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Introdução
Para quem conhece a doutrina teresiana é evidente que o
elemento substancial que define sua maneira de entender a
oração é o amor. E só a partir desta chave de leitura, que coloca o
homem frente a frente com Deus, - com o Tu de Deus -, pode-se
entender a importância que Teresa vai dar ao conhecimento de
si. Antecipando o que será seu discurso, podemos dizer que em
toda relação de amor, para que esta seja autêntica, é necessário
uma entrega sem reservas. Isto só é possível na medida em que a
pessoa é livre. Uma liberdade que se alcança apenas quando se
conhece e sabe o que realmente entrega. Sem conhecimento de
si não há possibilidade de liberdade, nem de desenvolvimento da
personalidade, nem de entrega, e portanto, não é possível uma
autentica relação de amor (Vida 10, 4-6). Este é o resumo de
quanto Teresa vai nos revelando a partir da importância e da
centralidade do conhecimento de si na meditação.
Quando se fala de oração ou de meditação, normalmente não se
presta atenção ao elemento do conhecimento próprio, ao menos
de uma maneira explícita. E quando se fala de conhecimento de
si mesmo pensa-se mais numa realidade simplesmente
psicológica ou de introspecção pessoal. De fato basta folhear
alguns dos estudos mais representativos sobre a oração,
concretamente da oração teresiana, para precatar-se do pouco
interesse direto e explícito que este tema suscitou nos
estudiosos, inclusive está ausente a palavra do recentemente
publicado Dicionário de Santa Teresa, do Editorial Monte
Carmelo, Burgos, 2000. Ao contrário, no dicionário de São João
da Cruz, Editorial Monte Carmelo, burgos 2000, há sim espaço ao
termo “conhecer”, pp. 318-323).
Entretanto, isso trataremos de demonstrar e evidenciar, o
conhecimento de si é um aspecto fundamental no âmbito da
oração e meditação teresiana. Não há, segundo ela repetira
constantemente, possibilidade de avançar no caminho se
prescinde-se deste elemento. Não é que para meditar seja
necessário conhecer-se primeiro em totalidade. O caminho de
crescimento discorre entre duas sendas paralelas: mais se cresce
no conhecimento de si, maior é o grau de meditação; e vice-
versa, mais se aproxima o homem de Deus, melhor se conhece a
si mesmo. A seguinte afirmação do cartuxo Augustin Guilerand
nos dá a medida da interação de ambos elementos:
“Grandeza de Deus, nada do homem. Toda religião está regulada
por esta dupla realidade, da qual faz uma unidade fundamentada
e regida pelo amor. “Deus é”, o homem “não é”. Deus e Ser são
uma só coisa. O homem só é na medida em Deus lhe comunica o
ser. A religião nasce desta comunicação. E a oração, que em
último termo é a religião em ato, é o movimento da alma que
recebe e que somente tem quando recebe. Confessar isto, é a
oração essencial e, também, a humildade” “Augustin Guillerand,
Ord. Cartus., Face a Dieu, Roma. 1957 – 2ª. Ed., p. 81, citado por
Valentino de S. Maria, Le esigenzeascetichedell’razione, em Santa
Teresa Maestra diorazione, roma 1963, p. 106).
O conhecimento próprio não é só peça chave na trama oracional
tersiana, mas é um dos elementos mais originais nela e que,
seguramente, a distingue de outros caminhos de meditação que
pretendem partir do “esquecimento ou renúncia de si” ou do
vazio de si mesmo. O oranteteresiano é o homem que se
encontra e se descobre a si mesmo. Por isso seu caminho
oracional é um caminho profundamente humanizador.
Lemos em Maximiliano Herraiz, A Oração História de amizade,
EDE, Madrid 1995, 5ª Ed., pp. 53-54: “Quem não ora, quem não
entra dentro de si pela porta da oração, ignora-se. Fica na cerca
ou ao redor do castelo... O homem não orante tem uma riqueza
que, por ignorância, não explora (...). E, junto a esta visão da
própria riqueza, a oração descobre a verdade da própria vida, da
própria situação moral.
Mais ainda, o homem se gera aí como homem autentico; aspecto
que também João da Cruz ou Edith Stein sublinham com igual
força:
São João daCruz, no momento em traça o percurso completo do
caminho espiritual em sua obra mestra Cântico Espiritual, não
duvida em sublinhar a importância do conhecimento de si – e em
que consiste o mesmo – para que possa dar-se todo no processo
de crescimento ou seguimento. Assim lemos em CB 1, 1: “Caindo
a alma na conta do que está obrigada a fazer, vendo que a vida é
curta (Tg 14, 5), que o justo apenas se salva (1Pd 4, 18), que as
coisas do mundo são vãs e enganadoras, que tudo se acaba e
falta como água que corre (2Rs 14, 14), o tempo incerto, a conta
estreita, a perdição bem fácil, a salvação bem difícil; conhecendo,
por outro lado, a grande dívida que a Deus tem em tê-lo criado
somente para si, pelo qual deve o serviço de toda a sua vida, e
em tê-la redimida somente por si mesmo, pelo qual lhe deve o
resto e correspondência do amor de sua vontade, e outros mil
benefícios no qual se reconhece devedor a Deus...”. Numa
admirável síntese nos oferece o Santo neste texto os elementos
que compõem e explicam substancialmente esse conhecimento
de si, um conhecimento da verdade teologal do homem. Em CB
4, 1 explicitamente concede ao conhecimento de si o primeiro
lugar no processo espiritual. Ver também 1N 12, 5;
Ediith Stein vai dedicar ao tema belas páginas em seus trabalhos
antropológicos. Ao longo desta exposição acudiremos em várias
ocasiões a ela. Pensamos que por seu conhecimento da
espiritualidade teresiana e seu interesse pela antropologia
espiritual, nos oferece muitos elementos que completam e
clarificam o pensamento de Teresa. Inclusive elementos tão
característicos na doutrina teresiana como o amor ao próximo, o
desapego e a humildade, só são possíveis a partir do
conhecimento de si. À respeito do tema da relação entre a
humildade e o conhecimento de si, teremos ocasião para falar
mais adiante. Isto implica, também, que tudo na vida do homem
depende deste fator: uma relação autenticamente humana com
o mundo, com os outros, dependerá do grau de interioridade
alcançado. Dirá Edith Stein que só é possível uma relação
autenticamente humana e livre com o mundo na medida em que
o homem adquira um maior conhecimento de si. Em sua obra Ser
finito e Ser Eterno, México 1994, p. 443, lemos: “A alma deve
primeiro chegar à possessão de sua essência, e sua vida é o
caminho que a conduz até ali. (...) é necessário que alma possa
ter um conhecimento sobre si mesma e que possa tomar posição
frente a frente de si mesma. A alma deve chegar até a si mesma
em dois sentidos: conhecer-se ela mesma e chegar a ser o que
ela deve ser”.
Capítulo 2
O conhecimento de si vivido por Teresa
Para termos uma visão completa do que Teresa vive expressa em
seus escritos sobre o conhecimento próprio, temos que
aproximar-nos à dinâmica de sua própria experiência narrada
livremente nos primeiros 10 capítulos do livro da vida. A partir
dali podemos entender melhor a grande importância que
adquire para Teresa este tema, do qual vai depender, em grande
parte, sua conversão.
Nos primeiros capítulos do livro da vida, Teresa nos revela a
dinâmica mantida em sua vida antes de sua conversão e nos
revela o segredo que a levou a mesma: a tomada de consciência
de quem ela e de quem é Deus. Este pensamento vai ser
contínuo ao longo de todo o livro. É uma verdade óbvia em
Teresa e que vai aparecer sempre em todos os seus escritos (Ver
Caminho 28-29, 1M 1-2).
Teresa formula este livro a partir de sua experiência, que se
constitui a principal fonte de sua doutrina.
“Não direi coisa que não tenha experimentado muito” (Vida 18,
7)
Obs.: Na tradução em português (Paulus) falta a palavra muito.
Esta verdade, de quem ela é e quem é Deus, no livro da vida é
como uma linha melódica que cria uma profunda tensão
dramática especialmente visível nos dez primeiros capítulos:
Teresa é consciente de sua miséria e da grande misericórdia de
Deus para com ela, ao mesmo tempo em que sente-se eleita
sabe que é indigna de tal eleição. Um duplo objeto constitui o
conhecimento consciente de Teresa: o de si mesma e o de Deus.
Em tudo quanto nos relata Teresa descobrimos também o atuar
“pedagógico” de Deus com ela. Respeita em primeiro lugar sua
liberdade, porém sempre aproveita a ocasião para fazê-la cair na
conta de seu erro. O Deus com o qual Teresa estabeleceu aliança
desde criança – “a verdade de quando criança” (Vida 1, 4),
permanece sempre fiel. E ela é cada vez mais consciente desta
realidade. Não esqueçamos que Teresa escreve estas páginas
com quase 50 anos de idade, desde sua profunda maturidade
humana e espiritual. Ela redescobre sua história com um olhar
teologal agradecido, capaz de descobrir a positividade do agir de
Deus em sua vida e ao mesmo tempo, descobrir o quanto cega
ela estava para não enxergar tudo isso. Vejamos mais de perto a
dinâmica de cada um dos objetos do conhecer de Teresa.
O conhecimento próprio:
Ainda quando a dinâmica na qual se desenvolvem os dez
primeiro capítulo do livro da vida é o do binômio de Teresa-
Misericórdia de Deus, a raiz desta descoberta ou tomada de
consciência há que busca-la num fator que Teresa considera
fundamental importância: a verdade de si mesma e de Deus, ou
o conhecimento de quem ela é e de quem é Deus. Conhecimento
de si e conhecimento de Deus são duas verdades que caminham
juntas. Disto, definitivamente, vai depender o êxito do caminho
empreendido. Há dois textos que consideramos de capital
importância neste processo.
O primeiro deles encontramos um lugar chave dentro da
estrutura da obra: no capítulo 10, último desta primeira parte, e
como justificação do caminho de oração que traçará a partir do
capítulo 11. Aqui encontramos, também, uma das chaves do
porque a oração é tão determinante no caminho rumo à
plenitude.
(4): “Não queira saber das humildades – sobre as quais pretendo
falar – de certas pessoas que imaginam ser virtude não
compreender que o Senhor as favorece. Convençamo-nos, bem a
fundo, de que Deus nos concede seus dons sem nenhum
merecimento nosso,- e demos graças à Sua Majestade. Se não
reconhecermos o que ele nos dá, nunca nos sentiremos
estimulados à amá-lo.
É coisa muito certa: quanto mais nos vemos enriquecidos,
sabendo que por nós mesmos somos pobres; tanto mais proveito
tiramos desse conhecimento, inclusive maior humildade. O resto
é acovardar o ânimo, pois começando o Senhor a comunicar-lhe
seus tesouros, a alma, julgando-se incapaz de grandes bens,
retrai-se com medo de vanglória. Tenhamos fé: Aquele que dá os
bens, dará também graça para que, no momento em que o
demônio principiar a tentar-nos sobre est ponto, logo
entendamos e tenhamos força para resistir. Digo isto, bem
entendido, dos que andam com retidão diante de Deus,
pretendendo agradar a ele só e não aos homens.
(5): É coisa muito sabida que mais amamos uma pessoa quando
nos lembramos frequentemente dos benefícios que nos faz.
Sendo lícito e tão proveitoso recordarmos que Deus nos deu a
existência, nos tirou do nada, nos sustenta e todos os demais
benefícios; relembrarmos seus sofrimentos e sua morte que,
muito antes de nos criar, já sofrera em prol de cada um dos que
agora vivem, porque não me será lícito reconhecer, ver e
considerar muitas vezes, que, antes, costumava falar de vaidades,
e agora, por mercê de Deus, não tenho mais vontade de falar a
não dele?
Suponhamos uma joia. Se reconhecemos que ela nos foi dada e a
possuímos, forçosamente somos estimulados a amar quem a
deu. Pois então, o amor é fruto da oração fundada na humildade.
E que será quando vermos em nosso poder outras joias mais
preciosas, de desprezo do mundo e ainda de nós mesmos?
Havemos de nos considerar mais devedores e mais obrigados a
servir, entendendo que nada disso tínhamos e reconhecendo a
liberalidade do Senhor. Bastava primeira dessas joias e já seria
demasiado para uma alma tão pobre, ruim e de nenhum
merecimento como a minha. Entretanto ele quis cumular-me de
riquezas maiores do que eu jamais pudera desejar. (Maria é
grande porque reconhece o que o Senhor fez por ela e nela; nada
atribui a si, verdadeira pobreza).
(6) De tais graça é preciso cada um tirar forças para servir com
mais ardor e não ser ingrato; pois o Senhor as dá com esta
condição. Se não fizermos bom uso de seus tesouros e do alto
estado em que nos põe, ele tornará a toma-las e ficaremos muito
mais pobres. Sua Majestade dará as joias a quem as preze e tire
proveito delas para si e para outros. Mas como aproveitará e
gastará com largueza (generosidade) quem não entende que está
rico?
Dada a condição de nossa natureza, é impossível que tenha
animo para grandes coisas quem não entende que é favorecido
por Deus. Com efeito, somos tão miseráveis e inclinados às coisas
da terra, que dificilmente terá aversão e desapego ao que é
terreno, quem não entende que tem algum penhor de bens de lá
de cima. É por meio desses dons que o Senhor nos comunica a
fortaleza, perdida com os nossos pecados.
Como poderá desejar que todos se desgostem dele e o
aborreçam, e como se animará a praticar a praticar grandes
virtudes dos perfeitos, quem não possui alguma prenda do amor
que Deus lhe tem, junto com uma fé viva? Nossa natureza carece
tanto de estímulo, que logo nos deixamos levar pelo que vemos
diante dos olhos. E são os mesmos favores que alentam e
fortalecem a fé. É bem possível que eu, como fraca, julgue por
mim, e que outros baste a verdade da fé para fazerem obras
muito perfeitas. Mas confesso que, miserável como sou, precisei
de todas estas graças.” (Vida 10, 4-6).
A lógica teresiana resulta evidente: ninguém pode dar o que não
tem ou o que não sabe que tem: “como aproveitará e gastará
com largueza quem não entende que está rico?”. Porém, tudo
isto se inscreve dentro de uma lógica muito mais ampla: ninguém
poderá verdadeiramente aproximar-se de Deus se antes não
considera quem é ele mesmo e quem é Deus em sua vida.
Por trás desta insistência e da importância que Teresa dá a este
aspecto esconde-se uma concepção do ser humano em chave
teologal e positiva. Teresa parte do princípio, fruto de sua própria
experiência, de que Deus habita no centro da alma: conferir por
exemplo Vida 40, 6; Caminho 28, 11 e também em referência a
Cristo, Caminho 28, 2); que não somos ocos, mas somos
habitados nem mais nem menos do que pelo Infinito. Teresa, por
isso, é uma grande humanista que está convencida da grande
dignidade do ser humano, que é imagem e semelhança do
mesmo Deus (Cfr. 1M 1, 1).
A consequência resulta evidente: se alguém quer alcançar a Deus
tem que conhecer-se:
“É verdade que o exercício do conhecimento próprio jamais se há
de deixar, nem há neste caminho alma tão gigante que não tenha
necessidade de muitas vezes voltar a ser criança de peito. Sim,
não há estado de oração tão elevado, em que não seja preciso
voltar, de vez em quando, ao princípio. Isto jamais se olvide.
Talvez o repita outras vezes, porque importa muito.
A lembrança dos pecados e o conhecimento próprio, eis o pão
com que havemos de comer todos os dias os manjares, por
delicados que sejam, neste caminho da oração. Sem ele, não nos
poderíamos sustentar.” (Vida 13, 15).
Esta mesma importância aparece sublinhada em Vida 15, 2-3.8 e
1M 1, 2.
Note-se a força das expressões “isto do conhecimento próprio
jamais se há de deixar” e “é o pão com que havemos de comer
todos os manjares”. No entanto, isto não se deve considerar em
sentido exclusivo e absoluto. Teresa une as duas realidades em
uma: conhecer-se e conhecer a Deus, de tal modo que o
conhecimento próprio aprofundar-se na medida em nos
aprofundamos em Deus e em Cristo, onde o homem descobre
sua identidade. Por isso, há que conhecer-se aos mesmo tempo
que se busca a Deus dentro de si. É isto que Teresa plasma na
poesia “Alma buscar-te-ás em mim e a Mim buscar-me-ás em ti”
– Poesia 8. Esta mesma realidade aparece reproduzida no
Vejamen, sobre as palavras “Busca-te em mim”.
Título: buscando a Deus
Alma, buscar-te-ás em Mim
E a mim buscar-me-ás em ti,
Certame:
Durante a oração, santa Teresa ouviu as palavras: “Busca-te em
mim”, que remeteu a seu irmão, Lorenzo de Cepeda, para que as
meditasse. Ele levou isso tão a sério, que, sentindo-se incapaz de
penetrar seu sentido, buscou o conselho de seus amigos e fez
uma séria e solene consulta no locutório de São José, da qual
tomaram parte Julián de Ávila, Francisco de Salcedo, São João da
Cruz e as monjas do mosteiro. As resposta foram enviadas à
Madre Teresa, que se encontrava em toledo. Não se conserva
nenhuma delas, exceto a de Lorenzo de Cepeda. Conserva-se o
parecer da Santa às respostas neste escrito intitulado Certame,
jargão literário de seu tempo.
A santa formula ironicamente seu parecer, a partir de um critério
original. Sua graça e ironia folgazã transbordam em cada palavra.
Antecede uma breve introdução e segue, em ordem, o ditado da
sentença contra os quatro: Salcedo, Julián de Ávila, São João da
Cruz e Lorenzo de Cepeda.
O texto original da Santa conserva-se nas Carmelitas Descalças de
Guadalajara, exceto a resposta a Lorenzo (n. 8-9).
Conclusão:
Possivelmente o tema do conhecimento de si em Teresa pode ser
ainda aprofundado e observado desde outras perspectivas. A
intenção destas páginas era o de evidenciarmos a importância e
a centralidade do tema no processo oracional teresiano. E a isto
quisemos chegar pouco a pouco. Ainda que sejam poucos os
lugares específicos nos quais Teresa toca o tema, contudo são
mais do que suficientes para demonstrar sua radical importância.
O conhecimento de si, tal como o apresenta Teresa, leva o orante
a um realismo e autenticidade, sem os quais seria impossível
uma aproximação “saudável” ao Deus das Misericórdias. Por
outro lado, descobrimos neste tema um elemento bem
característico da meditação teresiana: que é profundamente
humanista por que afunda suas raízes na realidade que dá
sentido à vida do homem. Uma vez mais se constata como o
caminho para Deus passa necessariamente pela redescoberta do
homem, pela aceitação e confissão de um Deus que nos salva e
redime desde a humanidade, desde a encarnação, morte e
ressurreição.
Com isto salva-se também toda possível acusação de
distanciamento da realidade, com a qual frequentemente se
qualifica a oração contemplativa. O místico verdadeiro será,
segundo Teresa, um expert conhecedor da humanidade, porque
é capaz de penetrar – com a ajuda da graça -, no segredo mais
profundo do seu ser.
Concluímos com essas palavras de Teresa que nos convida a orar
assim: “Praza a Deus, irmãs, nos faça mercê de não sair jamais
deste conhecimento próprio, amém” (6M 10, 7).