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Em 1º debate, candidatos deixam

Lava Jato e Lula de lado e evitam


polêmicas
Bernardo Barbosa e Gustavo Maia
Do UOL, em São Paulo e Brasília 10/08/2018 01h21 > Atualizada 10/08/2018 05h14

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No primeiro debate desta campanha eleitoral, transmitido ao vivo nesta quinta-feira


(9) pela Band, os candidatos participantes passaram ao largo de polêmicas,
inclusive de dois dos temas que permeiam a política hoje: a Operação Lava Jato e a
controvérsia em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT).

O clima ameno da maior parte do evento foi quebrado em poucos momentos,


principalmente nos confrontos entre Jair Bolsonaro (PSL) e Guilherme Boulos
(PSOL).

Também participaram do evento os candidatos Alvaro Dias (Podemos), Cabo


Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles
(MDB) e Marina Silva (Rede).

Leia mais:

Assista à íntegra dos blocos do debate da Band entre presidenciáveis


(http://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/10/integra-
debate-band-presidenciaveis-1-turno-alckmin-bolsonaro-ciro-marina.htm)
Não vim aqui para bater boca com um desqualificado, diz Bolsonaro
(http://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/09/nao-
vim-aqui-para-bater-boca-com-um-desqualificado-diz-bolsonaro-em-
debate.htm)
Band diz que Lula foi convidado para debate, mas Justiça vetou presença
(http://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/08/09/band-
diz-que-lula-foi-convidado-mas-impedido-pela-justica-de-participar.htm)

Nessa eleição, as emissoras de TV não são obrigadas a convidar João Amoêdo


(Novo), João Goulart Filho (PPL), José Maria Eymael (DC) e Vera Lúcia (PSTU),
cujos partidos não atendem ao requisito de representação no Congresso.

Preso há quatro meses e indicado pelo PT como candidato, Lula foi convidado para
o debate e o PT tentou conseguir na Justiça que ele pudesse participar, sem
sucesso. A Band não aceitou que o PT indicasse um substituto.

Lula, por sinal, quase não foi mencionado durante o encontro desta noite entre
presidenciáveis. Uma das exceções foi a saudação feita por Boulos, que deu "boa
noite" ao ex-presidente e disse ser injusta a sua prisão enquanto o atual presidente,
Michel Temer, "está solto em Brasília".

Em outras duas ocasiões, Lula foi citado por Henrique Meirelles, que lembrou que
participou dos dois governos do petista como presidente do Banco Central. Mais
ninguém, porém, falou sobre a situação judicial do petista.

Nos confrontos diretos, os candidatos evitaram ataques pessoais e optaram, em


geral, por fazer perguntas temáticas, mas quase sempre evitando o assunto da
corrupção. O único a abordar o tema diretamente em uma de suas perguntas foi
Alvaro Dias, que tem dito que convidará o juiz Sergio Moro para ser o ministro da
Justiça caso seja eleito. Segundo a assessoria do magistrado, responsável pelas
decisões da Lava Jato em primeira instância, ele não vai se manifestar sobre o
interesse do senador.

Houve apenas três pedidos de direito de resposta, e todos no quarto bloco, o único
que fugiu à tônica de aparente cordialidade entre os candidatos. Foram dois por
parte de Bolsonaro -- um contra Boulos e outro contra Ciro -- e um por parte de
Boulos contra Bolsonaro. Nenhum deles foi aceito pela comissão que analisou os
pedidos - o primeiro pedido do deputado não foi analisado porque ainda era o
momento de fala dele.

Candidatos apostam em terreno conhecido

Neste primeiro debate, os candidatos focaram na apresentação das principais


bandeiras de suas candidaturas e, nos discretos ataques que fizeram, se valeram
de polêmicas já conhecidas envolvendo seus adversários.

Bolsonaro demonstrou a usual veemência ao falar da defesa da expansão do porte


de armas, da abertura de escolas militares pelo país e do combate à corrupção.
Também se viu obrigado a rebater acusações sobre seus supostos preconceitos
contra mulheres, negros e a comunidade LGBT, e de que emprega uma funcionária
fantasma.

Marina prosseguiu com o discurso de que é uma candidata distante de escândalos


de corrupção e foi, como em eleições passadas, questionada por sua posição sobre
o aborto. Ela voltou a falar da realização de um plebiscito sobre o tema, mas desta
vez afirmou que é favorável à atual legislação sobre o assunto -- que permite o
procedimento apenas em casos de estupro, risco à vida da mãe ou quando o feto
não tem cérebro.

Alckmin defendeu suas propostas de reformas na Previdência, no sistema político e


na tributação, e foi atacado por sua aliança com os partidos do chamado "centrão",
citados em escândalos de corrupção, e por seu apoio à reforma trabalhista
implantada no governo de Michel Temer (MDB).

Ciro focou sua participação na denúncia da reforma trabalhista, do alto índice de


desemprego e do que considera como privilégios concedidos pelo governo a
grandes empresas e funcionários do alto escalão do Estado. O candidato não foi
criticado diretamente, a não ser quando ironizou Bolsonaro por seu apoio no
Congresso à chamada "pílula do câncer" sem aprovação das autoridades de saúde
-- o deputado pediu direito de resposta, mas não recebeu.

Alvaro Dias não hesitou em repetir seu discurso de que a corrupção é o grande
problema brasileiro e atribuiu a ela até os altos índices de violência do país. Só foi
criticado por Bolsonaro, que perguntou sobre a atuação do vice de sua chapa,
Paulo Rabello de Castro (PSC), como presidente do BNDES.

Henrique Meirelles concentrou seus esforços em defender sua biografia como


presidente do Banco Central sob Lula e ministro da Fazenda sob Temer, mas a
associação com o atual governo o fez ser um dos menos poupados pelos
concorrentes. Foi chamado de "candidato dos bancos" por Boulos e criticado por
Marina por causa da lei do teto de gastos.

Guilherme Boulos e Cabo Daciolo foram os candidatos que, em geral, quebraram o


tom ameno do debate.
O alvo preferencial do candidato do PSOL foi Bolsonaro, a quem chamou de
"racista", "machista" e "homofóbico" -- ouviu de volta que era "desqualificado". Entre
as propostas, a defesa da taxação de grandes fortunas, o fim de isenções fiscais
sem contrapartida e a legalização do aborto.

Já o concorrente do Patriota chamou a atenção pelas suas constantes referências a


Deus, por falar da existência de "uma quadrilha no Congresso" -- ele é deputado
federal -- e por dizer que o grande problema no combate à violência é "a falta de
amor". Daciolo propôs uma auditoria na dívida pública e a instituição de um piso
salarial para os servidores da segurança pública.

Para o primeiro turno da campanha, estão marcados mais oito debates entre
presidenciáveis. O próximo será no dia 17, organizado pela RedeTV e pela revista
"Istoé". O UOL promove o seu debate junto com o SBT e a Folha de S. Paulo no dia
26 de setembro.

Primeiro bloco (candidatos perguntam resposta de leitores do


jornal Metro e fazem perguntas entre si):

Segundo bloco (candidatos respondem perguntas de


jornalistas):

Terceiro bloco (candidatos fazem perguntas entre si):

Quarto bloco (candidatos respondem perguntas de


jornalistas):

Quinto bloco (considerações finais):

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