Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Linguagens, Códigos e suas
tecnologias e Redação que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:
2. Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras
culturas e grupos sociais.
3. Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora
da identidade.
4. Compreender a Arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do
mundo e da própria identidade.
5. Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos,
mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produ-
ção e recepção.
6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva
da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da
organização do mundo e da própria identidade.
Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE
Capítulo 1
Para além do horizonte ...................................................................................................................................................................................................01
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 2
Conectados(as) a outras línguas e “outras culturas” ..........................................................................................................................................08
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 3
Corpo, memória e encontros cotidianos..................................................................................................................................................................17
Camila Mairink Zangirolymo
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 4
Descobrindo as Artes: um atalho para uma nova linguagem.........................................................................................................................24
Maria do Carmo Arruda Leite
Capítulo 5
No reino das palavras .....................................................................................................................................................................................................36
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 6
O poder das palavras e das imagens..........................................................................................................................................................................46
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 7
Um ponto de vista ou a vista de um ponto? .........................................................................................................................................................55
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 8
Falantes da mesma língua...............................................................................................................................................................................................61
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 9
Facilidades e Desafios na era das Tecnologias.......................................................................................................................................................67
Sônia Querino S. Santos
Redação...................................................................................................................................................................................................................................75
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 1
PARA ALÉM DAS “FRONTEIRAS”
1
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 3
É possível afirmar que em cada época há o predomínio de uma tecnologia. Assim tivemos a Idade da Pedra, do Bronze...
até chegarmos ao momento tecnológico atual. Nesse sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação interfe-
rem em nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos.
Nesse sentido nos damos conta das várias linguagens utilizadas: linguagem verbal e não verbal. Mas... qual a nossa
compreensão de Linguagens? Leia o trecho abaixo.
“... no meu tempo, bastava um olhar e eu já sabia que meu comportamento não estava agradando meus pais... bastava
um olhar. Hoje, chama-se a atenção dos filhos e eles não estão nem aí... O mundo está de cabeça pra baixo.”
De acordo com a fala do Sr. Tomé, 48 anos, é possível compreender que a linguagem é o uso da língua com a finali-
dade de se comunicar. E desde pequeninos compreendemos que era possível se comunicar não apenas com a fala, não é
verdade?
Realmente nosso corpo fala, portanto, a linguagem pode ser verbal e não-verbal. Para a linguagem não-verbal iremos
utilizar outros meios comunicativos (placas sinalizadoras, história em quadrinhos, charges...) Por exemplo, a placa de sina-
lizadora do trânsito, as mãos indicando acordo ou desacordo; as figuras de identificação de “feminino” e “masculino”; o
apito do juiz numa partida de futebol; o cartão vermelho ou amarelo; a trilha sonora para determinado personagem; aviso
de “não fume” ou de “silêncio”...
Já para a linguagem verbal utilizamos o bilhete, cartas... faz-se uso de texto escrito que posteriormente será apresen-
tado no televisão, dramatizado no teatro, ou seja, o texto escrito é veiculado na mídia (rádio, televisão, teatro, cinema) e
muitas vezes, “ditam” a moda e “modificam” nosso cotidiano.
Portanto, registre essa informação: a linguagem pode ser ainda verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Lembre-se das
propagandas televisivas, os outdoors, diálogos através do computador (msn, comunidades de relacionamentos, e-mails...).
1)Texto publicitário
2
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
O texto publicitário é construído em função do ouvinte ou do leitor virtual. Provoca mudanças de atitudes em seu pú-
blico e, normalmente, trabalha a linguagem verbal e não-verbal (componentes visuais).
Muitas vezes, somos motivados a comprar um determinado produto não por que estamos precisando, mas por termos
sido convencidos pelas propagandas e anúncios.
figura10
http://linguagemcorporal.com.br/index.php
3
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e A TV tem o poder de reunir os vizinhos e amigos para
18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, assistir o futebol e, principalmente, para acompanhar as
contou com a participação de escritores, artistas plásticos, novelas. Saiba que a teledramaturgia surgiu no Brasil na
arquitetos e músicos. década de 1950 e hoje é o produto televisivo mais popular
do país.
4) Linguagem musical.” A telenovela explorar em seus enredos, temas de fácil
“Nossa! Viajei com essa canção!”; aceitação como histórias de amor e conflitos familiares e
“Toda vez que escuto essa música recordo...” sociais.
Com os recursos dos sistemas de Comunicação é pos- E adquirem forte caráter mercadológico (Merchandi-
sível acessar a rede e ouvir uma determinada canção. sing) pela empatia que se estabelece entre o público e as
Observe a letra selecionada. personagens. Sabe como isso ocorre?
Veja, nas telenovelas são introduzidos anúncios de
produtos, marcas de carro, perfume... seja, durante as ce-
nas, como também nas vinhetas de abertura.
Outra forma de merchandising é a veiculação de men-
sagens de caráter educativo, de prevenção de doenças,
combate ao consumo de drogas...
Quer um exemplo?
Na telenovela “O Rei do Gado” em 1997, transmitida
pela Rede Globo, em vários momentos foi ressaltada a ne-
cessidade de os produtores vacinar o gado contra a febre
aftosa.
Então, que tal conferir essas informações no próximo
programa televisivo que tiver assistindo?
Que tal? Visitar nos sites de pesquisa na internet a his-
tória da televisão brasileira?
Sugestão: www. Google.com.br
E, para terminar...
Você sabe quando foi ao ar o primeiro programa de
televisão brasileira?
Essa revolução tecnológica aconteceu em 18 de se-
tembro de 1950, quando em São Paulo foi ao ar o primei-
ro programa da televisão brasileira. O Brasil seria, então, o
quarto país do mundo a ter televisão.
6) As mídias
As pessoas estão conectadas e a conectividade se dá
quando duas ou mais pessoas se aproximam interagem,
conversas ou colaboram. Com o auxílio dos telégrafos, rá-
dios, telefones ou das redes digitais de comunicação, essas
pessoas podem estar em lugares diferentes, distantes.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Assim sendo, por meio do que é transmitido pela tele- Ou seja, a partir da constatação de que os modernos
visão ou acessado pelo computador, as pessoas se “comu- meios de comunicação, especialmente a Internet, geram
nicam”, adquirem informações e transformam seus com- para o cidadão um diferencial no aprendizado e na inserção
portamentos (algumas se tornam “teledependentes” ou ao mercado de trabalho há cada vez mais, o reconhecimen-
“webdependentes” ...), ou seja, não conseguem sair de casa to e o empenho (educacional) de encontrar soluções para
antes de ligar a televisão ou rádio ou acessar a internet garantir tal acesso. Visto que, muitos não têm condições de
para saber as previsões do tempo para o dia. adquirir equipamentos e serviços para gerar este acesso.
Nesse sentido, é importante, caro aluno, que você Surge então, a necessidade de uma nova linha de edu-
compreenda que as novas Tecnologias da Informação e da cação que considere a alfabetização digital como o principal
Comunicação, sigla TCI, articulam várias formas eletrônicas caminho para inclusão social, pois uma pessoa alfabetizada
de armazenamento, tratamento e difusão da informação. no universo digital deverá ter condições de selecionar infor-
Elas evoluem constantemente e, com muita rapidez em to- mações na web, processar os dados, adquirir conhecimento
dos os instantes são criados novos produtos (telefones ce- e transmitir esses dados, fazendo uso, sobretudo no mundo
lulares, fax, softwares, vídeos, computador multimídia, in- do trabalho.
ternet, televisão interativa, realidade virtual, videogames...) Todavia, a realidade social vivenciada nas distintas re-
diferenciados e sofisticados. Consequentemente, na era da giões do Brasil nos revela que existem vários Brasis, ou seja,
informação, comportamentos, práticas, informações e sa- muito próximo a nós, convivemos com as construções em
beres se alteram com extrema velocidade. alvenarias e os casebres em madeiras. Nesses lugares há
Dentro deste contexto, considera-se que a inclusão di- famílias que estão batalhando por melhores condições de
gital é necessária a fim de possibilitar a toda a população, vida, de saneamento básico e por acesso à educação.
por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços presta- Portanto, a falta de recursos mínimos à sobrevivência,
dos via Internet. bem como, a falta de educação escolar, entre outros itens
básicos como assistência médica e jurídica tem proporcio-
INCLUSÃO DIGITAL? nado uma sociedade de desiguais.
Estima-se que aproximadamente 80% da população
brasileira encontram-se excluída do usufruto das tecnolo-
gias da era digital. Basta nos perguntarmos: Quantos bra-
sileiros possuem computador pessoal em suas residências?
Quantos possuem linha telefônica?
Portanto, a desigualdade sócio-econômica desencadeia
a exclusão digital. Daí a necessidade que a inclusão digital
seja fruto de uma Política Pública, ou seja, fruto de ações
que promovam a inclusão e equiparação de oportunidades
a todos os cidadãos. Sobretudo, considerando a população
com baixa escolaridade, baixa renda, limitações físicas..., fa-
z-se necessário uma ação prioritária voltada às crianças e
jovens, pois constituem a próxima geração.
5
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Os indivíduos, que por condições de insuficiência de De acordo com o mapa, deverá usar guarda-chuva
renda, não têm como dispor de computador e linha tele- (A) apenas Paulo.
fônica em casa, poderiam ter a exclusão atenuada, caso (B) Paulo e Ana.
tenham acesso através de empresas, escolas ou centro de (C) apenas Carlos.
cidadãos. Esses recursos destinados prioritariamente àque- (D) Carlos e Ana.
les que não têm acesso em suas residências. Vale ressaltar
que este tipo de solução tem natureza paliativa, ou seja, ATIVIDADE 2:
não resolvem de imediato o problema. Adicionalmente, Quero me casar
poderíamos ainda considerar o uso do software livre em Na noite na rua
computadores o qual seria sem qualquer custo. No mar ou no céu
Entretanto, deve-se considerar a facilidade de opera- Quero me casar.
ção, suporte e manutenção existentes. Ademais, há ainda Procuro uma noiva
busca pelo sistema de telefonia fixa que pode e precisa ser Loura morena
expandido a fim de prover a população com esse serviço Preta ou azul
básico além de permitir que ela tenha acesso a Internet. Uma noiva verde
O Brasil tem condições de superar esse atraso. Todavia, Uma noiva no ar
para que isso de fato ocorra, é preciso começar a fazê-lo Como um passarinho.
hoje, ou melhor, ontem. Do contrário, as gerações seguin- Depressa, que o amor
tes continuarão com elevado índice de excluídos da era Não pode esperar!
digital. Carlos Drummond de Andrade
A inclusão digital tem um tripé que compreende: aces- Pelas suas características, esse texto é
so à educação, renda e tecnologia da informação e comu- (A) uma propaganda.
nicação (TCI). A ausência de qualquer um desses pilares (B) um poema.
significa deixar quase 90% da população brasileira perma- (C) um anúncio.
(D) uma notícia.
necendo na condição de analfabetos digitais.
Continue pensando sobre isso, pois atualmente a co-
ATIVIDADE 3:
municação virtual (por intermédio do computador...) está
presente em todas as atividades, desde a necessidade de
agendar uma consulta médica até mesmo em opinar sobre
as programações televisivas (esportes, novelas e notícias).
6
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
dia nublado Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
e no peito do sabiá • Reconhecer as linguagens como elementos integra-
sol do meio-dia dores dos sistemas de comunicação.
(RUIZ, Alice in Revista Entrelivros, setembro/05) • Identificar os diferentes recursos das linguagens, uti-
Haikai é uma forma de poesia vinda do Japão. Em ri- lizados em diferentes sistemas de comunicação e informa-
gor, compõe-se de dezessete sílabas, distribuídas em três ção.
versos, e não possui título. No haikai de Alice Ruiz, duas • Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos
palavras possuem sentidos contrários. São elas: sistemas de comunicação e informação para explicar pro-
(A) dia e peito. blemas sociais e do mundo do trabalho.
(B) sol e sabiá. • Relacionar informações sobre os sistemas de comuni-
(C) nublado e sol. cação e informação, considerando sua função social.
(D) sabiá e meio-dia. • Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que
se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e
ATIVIDADE 5 informação.
Responda à pergunta abaixo, em seguida, utilize
uma modalidade de linguagem para expressar sua res- Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
posta: um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
Você acredita que os avanços tecnológicos e os vários
tipos de comunicação estão interligados? Faça uso de um
dos tipos de linguagem reforçando seu posicionamento à
pergunta anterior.
Portanto, você poderá usar os recursos da linguagem
escrita, corporal, musical... entre outros.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas
ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra B
ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra B
ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra D
ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra C
ATIVIDADE 5
Pessoal
7
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Career Information
An effective job search requires much more than sending out resumes.
Embora descrita em outras línguas (espanhol, italiano e inglês) acreditamos que você não desistiu de observar as di-
ferenças na escrita, Não é mesmo?
Você percebeu que sempre há um termo ou outro que já vimos escritos por aí? Isso acontece porque fazemos parte de
uma sociedade que é fortemente marcada pela escrita. Portanto, não desista de ler mesmo quando parecer não entender
nada, pois se perseverar na leitura, você encontrará uma pista para compreender o que está lendo.
Nesse sentido, chamamos sua atenção para o seguinte: o conhecimento de outras línguas nos levará a conhecer outras
culturas, outros modos de ver a vida. Ouvir músicas em Espanhol e em Inglês, por exemplo, poderá ser uma boa dica!
Porém, deveremos permanecer atentos para o significado das palavras, lembre-se da situação descrita por dona
Aparecida no começo desse diálogo: “a dificuldade de entender que PUSH tem outro significado”. Pois, os “falsos ami-
gos” são aquelas palavras que por sua semelhança ortográfica e ou fonética parecem, à primeira vista, fácil de serem
entendidas, traduzidas ou interpretadas, mas que podem... nos conduzir a situações embaraçosas. Vamos conhecer
algumas em Espanhol?
cola: rabo ; polvo: pó; saco: paletó; um rato: um momento; vaso: copo; zurdo: canhoto; borracha: bêbada;
Embarazada: grávida.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Como você pode conferir, estar “EMBARAÇADA” na 1. ( ) Marta pede desculpas por estar há vinte minu-
língua espanhola exige planejamento e outras responsa- tos atrasada
bilidades. 2. ( ) A recepcionista diz que o senhor Obama aca-
Acompanhe a história escrita em español: bou de sair
...Todos los años Bernardo iba solo a España a trabajo, 3. ( ) A recepcionista pergunta se Marta está vindo
pero de aquella vez resolvió que llevaría a su família. Esta- pelo anúncio
ban todos encantados con lãs calles y plazas pero cuando 4. ( ) Marta pede desculpas por estar há doze minu-
pasaban por uma pastelería los niños pidieron que comprara tos atrasada
golosinas. Rosa, su mamá dijo: Não, esses doces são esquisi-
tos! Olhem a placa: “Exquisitos dulces”... Se você retornou ao diálogo e realizou uma leitura
Pois é, as crianças (niños) deixaram de saborear as gu- “sem medo” com certeza percebeu que somente as afir-
loseimas, pois seus pais não sabiam que a palavra Exquisi- mativas 1 e 3 estão corretas. Interessante também perce-
tos é na verdade um falso amigo, ou seja, possui significado ber que numa situação como essa o conhecimento dos
bem diferente na língua espanhola. Exquisitos em Espanhol números em inglês foi decisivo para você excluir a alter-
significa: saborosos, ricos, gostosos. nativa 4.
Mas... você já percebeu que utilizamos várias palavras Marta é uma jovem que está tentando um novo em-
em nosso cotidiano que são originárias de outros idiomas? prego. Ela viu no jornal do metrô o anúncio para vaga
Por exemplo: jeans, hot-dog, diet, shorts… battom, sutiã…E de secretaria e, como vimos acima, já chegou ao local da
na informática? On line; internet; backup; e-mail; sites… entrevista. Portanto, vamos acompanhar o encontro dela
com o chefe Mr. OBAMA.
Vamos exercitar? The boss: All right, Mrs. Jackson. Did you bring your
Portanto, relacione as palavras às frases seguintes: curriculum with you?
a) BREAKFAST; Marta: Sure! Just a moment...
b) FOOT; The boss: Hum!... Tell me about your job experience.
c) TIME; Marta: Well, at the moment I´m not working.
d) BUSY The boss: Oh I see! Did you take any courses related
( ) Você raramente chega na hora to your profession?
Marta: Of course, I did. I thing I brought it…
( ) Ela nunca vai para casa a pé
The boss: Ah, very good! Can you show us your abili-
( ) Ele está frequentemente ocupado
ties to deal with computers?
( ) Eu sempre tomo um grande café da manhã
Você conseguiu identificar facilmente as frases corres-
De acordo com o trecho da entrevista é correto afir-
pondentes? Provavelmente, a partir do seu conhecimen-
mar que:
to dos vocábulos (foot e time) não tenha sido difícil você
1. ( ) Marta, embora esteja empregada, está procuran-
encontrar a sequência das frases. Compare no final desse
do um novo emprego para ampliar sua experiência.
capítulo a seqüência equivalente. Lembremos que estamos
Comentário: no diálogo aparece a frase “I´m not Wor-
no país do futebol (SOCCER) e, no corre-corre da vida, não king”. Portanto, essa afirmativa é falsa.
podemos perder tempo (TIME). 2. ( ) Durante a entrevista o chefe está com o curri-
O conhecimento de outra língua nos ajuda também no culum da Marta em mãos, pois ela já havia enviado por
mercado de trabalho. Quando saímos para procurar em- e-mail.
prego (JOB) se sabemos um pouco de inglês já somos vis- Comentário: A leitura atenta da frase “... your curricu-
tos com outros olhos (EYES). lum with you” justifica que essa afirmativa dois não seja
correta
Acompanhe o diálogo a seguir. 3. ( ) O chefe pergunta se ela fez cursos relacionados
Receptionist: Can I help you? Mrs… à profissão.
Marta: Jackson. Marta Jackson. Comentário: Relendo a frase: “Did you take any cour-
Receptionist: Are you coming for the announcement? ses related to your profession?” Afirmamos que a alterna-
Marta: That´s it! Oh, sorry, yes, madam. I apologize for tiva 3 está correta.
being late. Twenty minutes.
Receptionist: Ok. Let me see if Mr. Obama will see you, É importante destacar a importância em consultar um
just a moment! dicionário. Por meio desse, você pouco a pouco irá am-
Marta: Thank you ! pliando seu vocabulário. Portanto, consulte um dicionário
Receptionist: Mrs. Jackson, you may come in. bilíngüe, ou seja, português-inglês. Ao manusear o dicio-
Marta: Thank you. nário na busca do significado de uma palavra, você amplia
Imagino que você já tenha sido “apresentado” às pala- a busca de seu conhecimento e, consequentemente, o seu
vras (help you; sorry; minutes; moment; thank you) isso aju- saber.
da você na compreensão do texto apresentado em forma A motivação para a pesquisa brota exatamente des-
de diálogo. Então, marque com um X as alternativas que se sa prática habitual da curiosidade, ou seja, diante de uma
referem à situação descrita acima. “palavra nova”, não hesite em procurar seu significado.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
As pessoas destemidas e desejosas em aprender não duvidam da importância de perguntar o significado e fazer uso
de sites de pesquisas, dicionários e, até mesmo, provocar um “diálogo interessado” com o grupo de amigos.
Portanto, como falantes da língua portuguesa e consciente da importância das línguas estrangeiras modernas, sempre
que possível consulte um dicionário, tire sua dúvida e amplie seu vocabulário.
Apresento a seguir um texto em Inglês que tem por objetivo mostrar a você que é possível fazer a leitura e compreen-
são de um texto em língua estrangeira, mesmo que não tenha um nível avançado de conhecimento da referida língua.
Para a compreensão do texto, você deverá aplicar as técnicas de leitura: Skimming; Scanning; Inferência; Prediction.
O que significa cada uma delas?
Não se preocupe, acompanhe a descrição abaixo:
☼ Skimming – Leitura rápida de um texto para se obter uma impressão global do assunto. Assim, é possível observar
informações visuais do texto como título, subtítulo, distribuição gráfica do texto, figuras, tabelas, entre outros.
É importante ficar atento aos detalhes.
☼Scanning – É importante ler as questões sobre o texto antes mesmo de ler o texto todo, visto que algumas respostas
podem estar contidas em informações nas próprias perguntas.
Essa técnica é também uma leitura rápida que permite encontrar informações específicas, sem recorrer à leitura linear
do texto, por isso, detalhes como citações em parênteses, grifadas e/ou em negrito, em letras maiúsculas, informações de
número ou uma palavra-chave também devem chamar a atenção do leitor.
Através dessa técnica, a interpretação e a compreensão do texto ficam mais fáceis. Orienta-se fazer a leitura das ques-
tões sobre o texto antes de aplicar as técnicas, assim se tornará mais fácil selecionar as informações necessárias para a
resolução dos exercícios.
Inferência - o objetivo aqui é deduzir o significado de uma palavra através do contexto (palavras vizinhas) e assim não
recorrer de imediato ao dicionário. Lemos aqui o que não está escrito de forma “clara” no texto.
Por isso, as palavras do texto, contexto e conhecimentos prévios do leitor devem ser considerados. Ah! Um exemplo de
inferência são as piadas, pois rimos exatamente daquilo que não está diretamente escrito no texto.
Prediction – Nesta estratégia de leitura, o leitor faz uso principalmente do seu conhecimento próprio, através de sua ex-
periência de vida, e também, através de informação lingüística e contextual. Cada palavra não pode ser lida de forma isolada.
Para verificar a compreensão do texto poderia ser solicitado indicar se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira (V)
ou falsa (F). E, na mesma questão poderia ser pedido para indicar o parágrafo no qual você obteve a resposta.
Numa atividade como essa o nível de atenção é fundamental.
Parágrafo
Afirmações V F
1 2 3 4
11
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Caro aluno os exemplos anteriores querem fazer você entender que aprender uma segunda língua é uma forma de
conhecer outra cultura, bem como, uma forma de entender melhor o contexto que vivemos no mundo atualmente.
Lembre-se que uma das principais características do ser humano é a linguagem, pois é através da linguagem que o ser
humano constrói seus vínculos sociais e adquire conhecimento do mundo e da realidade de sua época.
Contudo, nossa relação com o idioma não é algo passivo. Isso se torna evidente, principalmente no Brasil. Pois, nas
várias regiões brasileiras perceberemos a riqueza da língua materna (português) com suas variantes regionais.
Então, a partir do conhecimento da língua materna (no nosso caso, a língua Portuguesa) é mais fácil compreender outro
idioma. Embora, haja palavras sem equivalência na língua portuguesa, mas que foram incorporadas ao nosso cotidiano.
Exemplos: abajur, do francês e sem equivalente em português e, outras palavras do inglês, como show, rock, hamburger,
jeans, shampoo, Microsoft, Word, Internet, yogurt, shorts.
Por ser um país com grande diversidade cultural, é compreensível que o Brasil sofra influências tanto em seu idioma,
quanto em seus costumes (dança, vestuários, culinária...).
Afinal a Língua Portuguesa está repleta de palavras derivadas de outros idiomas e de hábitos, por exemplo: “capoeira”,
“mungunzá”, “Axé”, “mandingas” trazida pelos escravos africanos; ou dos nomes de pratos culinários como o “omelete”,
que deriva do francês.
Como estamos nos referindo à nossa língua materna (Português) você poderia se perguntar: Em quais lugares é falada
a Língua Portuguesa?
O Português é a Lingua Oficial em oito países de quatro continentes, a saber: Angola; Brasil; Cabo Verde; Guiné Bissau;
Moçambique; Portugal ; São Tomé e Príncipe; Timor Leste.
12
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
No Brasil, antes da colonização portuguesa, a língua falada era o Tupi-Guarani. Porém, ainda hoje você pode encontrar
pequenos grupos que se comunicam utilizando as línguas de origens africanas (bantus e nagôs) e mesmo as línguas indí-
genas. Me refiro por exemplo aos grupos remanescentes de quilombo e grupos indígenas.
Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha),
bem como nomes próprios e geográficos. Portanto, a língua é dinâmica e continua sofrendo influência de outras línguas,
principalmente da língua inglesa.
Observe que facilmente reproduzimos frases como: “... vou deletar isso da minha cabeça”; “...não dê importância a isso,
ou melhor, minimize isso...”; nas quais se utiliza termos em inglês relacionados à linguagem da informática. Veja a tabela
Browser Programa navegador, software responsável pela visualização das páginas na internet
O termo equivale à convergência de todos os meios de comunicação: áudio, vídeo, telefo-
Ciberespaço
ne, televisão...
Clip-art Coleções de desenhos (ilustrações) para utilização em documentos digitais ou impressos
Hardware Parte do computador que podem ser trocadas (gabinete, placa-mãe, monitor...)
Loja que aluga máquinas interligadas em redes para acesso à internet e outras utilizações
Lan House
semelhantes
On-line Significa que o computador está conectado à internet
Username Nome ou apelido mediante o qual um usuário se “loga” e através do qual é identificado
13
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
O e-mail é um dos serviços disponíveis na internet. São constituídos de um login (usuário ou conta) acompanhada com o
símbolo “@” que vem do inglês at , que pode ser traduzido como “em determinado lugar”.
Já os sites são acompanhados do provedor: ig. hotmail, uol, terra... acompanhado por um tipo de domínio que pode ser
comercial (.com), educacional (.edu), governamental (.gov).
Provedor é o intermediário entre o nosso computador e a internet. Quando acessamos a internet, estamos na verdade aces-
sando um provedor que nos conecta com a internet. Ele funciona como as antigas telefonistas, para quem nossos avós tinham
que pedir para completar a ligação.
Domínio é o nome de uma área reservada num servidor Internet que indica o endereço de um website.
Recapitulando: todo endereço de site inicia-se com WWW.
Acompanhado do provedor e do domínio: http://www.terra.com.br
E os endereços de e-mails trazem o símbolo @ [arroba]
Nessa interação não podemos deixar do ORKUT que é um dos locais virtuais de relacionamentos disponibilizados na internet.
Através desse site novos amigos são adicionados, podemos ver os álbuns de fotos, enviar e receber recados (scraps), depoi-
mentos... além de criarem comunidades ou se afiliarem para um debate de ideias chamados fóruns de discussão.
14
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, faça uso dos recursos tecnológicos da rede e tenha acesso a um universo “sem fronteira”, bem como, a con-
teúdos formativos nas bibliotecas virtuais e sites interativos como youtube e outros.
Nos dias atuais o uso e acesso aos meios de comunicação e informação têm favorecido o encontro entre pessoas e
ampliado nosso conhecimento cultural. Além disso, o conhecimento das línguas estrangeiras modernas (LEM) facilita a
utilização dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, cujos comandos e manuais são apresentados em vários idiomas.
Nesse sentido, permanece o desafio. Pois, não é suficiente compreender a funcionalidade dos comandos (play e stop)
frequentemente utilizados em nossos eletroeletrônicos. É necessário aprofundar o conhecimento de uma segunda língua
(espanhol, inglês, francês, alemão...) também chamada língua meta, sem desprezar a língua materna, que em nosso caso,
é a língua portuguesa.
Acredite que o conhecimento, sobretudo em nível do domínio da escrita, quer dizer, aprender a escrever de acordo
com as normas gramaticais, abrirá portas e contribuirá para a aquisição de uma segunda língua.
Vale à pena destacar que os negros africanos possuem um vasto conhecimento das línguas estrangeiras. Sabe por quê?
Considerando que as famílias são constituídas por tribos diferenciadas, às vezes, a mãe é oriunda de uma nação africa-
na que se comunica entre si com uma língua africana e o pai, igualmente é oriundo de outro grupo social, que por sua vez,
se comunica entre si, por meio de outro idioma.
A essa altura você poderá se perguntar: “qual a língua utilizada para uniformizar a comunicação?”
Essa pergunta é importante e pertinente, pois a língua “oficial” adotada para as relações comerciais e/ou contato/ diá-
logo “fora” de casa, dependerá do país colonizador (Bélgica, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos...).
Portanto, os negros africanos dominam no mínimo quatro idiomas. Quando pequenos eles aprendem em casa duas
línguas africanas, ou seja, a língua da mãe e a língua do pai.
Pois, o diálogo com a mãe acontece na língua materna da mãe e, o diálogo com o pai, ocorre na língua oriunda da
tribo do pai.
Contudo, quando a criança africana é alfabetizada, o processo de ensino aprendizagem acontece na língua local, ou
seja, língua falada pelos moradores daquela região. Porém, ao atingir a etapa da formação secundária (ensino médio) eles
aprendem e “adotam” a língua oficial do colonizador.
Nota-se, nesse breve recorte apresentado, que a criança de origem africana crescerá falando fluentemente (sem di-
ficuldade de compreensão para a escrita e para a fala) os idiomas relacionados à sua infância, adolescência e fase adulta.
Se pensarmos o universo cultural dos povos indígenas, iremos perceber um fenômeno bem semelhante. Pois, os in-
dígenas, também chamados “povos aborígenes” são oriundos de povos com códigos lingüísticos diferenciados e, com o
processo de colonização, eles “adotaram” a língua do colonizador.
Saliento mais uma vez, a partir dessa breve explanação sobre os negros africanos e os indígenas, a necessidade em
aprender uma segunda língua. E, ao destacar os idiomas (espanhol, inglês, francês...) estamos focalizando para as relações
comerciais, porém sem desprezar a importância em conhecer outras línguas e outras culturas.
AGORA É A SUA VEZ
Atividade 1
Retome a leitura do texto “TOO MUCH TV” trabalhado nesse capítulo e responda: O que acontece com as crianças
que assistem muita televisão:
a. Não suportam a emoção dos pais quando expostas a atividades de estimulação precoce?
b. Se tornam cruéis e violentas com crianças mais novas
c. Não vão mais a excursões ou passeios ao ar livre por não saberem se comportar
d. Batem em crianças que aprenderam a andar há pouco tempo
e. Possuem probabilidade baixa de se tornarem bullies
Atividade 2
Ainda de acordo com o texto “TOO MUCH TV”. Qual das opções abaixo NÃO foi citada no texto como consequência
do excesso de TV?
a. As crianças não aceitam o carinho e a estimulação dos pais
b. São chamadas de agressivas pelas mães
c. Se tornam obesas
d. Se tornam agressivas
e. Se tornam desatentas
Atividade 3
Assine a opção que contém uma estrutura válida para um endereço de e-mail de uma pessoa ( não jurídica) natural dos
Estados Unidos da América
a) camila@entreprise.org.br
b) camila@entreprise.eua.com
c) camila@entreprise.com.eua
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 4
People and Professions
Do you know the professions of the famous people below?
Link them and then, create simple sentences.
(1) Brazilian (a) singer ( ) ( ) Gabriel Garcia Marques
(b) scientist ( ) ( ) Madonna and Britney Spears
(2) English (c) actress
( ) ( ) David Beckham
( ) ( ) Bill Gates
(d) architect ( ) ( ) Bill and Hillary Clinton
(3) Colombian (e) writer ( ) ( ) Sophia Loren
(4) American (f) politician ( ) ( ) Oscar Niemeyer
(5) Italian (g) soccer player ( ) ( ) Stephen Hawking
(h) businessman
• Reconhecer temas de textos em LEM e inferir sentidos de vocábulos e expressões neles presentes.
• Identificar as marcas em um texto em LEM que caracterizam sua função e seu uso social, bem como seus
autores/interlocutores e suas intenções.
• Utilizar os conhecimentos básicos da LEM e de seus mecanismos como meio e ampliar as possibilidades
de acesso a informações, tecnologias e culturas.
• Identificar e relacionar informações em um texto em LEM para justificar a posição de seus autores e inter-
locutores.
• Reconhecer criticamente a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade
cultural.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Vamos continuar avançando? Na sua cidade, em seu bairro ou quem sabe, você junto
Convido você, a aprender a decifrar alguns códigos e as com amigos já tenha participado desse tipo de linguagem,
diferenças culturais, pois sabemos o quanto são importantes chamada linguagem artística?
e o quanto influenciaram histórica e culturalmente as dife- Então, a linguagem artística, assim como as outras lin-
rentes formas de linguagem. guagens, também sofre alterações cotidianamente e, se
Com certeza você já assistiu a uma propaganda política observarmos bem, perceberemos que a arte sempre está
e já deve ter visto candidatos com expressões exageradas, relacionada com o momento em que vivemos. Através das
que não te demonstravam muita confiança. Então, neste caso linguagens artísticas percebemos os momentos marcantes
você usou a leitura da expressão corporal com o conheci- que estamos vivendo, bem como, as influências do passa-
mento que já possuía culturalmente. do em nosso cotidiano.
Aliás, na TV atores são bonitos e seus corpos esculturais. Assim sendo, por meio da linguagem verbal, visual,
Pois, sabem que precisam vender uma imagem “bonita”. Ou gestual, artística e das várias modalidades da linguagem
seja, os meios de comunicação ditam o padrão de beleza e escrita pintamos, estamos nos expressando, nos posicio-
de corpo perfeito. Você já tinha pensado nisso? nando no mundo que vivemos. Logo, essas expressões cul-
Busque em sua memória (suas lembranças) as propagan- turais e artísticas demonstram diferentes formas de expres-
das de bebida alcoólica que você assistiu na TV. Perceba os são e variam de um lugar para outro.
alertas veiculados na propaganda (diminuição de acidentes, Pense nas diferenças culturais que existem no Brasil,
bem como, a péssima combinação: jovens + consumo do ál- observe começando pelas regiões. São muitas as diversi-
cool). Esse e tantos outros exemplos confirmam para nós a dades, desde a culinária, ritmos musicais, maneiras de falar,
força de convencimento que tem os meios de comunicação. até mesmo na maneira de vestir-se.
Então afirmamos com convicção: O CORPO FALA Falando em diversidade cultural, sabe aquele GESTO
de OK que fazemos com as mãos?
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
A atitude refere-se à maneira que as pessoas se posicionam, algumas vezes positivamente e outras negativamente em
situações de aprendizagem, que por sua vez dependerão das atitudes tomadas frente a situações vivenciadas.
O que falar da experiência?
Sabemos que é fundamental, quanto mais variedades temos, maiores serão as oportunidades de aprendizagem. Aqui podemos
dizer que a vida nos ensina, mesmo que não seja de nossa vontade aprender. Como na expressão: “ É errando que se aprende”.
Mas... Lembre-se: fazer uma análise do corpo é uma tarefa super complicada, pois já possuímos uma “compreensão”
parcial do nosso corpo. Nossas razões estão fora do alcance do outro, pois estão no nosso inconsciente.
Apesar de várias interpretações não existe uma leitura padrão que seja igual para todas as pessoas, a forma com que
cada pessoa se expressa é particular e deve ser respeitada. Por isso, não se esqueça que não se podem padronizar os gestos.
ATIVIDADE 1
1) Leia: Atualmente, as pessoas não hesitam em eleger os produtos culturais de sua preferência, livres de preconceitos
ou julgamentos. Assim, moças dançam ballet e jazz nas favelas, “dondocas” freqüentam forrós e bailes funk, rapazes ado-
tam o estilo country e praticam capoeira. Tal postura indica a
(A) inibição de valores humanos específicos.
(B) construção de uma estética artificial.
(C) homogeneização de comportamentos individuais.
(D) consideração à diversidade sociocultural.
ATIVIDADE 2
2) Extraída da Avaliação do ENCCEJA do ano de 2005
Observe a história em quadrinhos:
(Fonte: Angeli. Folha de S. Paulo, 25/4/93.)
A disposição das personagens frente a frente e o diálogo demonstram que entre os personagens há:
(A) aproximação e felicidade.
(B) afastamento e ternura.
(C) distanciamento e alegria.
(D) intimidade e incompreensão.
ATIVIDADE 3
3) “Como derrubar a ditadura da moda”. A Revista Veja publicou três reportagens que tratam de questões cotidianas,
informações sobre obesidade, saúde e padrões estéticos contemporâneos.
Reportagens da Veja:
“Malhação capitalista” http://veja.abril.com.br/070802/p-066.html
“Mutirão da fome” http://veja.abril.com.br/070802/p-o66.html
“Cheinhas e sem grife” http://veja.abril.com.br/070802/p-074.html
Você já fez alguma dieta radical para tentar ficar parecido com alguma pessoa famosa dos meios de comunicação?
Sabia que muitas pessoas se inspiram em atores e atrizes famosas em busca de um corpo perfeito? As três reportagens de
VEJA mostram exemplos das pressões que sofremos em nome da boa forma. Assim, o texto “Malhação Capitalista” informa
que muitas empresas investem na atividade física não apenas pensando no bem-estar dos funcionários, pois na verdade
buscam o aumento da produtividade. O “Mutirão da Fome” aborda uma comunidade que se lançou num regime coletivo.
E “Cheinhas e sem Grife” registra um caso extremo da ditadura da moda, poucas lojas são especializadas para este publico
especifico: as lojas mais badaladas ignoram a demanda das mulheres “redondinhas”, não comercializando roupas dos ta-
manhos considerados “grandes”. Muitos jovens passam por esse tipo de pressão, querem fazer parte da ditadura da moda
e não conseguem se incluir. Não podemos nos esquecer que a moda e o padrão de beleza variam de acordo com o tempo.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 4 ATIVIDADE 1
4) Observe a imagem. (D) consideração à diversidade sociocultural.
ATIVIDADE 2
(D) intimidade e incompreensão.
ATIVIDADE 3
Alternativa a. As moças mais pobres da periferia, ain-
da que submetidas às pressões da moda e da publicidade,
incorporam, adaptam e transformam suas roupas e até seu
comportamento às condições econômicas e socioculturais.
ATIVIDADE 4
Alternativas b e c. Os padrões de beleza variam ao lon-
go do tempo e são diferentes em cada sociedade e cultura.
ATIVIDADE 5
a) Apertar a ponta da orelha. No Brasil é sinal de
aprovação; na Índia é uma forma de se desculpar ou de
mostrar arrependimento por falta ou erro cometido; na Itá-
lia indica que a pessoa apontada é homossexual.
a) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do
dedo indicador, formando um círculo. Nos EUA significa
que está tudo certo, positivo; no Japão significa valor fi-
Ela reproduz um quadro do pintor flamengo Peter Paul nanceiro, moeda, dinheiro; na Turquia significa que alguém
Rubens (1577-1640). Essas mulheres possuem característi- é homossexual.
cas físicas diferentes das mulheres de hoje, com isso per- Apontar com o dedo polegar para cima, com os quatro
cebemos que o padrão de beleza varia de acordo com a outros dedos fechados e encostados na palma da mão. No
época, portanto é contemporâneo. Japão significa o número 5 (cinco); na Alemanha significa
Você acha que: o número 1 (hum); na Europa e nos EUA significa pedido
a) Rubens tinha hábitos muito comuns com a nossa de carona.
época e gostava de retratar apenas mulheres gordinhas E então, gostou?
b) A pintura de Rubens é um bom exemplo de como os Caso você queira aprofundar leia o livro: GESTOS - um
padrões estéticos se modificam ao longo do tempo manual de sobrevivência gestual, divertido e informativo
c) Na época de Rubens (na verdade, até o século XIX), para enfrentar a globalização. Autor: AXTELL, E. Roger. Edi-
a fome e a desnutrição eram ameaças mais graves à saúde tora Campus.
do que o excesso de peso. Por isso, a gordura era valoriza-
da, até mesmo em termos estéticos, pois estava associada
à idéia de sobrevivência e bem-estar
23
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Caro aluno,
Após a leitura atenta da história em quadrinhos, certa-
mente você notou que o foco da mensagem está no erro
de interpretação do garoto Calvin. Quero chamar sua aten-
ção para esse “engano”, pois, foi em cima dele que Calvin
decidiu reavaliar seu gosto pela música clássica.
Volte ao quadrinho e observe que, quando Haroldo
apresenta para Calvin, a famosa abertura de 1812 (música
de Tchaikovsky, compositor russo do século XIX), o garoto
destaca a beleza da percussão, isto é, da forma que o som
é produzido.
24
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
questão, ou seja, compreendê-la e discuti-la a partir de É fato, no entanto, que o poder de alcance de uma mú-
nossos valores e preconceitos. E, como Calvin, termos a sica popular é infinitamente superior, se comparado à música
curiosidade de conhecer os motivos que levaram o artista clássica.
a representar a realidade usando a Arte como instrumento Por que você acha que isso acontece? Um dos fatores
de expressão. que contribui para isso é a facilidade da língua. Porém, você
E você, caro aluno, já conhece ou se interessou pela poderá destacar outros fatores.
música em questão? Amplie então seus conhecimentos. Apresento a seguir o poema de Camões que foi musi-
Sabe quem foi Tchaikovsky? cado pelo cantor Renato Russo, na década de 90. Trazer ao
Foi um compositor russo de música clássica e executou grande público um soneto clássico foi garantia de sucesso
essa “Abertura 1812” em comemoração ao aniversário do absoluto, principalmente entre os jovens da época, que pas-
czar – nome que se dava aos reis da Rússia - e também à saram a conhecer uma obra lusitana por meio de veículos de
expulsão do exército de Napoleão da Rússia. O forte impacto comunicação em massa.
sonoro da música se deve ao fato de que foram usados tiros Amor é fogo que arde sem se ver;
de canhões de verdade; Hoje se pode ter acesso a ela de um É ferida que dói e não se sente;
modo indireto, pois foi usada no contexto do filme “V de Vin- É um contentamento descontente;
gança” (cuja temática é a repressão e a tortura) e de modo É dor que desatina sem doer;
direto, ouvindo-a pela INTERNET. É um não querer mais que bem querer;
Agora, convido você a ler o texto a seguir: É solitário andar por entre a gente;
Theodora, de 5 anos, ouvia pela primeira vez uma mú- É nunca contentar-se de contente;
sica composta por Chico Buarque na década de 70. Intri- É cuidar que se ganha em se perder;
gada, correu até a avó e denunciou: “- Vó, o homem ta É querer estar preso por vontade;
falando vagabundo”. Isso não pode, é palavrão!” E a avó É servir a quem vence, o vencedor;
corrigiu: “- Não, meu bem, não é palavrão, vagabundo é É ter com quem nos mata lealdade.
uma pessoa que não trabalha!” Ao que a menina protestou: Mas como causar pode seu favor
“Não! Quem não trabalha é “desempregado”. Nos corações humanos amizade,
Veja que a reação das crianças, quando aprendem uma Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
nova palavra, é a de sempre contestar, discutir com um Luís de Camões (1524-1580)
adulto. Há aqui também um equívoco, um erro de inter- Você sabe o que é soneto?
pretação. Um soneto compõe-se de 14 versos que seguem a mes-
No entanto, parece que a criança, com sua liberdade ma métrica, isso significa que cada verso, ou cada linha do
criativa, está com a razão: sabemos que tanto atualmen- poema tem o mesmo número de sílabas poéticas; quando se
te quanto no passado, chamar alguém de “vagabundo” é agrupam em 4 linhas formam o que chamamos de quarteto,
extremamente ofensivo. Além disso, a garota teve outros quando se agrupam em 3, chamamos terceto. Assim, para
elementos, relacionados aos seus valores e preconceitos, formarmos um soneto agrupamos 2 quartetos e 2 tercetos.
para fazer sua interpretação, como considerar a entonação Há também os poemas com versos livres, nos quais o
usada pelo cantor, a sonoridade da palavra e a proibição artista não segue uma ordem para a contagem de sílabas e
(comum para sua idade) de que usasse palavrão. também não se preocupa com a rima.
A avó, diferentemente da neta, seguiu à risca a pro- Temas como os apresentados por Camões são tão pro-
posta dada pela música, na qual o cantor já inicia dando fundos que dificilmente um artista chegará a expressá-los
uma ordem direta: “Vai trabalhar vagabundo, vai trabalhar, completamente. Assim, apesar de não merecer créditos por
criatura”. Há também que se considerar que normalmente originalidade, o vocalista da banda Legião Urbana pode ter
as pessoas mais velhas atribuam ao trabalho um valor de despertado a compreensão de que o tema Amor faz parte de
nobreza e dignidade. Veja que, embora os dois universos nossa vida real e que, ao compreender a importância disso,
sejam legítimos, ao sustentarem suas posições individuais, acrescentamos à nossa própria vida Valor e Significado.
cria-se um equívoco interpretativo. Há vários exemplos históricos que mostram que quando
Diferentemente do quadrinho anterior, neste texto um artista é competente na representação de um modelo
ilustrativo temos em cena uma música popular brasileira, universal (como o Amor, o ciúme, a justiça), o valor de sua
sendo que o que mais chamou a atenção da criança foi Arte é tão autêntico que a obra ganha a Imortalidade. Sha-
a letra, mais especificamente o uso de uma determinada kespeare (poeta e dramaturgo inglês do século XVI) é outro
palavra. exemplo, pois suas peças ganham vida no palco até nossos
O desfecho mostra que a garota não aceitou a propos- dias, porque somos unidos pela Verdade das emoções que
ta de interpretação dada por sua avó, porém isso se deu a elas geram. Porém, “essa Verdade” nutre público e atores,
partir da língua utilizada, sendo que o ritmo da música teve desde que o público tenha sensibilidade e os atores apren-
pouca importância, pelo menos em um primeiro momento. dam a Arte de interpretar além da técnica.
Tanto no primeiro quadrinho quanto no texto ilustra- Você sabia que....
tivo, o que despertou a curiosidade das crianças foi aquilo O Teatro, originalmente da Grécia, passou por grandes
que ouviram com suas experiências de vida. Nesse aspecto, transformações ao longo da história, sendo que a mais radical
a música foi somente um veículo motivador da transfor- delas se deu na Idade Média, quando a Igreja Católica e os
mação. Então, o que importa que seja clássica ou popular? senhores medievais optaram por patrocinar os grandes pin-
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
tores, dando à arte de interpretar um caráter profano, religioso. Surge, assim, um teatro itinerante, hoje também conhecido
como teatro mambembe: andavam de cidade em cidade utilizando carroças, sempre em bandos, chamadas trupes, e os atores
e atrizes eram chamados saltimbancos; esse modo de se organizar deu origem a uma forma mais livre, tanto de apresentação
de peças por improviso quanto aos temas trabalhados, que não seguiam a ordem da Igreja, que era de encenar somente temas
cristãos. Os saltimbancos também deram origem ao Circo tal qual o conhecemos atualmente.
Observe quatro obras de Pablo Picasso produzidas em datas diferentes. A sequência escolhida procura captar diferen-
tes fases do pintor espanhol.
Os dados históricos são capazes de nos auxiliar a entender o cotidiano da produção artística analisada. Pois, as obras
foram produzidas em 1920, 1930 e a última, em 1937, portanto, no período entre Guerras.
“Guernica”, talvez a mais famosa obra do artista, foi produzida em plena Guerra civil espanhola (1936/1939). O quadro
leva o nome do povoado localizado ao norte da Espanha, com cerca de 6 mil habitantes e retrata exatamente o momento
em que houve o bombardeio pelos aviões alemães, em abril de 1937.
Assim, as figuras na praia em 1920 (primeiro quadro), são mecânicas e estão quase anestesiadas; em 1930 elas tendem
à robotização (veja o segundo e terceiro quadro), até estarem completamente dilaceradas pelo bombardeio citado.
Observe que o artista vai mudando suas figuras, porque o contexto histórico muda a ponto de o homem ser visto com-
pletamente sem inspiração, até o momento derradeiro, em que se transforma em simples alvo de Guerra.
• Você consegue encontrar alguma semelhança entre essas figuras e os grafites que visualizamos atualmente?
• E quanto a estes desenhos urbanos e à conscientização dos artistas que os produzem?
• Você poderia descrevê-los como inseridos em seu tempo histórico?
• Ou será que estão muito à frente?
Há em obras como as que aqui expomos muitos outros elementos que devem ser levados em consideração, no entan-
to, certamente você conseguiu fazer algumas aproximações porque Pablo Picasso iniciou, com o Cubismo, um novo modo
de percebermos a realidade de um objeto em uma obra de Arte, usando a simplificação e geometrização das figuras.
Agora compare as obras do pintor espanhol com alguns exemplos de obras brasileiras e veja a semelhança das técnicas
utilizadas e também a abordagem social que elas fazem:
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Você deve ter percebido que devemos atentar para dois aspectos quando observamos uma obra de Arte: a expressão
da Beleza e o contexto histórico.
Para entendermos um pouco destes dois aspectos, vamos fazer um passeio pelo tempo e apreciar uma famosa obra do
pintor italiano Leonardo da Vinci chamada “A Anunciação”, século XV:
É impossível tentar analisar uma obra como esta sem aproximar Arte e Religiosidade. Da Pré-História aos dias atuais
a Religiosidade moldou parte considerável das Artes e os artistas sempre dão novas expressões a esse tema tão antigo
quanto a própria Humanidade.
Só para citar um exemplo da atualidade. Se você não leu, certamente ouviu falar no enorme sucesso de vendas que
o livro “O Código da Vinci”, escrito pelo autor Dan Brown, alcançou. Observe que, apesar de o best-seller ser uma obra de
ficção, o que lhe garantiu sucesso de vendas foi a polêmica levantada sobre a vida de Cristo.
Leonardo da Vinci pintou em um período histórico conhecido como Renascimento (no qual o Homem se torna o centro
do Universo). Este é um período de reconstrução tanto artística quanto intelectual e, sua obra é imortal não só pela Beleza
e grandeza de sua técnica, mas porque é a expressão fundamental de todo pensamento religioso o Cristianismo, mais pre-
dominante da parte ocidental do mundo.
Portanto, perceber a expressão da Beleza nas Artes é captar o momento histórico da criação daquele artista, no qual
o novo contexto apresentado pode moldar nossa compreensão da Verdade para sempre sem que abandonemos nossos
referenciais antigos.
NA obra da ANUNCIAÇÃO, o pintor materializa o anjo Gabriel dando as bênçãos a Maria pela sua gravidez, imortali-
zando um texto bíblico pelo uso dos pincéis e técnicas humanísticas da época.
Note que, embora haja um contexto sócio-cultural correspondente a cada época e lugar, e o desafio enfrentado pelo
artista ao explorar novas verdades seja fazer uma ponte entre o tema e o contexto específico, ninguém, por menor que seja o
seu conhecimento sobre artes ou técnicas de pintura, consegue ficar indiferente diante de um quadro como “A Anunciação”.
Isso porque o pintor ultrapassou o tempo e o espaço, a razão e a emoção e inseriu no imaginário do homem uma cena
que lhe permite identificar-se com a Verdade.
O Renascimento e a influência da Igreja Católica moldaram nosso gosto pela Arte, a ponto de desenvolvermos uma
técnica chamada Barroca (séculos XVII e XIX) cujo maior representante foi Aleijadinho. Nesta expressão artística, cujos
destaques em nosso país são a escultura e a arquitetura, há a idéia de aproximar o homem do Divino, já que a vinda de
Cristo em uma forma humana mostrou o quanto podemos ser sua imagem e semelhança; este gosto e essa Verdade são
tão evidentes que acreditamos que as pessoas que possuem grande talento são abençoadas por Deus.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Que elementos cristãos temos ainda presentes em uma festa sem a menor pretensão religiosa?
Você já parou para pensar se as pessoas que fazem o carnaval têm diferentes opções religiosas?
Qual segmento social está presente no carnaval? Considere também as pequenas manifestações, como nos blocos de
rua de cidades do interior do país.
Como você sabe, embora tenha alguns elementos considerados artísticos (como a música, a dança e as alegorias), o
carnaval no Brasil se caracteriza como uma tradicional festa popular, assim como a Congada, a Folia de Reis, a farra do boi,
as festas juninas e tantas outras.
Isso acontece porque tais expressões nasceram da necessidade do homem trazer mais alegria para o seu cotidiano e
são tradicionais porque apresentam forte influência da Religião oficial, não sendo admitido grandes mudanças.
ARTE E BELEZA
Ao longo dos tempos escritores e críticos tentaram encontrar causas intelectuais, emocionais ou sócio-culturais para a
expressão estética, de beleza, no entanto, obras de valor significativo são capazes de mostrar que a Beleza está nos olhos
do observador, o indivíduo criativo.
Assim, o artista contemporâneo pode se sentir comprometido a criar uma comunicação entre a sua obra e o públic o e
deixar que este último tire suas próprias conclusões.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ganhou fama mundial ao retratar crianças e velhos em estado precário de
sua condição material, em pobres casebres e em campos de refugiados, vítimas da guerra.
Observe as fotos a seguir:
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
TRADIÇÃO E MUDANÇA
Chamamos estas manifestações de Patrimônio cultural imaterial ou Patrimônio Inatingível. Pois, compreendemos por
Patrimônio Cultural o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse para a memória do Brasil e de suas correntes cul-
turais formadoras, abrangendo os patrimônios arqueológico, arquitetônico, arquivístico, artístico, bibliográfico, científico,
ecológico, etnográfico, histórico, museológico, paisagístico, paleontológico e urbanístico, entre outros. E, por Patrimônio
cultural imaterial, o conjunto de práticas, representações, expressões, conhecimentos, técnicas e também instrumentos,
objetos, artefatos e lugares que a eles estão associados; comunidades, os grupos e, em alguns casos, indivíduos que se
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
A Arte, portanto, é capaz de atitudes radicais em seus modos de expressão, envolvendo grandes mudanças, como
vimos em Pablo Picasso; e, é caracterizada também por transmitir um valor universal, como vimos em Leonardo da Vinci.
Nesse sentido, estabelecer um diálogo com as Artes estrangeiras e adaptar seus conceitos em temas nacionais foi a
proposta chamada Movimento Antropofágico, surgida a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922.
O termo Antropofagia foi tirado de uma prática indígena na qual o prisioneiro de guerra era devorado pela tribo inteira,
cabendo a cada membro daquela comunidade comer uma parte do “prato”.
Assim, temas nacionais antes retratados de modo natural, ou seja, sem grandes mudanças, foram transformados em
um tipo de Arte até então jamais vista por público e crítica.
A rejeição ao movimento foi muito bem exemplificada no artigo famoso de Monteiro Lobato intitulado Paranóia ou
Mistificação, datado de 1917. Os desdobramentos da Semana influenciaram o modo de se pensar a Arte brasileira com-
pletamente.
Na poesia foi exemplo de quebra de tradição o uso dos versos livres e de temas abstratos, e na prosa o livro “Macunaí-
ma”, de Mário de Andrade, nos conta a história de um herói muito popular, “sem nenhum caráter”.
O maestro Villa Lobos trouxe elementos musicais do folclore brasileiro para suas obras e Tarsila do Amaral colocou
lendas, mistérios e cores do clima tropical brasileiro em suas pinturas, dando às nossas Artes um caráter Nacionalista.
Veja que esta quebra de padrão para a criação artística acontecia porque tais artistas não reconheciam a Arte até então
como valorizadora das expressões de nosso povo.
Vejamos, portanto, um pouco do que foi feito:
30
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Já em 1996, o tema da Bienal de Artes plásticas em São Paulo foi “Desmaterializar a obra de Arte no fim do Milênio” e os
artistas populares Zeca Baleiro e Zé Ramalho compuseram a música a seguir para homenagear o evento. Acompanhemos,
portanto:
Bienal
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho
Esses conceitos o ajudarão a entender um pouco melhor a brincadeira que a música nos propõe: já que há elementos
materiais em excesso, o Homem só pode ser visto como um produto em um meio no qual sua identidade é uma obra
incompleta.
31
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Observe como ele dialoga com os diferentes padrões estéticos e aponta uma distância entre público e Arte.
FUTURISMO – Movimento estético surgido na França e na Itália , em 1905, que cultuava a máquina, a velocidade e a
automatização da vida cotidiana dos novos tempos. O futurismo pregava também uma ruptura com os meios tradicionais
de relacionar as palavras em um período.
CUBISMO – Surgido na França por volta de 1907, propunha a decomposição das imagens em figuras geométricas,
representando todas as partes de um objeto no mesmo plano.
DADAíSMO- Também conhecido como movimento dadá, foi criado na cidade suíça de Zurique, em 1916, por um gru-
po de escritores e artistas que se opunham à Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Embora a palavra “dada” em francês
signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca a falta de sentido que a linguagem pode ter.
SURREALISMO – Surgido na França, em 1924, é considerado o último movimento das chamadas vanguardas euro-
péias. Sua principal característica é a combinação do representativo, do abstrato e do psicológico – sobretudo, as imagens
desconexas dos sonhos.
Até hoje se usa o termo “surreal” para designar o que parece absurdo ou irreal. (Fonte: Revista do SESC, Junho de 2007).
A discussão proposta pela música pode ser ampliada se pesquisarmos um pouco mais sobre a Semana de Arte Moderna.
Em continuidade, apresento a você, caro aluno, uma menina que vem questionando nossa sociedade há alguns anos,
desde a década de 60, quando a TV começava a se popularizar e as tiras em quadrinhos tinham o compromisso de fazer
crítica social, a Mafalda:
Certa vez, Mafalda viu um policial passar, depois um operário. Depois um padre, e, logo em seguida, um gato. A menina
reconhece três profissões pelo uso do uniforme: um policial, um operário e um padre; mas, acabou questionando sua mãe,
perguntando em que setor da Democracia está o gato que passou por ela tranquilamente, com seus pêlos pretos.
Ora, se Democracia é o regime de governo que é baseado na vontade do povo, a quais setores ela se refere? Só pode-
mos concluir que é ao Estado, representado pelo policial; à Indústria, representada pelo operário, e à Igreja, representada
pelo padre.
E quanto ao gato, que sabemos que, nesse sentido, não está vinculado a nenhum setor, sendo, portanto um animal
livre? Aliás, é um gato de rua, sem dono. Há aqui a crítica evidente que o único que goza de total liberdade é o gato, que,
não sendo humano, não precisava vestir um uniforme e ser identificado com qualquer setor.
À época de Mafalda era evidente que certas práticas ou regras sociais limitavam a vida do Homem e o uso do uniforme
era uma delas; mas, e hoje?
Embora alguns padres usem batina nas ruas, como os franciscanos, pastores e outras ordens da Igreja católica não o
fazem; mesmo os policiais podem andar à paisana fora do horário de trabalho, então que critérios usamos para reconhe-
cermos o outro, ao caminharmos nas ruas?
Seria o tipo de roupa, de cabelo, ou o uso de piercings e tatuagens capazes de traduzir que tipos de opções aquelas
pessoas fizeram na vida? Ou o tipo de educação que tiveram? Como nos expressamos nessa imensa aldeia global?
E mais: como você se reconhece em meio a tanta diversidade?
Termino com uma frase pintada em grafiti desenhada em um muro na zona norte de São Paulo: “A Arte do povo e o
povo da Arte. Não a Arte do povo que faz Arte com o povo.” E, convido você a descobrir seus dons artísticos:
Solte sua criatividade com a montagem a seguir e tente escrever tudo que lhe vem à cabeça quando associa a letra da
música seguinte: seu ritmo (procure ouvi-la), as ilustrações que a acompanham, o momento histórico de sua criação e a
situação atual do Trabalhador em plena era da digitalização.
É importante que, em princípio, você se preocupe somente em anotar as suas impressões. Sinta-se desobrigado de
construir um texto formal, lembre-se que, quando falamos de criatividade, não há certo ou errado.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra E
ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra E
ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra B
ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra D
No entanto, o identifica como o Deus da Telepatia por
que: ATIVIDADE 5
a) Reconhece na imagem que vê exatamente aquilo Alternativa correta: Letra B
que vive em seu cotidiano.
b) Recorre à sua imaginação para decifrar uma imagem PRA FIM DE PAPO!
que lhe sugere que a figura, com tanta expressividade, não
pode ser um homem comum, mas “um Deus capaz de ler Caro Aluno
os pensamentos”.
c) Quer confundir seu colega Felipe. Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
d) Já que não tem nenhuma referência por escrito, tem - Identificar em manifestações culturais individuais e/
a necessidade de dar uma explicação para a imagem que vê. ou coletivas, elementos estéticos, históricos e sociais;
- Reconhecer diferentes funções da Arte, do trabalho e
ATIVIDADE 4 e ATIVIDADE 5 referem-se ao quadro da produção dos artistas em seus meios culturais.
abaixo: - Utilizar os conhecimentos sobre a relação arte e rea-
lidade, para analisar formas de organização de mundo e de
identidades.
-Analisar criticamente as diversas produções artísticas
como meio de explicar diferentes culturas, padrões de be-
leza e preconceitos artísticos.
-Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter
-relações de elementos que se apresentam nas manifesta-
ções de vários grupos sociais e étnicos.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 5
NO REINO DAS PALAVRAS
ANALISAR, INTERPRETAR E APLICAR OS RECURSOS EXPRESSIVOS DAS LINGUAGENS, RELACIONANDO TEXTOS
COM SEUS CONTEXTOS, MEDIANTE A NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA DAS MANIFESTAÇÕES,
DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO.
Sônia Querino dos Santos e Santos
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
•Talvez seja importante fazer uma distinção entre os *objetivismo: negação do subjetivismo romântico, ho-
termos romantismo e Romantismo. A palavra “romantis- mem volta-se para fora, o não-eu;
mo” caracteriza-se por uma atitude emotiva diante das *universalismo que substitui o personalismo anterior;
coisas, portanto, o comportamento romântico pode ocor- *materialismo que leva à negação do sentimentalismo
rer em qualquer época da história. Já o termo Roman- e da metafísica;
tismo designa uma tendência geral da vida e da arte, um *autores são antimonárquicos e defendem os ideais
estilo literário e artístico delimitado no tempo. E, de acor- republicanos;
do com o tema principal, os romances Românticos no *nacionalismo e volta ao passado histórico são deixa-
dos de lado para enfatizar o presente, o contemporâneo;
Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos
*determinismo influenciando o homem e a obra de arte
ou regionalistas: 2
por três fatores: meio, momento e raça (hereditariedade).
No romance indianista, o índio era o foco da litera-
O Romance realista propriamente dito, no Brasil, foi
tura, pois era considerado uma autêntica expressão da na- mais bem cultivado por Machado de Assis nos quais a nar-
cionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo rativa estão preocupadas com análises psicológicas dos
da pureza e da inocência, representava o homem não cor- personagens e fazem críticas à sociedade a partir do com-
rompido pela sociedade, o não capitalista,. portamento desses personagens.
Junto com tudo isso, o indianismo expressava os cos- •O Parnasianismo ocorreu durante a prosa realista,
tumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos sendo, portanto, o correspondente poético ao Realismo. O
romances excelentes documentos históricos. Parnasianismo iniciou suas manifestações no final da dé-
Os romances urbanos tratam da vida na capital e re- cada de 1870, estendendo-se até a Semana da Arte Mo-
latam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, derna, em 1922. O Parnasianismo é um movimento que
cujos membros se identificavam com os personagens. Os acontece paralelamente ao Realismo. Contudo, as temá-
romances faziam sempre uma crítica à sociedade através ticas das obras parnasianas mantiveram-se isolados dos
de situações corriqueiras, como o casamento por interesse acontecimentos históricos. Isto se dá, pelo próprio estilo
ou a ascensão social a qualquer preço. do movimento que é descritivo e sem preocupação social
Por fim, o romance regionalista Os romances regio- ou psicológica.
nalistas criavam um vasto panorama do Brasil, represen-
Características do Parnasianismo:
tando a forma de vida e individualidade da população
*objetividade temática, oposto ao sentimentalismo ro-
de cada parte do país. A preferência dos autores era por
mântico;
regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam
*impassibilidade e impessoalidade;
sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico *volta à Antiguidade Clássica, com ênfase nos povos
afetar suas condições de vida. Greco-Romanos;
Principais escritores românticos brasileiros: *extrema valorização da forma: uso frequente dos so-
Gonçalves Dias autor da famosa Canção do Exílio; netos;
Álvares de Azevedo o maior romântico da Segunda *procura de rimas ricas, raras e perfeitas;
Geração Romântica autor de A Lira dos Vinte Anos, Noite
na Taverna e Macário; Autores em destaque Realismo-Naturalismo
Castro Alves:grande representante da Geração Con- Raul Pompéia: uma das principais obras é Ateneu
doeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas Aluisio de Azevedo: duas grandes obras são O cortiço
como o Navio Negreiro; e O caboclo
Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano es- Adolfo Caminha: talvez o mais audaz dos naturalistas,
creveu A Moreninha e também O Moço Loiro; é muito conhecido pela obra O bom crioulo (1895).
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Portanto, na arte da “garimpagem”, ou seja, buscando a perfeição na forma de expressão, os escritores dos textos lite-
rários escolhem seus estilos e revelam para nós as mudanças no contexto histórico.
Como vimos nos exemplos acima, nas cantigas de amor e amigo há uma forte presença de um contexto feudal. Refi-
ro-me ao Feudalismo, você viu isso em História, lembra? Naquela época havia uma forte influência da Igreja Católica na
organização da Sociedade.
Apresentaremos a seguir uma outra opção de estilo poético. Trata-se da opção pelo soneto (composição de forma
fica: 2 quartetos e 2 tercetos). Entre os sonetos mais conhecidos e eternizado em nossa língua estão os sonetos de Camões.
Estamos falando de Luís Vaz de Camões. Sua obra pode ser dividida em: poesia lírica (em que o amor e o destino do
homem são temas constantes); poesia épica (em que recria a história do povo português) e teatro (escrito à maneira me-
dieval – Auto de Filodemo - e à maneira clássica (Anfitriões).
Vamos ler um trecho do Soneto: Alma minha gentil?
Observe a disposição dos versos. Eles estão agrupados em 04 linhas (quartetos) e três linhas (tercetos).
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[...] Era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas e olhava
a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal
penteada [...] uma grande porção caía-lhe sobre a testa e olhos como viseira.
A diferença que há entre a caracterização dessa personagem e das heroínas tipicamente românticas é que Luisinha não
é a mulher ideal que todo homem deseja.
Outro trecho
[...] Esteve a ponto de chegar-se para a menina, desenterrar-lhe o queixo do peito, e chama-la quatro ou cinco
vezes de estúrdia e feia. Afinal cismou um pouco e murmurou um – que me importa!- que pretendia ser desprezo,
e que era senão despeito.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Mais uma vez, podemos ver as diferenças de atitude Na multiplicidade dos teus ramos,
de Leonardo e a de um herói tipicamente romântico, pois Pelo muito que em vida nos amamos,
enquanto as personagens masculinas do Romantismo são Depois da morte inda teremos filhos!
movidas pela educação, respeito e nobreza de caráter; Leo- No poema Vozes da Morte de Augusto dos Anjos (pré-
nardo é impaciente e movido pelo ciúme. modernista), note que o conflito nasce da luta entre o desejo
A essa altura você poderia se perguntar: quais os ele- e as forças que o desejo não pode vencer: o amor, a idade, o
mentos de uma obra literária? desejo de ser imortal.
Esse é o tipo de pergunta que não quer calar, principal- Outro elemento presente na obra literária é o Narrador.
mente quando o assunto é Literatura. Registre essa infor- Esse é a “voz” que vai contando a história. Há casos em que
mação: Em toda obra literária você encontrará os seguintes o narrador conta uma intriga ocorrida consigo mesmo; nes-
elementos: PERSONAGEM; AÇÃO; CONFLITO; NARRADOR; sas situações ele usa formas de primeira pessoa (eu me, mim,
TEMPO; ESPAÇO e outros recursos. comigo, meu, minha...), esse tipo nós classificamos de nar-
Vamos detalhar um a um? rador-personagem. Há outro tipo de narrador, chamado de
Quando falamos em personagem na obra literária es- narrador de 3ª pessoa. Esse sabe de tudo até mesmo o que
tamos nos referindo à construção de uma figura anima- se passa na mente dos outros, porém permanece anônimo e
da, vida. Pode ser um bicho ou ser humano. Quem não se quase nunca diz eu.
lembra da cachorra Baleia da obra Vidas Secas (1938) de Leia um trecho da obra de Graciliano Ramos (poeta mo-
Graciliano Ramos (poeta modernista)? dernista), Vidas Secas.
Quem não se lembra do gigante Adamastor, descrito
em Os Lusíadas, de Camões? “Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do
A ação é o que o personagem faz ou o que fazem com bebedouro, carregou lentamente a espingarda com
ela. Então a ação poderá ser: psicológica (quando vivida na chumbo miúdo e não socou a bucha, para a carga
intimidade): física (quando provocar qualquer alteração em espalhar-se e alcançar muitos inimigos. Novo tiro, novas
torno da personagem; intriga (são várias ações juntas). quedas, mas isto não deu nenhum prazer a Fabiano.
Acompanhe na poesia de Drummond esses elementos Tinha ali comida para dois ou três dias; se possuísse
(personagens e ação). O título da poesia é Quadrilha munição, teria comida para semanas e meses.”
Quadrilha
Às vezes, o tempo da ação pode ser diferente do tempo
João amava Teresa que amava Raimundo
da narração. Com relação ao tempo numa narrativa dizemos
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que pode ser: cronológico (marcado pelo ritmo do relógio)
que não amava ninguém.
ou psicológico (é um tempo que ignora o relógio e está mais
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento
preocupado em registrar as sensações e vivências interiores
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
dos personagens).
Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J.Pinto Fer-
E o espaço é como se fosse um cenário, podendo se divi-
nandes
dir em: urbano ou rural, regional ou universal. Às vezes, numa
que não tinha entrado na história.
mesma narrativa encontramos lugares abertos (natureza) e fe-
chados (ambientes).
Portanto, toda obra possui uma ou mais personagens,
Convido você a dar mais um salto nesse capítulo chamado
sendo que cada personagem sempre possui um grau de
no “REINO DAS PALAVRAS”. Em 2008 comemoramos 100 anos
atividade própria. E, as várias ações juntas formam uma in-
da morte de um importante escritor brasileiro. Sabe de quem
triga (ou enredo) da obra. O poema de Drummond- Qua-
estamos falando?
drilha- é um belo exemplo de intriga.
Isso mesmo! Estamos nos referindo à Machado de Assis.
Outro elemento é o conflito, esse nasce da ação provo-
Ele foi o mais importante escritor brasileiro, sua obra com-
cada por interesses diferentes. Vamos a outro poema:
preendeu vários gêneros, como a crônica, a crítica, o teatro, a
Vozes da Morte
poesia, o conto e o romance.
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Desfrute esse poema de Machado. Ou, quem sabe, ofere-
Tamarindo de minha desventura,
ça-o a um Amigo.
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!
BONS AMIGOS
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem
Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
pedir.
E a podridão, meu velho! E essa futura
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Ultrafatalidade de ossatura,
Amigo a gente sente!
A que nos acharemos reduzidos!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o
Não morrerão, porém, tuas sementes!
olhar.
E assim, para o Futuro, em diferentes
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,
Amigo a gente entende!
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Benditos os que guardam amigos, os que entregam o É bom músico e bom homem; todos os músicos gos-
ombro pra chorar. tam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar
Porque amigo sofre e chora. e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tem-
Amigo não tem hora pra consolar! po. “Quem rege a missa é mestre Romão” — equivalia a
esta outra forma de anúncio, anos depois: “Entra em cena o
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verda- ator João Caetano”; — ou então: “O ator Martinho cantará
de ou te apontam a realidade. uma de suas melhores árias.”
Porque amigo é a direção. Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular.
Amigo é a base quando falta o chão! Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Ro-
mão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orques-
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. tra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os
Ter amigos é a melhor cumplicidade! gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era
outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm rege agora no Carmo é de José Maurício; mas ele rege-a com
espinho, o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua Acabou
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o
rosas! rosto apenas alumiado da luz ordinária.
Machado de Assis Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sa-
http://www.pensador.info/autor/Machado_de_Assis/ cristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa
do jantar. Tudo isso indiferente e calado Jantou, saiu, ca-
Os estudiosos da obra de Machado de Assis destacam minhou para a rua da Mãe dos Homens, onde reside, com
algumas técnicas presentes na prosa machadiana (quando um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e
estudamos um autor atribuímos essa expressão): que neste momento conversa com uma vizinha — Mestre
Romão lá vem, pai José, disse a vizinha — Eh! eh! adeus,
Intertextualidade: a citação de obras de grandes es-
sinhá, até logo Pai José deu um salto, entrou em casa, e es-
critores. Com esse recurso Machado reforça e ilustra o que
perou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar
está escrevendo. Há citações das fontes inglesas, sobretu-
do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre.
do, na exploração do humor.
Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem
Paródia: é a ironização de frases, comportamentos,
passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou
textos.
jocundas. Casa sombria e nua. O mais alegre era um cravo,
Digressão: é o modo ziquezague de narrar. Isso faz
onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando.
com que aumentem os temas e ocorrências casuais.
Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhu-
Eufemismo: é o abrandamento de uma informação ma dele.. Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande
dolorosa por meio de uma expressão delicada. compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que
Terminaremos esse capítulo com um dos contos cur- têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as
tos e perfeitos da literatura brasileira. Nele, Machado de- últimas representam uma luta constante e estéril entre o
monstra surpreendente capacidade de síntese. Quanto a impulso interior e a ausência de um modo de comunicação
mestre Romão, a personagem principal, sua grandeza está com os homens. Romão era destas.
não só no que ele foi (um homem simples e um regente Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si
sem igual), mas no modo como recebeu a morte (sereno, muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e
embora frustrado) e no fato de haver sido o pivô de uma originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta
grande ironia. era a causa única da tristeza de mestre Romão. Natural-
Cantiga de Esponsais mente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros
Machado de Assis aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo;
Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Car- mas a verdade é esta: — a causa da melancolia de mestre
mo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram Romão era não poder compor, não possuir o meio de tra-
todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem o que é duzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e
uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía
cantada daqueles anos remotos. informe, sem idéia nem harmonia. Nos últimos tempos ti-
Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacris- nha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada E,
tães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça,
cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as um canto esponsalício, começado três dias depois de ca-
mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, sado, em 1779.
as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu
orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas
cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela.
com alma e devoção Chama-se Romão Pires; terá sessenta Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si al-
anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. guma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. Estes con-
sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja tinuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos
por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impa- ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora,
ciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, em vez de olhar para baixo Mestre Romão, ofegante da
encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do
Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não
de uma folha de papel, não mais. soavam — Lá... lá... lá.. Desesperado, deixou o cravo, pe-
Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes gou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça
durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa,
releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem
triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de feli- sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda
cidade extinta — Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje frase musical, justamente a que mestre Romão procurara
adoentado — Sinhô comeu alguma coisa que fez mal.. — durante anos sem achar nunca. O mestre ouviu-a com tris-
Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica.. O boticário teza, abanou a cabeça, e à noite expirou.
mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia se- Fonte: www.dominiopublico.gov.br
guinte mestre Romão não se sentia melhor. É preciso dizer
que ele padecia do coração: — moléstia grave e crônica. Pai AGORA É SUA VEZ
José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cede-
ra ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico — ATIVIDADE 1
Para quê? disse o mestre. Isto passa O dia não acabou pior; 1) No conto “Cantigas de Esponsais” há uma digressão
e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal estratégica que nos mostra, sobretudo a vida popular. Que
pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do papel tem essa digressão na arquitetura do conto?
incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que en-
tretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam- ATIVIDADE 2 (retirada da prova do ENEM)
lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”
acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos do poeta romântico Castro Alves:
capotes que o boticário lhe dava no gamão, — outro que Oh! Eu quero viver, beber perfumes
eram amores Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh´alma adejar pelo infinito,
dizia que era o final — Está acabado, pensava ele Um dia de
Qual branca vela n´amplidão dos mares.
manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente
No seio da mulher há tanto aroma...
mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
palavras enganadoras: — Isto não é nada; é preciso não
-Árabe errante, vou dormir à tarde
pensar em músicas.. Em músicas! justamente esta palavra
Á sombra fresca da palmeira erguida.
do médico deu ao mestre um pensamento Logo que ficou
Mas uma voz responde-me sombria:
só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde
Terás o sono sob a lájea fria.
1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas ar- ALVES, Castro, Os melhores poemas de castro Alves. Sel.
rancadas a custo e não concluídas. E então teve uma idéia De Ledo Ivo. São Paulo: global; 1983.
singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qual- Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o
quer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma inconformismo do poeta com a antevisão da morte pre-
na terra — Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e matura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece
se conte que um mestre Romão.. O princípio do canto re- na palavra
matava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, a) embalsamada
era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou b) infinito
que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava c) amplidão
para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na jane- d) dormir
la dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, e) sono
debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas
mãos presas. ATIVIDADE 3
Mestre Romão sorriu com tristeza — Aqueles chegam, Não faças versos sobre acontecimentos.
disse ele, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles Não há criação nem morte perante a poesia
poderão tocar.. Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e Diante dela, a vida é um sol estático.
chegou ao lá... — Lá, lá, lá.. Nada, não passava adiante. E Não aquece nem ilumina.
contudo, ele sabia música como gente — Lá, dó... lá, mi... lá, Uma das constantes na obra poética de Carlos Drum-
si, dó, ré... ré... ré.. Impossível! nenhuma inspiração. Não exi- mond de Andrade, como se verifica nos versos acima é:
gia uma peça profundamente original, mas enfim alguma a) a locução do homem social
coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento b) o negativismo destrutivo
começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava c) a violação e desintegração da palavra
reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mu- d) o questionamento da própria poesia
lher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava e) o pessimismo lírico
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 4 Capítulo 6
“A poesia deixa de ser apenas um lamento senti-
mental murmurado em voz baixa para ser também um O PODER DAS PALAVRAS E DAS IMAGENS
grito de protesto político ou reivindicação social.”
O fragmento acima se refere a dois momentos da poe- COMPREENDER E USAR OS SISTEMAS SIMBÓLICOS
sia romântica brasileira que podem ser definidos, respecti- DAS DIFERENTES LINGUAGENS COMO MEIOS DE OR-
vamente, como: GANIZAÇÃO COGNITIVA DA REALIDADE PELA CONSTI-
a)1ª geração romântica- 2ª geração romântica TUIÇÃO DE SIGNIFICADOS, EXPRESSÃO, COMUNICA-
b) ultra-romantismo- condoreirismo ÇÃO E INFORMAÇÃO
c) indianismo- poesia social
d) geração condoreira-geração “mal do-século” Sônia Querino Santos e Santos
ATIVIDADE 5
A canção “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”
compostos pelo rei Roberto Carlos da Jovem Guarda nos
anos 1970 é considerada
a) Uma canção de amor.
b) Uma canção de protesto.
c) Uma exaltação à natureza.
d) Uma canção sarcástica.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas
ATIVIDADE 1 - O papel é o de transformar o conto não
numa mensagem particular e isolada sobre a vida de um
músico do passado, mas nos colocar em contato com al-
guns conflitos universais do ser humano (desejar o que não
está no alcance do nosso talento; achar-se menos do que
realmente se é; autocompreensão da velhice e da doença... Figura 1 comuniquese.wikidot.com/tres-funcoes-basicas-...
ATIVIDADE 2 - LETRA E: sono
ATIVIDADE 3 - LETRA E: o pessimismo lírico Caro aluno (a)
ATIVIDADE 4 - LETRA C: indianismo- poesia social Embora o índice de analfabetismo seja marcante no
ATIVIDADE 5 - LETRA A: uma canção de amor. Brasil, a linguagem escrita está em toda parte e de diferen-
tes modos. Algumas acompanhadas por símbolos (imagens
e outros recursos), cuja função é dar sentido à linguagem.
PRA FIM DE PAPO...
Muitas vezes não percebemos que também na lingua-
Caro Aluno
gem falada há um esquema que favorece a compreensão
das pessoas envolvidas na conversa, ou seja, há uma or-
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
ganização a partir de algumas variáveis: o assunto, tipo de
- Identificar categorias pertinentes para
situação, papéis dos participantes e o tipo de linguagem. E,
a análise e interpretação do texto literário e reconhecer os
na interação dessas variáveis cria-se um movimento (avan-
procedimentos de sua construção.
ço e recuo) do conteúdo debatido.
- Distinguir as marcas próprias do texto Sabe quando a conversa parece não avançar?
literário e estabelecer relações entre o texto literário e o Pode ser que as pessoas envolvidas estejam se “atro-
momento de sua produção, situando aspectos do contexto pelando” na conversa. Ou, pode acontecer que na ansie-
histórico, social e político. dade de participar misturam os assuntos e... aí ninguém se
- Relacionar informações sobre concep- entende mesmo!
ções artísticas e procedimentos de construção do texto Portanto, para a comunicação falada seguimos um es-
literário com os contextos de produção, para atribuir signi- quema através do qual a conversa se torna envolvente e os
ficados de leituras críticas em diferentes situações. interessados ao assunto discutido argumentam, apresen-
- Analisar as intenções dos autores na tam seus pontos de vista favoráveis e desfavoráveis e... na
escolha dos temas, das estruturas, dos estilos, gêneros dis- empolgação as horas passam.
cursivos e recursos expressivos como procedimentos argu- Consequentemente, quando nos referimos à lingua-
mentativos. gem escrita, é igualmente importante, ordenar o assunto e
- Reconhecer a presença de valores so- estabelecer relações, utilizando-se dos recursos argumen-
ciais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio tativos na sustentação de seus pontos de vista.
literário nacional. Lembre-se que um texto não é um amontoado desor-
ganizado palavras. Mesmo porque, se não levarmos em
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude conta as relações de uma frase com outra que compõem
um pouco mais, você está iniciando um processo de apren- o texto corremos o risco de atribuir um sentido oposto ao
dizagem e ele exige persistência...vamos lá! pretendido.
46
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Mas... Há vários tipos de textos? Dona Vassoura ficou inquieta, pensou, pensou...
Sim, pois os textos nascem de acordo com o contexto, - Sozinha aqui pelo menos vou ter um companheiro, nada
nesse sentido, quanto mais lemos, mais adquirimos vocabu- tenho a perder, até que ele é bem simpático pois já o vi algu-
lário e facilidade para escrever. Essa escrita recebe o nome mas vezes brincando na água.
genérico de redação. Portanto, há basicamente, três modos Mais tarde a noitinha dona Vassoura chamou dona Pazi-
de organização de um texto: o narrativo, o descritivo e o nha e disse-lhe:
dissertativo. - Bem diga a ele que aceito, mas como será o que vamos
Vamos falar de cada um deles. fazer?
- Não se preocupe nós vamos arranjar tudo para o casa-
•NARRAÇÃO mento.
Narrar é contar uma história que pode ser real ou ima- E assim foi.
ginária. Cabe lembrar que em nosso cotidiano encontramos Fizeram, primeiro, a lista dos padrinhos e convidados.
textos narrativos, ou seja, contamos e ou ouvimos histórias - Ouça dona Vassoura, os padrinhos de seu casamento
o tempo todo. serão: o senhor Balde e eu. As daminhas serão as Flanelinhas
Na narração utilizamos verbos de ação e, antes de narrar que estão todas felizes pelo evento.
um fato ou história é importante decidir se você vai ou não - O senhor Papel Higiênico ficou de enfeitá-la e fará uma
fazer parte da narrativa. grinalda bem linda, ele prometeu.
Vamos ao exemplo? - O ambiente será todo perfumado pois, os Senhores
“...Quando desci da lotação vi um pacote perto de um ca- Desinfetantes se incumbirão de fazê-lo. - No mais, todos os
chorro vira-lata. Na curiosidade, me aproximei e peguei o pa- outros moradores deste armário vão contribuir. Os senhores
cote; comecei a abrir. Lá estava bem enroladinho com jornais Panos de Chão, os Tapetes, até o Sr Desentupidor irá colaborar.
velhos um envelope com um montão de dólares... nossa!...” - Pelo jeito já está tudo combinado, não é mesmo dona
Pazinha?
O narrador faz parte da história e optou por fazer a nar- - É sim. Vamos marcar para a próxima noite, certo?
rativa em 1ª pessoa. Os verbos da narrativa conjugados em - Sim, combinado.
1ª pessoa são: desci, vi, aproximei, peguei, comecei. A noite veio e o casamento foi realizado com muita simpli-
As narrativas mais conhecidas são: romance, novelas e cidade. Dona vassoura toda enfeitada. O noivo, Senhor Rodo,
contos. Nos romances a narrativa é longa e envolve bastan- com a ajuda do Senhor Pano de Chão, estava muito bem en-
tes personagens. De acordo com o tema, os romances mais rolado, muito elegante.
conhecidos são: de amor, de aventura, policial, ficção... Os convidados estavam felizes e a festa foi até de madru-
Nas novelas, lembra de “A Favorita”, apresentada pela gada.
rede globo? Nas cenas apresentadas havia uma série de ca- No dia seguinte, quando foi aberto o armário, estava tudo
sos paralelos e vários momentos de suspenses. E, quantas diferente!
vezes aquelas cenas foram motivos de conversas entre nós, - O que aconteceu aqui? Pensou a dona da casa...
Hein? A vassoura toda enfeitada de papel higiênico, o rodo fora
Como estamos nos referindo aos textos narrativos, não do lugar...
podemos deixar de lado, as historinhas infantis. Elas são Fechou a porta do armário e esqueceu o assunto, mas que
exemplos de textos narrativos. era estranho era...
Lá dentro os convidados começavam acordar da festa de
Leia: O CASAMENTO DA VASSOURA ontem, ou seja, do casamento da Vassoura...
de Marlene B. Cerviglieri Fonte: http://www.contos.poesias.nom.br/ocasamentoda-
Ali guardadinha estava a vassoura num cantinho do vassoura/ocasamentodavassoura.htm
armário. Às vezes a tiravam e dançava muito pela casa ou
quintal, ficando até tonta de tanto ir pra lá e pra cá. Mas de- COMENTÁRIOS: quando ouvimos ou lemos uma história,
pois ficava no cantinho até tristonha mesmo. Um dia, porém, criamos a imagem mental dos personagens e do cenário da
ouviu uma vozinha que a chamava: narrativa. Para tanto, interpretamos os “não-ditos”, nas entre-
- Dona Vassoura, oh dona vassoura está me ouvindo? linhas. Nesse sentido podemos afirmar que a história se com-
- Sou eu, a dona Pazinha aqui do outro lado. pleta com a participação do ouvinte ou do leitor.
- Sim, estou ouvindo - disse a Vassoura até meio assus- •DESCRIÇÃO
tada. A Descrição é a apresentação falada ou escrita daquilo que
- Tenho um recado para a senhora, do senhor Rodo. você viu. Na Descrição ou texto descritivo se faz um retrato por
- De quem? escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto.
- É do senhor Rodo. A classe de palavras mais usada é o adjetivo (termos que
- Ele mandou lhe dizer que gostaria de casar com a se- expressam qualidade, estado ou modo de ser a pessoa ou ob-
nhora! jeto). Na descrição de pessoas é importante apresentar as ca-
- O que devo responder a ele? racterísticas físicas (gorda, magra, ruiva, negra) e, na descrição
- Ora - disse a Vassoura, pega de surpresa - Eu casar de um ambiente a paisagem deve ser bem detalhada (ex:
com o senhor Rodo? na rua tinha uma placa que dizia que era proibida a entrada
- É sim. Pense e depois me dê a resposta, é só me cha- de pessoas estranhas). Já na descrição de um objeto é bom
mar. lembra a cor, a forma e outros detalhes.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Um exemplo? Leia o trecho abaixo: esse fato aconteceu com um jovem de 15 anos.
“... uns amigos meus me chamaram pra ir no shopping. Tava tudo “mara” aí né? uma “gambé marenta” de olho claro e
tal, cabelo preto, toda estilosa, pediu meus documento. Aí falei: para quê? Não tamos fazendo nada... Ela falou: tô de olho em
vocês já faz tempo. Tão procurando o quê? AH! Eu fiquei “p” da vida e não mostrei nada. Então vim parar aqui nas mãos dos
homens! Caramba, não fiz nada!..”
COMENTÁRIO: Se você leu atentamente deve ter percebido que o trecho acima foi escrito de acordo com a linguagem
falada por esse jovem de 15 anos: (ir “no” shopping; tava tudo mara; fiquei “p”...).
Destaco aqui a importância em você perceber que a linguagem utilizada em nosso dia-a-dia, como o uso de gírias
ou outras expressões devem ser evitadas quando você estiver redigindo uma redação, seja ela, na narrativa, descritiva ou
argumentativa. Isso porque, na redação você deverá seguir as regras gramaticais e ortográficas exigidas para a escrita.
Pense sobre isso!
•DISSERTAÇÃO
Já os textos dissertativos encontram posicionamentos pessoais e exposição de idéias. A intenção de quem escreve é a
argumentação, apresentada de forma lógica e coerente, a fim de defender um ponto de vista.
Geralmente, um texto dissertativo está dividido em três partes: 1) Introdução; 2) Desenvolvimento; 3) Conclusão.
• Na introdução você deverá definir a questão e situar o problema, ou seja, você vai apresentar os fun-
damentos ou alguma teoria sobre aquele assunto e fornecer as ideias.
• No desenvolvimento você irá defender a ideia apresentada na introdução, para isso você poderá fazer
comparações, ligações com outro assunto, tudo para comprovar a ideia inicial.
• Para concluir, ou seja, no encerramento de sua dissertação que deve ser breve e marcante, você poderá
usar expressões: “É assim que...” “Dessa maneira...”.
Veja abaixo um texto dissertativo, apresentado numa avaliação do ENEM e aprovada com nota máxima. Leia-a! E acre-
dite que a próxima poderá ser a sua!
Então... aí vai umas dicas a serem levadas em conta quando você estiver fazendo sua redação, seja ela, narrativa, des-
critiva ou dissertativa.
DICAS:
1) Leia com atenção “redobrada” o que está sendo pedido.
2) Não confunda o tema da redação com o título.
3) O tema da redação está no enunciado da questão, já o título é criação sua.
4) Ao escrever sobre um tema polêmico (exemplo: política, religião, esporte...) não seja radical, ou seja, não apresente
seu ponto de vista de maneira violenta e comprometedora;
5) Fique atento para a “força das palavras”, lembre-se que existe uma profunda diferença entre a linguagem falada e
a linguagem escrita, portanto, evite gírias e palavras vulgares, os famosos palavrões!
6) Evite frases longas. Prefira as frases curtas.
7) Evite usar “chavões”, provérbios populares. Exemplo: “filho de peixe, peixinho é”; “quem fere com fogo, com fogo
será ferido”... são palavras desgastadas pelo uso, então, use sua imaginação!
E, lembre-se: “Não há textos exclusivamente narrativos, descritivos ou dissertativos”. Porém, no seu texto será percebi-
do o predomínio de um dos três modos sobre os demais.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Recordando: Os textos são caracterizados por um conjunto de frases em harmonia de sentido, ou seja, com coerência
e com funções específicas: informar, emocionar, recordar, convocar. Portanto, será no contexto que as frases ganharão
sentidos diversos e apropriados.
Uma outra coisa muito importante que devemos ter em mente é a intenção da comunicação, seja na linguagem verbal
ou não verbal. Às vezes uma gravura ou um gesto “falam” mais que mil palavras!
Então, é preciso abrir os olhos para o contexto e para a intenção da comunicação.
Acompanhe a tabela e veja geralmente em quais textos cada função é mais destacada:
•FUNÇÃO INFORMATIVA
Na função informativa a intenção do texto é comunicar o objeto da mensagem ou a situação nela apresentada. Os
textos científicos, jornalísticos e didáticos são exemplos dessa função de linguagem.
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções: informação, sociedade, economia, cultura, esporte, espetáculos,
entretenimentos.... As mais comuns são as notícias, as entrevistas, as reportagens... Elas possuem características próprias. e
cumprem certos padrões de apresentação: letra legível, diagramação cuidada, inclusão de gráficos ilustrativos que é funda-
mental para as explicações do texto...
Quando possível comprove essas informações nos jornais escritos ou nas páginas de jornais questão nos sites. Não
perca a oportunidade em utilizar o computador como fonte de pesquisa e conhecimento.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
As notícias constam de três partes diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimento. É normal que este texto
use a técnica da pirâmide invertida, ou seja, a disposição das informações está em ordem decrescente de importância.
Dessa maneira, os fatos mais interessantes são utilizados para abrir o texto jornalístico, enquanto os de menor relevância
aparecem na sequência.
Lembre-se: o título cumpre a função de atrair a atenção do leitor. A linguagem é em 3ª pessoa. E é um texto que se
caracteriza por usar sempre da objetividade e veracidade.
Já a entrevista focaliza um tema atual, embora a conversação possa enveredar para outros temas.
•FUNÇÃO LITERÁRIA
Na função literária há uma preocupação com a estética (uso de metáforas, rimas, musicalidade, comparações...) que
atribuem “beleza” à escrita. É interessante observar a forma dos poemas. Há estrofes de quatro versos (quadra) muito usa-
das em poesia sertaneja e na literatura de cordel.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Zé da Luz
E nesta constante lida
Na luta de vida e morte
O sertão é a própria vida
Do sertanejo do Norte
Três muié, três irimã,
Três cachorra da mulesta
Eu vi nun dia de festa
No lugar Puxinanã.
Respeitando o estilo de cada poeta na rima da poesia, observe a rima do poema acima: a primeira linha com a terceira,
e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a terceira.
•FUNÇÃO EXPRESSIVA
Ferreira Goulart (não há vagas) eu-lírico e o sentimento do coletivo
Nos poemas, além da função literária encontramos as funções expressivas, conhecidas por eu-lírico. Mas, cuidado,
quando nos referimos a eu-lírico não nos referimos somente ao sentimento individual do poeta como vimos no capitulo
anterior, às vezes, o eu-lírico pode expressar um problema social.
Um exemplo muito próximo é a produção dos Rapers, é um eu-lírico que se assume como “porta-voz” da sua comu-
nidade.
Leia três poemas de Fernando Pessoa. É marcante nesse poeta a utilização de “heterônimos”, ou seja, o poeta portu-
guês, Fernando Pessoa assina suas obras(poesias) atribuindo para si outros nomes: Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto
Caieiro.
Nesse caso, o eu-lírico está identificado com realidades diferentes Que você poderá comprovar a partir da leitura dos
poemas de Fernando Pessoa apresentados a seguir.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
•FUNÇÃO APELATIVA
Nos discursos, sermões e propaganda a intenção da escrita está em convencer o receptor, então, a função de lingua-
gem usada é a função apelativa.
Os textos publicitários informam sobre o que se vende com intenção de criar no ouvinte, ou telespectador a necessi-
dade de comprar. Neles, é tão forte o grau de convencimento que algumas vezes não lembramos o produto em si, nem a
utilidade:
“... meu marido vai comprar um aparelho de barbear muito bom que a gente viu no Faustão.”
Realmente a “propaganda é a alma do negócio”!
Mas, no final, Quem paga a conta?
Talvez por isso, esteja alto o índice de pessoas com o nome “sujo na praça”, melhor dizendo, pessoas com restrições no
nome (problemas no SERASA e SPC).
Então... Antes de consumir é melhor refletir se realmente há necessidade em adquirir tal produto apresentado em
propagandas.
COMPRAS NA INTERNET?
Aliás, hoje em dia, não precisamos sair de casa. Basta acessar os sites da internet e, encontraremos várias maneiras
fáceis para comprar determinado produto. E o pior, em alguns casos, as pessoas pagam pelo produto e não recebem o
produto que compraram. Às vezes o “barato sai caro”. Prevenir é melhor que remediar.
Então... você tem acesso à internet? Já comprou alguma vez pelo site? Como foi sua experiência? Você indicaria para
alguém? Pense nisso e, se achar interessante converse sobre isso com um amigo. Assim, você amplia seu conhecimento
sobre um assunto que está na “moda”: comprar pelo computador.
Essas são realmente as “facilidades” do mundo atual, mas sem dúvida, o uso abusivo dos cartões de créditos e outros
financiamentos tem “tirado” o sono de muita gente...
__________
1 www.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/pessoa.html
2 http://www.jornaldepoesia.jor.br/fp400.html
3 http://www.jornaldepoesia.jor.br/facam47.html
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
E, para finalizar, não podemos deixar de lembrar a função de entretenimento e crítica. Como você já sabe a linguagem
pode ser verbal e não verbal ao mesmo tempo. Nesse sentido, a linguagem em quadrinhos permite ao leitor fazer uso da
imaginação na interpretação do texto.
Com os avanços da tecnologia, as charges podem ser acessadas em sites específicos e funcionam como instrumento de crítica,
reflexão e formação de opinião. A historinha acima você poderá ter acesso através do endereço: http://www.falamenino.com.br/.
Portanto, de acordo com o início desse capítulo, embora numa sociedade na qual a escrita está em toda parte, veja que
os recursos gráficos-visuais cumprem a função de transmitir a mensagem.
Nas figuras abaixo, o objetivo da mensagem é facilmente interpretado por qualquer pessoa, seja ela escolarizada ou não.
FIGURA 1 FIGURA 2
Na figura 2, por exemplo, qual frase você escreveria para explicar a mensagem?
Acredito que as frases podem até ser diferentes na escrita, porém o conteúdo da frase seria semelhante, ou seja, todas
as frases que possam vir a ser escritas se referindo à figura 2 trarão a indicação das escadas em casos de incêndio.
Então, para interpretar bem um texto, seja ele escrito ou não, é importante se perguntar sobre o contexto em que foi
escrito ou elaborada a mensagem. Se alguém perguntar o que é contexto, você tranquilamente dirá que é a relação entre
o texto e a situação em que ele ocorre. Por isso, o contexto pode ser (social,cultural, estético, político...). Isso não significa
afirmar que um determinado texto só possui um contexto.
Às vezes um determinado assunto tem repercussão em várias áreas, nesse sentido é correto afirmar que os contextos se
misturam.Portanto, um assunto poderá ter uma conotação social e política ao mesmo tempo. Ou uma determinada reporta-
gem sobre questões de estéticas pode apresentar um contexto religioso.
Logo, o ler um texto devemos em primeiro lugar prestar atenção em seu conteúdo informativo fundamental, ou seja, o
tema central. Em seguida você deverá observar nos parágrafos seguintes as ideias secundárias. Para identificar o contexto
ou os contextos observe os verbos que aparecem no texto, bem como, os recursos utilizados para unir os parágrafos.
O mais interessante é você identificar o núcleo centrar da mensagem e, antes de começar a escrever pensar sobre o
assunto; verificar se há ulgum termo que você desconhece. Portanto, o dicionário é sempre bem-vindo.
Leia atenta os enunciados em seguida pense no tipo de texto a ser produzido. Entre esses fatores, dois são fundamentais:
a finalidade do texto e o interlocutor, ou seja, a quem o texto se destina.
• Motoristas reivindicam aumento salarial
Comentário: Nesse enunciado percebemos dois contextos: o social (relacionado ao ato de reivindicar ou seja, recla-
mar por melhorias de vida) e o contexto político (um direito garantido pelas Leis Trabalhistas ao trabalhador) bem como, a
associação do trabalhar em sindicatos de ligados à sua área de atuação. Para você desenvolver, com sucesso,um texto com
essa temática, o primeiro passo poderia ser consultar o dicionário para saber o que significa reivindicação. E cuidado não é
reinvidicação.
• O Congresso investiga denúncia sobre envolvimento de Deputados no desvio da verba pública
Comentário: nesse caso o contexto político sobressai, porém com implicações históricas e sociais, pois o dinheiro pú-
blico não deve ser destinado para fins pessoais. Contudo, casos semelhantes sempre aconteceram em nossa História, o que
não significa dizer que não devam ser corrigidos, portanto, ao escrever sobre um tema polêmico como esse você deveria
destacar por exemplo, o papel político do Congresso em zelar pelo Patrimônio Nacional.
• Cresce o número de casos de Endometriose em Adolescentes
Comentário: o tema central focalizado no anúncio tem incidência na área da saúde, portanto, é de domínio social,
político. Porém, o desconhecimento da palavra “Endometriose” poderá dificultar sua escrita. Então, a pesquisa prévia sobre
o que iremos escrever, bem como, acompanhar as notícias veiculadas nos meios de comunicação, ajudará a nos manter
informados.
Pois, para o desenvolvimento do enunciado não basta abordar sobre adolescência, uam vez que o foco central está em
“algo” que afeta a adolescência. Aproveite o exemplo e consulte um site de busca para saber o que é Endometriose.
• Líder Religioso acusado de pedofilia
Comentário: mais uma vez podemos afirmar que os contextos se cruzam. Pois, o tema presente no enunciado é de
preocupação social, política e religiosa. O termo “pedofilia” pode ser buscado no dicionário justamente para ajudar a am-
pliar nossos conhecimentos. Contudo, em uma redação com essa, você deverá evitar palavras pejorativas e que expressem
“juízo de valor” quanto à religião. Nesse caso, importa atender à solicitação para a escrita demonstrando argumentos sobre
a questão central “pedofilia”.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
• Cresce o número de jovens vítimas de acidentes 3) Para o parágrafo central do rascunho, também cha-
de trânsito. mado tópico frasal o aluno pretendia se guiar por essa
Comentário: os contextos se entrelaçam, ou seja, para ideia escrita: “A vitória de Barack Obama como presidente
“resolver” ou diminuir o índice de incidência de casos des- dos Estados Unidos acena para mudanças de paradigmas,
critos no enunciado, os órgãos competetentes precisarão sobretudo nas relações interraciais”.
investir em medidas sócio-educativas aos motoristas e pe- 4) O aluno nos parágrafos secundários apresentaria
destre até mesmo investir em políticas punitivas aos en- sua opinião sobre o tema previsto (Eleição nos EUA), bem
volvidos em situações como essa. Observe que ao escrever como, a importância desse evento num contexto mundial,
sobre uma temática desse tipo você poderá recorrer aos ou seja, a mudança social, histórica e política vivenciada
dados estátísticos entre outros recursos de argumentação. nos EUA e sua influência direta com os demais países. Ain-
E evitar os famosos “jargões” sobretudo os que estão dire- da nos parágrafos secundários, ele iria falar sobre as rela-
cionados aos condutores de veículos. ções interraciais, sem desviar-se do tema (eleição nos EUA);
• Produtos de depilação provocam câncer de pele 5) na conclusão: ele destacou a importância da vitória do
Comentário: Pode parecer um tema exclusivamente Primeiro Negro como Presidente dos EUA.
estético e “feminino”. Nesse sentido, cuidado ao escrever E então, você acha que a partir desse rascunho José con-
sobre um assunto como esse para não cair nas frases de seguiu redigir a redação dissertativa-argumentativa?Que tal
“efeito de sentido”, por exemplo: “isso acontece com as você tentar redigir a sua? Lembramos que a Eleição nos EUA
mullheres porque elas...”. foi um assunto muito divulgado nos meios de comunicação e
Note que a temática câncer de pele é um assunto sério, quem sabe não poderá ser a proposta de redação em concur-
o qual pode ser debtido considerando vários aspectos e sos públicos ou outros processos seletivos?
enfoques. Por isso, é importante ler sobre vários assuntos, Ai vão algumas dicas:
ou seja, manter-se informado. Quero dizer com isso que: Atribua um título criativo.
“não existe assunto exclusivo para mulheres ou exclusivo Cuidado: não confunda o tema com o título da sua re-
dação.
para homens”. O que importa na hora de desenvolver um
O título deverá ser de sua própria autoria.
texto escrito é exatamente o seu grau de conhecimento
O texto deverá apresentar no mínimo 12 linhas e no má-
de “mundo”. Então... Seja uma pessoa “antenada”, ou seja,
ximo 30 linhas
uma pessoa que acompanha os avanços tecnológicos que
nos favorecem rapidez e interação de informação. AGORA É A SUA VEZ!
Vamos exercitar? ATIVIDADE 1
Se fosse solicitado para você escrever uma redação Relacione as frases abaixo de acordo com as funções
dissertativa argumentativa a partir da figura abaixo, quais de linguagem.
os passos você trilharia? A- informativa; B- Literária; C- emotiva
( ) Quando estive em sua casa convivi com sua ausência
( ) Tatiana não desapontou a mim, nem a você
( ) Naquele momento não supus que um caso tão insig-
nificante pudesse provocar desavença entre pessoas razoá-
veis (Graciliano Ramos)
ATIVIDADE 2
Para convencer o público quanto à importância de um
produto de estética que você está revendendo, que tipo de
função de linguagem você utiliza para convencer o cliente e
garantir a venda do seu produto?
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Então, é importante aprender inglês e não “papagaiar” Talvez Raul Seixas estevisse apontando para a desva-
o idioma. lorização no mundo do trabalho, por exemplo. Veja que
Vamos a outro trecho do Raul? todas as profissões são importantes, no entanto, umas são
“... essa noite eu tive um sonho de sonhador: maluco super-valorizadas e outras, em contrapartida, são desvalo-
que sonho eu sonhei. O dia em que terra parou...” rizadas ao extremo.
O Dia em que a Terra Parou Quer um exemplo bem próximo do nosso dia-a-dia?
Raul Seixas Pense nas pessoas que realizam trabalhos manuais em
Composição: Raul Seixas / Claudio Roberto nossas casas, escolas, e outros locais de trabalho. Algumas
Essa noite eu tive um sonho (faxineiros, porteiros...) são tratadas com indiferença ou
de sonhador consideradas inferiores por exercerem esses serviços. Aliás,
Maluco que sou, eu sonhei serviços necessários ao nosso bem-estar.
Com o dia em que a Terra parou Então? Raul Seixas chama à atenção para as diversida-
com o dia em que a Terra parou des de funções sociais e atuações no mundo, pois todas
estão interligadas e deveriam ser valorizadas.
Foi assim Você com certeza tem pontos de vistas diferentes dian-
No dia em que todas as pessoas te dos trechos das músicas destacadas, ou até mesmo, ao
Do planeta inteiro ler o comentário acima não concorda com o ponto de vista
Resolveram que ninguém ia sair de casa apresentado. Se isso aconteceu é sinal que você já desen-
Como que se fosse combinado em todo volveu a capacidade pessoal de argumentação crítica.
o planeta E então, que tal você colocar no papel seu ponto de
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém vista a respeito dos trechos das músicas destacadas? Será
um ótima oportunidade para você desenvolver a habilida-
O empregado não saiu pro seu trabalho de de escrever um texto argumentativo crítico. Vamos lá?
Pois sabia que o patrão também não tava lá Faça sua parte, exercite-se...
Dona de casa não saiu pra comprar pão Nosso assunto nesse capítulo é sobre o ponto de vista.
Pois sabia que o padeiro também não tava lá Portanto, se todo texto (oral, escrito, gráfico...) tem uma
E o guarda não saiu para prender
intenção, como descobrir o que está por trás das palavras,
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
dos desenhos, das letras das músicas, dos poemas... dos
e o ladrão não saiu para roubar
discursos?
Pois sabia que não ia ter onde gastar
Como reconhecer as estratégias de convencimento uti-
...
lizadas nos diversos meios de comunicação e linguagem?
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Um simples outdoors, um folheto, um quadro, uma ca-
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
ricatura... de inúmeras maneiras há sempre alguém tentan-
E os fiéis não saíram pra rezar
do “vender” seu produto, “vender sua ideia”, nos convencer
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar dos seus pontos de vistas...
Pois sabia o professor também não tava lá Tudo isso é natural numa sociedade em que a comu-
E o professor não saiu pra lecionar nicação se renova de forma tão rápida. Tudo isso é natu-
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar ral quando pensamos que através dos variados meios de
... linguagens conseguimos transmitir nossos objetivos a um
O comandante não saiu para o quartel número sempre maior de pessoas.
Pois sabia que o soldado também não tava lá Pretendemos chamar sua atenção para descobrir esses
E o soldado não saiu pra ir pra guerra interesses que estão “por trás” da produção oral (sermão,
Pois sabia que o inimigo também não tava lá discurso...), da produção escrita (folhetos, cartas, história
E o paciente não saiu pra se tratar em quadrinhos...), da produção gráfica (quadros, pintu-
Pois sabia que o doutor também não tava lá ras...). Pois, a todo instante estamos LENDO o MUNDO.
E o doutor não saiu pra medicar O que significa dizer que de diversos modos somos
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar5 convidados a TOMAR PARTIDO, nos POSICIONAR, dizer
COMENTÁRIO: Mais uma vez, respeitando os vários o que pensamos, ARGUMENTAR, ou seja, com palavras e
pontos de vista, destacamos alguns elementos conside- gestos apresentar MEU PONTO DE VISTA.
rados críticos e que estão presentes na letra dessa músi- Assim sendo, no contexto social que vivemos são mui-
ca. Possivelmente os autores desse texto escrito (música) tos os interesses. Então é preciso aprender a identificá-los.
tinham a intenção em demonstrar a importância da di- Convido você a um exercício de interpretação.
versidade na sociedade. Um precisa do outro, ou seja, se A partir das figuras abaixo você tentará identificar o
“em comum acordo” todos decidirem parar, realmente a tema enfatizado, ou seja, você irá observar as figuras e bus-
terra pára. car perceber a intenção da comunicação que está imbutida
na figura. Veja o exemplo da figura 1. Entre as alternativas
5 http://letras.terra.com.br/raul- (a/b/c) qual é aquela que melhor corresponde à situação
seixas/48325/ demonstrada?
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
FIGURA 1 FIGURA 3
Observe a figura 2 :
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
O aviso pode ser interpretado pelos funcionários como (...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves
(A) uma consulta sobre a mudança de horários. com Rua José Teixeira, na Praia do Canto, área nobre de
(B) uma ordem a ser cumprida. Vitória. A.J., 13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar
(C) uma idéia a ser discutida. algum trocado vendendo balas para os motoristas. (...)
(D) um questionamento sobre a disponibilidade dos “Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de tra-
funcionários. balhar aqui, mas não tem outro jeito. Quero ser mecânico”.
A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.
ATIVIDADE 4
As crianças do interior do Brasil se vestem de anjos Entender a infância marginal significa entender porque
para comparecer às procissões e festas da Igreja Católica. um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em es-
A pintora Tarsila do Amaral reproduz no quadro Anjos, sência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro,
de 1924, uma dessas cenas onde se vêem rostos amorena- de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para
dos, representando, com isso, a vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre
(A) pobreza do mundo religioso. um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
(B) tristeza do povo religioso. Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo,
(C) mistura de povos no Brasil. Ática, 2000. 19a. edição.
(D) variedade de crenças no Brasil.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas
ATIVIDADE 5
Com base na leitura da charge, do artigo da Constitui- ATIVIDADE 1
ção, do depoimento de A.J. e do trecho do livro O cidadão Alternativa correta é a letra: D
de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertati-
vo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do ATIVIDADE 2
adolescente: como enfrentar esse desafio nacional? Alternativa correta é a letra: B
Ao desenvolver o tema proposto, procure:
*utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões ATIVIDADE 3
feitas ao longo de sua formação. Alternativa correta é a letra: B
*selecione, organize e relacione argumentos, fatos e
opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando ATIVIDADE 4
propostas para a solução do problema discutido em seu Alternativa correta é a letra: C
texto.
* lembre-se de que a situação de produção de seu tex- ATIVIDADE 5 (ENEM- 2000)
to requer o uso da modalidade escrita culta da língua. redação
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
e... o passo seguinte será colocar a caneta pra trabalhar, ou O período que traz a idéia principal sobre o tema é
iremos direto ao computador e fazemos uso de uma fer- chamado de tópico frasal, os demais são chamados de pe-
ramenta do sistema de informática chamada WORD (que ríodos secundários (esses apresentam os argumentos, posi-
significa “palavra” em inglês). Boa sorte! cionamentos sobre o tema)
É preciso começar hoje e amanhã teremos menos difi- Portanto, o parágrafo é composto por vários períodos.
culdade. Acredite! E, o texto composto por vários parágrafos, todos eles reuni-
dos ao redor do tema, ou assunto que se pretende escrever.
Um exemplo de tema: A violência Mas... atenção! Os períodos secundários do parágrafo
Então procure elaborar na sua mente o que pensa so- não deverão referir-se a outros assuntos, para não correr o
bre a violência. Fique bem atento aos caminhos do seu risco de se perder ou naufragar no caminho, deixando de
pensamento sobre esse assunto. Mas... tome cuidado, às lado a idéia principal do tema discutido.
vezes são tantos os pensamentos que não conseguimos
arrumá-lo. Conhece a famosa frase: “Não sei por onde co- Recapitulando:
meçar”? 1)FRASES OU ORAÇÕES
Uma dica para não se perder nos pensamentos é anotar. 2) ORAÇÕES AGRUPAGAS = PERÍODOS
Comece então a escrever ao lado do tema - nesse caso, 3) PERÍODO com IDÉIA PRINCIPAL = TÓPICO FRASAL
violência - os termos mais fortes que resumem seus pen- 4) PERÍODOS SECUNDÁRIOS
samentos. Veja que alguns voltam com mais força, então... 5) PARÁGRAFOS (VÁRIOS PERÍODOS) que compõem o
pode ser seu ponto de apoio, ou melhor, pode ser o sinal TEXTO.
por onde começar, pois assim você terá mais argumentos Na linguagem escrita geralmente fazemos uso do dis-
na escrita sobre o tema. Então com certeza seu texto vai curso direto ou indireto. No discurso direto apresenta-se a
se desenvolver (desenrolar) com facilidade. Porém, chegará fala das personagens, respeitando as variedades regionais,
a hora de finalizar sua escrita, então, lá vai outra dica: ne- cultura e classe social, ou seja, quem fala é ela e não o autor.
nhum tema pode ser totalmente esgotado. Então, pense Havia dois policiais na viatura. Deram sinal para parar
sempre no que você quer transmitir. Pense sobre isso e... o carro. Um eles gritou: “esvaziem o carro com as mãos no
ESCREVA. Com certeza você terá contribuído para que ou- cucurucu
tros possam avançar na arte da escrita. Nos olhamos, sem saber o que fazer.
Caro aluno, não existe um método a ser indicado para O outro policial repetiu: Isso mesmo, mãos sob a ca-
você que quer começar a escrever. O que há são dicas e, beça!
talvez a mais importante seja a simplicidade da escrita. Já no discurso indireto, o autor reproduz o que foi fala-
Uma vez que você sabe qual o tema deverá escrever e, do com suas próprias palavras. Acompanhe: ...os bombeiros
após ter organizado seus pensamentos, inicie sua constru- pediram que todos saíssem do parque, pois havia ameaça
ção fazendo uso dos tijolos (palavras), levante as paredes de incêndio.
(parágrafos) e logo o edifício (texto) estará de pé, com fra- Como ficaria no discurso direto?
ses curtas e bem sinalizadas. O policial pediu: “saíam todos do parque, há ameaça
Na elaboração dos parágrafos as orações/frases cum- de incêndio.”
prem um papel fundamental, elas são constituídas a partir Note que na passagem da frase do discurso indireto
do agrupamento de palavras com sentido completo, por para o discurso direto houve uma mudança no verbo pedir.
isso, deve ser sinalizada, ou seja, deve terminar com uma Geralmente, no discurso indireto o verbo está na 3ª pessoa.
pausa bem definida, um ponto, ou acompanhadas pelos Vamos recordar?
sinais de exclamação, reticências ou ponto de interrogação. 1ª pessoa- quem fala – eu
Que tal uma distinção entre frases e oração? 2ª pessoa- com quem fala- tu
Um exemplo de frase:Socorro!; Devagar!; Bom dia!; Boa 3ª pessoa- de quem se fala- (ele ou ela)
tarde! Observe que a frase é a unidade da linguagem falada E, como estamos numa sociedade em que “cada um
ou escrita suficiente por si mesma para estabelecer comu- tem seu estilo”, que tal falarmos das figuras de estilos utili-
nicação. A frase, portanto, pode ser formada por uma sim- zadas na escrita?
ples palavra, uma expressão, uma oração ou um período. Elas atribuem “beleza” ao texto escrito. São elas:
Pode a frase ter, ou não, verbo. •ALUSÃO: utilizamos essa figura de estilo de linguagem
Já a oração é a frase formada em torno de um verbo. quando pretendemos fazer uma rápida referência. Ex: Ela é
Exemplo: Andréia estuda informática na Microlins. Quan- uma moça fina, sua educação vem de berço. (o vocábulo
to ao período, esse se constitui de duas ou mais orações. berço quer significar família)
Exemplo: “Rubião fitou um pé que se mexia disfarçadamen- •COMPARAÇÃO: utilizada na ênfase de uma caracterís-
te” (Machado de Assis). Aqui encontramos duas orações: 1) tica ou aspecto destacado. Ex: Seus olhos estavam verme-
“Rubião fitou um pé”; 2) “que se mexia disfarçadamente”. lhos, vermelhos como uma bola de fogo.
Recapitulando: As frases também podem ser chamadas •METÁFORA: destaca a comparação, porém em senti-
de orações, que agrupadas formam o período. O período do figurado, ou seja, fazemos uso de termos ou expressões
poderá ser simples (quando formado por uma oração) ou e atribuímos outro significado. Nesse Caso, é importante
período composto (formado por mais que uma oração). sempre observar o contexto. Ex: As folhas estavam tão vi-
Tudo bem? çosas que pareciam sorrir.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
•ANTÍTESE: quando usamos expressões opostas. Ex: eu prefiro o sol da manhã, já meu amado adora o frio da noite.
•GRADAÇÃO: utilizado para dar sensação de intensidade crescente. Ex: Após ter sido abandonada no altar, ela emagre-
ceu e adoeceu. Tamanha a sua tristeza que veio a morrer.
•HIPÉRBOLE: como figura de estilo na linguagem escrita pretende exagerar nas características ou aspecto de algo. Ex:
Estou devendo milhões de dinheiro na padaria.
•PERÍFRASE: consiste no emprego de uma palavra ou grupo de palavras para substituir um nome (seja de pessoa ou de
objeto). Ex: O “cabeça branca” da Bahia substituiu o nome do aeroporto 02 de julho. Ex: cabeça-branca substitui o nome do
então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, ou simplesmente ACM.
•EUFEMISMO: são expressões ou palavras que suavizam uma notícia desagradável ou triste. Ex: Meu padrinho descan-
sou. (quer significar: morreu)
•PROSOPOPÉIA: atribuímos características humanas a objetos, fatos ou coisas Ex: o mercado de bolsa de valores estava
nervoso.
•SINONÍMIA: consiste em repetir uma frase utilizando palavras diferentes, porém com o mesmo sentido. Ex: Que que-
res? Que desejas? Que anseias?
•RETICÊNCIA: enquanto figura de linguagem, consiste na ausência de uma ou mais palavras na frase com a intenção
de deixar provocar um suspense. Ex: Então... não precisa decorar os estilos de linguagem, pois eles são recursos utilizados
para o enriquecimento do texto.
Portanto, convidamos você a utilizar os estilos de linguagem na produção de seus textos (seja ele narrativo descritivo
ou dissertativo).
E, por falar em enriquecimento, sabe que outro aspecto que torna a língua portuguesa muito bonita e rica são as varia-
ções regionais. Imagine que o saboroso pão francês, lá em Salvador-Bahia é chamado de pão cacetinho.
Visualize a cena:
“...o Sr. José Carlos chega na padaria sábado pela manhã meio sonolento e pede: por favor eu quero duas varas bem
torradinhas.”
O quê? Isso mesmo, lá em Salvador-Bahia, “vara”, no contexto descrito acima, se refere ao pão baguete de São Paulo.
Leia a seguir o diálogo de Ana e Adriana
- Bah! Esse pinhão tá dos deuses!
- Ixi! Eu não gosto disso não, prefiro amendoim cozido!
- Credo! Amendoim cozido, que louco!
- Festa junina sem amendoim cozido, não é festa junina!
- Tchê. Festa junina tem que ter pinhão!
No diálogo entre Ana, nascida em Salvador e Adriana natural de Rio Grande do Sul percebemos as diferenças no modo
de se expressar de uma e de outra. Inclusive, há palavras bem características que uma explica para a outra seu significado.
Por que será que isso acontece?
Então caro aluno, vale a pena fazer um “tour” pelo Brasil afora e iremos descobrir nossa língua materna e suas características.
Você sabe como surgiram as diferenças (ou variações de linguagem) do português brasileiro? Acompanhe a matéria
publicada na Revista Super Interessante de abril do ano 2000.
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ATIVIDADE 5 Capítulo 9
Identifique o tema do fragmento abaixo:
Arrependido estou decoração
Decoração vos busco, daí-me abraços FACILIDADES E DESAFIOS NA ERA DAS
Abraços, que me rendam vossa luz. (Gregório de Matos)
TECNOLOGIAS
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ENTENDER OS PRINCÍPIOS / A NATUREZA/ A FUN-
ÇÃO/ E O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNI-
ATIVIDADE 1 CAÇÃO E DA INFORMAÇÃO, NA SUA VIDA PESSOAL E
Texto 1 - 1) d 2) d SOCIAL, NO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO,
ASSOCIANDO-OS AOS CONHECIMENTOS, CIENTÍFICOS,
ATIVIDADE 2 ÀS LINGUAGENS QUE LHES DÃO SUPORTE, ÀS DEMAIS
Texto 2 - 1) e 2) c TECNOLOGIAS, AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AOS
PROBLEMAS QUE SE PROPÕEM SOLUCIONAR.
ATIVIDADE 3
Texto 3 - 1) b 2) a 3) d Sônia Querino S. Santos
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Todavia, ao elencar essas “facilidades” igualmente não usamos destes recursos tecnológicos para agilizar a comu-
podemos deixar de avaliar também os desafios, pois as tec- nicação, e assim recorremos a signos linguísticos para tro-
nologias estão cada vez mais rápidas e complexas. car informações, como por exemplo ao invés de escrever a
Os meios de comunicação tradicionais como rádio e palavra “você” escreve-se apenas “vc”.
TV, se multiplicaram, os celulares se popularizaram e os Diferentemente, num exame escolar ou processo sele-
novos modelos oferecem cada vez mais opções de “con- tivo para uma vaga de emprego ou outra finalidade utili-
vergência de serviços”. zar-se, no texto escrito, as modalidades de escritas permi-
tidas em ambientes virtuais como o msn, provavelmente
não iremos conseguir o sucesso esperado. Pois, nos textos
escritos precisamos seguir aos critérios das regras grama-
ticais e ortográficas convencionais da língua materna (em
nosso caso, a língua portuguesa).
• A escrita:
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, é possível afirmar que foi o Estado quem deu início à revolução da tecnologia da informação, já que a inter-
face entre os programas de macropesquisa promovidos pelos governos e a inovação descentralizada em uma cultura de
criatividade tecnológica é que permitiu o florescimento das tecnologias da informação e comunicação globalizadas.
• Podemos afirmar que com as NTICs é um divisor de águas da geração anterior para a atual?
A tecnologia passa a permear toda a atividade humana, aplicando sua lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto
de relações, circunstância que cresce significativamente. Uma vez que o critério da informação está baseado na flexibilida-
de, ou seja, permite não somente que processos, mas também organizações e instituições, se modifiquem fundamental-
mente, tornando possível inverter as regras que as estruturam sem destruir a organização.
Em todo caso, a tendência é a convergência de tecnologias específicas em um sistema integrado, resultante da lógica
compartilhada na geração de informação.
Em síntese, o sistema informacional evolui em direção a uma rede aberta de múltiplos acessos, cuja abrangência,
complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos. Portanto, aqueles que não têm domínio das
linguagens e ferramentas presentes no mundo das NTICs são chamados de “analfabetos digitais”.
Quais são as linguagens?
Estamos nos referindo às várias linguagens de programação, elas estão voltadas à comunicação cada vez mais rápidas e
atraentes. Então, o acesso e os tipos de visualização nos sites dependem diretamente da linguagem de programação usada.
No início da internet, por exemplo, utilizava-se como “código fonte” gerador de programa e interações na rede o
HTML. Seguido do Visual Basic (VB); DELPH... os mais recentes são ASP e PHP. Esses são exemplos de linguagens de pro-
gramação utilizadas no suporte dos efeitos “atraentes” da mensagem escrita, que por sua vez, passou a ser audio-visual e
interativa (WEB CAM).
Quais são esses efeitos atraentes? Por exemplo, no aplicativo WORD o comando para negritar ou sublinhar... são pos-
síveis, graças aos códigos de efeitos utilizados na linguagem de programação da empresa Microsolft.
Portanto, “as NTICS chegaram para “solucionar” problemas que antes não existiam.” Estamos diante de uma frase
crítica, pois as empresas criam programas, virús e antídotos, também chamadas anti-virús e nesse circuito há um enorme
“capital de giro”, ou seja, lucro para as empresas em, contrapartida, os usuários diante das rápidas mudanças dos aplicativos
buscam constantemente novos equipamentos com maior potencial.
Porém, a cada dia, notamos ser “impossível” tentar acompanhar e atender às buscas, visto que, a cada instante é criado
novos virús, novos aplicativos e novas linguagens... que possibilitam acesso ou a exclusão digital?
Foi pensando nisso que trouxemos as seguintes dicas para facilitar seu trabalho no word. Assim, quando o mouse
falhar você não ficará na mão.
O word é o editor de textos mais utilizado do mundo. É uma ferramenta indispensável para criar e compartilhar do-
cumentos. Por isso, conhecer esse programa é fundamental para todos que disputam uma vaga no mundo do trabalho.
BARRA DE FERRAMENTAS
As barras de ferramentas têm por função agilizar a execução dos comandos mais utilizados no Word.
Para ir até as Barras de Ferramentas, você deverá primeiramente pressionar a tecla ALT ou F10 uma vez, que ativará a
Barra de Menus.
Na seqüência pressione as teclas Ctrl + TAB que o levará até a Barra de Ferramentas Padrão.
Acionando mais uma vez o Ctrl + TAB, estará na Barra de Ferramentas de Formatação. Para retornar uma barra acima,
pressione as teclas Ctrl + Shift + TAB.
Veja os botões da Barra de Ferramentas Padrão:
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Nesta barra, a comunicação não verbal é que ajuda o usuário a utilizá-las. Por exemplo, o símbolo da “tesoura” significa “recor-
tar”, o símbolo da “impressora” significa imprimir, e sai por diante...
Outra Barra de Ferramentas importante é a de Formatação. Como o próprio nome indica, ela é utilizada para forma-
tarmos o documento.
Repare que ela nos traz o tipo e o tamanho da letra, bem como a organização do texto no papel.
Atalhos para Formatação
Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl ]
Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl [
Para alterar o tamanho da fonte Ctrl Shift P digite o número desejado e tecle enter.
Para aumentar o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl shift >
Para diminuir o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl Shift <
Para alterar o tipo da fonte Ctrl Shift F Para copiar o formato: Ctrl Shift C
Para colar o formato: Ctrl Shift V Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas e todas minúsculas: Shift F3
Para converter todas as letras de maiúsculas para minúsculas e vice-versa: Ctrl Shift A
Para remover a formatação dos caracteres, basta selecionar as palavras e teclar Ctrl + barra de espaços.
F4 - Repete o último comando executado, caso tenha a necessidade de aplicá-lo várias vezes a mesma ação poderá
utilizar este recurso.
Atalhos para os principais estilos de formatação:
• Negrito - Ctrl + N
• Itálico - Ctrl + I
• Sublinhado - Ctrl + S
• Subscrito - Ctrl =
• Sobrescrito - Ctrl Shift =
Informações retiradas do site: www.fundacaobradesco.org.br
E, para concluir essa abordagem, convido você a avaliar algumas situações, que há tempos idos, não faziam parte dos
problemas sociais. Me refiro à pedofilia, ao acesso de sites pronográficos, à interação nas programações televisivas e ra-
diofônicas (radios), à pirataria...
Como resolvê-los visto que estamos inseridos e “alfabetizados” ao uso das NTICS?
Perceba que essa temática é altamente atualizada, bem como, consequência dos avanços tecnológicos até aqui refe-
ridos.
É de fator decisivo que não podemos viver isolados e “ignorantes” ao uso dessas NTICS, porém os desafios modernos
exigem um posicionamento crítico.
Talvez não seja necessário proibir o uso do computador ou o acesso à rede de internet, mas os atuais tempos exigem
que jovens e adultos estejam conectados à NTICS, principalmente os adultos, visto que os “mais jovens” possuem maior
facilidade com relação ao manuseio das NTICS.
Portanto, ao intervir nas programações televisivas, por exemplo: participar das inquetes do “globo repórter” ou até
mesmo, na participação das atividades interativas chamadas de “bola mucha e bola cheia”- programação do “Fantástico
- estamos contuibuindo diretamente com as audiências das empresas que monopolizam a rede televisiva o que significa
dizer, nos tornamos “celebridades instantâneas” e aumentamos o capital de giro dos empresários envolvidos.
Longe de esgotar o debate, sinalizo alguns pontos que poderão ser debatidos por você, caro leitor, nas rodas de ami-
gos e/ou vir a ser tema de texto escrito num processo seletivo a uma vaga de emprego ou inserção no “mundo das letras”,
como a universidade.
Então... não perca tempo!
Faça uso das NTICS com atualização constante e discernimento quanto aos problemas sociais modernos que estão
diretamente associados ao uso indiscriminado das NTICS.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 1
Leia:
De acordo com o texto, a informática tornou-se essencial para os estudos de genética porque
(A) amplia as possibilidades de o pesquisador trocar de emprego.
(B) viabiliza a comparação de grande quantidade de informações.
(C) mantém as informações sob o controle de grupos de pesquisas.
(D) dispensa a contratação de cientistas para o trabalho de campo.
ATIVIDADE 2
Leia:
As expressões destacadas sugerem que a busca de doadores de órgãos pela Internet pode virar uma prática proibida
pela legislação brasileira (Lei 9.394/97). Essa prática é a
(A) realização de transplantes. (B) venda e compra de órgãos.
(C) doação voluntária de córneas. (D) criação de listas de espera.
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
HORA DE CONFERIR
ATIVIDADE 1
Alternativa correta: letra b
ATIVIDADE 2
Alternativa correta: letra b
ATIVIDADE 3
Alternativa correta: letra c
ATIVIDADE 4
Alternativa correta: letra c
ATIVIDADE 5
a) ( F )
b) ( F )
c) ( V )
d) ( V )
e) ( V )
f) ( F )
g) ( V )
h) ( V )
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
As crianças são o elo mais frágil da corrente que é a nos- O Brasil não é um país pobre, mas possui uma popu-
sa sociedade multirracial, onde as diferenças são marcantes, lação pobre, devido à má distribuição de renda e riqueza,
onde os adultos não superam resolver suas diferenças - e, sendo que se pode considerar a desigualdade social como
pior, a aprofundarão - onde com o passar dos anos compro- um dos principais determinantes da pobreza no Brasil.
metemos fortunas e nada construímos que tenha valido a Entretanto, há quem pense que a experiência brasileira é
pena, onde as pessoas se indagam quais são os valores a se- rica em programas e projetos para atenuar as desigualdades
rem seguidos, onde a sensação dominante é de impunidade regionais e sociais. Mesmo que a maioria delas não tenha
e falta de justiça. É nessa sociedade que teremos de preservar obtido os resultados esperados, há exemplos de políticas so-
e preparar nossas crianças, de todas as raças, para mudar o ciais que estão tendo impacto favorável: o salário mínimo,
que nunca deveria ter existido. a aposentadoria rural, a bolsa-escola, a renda mínima e a
Criança, esperança de um mundo melhor. reforma agrária. No entanto, essas iniciativas não têm sido
(Fonte: www.blograizes.com.br/criancas-o-elo-da-es- suficientes para resolver os problemas das desigualdades no
peranca.html. Adaptado) Brasil.
Propõe-se instituir um design que respeite a vida e in-
• Desigualdade social corpore os desafios, a realidade e a necessidade de promo-
Texto de apoio: A desigualdade social ver mudanças, pois não se pode continuar refém de toda
Promover a cidadania é de fato o caminho para resol- situação desumana. Um fator que se apresenta como utó-
ver, pelo menos dentro dos limites aceitáveis, os problemas pico, mas realizável e com urgência, é a melhor distribuição
da desigualdade social brasileira. Não que estas questões da riqueza, fundamental para sanar ou diminuir as grandes
possam ser consideradas aceitáveis, mas porque são muitos desigualdades brasileiras.
séculos e situações que provocaram essa realidade. (Fonte: http://pt.shvoong.com/social-scien-
Para entender a origem de tais disparidades no Brasil é ces/1619576-desigualdade-social/. Adaptado)
necessário introduzir uma perspectiva mais ampla, abran- • Desemprego
gendo o passado histórico, sem desconsiderar as dimensões Texto de apoio: Tatuagem pode barrar emprego
continentais do país. A família, as solidariedades intergera- Boa apresentação, afirmam consultores em recursos hu-
cionais e as políticas sociais debatem-se com este desafio, manos, continua fazendo a diferença no processo de seleção
procurando encontrar as melhores soluções e as respostas de emprego. A primeira impressão, lembram os especialistas,
mais adequadas à diversidade dos problemas inerentes. é a que fica para os que selecionam os candidatos. Discrição
Encontra-se no mundo um contraste alarmante, en- é, portanto, a recomendação para quem quer conquistar um
quanto milhões de pessoas passam fome, uma minoria usu- lugar ao sol sem abrir mão do jeito de ser. Quanto mais for-
frui do progresso e da tecnologia que a sociedade oferece.
mal a área de atuação, menor o espaço para o alternativo.
A reclamação contra o caráter ineficiente do Estado é
Ou seja, apesar de o preconceito e a discriminação estarem
geral e os benefícios coletivos do Estado são pequenos e de
cada vez mais fora de moda, as empresas são estruturadas
pouca qualidade diante de tão ampla desigualdade social.
segundo padrões. E, para quem quer ingressar em uma ins-
O Brasil, desde seu descobrimento, traz consigo esta de-
tituição, não há como fugir deles.
plorável marca da desigualdade social.
A herança das diferenças sociais, da escravidão, do pre-
Quanto mais formal o segmento, como por exemplo,
conceito, do racismo, data do descobrimento e foi deixada
pelos então proprietários de terras e governantes que trou- instituições financeiras, escritórios e hospitais, mais explíci-
xeram para a nova terra os marginalizados portugueses, os tas são as restrições. No caso de piercings, até que se conhe-
africanos que escravizaram e humilharam, os italianos e ou- çam os códigos que regem a instituição, o melhor a fazer
tros imigrantes que não eram vistos com bons olhos pelos é retirá-los durante a entrevista e, se for o caso, depois de
senhores feudais. Daí a origem da desigualdade social brasi- admitido, durante o expediente. “Já as tatuagens, se estive-
leira que permanece e se expandiu de tal forma que chega a rem em local visível, nuca, braços ou pernas, é melhor não
ser quase irremediável nos dias atuais. exibi-las, usando uma blusa de gola alta e mangas compri-
Mesmo considerando-se os movimentos ascendentes na das”, orienta Adriana Evangelista, assistente de gestão em
escala social - os imigrantes são um exemplo eloqüente disso políticas públicas do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
-, a grande massa não teve condições de impor às elites uma (Fonte: Trecho retirado de www.cartaderh.com.br)
distribuição menos desigual dos ganhos do trabalho. Nem
logrou, eficazmente, exigir do Estado o cumprimento de seus Texto de apoio: Desemprego, informalidade e baixa es-
objetivos básicos, entre os quais se inclui, na primeira linha, colaridade excluem 19 milhões de jovens brasileiros
a educação. As seqüelas desse feito representam imenso Desemprego, informalidade e baixa escolaridade ex-
obstáculo para uma repartição menos iníqua da riqueza e cluem socialmente 19 milhões de brasileiros entre 15 e 19
perduram até hoje. anos, ou seja, mais da metade do total de jovens do país (34
Também, desde o início do processo de desenvolvimen- milhões). Desses, 6,5 milhões não trabalham nem estudam,
to brasileiro, encontra-se outro fator evidente: o crescimento o que representa 1 a cada 5 jovens. No recorte 15 a 17 anos,
econômico, que tem gerado condições extremas de desigual- apenas metade está no Ensino Médio. 4 milhões de jovens
dades espaciais e sociais, manifestas entre regiões, estados, saem da escola sem completar o Ensino Fundamental.
meio rural e o meio urbano, entre centro e periferia e entre (Fonte: Trecho retirado de http://aprendiz.uol.com.br/
as raças. content/cujubruduh.mmp)
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GABARITO OFICIAL
01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D
92
INTRODUÇÃO
Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Matemática e suas tecnologias
que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:
1.Compreender a Matemática como construção humana, relacionando o seu desenvolvimento com a transfor-
mação da sociedade.
2.Ampliar formas de raciocínio e processos mentais por meio de indução, dedução, analogia e estimativa, utili-
zando conceitos e procedimentos matemáticos.
3.Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e reais.
4. Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade- e agir sobre ela.
5. Construir e ampliar noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de proble-
mas do cotidiano.
6.Construir e ampliar noções de variação de grandeza para a compreensão da realidade e a solução de problemas
do cotidiano.
7. Aplicar expressões analíticas para modelar e resolver problemas, envolvendo variáveis socioeconômicas ou
técnico-científicas.
8. Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando pre-
visão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.
9. Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos
adequados para medidas e cálculos de probabilidade, para interpretar informações de variáveis apresentadas em
uma distribuição estatística.
Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE
Capítulo 1
Matemática em construção?..........................................................................................................................................................................................01
Eliane Matesco Cristovão
Capítulo 2
Lógica e argumentação: da prática à matemática................................................................................................................................................14
Eliana Junqueira Barbosa Costa
Capítulo 3
Os números que usamos.................................................................................................................................................................................................31
Luzia de Fátima Barbosa
Capítulo 4
Geometria plana e espacial ...........................................................................................................................................................................................39
Davi Martinez Rissetti
Capítulo 5
Os sistemas de medidas...................................................................................................................................................................................................56
Luzia de Fátima Barbosa
Capítulo 6
Grandezas e proporcionalidade: olhando para o cotidiano.............................................................................................................................64
Fernando Luis Pereira Fernandes
Capítulo 7
Em (quase) tudo tem relação! ......................................................................................................................................................................................78
Fernando Luis Pereira Fernandes
Capítulo 8
Gráficos e tabelas no dia-a-dia ..................................................................................................................................................................................86
Eliane Matesco Cristovão
Silvio César Cristovão
Capítulo 9
Matemática não-exata? Estudo das possibilidades e chances ......................................................................................................................94
Fernando Luis Pereira Fernandes
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
1
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Registros muito antigos sobre o estudo da trigonometria foram encontrados também em papiros. Papiro, do latim
papyrusé, é originalmente, uma planta perene, e também o meio físico, precursor do papel, usado para a escrita durante a
Antigüidade.
Um dos mais famosos papiros que tratavam de matemática é conhecido como Papiro Rhind.
O lápis e o papel foram ferramentas de evolução da humanidade, e seu uso chegou a ser criticado, com alegações de
que estas ferramentas prejudicariam o desenvolvimento do raciocínio das pessoas.
Hoje em dia já não é possível falar em Matemática pensando apenas em ferramentas como o lápis e o papel. Com o
avanço da tecnologia, muito do que utilizamos na Matemática pode ser processado por programas de computador. Um
programa muito utilizado são as planilhas eletrônicas.
Uma planilha eletrônica é um tipo de programa de computador que utiliza tabelas para realização de cálculos ou apre-
sentação de dados. Cada tabela é formada por uma grade composta de linhas e colunas. Existem no mercado diversos
aplicativos de planilha eletrônica. Os mais conhecidos são Microsoft Excel, Lotus123 e OpenOffice.org Calc.
Veja uma ilustração do Excel:
Um dos objetivos principais de uma planilha eletrônica é a automação, ou seja, o cálculo automático de seus dados,
principalmente de suas operações matemáticas que são chamadas de fórmulas.
Na história da humanidade, mesmo antes de se efetuar registros, a busca de soluções para os problemas foi o início da
construção do conhecimento matemático. E até hoje, a cada novo desafio, o conhecimento matemático evolui.
2
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Jonas trabalha na linha de produção de uma empresa que fabrica peças de automóveis. Ele controla o número de
peças de câmbio montadas em seu setor. O câmbio é a peça que permite a mudança de marchas e é composto por várias
engrenagens. Em outro setor são produzidas 42 engrenagens por hora, sendo todas destinadas à montagem dos câmbios.
Assim, nesse mesmo tempo, para não haver acúmulo de estoque, o setor de Jonas precisa utilizar as 42 engrenagens para
montar 7 peças de câmbio. A partir destas informações responda:
Supondo que o ritmo seja sempre respeitado para manter a harmonia entre os dois setores, num dia em que o setor de
engrenagens produziu 966 peças, quantas peças de câmbio terão sido montadas no setor de Jonas?
Para resolver este desafio você utilizará outra idéia muito antiga e importante da matemática: a PROPORCIONALIDADE!
ASSIM OU ASSADO?
Para resolver este problema, utilizaremos o seguinte raciocínio: o setor de Jonas monta 7 peças enquanto são produzi-
das 42 engrenagens. Dividindo 42 por 7, obtemos a razão entre o número de engrenagens e o número de peças de câmbio
onde elas são encaixadas, ou seja, são 6 engrenagens por peça.
Se foram produzidas, em um dia, 966 engrenagens, podemos calcular o número de peças de câmbio dividindo este
número por 6. Temos então 966 : 6 = 161 peças de câmbio3.
É... o Jonas não pode descuidar da linha de produção... deve ser uma correria!
Mas ainda poderíamos utilizar, para resolver este mesmo problema, uma regra prática, bastante útil quando estamos
resolvendo problemas de proporcionalidade, chamada de regra de três. Você já deve conhecer esta regra... Mas, vamos
recordá-la:
2 http://www.napro.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=139:fiat&catid=76:noticias
3 Imagem retirada de: http://bloglog.globo.com/FCKeditor/UserFiles/Image/cambio.jpg
3
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Engrenagens Câmbios
x = peças de câmbio.
Se com 42 engrenagens são montados 7 câmbios, com 966 engrenagens, serão montados 161 câmbios. Isso é uma
proporção! Mas a Matemática não é utilizada apenas para resolver problemas que envolvem este tipo de proporcionali-
dade.
Vamos retomar nossa discussão sobre a trigonometria para percebermos que há outras formas de pensar proporcio-
nalmente. Além disso, veremos que muitas outras ciências podem relacionar-se com a Matemática.
Para explorar este conceito matemático, nada melhor do que nos envolvermos com a interpretação e resolução de
problemas, certo? Afinal, eles são a origem de todo conhecimento produzido pela humanidade.
Ao estudarmos, é através da resolução de problemas que podemos também ir construindo nosso próprio conhecimen-
to matemático.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 4
1) Trigonometria. Vamos supor que você queira calcular a altura de um prédio, sem subir nele, é claro! Será que é
possível fazer esse cálculo?
Sim! É possível, e para isso, precisaremos entender melhor o que é trigonometria, assunto que começamos a tratar na
introdução deste capítulo. Vimos que a trigonometria era utilizada pelos egípcios e babilônios para resolver problemas de
triângulos. Pois bem, vamos conhecer algumas características de um triângulo especial: o triângulo retângulo.
Um triângulo retângulo é aquele que possui um ângulo reto (de 90°). Os lados de um triângulo retângulo recebem
nomes especiais. Estes nomes são dados de acordo com a posição em relação ao ângulo reto. O lado oposto ao ângulo
reto é a hipotenusa. Os lados que formam o ângulo reto (adjacentes a ele) são os catetos.
4 Sites consultados:
http://teodolito2a.blogspot.com/2008/09/introduo-teodolito.html
http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/trigonom/trigon1/mod114.htm#trig01
http://www.profezequias.net/trigonometria.html
http://tutomania.com.br/artigo/tabela-trigonometrica
4
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Os catetos recebem nomes especiais de acordo com a sua posição em relação ao ângulo sob análise. Chamamos de
cateto oposto, aquele que está em uma posição oposta ao ângulo, ou seja, não está compondo aquele ângulo. O outro é
chamado de cateto adjacente (adjacência = estar próximo, estar encostado) e é aquele que ajuda a compor o ângulo.
Sendo assim, o nome oposto ou adjacente, depende do ângulo que vamos considerar. Para facilitar, observe o triângulo
ABC da figura a seguir, com  = 90° (reto), e seus ângulos agudos e (Estas são letras gregas, também utilizadas para
indicar ângulos, que lemos assim: Alfa e Beta).
No nosso exemplo inicial, se estivermos operando com o ângulo C, então o lado oposto, indicado por c, é o cateto
oposto ao ângulo C e o lado adjacente ao ângulo C, indicado por b, é o cateto adjacente ao ângulo C.
A trigonometria utiliza os valores encontrados quando dividimos dois destes lados dos triângulos. Essa divisão entre
os lados é chamada de razão.
As razões trigonométricas básicas relacionam as medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos e qualquer
que sejam as medidas desses lados, o que determina a razão entre eles é o ângulo.
Para comprovar isso, você pode fazer um teste bem simples. Com uma régua, meça os lados do triângulo abaixo, esco-
lha duas de suas medidas e, com auxilio de uma calculadora, calcule o resultado da divisão entre eles.
5
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Agora, partindo do mesmo desenho, ou seja, sem mudar o ângulo, vamos ampliar os lados:
Meça novamente os mesmos lados que havia escolhido na figura anterior, agora de cada triângulo maior, e calcule o
resultado da divisão entre eles.
Dá sempre o mesmo resultado, certo? Isso significa que a razão entre os lados, não depende do tamanho do lado e
sim da medida do ângulo.
As três razões básicas mais importantes da trigonometria são: seno, cosseno e tangente. Elas são obtidas combinando
os lados de três formas para dividir. O ângulo é indicado pela letra x.
Como o valor das razões trigonométricas varia de acordo com o ângulo, podemos utilizar uma tabela de valores para
resolver problemas como o proposto no início dessa seção. Vamos retomar isso mais adiante.
Ilustração 8 – Teodolito
6
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Quando falamos de problemas reais como o que foi daria muito trabalho e para facilitar nossa vida, existem as
proposto anteriormente, é necessária a utilização de um tabelas trigonométricas, que já nos dão o valor das razões
instrumento que permita medir o ângulo que vamos preci- para que possamos, a partir delas, calcular as medidas que
sar. Este instrumento é chamado teodolito. nos faltam.
O teodolito, é um instrumento capaz de medir ângu- Aqui temos um fragmento de tabela trigonométrica,
los, muito usado por agrimensores, engenheiros e topógra- que pode ser encontrada em qualquer livro de Matemática
fos no cálculo de distâncias inacessíveis. Este instrumento do Ensino Médio, ou na internet, se você tiver acesso:
ótico mede ângulos horizontais e verticais com suas duas
escalas circulares graduadas em graus.
Voltemos agora ao problema, acrescentando os deta-
lhes necessários.
Para calcular a altura de um prédio, o topógrafo colo-
cou seu teodolito na praça em frente. Ele mediu a distância
do prédio ao teodolito com uma trena e encontrou 27 m.
Mirando o alto do prédio, ele verificou, na escala do teo-
dolito, que o ângulo formado por essa linha visual com a
horizontal é de 58 graus.
Se a luneta do teodolito está a 1,7 m do chão, qual é a
altura do prédio?
Solução: Na figura a seguir, AB = CD = 1,7 m é a altura
do instrumento e CE = (x + 1,7) m é a altura total do prédio,
resultante da soma da altura que vamos calcular, referente
ao cateto oposto x, com a altura do instrumento.
Ilustração 10 - Tabela
E temos que:
7
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
O xerox do transferidor será colado na madeira. Sobre ele, colamos a tampa do pote. Sobre o pote, colamos com a fita
adesiva o canudo ou haste e, na lateral desse pote, fazemos dois furinhos para que o pedaço de arame possa atravessá-lo,
passando pelo centro. Esse arame ajudará a girar o pote.
Ao ser encaixado na tampa, o pote poderá girar, permitindo que você meça o ângulo de visada.
Ilustração 12 – Medição
Na horizontal ou na vertical, basta alinhar a indicação 0° do transferidor com um dos pontos do objeto que você quer
e girar a mira até avistar o outro ponto. O ponteiro indicará de quantos graus é a variação.
Com um teodolito como este, você pode medir a altura de qualquer objeto e até mesmo a largura de um rio, sem
atravessá-lo!
Achou interessante essa idéia de medir a largura do rio sem atravessá-lo? Essa é uma situação que pode acontecer com
você? Vamos ver como fazer isso.
2) Trigonometria. Suponha que você está localizado em um ponto, na margem do rio, representado por B, na figura5
a seguir. Coloque uma estaca nesse ponto. Na outra margem, localize um ponto de observação, como uma pedra, ou uma
árvore. Em seguida, ande na margem do rio, formando um ângulo de 90º com a linha imaginária que ligava você e o ponto
de observação, do outro lado do rio. Escolha um lugar para parar, coloque outra estaca e meça a distância que você andou.
Nessa segunda estaca, apóie o teodolito, agora posicionado na horizontal, aponte a marca de zero grau para o ponto onde
você colocou a primeira estaca e depois o gire até avistar o ponto de observação, que está do outro lado do rio. Pronto,
você tem um ângulo e a medida de um lado. Basta calcular a largura do rio!
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Suponhamos que a medida encontrada de B até C tenha sido de 40 metros. E que o ângulo seja de 30º. Novamente
podemos usar a tangente, pois queremos saber a largura do rio, que corresponde ao cateto oposto ao ângulo e sabemos
a distância percorrida na margem do rio, que corresponde ao outro cateto.
Sendo assim temos:
Voltando à tabela trigonométrica, podemos observar que tg de 30º = 0,577. Vamos representar a largura do rio por x.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
As diversas fases são determinadas pela quantidade de vários hormônios no corpo. A figura ao lado mostra os níveis
dos hormônios estrógeno e progesterona durante os ciclos. Note que o nível dos hormônios em função do tempo é perió-
dico, ou seja, a cada 28 dias, reinicia-se o ciclo de variação dos hormônios.
Em nosso dia-a-dia, podemos usar essa idéia de fenômenos cíclicos para prever situações futuras. No caso do ciclo
menstrual, por exemplo, é possível prevenir uma gravidez, usando um método complementar à camisinha, que pode furar!
Se a mulher observar o dia em que se iniciou a sua menstruação, ela saberá que no 14º dia, após esta data, está em
seu período fértil, a ovulação, portanto, três dias antes desta data e três dias depois, o risco de uma gravidez é bem maior.
Para saber mais sobre isso, basta procurar um médico e conversar sobre o assunto!
Atividade 17 Se um fenômeno é sabidamente periódico, podemos prever com relativa facilidade o que ocorre em mo-
mentos não observados. O gráfico ao lado mostra a temperatura de um congelador que não é aberto.
Ilustração 15 - Ciclo de temperaturaDescubra o período (de quanto em quanto tempo começa a repetir).
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Para responder as próximas questões, utilize a tabela trigonométrica apresentada anteriormente neste mesmo
capítulo.
Ilustração 16 – Esquema
Atividade 2) Uma escada de 10m toca em um muro num ponto a 5m do solo. Determine o ângulo x que a escada
forma com o solo.
Atividade 3) Uma torre vertical, construída sobre um plano horizontal, tem 65 metros de altura. Três cabos de aço,
esticados, ligam o topo da torre até o plano, formando com o mesmo, um angulo de 60°, como representamos na foto ao
lado8. Qual é o comprimento de cada cabo?
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 4) (Adaptado de ENCCEJA-EM) Desejando saber qual a altura do morro que tinha à sua frente, um topó-
grafo colocou-se com seu teodolito a 200m do morro. Ele sabe que a altura do teodolito é de 1,60m. Posiciona o aparelho
que lhe fornece a medida do ângulo de visada de parte do morro: 30°. Calcule essa medida!
Repare que a escada é a hipotenusa e que o muro representa o cateto oposto ao ângulo que nos interessa. Sendo
assim, podemos utilizar o seno, que é a razão entre o cateto oposto e a hipotenusa:
então temos:
Observando a tabela trigonométrica veremos que 30º é o ângulo cujo valor do seno é 0,5. Portanto, o ângulo que a
escada forma com o solo é de 30º.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Repare que o cabo é a hipotenusa e que a torre representa o cateto oposto ao ângulo dado.
Observando a tabela trigonométrica veremos que o seno de 60º vale aproximadamente 0,87. Portanto, temos:
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 2
LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO: DA PRÁTICA À MATEMÁTICA
AMPLIAR FORMAS DE RACIOCÍNIO E PROCESSOS MENTAIS POR MEIO DE INDUÇÃO, DEDUÇÃO, ANALOGIA E
ESTIMATIVA, UTILIZANDO CONCEITOS E PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS.
Ilustração 19
Observe bem a “tira”. Em que a Matemática poderia ajudar o Guarani a se livrar do rebaixamento, segundo o pensa-
mento do Bobrinha? Qual o raciocínio poderia ser utilizado?
Pensemos. O Campeonato Paulista de Futebol de 2009 foi disputado por 20 times, e cada time deveria jogar 19 par-
tidas. O Guarani já disputara 18 partidas e perdera 12, ficando com 36 pontos perdidos. Os outros 4 times que estavam
na mesma situação para o descenso – rebaixamento para a 2ª divisão – também já tinham disputado 18 partidas, tendo
perdido 10 partidas e empatado 5, ficando com 35 pontos perdidos. Como para todos faltava disputar 1 partida, o Guarani
tinha que torcer para que acontecesse uma série de combinação de resultados, em que várias eram as possibilidades.
E, ao Guarani somente restava agarrar-se a números, suar muito a camisa e torcer.
E o que a Matemática tinha a ver com tudo isto? Para saber como e por que somente a Matemática poderia salvar o
Guarani do descenso, a resposta está no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”. Lá, você também vai conferir se o Gua-
rani escapou do descenso no Campeonato Paulista de Futebol de 2009.
14
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
O ser humano convive diariamente com a Matemáti- Pense: o ano tem 12 meses. Se há 13 pessoas reunidas
ca. Em grande parte, vivemos a Matemática de forma di- para a ceia, então com certeza pelo menos duas nasce-
dática, para adquirirmos conhecimentos, mas, na maioria ram no mesmo mês. Portanto, a resposta é a alternativa
das vezes, a Matemática aparece de forma imperceptível. “b”.
Analise o problema abaixo e veja o que você respon- E o raciocínio, o que seria?
deria. Inúmeras são as definições existentes, mas podemos
Théo comprou um saquinho com bolinhas de gude, defini-lo como uma ferramenta do pensamento, com a qual
18 azuis e 18 verdes. Quantas bolinhas, no mínimo, Théo as idéias são trabalhadas e organizadas a partir de uma ló-
deve retirar do saquinho para ter certeza de que pelo me- gica, para que seja possível alcançar uma conclusão.
nos duas sejam da mesma cor? Assim funciona o raciocínio: um início, um desenvolvi-
a) 35 mento e uma conclusão.
b) 18 O início pode ser uma questão, da seguinte forma:
c) 3 Qual dos números não pertence à série seguinte?
d) 19 1 – 2 – 5 – 10 – 13 – 26 – 29 – 48
e) 8 Agora, no desenvolvimento, tente encontrar o número
que não pertence à série acima, antes de olhar a resolução.
Chegamos à resposta desta questão por puro raciocí- Vamos juntos. A lei de formação da sequência segue o
nio lógico. Vejamos: ao retirar a primeira bolinha, ela pode seguinte raciocínio lógico:
ser de qualquer cor. A segunda bolinha poderá ser da 1. os números de ordem par – o segundo, o quarto,
mesma cor ou de uma cor diferente. Mas a terceira será, o sexto e o oitavo – são o dobro do seu antecessor. Veja: o
obrigatoriamente, da cor de uma das bolinhas retiradas dobro de 1 é 2, o dobro de 5 é 10, o dobro de 13 é 26 e o
anteriormente. Portanto, Théo deverá retirar, no mínimo, dobro de 29 é 58;
3 bolinhas. 2. os números de ordem ímpar – (o terceiro, o quinto
A necessidade de criar, transformar, inovar, é desejo e o sétimo) – são o seu antecessor mais 3. Veja: 2 + 3 = 5; 10
natural do ser humano. Para isto, somos obrigados a ra- + 3 = 13, e 26 + 3 = 29.
ciocinar, seja pela intuição, pela indução, pela dedução, Portanto, o número 48 não pertence à sequência – con-
pela analogia, pela estimativa, dentre outras formas de clusão.
pensar da mente humana. Essas formas de raciocínio se- O raciocínio está ligado diretamente ao pensamento e
rão detalhadas ainda neste Capítulo. aos nossos cinco sentidos – audição, olfato, paladar, tato e
Alguém já deve lhe ter perguntado: “Mas isto é lo- visão –, que constituem a nossa ligação com o mundo que
gicamente correto?” “Você tem argumentos lógicos que nos cerca.
comprovem o que você está dizendo?” Além dos cinco sentidos, o raciocínio está também in-
E qual foi a sua reação? Espanto? Descontentamen- timamente ligado a um outro sentido: o inexplicável “sexto
to? Raiva, por estar sendo questionado? E, diante dessa sentido”.
situação, você apresentou razões, provas ou fatos que Mas, “sexto sentido”, o que seria? Uma definição sim-
comprovassem que aquilo que você estava expondo era ples seria aquela intuição, premonição ou simplesmente
verdade? uma sabedoria interior, cuja origem é indecifrável.
Agora, se você respondeu à pergunta de forma cor- A intuição tem a sua importância, mas é necessário que
reta – dita “com pé e cabeça” –, você sabia que estava ela tenha uma fundamentação, pois, do contrário, ela pode
apresentando uma argumentação com lógica? nos levar a conclusões equivocadas. A intuição, portanto,
Mas o que seria a lógica? não pode ser colocada, unicamente, como uma verdade
Pensemos da seguinte forma: a lógica pode ser de- “verdadeira”, pois ela é baseada em hipóteses, que exigem
finida como um instrumento do raciocínio, ou seja, um uma comprovação, uma fundamentação convincente: a ar-
processo de organização do raciocínio que nos possibilita gumentação.
aplicar métodos e procedimentos para distinguir os argu- E o que seria a argumentação?
mentos válidos dos não válidos. A argumentação pode ser definida como os conceitos e
Analise a seguinte situação: uma família está reunida conhecimentos que se têm sobre uma situação ou fato em
para a ceia de Natal. Na sala, encontram-se 13 pessoas. análise e que possam comprovar a verdade das hipóteses.
Das afirmações abaixo, qual é a necessariamente verda- Ao se concluir que as hipóteses são verdadeiras, chega-se,
deira? então, a uma conclusão correta e que convence.
a) Pelo menos uma das pessoas tem menos de 20 E diante dos problemas, como o homem utiliza o seu
anos. raciocínio?
b) Pelo menos duas pessoas fazem aniversário no Vejamos: abra um jornal ou uma revista. Gráficos, nú-
mesmo mês. meros, porcentagens, tabelas, estimativas, enchem-nos de
c) Pelo menos uma pessoa nasceu num dia ímpar. informações, cuja leitura exige um conhecimento matemá-
d) Pelo menos uma pessoa nasceu em julho ou tico e um domínio, por mínimo que seja, da linguagem ma-
agosto. temática.
E como a Matemática nos auxilia na resolução de pro-
blemas?
15
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
No contexto em que atualmente vivemos, todas as No cruzamento de três avenidas, a quantidade neces-
áreas da atividade humana buscam na Matemática a fonte sária de semáforos é 3.
para a resolução de seus mais difíceis problemas. Mas para
a solução de tantas questões, o ser humano tem que pos-
suir conhecimentos e habilidades para que possa pensar,
raciocinar e agir matematicamente.
Aqui, aparece a face investigativa da Matemática.
Ao se defrontar com uma situação-problema, o homem
coloca o seu raciocínio “a trabalhar” e busca estruturar
uma sequência de ações que lhe permitam compreender
a questão. Compreendida a questão, o homem avalia os
seus conhecimentos sobre o assunto, elabora um conjunto
de possíveis soluções, adota aquela solução por ele julgada
como a correta para resolver o problema, e, finalmente, ob-
serva se os resultados esperados foram alcançados. Ilustração 3
E se você estivesse diante de uma situação-problema
como a citada a seguir, como você a resolveria? No cruzamento de quatro avenidas, a quantidade ne-
O Departamento de Trânsito de uma cidade deverá cessária de semáforos é 6.
adquirir semáforos para instalar nos cruzamentos de suas
avenidas. Qual é a maior quantidade de aparelhos que o
departamento deverá adquirir para os cruzamentos, em
pontos diferentes, de cinco avenidas? Lembre-se de que
o cruzamento é o ponto de intersecção onde as avenidas
se cruzam.
ASSIM OU ASSADO
Em Matemática, utilizam-se modelos para a solução de
muitas situações-problema. Na questão sobre os semáfo-
ros, você utilizou algum modelo? Pense que um modelo
pode ser uma tentativa de solução por manuseio de obje-
tos que possam representar a situação.
Para o problema acima, tente com lápis, canudos, pali-
tos etc., antes de ver a resolução.
Ilustração 4
Resolução
Finalmente, como resolução do problema, no cruza-
Vamos por partes: a quantidade necessária de semáfo- mento de cinco avenidas, a quantidade necessária de se-
ros no cruzamento de duas avenidas é 1. máforos é 10.
Ilustração 2
Ilustração 5
16
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Número de
avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de
semáforos 1 3 6 10
Ilustração 6
Sabemos que:
α+ =
Agora, vamos transportar, do primeiro membro para o segundo membro da equação, o , que vai com a operação
inversa da adição: a subtração.
α=
Logo α = . c.q.d.
O problema apresentado acima é um teorema, que podemos definir como um enunciado que, para ser admitido ou
ser aceito como verdadeiro, necessita de demonstração.
Essa demonstração, em Matemática, é uma maneira de argumentar, processo em que partimos de hipóteses para che-
garmos a uma tese, a qual nada mais é que o teorema proposto. A expressão c.q.d. significa “como queríamos demons-
trar” e é utilizada nos finais de uma demonstração, como forma de comprovar que os argumentos utilizados são válidos.
2) Um paisagista foi contratado para fazer o jardim de uma residência. O jardim deverá ter a forma de um triângulo.
O proprietário exige que o jardim seja gramado no meio e que folhagens sejam plantadas ao longo de duas laterais do
gramado.
17
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
O paisagista realizou a medição do jardim e chegou às medidas representadas no desenho abaixo. Quais deverão ser,
então, as medidas dos ângulos externos das áreas onde serão plantadas as folhagens?
Ilustração 7
Resolução
Ilustração 8
Então, temos:
2x + = 180º
= 180º - 2x
2x – 40º = x + 5º + 180º - 2x
2x – x + 2x = 40º + 5º + 180º
3x = 225º
x=
x = 75º.
2x = 2 . 75º = 150º e
18
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
3) Na sequência abaixo, há uma certa “regra” para se chegar a uma conclusão. Tente encontrá-la, para chegar à conclu-
são de quantos losangos terá a sétima figura.
Ilustração 9
Resolução
Na primeira figura, temos 5 losangos; na segunda, 9 losangos, e, na terceira, 13 losangos. A “regra” é: há um acréscimo
de 1 losango em cada extremidade da figura, isto é, a cada figura, há um acréscimo de 4 losangos. Portanto, a quarta figura
terá 17 losangos; a quinta, 21 losangos; a sexta, 25, e, finalmente, a sétima terá 29 losangos.
4) Pedro saiu de casa e fez compras em quatro lojas, cada uma num bairro diferente. Em cada uma
gastou a metade do que possuía e, ao sair de cada uma das lojas pagou R$2,00 de estacionamento.
Se no final ainda tinha R$8,00, que quantia tinha Pedro ao sair de casa?
a) R$ 220,00
b) R$ 204,00
c) R$ 196,00
d) R$ 188,00
Qual o raciocínio que você utilizaria para resolver essa questão? Você resolveria a partir das alternativas? É um caminho.
Mas, vamos raciocinar de outra forma.
Vamos pensar: que tal iniciarmos a resolução do fim para o começo? Da seguinte maneira:
. 4ª loja: R$8,00 que sobraram, mais R$2,00 do estacionamento = R$ 10,00, que é a metade do que foi gasto na 3ª loja.
. 3ª loja: R$10,00 vezes 2 = R$20,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$22,00, que é a metade do que foi gasto na 2ª loja.
. 2ª loja: R$22,00 vezes 2 = R$44,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$46,00, que é a metade do que foi gasto na 1ª loja.
. 1ª loja: R$46,00 vezes 2 = R$92,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$94,00, que é a metade do que Pedro tinha.
Finalmente, R$94,00 vezes 2 = R$188,00, que é a quantia que Pedro tinha ao sair de casa. Portanto, a alternativa correta é
a letra “d”.
Outra forma de resolução:
Pedro tinha x reais.
. 1ª loja: se Pedro tinha x reais, gastou metade do que tinha e mais R$2,00 de estacionamento, então gastou
no total .
Ficou com .
19
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
20
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Por exemplo, todo número ímpar pode ser escrito da Raciocínio por estimativa
forma 2n + 1, para qualquer n inteiro: 21 é um núme- O raciocínio por estimativa é utilizado em situações nas
ro ímpar quais não é exigido um resultado exato, ou seja, quando
Logo, o número 21 pode ser escrito como 2n + 1, se n trabalhar com um valor aproximado é suficiente para aqui-
for igual a 10, ou seja, lo que desejamos. Por exemplo, quando queremos saber a
2 x 10 + 1 = 21 medida de um objeto, seja a largura, o comprimento ou a
Veja outro exemplo: altura, e não queremos medi-lo diretamente, estimamos o
Todo homem é mortal. seu comprimento. Quando queremos achar o resultado de
João é homem. Logo, João é mortal. uma operação aritmética, sem realizá-la, chegamos a um
resultado aproximado.
Raciocínio por analogia Em nosso cotidiano, como uma grande parte das infor-
mações numéricas que recebemos não está precisamente
O raciocínio por analogia consiste numa comparação
exata, as decisões devem ser tomadas com base em valores
entre duas relações, isto é, transportar uma situação já co-
aproximados.
nhecida para uma nova situação, como no exemplo abaixo.
O raciocínio por estimativa é, portanto, a capacida-
Leia a seguinte adaptação de uma lenda indiana: cinco
de de, mentalmente e com rapidez, efetuar cálculos com
homens cegos encontram um elefante. Como eles jamais valores aproximados e decidir se o resultado obtido tem
tinham visto um, começaram a apalpá-lo, buscando enten- precisão suficiente para o objetivo pretendido.
der e descrever esse novo fenômeno. O primeiro homem Em vários ramos de atividades, profissionais utilizam
agarrou a tromba e conclui: é uma cobra. O segundo exa- medidas e processos de estimativa para o seu trabalho,
mina uma das pernas do elefante e descreve: é uma árvore. por exemplo, costureiras, pedreiros, marceneiros, dentre
O terceiro descobre a cauda do elefante e anuncia: é uma outros.
corda. O quarto sentiu a presa e disse que era uma lança. No raciocínio por estimativa, o saber e os conceitos
E o quinto homem cego, depois de descobrir a lateral do matemáticos são fundamentais para dar validade aos re-
elefante, conclui que é, depois de tudo, uma parede. sultados alcançados.
Em um raciocínio por analogia sobre determinado Agora, resolva a questão a seguir, com base em um
fato, as pessoas procuram relacionar as características des- raciocínio por estimativa.
se fato com as características de outra situação que lhes é Um veículo percorre uma distância de 120 km em uma
conhecida ou que tenham experimentado. É um campo de hora. Qual o tempo aproximado que ele gastará para per-
comparações, em que a compreensão do novo fato leva a correr uma distância de 180 km?
um novo conhecimento, que pode ser verdadeiro ou não. Vamos lá. Qual a sua estimativa de tempo? Mais ou
Um outro exemplo de raciocinar por analogia é o caso menos, do que 1 hora e 40 minutos?
de um brasileiro, descendente de japoneses, que pretende Antes de ver a resolução, escreva o tempo que você
imigrar para o Japão, pois entende que, como outros des- estimou. Lembre-se de que é um cálculo por estimativa.
cendentes foram bem-sucedidos naquele país, pelas mes- Agora, vamos conferir a sua estimativa, utilizando a re-
mas razões ele também terá sucesso. E será que ele terá o gra de três:
mesmo sucesso?
Raciocine: 10 vezes 10 é igual a 100. Então, quanto é 1 hora = 60 minutos. Então:
R$10,00 vezes R$10,00?
Por analogia ... Conseguiu? Não? Você está certo, pois 120 km ― 60 minutos
não é possível multiplicar dinheiro por dinheiro. A opera-
180 km ― x
ção R$10,00 vezes R$10,00 é impossível, pois não sabería-
mos quantas vezes multiplicar a quantia de R$10,00. Um
valor monetário somente pode ser multiplicado por um minutos. Portanto, 90 : 60 = 1
número real.
Em uma comparação entre essas três formas de racio-
cínio, podemos perceber que, na dedução, a conclusão hora e 30 minutos.
alcançada é a confirmação do que está contido nas pre-
missas, isto é, se as premissas constituem uma verdade, a Veja esta situação: sempre vemos em noticiários ou
conclusão sempre será verdadeira; na indução e na analo- artigos a informação: “o público presente ao evento é es-
gia, nem sempre – isto é, provavelmente – a verdade con- timado em 30.000 pessoas”. Ora, como os profissionais
tida nas premissas leva a uma conclusão que também seja da imprensa chegam a essa conclusão? Vamos raciocinar:
verdadeira. esses profissionais sabem, de antemão, que a área ocupa-
Não se esqueça: a validação de um raciocínio passa, da pela multidão é de, aproximadamente, 120.000 metros
necessariamente, pela confirmação de sua veracidade ou quadrados, e que cada metro quadrado pode comportar
de seu acerto. até quatro pessoas. Com essas informações, eles realizam
Lembre-se: o raciocínio lógico está diretamente ligado uma simples operação de divisão de 120.000 metros qua-
ao pensar matemático. drados por 4 pessoas, que dá uma estimativa de 30.000
pessoas. Entendeu?
21
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Uma outra forma de raciocínio está ligada aos diagramas, que são representações em que cada conjunto é definido
pela região limitada por uma linha fechada. Essas representações são conhecidas como diagramas de Venn, ou de Venn-Eu-
ler – pronuncia-se “ven-óiler”. John Venn foi um filósofo e matemático britânico que viveu de 1834 a 1883.
Essas representações são circunferências entrelaçadas, de acordo com o número de conjuntos analisados. A parte co-
mum entre os conjuntos denomina-se intersecção, na qual aparecem os elementos comuns a todos os conjuntos.
Veja os exemplos a seguir.
1) Uma editora estuda a possibilidade de relançar o primeiro número das revistas em quadrinhos Homem-Aranha,
Superman e Mandrake. Para isto, efetuou uma pesquisa de mercado e concluiu que, em cada 1000 pessoas consultadas,
600 já leram Mandrake; 400 leram Superman; 300 leram Homem-Aranha; 200 leram Mandrake e Superman; 150 leram
Mandrake e Homem-Aranha; 100 leram Superman e Homem-Aranha; 20 leram as três revistas. Calcule:
a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas.
b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas.
c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas.
Resolução
O preenchimento do diagrama inicia-se pela colocação do número de elementos da intersecção entre os três conjun-
tos. Após, coloca-se o número de elementos da intersecção entre dois conjuntos, para, finalmente, colocar o número de
elementos de cada conjunto. Ao colocar o número de elementos de um conjunto, não podemos esquecer de descontar
os da intersecção.
Ilustração 10
Assim,
22
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2) Em uma empresa, 60% dos funcionários lêem a revista A, 80% lêem a revista B, e todo funcionário é leitor de pelo
menos uma dessas revistas. Qual o percentual de funcionários que lê as duas revistas?
Resolução
Seja x o valor procurado. Desenhando um diagrama de Venn-Euler e utilizando-se do fato de que a soma das parcelas
percentuais resulta em 100%, temos a equação: 60 - x + x + 80 - x = 100. Daí, vem que, 60 + 80 - x = 100. (PUC 1999)
Ilustração 11
Resolução
Neste tipo de problema, não é possível uma resolução pelo diagrama de Venn, pois não temos intersecção entre os
dados. Usamos, então, uma tabela.
Rapazes
Moças
Total
Preenchimento da tabela
O total de alunos é 50. Se 32 são rapazes, 50 – 32 = 18 moças. Se apenas 5 moças são corintianas, então 18 – 5 = 13.
Portanto, 13 são palmeirenses. Temos ao todo 23 palmeirenses. Como 13 são moças, 23 – 13 = 10. Então 10 rapazes são
palmeirenses. E o restante, 32 – 10 = 22, são rapazes corintianos.
Rapazes 22 10 32
Moças 5 13 18
Total 27 23 50
23
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 12
Pelo diagrama, vemos que a argumentação é válida,
porque os conjuntos mantêm uma intersecção.
1ª premissa: todo brasileiro é artista. Ilustração 14 10
2ª premissa: Pedro é um artista.
Conclusão: Logo, Pedro é brasileiro. Como jogar
Complete os quadrados vazios, com números de 1 a 9,
sem repetir quaisquer nú-
meros em uma fileira ou coluna, tanto da grade menor,
3 x 3, como da grade maior, 9 x 9.
Pelo diagrama, vemos que a argumentação não é vá- 3) Dada a sequência de números 2, 6, 10, 14, 18, 22, ...:
lida, pois Pedro pode ser ou não brasileiro. Os conjuntos a) Complete a sequência até 30.
são disjuntos, isto é, não possuem elementos comuns. b) Investigue se 94 é um elemento da sequência. Descre-
va como chegou à sua conclusão.
Sudoku – Uma forma de desenvolver o raciocínio c) Investigue se 76 é um elemento da sequência. Descre-
lógico va como chegou à sua conclusão.
Atualmente, um passatempo tem atraído a atenção de d) Cada elemento, a partir do segundo, tem uma relação
todas as faixas etárias: o Sudoku, um jogo de lógica e racio- com o seu antecessor e seu sucessor. Qual é esta relação?
cínio, que apresenta um desafio mental e exige um senso e) Qual a lei de formação da sequência?
matemático para a sua resolução. Esse passatempo tam-
bém foi apresentado no Capítulo 2 da apostila do Ensino 10 Extraído do site www.somatematica.com.br.
Fundamental. 11 www.clickeducação.com.br
24
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
4) No esquema abaixo, tem-se o algoritmo da adição de dois números naturais, em que alguns algarismos foram subs-
tituídos pelas letras A, B, C, D e E.
5) Considere a sequência C, E, G, F, H, J, I, K, M, L, N, P ... Se o alfabeto usado é o oficial, que tem 26 letras, então, de
acordo com esse critério, a próxima letra dessa sequência deve ser:
a) R
b) Q
c) O
d) U
e) T
Ilustração 15
7) Uma população utiliza três marcas diferentes de detergente: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado, colheram-se
os resultados tabelados abaixo.
Observação: utilize o diagrama de Venn-Euler para visualizar o problema.
Nenhuma
Marcas A B C AeB AeC BeC A, B e C
delas
Número de
109 203 162 25 28 41 5 115
consumidores
Pode-se concluir que o número de pessoas que consomem ao menos duas marcas é:
a) 99
b) 94
c) 90
d) 84
e) 79
25
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
8) Numa escola mista, existem 42 meninas, 24 crianças ruivas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se:
a) Quantas crianças existem na escola?
b) Quantas crianças são meninas ou são ruivas?
Observação: utilize uma tabela para resolver o problema. Na horizontal, meninos e meninas, e na vertical, ruivos e não
ruivos.
9) Classifique os argumentos abaixo, de válido ou não válido. Utilize o diagrama para visualizar o problema.
a) Todos os brasileiros são artistas.
Pedro é brasileiro.
Logo, Pedro é um artista.
a) b)
Ilustração 16 - Sudoku
2) Existem 20 algarismos 9 entre 0 e 100. Para chegar a essa conclusão, encontramos 9 números, cuja unidade é 9: 9,
19, 29 ..., 89. Contamos, ainda, as dezenas 90 a 99, encontrando 11 algarismos 9, na dezena, sendo que, no 99, o algarismo
9 aparece na unidade e na dezena.
5) Analisando a sequência, observamos que o G ocupa o lugar do F; o J ocupa o lugar do I, e o M ocupa o lugar do L. A
próxima letra a ser utilizada é o O, que, pela regra da sequência, tem o seu lugar ocupado pelo P. Então, o O passa a ocupar
o lugar do P. A alternativa correta é a letra “c”.
26
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
6.) O número de circunferências forma a sequência 1, 3, 6, 10, 15 ... Como queremos encontrar o número de circunfe-
rências que compõem a 100ª figura, faremos com um processo análogo ao que se segue:
1=1
3=1+2
6=1+2+3
10 = 1 + 2 + 3 + 4
15 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5
Então, a 100ª figura será x = 1 + 2 + 3 + 4 + ... + 97 + 98 + 99 + 100. Note que a soma dos termos equidistantes dos
extremos é igual à soma dos extremos.
7. Alternativa “d”.
“Ao menos duas marcas” quer dizer que podem ser 2 ou mais marcas.
Logo:
23 + 20 + 36 + 5 = 84. Portanto, 84 pessoas consomem ao menos 2 marcas.
Ilustração 17
8.
27
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
10. a) b)
4 2 1 3 3 1 2 4
1 3 4 2 4 2 3 1
2 4 3 1 2 4 1 3
3 1 2 4 1 3 4 2
1) Vitória do Guarani e de qualquer outro time: o Guarani ficaria entre os quatro rebaixados, pois um time permane-
ceria com 35 pontos perdidos.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 0 35
B 35 0 35
C 35 0 35
D 35 0 35
Guarani 36 0 36
28
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2) Vitória do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani escaparia do rebaixamento, pois ficaria com os 36
pontos perdidos e os demais 4 times com 38 pontos perdidos.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 0 36
3) Vitória do Guarani e empate de qualquer um dos outros times: todos os times ficariam com 36 pontos perdidos,
mas, o Guarani, por ter o maior número de derrotas – 12, contra 10 dos demais times –, estaria rebaixado.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 0 36
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +3 39
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +1 37
29
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
6) Empate do Guarani e dos demais 4 times: o Guarani seria rebaixado, pois ficaria com 37 pontos perdidos e os de-
mais com 35 pontos perdidos.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 +1 37
Número de avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de semáforos 1 3 6 10 15 21 28 36 45
30
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Sistema Indo-arábico
Tratava-se de um sistema posicional decimal. Siste-
ma posicional porque um mesmo símbolo representava
valores diferentes dependendo da posição que se encon-
trava. Por exemplo: o algarismo 4 nos números: 14 e 41.
No número 14 o 4 ocupa a casa das unidades e seu valor
posicional é 4; já no número 41, o 4 ocupa a casa das deze-
nas e seu valor posicional é 40. Sistema decimal, pois era
composto por 10 algarismos: 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9.
Esse sistema posicional decimal, criado pelos hindus,
corresponde ao nosso atual sistema de numeração, já es-
tudado por você nas séries anteriores. Por terem sido os
árabes os responsáveis pela divulgação desse sistema, ele
ficou conhecido como sistema de numeração indo-arábico.
Os dez símbolos utilizados para representar os núme-
ros, denominam-se algarismos indo-arábicos. São eles: 0,
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Veja, no quadro13 a seguir, as principais mudanças
ocorridas nos símbolos indo-arábicos, ao longo do tempo.
31
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
32
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
33
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Os Números Racionais
Já foi mencionado no início deste capítulo que os números racionais podem ser expressos por meio de uma fração.
Pois bem, vamos acompanhar:
O conjunto dos números racionais (representado por ) é definido por:
Ou seja, número racional é todo número que pode ser escrito na forma , com a e b inteiros, b ≠ 0.
Nessa divisão de números inteiros, ao dividirmos o numerador pelo denominador, podemos obter números com dife-
rentes características, por exemplo:
Se dividirmos 10 por 2, obteremos 5, ou seja, 10/2 = 5. (número inteiro)
Se dividirmos 25 por 2, obteremos 12,5, ou seja, 25/2 = 12,5. (decimal finito)
Agora, se dividirmos 25 por 3? O que acontece?
Vejamos: = 8,333... Essa divisão resultou em um número infinito de casas decimais, com um algarismo ou um
grupo de algarismos que se repetem infinitamente numa representação decimal periódica. A esses números chamamos
dízimas periódicas e a fração que gerou essa dízima é chamada de fração geratriz.
Mas se todo número racional pode ser expresso por meio de uma fração, como encontrar a fração que gerou a dízima
0,232323...? Ou seja, qual a sua fração geratriz?
É simples, basta seguir alguns passos:
1° Escreva: x = 0,232323...
2° Como o período da dízima (o número ou grupo que se repete) é composto por dois algarismos, multiplique essa
expressão por 100. Vale ressaltar que se o período tivesse três algarismos, a expressão seria multiplicada por 1000 e assim
por diante...
Então temos que: 100 x = 23,232323...
3° Subtraia essa expressão pela primeira, assim:
100 x = 23,232323...
- x = 0,232323...
99x = 23,000000...
Observe que como depois da vírgula vamos ter infinitas casas decimais que são iguais, então depois da vígula teremos
infinitos zeros.
Assim, temos que:
Então agora você já conhece todas as formas que pode apresentar um número racional, sendo que em todas elas é
possível escrever o valor em forma de uma fração, ou seja, numa divisão de números inteiros.
35
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 2
36
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Uma imagem que podemos também observar a pre- AGORA É A SUA VEZ...
sença da proporção áurea é a do “Homem Vitruviano”,
obra de Leonardo Da Vinci Atividade 1. Classifique cada sentença em verdadeira
• Número π (V) ou falsa (F).
Na matemática, pi, representado pela letra grega π, é o nú- a) Todo número natural é inteiro.
mero que representa o resultado da divisão entre o comprimento b) Todo número inteiro é racional.
de uma circunferência e o seu diâmetro. Veja a figura abaixo20: c) Todo número racional é real.
d) Todo número real é irracional.
e) O número zero é racional.
f) Número racional é todo número que pode ser coloca-
do na forma a/b, com b não-nulo.
Ilustração 4 a) -
b) -
divisão (como ilustrados na figura acima). Portanto, te-
b)
c)
d)
Ilustração 5
37
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2. Resposta pessoal
3. Na reta
4. c
5. 100 m; 10 m.
6. 2 m.
7. a) 0, 1 e 2
b) -2, -1, 0, 1 e 2
c) infinitos
8. 140 convidados.
9. a) não
b) sim
c) sim
d) não
e) não
10. infinitos.
38
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 2
39
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
PROBLEMA 4.1
Ilustração 3
Quais são as medidas das frentes dos lotes “2” e “3” que estão voltadas para a
Rua Jatobá e cujos fundos são perpendiculares a Rua Jasmin?
ASSIM OU ASSADO?
Para resolver este exercício devemos recuperar a idéia de retas paralelas que vínhamos trabalhando desde o ensino
fundamental: “duas linhas são paralelas quando estiverem em um mesmo plano e não possuírem pontos comuns, mesmo
se prolongadas”. Sendo assim, as linhas que dividem os lotes são paralelas entre si.
Além de serem paralelas entre si, estas mesmas retas que dividem os lotes são perpendiculares à rua Jasmin, isto quer
dizer que elas formam um ângulo reto (90º) com a Rua Jasmin.
Quando temos um conjunto de retas paralelas diferentes e todas pertencentes ao mesmo plano (região onde está
localizado o loteamento), dizemos que estas retas constituem um feixe de paralelas. As retas que representam as frentes e
os fundos dos loteamentos constituem retas transversais ao feixe de paralelas.
O que mais podemos retirar de informações relevantes do enunciado ou da figura deste exercício? Um dos primeiros
matemáticos que se debruçou sobre um problema parecido foi Tales de Mileto (um dos sete sábios da antiga Grécia). Entre
tantas descobertas atribuídas a ele, existe uma que nos será muito útil no nosso estudo da geometria plana.
Vamos entender o raciocínio de Tales observando as ilustrações a seguir:
Ilustração 4 Ilustração 5
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Se dividíssemos o segmento que liga os pontos A e B em quatro partes, assim como mostra a ilustração 5, observaría-
mos que o segmento que liga os pontos A’ e B’ também ficaria dividido em quatro partes.
Neste caso, podemos dizer que a razão (ou seja, divisão) entre as distâncias de cada parte é igual. Tales de Mileto de-
monstrou a existência de uma igualdade entre essas razões. Logo, o Teorema de Tales é dado por:
Ilustração 6
Com este raciocínio, podemos encontrar o valor das frentes dos lotes “2” e “3”, proposto no problema 4.1 da seguinte
forma. Considere a seguinte figura:
Ilustração 7
Como pode notar, a única diferença é que nomeamos os pontos com as letras do alfabeto para facilitar nosso raciocí-
nio. As letras A, B, C, D, E dividem um lado do terreno em 4 partes (neste caso, não necessariamente iguais). Sendo assim:
o segmento AB possui 15,40 metros; o segmento BC possui 13,50 metros; e o segmento CD possui 12 metros. Estes seg-
mentos correspondem às frentes de cada lote.
Do outro lado do terreno, temos as letras F, G, H, I, J que dividem este lado em 4 partes (também não necessariamente
iguais). Sendo assim: o segmento FG possui 16,30 metros; o segmento GH possui uma medida x desconhecida até o mo-
mento; assim como o segmento HI também possui uma medida y desconhecida até este instante.
Aplicando o teorema de Tales, dividimos a resolução em duas partes. Começando pela 1ª parte, temos que:
Ilustração 8
41
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Sendo assim, o lote “2” possui a frente medindo 14,34 metros, enquanto que o lote “3” possui a frente medindo 12,76
metros.
Esta descoberta levou Tales a encontrar uma característica fundamental para a semelhança de triângulos. Acompanhe
a explicação abaixo:
Ilustração 9 Ilustração 10
Na ilustração 9 o triângulo ABC é semelhante ao triângulo ADE, pois o lado BC do primeiro e DE do segundo são para-
lelos e eles possuem os três ângulos congruentes (acompanhe na Ilustração 10).
A semelhança de triângulos indica que um triângulo pode ser obtido de outro através de uma simples ampliação ou
redução de sua imagem. Mas como saber quando existe uma ampliação e quando existe uma redução? E quando não for
nem uma e nem outra?
De acordo com Tales, existe uma razão entre os lados proporcionais, que é chamada de razão de semelhança. Esta razão
é um número obtido da divisão dos lados proporcionais de cada triângulo. Em outras palavras, observe a figura abaixo:
Ilustração 11
O segmento AD com 5,0 centímetros é proporcional ao segmento AB com 2,5 centímetros, bem como o segmento AE
(7,0 cm) corresponde ao segmento AC (3,5 cm) ou até mesmo o segmento DE (8,0 cm) corresponde ao segmento BC (4,0
cm).
Se dividirmos cada um dos lados proporcionais, ou seja, AD dividido por AB, AE dividido por AC e DE dividido por BC,
encontraremos em todos os casos o valor 2. Este valor indica que o segundo triângulo (ADE) é uma ampliação do primeiro
triângulo (ABC).
Assim, se o resultado da divisão dos lados correspondentes for igual a 1, dizemos que os triângulos são congruentes
(ou iguais).
Caso ele seja maior do que 1, teremos uma ampliação da figura original e se for menor do que 1, nós teremos uma
redução da figura original. Veja a ilustração abaixo:
42
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 12
Sabendo disso, fica fácil de você identificar em seu dia-a-dia se um triângulo é parecido (aumentado/diminuído) ou
igual a outro triângulo. Imagine a seguinte situação do dia-a-dia de uma construção:
PROBLEMA 4.2
Você será responsável por construir as janelas de uma casa – em formato de triângulo – e estas janelas devem ser
iguais. Como pode ter certeza de que a construção foi bem feita?
Para saber, na prática, se a construção foi bem feita basta você medir os respectivos lados de cada triângulo e encon-
trar a razão entre eles. Se ela der igual a 1 o seu objetivo foi cumprido com êxito, mas se ela der maior ou menor do que 1
deverá refazer ou checar com o arquiteto responsável se esta diferença não desagradará ao cliente.
Caso você queira ampliar ou reduzir um triângulo existente, basta você multiplicar cada medida dos seus lados por um
número maior do que 1 (ampliar) ou por um número menor do que 1 (reduzir).
Este processo de semelhança, além de ser muito útil em nosso dia-a-dia, é um conceito principal da Geometria, pois
permitirá a compreensão das relações entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo. Veja a situação a seguir:
PROBLEMA 4.3
Imagine uma grande corda dividida por nós. Quantos triângulos retângulos diferentes você poderá representar
com toda essa corda, de tal forma que em seus vértices sempre haja um nó?
Já deu para perceber que este problema não possui uma única solução. Pegue esta corda e separe de modo que em
cada pedaço haja sempre múltiplos de 12 nós, tais como 24, 36, 48, etc. Um dos triângulos possíveis com 12 nós, é o triân-
gulo formado com 3, 4 e 5 nós em seus respectivos lados.
Por volta de 1.700 a.C. foram encontradas, na Babilônia, tabelas contendo listas de ternas de números com a proprie-
dade de que um dos números quando elevado ao quadrado era igual à soma dos quadrados dos outros dois.
Exemplo: considere os números naturais 1², 2², 3², 4², 5²,... O exemplo mais famoso deste fato é justamente a Terna
Pitagórica, pois 3² + 4² = 5².
Os pitagóricos, aproveitando as listas dos babilônios, estudaram durante muitos anos a relação destas ternas com o
triângulo retângulo, cujos lados têm comprimentos a, b e c. De modo que encontraram a relação: a² = b² + c². E que ficou
conhecida como o Teorema de Pitágoras22.
22 Pitágoras (570 - 496 a.C.) foi um filósofo e matemático originário da ilha de Samos, no mar Egeu (costa da
Ásia Menor) que na época pertencia à Grécia. Retirado do site: http://www.filosofia.com.br
43
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 13 Ilustração 14
A partir desta relação é possível descobrir se um triângulo é retângulo ou não, pois se os lados respeitarem a igualdade
do teorema de Pitágoras então este é um indício que eles formam um triângulo retângulo.
Entretanto, conforme dito no inicio desse capitulo, os pedreiros tem uma maneira de afirmar que, duas paredes estão
no esquadro. Se você esticar 60 cm de uma corda, do encontro das duas paredes para a extremidade, e fazer o mesmo, mas
esticando 80 cm, a distância entre as duas extremidades será de 1m (100m)! Por quê?
Ilustração 15 Ilustração 16
Para resolver este tipo de problema, usando a matemática, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras no triângulo da
ilustração 16. Os catetos medem 60 cm e 80 cm e a hipotenusa é aquela que desejamos encontrar, assim:
Ilustração 17
Como pôde perceber até agora, a geometria está intimamente ligada com muitas questões do nosso cotidiano e a
partir dela, podemos descobrir caminhos mais fáceis para resolver os problemas do dia-a-dia ou até encontrar explicações
científicas para caminhos que já existem.
Para você ter uma idéia, através do Teorema de Pitágoras é possível recuperarmos o estudo de Áreas das figuras planas.
Acompanhe a ilustração a seguir:
44
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Diagonais
Ilustração 18
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Os artistas que criam esses ladrilhos sabem que polígonos possuem muitos lados. No ensino fundamental, trabalhamos
com a composição de área dos polígonos utilizando triângulos. O mesmo pode ser feito para se estudar as relações entre
os lados de alguns polígonos. Veja a ilustração a seguir:
Ilustração 21
O quadrado acima está dividido ao meio pelo segmento AC. Este segmento é chamado de diagonal, pois liga vértices
que não estão em seguida um do outro.
Além disso, cada um dos triângulos deste quadrado é um triângulo retângulo e, portanto, podemos dizer também que
a diagonal AC é a hipotenusa de um dos triângulos retângulos.
Assim:
Ilustração 22
Esta é a fórmula para se calcular a medida da diagonal de um quadrado com lados medindo L. Por exemplo, se o qua-
drado tiver lado medindo 8 centímetros, então a diagonal medirá . Como a raiz quadrada de 2 é aproximadamente
igual a 1,41 então temos que a diagonal mede aproximadamente 11,28 centímetros.
A diagonal pode ser aplicada em diversos contextos, mas o mais próximo do nosso dia-a-dia diz respeito ao tamanho
dos televisores. Veja a situação a seguir:
PROBLEMA 4.4
Como posso confirmar se as polegadas de um televisor estão corretas?
Segundo o INMETRO24, do adquirir um “televisor de 20 polegadas”, por exemplo, o consumidor poderia supor que a
tela do aparelho possui uma diagonal de 20 x 2,54 = 50,8cm. Isto porque, 1 polegada equivale a 2,54 cm. Essa medida,
entretanto, é a do tubo de imagem.
Ainda segundo relatório divulgado pelo INMETRO, em casa, ao efetuar a medição da tela visível, na diagonal, o consu-
midor obteria um valor aproximado de 48,0cm.
Essa diferença de 2,8cm a menos do que o esperado se torna maior à medida que se aumenta o tamanho da tela. Em
“televisores de 29 polegadas”, a diferença pode chegar a aproximadamente 5,0cm.
Entretanto, o instituto afirma que “os televisores de plasma ou LCD (telas de cristal líquido) possuem outro tipo de pro-
jeto e construção. E nestes modelos, o “tamanho” informado, em polegadas, corresponde à dimensão correta da diagonal
da tela”.
24 Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro - é uma autarquia federal,
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Retirado do site http://www.inmetro.gov.
br/inmetro/oque.asp.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Este é um dos exemplos onde encontramos o termo diagonal em nosso dia-a-dia. Um outro seria, o problema de se
verificar se duas paredes estão dentro de um esquadro. A diagonal formada entre as extremidades de cada linha é a hipo-
tenusa de um triângulo retângulo e, portanto, pode ser facilmente calculada através do teorema de Pitágoras.
Aqui se encerra o estudo de Geometria Plana e a partir daqui você aplicará os conceitos vistos até o momento durante
o estudo da Geometria Espacial.
Geometria Espacial
No ensino fundamental trabalhamos com um poliedro bem conhecido de todos: o Cubo. Citamos também outros
como: Tetraedro, Octaedro, Icosaedro. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nestes outros poliedros e conhecer
outros sólidos geométricos importantes tais como: Cone e Cilindro.
Em nosso dia-a-dia encontramos muitos objetos com o formato de sólidos geométricos: um vaso de plantas, um copo
de lápis, uma latinha de refrigerante, uma bola de futebol, dados, entre tantos outros. Veja as figuras a seguir:
O grupo formado pelos poliedros possui a característica de possuírem somente faces planas. Além das faces, cada po-
liedro possui também outras duas estruturas primárias: aresta e vértice. A aresta é a linha que contorna cada uma das faces.
E o vértice é o ponto de encontro de duas ou mais arestas. Observe a ilustração abaixo:
Ilustração 26
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Dentro do grupo dos poliedros, podemos ainda separa-los em outros dois grupos: PRISMAS e PIRÂMIDES. Veja abaixo
um exemplo de cada grupo:
Ilustração 27
Ilustração 28
Como as faces dos poliedros são formadas por polígonos, é possível calcularmos a área das faces usando apenas o
conhecimento obtido até o momento. Ou seja, se quisermos calcular a área das faces de algum prisma (área total), basta
encontrarmos a área de cada figura plana: triângulo, quadrado, retângulo, pentágono, etc. O mesmo acontecendo para as
pirâmides. Veja o exemplo a seguir:
Ilustração 29
48
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo:
Dado o prisma a seguir, se quisermos calcular a área total do mesmo, teremos que calcular a área de cada uma das
faces e depois somá-las:
As bases ABCD e EFGH são compostas por quadrados, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo de área de um
quadrado (A = lado × lado) e multiplicar por 2, pois são duas áreas com o mesmo valor:
Área de cada base = 4 × 4 = 16cm²
Área das bases = 16 × 2 = 32cm²
Já as faces ADEH, ABEF, BCFG e CDGH são compostas por retângulos, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo
de área de um retângulo (A = base × altura) e multiplicarmos por 4, pois são 4 faces com o mesmo valor:
Mas o cálculo de volume em poliedros requer cuidado, pois teremos formas diferentes de encontrar o volume tanto
nos prismas quanto nas pirâmides.
Acompanhe o exercício a seguir para compreender melhor qual é o processo de cálculo do volume de um prisma:
PROBLEMA 4.5
Em uma residência existem ainda algumas caixas de água em formato cúbico.
Imagine que saibamos quais são as dimensões das arestas desta caixa de água.
E calcule o volume de água que pode ser armazenado dentro da mesma.
Como a nossa caixa de água possui o formato de um cubo (ou seja, um tipo de prisma), vamos recordar com era o
processo usado por nós para calcular o volume deste prisma:
Neste caso, ficará fácil calcular o volume desta caixa de água, pois sabemos as dimensões (comprimento, largura e al-
tura) da mesma. Agora, olhando atentamente para esta fórmula, podemos encontrar uma relação que nos será de extrema
importância para o cálculo de volume em prismas, e consequentemente, em pirâmides.
O comprimento e a largura formam a base de qualquer prisma. Sendo assim, podemos reformular esta expressão in-
dicando o valor da área da base:
V = Área da Base × Altura
Esta será a nova maneira de se calcular o volume de um prisma. Mas por quê?
Considere a base como sendo uma folha de papel, destas que usam nas impressoras, a qual é colocada sobre uma
em cima da outra, até atingir uma altura escolhida. O volume nada mais é do que a soma das alturas de cada uma dessas
folhas, ou o mesmo que a multiplicação da altura de uma folha pela quantidade de folhas que estão empilhadas. Veja a
ilustração a seguir:
Ilustração 30
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 33
a) 10m
b) 50m
c) 26m
d) 32m
e) 45m
Ilustração 31 Solução da atividade 1:Para resolver esta atividade bas-
Imagine uma pirâmide e um prisma (tal como da figu- ta usar o Teorema de Tales: . Multiplicar o número
ra acima) que possam ser completados com algum líquido
colorido. Essa pirâmide possui uma base com o mesmo ta- 30 por 13 e multiplicar o 15 por x, obtendo uma equação do
manho da base do prisma. Ambos terão também a mesma
altura em relação à base. Se enchermos somente a pirâmi- tipo 15x = 390. Esta equação dará como resultado x = 26m.
de e depois despejarmos o conteúdo dela no prisma, des-
cobriremos por experimentação que o volume inteiro da
Resposta: Alternativa C.
pirâmide caberá dentro de 1/3 do volume total do prisma.
Faça em casa!
Podemos concluir então, que o volume de qualquer pi- Atividade 2: Uma árvore de 4,5 metros de altura – com
râmide é dado por: uma copa aproximadamente esférica – recebendo a luz do Sol
em um determinado horário do dia, projeta uma sombra de
5,0 metros de comprimento no chão. Ao mesmo tempo, um
rapaz de 1,7 metros de altura – em pé ao lado desta mesma
árvore – tem a sua sombra projetada no chão com um com-
primento desconhecido. Qual das alternativas a seguir mais se
Ilustração 32 aproxima do comprimento da sombra do rapaz:
50
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Solução da atividade 3:
Para resolver esta atividade, vamos considerar o triân-
gulo retângulo formado e já desenhado na figura e aplicar
o teorema de Pitágoras. A medida de 5 metros diz respeito
à medida da hipotenusa, a medida de 3 metros diz respei-
to a medida de um dos catetos. O que devemos descobrir
é quanto vale o outro cateto, logo:
Ilustração 35
Ilustração 38
Resposta: Alternativa A.
Solução da atividade 4:
Para resolver esta atividade, vamos recordar que uma
piscina possui profundidade, logo esta caixa retangular a
que o enunciado se refere nada mais é do que um prisma
de base retangular, tal como mostra a figura a seguir:
Ilustração 37
51
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 39
a) O ladrilho citado no enunciado do exercício tem o formato de um quadrado, tal como o quadrado a seguir:
Ilustração 40
Ilustração 41
Ilustração 42
52
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
As áreas de cada região, representadas pelas paredes (2, 3, 4, 5) e pelo chão (1), estão calculadas a seguir, repare que
algumas são iguais (porque será?):
Ilustração 43
O total de lona necessário será a soma destas áreas, portanto, 162 m².
c) Para calcular o volume total da piscina, basta lembrarmos que se trata de um prisma de base retangular e para isto
usaremos a fórmula para o cálculo de volume de prismas. Logo, V = 96 × 1,5 = 144 m³.
d) Se cada ladrilho custa hoje R$ 25,00 por metro quadrado. E sabemos pela letra A que usaremos 18,24 metros qua-
drados de ladrilho. Portanto, o total gasto com ladrilhos será de: 25 × 18,24 = 456 reais.
Ilustração 44 Ilustração 45
Na ilustração 45 podemos verificar que o segmento AB somente será paralelo ao segmento HG quando tivermos o
plano destacado em cinza que contém os dois segmentos. O mesmo raciocínio pode ser feito para retas perpendiculares
e concorrentes.
No entanto, no espaço podemos considerar também a existência de retas reversas, que são chamadas assim quando
não possuírem intersecção e não existir um único plano que as contenha. Observe a figura a seguir:
Ilustração 46
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 47
Pitágoras nasceu na Grécia e ao que tudo indica recebeu instrução matemática e filosófica de Tales. Viajou pelo Egito, Ba-
bilônia e Índia e ao retornar para a Grécia, fundou a Escola Pitagórica, dedicada a estudos religiosos, científicos e filosóficos. A
ele foram atribuídas várias descobertas a respeito das propriedades dos números inteiros e do teorema que leva o seu nome.
Em determinadas situações, o teorema de Pitágoras nos possibilita trabalhar com a geometria plana enquanto estudamos a
geometria espacial. Por exemplo, quando desejamos encontrar o valor da diagonal de um cubo, podemos aplicar o teorema de
Pitágoras. Veja figura a seguir:
Ilustração 48
O estudo de geometria plana deste ponto de vista ajuda você a construir e a entender como utilizar as ferramentas
básicas para compreender, estudar e investigar mais sobre a geometria espacial.
No cálculo de áreas, vimos que pode ser aplicado o mesmo raciocínio usado no plano, só que para cada face de um
poliedro (veja a atividade número 4). O volume seria então, seguindo esta mesma linha de pensamento, a soma das áreas
de cortes finíssimos ao longo de um sólido.
Encerra-se aqui nosso estudo de geometria no ensino médio. Agora você encontrará alguns exercícios que servirão
de preparação para as provas que virão bem como para que você possa verificar se assimilou os conceitos trabalhados na
geometria.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
AGORA É A SUA VEZ... Atividade 9. Qual o volume de uma pirâmide que pos-
Atividade 1. Calcule a altura de uma torre de trans- sui um quadrado com 10 cm de lado em sua base e uma
missão de ondas para celular, sabendo que um homem altura de 9 cm?
com 1,75 metros de altura está a 8,4 metros de distância
do pé da torre e que a sombra do homem projetada no Atividade 10. O perímetro26 de um quadrado é 20 cm.
chão mede 4,2 metros. Determine a medida de sua diagonal. Use
Atividade 2. Em uma empresa existe uma escada de HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU!
acesso para o refeitório dos funcionários. Esta escada feita 1) Altura da torre igual a 5,25 metros.
de concreto possui 7 metros de comprimento na horizontal 2) O comprimento aproximado da rampa de acesso é
e 4 metros de altura. Como forma de se adequar à lei de de 8,1 metros.
acessibilidade cujo primeiro artigo diz: “Esta Lei estabelece 3) O outro lado mede 10,8 centímetros.
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessi- 4) A área é igual a .
bilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobi- 5) A área da frente da casa é de 122,5m².
lidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obs- 6) A pirâmide possui 5 vértices, 5 faces e 8 arestas.
táculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na 7) O volume é de 2,25 metros cúbicos.
construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte 8) Serão pintados 10,5 metros quadrados da caixa de
e de comunicação.” A empresa contratou os serviços de um água.
engenheiro para construir uma rampa de acesso junto com 9) O volume da pirâmide será de 300cm³.
a mesma, mas sem destruir a escada existente e sem mexer 10) A medida da diagonal será de 5,6 centímetros.
em suas dimensões. Calcule o comprimento desta rampa.
PRA FIM DE PAPO!
Atividade 3. Se um dos lados de um retângulo mede Caro Aluno,
10 cm. Qual deve ser a medida do outro lado para que a
área deste retângulo seja igual a área do retângulo cujos
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
lados medem 9cm e 12cm?
H1 - Identificar e interpretar fenômenos de qualquer
natureza expressos em linguagem geométrica.
Atividade 4. Qual é a área de um retângulo cuja base
H2 - Construir e identificar conceitos geométricos no
mede S e a diagonal mede D?
contexto da atividade cotidiana.
H3 - Interpretar informações e aplicar estratégias geo-
Atividade 5. A frente de uma casa tem a forma de um
métricas na solução de problemas do cotidiano.
quadrado com um triângulo retângulo isósceles em cima.
Se um dos catetos do triângulo mede 7 metros, qual é a H4 - Utilizar conceitos geométricos na seleção de ar-
área da frente desta casa? gumentos propostos como solução de problemas do co-
tidiano.
H5 - Recorrer a conceitos geométricos para avaliar pro-
postas de intervenção sobre problemas do cotidiano.
Ilustração 49
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO?
Se formos pensar nas diversas situações descritas an-
teriormente, poderíamos pensar, que unidades de medi-
da usar para cada uma delas e ainda, qual instrumento de
Várias versões existem para explicar o aparecimento da medida utilizar. Como por exemplo: a régua, o metro, o
jarda: no norte da Europa, supõe-se que era o tamanho da transferidor, o velocímetro e outros.
cinta usada pelos anglo-saxões e no sul seria o dobro do Veja que para cada grandeza que vai ser medida existe
comprimento do cúbito dos babilônios. Seu valor também um instrumento diferente e próprio para tal.
pode ter sido determinado por Henrique I (reinou na Ingla- Vejamos algumas situações:
terra de 1100 a 1135), que teria fixado o seu comprimento
28 Informações retiradas do site: http://www.fisica.
27 Adaptado do Livro: A Conquista da Matemática, net/unidades/pesos-e-medidas-historico.pdf. Acessado
5ª série. Editora FTD. São Paulo. 2002. em 10 de maio de 2009.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Bom, temos que nos recordar neste problema do cálculo de área, você se lembra?
Pois bem, neste caso a parede tem a forma retangular, então a área é dada por: A= base x altura.
Portanto:
A= 7 . 2,75= 19,25 m²
Como uma lata é suficiente para pintar 10 m², temos que duas latas pintam 20 m². Então para pintar 19,25 m², duas
latas são suficientes.
4) Um disquete de computador mede 3 polegadas. Sabendo que 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, qual
é a medida do disquete em centímetros?
Neste exercício temos que fazer a conversão de unidades: de polegadas para centímetros.
Acompanhe:
1 polegada 2,54 centímetros
3 polegadas x
Para efetuar os cálculos, vamos usar no lugar de 3 , a sua representação decimal, ou seja, 3,5 polegadas.
Então, usando regra de três simples:
1.x = 3,5 . 2,54
x= 8,89
Portanto, a medida do disquete é 8,89 centímetros.
5) Sabemos que há televisores de vários tamanhos e estes são indicados por polegadas. E você sabia que essa medida
refere-se à medida da diagonal da tela?
De acordo com essa informação, vamos calcular:
a) Qual a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 14 polegadas?
Devemos fazer a conversão das unidades.
Se 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, então:
1 polegada 2,54 centímetros
14 polegadas x
Usando a regra de três simples:
1.x = 14 . 2,54
x= 35,56
Portando, a medida é 35,56 centímetros.
31 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.
32 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Hoje em dia são muito usadas unidades correspondentes a múltiplos e submúltiplos dessas unidades e outras, como
por exemplo:
quilômetro Km 1 km = 1000 m
decímetro dm 1 dm = 0,1 m
Comprimento
centímetro cm 1 cm = 0,01 m
milímetro mm 1 mm = 0,001 m
Grau °
1°= rad
segundo ”
1” = ’= rad
Tonelada T 1 t = 1000 kg
Massa
Grama G 1 g = 0,001 kg
Note que, nesta última tabela, temos várias unidades que conhecemos, como as unidades de comprimento, tempo,
volume e massa, que foram derivadas de suas relações com aquelas unidades padrões do Sistema Internacional.
A seguir, vamos acompanhar algumas unidades de medidas.
59
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Assim, tendo formado uma figura tridimensional com a medida de 1 m de aresta, temos:
Ilustração 2
33 Textos adaptados do livro: Matemática Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz, Editora
60
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Arco maior: Arco ADB Podemos dizer que um arco de um radiano (1 rad) é
Ângulo central AÔB um arco cujo comprimento retificado é igual ao raio da cir-
cunferência, ou seja, se temos um ângulo central de medi-
Contudo, temos que a medida de um arco é a medida da um radiano, então ele subtende um arco de medida um
do ângulo central que o subtende, independentemente do radiano (lembre que a medida do arco é igual à medida do
raio da circunferência que contém o arco. Como unidade ângulo central) e comprimento de 1 raio. Assim, se temos
de medida do arco usa-se o grau e o radiano. Já o com- um ângulo central de medida 2 radianos, então ele sub-
primento do arco, é a medida linear do arco, sendo usadas tende um arco de medida 2 radianos e comprimento de 2
como unidades de medida o metro e o centímetro. raios. Agora, se tivermos um ângulo central de medida α
Explorando um pouco mais essas medidas de arco... radianos, então ele subtende um arco de medida α radia-
Existem dois tipos de medições desses arcos: a medida nos e comprimento de α raios. Assim, ℓ = α r se a medida
linear, que consiste em medir o comprimento entre suas α do arco for dada em radianos.
extremidades e a medida angular, que consiste em calcu- Relacionando o comprimento ℓ e a medida α (em
lar a medida do ângulo central correspondente a esse arco. graus) do arco, temos que:
As unidades usadas para determinar esse ângulo são o
grau e o radiano. Vejamos com mais detalhes essas uni- α= , ou seja, α é o número de vezes que r “cabe” em ℓ.
dades de medida.
Vale ressaltar que a medida angular de um arco, em
O grau
radianos, só é numericamente igual ao comprimento desse
O grau é definido pela divisão da circunferência em
360 partes iguais. Cada uma dessas partes equivale a um arco se r = 1.
grau (1°), portanto, em uma circunferência temos 360°.
Podemos conhecer também os múltiplos e submúlti- E ainda: ℓ = . 2πr, pois = . Com α em
plos do grau, que servem para os casos em que a medida
de um ângulo não for um número inteiro de grau, ou seja,
a medida é menor que um grau inteiro. São eles: o minuto radianos, temos: ℓ = αr, pois = .
e o segundo.
Fazendo a conversão de graus para radianos, temos:
61
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 1: Transforme:
a) 3m + 400 cm em centímetros;
b) 140 mm em metros;
c) 80 g em quilogramas;
d) 1h + 30 min em segundos;
Atividade 2. Usando uma régua, como você mediria a espessura de uma folha de um livro com a maior precisão possível?
Atividade 3. Pense em alguns acontecimentos... Faça uma lista de fatos relacionando as unidades que foram usadas
para marcar esse tempo, tais como: dias, meses, semanas, anos, séculos... analise o fato que diferentes acontecimentos
exigem uma unidade diferente.
Atividade 4. Qual é a distância entre a Terra e o Sol, em anos-luz, sabendo-se que essa distância expressa em metros
é de, aproximadamente, 150 000 000 000?
a) rad
b) rad
c) rad
34 Atividade retirada do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª série). Editora responsável: Juliane Matsubara
Barroso. Organizadora: Editora Moderna.2006.
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Conheça algumas relações entre unidades de medida HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU
de armazenamento de dados usadas na informática.
1 Kilobyte ou Kbyte ou KB é igual a 1 024 bytes. 1. a) 700 cm
1 Megabyte ou Mbyte ou MB é igual a 1 024 Kilobytes. b) 0,14 m
1 Gigabyte ou Gbyte ou GB é igual a 1 024 Megabytes. c) 0,08 kg
1 Terabyte ou Tbyte ou TB é igual a 1 024 Gigabytes. d) 5400 s
A capacidade de armazenamento de dados de um dis-
quete é de 1,44 MB e a de um CD é de 740 MB. Quantos 2. Medindo a espessura do livro (exceto as capas) e
disquetes seriam necessários para armazenar todos os da- dividindo o resultado pelo número de páginas.
dos de um CD?
3. Resposta pessoal. Pesquisa.
Atividade 1135. Nas olimpíadas, uma das provas de ci-
clismo é chamada “estrada contra o relógio”. Nela, os ciclis- 4. 0,0000158 anos-luz ou, em notação científica, 1,58
tas largam um de cada vez, em intervalos de 90 segundos, . 10-5 anos-luz.
para percorrer uma distância de 45 800 metros. Quem faz
o menor tempo ganha a corrida.
a) Se o primeiro ciclista sair às 9h 45min 24s, a que 5. a) rad
horas sairão o segundo e o terceiro ciclistas?
b) Associe o tempo dos três primeiros colocados ao
respectivo lugar no pódio: b) rad
• Fábio demorou 1 hora, 1 minuto e 57 segundos
para completar a prova;
• César demorou 3719 segundos; c) rad
• João demorou 61 minutos e 58 segundos.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Cobertura:
1. Misture bem numa tigela o leite de coco, o
leite e o leite condensado
2. Reserve
3. Assim que o bolo tiver assado, retire do for-
no e fure toda a sua superfície com garfo ou faca, assim a
cobertura penetrará bem
4. Com o bolo ainda quente e já furado despe-
je a cobertura sobre ele
5. Salpique o coco ralado por cima
6. Leve à geladeira por aproximadamente 3
horas
36 Receita extraída de http://tudogostoso.uol.com.
br/receita/2313-bolo-gelado.html. Data: 07 de Fevereiro
de 2009.
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7. Corte o bolo em quadradinhos do tamanho que preferir e embrulhe com papel alumínio
8. Conserve na geladeira
9. Se o leite tiver fresquinho o bolo pode durar até 1 semana, isso se não acabarem com ele bem antes
Observe no início da receita o seu rendimento. Caso quisesse aumentar o número de porções para 24, qual seria a
quantidade de ingredientes para o bolo completo?
E se desejasse fazer a metade da receita, quantas porções e qual a quantidade de ingredientes necessários para a pro-
dução?
Qual a relação entre a quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos?
Bom, é simples querer fazer um bolo com 24 porções. Afinal, a receita anterior indica que o rendimento é de 12 por-
ções. Para se produzir uma receita com 24 porções, basta multiplicar por 2 todos os ingredientes. E para produzir 6 porções,
é só dividir a quantidade de ingredientes por 2. Assim, temos:
Também é questionada a relação da quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos. Note que, na receita princi-
pal, são 2 xícaras de açúcar para 4 ovos.
Essa análise pode ser feita também com as outras receitas: para a receita de 24 porções, são 4 xícaras de açúcar para 8
ovos e, na de 6 porções, é uma xícara para 2 ovos.
O que você notou nas quantidades em cada uma das relações anteriores?
Veja que a relação entre a quantidade de açúcar e o número de ovos, independente da quantidade empregada, é sem-
pre a mesma: o número de ovos é sempre o dobro da quantidade de xícaras de açúcar (ou o contrário, a quantidade de
xícaras de açúcar representa a metade da quantidade de ovos).
Podemos escrever essas conclusões em uma tabela, para verificando a relação entre a quantidade de açúcar e ovos:
Utilizando uma linguagem matemática, podemos reescrever os valores que estão na tabela na forma de fração:
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Decisão da Justiça
O exame foi suspenso em dezembro de 2007, dois dias antes da aplicação, por suspeita de fraude. Neste ano, a Polícia
rescindiu o contrato com o NCE (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro), então
organizador do concurso, e repassou a execução para o Cespe. Estavam inscritos mais de 122 mil candidatos.
As inscrições para o concurso foram reabertas em 28 de julho e se encerraram em 13 de agosto, obedecendo à decisão
da 2ª Vara Federal em Cuiabá (MT). A Justiça atendeu pedido do MPF (Ministério Público Federal), que, por meio de
ação civil pública, identificou irregularidades na seleção.
No edital de abertura, a polícia pedia, como requisito para tomar posse do cargo, apresentação de certidão negativa
de protesto de título em um período de cinco anos e teste de gravidez para as mulheres. Agora, a Polícia ainda pede
certidões, mas não mais negativas.
Nova avaliação.
As provas objetivas e de redação terão a duração de quatro horas e 30 minutos. Os exames, obedecendo ao primeiro
edital, terão 80 questões de múltipla escolha.
A primeira fase do concurso público terá ainda exame de capacidade física, exames médicos e avaliação psicológica.
A segunda fase será o curso de formação profissional.
É recomendável confirmar datas e horários para se prevenir de alterações posteriores à publicação deste texto.
Outros dados podem ser obtidos no site da instituição organizadora, o Cespe.
Após a leitura da reportagem, fica claro o que significa 504 candidatos/vaga? O que representa? Como se obtém esse
valor?
ASSIM OU ASSADO?
Na reportagem anterior, é questionando o significado de 504 candidatos/vaga. Em um concurso para o estado de Mato
Grosso do Sul, com 74.318 candidatos, disputando 146 vagas, quando relacionamos as grandezas quantidade de candidatos
e quantidade de vagas, obtemos:
Essa relação é chamada de razão. Nesse caso, temos a razão entre o numero de candidatos e o numero de vagas dis-
poníveis. Uma razão é uma fração, que representa também uma divisão. Então temos:
74318: 146 509,027
Esse número representa o número de candidatos disputando uma vaga! Realmente, esse concurso foi muito disputado!
Na primeira situação proposta no capítulo, vimos a relação entre a quantidade de açúcar e ovos na receita do Bolo
37 Retirado de http://noticias.uol.com.br/empregos/ultnot/2008/09/05/ult880u7352.jhtm. Data 07 de Fevereiro
de 2009.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Gelado. A relação também é uma razão, pois há uma comparação entre as grandezas (tudo o
Quando estabelecemos uma igualdade entre duas razões, podemos afirmar que há uma proporção.
Um exemplo de proporção é:
38
Observe a promoção anunciada por um feirante:
“Aproveite! Quatro carambolas por apenas 3 reais”.
Calcule o preço de:
a) 6 carambolas
b) 10 carambolas
c) 15 carambolas
a quantidade de carambolas e o valor a ser pago, em reais. No problema, o feirante diz que são 4 carambolas por 3 reais.
Assim, a razão é: (Lê-se: quatro para três). Agora, caso uma pessoa queira comprar 6 carambolas, temos a seguinte
situação:
Quantidade de Carambolas 4 6
Note que é preciso descobrir quanto a pessoa pagará por 6 carambolas. Usando o raciocínio de proporção, sabemos
que, ao comprar 2 carambolas, uma pessoa pagaria R$ 1,50 ( afinal, é a metade!) Assim, por 6 carambolas, uma pessoa
pagará, no total, R$ 4,50. Será que não haverá outras maneiras para representar essa situação? Nesse capítulo, veremos
diversas situações em que o cálculo que realizamos agora, não será tão simples assim...
Como a relação entre elas é constante, podemos afirmar que . Uma propriedade interessante que ocorre
38 Problema retirado de Matemática – 6ª série: Coleção Idéias e Relações. Autores: Cláudia Miriam Tosatto,
Edilaine do Pilar F. Peracchi e Voleta Stephan. Editora Positivo, 2005, 2ª Edição.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Note que o valor 1,50 é multiplicado por 4, para encontrar 6, e o mesmo ocorre com o 3, que ao ser multiplicado por
1,50, obtém 4,50. Isso sempre acontece em relações de proporcionalidade direta. Veremos a seguir o que isto significa.
Em uma indústria, certa máquina produz 250 peças por hora. Quantas horas essa mesma máquina terá de trabalhar
para produzir 1500 peças?
Vamos dispor as informações em uma tabela, relacionando as grandezas quantidade de peças e tempo:
Alguns questionamentos... Se eu aumentar a quantidade de peças o que deve acontecer com o tempo? Vai levar mais
ou menos tempo para produzir 1500 peças?
Como levará mais tempo, podemos afirmar que a relação entre a produção de peças e o tempo é de uma proporciona-
lidade direta, ou ainda, que as grandezas quantidade de peças e tempo são diretamente proporcionais. Podemos encontrar
o tempo necessário para produzir 1500 por diversas maneiras. Uma delas é verificar por quanto devo multiplicar 250 para
obter 1500:
Logo, o tempo necessário para produzir 1500 peças será de 6 horas. Mas, não é a única forma de encontrar o tempo...
Podemos, a partir de uma propriedade existente nas proporções, a qual chamamos de Regra de Três, obter o mesmo re-
sultado.
Reescrevemos os valores presentes na tabela, dispostos em frações (ou razões):
Chamamos de Regra de Três, pois temos três valores e estamos à procura do 4 º valor, o qual representamos por x (o
número a ser descoberto).
O procedimento é “multiplicar os valores em cruz”, isto é, multiplicamos os valores extremos e os valores dos meios.
Como isso funciona?
x=
x=6
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
A partir da tabela a seguir, poderemos descobrir quanto cada um dos ganhadores receberá:
ficará assim:
Assim, podemos utilizar a regra de três quando a proporcionalidade for inversa. A proporcionalidade inversa também
pode ser chamada por grandezas inversamente proporcionais.
Apesar das situações apresentadas serem referentes à proporcionalidade, nem tudo tem proporção. Por exemplo, uma
criança que possui uma idade de 9 anos possui uma altura de 1,35m. Quando ela tiver 18 anos, qual será a sua altura?
Note que, no problema, somos levados a pensar que, ao dobrar a idade (de 9 anos para 18), encontraremos uma altura
que corresponda ao dobro da sua altura atual (de 1,35m para 2,70m), o que seria um absurdo.
Imagine a altura dessa pessoa quando tivesse seus 81 anos...
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Porcentagem
A porcentagem, já estudada no Ensino Fundamental, pode ser interpretada como sendo uma razão. Sabe-se que a
porcentagem é uma razão entre a parte e o todo (os 100%).
Por exemplo, quando você se depara com a seguinte manchete:
“ De cada três matérias produzidas no Congresso, apenas uma tem relevância39”, qual será a porcentagem de
matérias que não tem relevância para o país?
Como há uma matéria relevante para cada três matérias produzidas, têm-se duas matérias irrelevantes. Para encontrar
a porcentagem que essas matérias irrelevantes representam, é preciso relacioná-las como razão:
Duas matérias em um total de três matérias é o mesmo que (dois para três).
Matérias Porcentagem
3 100
2 X
3x = 2 . 100
3x = 200
x=
x = 66,66...%
. Assim, corresponde a 66%, isto é, em um grupo de 100 matérias produzidas pelo Congresso Nacional,
A seguir, a manchete de uma outra reportagem trata da crise econômica mundial, iniciada no final do ano de 2008:
“Crise afeta oito em cada dez empresas brasileiras, diz pesquisa da CNI40”
Podemos utilizar o mesmo raciocínio para encontrar a porcentagem. Se, de cada 10 empresas, 8 são afetadas pela crise,
70
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
dor foram multiplicados por 10), descobrimos que 80 % das empresas brasileiras foram afetadas pela crise.
Empresas Porcentagem
10 100
8 X
10x = 8 . 100
10x = 800
x=
x = 80%
No cotidiano, encontramos diversas situações que envolvam grandezas proporcionais e porcentagem. Mais ainda,
quando envolve cálculos no comércio e no mercado financeiro, pois a partir da porcentagem, é possível calcular os juros
cobrados quando se realiza o financiamento de mercadorias, ou ainda, para saber o rendimento obtido a partir de investi-
mento realizado na caderneta de poupança.
Um exemplo disso é o problema a seguir:
(CESU/2007) Luis aplicou R$ 2.500,00 à taxa de 2% ao mês, durante 5 meses. Considerando um regime de juros simples,
ele receberá, de juros,
a) R$ 145,00
b) R$ 300,00
c) R$ 350,00
d) R$ 250,00
No problema, aparece a expressão “juros simples”. Quando se trata desse tipo de juros, o rendimento é calculado a
partir do capital inicialmente investido.
O capital é de C = 2500, os juros são de 2% ao mês e o tempo em que o dinheiro ficará investido é de 5 meses.
Calculemos 2% de 2500.
2% de 2500 = . 2500 =
= 50
Assim, renderá R$ 50,00 por mês. Em um total de 5 meses, o rendimento obtido foi de
5 . R$ 50,00 = R$ 250,00
Resposta: Alternativa D.
Entretanto, não é bem assim que os juros são calculados na maior parte das vezes. A caderneta de poupança é um
exemplo disso.
Vamos supor que uma pessoa investiu R$ 3000,00 na caderneta e o rendimento mensal seja de 1% ao mês.
Ao final do primeiro mês, o valor que constará na caderneta será de:
1% de 3000 = . 3000 =
71
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
No final do segundo mês, os juros serão calculados pelo valor total que estiver na poupança, isto é, do valor investido
mais os juros do 1º mês:
1% de 3030 = . 3030 =
(LEMBRE-SE! 1% = )
Como o Montante representa o capital somado com os juros, podemos escrever uma fórmula:
Como esse cálculo é realizado com juros sobre juros, chamamos de juros compostos.
Note que há um fator de aumento, que é constante, no cálculo dos juros compostos.
Para encontrar 3030 basta calcular 3000.(1 + 0,01) = 3000.(1,01)
Para encontrar 3060,3 basta calcular 3000.1,01.(1,01) = 3000 (1,01)2
Para encontrar 3090,903 é só calcular 3000.(1,01).(1,01)2 = 3000(1,01)3.
Assim, podemos dizer que o cálculo do montante no caso de juros compostos pode ser feito a partir da fórmula:
M = C(1 + i)t
Se a caderneta de poupança fosse corrigida pelo regime de juros simples, o investidor obteria menor rendimento.
Abaixo, a tabela apresenta os juros em cada um dos regimes:
Primeira maneira de resolver é procurar encontrar quantas vezes aumentou a quantidade de farinha (de 0,5 para 2,5).
Note que 0,5 . 5 = 2,5kg.
Assim, multiplicamos 2 por 5, obtendo 10 xícaras de óleo.
Uma outra maneira de resolver o problema é reescrever a tabela acima na forma de Regra de Três.
72
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
x= 25 . x = 320 . 100
3 x = 120
x=
Como as grandezas são inversas, antes de resolver, faze-
x = 40 mos a “inversão” de uma das frações: escolhi a segunda fração.
73
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
5) Observe o mapa do estado do Paraná abaixo e as distâncias entre algumas de suas cidades:
Conforme está indicado no canto inferior esquerdo do mapa, cada 1 cm no mapa representa 78 km de distância na
realidade. Essa escala também pode vir indicada da seguinte forma: 1: 7.800.000 (significa que, para cada 1 cm do mapa
corresponde, na realidade a 7.800.000 cm ou a 78 km).
Conforme indicado no mapa, a distância entre Cascavel e Curitiba é de 56 mm. Qual seria a distância real entre as duas
cidades?
Como cada cm do mapa representa 78 km na realidade, podemos estabelecer uma proporção entre as medidas do
mapa e as distâncias reais. Sabendo que a distância dada entre as duas cidades, no mapa está em milímetros, transforma-
remos esses valores para centímetros:
Como as grandezas envolvidas são diretamente proporcionais, podemos aplicar a Regra de Três:
1 . x = 5,6 . 78
x = 436,8 km
Podemos afirmar que, em linha reta, a distância entre as cidades de Cascavel e Curitiba é de, aproximadamente 436,8
km.
No mapa, temos aproximações e essas distâncias correspondem em linha reta. Ao pensarmos na distância ao ser per-
corrida de carro ou de ônibus, isso muda, pois o caminho das rodovias não é retilíneo.
Ao verificarmos no site do DNIT42 (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de transportes), a distância aproximada
entre as duas cidades é de 498 km. Apesar da diferença de mais de 60 km, temos uma aproximação razoável, podendo
diminuir essa diferença com um mapa que utilize uma escala mais detalhada e adequada.
6) A densidade demográfica é a razão entre o número de habitantes de determinada região e a área que essa popu-
lação está inserida. Esse é um dos cálculos usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para saber se
uma região é povoada.
Segundo dados do último censo demográfico do IBGE em 2000, a população de alguns dos estados do Brasil e a sua
área territorial são43:
41 Mapa extraído de Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr. 6ª série.
Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005, p. 251.
42 http://www1.dnit.gov.br/rodovias/distancias/distancias.asp
43 Tabela adaptada do livro Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr.
6ª série. Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Dos estados que constam na tabela, qual deles é o mais populoso? E o mais povoado? E o estado menos povoado?
Para saber qual é o estado mais populoso, basta conferir aquele que possui a maior população. Nesse caso, São Paulo
possui a maior população (36.969.476 habitantes).
Para encontrar o estado mais povoado, é preciso encontrar a densidade demográfica de cada um deles, isto é, a razão
entre a população de cada estado e a área de seu território.
Densidade Demográfica =
Amazonas: habitantes/km2
Ceará: habitantes/km2
Assim, podemos dizer que São Paulo também representa, dentre os estados presentes na tabela, aquele que possui a
maior densidade demográfica, isto é, o maior número de habitantes por km2. Logo, São Paulo é um estado bem povoado.
Já o estado do Amazonas possui a menor densidade demográfica, isto é, é o estado menos povoado dos cinco citados
na tabela. Apesar de possuir população superior ao do estado de Mato Grosso do Sul, possui um território quase cinco
vezes maior! Por isso, um estado pouco povoado!
75
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 346
76
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
4) 60 minutos
5) 8 torneiras
6) 38,6 litros
7) B
8) C
9) R$ 480,00
10) R$ 3183,62
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Um matemático do século XVII, René Descartes, reelaborou a Geometria Euclidiana a partir de um olhar algébrico:
surgia a Geometria Analítica. A Geometria Euclidiana leva esse nome por conta de Euclides, matemático grego, que viveu
por volta do ano 300 a.C.
A geometria organizada por ele nos Elementos, obra que sistematiza toda a Geometria Plana a partir do uso de teore-
mas e demonstrações que não tinham o uso da Álgebra para justificar. A construção geométrica, a partir do uso da régua e
compasso era usual. Com Descartes, foi um avanço relacionar a Geometria à Álgebra, abrindo possibilidades de desenvol-
vimento de outras áreas e ciências.
Abaixo, encontra o sistema de eixos cartesianos. Leva esse nome em homenagem ao seu criador, Descartes. Ele apre-
senta dois eixos perpendiculares (formam ângulo reto) e atribui valores às partes desse eixo:
Ao eixo horizontal, ele atribui o nome de abscissa (ou de eixo x) e ao eixo vertical, o nome de ordenada (ou eixo y).
Assim, a localização de um ponto no plano se dá da seguinte maneira:
Por exemplo, gostaríamos de localizar os pontos A(2,3) e B(3,2). O ponto A está indicando no eixo horizontal (eixo X) o valor
2 e, no eixo vertical (eixo Y), está indicando o valor 3.
Acompanhando a localização do ponto B, o valor indicado no eixo horizontal (X) é 3 e o valor no eixo vertical (Y) é apre-
sentado o valor 2. Como pode acompanhar abaixo no plano cartesiano, os dois pontos referem-se a “lugares” diferentes
no plano.
Ilustração 2
Assim, o ponto A(2,3) é diferente do ponto B(3,2), afinal os pontos ocupam diferentes posições no plano. Desta forma, quando
temos a localização de um ponto no plano cartesiano, é preciso tomar o cuidado de não trocar as coordenadas referentes ao eixo
x e ao eixo y. Para representar um ponto no plano, a partir de uma convenção matemática, que sempre indicamos primeiramente
o valor referente ao eixo horizontal (X) e depois, indica-se o valor do eixo vertical (Y).
49 Imagem extraída de www.somatematica.com.br/fundam/paresord.phtml.
79
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Conhecendo o plano cartesiano, podemos representar de outra maneira aquele problema inicial, sobre o vendedor que
ganhava um salário sobre o valor vendido em mercadorias.
A partir da organização dos dados em uma tabela e a obtenção de uma fórmula, podemos elaborar um gráfico que
mostra a relação do salário recebido e o número de dias trabalhados.
Para construir o gráfico, será preciso relacionar as informações que temos com o plano cartesiano... Como os dias re-
presentam a variável independente, eles serão relacionados ao eixo x e o salário será relacionado ao eixo y, por representar
a variável dependente. Para construir o gráfico, será necessário escrevermos esses valores como pontos do plano. Assim,
caso o vendedor não vendesse nenhum real, não receberia salário.
Ao vender R$ 15000,00, ele recebe R$ 500,00 de salário. Temos como um ponto do plano (15000 ; 500), isto é, tem
valor de x é igual a 15000 e valor de y igual a 500. Ao vender R$ 25000,00 tem um salário de R$ 750,00. Logo, o ponto a ser
representado no plano é (25000; 750).
Nesse problema, os valores de x e de y, só podem ser números maiores que zero, pois não haveria como ter um salário
negativo, ou ainda um valor de venda abaixo de zero.
Bom a fórmula seria a seguinte: , onde P representa o tamanho do pé, em centímetros, e N o nú-
mero do calçado.
Suponhamos que uma pessoa com pé de medida 24 cm. Qual seria, aproximadamente, a medida de seu calçado?
Assim, uma pessoa que tem o pé medindo 24 cm, calçará um calçado de tamanho 37.
Isso que acabamos de fazer chamamos de valor numérico de uma expressão algébrica. Determinamos o valor de um
dos parâmetros, trocando o outro por um número.
80
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Resolução:
Litros KM rodados
0 0 Ilustração 4 - Gráfico de uma Função
0,5 10 . 0,5 = 5
2. (CESU/2007) - adaptada - Uma companhia de telefo-
1 10.1 = 10
nes celulares oferece a seus clientes duas opções: na primeira
1,5 10.1,5 = 15 opção, cobra R$ 38,00 pela assinatura mensal e mais R$ 0,60
2 10 . 2 = =20 por minuto de conversação; na segunda, não há taxa de as-
4 10.4 = 40 sinatura, mas o minuto de conversação custa R$ 1,10. Sobre
a opção mais vantajosa, em termos de custo para 1 hora de
10 10 . 10=100 conversação mensal pode-se dizer que:
25 10.25 = 250 a) a primeira opção é a mais vantajosa, pois cobrará o
40 10.40 = 400 valor menor;
b) não há diferença entre o valor cobrado pelos diferen-
x
tes planos;
c) a segunda opção é mais vantajosa, pois cobrará o me-
50 Problema extraído e adaptado do livro nor valor.
Matemática no Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e d) não é possível determinar qual das duas é mais van-
Maria Ignez Diniz, p. 94-95. Editora Saraiva. 2007 tajosa em termos de custo.
81
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Nessa situação problema, é necessário encontrar duas 4. Em uma corrida de táxi, cobra-se R$ 4,00 de ban-
funções, pois cada um dos planos relaciona o valor a ser deirada, que é uma taxa fixa, mais R$ 1,50 por quilometro
pago e o tempo de conversação, de maneiras diferentes. rodado.
Apresentaremos duas maneiras de encontrar o valor a a) Encontre o valor pago por uma corrida de 10 km.
ser pago. A primeira delas é resolver sem o uso de fórmulas. b) Caso uma pessoa tenha R$ 22,00 em seu bolso, quan-
Para o primeiro plano, o valor a ser pago para a companhia tos quilômetros seria possível percorrer?
telefônica será de: 38,00 + 60 . 0,60 = 38,00 + 36,00 = 74,00. Se o valor por quilômetro rodado é de R$ 1,50 , temos
Para o segundo plano, o valor a ser pago será de 1,10 10 . 1,50 = R$ 15,00.
. 60 = 66,00. Como há o valor fixo (bandeirada) de R$ 4,00, pagaria
Assim, o plano que oferece o mesmo serviço por um um total de R$ 19,00.
preço menor é o segundo plano. No item b, é uma situação inversa da proposta no item
Resposta: Alternativa C. a, pois pede-se qual a distância a ser percorrida sabendo
que uma pessoa tem disponível para pagar R$ 22,00 pela
3. O gráfico abaixo relaciona a velocidade de um auto- corrida.
móvel em relação ao tempo: Podemos seguir dois caminhos: o primeiro é realizar os
cálculos pelo caminho inverso. Primeiro, subtraia R$ 4,00
de R$ 22,00, obtendo R$ 18,00.
Desses R$ 18,00, cada R$ 1,50 corresponde a 1 quilô-
metro rodado, assim, para encontrar o total de quilôme-
tros, basta realizar a divisão 18 por 1,50, obtendo 12 km.
Outra maneira é utilizar a expressão matemática que
relaciona o valor a ser pago pela corrida e a distância per-
corrida pelo táxi.
Nesse caso, a expressão seria P = 4,00 + 1,50 .x, onde x
representa a distância (em km) e P, o preço.
Substituindo P por 22 na expressão anterior, temos:
P = 4,00 + 1,50 .x
22 = 4,00 + 1,50 .x
Ilustração 5 - Gráfico Relação Distância e Tempo
Realizando a resolução da equação:
22 – 4,00 = 1,50 . x
Qual é a expressão matemática (ou a fórmula) que re-
18 = 1,50 . x
presenta esse gráfico?
Primeiramente, podemos analisar o que está sendo re-
lacionado e quais são as variáveis independente e depen-
dente. Podemos afirmar que a distância percorrida depende
do tempo. Assim, a distância seria a variável dependente e o
tempo, a variável independente.
Sendo assim, podemos montar uma tabela que relacio-
na o tempo e a distância:
COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S
Bom, após ter contato com os diferentes modelos e
Tempo (h) Distância (km) exemplos de função, consideramos interessante conceituar
1 85 o que ele significa. Concluindo o nosso estudo referente ao
2 170 conceito inicial de função, podemos definir que:
3 255
Função é a relação especial entre duas
Como podemos encontrar uma expressão que relaciona as grandezas variáveis, onde para cada
duas variáveis? Você se lembra do primeiro exemplo tratado nes- valor da primeira grandeza está associado um
se capítulo? Procuramos desenvolver os cálculos que levariam a único valor da segunda.
transformação do tempo, encontrando o resultado da distância.
Se em 1 hora, o automóvel percorre 85 km, em duas Acreditamos que o mais importante no estudo de fun-
horas, vemos que percorreria 170km. ções é que, além de compreender o seu significado, se
Assim, para expressar a partir de uma fórmula, podería- possa interpretar uma função através de uma expressão
mos montar a seguinte seqüência: matemática, de uma tabela ou de um gráfico, ou ainda,
D (1) = 85 . 1 = 85 estabelecer relação entre eles.
D (2) = 85 . 2 = 170 A obtenção de uma expressão analítica é possível a
D (3) = 85 . 3 = 255 partir da organização dos cálculos realizados no problema.
Desta forma, caso usemos a letra t para tempo, temos a É só você retomar os exemplos desse capítulo que contém
expressão: D = 85 . t a busca pela expressão matemática.
82
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
A forma gráfica é, também, de fundamental importância, pois ao ter uma compreensão sobre função, isso colaborará
também em uma interpretação de gráficos, que encontramos em notícias nos jornais, na televisão etc.
Consideramos importante retomar a idéia de plano cartesiano, assunto importante para compreendermos como é
realizada a construção de um gráfico. Mas, não se preocupe! Haverá um capítulo específico para o estudo de análise de
gráficos.
Atividade 1. Pedro, desejando se locomover da Barra a Itapuã, bairros de Salvador, resolveu pegar um táxi. A tarifa
do táxi apresentava um preço fixo (bandeirada) de R$ 3,00 mais um valor adicional de R$ 0,30 (trinta centavos) para cada
quilômetro rodado. Sabendo que a distância entre esses dois bairros é de, aproximadamente, 30 quilômetros, responda:
a) Qual o valor da tarifa após o táxi ter percorrido uma distância de 7 quilômetros?
b) Quantos quilômetros o táxi tinha percorrido quando o valor no taxímetro foi de R$ 8,70?
c) Quantos reais Pedro pagou pela viagem?
Atividade 2. Nos quadros a seguir estão as contas de luz e água de uma mesma residência. Além do valor a pagar, cada
conta mostra como calculá-lo, em função do consumo de água (em m3) e de eletricidade (em KWh). Observe que, na conta
de luz, o valor a pagar é igual ao consumo multiplicado por um certo fator. Já na conta de água, existe uma tarifa mínima
e diferentes tarifas para cada faixa de consumo:
Companhia de Eletricidade
Fornecimento.....................................................................................Valor (R$)
401 KWh X 0,13276000.........................................................53,23
Companhia de Saneamento
Tarifas de água/m3
Faixas de Consumo Tarifa Consumo Valor - R$
Até 10 5,50 Tarifa mínima 5,50
11 a 20 0,85 7 5,95
21 a 30 2,13
31 a 50 2,13
Acima de 50 2,36
Total: R$ 11,45
I. Suponha que no próximo mês dobre o consumo de energia elétrica dessa residência. O novo valor da conta será de:
a) R$ 55,23
b) R$ 106,46
c) R$ 802,00
d) R$ 100,00
e) R$ 22,90
II. Suponha agora que dobre o consumo de água. O novo valor da conta será de:
a) R$ 22,90
b) R$ 106,46
c) R$ 43,82
d) R$ 17,40
e) R$ 22,52
51 A atividades 2 foi retirada do livro Matemática - Volume único, de Manoel Paiva. 2ª edição. Editora Moderna,
2004.
83
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 352. O salário fixo mensal de um segurança é de R$ 560,00. Para aumentar sua renda, ele faz plantões em uma
boate, onde recebe R$ 60,00 por noite de trabalho.
a) Se em um mês, o segurança fizer 3 plantões, que salário receberá?
b) Qual é o número mínimo de plantões necessários para gerar uma renda superior da R$ 850,00?
c) Qual será a expressão matemática que relaciona o salário final (y) quando ele realiza x plantões?
Atividade 4. (UF-CE) Um vendedor recebe, a título de rendimento mensal, um valor fixo de R$ 160,00 e mais um adi-
cional de 2% das vendas por ele efetuadas no mês. Com base nisso, responda:
a) Qual o rendimento desse vendedor em um mês no qual o total de vendas feitas por ele foi de R$ 8350,00?
b) Qual a função (fórmula) que expressa o valor do seu rendimento mensal em função de sua venda mensal?
Atividade 5. (ENEM/2008) A figura abaixo representa o boleto de cobrança da mensalidade de uma escola, referente
ao mês de junho de 2008.
Se M(x) é o valor, em reais, da mensalidade a ser paga, em que x é o número de dias em atraso, então:
a. ( ) M(x) = 500 + 0,4x.
b. ( ) M(x) = 500 + 10x.
c. ( ) M(x) = 510 + 40x.
d. ( ) M(x) = 510 + 0,4x.
e. ( ) M(x) = 500 + 10,4x.
Atividade 6. Supondo que um cliente atrasou em 5 dias o pagamento da mensalidade, representada pelo boleto da
atividade anterior. Quanto ele teria que pagar para quitar seus débitos com a escola?
Atividade 7. (Adaptado do ENEM/2007) O gráfico a seguir, obtido a partir de dados do Ministério do Meio Ambiente,
mostra o crescimento do número de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.
Se mantida, pelos próximos anos, a tendência linear de crescimento, mostrada no gráfico, o número de espécies amea-
çadas de extinção em 2011 será igual a:
84
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Isto significa que precisaria de, aproximadamente 4,83 Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
plantões. Logo, arredondamos o número para 5 plantões. de um pouco mais, você está construindo um processo de
c) Y = 560,00 + 60 . X aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
4) a) R$ 327,00
b) S: salário
V: vendas
S = 160 + . V ou S =
85
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 8
GRÁFICOS E TABELAS NO DIA-A-DIA.
DO FUNDO DO BAÚ...
Há algum tempo, algo em torno de poucos séculos (hahaha...), o homem já vem se utilizando de gráficos e tabelas para
realizar estudos estatísticos sobre situações recorrentes em nosso dia-a-dia. Populações estimadas (densidade demográ-
fica), quantidade de jovens em relação à quantidade de idosos, índice de pobreza e/ou riqueza de um povo, quantidade
de chuvas de uma região (índice pluviométrico), nível de emprego de um país, entre outros, são exemplos de situações
frequentemente expostas em livros, jornais e revistas na forma de gráficos e/ou tabelas e que sempre estão associados à
Estatística.
Historicamente, temos conhecimento de registros egípcios que datam de 5000 a.C., que mostravam a quantidade de
presos de guerra em relação à população de determinadas regiões. Já em 2238 a.C. o imperador chinês Yao ordenou um
recenseamento, isto é, refazer as contagens de Censo, com fins agrícolas e comerciais. Em 600 a.C. no Egito, cada pessoa
deveria declarar ao governo sua profissão e a fonte de renda, caso contrário seria condenada à pena de morte. Até mesmo
Jesus Cristo, segundo conta a Bíblia, em Lucas 2, 1-2, nasceu em Belém, na Judéia, durante um recenseamento solicitado
pelo imperador César Augusto.
Aqui no Brasil, o primeiro censo data de 1872, feito por José Maria da Silva Paranhos, conhecido como Visconde do Rio
Branco. Em 1936 temos a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1972, surge o primeiro com-
putador brasileiro, que ajuda a dar um grande salto no campo da estatística, quando os programas utilizados já permitiam
a criação de uma grande variedade de gráficos e tabelas, como este53.
Como se pode notar, os gráficos e tabelas aparecem em vários momentos da história humana e, certamente, continua-
rão a fazer parte desta história, que continua a ser construída diariamente.
86
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Nos meios de comunicação podemos dizer que os gráficos54 e tabelas são instrumentos bastante utilizados para re-
tratar nossa realidade, principalmente pelo fato de possibilitarem a transmissão de um grande volume de informações de
modo sintético e de fácil interpretação.
Portanto, a leitura e interpretação de gráficos e tabelas compõem, sem dúvida, um assunto de importância fundamental
para vivermos e agirmos de forma consciente e crítica em uma sociedade como a nossa, que não se vê mais sem a influên-
cia dos números.
87
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Conferindo a resposta da questão do gráfico55 acima, percebemos que a população brasileira aproximada era de 150
milhões de habitantes. Parece muita gente, mas imagine um país com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Pois é! Este país
é a China, de acordo com o censo de 2005, o qual nem por isso, deixou de ser um dos países que tiveram altos índices de
crescimento econômico e de qualidade de vida.
É muito comum encontrarmos uma tabela como a que representamos em seguida. Ela permite que se obtenha rapida-
mente o valor que uma pessoa deverá pagar, de acordo com a quantidade de cópias que tirou em um estabelecimento56
que possua máquinas de fotocópia. Para construí-la, utilizamos um conceito matemático que você já revisou no capítulo 1:
Proporcionalidade! Isso acontece porque o valor a ser pago é proporcional ao número de cópias que retiramos. Mas nem
sempre é assim! Às vezes, ao ultrapassarmos um certo número de cópias, passamos a pagar um preço menor por folha!
Nº de cópias Valor R$
1 0,08
2 0,16
3 0,24
4 0,32
5 0,40
6 0,48
7 0,56
8 0,64
9 0,72
10 0,80
(ENCCEJA) Independente de preferências políticas ou ideológicas, a simples observação de uma tabela nos permite fa-
zer uma análise de diferentes situações de governos. Não entraremos na discussão das causas e nem do contexto histórico
de cada época, mas os números indicam importantes diferenças entre as prioridades de cada governante.
88
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Em 2001, a inflação estava por volta dos 10% a.a. (lê-se “dez por cento ao ano”, que é o aumento de inflação durante
o período de um ano). Você se lembra de quanto era a inflação anual nos anos 90? A tabela acima o auxiliará a recordar
aqueles tempos:
Podemos observar na tabela que a inflação nesses vinte e dois anos teve seus altos e baixos. Só para você ter uma idéia,
um refrigerante que custa hoje R$ 2,00, com uma inflação de 1.000% a.a., depois de um ano estaria custando R$ 20,00.
Depois de mais um ano, estaria custando R$ 200,00, chegando ao absurdo de custar R$ 2.000,00, após mais um ano. Parece
loucura, mas já foi assim.
Esta outra tabela57, encontrada nos rótulos de quase todos os produtos alimentícios, representa um assunto cada vez
mais pesquisado pelos consumidores quando estão fazendo compras.
Felizmente, as pessoas estão mais preocupadas com a melhoria da qualidade de vida. Isto pode começar pelo acom-
panhamento dos valores calóricos ingeridos diariamente.
Observe que há sempre a preocupação de informar a que quantidade do alimento se refere a tabela. Neste caso, temos
a informação nutricional de uma porção de 30 gramas de uma barrinha de cereal. Segue uma extensa lista com valor ener-
gético dessa porção (105 calorias), além de valores de carboidratos, proteínas, gorduras, entre outros.
Atente para o item gordura trans, substância criticada pela classe médica nutricionista por estar associada a problemas
cardíacos, obesidade, câncer, entre outros males altamente prejudiciais à saúde. Aqui ela não teve chance de aparecer.
Ops! Mas não se esqueça que não basta comer com qualidade.
Ilustração 6 - Tabela Nutricional
89
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO...
Observando a tabela abaixo (adaptada de ENCCEJA-EM), como podemos completá-la com o valor que está faltando?
Primeiramente, não podemos esquecer que o total referente à taxa de natalidade no Brasil deverá ser igual a 100%, pois
estamos considerando o total de nascidos no ano de 2002. Assim, se somarmos os valores conhecidos, teremos 76% dos
nascidos divididos entre as regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Sudeste, cabendo ao Nordeste a 2ª maior taxa de natalidade
no Brasil: exatamente 24%.
Pesquisas mostram que quanto maior a taxa de natalidade, maior será o índice de pessoas com baixa renda, enquanto,
do outro lado, quanto menor for essa taxa, maior será o índice de desenvolvimento econômico.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....
1. Hábitos de consumo de água (Adaptado de ENCCEJA/EM). Se não houver uma conscientização das pessoas do
mundo inteiro, futuramente passaremos por uma crise de falta de água potável de proporções inimagináveis. Para solucionar
o problema, os governantes deverão tomar medidas como o racionamento. Países mais desenvolvidos já estão fazendo um
levantamento dos hábitos de consumo de água, a fim de tomarem providências antecipadas.
Se você fosse o dirigente de um país preocupado com o gasto de água e dispusesse de um gráfico idêntico ao apre-
sentado, que medidas poderia propor para haver economia de água? Assinale a alternativa mais adequada.
(a) Propor à nação que bebesse menos água para ajudar na economia.
(b) Solicitar que as pessoas armazenassem água em suas residências para um eventual racionamento.
(c) Solicitar pesquisas no setor hidráulico para criar dispositivos econômicos no setor de descargas de água.
(d) Fazer uma campanha para as pessoas deixarem as caixas d’água abertas para aproveitar as águas da chuva.
Veja algumas análises em que talvez você tenha pensado.
A alternativa (a) seria uma resposta inválida, pois, pelo gráfico, esse tipo de consumo se encaixaria na categoria “ou-
tros”, que corresponde a um consumo insignificante se comparado com os demais.
A alternativa (b) seria uma proposta que não acarretaria economia de água, sendo que provavelmente haveria um au-
mento do consumo, pois, fora os gastos normais, haveria um gasto de estocagem de água.
A alternativa (c) poderia proporcionar dispositivos mais econômicos no consumo das descargas sanitárias. Podemos
observar no gráfico que, em quase todos os países, o maior consumo de água é para esse fim; logo, dispositivos hidráulicos
mais econômicos proporcionariam uma economia no consumo de água, sendo então a alternativa correta.
A alternativa (d) não é uma atitude correta, pois já vimos nos jornais e nas campanhas de combate a epidemias que
deixar abertas caixas d´água ou lugares que acumulem água parada favorece a proliferação de mosquitos transmissores
de doenças, como dengue e malária.
90
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2. (ENEM 2008) Desmatamento. O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período
de 1988 a 2008.
91
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Idade (anos) 20 21 22 23 24 25 26
Peso (kg) 50 52 60 70 70 55 51
Observe que, dos 20 aos 21 anos, ela engordou 2kg; logo, durante o período de 20 a 21, ela teve uma variação de 2kg
em seu peso. Do mesmo modo, seu peso também variou dos 21 aos 22 anos, dos 22 aos 23 anos, dos 23 aos 24 anos etc.
Vamos montar/completar uma tabelinha com as variações do peso de Rita e tentar encontrar os valores das variações
de peso durante esses períodos.
Na construção dessa tabela, talvez você tenha encontrado duas dificuldades que normalmente aparecem quando fa-
lamos de variação. A primeira dificuldade que pode ter surgido foi no período de 23 a 24 anos, pois nesse período o peso
de Rita não mudou, ou seja, poderíamos dizer que não variou.
Quando estivermos verificando variações e observarmos que entre duas leituras não houve nenhuma mudança, indi-
caremos a variação pelo valor zero.
Logo, no caso de Rita, a variação dos 23 aos 24 anos é 0. Outra dificuldade que você talvez tenha encontrado pode ter
sido em distinguir quando Rita estava engordando ou emagrecendo.
Como iremos diferenciar estas variações? Lembre-se de que estamos estudando a variação do peso. O fato de engordar
significa ganhar peso. Ganhar nos faz lembrar de algo positivo, o que nos leva a tratar intuitivamente essa variação com
um valor positivo. Já emagrecer, significa perder peso, logo podemos indicar essa variação por valores negativos, pois ex-
pressam uma perda de peso. Por exemplo, dos 25 aos 26 anos ela teve uma variação de -4, ou seja, perdeu 4 quilos. Agora,
então, anote os dados de sua tabela59 com valores positivos e negativos, caso não tenha feito.
59 Valores que completam a tabela: 10, 0, -15, -4, respectivamente.
92
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
93
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO?
Nesse caso, teremos que organizar todas as jogadas
possíveis.
Jogadas
01 - 02
01 - 03 02 - 03
01 - 04 02 - 04 03 - 04
01 - 05 02 - 05 03 - 05
01 - 06 02 - 06 03 - 06
01 - 07 02 - 07 03 - 07
01 - 08 02 - 08 03 - 08
01 - 09 02 - 09 03 - 09
01 - 10 02 - 10 03 - 10 ...
94
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Total de jogadas: 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 +1 = 45
Assim, o total de jogadas possíveis seria de 45 jogadas para essa loteria. Uma loteria como essa, deixaria mais pessoas
felizes!
Agora, vejamos um outro problema um pouco diferente, mas que trata de possibilidades:
Suponha que você quisesse mudar o visual da sala de sua casa, pintando cada parede de uma cor diferente: amarelo,
verde, laranja e branco. Quantas possibilidades de pintura poderiam ser realizadas, sabendo que duas paredes não seriam
pintadas da mesma cor?
Vamos pensar no problema, imaginando as paredes:
Bom, se a primeira parede for pintada de amarelo, teremos seis combinações diferentes! Se usarmos o mesmo racio-
cínio para as demais, teremos:
Para facilitar a escrita, utilizamos a primeira letra de cada cor para mostrar as possibilidades.
B: branco
A: amarelo
L: laranja
V: verde
BALV LAVB VALB
BAVL LABV VABL
BLAV LVBA VLAB
BLVA LVAB VLBA
BVLA LBVA VBAL
BVAL LBAV VBLA
No total, teremos 24 possibilidades. Mas, será que não haveria uma maneira mais simples para descobrirmos a quanti-
dade de possibilidades, sem escrever todas, uma por uma? Observe...
Na tabela abaixo, cada retângulo representa uma parede e o total de possibilidades de cores para cada uma delas
(lembre-se, não pode repetir as cores!). Se não pode repetir as cores das paredes, então teremos 4 possibilidades de cores
para a primeira parede. Sabendo que uma das cores já foi utilizada, então, teremos três cores disponíveis para a segunda
parede, para a terceira parede, duas cores e para a última parede, uma cor.
O raciocínio utilizado para resolver esse problema é chamado princípio multiplicativo, encontrando 4 . 3 . 2 . 1 = 24
possibilidades diferentes. Mas, por que multiplicar?
Quando observamos todas as possibilidades de cores nas quatro paredes, vemos que há 6 possibilidades diferentes
quando fixamos uma das cores. Por exemplo, se a 1ª parede fosse pintada de branco, as possibilidades seriam: BALV, BAVL,
BLAV, BLVA, BVLA e BVAL. Como são quatro cores diferentes, multiplicamos 6 por 4, obtendo 24 como resultado. Caso não
tivesse a 1ª parede, o total seria 6 possibilidades, pois, 3 . 2 . 1 = 6. Como está sendo considerada mais uma parede, haverá
um total de 24 possibilidades.
Também podemos interpretar esse problema, a partir da árvore de possibilidades. O raciocínio para a elaboração desse
esquema é semelhante ao que foi dito sobre o princípio multiplicativo. Ao escolher a cor branca (B), tem-se como ramos
dessa árvore as demais cores: amarelo (A), verde (V) e laranja(V). A partir de cada uma dessas três cores surgirão mais dois
ramos da árvore, justamente as cores que ainda não foram utilizadas e assim por diante, até esgotar o total de cores.
95
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Veja como ficou a árvore de possibilidades construída a partir da cor da primeira parede, supondo que essa seja branca:
Se esse procedimento for usado para as demais cores, teremos um total de 24 possibilidades.
Agora, retornando ao primeiro problema, a respeito da loteria que possui um total de 10 números e são sorteados
apenas dois... Por que o resultado final não seria 10 . 9 = 90, ao contrário de 45?
Lembre-se que, no caso da loteria, sortear os números 01 e 02 é o mesmo que sortear 02 e 01, pois a ordem não im-
porta nesse caso. Assim, todos os pares de números que poderiam repetir seriam eliminados, caindo pela metade o número
de possibilidades. Nesse caso, o principio aplicado seria o da soma.
Entretanto, na situação das cores das paredes, o problema tem um outro propósito. Pintar a primeira parede de branco
e a segunda de verde não é o mesmo que pintar a primeira parede de verde e a segunda de branco. Como saber qual o
cálculo a ser realizado? Ter atenção na interpretação do problema, se a ordem importa ou não na obtenção das possibi-
lidades.
26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO
26 26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO
60 Problema extraído de Matemática: Volume Único –Ensino Médio, de Luiz Roberto Dante, Editora Ática,
2005.
96
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
5 4 3
sanduíches refrigerantes sorvetes
Atividade 1. Quantos números naturais de três algarismos podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6?
Atividade 3. Um hacker sabe que a senha de acesso a um arquivo secreto é um número natural de cinco algarismos
distintos e não-nulos (diferentes de zero). Com o objetivo de acessar esse arquivo, o hacker programou o computador para
testar, como senha, todos os números naturais nessas condições. O computador vai testar esses números um a um, demo-
rando 5 segundos em cada tentativa. O tempo máximo para que o arquivo seja aberto é:
a) 12h 30 min
b) 11h 15min 36s
c) 21h
d) 12h 26min
e) 7h
Atividade 4. Um jantar constará de três partes: entrada, prato principal e sobremesa. De quantas maneiras diferentes
ele poderá ser composto, se há como opções oito entradas, cinco pratos principais e quatro sobremesas?
97
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 5. As atuais placas de licenciamento de automóveis constam de sete símbolos, sendo três letras, escolhidas
dentre as 26 do alfabeto, seguidas de quatro algarismos. Quantas placas distintas podem ter o algarismo zero na 1ª posição
reservada aos algarismos?
Atividade 6. Uma prova consta de dez testes de múltipla escolha. De quantas maneiras distintas a prova pode ser
resolvida, se cada teste tem cinco alternativas distintas?
PROBABILIDADE
O estudo da Probabilidade se originou a partir da observação dos chamados jogos de azar. Era o início do estudo de
uma parte da Matemática que lida com o provável e não com a exatidão.
Nos tempos da Idade Antiga, os fenícios (povo que viveu na região do atualmente Líbano) já faziam avaliações de se-
guros de produtos relacionados à atividade comercial da época, basicamente marítima. Isso continuou até a Idade Média,
quando no século XVI foi iniciado um processo de organização desse assunto por matemáticos, constituindo a teoria de
Probabilidade, analisando especialmente, os jogos de azar.
98
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Partindo da idéia dos jogos, é proposto um problema que relaciona cartas de baralho.
Em um baralho completo (52 cartas), qual é a probabilidade (chance) de um jogador, ao retirar uma carta do baralho,
ter em mãos:
a) uma carta de espadas?
b) um sete de copas?
ASSIM OU ASSADO?
Em Probabilidade, definimos o experimento a ser analisado como sendo o evento. Nesse caso, no item a o evento é
“retirar uma carta de espadas” e no item b, o evento é “retirar um sete de copas”. O espaço amostral apresenta todas as
possibilidades, isto é, representa o conjunto de todos os resultados possíveis para esse evento, partindo de um experimen-
to aleatório. Entenda o termo aleatório como sendo um experimento que ocorreu por acaso, sem intervenção ou, como se
chama na linguagem de jogos, sem vícios.
Vamos analisar o problema anterior sob o olhar da probabilidade:
Entretanto, utiliza-se sempre o resultado da fração simplificada, ou ainda, na forma de porcentagem. Assim, o único
número que divide 13 e 52, ao mesmo é 13.
Então, a probabilidade de retirar uma carta de espadas do baralho é de . Como você já viu em estudos anteriores, é
possível representar uma fração na forma decimal e na forma de porcentagem. Nesse caso, temos a fração
= 0,25 = = 25%
No item b, é preciso ver quantas cartas sete de copas há no baralho. Sabendo que há, apenas uma carta desse tipo no
baralho, temos:
P(sete copas):
http://repolhopolis.blogspot.com/2005/01/elogio-ao-baralho-vocs-j-pensaram-em.html
http://umdenosdois.blogspot.com/2008_03_02_archive.html
99
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Analisando os dois resultados, vemos que a chance de encontrar uma carta de espadas é muito maior que uma carta
sete de copas.
Para calcular a probabilidade de ocorrer um determinado evento utilizaremos sempre a seguinte escrita e notação:
P(evento): probabilidade de ocorrer tal evento
Agora, pensando nos problemas que vimos sobre possibilidades, no início desse capítulo, poderíamos, por exemplo,
analisar o problema resolvido, o qual trata do sistema de emplacamento de veículos no Brasil sob o olhar da probabilidade.
Caso eu queira saber a chance de encontrarmos em nossas ruas um veículo que termine com o número nove, como
fazer esse cálculo?
Primeiramente, seria necessário saber qual é o evento e o espaço amostral. O evento é “placas com final nove” e o
espaço amostral seria o total de placas possíveis, que já descobrimos ao calcular o total de placas no novo sistema de em-
placamento, com três letras e quatro algarismos, lembra?
Assim, temos no espaço amostral as 175.760.000 placas.
Os possíveis finais das placas são 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 (são dez algarismos diferentes). Se há a mesma quantidade
de placas para cada final diferente, podemos afirmar que a probabilidade de encontrar uma placa com final nove seria de
0,1 ou 10%. Por quê?
Veja: se seguirmos o raciocínio anterior, teremos 17.576.000 placas com final nove (175.760.000 dividido por 10).
P(placas com final nove):
1. Um dado é lançado e observa-se o número da face voltada para cima. Qual a probabilidade de esse número ser:
a) menor que 3?
b) maior ou igual a 3?
Temos como espaço amostral os elementos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, que são os números das faces do dado.
No item a, temos:
P(face menor que 3) =
100
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Logo,
No item a, no evento “apresente duas caras”, ao observarmos a tabela, só haverá 1 possibilidade em um total de 4
possibilidades presentes no espaço amostral.
P(duas caras) =
No item b, o evento “apresente uma cara e uma coroa” traz duas possibilidades em um total de 4. Assim,
Uma curiosidade...
Você lembra que, no início dessa unidade, comentamos que descobriríamos quais são as nossas chances quando jo-
gamos na Quina ou na Mega Sena?
Utilizamos o princípio multiplicativo para saber o total de jogos diferentes e a probabilidade para saber as chances de
uma pessoa acertar e levar o prêmio máximo na Mega Sena. O que há de diferente nessa questão é a mudança da quanti-
dade de elementos no espaço amostral. Acompanhe:
Para saber a probabilidade de uma pessoa acertar a primeira dezena na Mega Sena será:
P(1ª dezena) =
Como uma dezena já foi acertada, agora terão, no espaço amostral, as 59 dezenas restantes e o número de dezenas
possíveis reduz para 5, pois uma já foi sorteada.
P(2ª dezena) =
101
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
P(3ª dezena) =
P(4ª dezena) =
P(5ª dezena) =
P(6ª dezena) =
Dessa forma, para saber a probabilidade de uma pessoa ganhar na Mega Sena, é necessário que ela acerte todas as
dezenas. O seu cálculo utiliza o princípio multiplicativo:
Isso significa que a chance de uma pessoa ganhar na Mega Sena é de 1 em mais de 50 milhões! Não é a toa que, em
diversos concursos, o prêmio acumula...
102
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 7. Um experimento é composto de duas etapas: primeiro, uma moeda é lançada e, em seguida, um dado é
lançado. Construa o espaço amostral correspondente a esse experimento.
Atividade 8. Uma urna contém três bolas vermelhas e uma bola branca. Retiramos, sucessivamente, duas bolas dessa
urna. Construa o espaço amostral correspondente, se a extração é feita:
a) com reposição (a bola retirada retorna à urna para a próxima retirada)
b) sem reposição (A bola não retorna à urna após a retirada)
Atividade 9. Um dado é lançado e se observa o número da face voltada para cima. Determine os seguintes eventos:
a) ocorre múltiplo de 2
b) ocorre número primo.
Atividade 10. Ao atirar num alvo, a probabilidade de uma pessoa acertá-lo é . Qual é a probabilidade de errar?
Atividade 11. No lançamento de duas moedas, a probabilidade de se obterem uma cara e uma coroa é:
a) 25%
b) 30%
c) 40%
d) 50%
e) 75%
Atividade 12. Uma urna contém exatamente mil etiquetas, numeradas de 1 a 1000. Retirando uma etiqueta dessa urna,
qual é a probabilidade de obtermos um número menor que 51?
UM POUCO DE ESTATÍSTICA...
Há, no Brasil, pesquisas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que buscam acompanhar
o desenvolvimento econômico, social e humano em nosso país. Quando é realizado o grande Censo Demográfico, o qual
ocorre geralmente a cada dez anos, a idéia é entrevistar domicílio por domicílio. Seria possível fazer esse recenseamento
anualmente, pensando na população brasileira, superior a 180 milhões de habitantes? Seria inviável, pensando no tempo e
no investimento necessário para isso.
Entretanto, governo, empresas e instituições que tenham interesses em descobrir a opinião da população ou a situação
em que uma população específica vive, tornam isso possível, mesmo sem realizar a entrevista um a um. Chamamos esse
procedimento na Estatística de amostragem. É escolhida parte da população que possua as características necessárias ou
requisitos mínimos exigidos para o que está sendo procurado ou investigado.
Por exemplo: o IBGE gostaria de saber como está a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 25 anos e que residem
na zona urbana.
Como seria muito complicado entrevistar todos os jovens nessa faixa etária em todo o país, acaba-se escolhendo algu-
mas regiões do país (geralmente, nos grandes centros metropolitanos) e, de maneira aleatória, entrevistam os jovens nas
ruas ou até mesmo em residências, caso haja jovens com essas características nos domicílios. Apesar de não ser o número
exato ou mais próximo do total de jovens (população), o IBGE terá uma idéia de como está a situação da empregabilidade
dos jovens nessa faixa etária. Isso é importante para o Governo, tendo em vista que ao ter essas informações em mãos, ele
pode atuar sobre as possíveis causas de desemprego, mobilizando suas forças de maneira a inverter tal situação (escolari-
dade, formação profissional, experiência etc).
Tendo em vista as pesquisas de opinião, suponhamos que uma delas tenha sido realizada em uma certa cidade, com
o objetivo de saber a opção de voto para prefeito dos eleitores para a próxima eleição. Foram entrevistadas 800 pessoas.
Veja a opinião dos eleitores entrevistados:
Candidato Votos
Zé da Silva 140
João Moreira 246
Alberto Campos 130
Paulo Tadeu 284
103
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO?
Quando nos deparamos com os resultados das pesquisas, não encontramos o número de eleitores que optou por um
candidato ou outro. Seja na televisão ou nos jornais impressos, encontramos essas informações com um tratamento espe-
cial: a porcentagem.
Para isso, utilizaremos os termos frequência absoluta e frequência relativa. A frequência absoluta nos mostra o
número absoluto, sem qualquer tipo de tratamento dado a esse resultado. É o número encontrado pelas pessoas que
realizaram a pesquisa, no problema, representa quantas vezes (ou, qual foi a frequência que) um dos candidatos foi citado.
A frequência relativa, como o nome já diz, apresenta a frequência que certo candidato foi citado, mas relacionando
o número absoluto ao total de votos (100%). Para isso, faremos um cálculo de porcentagem, para descobrir a frequência
relativa:
Média salarial =
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Nesse caso, podemos simplificar esse cálculo, utilizando a média aritmética ponderada, sem a necessidade de mos-
trar o salário de cada funcionário:
Média salarial =
Pela média aritmética, vemos que o salário médio é de 7,2 salários mínimos.
Buscando saber qual seria o salário que está localizado no meio, utilizamos a mediana. Para isso, organizamos em
ordem crescente os salários dos funcionários:
Nesse caso, o salário que está no meio é o 8º número, que é o 4. Assim, podemos dizer que o salário mediano é de 4
s. m. (salários mínimos)
Pela moda, buscamos aquele salário que apareceu com a maior frequência. Nesse caso, o salário representado pela
moda é de 4 s.m., pois o 4 apareceu 8 vezes.
Comparemos os diferentes métodos... Será que os salários pagos por essa empresa aproximam-se de um equilíbrio
entre os funcionários ou a desigualdade é muito grande?
Se considerássemos apenas a média, veríamos que a média salarial é de 7,2 salários mínimos. Entretanto, os outros dois
métodos mostram que não é bem assim que acontece. Pela mediana e pela moda, os valores são de 4 salários mínimos.
Considerando, por exemplo, pela moda, mostra que a maioria recebe 4 s. m., enquanto uma minoria ganha acima de 10
s.m. Seria injusto?
Você sabia62...
No Brasil, que cerca de 10% da população mais pobre vive com 0,8% da renda nacional, enquanto
10 % dos mais ricos detêm cerca de 45 % da renda do pais. Precisamos tomar cuidado com as
estatísticas, nem sempre o que elas apresentam representa a situação da realidade!
Você sabia que a renda per capita (média entre a riqueza produzida pelo país e a população) do
brasileiro está por volta de R$ 13000,00 ao ano, segundo o Banco Central do Brasil? Você acha que,
ao dividir a riqueza igualitariamente entre todos os habitantes, cada um receberia esse montante? Isto
é, em um mês recebia cerca de R$ 1083,00?
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 6 - Gráfico
Determine:
a) a nota média desses alunos
b) a mediana da distribuição
c) a moda dessa distribuição
Vamos organizar uma tabela de frequências, pois facilitará o cálculo da média.
Para o cálculo da média, usaremos a média ponderada das notas, tendo como pesos a frequência de alunos:
M=
M=
63 Problema extraído de Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003, p.263.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
No item b, pede-se a mediana da distribuição. Como temos 50 termos, o valor da mediana será obtido a partir da média
aritmética entre o 25º termo e o 26º termo:
Mediana = = 6,5
No item c, pede-se a moda. Observando o gráfico ou a tabela, vemos que a maior frequência foi na nota 6. Logo, a
moda é 6,0.
Cada um dos métodos de medida de tendência central, isto é, qual seria o termo que está situado no centro da se-
quência em análise, mostra que esses dados não possuem uma variação tão grande, pois nos três métodos, os resultados
obtidos estão próximos de 6,0.
Logo, a média das notas desse aluno será de 5,0. Note que o número 6 no denominador representa a soma dos pesos
de cada uma das provas!
Mediana: os dados são organizados em ordem crescente e identificamos o termo do meio. É importante lembrar que,
caso tenha uma quantidade par de elementos, você irá calcular a média aritmética entre os dois termos que se encontram
no centro. Por exemplo, se no problema anterior, o qual tratava de uma empresa com 15 funcionários, tivesse 14 funcioná-
rios: 2 recebendo 4 s.m., 5 recebendo 7 s.m. e os demais recebendo 10 s.m., teríamos que encontrar a mediana, calculando
a média aritmética entre o 7º e o 8º termos da sequência abaixo:
Moda: busca-se o elemento que aparece com maior frequência. Verificamos o termo que aparece com maior frequên-
cia. Caso apareçam dois elementos com a maior frequência, dizemos que a amostra é bimodal (tem duas modas).
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 13. Os conteúdos de vinte latas de leite em pó apresentaram as seguinte massas, em kg:
0,48 0,50 0,51 0,48 0,49
0,49 0,51 0,51 0,50 0,49
0,50 0,52 0,48 0,49 0,50
0,49 0,50 0,51 0,48 0,49
Organize esses dados numa tabela e encontre os valores para a frequência absoluta e relativa.:
Atividade 14. A tabela mostra a altura H, em cm, de uma planta em função do tempo t, em dias:
Atividade 16. Uma companhia aérea, a pedido de um engenheiro da aeronáutica registrou os tempos de dez vôos (até
a parada total) entre São Paulo e Rio de Janeiro. Os tempos registrados (em minutos são dados a seguir):
48 – 51 – 49 – 51 – 50 – 50 – 53 – 52 – 48 – 50
a) Calcule o tempo médio de vôo entre as duas cidades.
b) Calcule o tempo mediano de vôo.
Atividade 17. Com o objetivo de verificar o comportamento do consumidor, um órgão de defesa do consumidor re-
gistrou o seguinte número de queixas ao longo de 10 dias:
58 – 39 – 63 – 60 – 95 – 48 – 56 – 72 – 75 – 80
Determine a média e a mediana do número de queixas recebidas.
64 As atividades que constam nesse capítulo foram extraídas e/ou adaptadas de Matemática: Volume Único,
de Gelson Iezzi et al, Editora Atual, 1997 e Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
1) 216
2) 648
3) c
4) 160
5) 158.184.000
6) Aproximadamente 3,85%
10)
11) d
12)
13)
14) a) 1,24 cm
b) Média entre 4,8 e 5,6 cm: 5,2 cm.
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do
ENCCEJA, no final da apostila.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
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MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
GABARITO OFICIAL
01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D
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ANOTAÇÕES
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INTRODUÇÃO
Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências da Natureza e suas
Tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais da sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:
2. Compreender o papel das ciências naturais e das tecnologias a elas associadas, nos processos de produção e
no desenvolvimento econômico e social contemporâneo.
3. Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos relevantes
para sua vida pessoal.
5. Compreender organismo humano e saúde, relacionando conhecimento científico, cultura, ambiente e hábitos
ou outras características individuais.
6. Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los a diferentes contextos.
7. Apropriar-se de conhecimentos da física para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e pla-
nejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.
8. Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.
9. Apropriar-se de conhecimentos da biologia para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.
Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada capítulo é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução de exercícios para que você possa ampliar seu conheci-
mento.
As respostas podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as
habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE
Capítulo 1
O SER HUMANO CONSTRUINDO A CIÊNCIA.........................................................................................................................................................01
José Luis de Souza
Capítulo 2
O PAPEL DA TECNOLOGIA NO NOSSO MUNDO.................................................................................................................................................10
José Luis de Souza
Capítulo 3
TECNOLOGIA TODO O DIA ...........................................................................................................................................................................................28
José Luis de Souza
Capítulo 4
OS CAMINHOS DA HUMANIDADE ...........................................................................................................................................................................40
José Luis de Souza
Capítulo 5
A SAÚDE NO BRASIL ........................................................................................................................................................................................................56
José Luis de Souza
Capítulo 6
A METODOLOGIA CIENTÍFICA.......................................................................................................................................................................................78
José Luis de Souza
Capítulo 7
A FÍSICA E A ATUALIDADE .............................................................................................................................................................................................90
José Luis de Souza
Capítulo 8
QUÍMICA, NATUREZA E TECNOLOGIA.................................................................................................................................................................... 108
José Luis de Souza
Capítulo 9
MEIO AMBIENTE E BIODIVERSIDADE .................................................................................................................................................................... 123
José Luis de Souza
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
1
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Os experimentos de Galileu levaram à conclusão de As primeiras fontes artificiais de luz usavam o mesmo
uma propriedade física da matéria chamada inércia. Se- princípio, a combustão. Alguma coisa precisava ser quei-
gundo essa propriedade, se um corpo está em repouso, mada para poder iluminar. Foram inventados, lampiões a
ou seja, se a resultante das forças que atuam sobre ele for óleo, lampiões a gás, lamparinas, velas, etc. A combustão é
nula, ele tende a ficar em repouso. E se ele está em movi- uma reação química entre o oxigênio do ar e o combustí-
mento ele tende a permanecer em movimento na mesma vel, ou seja, o material que é queimado. Para se obter uma
velocidade e sempre em linha reta (movimento retilíneo boa iluminação era necessário usar um material que quei-
uniforme). masse bem, que reagisse bem com o oxigênio. Muitos de
Anos mais tarde, após Galileu ter estabelecido o con- nossos avós devem ter utilizado estas fontes de luz e vivido
ceito de inércia, Sir Isaac Newton formulou as leis da dinâ- em cidades onde as ruas eram iluminadas por lampiões a
mica (Área da Física que estuda as causas do movimento) gás ou óleo.
denominadas de “as três leis de Newton”. Newton concor- A descoberta e o domínio da energia elétrica permiti-
dou com as conclusões de Galileu e utilizou-as em suas leis. ram a Thomas Alva Edison, em 1880, construir a primeira
A Primeira Lei de Newton Também chamada de Lei da lâmpada incandescente utilizando uma haste de carvão
Inércia apresenta o seguinte enunciado: muito fina que aquecendo até próximo ao ponto de fusão,
com a passagem de corrente elétrica através dela, passa a
emitir luz. Agora pense você em duas coisas: tudo o que
Na ausência de forças, um corpo em repouso con- aquece muito queima, não queima? Já percebeu que den-
tinua em repouso, e um corpo em movimento, tro da lâmpada não tem ar? Edison precisou dominar uma
continua em movimento retilíneo uniforme (MRU). série de conhecimentos para que a lâmpada desse certo.
Com o conhecimento sobre combustão ele sabia que o
A partir dessas idéias é possível entendermos como carvão na presença de ar queimaria. Logo ele criou um en-
uma sonda espacial do tamanho de um automóvel pode voltório de vidro, retirou todo o ar de dentro e selou. Sem
viajar bilhões de quilômetros pelo espaço sem levar muito ar a haste não queimava.
combustível. Como o espaço é vazio, não há nada que im- As lâmpadas com vácuo interno foram comercializadas
peça o movimento da nave. durante muito tempo, mas tinha um inconveniente, eram
muito frágeis e quebravam facilmente, pois, já que não ti-
EM BUSCA DA LUZ nha nada dentro, estavam sujeitas à pressão atmosférica.
Hoje estas lâmpadas são preenchidas com um gás inerte,
como o nitrogênio, que não provoca combustão, isso dimi-
E Deus disse: “Que exista a luz!” E a luz começou nuiu muito a sua fragilidade.
a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus sepa-
rou a luz das trevas: à luz Deus chamou “dia“, e QUE LÍNGUA É ESSA?
às trevas Deus chamou noite. Você percebeu que há pouco usamos a palavra com-
bustão ao invés de queima e gás inerte para nos referirmos
Gênesis1 a um gás que não queima ou não reage com o combustí-
É assim que a Bíblia narra o surgimento da luz, do dia vel? Não se assuste, não vai ter que aprender outro idioma!
e da noite. Não vamos discutir aqui o surgimento da luz e Mas vai ter que se acostumar com termos de outra lingua-
outros fenômenos naturais com base nas crenças religio- gem, diferente daquela linguagem natural que aprende-
sas e nem julgar se são verdadeiras ou falsas. Não vamos mos desde criança e que usamos para nos comunicar no
contrapor religião e Ciência. Vamos discutir apenas o que dia a dia.
a Ciência consegue provar de maneira convincente e ver A ciência é construída por várias pessoas em diversas
como o homem pode se beneficiar desses conhecimentos. partes do mundo, que falavam línguas diferentes e tinham
Com a descoberta do fogo o homem percebeu que costumes diferentes. Ao longo da história foi necessário
entre outras tantas utilidades, ele poderia aliviar a escuri- criar vários códigos para que essas informações fossem en-
dão noturna e assim se manter mais seguro de ataques de tendidas e utilizadas por todos, surgiu então a “linguagem
cientifica”.
predadores ou de grupos inimigos que por ventura ten-
Para entendermos a combustão de um gás como o
tassem invadir o seu território. Hoje queremos nossas ruas
metano, por exemplo, precisamos saber de alguns princí-
iluminadas, pois, após milênios, as vias iluminadas ainda
pios básicos, que veremos a seguir.
nos dão a sensação de maior segurança. O homem primiti-
Todas as substâncias e toda a matéria são formadas
vo encerrava as suas atividades diárias com o cair da noite, por minúsculas partículas chamadas de átomos, para re-
a sociedade moderna, contudo, não encerra nunca e o que presentá-los utilizamos as letras iniciais dos seus nomes na
torna possível esta atividade frenética é a possibilidade de forma maiúscula.
se iluminar todos os ambientes. Mas vale a pena destacar Ex:
novamente, o caminho percorrido pela Ciência para que Oxigênio – O Hidrogênio - H
hoje toda a sociedade possa (em tese) se beneficiar da Luz. Nitrogênio – N Carbono - C
2
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Quando é necessário usamos a primeira e a segunda letra, sendo que a segunda sempre deve ser minúscula:
Ex:
Níquel – Ni Lítio – Li Cobalto – Co
Às vezes utilizamos as primeiras letras dos nomes dos átomos em latim e isso pode nos causar certa estranheza, mas
temos que lembrar que se estudam estes elementos desde a Idade Média quando as línguas e códigos eram diferentes.
Ex:
Sódio – Na – (Natrium)
Enxofre – S – (Súlfur)
Chumbo – Pb – (Plumbum)
Quando juntamos dois ou mais átomos, iguais ou diferentes, formamos uma substância. As substâncias são represen-
tadas por fórmulas que contêm os tipos e quantidades de átomos existentes na substância.
A água, por exemplo, é representada pela fórmula H2O. Significa que na substância existem dois átomos de hidrogênio
e um de oxigênio. O gás carbônico é representado pela fórmula CO2. Significa que existem dois átomos de oxigênio e um
de carbono nesta substância. Observe, o número que representa a quantidade de um determinado átomo está à direita
dele e em tamanho menor. Quando o número aparece grande e na frente da fórmula significa que temos duas vezes a
quantidade de átomos da fórmula inteira.
Ex: 2 CO2 – significa que estamos falando de dois átomos de carbono e 4 de hidrogênio. Para entendermos melhor
vamos representar os átomos com esferas e associá-las às fórmulas:
Oxigênio Hidrogênio
Agora que podemos entender parte da linguagem cientifica vamos voltar a falar da combustão. Vamos usar como exemplo
o gás metano (CH4). Já dissemos anteriormente que a reação de combustão ocorre entre um combustível e oxigênio. Para repre-
sentarmos o que acontece escrevemos da seguinte forma:
CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)
Gás Gás Gás Água no estado
Metano oxigênio carbônico gasoso
3
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Esta forma de escrita é chamada de Equação química. vel, o desgaste dos recursos naturais será ainda mais insu-
Ela possui duas partes separadas por uma seta, que indica portável. “Ao ritmo do seu consumo atual, a Humanidade
que a reação está ocorrendo. Do lado esquerdo estão os precisará de dois planetas no início da década 2030 para
reagentes em suas devidas quantidades e proporções. Do responder às suas necessidades”, assinala hoje o Fundo
lado direito aparecem os produtos da reação nas quanti- Mundial para a Natureza (WWF).
dades que se formam. Note também que um índice (uma A pressão da Humanidade sobre os recursos naturais
letra pequena) do lado direito mostra o estado físico da do planeta mais do que duplicou nos últimos 45 anos de-
substância que participa ou que se forma na reação. Esta vido ao crescimento demográfico e ao aumento do con-
equação está nos dizendo que, proporcionalmente, uma sumo individual. Esta exploração esgota os ecossistemas
molécula da substância metano reage com uma molécula e o lixo resultante dessa utilização acumula-se no ar, na
do gás oxigênio formando uma molécula de gás carbônico terra e na água.
e duas de água. O desflorestamento, a degradação da qualidade do
A combustão transformou as moléculas que formam ar, da água, o declínio da biodiversidade e o desregra-
o gás metano em gás carbônico e água. Mas observe que mento climático provocado por emissões de gases com
os átomos que formavam essas moléculas não foram alte- efeito estufa, põem cada vez mais em perigo o bem-estar
rados. O número total de átomos no primeiro membro da e o desenvolvimento de todas as nações. 2
equação é igual ao número total de cada átomo no segun- De qualquer modo a ciência avançou bastante na área
do membro. Se o número de átomos é igual à soma das de combustíveis para tentar diminuir essa influencia nega-
massas dos reagentes também é igual à soma das massas tiva. No primeiro semestre de 2009 a Agência de Proteção
dos produtos. Portanto, durante uma reação química não Ambiental Americana certificou o primeiro automóvel do
há aumento nem diminuição da massa total. Essa afirma- mundo movido à célula de hidrogênio dando a ele o titulo
ção é conhecida como Lei da Conservação da massa ou de carro verde mundial. Este automóvel, que tem mesmo
principio de Lavoisier. desempenho e autonomia que um automóvel conven-
Quando um reagente é liquido, como o álcool, por cional, venceu 20 outros concorrentes, ou seja, a huma-
exemplo, podemos até pensar que a massa foi perdida,
nidade já não dependente do combustível fóssil nem de
pois o álcool desaparece. Essa aparente perda de massa
biocombustíveis, que emitem gás carbônico e monóxido
é explicada pelo fato de que os gases e o vapor de água
de carbono, para movimentar automóveis.
produzidos na combustão se espalham pela atmosfera. No
De qualquer forma uma tomada de consciência so-
entanto, essa reação ainda libera energia, que também não
bre a situação do planeta do qual fazemos parte e ao
é perdida. Parte da energia é transformada em luz, a outra
qual estamos intimamente ligados, tem sido alavancada
parte é transformada em calor. Observe a equação a seguir
com iniciativas no sentido da preservação ambiental e do
que representa a combustão do álcool. As setas ascenden-
uso racional dos recursos naturais. São exemplos dessas
tes indicam o que está sendo liberado para o ambiente veja
que mesmo assim o principio de Lavoisier é mantido. ações, a coleta seletiva e a reciclagem do lixo (principal-
mente papel e metais), a utilização do óleo de soja usado
para produção de biodiesel, campanhas para economia e
uso racional da água.
CIÊNCIA E SAÚDE
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
racterísticas favorecerem a sobrevivência da espécie ela No primeiro semestre de 2009 ocorreram vários casos
será transmitida às novas gerações e surgirá uma nova de meningite na região metropolitana de Salvador. Como
espécie. Se não for, o novo indivíduo não será viável, não todos nós sabemos as condições dos hospitais públicos
estará apto para a sobrevivência e será eliminado natu- são ruins no país inteiro e quando o atendimento cresce,
ralmente pelo ambiente. Esta teoria é conhecida como fica pior ainda. Na falta do pronto atendimento como se
seleção natural. poderia avaliar se uma pessoa teria possibilidade de estar
com essa doença?
A meningite é uma inflamação em uma membrana
Os genes são pedaços de uma molécula chama- (uma pele muito fina) que envolve o cérebro, ela pode ser
da ácido desoxirribonucléico – DNA - que, em provocada por bactérias como os Meningococos ou por vírus
geral, se encontra no núcleo da célula. O DNA como o Haemofilus. Se a inflamação é ao redor do cérebro é
está presente e define as características de to- de se esperar que ela cause dores de cabeça e é este mes-
dos os seres vivos. mo o primeiro sintoma. Ao se observar uma pessoa com
dores de cabeça deve-se verificar se ela também tem febre
Talvez a espécie humana seja a única que contraria esta alta e constante. O cérebro e a medula espinhal (que fica
teoria. Os avanços da ciência no campo da medicina possi- dentro da coluna vertebral) estão interligados, fazendo com
bilitaram a sobrevivência de um número cada vez maior de que a inflamação também cause na pessoa uma dificulda-
indivíduos com características genéticas que só permitem de para dobrar o pescoço, chamada de rigidez de nuca. Os
seu bem-estar quando os efeitos delas são devidamente médicos fazem um teste muito simples: pedem para que
controlados através de drogas e outros tratamentos. São se encoste o queixo no peito. Se a pessoa não consegue é
exemplos os diabéticos e hemofílicos, que só sobrevivem e mais um sinal de que ela pode estar doente. Prosseguindo
levam vida relativamente normal ao receberem suplemen- nesta investigação, deve-se observar se a pessoa tem man-
tação de insulina ou do fator VIII da coagulação sanguí- chas avermelhadas no corpo e se houver ela deve ser levada
nea respectivamente. Esses fatos permitem afirmar que os imediatamente a um pronto socorro.
avanços da medicina podem diminuir os efeitos da seleção No hospital é retirado um líquido existente no interior
natural sobre as populações. Isso porque os tratamentos da medula chamado líquor. Este líquido deve ser transpa-
de doenças como o diabetes, por exemplo, apesar de não rente, e se ao invés disso estiver turvo (com aspecto lei-
curarem a doença, prolongam a vida das pessoas. toso) a pessoa deve ser internada para tratamento. Mas a
E a ciência vai mais além, quem já não ouviu falar so- investigação não termina aí, para se tratar a doença é ne-
bre terapia genética, células tronco e mapeamento ge- cessário saber que tipo de microorganismo a está causan-
do. O líquor então é colocado em um pequeno recipiente
nético? Uma reportagem publicada na revista Época em
com uma gelatina nutritiva para que os microorganismos se
20/04/2009 explica que já é possível fazer o “mapeamento”
multipliquem e possam ser observados ao microscópio. Só
genético, ou seja, determinar através da seqüência de ge-
depois disso é que se tem certeza sobre o tratamento que
nes que formam o DNA, se uma pessoa tem a possibilida- será eficiente. É preciso ficar bem claro que só um médico
de de desenvolver câncer, problemas de visão, obesidade, pode fazer o diagnóstico de uma doença séria como esta,
problemas cardiovasculares, etc. Não se pode mudar as ca- mas com um conhecimento mínimo nós mesmos podemos
racterísticas genéticas de um individuo e evitar as tendên- observar os primeiros sintomas e encaminhar a pessoa sus-
cias ao desenvolvimento de certas doenças, mas tendo co- peita da doença ao hospital. Nos casos em que os sintomas
nhecimento dessas tendências o individuo pode se cuidar já são conhecidos os pacientes têm atendimento prioritário.
e interagir melhor com o ambiente para que as tendências Quando surgem muitos casos em uma mesma região
não se confirmem e assim evite a doença. são as autoridades sanitárias que precisam usar o método
Estudos recentes também têm usado células tronco de observação das Ciências. Precisam determinar as causas
para devolver o movimento a quem teve uma lesão na me- e, se for necessário, fazer uma campanha de vacinação para
dula óssea e ficou paraplégico. Estas células são capazes prevenir novos casos da doença.
de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo hu- E por falar em vacinas, elas têm sido as grandes res-
mano, ao serem injetadas no local da lesão elas se desen- ponsáveis pela prevenção de vários tipos de doenças há
volvem e regeneram os tecidos da medula “consertando” o várias décadas. Já na virada do século XIX para o século XX
local que foi danificado. (por volta de 1900) o químico Louis Pasteur utilizou seus co-
Assim como Darwin e Mendell todas as pessoas que nhecimentos científicos, o grande desenvolvimento indus-
trabalham com as Ciências da Natureza têm uma metodo- trial, cultural, econômico e tecnológico gerado na Europa
logia a ser seguida para que seus estudos e descobertas juntamente com o desenvolvimento do microscópio para
possam ser considerados corretos. Ela está baseada princi- mostrar que os fungos se propagam por meio de formas
palmente na observação paciente e atenta de um proble- microscópicas (seus esporos) e que as bactérias, sempre in-
ma para que se encontre a sua solução. Não é nada com- visíveis a olho nu, se reproduzem a partir de outras bacté-
plicado, vários profissionais como médicos, engenheiros e rias. Mas uma das grandes descobertas, que revolucionaria
professores seguem essa metodologia. Nós também pode- a saúde no planeta, proporcionando grandes avanços na
mos segui-la em situações onde a nossa interferência pode qualidade de vida da população, foi a descoberta da peni-
ser decisiva para vida de outra pessoa. cilina por Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary’s
Hospital, de Londres em 1920.
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Dando uma olhada na lâmina que estava com proble- vas tecnologias com entusiasmo e ao mesmo tempo com
ma, Bell viu que um parafuso estava muito apertado, im- certa apreensão, ou seja, medo das mudanças. Foi assim
pedindo que o contato elétrico gerado entre a lâmina e que as pessoas reagiram e ainda reagem frente à televi-
o eletroímã fosse rompido, isso causava a interrupção da são de plasma, ao computador, ao telefone celular e mais
transmissão de pulsos elétricos para a outra sala. Intrigado, recentemente à Internet. Esta última veio acrescentar mais
Bell começou a quebrar a cabeça imaginando o que havia algumas opções de escolhas em nossas vidas e até encur-
acontecido. De repente, compreendeu que, quando a lâ- tar grandes distâncias no planeta como um todo. Pode ser
mina de aço vibrou diante do eletroímã, ela produziu uma agradável ver alguém que está distante através do moni-
corrente elétrica na bobina e essa corrente elétrica produ- tor, ouvir música, enviar documentos, ler livros e até marcar
ziu a vibração no aparelho que estava na outra sala. uma viagem utilizando o computador. A máquina nos pro-
O princípio da física que explicava esse fenômeno não porcionou uma interação nunca antes vista pelas pessoas.
era novo. Michael Faraday já havia demonstrado, quarenta Com a invenção do telefone a humanidade resolveu
anos antes, que o movimento de um pedaço de ferro perto uma parte do seu problema de comunicação, mas ainda
de um eletroímã podia criar vibrações elétricas do mesmo precisava resolver o problema da saudade das pessoas que
tipo. Porém, apesar desse fenômeno já ser conhecido, foi só estavam longe. Uma viagem de navio entre a Europa e a
nesse dia que Bell percebeu que poderia usá-lo para fazer América, por exemplo, demorava meses nos navios a vapor.
o que tanto queria: transmitir a voz através da eletricidade. Além disso o homem tinha um velho desejo, voar
como os pássaros. Esse desejo se manifestou na antiguida-
de através da lenda de Ícaro que construiu uma asa usando
penas e cera e conseguira voar, só que voou tão alto e tão
perto do sol que o calor derreteu a cera das suas asas. Leo-
nardo Da Vinci, séc. XV, também realizou diversos estudos
tentando alçar vôo.
O homem acreditava que para voar precisaria de asas
como as dos pássaros. Mas com muitos estudos e obser-
vações ele percebeu que ao bater as asas os pássaros for-
çavam o ar para baixo enquanto seus corpos eram jogados
para cima em reação à forca exercida sobre o ar. O segredo
talvez não fosse as asas e sim fazer com que o ar jogasse
um objeto para cima. Ao perceber isso e que o ar quente
era mais leve (ou menos denso) que o ar frio, o homem foi
capaz de criar várias formas de voar, todas tendo como
Figura1.4 - Os primeiros diagramas do telefone, desenha-
principio a reação à resistência do ar.
dos por Bell em junho de 1875.6
Por exemplo, os balões dirigíveis eram impulsionados
Nesse mesmo dia, antes de ir para casa, Bell deu ins- para cima porque o ar frio, mais denso, empurra para cima
truções a Watson para que construísse um novo aparelho, o ar quente contido no seu interior. As asas dos aviões em-
adaptando o antigo dispositivo, com a finalidade de captar purram o ar para baixo quando eles ganham velocidade,
as vibrações sonoras do ar e produzir vibrações elétricas. em reação os aviões decolam. Na verdade Newton já havia
Estava assim inventado o primeiro telefone da história. percebido, muito antes da invenção do avião, que os movi-
mentos dos corpos de um modo geral se sustentam em vir-
INTERNET? QUE COISA É ESSA? tude das forças de reação. As conclusões de Isaac Newton
deram a origem a sua terceira lei, a lei da ação e reação:
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Leia atentamente o trecho de um artigo de Adriano M. Branco, engenheiro e administrador, publicado no jornal O
Estado de São Paulo intitulado O Mundo dos Desperdícios:
- Um pequeno produtor de milho de Minas Gerais, entrevistado, disse ter, habitualmente, perdas de 70%. São os
carunchos, os ratos, a umidade, o transporte, etc., etc., que causam isso.
Espantada, a jornalista perguntou: “Mas o senhor não pode melhorar o seu processo de armazenamento e trans-
porte?” Ao que ele respondeu: “Fica muito caro.” E ela retrucou: “Para isso você conta com o financiamento do
Banco do Brasil.” A resposta foi triste: “Aí eu perco minha terra...”
Esse pequeno produtor - e as nossas grandes safras dependem muito dos pequenos produtores - encontrava,
afinal, o seu equilíbrio econômico. Perdia 70% de sua safra, mas conseguia sobreviver, sem o risco de empenhar
a sua terra para se modernizar. A famosa “viabilidade econômica”, acoplada à “taxa interna de retorno”, estava
resolvida.
O sitiante perdia 70% de seu produto, a Ceasa jogava fora 80 toneladas de alimentos todos os dias. Mas, no frigir
dos ovos, estava tudo nos conformes. (Por falar em ovos, o município de Bastos, o maior produtor do Brasil, perdia
10% de sua produção de ovos por falta de pavimentação de uma estrada de 15 quilômetros que, quando feita,
reduziu as perdas para 2%...). Tudo estava na conformidade de um conceito econômico que não leva em conta as
perdas ambientais.
Veja que, se o pequeno agricultor perdesse só 10% de seu milho, ele poderia realizar a mesma produção em um
terço da área, consumindo um terço dos fertilizantes, da água e da própria força de trabalho. Nossos descenden-
tes, beneficiados porque o mundo não acabou, agradeceriam.
Os milhares de toneladas de alimentos que se perdem na Ceasa, nos transportes, etc., etc., significam demandas
feitas à natureza, sem nenhum retorno.
Resolver esses problemas da produtividade nacional não é apenas uma questão econômica, mas, acima de tudo,
um “problema ético”, como bem demonstrou o cientista Samuel Murgel Branco em seu livro: Meio Ambiente, Uma
Questão Moral.
Este trecho do artigo nos mostra que não basta ter a tecnologia e o desenvolvimento científico ao nosso favor para
que possamos satisfazer e superar nossas necessidades. É preciso também haver uma mudança de cultura, é preciso que
a sociedade de um modo geral tenha conhecimento e educação para acompanhar e poder se beneficiar deste desenvol-
vimento.
O Brasil apresenta uma produtividade agrícola 27% menor em relação a obtida pelos americanos. Isso significa que
precisamos de mais terras cultiváveis, consumimos mais fertilizantes e mais defensivos agrícolas, poluímos mais nossos
solos e águas subterrâneas, produzimos mais lixo e temos que nos livrar dele, ou seja, estamos consumindo rapidamente
nosso solo e nossos recursos para produzir menos.
Ao longo dos anos, o lixo em particular passou a ser uma questão de interesse global. E os problemas são os mesmos
de um lado a outro do globo: o destino do lixo e seu acondicionamento inadequado têm trazido graves problemas a todas
as nações. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre
o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens).
O “lixo” é uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles, o resíduo sólido urbano
gerado em nossas residências.
Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mu-
danças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando um lixo diferente daquele que se produzia há 50 anos, em
quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a for-
mas inadequadas de descarte. Em um passado não muito distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos
por habitante/ano; no entanto, hoje, países altamente industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/
hab/ano. No Brasil, o valor médio verificado nas cidades mais populosas é da ordem de 180 kg/hab/ano.
O avanço da tecnologia para reciclagem do lixo tem um papel importante tanto ambiental como social. Ambiental por-
que evita que materiais que levariam centenas de anos para se decompor sejam enterrados no solo. Social porque existem
diversas cooperativas de trabalhadores que encontram na coleta, separação e processamento do lixo reciclável uma forma
de conseguir renda e viver com dignidade.
8
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Na maior parte do tempo, invisível, mas sempre pre- Todos os trabalhos envolvidos nessas mudanças, des-
sente, a poluição atmosférica é um fator extremamente cobertas e desenvolvimento de tecnologia seguiram pa-
importante na degradação da qualidade de vida das popu- drões, metodologias, etapas, pesquisas, etc. Mas não pense
lações urbanas. Em São Paulo por exemplo pesquisadores você, que foram somente estes fatores que levaram estes
do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade homens na busca destas descobertas. Houve também mui-
de Medicina da USP mostraram que, quando aumenta o ta persistência, força, trabalho, estudo, horas mal dormidas,
nível da poluição do ar, o que acontece principalmente no frustrações (... nem tudo dava certo!). Mas uma coisa pode
inverno, cresce em até 12% a taxa de mortalidade por pro- ter certeza, além de muito conhecimento, foram movidos
blemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o por um espírito de mudanças, para promover mais qualida-
número de internações hospitalares de crianças. No perío- de de vida à sociedade como um todo.
do em que a pesquisa aconteceu (1996 - 1997), a capital
recebia, anualmente, 3 milhões de toneladas de poluentes, AGORA É A SUA VEZ!
sendo 90% emitidos por gases dos veículos motores. O
Atividade 1
principal poluente é o monóxido de carbono (CO), do qual
A amônia (NH3) é uma substância gasosa a tempera-
foram emitidas quase 2 milhões de Toneladas.7 De posse
tura ambiente. Ela pode ser produzida através da reação
desses dados a prefeitura de São Paulo instituiu algumas
entre duas moléculas do gás nitrogênio (N2) e três molé-
medidas para diminuir a concentração de poluentes na ci-
culas do gás hidrogênio (H2). Esta reação dá como produto
dade: duas moléculas do gás amônia. Assinale a alternativa que
- Criou os corredores de ônibus para que estes cir- mostra corretamente a equação que representa a síntese
culem mais rápido e estimulem seu uso pela população da amônia.
que anda de carro. (A) N2(s) + H2 (g) → NH3 (g)
- Limitou o trafego de veículos pequenos como car- (B) N2(g) + H2 (g) → NH3 (g)
ros e caminhonetes no centro da cidade. (C) N2(s) + 3H2 (S) → 2NH3 (g)
- Ampliou as linhas de metrô que funcionam com (D) N2(g) + 3H2 (g) → 2NH3 (g)
energia elétrica.
- Instituiu o rodízio municipal para diminuir o nú- Atividade 2
mero de carros e melhorar o trânsito. Sobre invento de Graham Bell e o mundo atual, pode-
Nos dias de hoje há uma tendência de queda nesses mos relacionar:
níveis de poluentes devido a entrada em circulação de no- (A) o combate às bactérias.
vos motores e o uso obrigatório de catalisadores nos es- (B) a diminuição das distâncias no globo terrestre,
capamentos dos veículos. Contudo sabemos que não é tão aproximando mais as pessoas.
simples, os carros são menos poluentes mas a frota urbana (C) não proporcionou nenhuma vantagem, pois atual-
cresce sem parar. mente utilizamos o email.
A compreensão da problemática do lixo e a busca de (D) é uma tecnologia ultrapassada, pois hoje podemos
sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tec- utilizar o aparelho celular que não tem nada haver com o
nologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão invento dele.
não sobre o lixo em si, no aspecto material, mas quanto ao
seu significado simbólico, seu papel e sua contextualização Atividade 3
social e cultural.8 Em 1864, o cientista Louis Pasteur comprovou que os
Bom! Agora você começou a entender e até pensar de microrganismos estavam presentes no ar e inventou a pas-
teurização, isto é, o processo pelo qual se eliminam os mi-
modo cientifico, refletindo cada vez mais, podemos perce-
crorganismos presentes no alimento por meio da elevação
ber quantas mudanças foram feitas pelo homem, através
da temperatura e de um rápido resfriamento. Atualmente,
da ciência no seu cotidiano.
utiliza-se a pasteurização, a fervura e o salgamento para:
É importante que você se familiarize com a linguagem
(A) melhorar o sabor dos alimentos.
e o trabalho dos cientistas, buscando explicar assuntos tão (B) facilitar o cozimento dos alimentos.
importantes como a origem da vida, o aparecimento das (C) auxiliar a digestão dos alimentos.
espécies, a estrutura e as propriedades da matéria, a or- (D) reduzir a contaminação nos alimentos.
ganização do Universo, a natureza da luz e tantos outros.
Freqüentemente, esses assuntos não acabam com a apre- Atividade 4
sentação de uma teoria que consiga explicar o que está Quando os pesquisadores anunciam a descoberta de
sendo estudado. Novas descobertas, revisão de estudos já um novo remédio, a sociedade pode ficar tranqüila, pois:
completados e a troca de informação sobre os estudos e (A) a doença pode ser considerada erradicada no mundo.
experiências podem resultar em novas teorias, que expli- (B) por ser pesquisada por cientistas, rapidamente,
cam melhor ou que completam as que já existiam. pode ser aprovada sua utilização pela população.
(C) o remédio será testado apenas em algumas pes-
7 (Notícias FAPESP, no 21, Junho de1997). soas, que não tem nenhum problema de saúde.
8 Lixo:conseqüências, desafios e soluções, (D) serão feitos testes padronizados para averiguar sua
Geila Santos Carvalho segurança e eficácia.
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 5 Capítulo 2
(ENCEEJA 2005) De Thomas Malthus, estudioso da de-
mografia, Darwin adotou uma idéia crucial: nem todos os
indivíduos que nascem conseguem sobreviver e se repro- O Papel da Tecnologia no nosso Mundo
duzir em função das limitações de alimento e espaço. Dar-
win estendeu esse conceito a todas as espécies. Assim, a COMPREENDER O PAPEL DAS CIÊNCIAS NATU-
superabundância de filhotes, como no caso de alevinos de RAIS E DAS TECNOLOGIAS A ELAS ASSOCIADAS, NOS
salmão, dá origem à competição, sobrevivendo só os mais PROCESSOS DE PRODUÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO
bem adaptados. ECONÔMICO E SOCIAL CONTEMPORÂNEO.
National Geographic - Brasil/ Nov. 2004, pág. 55, com
adaptações. José Luis de Souza
De acordo com o texto, podemos afirmar que ele se
refere
à evolução com base na:
(A) migração.
(B) explosão demográfica.
(C) seleção natural.
(D) deriva genética
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Em seguida vieram as fitas cassete, onde as gravações eram Será que é possível resolver esta equação onde desen-
magnéticas, registradas pelo ajuste magnético de partículas volvimento e ambiente poderão conviver em harmonia?
compostas por ferro e cromo. Por fim vieram os CDs, lidos Talvez sim com muito esforço e estudos, mas com certe-
por um feixe de raios lazer que ao incidir no disco sofre inter- za não será resolvido sem os conhecimentos das Ciências
ferência da sua superfície e ao atingir um detector transfere Naturais e nem sem pessoas qualificadas para utilizar este
as informações gravadas neste disco e agora, os famosos pen conhecimento. Você será uma delas!
drives e cartões de memória podem gravar centenas de mú-
sicas digitalizadas e outros tipos de dados. ONDAS POR TODOS OS LADOS
Perceba que em pouco tempo as chamadas “mídias”
passaram do armazenamento físico de dados, para o mag- Você já percebeu que hoje em dia muitas pessoas e
nético e do magnético para o digital. A tecnologia envolvida talvez até você mesmo use uma chave com controle re-
neste desenvolvimento se baseia na informática, nas teleco- moto para abrir e fechar o carro? O portão da casa ou da
municações e na robótica. garagem do prédio também são abertos e fechados assim.
No século XVIII, a utilização das primeiras máquinas Quando seu telefone sem fio toca, você pega o controle
representou uma profunda transformação na produção de remoto para abaixar o volume da TV ou do rádio para po-
bens manufaturados em relação às técnicas artesanais da der atender. E mesmo o seu rádio e TV; como as imagens e
Idade Média. Hoje em dia, as transformações do modo de sons chegam até eles?
vida da sociedade estão baseadas na informação, no conhe- Tudo isso é possível graças à utilização das ondas ele-
cimento e na capacidade de transformá-los em objetos para tromagnéticas. Essas ondas são perturbações (oscilações)
consumo. Isso é tão forte que o momento pelo qual passa- causadas voluntária ou involuntariamente em campos
mos atualmente é conhecido como Era da Informação. magnéticos, elas transportam sinais através do ambiente
A utilização de robôs nas linhas de montagem das indús- sem a necessidade de fios, podem atravessar paredes e até
trias, por exemplo, aumentou espantosamente a produtivida- o espaço, por isso podemos dizer que elas estão em todos
de, atendendo ao rápido aumento do consumo que temos os lugares. Para você ter uma idéia de como viajam rápido,
hoje. Seria impossível, apenas com a habilidade manual dos elas se deslocam no ar a uma velocidade de 300.000 Km/s.
seres humanos, produzir tantos aparelhos pequenos e delica- Quando você liga seu rádio esperando ouvir sua músi-
dos em tão curto espaço de tempo e em quantidade suficiente ca favorita saiba que a estação de rádio que você quer ou-
para suprir a demanda por eles. Mas sem o desenvolvimento vir opera em uma determinada freqüência. Esta freqüência
da informática, a robótica pouco avançaria, visto que tanto os é o número de oscilações que a onda eletromagnética rea-
movimentos dos robôs como o projeto para desenvolvê-los liza por segundo. Por exemplo, uma rádio que opera em
são realizados por sistemas de informática especializados. 90 quilohertz (kHz), transmite sua programação com uma
O desenvolvimento da informática exigiu também o rápido onda que produz 90.000 oscilações por segundo. Isso não
desenvolvimento da tecnologia de comunicações. A quantida- acontece somente com o rádio, mas também com a televi-
de e a transmissão das informações acontecia tão rápido que são, o celular, e outros aparelhos.
foi necessário inventar instrumentos, que fizessem sua troca e
transporte também extremamente rápidos. Um exemplo disso
Freqüência é o número de oscilações que a onda
é a fibra ótica utilizada em linhas telefônicas que além de trans-
eletromagnética realiza por segundo.
mitir a fala das pessoas, transmitem também dados, imagens,
músicas, textos, etc. São essas fibras que tornam viável a rede
Para evitar confusões existe uma faixa de freqüência para
mundial de computadores, a internet. Através dela, de casa ou
cada tipo de serviço. Você não ouve rádio tentando sintonizar
do trabalho, podem-se movimentar contas bancárias, acessar
informações em computadores do outro lado do planeta ou um canal de TV, nem ouve a conversa de um celular quando
conversar com diversas pessoas ao mesmo tempo. liga o rádio. As ondas não se confundem porque têm tama-
Assim como na revolução industrial do século XVIII, as má- nhos ou comprimentos diferentes. Observe as figuras a seguir:
quinas atuais substituíram milhares de empregados nas linhas de
montagem, produção e serviços nas grandes cidades. Hoje você
usa um cartão magnético para gerenciar sua conta bancária. Não
necessita mais do gerente, do recepcionista, do caixa do banco,
porque além do serviço por telefone fixo, pode utilizar também
o celular e a internet para resolver seus problemas bancários. Até
tarefas simples como a do cobrador de ônibus estão sendo reali-
zadas por máquinas deixando muitas pessoas sem trabalho.
O que gerou melhoria na qualidade de vida para milhões
de pessoas também criou um grande problema social ele-
vando muito a taxa de desemprego deixando milhares de
pessoas de fora da economia formal. O meio ambiente tam-
bém sofreu com esta corrida tecnológica, pois muitas das
matérias primas utilizadas na produção desta tecnologia não
são biodegradáveis e vários dos processos de produção são Figura 2.2 – Representação esquemática de duas ondas
altamente poluentes. com freqüências e comprimentos diferentes.
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Perceba através das ondas mostradas na figura que é possível caber mais ou menos oscilações no espaço de 1 segundo.
Onde cabem mais, elas aparecem mais vezes porque são mais curtas, dizemos que elas apresentam maior freqüência. Elas
carregam mais energia que as ondas mais longas que cabem menos vezes no espaço de um segundo, ou seja, as ondas
longas têm menor freqüência e transportam menos energia. Portanto, os aparelhos de comunicação que operam em
regiões distantes dos centros urbanos e muito isoladas utilizam as ondas curtas, pois tendo maior energia podem se
propagar por distâncias maiores.
Existe um grupo bem grande dessas ondas viajando pelo ar com a mesma velocidade. O que elas possuem de dife-
rente são o comprimento e a freqüência. Este grupo de ondas é chamado de espectro eletromagnético.
Figura 2.3 – Representação do espectro eletromagnético mostrando comparações entre os comprimentos das ondas e
objetos mais próximos do cotidiano. 9
Espera um pouco, tem um jeito sim de ondas de rádio se confundirem no espaço! Isso tem sido percebido principal-
mente na comunicação de aviões com as torres de controle. Existem rádios clandestinas que transmitem a programação
em faixas de freqüência não autorizadas pelo governo. Quando a freqüência coincide com aquela utilizada pelos aviões
elas interferem e, se forem mais intensas, ouve-se a rádio e não as vozes da comunicação entre pilotos e controladores
de vôo. Criar e operar rádios piratas são ações criminosas e muito perigosas, não ouça! E se você conhecer alguma,
denuncie, pratique sua cidadania.
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
De qualquer forma, todas essas radiações de freqüência superior às da luz visível têm muitos usos clínicos e industriais.
Pois é! Como se pode ver, estamos em um campo polêmico mesmo! Os benefícios da utilização das ondas são certos, mas
os riscos… são riscos e, por isso, devem ser conhecidos, reduzidos e, quando possível, eliminados10.
Neste ponto a tecnologia também nos ajuda. Vejamos, como funciona o forno de microondas, um equipamento bastante
conhecido hoje em dia nas cozinhas (principalmente nas cozinhas de quem tem crianças pequenas em casa), que utiliza uma
determinada faixa de freqüência. A microonda utilizada por todos os aparelhos é bem curta e possui uma freqüência padrão de
2.450 kHz. Estas ondas têm o comprimento das ligações químicas que mantém os átomos de hidrogênio e oxigênio da água
unidos. Ao ligar o forno essa onda faz com que as moléculas de água contidas nos alimentos se agitem. Essa agitação é trans-
ferida para as demais partículas que compõem os alimentos, aumentando sua temperatura.
As microondas são refletidas por metais, logo, não atravessam as paredes do forno, mas elas podem atravessar o vidro, a
porcelana e o papel. A microonda não atravessa a porta de vidro do forno, porque ela possui, em sua parte interna, uma rede
metálica que reflete a microonda, não é genial?!
Voltando aos controles remotos, eles utilizam ondas que geram a radiação infravermelha, a mesma que também é usada em
sistemas de alarmes. O que você pode não saber é que todos os corpos quentes emitem este tipo de radiação. O sol é a maior fonte
dela, mas os corpos dos seres vivos, a chama do fogão e lâmpadas também são capazes de emiti-la. Os controles remotos emitem
um raio infravermelho que é captado por um sensor e traduzido em impulsos elétricos que fazem os aparelhos funcionar.
AS ONDAS NA MEDICINA
O RAIO X
Os raios X são muito úteis à medicina. Eles servem para detectar fraturas e problemas nos ossos e outros órgãos do corpo.
Veja por quê.
Os raios X são absorvidos pelos ossos, mas atravessam tecidos menos densos. Então, se uma parte do corpo for exposta aos
raios X e estes forem captados em um filme fotográfico, os ossos aparecem como regiões mais claras (que não foram atraves-
sadas pelos raios) em fundo escuro (as regiões que foram atravessadas). Essa imagem é chamada radiografia e é usada para
detectar fraturas e outros problemas.
A exposição freqüente aos raios X é perigosa. As pessoas que trabalham com essa radiação devem se proteger com
aventais de chumbo ou ficar atrás de paredes especiais durante a radiografia. A sala de exame onde o aparelho se localiza
não tem móveis, possui paredes metálicas, revestidas de chumbo e o técnico sai da sala para acionar o aparelho.
OS RAIOS GAMA
Os raios gama são as ondas com freqüência mais alta produzidas por materiais radioativos. Por terem grande poder
de penetração, podem destruir as células dos organismos. Mas, usados sob condições controladas, são capazes de destruir
também certos tumores, sem danificar as células sadias. É o tratamento conhecido como radioterapia usado para tratar
certos tipos de câncer.
Outro uso dos raios gama na medicina é a obtenção de imagens do interior do corpo. Um composto contendo
elemento radioativo é administrado ao paciente e, após certo tempo, um aparelho detecta a radiação gama emitida
por esse elemento radioativo, processa os dados colhidos e constrói a imagem. Um dos exames que utiliza esse
processo é chamado de cintilografia.
10 FALCÃO, Daniela. Ondas eletromagnéticas poluem o ar das cidades. Folha de S. Paulo, São Paulo, 22 nov.
2000. Caderno Equilíbrio, p. 10-12.
11 HTTP://Educar.SC.USP.br
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RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA
A radiação ultravioleta é produzida quando elétrons mudam de nível de energia nos átomos. O Sol é uma
grande fonte de radiação ultravioleta. Ela é muito importante para nosso organismo, pois auxilia no processo de
síntese da vitamina D. A radiação ultravioleta é usada na medicina em exames diagnósticos e também na odon-
tologia, com a finalidade de endurecer as resinas utilizadas nas restaurações dentárias. Por outro lado, a radiação
ultravioleta é um agente cancerígeno, que aumenta a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele nas
pessoas que se expõem à radiação solar com freqüência.
O índice Ultravioleta (índice UV ou IUV) foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde em conjunto com a
Organização Meteorológica Mundial como parte de um esforço internacional para promover a divulgação da informação
sobre os riscos da exposição ao sol.
O IUV é uma medida da intensidade da radiação ultravioleta incidente sobre a superfície da Terra. É uma escala de
valores relacionados ao fluxo de radiação ultravioleta e aos seus efeitos sobre a pele humana.
Para o cálculo do IUV é imprescindível levar em consideração alguns elementos, tais como:
• concentração de ozônio: principal responsável pela absorção de radiação UV;
• posição geográfica da localidade: quanto mais distante da linha do equador, menor o fluxo de radiação UV;
• altitude da localidade: quanto mais alta a localidade, maior a quantidade de energia ultravioleta incidente na su-
perfície;
• horário do dia: cerca de 70% a 80% da radiação UV incide entre as 9 h e 15 h; portanto deve-se evitar tomar sol
por longos períodos nesses horários;
• estação do ano: no verão, a quantidade diária de energia de UV por área é maior que no inverno;
• condições atmosféricas: presença de nuvens e partículas em suspensão na atmosfera diminuem a quantidade de
radiação UV;
• tipo de superfície: dependendo do tipo de superfície, a radiação UV pode ser mais ou menos refletida
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
POR QUE VEMOS OS OBJETOS A luz branca, que citamos agora a pouco e que provém
do Sol é, na verdade, a junção de todas as cores do arco-íris.
O que acontece quando a luz do sol atravessa a água da
chuva é o mesmo que acontece quando um feixe dessa luz
atravessa um prisma, um aquário com água, um vidro ou
plástico transparente. Ao trocar de meio de propagação (o
meio por onde ela viaja), percebemos sua decomposição nas
cores do arco-íris. Este fenômeno é chamado de refração.
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Muitos instrumentos foram produzidos utilizando os conhecimentos sobre o comportamento da luz, os óculos utili-
zados por inúmeras pessoas para corrigir defeitos da visão, telescópios e microscópios. Inspirados no funcionamento dos
olhos, os físicos e engenheiros fizeram experiências, e depois de muito estudo fabricaram a máquina fotográfica e a câmera
de vídeo. No entanto, por mais que esses aparelhos se modernizem, jamais serão tão perfeitos quanto o seu olho! Mas
funcionam de forma parecida. Observe:
Figura 2.11: Formação da imagem no olho humano e em uma máquina fotográfica analógica.14
13 www.dhnet.org.br
14 www.coepiaui.com.br
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Ops! Mas a imagem está de ponta cabeças, por que então Leia os versos de uma música do cantor Lulu Santos:
enxergamos as coisas da forma direita? Isso acontece porque “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...
os sistemas de lentes que diminuem a imagem para que ela Tudo passa, tudo sempre, passará...
chegue até o cristalino fazem com que ela se inverta. Quando A vida vem em ondas como o mar...
o cérebro recebe os impulsos desta imagem ele se encarrega Num indo e vindo infinito.”
de endireitar e por isso vemos as coisas corretamente. Eles falam de uma onda que se propaga na água, por-
Às vezes nossos olhos têm algum problema, fica doente tanto um meio material. Você acha possível que esta onda
ou envelhece e não consegue mais formar uma imagem nítida. seja do mesmo tipo das ondas de rádio? Se pensou que
Os distúrbios de refração, causados por problemas no não, acertou!
cristalino ou na córnea, são problemas de visão que são corri- As ondas, de um modo geral, possuem uma proprieda-
gidos com o uso de óculos ou lentes de contato, e até mesmo de muito conhecida: elas são capazes de transportar ener-
com cirurgia refrativa na córnea, em alguns casos. Podem vir gia sem transportar matéria. Em outras palavras, em sua
ou não associados a doenças oculares mais graves, que serão propagação, as ondas transportam energia sem carregar
avaliadas pelo médico oftalmologista. Cada caso abaixo pode os objetos por onde passam. Observe que, ao recebermos
vir puro ou associado a outro distúrbio de refração. São eles: uma informação de origem sonora (e isso ocorre de manei-
• Miopia - Os portadores de miopia têm dificuldade para en- ra constante no nosso dia-a-dia), nós não somos empur-
xergar longe. Em alguns casos, a visão também é ruím para perto. rados na direção de propagação da onda. Simplesmente
• Hipermetropia - Os portadores de hipermetropia têm sentimos a energia sonora ressoar nos nossos tímpanos.
dificuldades para enxergar perto. Em graus maiores, a dificul- O som é a impressão resultante da vibração de cor-
dade pode ser também para longe. pos que alcança nosso ouvido por meio de ondas elás-
• Presbiopia - Também chamado de vista cansada, co- ticas. Como o som é uma onda elástica, precisa de um
mum após os 40 anos. Como a elasticidade da lente do meio material para a sua propagação. Em conseqüên-
olho diminui com o decorrer do tempo, a capacidade de cia, ele não se propaga no vácuo.
focalização de objetos próximos se reduz com o envelhe-
cimento da pessoa, causando um problema semelhante
à hipermetropia. Os portadores têm dificuldades para en- As ondas que precisam de um meio material para
xergar perto, principalmente para leitura de letras pequenas, se propagar são chamadas de ondas mecânicas
para costurar, para colocar a linha no buraco da agulha e para ou elásticas.
escrever. Frequentemente estas pessoas afastam os objetos
para que possam enxergar melhor. A maioria das pessoas O som se propaga no ar por meio de ondas elásti-
que nunca usou óculos, nem nunca precisou usar, cairá neste cas longitudinais, com uma velocidade de 340 m/s (ou
grupo após os 40 anos de idade, com algumas exceções. A 340 metros a cada segundo) a 15°C. A velocidade de
dificuldade para perto tende a piorar com a idade. propagação varia de acordo com o meio material no
• Astigmatismo - É um defeito existente na curvatura do qual ele se propaga e também com o aumento de tem-
cristalino, resultando em dificuldade para enxergar em deter- peratura. Por exemplo, na água, a velocidade do som a
minada posição e não em outra. É corrigido com lentes de 20°C de temperatura é de 1480 m/s.
óculos chamadas “cilíndricas”. O ouvido humano percebe vibrações sonoras quando
elas têm freqüência compreendida entre o limite mínimo
ONDAS SONORAS de 20 Hz e máximo de 20000 Hz. Vibrações de freqüência
Mas e o som? Ah o som também é uma onda! Mas não inferior a 20 Hz são chamadas de infra-sons, enquanto
uma onda eletromagnética como descrevemos até agora, ele que as vibrações acima de 20000 Hz são consideradas
é uma onda mecânica, como aquela que podemos gerar na ultra-sons. O nosso ouvido não é sensível às vibrações
água quando jogamos uma pedra dentro dela. caracterizadas por infra-sons e ultra-sons, portanto, não
são audíveis. Certos animais, como: golfinho, cachorro e
morcego conseguem perceber sons de freqüência supe-
rior a 20000 Hz.
Quantas vezes alguém já chegou para você quando
estava ouvindo música e pediu para abaixar o som? No es-
tudo da acústica pela física a altura representa uma coisa
totalmente diferente do sentido que usamos no dia a dia.
Você sabe que há vozes mais agudas e vozes mais gra-
ves e também notas musicais mais agudas e notas mais
graves. Essa característica que nos permite distinguir sons
agudos de graves é a altura do som. A altura de um som
está relacionada com a freqüência da onda sonora: quanto
maior a freqüência, maior a altura, ou seja, mais agudo é o
som. Como você viu, a orelha humana capta sons que vão
Figura 2.12: Perturbação causada na água após o lançamento
de 20 hertz, que correspondem a sons muito graves, até 20
de um objeto sólido.15
quilohertz, que são os sons mais agudos.
15 www.vamosinteragir.wordpress.com
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Em nosso cotidiano, estamos acostumados a pedir para que uma pessoa fale mais alto ou mais baixo. Mas, como você
acabou de ver, nos meios científicos, e também musicais, a altura do som indica se ele é grave ou agudo. Assim, ao pedir
que uma pessoa fale mais alto, estamos pedindo que ela fale com voz mais aguda. Na realidade em situações como essa
onde queremos que ela fale mais “baixo”, queremos que ela fale com menor intensidade. Ou deveríamos pedir à pessoa
que fale mais forte, ou mais fraco. Esquisito né?
A intensidade do som depende da amplitude da vibração das partículas por onde a onda passa: quanto maior a ampli-
tude, maior a intensidade, ou seja, mais forte é o som.
A intensidade corresponde também à quantidade de energia transportada: quanto maior a energia da onda que chega
até nossos ouvidos, mais intenso será o som que recebemos. Só que essa energia se distribui pelo espaço e, quanto mais
distante da fonte, menor a amplitude da vibração das partículas e menor a energia que chega aos nossos ouvidos, ou seja,
menor a intensidade do som.
No Sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade de intensidade do nível sonoro (N) é o bel, representado
por (B) em homenagem a Graham Bell, inventor do telefone. Na prática, o bel tornou-se uma unidade de medida
muito grande, por isso, é comum utilizar-se uma medida dez vezes menor, o decibel representado por (dB). (N =
10 dB) é a menor Intensidade sonora que o ouvido humano consegue perceber, enquanto que ( N = 120 dB ) cor-
responde ao limite máximo. Acima disso, a sensação sonora torna-se dolorosa. Uma idéia prática. do que significa
120 dB é o barulho das turbinas de um avião a jato durante a decolagem.
Observe na tabela a seguir o nível aproximado da intensidade do som medido próximo da fonte emissora:
Intensidade em
Fonte emissora
decibéis (dB)
Tique taque de relógio, sussurro, respiração normal 10
Conversa em tom normal 60
Aspirador de pó 70
Rua com tráfego intenso 80
Liquidificador em velocidade máxima 90
Britadeira, buzina, carro com o escapamento aberto, danceteria 110
Avião a jato a 100m de distância, show de rock “pesado” 120
Decolagem de jato 150
A audição humana consegue diferenciar nitidamente o som de um violão e de uma guitarra, por exemplo, isto porque
eles possuem timbres diferentes. Timbre é a qualidade que permite distinguir dois ou mais sons de mesma altura e mesma
intensidade emitidos por diferentes fontes sonoras.
Assim como fizemos com o olho podemos associar física e biologia para entendermos o mecanismo da audição.
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
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O eco é de fundamental importância para os morcegos. Como são criaturas com grau de visibilidade extremamente
limitada, eles conseguem perceber os obstáculos à sua frente através da emissão de ultra-sons. Os morcegos emitem, pela
boca ou narinas, ondas com freqüência variável que chegam a até 150 kHz, ou seja, na faixa do ultra-som. Com o intervalo
de tempo decorrido entre o som emitido e o refletido, ele consegue localizar presas e evitar obstáculos durante o vôo no
escuro. Consegue, inclusive, identificar a dimensão e a forma dos objetos.
A vantagem do ultra-som é que ele pode ser emitido de forma mais concentrada e dirigida, como um raio de luz sobre
um obstáculo, sem se espalhar tanto quanto o som. O ser humano se vale da tecnologia para emitir e captar ultra-sons.
O mesmo principio é usado nos sonares de navios para encontrar cardumes de peixes, recifes, submarinos e também na
procura por depósitos de petróleo. Estes instrumentos foram muito úteis na descoberta do posto petrolífero de Tupi, no
litoral Sul de São Paulo que te teve sua produção iniciada em 1 de maio de 2009.
Golfinhos também emitem e captam ultra-sons para se deslocar em profundidades onde há pouca luz ou à noite. Emi-
tem também uma ampla faixa de sons para se comunicar entre si.
Na faixa de 1 a 10 MHz, o ultra som é usado também para fazer ultra-sonografia, com aparelhos que permitem observar
os órgãos do corpo e diagnosticar algumas doenças ou para examinar o desenvolvimento do feto durante a gravidez. Por
esse exame, é possível examinar órgãos que não são bem visualizados por raios X. A ultra-sonografia é usada também em
fisioterapia, para acelerar a cura de lesões nas articulações.
“Em oito estados do nordeste 15 pessoas já morreram e ao menos 80 mil estão fora de casa em razão das chuvas
que começaram em abril.”
“O estado mais atingido é o Maranhão, onde há 24.129 desalojados, agora instalados na casa de amigos e parentes,
e 15.557 desabrigados, levados para abrigos temporários. Foram seis mortes no estado - a maioria por desabamen-
tos.”
“O meteorologista Eládio Barros da Silva, do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), diz que em todas as capi-
tais da região - com exceção de Aracaju e Maceió – Choveu mais do que o esperado em abril.” (da Folhapress)
Correio Popular
O texto que você acabou de ler são trechos de uma reportagem que fala sobre o excesso de chuvas nas regiões norte
e nordeste do país.
A água é um bem indispensável e essencial à existência da vida. Boa parte da água que precisamos está suspensa na
atmosfera junto com o ar que respiramos. Sob determinadas condições atmosféricas esta umidade pode se concentrar em
determinadas regiões do planeta e provocar um grande excesso de chuvas. É isto que estava ocorrendo no momento da
reportagem. Um fenômeno conhecido como La Niña provoca o resfriamento das águas do oceano pacifico. A evaporação
diminui e os ventos frios e secos não conseguem avançar sobre o continente. Quando avançam essas frentes frias não con-
seguem provocar chuvas na região Sul e ainda seguram o ar úmido próximo ao equador, fazendo com que toda a chuva
caia por lá.
16 www.e-familynet.com
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O excesso de chuva causa enchentes, deslizamentos e ná-la. O problema não se limita às grandes cidades. Afeta
várias outras situações que castigam a população. Mas não é também regiões mais afastadas e não terá solução sem a
o clima o único responsável pelas catástrofes que ocorrem. O participação e conscientização da sociedade.
homem tem grande parcela de culpa. Vamos discutir um pouco Para que você entenda o que estamos querendo dizer
sobre as influências do clima e do homem nesses acontecimentos. vamos usar como exemplo medidas utilizadas na cidade de
As cidades e regiões brasileiras crescem sem planeja- São Paulo para tentar diminuir o problema das enchentes.
mento. Nas cidades, as regiões menos valorizadas ficam às Foram construídas enormes “piscinas” em vários pontos da
margens de rios e córregos, conseqüentemente a população cidade, que permanecem vazias a maior parte do tempo.
mais pobre é empurrada para lá. Por outro lado o desenvolvi- Quando chove a água escoa para estas piscinas, diminuindo
mento impermeabiliza o solo com asfalto e concreto. Quando o volume que vai para os rios que cortam a cidade. Outra
a chuva cai, a água não tem por onde infiltrar e escorre para medida foi a retirada do lixo dos leitos desses rios. Quem
os leitos dos rios, já açoreados por todo tipo de material que é passava há algum tempo pelas marginais dos rios Pinheiros,
jogado dentro dele ( lixo, esgoto doméstico e industrial, terra Tietê e Tamanduateí podia ver guindastes formando mon-
proveniente de terraplanagem e de erosões provocadas pela tanhas de material retirado do fundo enquanto que redes
retirada da vegetação nativa). Tanto entulho diminui a vazão seguravam o lixo que passava flutuando por alguns locais.
dos rios. Sem ter para onde ir, a água acumula e ocupa as re- Com certeza essas medidas ajudam, embora não resolvam o
giões mais baixas às margens dos rios causando as enchentes. problema porque a população continua jogando entulho no
Nas regiões que ficam longe dos centros urbanos não rio e nas regiões próximas à ele que, conseqüentemente, a
há impermeabilização dos solos, mas as pessoas procuram água das chuvas irão levar para seu leito.
morar próximo aos rios porque dependem da água dele para Observe que existe uma parte do lixo que flutua e ou-
sua sobrevivência. Quanto mais gente, mais próximos dos rios tra que afunda, porque isso acontece? Você pode pensar: o
essas pessoas vão ficando. Quando chove o nível do rio sobe que é leve flutua e o que é pesado afunda oras! Mas não é
naturalmente e invade as regiões que ficam às suas margens. bem assim, alguns navios pesam centenas de toneladas e
Na verdade ele não invade as casas das pessoas, as pessoas é mesmo assim não afundam. Como explicar então?
que invadiram seu leito quando o nível estava baixo. O que flutua e o que afunda?
Alguns rios que possuem grande vazão de água ganharam Para avaliarmos se um objeto vai afundar ou não preci-
represas e lagos artificiais usados para gerar energia elétrica. samos saber a sua densidade. Mas densidade não é aquela
Quando chove muito as comportas dessas represas são fechadas “coisa” dos colchões? É também, mas as Ciências Naturais
consideram a densidade como sendo a relação entre a
evitando que o rio suba e alague as cidades às suas margens.
massa e o volume de um corpo ou objeto. Você já deve
Um caso onde isso aconteceu foi noticiado em uma repor-
ter ouvido aquela pergunta: O que pesa mais, um quilo de
tagem da Band News no dia 02/05/2009. A represa de Boa Espe-
penas ou um quilo de chumbo? É claro que ambos têm o
rança no Piauí estava sendo mantida com uma vazão pequena
mesmo peso, só que você precisa de muito mais penas do
devido ao excesso de chuva que já vinha fazendo o Rio Longá
que chumbo para completar um quilo. Dizemos então que
subir, ameaçando a cidade de Barras que fica às suas margens.
o chumbo é mais denso, pois a sua massa ou peso ocupa
Com a grande quantidade de chuva a represa atingiu a capacida-
um espaço (volume) pequeno. Voltando a “coisa” do col-
de máxima e as comportas tiveram de ser abertas sob o risco de
chão, existem colchões fabricados com espumas de maior
rompimento da barragem, o que poderia ocasionar a morte de e menor densidade. Os de maior têm uma espuma mais
muitas pessoas que vivem ao longo do rio. O aumento da vazão resistente com mais material por unidade de volume, por-
fez com que o rio subisse e invadisse vários bairros da cidade. tanto agüentam mais peso. Eles devem ser escolhidos de
Mas o que é essa vazão de que estamos falando? É a acordo com o peso de quem vai utilizá-los.
quantidade de água que passa em certo ponto por unidade Mas como fazer para avaliar se um objeto afunda ou flu-
de tempo. Pense em um metro cúbico (1 m3) de água como tua sobre um liquido? Precisamos comparar as densidades
sendo uma caixa quadrada (com lados de um metro) cheia de dos dois. Por exemplo, um litro de água, quando colocado na
água, o que equivale a 1.000 litros. Uma vazão de um metro balança pesa 1,0 Kg. Dizemos então que ela possui uma den-
cúbico por segundo (1m3/s) significa que, a cada segundo, sidade de 1,0 Kg/L (um quilograma por litro). Se colocarmos
1.000 litros de água passam por um certo local, correspon- butanodiol (um tipo de álcool) nessa água o que deve acon-
dendo ao volume de uma caixa de água dessas. No caso que tecer? Um litro de butanodiol pesa 1,080 Kg, portanto sua
estamos comentando, as comportas da represa de Boa Espe- densidade é 1,080 Kg/L. você pode perceber que a densidade
rança deixam passar milhares de metros cúbicos por segun- dele é maior, então ele deve ir para o fundo.
do, isso dá uma idéia do dano que esta água poderia causar.
Sabe aquele “reloginho” que tem na frente da sua casa
Toda vez que duas substâncias estiverem mistura-
de onde sai um cano e um registro? Ele é chamado de hidrô-
das, aquela que tiver a maior densidade ficará na
metro e também mede a vazão de água que você consome.
parte de baixo da mistura.
Mas como esta quantidade é pequena a vazão é medida
em m3 por mês.
A densidade é uma propriedade específica da matéria,
Como você pode perceber a questão das enchentes
ela pode ser usada para diferenciá-las, pois materiais dife-
que vemos nos noticiários é muito complexa e necessita de
rentes possuem densidades diferentes.
um planejamento de curto e de longo prazo para solucio-
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Esses dois fenômenos confirmam a existência da pressão atmosférica, demonstrada pela primeira vez em pesquisas dos
cientistas italianos Evangelista Torricelli (1608-1647) e Vincenzo Viviani (1622-1703). Existem barômetros de diversos tipos.
Além da pressão eles podem ser usados para determinar a altitude de determinado lugar. Como a temperatura e a
umidade do ar também alteram a pressão atmosférica, os barômetros são usados em estações meteorológicas para ajudar
a prever mudanças no tempo.
A figura a representa um tubo interligando dois recipientes contendo um liquido, observe que, apesar de eles serem de
tamanhos diferentes, o líquido dentro deles fica no mesmo nível. Se mais um pouco desse liquido for adicionado (figura b) ele
novamente se nivelará (figura c). Isso ocorre porque a pressão externa é a mesma nos dois lados e empurra o liquido com a
mesma força em ambos os recipientes.
De posse do conhecimento desse comportamento dos líquidos, as empresas de distribuição de água constroem reser-
vatórios em pontos altos da cidade e uma única bomba (a) é capaz de enchê-lo. Observe a figura. A partir daí a água escoa
por canos (b) para as áreas mais baixas da cidade sem a necessidade de mais gasto de energia. O reservatório consegue
abastecer os locais que estão abaixo da sua altura ou, no máximo, na mesma altura que ele. É por isso que prédios com
muitos andares necessitam de bombas para encherem suas próprias caixas d’água.
Para entender o outro principio você pode fazer um experimento. Tampe uma garrafa de plástico com uma rolha e
aperte. É lógico que a pressão da água vai fazer com que a rolha salte e a garrafa transborde. Mas como se você faz força
nos lados da garrafa e não de baixo para cima, na direção da rolha? Observando experimentos assim o cientista Blaise
Pascal descobriu que “a pressão exercida sobre um líquido é transmitida para todos os pontos dele” (Principio de Pascal).
Agora observe a figura a seguir para entendermos como essa transmissão de pressão faz com que um macaco hidráulico
funcione:
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A bomba empurra ar para dentro de um pistão contendo óleo. A pressão exercida pelo ar faz com que o óleo se com-
prima e escoe para dentro de um tubo estreito com uma pressão muito grande. Esse tubo conduz o óleo para dentro de
um pistão com uma área muito maior. A pressão é então transmitida para todos os pontos dentro deste pistão, mas a força
sobre ele se tornará maior pois a área onde a pressão é exercida também será maior. Por exemplo, se essa área interna do
pistão for 50 vezes maior que a do tubo que está injetando o óleo, a força sobre ele também será 50 vezes maior. Portanto
estes dispositivos podem ser considerados multiplicadores de forças.
Mas a realidade energética do nosso país é muito diferente daquela em que Tomas Edison construiu as termelétricas.
Temos aqui no Brasil poucas usinas que funcionam com carvão vegetal, óleo diesel ou gás natural. A empresa Votoran-
tin utiliza pneus para gerar energia para produção de cimento. Mas você sabe que todos esses combustíveis “soltam” muita
fumaça (monóxido de carbono) por mais que se utilizem filtros e são poluentes gerando danos sérios ao ar atmosférico.
Observe a tabela a seguir que mostra a comparação entre matriz energética (todas as fontes de energia utilizadas no
país) brasileira e a mundial.
Tabela 2.1 – Tabela comparativa das principais fontes de energia elétrica e no Brasil e no mundo. 18
17 fonte: http://www. educar.sc.usp.br
18 REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Podemos verificar através dela que no Brasil a participa- O álcool produzido pela cana-de-açúcar é o principal
ção da biomassa é muito grande se comparada com outros exemplo de reaproveitamento de biomassa utilizado no Brasil.
países do mundo. Nossa dependência do petróleo ainda é Esses combustíveis podem ser obtidos e renovados em curtos
maior que em outros países, mas eles usam muito gás natural espaços de tempo e têm contribuído cada vez mais para a for-
e carvão que são bastante poluentes. A hidrelétrica é a forma mação da matriz energética nacional.
de geração mais comum de eletricidade utilizada aqui (cerca O biodiesel também ganhou destaque nos últimos anos,
de 90% da energia elétrica gerada vem desse tipo de usina), porque ao contrário do álcool, é adequado para utilização em
porque nosso país tem várias regiões muito ricas em “água”, motores de máquinas pesadas. Quando misturado ao óleo die-
graças ao grande número de rios que possui. Esse potencial sel comum ele diminui significativamente a emissão de poluen-
vem sendo utilizado desde primeiras décadas do século XX tes. O biodiesel é fabricado através da reação química entre o
quando foram construídas as primeiras usinas hidroelétricas. etanol e óleos vegetais em condições especiais. Sua fabricação
Contudo o desenvolvimento crescente do país e a melhoria é vantajosa porque é possível utilizar vários tipos de óleo (milho,
das condições de vida da população causaram um grande soja, canola, babaçu, dendê, mamona, entre vários outros), até
aumento da demanda por energia elétrica. Acompanhe no óleo de soja usado serve.
gráfico a seguir que a demanda de energia aumenta junto Esta flexibilidade tem sido alvo de criticas por várias entidades,
com o crescimento da população. nacionais e internacionais que temem que a atividade agrícola no
mundo avance sobre áreas de mata nativa, passe a produzir grãos
para a produção de óleo e deixe de produzir alimentos.
Com o crescimento acelerado da população mundial é pre-
ciso encontrar maneiras de produzir cada vez mais alimentos.
Mas o sacrifício das nossas florestas não é o caminho para este
crescimento. No Brasil apenas 3% da área cultivada é utilizada
para a produção de biomassa que pode ser destinada à produ-
ção de energia (cana e soja), os outros 97% são para produção
de alimentos. Veja bem que estamos falando de área plantada,
portanto sobra muita terra no país para outros fins.
O caminho para se produzir alimentos, biomassa e ainda
preservar nossos recursos naturais pode estar no aumento da
produtividade nas áreas produtivas já existentes. Produtividade
significa produzir mais em menos espaço.
Figura 2.22 – Aumento da demanda de energia em tonelada A experiência do aumento da produtividade já foi utilizada
equivalente de petróleo por habitante (Tep).