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Adolfo Sanchez Vasquez ETICA 152 EDIGAO Tradugao de Joao Dell’Anna ag civilizacéo MQ) brasileira Capitulo I Objeto da Etica 1.- Problemas Morais ¢ Problemas Eticos Nios nevagats covdianas dos individuos entre si, surgem continuamente problemas como estes: Devo cumprir a promessa ¥ que fiz ontem ao meu amigo ¥, embora hoje perceba que cumprimento me causaré certos prejufzos? Se alguém se me apro- Annoite, de maneira suspeita que me possa agredir, aproveitando que am pode ver, a fim de no correr 0 isco de set agredido? Com respeito aos crimes cometidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, 03 soldados que os executaram, cumprindo ordens militares, po- dem ser moralmente condenados? Devo dizer sempre a verdade ‘ou hé ocasides em que devo mentir? Quem, numa guerra de in- vaso, sabe que 0 seu amigo Z esta colaborando co deve calar, por causa da amizade, ou deve denun traidor? Podemos considerar bom 0 homem que se mostra ca- ridoso com o mendigo que bate & sua porta e, durante 0 dia — como patrio — explora impiedosamente os operdtios e os em- pregados da sua empresa? Se um individuo procura fazer © bem © as conseqiiéncias de suas agdes sfio prejudiciais aqueles que pretendia favorecer, porque Ihes causa mais prejuizo do que be- neficio, devemos julgar que age corretamente de um ponto de vista moral, quaisquer que tenham sido os efeitos de sua agéo? Em todos estes casos, trata-se de problemas pi &, de problemas que se apresentam nas relagdes efctivas, reais, entre individuos ou quando se julgam certas decisées e agdes dos ‘mesmos. Trata-se, por sua vez, de problemas cuja solugio nZo ‘concerne somente & pessoa que’os propo, mas também a outra (ou outras pessoas que sofrerio as conseqiiéncias da sua decisio © da sua acio. As conseqiigncias podem -afetar somente wn individuo (devo dizer a verdade ou devo ‘outros casos, trata-se de ages que atingem varios grupos sociais (os soldados nazistas deviam execu de exterminio emanadas de seus superiores?). Ent liéneias podem estender-se a uma comunidade nago (devo guardar siléncio em nome da ami rocedimento de um traidor?). Em situages como estas que acabamos de enumerar, os fduos se defrontam com a necessidade de pautar 0 seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Estas normas sio accitas nti- mamente ¢ reconhecidas como obrigatérias: de acordo com elas, 0 individuos compreendem que tém o dever de agir desta ou daquela mancira. Nestes casos, dizemos que o homem age mo- ralmente © que neste seu comportamento se evidenciam varios ftragos caracterfsticos que 0 diferenciam de outras formas de conduta humana. Sobre este comportamento, que é o resultado de uma deciso refletida e, por isto, nfo puramente espontinea ‘ou natural, os outros julgam, de acordo também com normas 3s, ¢ formulam juizos como os se; mentindo naquelas intes: “X agiu bem denunciar 0 seu temos, pois, de um lado, atos ¢ formas de comportamento dos homens em face de determinados, proble- ‘mas, que chamamos morais, e, do outro lado, juizos que apro- vam ou desaprovam moralmente os mesmos atcs. Mas, por sia ‘vez, tantos 03 atos quanto os morais pressup6em certas sc deve fazer. Assim, por exemplo, © seu amigo ressupde a interesses da patria devem ser postos acima dos da Por conseguinte, na vida real, defrontamo-nos com pro- blemas priticos do tipo dos enumerados, dos quais ninguém e. E, para resolvé-los, os individuos recorrem a mapa deters aio, ele eos ers ifiear normas, j se servem de determinados argumentos ou razdes para j 8 decisio adotada ou os passos dados. e,tanto de ontem De fato, 0 comportamento humano pritico- ‘moral, ainda que sujeito a variagio de uma época para outra e de uma sociedade para outra, remonta até as proprias ori- gens do homem como ser social, 0 pritico-moral, que jé se encontra a passagem do plano da prética moral para o da teoria nt, em outras palavras, da moral efetiva, vivida, para a. Quanclo se verifica esta passagem, que coincide do pensam stamos propriamente na esfera dos problemas tt A diferenga dos problemas pritico-morais, os éticos fo caracterizados pela sua generalidade. Se na vida real um indi- vyiduo concreto enfrenta uma determinada situagio, deverd re- si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece imamente, o problema de como agir suia aco possa ser boa, isto é, moralmer recorrer & ética com a esperanca de eni uma de acdo para cada situacdo concreta. A ética poderd dizer-Ihe, geral, 0 que & um comportamento pautado por normas, ou fem que consiste o fim — 0 bom — visado pelo comportamento moral, do qual faz parte 0 procedimento do individuo concreto ou 0 de todos. O problema do que fazer em cada situacio concreta 6 um problema pritico-moral ¢ no tedrico- contrario, definir 0 que é 0 bom ndo é um problema moral cuja 7 solugio caiba a0 individuo em cada caso particular, mas um =f teérico, de competéi i dor da moral, ou seja, do ético. ‘Assim, por exemplo, na Auth. le arega, Aristételes se propce o problema teérico de de- que € 0 bom. Sua ta wvestigar 0 contetido do bom, ‘© que cada individuo deve fazer em cada caso Para que o seu ato possa scr considerado bom. Sem esta investigagio teérica ndo deixa de ter conseqiién- € 0 bom, se esta tra- ido, a teoria pode Mas, apesar disso, solver na su € propore podem ser ider ‘gm tomo da definico do bom, na suposigio de que, se souber. ‘mos determinar © que é poderemos sabcr o que devemos fazer ou nio fazer. “As respostas sobre o que é o bom variam, evi, dentemente, de uma teoria para o 5 0 bom é'a fe- licidade ou prazer; para outros, 0 ttl, o poder, a autocriagao do ser fumano, ete, mntamente com também outros problemas dsfinir a esséneia ou os na importat da responsabilidade, ssivel falar em comportamento moral somente quando o to que assim se comporta ¢ responsivel pelos seus atos, mas por sua vez, envolve o pressuposto de que pole fazer 0 que de que péde escolher entre duas ou mais ic acordlo com a decisao tomada. O problema 6 inseparivel do da respon- tuma situagio concreta é um problema britico-moral; mas investigar © modo pelo qual a dade'moral se rclaciona com a liberdade ¢ com od a 20 qual noss0s atos esto sujeitos & usm’ problema teérico, cujo 8 jerminados atos, como, ademais, gam ou avaliam os mesmos; iio ou de reprovacio deles ¢ se (08 enuinciados ou proposigdes. Neste ponto, abre- se para a ética um vasto campo de investigacio que, em nosso ,consttuin, uma sua sego especial sob o nome de meta- ica, cuja tarefa é 0 estudo da natureza, funcio e justificagio dos juizos morais. Precisamente este wiltimo é um problema a-6tco fundamental: ou seja, examinar se se podem apresen- {ar rizdes ou argumentos — e, em tal caso, que tipo de razbes ou de argumentos para demonstrar a validade de um juizo mo- ral e, particularmente, das normas morais. Os problemas 3S, no terreno moral, se diferenciam, portanto, mas nfo esto separados por uma barreira intransponivel. As solugGes que se dao aos pri- meiros nio deixam de influir na colocacéo e na solugéo dos se isto 6, na prépria prética moral; por sua vez, 0s pro- Ee eae asim como as Suas cies, constituem a matéria de reflexio, o fato a0 qual a ia ética deve retornar constantemente para que nao seja mas sim a teoria de um modo efetivo, teal, de comportamento do homem. 1a especulacao es 2,— O Campo da Eitica . sobretudo quando se trata nfo de uma ética absolutista, ristica ou puramente especulativa —, a ética pode contribuiy para fundamentar ou justificar cevta forma de sompormen, i iplo, sea uma A ética & teoria, investigacio ou explicagio de um tipo de experiéncia humana ou forma de comportamento dos homens, 0 da moral, considerado porém na sua totalidade, diversidade ¢ variedade. 'O que nela se afirme sobre a natureza ou fundamen- to das normas morais deve valer para a moral da sociedade srega, ou para a moral que vigora de fato numa comunidade humana moderna. F isso que assegura 0 seu caréter teérico © evita sua reducao a uma disciplina normativa ou pragmatica, O valor da ética como teoria est naquilo que explica, ¢ nfo no fato de prescrever ou recomendar com vistas 8 acio em situa- es coneretas, Como reagio a estes dicionais, procurow-se n ética, aos problemas da nunciando-se a abordar questdes como a definigio do bom, a esséncia da moral, o fundamento da consciéncia moral, et pretensao de que seus pri © suas normas tenham validade universal, sem levar em cb necessidades © interesses concretos. Por outro lado, se quando trata de definir o que é 0 bor if ue satisfaz meu interesse ess fluira na prétiea mor ppor isto, se justifique que sejam estudadas de maneira especial nna meta-ética ética © também ‘nfo podem ser abordadas independentemente dos problemas éticos fundamentai comportamento moral, da moral efeti fostacdes. Este comportamento se apresenta como uma foi de comportamento humano, como um fato, e cabe-a ética ex céclo, tomando a pritica moral da humanidade em seu como objeto de sua reflextio. Neste sentido, como qualqu ria, a ética é explicacdo daquilo que foi ou 6, e no uma simples descri¢éo. Nao lhe cabe formular juizos de valor sobre a pratica moral de outras sociedades, ou de outras épocas, em nome de uma moral absoluta e universal, mas deve, antes, explicar a razio de ser desta pluralidade e das mudancas de mor esclarecer 0 fato de os homens terem recorrido a praticas morais, diferentes © até opostas. A Gtica parte do fato da e isto 6, toma como ponto de partida ‘tempo, com seus respectivos valores, jos ¢ normas. Como teoria, nao se identifica com os pt jormas de nenhuma ‘moral em particular e tampouco pode adotar uma atitud. ferente ou eclética diante delas. Juntamente com a explicacio idéia de que a missi ‘0s homens o que devem fazer, cipios pelos quais pautar seu coi ma-se assim numa espécie de dos indvduos ou da comun la ética € a mesma de toda teoria: explicar,esclarecer ou inves- tigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos cortex. ondentes. Por outro lado, a realidade moral varia hi mente e, com ela, variam os seus i A pretensdo de formular principi do de lado a experiéncia moral histérica, afastaria da t recisamente a realidade que deveria explicar, Também é que muites doutrinas éticas do passado so néo uma invest oma comportamento efetivo, ica de determinada m: correspondente a determinadas necessidades sociais,e, para ist elevam os seus prinefpios ¢ as suas normas & eategoria de pr , valides para qualquer moral. Mas o campo da ética nem esta & margem da moral efetiva, nem tan ouco se limita a uma determinada forma temporal e da mesma, rico, neste campo, é dizer Thes as normas ou prin jortamento. O ético transfor lador do comportamento moral ‘Mas a funcio fundamental cia da histéria da moral, idade de morais no 10. de suas diferengas, deve investigar o prinefpio que permita com- arch aman deena 0 prnpo as penta co ‘Como as demais ica se defronta com fatos. ‘Que estes sejam humanos implica, por sua vez, em que se} fatos de valor. Mas isto nio prejudica em nada as exigencias de um estudo objetivo e racional. A ética estuda uma forma de comportamento humano que os homens julgam valioso e, além disto, obrigatério e inescapdvel. Mas nada disto altera minimamente a verdade de que a ética deve fornecer a compreen- fo sacional de um aspeto real, efetivo, do comportamento dos 3. — Definigao da Etica ___. Assim como 0s problemas teércos mor ficam com os provenis pri relacionados também nfo se A Gicn no cra a moral Supe determinados prin mento, nfo € a én gue eoabetece nidade. A. oe tas ica e a moral, _ Conquanto seja certo que toda moral com uma série de préticas morais 5, procura det moral, sua origem, as condigdes obj moral, as fontes da avaliagio mor jufzos morais, os critérios de Sfpio que rege a mudanca ¢ a morais, A ética é a teoria ou homens em sociedade, Ou necessidade de De acordo com esta abordagem, a ética se ocupa de um objeto proprio: 0 setor 4a realidade humana que chamamos moral, constituide — como jf dissemos — por um tipo pecu Como ciéncia, a ética parte de certo tipo de fatos visand 8 gerais, Neste sentido, embora s ¢, ao mesmo tempo, deve propor. no limite do possivel, mpl temiticos, metédicos e, comprovsveis. ‘muito Longe de ser satisfatori ainda continuam se beneficiando as peculativas tradicionais e as atuais de inspiragio posit A ética 6 a cigncia da moral, isto 6, de uma esfera do com- portamento humano. Nio se deve confundir aqui a teoria com ‘0 seu objeto: 0 mundo moral. As proposigées da ética devem fer o mesmo rigor, a mesma coeréncia ¢ fundamentacio das proposigées cientificas, Ao contrario, os principios, as normas (ou 0s juizos de uma moral determinada nio apresentam esse ca- réter, E néo somente nfo tém um carter cientfico, mas a expe- Fiéncia hist6rica moral demonstra como muitas vezes sao in- is com os conhecimentos fornecidos pelas ciéncias natu- Daf podermos afirmar que, se se pode falar numa jea cientifica, nao se pode dizer o mesmo da moral. Nao existe uma moral cientifica, mas existe — ou pode e jento da moral que pode ser cientifico. Aq clas, o cientifico basela-se no método, na abordagem € no no proprio objeto. Da mesma maneira, pode-se dizer que 0 mundo fisico no ¢ cient abordagem ou estudo por parie da uma moral cientifiea em rais ainda para alcan dade e, em particular, sot I. este 0 ponto em que a to, nifo pode ser reduzida a um Bes; sua missiio é explicar a afetam outros individuos, iedade em seu conjunto, ‘mos ou mores, “costume” ou junto de normas ou regras adquiridas por refere, assim,"ao comportamento mem. de ser do homem que, na Antigui sfo moral ___ Vemos, pois, que 0 si ano nos fornecem 0 si ituam no terreno esp ao+homem na medida em que, sobre a sua préj esta Segunda natureza, da qual faz parte a sua determinados grupos sociais ou a so. Conjunto de normas e preseri- moral efetiva e, neste sentido, lo por um tipo de atos luntérios dos individuos que la, ética © moral se relacionam, a © seu objeto, Ambas as p: “costumes”, no adquitide ow mor mento que nao corresponde uirido ou conquistado cardter no natural da maneira le, Ihe confere sua dimen- icado etimolégico de moral e de icado atual dos dois termos, mas ficament € se funda o comportamento moral: 0 humano como 4, — Etica e Filosofia Ao ser definida como um conjunto sistemético de conheci« ‘mentos racionais ¢ objetivos a 1 4 ‘espeito do comportamento hu- ‘mano moral, a ética se nos apresenta com um objeto especifico rudar cientifieamente, Esta pretenséo se opée ional que a reduzia a um simples capitulo da A favor desta posigio se propdem varios argu ‘incia desigual, que conduzem 3 negacio do cardter ci 70 e independent Argumenta-se que esta niio ela bora proposigdes objetivamente vilidas, mas jufzos de valor ou néo podem pretender essa validade. Mas, ié riamos antes — no origens, fundamentos e evoluetio podem las racional © objetivamente; isto é, do ponto de Wo pode. excluir uma abordagem yo de fendmeno cultural e social © dos preconceitos nfio é uma excecio no caso; é verdade Iue os preconceitos no sio cientificos e que com eles nao se pode consti 5 fa. racional) dos pre- tos humanos pelo fato de constituirem parte de uma reali- le humana social Na negagto de qualquer relago entre a e quer basear a atribuicio exclusiva da ja sem levar em conta a ciéncia e a s6fica preocupa-se mais em buscar a também 9 carter absoluto e aprioristico das suas afir- magoes sobre o thm, o dever, os valores morai ria do pensamento filoséfico esteja repleta deste a hist6ria, a antropologia, Is 8 psicologia e as ciéncias sociais nos proporcionam materi psicolo material a susténcia de ‘uma ética puramentefilosotica, espe lutiva, divorciada da ciéncia e da propria r or la propria realidad Em favor do carter puramente filoséfico da éti loséfico da ética, argu- menta-se tambéin. que as questbes ticas constituiram senre uma parte do pensamento filoséfico. E assim foi na real Quase desde as origens da filosofia, e particularmente des apresentava como um saber total que re de tudo. Mas, a verdadeizo coi se estende progressivamente a novos of lidade, inclusive & realidade social do homem, saber se desprendem do tronco comum da tuir ciéncias especiais com um objeto esp. © com uma abordagem comum as diversas ci prendeu do tronco 105 ramos que se des- ia, cigncia sim je haja quem se emy sob a forma de tratado da alma — ui los6tica, ica — que cram tradicionalmente consi como tarefas exclusivas dos filésofos, Mi ‘eesso de conquista de uma verda na ruptura com as filosofias esp idem sujeité-las e de uma aproximacio com as Ihes poem em m as afundando suas raizes na propria existéncia joristicos, sim coneebida — isto é, com © fato de que a ética um objeto préprio tratad. mia prépria a um saber ciet possa ser considerada smos do saber e, em primeiro Tugar, com relago a prdpria fin. As importantes contribuigées do pensamento filos6fico e terreno — desde a filosofia grega até os nossos longe de ser relegadas 20 esquecimento, devem ser valorizadas porque, em muitos casos, conservam a sua riqueza ¢ vitalidade. Dai a necessidade ¢ a importincia do seu estudo. Uma étiéa cientifica pressupde necessariamente uma con- cepcio filos6fica imanentista:e racionalista do mundo © do ho- mem, na qual se eliminem instincias ou fatores extramundanos pativel com qualquer cosmovisio universal fe pretenda colocar acima das ciéncias px digo com clas. As questdes éticas fundamentais — c mncernem as relagdes entre. responsabil ressupostos filos6fices basicos, como o da dialética da necessi- e. Mas, neste.problema c ica cientifiea deve apoiat-se numa filosofia estreitamente re- nfo numa filosofia especulativa, di- ‘Ademais, como teoria de uma forma especifica do com- portamento humano, a ética nfo pode deixar de partir de de- erminada concepcdo filos6fica do homem. © comportamento ‘moral é préprio do homem como ser hi social e pritico, {sto 6 como um ser que transforma conscientemente o mundo ‘rodeia; que faz da natureza externa um mundo sua me- ira, transforma épri quico, constituido de motivos, impulsos, atividade da consciéncia ue se propée fins, seleciona meios, escolhe entre diversas alter- nativas, formula juizos de aprovacdo ou de desaprovagio, etc.; neste aspecto psiquico, subjetivo, inclui-se também a atividade subconsciente, fundamentais, nfo so sendéo uma nan f endo uma parte desta hist6ria h isto do processo de autoctiacio ou autotransformagio de ho, diversas manciras, estreitamente re- de existéncia lui a vida moral, até as suas formas espirtuals, nas quais se aga MOS: assim, que se a moral é insepardvel da pedi do omen’ ~ materiale espinal es Cia Pode deixar de ter como fundamento a concepefo filosotica do homem que nos d4 uma visio total deste como ser social, his. {etico e eriador. Toda uma série de conceitos com os quais a Gtca trabalha de uma maneira especitica, como os de liberdade, nepessidade, valor, consciéncia, socialidade, ete., pressupdem um prévio esclareci 6s problemas relaci do ‘um processo subjetivo imo a psicologia. Como poe em evidéncia as leis que regem as motivacées comportamento do individuo, assim como quando nos mostra a estrutura do carter ¢ da personalidade. Dé a sua ajuda também quando examina 0s atos Voluntirios, a formagio dos hébitos, a 3 moral € dos: i logiapresta uma ica esti estreitamente relacionada if observamos, no com qualquer a de excluir 0 seu cardter cienti- Pressupée necessariamente quando se trata de uma filo. sofia que se apdia na prépria ciéncia. como psicologia profunda, ou dos fatores subconscientes que escapam ao controle da consciéncia e que nao deixam de in- fluenciar o comportamento dos 1u0s. explicagio psicolégica do comportamento humano pos- @ compreensio das condigdes subjetivas dos atos dos in- {uos ¢, deste modo, contribui para a compreensio da sua limensio moral. Problemas morais como o da responsabilidade e da culpabilidade nao se podem abordar sem considerar os fa- {ores psfquicos que intervieram no ato, pelo qual 0 sujeito se julga responsavel e culpado. A psicologia, com a sua anilise Gas motivagdes ou impulsos irresistiveis, faz-nos ver também quando um ato humano escapa a uma avaliacdo ou julgamento moral. Por todas estas razdes, estudando o comportamento mo- tal, a ética nao pode prescindir dos dados fornecidos € das con- clusbes deduzidas pela psicologia. Deste modo, quando se su- perestima este aspecto subjetivo do comportamento humano, isto 6, a funcdo dos fatores € se tende a esquecer 0 aspecto fo € social do comportamento humano, até o ponto de 19 5. — A Btica ¢ Outras Ciéncias Através de seu objeto — uma forma especit famento humano — a ética se relaciona com « S00 Anglos diversos, estudam as relagdes e o comport. {omens em sociedad © proporcionam dados.e eonclisses que contribuem para esclarecer 0 tipo peculiar de comportament humano que é o moral. ae ai fem primeiro lugar, so individuos con- ‘eretos que fazem parte de uma comunidade. Seus atos so mo. ais somente se considerados nas suas relagdes com 0s outros, contudo, sempre apresentam um aspecto subjetivo, interno, p 18 ‘ransformé-lo em chave.da explicagio do comportamento moral, cai-se no psicologismo ético, isto é na tendéncia a red moral a0 psiquico, ¢ a considerar a’ ét pitulo da psicologia. Contudo, io € por sua acto. Exige-s deixar de ser condicionado so- omporta- determi- ém, as estruturas nas quais se como as formas mas as formas sociais em ci sujeito do cor mas, sendo um ser si fssumem grande importincia no exame das origens, fonte e na- ae rea one aa za da moral. Os antropélogos conseguiram estabelecer rela- lar, mas que cada um encont objetivo das estrut proporcionado p iologia como ci ciéncias sociais e, em par- ia da sociedade, —e0éem alto grau comportamento moral, tra as pre hnhecendo a relagdo procuram elevar ao plano do al jortante que s conhecimento dos fatores soci flo se reduz & um embora os atos morais reduzem 4 sua forma ossa falar propriamente do comportamento moral de wi viduo, € preciso que os fatores sociais que nele influem ¢ 0 20 ‘la moral como processo de sucesso de determinadas morais fetivas por outras. 21 Se existe uma diversidade de morais nfo s6 no tempo, mas também no espago, ndo somente nas soci fe naquelas socie- idas que precederam as sociedades histo. iso que a ética como teo Mas isto. nio no passado moral da humanidade haja somente ido de ruinas, nem que tudo aquilo que, em outros tempos, foi moralmer , se extinga por completo, ao desa- parecer a vida social que condi dados ¢ as conclusées da antropologia ¢ da hist que a ética se afaste de uma concepeao absolutista ou supra ca da moral, mas, ao mesmo tempo, Ihe impée a necessi. cade de abordar o problema de se, através desta diversidade ¢ do de morais efetivas, existem também, ao lado de seus outros que perduram, sobrevivem. um nivel moral superior, Em ico, icos — producto de Aistribuigao dos mes- Toda ciéneia do comportamento humano, os homens, pode trazer uma contrib "a como ciéncia da moral. Por is ou das relagées impostas com um carter de obrigaciio exterior e, de maneira coer: ona, também, com a economia politica como ciéncia das relagdes econémicas que os homens contraem ho processo de producao. Esta vinculagio se baseia na relagio 22 Se existe uma diversidade de morais no s6 no tempo, mas também no espaco, e néo somente nas sociedades que se inserem ‘num processo histérico definido, mas inclusive naquelas soci dades hoje desaparecidas que precederam as sociedades hist. ricas, é preciso que a ética como teoria da moral tenha presente um comportamento humano que varia e se diversifica no tempo. © antropélogo social, de um lado, € © historiador, do outro, colocam diante de nossos olhos a relatividade das morais, seu cardter mutavel, sua mudanga e sucesso de acordo com a’ mu- danga © a sucesso das sociedades coneretas. Mas isto nao significa que no passado moral da humanidade haja somente lum amontoado de ruinas, nem que tudo aquito que, em outros tempos, foi moralmente vital, se extinga por completo, ao desa- parecer a vida social que condicionava determinada moral. Os dados e as conclusdes da anttopologia e da historia contribuem a se afaste de uma concepgio absolutista ou sup ica da moral, mas, ao mesmo tempo, Ihe impoe a neces dade de abordar 0 problema de se, através desta diversidade sucesso de mor vas, existem também, ao lado de seus aspectos hist6ricos e relatives, outros que perduram, sobrevivem. ou se enriquecem, clevando-se a um nivel moral superior. Em Fesumo, a antropologia ¢ a histéria, ao mesmo tempo que con- tribuem para estabelecer a corrclacdo entre moral ¢ vida social, Prope a ética um problema fundamental: 0 de determinat se existe um progresso moral pode trazer uma cont , também a teoria do di reito pode trazer semelhante contribuigio, gragas a sua estreita Felacio com a ética, visto que as duas disciplinas estudam o comportamento do homem como comportamento normative, De fato, ambas as ciéncias abordam 0 comportamento humano su- normas, ainda que no campo do direito se trate de nor- igagilo exterior e, inclusive, de maneira coes 0 passo que na esfera da moral as nor- ‘mas, embora obrigatérias, nao so impostas coercitivamente, A Stica se relaciona, também, com a economia p. como ciéncia das relagses econémicas que os homens conteaem hho processo de produgdo. Esta vinculacio se baseia na relagdo 22

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