicar fenômenos ou fatos do cotidiano.
H3 - Utilizar conceitos e procedimentos matemáticos
para construir formas de raciocínio que permitam aplicar Luzia de Fatima Barbosa
estratégias para a resolução de problemas.
H4 - Identificar e utilizar conceitos e procedimentos DO FUNDO DO BAÚ...
matemáticos na construção de argumentação consistente. No dia-a-dia deparamo-nos com diversas informações
H5 - Reconhecer a adequação da proposta de ação so- que são transmitidas por meio de números. Essas informa-
lidária, utilizando conceitos e procedimentos matemáticos. ções podem aparecer em tabelas, gráficos e textos.
Desta forma, precisamos estar preparados para en-
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha- frentar e compreender situações envolvendo informações
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova numéricas relacionadas a medidas, comparações, dados de
do ENCCEJA, no final da apostila. pesquisa etc12.
Esses números estão organizados, na matemática, sob
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- forma de conjuntos. E esses conjuntos numéricos, na for-
de um pouco mais, você está construindo um processo de ma como estão organizados hoje, são resultados de uma
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! evolução científica que foi se ajustando às necessidades do
homem na sociedade.
Que tal um pouco de história?

Sistema Indo-arábico
Tratava-se de um sistema posicional decimal. Siste-
ma posicional porque um mesmo símbolo representava
valores diferentes dependendo da posição que se encon-
trava. Por exemplo: o algarismo 4 nos números: 14 e 41.
No número 14 o 4 ocupa a casa das unidades e seu valor
posicional é 4; já no número 41, o 4 ocupa a casa das deze-
nas e seu valor posicional é 40. Sistema decimal, pois era
composto por 10 algarismos: 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9.
Esse sistema posicional decimal, criado pelos hindus,
corresponde ao nosso atual sistema de numeração, já es-
tudado por você nas séries anteriores. Por terem sido os
árabes os responsáveis pela divulgação desse sistema, ele
ficou conhecido como sistema de numeração indo-arábico.
Os dez símbolos utilizados para representar os núme-
ros, denominam-se algarismos indo-arábicos. São eles: 0,
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Veja, no quadro13 a seguir, as principais mudanças
ocorridas nos símbolos indo-arábicos, ao longo do tempo.

12 Texto adaptado do livro: Matemática Ensino


Médio, Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz. Editora
Saraiva, São Paulo, 2007.
13 Retirado de: http://www.matematicasociety.
hpg.ig.com.br/sistema_de_numeracao.htm. Acessado
em: 17/maio/2009.

31
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

• Quantos anos você tem?


• Qual o número do seu calçado?
• Qual o número do seu telefone?
• Qual a temperatura de hoje?
• Qual o número da sua casa ou apartamento?
• Qual o preço daquela mercadoria?
• Qual a porcentagem de pessoas que vivem sem
saneamento básico no Brasil?
Perceba que, para muitas informações os números são
de extrema importância. Leia as notícias a seguir14:
“Dois terços da população mundial em 2025 não terão
   acesso à água potável se nada for feito para evitar a escas-
sez, ou seja, 5,5 bilhões de pessoas poderão não ter acesso à
Ilustração 1 água limpa!”
Podemos perceber que essa notícia foi expressa em
Observação: quantidade não inteira.
• Observe que, inicialmente, os hindus não utilizavam o E mais,
zero. A criação de um símbolo para o nada, ou seja, o zero “O Brasil tem água potável suficiente para abastecer
foi uma das grandes invenções dos hindus. cinco vezes a população da Terra. Mas, a distribuição pelo
Mas como os números foram organizados em conjun- território nacional não é equilibrada.”
tos? E ainda, você sabia que:
O primeiro conjunto criado foi dos números naturais. “O Brasil detém 12% de toda a água superficial
Com eles era possível contar e representar quantidades. do planeta?
Esse conjunto é composto pelos números 0,1,2,3,4,5... . Os rios que compõem as 12 regiões hidrográficas brasi-
Mas, imagine que se queira representar temperaturas leiras carregam água suficiente para satisfazer as necessida-
abaixo de zero, andares abaixo do térreo, saldos negativos des do país por 57 vezes. Mas aqui também existe grande
numa conta de banco. Como representar essas situações desequilíbrio: 74% da água brasileira concentra-se na região
com números? Surgem então os números negativos, que da Amazônia.”
junto com os números naturais formam o conjunto dos nú- Vimos nestas notícias, valores expressos ora em núme-
meros inteiros. ros inteiros ora em racionais, ou seja, números fracionários.
Pois é, com essas necessidades surgem então os nú-
meros inteiros. As relaçoes comerciais e outras interven- ASSIM OU ASSADO?
ções, deram um impulso no desenvolvimento desse con- Vamos voltar ao problema da água descrito anterior-
junto. Nele temos os números positivos e negativos, como: mente?
-3, -2, -1, 0, +1, +2, +3. Como foi fornecida a população do planeta que ficará
Mas será que esses números eram suficientes? sem água, seria possível calcularmos a população total do
Pense em situações que necessitam de números não planeta em 2025?
-inteiros... representação de valores em dinheiro; medidas E no caso do Brasil, como ficaríamos?
em receitas de bolo; medidas de comprimento, entre ou- Veja os dados fornecidos a seguir:
tras. Segundo informações, dois terços da população do
Bom, com a necessidade de representar esses valores, planeta em 2025 corresponderão a 5,5 bilhões de pessoas.
surgem os números fracionários que junto com os núme- Você saberia calcular quanto deve ser a população total do
ros inteiros formam o conjunto dos números racionais. planeta em 2025?
Esse conjunto é formado por todos os números que po- É simples! Veja:
dem ser representados por frações. Primeiro, calculamos quantos por cento equivalem
Ao longo deste capítulo, vamos conhecer números que dois terços...
são expressos por frações e ainda números que não são Bom, fazendo a divisão: 2÷3= 0,66666666....(se preferir
possíveis de se representar de tal forma. Esses últimos são use a calculadora para efetuar esses cálculos). Para encon-
chamados de números irracionais. trar o valor, em porcentagem, basta multiplicar por 100,
então, podemos usar aproximadamente 66%.
Então, vamos lá? Acompanhe...
Mas, por que multiplicar por 100? Lembre-se que 2÷3
Afinal de contas, onde usamos esses números? 0,66. Como 0,66 pode ser escrito na forma decimal
Bom, se pararmos para pensar nas diversas situações
do cotidiano, vamos verificar que, para muitas, usamos os
números naturais para representá-las, já em outras, pre- , então equivalem a 66%.
cisamos dos números inteiros. E ainda, existirão aquelas
que só se podem representar com os números racionais ou 14 Informações retiradas da Revista Atualidades-
irracionais. Vejamos a seguir. Vestibular. Editora Abril, p. 190-195. 2008.

32
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

E agora, se estamos querendo encontrar a população PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES...


total, então estamos procurando o equivalente a 100%. En- RESOLVIDOS! UFA....
tendeu?
Pois bem, usando uma regra de três simples, temos 1) No Brasil, a reciclagem de lixo ainda está longe do
que: ideal, mas aos poucos está melhorando. Por exemplo: 35%
66% 5,5 bilhões das embalagens de vidro já estão sendo recicladas15.
100% x a) De acordo com o exemplo dado, para cada 800 to-
neladas de embalagens de vidro, quantas toneladas são
Portanto, temos a seguinte igualdade: recicladas?
b) Determine as porcentagens de material reciclado
com base nas informações dadas.
• Papelão: em 250 t são recicladas 175 t.
• Latas de alumínio: para cada 420 t são recicladas
252 t.
Resolvendo temos: c) 15% dos plásticos rígidos são reciclados. Isso sig-
66x = 5,5.100 nifica, em média, que 300 t são recicladas em um total de
66x = 550 quantas toneladas?
Depois de ler o problema com atenção, vamos resol-
vê-lo?
x= 8,33 a) Seguindo as informações do enunciado do proble-
ma, temos que 35% das embalagens de vidro já são re-
cicladas, então temos que calcular quantas toneladas (em
Ou seja, a população total do planeta em 2025, equiva- 800 t) equivalem a 35%. Você se lembra como resolver
lerá a aproximadamente 8,3 bilhões de pessoas. problemas deste tipo? Acompanhe:
Outra forma de resolver esta questão é pensarmos o Usando a regra de três simples, temos?
seguinte: 800 t 100%
Como temos dois terços da população e queremos a x 35%
população total, sabemos que faltam um terço dela. Por-
tanto, se multiplicarmos essa quantia por 2, estaremos cal- Como são grandezas diretamente proporcionais, te-
culando um terço dessa população. Em seguida multipli- mos:
camos por 3 para obtermos a população total procurada,
acompanhe:

+ = 1 (população total). Calculando...

Agora, basta fazer a multiplicação...


5,5 ÷ 2 = 2,75 100x = 800 . 35
2,75 . 3 = 8,25 100x = 28 000

Portanto, como já calculado anteriormente, a popula-


ção é de aproximadamente 8,25 bilhões de pessoas.
Agora que você já sabe como interpretar determinadas x= = 280
informações, vamos observar o que diz a outra informação.
Em relação ao Brasil, segundo a notícia, 74% da água
existente está na região da Amazônia. Qual será a porcen- Portanto, 35% das embalagens de vidro correspondem
tagem da água que está distribuída no restante do país? a 280 toneladas.
Bom, temos que:
74% da água Amazônia b) Nesse item, basta aplicarmos a regra de três nova-
x Restante do país mente.
250 100 %
Como no total nos temos 100%, então: 75 x%
100 – 74 = 26% da água existente no Brasil abastece o
restante do país.
Espero que você tenha entendido o significado des-
sas informações numéricas e que as mesmas tenham feito
você refletir no uso responsável de água, tendo consciência 15 Atividade retirada e adaptada do livro
da importância de se economizar água no dia-a-dia. Matemática- volume único- Luiz Roberto Dante. Editora
Pronto para resolvermos mais alguns problemas? Ática-2008

33
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Observe que, em todos os problemas, foi necessá-


rio aplicar algum conhecimento matemático já estudado,
como foi o caso da regra de três simples. Espero que você
Escrevendo a igualdade: temos:
tenha recordado tal regra e entendido sua aplicação.
Além disso, nas informações tratadas, os números na-
250x = 175.100
turais, inteiros e racionais estavam presentes. Assim sendo,
vamos acompanhar agora a formação e características de
250x = 17 500
cada conjunto citado.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S17


Os Números Naturais
x= = 70 O conjunto dos números naturais é um conjunto infi-
nito e também um conjunto ordenado, já que, dados dois
números naturais quaisquer, é sempre possível dizer se são
Assim, vemos que 70% do papelão são reciclados. iguais ou se um é menor ou maior que o outro.
Em relação às latas de alumínio, use o mesmo procedi- A representação do conjunto dos números Naturais é
mento e resolva. A resposta será 60%. a seguinte:
E, atenção! Ao tentar resolver, você poderá checar se N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}
realmente está entendendo. Além desse, podemos representar o conjunto dos na-
turais sem o zero usando o asterisco, veja:
c) Se 15 % equivalem a 300 toneladas, então: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6,...}
15% 300 t
100% xt Os Números Inteiros
Tal como o conjunto dos naturais, esse conjunto tam-
bém é ordenado.
Escrevendo a igualdade: temos: No conjunto dos números inteiros, quanto mais afasta-
do do zero está um número negativo, menor ele é. E quan-
15x = 100.300 to mais afastado do zero está um número positivo, maior
15x = 30 000 ele é. Qualquer número negativo é menor que o zero ou
que um número positivo.
O conjunto dos Números Inteiros é representado pela
x= = 2 000 letra .

Temos 2000 toneladas de plásticos rígidos. = {..., -2, -1, 0, 1, 2, 3, ...}


2) Quantos números racionais existem entre 1 e 2?16
Vamos pensar sobre isso? Note que o conjunto dos números inteiros é formado
É estranho pensar quantos números existem entre dois por todos os números NATURAIS mais todos os seus repre-
números inteiros consecutivos, não é mesmo? Pois quan- sentantes negativos.
do pensamos nos números naturais ou inteiros, sabemos Como no conjunto dos naturais, podemos representar
responder essa pergunta, basta conhecer o intervalo que todos os inteiros sem o ZERO, veja:
se quer, e ainda entre dois números consecutivos, que é o * = {..., -2, -1, 1, 2, ...}
caso, não existe nenhum número natural ou inteiro. Além disso, podemos destacar os seguintes subcon-
Bom, se voltarmos e pensarmos um pouco... números juntos de .
racionais são aqueles que podem ser escritos na forma de Z* = {..., -3,-2,-1,1,2,3,...}: conjunto dos números inteiros
uma fração... então, comece a pensar em quantas frações não-nulos.
ou números decimais existem entre 1 e 2? Z+ = {0,1,2,3,...}:conjunto dos números inteiros não –
Podemos pensar que existe o 1,2, por exemplo. Mas negativos.
o 1,3 também. Bom, se for assim teremos também o 1,22; Z- = {...,-3,-2,-1,0}:conjunto dos números inteiros não
1,23; 1,3; 1,44, 1,9; 1,9999...e assim por diante. Você con- -positivos.
seguiria escrever todos os números racionais entre 1 e 2? Z+* = {1,2,3,...}:conjunto dos números inteiros positivos.
Começou a perceber que se continuarmos iríamos Z-* = {...,-3,-2,-1}: conjunto dos números inteiros nega-
conseguir outros números racionais entre 1 e 2? Por isso, tivos.
dizemos que entre eles existem infinitos números racionais. 17 Adaptado de http://www.tutorbrasil.com.br/
O que achou? Já tinha pensado sobre isso?
estudo_matematica_online/conjuntos/conjuntos.php.
16 Exercício adaptado do Livro Matemática no Acessado em 17/maio/2009; e informações do livro:
Ensino Médio de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Matemática Ensino Médio, Kátia Stocco Smole e Maria
Diniz. Editora Saraiva. 2007. Ignez Diniz. Editora Saraiva, São Paulo, 2007.

34
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os Números Racionais
Já foi mencionado no início deste capítulo que os números racionais podem ser expressos por meio de uma fração.
Pois bem, vamos acompanhar:
O conjunto dos números racionais (representado por ) é definido por:

Ou seja, número racional é todo número que pode ser escrito na forma , com a e b inteiros, b ≠ 0.

Veja alguns exemplos:

; 8,5; -11 = ; ; ; +45 = ; -5 =

Nessa divisão de números inteiros, ao dividirmos o numerador pelo denominador, podemos obter números com dife-
rentes características, por exemplo:
Se dividirmos 10 por 2, obteremos 5, ou seja, 10/2 = 5. (número inteiro)
Se dividirmos 25 por 2, obteremos 12,5, ou seja, 25/2 = 12,5. (decimal finito)
Agora, se dividirmos 25 por 3? O que acontece?

Vejamos: = 8,333... Essa divisão resultou em um número infinito de casas decimais, com um algarismo ou um

grupo de algarismos que se repetem infinitamente numa representação decimal periódica. A esses números chamamos

dízimas periódicas e a fração que gerou essa dízima é chamada de fração geratriz.

Mas se todo número racional pode ser expresso por meio de uma fração, como encontrar a fração que gerou a dízima
0,232323...? Ou seja, qual a sua fração geratriz?
É simples, basta seguir alguns passos:
1° Escreva: x = 0,232323...
2° Como o período da dízima (o número ou grupo que se repete) é composto por dois algarismos, multiplique essa
expressão por 100. Vale ressaltar que se o período tivesse três algarismos, a expressão seria multiplicada por 1000 e assim
por diante...
Então temos que: 100 x = 23,232323...
3° Subtraia essa expressão pela primeira, assim:
100 x = 23,232323...
- x = 0,232323...
99x = 23,000000...

Observe que como depois da vírgula vamos ter infinitas casas decimais que são iguais, então depois da vígula teremos
infinitos zeros.
Assim, temos que:

99x = 23, ou seja, se queremos obter o valor de x, temos:

x= . Pronto, a fração é a fração geratriz da dízima periódica 0,232323... .

Então agora você já conhece todas as formas que pode apresentar um número racional, sendo que em todas elas é
possível escrever o valor em forma de uma fração, ou seja, numa divisão de números inteiros.

35
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os Números Irracionais Alguns números irracionais especiais18:


Durante muito tempo, ao medir comprimentos, pen- • Número Áureo
sou-se que o número encontrado seria sempre um racio- A proporção áurea ou número de ouro ou número áu-
nal. Descobriu-se, porém, que isso nem sempre ocorria. reo ou ainda proporção dourada é uma constante irracional
Veja, por exemplo, o problema a seguir: denotada pela letra grega Φ (phi) e com o valor aproximado
Como medir a diagonal do quadrado, utilizando seu de 1,618.
lado como unidade de medida? É um número que há muito tempo é empregado na arte.
Também é chamada de: razão áurea, razão de ouro, divina
proporção, proporção em extrema razão, divisão de extre-
ma razão. Vamos acompanhar algumas curiosidades sobre
o número áureo.19
Em algumas partes do corpo humano, podemos encon-
tramos a proporção áurea.
Veja a imagem abaixo. Ela representa a mão humana
com suas medidas proporcionais

Ao procurar solucionar esse problema, descobriu-se


que há medidas que não podem ser expressas como divisão
entre dois interios, ou seja, que não representam números ra-
cionais. Esses números têm, portanto, representação decimal
não-periódica. Com isso surgem os irracionais.
Voltemos à situação anterior: vamos supor que o quadra-
do tem 1 unidade de comprimento de lado, então temos que:

Ilustração 2

A altura do corpo humano e a medida do umbigo até o chão;


A altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça; A
medida da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax; A medida do
ombro à ponta do dedo e a medida do cotovelo à ponta do dedo;
O tamanho dos dedos e a medida da dobra central até a ponta;
Para fazer o cálculo, vamos descrever o triângulo: A medida do seu quadril ao chão e a medida do seu joelho até
ao chão; Se você dividir essas medidas, o valor encontrado será
de aproximadamente 1,618, ou seja, o valor de Φ (phi). Veja esta
imagem:

Pelo teorema de Pitágoras, temos que:


d² = 1² + 1 ² (só relembrando, o teorema de Pitágo-
ras diz o seguinte: o quadrado da medida da hipotenusa
(diagonal) é igual à soma dos quadrados dos catetos - no
triângulo retângulo).
Continuando... d² = 1 + 1, então: d² = 2 d=
Com o auxílio de uma calculadora, podemos verificar Ilustração 3
que = 1,414213562...
Observe que esse número tem infinitas casas decimais, 18 Informações retiradas e adaptadas do site:
porém não-periódicas. Esse não tem como ser escrito na http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o_
forma de uma fração, e, portanto, esse número é chamado %C3%A1urea. Acessado em 17/maio/2009.
de irracional. Representamos o conjunto dos números 19 Informações e imagens retiradas e
irracionais pelo símbolo . adaptadas do site: http://www.matematica-na-veia.
São exemplos de números irracionais: , , blogspot.com/2008/03/phi-razo-area-e-curiosidades-
... matemticas.html. Acessado em 17/maio/2009.

36
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Uma imagem que podemos também observar a pre- AGORA É A SUA VEZ...
sença da proporção áurea é a do “Homem Vitruviano”,
obra de Leonardo Da Vinci Atividade 1. Classifique cada sentença em verdadeira
• Número π (V) ou falsa (F).
Na matemática, pi, representado pela letra grega π, é o nú- a) Todo número natural é inteiro.
mero que representa o resultado da divisão entre o comprimento b) Todo número inteiro é racional.
de uma circunferência e o seu diâmetro. Veja a figura abaixo20: c) Todo número racional é real.
d) Todo número real é irracional.
e) O número zero é racional.
f) Número racional é todo número que pode ser coloca-
do na forma a/b, com b não-nulo.

Atividade 2. Descubra diferentes modos de se repre-


sentar – 16.

Atividade 3. Represente na reta numérica abaixo os


seguintes números:

Ilustração 4 a) -

Assim, podemos escrever o número π como sendo a

b) -
divisão (como ilustrados na figura acima). Portanto, te-

mos que: π = ou ainda, π = . c) – 0,5

Observe que por essa igualdade escrevemos a equa-


d) -
ção que calcula o comprimento de uma circunferência,
dada por: C= 2πr. Esse número π tem valor aproximado de
3,1415926535..., usa-se como valor aproximado 3,14.
Atividade 4. Indique quais das frações abaixo repre-
Os Números Reais sentam dízimas periódicas:
A reunião de todos os conjuntos numéricos estudados até
agora completa um conjunto que chamaremos de Números a)
Reais (R). O diagrama a seguir21 mostra como esse conjunto se
forma.

b)

c)

d)
Ilustração 5

Atividade 5. Qual é a medida do lado de um quadrado


com 10 000 m² de área? E com 1000 m² de área?
20 Imagem e informações retiradas e adaptadas do
Livro do professor-Matemática - 9° ano- Editora Positivo-1° Atividade 6. Qual a maior distância que uma pessoa
volume-2009 pode andar em linha reta numa sala retangular cujas di-
21 Imagem adaptada do Livro do professor- mensões são 6 m por 10 m?
Matemática - 9° ano- Editora Positivo-1° volume-2009

37
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 7. Considere os números -3 e 3. Responda: PRA FIM DE PAPO!


a) Quais números naturais estão entre eles?
b) Quais números inteiros estão entre eles? Caro Aluno,
c) Quais números racionais?
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
Atividade 8. Em uma festa compareceram dos H1 - Identificar, interpretar e representar os números
convidados. Determine o número total de convidados sa- naturais, inteiros, racionais e reais.
bendo que 60 deles faltaram. H2 - Construir e aplicar conceitos de números naturais,
inteiros, racionais e reais, para explicar fenômenos de qual-
Atividade 9. Indique quais entre as equações abaixo quer natureza.
têm solução, considerando que x . H3 - Interpretar informações e operar com números
a) 2x – 5 = 0 naturais, inteiros, racionais e reais, para tomar decisões e
b) x + 9 = 4 enfrentar situações-problema.
c) 3x + 9 = 0 H4 - Utilizar os números naturais, inteiros, racionais
d) 7x – 8 = 10 e reais, na construção de argumentos sobre afirmações
e) 3x + 4 = 6 quantitativas de qualquer natureza.
H5 - Recorrer à compreensão numérica para avaliar
Atividade 10. Quantos subconjuntos de têm o 0 propostas de intervenção frente a problemas da realidade.
como elemento? Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
1. a) V do ENCCEJA, no final da apostila.
b) V
c) V Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
d) F de um pouco mais, você está construindo um processo de
e) V aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
f) F

2. Resposta pessoal

3. Na reta

4. c

5. 100 m; 10 m.

6. 2 m.

7. a) 0, 1 e 2
b) -2, -1, 0, 1 e 2
c) infinitos

8. 140 convidados.

9. a) não
b) sim
c) sim
d) não
e) não

10. infinitos.

38
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 4 Quando se fala no esquadro, esses profissionais se re-


ferem à questão do ângulo obtido no encontro de duas
paredes. Dizemos que duas paredes formam um ângulo
GEOMETRIA PLANA E ESPACIAL reto, isto é, sua medida é de 90º.
Na construção de um cômodo de uma casa, as paredes
opostas ficam geralmente a uma mesma distância uma da
UTILIZAR O CONHECIMENTO GEOMÉTRICO PARA outra, pode-se afirmar neste caso que as duas paredes são
REALIZAR A LEITURA E A REPRESENTAÇÃO DA REALI- paralelas. Assim como cada uma delas é perpendicular ao
DADE E AGIR SOBRE ELA. chão e ao teto, por formar, com eles, um ângulo reto.
Durante o estudo da geometria plana, utilizaremos al-
gumas expressões que já são conhecidas desde o ensino
Davi Martinez Rissetti fundamental. Você já deve ter ouvido falar em ponto ou
reta, não é? Na história da matemática as palavras ponto e
reta foram representadas de diversas formas de uma civi-
DO FUNDO DO BAÚ... lização para a outra.
Você já deve ter ouvido falar em expressões do tipo: Os egípcios, por exemplo, ficaram conhecidos como
“está no prumo” ou “está fora de esquadro” em ambientes da estiradores de corda, porque utilizavam uma corda (re-
construção civil. O prumo é uma ferramenta utilizada por pe- presentando a reta) com nós (representando os pontos).
dreiros para identificar se a estrutura construída está alinhada Assim, adquiriram um conhecimento prático que envolvia
ou não. Veja abaixo uma figura ilustrando um fio de prumo: noções de área, perímetro, volume e ângulo.
Além destas duas expressões conhecidas, acrescenta-
remos uma nova: plano. Um plano pode ter diversas defi-
nições, veja a seguir:
• Um objeto geométrico;
• Uma região geográfica com superfície plana;
• Um conjunto de propostas resultantes de um pro-
cesso de planejamento, econômico, urbano, regional, etc.,
que visam a determinado objetivo;
• Um plano de saúde;
Ilustração 1 • Ou até o nome de uma cidade.
Já a expressão “está fora de esquadro” é utilizada Dentre estas, as únicas que podem nos ajudar a com-
quando queremos dizer que algo não está localizado onde preender o significado da palavra plano são as duas pri-
deveria. Por exemplo, um torcedor que vai a um estádio
meiras. A primeira, pois diz claramente a respeito de qual
de futebol e descobre que o gol está fora de esquadro, ou
tipo de plano trataremos neste estudo. Já a segunda, por-
seja, um pé da trave está mais próximo do outro pé.
que nos dá a idéia intuitiva de que um plano é um objeto
geométrico sem uma extensão definida.
Isto quer dizer que você pode, por exemplo, definir
o tampo de sua mesa como um plano ou a capa de seu
livro como um plano. Sem que com isso você fuja das
características de um plano geométrico. Veja o seguin-
te problema onde temos as três estruturas (ponto, reta e
plano) presentes:

Ilustração 2

Na construção civil, este tipo de equívoco pode acon-


tecer e causar danos muito graves para a continuação de
uma obra. Daí a existência de instrumentos que auxiliam
os pedreiros, engenheiros e arquitetos a identificar esses
deslizes. Mas o que representam matematicamente estas
situações?

39
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PROBLEMA 4.1

Ilustração 3
Quais são as medidas das frentes dos lotes “2” e “3” que estão voltadas para a
Rua Jatobá e cujos fundos são perpendiculares a Rua Jasmin?

ASSIM OU ASSADO?
Para resolver este exercício devemos recuperar a idéia de retas paralelas que vínhamos trabalhando desde o ensino
fundamental: “duas linhas são paralelas quando estiverem em um mesmo plano e não possuírem pontos comuns, mesmo
se prolongadas”. Sendo assim, as linhas que dividem os lotes são paralelas entre si.
Além de serem paralelas entre si, estas mesmas retas que dividem os lotes são perpendiculares à rua Jasmin, isto quer
dizer que elas formam um ângulo reto (90º) com a Rua Jasmin.
Quando temos um conjunto de retas paralelas diferentes e todas pertencentes ao mesmo plano (região onde está
localizado o loteamento), dizemos que estas retas constituem um feixe de paralelas. As retas que representam as frentes e
os fundos dos loteamentos constituem retas transversais ao feixe de paralelas.
O que mais podemos retirar de informações relevantes do enunciado ou da figura deste exercício? Um dos primeiros
matemáticos que se debruçou sobre um problema parecido foi Tales de Mileto (um dos sete sábios da antiga Grécia). Entre
tantas descobertas atribuídas a ele, existe uma que nos será muito útil no nosso estudo da geometria plana.
Vamos entender o raciocínio de Tales observando as ilustrações a seguir:

Ilustração 4 Ilustração 5

40
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Se dividíssemos o segmento que liga os pontos A e B em quatro partes, assim como mostra a ilustração 5, observaría-
mos que o segmento que liga os pontos A’ e B’ também ficaria dividido em quatro partes.
Neste caso, podemos dizer que a razão (ou seja, divisão) entre as distâncias de cada parte é igual. Tales de Mileto de-
monstrou a existência de uma igualdade entre essas razões. Logo, o Teorema de Tales é dado por:

Ilustração 6

Com este raciocínio, podemos encontrar o valor das frentes dos lotes “2” e “3”, proposto no problema 4.1 da seguinte
forma. Considere a seguinte figura:

Ilustração 7

Como pode notar, a única diferença é que nomeamos os pontos com as letras do alfabeto para facilitar nosso raciocí-
nio. As letras A, B, C, D, E dividem um lado do terreno em 4 partes (neste caso, não necessariamente iguais). Sendo assim:
o segmento AB possui 15,40 metros; o segmento BC possui 13,50 metros; e o segmento CD possui 12 metros. Estes seg-
mentos correspondem às frentes de cada lote.
Do outro lado do terreno, temos as letras F, G, H, I, J que dividem este lado em 4 partes (também não necessariamente
iguais). Sendo assim: o segmento FG possui 16,30 metros; o segmento GH possui uma medida x desconhecida até o mo-
mento; assim como o segmento HI também possui uma medida y desconhecida até este instante.
Aplicando o teorema de Tales, dividimos a resolução em duas partes. Começando pela 1ª parte, temos que:

Ilustração 8

41
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Sendo assim, o lote “2” possui a frente medindo 14,34 metros, enquanto que o lote “3” possui a frente medindo 12,76
metros.
Esta descoberta levou Tales a encontrar uma característica fundamental para a semelhança de triângulos. Acompanhe
a explicação abaixo:

Ilustração 9 Ilustração 10

Na ilustração 9 o triângulo ABC é semelhante ao triângulo ADE, pois o lado BC do primeiro e DE do segundo são para-
lelos e eles possuem os três ângulos congruentes (acompanhe na Ilustração 10).
A semelhança de triângulos indica que um triângulo pode ser obtido de outro através de uma simples ampliação ou
redução de sua imagem. Mas como saber quando existe uma ampliação e quando existe uma redução? E quando não for
nem uma e nem outra?
De acordo com Tales, existe uma razão entre os lados proporcionais, que é chamada de razão de semelhança. Esta razão
é um número obtido da divisão dos lados proporcionais de cada triângulo. Em outras palavras, observe a figura abaixo:

Ilustração 11

O segmento AD com 5,0 centímetros é proporcional ao segmento AB com 2,5 centímetros, bem como o segmento AE
(7,0 cm) corresponde ao segmento AC (3,5 cm) ou até mesmo o segmento DE (8,0 cm) corresponde ao segmento BC (4,0
cm).
Se dividirmos cada um dos lados proporcionais, ou seja, AD dividido por AB, AE dividido por AC e DE dividido por BC,
encontraremos em todos os casos o valor 2. Este valor indica que o segundo triângulo (ADE) é uma ampliação do primeiro
triângulo (ABC).
Assim, se o resultado da divisão dos lados correspondentes for igual a 1, dizemos que os triângulos são congruentes
(ou iguais).
Caso ele seja maior do que 1, teremos uma ampliação da figura original e se for menor do que 1, nós teremos uma
redução da figura original. Veja a ilustração abaixo:

42
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 12

Sabendo disso, fica fácil de você identificar em seu dia-a-dia se um triângulo é parecido (aumentado/diminuído) ou
igual a outro triângulo. Imagine a seguinte situação do dia-a-dia de uma construção:

PROBLEMA 4.2
Você será responsável por construir as janelas de uma casa – em formato de triângulo – e estas janelas devem ser
iguais. Como pode ter certeza de que a construção foi bem feita?

Para saber, na prática, se a construção foi bem feita basta você medir os respectivos lados de cada triângulo e encon-
trar a razão entre eles. Se ela der igual a 1 o seu objetivo foi cumprido com êxito, mas se ela der maior ou menor do que 1
deverá refazer ou checar com o arquiteto responsável se esta diferença não desagradará ao cliente.
Caso você queira ampliar ou reduzir um triângulo existente, basta você multiplicar cada medida dos seus lados por um
número maior do que 1 (ampliar) ou por um número menor do que 1 (reduzir).
Este processo de semelhança, além de ser muito útil em nosso dia-a-dia, é um conceito principal da Geometria, pois
permitirá a compreensão das relações entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo. Veja a situação a seguir:

PROBLEMA 4.3
Imagine uma grande corda dividida por nós. Quantos triângulos retângulos diferentes você poderá representar
com toda essa corda, de tal forma que em seus vértices sempre haja um nó?

Já deu para perceber que este problema não possui uma única solução. Pegue esta corda e separe de modo que em
cada pedaço haja sempre múltiplos de 12 nós, tais como 24, 36, 48, etc. Um dos triângulos possíveis com 12 nós, é o triân-
gulo formado com 3, 4 e 5 nós em seus respectivos lados.
Por volta de 1.700 a.C. foram encontradas, na Babilônia, tabelas contendo listas de ternas de números com a proprie-
dade de que um dos números quando elevado ao quadrado era igual à soma dos quadrados dos outros dois.
Exemplo: considere os números naturais 1², 2², 3², 4², 5²,... O exemplo mais famoso deste fato é justamente a Terna
Pitagórica, pois 3² + 4² = 5².
Os pitagóricos, aproveitando as listas dos babilônios, estudaram durante muitos anos a relação destas ternas com o
triângulo retângulo, cujos lados têm comprimentos a, b e c. De modo que encontraram a relação: a² = b² + c². E que ficou
conhecida como o Teorema de Pitágoras22.

22 Pitágoras (570 - 496 a.C.) foi um filósofo e matemático originário da ilha de Samos, no mar Egeu (costa da
Ásia Menor) que na época pertencia à Grécia. Retirado do site: http://www.filosofia.com.br

43
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 13 Ilustração 14

A partir desta relação é possível descobrir se um triângulo é retângulo ou não, pois se os lados respeitarem a igualdade
do teorema de Pitágoras então este é um indício que eles formam um triângulo retângulo.
Entretanto, conforme dito no inicio desse capitulo, os pedreiros tem uma maneira de afirmar que, duas paredes estão
no esquadro. Se você esticar 60 cm de uma corda, do encontro das duas paredes para a extremidade, e fazer o mesmo, mas
esticando 80 cm, a distância entre as duas extremidades será de 1m (100m)! Por quê?

Ilustração 15 Ilustração 16

Para resolver este tipo de problema, usando a matemática, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras no triângulo da
ilustração 16. Os catetos medem 60 cm e 80 cm e a hipotenusa é aquela que desejamos encontrar, assim:

Ilustração 17

Como pôde perceber até agora, a geometria está intimamente ligada com muitas questões do nosso cotidiano e a
partir dela, podemos descobrir caminhos mais fáceis para resolver os problemas do dia-a-dia ou até encontrar explicações
científicas para caminhos que já existem.
Para você ter uma idéia, através do Teorema de Pitágoras é possível recuperarmos o estudo de Áreas das figuras planas.
Acompanhe a ilustração a seguir:

44
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Na ilustração acima, podemos ver que o retângulo está


dividido em 24 quadrados com 1 centímetro de lado. Logo,
a área de cada quadradinho é de 1 centímetro quadrado.
Portanto, a área do retângulo será de 24 cm².
No entanto, vale ressaltar que a base e a altura de-
vem ser medidas na mesma unidade, caso contrário devem
ser feitas às transformações necessárias para que estejam
sempre na mesma unidade.

Diagonais

Ilustração 18

De acordo com a ilustração acima, a área do quadrado


maior é igual à soma das áreas dos outros dois quadrados
(25 = 16 + 9). O lado do quadrado maior indicará a medida
da hipotenusa, da mesma forma que os lados dos outros
quadrados indicarão as respectivas medidas dos catetos.
Pelo teorema de Pitágoras temos 5² = 4² + 3², com 5²
= 25, 4² = 16 e 3² = 9. Assim a área do quadrado será ob-
tida sempre que multiplicarmos dois de seus lados. Como Ilustração 20
o quadrado é um retângulo em particular, então podemos
dizer que o cálculo da área do retângulo seja feito da mes-
ma forma, com a diferença que os lados não terão a mesma Estas idéias de equivalência e soma de áreas são muito
medida. úteis quando usamos figuras planas para preencher um es-
Mas, e para encontrarmos a área de um paralelogra- paço vazio, tal como é feito na construção de um mosaico.
mo? Lembremos que a área de um polígono é medida em Podemos, por exemplo, construir um mosaico através
metros quadrados (m²) ou num dos submúltiplos do me- de triângulos, de tal forma que não haja espaços vazios
tro quadrado, como, por exemplo, o quilômetro quadrado entre eles e nem sobreposição de figuras. Observando que
(km²) e o centímetro quadrado (cm²). Recordemos que a é necessário encaixar os ângulos formando um ângulo de
1m² é a área de um quadrado com 1 metro de lado. medida 180º, para dar meia-volta ou um ângulo de 360º
E por este motivo, teremos que a área de um retângulo para dar uma volta inteira.
(que é um tipo de paralelogramo) será igual ao produto da O pintor Alfredo Volpi (nascido na Itália e emigrado
medida da base pela altura. Veja figura abaixo: junto com seus pais, em 1897, para o Brasil) gostava de
misturar tintas, criar novas cores e utilizar formas geomé-
tricas em suas pinturas. Exemplo disto são as suas bandei-
rinhas multicoloridas, fase onde ocorreu a maior contribui-
ção de Volpi para a arte moderna brasileira.
Veja acima uma de suas pinturas como exemplo de um
mosaico23.
Além da arte, podemos encontrar mosaicos formados
bem mais próximos do nosso dia-a-dia. Basta olharmos
para o piso de casas, lojas, shoppings, etc. Todos eles são
compostos por ladrilhos em formas geométricas.

23 Obra do pintor brasileiro Alfredo Volpi (1896 –


Ilustração 19 1988)

45
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Os artistas que criam esses ladrilhos sabem que polígonos possuem muitos lados. No ensino fundamental, trabalhamos
com a composição de área dos polígonos utilizando triângulos. O mesmo pode ser feito para se estudar as relações entre
os lados de alguns polígonos. Veja a ilustração a seguir:

Ilustração 21

O quadrado acima está dividido ao meio pelo segmento AC. Este segmento é chamado de diagonal, pois liga vértices
que não estão em seguida um do outro.
Além disso, cada um dos triângulos deste quadrado é um triângulo retângulo e, portanto, podemos dizer também que
a diagonal AC é a hipotenusa de um dos triângulos retângulos.
Assim:

Ilustração 22

Esta é a fórmula para se calcular a medida da diagonal de um quadrado com lados medindo L. Por exemplo, se o qua-
drado tiver lado medindo 8 centímetros, então a diagonal medirá . Como a raiz quadrada de 2 é aproximadamente
igual a 1,41 então temos que a diagonal mede aproximadamente 11,28 centímetros.
A diagonal pode ser aplicada em diversos contextos, mas o mais próximo do nosso dia-a-dia diz respeito ao tamanho
dos televisores. Veja a situação a seguir:

PROBLEMA 4.4
Como posso confirmar se as polegadas de um televisor estão corretas?

Segundo o INMETRO24, do adquirir um “televisor de 20 polegadas”, por exemplo, o consumidor poderia supor que a
tela do aparelho possui uma diagonal de 20 x 2,54 = 50,8cm. Isto porque, 1 polegada equivale a 2,54 cm. Essa medida,
entretanto, é a do tubo de imagem.
Ainda segundo relatório divulgado pelo INMETRO, em casa, ao efetuar a medição da tela visível, na diagonal, o consu-
midor obteria um valor aproximado de 48,0cm.
Essa diferença de 2,8cm a menos do que o esperado se torna maior à medida que se aumenta o tamanho da tela. Em
“televisores de 29 polegadas”, a diferença pode chegar a aproximadamente 5,0cm.
Entretanto, o instituto afirma que “os televisores de plasma ou LCD (telas de cristal líquido) possuem outro tipo de pro-
jeto e construção. E nestes modelos, o “tamanho” informado, em polegadas, corresponde à dimensão correta da diagonal
da tela”.

24 Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro - é uma autarquia federal,
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Retirado do site http://www.inmetro.gov.
br/inmetro/oque.asp.

46
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Este é um dos exemplos onde encontramos o termo diagonal em nosso dia-a-dia. Um outro seria, o problema de se
verificar se duas paredes estão dentro de um esquadro. A diagonal formada entre as extremidades de cada linha é a hipo-
tenusa de um triângulo retângulo e, portanto, pode ser facilmente calculada através do teorema de Pitágoras.
Aqui se encerra o estudo de Geometria Plana e a partir daqui você aplicará os conceitos vistos até o momento durante
o estudo da Geometria Espacial.

Geometria Espacial
No ensino fundamental trabalhamos com um poliedro bem conhecido de todos: o Cubo. Citamos também outros
como: Tetraedro, Octaedro, Icosaedro. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nestes outros poliedros e conhecer
outros sólidos geométricos importantes tais como: Cone e Cilindro.
Em nosso dia-a-dia encontramos muitos objetos com o formato de sólidos geométricos: um vaso de plantas, um copo
de lápis, uma latinha de refrigerante, uma bola de futebol, dados, entre tantos outros. Veja as figuras a seguir:

Ilustração 23 Ilustração 24 Ilustração 25

O grupo formado pelos poliedros possui a característica de possuírem somente faces planas. Além das faces, cada po-
liedro possui também outras duas estruturas primárias: aresta e vértice. A aresta é a linha que contorna cada uma das faces.
E o vértice é o ponto de encontro de duas ou mais arestas. Observe a ilustração abaixo:

Ilustração 26

47
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Dentro do grupo dos poliedros, podemos ainda separa-los em outros dois grupos: PRISMAS e PIRÂMIDES. Veja abaixo
um exemplo de cada grupo:

PRISMAS: tem duas bases e três ou mais faces laterais

Ilustração 27

PIRÂMIDES: tem somente uma base e três ou mais faces laterais

Ilustração 28

Como as faces dos poliedros são formadas por polígonos, é possível calcularmos a área das faces usando apenas o
conhecimento obtido até o momento. Ou seja, se quisermos calcular a área das faces de algum prisma (área total), basta
encontrarmos a área de cada figura plana: triângulo, quadrado, retângulo, pentágono, etc. O mesmo acontecendo para as
pirâmides. Veja o exemplo a seguir:

Ilustração 29

48
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Exemplo:
Dado o prisma a seguir, se quisermos calcular a área total do mesmo, teremos que calcular a área de cada uma das
faces e depois somá-las:
As bases ABCD e EFGH são compostas por quadrados, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo de área de um
quadrado (A = lado × lado) e multiplicar por 2, pois são duas áreas com o mesmo valor:
Área de cada base = 4 × 4 = 16cm²
Área das bases = 16 × 2 = 32cm²
Já as faces ADEH, ABEF, BCFG e CDGH são compostas por retângulos, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo
de área de um retângulo (A = base × altura) e multiplicarmos por 4, pois são 4 faces com o mesmo valor:

Área de cada face = 4 × 8 = 32cm² Área das faces = 32 × 4 = 128cm²

Área total = 128cm² + 32cm² = 160cm².

Mas o cálculo de volume em poliedros requer cuidado, pois teremos formas diferentes de encontrar o volume tanto
nos prismas quanto nas pirâmides.
Acompanhe o exercício a seguir para compreender melhor qual é o processo de cálculo do volume de um prisma:

PROBLEMA 4.5
Em uma residência existem ainda algumas caixas de água em formato cúbico.
Imagine que saibamos quais são as dimensões das arestas desta caixa de água.
E calcule o volume de água que pode ser armazenado dentro da mesma.
Como a nossa caixa de água possui o formato de um cubo (ou seja, um tipo de prisma), vamos recordar com era o
processo usado por nós para calcular o volume deste prisma:

“Assim, temos uma fórmula para o cálculo de volume: V = X×Y×Z (onde X,


Y, e Z são respectivamente o comprimento, a largura e a altura).”

Neste caso, ficará fácil calcular o volume desta caixa de água, pois sabemos as dimensões (comprimento, largura e al-
tura) da mesma. Agora, olhando atentamente para esta fórmula, podemos encontrar uma relação que nos será de extrema
importância para o cálculo de volume em prismas, e consequentemente, em pirâmides.
O comprimento e a largura formam a base de qualquer prisma. Sendo assim, podemos reformular esta expressão in-
dicando o valor da área da base:
V = Área da Base × Altura
Esta será a nova maneira de se calcular o volume de um prisma. Mas por quê?
Considere a base como sendo uma folha de papel, destas que usam nas impressoras, a qual é colocada sobre uma
em cima da outra, até atingir uma altura escolhida. O volume nada mais é do que a soma das alturas de cada uma dessas
folhas, ou o mesmo que a multiplicação da altura de uma folha pela quantidade de folhas que estão empilhadas. Veja a
ilustração a seguir:

Ilustração 30

49
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

A pilha de folhas acima, possui 31 folhas. Se conside-


rarmos cada folha com 1 milímetro de altura (para facilitar
os cálculos), nós teremos uma pilha com 31 milímetros de
altura. Logo, o volume desta pilha seria a soma da área
das 31 folhas. Que pode ser obtido multiplicando a área da
base pela altura da pilha.
Em todos os prismas, podemos usar este raciocínio
para o cálculo do volume formado por estes sólidos geo-
métricos.
Porém, no caso das pirâmides teremos que aplicar um
raciocínio um pouco mais elaborado, mas optamos por
uma experiência que pode ajudar a resolver o problema.
Veja na ilustração25 abaixo:

Ilustração 33

a) 10m
b) 50m
c) 26m
d) 32m
e) 45m
Ilustração 31 Solução da atividade 1:Para resolver esta atividade bas-
Imagine uma pirâmide e um prisma (tal como da figu- ta usar o Teorema de Tales: . Multiplicar o número
ra acima) que possam ser completados com algum líquido
colorido. Essa pirâmide possui uma base com o mesmo ta- 30 por 13 e multiplicar o 15 por x, obtendo uma equação do
manho da base do prisma. Ambos terão também a mesma
altura em relação à base. Se enchermos somente a pirâmi- tipo 15x = 390. Esta equação dará como resultado x = 26m.
de e depois despejarmos o conteúdo dela no prisma, des-
cobriremos por experimentação que o volume inteiro da
Resposta: Alternativa C.
pirâmide caberá dentro de 1/3 do volume total do prisma.
Faça em casa!
Podemos concluir então, que o volume de qualquer pi- Atividade 2: Uma árvore de 4,5 metros de altura – com
râmide é dado por: uma copa aproximadamente esférica – recebendo a luz do Sol
em um determinado horário do dia, projeta uma sombra de
5,0 metros de comprimento no chão. Ao mesmo tempo, um
rapaz de 1,7 metros de altura – em pé ao lado desta mesma
árvore – tem a sua sombra projetada no chão com um com-
primento desconhecido. Qual das alternativas a seguir mais se
Ilustração 32 aproxima do comprimento da sombra do rapaz:

Sendo assim, fecharemos o nosso estudo de Geome-


tria Espacial aplicando alguns conceitos trabalhados até
agora em exercícios ligados ao nosso dia-a-dia.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES...


RESOLVIDOS! UFA....

Atividade 1: André, Denise, Beto e Eliane combinaram


de se encontrar na casa de Carolina. Para isto, cada um
faria o caminho em linha reta até a residência dela. Beto
percorreu 15 metros em seu trajeto, enquanto que Eliane
percorreu 13 metros. Sabendo que André deverá percor- Ilustração 34
rer 30 metros, qual distância que Denise percorrerá em seu a) 1,2 metros
trajeto? b) 3,5 metros
c) 0,80 metros
25 Imagem retirada do site: www.educ.fc.ul.pt/ d) 1,9 metros
icm/icm99/icm21/actividades.htm

50
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Solução da atividade 2: a) 4 metros


Para resolver esta atividade, considere os dois triângu- b) 3,5 metros
los a seguir: c) 2,8 metros
d) 6 metros

Solução da atividade 3:
Para resolver esta atividade, vamos considerar o triân-
gulo retângulo formado e já desenhado na figura e aplicar
o teorema de Pitágoras. A medida de 5 metros diz respeito
à medida da hipotenusa, a medida de 3 metros diz respei-
to a medida de um dos catetos. O que devemos descobrir
é quanto vale o outro cateto, logo:
Ilustração 35

Como os ângulos dos vértices C e F são congruentes e


ambos os triângulos possuem um ângulo reto nos vértices
B e E, então podemos dizer que os triângulos ABC e DEF
são semelhantes. Daí a relação de semelhança deve ser:

Ilustração 38

Resposta: Alternativa A.

Atividade 4: Alberto contratou um pedreiro para cons-


truir uma piscina em sua casa. Seus planos são de construí
Ilustração 36 -la em um formato de uma caixa retangular, e de mesma
profundidade. As medidas seriam: 6m, 16m e 1,50m. Sua
Resposta: Alternativa D. intenção é de revesti-la com uma lona, ao invés de utilizar
azulejos, por ser mais barato. Além disso, deseja colocar
Atividade 3: Considere uma escada com 5 metros de um ladrilho – de 40cm×40cm – antiderrapante ao redor
comprimento apoiada em uma parede. O pé da escada se en- da piscina para evitar tombos e escorregões. Pergunta-se:
contra a 3 metros desta parede. A alternativa que indica a dis- a) Quantos metros quadrados de ladrilho serão neces-
tância entre o ponto de apoio da escada na parede e o chão é: sários para a borda da piscina?
b) Quantos metros quadrados de lona serão necessá-
rios para revesti-la, por completo?
c) Qual a capacidade total da piscina (em m³) após a
construção?
d) Se cada ladrilho custa hoje, algo em torno de R$
25,00 por m². Quanto custará para Alberto colocar ladrilho
em volta de toda a borda da piscina?

Solução da atividade 4:
Para resolver esta atividade, vamos recordar que uma
piscina possui profundidade, logo esta caixa retangular a
que o enunciado se refere nada mais é do que um prisma
de base retangular, tal como mostra a figura a seguir:

Ilustração 37

51
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 39

a) O ladrilho citado no enunciado do exercício tem o formato de um quadrado, tal como o quadrado a seguir:

Ilustração 40

Este quadrado possui área de: A = 0,4 × 0,4 = 0,16m².


Para preencher a borda da piscina devemos considerar a seguinte visualização de sua borda:

Ilustração 41

O perímetro desta piscina é de 16 + 6 + 16 + 6 = 44 metros. O que resultará na seguinte quantidade de ladrilhos: 44 ÷


0,4 = 110 ladrilhos. Se tomarmos os 4 ladrilhos de cada canto da piscina, então teremos 114 ladrilhos. Como cada ladrilho
possui uma área de 0,16 m². Então teremos 0,16 × 114 = 18,24 m² de ladrilho para recobrir toda a sua borda.
b) Para encontrarmos a área de lona necessária para recobrir toda a piscina. Devemos encontrar a área de cada parede
e do chão da piscina. Observe figura a seguir:

Ilustração 42

52
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

As áreas de cada região, representadas pelas paredes (2, 3, 4, 5) e pelo chão (1), estão calculadas a seguir, repare que
algumas são iguais (porque será?):

Ilustração 43

O total de lona necessário será a soma destas áreas, portanto, 162 m².
c) Para calcular o volume total da piscina, basta lembrarmos que se trata de um prisma de base retangular e para isto
usaremos a fórmula para o cálculo de volume de prismas. Logo, V = 96 × 1,5 = 144 m³.
d) Se cada ladrilho custa hoje R$ 25,00 por metro quadrado. E sabemos pela letra A que usaremos 18,24 metros qua-
drados de ladrilho. Portanto, o total gasto com ladrilhos será de: 25 × 18,24 = 456 reais.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Como vimos, durante nosso estudo, a geometria espacial pode ser entendida como uma ampliação da geometria
plana. E quando possível, nós podemos transferir os raciocínios do espaço para o plano. No entanto, o ideal é que você
adquira os conhecimentos da geometria espacial manipulando concretamente cada um dos formatos e trabalhando com
as visualizações da geometria em seu dia-a-dia. Pois este tipo de exercício ajudará você a identificar quando se trata da
plana ou da espacial.
Por exemplo, quando dizemos que duas ou mais retas podem ser paralelas, perpendiculares ou concorrentes estamos
considerando este raciocínio feito em um plano. Isto porque, duas retas paralelas no espaço somente serão consideradas
paralelas se não possuírem intersecção e estiverem contidas em um mesmo plano. Veja as figuras a seguir:

Ilustração 44 Ilustração 45

Na ilustração 45 podemos verificar que o segmento AB somente será paralelo ao segmento HG quando tivermos o
plano destacado em cinza que contém os dois segmentos. O mesmo raciocínio pode ser feito para retas perpendiculares
e concorrentes.
No entanto, no espaço podemos considerar também a existência de retas reversas, que são chamadas assim quando
não possuírem intersecção e não existir um único plano que as contenha. Observe a figura a seguir:

Ilustração 46

53
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No caso da ilustração 46, serão reversos os segmentos FG e CD.


Entretanto, existem muitos teoremas da geometria plana que se aplicam ao estudo da geometria espacial. É o caso, por
exemplo, dos teoremas de Tales e Pitágoras. Tales de Mileto, um dos sete sábios da Grécia, foi o fundador da escola Jônica,
uma escola de pensamento dedicada à investigação da origem do universo e de outras questões filosóficas, entre elas a
natureza. A ele foram atribuídas muitas descobertas matemáticas. Acredita-se que seus resultados tenham sido obtidos
mediante alguns raciocínios lógicos e não apenas por experimentação, observação ou até mesmo a intuição.
Esta capacidade de raciocinar logicamente fez com que ele descobrisse uma forma de provar a semelhança ou até
mesmo a congruência entre as figuras geométricas.
Na linguagem usual dizemos que duas coisas são semelhantes quando elas se parecem ou quando possuem proprie-
dades em comum. Assim, dizemos que pessoas, animais e prédios são semelhantes. Não entre si, pois não existem carac-
terísticas que nos permitem dizer que um prédio é semelhante a um cachorro, não é?
Sendo assim, dizemos que dois objetos são semelhantes quando tiverem a mesma forma. E serão congruentes quando
tiverem a mesma forma e o mesmo tamanho. Por exemplo, um quadrado e um triângulo não serão semelhantes e muito
menos congruentes, enquanto que dois quadrados poderão ser semelhantes ou até mesmo congruentes.

Ilustração 47

Pitágoras nasceu na Grécia e ao que tudo indica recebeu instrução matemática e filosófica de Tales. Viajou pelo Egito, Ba-
bilônia e Índia e ao retornar para a Grécia, fundou a Escola Pitagórica, dedicada a estudos religiosos, científicos e filosóficos. A
ele foram atribuídas várias descobertas a respeito das propriedades dos números inteiros e do teorema que leva o seu nome.
Em determinadas situações, o teorema de Pitágoras nos possibilita trabalhar com a geometria plana enquanto estudamos a
geometria espacial. Por exemplo, quando desejamos encontrar o valor da diagonal de um cubo, podemos aplicar o teorema de
Pitágoras. Veja figura a seguir:

Ilustração 48

O estudo de geometria plana deste ponto de vista ajuda você a construir e a entender como utilizar as ferramentas
básicas para compreender, estudar e investigar mais sobre a geometria espacial.
No cálculo de áreas, vimos que pode ser aplicado o mesmo raciocínio usado no plano, só que para cada face de um
poliedro (veja a atividade número 4). O volume seria então, seguindo esta mesma linha de pensamento, a soma das áreas
de cortes finíssimos ao longo de um sólido.
Encerra-se aqui nosso estudo de geometria no ensino médio. Agora você encontrará alguns exercícios que servirão
de preparação para as provas que virão bem como para que você possa verificar se assimilou os conceitos trabalhados na
geometria.

54
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ... Atividade 9. Qual o volume de uma pirâmide que pos-
Atividade 1. Calcule a altura de uma torre de trans- sui um quadrado com 10 cm de lado em sua base e uma
missão de ondas para celular, sabendo que um homem altura de 9 cm?
com 1,75 metros de altura está a 8,4 metros de distância
do pé da torre e que a sombra do homem projetada no Atividade 10. O perímetro26 de um quadrado é 20 cm.
chão mede 4,2 metros. Determine a medida de sua diagonal. Use

Atividade 2. Em uma empresa existe uma escada de HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU!
acesso para o refeitório dos funcionários. Esta escada feita 1) Altura da torre igual a 5,25 metros.
de concreto possui 7 metros de comprimento na horizontal 2) O comprimento aproximado da rampa de acesso é
e 4 metros de altura. Como forma de se adequar à lei de de 8,1 metros.
acessibilidade cujo primeiro artigo diz: “Esta Lei estabelece 3) O outro lado mede 10,8 centímetros.
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessi- 4) A área é igual a .
bilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobi- 5) A área da frente da casa é de 122,5m².
lidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obs- 6) A pirâmide possui 5 vértices, 5 faces e 8 arestas.
táculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na 7) O volume é de 2,25 metros cúbicos.
construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte 8) Serão pintados 10,5 metros quadrados da caixa de
e de comunicação.” A empresa contratou os serviços de um água.
engenheiro para construir uma rampa de acesso junto com 9) O volume da pirâmide será de 300cm³.
a mesma, mas sem destruir a escada existente e sem mexer 10) A medida da diagonal será de 5,6 centímetros.
em suas dimensões. Calcule o comprimento desta rampa.
PRA FIM DE PAPO!
Atividade 3. Se um dos lados de um retângulo mede Caro Aluno,
10 cm. Qual deve ser a medida do outro lado para que a
área deste retângulo seja igual a área do retângulo cujos
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
lados medem 9cm e 12cm?
H1 - Identificar e interpretar fenômenos de qualquer
natureza expressos em linguagem geométrica.
Atividade 4. Qual é a área de um retângulo cuja base
H2 - Construir e identificar conceitos geométricos no
mede S e a diagonal mede D?
contexto da atividade cotidiana.
H3 - Interpretar informações e aplicar estratégias geo-
Atividade 5. A frente de uma casa tem a forma de um
métricas na solução de problemas do cotidiano.
quadrado com um triângulo retângulo isósceles em cima.
Se um dos catetos do triângulo mede 7 metros, qual é a H4 - Utilizar conceitos geométricos na seleção de ar-
área da frente desta casa? gumentos propostos como solução de problemas do co-
tidiano.
H5 - Recorrer a conceitos geométricos para avaliar pro-
postas de intervenção sobre problemas do cotidiano.

Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-


das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
do ENCCEJA, no final da apostila.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-


de um pouco mais, você está construindo um processo de
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

Ilustração 49

Atividade 6. Quantos vértices, faces e arestas a pirâ-


mide a seguir possui?

Atividade 7. Qual é o volume de uma caixa de água


(em forma de paralelepípedo) com as seguintes dimen-
sões: 1 metro de comprimento; 1,5 metros de largura e 1,5
metros de altura?

Atividade 8. Quantos metros quadrados serão neces-


sários para pintar toda a caixa de água do exercício anterior 26 Perímetro: soma da medida de todos os lados
por fora, incluindo a tampa e o fundo? de uma figura

55
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 5 como sendo a distância entre o seu nariz e a ponta de seu


braço esticado. Informações como esta provavelmente não
OS SISTEMAS DE MEDIDAS carecem de verdade, pois a maioria dos padrões da Idade
Média era realmente criada pelos soberanos, primeiros in-
CONSTRUIR E AMPLIAR NOÇÕES DE GRANDEZAS E teressados nas medidas dos valores de seus reinos.28
MEDIDAS PARA A COMPREENSÃO DA REALIDADE E A Mas afinal, o que é medir? Bom, medir é comparar
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO COTIDIANO. grandezas.
Mas o que são grandezas? Grandeza é tudo aquilo que
Luzia de Fatima Barbosa pode ser medido, como comprimento, o tempo, a massa, a
temperatura, a velocidade.
Ilustração 1: Jarda
DO FUNDO DO BAÚ... Com o passar dos anos, com o desenvolvimento da
Como você já deve ter acompanhado em estudos an- sociedade, o homem começa a padronizar as unidades de
teriores, o ato de medir começou há muito tempo atrás. medidas como forma de possibilitar relações entre os di-
Quando ainda não existiam formas padronizadas de ferentes povos, para isso criou-se o Sistema Internacional
unidades de medida, o homem desenvolveu muitas técni- de Unidades (SI) que estabelece algumas unidades de base
cas e habilidades para isso, a partir de suas necessidades. relacionadas a algumas grandezas que iremos conhecer ao
Muitas civilizações utilizavam partes do corpo como longo desse capítulo.
unidades de medida como os pés, os palmos, os braços e Portanto, você vai recordar muitas unidades de medi-
as polegadas, entre outros. das já estudadas, como é o caso do sistema métrico deci-
Vamos acompanhar um pouco de história?27 mal, que foi adotado por vários países e no Brasil desde o
Os egípcios usavam também o cúbito como unidade fim do século XIX que é utilizado para medir comprimen-
de comprimento, que era a distância do cotovelo até a tos. Essas e outras unidades já estudadas irão te ajudar a
ponta do dedo médio. Assim, para evitar confusão provo- entender esse capítulo.
cada por conta da diferença do tamanho entre uma pessoa Bons estudos!
e outra, os egípcios fixaram o cúbito padrão de 52,4 centí- Vejamos algumas situações...
metros, construídos em barras de pedra ou madeira. • Qual é a sua idade?
Acompanhe também a história da jarda... • Qual a distância entre a Terra e o Sol em anos-luz?
• Qual a temperatura de hoje?
• Qual a largura da sala de estar da sua casa?
• Como medir a velocidade de um carro em movi-
mento?
• Como medir o diâmetro de um átomo?
E você já pensou também que em um computador, a
capacidade de armazenamento de dados, como por exem-
plo: no disco rígido, no modem e na placa de vídeo tam-
bém são medidos? E que a unidade de medida usada nes-
se caso é o byte?
Também, podemos citar o decibel-dB (décima parte do
bel) que é usada como unidade de medida do nível de in-
tensidade sonora.
Para que essas situações pudessem ser medidas e
comparadas, foram surgindo unidades padrões que iremos
estudar adiante.

ASSIM OU ASSADO?
Se formos pensar nas diversas situações descritas an-
teriormente, poderíamos pensar, que unidades de medi-
da usar para cada uma delas e ainda, qual instrumento de
Várias versões existem para explicar o aparecimento da medida utilizar. Como por exemplo: a régua, o metro, o
jarda: no norte da Europa, supõe-se que era o tamanho da transferidor, o velocímetro e outros.
cinta usada pelos anglo-saxões e no sul seria o dobro do Veja que para cada grandeza que vai ser medida existe
comprimento do cúbito dos babilônios. Seu valor também um instrumento diferente e próprio para tal.
pode ter sido determinado por Henrique I (reinou na Ingla- Vejamos algumas situações:
terra de 1100 a 1135), que teria fixado o seu comprimento
28 Informações retiradas do site: http://www.fisica.
27 Adaptado do Livro: A Conquista da Matemática, net/unidades/pesos-e-medidas-historico.pdf. Acessado
5ª série. Editora FTD. São Paulo. 2002. em 10 de maio de 2009.

56
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Vamos pensar um pouco no tempo... Potências de 10


1) Um fenômeno foi observado desde o instante 2h • Expoente maior que 0.
30min até o instante 7h 45min. Quanto tempo durou o O expoente da potência de base 10 é positivo e igual
fenômeno? ao número de casas deslocadas, quando a vírgula é deslo-
Observe que as unidades de medida que aparecem cada para a esquerda. Acompanhe alguns exemplos:
nessa situação são: horas e minutos, e a grandeza que está 420 = 4,2 . 10²
sendo medida é o tempo. 52 000 = 5,2 . 104
Então para sabermos a duração total do fenômeno po- Note que foi o que fizemos no resultado do exercício
demos subtrair do tempo final o inicial, acompanhe: anterior.
7h45min – 2h30min, como temos horas e minutos, temos:
7h – 2h= 5h • Expoente menor que 0.
45min – 30 min=15min O expoente da potência de base 10 é negativo e igual
Portanto o tempo de duração foi de 5h15min. ao número de casas deslocadas, quando a vírgula é deslo-
Veja que horas e minutos foram calculados separada- cada para a direita. Veja os exemplos:
mente, e assim faremos em cada situação, quando se trata 0,056 = 56 . 10-3
de unidades de medidas, não podemos misturar num mes- 0,00012 = 1,2 . 10-4
mo cálculo unidades diferentes, entendeu?
Vamos resolver alguns problemas!
2) Em Astronomia29, a distância que a luz percorre no
período de um ano é chamada de ano-luz. Assim, quantos
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES...
metros têm um ano-luz sabendo que a velocidade da luz é
RESOLVIDOS! UFA....
de 300 000 km/s ou, 300 000 000 m/s?
Neste caso as unidades de medida envolvidas são:
ano-luz, quilômetros por segundo, metros por segundos e 1) Um livro possui 200 folhas, que totalizam uma es-
a grandeza que vai ser calculada é a distância. pessura de 2 cm. A massa de cada folha é de 1,2 g e a
Acompanhe... massa de cada capa do livro é de 10 g. Vamos calcular qual
Vamos considerar o ano com 365 dias. é a massa total do livro e ainda, qual a espessura de cada
Como a velocidade da luz está em metros por segundo, ou folha.
seja, a luz percorre a distância de 300 000 000 metros em 1 se- Verifique que estamos trabalhando, nesse caso, com
gundo, temos que ter um ano (365 dias), expresso em segundos. duas unidades de medida: de comprimento e de massa.
Veja: Então vamos pensar em cada caso separado:
Como cada dia tem 24 horas, cada hora 60 minutos e Se cada folha “pesa” 1,2 gramas então nas 200 folhas
cada minuto 60 segundos. Podemos obter este tempo pela temos:
multiplicação desses valores: 1,2 . 200 = 240 gramas
365.24.60.60 = 31 536 000 segundos em um ano. Agora devemos somar as duas capas: 10 + 10= 20 gra-
Então: se a velocidade da luz é de 300 000 000 m/s, mas
pela regra de três, temos No total: 240 + 20 = 260 gramas.
300 000 000 1s Quanto à espessura, temos que dividir a espessura to-
x 31 536 000 s tal, 2 centímetros, pelo número de folhas, assim: 2 ÷ 200
x.1 = 300 000 000.31 536 000 = 0,01 centímetros.
x = 9 460 800 000 000 000 Portanto, a espessura de cada folha é 0,01 cm.
Portando, a distância que tem um ano-luz é 9 460 800
000 000 000 metros. 2) Uma sala possui 5.400 mm de comprimento. Es-
Observe que este valor é muito grande, para isso, exis- creva esse comprimento em metros e em quilômetros, e
te na matemática uma escrita que resolve este tipo de si- diga qual é a unidade de medida mais conveniente para
tuação, chamada notação científica, que permite expressar
medir a sala.
números muito grandes ou muito pequenos, usando po-
Escrevendo em metros, temos que:
tências de base 10, ou seja, potências cuja base é o número
Se cada metro tem 1.000 milímetros, então:
dez, como por exemplo: 102, 104, 10-3. Veja como fica a
5.400 ÷ 1.000 = 5,4 m.
escrita do valor encontrado:
9 460 800 000 000 000 = 9,4608 . 1015 metros. No caso de quilômetros, temos a cada 1 quilômetro
• Observe que o expoente 15 representa as quinze ca- 1.000 metros, então em 5,4 metros:
sas decimais que a vírgula foi deslocada para a esquerda. 5,4 ÷ 1.000 = 0,0054 km.
Explorando um pouco mais30.... Observe que, nesse caso, a unidade mais conveniente
é o metro, pois transmite com mais clareza o comprimento
29 Informações adaptadas do Caderno do Professor, da sala.
7ª série, volume 1-2009, Uma proposta curricular para o
Estado- Governo do Estado de São Paulo. 3) Uma parede tem 7 m de comprimento por 2,75 m
30 Informações adaptadas do Livro: Física, de de altura. Com uma lata de tinta é possível pintar 10 m²
Paulo Ueno. Série Novo Ensino Médio. Volume Único. de parede. Quantas latas de tinta serão necessárias para
Editora Ática. 2006 pintar essa parede?

57
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Bom, temos que nos recordar neste problema do cálculo de área, você se lembra?
Pois bem, neste caso a parede tem a forma retangular, então a área é dada por: A= base x altura.
Portanto:
A= 7 . 2,75= 19,25 m²
Como uma lata é suficiente para pintar 10 m², temos que duas latas pintam 20 m². Então para pintar 19,25 m², duas
latas são suficientes.

4) Um disquete de computador mede 3 polegadas. Sabendo que 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, qual
é a medida do disquete em centímetros?
Neste exercício temos que fazer a conversão de unidades: de polegadas para centímetros.
Acompanhe:
1 polegada 2,54 centímetros
3 polegadas x
Para efetuar os cálculos, vamos usar no lugar de 3 , a sua representação decimal, ou seja, 3,5 polegadas.
Então, usando regra de três simples:
1.x = 3,5 . 2,54
x= 8,89
Portanto, a medida do disquete é 8,89 centímetros.

5) Sabemos que há televisores de vários tamanhos e estes são indicados por polegadas. E você sabia que essa medida
refere-se à medida da diagonal da tela?
De acordo com essa informação, vamos calcular:
a) Qual a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 14 polegadas?
Devemos fazer a conversão das unidades.
Se 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, então:
1 polegada 2,54 centímetros
14 polegadas x
Usando a regra de três simples:
1.x = 14 . 2,54
x= 35,56
Portando, a medida é 35,56 centímetros.

b) Agora é com você! Calcule a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 20 polegadas.


A resposta será 50,8 centímetros.
Depois de resolver este exercício, uma sugestão é que você calcule a medida da diagonal do televisor de sua casa. Depois
do cálculo, você pode medir, com o auxílio de uma régua, a diagonal do seu televisor, confirmando a medida encontrada.
Lembre-se que essas formas de conversão e equivalência você poderá encontrar em livros do Ensino Fundamental.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Como já foi comentado no início deste capítulo, com o passar do tempo, as civilizações foram padronizando os siste-
mas de medidas. Assim, surgiu o Sistema Internacional de Unidades (SI).
Você sabia que... O Brasil adotou o SI em 1962? A Resolução n° 12 de 1988 do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (Conmetro) ratificou a adoção do SI no País e tornou seu uso obrigatório em todo o território nacional31.
Vamos acompanhar as tabelas32 a seguir que mostra as sete unidades base, cada uma correspondente a uma grandeza:

Grandeza Unidade Símbolo


Comprimento Metro M
Massa Quilograma Kg
Tempo Segundo S
Intensidade de corrente elétrica Ampère A
Temperatura termodinâmica Kelvin K
Quantidade de matéria Mol mol
Intensidade luminosa Candela Cd

31 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.
32 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.

58
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Hoje em dia são muito usadas unidades correspondentes a múltiplos e submúltiplos dessas unidades e outras, como
por exemplo:

Grandeza Nome Símbolo Valor em unidade do SI

quilômetro Km 1 km = 1000 m
decímetro dm 1 dm = 0,1 m
Comprimento
centímetro cm 1 cm = 0,01 m
milímetro mm 1 mm = 0,001 m

Minuto Min 1 min = 60 s


Tempo hora h 1h = 60 min = 3600 s
dia d 1 d = 24 h = 86 400 s

Grau °
1°= rad

Ângulo plano minuto ’


1’ = °= rad

segundo ”

1” = ’= rad

Volume Litro ℓ ou L 1ℓ = 1 dm³ = 10-3 m³

Tonelada T 1 t = 1000 kg
Massa
Grama G 1 g = 0,001 kg

Note que, nesta última tabela, temos várias unidades que conhecemos, como as unidades de comprimento, tempo,
volume e massa, que foram derivadas de suas relações com aquelas unidades padrões do Sistema Internacional.
A seguir, vamos acompanhar algumas unidades de medidas.

Comprimentos, áreas e volumes...


Como medidas de comprimento, conhecemos o metro como unidade padrão e, com relação a ele, os múltiplos e sub-
múltiplos, como mostra o quadro a seguir:

Múltiplos Unidade Submúltiplos


quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
Km hm dam M dm cm mm
1000 m 100 m 10 m 1m 0,1 m 0,01 m 0,001 m
Agora imagine que se queira medir coisas menores do que a espessura de uma folha de papel? Pois então, hoje em dia já
existe a nanotecnologia, que envolve o estudo de matérias no nível dos átomos e das moléculas. Temos que essa dimensão é
da ordem de 0,000 000 001 metro, ou seja, 10-9m, portanto o nano significa a bilhonésima parte de uma unidade de medida.
Bom, e o que fazer para determinar distâncias muito grandes?
Para isso temos o ano-luz, que é a distância que a luz percorre em um ano, sabendo que a velocidade da luz no vácuo
é de, aproximadamente, 300 000 km/s, que serve para determinar, por exemplo, a distância entre uma estrela e a Terra.

59
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Relações entre unidades


Vamos relacionar as unidades de medidas de comprimentos, áreas e volumes. Acompanhe:
A unidade de medida padrão para comprimento é o metro. Logo, a unidade padrão para cálculos de superfície é o
metro quadrado, que é a medida correspondente à superfície de um quadrado de 1 metro de lado. Veja a figura:

Logo, o cálculo da área fica 1m.1m = 1 m².

Assim, tendo formado uma figura tridimensional com a medida de 1 m de aresta, temos:

Ilustração 2

Calculando o volume, obtemos: 1m.1m.1m = 1 m³.


Relacionando volume e capacidade, destacamos que:
O volume de um cubo de 1 dm de aresta, que é 1 dm³, equivale a 1 litro.
Na figura, como temos um volume de 1 m³, então:

1 m³ = 1000 dm³ = 1000 litros

E ainda podemos destacar as seguintes relações:


Se 1 m é igual a 10 dm, então 1 m³ é igual a 1000 dm³.
E mais, se 1 m equivale a 100 cm, então 1 m³ equivale a 1000 000 cm³.
Como fizemos a relação que existe entre as unidades de medida de volume com a capacidade, vejamos alguns múlti-
plos e submúltiplos do litro:

Múltiplos Unidade Submúltiplos


Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro centilitro mililitro
Kl Hl Dal L Dl cl ml
1000 l 100 l 10 l 1l 0,1 l 0,01 l 0,001 l

Medindo arcos de circunferência...33

33 Textos adaptados do livro: Matemática Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz, Editora

60
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Um arco de circunferência é formado por um segmen- Temos que:


to qualquer da circunferência, limitado por dois de seus 1) um grau corresponde a 60 minutos, ou seja, divi-
pontos distintos. Veja na figura a seguir, o arco menor AB, dindo-se um arco de 1° em 60 partes iguais, cada um dos
limitado pelos pontos A e B; o ponto D está localizado no arcos corresponde a um arco de um minuto (1’). (utilizare-
arco maior, denotado por ADB (frequentemente usa-se mos o símbolo 60’).
três letras para representar o arco maior). 2) Por sua vez, um minuto corresponde a 60 segun-
dos, ou seja, dividindo-se um arco de 1’ em 60 partes
iguais, cada um desses arcos corresponde a um arco de
um segundo (1”) (utilizaremos o símbolo 60’’).
Concluindo: 1° = 60’ e 1’ = 60 “
Portanto, se tivermos um arco de medida expressa em
graus, minutos e segundos, teremos a seguinte represen-
tação:
Exemplo: 25°30’50”
Veja outro exemplo: Escrever 18,5° usando os submúl-
Ilustração 3 tiplos.
Temos que: 18,5° = 18° + 0,5°
Se A coincide com B, temos um arco de uma volta ou Bom, se um grau corresponde a 60’, então a metade de
um arco nulo. um grau corresponde a 30’. Então a medida desse ângulo
Todo arco de circunferência tem um ângulo central que pode ser expressa por 18° 30’.
o subtende.
O Radiano
No exemplo acima temos:
O arco de 1 radiano é o arco cujo comprimento
Arco menor: Arco: AB é igual à medida do raio da circunferência que o
Ângulo central: AÔB contém.

Arco maior: Arco ADB Podemos dizer que um arco de um radiano (1 rad) é
Ângulo central AÔB um arco cujo comprimento retificado é igual ao raio da cir-
cunferência, ou seja, se temos um ângulo central de medi-
Contudo, temos que a medida de um arco é a medida da um radiano, então ele subtende um arco de medida um
do ângulo central que o subtende, independentemente do radiano (lembre que a medida do arco é igual à medida do
raio da circunferência que contém o arco. Como unidade ângulo central) e comprimento de 1 raio. Assim, se temos
de medida do arco usa-se o grau e o radiano. Já o com- um ângulo central de medida 2 radianos, então ele sub-
primento do arco, é a medida linear do arco, sendo usadas tende um arco de medida 2 radianos e comprimento de 2
como unidades de medida o metro e o centímetro. raios. Agora, se tivermos um ângulo central de medida α
Explorando um pouco mais essas medidas de arco... radianos, então ele subtende um arco de medida α radia-
Existem dois tipos de medições desses arcos: a medida nos e comprimento de α raios. Assim, ℓ = α r se a medida
linear, que consiste em medir o comprimento entre suas α do arco for dada em radianos.
extremidades e a medida angular, que consiste em calcu- Relacionando o comprimento ℓ e a medida α (em
lar a medida do ângulo central correspondente a esse arco. graus) do arco, temos que:
As unidades usadas para determinar esse ângulo são o
grau e o radiano. Vejamos com mais detalhes essas uni- α= , ou seja, α é o número de vezes que r “cabe” em ℓ.
dades de medida.
Vale ressaltar que a medida angular de um arco, em
O grau
radianos, só é numericamente igual ao comprimento desse
O grau é definido pela divisão da circunferência em
360 partes iguais. Cada uma dessas partes equivale a um arco se r = 1.
grau (1°), portanto, em uma circunferência temos 360°.
Podemos conhecer também os múltiplos e submúlti- E ainda: ℓ = . 2πr, pois = . Com α em
plos do grau, que servem para os casos em que a medida
de um ângulo não for um número inteiro de grau, ou seja,
a medida é menor que um grau inteiro. São eles: o minuto radianos, temos: ℓ = αr, pois = .
e o segundo.
Fazendo a conversão de graus para radianos, temos:

Saraiva, São Paulo, 2007 e Matemática, de Luiz Roberto


Dante, Editora Ática, São Paulo, 2008.

61
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Medida em graus Medida em radianos


a α
180 π

E assim serão feitas as conversões, ou seja, usando a regra de três simples.

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 1: Transforme:
a) 3m + 400 cm em centímetros;
b) 140 mm em metros;
c) 80 g em quilogramas;
d) 1h + 30 min em segundos;

Atividade 2. Usando uma régua, como você mediria a espessura de uma folha de um livro com a maior precisão possível?

Atividade 3. Pense em alguns acontecimentos... Faça uma lista de fatos relacionando as unidades que foram usadas
para marcar esse tempo, tais como: dias, meses, semanas, anos, séculos... analise o fato que diferentes acontecimentos
exigem uma unidade diferente.

Atividade 4. Qual é a distância entre a Terra e o Sol, em anos-luz, sabendo-se que essa distância expressa em metros
é de, aproximadamente, 150 000 000 000?

Atividade 5. Converter em radianos:


a) 45°
b) 72°
c) 36°
d) 135°
e) 240°
f) 600°

Atividade 6. Converter em graus:

a) rad

b) rad

c) rad

Atividade 7. Qual a capacidade, em metros cúbicos, de um recipiente de 300 ℓ.

Atividade 8. Dê os seguintes valores em unidades do SI.


a) 8 km
b) 6 min
c) 7 h
d) 4 t
e) 3200 g

Atividade 9. Calcule, em radianos, a medida do ângulo central correspondente a um arco de comprimento 15 cm


contido numa circunferência de raio 3 cm?

Atividade 10. Considere essas informações e depois responda34.


A capacidade de armazenamento de dados em disquetes, CDs e em memória de computadores é medida em bytes.

34 Atividade retirada do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª série). Editora responsável: Juliane Matsubara
Barroso. Organizadora: Editora Moderna.2006.

62
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Conheça algumas relações entre unidades de medida HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU
de armazenamento de dados usadas na informática.
1 Kilobyte ou Kbyte ou KB é igual a 1 024 bytes. 1. a) 700 cm
1 Megabyte ou Mbyte ou MB é igual a 1 024 Kilobytes. b) 0,14 m
1 Gigabyte ou Gbyte ou GB é igual a 1 024 Megabytes. c) 0,08 kg
1 Terabyte ou Tbyte ou TB é igual a 1 024 Gigabytes. d) 5400 s
A capacidade de armazenamento de dados de um dis-
quete é de 1,44 MB e a de um CD é de 740 MB. Quantos 2. Medindo a espessura do livro (exceto as capas) e
disquetes seriam necessários para armazenar todos os da- dividindo o resultado pelo número de páginas.
dos de um CD?
3. Resposta pessoal. Pesquisa.
Atividade 1135. Nas olimpíadas, uma das provas de ci-
clismo é chamada “estrada contra o relógio”. Nela, os ciclis- 4. 0,0000158 anos-luz ou, em notação científica, 1,58
tas largam um de cada vez, em intervalos de 90 segundos, . 10-5 anos-luz.
para percorrer uma distância de 45 800 metros. Quem faz
o menor tempo ganha a corrida.
a) Se o primeiro ciclista sair às 9h 45min 24s, a que 5. a) rad
horas sairão o segundo e o terceiro ciclistas?
b) Associe o tempo dos três primeiros colocados ao
respectivo lugar no pódio: b) rad
• Fábio demorou 1 hora, 1 minuto e 57 segundos
para completar a prova;
• César demorou 3719 segundos; c) rad
• João demorou 61 minutos e 58 segundos.

Atividade 12. Um condomínio compra água de uma


empresa para encher duas piscinas, com capacidade para d) rad
36000 litros e 15000 litros. Essa empresa sempre leva a
água em caminhões-pipa com capacidade de 10 m3. Quan-
tos caminhões são necessários para levar a água ao con-
domínio? e) rad

Atividade 13. Elias quer construir uma piscina em seu


sítio, numa área retangular de 3 metros de largura e 5 me- f) rad
tros de comprimento. Qual deverá ser a profundidade des-
sa piscina se ele que caibam 30000 litros de água? Lembre-
se! O cálculo do volume de um paralelepípedo é dado pela 6. a) 30°
fórmula: V = a . b . c (onde a representa o comprimento, B
representa a largura e c representa a altura, ou a profundi- b) 120°
dade, no caso da piscina).
c) 18°
Atividade 14. O carnaval de Olinda atrai todo ano mais
de 1 milhão de foliões para as ruas e ladeiras dessa cidade 7. 0,3 m³
pernambucana. Mais de 500 agremiações – entre blocos,
troças, afoxés, maracatus, clubes de bonecos e escolas de 8. a) 8 000 m
samba – animam esses foliões.
Considerando que uma das ruas ocupadas por esses b) 360 s
foliões tem aproximadamente 100 metros de comprimen-
to e 15 metros de largura, estime quantos foliões podem
ocupar essa rua. c) 25 200 s
Obs.: Para fazer a estimativa de uma multidão, existe
um padrão internacional de contagem: Considera-se que 4 d) 4000 kg
pessoas ocupam uma área de 1 m2. Então, em uma área de
10.000 m2, por exemplo, há 40.000 pessoas. e) 3,2 kg

35 As atividades 11 a 14 foram retiradas e/ou 9. 5 rad.


adaptadas do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª
série/6º ano). Editora responsável: Juliane Matsubara 10. 514 disquetes.
Barroso. 2ª Edição – São Paulo: Moderna, 2007.

63
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

11. a) 2º ciclista: às 9h 46min 54s; 3º ciclista: às 9h 48 Capítulo 6


min 24s
GRANDEZAS E PROPORCIONALIDADE:
b) Fábio (1º lugar), João (2º lugar) e César (3º lugar)
OLHANDO PARA O COTIDIANO
12. 6 caminhões
CONSTRUIR E AMPLIAR NOÇÕES DE VARIAÇÃO DE
13. 2 metros de profundidade GRANDEZA PARA A COMPREENSÃO DA REALIDADE E A
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO COTIDIANO.
14. 6000 foliões.
Fernando Luis Pereira Fernandes
PRA FIM DE PAPO!
Caro Aluno, DO FUNDO DO BAÚ
Que tal começarmos com uma aula falando de comida?
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de: Aí vai uma receita de Bolo Gelado!

H1 - Identificar e interpretar registros, utilizando a no- Bolo gelado36


tação convencional de medidas. 12 porções
H2 - Estabelecer relações adequadas entre os diversos Ingredientes
sistemas de medida e a representação de fenômenos natu- 4 ovos
rais e do cotidiano. 2 xícaras de açúcar
H3 - Selecionar, compatibilizar e operar informações 3 xícaras de farinha de trigo
métricas de diferentes sistemas ou unidades de medida na 1 copo de suco de laranja ( 250ml)
resolução de problemas do cotidiano. 1 colher de sopa de fermento em pó
H4 - Selecionar e relacionar informações referentes a
estimativas ou outras formas de mensuração de fenôme- Para a cobertura:
nos de natureza qualquer, com a construção de argumen- 1 garrafa pequena de leite de coco
tação que possibilitem sua compreensão. 1 garrafa de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco
H5 - Reconhecer propostas adequadas de ação sobre a como medida)
realidade, utilizando medidas e estimativas. 1 lata de leite condensado
1 pacote de coco ralado sem açúcar
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova Modo de Preparo
do ENCCEJA, no final da apostila. 1. Na batedeira bata as claras em neve
2. Acrescente o açúcar e bata por mais uns 3 minutos
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- 3. Coloque as gemas, o trigo, o suco e continue batendo
de um pouco mais, você está construindo um processo de até formar uma massa homogênea
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! 4. Por último ponha o fermento, bata por mais 40 se-
gundos na menor velocidade da batedeira
5. Despeje a massa numa forma média e untada
6. Asse em forno pré-aquecido em temperatura média
por aproximadamente 40 minutos ou até dourar

Cobertura:
1. Misture bem numa tigela o leite de coco, o
leite e o leite condensado
2. Reserve
3. Assim que o bolo tiver assado, retire do for-
no e fure toda a sua superfície com garfo ou faca, assim a
cobertura penetrará bem
4. Com o bolo ainda quente e já furado despe-
je a cobertura sobre ele
5. Salpique o coco ralado por cima
6. Leve à geladeira por aproximadamente 3
horas
36 Receita extraída de http://tudogostoso.uol.com.
br/receita/2313-bolo-gelado.html. Data: 07 de Fevereiro
de 2009.

64
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

7. Corte o bolo em quadradinhos do tamanho que preferir e embrulhe com papel alumínio
8. Conserve na geladeira
9. Se o leite tiver fresquinho o bolo pode durar até 1 semana, isso se não acabarem com ele bem antes
Observe no início da receita o seu rendimento. Caso quisesse aumentar o número de porções para 24, qual seria a
quantidade de ingredientes para o bolo completo?
E se desejasse fazer a metade da receita, quantas porções e qual a quantidade de ingredientes necessários para a pro-
dução?
Qual a relação entre a quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos?
Bom, é simples querer fazer um bolo com 24 porções. Afinal, a receita anterior indica que o rendimento é de 12 por-
ções. Para se produzir uma receita com 24 porções, basta multiplicar por 2 todos os ingredientes. E para produzir 6 porções,
é só dividir a quantidade de ingredientes por 2. Assim, temos:

Quantidade de ingredientes para 24 porções: Quantidade de ingredientes para 12 porções


8 ovos 2 ovos
4 xícaras de açúcar 1 xícara de açúcar
6 xícaras de farinha de trigo 1 1/2 xícara de farinha de trigo
2 copos de suco de laranja ( 500ml) 1/2 copo de suco de laranja ( 125ml)
2 colheres de sopa de fermento em pó 1/2 colher de sopa de fermento em pó
Para a cobertura: Para a cobertura:
2 garrafas pequenas de leite de coco 1/2 garrafa pequena de leite de coco
2 garrafas de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco 1/2 garrafa de leite ( utilize a mesma garrafa do leite de coco
como medida) como medida)
2 latas de leite condensado 1/2 lata de leite condensado
2 pacotes de coco ralado sem açúcar 1/2 pacote de coco ralado sem açúcar

Também é questionada a relação da quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos. Note que, na receita princi-
pal, são 2 xícaras de açúcar para 4 ovos.
Essa análise pode ser feita também com as outras receitas: para a receita de 24 porções, são 4 xícaras de açúcar para 8
ovos e, na de 6 porções, é uma xícara para 2 ovos.
O que você notou nas quantidades em cada uma das relações anteriores?
Veja que a relação entre a quantidade de açúcar e o número de ovos, independente da quantidade empregada, é sem-
pre a mesma: o número de ovos é sempre o dobro da quantidade de xícaras de açúcar (ou o contrário, a quantidade de
xícaras de açúcar representa a metade da quantidade de ovos).
Podemos escrever essas conclusões em uma tabela, para verificando a relação entre a quantidade de açúcar e ovos:

Rendimento 12 Rendimento 24 Rendimento 6


Ingredientes
porções porções porções
Açúcar 2 4 1
Ovos 4 8 2

Utilizando uma linguagem matemática, podemos reescrever os valores que estão na tabela na forma de fração:

Uma outra situação...

65
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Veja a reportagem retirada do site UOL Empregos37

CONCURSO DA PRF: MT TEM 509 CANDIDATOS/VAGA; NO PA SÃO 434


05/09/2008 - 16h58
Da Redação
Em São Paulo
O Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos) divulgou nesta sexta (5) a concorrência no concurso da PRF
(Polícia Rodoviária Federal). Em Mato Grosso, são 74.318 candidatos para 146 vagas: 509,03 inscritos para cada
posto em disputa. Para as 194 vagas do Pará, estão inscritos 84.363: 434,86 candidatos/vaga.
O número total de candidatos -- 158.681 -- já havia sido anunciado, junto com os locais de prova, na terça (2). O
exame está marcado para o próximo dia 14, às 14h.
A seleção oferece 340 vagas no cargo de policial rodoviário federal (ensino médio). O salário inicial é de R$ 5.238,94.
A prova será realizada nas capitais dos Estados da região Norte e do Centro-Oeste, na cidade de Santarém (PA) e no
Distrito Federal.

Decisão da Justiça
O exame foi suspenso em dezembro de 2007, dois dias antes da aplicação, por suspeita de fraude. Neste ano, a Polícia
rescindiu o contrato com o NCE (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro), então
organizador do concurso, e repassou a execução para o Cespe. Estavam inscritos mais de 122 mil candidatos.
As inscrições para o concurso foram reabertas em 28 de julho e se encerraram em 13 de agosto, obedecendo à decisão
da 2ª Vara Federal em Cuiabá (MT). A Justiça atendeu pedido do MPF (Ministério Público Federal), que, por meio de
ação civil pública, identificou irregularidades na seleção.
No edital de abertura, a polícia pedia, como requisito para tomar posse do cargo, apresentação de certidão negativa
de protesto de título em um período de cinco anos e teste de gravidez para as mulheres. Agora, a Polícia ainda pede
certidões, mas não mais negativas.

Nova avaliação.
As provas objetivas e de redação terão a duração de quatro horas e 30 minutos. Os exames, obedecendo ao primeiro
edital, terão 80 questões de múltipla escolha.
A primeira fase do concurso público terá ainda exame de capacidade física, exames médicos e avaliação psicológica.
A segunda fase será o curso de formação profissional.
É recomendável confirmar datas e horários para se prevenir de alterações posteriores à publicação deste texto.
Outros dados podem ser obtidos no site da instituição organizadora, o Cespe.

Após a leitura da reportagem, fica claro o que significa 504 candidatos/vaga? O que representa? Como se obtém esse
valor?

ASSIM OU ASSADO?
Na reportagem anterior, é questionando o significado de 504 candidatos/vaga. Em um concurso para o estado de Mato
Grosso do Sul, com 74.318 candidatos, disputando 146 vagas, quando relacionamos as grandezas quantidade de candidatos
e quantidade de vagas, obtemos:

Essa relação é chamada de razão. Nesse caso, temos a razão entre o numero de candidatos e o numero de vagas dis-
poníveis. Uma razão é uma fração, que representa também uma divisão. Então temos:
74318: 146 509,027

Esse número representa o número de candidatos disputando uma vaga! Realmente, esse concurso foi muito disputado!

Na primeira situação proposta no capítulo, vimos a relação entre a quantidade de açúcar e ovos na receita do Bolo
37 Retirado de http://noticias.uol.com.br/empregos/ultnot/2008/09/05/ult880u7352.jhtm. Data 07 de Fevereiro
de 2009.

66
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Gelado. A relação também é uma razão, pois há uma comparação entre as grandezas (tudo o

que pode ser medido) referentes à quantidade de açúcar e à quantidade de ovos.

Quando estabelecemos uma igualdade entre duas razões, podemos afirmar que há uma proporção.
Um exemplo de proporção é:
38
Observe a promoção anunciada por um feirante:
“Aproveite! Quatro carambolas por apenas 3 reais”.
Calcule o preço de:
a) 6 carambolas
b) 10 carambolas
c) 15 carambolas

Onde há a proporção? Primeiramente, vamos identificar a razão , isto é, a relação entre

a quantidade de carambolas e o valor a ser pago, em reais. No problema, o feirante diz que são 4 carambolas por 3 reais.

Assim, a razão é: (Lê-se: quatro para três). Agora, caso uma pessoa queira comprar 6 carambolas, temos a seguinte
situação:

Quantidade de Carambolas 4 6

Valor a Pagar (em Reais) 3 ?

Note que é preciso descobrir quanto a pessoa pagará por 6 carambolas. Usando o raciocínio de proporção, sabemos
que, ao comprar 2 carambolas, uma pessoa pagaria R$ 1,50 ( afinal, é a metade!) Assim, por 6 carambolas, uma pessoa
pagará, no total, R$ 4,50. Será que não haverá outras maneiras para representar essa situação? Nesse capítulo, veremos
diversas situações em que o cálculo que realizamos agora, não será tão simples assim...

Podemos interpretar da tabela anterior que temos duas razões: .

Como a relação entre elas é constante, podemos afirmar que . Uma propriedade interessante que ocorre

com as proporções é a existência de uma constante de proporcionalidade.

O que seria isto?

38 Problema retirado de Matemática – 6ª série: Coleção Idéias e Relações. Autores: Cláudia Miriam Tosatto,
Edilaine do Pilar F. Peracchi e Voleta Stephan. Editora Positivo, 2005, 2ª Edição.

67
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Note que o valor 1,50 é multiplicado por 4, para encontrar 6, e o mesmo ocorre com o 3, que ao ser multiplicado por
1,50, obtém 4,50. Isso sempre acontece em relações de proporcionalidade direta. Veremos a seguir o que isto significa.
Em uma indústria, certa máquina produz 250 peças por hora. Quantas horas essa mesma máquina terá de trabalhar
para produzir 1500 peças?
Vamos dispor as informações em uma tabela, relacionando as grandezas quantidade de peças e tempo:

Quantidade de Peças Tempo (H)


250 1
1500 ?

Alguns questionamentos... Se eu aumentar a quantidade de peças o que deve acontecer com o tempo? Vai levar mais
ou menos tempo para produzir 1500 peças?
Como levará mais tempo, podemos afirmar que a relação entre a produção de peças e o tempo é de uma proporciona-
lidade direta, ou ainda, que as grandezas quantidade de peças e tempo são diretamente proporcionais. Podemos encontrar
o tempo necessário para produzir 1500 por diversas maneiras. Uma delas é verificar por quanto devo multiplicar 250 para
obter 1500:

Quantidade de Peças tempo


250 1
1500 ?

Logo, o tempo necessário para produzir 1500 peças será de 6 horas. Mas, não é a única forma de encontrar o tempo...
Podemos, a partir de uma propriedade existente nas proporções, a qual chamamos de Regra de Três, obter o mesmo re-
sultado.
Reescrevemos os valores presentes na tabela, dispostos em frações (ou razões):

Chamamos de Regra de Três, pois temos três valores e estamos à procura do 4 º valor, o qual representamos por x (o
número a ser descoberto).
O procedimento é “multiplicar os valores em cruz”, isto é, multiplicamos os valores extremos e os valores dos meios.
Como isso funciona?

A seguir, efetuamos a equação:


250 . x = 1500 . 1
250x = 1500

x=

x=6

Agora, um outro problema que envolve proporcionalidade:


O premio da Loteria Federal está acumulado em R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais). Determine os valores a se-
rem recebidos por acertador caso o número de ganhadores seja:
a) 2
b) 5
c) 10

68
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

A partir da tabela a seguir, poderemos descobrir quanto cada um dos ganhadores receberá:

Quantidade de Ganhadores Valor do Prêmio (em reais)


1 12 000 000
2 ?

O que acontecerá com o prêmio, caso dobre a quantidade de ganhadores?


O valor do prêmio para cada um dos premiados será a metade do valor principal. Ao contrário da proporcionalidade
direta, nesse caso, quando uma das grandezas aumenta, a outra diminui na mesma proporção.
Assim, o prêmio será de R$ 6.000.000,00 para cada um.
Isso ocorrerá com os demais valores: para 5 ganhadores, teremos R$ 12.000.000,00 5. Logo, o valor a ser recebido
por premiado é de R$ 2 400 000.
Mas, será que é possível utilizar a regra de três em uma proporcionalidade inversa?
A partir da tabela anterior, montamos a proporção:

Ao resolver, utilizando a multiplicação em cruz, temos:


1 . x = 2 . 12 000 000
x = 24 000 000
Note que o valor encontrado está incorreto, pois resolvemos o problema anteriormente e tínhamos encontrado o re-
sultado 6.000.000.
O que será que está errado?
Como a proporcionalidade que estamos tratando é inversa (lembre-se, quando uma das grandezas aumenta, a outra
diminui na mesma proporção), é preciso inverter a ordem de um dos parâmetros. Logo, a proporção que era

ficará assim:

Resolvendo a proporção, utilizando a Regra de Três, temos:


2 . x = 1 . 12 000 000
2x = 12 000 000
x = 12 000 000

Assim, podemos utilizar a regra de três quando a proporcionalidade for inversa. A proporcionalidade inversa também
pode ser chamada por grandezas inversamente proporcionais.
Apesar das situações apresentadas serem referentes à proporcionalidade, nem tudo tem proporção. Por exemplo, uma
criança que possui uma idade de 9 anos possui uma altura de 1,35m. Quando ela tiver 18 anos, qual será a sua altura?
Note que, no problema, somos levados a pensar que, ao dobrar a idade (de 9 anos para 18), encontraremos uma altura
que corresponda ao dobro da sua altura atual (de 1,35m para 2,70m), o que seria um absurdo.
Imagine a altura dessa pessoa quando tivesse seus 81 anos...

69
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Porcentagem
A porcentagem, já estudada no Ensino Fundamental, pode ser interpretada como sendo uma razão. Sabe-se que a
porcentagem é uma razão entre a parte e o todo (os 100%).
Por exemplo, quando você se depara com a seguinte manchete:
“ De cada três matérias produzidas no Congresso, apenas uma tem relevância39”, qual será a porcentagem de
matérias que não tem relevância para o país?
Como há uma matéria relevante para cada três matérias produzidas, têm-se duas matérias irrelevantes. Para encontrar
a porcentagem que essas matérias irrelevantes representam, é preciso relacioná-las como razão:

Duas matérias em um total de três matérias é o mesmo que (dois para três).

Entendemos que o total (isto é, 100%) seriam as três matérias.

Matérias Porcentagem
3 100
2 X

Utilizando a Regra de três, temos:

3x = 2 . 100
3x = 200

x=

x = 66,66...%

Logo, a porcentagem é de aproximadamente 66,6%.


Entretanto, não é a única maneira de encontrar a porcentagem a partir de uma razão. Como a razão entre as matérias
irrelevantes e o total de matérias produzidas é de 2 para 3, podemos dividir 2 por 3.
2 : 3 = 0,66...
Se ignorarmos as demais casas decimais do número 0,66... (0,66), podemos reescrevê-lo como sendo 0,66 =

. Assim, corresponde a 66%, isto é, em um grupo de 100 matérias produzidas pelo Congresso Nacional,

aproximadamente 66 não têm relevância para o país.

A seguir, a manchete de uma outra reportagem trata da crise econômica mundial, iniciada no final do ano de 2008:
“Crise afeta oito em cada dez empresas brasileiras, diz pesquisa da CNI40”

Podemos utilizar o mesmo raciocínio para encontrar a porcentagem. Se, de cada 10 empresas, 8 são afetadas pela crise,

é o mesmo que 8 está para 10, ou ainda .

39 Notícia extraída de http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1009055/de-cada-tres-materias-produzidas-no-


congresso-apenas-uma-tem-relevancia - Arquivo capturado em 02 de Maio de 2009.

40 Notícia extraída de http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1040260-9356,00-CRISE+AF


ETA+OITO+EM+CADA+DEZ+EMPRESAS+BRASILEIRAS+DIZ+PESQUISA+DA+CNI.html Arquivo capturado em
02 de Maio de 2009.

70
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Como corresponde a ( = ) são frações equivalentes! Observe que o numerador e o denomina-

dor foram multiplicados por 10), descobrimos que 80 % das empresas brasileiras foram afetadas pela crise.

É claro que também é possível obter a porcentagem a partir da regra de três:

Empresas Porcentagem
10 100
8 X

10x = 8 . 100

10x = 800

x=

x = 80%

No cotidiano, encontramos diversas situações que envolvam grandezas proporcionais e porcentagem. Mais ainda,
quando envolve cálculos no comércio e no mercado financeiro, pois a partir da porcentagem, é possível calcular os juros
cobrados quando se realiza o financiamento de mercadorias, ou ainda, para saber o rendimento obtido a partir de investi-
mento realizado na caderneta de poupança.
Um exemplo disso é o problema a seguir:
(CESU/2007) Luis aplicou R$ 2.500,00 à taxa de 2% ao mês, durante 5 meses. Considerando um regime de juros simples,
ele receberá, de juros,
a) R$ 145,00
b) R$ 300,00
c) R$ 350,00
d) R$ 250,00

No problema, aparece a expressão “juros simples”. Quando se trata desse tipo de juros, o rendimento é calculado a
partir do capital inicialmente investido.
O capital é de C = 2500, os juros são de 2% ao mês e o tempo em que o dinheiro ficará investido é de 5 meses.
Calculemos 2% de 2500.

2% de 2500 = . 2500 =

= 50

Assim, renderá R$ 50,00 por mês. Em um total de 5 meses, o rendimento obtido foi de
5 . R$ 50,00 = R$ 250,00
Resposta: Alternativa D.
Entretanto, não é bem assim que os juros são calculados na maior parte das vezes. A caderneta de poupança é um
exemplo disso.
Vamos supor que uma pessoa investiu R$ 3000,00 na caderneta e o rendimento mensal seja de 1% ao mês.
Ao final do primeiro mês, o valor que constará na caderneta será de:

1% de 3000 = . 3000 =

Assim, 3000 + 30 = 3030,00

71
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No final do segundo mês, os juros serão calculados pelo valor total que estiver na poupança, isto é, do valor investido
mais os juros do 1º mês:

1% de 3030 = . 3030 =

Também podemos calcular 1% de 3030, fazendo 0,01 . 3030 = 30,30

(LEMBRE-SE! 1% = )

Assim, os juros obtidos no 2º mês foram de R$ 30,30.


Note que, diferente do primeiro exemplo, nesse caso, os juros não são valores fixos, pois muda o capital calculado.
Observe a tabela a seguir com alguns valores, após 4 meses de investimento:

Período Capital (C) Juros (J) Montante (C + J)


Mês inicial 3000 0,01.300 = 30,00 3030,00
Final do 1º mês 3030,00 0,01 . 3030 = 30,30 3060,30
Final do 2º mês 3060,30 0,01 . 3060,30= 30,603 3090,903
Final do 3º mês 3090,903 0,01 . 3090,903 = 30,90903 3121,81203

Como o Montante representa o capital somado com os juros, podemos escrever uma fórmula:
Como esse cálculo é realizado com juros sobre juros, chamamos de juros compostos.
Note que há um fator de aumento, que é constante, no cálculo dos juros compostos.
Para encontrar 3030 basta calcular 3000.(1 + 0,01) = 3000.(1,01)
Para encontrar 3060,3 basta calcular 3000.1,01.(1,01) = 3000 (1,01)2
Para encontrar 3090,903 é só calcular 3000.(1,01).(1,01)2 = 3000(1,01)3.
Assim, podemos dizer que o cálculo do montante no caso de juros compostos pode ser feito a partir da fórmula:
M = C(1 + i)t
Se a caderneta de poupança fosse corrigida pelo regime de juros simples, o investidor obteria menor rendimento.
Abaixo, a tabela apresenta os juros em cada um dos regimes:

Período (tempo) Juros Simples Juros compostos


Capital: 3000,00 30,00 30,00
1º mês 30,00 30,30
2º mês 30,00 30,603
3º mês 30,00 30,90903

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....


1) Sabe-se que, no preparo de pão caseiro, para cada 0,5 kg de farinha de trigo, utiliza-se 2 xícaras de óleo.
Pergunta-se: caso seja utilizado 2,5 kg de farinha, quantas xícaras de óleo são necessárias?
Podemos analisar o problema, comparando as grandezas farinha de trigo e óleo. Para preparar a receita, se aumentar
a quantidade de farinha de trigo, necessariamente deverá aumentar a quantidade de óleo, seguindo a proporcionalidade.
Veja a tabela:

Farinha de trigo (Kg) Óleo (xícaras)


0,5 2
2,5 x

Primeira maneira de resolver é procurar encontrar quantas vezes aumentou a quantidade de farinha (de 0,5 para 2,5).
Note que 0,5 . 5 = 2,5kg.
Assim, multiplicamos 2 por 5, obtendo 10 xícaras de óleo.
Uma outra maneira de resolver o problema é reescrever a tabela acima na forma de Regra de Três.

72
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Como as grandezas são diretamente proporcionais, A partir da regra de três, temos:


podemos multiplicar em “cruz”:
0,5 . x = 2,5 . 2
0,5 . x = 5

x= 25 . x = 320 . 100

Resposta: 5 xícaras de óleo. 25x = 32000


2) Em uma empresa, a razão entre funcionários do sexo
masculino e feminino é de 2: 3 (Lê-se dois para três). x=
O que significa 2: 3?
Se, nessa empresa tiver 60 mulheres, haverá quantos x = 1280
funcionários do sexo masculino? No problema, a razão re-
fere-se aos “funcionários do sexo masculino e feminino”, Resposta: A renda mensal da família é de R$ 1280,00.
sendo 2:3. Assim, para cada 2 funcionários homens, tem-se 4) Em alguns programas de televisão, existem quadros
3 funcionários de sexo feminino. que apresentam a reforma e /ou a construção de uma casa
Se houver 60 mulheres, podemos encontrar a quanti- em um intervalo de tempo muito pequeno. Para isso, é pre-
dade de homens a partir da tabela: ciso um “batalhão” de pedreiros, serventes, encanadores e
eletricistas para executar o serviço rapidamente.
Homens Mulheres Suponhamos que, para construir uma casa de pequeno
2 3 porte, 3 pedreiros levem 60 dias para construí-la. Caso, o
dono queira agilizar a sua construção, exigindo que a cons-
x 60 trução seja realizada em 15 dias, quantos pedreiros são ne-
cessários para o trabalho?
Se a quantidade de homens depende da razão 2: 3, Nesse problema, devemos analisar qual é o compor-
novamente podemos encontrar o número de homens que tamento das grandezas envolvidas. Estamos relacionando
são funcionários dessa empresa por duas maneiras: “número de pedreiros” e “dias de trabalho”.
Se aumentarmos a quantidade de pedreiros, levará
1º) Como a quantidade de mulheres aumentou 20 ve-
menos tempo para a construção. É claro que isso será uma
zes (3. 20 = 60), podemos seguir o mesmo raciocínio para
situação ideal, imaginando que todos trabalhem a mesma
os homens ( 2 . 20 = 40).
quantidade de tempo e no mesmo ritmo.
Assim, há nessa empresa 40 homens.
A partir da tabela e da montagem da regra de três,
veremos como resolver o problema que envolve grandezas
2º) Podemos, também resolver por Regra de Três:
inversamente proporcionais:

Dias de trabalho Número de pedreiros


60 3
3 . x = 60 . 2 15 x

3 x = 120

x=
Como as grandezas são inversas, antes de resolver, faze-
x = 40 mos a “inversão” de uma das frações: escolhi a segunda fração.

3) Se 25 % da renda mensal de uma família é destinada


ao pagamento do aluguel, qual será a renda mensal dessa
família, sabendo que o aluguel é de R$ 320,00?
No problema fica evidente que 25 % da renda dessa
família corresponde a R$ 320,00. Assim, estamos buscando Agora, podemos resolver, aplicando o procedimento da re-
encontrar a renda total da família, isto é, 100%: gra de três, multiplicando em cruz:
15 x = 60 . 3
15 x = 180
Porcentagem Renda em R$
25% 320 x=
100% x
x = 12

73
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

5) Observe o mapa do estado do Paraná abaixo e as distâncias entre algumas de suas cidades:

Ilustração 1 - Mapa do Estado do Paraná41

Conforme está indicado no canto inferior esquerdo do mapa, cada 1 cm no mapa representa 78 km de distância na
realidade. Essa escala também pode vir indicada da seguinte forma: 1: 7.800.000 (significa que, para cada 1 cm do mapa
corresponde, na realidade a 7.800.000 cm ou a 78 km).
Conforme indicado no mapa, a distância entre Cascavel e Curitiba é de 56 mm. Qual seria a distância real entre as duas
cidades?
Como cada cm do mapa representa 78 km na realidade, podemos estabelecer uma proporção entre as medidas do
mapa e as distâncias reais. Sabendo que a distância dada entre as duas cidades, no mapa está em milímetros, transforma-
remos esses valores para centímetros:

Distância no Mapa (cm) Distância Real (km)


1 78
5,6 x

Como as grandezas envolvidas são diretamente proporcionais, podemos aplicar a Regra de Três:

1 . x = 5,6 . 78
x = 436,8 km
Podemos afirmar que, em linha reta, a distância entre as cidades de Cascavel e Curitiba é de, aproximadamente 436,8
km.
No mapa, temos aproximações e essas distâncias correspondem em linha reta. Ao pensarmos na distância ao ser per-
corrida de carro ou de ônibus, isso muda, pois o caminho das rodovias não é retilíneo.
Ao verificarmos no site do DNIT42 (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de transportes), a distância aproximada
entre as duas cidades é de 498 km. Apesar da diferença de mais de 60 km, temos uma aproximação razoável, podendo
diminuir essa diferença com um mapa que utilize uma escala mais detalhada e adequada.
6) A densidade demográfica é a razão entre o número de habitantes de determinada região e a área que essa popu-
lação está inserida. Esse é um dos cálculos usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para saber se
uma região é povoada.
Segundo dados do último censo demográfico do IBGE em 2000, a população de alguns dos estados do Brasil e a sua
área territorial são43:

41 Mapa extraído de Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr. 6ª série.
Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005, p. 251.
42 http://www1.dnit.gov.br/rodovias/distancias/distancias.asp
43 Tabela adaptada do livro Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr.
6ª série. Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005.

74
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Estados População Superfície (área em km2)


Amazonas 2.813.085 1.570.946
Ceará 7.418.476 145.711
Mato Grosso do Sul 2.074.877 357.139
Santa Catarina 5.349.580 95.285
São Paulo 36.969.476 248.176

Dos estados que constam na tabela, qual deles é o mais populoso? E o mais povoado? E o estado menos povoado?
Para saber qual é o estado mais populoso, basta conferir aquele que possui a maior população. Nesse caso, São Paulo
possui a maior população (36.969.476 habitantes).
Para encontrar o estado mais povoado, é preciso encontrar a densidade demográfica de cada um deles, isto é, a razão
entre a população de cada estado e a área de seu território.

Densidade Demográfica =

Amazonas: habitantes/km2

Ceará: habitantes/km2

Mato Grosso do Sul: habitantes/km2

Santa Catarina: habitantes/km2

São Paulo: habitantes/km2

Assim, podemos dizer que São Paulo também representa, dentre os estados presentes na tabela, aquele que possui a
maior densidade demográfica, isto é, o maior número de habitantes por km2. Logo, São Paulo é um estado bem povoado.
Já o estado do Amazonas possui a menor densidade demográfica, isto é, é o estado menos povoado dos cinco citados
na tabela. Apesar de possuir população superior ao do estado de Mato Grosso do Sul, possui um território quase cinco
vezes maior! Por isso, um estado pouco povoado!

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Nesse capítulo, tratamos de grandezas e da idéia de razão, que percorreu todo o trabalho aqui desenvolvido. Seja na
definição de proporção (que é uma igualdade entre duas razões), seja pela idéia de grandezas diretamente ou inversamen-
te proporcionais, ou ainda pela porcentagem, procuramos apresentar exemplos e variadas formas de resolução.
O que gostaríamos de enfatizar é a importância de identificar se há ou não uma relação de proporcionalidade entre
grandezas. Caso não exista relação de proporcionalidade, de nada adiantará aplicar a regra de três ou outro procedimento
para resolver o problema.
Para o cálculo de juros, em especial dos juros simples não foi apresentada fórmula para a resolução de problemas, pois
a maneira pela qual usamos para calcular a porcentagem é a mesma já utilizada anteriormente, em outros exemplos.
Também é possível seguir um raciocínio semelhante ao cálculo dos juros compostos, mas, não consideramos conve-
niente resolver problemas desse tema sem a utilização de uma fórmula.

75
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ44 Atividade 7. (CESU/SP – 2007) É muito comum nas


grandes cidades as pessoas receberem anúncios de casas,
Atividade 1. Se para produzir 4 kg de queijo são ne- carros e apartamentos nas ruas e cruzamentos de avenidas.
cessários 25 litros de leite, para se produzir 32 kg de queijo Observe uma delas:
serão necessários quantos litros de leite? Apartamento com 2 quartos e garagem
Preço à vista: R$ 60.000,00
Atividade 2. A escala da planta de uma casa é 1 : 100 Com apenas 20% do valor do imóvel,
(isto é, cada cm da planta corresponde a 100 cm ou 1 m da
medida real). Quais são as dimensões de um quarto que na
planta figurava com 3 cm por 4 cm?

Atividade 3. Em um supermercado, uma garrafa de 1,5


litro de refrigerante custa R$ 1,90 e a garrafa de 2 litros
do mesmo refrigerante vale R$ 2,70. Qual é a compra mais
vantajosa para o consumidor?

Você recebe as chaves!

Ilustração 346

Com as informações fornecidas, determine o valor ne-


cessário para receber as chaves do imóvel. Assinale a alter-
nativa correta.
a) R$ 6.000,00
Ilustração 245 b) R$ 12.000,00
c) R$ 13.500,00
Atividade 4. Um automóvel que percorre uma velo- d) R$ 17.500,00
cidade de 80 km/h percorre certo trajeto em duas cidades
em 1h 30min. Se ele aumentar a sua velocidade para 120 Atividade 8. (CESU/SP - 2007) Considere que, no ano
km/h, ele fará o mesmo percurso em quanto tempo? de 2006, os rendimentos de certa pessoa totalizaram R$
36.000,00 e que, ao fazer a sua declaração de Imposto de
Atividade 5. Cinco torneiras completamente abertas Renda, ela observou que parte desse total estava isenta de
enchem um tanque em 1h 20 min. Quantas torneiras são tributação e sobre o restante deveria pagar 20% de im-
necessárias para encher o mesmo tanque em 50 minutos? posto. Se a quantia a ser paga de imposto era R$ 5.500,00,
então o valor da parte isenta de tributação seria:
Atividade 6. Com o litro da gasolina custando R$ 2,51, a) R$ 7.250,00
Mariana abasteceu o carro com aproximadamente 40 L b) R$ 7.500,00
de gasolina. Se o litro da gasolina custasse R$ 2,60, com a c) R$ 8.250,00
mesma quantia de dinheiro, Mariana abasteceria seu carro d) R$ 8.500,00
com aproximadamente quantos litros de gasolina?
Atividade 9. Se uma empresta a quantia de R$ 1000,00
44 As atividades foram extraídas e/ou adaptadas a 12% ao ano de juros simples por um período de 4 anos,
dos livros Matemática: escola e realidade: ensino quanto receberá de juros?
fundamental, de Roberto Matsubara. 1ª Edição, IBEP,
Atividade 10. Um capital de R$ 3000,00 foi aplicado
2005; Projeto Radix: matemática, 6ª série, de Jackson a juros compostos de 2% ao mês durante 3 meses. Qual o
da Silva Ribeiro e Elizabeth Soares. 1ª Edição, Scipione, montante no final desse período?
2006;
45 http://www.alagoas24horas.com.br/legba/
admin/temp/Thumbs/1/3/%7B13197f40-232a-4b05-
9c09-96885892664b%7D_refrigerantes02_190x316. 46 http://www.galmo.com.br/imagens/produtos/
jpg motello-f.jpg

76
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... PRA FIM DE PAPO!


1) 200 litros Caro Aluno
2) Dimensões de 3 m por 4 m.
3) Uma possível estratégia para a resolução do proble- Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
ma é a seguinte: sabendo que 1,5 litro de refrigerante vale H1 - Identificar grandezas direta e inversamente pro-
R$ 1,90, podemos descobrir quanto custa apenas 1 litro porcionais e interpretar a notação usual de porcentagem.
dessa quantidade. A partir da regra de três temos: H2 - Identificar e avaliar a variação de grandezas para
explicar fenômenos naturais, processos socioeconômicos e
da produção tecnológica.
Capacidade de refrigerante
Preço (R$) H3 - Resolver problemas envolvendo grandezas direta
(em litros)
e inversamente proporcionais e porcentagem.
1,5 1,90 H4 - Identificar e interpretar variações percentuais de
1 x variável socioeconômica ou técnico-científica como impor-
tante recurso para a construção de argumentação consis-
tente.
H5 - Recorrer a cálculos com porcentagem e relações
entre grandezas proporcionais para avaliar a adequação de
propostas e intervenção na realidade.
1,5 . x = 1. 1,90
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
1,5 . x = 1,90
do ENCCEJA, no final da apostila.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-


x=
de um pouco mais, você está construindo um processo de
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
x = 1,266666...

Podemos dizer que o preço de 1 litro de refrigerante seria de,


aproximadamente, R$ 1,27.
Quanto custaria 2 litros do refrigerante? Basta multi-
plicar por 2:
1,27 . 2 = 2,54
Assim, concluímos que o valor por litro do refrigeran-
te é mais barato na embalagem de 1,5 litro, sendo mais
vantajoso para o consumidor comprar o refrigerante dessa
capacidade. Afinal de contas, o preço do refrigerante de 2
litros é de R$ 2,70.

4) 60 minutos

5) 8 torneiras

6) 38,6 litros

7) B

8) C

9) R$ 480,00

10) R$ 3183,62

77
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 7 d) Note que, ao montarmos o cálculo que representa


o valor a ser recebido pelo vendedor, a expressão sempre
EM (QUASE) TUDO TEM RELAÇÃO! tem a mesma estrutura!
S(15000) = 0,03 . 15000 = 500
S(25000) = 0,03 . 25000 = 750
APLICAR EXPRESSÕES ANALÍTICAS PARA MODE- S(30000) = 0,03 . 30000 = 1000
LAR E RESOLVER PROBLEMAS, ENVOLVENDO VARIÁ-
VEIS SOCIOECONÔMICAS OU TÉCNICO-CIENTÍFICAS. Note que há um padrão ou regularidade nas expressões
apresentadas anteriormente, tendo alguns valores que se
Fernando Luís Pereira Fernandes repetem e outros deles variando... Há uma variação do valor
vendido e do salário final, mas os demais números perma-
NO FUNDO DO BAÚ... necem constantes.
No mundo em que vivemos, percebemos que há rela- Podemos, a partir dos cálculos realizados e após a iden-
ções em quase tudo! Por exemplo, por que será que uma tificação de características como a que acabamos de co-
crise econômica, que ocorre há milhares de quilômetros de mentar, partir de uma expressão com números para uma
expressão com letras. Chamamos essa ultima de expressão
distância do solo brasileiro pode nos causar tanto transtor-
algébrica ou lei de formação.
no? Mesmo que indiretamente, somos atingidos, seja pelo
Se substituirmos o valor vendido pela letra V e o salário
aumento de preço de algum alimento no supermercado,
a ser recebido por S, temos: S = 0,03 . V
seja pelo desemprego, caso o emprego seja em uma em-
Não é tão complicado como parecia no início... Nesse
presa que dependa da exportação de seus produtos... En-
tipo de problema, é importante perceber o que varia nos
fim, vivemos num mundo globalizado.
cálculos e o que permanece constante!
A Matemática existe para isso, para colaborar na análi-
A situação que você acabou de acompanhar refere-se a
se e busca de soluções para situações desses tipos. Há um
um problema que envolve função, isto é, havia uma relação
ramo dessa disciplina que estuda mais especificamente as entre o valor vendido de mercadorias e o salário a ser rece-
relações entre grandezas: as Funções. bido, por comissão. Podemos afirmar que o valor vendido
Há inúmeros significados para a palavra função47. Há, de mercadorias e o salário representam as variáveis inde-
pelo menos, dez significados no minidicionário Aurélio48! pendente e dependente, respectivamente. O que isto signi-
Entretanto em nosso estudo, consideraremos função como fica? O valor vendido depende do salário? Ou o salário que
uma relação de dependência. Veremos mais adiante, essa depende do valor vendido?
idéia de dependência para compreender o tema: Leia o Como o valor do salário depende do valor vendido, a
problema a seguir: variável “salário” representa a variável dependente e “valor
Um vendedor ganha seu salário a partir das vendas que vendido” representa a variável independente.
realiza em uma loja de departamentos. O valor a receber Esse problema teria uma fórmula diferente caso dissés-
corresponde a 3% do valor vendido no mês. Quanto receberá semos que ele recebe um salário fixo de R$ 400,00 mais uma
de salário, caso ele tenha vendido em um mês: comissão de 3% sobre o valor das mercadorias vendidas.
a) R$ 15000,00 A expressão seria: S = 0,03 . V + 400.
b) R$ 25000,00 Para representar uma função, existem várias formas.
c) R$ 30000,00 Uma delas foi realizada há pouco: a obtenção de uma ex-
d) Você notou alguma regularidade nos cálculos reali- pressão analítica, ou expressão matemática, ou ainda, fór-
zados nos itens a, b e c? Seria possível obter uma expressão mula.
matemática que represente a relação entre o valor de ven- Temos como representar também a partir de uma tabela
das e o salário? ou na forma gráfica.
Para essa última faremos uma breve explicação sobre o
ASSIM OU ASSADO? plano cartesiano, sua origem e características.
Seguindo as questões apresentadas no problema an-
terior, apresentamos uma maneira de obter os valores para Localizando um ponto no plano...
os salários: Quando nos referimos à questão da localização, te-
a) Salário (15000) = 3% de 15000 = 0,03 . 15000 = mos como necessidade dois parâmetros para localizar. Por
500,00 exemplo: se eu dissesse que marcaria um encontro com um
b) Salário (25000) = 3% de 24000 = 0,03 . 24000 = amigo meu, em São Paulo na Avenida Paulista, ele teria que
750,00 percorrer quase três quilômetros, referentes à extensão da
c) Salário (30000) = 3% de 30000 = 0,03 . 30000 = avenida para me encontrar. Dessa forma, torna-se necessá-
1000,00 rio um outro parâmetro para facilitar a localização: dizer que
será em frente ao FIESP ou do MASP (Museu de Arte de São
47 Paulo), ou em alguma esquina.
48 Dicionário Aurélio, de Aurélio, Buarque de Isso também ocorre na localização dada por um apare-
Holanda, 4ª. Edição Revista e Ampliada. Rio de Janeiro: lho GPS, ou de um país em relação às coordenadas geográ-
Nova Fronteira, 2000. ficas (latitude e longitude).

78
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Um matemático do século XVII, René Descartes, reelaborou a Geometria Euclidiana a partir de um olhar algébrico:
surgia a Geometria Analítica. A Geometria Euclidiana leva esse nome por conta de Euclides, matemático grego, que viveu
por volta do ano 300 a.C.
A geometria organizada por ele nos Elementos, obra que sistematiza toda a Geometria Plana a partir do uso de teore-
mas e demonstrações que não tinham o uso da Álgebra para justificar. A construção geométrica, a partir do uso da régua e
compasso era usual. Com Descartes, foi um avanço relacionar a Geometria à Álgebra, abrindo possibilidades de desenvol-
vimento de outras áreas e ciências.
Abaixo, encontra o sistema de eixos cartesianos. Leva esse nome em homenagem ao seu criador, Descartes. Ele apre-
senta dois eixos perpendiculares (formam ângulo reto) e atribui valores às partes desse eixo:

Ilustração 1 - Plano Cartesiano49

Ao eixo horizontal, ele atribui o nome de abscissa (ou de eixo x) e ao eixo vertical, o nome de ordenada (ou eixo y).
Assim, a localização de um ponto no plano se dá da seguinte maneira:
Por exemplo, gostaríamos de localizar os pontos A(2,3) e B(3,2). O ponto A está indicando no eixo horizontal (eixo X) o valor
2 e, no eixo vertical (eixo Y), está indicando o valor 3.
Acompanhando a localização do ponto B, o valor indicado no eixo horizontal (X) é 3 e o valor no eixo vertical (Y) é apre-
sentado o valor 2. Como pode acompanhar abaixo no plano cartesiano, os dois pontos referem-se a “lugares” diferentes
no plano.

Ilustração 2

Assim, o ponto A(2,3) é diferente do ponto B(3,2), afinal os pontos ocupam diferentes posições no plano. Desta forma, quando
temos a localização de um ponto no plano cartesiano, é preciso tomar o cuidado de não trocar as coordenadas referentes ao eixo
x e ao eixo y. Para representar um ponto no plano, a partir de uma convenção matemática, que sempre indicamos primeiramente
o valor referente ao eixo horizontal (X) e depois, indica-se o valor do eixo vertical (Y).
49 Imagem extraída de www.somatematica.com.br/fundam/paresord.phtml.

79
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Conhecendo o plano cartesiano, podemos representar de outra maneira aquele problema inicial, sobre o vendedor que
ganhava um salário sobre o valor vendido em mercadorias.
A partir da organização dos dados em uma tabela e a obtenção de uma fórmula, podemos elaborar um gráfico que
mostra a relação do salário recebido e o número de dias trabalhados.

Valor Vendido (R$) Fórmula: S = 0,03 V Salário


15000 0,03 . 15000 500
25000 0,03 . 25000 750
30000 0,03 . 30000 1000

Para construir o gráfico, será preciso relacionar as informações que temos com o plano cartesiano... Como os dias re-
presentam a variável independente, eles serão relacionados ao eixo x e o salário será relacionado ao eixo y, por representar
a variável dependente. Para construir o gráfico, será necessário escrevermos esses valores como pontos do plano. Assim,
caso o vendedor não vendesse nenhum real, não receberia salário.
Ao vender R$ 15000,00, ele recebe R$ 500,00 de salário. Temos como um ponto do plano (15000 ; 500), isto é, tem
valor de x é igual a 15000 e valor de y igual a 500. Ao vender R$ 25000,00 tem um salário de R$ 750,00. Logo, o ponto a ser
representado no plano é (25000; 750).
Nesse problema, os valores de x e de y, só podem ser números maiores que zero, pois não haveria como ter um salário
negativo, ou ainda um valor de venda abaixo de zero.

Ilustração 3 - Gráfico de uma Função

E a fórmula? O que fazer com ela?


Na indústria calçadista, há uma fórmula muito utilizada, a que relaciona o número do calçado e o tamanho do pé, em
centímetros. Como chegaram nessa regra?
Para que todas as indústrias pudessem utilizar o mesmo padrão de numeração de calçados, foi preciso que houvesse
um acordo para normatizar esse processo, isto é, foi necessário firmar um acordo que padronizasse as unidades de medidas
e fôrmas para se produzir calçados com a mesma referência. Mas, cada país ou região pode adotar uma forma diferente de
numeração. As medidas utilizadas nos EUA e na Europa são diferentes do Brasil. Observe em seu calçado ou na língua de
seu tênis. Lá, aparecem os números do calçado em outros países.

Bom a fórmula seria a seguinte: , onde P representa o tamanho do pé, em centímetros, e N o nú-
mero do calçado.

Suponhamos que uma pessoa com pé de medida 24 cm. Qual seria, aproximadamente, a medida de seu calçado?

Resolução: Substituindo P por 24 cm na expressão , temos:

Assim, uma pessoa que tem o pé medindo 24 cm, calçará um calçado de tamanho 37.
Isso que acabamos de fazer chamamos de valor numérico de uma expressão algébrica. Determinamos o valor de um
dos parâmetros, trocando o outro por um número.

80
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... b) Note que o aumento da distância percorrida leva a


RESOLVIDOS! UFA.... um aumento do consumo de combustível na mesma pro-
1.50 Um veículo roda 10 km com um litro de gasolina e porção. Se o consumo dobrar, teremos o dobro da distân-
seu tanque comporta 40 litros. cia a ser percorrida; se triplicarmos o consumo de combus-
a) Copie e complete a tabela: tível, levará ao triplo da distância e assim por diante.

Litros KM rodados c) Se a relação anterior entre litros e quilômetros ro-


dados é ou não uma função? Primeiramente comentare-
0 mos a relação de dependência: a distância a ser percorrida
0,5 depende do número de litros (ou o contrário? Será que
1 o consumo de litros está dependendo da distância?). Na
verdade, os litros representam a variável independente. O
1,5
que vem a ser isso? Variável, porque os valores para os li-
2 tros variam, não é o mesmo sempre. Independente, porque
4 esses valores foram escolhidos por nós, não é o resultado
10 de uma operação ou de uma relação existente com os qui-
lômetros rodados.
25 Quando consideramos, então, os quilômetros rodados
40 como sendo a variável dependente, isso significa que essa
x variável depende da quantidade de litros. Além disso, para
ser função é preciso que, ao escolher um valor para litros,
b) O que acontece com os quilômetros rodados à me- não se encontre dois (ou mais) valores para a distância.
dida que aumentamos o consumo de litros de combustível? Seria impossível essa situação, tendo em vista o consumo
médio do automóvel, não é?
c) A relação entre quilômetros rodados e litros de gasolina
gastos é uma função? Por quê? d) Ao observar uma regularidade nas expressões obti-
das no cálculo dos quilômetros rodados, temos:
d) Use x para representar a quantidade de combustí- y = 10 . x, onde x representam os litros consumidos e y,
vel, em litros, e y para representar os quilômetros rodados. os quilômetros rodados.
Observe a tabela e indique uma sentença matemática que
represente a relação entre x e y.

e) Como seria o gráfico que relaciona x e y?

Resolução:

a) Sabendo que o automóvel consome 1 litro a cada 10


km, em média, 0,5 litro será consumido ao percorrer 5 km. e)
Utilizando esse raciocínio, completamos a tabela:

Litros KM rodados
0 0 Ilustração 4 - Gráfico de uma Função
0,5 10 . 0,5 = 5
2. (CESU/2007) - adaptada - Uma companhia de telefo-
1 10.1 = 10
nes celulares oferece a seus clientes duas opções: na primeira
1,5 10.1,5 = 15 opção, cobra R$ 38,00 pela assinatura mensal e mais R$ 0,60
2 10 . 2 = =20 por minuto de conversação; na segunda, não há taxa de as-
4 10.4 = 40 sinatura, mas o minuto de conversação custa R$ 1,10. Sobre
a opção mais vantajosa, em termos de custo para 1 hora de
10 10 . 10=100 conversação mensal pode-se dizer que:
25 10.25 = 250 a) a primeira opção é a mais vantajosa, pois cobrará o
40 10.40 = 400 valor menor;
b) não há diferença entre o valor cobrado pelos diferen-
x
tes planos;
c) a segunda opção é mais vantajosa, pois cobrará o me-
50 Problema extraído e adaptado do livro nor valor.
Matemática no Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e d) não é possível determinar qual das duas é mais van-
Maria Ignez Diniz, p. 94-95. Editora Saraiva. 2007 tajosa em termos de custo.

81
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Nessa situação problema, é necessário encontrar duas 4. Em uma corrida de táxi, cobra-se R$ 4,00 de ban-
funções, pois cada um dos planos relaciona o valor a ser deirada, que é uma taxa fixa, mais R$ 1,50 por quilometro
pago e o tempo de conversação, de maneiras diferentes. rodado.
Apresentaremos duas maneiras de encontrar o valor a a) Encontre o valor pago por uma corrida de 10 km.
ser pago. A primeira delas é resolver sem o uso de fórmulas. b) Caso uma pessoa tenha R$ 22,00 em seu bolso, quan-
Para o primeiro plano, o valor a ser pago para a companhia tos quilômetros seria possível percorrer?
telefônica será de: 38,00 + 60 . 0,60 = 38,00 + 36,00 = 74,00. Se o valor por quilômetro rodado é de R$ 1,50 , temos
Para o segundo plano, o valor a ser pago será de 1,10 10 . 1,50 = R$ 15,00.
. 60 = 66,00. Como há o valor fixo (bandeirada) de R$ 4,00, pagaria
Assim, o plano que oferece o mesmo serviço por um um total de R$ 19,00.
preço menor é o segundo plano. No item b, é uma situação inversa da proposta no item
Resposta: Alternativa C. a, pois pede-se qual a distância a ser percorrida sabendo
que uma pessoa tem disponível para pagar R$ 22,00 pela
3. O gráfico abaixo relaciona a velocidade de um auto- corrida.
móvel em relação ao tempo: Podemos seguir dois caminhos: o primeiro é realizar os
cálculos pelo caminho inverso. Primeiro, subtraia R$ 4,00
de R$ 22,00, obtendo R$ 18,00.
Desses R$ 18,00, cada R$ 1,50 corresponde a 1 quilô-
metro rodado, assim, para encontrar o total de quilôme-
tros, basta realizar a divisão 18 por 1,50, obtendo 12 km.
Outra maneira é utilizar a expressão matemática que
relaciona o valor a ser pago pela corrida e a distância per-
corrida pelo táxi.
Nesse caso, a expressão seria P = 4,00 + 1,50 .x, onde x
representa a distância (em km) e P, o preço.
Substituindo P por 22 na expressão anterior, temos:
P = 4,00 + 1,50 .x
22 = 4,00 + 1,50 .x
Ilustração 5 - Gráfico Relação Distância e Tempo
Realizando a resolução da equação:
22 – 4,00 = 1,50 . x
Qual é a expressão matemática (ou a fórmula) que re-
18 = 1,50 . x
presenta esse gráfico?
Primeiramente, podemos analisar o que está sendo re-
lacionado e quais são as variáveis independente e depen-
dente. Podemos afirmar que a distância percorrida depende
do tempo. Assim, a distância seria a variável dependente e o
tempo, a variável independente.
Sendo assim, podemos montar uma tabela que relacio-
na o tempo e a distância:
COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S
Bom, após ter contato com os diferentes modelos e
Tempo (h) Distância (km) exemplos de função, consideramos interessante conceituar
1 85 o que ele significa. Concluindo o nosso estudo referente ao
2 170 conceito inicial de função, podemos definir que:
3 255
Função é a relação especial entre duas
Como podemos encontrar uma expressão que relaciona as grandezas variáveis, onde para cada
duas variáveis? Você se lembra do primeiro exemplo tratado nes- valor da primeira grandeza está associado um
se capítulo? Procuramos desenvolver os cálculos que levariam a único valor da segunda.
transformação do tempo, encontrando o resultado da distância.
Se em 1 hora, o automóvel percorre 85 km, em duas Acreditamos que o mais importante no estudo de fun-
horas, vemos que percorreria 170km. ções é que, além de compreender o seu significado, se
Assim, para expressar a partir de uma fórmula, podería- possa interpretar uma função através de uma expressão
mos montar a seguinte seqüência: matemática, de uma tabela ou de um gráfico, ou ainda,
D (1) = 85 . 1 = 85 estabelecer relação entre eles.
D (2) = 85 . 2 = 170 A obtenção de uma expressão analítica é possível a
D (3) = 85 . 3 = 255 partir da organização dos cálculos realizados no problema.
Desta forma, caso usemos a letra t para tempo, temos a É só você retomar os exemplos desse capítulo que contém
expressão: D = 85 . t a busca pela expressão matemática.

82
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

A forma gráfica é, também, de fundamental importância, pois ao ter uma compreensão sobre função, isso colaborará
também em uma interpretação de gráficos, que encontramos em notícias nos jornais, na televisão etc.
Consideramos importante retomar a idéia de plano cartesiano, assunto importante para compreendermos como é
realizada a construção de um gráfico. Mas, não se preocupe! Haverá um capítulo específico para o estudo de análise de
gráficos.

AGORA É A SUA VEZ51...

Atividade 1. Pedro, desejando se locomover da Barra a Itapuã, bairros de Salvador, resolveu pegar um táxi. A tarifa
do táxi apresentava um preço fixo (bandeirada) de R$ 3,00 mais um valor adicional de R$ 0,30 (trinta centavos) para cada
quilômetro rodado. Sabendo que a distância entre esses dois bairros é de, aproximadamente, 30 quilômetros, responda:
a) Qual o valor da tarifa após o táxi ter percorrido uma distância de 7 quilômetros?
b) Quantos quilômetros o táxi tinha percorrido quando o valor no taxímetro foi de R$ 8,70?
c) Quantos reais Pedro pagou pela viagem?

Atividade 2. Nos quadros a seguir estão as contas de luz e água de uma mesma residência. Além do valor a pagar, cada
conta mostra como calculá-lo, em função do consumo de água (em m3) e de eletricidade (em KWh). Observe que, na conta
de luz, o valor a pagar é igual ao consumo multiplicado por um certo fator. Já na conta de água, existe uma tarifa mínima
e diferentes tarifas para cada faixa de consumo:

Companhia de Eletricidade
Fornecimento.....................................................................................Valor (R$)
401 KWh X 0,13276000.........................................................53,23

Companhia de Saneamento
Tarifas de água/m3
Faixas de Consumo Tarifa Consumo Valor - R$
Até 10 5,50 Tarifa mínima 5,50
11 a 20 0,85 7 5,95
21 a 30 2,13
31 a 50 2,13
Acima de 50 2,36
Total: R$ 11,45

I. Suponha que no próximo mês dobre o consumo de energia elétrica dessa residência. O novo valor da conta será de:
a) R$ 55,23
b) R$ 106,46
c) R$ 802,00
d) R$ 100,00
e) R$ 22,90

II. Suponha agora que dobre o consumo de água. O novo valor da conta será de:
a) R$ 22,90
b) R$ 106,46
c) R$ 43,82
d) R$ 17,40
e) R$ 22,52

51 A atividades 2 foi retirada do livro Matemática - Volume único, de Manoel Paiva. 2ª edição. Editora Moderna,
2004.

83
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 352. O salário fixo mensal de um segurança é de R$ 560,00. Para aumentar sua renda, ele faz plantões em uma
boate, onde recebe R$ 60,00 por noite de trabalho.
a) Se em um mês, o segurança fizer 3 plantões, que salário receberá?
b) Qual é o número mínimo de plantões necessários para gerar uma renda superior da R$ 850,00?
c) Qual será a expressão matemática que relaciona o salário final (y) quando ele realiza x plantões?

Atividade 4. (UF-CE) Um vendedor recebe, a título de rendimento mensal, um valor fixo de R$ 160,00 e mais um adi-
cional de 2% das vendas por ele efetuadas no mês. Com base nisso, responda:
a) Qual o rendimento desse vendedor em um mês no qual o total de vendas feitas por ele foi de R$ 8350,00?
b) Qual a função (fórmula) que expressa o valor do seu rendimento mensal em função de sua venda mensal?

Atividade 5. (ENEM/2008) A figura abaixo representa o boleto de cobrança da mensalidade de uma escola, referente
ao mês de junho de 2008.

Ilustração 6 - Boleto bancário

Se M(x) é o valor, em reais, da mensalidade a ser paga, em que x é o número de dias em atraso, então:
a. ( ) M(x) = 500 + 0,4x.
b. ( ) M(x) = 500 + 10x.
c. ( ) M(x) = 510 + 40x.
d. ( ) M(x) = 510 + 0,4x.
e. ( ) M(x) = 500 + 10,4x.

Atividade 6. Supondo que um cliente atrasou em 5 dias o pagamento da mensalidade, representada pelo boleto da
atividade anterior. Quanto ele teria que pagar para quitar seus débitos com a escola?

Atividade 7. (Adaptado do ENEM/2007) O gráfico a seguir, obtido a partir de dados do Ministério do Meio Ambiente,
mostra o crescimento do número de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.
Se mantida, pelos próximos anos, a tendência linear de crescimento, mostrada no gráfico, o número de espécies amea-
çadas de extinção em 2011 será igual a:

52 Problema retirado/adaptado de Matemática: ciência e Aplicações, 1ª série: ensino médio, matemática /


Gelson Iezzi... [et al]. 2ª Edição – São Paulo: Atual, 2004.

84
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 7 - Gráfico PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno
a. ( ) 493
b. ( ) 498 Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
c. ( ) 538 H1 - Identificar e interpretar representações analíticas
d. ( ) 699 de processos naturais ou da produção tecnológica e de fi-
e. ( ) 700 guras geométricas como pontos, retas e circunferências.
H2 - Interpretar ou aplicar modelos analíticos, envol-
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... vendo equações algébricas, inequações ou sistemas linea-
res, objetivando a compreensão de fenômenos naturais ou
1) a) R$ 5,80 processos de produção tecnológica.
b) 19 quilômetros H3 - Modelar e resolver problemas utilizando equa-
c) R$ 12,00 ções e inequações com uma ou mais variáveis.
H4 - Utilizar modelagem analítica como recurso impor-
2) I – b tante na elaboração de argumentação consistente.
II - c H5 - Avaliar, com auxílio de ferramentas analíticas, a
adequação de propostas de intervenção na realidade.
3) a) R$ 560,00 + 3 . R$ 60,00 = 560,00 + 180,00 = R$
740,00 Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
b) 850,00 – 560,00 = 290,00 das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
290,00 60,00 4,833... do ENCCEJA, no final da apostila.

Isto significa que precisaria de, aproximadamente 4,83 Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
plantões. Logo, arredondamos o número para 5 plantões. de um pouco mais, você está construindo um processo de
c) Y = 560,00 + 60 . X aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!

4) a) R$ 327,00
b) S: salário
V: vendas

S = 160 + . V ou S =

160 + 0,02 . V ou S = 160 + .V

5) A alternativa correta é d. O boleto prevê uma multa


de 10 reais, pelo atraso, além da cobrança de mais 40 cen-
tavos de juros por cada dia de atraso. Sendo assim o cliente
teria que pagar 510 reais e mais 0,4 (ou 40 centavos) por
cada dia (x).

6) Substituindo na lei da função:


M(x) = 510 + 0,4x
M(5) = 510 + 0,4 . 5
M(5) = 510 + 2
M(5) = 512 reais

7) Haviam 239 espécies em extinção em 1983 e este


número passou para 461 em 2007, portanto houve um au-
mento de 222 espécies ao longo desse período. Repare no
gráfico que, de 1983 a 2007, há 6 intervalos de 4 anos. Sen-
do assim, podemos afirmar que a cada intervalo aumentou
em 37 o número de espécies (basta dividir 222 por 6). Até
2011, haverá mais um intervalo de 4 anos, então a previsão
é que o número de espécies ameaçadas seja de 461 + 37 =
498. Isso ocorrerá se continuarmos a agir da mesma forma,
poluindo o meio ambiente, consumindo cada vez mais e
não nos importando com os animais!

85
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 8
GRÁFICOS E TABELAS NO DIA-A-DIA.

INTERPRETAR INFORMAÇÃO DE NATUREZA CIENTÍFICAE SOCIAL OBTIDAS DA LEITURA DE GRÁFICOS E TABE-


LAS,REALIZANDO PREVISÃO DE TENDÊNCIA, EXTRAPOLAÇÃO, INTERPOLAÇÃO E INTERPRETAÇÃO.

Eliane Matesco Cristovão


Silvio César Cristovão

DO FUNDO DO BAÚ...
Há algum tempo, algo em torno de poucos séculos (hahaha...), o homem já vem se utilizando de gráficos e tabelas para
realizar estudos estatísticos sobre situações recorrentes em nosso dia-a-dia. Populações estimadas (densidade demográ-
fica), quantidade de jovens em relação à quantidade de idosos, índice de pobreza e/ou riqueza de um povo, quantidade
de chuvas de uma região (índice pluviométrico), nível de emprego de um país, entre outros, são exemplos de situações
frequentemente expostas em livros, jornais e revistas na forma de gráficos e/ou tabelas e que sempre estão associados à
Estatística.
Historicamente, temos conhecimento de registros egípcios que datam de 5000 a.C., que mostravam a quantidade de
presos de guerra em relação à população de determinadas regiões. Já em 2238 a.C. o imperador chinês Yao ordenou um
recenseamento, isto é, refazer as contagens de Censo, com fins agrícolas e comerciais. Em 600 a.C. no Egito, cada pessoa
deveria declarar ao governo sua profissão e a fonte de renda, caso contrário seria condenada à pena de morte. Até mesmo
Jesus Cristo, segundo conta a Bíblia, em Lucas 2, 1-2, nasceu em Belém, na Judéia, durante um recenseamento solicitado
pelo imperador César Augusto.

Ilustração 1 - Gráficos da Escravidão

Aqui no Brasil, o primeiro censo data de 1872, feito por José Maria da Silva Paranhos, conhecido como Visconde do Rio
Branco. Em 1936 temos a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1972, surge o primeiro com-
putador brasileiro, que ajuda a dar um grande salto no campo da estatística, quando os programas utilizados já permitiam
a criação de uma grande variedade de gráficos e tabelas, como este53.
Como se pode notar, os gráficos e tabelas aparecem em vários momentos da história humana e, certamente, continua-
rão a fazer parte desta história, que continua a ser construída diariamente.

53 Disponível em: http://www.unb.br/face/eco/cpe/TD/252Oct02FVersiani.pdf

86
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 2 - Gráfico taxa de fecundidade

Nos meios de comunicação podemos dizer que os gráficos54 e tabelas são instrumentos bastante utilizados para re-
tratar nossa realidade, principalmente pelo fato de possibilitarem a transmissão de um grande volume de informações de
modo sintético e de fácil interpretação.
Portanto, a leitura e interpretação de gráficos e tabelas compõem, sem dúvida, um assunto de importância fundamental
para vivermos e agirmos de forma consciente e crítica em uma sociedade como a nossa, que não se vê mais sem a influên-
cia dos números.

Vamos analisar alguns exemplos de tabelas e gráficos...


A seguir, por exemplo, é possível notar que a população brasileira, de acordo com este gráfico revisado em 2008 pelo
IBGE, tende a atingir 225 milhões de habitantes em 2040. Contudo, em 2050, estima-se que a população já tenha começado
a diminuir. Você conseguiria dizer qual era a população aproximada em 1990? Vamos lá! Esta é fácil!

Ilustração 3 – Gráfico evolução da população

54 Disponível em: http://www.scielo.br/img/revistas/spp/v17n3-4/a08grf03.gif

87
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Conferindo a resposta da questão do gráfico55 acima, percebemos que a população brasileira aproximada era de 150
milhões de habitantes. Parece muita gente, mas imagine um país com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Pois é! Este país
é a China, de acordo com o censo de 2005, o qual nem por isso, deixou de ser um dos países que tiveram altos índices de
crescimento econômico e de qualidade de vida.
É muito comum encontrarmos uma tabela como a que representamos em seguida. Ela permite que se obtenha rapida-
mente o valor que uma pessoa deverá pagar, de acordo com a quantidade de cópias que tirou em um estabelecimento56
que possua máquinas de fotocópia. Para construí-la, utilizamos um conceito matemático que você já revisou no capítulo 1:
Proporcionalidade! Isso acontece porque o valor a ser pago é proporcional ao número de cópias que retiramos. Mas nem
sempre é assim! Às vezes, ao ultrapassarmos um certo número de cópias, passamos a pagar um preço menor por folha!

Nº de cópias Valor R$
1 0,08
2 0,16
3 0,24
4 0,32
5 0,40
6 0,48
7 0,56
8 0,64
9 0,72
10 0,80

(ENCCEJA) Independente de preferências políticas ou ideológicas, a simples observação de uma tabela nos permite fa-
zer uma análise de diferentes situações de governos. Não entraremos na discussão das causas e nem do contexto histórico
de cada época, mas os números indicam importantes diferenças entre as prioridades de cada governante.

55 Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/foto/0,,15999576-EX,00.jpg


56 Imagem obtida em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/images/20051027-xerox.jpg

88
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Em 2001, a inflação estava por volta dos 10% a.a. (lê-se “dez por cento ao ano”, que é o aumento de inflação durante
o período de um ano). Você se lembra de quanto era a inflação anual nos anos 90? A tabela acima o auxiliará a recordar
aqueles tempos:
Podemos observar na tabela que a inflação nesses vinte e dois anos teve seus altos e baixos. Só para você ter uma idéia,
um refrigerante que custa hoje R$ 2,00, com uma inflação de 1.000% a.a., depois de um ano estaria custando R$ 20,00.
Depois de mais um ano, estaria custando R$ 200,00, chegando ao absurdo de custar R$ 2.000,00, após mais um ano. Parece
loucura, mas já foi assim.

Ilustração 6 - Tabela Nutricional

Esta outra tabela57, encontrada nos rótulos de quase todos os produtos alimentícios, representa um assunto cada vez
mais pesquisado pelos consumidores quando estão fazendo compras.
Felizmente, as pessoas estão mais preocupadas com a melhoria da qualidade de vida. Isto pode começar pelo acom-
panhamento dos valores calóricos ingeridos diariamente.
Observe que há sempre a preocupação de informar a que quantidade do alimento se refere a tabela. Neste caso, temos
a informação nutricional de uma porção de 30 gramas de uma barrinha de cereal. Segue uma extensa lista com valor ener-
gético dessa porção (105 calorias), além de valores de carboidratos, proteínas, gorduras, entre outros.
Atente para o item gordura trans, substância criticada pela classe médica nutricionista por estar associada a problemas
cardíacos, obesidade, câncer, entre outros males altamente prejudiciais à saúde. Aqui ela não teve chance de aparecer.
Ops! Mas não se esqueça que não basta comer com qualidade.
Ilustração 6 - Tabela Nutricional

É preciso associar isso a atividade física periódica, com orientação profissional.


Como vimos nos exemplos anteriores, conseguimos executar leituras e interpretações acerca dos gráficos e tabelas
observando as variáveis apresentadas nos mesmos. Porém, também podemos criá-los a partir de dados que se relacionam:
a distância percorrida por um veículo em função do tempo gasto a cada trecho, o número de acertos numa prova em fun-
ção do desempenho dos alunos em cada questão, a quantidade de combustível consumido em função da distância que se
percorre, o crescimento populacional em função de um período de tempo (meses, anos), entre outros.
Se precisar montar um gráfico ou uma tabela, utilize seus conhecimentos e pesquise também em livros para fazer um
bom trabalho!
57 http://blogdadieta.files.wordpress.com

89
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ASSIM OU ASSADO...
Observando a tabela abaixo (adaptada de ENCCEJA-EM), como podemos completá-la com o valor que está faltando?

Taxa de Natalidade no Brasil


Região Sul Nordeste Centro-Oeste Norte Sudeste
Taxa de 19% 21% 29% 18%
Natalidade
Fonte: Adaptação dos dados do IBGE, 2002.

Ilustração 7 - Tabela taxa de natalidade

Primeiramente, não podemos esquecer que o total referente à taxa de natalidade no Brasil deverá ser igual a 100%, pois
estamos considerando o total de nascidos no ano de 2002. Assim, se somarmos os valores conhecidos, teremos 76% dos
nascidos divididos entre as regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Sudeste, cabendo ao Nordeste a 2ª maior taxa de natalidade
no Brasil: exatamente 24%.
Pesquisas mostram que quanto maior a taxa de natalidade, maior será o índice de pessoas com baixa renda, enquanto,
do outro lado, quanto menor for essa taxa, maior será o índice de desenvolvimento econômico.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....
1. Hábitos de consumo de água (Adaptado de ENCCEJA/EM). Se não houver uma conscientização das pessoas do
mundo inteiro, futuramente passaremos por uma crise de falta de água potável de proporções inimagináveis. Para solucionar
o problema, os governantes deverão tomar medidas como o racionamento. Países mais desenvolvidos já estão fazendo um
levantamento dos hábitos de consumo de água, a fim de tomarem providências antecipadas.

Ilustração 8 - Gráfico hábitos de consumo

Se você fosse o dirigente de um país preocupado com o gasto de água e dispusesse de um gráfico idêntico ao apre-
sentado, que medidas poderia propor para haver economia de água? Assinale a alternativa mais adequada.
(a) Propor à nação que bebesse menos água para ajudar na economia.
(b) Solicitar que as pessoas armazenassem água em suas residências para um eventual racionamento.
(c) Solicitar pesquisas no setor hidráulico para criar dispositivos econômicos no setor de descargas de água.
(d) Fazer uma campanha para as pessoas deixarem as caixas d’água abertas para aproveitar as águas da chuva.
Veja algumas análises em que talvez você tenha pensado.
A alternativa (a) seria uma resposta inválida, pois, pelo gráfico, esse tipo de consumo se encaixaria na categoria “ou-
tros”, que corresponde a um consumo insignificante se comparado com os demais.
A alternativa (b) seria uma proposta que não acarretaria economia de água, sendo que provavelmente haveria um au-
mento do consumo, pois, fora os gastos normais, haveria um gasto de estocagem de água.
A alternativa (c) poderia proporcionar dispositivos mais econômicos no consumo das descargas sanitárias. Podemos
observar no gráfico que, em quase todos os países, o maior consumo de água é para esse fim; logo, dispositivos hidráulicos
mais econômicos proporcionariam uma economia no consumo de água, sendo então a alternativa correta.
A alternativa (d) não é uma atitude correta, pois já vimos nos jornais e nas campanhas de combate a epidemias que
deixar abertas caixas d´água ou lugares que acumulem água parada favorece a proliferação de mosquitos transmissores
de doenças, como dengue e malária.

90
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

2. (ENEM 2008) Desmatamento. O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período
de 1988 a 2008.

Ilustração 9 - Gráfico desmatamento

Analisando os dados apresentados no gráfico, tente responder às questões:


a) em que ano ocorreu o maior desmatamento?
b) qual o período em que a área desmatada a cada ano manteve-se constante?
c) aproximadamente, qual a área desmatada em 1991?
Observamos que em 1995 a área desmatada chegou a 30.000 km2. Já no período entre os anos de 1998 a 2001 a área
desmatada a cada ano foi aproximadamente a mesma, cerca de 18.000 km2, enquanto em 1991 tivemos 10.000 km2 de área
desmatada, um dos menores índices encontrados no gráfico.

3. Relação entre tempo e temperatura. Observe atentamente o gráfico58 abaixo:

Ilustração 10 - Gráfico temperatura e índice pluviométrico


58 Disponível em: http://www.scielo.br/img/revistas/cr/v38n8/a26fig04.gif

91
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Agora, vamos analisar estas questões.


• Quais são as variáveis presentes neste gráfico?
• As barras se referem à qual dessas variáveis?
• Qual foi o mês com a maior quantidade de chuvas?
• Qual a temperatura máxima atingida no mês de fevereiro?
Como se pode notar, temos três variáveis presentes aqui: a temperatura, indicada pelas colunas claras e escuras, o índi-
ce pluviométrico (quantidade de chuvas), indicada pela linha que percorre o período de oito meses, que é o tempo utilizado
para realização do estudo. As barras se referem à temperatura (máxima – escura e mínima – clara). Em novembro tivemos
a maior quantidade de chuvas e em fevereiro a temperatura máxima foi aproximadamente 18ºC.

COLOCANDO OS PINGOS OS I’S


(ENCCEJA-EM) Você já deve ter ouvido ou visto em algum jornal algo como: “O dólar teve uma alta de 2,35% em relação
ao real”, ou “A gasolina vai aumentar R$ 0,15”, ou ainda “A Bolsa de Valores teve uma queda de 1,55%”. A diferença entre o
preço do dólar no dia anterior e hoje, ou do preço da gasolina, é chamada de variação.
O conceito de variação é muito utilizado nas interpretações de gráficos e tabelas. Ele nos permite quantificar as mu-
danças, ou seja, determinar o quanto algo mudou entre dois momentos. Costumamos chamar também o tempo que de-
correu entre dois momentos de período. Vamos trabalhar um pouco com estes dois conceitos.
Rita montou uma tabelinha marcando seu peso dos 20 aos 26 anos. Ela informou também que aos vinte anos estava
com o peso ideal.

Idade (anos) 20 21 22 23 24 25 26
Peso (kg) 50 52 60 70 70 55 51

Ilustração 11 - Tabela idade x peso

Observe que, dos 20 aos 21 anos, ela engordou 2kg; logo, durante o período de 20 a 21, ela teve uma variação de 2kg
em seu peso. Do mesmo modo, seu peso também variou dos 21 aos 22 anos, dos 22 aos 23 anos, dos 23 aos 24 anos etc.
Vamos montar/completar uma tabelinha com as variações do peso de Rita e tentar encontrar os valores das variações
de peso durante esses períodos.

Período (anos) Variação (kg)


20 - 21 2
21 - 22 8
22 - 23
23 - 24
24 - 25
25 - 26

Ilustração 12 - Tabela variação de peso

Na construção dessa tabela, talvez você tenha encontrado duas dificuldades que normalmente aparecem quando fa-
lamos de variação. A primeira dificuldade que pode ter surgido foi no período de 23 a 24 anos, pois nesse período o peso
de Rita não mudou, ou seja, poderíamos dizer que não variou.
Quando estivermos verificando variações e observarmos que entre duas leituras não houve nenhuma mudança, indi-
caremos a variação pelo valor zero.
Logo, no caso de Rita, a variação dos 23 aos 24 anos é 0. Outra dificuldade que você talvez tenha encontrado pode ter
sido em distinguir quando Rita estava engordando ou emagrecendo.
Como iremos diferenciar estas variações? Lembre-se de que estamos estudando a variação do peso. O fato de engordar
significa ganhar peso. Ganhar nos faz lembrar de algo positivo, o que nos leva a tratar intuitivamente essa variação com
um valor positivo. Já emagrecer, significa perder peso, logo podemos indicar essa variação por valores negativos, pois ex-
pressam uma perda de peso. Por exemplo, dos 25 aos 26 anos ela teve uma variação de -4, ou seja, perdeu 4 quilos. Agora,
então, anote os dados de sua tabela59 com valores positivos e negativos, caso não tenha feito.
59 Valores que completam a tabela: 10, 0, -15, -4, respectivamente.

92
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ...

1. (ENEM/2007) Aumento de produtividade. Nos


últimos 60 anos, verificou-se grande aumento da produti-
vidade agrícola nos Estados Unidos da América (EUA). Isso
se deveu a diversos fatores, tais como expansão do uso de
fertilizantes e pesticidas, biotecnologia e maquinário es-
pecializado. O gráfico a seguir apresenta dados referentes
à agricultura desse país, no período compreendido entre
1948 e 2004.

Admitindo-se que essas duas quantidades possam ser


estimadas, respectivamente, pela área abaixo da parte da
curva correspondente à faixa de luz visível e pela área abai-
xo de toda a curva, a eficiência luminosa dessa lâmpada
seria de aproximadamente:
a. 10%.
b. 15%.
c. 25%.
d. 50%.
e. 75%.

3. (ENEM 2006) O gráfico ao lado foi extraído de ma-


téria publicada no caderno Economia & Negócios do Jornal
O Estado de São Paulo, em 11/06/2006. É um título ade-
Ilustração 13 – Gráfico de produtividade quado para a matéria jornalística em que esse gráfico foi
apresentado:
a. Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que a
Com base nessas informações, pode-se considerar fa-
dos EUA.
tor relevante para o aumento da produtividade na agricul-
b. Inflação do terceiro mundo supera pela sétima vez a
tura estadunidense, no período de 1948 a 2004:
do primeiro mundo.
a. o aumento do uso da terra.
c. Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006.
b. a redução dos custos de material.
d. Queda no índice de preços ao consumidor no perío-
c. a redução do uso de agrotóxicos.
do 2001-2005.
d. o aumento da oferta de empregos.
e. EUA: ataques terroristas causam hiperinflação.
e. o aumento do uso de tecnologias.
4. (ENEM 2006) Os gráficos 1 e 2 mostram, em mi-
2. (ENEM/2008) A passagem de uma quantidade lhões de reais, o total do valor das vendas que uma empre-
adequada de corrente elétrica pelo filamento de uma lâm- sa realizou em cada mês, nos anos de 2004 e 2005.
pada deixa-o incandescente, produzindo luz. O gráfico a Como mostra o gráfico 1, durante o ano de 2004, hou-
seguir mostra como a intensidade da luz emitida pela lâm- ve, em cada mês, crescimento das vendas em relação ao
pada está distribuída no espectro eletromagnético, esten- mês anterior. A diretoria dessa empresa, porém, conside-
dendo-se desde a região do ultravioleta (UV) até a região rou muito lento o ritmo de crescimento naquele ano. Por
do infravermelho. A eficiência luminosa de uma lâmpada isso, estabeleceu como meta mensal para o ano de 2005 o
pode ser definida como a razão entre a quantidade de crescimento das vendas em ritmo mais acelerado que o de
energia emitida na forma de luz visível e a quantidade to- 2004. Pela análise do gráfico 2, conclui-se que a meta para
tal de energia gasta para o seu funcionamento. 2005 foi atingida em:
a. janeiro, fevereiro e outubro.
b. fevereiro, março e junho.
c. março, maio e agosto.
d. abril, agosto e novembro.
e. julho, setembro e dezembro.

93
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU... Capítulo 9


1. Resposta correta: letra B
2. Resposta correta: letra C MATEMÁTICA NÃO-EXATA? ESTUDO
3. Resposta correta: letra A
4. Resposta correta: letra D
DAS POSSIBILIDADES E CHANCES
INTERPRETAR INFORMAÇÃO DE NATUREZA CIEN-
PRA FIM DE PAPO!
TÍFICA E SOCIAL OBTIDAS DA LEITURA DE GRÁFICOS
Caro Aluno
E TABELAS, REALIZANDO PREVISÃO DE TENDÊNCIA,
EXTRAPOLAÇÃO, INTERPOLAÇÃO E INTERPRETAÇÃO.
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
H1 - Reconhecer e interpretar as informações de natu- Fernando Luís Pereira Fernandes
reza científica ou social expressas em gráficos ou tabelas.
H2 - Identificar ou inferir aspectos relacionados a fenô-
menos de natureza científica ou social, a partir de informa- DO FUNDO DO BAÚ...
ções expressas em gráficos ou tabelas. Tenha certeza que estudar esse capítulo será muito in-
H3 - Selecionar e interpretar informações expressas em teressante, pois veremos quais são as chances de ganhar
gráficos ou tabelas para a resolução de problemas. na loteria! Afinal, quem nunca fez uma “fezinha”? Jogar na
H4 - Analisar o comportamento de variável expresso loteria e torcer para que o mais novo milionário seja você!
em gráficos ou tabelas, como importante recurso para a Pois é, há muita matemática em um simples jogo de aposta.
No verso dos bilhetes da Loteria Federal são apresen-
construção de argumentação consistente.
tados, além do percentual de arrecadação a ser distribuído
H5 - Avaliar, com auxílio de dados apresentados em
pelo Governo Federal em investimentos na área de Edu-
gráficos ou tabelas, a adequação de propostas de interven-
cação, Esporte e Cultura, as chances de ser premiado. Em
ção na realidade. 
alguns jogos, a chance de ganhar é muito pequena, mas
existe!
Para verificar se você dominou as habilidades trabalha-
Como será calculada a chance de um bilhete ser pre-
das neste capítulo, procure resolver as questões da prova
miado?
do ENCCEJA, no final da apostila. Quantas são as possibilidades de jogos a serem feitas
no jogo da quina?
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu- Bom, a quantidade não deve ser tão pequena assim,
de um pouco mais, você está construindo um processo de mas antes de resolvermos esse problema, que tal pensar-
aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá! mos em uma situação onde os cálculos sejam semelhantes
e mais simples?
Suponhamos que, em um certo jogo semelhante ao da
loteria tivéssemos apenas 10 números (de 01 a 10) e esco-
lhêssemos apenas dois desses números para concorrer ao
prêmio. Quais são e quantas são as possibilidades existen-
tes para o preenchimento do bilhete?

ASSIM OU ASSADO?
Nesse caso, teremos que organizar todas as jogadas
possíveis.
Jogadas
01 - 02
01 - 03 02 - 03
01 - 04 02 - 04 03 - 04
01 - 05 02 - 05 03 - 05
01 - 06 02 - 06 03 - 06
01 - 07 02 - 07 03 - 07
01 - 08 02 - 08 03 - 08
01 - 09 02 - 09 03 - 09
01 - 10 02 - 10 03 - 10 ...

Note que, na primeira coluna constam as jogadas pos-


síveis com o número 01. São nove possibilidades até aí.
Na segunda coluna, constam as possibilidades com a de-
zena 02 e como já havia saído a jogada 01-02, foi retirada
a jogada 02-01, que é a mesma. Agora, pensando nesse
processo de obtenção de possibilidades, até atingirmos o
número 10, quantas jogadas diferentes podem ser feitas?

94
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Total de jogadas: 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 +1 = 45
Assim, o total de jogadas possíveis seria de 45 jogadas para essa loteria. Uma loteria como essa, deixaria mais pessoas
felizes!
Agora, vejamos um outro problema um pouco diferente, mas que trata de possibilidades:
Suponha que você quisesse mudar o visual da sala de sua casa, pintando cada parede de uma cor diferente: amarelo,
verde, laranja e branco. Quantas possibilidades de pintura poderiam ser realizadas, sabendo que duas paredes não seriam
pintadas da mesma cor?
Vamos pensar no problema, imaginando as paredes:

1ª parede 2ª parede 3ª parede 4ª parede


1ª combinação amarelo verde laranja branco
2ª combinação amarelo verde branco laranja
3ª combinação amarelo laranja verde branco
4ª combinação amarelo laranja branco verde
5ª combinação amarelo branco laranja verde
6ª combinação amarelo branco verde laranja

Bom, se a primeira parede for pintada de amarelo, teremos seis combinações diferentes! Se usarmos o mesmo racio-
cínio para as demais, teremos:
Para facilitar a escrita, utilizamos a primeira letra de cada cor para mostrar as possibilidades.
B: branco
A: amarelo
L: laranja
V: verde
BALV LAVB VALB
BAVL LABV VABL
BLAV LVBA VLAB
BLVA LVAB VLBA
BVLA LBVA VBAL
BVAL LBAV VBLA

No total, teremos 24 possibilidades. Mas, será que não haveria uma maneira mais simples para descobrirmos a quanti-
dade de possibilidades, sem escrever todas, uma por uma? Observe...
Na tabela abaixo, cada retângulo representa uma parede e o total de possibilidades de cores para cada uma delas
(lembre-se, não pode repetir as cores!). Se não pode repetir as cores das paredes, então teremos 4 possibilidades de cores
para a primeira parede. Sabendo que uma das cores já foi utilizada, então, teremos três cores disponíveis para a segunda
parede, para a terceira parede, duas cores e para a última parede, uma cor.

1ª parede 2ª parede 3ª parede 4ª parede


4 3 2 1

O raciocínio utilizado para resolver esse problema é chamado princípio multiplicativo, encontrando 4 . 3 . 2 . 1 = 24
possibilidades diferentes. Mas, por que multiplicar?
Quando observamos todas as possibilidades de cores nas quatro paredes, vemos que há 6 possibilidades diferentes
quando fixamos uma das cores. Por exemplo, se a 1ª parede fosse pintada de branco, as possibilidades seriam: BALV, BAVL,
BLAV, BLVA, BVLA e BVAL. Como são quatro cores diferentes, multiplicamos 6 por 4, obtendo 24 como resultado. Caso não
tivesse a 1ª parede, o total seria 6 possibilidades, pois, 3 . 2 . 1 = 6. Como está sendo considerada mais uma parede, haverá
um total de 24 possibilidades.
Também podemos interpretar esse problema, a partir da árvore de possibilidades. O raciocínio para a elaboração desse
esquema é semelhante ao que foi dito sobre o princípio multiplicativo. Ao escolher a cor branca (B), tem-se como ramos
dessa árvore as demais cores: amarelo (A), verde (V) e laranja(V). A partir de cada uma dessas três cores surgirão mais dois
ramos da árvore, justamente as cores que ainda não foram utilizadas e assim por diante, até esgotar o total de cores.

95
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Veja como ficou a árvore de possibilidades construída a partir da cor da primeira parede, supondo que essa seja branca:

Ilustração 1 - Árvore de possibilidades

Se esse procedimento for usado para as demais cores, teremos um total de 24 possibilidades.
Agora, retornando ao primeiro problema, a respeito da loteria que possui um total de 10 números e são sorteados
apenas dois... Por que o resultado final não seria 10 . 9 = 90, ao contrário de 45?
Lembre-se que, no caso da loteria, sortear os números 01 e 02 é o mesmo que sortear 02 e 01, pois a ordem não im-
porta nesse caso. Assim, todos os pares de números que poderiam repetir seriam eliminados, caindo pela metade o número
de possibilidades. Nesse caso, o principio aplicado seria o da soma.
Entretanto, na situação das cores das paredes, o problema tem um outro propósito. Pintar a primeira parede de branco
e a segunda de verde não é o mesmo que pintar a primeira parede de verde e a segunda de branco. Como saber qual o
cálculo a ser realizado? Ter atenção na interpretação do problema, se a ordem importa ou não na obtenção das possibi-
lidades.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....


1. Por que há alguns anos, o sistema de emplacamento de veículos no Brasil mudou, das placas amarelas, as quais
tinham duas letras e quatro algarismos para a placa cinza, com três letras e quatro algarismos?
No emplacamento antigo como no emplacamento atual, os algarismos e as letras podem ser repetidos. Sabendo que
são 10 algarismos possíveis (de 0 a 9) e são 26 letras possíveis (todas as letras do alfabeto), tínhamos no sistema antigo:

26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO

Total: 26 . 26 . 10 . 10 . 10 . 10 = 6.760.000 placas diferentes.


No sistema atual, temos uma letra a mais, aumentando o número de placas diferentes. Veja:

26 26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO

Total: 26 . 26 . 26 . 10 . 10 . 10 . 10 = 175.760.000 placas.


Com o sistema atual de emplacamento, seria possível emplacar 175.760.000 veículos, quase o valor aproximado da
população brasileira.
2. 60Numa lanchonete, há 5 tipos de sanduíche, 4 tipos de refrigerante e 3 tipos de sorvete. De quantas maneiras dife-
rentes podemos tomar um lanche composto de 1 sanduíche, 1 refrigerante e 1 sorvete?
Nesse caso, podemos utilizar vários instrumentos para resolver o problema: elaborando uma tabela, uma árvore de
possibilidades, ou ainda, resolvendo diretamente pelo princípio multiplicativo.
Utilizaremos a árvore de possibilidades. Os cinco sanduíches denominaremos de S1, S2, S3, S4 e S5. Faremos o mesmo
com os quatro refrigerantes (R1, R2, R3 e R4) e os três sorvetes (usaremos s1, s2 e s3).
Na árvore de possibilidades abaixo constam apenas as possibilidades com o S1 (sanduíche 1).

60 Problema extraído de Matemática: Volume Único –Ensino Médio, de Luiz Roberto Dante, Editora Ática,
2005.

96
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Ilustração 2 - Árvore de possibilidades e o Princípio Multiplicativo

Como são cinco sanduíches, teremos um total de 5 . 12 = 60 lanches diferentes.


Caso o cálculo seja realizado sem o uso da árvore de possibilidades, também encontraremos 60 lanches.

5 4 3
sanduíches refrigerantes sorvetes

Total: 5 . 4 . 3 = 60 lanches diferentes.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


O que vimos até o momento sobre o cálculo de possibilidades foi o uso do princípio aditivo e o princípio multiplicativo.
Nos atentaremos, em especial, ao princípio multiplicativo, também conhecido como Princípio Fundamental da Contagem,
constituindo parte da área da Matemática conhecida como Análise Combinatória. Nesse princípio, em geral, busca-se o
total de possibilidades e utiliza a multiplicação como meio de obter o resultado.
Por exemplo, quando buscamos encontrar quantos números de quatro algarismos distintos (diferentes) podemos obter
com os algarismos 1, 2, 3, 4 e 5, consideramos que o número 1245 é diferente do número 1254, pois a ordem dos algaris-
mos interfere no resultado, obtendo mais um número.
Se os algarismos precisam ser distintos, ou seja diferentes, não poderemos repeti-los.
Pelo princípio multiplicativo, obtém-se: 5 . 4 . 3 . 2 = 120 possibilidades. Agora, se pudéssemos repetir os algarismos,
teríamos o seguinte resultado: 5. 5. 5. 5 = 625 possibilidades.

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 1. Quantos números naturais de três algarismos podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6?

Atividade 2. Quantos números de três algarismos distintos (diferentes) existem?

Atividade 3. Um hacker sabe que a senha de acesso a um arquivo secreto é um número natural de cinco algarismos
distintos e não-nulos (diferentes de zero). Com o objetivo de acessar esse arquivo, o hacker programou o computador para
testar, como senha, todos os números naturais nessas condições. O computador vai testar esses números um a um, demo-
rando 5 segundos em cada tentativa. O tempo máximo para que o arquivo seja aberto é:
a) 12h 30 min
b) 11h 15min 36s
c) 21h
d) 12h 26min
e) 7h

Atividade 4. Um jantar constará de três partes: entrada, prato principal e sobremesa. De quantas maneiras diferentes
ele poderá ser composto, se há como opções oito entradas, cinco pratos principais e quatro sobremesas?

97
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 5. As atuais placas de licenciamento de automóveis constam de sete símbolos, sendo três letras, escolhidas
dentre as 26 do alfabeto, seguidas de quatro algarismos. Quantas placas distintas podem ter o algarismo zero na 1ª posição
reservada aos algarismos?

Atividade 6. Uma prova consta de dez testes de múltipla escolha. De quantas maneiras distintas a prova pode ser
resolvida, se cada teste tem cinco alternativas distintas?

PROBABILIDADE
O estudo da Probabilidade se originou a partir da observação dos chamados jogos de azar. Era o início do estudo de
uma parte da Matemática que lida com o provável e não com a exatidão.
Nos tempos da Idade Antiga, os fenícios (povo que viveu na região do atualmente Líbano) já faziam avaliações de se-
guros de produtos relacionados à atividade comercial da época, basicamente marítima. Isso continuou até a Idade Média,
quando no século XVI foi iniciado um processo de organização desse assunto por matemáticos, constituindo a teoria de
Probabilidade, analisando especialmente, os jogos de azar.

Ilustração 3 - Naipes do baralho

Ilustração 4 - Carta Sete de Copas

Ilustração 5 - Carta Ás de Espada61


61 www.portaldapalavra.com.br/ilustracoes/NAIPE.jpg

98
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Partindo da idéia dos jogos, é proposto um problema que relaciona cartas de baralho.
Em um baralho completo (52 cartas), qual é a probabilidade (chance) de um jogador, ao retirar uma carta do baralho,
ter em mãos:
a) uma carta de espadas?
b) um sete de copas?

ASSIM OU ASSADO?
Em Probabilidade, definimos o experimento a ser analisado como sendo o evento. Nesse caso, no item a o evento é
“retirar uma carta de espadas” e no item b, o evento é “retirar um sete de copas”. O espaço amostral apresenta todas as
possibilidades, isto é, representa o conjunto de todos os resultados possíveis para esse evento, partindo de um experimen-
to aleatório. Entenda o termo aleatório como sendo um experimento que ocorreu por acaso, sem intervenção ou, como se
chama na linguagem de jogos, sem vícios.
Vamos analisar o problema anterior sob o olhar da probabilidade:

Espaço Amostral: conjunto formado pelas 52 cartas do baralho.


No item a, questiona-se qual seria a probabilidade (chance) de retirar uma carta de espadas. Bom, é preciso identificar
quantas são as cartas de espadas que há no baralho (eliminamos o coringa):
• 13 cartas de paus
• 13 cartas de espadas
• 13 cartas de copas
• 13 cartas de ouros.
Podemos afirmar que há 13 cartas de espadas, em um total de 52 cartas no baralho. Então, a chance de retirar uma
carta de espadas é de 13 em 52, ou seja,
P(carta de espadas):

Entretanto, utiliza-se sempre o resultado da fração simplificada, ou ainda, na forma de porcentagem. Assim, o único
número que divide 13 e 52, ao mesmo é 13.

Então, a probabilidade de retirar uma carta de espadas do baralho é de . Como você já viu em estudos anteriores, é

possível representar uma fração na forma decimal e na forma de porcentagem. Nesse caso, temos a fração

= 0,25 = = 25%

No item b, é preciso ver quantas cartas sete de copas há no baralho. Sabendo que há, apenas uma carta desse tipo no
baralho, temos:

P(sete copas):

http://repolhopolis.blogspot.com/2005/01/elogio-ao-baralho-vocs-j-pensaram-em.html
http://umdenosdois.blogspot.com/2008_03_02_archive.html

99
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Analisando os dois resultados, vemos que a chance de encontrar uma carta de espadas é muito maior que uma carta
sete de copas.
Para calcular a probabilidade de ocorrer um determinado evento utilizaremos sempre a seguinte escrita e notação:
P(evento): probabilidade de ocorrer tal evento

Agora, pensando nos problemas que vimos sobre possibilidades, no início desse capítulo, poderíamos, por exemplo,
analisar o problema resolvido, o qual trata do sistema de emplacamento de veículos no Brasil sob o olhar da probabilidade.
Caso eu queira saber a chance de encontrarmos em nossas ruas um veículo que termine com o número nove, como
fazer esse cálculo?
Primeiramente, seria necessário saber qual é o evento e o espaço amostral. O evento é “placas com final nove” e o
espaço amostral seria o total de placas possíveis, que já descobrimos ao calcular o total de placas no novo sistema de em-
placamento, com três letras e quatro algarismos, lembra?
Assim, temos no espaço amostral as 175.760.000 placas.
Os possíveis finais das placas são 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 (são dez algarismos diferentes). Se há a mesma quantidade
de placas para cada final diferente, podemos afirmar que a probabilidade de encontrar uma placa com final nove seria de
0,1 ou 10%. Por quê?
Veja: se seguirmos o raciocínio anterior, teremos 17.576.000 placas com final nove (175.760.000 dividido por 10).
P(placas com final nove):

Logo, a probabilidade de encontrar uma placa com final nove é de ou 10%.

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....

1. Um dado é lançado e observa-se o número da face voltada para cima. Qual a probabilidade de esse número ser:
a) menor que 3?
b) maior ou igual a 3?
Temos como espaço amostral os elementos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, que são os números das faces do dado.
No item a, temos:
P(face menor que 3) =

Como é possível simplificar a fração , temos:

100
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No item b, o evento é “número maior ou igual a 3”.

Logo,

P(face maior ou igual a 3) =

2. Joga-se uma moeda duas vezes sucessivamente. Qual é a probabilidade de observarmos:


a) aparecer duas caras?
b) aparecer uma cara e uma coroa, independente da ordem?
Primeiramente, vamos construir uma tabela que apresente o espaço amostral ao realizar o experimento. Chamamos de
K e C, cara e coroa, respectivamente e como são dois lançamentos, apresentamos as possibilidades encontradas quando a
moeda é lançada:

Lançamentos Cara (K) Coroa (C)


Cara (K) (K,K) (K,C)
Coroa (C) (C, K) (C,C)

No item a, no evento “apresente duas caras”, ao observarmos a tabela, só haverá 1 possibilidade em um total de 4
possibilidades presentes no espaço amostral.

P(duas caras) =

No item b, o evento “apresente uma cara e uma coroa” traz duas possibilidades em um total de 4. Assim,

P(cara e coroa, independente da ordem) =

Uma curiosidade...
Você lembra que, no início dessa unidade, comentamos que descobriríamos quais são as nossas chances quando jo-
gamos na Quina ou na Mega Sena?
Utilizamos o princípio multiplicativo para saber o total de jogos diferentes e a probabilidade para saber as chances de
uma pessoa acertar e levar o prêmio máximo na Mega Sena. O que há de diferente nessa questão é a mudança da quanti-
dade de elementos no espaço amostral. Acompanhe:
Para saber a probabilidade de uma pessoa acertar a primeira dezena na Mega Sena será:

P(1ª dezena) =

Como uma dezena já foi acertada, agora terão, no espaço amostral, as 59 dezenas restantes e o número de dezenas
possíveis reduz para 5, pois uma já foi sorteada.

P(2ª dezena) =

101
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Utilizando o mesmo raciocínio, teremos como probabilidade para acertar a 3ª dezena:

P(3ª dezena) =

P(4ª dezena) =

P(5ª dezena) =

P(6ª dezena) =

Dessa forma, para saber a probabilidade de uma pessoa ganhar na Mega Sena, é necessário que ela acerte todas as
dezenas. O seu cálculo utiliza o princípio multiplicativo:

P(ganhar na Mega Sena) =

Isso significa que a chance de uma pessoa ganhar na Mega Sena é de 1 em mais de 50 milhões! Não é a toa que, em
diversos concursos, o prêmio acumula...

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Vamos retomar alguns conceitos que foram contemplados nesse tópico?
Em Probabilidade, temos o evento e o espaço amostral. O evento é o experimento que está sendo observado. Por
exemplo, se eu estiver jogando dois dados, qual a chance de sair um número maior que 4? O evento é “sair um número
maior que 4”. Mas, para encontrar a probabilidade, é preciso saber quantas são as situações favoráveis de ocorrer e as
situações possíveis.
O espaço amostral é o conjunto de todas as situações possíveis de acontecer. No nosso exemplo, o espaço amostral
tem como elementos os números das seis faces do dado. As situações favoráveis estão relacionadas ao evento. Se estou
procurando a chance de sair um número maior que 4, para isso, é uma situação favorável sair o número 5 ou o número 6.
Calculando a probabilidade, temos:

P(número maior que 4) =

Logo, a probabilidade de sair um número maior que 4 é .

102
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ...

Atividade 7. Um experimento é composto de duas etapas: primeiro, uma moeda é lançada e, em seguida, um dado é
lançado. Construa o espaço amostral correspondente a esse experimento.

Atividade 8. Uma urna contém três bolas vermelhas e uma bola branca. Retiramos, sucessivamente, duas bolas dessa
urna. Construa o espaço amostral correspondente, se a extração é feita:
a) com reposição (a bola retirada retorna à urna para a próxima retirada)
b) sem reposição (A bola não retorna à urna após a retirada)

Atividade 9. Um dado é lançado e se observa o número da face voltada para cima. Determine os seguintes eventos:
a) ocorre múltiplo de 2
b) ocorre número primo.

Atividade 10. Ao atirar num alvo, a probabilidade de uma pessoa acertá-lo é . Qual é a probabilidade de errar?

Atividade 11. No lançamento de duas moedas, a probabilidade de se obterem uma cara e uma coroa é:
a) 25%
b) 30%
c) 40%
d) 50%
e) 75%

Atividade 12. Uma urna contém exatamente mil etiquetas, numeradas de 1 a 1000. Retirando uma etiqueta dessa urna,
qual é a probabilidade de obtermos um número menor que 51?

UM POUCO DE ESTATÍSTICA...
Há, no Brasil, pesquisas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que buscam acompanhar
o desenvolvimento econômico, social e humano em nosso país. Quando é realizado o grande Censo Demográfico, o qual
ocorre geralmente a cada dez anos, a idéia é entrevistar domicílio por domicílio. Seria possível fazer esse recenseamento
anualmente, pensando na população brasileira, superior a 180 milhões de habitantes? Seria inviável, pensando no tempo e
no investimento necessário para isso.
Entretanto, governo, empresas e instituições que tenham interesses em descobrir a opinião da população ou a situação
em que uma população específica vive, tornam isso possível, mesmo sem realizar a entrevista um a um. Chamamos esse
procedimento na Estatística de amostragem. É escolhida parte da população que possua as características necessárias ou
requisitos mínimos exigidos para o que está sendo procurado ou investigado.
Por exemplo: o IBGE gostaria de saber como está a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 25 anos e que residem
na zona urbana.
Como seria muito complicado entrevistar todos os jovens nessa faixa etária em todo o país, acaba-se escolhendo algu-
mas regiões do país (geralmente, nos grandes centros metropolitanos) e, de maneira aleatória, entrevistam os jovens nas
ruas ou até mesmo em residências, caso haja jovens com essas características nos domicílios. Apesar de não ser o número
exato ou mais próximo do total de jovens (população), o IBGE terá uma idéia de como está a situação da empregabilidade
dos jovens nessa faixa etária. Isso é importante para o Governo, tendo em vista que ao ter essas informações em mãos, ele
pode atuar sobre as possíveis causas de desemprego, mobilizando suas forças de maneira a inverter tal situação (escolari-
dade, formação profissional, experiência etc).
Tendo em vista as pesquisas de opinião, suponhamos que uma delas tenha sido realizada em uma certa cidade, com
o objetivo de saber a opção de voto para prefeito dos eleitores para a próxima eleição. Foram entrevistadas 800 pessoas.
Veja a opinião dos eleitores entrevistados:

Candidato Votos
Zé da Silva 140
João Moreira 246
Alberto Campos 130
Paulo Tadeu 284

Qual seria o percentual de votos de cada candidato?

103
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ASSIM OU ASSADO?
Quando nos deparamos com os resultados das pesquisas, não encontramos o número de eleitores que optou por um
candidato ou outro. Seja na televisão ou nos jornais impressos, encontramos essas informações com um tratamento espe-
cial: a porcentagem.
Para isso, utilizaremos os termos frequência absoluta e frequência relativa. A frequência absoluta nos mostra o
número absoluto, sem qualquer tipo de tratamento dado a esse resultado. É o número encontrado pelas pessoas que
realizaram a pesquisa, no problema, representa quantas vezes (ou, qual foi a frequência que) um dos candidatos foi citado.
A frequência relativa, como o nome já diz, apresenta a frequência que certo candidato foi citado, mas relacionando
o número absoluto ao total de votos (100%). Para isso, faremos um cálculo de porcentagem, para descobrir a frequência
relativa:

Candidato Votos Frequência Absoluta Frequência Relativa

Zé da Silva 140 140 = 0,175 = 17,5%

João Moreira 246 246 = 0,3075 = 30,75%

Alberto Campos 130 130 = 16,25%

Paulo Tadeu 284 284 = 0,355 = 35,5%

TOTAL 800 800 1 = 100%

Assim, o resultado da pesquisa, utilizando a porcentagem seria:


Zé da Silva: 17,5%
João Moreira: 30,75%
Alberto Campos: 16,25%
Paulo Tadeu: 35,5%
É, parece que a disputa entre João Moreira e Paulo Tadeu vai ser acirrada!

MAIS OU MENOS QUANTO?


Nessa parte do estudo, você encontrará métodos que buscam saber a tendência dos dados em análise. Cada um deles
tem uma característica própria e, quando usado no problema certo, nos dá uma melhor interpretação do mesmo. Vejamos
o exemplo a seguir:
Em uma empresa com 15 funcionários, sabe-se que 8 deles ganham 4 salários mínimos, 3 deles ganham 8 salários
mínimos e o restante, 13 salários mínimos. Qual será a melhor forma de saber se há um equilíbrio entre os salários pagos
aos funcionários dessa empresa?
Os métodos que utilizaremos serão a média, a mediana e a moda.
A média aritmética dos salários seria a soma de todos os salários dividida pelo total de funcionários. Assim, saberemos
qual seria o salário médio por funcionário:

Média salarial =

104
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Nesse caso, podemos simplificar esse cálculo, utilizando a média aritmética ponderada, sem a necessidade de mos-
trar o salário de cada funcionário:

Média salarial =

Pela média aritmética, vemos que o salário médio é de 7,2 salários mínimos.

Buscando saber qual seria o salário que está localizado no meio, utilizamos a mediana. Para isso, organizamos em
ordem crescente os salários dos funcionários:

Nesse caso, o salário que está no meio é o 8º número, que é o 4. Assim, podemos dizer que o salário mediano é de 4
s. m. (salários mínimos)
Pela moda, buscamos aquele salário que apareceu com a maior frequência. Nesse caso, o salário representado pela
moda é de 4 s.m., pois o 4 apareceu 8 vezes.
Comparemos os diferentes métodos... Será que os salários pagos por essa empresa aproximam-se de um equilíbrio
entre os funcionários ou a desigualdade é muito grande?
Se considerássemos apenas a média, veríamos que a média salarial é de 7,2 salários mínimos. Entretanto, os outros dois
métodos mostram que não é bem assim que acontece. Pela mediana e pela moda, os valores são de 4 salários mínimos.
Considerando, por exemplo, pela moda, mostra que a maioria recebe 4 s. m., enquanto uma minoria ganha acima de 10
s.m. Seria injusto?
Você sabia62...

No Brasil, que cerca de 10% da população mais pobre vive com 0,8% da renda nacional, enquanto
10 % dos mais ricos detêm cerca de 45 % da renda do pais. Precisamos tomar cuidado com as
estatísticas, nem sempre o que elas apresentam representa a situação da realidade!
Você sabia que a renda per capita (média entre a riqueza produzida pelo país e a população) do
brasileiro está por volta de R$ 13000,00 ao ano, segundo o Banco Central do Brasil? Você acha que,
ao dividir a riqueza igualitariamente entre todos os habitantes, cada um receberia esse montante? Isto
é, em um mês recebia cerca de R$ 1083,00?

62 Adaptado de http://integracao.fgvsp.br/BancoPesquisa/pesquisas_n5_2001.htm e http://www.pnud.org.br/


pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2390&lay=pde . Arquivos capturados em 28/3/2009.

105
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....


1. 63O gráfico seguinte mostra a distribuição de frequência das notas obtidas pelos alunos da 2ª série do ensino médio
numa prova de Matemática:

Ilustração 6 - Gráfico

Determine:
a) a nota média desses alunos
b) a mediana da distribuição
c) a moda dessa distribuição
Vamos organizar uma tabela de frequências, pois facilitará o cálculo da média.

Notas Frequência (nº de alunos)


4 6
5 8
6 11
7 10
8 8
9 5
10 2

Para o cálculo da média, usaremos a média ponderada das notas, tendo como pesos a frequência de alunos:

M=

M=

A média das notas foi de 6,58.

63 Problema extraído de Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003, p.263.

106
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

No item b, pede-se a mediana da distribuição. Como temos 50 termos, o valor da mediana será obtido a partir da média
aritmética entre o 25º termo e o 26º termo:

Mediana = = 6,5

No item c, pede-se a moda. Observando o gráfico ou a tabela, vemos que a maior frequência foi na nota 6. Logo, a
moda é 6,0.

Cada um dos métodos de medida de tendência central, isto é, qual seria o termo que está situado no centro da se-
quência em análise, mostra que esses dados não possuem uma variação tão grande, pois nos três métodos, os resultados
obtidos estão próximos de 6,0.

COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S


Vamos sintetizar as idéias vistas nesse tópico?
Média: é o quociente (resultado da divisão) entre a soma de todos os fatores presentes e o total de fatores. Existe a
média aritmética e a média ponderada. A média ponderada difere da aritmética, quando identificamos que há ponderação
ou pesos para os fatores que estão presentes. Um exemplo para esse tipo de média é o cálculo da média de notas na escola.
Se um professor aplicou três provas em uma certa disciplina, tendo cada uma delas, respectivamente, os pesos 1, 2 e 3, e
as notas das provas 1, 2 e 3 são: 5,0, 6,5 e 3,0, calcula-se a média ponderada:

Logo, a média das notas desse aluno será de 5,0. Note que o número 6 no denominador representa a soma dos pesos
de cada uma das provas!

Mediana: os dados são organizados em ordem crescente e identificamos o termo do meio. É importante lembrar que,
caso tenha uma quantidade par de elementos, você irá calcular a média aritmética entre os dois termos que se encontram
no centro. Por exemplo, se no problema anterior, o qual tratava de uma empresa com 15 funcionários, tivesse 14 funcioná-
rios: 2 recebendo 4 s.m., 5 recebendo 7 s.m. e os demais recebendo 10 s.m., teríamos que encontrar a mediana, calculando
a média aritmética entre o 7º e o 8º termos da sequência abaixo:

Posição 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º


s.m. 4 4 7 7 7 7 7 10 10 10 10 10 10 10

A mediana será de salários mínimos

Moda: busca-se o elemento que aparece com maior frequência. Verificamos o termo que aparece com maior frequên-
cia. Caso apareçam dois elementos com a maior frequência, dizemos que a amostra é bimodal (tem duas modas).

107
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

AGORA É A SUA VEZ...64

Atividade 13. Os conteúdos de vinte latas de leite em pó apresentaram as seguinte massas, em kg:
0,48 0,50 0,51 0,48 0,49
0,49 0,51 0,51 0,50 0,49
0,50 0,52 0,48 0,49 0,50
0,49 0,50 0,51 0,48 0,49

Organize esses dados numa tabela e encontre os valores para a frequência absoluta e relativa.:

Classe (massa em kg) Frequência Absoluta Frequência relativa


0,48
0,49
0,50
0,51
0,52
Total

Atividade 14. A tabela mostra a altura H, em cm, de uma planta em função do tempo t, em dias:

Altura (H) 0 2 3,6 4,8 5,6 6,2


Tempo (t) 0 1 2 3 4 5

a) Qual foi o crescimento médio da planta em cada um desses cinco dias?


b) Estime a altura da planta 3,5 dias depois de seu nascimento. Explique o processo que você utilizou para a estimativa.

Atividade 15. Calcule a média, mediana e a moda do seguinte conjunto de valores:


11 8 15 19 6 15 13 21

Atividade 16. Uma companhia aérea, a pedido de um engenheiro da aeronáutica registrou os tempos de dez vôos (até
a parada total) entre São Paulo e Rio de Janeiro. Os tempos registrados (em minutos são dados a seguir):
48 – 51 – 49 – 51 – 50 – 50 – 53 – 52 – 48 – 50
a) Calcule o tempo médio de vôo entre as duas cidades.
b) Calcule o tempo mediano de vôo.

Atividade 17. Com o objetivo de verificar o comportamento do consumidor, um órgão de defesa do consumidor re-
gistrou o seguinte número de queixas ao longo de 10 dias:
58 – 39 – 63 – 60 – 95 – 48 – 56 – 72 – 75 – 80
Determine a média e a mediana do número de queixas recebidas.

64 As atividades que constam nesse capítulo foram extraídas e/ou adaptadas de Matemática: Volume Único,
de Gelson Iezzi et al, Editora Atual, 1997 e Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003.

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU

1) 216

2) 648

3) c

4) 160

5) 158.184.000

6) Aproximadamente 3,85%

7) C: cara; C:coroa; Faces do dado: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.


Espaço amostral: {(C,1), (C, 2), (C,3), (C,4), (C,5), (C,6), (K,1), (K,2), (K,3), (K,4), (K,5), (K,6)}

8) a) com reposição: E.Amostral = {(V,B), (V,V), (B,V), (B,B)}


b) sem reposição: E. Amostral = {(V,B), (V,V), (B,V)}
9) a) {2, 4, 6}
b) {2, 3, 5}

10)

11) d

12)

13)

Classe (massa em kg) Frequência Absoluta Frequência relativa


0,48 4 20%
0,49 6 30%
0,50 5 25%
0,51 4 20%
0,52 1 5%
Total 20 100%

14) a) 1,24 cm
b) Média entre 4,8 e 5,6 cm: 5,2 cm.

15) Média: 13,5; Mediana: 14; Moda: 15

16) a) 50,2 minutos b) 50 minutos

17) Média: 64,6; Mediana: 61,5

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

PRA FIM DE PAPO!


Caro Aluno,

Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:


H1 - Identificar, interpretar e produzir registros de informações sobre fatos ou fenômenos de caráter aleatório.
H2 - Caracterizar ou inferir aspectos relacionados a fenômenos de natureza científica ou social, a partir de informações
expressas por meio de uma distribuição estatística.
H3 - Resolver problemas envolvendo processos de contagem, medida e cálculo de probabilidades.
H4 - Analisar o comportamento de variável, expresso por meio de uma distribuição estatística como importante recurso
para a construção de argumentação consistente.
H5 - Avaliar, com auxílio de dados apresentados em distribuições estatísticas, a adequação de propostas de intervenção
na realidade.

Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do
ENCCEJA, no final da apostila.

Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

EXAME NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS


DE JOVENS E ADULTOS (ENCCEJA )

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

GABARITO OFICIAL

01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

ANOTAÇÕES

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124
INTRODUÇÃO

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências da Natureza e suas
Tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais da sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:

1. Compreender as ciências como construções humanas, relacionando o desenvolvimento científico ao longo da


história com a transformação da sociedade.

2. Compreender o papel das ciências naturais e das tecnologias a elas associadas, nos processos de produção e
no desenvolvimento econômico e social contemporâneo.

3. Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos relevantes
para sua vida pessoal.

4. Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais, e instrumentos ou ações científico-tecnológi-


cos à degradação e preservação do ambiente.

5. Compreender organismo humano e saúde, relacionando conhecimento científico, cultura, ambiente e hábitos
ou outras características individuais.

6. Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los a diferentes contextos.

7. Apropriar-se de conhecimentos da física para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e pla-
nejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.

8. Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.

9. Apropriar-se de conhecimentos da biologia para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.

Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada capítulo é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução de exercícios para que você possa ampliar seu conheci-
mento.
As respostas podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as
habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE

Capítulo 1
O SER HUMANO CONSTRUINDO A CIÊNCIA.........................................................................................................................................................01
José Luis de Souza

Capítulo 2
O PAPEL DA TECNOLOGIA NO NOSSO MUNDO.................................................................................................................................................10
José Luis de Souza

Capítulo 3
TECNOLOGIA TODO O DIA ...........................................................................................................................................................................................28
José Luis de Souza

Capítulo 4
OS CAMINHOS DA HUMANIDADE ...........................................................................................................................................................................40
José Luis de Souza

Capítulo 5
A SAÚDE NO BRASIL ........................................................................................................................................................................................................56
José Luis de Souza

Capítulo 6
A METODOLOGIA CIENTÍFICA.......................................................................................................................................................................................78
José Luis de Souza

Capítulo 7
A FÍSICA E A ATUALIDADE .............................................................................................................................................................................................90
José Luis de Souza

Capítulo 8
QUÍMICA, NATUREZA E TECNOLOGIA.................................................................................................................................................................... 108
José Luis de Souza

Capítulo 9
MEIO AMBIENTE E BIODIVERSIDADE .................................................................................................................................................................... 123
José Luis de Souza
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Capítulo 1 Dizemos que um corpo, um objeto ou um ser vivo está


em movimento se ele mudar a sua posição, de acordo com
O Ser Humano Construindo a Ciência um ponto de referência, com o passar do tempo. Por outro
lado, se ele não muda sua posição, dizemos que está em
COMPREENDER AS CIÊNCIAS COMO CONSTRU- repouso. Para nós parece tudo muito simples, mas provar
ÇÕES HUMANAS, RELACIONANDO O DESENVOLVI- isso nas épocas mais remotas da humanidade não foi tão
MENTO CIENTÍFICO AO LONGO DA HISTÓRIA COM A fácil.
TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE. Quando empurramos um objeto sobre uma mesa, é
lógico, que ele só se movimenta enquanto estamos exer-
José Luis de Souza cendo uma força sobre ele. Se a força cessar, ou seja, se
parar de empurrá-lo, ele logo pára. Tal observação levou
Você já imaginou se não houvesse nenhuma das des- o filósofo grego Aristóteles a estabelecer a seguinte con-
cobertas que a ciência fez nas últimas décadas, como seria clusão:
a nossa vida? Provavelmente, a população mundial seria
menor, por causa das doenças. Haveria pouco ou quase “Um corpo só permanece em movimento se uma
nada de contato com outras pessoas de diferentes países, força estiver atuando sobre ele”.
pela falta do telefone, avião, internet, carro e uma série de
avanços que permitiram que o homem, ao longo dos anos, Esta interpretação, de Aristóteles, formulada no século
pudesse chegar ao nível tecnológico atual. Nossa, da até IV a.C. (e que não esta completamente correta como ve-
medo de pensar se não houvesse luz elétrica em casa! Ima- remos mais adiante), foi aceita até um fenômeno cultural
gine a escuridão! chamado de Renascimento na Europa (séc. XVII).
Mas para o homem concretizar muitos dos seus so- O desenvolvimento da Ciência é fruto do modo de
nhos, foi necessário vencer vários obstáculos. Foram obs- pensar de uma época, da cultura de uma região e do de-
táculos culturais, como as diferentes linguagens e códigos senvolvimento tecnológico que o homem possui. Até o sé-
existentes entre os vários povos. A força da natureza, as culo XVII existia o pensamento de que a Terra era finita, e
próprias limitações humanas, as distâncias em terra, no ar e que em determinado ponto do planeta não era mais possí-
na água, enfim, uma cadeia de fatores que embora difíceis, vel avançar. O que se observava sobre os movimentos era
não barraram a busca pelo conhecimento. que tudo que se movia tendia a parar. Tudo o que estava
O homem demorou centenas de anos para descobrir e suspenso tendia a cair e ficar em repouso no solo. Portanto
provar que a Terra era redonda. Há 50 anos um computa- o estado natural de um corpo deveria ser o repouso e o
dor ocupava uma sala inteira e tinha menor capacidade de movimento era uma interferência externa sobre ele.
cálculo que uma calculadora atual comum. Hoje temos má- Então, à partir do Renascimento observações de al-
quinas que exploram outros planetas, podemos levar um guns cientistas e pensadores começaram a mostrar que o
notebook para qualquer lugar sem ter que ligá-lo à rede mundo não era uma coisa fechada e limitada. Com as des-
elétrica e podemos nos comunicar com o mundo inteiro, cobertas de Galileu Galilei, que utilizou uma luneta para
através dele, com a internet sem fio. Tudo isso aconteceu observar o céu e os corpos celestes, o mundo passou a ser
muito rapidamente e só foi possível porque muitos cientis- entendido como uma coisa que, se não infinita, também
tas, homens e mulheres comuns estudaram, observaram, não se conseguia definir a sua extensão.
fizeram experimentos e acumularam um enorme conheci- Galileu dizia que o estudo sobre os movimentos re-
mento ao longo da história. queria experiências mais cuidadosas. Após a realização de
Algumas das grandes descobertas foram muito impor- várias delas, percebeu que sobre um livro que é empurra-
tantes para a saúde, para melhorar nosso modo de vida e do, por exemplo, existe a atuação de uma força denomina-
para nos dar maior conforto. Outras, como a bomba atômi- da de Força de Atrito, e que tal força é sempre contrária à
ca, prejudicaram muito a humanidade e causaram a morte tendência do movimento dos corpos. Assim, ele percebeu
de milhares de pessoas, mesmo que os princípios usados que se não houvesse a presença do atrito, o livro não pa-
na sua construção fossem desenvolvidos com intenções raria se cessasse a aplicação da força, ao contrário do que
muito diferentes. pensava Aristóteles.
Saber como a Ciência funciona é importante para en- As conclusões de Galileu podem ser sintetizadas da
tender como ela pode contribuir para a melhoria das con- seguinte maneira:
dições de vida da humanidade e também para julgar os
bons e maus usos que a sociedade faz dela e do conheci- Se um corpo estiver em repouso, é necessária a
mento científico. aplicação de uma força para que ele possa alterar
o seu estado de repouso. Uma vez iniciado o mo-
O MUNDO EM MOVIMENTO vimento e depois de cessada a aplicação da força,
o corpo permanecerá em movimento retilíneo uni-
Podemos dizer que o mundo está em movimento, que forme indefinidamente desde que ele esteja livre
um carro está em movimento, até que uma tartaruga está da ação das forças de atrito, peso ou gravidade.
em movimento, mas...o que é movimento?

1
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Os experimentos de Galileu levaram à conclusão de As primeiras fontes artificiais de luz usavam o mesmo
uma propriedade física da matéria chamada inércia. Se- princípio, a combustão. Alguma coisa precisava ser quei-
gundo essa propriedade, se um corpo está em repouso, mada para poder iluminar. Foram inventados, lampiões a
ou seja, se a resultante das forças que atuam sobre ele for óleo, lampiões a gás, lamparinas, velas, etc. A combustão é
nula, ele tende a ficar em repouso. E se ele está em movi- uma reação química entre o oxigênio do ar e o combustí-
mento ele tende a permanecer em movimento na mesma vel, ou seja, o material que é queimado. Para se obter uma
velocidade e sempre em linha reta (movimento retilíneo boa iluminação era necessário usar um material que quei-
uniforme). masse bem, que reagisse bem com o oxigênio. Muitos de
Anos mais tarde, após Galileu ter estabelecido o con- nossos avós devem ter utilizado estas fontes de luz e vivido
ceito de inércia, Sir Isaac Newton formulou as leis da dinâ- em cidades onde as ruas eram iluminadas por lampiões a
mica (Área da Física que estuda as causas do movimento) gás ou óleo.
denominadas de “as três leis de Newton”. Newton concor- A descoberta e o domínio da energia elétrica permiti-
dou com as conclusões de Galileu e utilizou-as em suas leis. ram a Thomas Alva Edison, em 1880, construir a primeira
A Primeira Lei de Newton Também chamada de Lei da lâmpada incandescente utilizando uma haste de carvão
Inércia apresenta o seguinte enunciado: muito fina que aquecendo até próximo ao ponto de fusão,
com a passagem de corrente elétrica através dela, passa a
emitir luz. Agora pense você em duas coisas: tudo o que
Na ausência de forças, um corpo em repouso con- aquece muito queima, não queima? Já percebeu que den-
tinua em repouso, e um corpo em movimento, tro da lâmpada não tem ar? Edison precisou dominar uma
continua em movimento retilíneo uniforme (MRU). série de conhecimentos para que a lâmpada desse certo.
Com o conhecimento sobre combustão ele sabia que o
A partir dessas idéias é possível entendermos como carvão na presença de ar queimaria. Logo ele criou um en-
uma sonda espacial do tamanho de um automóvel pode voltório de vidro, retirou todo o ar de dentro e selou. Sem
viajar bilhões de quilômetros pelo espaço sem levar muito ar a haste não queimava.
combustível. Como o espaço é vazio, não há nada que im- As lâmpadas com vácuo interno foram comercializadas
peça o movimento da nave. durante muito tempo, mas tinha um inconveniente, eram
muito frágeis e quebravam facilmente, pois, já que não ti-
EM BUSCA DA LUZ nha nada dentro, estavam sujeitas à pressão atmosférica.
Hoje estas lâmpadas são preenchidas com um gás inerte,
como o nitrogênio, que não provoca combustão, isso dimi-
E Deus disse: “Que exista a luz!” E a luz começou nuiu muito a sua fragilidade.
a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus sepa-
rou a luz das trevas: à luz Deus chamou “dia“, e QUE LÍNGUA É ESSA?
às trevas Deus chamou noite. Você percebeu que há pouco usamos a palavra com-
bustão ao invés de queima e gás inerte para nos referirmos
Gênesis1 a um gás que não queima ou não reage com o combustí-
É assim que a Bíblia narra o surgimento da luz, do dia vel? Não se assuste, não vai ter que aprender outro idioma!
e da noite. Não vamos discutir aqui o surgimento da luz e Mas vai ter que se acostumar com termos de outra lingua-
outros fenômenos naturais com base nas crenças religio- gem, diferente daquela linguagem natural que aprende-
sas e nem julgar se são verdadeiras ou falsas. Não vamos mos desde criança e que usamos para nos comunicar no
contrapor religião e Ciência. Vamos discutir apenas o que dia a dia.
a Ciência consegue provar de maneira convincente e ver A ciência é construída por várias pessoas em diversas
como o homem pode se beneficiar desses conhecimentos. partes do mundo, que falavam línguas diferentes e tinham
Com a descoberta do fogo o homem percebeu que costumes diferentes. Ao longo da história foi necessário
entre outras tantas utilidades, ele poderia aliviar a escuri- criar vários códigos para que essas informações fossem en-
dão noturna e assim se manter mais seguro de ataques de tendidas e utilizadas por todos, surgiu então a “linguagem
cientifica”.
predadores ou de grupos inimigos que por ventura ten-
Para entendermos a combustão de um gás como o
tassem invadir o seu território. Hoje queremos nossas ruas
metano, por exemplo, precisamos saber de alguns princí-
iluminadas, pois, após milênios, as vias iluminadas ainda
pios básicos, que veremos a seguir.
nos dão a sensação de maior segurança. O homem primiti-
Todas as substâncias e toda a matéria são formadas
vo encerrava as suas atividades diárias com o cair da noite, por minúsculas partículas chamadas de átomos, para re-
a sociedade moderna, contudo, não encerra nunca e o que presentá-los utilizamos as letras iniciais dos seus nomes na
torna possível esta atividade frenética é a possibilidade de forma maiúscula.
se iluminar todos os ambientes. Mas vale a pena destacar Ex:
novamente, o caminho percorrido pela Ciência para que Oxigênio – O Hidrogênio - H
hoje toda a sociedade possa (em tese) se beneficiar da Luz. Nitrogênio – N Carbono - C

1 Bíblia Sagrada, Edição Pastoral Ed. Paulus.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Quando é necessário usamos a primeira e a segunda letra, sendo que a segunda sempre deve ser minúscula:

Ex:
Níquel – Ni Lítio – Li Cobalto – Co

Às vezes utilizamos as primeiras letras dos nomes dos átomos em latim e isso pode nos causar certa estranheza, mas
temos que lembrar que se estudam estes elementos desde a Idade Média quando as línguas e códigos eram diferentes.
Ex:
Sódio – Na – (Natrium)
Enxofre – S – (Súlfur)
Chumbo – Pb – (Plumbum)

Quando juntamos dois ou mais átomos, iguais ou diferentes, formamos uma substância. As substâncias são represen-
tadas por fórmulas que contêm os tipos e quantidades de átomos existentes na substância.
A água, por exemplo, é representada pela fórmula H2O. Significa que na substância existem dois átomos de hidrogênio
e um de oxigênio. O gás carbônico é representado pela fórmula CO2. Significa que existem dois átomos de oxigênio e um
de carbono nesta substância. Observe, o número que representa a quantidade de um determinado átomo está à direita
dele e em tamanho menor. Quando o número aparece grande e na frente da fórmula significa que temos duas vezes a
quantidade de átomos da fórmula inteira.

Ex: 2 CO2 – significa que estamos falando de dois átomos de carbono e 4 de hidrogênio. Para entendermos melhor
vamos representar os átomos com esferas e associá-las às fórmulas:

Oxigênio Hidrogênio

H 2O Dois átomos de hidrogênio e um átomo de Oxigênio

2 H 2O Quatro átomos de hidrogênio e dois átomos de oxigênio

Figura 1.1 – Representação dos átomos de oxigênio e hidrogênio e da molécula de água.

Agora que podemos entender parte da linguagem cientifica vamos voltar a falar da combustão. Vamos usar como exemplo
o gás metano (CH4). Já dissemos anteriormente que a reação de combustão ocorre entre um combustível e oxigênio. Para repre-
sentarmos o que acontece escrevemos da seguinte forma:
CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)
Gás Gás Gás Água no estado
Metano oxigênio carbônico gasoso

3
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Esta forma de escrita é chamada de Equação química. vel, o desgaste dos recursos naturais será ainda mais insu-
Ela possui duas partes separadas por uma seta, que indica portável. “Ao ritmo do seu consumo atual, a Humanidade
que a reação está ocorrendo. Do lado esquerdo estão os precisará de dois planetas no início da década 2030 para
reagentes em suas devidas quantidades e proporções. Do responder às suas necessidades”, assinala hoje o Fundo
lado direito aparecem os produtos da reação nas quanti- Mundial para a Natureza (WWF).
dades que se formam. Note também que um índice (uma A pressão da Humanidade sobre os recursos naturais
letra pequena) do lado direito mostra o estado físico da do planeta mais do que duplicou nos últimos 45 anos de-
substância que participa ou que se forma na reação. Esta vido ao crescimento demográfico e ao aumento do con-
equação está nos dizendo que, proporcionalmente, uma sumo individual. Esta exploração esgota os ecossistemas
molécula da substância metano reage com uma molécula e o lixo resultante dessa utilização acumula-se no ar, na
do gás oxigênio formando uma molécula de gás carbônico terra e na água.
e duas de água. O desflorestamento, a degradação da qualidade do
A combustão transformou as moléculas que formam ar, da água, o declínio da biodiversidade e o desregra-
o gás metano em gás carbônico e água. Mas observe que mento climático provocado por emissões de gases com
os átomos que formavam essas moléculas não foram alte- efeito estufa, põem cada vez mais em perigo o bem-estar
rados. O número total de átomos no primeiro membro da e o desenvolvimento de todas as nações. 2
equação é igual ao número total de cada átomo no segun- De qualquer modo a ciência avançou bastante na área
do membro. Se o número de átomos é igual à soma das de combustíveis para tentar diminuir essa influencia nega-
massas dos reagentes também é igual à soma das massas tiva. No primeiro semestre de 2009 a Agência de Proteção
dos produtos. Portanto, durante uma reação química não Ambiental Americana certificou o primeiro automóvel do
há aumento nem diminuição da massa total. Essa afirma- mundo movido à célula de hidrogênio dando a ele o titulo
ção é conhecida como Lei da Conservação da massa ou de carro verde mundial. Este automóvel, que tem mesmo
principio de Lavoisier. desempenho e autonomia que um automóvel conven-
Quando um reagente é liquido, como o álcool, por cional, venceu 20 outros concorrentes, ou seja, a huma-
exemplo, podemos até pensar que a massa foi perdida,
nidade já não dependente do combustível fóssil nem de
pois o álcool desaparece. Essa aparente perda de massa
biocombustíveis, que emitem gás carbônico e monóxido
é explicada pelo fato de que os gases e o vapor de água
de carbono, para movimentar automóveis.
produzidos na combustão se espalham pela atmosfera. No
De qualquer forma uma tomada de consciência so-
entanto, essa reação ainda libera energia, que também não
bre a situação do planeta do qual fazemos parte e ao
é perdida. Parte da energia é transformada em luz, a outra
qual estamos intimamente ligados, tem sido alavancada
parte é transformada em calor. Observe a equação a seguir
com iniciativas no sentido da preservação ambiental e do
que representa a combustão do álcool. As setas ascenden-
uso racional dos recursos naturais. São exemplos dessas
tes indicam o que está sendo liberado para o ambiente veja
que mesmo assim o principio de Lavoisier é mantido. ações, a coleta seletiva e a reciclagem do lixo (principal-
mente papel e metais), a utilização do óleo de soja usado
para produção de biodiesel, campanhas para economia e
uso racional da água.

CIÊNCIA E SAÚDE

Cuidar ou não da saúde ambiental do planeta será


nos próximos anos, mais uma opção da humanidade, que
uma limitação tecnológica para que isso ocorra. É bem
verdade que foram instrumentos desenvolvidos pela área
Mas...e se precisarmos do dobro da energia liberada tecnológica que causaram boa parte dos danos ambien-
nessa combustão? Então precisamos usar o dobro dos rea- tais que presenciamos hoje. Mas a ciência já avançou o
gentes e obteremos também o dobro dos produtos. Isso suficiente para produzir, tanto os alertas de que o rumo
é garantido pela Lei das proporções definidas ou Lei de da humanidade deve ser mudado, como os instrumentos
Proust. para esta mudança e para muitas outras.
O homem já tem capacidade hoje de tratar doenças
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E RECURSOS antes de elas aparecerem. E tem feio isso através da ge-
NATURAIS nética, que começou a ser estudada por Charles Darwin e
por Gregor Mendell no século XIX. De acordo com estes
A humanidade necessita de recursos naturais em quan- estudiosos os seres vivos são fruto das suas interações
tidade muito maior (30% a mais) do que a capacidade de com o ambiente. De uma geração para outra de indiví-
reposição desses recursos pelo globo terrestre. E o que é duos de determinada espécie podem ocorrer alterações
pior: nem por isso ela tem um nível satisfatório de vida. genéticas (alterações no DNA da célula) que se traduzem
Basta ver que há 1,4 bilhão de pessoas vivendo abaixo do em novas características físicas e biológicas. Se estas ca-
nível de pobreza para concluir que, se superarmos esse ní- 2 www. apea.pt

4
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

racterísticas favorecerem a sobrevivência da espécie ela No primeiro semestre de 2009 ocorreram vários casos
será transmitida às novas gerações e surgirá uma nova de meningite na região metropolitana de Salvador. Como
espécie. Se não for, o novo indivíduo não será viável, não todos nós sabemos as condições dos hospitais públicos
estará apto para a sobrevivência e será eliminado natu- são ruins no país inteiro e quando o atendimento cresce,
ralmente pelo ambiente. Esta teoria é conhecida como fica pior ainda. Na falta do pronto atendimento como se
seleção natural. poderia avaliar se uma pessoa teria possibilidade de estar
com essa doença?
A meningite é uma inflamação em uma membrana
Os genes são pedaços de uma molécula chama- (uma pele muito fina) que envolve o cérebro, ela pode ser
da ácido desoxirribonucléico – DNA - que, em provocada por bactérias como os Meningococos ou por vírus
geral, se encontra no núcleo da célula. O DNA como o Haemofilus. Se a inflamação é ao redor do cérebro é
está presente e define as características de to- de se esperar que ela cause dores de cabeça e é este mes-
dos os seres vivos. mo o primeiro sintoma. Ao se observar uma pessoa com
dores de cabeça deve-se verificar se ela também tem febre
Talvez a espécie humana seja a única que contraria esta alta e constante. O cérebro e a medula espinhal (que fica
teoria. Os avanços da ciência no campo da medicina possi- dentro da coluna vertebral) estão interligados, fazendo com
bilitaram a sobrevivência de um número cada vez maior de que a inflamação também cause na pessoa uma dificulda-
indivíduos com características genéticas que só permitem de para dobrar o pescoço, chamada de rigidez de nuca. Os
seu bem-estar quando os efeitos delas são devidamente médicos fazem um teste muito simples: pedem para que
controlados através de drogas e outros tratamentos. São se encoste o queixo no peito. Se a pessoa não consegue é
exemplos os diabéticos e hemofílicos, que só sobrevivem e mais um sinal de que ela pode estar doente. Prosseguindo
levam vida relativamente normal ao receberem suplemen- nesta investigação, deve-se observar se a pessoa tem man-
tação de insulina ou do fator VIII da coagulação sanguí- chas avermelhadas no corpo e se houver ela deve ser levada
nea respectivamente. Esses fatos permitem afirmar que os imediatamente a um pronto socorro.
avanços da medicina podem diminuir os efeitos da seleção No hospital é retirado um líquido existente no interior
natural sobre as populações. Isso porque os tratamentos da medula chamado líquor. Este líquido deve ser transpa-
de doenças como o diabetes, por exemplo, apesar de não rente, e se ao invés disso estiver turvo (com aspecto lei-
curarem a doença, prolongam a vida das pessoas. toso) a pessoa deve ser internada para tratamento. Mas a
E a ciência vai mais além, quem já não ouviu falar so- investigação não termina aí, para se tratar a doença é ne-
bre terapia genética, células tronco e mapeamento ge- cessário saber que tipo de microorganismo a está causan-
do. O líquor então é colocado em um pequeno recipiente
nético? Uma reportagem publicada na revista Época em
com uma gelatina nutritiva para que os microorganismos se
20/04/2009 explica que já é possível fazer o “mapeamento”
multipliquem e possam ser observados ao microscópio. Só
genético, ou seja, determinar através da seqüência de ge-
depois disso é que se tem certeza sobre o tratamento que
nes que formam o DNA, se uma pessoa tem a possibilida- será eficiente. É preciso ficar bem claro que só um médico
de de desenvolver câncer, problemas de visão, obesidade, pode fazer o diagnóstico de uma doença séria como esta,
problemas cardiovasculares, etc. Não se pode mudar as ca- mas com um conhecimento mínimo nós mesmos podemos
racterísticas genéticas de um individuo e evitar as tendên- observar os primeiros sintomas e encaminhar a pessoa sus-
cias ao desenvolvimento de certas doenças, mas tendo co- peita da doença ao hospital. Nos casos em que os sintomas
nhecimento dessas tendências o individuo pode se cuidar já são conhecidos os pacientes têm atendimento prioritário.
e interagir melhor com o ambiente para que as tendências Quando surgem muitos casos em uma mesma região
não se confirmem e assim evite a doença. são as autoridades sanitárias que precisam usar o método
Estudos recentes também têm usado células tronco de observação das Ciências. Precisam determinar as causas
para devolver o movimento a quem teve uma lesão na me- e, se for necessário, fazer uma campanha de vacinação para
dula óssea e ficou paraplégico. Estas células são capazes prevenir novos casos da doença.
de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo hu- E por falar em vacinas, elas têm sido as grandes res-
mano, ao serem injetadas no local da lesão elas se desen- ponsáveis pela prevenção de vários tipos de doenças há
volvem e regeneram os tecidos da medula “consertando” o várias décadas. Já na virada do século XIX para o século XX
local que foi danificado. (por volta de 1900) o químico Louis Pasteur utilizou seus co-
Assim como Darwin e Mendell todas as pessoas que nhecimentos científicos, o grande desenvolvimento indus-
trabalham com as Ciências da Natureza têm uma metodo- trial, cultural, econômico e tecnológico gerado na Europa
logia a ser seguida para que seus estudos e descobertas juntamente com o desenvolvimento do microscópio para
possam ser considerados corretos. Ela está baseada princi- mostrar que os fungos se propagam por meio de formas
palmente na observação paciente e atenta de um proble- microscópicas (seus esporos) e que as bactérias, sempre in-
ma para que se encontre a sua solução. Não é nada com- visíveis a olho nu, se reproduzem a partir de outras bacté-
plicado, vários profissionais como médicos, engenheiros e rias. Mas uma das grandes descobertas, que revolucionaria
professores seguem essa metodologia. Nós também pode- a saúde no planeta, proporcionando grandes avanços na
mos segui-la em situações onde a nossa interferência pode qualidade de vida da população, foi a descoberta da peni-
ser decisiva para vida de outra pessoa. cilina por Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary’s
Hospital, de Londres em 1920.

5
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Vacinas são medicamentos que contem pedaços de


microorganismos ou os próprios microorganismos
atenuados responsáveis por determinada doença.
Como estão enfraquecidos eles não conseguem se
instalar num organismo vivo, mas fazem com que
este organismo desenvolva defesas e resistência
contra a doença.

Hoje temos vacinas disponiveis para se combater di-


versas doencas, entre elas, os tipos de meningites diferen-
tes que podem nos deixar doentes.

VENCENDO DESAFIOS E DISTÂNCIAS

A ciência sempre foi impulsionada por desafios, neces-


Figura 1.2 - Alexander Fleming, sidades e desejos dos seres humanos. Entre estas necessi-
bacteriologista que desenvolveu a penicilina. dades estava a comunicação. O mundo aumentava rápido
de tamanho com as grandes navegações, a descoberta de
Ele já vinha há algum tempo pesquisando substâncias novas terras e novos continentes. A população também
capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias crescia e ficava cada vez mais difícil se comunicar de um
ponto distante ao outro. Uma descoberta que começou
nas feridas infectadas. Essa preocupação se justificava pela
por acaso revolucionou e melhorou muito a comunicação
experiência adquirida na Primeira Grande Guerra (1914-
no século XIX, o telefone.
1918), na qual muitos combatentes morreram em conse- Na tarde do dia 2 de junho de 1875, Graham Bell e
qüência da infecção em ferimentos profundos. Em um dos Thomas Watson puseram-se a fazer experiências para veri-
seus experimentos Fleming reparou que numa determina- ficar o funcionamento do telégrafo harmônico. Cada um foi
da cultura de bactérias, contaminada por uma determinada para uma sala, no sótão da oficina de Bell. Watson, em uma
espécie de fungos, as bactérias não se desenvolviam.3 Este delas, tratava de ligar os diversos eletroímãs, enquanto Bell,
fungo foi identificado, estudado e com ele foi preparado o na outra, observava o comportamento dos eletroímãs de
primeiro antibiótico, a Penicilina. seu aparelho que deveriam vibrar estimulados pelo apare-
De qualquer modo nem sempre a ciência é bem aceita. lho de Watson.
O médico Oswaldo Cruz foi o pioneiro no estudo das mo-
léstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fun-
dou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no bairro de
Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto
Oswaldo Cruz que é respeitado internacionalmente.
No período da Republica o Rio de Janeiro sofria com
uma epidemia de varíola. Oswaldo Cruz convenceu o go-
verno da época que a doença só poderia ser controlada
através da vacinação em massa da população. A campanha
de vacinação obrigatória foi colocada em prática em no-
vembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela
foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns ca-
sos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam
as pessoas à força, provocando revolta. Essa recusa em ser Figura 1.3 - Reconstituição artística de Bell escutando os
vacinado acontecia porque grande parte das pessoas não sons do receptor do telégrafo harmônico, em 18755
conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus
efeitos. Estourou então um movimento de caráter popular Como acontecera muita outras vezes, a coisa não fun-
na cidade do Rio de Janeiro contra a campanha de vacina- cionou e para piorar, a lâmina de um dos transmissores não
ção obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a va- vibrava quando ligada à pilha. Como essa lâmina parecia
ríola. Esta revolta ficou conhecida como Revolta da Vacina.4 estar presa, Watson começou a puxá-la e soltá-la para ver
se assim, ela começava a vibrar como deveria. Nisso, Bell
ouve uma forte vibração no aparelho que estava em sua
3 Fonte: http://usuarios.cultura.com.br/ sala, dá um grito e vai correndo perguntar a Watson o que
ele havia feito.
jmrezende/penicilina.htm
4 Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_
Cruz 5 Fonte:www.museudotelefone.org.br

6
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Dando uma olhada na lâmina que estava com proble- vas tecnologias com entusiasmo e ao mesmo tempo com
ma, Bell viu que um parafuso estava muito apertado, im- certa apreensão, ou seja, medo das mudanças. Foi assim
pedindo que o contato elétrico gerado entre a lâmina e que as pessoas reagiram e ainda reagem frente à televi-
o eletroímã fosse rompido, isso causava a interrupção da são de plasma, ao computador, ao telefone celular e mais
transmissão de pulsos elétricos para a outra sala. Intrigado, recentemente à Internet. Esta última veio acrescentar mais
Bell começou a quebrar a cabeça imaginando o que havia algumas opções de escolhas em nossas vidas e até encur-
acontecido. De repente, compreendeu que, quando a lâ- tar grandes distâncias no planeta como um todo. Pode ser
mina de aço vibrou diante do eletroímã, ela produziu uma agradável ver alguém que está distante através do moni-
corrente elétrica na bobina e essa corrente elétrica produ- tor, ouvir música, enviar documentos, ler livros e até marcar
ziu a vibração no aparelho que estava na outra sala. uma viagem utilizando o computador. A máquina nos pro-
O princípio da física que explicava esse fenômeno não porcionou uma interação nunca antes vista pelas pessoas.
era novo. Michael Faraday já havia demonstrado, quarenta Com a invenção do telefone a humanidade resolveu
anos antes, que o movimento de um pedaço de ferro perto uma parte do seu problema de comunicação, mas ainda
de um eletroímã podia criar vibrações elétricas do mesmo precisava resolver o problema da saudade das pessoas que
tipo. Porém, apesar desse fenômeno já ser conhecido, foi só estavam longe. Uma viagem de navio entre a Europa e a
nesse dia que Bell percebeu que poderia usá-lo para fazer América, por exemplo, demorava meses nos navios a vapor.
o que tanto queria: transmitir a voz através da eletricidade. Além disso o homem tinha um velho desejo, voar
como os pássaros. Esse desejo se manifestou na antiguida-
de através da lenda de Ícaro que construiu uma asa usando
penas e cera e conseguira voar, só que voou tão alto e tão
perto do sol que o calor derreteu a cera das suas asas. Leo-
nardo Da Vinci, séc. XV, também realizou diversos estudos
tentando alçar vôo.
O homem acreditava que para voar precisaria de asas
como as dos pássaros. Mas com muitos estudos e obser-
vações ele percebeu que ao bater as asas os pássaros for-
çavam o ar para baixo enquanto seus corpos eram jogados
para cima em reação à forca exercida sobre o ar. O segredo
talvez não fosse as asas e sim fazer com que o ar jogasse
um objeto para cima. Ao perceber isso e que o ar quente
era mais leve (ou menos denso) que o ar frio, o homem foi
capaz de criar várias formas de voar, todas tendo como
Figura1.4 - Os primeiros diagramas do telefone, desenha-
principio a reação à resistência do ar.
dos por Bell em junho de 1875.6
Por exemplo, os balões dirigíveis eram impulsionados
Nesse mesmo dia, antes de ir para casa, Bell deu ins- para cima porque o ar frio, mais denso, empurra para cima
truções a Watson para que construísse um novo aparelho, o ar quente contido no seu interior. As asas dos aviões em-
adaptando o antigo dispositivo, com a finalidade de captar purram o ar para baixo quando eles ganham velocidade,
as vibrações sonoras do ar e produzir vibrações elétricas. em reação os aviões decolam. Na verdade Newton já havia
Estava assim inventado o primeiro telefone da história. percebido, muito antes da invenção do avião, que os movi-
mentos dos corpos de um modo geral se sustentam em vir-
INTERNET? QUE COISA É ESSA? tude das forças de reação. As conclusões de Isaac Newton
deram a origem a sua terceira lei, a lei da ação e reação:

Quando um corpo recebe uma força ele reage


com outra força de mesma direção, mesma inten-
sidade e sentido oposto.

Vale lembrar que “direção” na linguagem da física pode


ser horizontal ou vertical e os sentidos para cima, para bai-
xo, para direita ou esquerda.
Apesar dos entendimentos de Newton sobre a física
envolvida no vôo, coube a Santos Dumont resolver a equa-
ção que tirasse um objeto mais pesado que o ar do solo.
Muitos anos depois, Bell nem imaginaria as contribui- A invenção e aperfeiçoamento do avião encurtaram as dis-
ções que sua descoberta traria ao mundo atual. Mas nem tâncias entre as pessoas possibilitando maior integração
tudo é assimilado pelas pessoas rapidamente, como tudo cultural, comercial e econômica entre as várias partes do
que se realiza no decorrer da vida, o mundo recebe as no- mundo.
6 Fonte:www.museudotelefone.org.br

7
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS – POR QUE NUNCA É SUFICIENTE?

Leia atentamente o trecho de um artigo de Adriano M. Branco, engenheiro e administrador, publicado no jornal O
Estado de São Paulo intitulado O Mundo dos Desperdícios:

- Um pequeno produtor de milho de Minas Gerais, entrevistado, disse ter, habitualmente, perdas de 70%. São os
carunchos, os ratos, a umidade, o transporte, etc., etc., que causam isso.
Espantada, a jornalista perguntou: “Mas o senhor não pode melhorar o seu processo de armazenamento e trans-
porte?” Ao que ele respondeu: “Fica muito caro.” E ela retrucou: “Para isso você conta com o financiamento do
Banco do Brasil.” A resposta foi triste: “Aí eu perco minha terra...”
Esse pequeno produtor - e as nossas grandes safras dependem muito dos pequenos produtores - encontrava,
afinal, o seu equilíbrio econômico. Perdia 70% de sua safra, mas conseguia sobreviver, sem o risco de empenhar
a sua terra para se modernizar. A famosa “viabilidade econômica”, acoplada à “taxa interna de retorno”, estava
resolvida.
O sitiante perdia 70% de seu produto, a Ceasa jogava fora 80 toneladas de alimentos todos os dias. Mas, no frigir
dos ovos, estava tudo nos conformes. (Por falar em ovos, o município de Bastos, o maior produtor do Brasil, perdia
10% de sua produção de ovos por falta de pavimentação de uma estrada de 15 quilômetros que, quando feita,
reduziu as perdas para 2%...). Tudo estava na conformidade de um conceito econômico que não leva em conta as
perdas ambientais.
Veja que, se o pequeno agricultor perdesse só 10% de seu milho, ele poderia realizar a mesma produção em um
terço da área, consumindo um terço dos fertilizantes, da água e da própria força de trabalho. Nossos descenden-
tes, beneficiados porque o mundo não acabou, agradeceriam.
Os milhares de toneladas de alimentos que se perdem na Ceasa, nos transportes, etc., etc., significam demandas
feitas à natureza, sem nenhum retorno.
Resolver esses problemas da produtividade nacional não é apenas uma questão econômica, mas, acima de tudo,
um “problema ético”, como bem demonstrou o cientista Samuel Murgel Branco em seu livro: Meio Ambiente, Uma
Questão Moral.

Este trecho do artigo nos mostra que não basta ter a tecnologia e o desenvolvimento científico ao nosso favor para
que possamos satisfazer e superar nossas necessidades. É preciso também haver uma mudança de cultura, é preciso que
a sociedade de um modo geral tenha conhecimento e educação para acompanhar e poder se beneficiar deste desenvol-
vimento.
O Brasil apresenta uma produtividade agrícola 27% menor em relação a obtida pelos americanos. Isso significa que
precisamos de mais terras cultiváveis, consumimos mais fertilizantes e mais defensivos agrícolas, poluímos mais nossos
solos e águas subterrâneas, produzimos mais lixo e temos que nos livrar dele, ou seja, estamos consumindo rapidamente
nosso solo e nossos recursos para produzir menos.
Ao longo dos anos, o lixo em particular passou a ser uma questão de interesse global. E os problemas são os mesmos
de um lado a outro do globo: o destino do lixo e seu acondicionamento inadequado têm trazido graves problemas a todas
as nações. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre
o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens).
O “lixo” é uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles, o resíduo sólido urbano
gerado em nossas residências.
Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mu-
danças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando um lixo diferente daquele que se produzia há 50 anos, em
quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a for-
mas inadequadas de descarte. Em um passado não muito distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos
por habitante/ano; no entanto, hoje, países altamente industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/
hab/ano. No Brasil, o valor médio verificado nas cidades mais populosas é da ordem de 180 kg/hab/ano.
O avanço da tecnologia para reciclagem do lixo tem um papel importante tanto ambiental como social. Ambiental por-
que evita que materiais que levariam centenas de anos para se decompor sejam enterrados no solo. Social porque existem
diversas cooperativas de trabalhadores que encontram na coleta, separação e processamento do lixo reciclável uma forma
de conseguir renda e viver com dignidade.

O LIXO NA FORMA DE GÁS


Em cidades como São Paulo, e outras de grande população, a presença, no ar, de produtos resultantes da queima de
combustíveis utilizados nos veículos de transporte, juntamente com as emissões das chaminés das indústrias, é uma das
principais causas da poluição, do lixo na forma de gases, jogados no ar.

8
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Na maior parte do tempo, invisível, mas sempre pre- Todos os trabalhos envolvidos nessas mudanças, des-
sente, a poluição atmosférica é um fator extremamente cobertas e desenvolvimento de tecnologia seguiram pa-
importante na degradação da qualidade de vida das popu- drões, metodologias, etapas, pesquisas, etc. Mas não pense
lações urbanas. Em São Paulo por exemplo pesquisadores você, que foram somente estes fatores que levaram estes
do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade homens na busca destas descobertas. Houve também mui-
de Medicina da USP mostraram que, quando aumenta o ta persistência, força, trabalho, estudo, horas mal dormidas,
nível da poluição do ar, o que acontece principalmente no frustrações (... nem tudo dava certo!). Mas uma coisa pode
inverno, cresce em até 12% a taxa de mortalidade por pro- ter certeza, além de muito conhecimento, foram movidos
blemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o por um espírito de mudanças, para promover mais qualida-
número de internações hospitalares de crianças. No perío- de de vida à sociedade como um todo.
do em que a pesquisa aconteceu (1996 - 1997), a capital
recebia, anualmente, 3 milhões de toneladas de poluentes, AGORA É A SUA VEZ!
sendo 90% emitidos por gases dos veículos motores. O
Atividade 1
principal poluente é o monóxido de carbono (CO), do qual
A amônia (NH3) é uma substância gasosa a tempera-
foram emitidas quase 2 milhões de Toneladas.7 De posse
tura ambiente. Ela pode ser produzida através da reação
desses dados a prefeitura de São Paulo instituiu algumas
entre duas moléculas do gás nitrogênio (N2) e três molé-
medidas para diminuir a concentração de poluentes na ci-
culas do gás hidrogênio (H2). Esta reação dá como produto
dade: duas moléculas do gás amônia. Assinale a alternativa que
- Criou os corredores de ônibus para que estes cir- mostra corretamente a equação que representa a síntese
culem mais rápido e estimulem seu uso pela população da amônia.
que anda de carro. (A) N2(s) + H2 (g) → NH3 (g)
- Limitou o trafego de veículos pequenos como car- (B) N2(g) + H2 (g) → NH3 (g)
ros e caminhonetes no centro da cidade. (C) N2(s) + 3H2 (S) → 2NH3 (g)
- Ampliou as linhas de metrô que funcionam com (D) N2(g) + 3H2 (g) → 2NH3 (g)
energia elétrica.
- Instituiu o rodízio municipal para diminuir o nú- Atividade 2
mero de carros e melhorar o trânsito. Sobre invento de Graham Bell e o mundo atual, pode-
Nos dias de hoje há uma tendência de queda nesses mos relacionar:
níveis de poluentes devido a entrada em circulação de no- (A) o combate às bactérias.
vos motores e o uso obrigatório de catalisadores nos es- (B) a diminuição das distâncias no globo terrestre,
capamentos dos veículos. Contudo sabemos que não é tão aproximando mais as pessoas.
simples, os carros são menos poluentes mas a frota urbana (C) não proporcionou nenhuma vantagem, pois atual-
cresce sem parar. mente utilizamos o email.
A compreensão da problemática do lixo e a busca de (D) é uma tecnologia ultrapassada, pois hoje podemos
sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tec- utilizar o aparelho celular que não tem nada haver com o
nologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão invento dele.
não sobre o lixo em si, no aspecto material, mas quanto ao
seu significado simbólico, seu papel e sua contextualização Atividade 3
social e cultural.8 Em 1864, o cientista Louis Pasteur comprovou que os
Bom! Agora você começou a entender e até pensar de microrganismos estavam presentes no ar e inventou a pas-
teurização, isto é, o processo pelo qual se eliminam os mi-
modo cientifico, refletindo cada vez mais, podemos perce-
crorganismos presentes no alimento por meio da elevação
ber quantas mudanças foram feitas pelo homem, através
da temperatura e de um rápido resfriamento. Atualmente,
da ciência no seu cotidiano.
utiliza-se a pasteurização, a fervura e o salgamento para:
É importante que você se familiarize com a linguagem
(A) melhorar o sabor dos alimentos.
e o trabalho dos cientistas, buscando explicar assuntos tão (B) facilitar o cozimento dos alimentos.
importantes como a origem da vida, o aparecimento das (C) auxiliar a digestão dos alimentos.
espécies, a estrutura e as propriedades da matéria, a or- (D) reduzir a contaminação nos alimentos.
ganização do Universo, a natureza da luz e tantos outros.
Freqüentemente, esses assuntos não acabam com a apre- Atividade 4
sentação de uma teoria que consiga explicar o que está Quando os pesquisadores anunciam a descoberta de
sendo estudado. Novas descobertas, revisão de estudos já um novo remédio, a sociedade pode ficar tranqüila, pois:
completados e a troca de informação sobre os estudos e (A) a doença pode ser considerada erradicada no mundo.
experiências podem resultar em novas teorias, que expli- (B) por ser pesquisada por cientistas, rapidamente,
cam melhor ou que completam as que já existiam. pode ser aprovada sua utilização pela população.
(C) o remédio será testado apenas em algumas pes-
7 (Notícias FAPESP, no 21, Junho de1997). soas, que não tem nenhum problema de saúde.
8 Lixo:conseqüências, desafios e soluções, (D) serão feitos testes padronizados para averiguar sua
Geila Santos Carvalho segurança e eficácia.

9
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Atividade 5 Capítulo 2
(ENCEEJA 2005) De Thomas Malthus, estudioso da de-
mografia, Darwin adotou uma idéia crucial: nem todos os
indivíduos que nascem conseguem sobreviver e se repro- O Papel da Tecnologia no nosso Mundo
duzir em função das limitações de alimento e espaço. Dar-
win estendeu esse conceito a todas as espécies. Assim, a COMPREENDER O PAPEL DAS CIÊNCIAS NATU-
superabundância de filhotes, como no caso de alevinos de RAIS E DAS TECNOLOGIAS A ELAS ASSOCIADAS, NOS
salmão, dá origem à competição, sobrevivendo só os mais PROCESSOS DE PRODUÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO
bem adaptados. ECONÔMICO E SOCIAL CONTEMPORÂNEO.
National Geographic - Brasil/ Nov. 2004, pág. 55, com
adaptações. José Luis de Souza
De acordo com o texto, podemos afirmar que ele se
refere
à evolução com base na:
(A) migração.
(B) explosão demográfica.
(C) seleção natural.
(D) deriva genética

HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!


1-D
2-B
3-D
4-D
5–C
Figura 2.1 – Aparelho de telefone celular.
PRA FIM DE PAPO!
O aparelho que você está vendo na figura se transfor-
Este capítulo abordou as seguintes habilidades: mou, na última década, no sonho de consumo de milhares
de pessoas. Mais do que uma ferramenta de comunicação
• Identificar transformações de idéias e termos cien- ele é um dos símbolos da revolução tecnológica que a
tífico-tecnológicos ao longo de diferentes épocas e entre humanidade presenciou à partir da década de 50 do século
diferentes culturas. passado.
• Utilizar modelo explicativo de determinada ciência Apesar da comunicação móvel ser conhecida desde o
natural para compreender determinados fenômenos. início do século XX, somente em 1947 passou a ser desen-
• Associar a solução de problemas de comunicação, volvida pelo Laboratório Bell, nos Estados Unidos. A pri-
transporte, saúde, ou outro, com o correspondente desen- meira chamada de um telefone celular foi realizada em 3
volvimento científico e tecnológico. de abril de 1973, em Nova York (EUA), por Martin Cooper,
• Confrontar diferentes interpretações de senso co- então gerente geral da Motorola. O aparelho utilizado pe-
mum e científicas sobre práticas sociais, como formas de sava cerca de um quilo e media 25 cm de comprimento por
produção, e hábitos pessoais, como higiene e alimentação. 7 cm de largura, com uma bateria que se esgotava após 20
• Avaliar propostas ou políticas públicas em que co- minutos de conversa.
nhecimentos científicos ou tecnológicos estejam a serviço Os aparelhos comerciais pesavam meio quilo e os as-
sinantes pagavam 20 mil dólares para entrar no sistema.
da melhoria das condições de vida e da superação de desi-
O telefone celular que usamos hoje pesa por volta de
gualdades sociais.
cento e cinqüenta gramas, e tem dimensões de 10 cm de
comprimento, 5 cm de largura e 1cm de espessura. Este pe-
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
queno aparelho pode armazenar uma grande quantidade
um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
de dados, tocar música, gravar sons, tirar fotografias e fazer
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
filmagens, navegar na internet, ser localizado com GPS via
satélite e além de tudo...serve para fazer e receber chama-
das telefônicas. Tudo isso se deve ao acúmulo de conheci-
mento gerado por centenas de mentes e principalmente ao
desenvolvimento que a tecnologia de informática sofreu
nos últimos anos.
Você deve se lembrar ou deve ter ouvido falar dos ve-
lhos toca discos onde se colocava um LP, um disco de vinil
cheio de sulcos que fazia uma agulha vibrar quando ras-
pava sobre ele e essas vibrações eram traduzidas em sons.

10
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Em seguida vieram as fitas cassete, onde as gravações eram Será que é possível resolver esta equação onde desen-
magnéticas, registradas pelo ajuste magnético de partículas volvimento e ambiente poderão conviver em harmonia?
compostas por ferro e cromo. Por fim vieram os CDs, lidos Talvez sim com muito esforço e estudos, mas com certe-
por um feixe de raios lazer que ao incidir no disco sofre inter- za não será resolvido sem os conhecimentos das Ciências
ferência da sua superfície e ao atingir um detector transfere Naturais e nem sem pessoas qualificadas para utilizar este
as informações gravadas neste disco e agora, os famosos pen conhecimento. Você será uma delas!
drives e cartões de memória podem gravar centenas de mú-
sicas digitalizadas e outros tipos de dados. ONDAS POR TODOS OS LADOS
Perceba que em pouco tempo as chamadas “mídias”
passaram do armazenamento físico de dados, para o mag- Você já percebeu que hoje em dia muitas pessoas e
nético e do magnético para o digital. A tecnologia envolvida talvez até você mesmo use uma chave com controle re-
neste desenvolvimento se baseia na informática, nas teleco- moto para abrir e fechar o carro? O portão da casa ou da
municações e na robótica. garagem do prédio também são abertos e fechados assim.
No século XVIII, a utilização das primeiras máquinas Quando seu telefone sem fio toca, você pega o controle
representou uma profunda transformação na produção de remoto para abaixar o volume da TV ou do rádio para po-
bens manufaturados em relação às técnicas artesanais da der atender. E mesmo o seu rádio e TV; como as imagens e
Idade Média. Hoje em dia, as transformações do modo de sons chegam até eles?
vida da sociedade estão baseadas na informação, no conhe- Tudo isso é possível graças à utilização das ondas ele-
cimento e na capacidade de transformá-los em objetos para tromagnéticas. Essas ondas são perturbações (oscilações)
consumo. Isso é tão forte que o momento pelo qual passa- causadas voluntária ou involuntariamente em campos
mos atualmente é conhecido como Era da Informação. magnéticos, elas transportam sinais através do ambiente
A utilização de robôs nas linhas de montagem das indús- sem a necessidade de fios, podem atravessar paredes e até
trias, por exemplo, aumentou espantosamente a produtivida- o espaço, por isso podemos dizer que elas estão em todos
de, atendendo ao rápido aumento do consumo que temos os lugares. Para você ter uma idéia de como viajam rápido,
hoje. Seria impossível, apenas com a habilidade manual dos elas se deslocam no ar a uma velocidade de 300.000 Km/s.
seres humanos, produzir tantos aparelhos pequenos e delica- Quando você liga seu rádio esperando ouvir sua músi-
dos em tão curto espaço de tempo e em quantidade suficiente ca favorita saiba que a estação de rádio que você quer ou-
para suprir a demanda por eles. Mas sem o desenvolvimento vir opera em uma determinada freqüência. Esta freqüência
da informática, a robótica pouco avançaria, visto que tanto os é o número de oscilações que a onda eletromagnética rea-
movimentos dos robôs como o projeto para desenvolvê-los liza por segundo. Por exemplo, uma rádio que opera em
são realizados por sistemas de informática especializados. 90 quilohertz (kHz), transmite sua programação com uma
O desenvolvimento da informática exigiu também o rápido onda que produz 90.000 oscilações por segundo. Isso não
desenvolvimento da tecnologia de comunicações. A quantida- acontece somente com o rádio, mas também com a televi-
de e a transmissão das informações acontecia tão rápido que são, o celular, e outros aparelhos.
foi necessário inventar instrumentos, que fizessem sua troca e
transporte também extremamente rápidos. Um exemplo disso
Freqüência é o número de oscilações que a onda
é a fibra ótica utilizada em linhas telefônicas que além de trans-
eletromagnética realiza por segundo.
mitir a fala das pessoas, transmitem também dados, imagens,
músicas, textos, etc. São essas fibras que tornam viável a rede
Para evitar confusões existe uma faixa de freqüência para
mundial de computadores, a internet. Através dela, de casa ou
cada tipo de serviço. Você não ouve rádio tentando sintonizar
do trabalho, podem-se movimentar contas bancárias, acessar
informações em computadores do outro lado do planeta ou um canal de TV, nem ouve a conversa de um celular quando
conversar com diversas pessoas ao mesmo tempo. liga o rádio. As ondas não se confundem porque têm tama-
Assim como na revolução industrial do século XVIII, as má- nhos ou comprimentos diferentes. Observe as figuras a seguir:
quinas atuais substituíram milhares de empregados nas linhas de
montagem, produção e serviços nas grandes cidades. Hoje você
usa um cartão magnético para gerenciar sua conta bancária. Não
necessita mais do gerente, do recepcionista, do caixa do banco,
porque além do serviço por telefone fixo, pode utilizar também
o celular e a internet para resolver seus problemas bancários. Até
tarefas simples como a do cobrador de ônibus estão sendo reali-
zadas por máquinas deixando muitas pessoas sem trabalho.
O que gerou melhoria na qualidade de vida para milhões
de pessoas também criou um grande problema social ele-
vando muito a taxa de desemprego deixando milhares de
pessoas de fora da economia formal. O meio ambiente tam-
bém sofreu com esta corrida tecnológica, pois muitas das
matérias primas utilizadas na produção desta tecnologia não
são biodegradáveis e vários dos processos de produção são Figura 2.2 – Representação esquemática de duas ondas
altamente poluentes. com freqüências e comprimentos diferentes.

11
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Perceba através das ondas mostradas na figura que é possível caber mais ou menos oscilações no espaço de 1 segundo.
Onde cabem mais, elas aparecem mais vezes porque são mais curtas, dizemos que elas apresentam maior freqüência. Elas
carregam mais energia que as ondas mais longas que cabem menos vezes no espaço de um segundo, ou seja, as ondas
longas têm menor freqüência e transportam menos energia. Portanto, os aparelhos de comunicação que operam em
regiões distantes dos centros urbanos e muito isoladas utilizam as ondas curtas, pois tendo maior energia podem se
propagar por distâncias maiores.
Existe um grupo bem grande dessas ondas viajando pelo ar com a mesma velocidade. O que elas possuem de dife-
rente são o comprimento e a freqüência. Este grupo de ondas é chamado de espectro eletromagnético.

Figura 2.3 – Representação do espectro eletromagnético mostrando comparações entre os comprimentos das ondas e
objetos mais próximos do cotidiano. 9

Espera um pouco, tem um jeito sim de ondas de rádio se confundirem no espaço! Isso tem sido percebido principal-
mente na comunicação de aviões com as torres de controle. Existem rádios clandestinas que transmitem a programação
em faixas de freqüência não autorizadas pelo governo. Quando a freqüência coincide com aquela utilizada pelos aviões
elas interferem e, se forem mais intensas, ouve-se a rádio e não as vozes da comunicação entre pilotos e controladores
de vôo. Criar e operar rádios piratas são ações criminosas e muito perigosas, não ouça! E se você conhecer alguma,
denuncie, pratique sua cidadania.

PROTEJA - SE DAS ONDAS, SE PRECISAR!


Muitas pessoas se incomodam quando as empresas de telefonia instalam antenas para retransmissão dos sinais
(ondas) de celulares próximos as suas casas. Elas ficam preocupadas com a possibilidade de que essas ondas possam
causar algum dano à saúde.
Podemos verificar no espectro eletromagnético que as ondas usadas em comunicações fazem parte do grupo
que tem as freqüências mais baixas. Dissemos a pouco que quanto menor a freqüência da onda, menos energia ela
transporta (por isso, é comum se dizer que é mais “fraca’). Esse grupo é conhecido por ondas de radiofreqüência, ra-
diodifusão ou simplesmente ondas de rádio. Mas será que existe mesmo perigo nas ondas de rádio, TV, microondas e
celulares? No caso das radiações de baixa freqüência emitidas por esses aparelhos e outros transmissores de ondas de
radiofreqüência, acredita-se que elas não causem tantos problemas, pois são menos energéticas. Isso não quer dizer
que não sejam causa de preocupações, pois também podem ter efeitos sobre o organismo humano e sobre o ambiente.
Este é um assunto polêmico, ou seja, há opiniões muito diversas sobre os efeitos e as intensidades dos danos que
essas ondas podem causar à nossa saúde. Algumas pesquisas que foram feitas com várias faixas e intensidades de
ondas indicaram que ficar muito tempo próximo a fontes de radiofreqüência pode provocar sensação de cansaço, mu-
danças de comportamento, perda de memória, mal de Parkinson, mal de Alzheimer e até câncer. De qualquer modo a
OMS (Organização Mundial da Saúde) fixa alguns limites para a distância e tempo de exposição a essas ondas. Portanto
se a antena retransmissora da empresa de telefonia estiver dentro dessas recomendações, a vizinhança pode ficar um
pouco mais tranqüila.
E as ondas de alta freqüência? Devemos nos preocupar com elas? A Ciência diz que sim. Os raios-X e os raios gama
fazem parte dos grupos de maior freqüência e também os mais energéticos e mais penetrantes nos materiais, elas podem
provocar danos muito graves à saúde por terem muita energia, sendo capazes de penetrar nas coisas e nas pessoas rompendo
ligações químicas nas moléculas dentro das células. O câncer é um dos efeitos produzidos dessa maneira.
9 ( fonte: www.ufpa.br)

12
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

De qualquer forma, todas essas radiações de freqüência superior às da luz visível têm muitos usos clínicos e industriais.
Pois é! Como se pode ver, estamos em um campo polêmico mesmo! Os benefícios da utilização das ondas são certos, mas
os riscos… são riscos e, por isso, devem ser conhecidos, reduzidos e, quando possível, eliminados10.
Neste ponto a tecnologia também nos ajuda. Vejamos, como funciona o forno de microondas, um equipamento bastante
conhecido hoje em dia nas cozinhas (principalmente nas cozinhas de quem tem crianças pequenas em casa), que utiliza uma
determinada faixa de freqüência. A microonda utilizada por todos os aparelhos é bem curta e possui uma freqüência padrão de
2.450 kHz. Estas ondas têm o comprimento das ligações químicas que mantém os átomos de hidrogênio e oxigênio da água
unidos. Ao ligar o forno essa onda faz com que as moléculas de água contidas nos alimentos se agitem. Essa agitação é trans-
ferida para as demais partículas que compõem os alimentos, aumentando sua temperatura.
As microondas são refletidas por metais, logo, não atravessam as paredes do forno, mas elas podem atravessar o vidro, a
porcelana e o papel. A microonda não atravessa a porta de vidro do forno, porque ela possui, em sua parte interna, uma rede
metálica que reflete a microonda, não é genial?!
Voltando aos controles remotos, eles utilizam ondas que geram a radiação infravermelha, a mesma que também é usada em
sistemas de alarmes. O que você pode não saber é que todos os corpos quentes emitem este tipo de radiação. O sol é a maior fonte
dela, mas os corpos dos seres vivos, a chama do fogão e lâmpadas também são capazes de emiti-la. Os controles remotos emitem
um raio infravermelho que é captado por um sensor e traduzido em impulsos elétricos que fazem os aparelhos funcionar.

AS ONDAS NA MEDICINA

O RAIO X
Os raios X são muito úteis à medicina. Eles servem para detectar fraturas e problemas nos ossos e outros órgãos do corpo.
Veja por quê.
Os raios X são absorvidos pelos ossos, mas atravessam tecidos menos densos. Então, se uma parte do corpo for exposta aos
raios X e estes forem captados em um filme fotográfico, os ossos aparecem como regiões mais claras (que não foram atraves-
sadas pelos raios) em fundo escuro (as regiões que foram atravessadas). Essa imagem é chamada radiografia e é usada para
detectar fraturas e outros problemas.

Figura 2.4: Radiografia de uma mão esquerda11

A exposição freqüente aos raios X é perigosa. As pessoas que trabalham com essa radiação devem se proteger com
aventais de chumbo ou ficar atrás de paredes especiais durante a radiografia. A sala de exame onde o aparelho se localiza
não tem móveis, possui paredes metálicas, revestidas de chumbo e o técnico sai da sala para acionar o aparelho.

OS RAIOS GAMA

Os raios gama são as ondas com freqüência mais alta produzidas por materiais radioativos. Por terem grande poder
de penetração, podem destruir as células dos organismos. Mas, usados sob condições controladas, são capazes de destruir
também certos tumores, sem danificar as células sadias. É o tratamento conhecido como radioterapia usado para tratar
certos tipos de câncer.
Outro uso dos raios gama na medicina é a obtenção de imagens do interior do corpo. Um composto contendo
elemento radioativo é administrado ao paciente e, após certo tempo, um aparelho detecta a radiação gama emitida
por esse elemento radioativo, processa os dados colhidos e constrói a imagem. Um dos exames que utiliza esse
processo é chamado de cintilografia.
10 FALCÃO, Daniela. Ondas eletromagnéticas poluem o ar das cidades. Folha de S. Paulo, São Paulo, 22 nov.
2000. Caderno Equilíbrio, p. 10-12.
11 HTTP://Educar.SC.USP.br

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Figura 2.6: Imagem obtida pelo


Figura 2.5: Paciente submetido à radioterapia.1
método da cintilografia.2

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

A radiação ultravioleta é produzida quando elétrons mudam de nível de energia nos átomos. O Sol é uma
grande fonte de radiação ultravioleta. Ela é muito importante para nosso organismo, pois auxilia no processo de
síntese da vitamina D. A radiação ultravioleta é usada na medicina em exames diagnósticos e também na odon-
tologia, com a finalidade de endurecer as resinas utilizadas nas restaurações dentárias. Por outro lado, a radiação
ultravioleta é um agente cancerígeno, que aumenta a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele nas
pessoas que se expõem à radiação solar com freqüência.

ÍNDICE ULTRAVIOLETA (LUV)

O índice Ultravioleta (índice UV ou IUV) foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde em conjunto com a
Organização Meteorológica Mundial como parte de um esforço internacional para promover a divulgação da informação
sobre os riscos da exposição ao sol.
O IUV é uma medida da intensidade da radiação ultravioleta incidente sobre a superfície da Terra. É uma escala de
valores relacionados ao fluxo de radiação ultravioleta e aos seus efeitos sobre a pele humana.
Para o cálculo do IUV é imprescindível levar em consideração alguns elementos, tais como:
• concentração de ozônio: principal responsável pela absorção de radiação UV;
• posição geográfica da localidade: quanto mais distante da linha do equador, menor o fluxo de radiação UV;
• altitude da localidade: quanto mais alta a localidade, maior a quantidade de energia ultravioleta incidente na su-
perfície;
• horário do dia: cerca de 70% a 80% da radiação UV incide entre as 9 h e 15 h; portanto deve-se evitar tomar sol
por longos períodos nesses horários;
• estação do ano: no verão, a quantidade diária de energia de UV por área é maior que no inverno;
• condições atmosféricas: presença de nuvens e partículas em suspensão na atmosfera diminuem a quantidade de
radiação UV;
• tipo de superfície: dependendo do tipo de superfície, a radiação UV pode ser mais ou menos refletida

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POR QUE VEMOS OS OBJETOS A luz branca, que citamos agora a pouco e que provém
do Sol é, na verdade, a junção de todas as cores do arco-íris.
O que acontece quando a luz do sol atravessa a água da
chuva é o mesmo que acontece quando um feixe dessa luz
atravessa um prisma, um aquário com água, um vidro ou
plástico transparente. Ao trocar de meio de propagação (o
meio por onde ela viaja), percebemos sua decomposição nas
cores do arco-íris. Este fenômeno é chamado de refração.

Figura 2.7 – O órgão da visão. Os cílios e pálpebras


servem para a proteção dos olhos.

O que nos torna capazes de enxergar os objetos? Por


que a folha de uma árvore é verde? Como se formam as
sombras?
Algumas propriedades da luz explicam esses fenôme-
nos. A luz apresenta um comportamento duplo, em certas
situações ela se comporta como partículas e tem o photon
(pequenos pacotes de energia) como unidade básica. Em
outros momentos ela se comporta como uma onda eletro- Figura 2.8 – Decomposição da luz branca ao passar pela
magnética. De qualquer forma só conseguimos enxergar água da chuva e por um prisma de vidro.12
os objetos que enviam luz até nossos olhos. Alguns deles
emitem essa luz, isto é, são fontes de luz: o Sol e outras es- A luz vermelha, que possui freqüência menor, é a que
trelas, uma lâmpada, uma vela, uma lanterna. Eles também sofre menor desvio, enquanto que a violeta, de maior fre-
qüência, é a que desvia mais no espectro luminoso.
são chamados de corpos luminosos ou com luz própria.
Mas, como já dissemos, a luz não é capaz de atraves-
Mas a maioria dos corpos que conhecemos não emite
sar paredes ou anteparos opacos. O espelho, por exemplo, é
luz. Por que, então, eles podem ser vistos? uma película de prata sobre uma chapa de vidro que lhe dá
Ao incidir sobre um corpo, a luz pode: suporte. A onda de luz que incide sobre o espelho atravessa
• ser refletida; o vidro, mas quando atinge a prata é totalmente refletida, ou
• ser absorvida; seja, volta para o mesmo meio de propagação de onde veio.
• atravessar o corpo. Se, contudo, a luz branca incidir sobre uma parede pin-
tada de azul, todas as ondas de freqüências diferentes da
azul serão absorvidas. Apenas a luz com a freqüência da
Quando a luz bate em uma parede branca, por exem- cor azul será refletida. Assim percebemos as cores.
plo, uma parte da luz é refletida, isto é, volta para o am-
biente, como uma bola jogada contra a parede. Outra parte AS ONDAS E O CORPO HUMANO
é absorvida, isto é, transformada em outra forma de ener-
gia, como o calor. Dizemos então que a parede é um corpo Agora você já pode reunir os conhecimentos da física
opaco: não conseguimos enxergar através dela, já que ne- com os da biologia e ter uma idéia geral de por que vemos
nhuma luz consegue atravessá-Ia. Por causa da reflexão da os objetos.
luz, os planetas, os satélites e a maioria dos objetos podem Os olhos têm muitas funções importantes. Eles fazem
ser vistos. Esses corpos, por não possuírem luz própria, são um trabalho incrível que nós nem percebemos, mas só de-
chamados corpos iluminados. Eles podem ser vistos, en- pois desse trabalho é que enxergamos as coisas.
tão, porque refletem a luz do ambiente. Observe os objetos ao seu redor. Cada um deles reflete
Agora pense e responda: por que é possível ver os ob- ou emite luz. Enquanto você está observando, a luz refle-
jetos através dos óculos ou do vidro de vitrines? tida entra através da pupila atravessa uma série de partes
A resposta é que a luz atravessa bem esses materiais. A do globo ocular (córnea, cristalino, meios líquidos) e chega
lente, o vidro da vitrine, a água pura, o ar e certos plásticos até a retina, no fundo do seu olho. Essa luz, depois de pas-
são materiais transparentes. sar por vários processos no fundo do olho, continua como
Muitos vidros são irregulares e interferem na passagem sinal elétrico. Esses sinais elétricos vão para a parte de trás
da luz fazendo com que ela seja espalhada, portanto não do cérebro, o centro de visão, onde a imagem é interpreta-
podemos ver nitidamente o que está do outro lado, vemos da, e é a partir daí que você vê estas figuras! Isso acontece
apenas sombras e contornos. Materiais que se comportam muito rapidamente. Mesmo assim, no mesmo instante em
desta forma são chamados de translúcidos. que você olha, é capaz de enxergar tudo com perfeição.
12 www.trekearth.com

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Figura 2.9: Representação simplificada do processo da visão.

Figura 2.10 – Representação da anatomia do olho humano.13

Muitos instrumentos foram produzidos utilizando os conhecimentos sobre o comportamento da luz, os óculos utili-
zados por inúmeras pessoas para corrigir defeitos da visão, telescópios e microscópios. Inspirados no funcionamento dos
olhos, os físicos e engenheiros fizeram experiências, e depois de muito estudo fabricaram a máquina fotográfica e a câmera
de vídeo. No entanto, por mais que esses aparelhos se modernizem, jamais serão tão perfeitos quanto o seu olho! Mas
funcionam de forma parecida. Observe:

Figura 2.11: Formação da imagem no olho humano e em uma máquina fotográfica analógica.14

13 www.dhnet.org.br
14 www.coepiaui.com.br

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Ops! Mas a imagem está de ponta cabeças, por que então Leia os versos de uma música do cantor Lulu Santos:
enxergamos as coisas da forma direita? Isso acontece porque “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...
os sistemas de lentes que diminuem a imagem para que ela Tudo passa, tudo sempre, passará...
chegue até o cristalino fazem com que ela se inverta. Quando A vida vem em ondas como o mar...
o cérebro recebe os impulsos desta imagem ele se encarrega Num indo e vindo infinito.”
de endireitar e por isso vemos as coisas corretamente. Eles falam de uma onda que se propaga na água, por-
Às vezes nossos olhos têm algum problema, fica doente tanto um meio material. Você acha possível que esta onda
ou envelhece e não consegue mais formar uma imagem nítida. seja do mesmo tipo das ondas de rádio? Se pensou que
Os distúrbios de refração, causados por problemas no não, acertou!
cristalino ou na córnea, são problemas de visão que são corri- As ondas, de um modo geral, possuem uma proprieda-
gidos com o uso de óculos ou lentes de contato, e até mesmo de muito conhecida: elas são capazes de transportar ener-
com cirurgia refrativa na córnea, em alguns casos. Podem vir gia sem transportar matéria. Em outras palavras, em sua
ou não associados a doenças oculares mais graves, que serão propagação, as ondas transportam energia sem carregar
avaliadas pelo médico oftalmologista. Cada caso abaixo pode os objetos por onde passam. Observe que, ao recebermos
vir puro ou associado a outro distúrbio de refração. São eles: uma informação de origem sonora (e isso ocorre de manei-
• Miopia - Os portadores de miopia têm dificuldade para en- ra constante no nosso dia-a-dia), nós não somos empur-
xergar longe. Em alguns casos, a visão também é ruím para perto. rados na direção de propagação da onda. Simplesmente
• Hipermetropia - Os portadores de hipermetropia têm sentimos a energia sonora ressoar nos nossos tímpanos.
dificuldades para enxergar perto. Em graus maiores, a dificul- O som é a impressão resultante da vibração de cor-
dade pode ser também para longe. pos que alcança nosso ouvido por meio de ondas elás-
• Presbiopia - Também chamado de vista cansada, co- ticas. Como o som é uma onda elástica, precisa de um
mum após os 40 anos. Como a elasticidade da lente do meio material para a sua propagação. Em conseqüên-
olho diminui com o decorrer do tempo, a capacidade de cia, ele não se propaga no vácuo.
focalização de objetos próximos se reduz com o envelhe-
cimento da pessoa, causando um problema semelhante
à hipermetropia. Os portadores têm dificuldades para en- As ondas que precisam de um meio material para
xergar perto, principalmente para leitura de letras pequenas, se propagar são chamadas de ondas mecânicas
para costurar, para colocar a linha no buraco da agulha e para ou elásticas.
escrever. Frequentemente estas pessoas afastam os objetos
para que possam enxergar melhor. A maioria das pessoas O som se propaga no ar por meio de ondas elásti-
que nunca usou óculos, nem nunca precisou usar, cairá neste cas longitudinais, com uma velocidade de 340 m/s (ou
grupo após os 40 anos de idade, com algumas exceções. A 340 metros a cada segundo) a 15°C. A velocidade de
dificuldade para perto tende a piorar com a idade. propagação varia de acordo com o meio material no
• Astigmatismo - É um defeito existente na curvatura do qual ele se propaga e também com o aumento de tem-
cristalino, resultando em dificuldade para enxergar em deter- peratura. Por exemplo, na água, a velocidade do som a
minada posição e não em outra. É corrigido com lentes de 20°C de temperatura é de 1480 m/s.
óculos chamadas “cilíndricas”. O ouvido humano percebe vibrações sonoras quando
elas têm freqüência compreendida entre o limite mínimo
ONDAS SONORAS de 20 Hz e máximo de 20000 Hz. Vibrações de freqüência
Mas e o som? Ah o som também é uma onda! Mas não inferior a 20 Hz são chamadas de infra-sons, enquanto
uma onda eletromagnética como descrevemos até agora, ele que as vibrações acima de 20000 Hz são consideradas
é uma onda mecânica, como aquela que podemos gerar na ultra-sons. O nosso ouvido não é sensível às vibrações
água quando jogamos uma pedra dentro dela. caracterizadas por infra-sons e ultra-sons, portanto, não
são audíveis. Certos animais, como: golfinho, cachorro e
morcego conseguem perceber sons de freqüência supe-
rior a 20000 Hz.
Quantas vezes alguém já chegou para você quando
estava ouvindo música e pediu para abaixar o som? No es-
tudo da acústica pela física a altura representa uma coisa
totalmente diferente do sentido que usamos no dia a dia.
Você sabe que há vozes mais agudas e vozes mais gra-
ves e também notas musicais mais agudas e notas mais
graves. Essa característica que nos permite distinguir sons
agudos de graves é a altura do som. A altura de um som
está relacionada com a freqüência da onda sonora: quanto
maior a freqüência, maior a altura, ou seja, mais agudo é o
som. Como você viu, a orelha humana capta sons que vão
Figura 2.12: Perturbação causada na água após o lançamento
de 20 hertz, que correspondem a sons muito graves, até 20
de um objeto sólido.15
quilohertz, que são os sons mais agudos.
15 www.vamosinteragir.wordpress.com

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Em nosso cotidiano, estamos acostumados a pedir para que uma pessoa fale mais alto ou mais baixo. Mas, como você
acabou de ver, nos meios científicos, e também musicais, a altura do som indica se ele é grave ou agudo. Assim, ao pedir
que uma pessoa fale mais alto, estamos pedindo que ela fale com voz mais aguda. Na realidade em situações como essa
onde queremos que ela fale mais “baixo”, queremos que ela fale com menor intensidade. Ou deveríamos pedir à pessoa
que fale mais forte, ou mais fraco. Esquisito né?
A intensidade do som depende da amplitude da vibração das partículas por onde a onda passa: quanto maior a ampli-
tude, maior a intensidade, ou seja, mais forte é o som.

Figura 2.13: Diagrama representando os elementos de uma onda.

A amplitude (a) é a distância entre o pico ou crista e o eixo que divide a


onda em duas partes simétricas.

A intensidade corresponde também à quantidade de energia transportada: quanto maior a energia da onda que chega
até nossos ouvidos, mais intenso será o som que recebemos. Só que essa energia se distribui pelo espaço e, quanto mais
distante da fonte, menor a amplitude da vibração das partículas e menor a energia que chega aos nossos ouvidos, ou seja,
menor a intensidade do som.
No Sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade de intensidade do nível sonoro (N) é o bel, representado
por (B) em homenagem a Graham Bell, inventor do telefone. Na prática, o bel tornou-se uma unidade de medida
muito grande, por isso, é comum utilizar-se uma medida dez vezes menor, o decibel representado por (dB). (N =
10 dB) é a menor Intensidade sonora que o ouvido humano consegue perceber, enquanto que ( N = 120 dB ) cor-
responde ao limite máximo. Acima disso, a sensação sonora torna-se dolorosa. Uma idéia prática. do que significa
120 dB é o barulho das turbinas de um avião a jato durante a decolagem.
Observe na tabela a seguir o nível aproximado da intensidade do som medido próximo da fonte emissora:

Intensidade em
Fonte emissora
decibéis (dB)
Tique taque de relógio, sussurro, respiração normal 10
Conversa em tom normal 60
Aspirador de pó 70
Rua com tráfego intenso 80
Liquidificador em velocidade máxima 90
Britadeira, buzina, carro com o escapamento aberto, danceteria 110
Avião a jato a 100m de distância, show de rock “pesado” 120
Decolagem de jato 150

A audição humana consegue diferenciar nitidamente o som de um violão e de uma guitarra, por exemplo, isto porque
eles possuem timbres diferentes. Timbre é a qualidade que permite distinguir dois ou mais sons de mesma altura e mesma
intensidade emitidos por diferentes fontes sonoras.
Assim como fizemos com o olho podemos associar física e biologia para entendermos o mecanismo da audição.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O ruído excessivo não afeta apenas a audição. Ele tam-


bém pode provocar estresse, insônia, problemas emocio-
nais, problemas no coração, problemas na circulação do
sangue e hipertensão (“pressão alta”).
Quanto maior a intensidade sonora, menor o tempo
em que a exposição pode causar alguma perda de audição.
Considera-se seguro, por exemplo, em ambientes indus-
triais, ficar exposto oito horas por dia a um ruído máximo
de 85 decibéis. Para intensidades maiores, o tempo de ex-
posição tem de ser progressivamente reduzido. Há leis que
limitam o número de horas que determinados profissionais
podem trabalhar por dia em função da intensidade sonora a
que os trabalhadores ficam expostos.
Acima de 120 decibéis, sentimos uma sensação doloro-
sa, e há risco até de lesões permanentes. Mas mesmo inten-
sidades menores podem causar problemas, dependendo do
Figura 2.14: Representação esquemática do aparelho tempo que se fica exposto ao som. Então ...cuide-se.
auditivo.
UTILIZANDO A REFLEXÃO DO SOM
O chamado pavilhão auricular é constituído por te- As ondas sonoras também são refletidas ao atingi-
cido cartilaginoso. Ele capta os sons do ambiente e os rem um obstáculo, ou refratadas ao passarem de um
direciona para o canal auditivo (B) que conduz o som na meio para outro, obedecendo às mesmas leis que estu-
direção da orelha média onde se encontra o tímpano damos anteriormente em ótica.
(C). O canal auditivo possui pêlos e glândulas produto- A reflexão é particularmente importante, pois possui varia
utilidades. Quando uma onda sonora atinge uma superfície,
ras de cera que evitam a entrada de microorganismos.
uma parte é absorvida e outra é refletida. Imagine então que
O tímpano recebe os estímulos sonoros e os trans-
você dê um grito e o som se choque contra um obstáculo (uma
mite para três ossos minúsculos (I – estribo, martelo e
parede, um prédio, um morro) que reflita bem o som e ele volte
bigorna) que também fazem a transmissão das vibrações
para você. Nesse caso, pode acontecer um fenômeno interes-
para o vestíbulo (F). Ele contém um material liquido que
sante conhecido como eco: você vai ouvir seu grito de novo.
transmite os estímulos para a cóclea (E) onde eles serão
Mas não é sempre que acontece o eco. Veja por quê.
transformados por células especiais em sinais elétricos.
Nós só podemos distinguir um som de outro se hou-
Existe uma técnica cirúrgica que implanta um apa-
ver entre ambos um intervalo de tempo de pelo menos um
relho na cóclea de pessoas com deficiência auditiva. A décimo de segundo (0,1 segundo). Menos que isso, vamos
função do chamado implante coclear é enviar os sinais ouvir um único som: o segundo som aparece como uma
externos diretamente a esta parte da orelha interna continuação do primeiro. Agora, sabendo que a velocidade
para que a pessoa possa ouvir o som. do som nas temperaturas usuais está em torno de 340 m/s,
A partir da cóclea os sinais elétricos são conduzi- você poderia calcular a distância mínima que deve existir en-
dos pelo nervo auditivo (G) para o cérebro, onde será tre você e o obstáculo que vai refletir o som para haver eco?
interpretado. Veja como o cálculo pode ser feito: para haver eco, o
Algumas partes do aparelho auditivo não têm exata- som tem de levar pelo menos 0,1 segundo para ir e para vol-
mente a função de audição. São os casos dos canais semi- tar. Então a distância total percorrida nesse intervalo pode
circulares (H), que têm a função de equilíbrio e a tuba au- ser calculada por uma fórmula simples da cinemática (parte
ditiva (D) que equaliza a pressão entre o interior da orelha da física que estuda os movimentos):
e o ambiente externo. Sabe aquela sensação de ouvido en- ΔS = v x Δt. (traduzindo, a distância ΔS é igual a veloci-
tupido quando você desce a serra para ir à praia? É a tuba dade v vezes o tempo Δt)
auditiva que, quando você mexe o maxilar, trabalha para Logo, a distância total será. ΔS = 340 . 0,1 = 34 m. Mas
igualar a pressão e eliminar a sensação de entupimento. essa é a distância total que o som percorre, isto é, a distância
Você pode perceber que este aparelho é bem de- para ir e voltar. Logo, a superfície que vai refletir o som pre-
licado. É preciso cuidar dele principalmente no que se cisa estar à pelo menos 17 metros de distância, para que o
refere à intensidade do som que você ouve. Por isso evi- som percorra 17 metros na ida e 17 metros na volta.
te locais muito barulhentos e não ouça música com o som Esta fórmula pode ser utilizada em outras situações que
muito alto (forte). Se, por exemplo, você está usando fones envolvem tempo, distância e velocidade. Ela pode ser de-
de ouvido e outra pessoa também consegue ouvir o que senvolvida matematicamente e assumir outras formas para
seu aparelho está tocando é sinal de que o som está muito calcular a diferentes variáveis como:
forte e pode causar algum dano à sua audição. ● v = ΔS / Δt - velocidade = distância dividida pelo
É importante também que o governo fiscalize os locais tempo
de trabalho para verificar se as leis que limitam o tempo de ● Δt = ΔS / v - e que o tempo = a distância dividida
exposição ao ruído estão sendo cumpridas. pela velocidade.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O eco é de fundamental importância para os morcegos. Como são criaturas com grau de visibilidade extremamente
limitada, eles conseguem perceber os obstáculos à sua frente através da emissão de ultra-sons. Os morcegos emitem, pela
boca ou narinas, ondas com freqüência variável que chegam a até 150 kHz, ou seja, na faixa do ultra-som. Com o intervalo
de tempo decorrido entre o som emitido e o refletido, ele consegue localizar presas e evitar obstáculos durante o vôo no
escuro. Consegue, inclusive, identificar a dimensão e a forma dos objetos.
A vantagem do ultra-som é que ele pode ser emitido de forma mais concentrada e dirigida, como um raio de luz sobre
um obstáculo, sem se espalhar tanto quanto o som. O ser humano se vale da tecnologia para emitir e captar ultra-sons.
O mesmo principio é usado nos sonares de navios para encontrar cardumes de peixes, recifes, submarinos e também na
procura por depósitos de petróleo. Estes instrumentos foram muito úteis na descoberta do posto petrolífero de Tupi, no
litoral Sul de São Paulo que te teve sua produção iniciada em 1 de maio de 2009.
Golfinhos também emitem e captam ultra-sons para se deslocar em profundidades onde há pouca luz ou à noite. Emi-
tem também uma ampla faixa de sons para se comunicar entre si.
Na faixa de 1 a 10 MHz, o ultra som é usado também para fazer ultra-sonografia, com aparelhos que permitem observar
os órgãos do corpo e diagnosticar algumas doenças ou para examinar o desenvolvimento do feto durante a gravidez. Por
esse exame, é possível examinar órgãos que não são bem visualizados por raios X. A ultra-sonografia é usada também em
fisioterapia, para acelerar a cura de lesões nas articulações.

Figura 2.15 – Imagem obtida em um exame de ultrassonografia16

ENCHENTES JÁ MATARAM 15 PESSOAS NO NORDESTE

“Em oito estados do nordeste 15 pessoas já morreram e ao menos 80 mil estão fora de casa em razão das chuvas
que começaram em abril.”

“O estado mais atingido é o Maranhão, onde há 24.129 desalojados, agora instalados na casa de amigos e parentes,
e 15.557 desabrigados, levados para abrigos temporários. Foram seis mortes no estado - a maioria por desabamen-
tos.”

“O meteorologista Eládio Barros da Silva, do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), diz que em todas as capi-
tais da região - com exceção de Aracaju e Maceió – Choveu mais do que o esperado em abril.” (da Folhapress)

Correio Popular

Campinas, sábado, 2 de maio de 2009.

O texto que você acabou de ler são trechos de uma reportagem que fala sobre o excesso de chuvas nas regiões norte
e nordeste do país.
A água é um bem indispensável e essencial à existência da vida. Boa parte da água que precisamos está suspensa na
atmosfera junto com o ar que respiramos. Sob determinadas condições atmosféricas esta umidade pode se concentrar em
determinadas regiões do planeta e provocar um grande excesso de chuvas. É isto que estava ocorrendo no momento da
reportagem. Um fenômeno conhecido como La Niña provoca o resfriamento das águas do oceano pacifico. A evaporação
diminui e os ventos frios e secos não conseguem avançar sobre o continente. Quando avançam essas frentes frias não con-
seguem provocar chuvas na região Sul e ainda seguram o ar úmido próximo ao equador, fazendo com que toda a chuva
caia por lá.

16 www.e-familynet.com

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

O excesso de chuva causa enchentes, deslizamentos e ná-la. O problema não se limita às grandes cidades. Afeta
várias outras situações que castigam a população. Mas não é também regiões mais afastadas e não terá solução sem a
o clima o único responsável pelas catástrofes que ocorrem. O participação e conscientização da sociedade.
homem tem grande parcela de culpa. Vamos discutir um pouco Para que você entenda o que estamos querendo dizer
sobre as influências do clima e do homem nesses acontecimentos. vamos usar como exemplo medidas utilizadas na cidade de
As cidades e regiões brasileiras crescem sem planeja- São Paulo para tentar diminuir o problema das enchentes.
mento. Nas cidades, as regiões menos valorizadas ficam às Foram construídas enormes “piscinas” em vários pontos da
margens de rios e córregos, conseqüentemente a população cidade, que permanecem vazias a maior parte do tempo.
mais pobre é empurrada para lá. Por outro lado o desenvolvi- Quando chove a água escoa para estas piscinas, diminuindo
mento impermeabiliza o solo com asfalto e concreto. Quando o volume que vai para os rios que cortam a cidade. Outra
a chuva cai, a água não tem por onde infiltrar e escorre para medida foi a retirada do lixo dos leitos desses rios. Quem
os leitos dos rios, já açoreados por todo tipo de material que é passava há algum tempo pelas marginais dos rios Pinheiros,
jogado dentro dele ( lixo, esgoto doméstico e industrial, terra Tietê e Tamanduateí podia ver guindastes formando mon-
proveniente de terraplanagem e de erosões provocadas pela tanhas de material retirado do fundo enquanto que redes
retirada da vegetação nativa). Tanto entulho diminui a vazão seguravam o lixo que passava flutuando por alguns locais.
dos rios. Sem ter para onde ir, a água acumula e ocupa as re- Com certeza essas medidas ajudam, embora não resolvam o
giões mais baixas às margens dos rios causando as enchentes. problema porque a população continua jogando entulho no
Nas regiões que ficam longe dos centros urbanos não rio e nas regiões próximas à ele que, conseqüentemente, a
há impermeabilização dos solos, mas as pessoas procuram água das chuvas irão levar para seu leito.
morar próximo aos rios porque dependem da água dele para Observe que existe uma parte do lixo que flutua e ou-
sua sobrevivência. Quanto mais gente, mais próximos dos rios tra que afunda, porque isso acontece? Você pode pensar: o
essas pessoas vão ficando. Quando chove o nível do rio sobe que é leve flutua e o que é pesado afunda oras! Mas não é
naturalmente e invade as regiões que ficam às suas margens. bem assim, alguns navios pesam centenas de toneladas e
Na verdade ele não invade as casas das pessoas, as pessoas é mesmo assim não afundam. Como explicar então?
que invadiram seu leito quando o nível estava baixo. O que flutua e o que afunda?
Alguns rios que possuem grande vazão de água ganharam Para avaliarmos se um objeto vai afundar ou não preci-
represas e lagos artificiais usados para gerar energia elétrica. samos saber a sua densidade. Mas densidade não é aquela
Quando chove muito as comportas dessas represas são fechadas “coisa” dos colchões? É também, mas as Ciências Naturais
consideram a densidade como sendo a relação entre a
evitando que o rio suba e alague as cidades às suas margens.
massa e o volume de um corpo ou objeto. Você já deve
Um caso onde isso aconteceu foi noticiado em uma repor-
ter ouvido aquela pergunta: O que pesa mais, um quilo de
tagem da Band News no dia 02/05/2009. A represa de Boa Espe-
penas ou um quilo de chumbo? É claro que ambos têm o
rança no Piauí estava sendo mantida com uma vazão pequena
mesmo peso, só que você precisa de muito mais penas do
devido ao excesso de chuva que já vinha fazendo o Rio Longá
que chumbo para completar um quilo. Dizemos então que
subir, ameaçando a cidade de Barras que fica às suas margens.
o chumbo é mais denso, pois a sua massa ou peso ocupa
Com a grande quantidade de chuva a represa atingiu a capacida-
um espaço (volume) pequeno. Voltando a “coisa” do col-
de máxima e as comportas tiveram de ser abertas sob o risco de
chão, existem colchões fabricados com espumas de maior
rompimento da barragem, o que poderia ocasionar a morte de e menor densidade. Os de maior têm uma espuma mais
muitas pessoas que vivem ao longo do rio. O aumento da vazão resistente com mais material por unidade de volume, por-
fez com que o rio subisse e invadisse vários bairros da cidade. tanto agüentam mais peso. Eles devem ser escolhidos de
Mas o que é essa vazão de que estamos falando? É a acordo com o peso de quem vai utilizá-los.
quantidade de água que passa em certo ponto por unidade Mas como fazer para avaliar se um objeto afunda ou flu-
de tempo. Pense em um metro cúbico (1 m3) de água como tua sobre um liquido? Precisamos comparar as densidades
sendo uma caixa quadrada (com lados de um metro) cheia de dos dois. Por exemplo, um litro de água, quando colocado na
água, o que equivale a 1.000 litros. Uma vazão de um metro balança pesa 1,0 Kg. Dizemos então que ela possui uma den-
cúbico por segundo (1m3/s) significa que, a cada segundo, sidade de 1,0 Kg/L (um quilograma por litro). Se colocarmos
1.000 litros de água passam por um certo local, correspon- butanodiol (um tipo de álcool) nessa água o que deve acon-
dendo ao volume de uma caixa de água dessas. No caso que tecer? Um litro de butanodiol pesa 1,080 Kg, portanto sua
estamos comentando, as comportas da represa de Boa Espe- densidade é 1,080 Kg/L. você pode perceber que a densidade
rança deixam passar milhares de metros cúbicos por segun- dele é maior, então ele deve ir para o fundo.
do, isso dá uma idéia do dano que esta água poderia causar.
Sabe aquele “reloginho” que tem na frente da sua casa
Toda vez que duas substâncias estiverem mistura-
de onde sai um cano e um registro? Ele é chamado de hidrô-
das, aquela que tiver a maior densidade ficará na
metro e também mede a vazão de água que você consome.
parte de baixo da mistura.
Mas como esta quantidade é pequena a vazão é medida
em m3 por mês.
A densidade é uma propriedade específica da matéria,
Como você pode perceber a questão das enchentes
ela pode ser usada para diferenciá-las, pois materiais dife-
que vemos nos noticiários é muito complexa e necessita de
rentes possuem densidades diferentes.
um planejamento de curto e de longo prazo para solucio-

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

A PRESSÃO A coluna é maior nas partes mais baixas, portanto exer-


Dissemos à pouco que a represa de Boa Esperança ce maior pressão.
teve de abrir as comportas porque corria risco de se rom- Essa variação de pressão atmosférica é percebida por
per. Quando uma estrutura dessas é construída se faz uma muitas pessoas quando elas sobem ou descem uma serra,
previsão de quanta pressão de água ela pode agüentar. A pois ficam com uma sensação auditiva diferente. Ao descer
pressão é a força que a água pode fazer por unidade de uma montanha, a pessoa está indo para um local de maior
área das paredes da represa. Toda a matéria, seja ela na pressão atmosférica (onde a quantidade de ar é maior e por-
forma de líquido, gás ou sólido que possui massa, exerce tanto tem um peso maior), a qual age sobre as membranas
pressão. Você por exemplo exerce pressão sobre a super- dos tímpanos que existem no interior das nossas orelhas.
fície a qual está apoiado. Vamos supor que uma pessoa O corpo de algumas pessoas demora certo tempo para
que pesa 60 Kg esteja parada na fila de um supermercado, equilibrar a pressão do interior da orelha com a pressão
e que os dois pés dela ocupem uma área de 300 cm2. Para atmosférica, por isso elas têm essa sensação de incômodo
descobrir a pressão exercida por esta pessoa sobre o solo e surdez quando descem rapidamente uma serra.
devemos distribuir sua massa pela área que ela está apoia- Se lembrarmos o que estudamos sobre o aparelho
da. Fazemos isso dividindo a massa pela área. auditivo vamos perceber que a parte responsável por este
Pressão = massa / área equilíbrio de pressão é a tuba auditiva.
Pressão = 60 Kg / 300 cm2 O valor da pressão atmosférica ao nível do mar é
Pressão = 0,2 Kg/cm2 ou 200 g / cm2 normalmente utilizado como uma unidade de pressão,
Assim como fizemos no capitulo anterior com a forma denominada 1 atmosfera ou 1 atm. Essa unidade cor-
da velocidade media, podemos inverter esta equação para responde à pressão exercida por uma coluna de mer-
calcular a variável desejada, observe: cúrio (símbolo químico Hg) de 76 cm (ou 760 mm) de
altura ao nível do mar. Podemos, portanto, estabelecer
Massa = pressão x área ou área = a seguinte relação: 1 atm = 760 mm de mercúrio (760
massa / pressão mmHg). Na praia, a coluna de ar é maior do que em uma
montanha. Em 1643, Torricelli colocou mercúrio - que, ape-
sar de ser um metal, é líquido à temperatura ambiente -
Para entendermos como líquido e gases exercem pressão
num tubo de 1 metro de altura. Em seguida mergulhou o
precisamos nos lembrar como suas partículas estão dispostas.
tubo em um recipiente também com mercúrio. Observou,
Nos líquido as partículas podem “escorrer” umas sobre as ou-
então, que um pouco do metal contido no tubo desceu
tras, portanto ele exercerá pressão sobre todos os pontos da
para o recipiente, mas parou de descer quando atingiu a
parede do recipiente que os contém e também sobre corpos
marca dos 76 centímetros. Veja o esquema na figura 2.17.
imersos nele. Já as partículas dos gases têm uma liberdade maior
O instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica
porque estão mais distantes umas das outras, assim elas se chocam
foi chamado de barômetro. A figura a seguir mostra uma
com as paredes dos recipientes e corpos. Quanto maior a quantida-
representação do primeiro barômetro construído
de desses choques maior será a pressão exercida pelo gás.
A atmosfera também exerce pressão sobre a superfície da
Terra e sobre todos os objetos envolvidos por ela (pela atmos-
fera). Essa pressão é chamada pressão atmosférica. A pressão
atmosférica se deve ao peso da massa de ar sobre a superfície
do planeta e sobre qualquer corpo em contato com o ar. Sendo
assim, quanto maior a coluna de ar sobre um local, maior o peso
e, conseqüentemente, maior a pressão. No topo de uma mon-
tanha de 3 000 metros de altitude, a coluna de ar, medida
desse ponto até o limite superior da atmosfera, exerce me-
nor pressão do que uma coluna de ar que vai desde o sopé
desta mesma montanha até o mesmo limite da atmosfera.

Figura 2.17: Representação do barômetro de Torricelli.

O inverso desse fenômeno ocorre quando tomamos


refrigerante com canudinho. Ao sugarmos pelo canudo, re-
tiramos parte do ar de dentro dele. Com isso a pressão do
ar no interior do canudo fica menor do que a pressão at-
Figura 2.16 – Representação de colunas de ar que exercem mosférica sobre o refrigerante. Assim, o refrigerante é em-
pressão sobre diferentes níveis de relevo. purrado pela pressão atmosférica para dentro do canudo.

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Esses dois fenômenos confirmam a existência da pressão atmosférica, demonstrada pela primeira vez em pesquisas dos
cientistas italianos Evangelista Torricelli (1608-1647) e Vincenzo Viviani (1622-1703). Existem barômetros de diversos tipos.
Além da pressão eles podem ser usados para determinar a altitude de determinado lugar. Como a temperatura e a
umidade do ar também alteram a pressão atmosférica, os barômetros são usados em estações meteorológicas para ajudar
a prever mudanças no tempo.

UTILIZANDO A PRESSÃO DOS LÍQUIDOS


Até agora você sabe que a pressão é o efeito de uma força distribuída pela sua área de aplicação, e que os líquidos
também possuem essa capacidade. Ela pode ser usada para muitas finalidades em máquinas hidráulicas e até na distribui-
ção de água nas nossas cidades. Para entender como isso é feito precisamos conhecer dois princípios da física. O primeiro
é o Principio dos Vasos Comunicantes. Se dois recipientes contendo um líquido estiverem interligados por um tubo, o
líquido existente dentro deles tenderá a se nivelar. Observe a figura a seguir:

Figura 2.18 – Representação de recipientes interligados contendo líquidos.

A figura a representa um tubo interligando dois recipientes contendo um liquido, observe que, apesar de eles serem de
tamanhos diferentes, o líquido dentro deles fica no mesmo nível. Se mais um pouco desse liquido for adicionado (figura b) ele
novamente se nivelará (figura c). Isso ocorre porque a pressão externa é a mesma nos dois lados e empurra o liquido com a
mesma força em ambos os recipientes.
De posse do conhecimento desse comportamento dos líquidos, as empresas de distribuição de água constroem reser-
vatórios em pontos altos da cidade e uma única bomba (a) é capaz de enchê-lo. Observe a figura. A partir daí a água escoa
por canos (b) para as áreas mais baixas da cidade sem a necessidade de mais gasto de energia. O reservatório consegue
abastecer os locais que estão abaixo da sua altura ou, no máximo, na mesma altura que ele. É por isso que prédios com
muitos andares necessitam de bombas para encherem suas próprias caixas d’água.

Figura 2.19 - Representação de um reservatório de abastecimento de água.

Para entender o outro principio você pode fazer um experimento. Tampe uma garrafa de plástico com uma rolha e
aperte. É lógico que a pressão da água vai fazer com que a rolha salte e a garrafa transborde. Mas como se você faz força
nos lados da garrafa e não de baixo para cima, na direção da rolha? Observando experimentos assim o cientista Blaise
Pascal descobriu que “a pressão exercida sobre um líquido é transmitida para todos os pontos dele” (Principio de Pascal).
Agora observe a figura a seguir para entendermos como essa transmissão de pressão faz com que um macaco hidráulico
funcione:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Figura 2.20 – Representação simplificada de um macaco hidráulico.

A bomba empurra ar para dentro de um pistão contendo óleo. A pressão exercida pelo ar faz com que o óleo se com-
prima e escoe para dentro de um tubo estreito com uma pressão muito grande. Esse tubo conduz o óleo para dentro de
um pistão com uma área muito maior. A pressão é então transmitida para todos os pontos dentro deste pistão, mas a força
sobre ele se tornará maior pois a área onde a pressão é exercida também será maior. Por exemplo, se essa área interna do
pistão for 50 vezes maior que a do tubo que está injetando o óleo, a força sobre ele também será 50 vezes maior. Portanto
estes dispositivos podem ser considerados multiplicadores de forças.

NECESSIDADE DOS RECURSOS ENERGÉTICOS


Sem dúvida a energia que mais usamos hoje em dia é a elétrica e ela pode ser considerada a base de toda a revolução tecnológica que discu-
timos no início deste capítulo. Existem diversas maneiras de se produzir e até acumular este tipo de energia e deve-se a Thomas Edison (1847-1931)
o projeto das primeiras instalações para a geração de energia elétrica. Essas instalações foram as primeiras usinas termoelétricas da história, que
transformavam o calor obtido à partir da combustão do carvão e do petróleo em energia elétrica. Nas usinas termoelétricas existem turbinas
que se movem com o vapor que sai com alta pressão da água aquecida (de modo semelhante ao que acontece em uma panela de
pressão) e aciona os geradores. Portanto a fonte que coloca as turbinas em movimento é o calor (daí o nome: termo=calor).

Figura 2.21 – Representação esquemática de uma usina termelétrica17

Mas a realidade energética do nosso país é muito diferente daquela em que Tomas Edison construiu as termelétricas.
Temos aqui no Brasil poucas usinas que funcionam com carvão vegetal, óleo diesel ou gás natural. A empresa Votoran-
tin utiliza pneus para gerar energia para produção de cimento. Mas você sabe que todos esses combustíveis “soltam” muita
fumaça (monóxido de carbono) por mais que se utilizem filtros e são poluentes gerando danos sérios ao ar atmosférico.
Observe a tabela a seguir que mostra a comparação entre matriz energética (todas as fontes de energia utilizadas no
país) brasileira e a mundial.

Energia Brasil (%) Mundo (%)


Petróleo e Derivados 43,2 34,9
Biomassa 27,2 11,5
Eletricidade 13,6 2,3
Gás Natural 7,5 21,0
Carvão 6,6 23,5
Urânio 1,9 6,8

Tabela 2.1 – Tabela comparativa das principais fontes de energia elétrica e no Brasil e no mundo. 18
17 fonte: http://www. educar.sc.usp.br
18 REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Podemos verificar através dela que no Brasil a participa- O álcool produzido pela cana-de-açúcar é o principal
ção da biomassa é muito grande se comparada com outros exemplo de reaproveitamento de biomassa utilizado no Brasil.
países do mundo. Nossa dependência do petróleo ainda é Esses combustíveis podem ser obtidos e renovados em curtos
maior que em outros países, mas eles usam muito gás natural espaços de tempo e têm contribuído cada vez mais para a for-
e carvão que são bastante poluentes. A hidrelétrica é a forma mação da matriz energética nacional.
de geração mais comum de eletricidade utilizada aqui (cerca O biodiesel também ganhou destaque nos últimos anos,
de 90% da energia elétrica gerada vem desse tipo de usina), porque ao contrário do álcool, é adequado para utilização em
porque nosso país tem várias regiões muito ricas em “água”, motores de máquinas pesadas. Quando misturado ao óleo die-
graças ao grande número de rios que possui. Esse potencial sel comum ele diminui significativamente a emissão de poluen-
vem sendo utilizado desde primeiras décadas do século XX tes. O biodiesel é fabricado através da reação química entre o
quando foram construídas as primeiras usinas hidroelétricas. etanol e óleos vegetais em condições especiais. Sua fabricação
Contudo o desenvolvimento crescente do país e a melhoria é vantajosa porque é possível utilizar vários tipos de óleo (milho,
das condições de vida da população causaram um grande soja, canola, babaçu, dendê, mamona, entre vários outros), até
aumento da demanda por energia elétrica. Acompanhe no óleo de soja usado serve.
gráfico a seguir que a demanda de energia aumenta junto Esta flexibilidade tem sido alvo de criticas por várias entidades,
com o crescimento da população. nacionais e internacionais que temem que a atividade agrícola no
mundo avance sobre áreas de mata nativa, passe a produzir grãos
para a produção de óleo e deixe de produzir alimentos.
Com o crescimento acelerado da população mundial é pre-
ciso encontrar maneiras de produzir cada vez mais alimentos.
Mas o sacrifício das nossas florestas não é o caminho para este
crescimento. No Brasil apenas 3% da área cultivada é utilizada
para a produção de biomassa que pode ser destinada à produ-
ção de energia (cana e soja), os outros 97% são para produção
de alimentos. Veja bem que estamos falando de área plantada,
portanto sobra muita terra no país para outros fins.
O caminho para se produzir alimentos, biomassa e ainda
preservar nossos recursos naturais pode estar no aumento da
produtividade nas áreas produtivas já existentes. Produtividade
significa produzir mais em menos espaço.
Figura 2.22 – Aumento da demanda de energia em tonelada A experiência do aumento da produtividade já foi utilizada
equivalente de petróleo por habitante (Tep).